artigo inédito
Perfil do ortodontista que atua no estado de São Paulo - Parte 1 Fabio Brandalise Rampon1, Celestino Nóbrega2, José Luiz Gonçalves Bretos3, Franco Arsati4, Sérgio Jakob5, Maria Cristina Jimenez-Pellegrin6
Introdução: a Ortodontia, como toda ciência, é um campo em permanente evolução e desenvolvimento. No panorama atual, devido à oferta de diversos tipos de materiais e das opções biomecânicas existentes, além do desenvolvimento de novos recursos de diagnóstico, surgiram novas possibilidades de se abordar o tratamento ortodôntico. Em adição, com o aumento dos cursos de pós-graduação, torna-se importante conhecer o perfil do especialista e os recursos de sua preferência. Objetivo: analisar o perfil do ortodontista que atua no estado de São Paulo, por meio de questões elaboradas com o objetivo de avaliar aspectos relacionados à prática ortodôntica. Métodos: foi enviado um questionário a 2.414 especialistas em Ortodontia e Ortopedia Facial inscritos no Conselho Regional de Odontologia do estado de São Paulo. Para avaliar a associação entre as variáveis qualitativas, foi utilizado o teste de associação Qui-quadrado, ao nível de significância de 5%. Resultados: foram devolvidos 593 (24,65%) questionários preenchidos. O perfil da amostra foi sexo masculino (54,3%), faixa etária entre 41 e 50 anos (40,5%) e com tempo de inscrição no CRO-SP de 6 a 10 anos (29,3%). As três análises cefalométricas mais citadas foram o padrão USP (71,5%), McNamara (59,2%) e Ricketts (52,8%). Conclusões: com base na análise estatística dos dados, pode-se concluir que a técnica Straight-Wire foi a mais empregada (74,5%), a qual está associada a ortodontistas com menos de 10 anos de especialidade. A maioria da população pesquisada (52,4%) utiliza, de forma rotineira, recursos ortopédicos funcionais no seu dia a dia. Palavras-chave: Pesquisa em Odontologia. Distribuição por idade e sexo. Técnicas.
Especialista em Ortodontia, ABO. Mestre em Radiologia Oral, UNICASTELO.
Como citar este artigo: Rampon FB, Nóbrega C, Bretos JLG, Arsati F, Jacob S, Jimenez-Pellegrin MC. Profile of the orthodontist practicing in the state of São Paulo - Part 1. Dental Press J Orthod. 2012 Nov-Dec;17(6):22.e1-6.
Mestre em Ortodontia, UNICASTELO. Doutor em Ciências, UNIFESP.
Enviado em: 17 de junho de 2009 - Revisado e aceito: 30 de junho de 2010
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Mestre e Doutor em Odontologia, Unicamp.
5
Mestre em Ortodontia, UNICASTELO. Doutor em Odontologia, SL Mandic.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
Professora do curso de Odontologia, Programa de Pós-graduação, Mestrado em Ortodontia, SL-Mandic. Especialista em Ortodontia, UNICASTELO. Doutora em Ciências, USP.
Endereço para correspondência: Cristina Jimenez-Pellegrin Rua José Rocha Junqueira, 13 – Ponte Preta – Campinas/SP CEP: 13.045-610 – E-mail: crisjp@globo.com
Mestre em Odontologia, SL Mandic.
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Dental Press J Orthod. 2012 Nov-Dec;17(6):22.e1-6
Perfil do ortodontista que atua no estado de São Paulo - Parte 1
artigo inédito
INTRODUÇÃO A Ortodontia é a mais antiga das especialidades da Odontologia, por ter sido a primeira a se organizar de fato e de direito. Recentemente, informações sobre essa profissão são procuradas em todas as partes do mundo, por isso cada vez mais se conhecem suas origens, seus precursores e pioneiros, sendo esse conhecimento fundamental para o total entendimento do atual estágio evolucionário em que se encontra a Odontologia17. No panorama atual, o clínico se depara com diferentes filosofias ou maneiras de abordar o planejamento do tratamento, com diversas opções biomecânicas. Ainda, a oferta de diferentes modelos de braquetes, com suas prescrições, e de fios ortodônticos com distintas propriedades torna necessário optar pelo recurso que melhor se adeque para cada caso. Diariamente, novas pesquisas e novas tecnologias são oferecidas ao profissional atuante, com o intuito de facilitar o seu trabalho e proporcionar conforto ao paciente; contudo, o conhecimento e o domínio desses recursos é imprescindível. Ao mesmo tempo, o aumento dos cursos de pós-graduação é uma realidade, fato que coloca anualmente no mercado de trabalho especialistas mais jovens, com características diferentes daqueles que já atuam há muitos anos. Nesse cenário, torna-se importante conhecer o perfil do profissional de Ortodontia que atua em São Paulo — estado de maior relevância no país, responsável por 59,4% da produção científica odontológica nacional4 — e quais as técnicas e os recursos que esse profissional vem utilizando para atender às expectativas de seus pacientes.
