O POVO FALA: CÂMERAS VÃO MONITORAR AS RUAS (PAG. 11) Cachoeira - Bahia Maio de 2013
Edição Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
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Arquivo Público de São Félix recebe doações e faz eventos
Santo Antônio de Jesus prepara campanha para incrementar as vendas no comércio
O Arquivo Público Municipal de São Félix está aberto para a doação de documentos por parte da população. O objetivo é reunir arquivos para que seja feita a manutenção do acervo de memória e preservação da história desta localidade histórica de importância inestimável para o Recôncavo da Bahia. O aposentado Lourival Augusto (ao lado, em foto de Matheus Buranelli) busca por referências de antigos colegas e familiares. Para isso, visita o Arquivo de duas a três vezes na semana. (Leia na página 3) Foto: Reginaldo Silva
Foto: Reginaldo Silva
Foto: Vitor Érik
(Confira na página 8)
Torneio sub-17 reúne equipes tradicionais do Recôncavo e RMS (página 10)
Reinaugurado ano passado Cine Glória segue sem atividade (pág. 3)
Nunca botei muita fé em instituições construídas pelos seres humanos, exceto botequins, prostíbulos (de boa qualidade) e campos de futebol, com trave marcada de pedra ou coquinho catado na praia. Com muita boa vontade, incluiria as casas de farinha entre estas honrosas exceções da nossa República. Daí, não entender por que o meu nome para escrever no jornal de uma universidade tão respeitada como é a nossa UFRB. Para não desapontar os leitores que me honram com o desperdício de alguns minutos, tentarei ser algo simpático. É alvissareiro (desculpa a expressão pedante) saber que o nosso Recôncavo produz conhecimento com a qualidade que já se alardeia pelos links e simpósios de nossa vida impregnada pela revolução informacional. E não é porque o convite partiu de meu amigo de fé, irmão, camarada Péricles, honrando a origem do comandante original que lhe empresta o nome. Aqui temos também o nome de um Sérgio Mattos, meu querido professor de Jornalismo Comparado (tirei S , nota máxima, muita moral na graduação). Mas bem que poderia ser pela presença da mãe de meu amado filho caçula, Vitor, a melhor professora de telejornalismo jamais conhecida em toda a universidade latino-americana e quiçá mundial, a nossa veneranda e mais que sábia Márcia Rocha. Enfim, amigos, alcancei aqui o quarto parágrafo de um texto em que teço louas a algumas das pessoas
Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo Reitor da UFRB Prof. Dr. Paulo Gabriel S. Nacif Diretora do CAHL Profa. Dra.Georgina Gonçalves Coordenação Editorial Prof. Dr.Robério Marcelo Ribeiro Prof. Dr. José Péricles Diniz Editor Prof. Dr. J. Péricles Diniz Redatora Fabiana Dias Editoração Gráfica Prof. Dr. J. Péricles Diniz, Andrei Borges, Drielle Costa, Lorena Bernardes, Maeli Souza, Matheus Buranelli, Tássio Santos,
Thacio Martins, Vanessa Araújo
mais queridas de minha vida que já avança pelo cinquentenário, sem que meu clube, o amado Vitoria, tenha ainda laureado a conquista de sua primeira estrela, lacuna que não me aflige pois quando se ama, não se exige. A memória da nossa velha e inesquecível Escola de Biblioteconomia e Comunicação (EBC), onde concluímos nossa graduação, não encontra rival no meu romântico coração como habitação imaginária constante e quase divina, abençoada sempre pelas mãos da sacerdotisa dona Beré, a quem devo meus parcos conhecimentos, muitos deles menos que rudimentares, do mais bê-a-bá jornalismo. Tivesse o comandante Péricles o cuidado de uma melhor seleção, talvez não escolhesse esse amigo para ocupar e gastar estas tintas nobres do nosso bravo impresso da UFRB. Mas, já que assim o fez, resta-me agradecer e pedir desculpas em joelho sobre vidro moído aos que generosamente tentaram ver alguma conexão útil nestas palavras mal casadas. Escreve aqui um pesquisador em Cultura e Sociedade, que ousou concluir um doutorado, muito mais por ser aficcionado em futebol, mas que não vê maior futuro em uma academia tão acostumada a secular e imbatível brodagem que nos vem dos tempos das confrarias de jesuítas. E tal como faziam os santos da Inquisição, aqui também nesta instituição tão reputada e séria, também é preciso fazer acordos, alinhavar conchavos, acreditar em amizades acima das competências e fazer do talento de amor ao próximo um valor muito superior à produção séria de conhecimento. Então, só tenho a lamentar a escolha de meu nome para assinar este texto, uma vez que continuo acreditando em instituições mais sérias, como as citadas logo no início deste texto. Espero poder, quem sabe, na terceria ou quarta idade que se avizinham, poder recuperar ou mesmo criar um pouco de crença na possibilidade de um convívio ético, honesto e fraterno no ambiente universitário. E peço ao Deus em quem não acredito que ilumine as pessoas que compõem este cenário para tentar reduzir a poluição e os dejetos inevitáveis, pois afinal, somos humanos, e não temos a menor pretensão de voltar a massacrar os indígenas e quilombolas como fizeram os companheiros jesuítas no afã de impor seu projeto de poder. Fico por aqui, como comecei, descrente, incrédulo, periférico, acessório, mas sem deixar de reverenciar cada um de vocês que fazem parte desta comunidade tão bonita e positiva chamada Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.
