LIVRO PRESERVA A MEMÓRIA DA BOA MORTE
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EDIÇÃO ESPECIAL ARGENTINA Alunos de Jornalismo da UFRB conhecem Buenos Aires
Jana cambuí
Izana Pereira
Rafaela Barreto
Em viagem de estudos que os levou à capital porteña, estudantes do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia tiveram a oportunidade de não apenas conhecer e viver o dia a dia desta grande metrópole sulamericana, mas trazer de lá histórias, relatos e análises bastante interessantes. Como os protestos populares pela morte de um sindicalista; as peculiaridades do bairro San Telmo, um dos mais tradicionais e charmosos da cidade; o funcionamento do jornal Clarin, um dos maiores em circulação na América Latina e uma análise sobre como fica o kirchnerismo após a morte do seu ex-presidente. Confira isso e muito mais nas páginas 6, 7, 8, 9, 10, 11
Santo Antônio de Jesus também tem sua feira de roupas e variedades (pag. 4)
Fábrica de biscoitos gera empregos em Mutuípe (pag. 4)
O sorriso do cachoeirano em um ensaio especial (pag. 5)
BRASIL E ARGENTINA – Contrastes & Convergências Robério Marcelo
Chega o final do semestre, final do ano, hora da gente refletir sobre o que foi feito, o que cumprimos daquilo que foi planejado e o que projetaremos, a partir disso tudo, para o ano que chega, sempre novo, como promessas a serem feitas. Aqui na redação do Reverso a gente também faz o nosso balanço e, felizes, concluímos que, se de fato a missão principal deste jornal laboratório é oferecer oportunidade para que futuros repórteres, fotojornalistas, redatores e editores deste veículo tão difícil quanto relevante e apaixonante que é o periódico impresso exerçam na prática aquilo que vão desempenhar daqui há pouco no campo profissional bem, então a missão está mesmo cumprida. Mais que isso, até. Porque temos consciência de que, neste contexto, não basta ensinar Jornalismo Impresso Não é suficiente passar aos alunos-repórteres as técnicas, estratégias narrativas e iniciativas editoriais em busca de uma boa pauta, um trabalho decente de apuração e um texto final limpo, objetivo mas interessante, socialmente interessante. Não é suficiente orientá-los para a prática de uma boa redação, que esteja de acordo com as expectativas e horizontes de interesse do seu público-leitor, sem descuidar de um estilo que preserve as características e peculiaridades de uma língua regional. Não é suficiente incentivar à pesquisa, imputar a ética profissional e fomentar os talentos e habilidades individuais em busca daquele repórter-editor com faro para a notícia, que logo vai nos dar aquela manchete a ser comentada na mesa do café da manhã. Não. Além de tudo isso, com os prazos apertados nos nossos calcanhares, ainda é preciso ousar, atrever-se e, portanto, expor-se às críticas. Errando, acertando, mas sobretudo aprendendo. E sendo lido e comentado, no processo. E isso a equipe do Reverso tem sabido fazer com maestria surpreendente para uma garotada do quarto semestre! Boa leitura!