Cada participante foi devidamente esclarecido sobre a natureza da pesquisa, sendo garantido o sigilo das informações prestadas, além do uso exclusivo para a pesquisa, mediante um termo de consentimento livre e esclarecido devidamente assinado. O serviço de carta-resposta foi previamente contratado junto à Empresa de Correios e Telégrafos, e possibilitou ao respondente a isenção de ônus financeiro, sendo que — após receber a correspondência em seu endereço cadastrado — o profissional somente tinha o trabalho de responder ao questionário, dobrar e colar a folha (conforme as indicações) e depositá-lo em qualquer agência dos correios. Teve-se o cuidado de enviar as correspondências de tal forma que não chegassem ao local de destino perto do final de semana, mas preferencialmente no início da semana, quando é maior a probabilidade de retorno das cartas-respostas11. Baseando-se nas respostas dos questionários retornados, procurou-se detalhar e inter-relacionar as informações ao máximo, a fim de se conseguir o maior número de dados possíveis, com o objetivo de alcançar conclusões compatíveis com a proposição desse estudo. O recurso de informática utilizado foi baseado na elaboração de planilhas, para a digitação dos dados, com o auxílio do programa Excel Microsoft® e seu assistente gráfico, presentes no Microsoft Windows® XP. As respostas dos questionários foram analisadas por meio de gráficos e tabelas conforme frequências absolutas (n) e frequências relativas (%). Para avaliar a associação entre as variáveis qualitativas, foi utilizado o teste de associação Qui-quadrado. Sempre que o teste Qui-quadrado foi significativo, a análise de resíduos ajustados foi utilizada como complemento. A elaboração das análises estatísticas foi feita no software SPSS® versão 13.0.
MÉTODOS Para realizar a pesquisa, foi solicitado, junto ao Conselho Regional de Odontologia de São Paulo, a lista de endereços de todos os especialistas em Ortodontia e Ortopedia Facial registrados no Conselho Regional de Odontologia do estado de São Paulo até maio de 2007, perfazendo um total de 2.414 profissionais. O questionário foi elaborado na forma de carta-resposta com 20 questões objetivas, sendo 8 delas com a possibilidade de se assinalar mais de uma alternativa. Além disso, em 10 questões o profissional teve a possibilidade de acrescentar uma resposta escrita livre e descritiva.
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RESULTADOS A quantidade de questionários devidamente preenchidos que foram recebidos pelo pesquisador ficou convencionada como sendo o tamanho da amostra. De um total de 2.414 cartas-resposta enviadas para a população-alvo, 593 (24,56%) retornaram ao pesquisador com os questionários devidamente preenchidos; 64 (2,65%) retornaram ao remetente por devolução dos Correios, devido a endereço insuficiente, desconhecido ou mudança de endereço; e 1.757 (72,78%) não retornaram.