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CIDADE
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Arquivo Público de São Félix espera a doação de arquivos
Jornalista sabe tudo? Arthur Carmel Jornalista Tudo começou com minha necessidade de comprar um carro. Depois de procurar em várias agências, adivinhem onde achei “o carro !” ? Em minha própria rua. Mas o que meu novo carro tem a ver com Jornalismo ? Eu posso explicar. No dia em que fomos à uma oficina para testar a viatura, eu e o proprietário do carro ficamos frente à frente pela primeira vez. De boina e óculos de grau, alto e de voz estridente e aparentando ter seus setenta e poucos anos, notei que seo Edmundo era muito inquieto. Logo, logo passou a reclamar da demora do mecânico. Tentei amenizar a situação e puxei assunto: A cidade está toda engarrafada! Ele resmungou algo e, de repente, olhando firme para mim, perguntou: você sabe qual foi a última grande obra viária feita em Salvador ? Apesar de falar mal de Salvador àquela época (logo após as últimas eleições para prefeito) estar sendo moda, pensei antes de responder: a tal da Via Portuária, que ainda não acabou, e o Metrô, que ainda não rodou; pronto, falei. Mais considerações de lado a lado sobre o caos urbano de Soterópolis e seo Edmundo pergunta: qual sua profissão ? Respondi: Jornalista ! Notei um brilho estranho nos olhos dele. Jornalista, é ? Então me responda, você sabe quem construiu a Avenida Contorno ? Puxa, apelou, pensei. Sei não...; você sabe quem construiu a Estação da Leste ? Essa eu não tinha nem ideia. Você né jornalista ? Devia saber. Sentenciou seo Edmundo. Pronto, era só o que me faltava. Ainda retruquei que aquelas obras não eram de minha época, mas seo Edmundo não me dava trégua , e eu louco para o mecânico vir logo fazer o tal teste. Pois bem, será que Jornalista tem que saber de tudo ? A explicação que tentei dar ao vendedor do carro - àquela altura já testando meus conhecimentos sobre a criação da Petrobras, do Pólo Petroquímico, do CIA, ufa... -, era de que jornalista tinha um conhecimento generalizado e, que dependendo da situação, nos aprofundávamos, ou não, sobre determinado assunto. É assim ? Perguntaria o aluno do curso de Jornalismo da UFRB ao professor. Em termos. Mesmo hoje, em plena era digital, o aluno faz vestibular para “jornalista” mas, na realidade, começa como repórter. E, independente da mídia – jornal, rádio, tevê, blogs, sites e etc-, e apesar de todas as fa-
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cilidades para “encontrar” a notícia, continuam existindo alguns pré-requisitos essenciais, básicos, ao exercício da profissão. Sem querer aqui esgotar o assunto, nem ser a pedra filosofal de nada, é justamente por toda essa “facilidade” em achar a notícia, que se requer do “foca” de hoje muito empenho e não menos informações acumuladas sobre “todos os assuntos “. Impossível ? Não ! Impossível seria um aluno do curso de Geografia não saber se localizar ou localizar sua cidade em um mapa. Um médico não saber os órgãos vitais do corpo humano; a um advogado desconhecer os princípios básicos da lei. O futuro jornalista deve saber que grandes serão os desafios no exercício da profissão. Além da ética e da retidão na apuração e elaboração da notícia, o escriba de hoje deve saber que ser jornalista é, antes de tudo, um exercício de cidadania. Uma das maiores contradições inerentes ao absurdo da não-obrigatoriedade do diploma, é o fato de muita gente ignorar (menos os empresários e os juízes que tramaram contra o nosso diploma) que para ser jornalista, pelo menos nas boas instituições de ensino, encontramos em suas grades curriculares disciplinas como Ética, Teoria da Comunicação, Filosofia, Sociologia, Psicologia dos Meios de Comunicação, Legislação dos Meios , entre outras. Mas estamos falando de informação. Informação é conteúdo. E conteúdo temos aos montes por toda a rede. O bom jornalista será aquele que trará consigo certa bagagem (cultural, conhecimentos gerais, noções básicas da língua pátria e alhures, sobre sua cidade) , além saber dominar as novas tecnologias. Mas, lembrem-se: tão importante quanto o conteúdo, é saber usá-lo.