Jornal Laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Reitor: Paulo Gabriel Soledad Nacif Coordenação Editorial: J. Péricles Diniz e Robério Marcelo Coordenação de Editoração Gráfica: Juliano Mascarenhas Redação: Izana Pereira Centro de Artes Humanidades e Letras (CAHL) Quarteirão Leite Alves, Cachoeira/BA - CEP - 44.300-000 Tel.: (75) 3425-3189
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O aluno Renato Luz, ao lado da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e dos colegas de curso de Jornalismo da UFRB Diogo, Izana e Priscila
* Renato Luz Durante o mês de outubro tive oportunidade de conhecer a capital argentina, Buenos Aires, nessa estada vivenciei o quanto contrasta a cultura política argentina da brasileira. Sâo características fortes da população argentina a postura critica diante dos acontecimentos, uma forte capacidade de articulação e mobilização da sociedade civil organizada, presenciei por exemplo o manifesto contra dirigentes de sindicatos ferroviários daquele país intitulado pelos manifestantes de “La burocracia sindical” , acusada de assassinar Mariano Ferreyra, militante da União da Juventude para o Socialismo (UJS) del Partido Obrero (PO). Ao mesmo tempo em que essa população mantém uma postura crítica, ao povo argentino é reservado um patriotismo imbuído de emo-
ção muito singular a cultura política argentina. Foi nesse contexto de fragilidade e tensão política que a Argentina perdeu o presidente Nestor Kirchner aos 25 dias do mês de outubro deste ano, uma notícia que chocou o país. Desde que a morte de Kirchner foi anunciada, milhares de pessoas começaram a se dirigir até a Casa Rosada – sede do governo argentino para se despedir do ex-presidente. A morte do ex-presidente Nestor Kirchner altera completamente o quadro político da Argentina. Ele era o précandidato à presidência da República na eleição do ano que vem numa alternância combinada com sua mulher, a presidente Cristina Kirchner. Muito diferente do Brasil do qual pela legislação vigente não é permitido sucessão a cargos eletivos do executivo por parentes de primeiro grau. Por outro lado, o presidente Lula ele-
*Renato Luz é discente do VI período de Jornalismo da UFRB e estagiário em construção de redes sociais do projeto Pedra do Cavalo.
O termo vida de pensão já demonstra mudança e, para realidade dos estudantes de Cachoeira, não é diferente Suely Alves
O convívio em uma pensão requer organização e bom humor
Texto de Laís de Oliveira Antes da chegada da universidade à Cachoeira, a pensionista Rosa Alexandrina, de 71 anos, recebia muitos agentes de banco e turis-
tas, mas depois da instalação do campus da UFRB passou a lidar com muitos estudantes. “Não me programei, os alunos foram me procurando. Tenho eles como filhos e netos, cuido da alimentação e da limpeza da casa. A única
coisa que complica são os horários”, contou. Para os estudantes, passar no vestibular, mudar de cidade e perder o conforto de casa. Organizar roupa, comida e outros afazeres domésticos fazem com que a primeira opção seja, mesmo, morar num pensionato. Em Cachoeira, se cobra uma média de R$ 400,00 mensais, com direito a três refeições e uma casa arrumada. O que, segundo alguns exmoradores, nem sempre acontece. Incidentes com comida estragada e regras desnecessárias fizeram com que a melhor saída fosse alugar uma casa com mais alguns amigos. Josenildo Júnior, 18 anos, saiu da cidade de Alagoinhas e instalou- se em um
dos pensionatos da cidade. Suas maiores queixas dizem respeito ao tipo de postura do pensionista que o acolheu, queixando-se de regras que não existiam quando morava em casa, falta de opções Cuidar da casa e fazer a própria comida, muinas refeições e um tas vezes, é um desafio valor que considera exorbitante. A solução recer. O item domestico que encontrada foi dividir uma mais sento falta é a maquina casa com mais três colegas. de lavar”, confessou. Já Daniel Souza, 21 “Facilitou muito, diminuiu os custos, a liberdade é maior anos, conta com bom hue a casa tem mais conforto”, mor e grande apego à dona da pensão em que disse. Para Michele Barros, 19 vive há dois anos. “Acho anos, “a maior dificuldade foi horrível a distância, sinconviver com tantas pessoas to falta do convívio com diferentes. Sou filha única e a família, com os amigos passei a dividir quarto com próximos e prefiro morar mais três e banheiro com 10. em pensão, pois acho mais A distância me fez amadu- barato”, concluiu.