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Rampon FB, Nóbrega C, Bretos JLG, Arsati F, Jacob S, Jimenez-Pellegrin MC
Perfil do profissional O perfil da amostra selecionada foi: sexo masculino (54,3%); faixa etária de 41 a 50 anos (40,5%); e tempo de inscrição no CRO-SP de 6 a 10 anos (29,3%). Quanto ao tempo de inscrição como especialista em Ortodontia junto ao Conselho Regional de Odontologia do estado de São Paulo, dos 593 respondentes, 8,1% estavam inscritos há mais de 25 anos; 8,3%, entre 21 e 25 anos; 9,1%, entre 16 e 20 anos; 16,2%, entre 11 e 15 anos; 29,3%, entre 6 e 10 anos; e 26,8%, com 1 a 5 anos de inscrição (2,2% da amostra não respondeu a essa questão). A relação entre o sexo do entrevistado e sua idade está detalhada na Tabela 1, onde, pelo teste χ2, complementado pela Análise de Resíduos Ajustados, ao nível de significância de 5%, verificou-se que os homens estão associados a uma faixa etária de mais de 50 anos, enquanto as mulheres, a uma faixa etária menor de 40 anos.
Tabela 1 - Distribuição dos ortodontistas quanto ao sexo e faixa etária. Sexo
Faixa etária (anos)
Masculino n
Total
Feminino
%
n
%
n
%
Até 40
112
35,1
117
44,2*
229
39,2
41 a 50
121
37,9
117
44,2
238
40,8
Mais de 50
86
27,0*
31
11,7
117
20,0
Total
319
100
265
100
584
100
χ2 = 21,22; p < 0,001. * Análise de Resíduos Ajustados: p < 0,05.
Tabela 2 - Distribuição das principais análises solicitadas pelos ortodontistas.
Análises Os ortodontistas foram questionados a respeito das análises que costumam solicitar (Tab. 2). Técnicas ortodônticas A primeira parte da pergunta foi a respeito da escolha da técnica ortodôntica, se essa é realizada de acordo com o tipo de má oclusão, e demonstrou não haver uma opinião predominante (Gráf. 1). Em caso de resposta positiva, a segunda parte da pergunta solicitava uma justificativa a respeito da situação clínica em que é feita essa escolha (Tab. 3).
n
%
USP
424
71,5
McNamara
351
59,2
Ricketts
313
52,8
Jarabak
177
29,8
Tweed
67
11,3
Steiner
64
10,8
Wits
40
6,7
Bimler
37
6,2
Unicamp
15
2,5
Schwars
13
2,2
Trevisi
10
1,7
Profis
8
1,3
Petrovic
6
1,0
5
0,8
Outro
Não solicita
40
6,4
Total
593
-
Tabela 3 - Distribuição dos ortodontistas quanto às situações clínicas em que escolhem a técnica ortodôntica.
50,3% 47,9%
Sim Não Não respondeu
1,9% Base: 593 respondentes
%
Classe III
38
13,4
Classe II
26
9,2
Idade
23
8,1
Padrão facial
23
8,1
Controle de ancoragem
16
5,6
Grande complexidade
15
5,3
Angulação dos braquetes
5
1,8
Outros
53
18,7
284
-
Total
Gráfico 1 - Distribuição dos ortodontistas sobre a escolha ou não da técnica ortodôntica conforme o tipo de má oclusão.
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n
Resposta múltipla.
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Perfil do ortodontista que atua no estado de São Paulo - Parte 1
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DISCUSSÃO O conhecimento do perfil profissional é um fator importante para a avaliação de inúmeros fatores relativos à formação, atualização, preferências e necessidades daquele que exerce uma determinada atividade. Esse estudo buscou informações para que se conheça quem é o ortodontista paulista, por meio de uma pesquisa usando questionários, enviados pelos Correios, com resposta paga. De um total de 2.414 questionários enviados, 24,56% retornaram ao pesquisador — assim como nos estudos de Pissette e Feres13 (com um retorno de 27,24%); Souza et al.16 (22,92%); e Soares et al.15 (27,43%). Em outros estudos, o índice de retorno das correspondências foi bem inferior, como os de Queiroz Júnior e Feres14 (15,65%); Gottlieb et al.5 (14%); Gottlieb et al.6 (11,2%) e Keim et al.7 (9%).