Jenypher Pereira
Memória
Referências
O Arquivo Público Municipal de São Félix está aberto para a doação de documentos por parte da população. O objetivo é reunir arquivos para que seja feita a manutenção do acervo de memória e preservação da história de São Félix. Fundado em 27 de junho de 1994, o Arquivo Público Municipal de São Félix Dr. Júlio Ramos de Almeida conta com acervo histórico da cidade de São Félix e de vizinhas, tais como Cachoeira e Muritiba. O arquivo disponibiliza de jornais, fotos e vídeos a plantas de construções da cidade, além, é claro, de acervo particular de algumas personalidades que fizeram história na região.
O espaço recebe visitas diariamente, sendo a grande maioria de turistas. Para estimular a visitação da população local, Oséas Fernando Oliveira de Souza, chefe do Arquivo Municipal, disse que criou, em outubro de 2006, o Quiz Cultural. A proposta é premiar os estudantes que mais acertarem perguntas relativas à cidade. Os brindes vão desde livros e bolas a bicicletas e celulares. Oséas afirmou que para que haja mais visitação e participação por parte dos moradores, o espaço de visitação deveria ser maior, assim coAmo o apoio e divulgação por parte da Secretaria de Educação.
Lourival Augusto, aposentado, deseja encontrar referências de antigos colegas e familiares. Para isso, visita o Arquivo de duas a três vezes na semana, além de fazer doações de fotografias históricas. “Acho importante a questão de contribuir e de manter a identidade cultural, saber como os embates surgiram, as festas, se está havendo progresso na cidade”, declarou. Lourival atribui a pouca visitação e doação de documentos dos moradores à falta de sensibilidade para com a história da cidade. “Vejo que a maioria dos visitantes vêm apenas por pesquisa e não
por gosto pessoal”, confessou o pesquisador. “Por isso, além de divulgar, é importante fazer eventos culturais mostrando pequenos acervos
para que despertem o interesse da população”, frisou. O Arquivo Municipal recebe visitas durante toda a semana, em horário comercial.
Foto: Matheus Buranelli
O texto de um descrente
Paulo Roberto Leandro Jornalista
INEDITORIAL
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Lourival busca referencias de seu tempo nos jornais do acervo
Reinaugurado ano passado Cine Glória segue sem atividade Victor Érik Passados sete meses da reinauguração do Cine Teatro Gloria, a população de Cachoeira ainda não pode utilizar o espaço, devido à demora por parte do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) na compra dos equipamentos. Mesmo após todo este tempo, ainda não há uma data prevista para que ele volte a funcionar e também não se sabe quem vai administrar e como será o seu funcionamento. A incerteza quanto ao início das atividades foi confirmada pelo servidor do IPHAN, Carlos Antonio Carolino, segundo o qual, questões legais impedem a compra imediata dos equipamentos necessários para a montagem da estrutura do empreendimento “O IPHAN ainda não pode estipular uma
data (para a abertura do Cine), pois ainda falta comprar muita coisa que o prédio necessita para que o cinema e o teatro funcionem. E eles só podem ser comprados quando o Governo (da Bahia) abrir edital de licitação para a compra dos equipamentos”, disse Carolino.