Livro faz registro da Festa da Boa Morte O programa Cadernos do IPAC foi o responsável pelo livro sobre a irmandade
Texto de Lorena Morais O Governo do Estado da Bahia e a Secretaria de Cultura, através do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) e Fundação Pedro Calmon lançaram em Cachoeira, no dia 10 de novembro último, um livro e o videodocumentário Festa da Boa Morte. A mesa de abertura contou com a presença do secretário de Cultura Márcio
Meirelles, o diretor geral do IPAC, Frederico Mendonça, a irmã da Boa Morte Narcisa da Conceição, conhecida como irmã Filhinha e o secretário de Cultura e Turismo do município, Lourival Trindade, que parabenizou a Secult pela inciativa. Meirelles destacou a importância do registro de culturas e identidades tradicionais como a Irmandade da Boa Morte. Segundo ele, “a Bahia é de uma pluralidade enorme e riqueza incrível
A Irmandade da Boa Morte existe a mais de 200 anos e foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia este ano
de histórias e identidades. É preciso fomento para que essas coisas continuem de uma forma saudável, livre e independente do estado, mas necessária para a sociedade”. Participram também o diretor da Fundação Pedro Calmon, Ubiratan Castro, o diretor da TVE Póla Ribeiro, e representantes da Secult, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Câmara de Vereadores, UFRB, estudantes e sociedade civil. www.ufrb.edu.br/reverso
Suely Alves
CARTA AO LEITOR
geu sua pupila Dilma Rouseff (PT) com maior facilidade do que Cristina teria para devolver a faixa presidencial ao seu marido. Nas questões de governo o executivo argentino está mais adiantado na criação de marcos regulatórios para a mídia e conseqüentemente o controle social dos veículos de comunicação. Por la, a guerra entre imprensa e governo é declarada, fontes oficiais não falam para a imprensa e esta não deixa barato contra o governo nos editoriais do “Clarin diário” e do “La Nacion”. Como será o governo de Cristina sem ele é uma incógnita porque apesar de ela ter feito uma carreira política prévia ela se deixou ofuscar pela forte presença de Nestor nos bastidores do governo Nas questões sociais mais polêmicas a sociedade civil argentina também apresenta uma postura mais progressista do que a brasileira, lá por exemplo é permitida a união civil por pessoas do mesmo sexo e o congresso está muito próximo de aprovar a regulamentação do aborto naquele país. Na burocracia e na paixão pelo futebol Brasil e Argentina se assemelham bastante, contudo os argentinos têm evitado por motivos desconhecidos fazer comparações das seleções de futebol dos dois países.
Ex-pensionistas, Graças a Deus!
Taiane Nazaré
INEDITORIAL
A feira que tudo dá
Com 50 anos de existência, a feira livre de Santo Antônio de Jesus é uma grande atração Lais Martins
Texto de Larissa Araújo Organizada onde antes era uma propriedade particular, antigas terras de uma fazenda, ela hoje ocupa grande espaço do centro da cidade, perto da área mais tradiconal do comércio local. Dividida por setores, oferece diferentes produtos, entre hortifruti, carnes, farinha, um pouco de artesanato (palhas e couros) e até mesmo roupas, calçados, artigos de cama, mesa e banho, acessórios, cds e dvds . Apesar dos setores divididos por galpões, pode-se encontrar, ao lado de uma enorme variedade de produtos expostos (com algumas barracas de frutas em meio às de calça-
As roupas vendidas na feira de Santo Antonio de Jesus têm preços realmente atrativos
dos, por exemplo), diversos bares e pequenos restaurantes, com banheiros públicos. Mas o grande atrativo da feira são mesmo os preços, principalmente das roupas e dos calçados. São camisetas, vestidos, jeans e roupas infantis com um preços bastante em conta e com direito a pechinchar. Um detalhe: as peças são de qualidade. Enfim, depois de passar o dia escolhendo as melhores frutas, carnes, experimentar roupas e calçados, ainda se pode passar na seção de acessórios para buscar vários modelos de bolsas, cintos e bonés. Na feira livre de Santo Antônio, se encontra de tudo, o local certo para aquele dia de compras e muito papo com as pessoas da cidade.