Entre as técnicas ortodônticas mais utilizadas (Tab. 4), pode-se observar — pelo teste χ2 complementado pela Análise de Resíduos Ajustados, ao nível de significância de 5 % — que a utilização da técnica Straight-Wire está associada ao tempo de formação de especialista inferior a 10 anos, enquanto a não utilização está associada à faixa de mais de 15 anos; a técnica Edgewise está associada a um tempo de formação do especialista de mais de 15 anos e a sua não utilização, com o intervalo de 6 a 10 anos; a técnica bioprogressiva de Ricketts está associada a um tempo de formação de especialista de mais de 15 anos (Tab. 5). Recursos ortopédicos funcionais Obteve-se, em uma questão, o percentual de utilização dos recursos ortopédicos funcionais (Gráf. 2).
Tabela 4 - Distribuição dos ortodontistas quanto à técnica ortodôntica mais utilizada no consultório. n
%
Straight-Wire
442
74,5
Edgewise
112
18,9
Bioprogressiva de Ricketts
101
17,0
Arco segmentado
92
15,5
MD3
26
4,4
44,1%
Rotineiramente
52,4% Ocasionalmente
Nunca 2,2%
MBT
15
2,5
Tweed-Merrifield
10
1,7
Begg
4
0,7
Outra
24
4,1
Total
593
-
1,3%
Não respondeu
Base: 593 respondentes
Gráfico 2 - Distribuição dos ortodontistas quanto à utilização de recursos ortopédicos funcionais.
Tabela 5 - Relação entre o tempo de Ortodontia e a utilização das técnicas. Técnica Straight-Wire Tempo de Ortodontia (anos)
n
não utiliza
Edgewise utiliza
Bioprogressiva de Ricketts
não utiliza
%
n
%
n
utiliza
não utiliza
%
n
%
n
%
utiliza n
%
1a5
29
19,5
130
30,2*
133
28,4
26
23,2
141
29,3*
18
18,2
6 a 10
31
20,8
143
33,2*
153
32,7*
21
18,8
140
29,1
34
34,3
11 a 15
26
17,4
70
16,2
78
16,7
18
16,1
83
17,3
13
13,1
Mais de 15
63
42,3*
88
20,4
104
22,2
47
42,0*
117
24,3
34
34,3*
Total
149
100
431
100
468
100
112
100
481
100
99
100
χ ;p 2
χ =30,7; p < 0,001 2
χ =20,30; p < 0,001 2
χ =8,50; p = 0,037 2
* Análise de Resíduos Ajustados: p < 0,05.
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Rampon FB, Nóbrega C, Bretos JLG, Arsati F, Jacob S, Jimenez-Pellegrin MC
Dos respondentes, 54,3% eram do sexo masculino e 44,7% do feminino, assim como no estudo de Soares et al.15, em que 55% dos ortodontistas eram do sexo masculino e 45% do sexo feminino, denotando equilíbrio entre os sexos. Murray10, embora tenha registrado um predomínio do sexo feminino na Inglaterra, considerou que as aspirações de emprego estão mudando; que a interrupção de carreira, o trabalho em tempo parcial, as pressões financeiras, o estresse contínuo, o desenvolvimento e a satisfação profissional não são específicos ao sexo do indivíduo. Nesse estudo, a faixa etária que predominou foi de 41 a 50 anos (40,5%), em concordância com as medianas de idade do ortodontista brasileiro, que foi de 42 anos13,14 e 41 anos16; e a mediana de idade do ortodontista norte-americano5,6,7,12. Já para Soares et al.15 e Pantaleão12, o predomínio foi de 31 a 40 anos, com 55,05%. Ainda, o sexo feminino mostrou associação com a faixa etária menor de 40 anos; e o masculino, com uma faixa de mais de 50 anos, em consenso com Andrade1. Os resultados relativos ao tempo de inscrição no CRO-SP foram na faixa de 6 a 10 anos (29,3%) seguida de 1 a 5 anos (26,8%), valores similares aos encontrados por Pantaleão12 e Soares et al.15, respectivamente, denotando que houve um incremento na busca por cursos de especialização em Ortodontia nos últimos 10 anos. Sobre a preferência entre as análises cefalométricas, houve predomínio do padrão USP (71,5%), assim como no estudo de Pantaleão12. Por outro lado, a análise de Steiner foi a mais utilizada em outros estudos6,13,16,7, sendo que ficou em sexto lugar (10,8%) nesse estudo. Os ortodontistas também foram questionados sobre uma possível escolha da técnica ortodôntica de acordo com o tipo de má oclusão, tendo 50,3% emitido uma resposta negativa, ao passo que 47,9% dos ortodontistas afirmaram variar de técnica ortodôntica conforme a situação clínica a ser resolvida. Por ser uma questão descritiva, as respostas foram diversas, com ênfase em pacientes Classe III (13,4%), Classe II (9,2%), idade e padrão facial do paciente a ser tratado (ambos com 8,1%). Essa resposta evidencia as diversas filosofias e opções biomecânicas existentes2,8; contudo, partindo do pressuposto de que uma técnica ortodôntica deve contemplar o tratamento de qualquer tipo de má oclusão, esse resultado parece incoerente.