Tempos áureos A expectativa da população em ter o antigo cine teatro em atividade outra vez é grande, principalmente entre as pessoas com mais idade e que acompanharam seus tempos áureos. É o caso do aposentado Raimundo Oliveira,
Foto: Reginaldo Silva
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OPINIÃO
Cine Glória permanece sem uso desde a sua reinauguração
neto de um antigo porteiro do prédio, que lá assistiu a muitos filmes, shows e peças teatrais. “Espero que volte logo a funcionar para a gente matar a saudade, porque assistir àqueles filmes de faroeste, os grandes cantores fazendo shows, era muito bom”, lembrou seu Raimundo. Além de ser um monumento histórico, o cine teatro trará uma opção de lazer para a população de Cachoeira e cidades próximas, já que não precisarão mais ir a Salvador ou Santo Antonio de Jesus para assistir aos lançamentos, pois poderão fazer isso no Glória. O Cine Teatro Glória foi construído em 1922, na praça Teixeira de Freitas. Foi espaço para exibição de vários filmes e peças teatrais. As apresentações duraram até a década de 1990, quando o prédio foi fechado.
A restauração O antigo cinema viveu mais de 20 anos de completo abandono, chegando ao ponto de algumas paredes desabarem e todo o resto da estrutura ficar comprometida, tornando-se um perigo constante de desabamento. Em 2009, foi comprado por aproximadamente R$ 186 mil pelo IPHAN e começou a ser reformado. A restauração foi orçada em mais de R$ 4 milhões e as obras ficaram a cargo da Flex Engenharia, empresa que venceu a licitação. Depois de pronto, o prédio vai contar com salas de projeção, foyer, hall, sanitários, depósitos, subestação de energia, galerias e camarins. As novas cadeiras do cinema serão moveis, para poderem ser retiradas com facilidade, o motivo para o uso desses assentos é a necessidade de aumentar o espaço para as apresentações e espetáculos teatrais.
CIDADE
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Prédio da Boa Morte ganha nova acessibilidade Jaqueline Suzarte O prédio da Irmandade da Boa Morte está em reforma. O espaço sempre passa por reparos para manter a estrutura do local preservada, mas os deste ano, têm o intuito de adequar o prédio às normas da acessibilidade. Usuários de cadeira de roda, moleta e bengala terão maior mobilidade dentro do imóvel de quatro andares A reestruturação da sede, instalada desde 1995 em uma construção do século XIX, era um desejo antigo das irmãs da Boa Morte, que sempre quiseram promover de maneira adequada um maior contato dos turistas e da comunidade com sua cultura. “Elas sempre tiveram esta preocupação do pessoal ter acesso a casa e não está tendo o acesso adequado”, afirmou Valmir Pereira dos Santos, administrador da casa da Irmandade da Boa Morte. Adaptações O apoio do Governo do Estado da Bahia e o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC) propiciaram as adaptações necessárias. Serão construídos novos banheiros, elevadores, rampa de acesso e novas salas. Já na parte externa é possível que tenha uma rampa, sem afetar a arquitetura do lado de fora prédio. O primeiro piso é a recepção, no segundo fica a extensão do memorial, acesso ao coro da igreja, banheiros, sala de exposição e galeria. O terceiro piso tem a cozinha e no quarto an-
Foto: Alissandro Lima dar são os quartos. Só não existe ainda um projeto para sinalizações em braile e libras. Outras instalações poderão ocorrer após a reforma. “A proposta do governo é ampliar e transformar em um centro cultural, organizando o memorial, a pinacoteca, o salão de exposição, vídeo e palestra”, explicou Santos. Lei Federal No Brasil, a acessibilidade ganhou muita força nos últimos anos. Existe a lei federal nº 10.098 de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. Segundo o censo realizado em 2010 e divulgado apenas em 2012, mais de 45,6 milhões de brasileiros disseram ter algum tipo de deficiência, isto repre-
senta 23,9% dos habitantes brasileiros. Luana Freitas Pereira, estudante do segundo semestre de museologia, disse que a acessibilidade é de grande importância para qualquer instituição de cunho museológico. Possibilita que as pessoas que tenham deficiência se aproximem e possam conhecer ainda mais a instituição sem correr o risco de não poder entrar ou ficar barrada por causa de uma das suas deficiências. Em todo o país, instituições privadas e públicas, ruas, e transporte urbano passam por um processo de transformação para se adequar as normas de acessibilidade com o intuito de melhorar a qualidade de seus serviços. Pontos de acessibilidade mostram uma preocupação social, um interesse de que todos tenham o direito a educação, cultura e desenvolvimento pessoal.