O sorriso do cachoeirano
A proposta do ensaio fotográfico foi mostrar a essência do cachoeirano, o seu sorisso. Alguns médicos afirmam que o sorisso faz bem à saúde, algumas pessoas o associam à inocência de uma criança. E na Cidade Heróica, que é um berço de multiculturalidades e de uma miscigenação herdada da presença de africanos e afro-descendentes em interação com europeus , não é diferente. O Cachoeirano tem um sorisso especial, carregado de signicado, o sorisso de quem luta e nem se dá conta de que está sorindo. Por Laís Oliveira
Fábrica de biscoitos gera emprego na região de Mutuípe Jana Cambuí
Texto de Monalisa Leal Melo Cidade pequena, Mutuípe tem na fábrica de biscoitos Flor do Vale, localizada na estrada que liga o município a Amargosa, uma das suas maiores fontes de emprego. Com 26 anos de existência, conta atualmente com 90 funcionários, produzindo mais de quatro toneladas de biscoitos por dia. Eles trabalham desde a produção inicial, empacotamento e transporte particular. As máquinas, principalmente as de produção contínua, substituem o trabalho humano, mas para manipulálas são necessárias 17 pessoas. Caso o trabalho fosse manual, a quantidade de pessoas aumentaria significativamente, mas o trabalho seria realizado de maneira mais lenta. www.ufrb.edu.br/reverso
A fábrica de biscoitos é um dos grandes empregadores de Mutuípe
Contudo, segundo Zenilda Santos Elesbão, funcionária financeira, a fábrica possui setores que estão precisando de novos funcionários. Há pouco mais de três meses foi construído um salão dentro da fábrica, onde vem acontecendo reuniões, eventos e palestras para os funcionários. Nestas oportunidades, são abordados diversos temas ligados principalmente ao trabalho desenvolvido na unidade, como higiene e segurança. www.ufrb.edu.br/reverso
Buenos dias, Buenos Aires!
A valorização do real e as vantagens de acesso entre os países do Mercosul tornam cada vez mais fácil viagens para países vizinhos. Mas para que sua viagem seja tranquila é preciso ficar atento a algumas dicas. Laís Martins
Larissa Araújo
Identidade
Jana Cambuí
de 100 pesos, existe o risco de receber o troco em notas falsas. A cotação do peso está em torno de R$ 0,46.
Taiane Nazaré
Casas de câmbio e cartões de crédito Quando chegar ao país, prefira trocar dinheiro nas casas de câmbio do aeroporto. O banco La Nación também é uma boa opção, lá eles têm os melhores valores. Mas se já está na cidade, prefira as casas de câmbio da Avenida Corrientes, certificando-se sempre da cotação Rafaela Barreto
Flagrante da movimentada Avenida 9 de Julio, no centro
Se você vai à capital da Argentina e ainda não tem passaporte, certifique-se de que a sua carteira de identidade esteja em bom estado. É imprescindível que tenha até 10 anos de emissão e que você possa ser facilmente identificado na fotografia. Se tudo estiver correto, você receberá um documento que lhe permitirá permanecer por um determinado período no país, guarde-o com cuidado, ele será necessário no momento em que for deixar o país.
coloca o valor da passagem em moedas e retira o troco, notas não são aceitas. Nas ruas de grande comércio, como a Florida, a circulação de pessoas é enorme e a panfletagem também. Bastante atenção quando for abordado por alguém, desconfie de cartões e convites para inauguração de bares, nesses casos é melhor não acompanhar a pessoa que te abordou. Você pode ser vítima de um golpe e perder dinheiro. Além disso, é preciso tomar muito cuidado ao tomar um táxi, é recomendado que não pague com nota
Ligação internacional
Ônibus, golpes, táxis e notas falsas
Artistas ganham a vida tocando nas calçadas da Calle Florida www.ufrb.edu.br/reverso
Ao sair para conhecer os diversos pontos turísticos da cidade você pode optar por ir a pé aos locais mais próximos, de metrô e de ônibus. Tenha sempre em mãos uma quantia em moedas, elas serão indispensáveis se a sua opção for o ônibus. Dentro de cada coletivo existe uma máquina em que se
O sistema de tranporte público de Buenos Aires é eficiente
da moeda antes de fazer a troca. Efetuar pagamentos com o cartão de crédito pode ser um pouco complicado. Antes de qualquer coisa, o cartão precisa ser internacional e estar habilitado para o uso dessa função, isso pode ser feito no seu banco, antes de viajar. Os cartões que têm a dupla função de débito e de crédito podem não funcionar, para evitar constrangimentos, tenha sempre dinheiro em mãos. Você pode sacar dinheiro nos bancos da cidade.