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O desenvolvimento de novos materiais ortodônticos é, sem dúvida, um dos mais promissores campos para os próximos anos. A técnica Edgewise, por exemplo, é a base sobre a qual se erige a especialidade contemporânea. Modificações e aperfeiçoamentos da técnica original transmitem nova dinâmica ao tratamento clínico, como o grande avanço representado pela técnica Straight-Wire8. Das técnicas ortodônticas mais utilizadas pelos ortodontistas paulistas, a Straight-Wire (74,5%) foi a preferida, seguindo a tendência dos valores encontrados nos EUA com Gottlieb et al.5 (64,75%); Gottlieb et al.6 (76,4%) e Keim et al.7 (94,4%), soma essa de todas as prescrições das técnicas pré-ajustadas. Essa tendência começou a aparecer também no Brasil, com Souza et al.16 (62,93%) e Pantaleão12, com mais de 90% da preferência dos profissionais. A análise estatística demonstrou associação entre a utilização da técnica Straight-Wire e o tempo de formação de especialista menor que 10 anos; e associação entre sua não utilização e um tempo de especialista maior de 15 anos. Isso é confirmado através do histórico de aceitação da técnica Straight-Wire no Brasil, nos estudos de Queiroz Júnior e Feres14, com 32,62%; Pissette e Feres13, com 41,14%; Souza et al.16, com 62,93%; e, no presente estudo, com 74,5% dos especialistas paulistas. Também nos EUA, a soma das prescrições de aparelhos pré-ajustados com relação aos anos de prática ortodôntica esteve sempre acima dos 90% de uso rotineiro, como na faixa etária de 1 a 5 anos (98,9%), 5 a 10 anos (93,4%) e 11 a 15 (99,2%)7. As técnicas Edgewise clássica e bioprogressiva de Ricketts demonstraram ser mais utilizadas por profissionais com maior experiência, pois estiveram associadas ao tempo de formação de especialista com mais de 15 anos, como no estudo de Keim et al.7, no qual os respondentes com mais de 26 anos de prática ortodôntica demonstraram ser os que mais empregam essas técnicas. Com relação a essa perspectiva, uma justificativa seria que ortodontistas menos experientes não utilizassem técnicas clássicas por terem mais dificuldade em realizar dobras e ajustes nos fios ortodônticos, optando pelos dispositivos pré-ajustados. Contudo, nota-se que a individualização dos arcos é um fator essencial para correta finalização do tratamento ortodôntico, mesmo quando se utilizam arcos retos; então, o treinamento para dobrar arcos é primordial.
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Perfil do ortodontista que atua no estado de São Paulo - Parte 1
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profissional e o conhecimento científico são fundamentais para o sucesso do tratamento.
A utilização de recursos ortopédicos funcionais de maneira rotineira por 52,4% dos profissionais e 44% de maneira ocasional demonstrou, em sua somatória, grande aceitação, resultado superior aos de estudos preliminares12,13,16. O trabalho conjunto dos ortodontistas relatando suas preferências e necessidades clínicas, e das empresas, desenvolvendo, testando e comercializando novos materiais, busca oferecer mais qualidade ao material ortodôntico. Por outro lado, a habilidade
Conclusão Considerando a pesquisa de campo realizada, pode-se concluir que a técnica Straight-Wire foi a mais empregada, e está associada a ortodontistas inscritos no CRO-SP há menos de 10 anos. Os recursos ortopédicos funcionais são utilizados rotineiramente pela maioria dos profissionais indagados.
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