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Curso ensina prevenção e conservação em suportes de papel Larissa Molina A Fundação Hansen Bahia, em parceria com o Centro de Humanidades de Artes Humanidade e Letras (CAHL) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), está promovendo o curso de noções básicas de conservação preventiva e reparadora de acervo em suporte de papel, que teve inicio no dia 20 de março. O curso, que anteriormente foi oferecido apenas como oficina, agora é composto por quatro módulos, entre março, junho e agosto, com carga total de 60 horas. Os ministrantes são as professoras Ana Paula Soares Pacheco, do curso de museologia da UFRB, Ana Paula Corrêa de Carvalho, do curso de graduação em conservação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e o museólogo e técnico do CAHL Gildo José dos Santos Júnior. As aulas acontecem no Laboratório de Conservação e Restauração de Bens Culturais (CAHL), que funciona no prédio da Fundação Hansen Bahia. Entre os materiais que podem passar por conservação e reparo estão correspondências, documentos pessoais, relatórios, certificados de comendas, mapas, plantas arquitetônicas, obras de arte e outros. Para Ana Paula Pacheco, esse trabalho é importante para preservar a memória porque esses materiais servem como fontes de informação e que, com a conservação, tem sua vida útil prolongada. A professora disse que a oficina oferecida no ano passado foi muito procurada por alunos de diversos cursos do CAHL, como história, serviço social e artes visuais, mas também do curso de museologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pessoas que trabalham em instituições culturais, arquivos, bibliotecas e fotógrafos, o deve se repetir nesta edição. “Alunos de outros cursos estão se interessando porque também querem trabalhar nessa área, manuseiam documentos para pesquisa, então é outra possibilidade de trabalho”, afirmou. Ela ressaltou que o curso também tem o objetivo de formar multiplicadores desse conhecimento, para atuar na prevenção e conservação de diferentes tipos de acervos existentes em instituições das cidades da região. “É uma demanda do local, a gente vê que está precisando muito”, assegurou. Segundo a professora, a Fundação Hansen Bahia percebeu a existência dessa demanda e teve interesse em promover o curso. “Não só pra atender pra quem trabalha na instituição, mas também os alunos e a comunidade de uma forma geral que trabalha nessas instituições que tem esses acervos de documentos em suporte de papel”, informou. Ela também ressaltou que trabalhar com a conservação preventiva e a reparadora de acervos exige muita calma, que o curso tem abordagem teórica/pratica - o que também abrange os cuidados que devem ser tomados para a própria segurança, como utilizar os equipamentos de proteção. E que mais vagas para o curso não foram possíveis porque o laboratório só comporta até 20 pessoas.
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CIDADE
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São poucos os casos de dengue este ano de confirmações, a preocupação com o Aedes Aegypti é permanente. Segundo a coordenadora da Vigilância Epidemiológica (Viep), Mariana Rabelo Gomes, ainda é cedo para avaliar a manifestação da doença, principalmente porque os pacientes apresenCoordenador da equipe de edemias resaltou a importância da população abrir tam melhora rápida e as portas de suas residencias para os agentes. abandonam o repouso. Naiara Moura “Desse modo,a pessoa fica mais suscetível a complicações, como uma denAté o dia 8 de março deste ano, apenas gue hemorrágica. Levamos em média 18 casos de suspeita de dengue foram 60 dias para encerrar o caso, através do notificados em Cachoeira, com só três exame de laboratório do Lacen (Laboconfirmações. Mesmo em casos susratório Central de Saúde Pública Profº peitos, a notificação é obrigatória. O Gonçalo Moniz) ou pelos critérios clíprimeiro caso foi registrado em 23 de nicos epidemiológicos” explicou. janeiro e, apesar da pequena incidência
Equipe gente que nem vem até a porta” comentou. Em Cachoeira, a equipe de agentes de Para a aposentada Noélia Soares Magaendemias em dengue da Viep é comlhães, é um orgulho ter o quintal livre posta por 17 pessoas. O coordenador de focos do mosquito. “Aqui no meu da equipe, Adelson Oliveira Cruz, resquintal nunca encontraram nada.Tem saltou a importância da receptividade uns vizinhos aqui que não gostam, que da comunidade aos agentes em suas renão abrem a porta. Mas eu faço minha sidências. “Hoje nós temos um alto núparte, isso que é importante” complemero de pendências, tem muitas casas tou. fechadas na cidade e ainda há algumas Fotos: Jenypher Pereira pessoas que se recusam a receber os agentes” completou. O agente de endemias Márcio Rogério Bastos relatou que algumas pessoas, mesmo estando em casa, não os recebem. “Tem gente que alega que só um outro responsável pode abrir a porta, outros dizem que estão ocupados e tem Agentes de edemias combatem a dengue em Cachoeira