No centro da cidade, o táxi é a melhor opção, além do metrô
É possível usar o seu telefone celular normalmente, basta habilitá-lo para isto contatando a sua operadora. Uma outra maneira de fazer ligações locais e internacionais é comprando cartão telefônico. Com uma “tarjeta”, que custa10 pesos, é possível falar por até 30 minutos usando qualquer aparelho telefônico. Além dessas opções, é possível também ir ao locutório mais próximo, em cada cabine existe um contador em pesos e minutos para que você já saiba exatamente quanto pagará pela ligação. www.ufrb.edu.br/reverso
Estudantes de Jornalismo da UFRB visitam jornal de maior circulação na Argentina layla Scher
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layla Scher
Alunos do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) visitaram a sede o jornal Clarín, impresso de maior circulação em Buenos Aires, que vende cerca de 400.000 exemplares por dia. Os estudantes foram acompanhados pelo coordenador do curso, professor Robério Marcelo, e guiados por Julieta Casini e Miguel Wiñazki, que trabalham nas editorias do jornal e os levaram a conhecer desde a sala de reuniões e definição de pautas ao setor de diagramação. Wiñazki, que é chefe de capacitação e editor de mídias do Clarín, explicou que o jornal argentino tem cerca de 600 jornalistas que trabalham 12 horas por dia para fechar o jornal às quatro horas da tarde. O editor da seção de fotojornalismo do Clarín, Roberto Pera, infor-
um jornalista. Para ele, contudo, a experiência do trabalho foi o que consolidou a carreira. Ele conta, ainda, trabalho no Brasil entre os anos de 1985 e 1987, período do governo Sarney, na revista semanal Isto é. Sobre a relação da imprensa dos dois países durante as respectivas ditaduras militares, Pera, diz que, comparado à Argentina, “era mais fácil fazer jornalismo no Brasil, apesar da ditadura, pois no Brasil existia a censura prévia e antes de publicar uma notícia o governo a liberava ou não. Já na Argentina, o jornalista que publicasse uma notícia que não atendia às necessidades do governo era morto ou desaparecia”. Com relação à qualidade dos jornais impressos brasileiros, comenta que os locais têm um bom padrão de qualidade, além daqueles que mais circulam por todo o país, como Folha de São Paulo e o Estadão. Para todo estudante de jornalismo é curioso o funcionamento e agitação de um jornal impresso. No terceiro ano do curso, Renato Luz, diz que desde o início queria atuar no impresso. Hoje, já escreve em dois jornais da região e edita um boletim do Instituto no qual trabalha. “O legal de entrar em um jornal como o Clarín é absorver o máximo de conteúdo que os experientes jornalistas podem nos transmitir além de poder aprender um pouco do contexto político midiático daquele país”, afirma o estudante.
A bem equipada redação do Clarin, um dos maiores jornais em circulação da Argentina
Izana Pereira
de Mariano e mais dois fe- o incidente, o PO conseguiu dência e o ridos, Elsa Rodríguez e Nel- chamar milhares de pes- g o v e r n o son Aguirre. soas as ruas de Buenos Ai- responde O presidente da união res para protestar a morte com repúdio as acusações da ferroviária, José Pedrazza, de Mariano, foram faixas, oposição. José Pedrazza ainreconhece a participação cartazes, panfletos e muita da afirmou que os funcionádos sindicalistas no emba- emoção no palanque, onde rios filiados da União Operáte físico, mas nega que eles sejam os responsáveis pelos disparos que levaram a morte de Mariano. A luta é histórica entre peronistas e outros esMilitantes do Partido Obrero, uma espécie de PT argentino querdistas quanto interromper a linha de trem a maior liberdade Texto de Raquel Pimentel General Roca, no sul da ca- sindical no goverpital, uma das rotas da em- no, acusam o Hugo O jovem militante Ma- presa, para reivindicar a de- Moyano, secretáriano Ferreyra de 23 anos missão de 117 funcionários rio geral da confedo Partido Operário (PO), e lutar pela reincorporação deração geral do morreu na quarta-feira dia deles. Entraram em embate trabalho (CGT) de 20 de outubro em um con- com funcionários filiados proclamar a violênfronto de sindicatos na lo- da União Operária – que cia sindical e manOs estudantes universitários também foram às ruas, protestar calidade de Avellaneda. se opõem a contratação de ter privilégios para Funcionários terceirizados funcionários terceirizados eles. Em apenas um dia após militantes criticavam a ação ria estavam na defesa de seus da Ferrocaril Roca queriam - a luta resultou na morte da polícia, que segundo empregos por que em situaeles não ajudou como de- ções semelhantes eles foram via no embate e permitiu responsabilizados. que pessoas fossem feridas Durante a manifestação e mortas. Aproveitando o toda Buenos Aires sofreu com ensejo de toda a manifes- as paradas, rotas de ônibus tação a presidente Cristina foram desviadas das princiKirchner também foi alvo pais avenidas da cidade, os de críticas. Ela, por sua vez, funcionários do metrô foram condenou o fato ocorrido mobilizados, a empresa ferdizendo que dará todo o roviária Belgrano interromapoio as investigações e dis- peu serviços na meia-noite de se “as imagens da imprensa quinta-feira, todos atendendevem ser incansavelmente do ao chamado da Central assistidas, para se achar os de Trabalhadores Argenticulpados”. nos (CTA). Os manifestantes No meio de acusações e agruparam-se em frente a inúmeras especulações os casa rosada, na praça de maio, embates trabalhistas são além de professores, alunos e substituídos pelos grandes simpatizantes das causas tratubarões da política. O pre- balhistas e operárias, milhafeito da província de Buenos res estavam reunidos numa Aires, Maurício Macri acusa o grande movimentação social governo Kirchner de impru- e apoio aos sindicalistas. Buenos Aires tem longa tradição neste tipo de manifestação popula
Izana Pereira
ção, o impresso é o que ganha destaque em Buenos Aires”. Mesmo com o desenvolvimento do jornal online, ele reconhece que o destino do impresso será a internet, mas acredita que o processo de substituição será demorado. No Clarín, o fotojornalista trabalha há 17 anos e sem a formação profissional, mas confessa que o diploma tem a sua importância, sim, ressaltando a necessidade das É agitado o ritmo de trabalho daqueles profissionais que lutam contra o tempo no fechamento das notícias do dia teorias estudadas na universidade mou que “apesar do impacto que a Texto de Taiane Nazaré TV causa na divulgação da informa- e que fazem parte da formação de
Morte de jovem sindicalista causa onda de protestos em Buenos Aires
Izana Pereira
Nos bastidores da notícia
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Como fica o Kirchnerismo agora? Raquel Pimentel
O bairro é um relicário das belezas portenhas
Texto de Monalisa Leal Melo San Telmo é um dos bairros mais antigos da cidade de Buenos Aires e ainda consegue preservar seus mais relevantes aspectos aa arquitetura colonial original. Muitos casarões foram tombados pelo patrimônio histórico, mas mesmo os que não foram, mantêm os ricos detalhes antigos, como azulejos, portas e janelas que caracterizam os seus arredores. H á pouco mais de um século, a população de maior poder aquisitivo passou a morar no bairro, que atualmente abrigam hotéis, restaurantes, ateliês e muitos atiquários bastante freqüentados por turistas. Neles, se pode encontrar uma grande variedade de brinquedos, botões, cristais, acessórios, roupas e outros inúmeros itens. Os antiquários funcionam toda a semana. Aos domingos, das 10 às 17 horas, acontece a tradiconal
Feira de San Telmo, onde são montadas tendas para a venda de móveis, artefatos e roupas antigas, pinturas e artesanato em geral, além
tidade de lixo se acumulava nas ruas, principalmente em San Telmo.
Além de prejudicar a população,
por conta dos perigos ligados à saúde, o transito também ficou desordenado por conta da aglomeração de sacolas, garrafas, caixas e outros entulhos.
Laís Martins
Layla Scher
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Raquel Pimentel
A atual presidente do país, Cristina Fernández de Kirchner eleita no primeiro turno em outubro de 2007 mantém características do governo anterior, o de seu falecido esposo, em questões administrativas. Como por exemplo, priorizar as relações com a Venezuela e a Bolívia e manter a briga com o Uruguai sobre a fábrica de celulose no rio Uruguai na fronteira entre os dois países (problema já solucionado na corte de Haia na Holanda que decidiu por uma fiscalização bilateral no monitoramento ambiental da fábrica). Sua política interna de controle da divulgação dos índices inflacionários no país regula uma maior movimentação social. Cristina tem o apoio de Hugo Moyano, presidente da Confederação Geral do Trabalho (CGT). A inflação em Buenos Aires ainda é alta, comparando os preços com o Brasil uma garrafa de coca-cola de 600 ml custa em torno de dois reais, em Buenos Aires não se encontra valendo menos que 12 pesos, ou seja, seis reais pela mesma coca-cola. Sua política externa vem sendo melhorada colocando a Argentina em assuntos de seu interesse como as questões de hidrelétricas, devido a sua dependência de países como a Bolívia, a Venezue-
tos da região metropolitana (de Buenos Aires). Manter todos unidos era uma das tarefas mais absorventes de Kirchner, à que dedicou toda sua sabedoria na tática política.” Os maiores desafios de Cristina agora estão em reorganizar a esquerda e impedir o maior fortalecimento da direita, trabalho que era realizado com estilo quase caudilhíco de Néstor Kirchner. Restabelecer sua ligação política com o peronismo que desde 2003 não está a vontade com as políticas kirchneristas, portanto eis o grande desafio da presidente: unir os aliados de seu governo, reforçar sua política trabalhista a fim de Nestor e Cristina Kirchner, em foto capturada na internet reconquistar o apoio do país, la e até do Brasil. A fim de tinacionais, e com altos im- to sindical frente aos dirigen- sobretudo da comunidade sair da crise de abastecimen- postos a arrecadação serve tes regionais, como os prefei- rural. to elétrico que tomou conta para pagar a dívida externa, do país em 2007, Cristina uma das prioridades dos realizou um plano de racio- Kirchner, assim eles perdem nalização do uso da energia apoio das massas em não elétrica no país. Também em nacionalizá-las. Problema seu mandato foi aprovada a também de Hugo Moyano lei 26.522, lei de radiodifu- que enquanto líder da CGT são, que proíbe a formação não propôs plano de solude monopólios e oligopólios ção para os trabalhadores, dos meios de comunicação, mantendo apoio a situação. agora para cada empresa há Consequência: grande per10 licenças e não mais 24. da de votos e crescimento A crise no kirchnerismo da direita no país. iniciou quando nas eleições Segundo o historiador e de 2009 a direita venceu na autor do livro História Conprovíncia de Buenos Aires e temporânea da Argentina, até em santa Fé (cidade do Luís Alberto Romero, “Ela ex-presidente Néstor Kirch- deverá governar em condiner). Como em cinco anos ções inéditas - até então seu o governo continuado por esposo se encarregava da Cristina ainda não havia parte mais complicada do resolvido os problemas de governo - e agora deverá salários dos trabalhadores, engenhar-se para manter em a oposição veio ganhando paz e harmonia os distintos espaço no discurso contra setores da aliança kirchneo governo. O sistema de rista, que, faz tempo, mosprodução de soja em todo o tram conflitos entre eles: por A Casa Rosada, sede do governo argentino país é controlado por mul- exemplo o ascendente apara-
San Telmo, o velho e o novo reunidos num só lugar
das apresentações itinerantes de tango. No local, também são oferecidos lanches típicos, como a famosa empanada de jamon e queso. O tom negativo foi que, no período de 17 a 21 de outubro, o lixo também fazia parte do cenário de Buenos Aires. Acontecia então uma greve dos garis e, com isso, grande quan-
Bairro boemio, San Telmo costuma reunir artistas e turistas de várias partes do mundo, principalmente do Brasil, em animadas festas de confraternização
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Izana Pereira
Laís Martins
Laís Martins
Mosaico Porteño, registros de viagem
Jana Cambuí