Cresce a criminalidade na região e população cobra providências Vanessa Araújo
Nos últimos 20 meses, houve um aumento no número de atos infracionais praticados por adolescentes na região. De acordo com as autoridades, os casos mais comuns são de lesões corporais, pequenos furtos e roubos, muitos destes motivados pelo envolvimento com o tráfico de drogas. “A comunidade está preocupada. Não conseguimos mais confiar em nossa própria juventude”, afirmou Saulo Brandão, morador de Cachoeira. Para o promotor de justiça das cidades de Cachoeira e São Félix, Millen Castro, percebe-se um permanente conflito familiar em muitos casos de adolescentes em problemas com a lei. Segundo ele, os próprios pais não têm mais autoridade sobre os filhos, que não os respeitam. Avalia, também, que faltam alternativas satisfatórias de complementação de
foto: Wagner Almeida
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Millen Castro, promotor de Justiça nas cidades de Cachoeira e São Félix
renda, o que induziria o adolescente a recorrer a meios ilícitos para conseguir dinheiro de maneira fácil, instigados pelo consumismo. Competências Ao poder Executivo municipal compete a execução de políticas públicas infantojuvenis, no entanto, a maioria dos
municípios sequer tem estrutura para aplicar medidas socioeducativas mais leves, como prestação de serviços à comunidade ou liberdade assistida (orientação e acompanhamento por um adulto responsável em complementação à educação familiar). O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê penalidades para o adolescente que desrespeita a lei. Quando comete um ato infracional (crime), assim como se procede com adultos, o adolescente acima de 12 anos - é detido pela polícia e encaminhado a um promotor de justiça que irá entrevistá-lo e analisar o caso. Se a infração foi leve e não houve violência e se o adolescente não estiver envolvido em outros fatos delituosos, pode responder em liberdade e sofrer medidas mais leves. Mas, se o caso é mais grave inicia-se o processo, apresentam-se as provas, ouvem-se as testemunhas e, ao final, o juiz determina a
medida socioeducativa mais adequada, que pode ser desde uma advertência até uma internação. Para o promotor Castro, embora muitas pessoas critiquem o estatuto como razão para o aumento da criminalidade, o problema é mais sério e profundo, pois envolve a efetivação das políticas públicas, que não tem recebido investimento de recursos públicos suficiente. Ele concluiu que “o problema não está em como a lei foi feita e sim em ela não ser devidamente aplicada. Os governos federal, estadual e municipal não têm investido devidamente na instrumentalização desses procedimentos, principalmente na prevenção dos atos infracionais, pois são deficientes os programas que ofereceriam medidas protetivas, como apoio e orientação familiar, de que tanto necessitam essas pessoas que acabam envolvendo-se em atos infracionais”.
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REPORTAGEM
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Secretaria de Cultura reestrutura
Feira dos Caxixis
Foto: Lorena Bernardes
Maelí Souza A centenária Feira de Caxixis, que aconteceu no município de Nazaré das Farinhas, entre 28 e 31 de março, trouxe novidades em 2013. Em função da recém criada Secretaria de Cultura de Aratuípe, algumas medidas foram implantadas no intuito de dar um melhor suporte, tanto aos oleiros que participam da feira vendendo seus produtos, quanto aos visitantes que vêm prestigiar o evento e
terão mais espaço para transitar. De acordo com Emanuel Cardoso, que está à frente da nova secretaria, antes não existia representatividade por parte do município e a prefeitura de Nazaré fazia o contato diretamente com a Associação de Auxílio Mútuo dos Oleiros de Maragogipinho (AAMOM) e a Secretaria de Cultura veio como intermediária nas negociações este ano. Dentre as mudanças apontadas pelo secretário, estão as melhorias na infraestrutura da
feira, que teve barracas montadas e organizadas no espaço destinado ao comércio livre local, suspenso no período a feira. Antes, as barracas eram de responsabilidade dos oleiros e não havia organização. Outro diferencial apontado foi com relação aos cadastros dos oleiros que participam da feira, que segundo ele eram muito conflituosos, pois os oleiros sentiam-se explorados pela feira. O projeto apresentado pela secretaria teria sanado esse problema, permitindo que o credenciamento fosse feito em Maragogipinho, distrito de Aratuípe onde fica a AAMOM, no dia e hora escolhido pelos oleiros, bem como a entrega das credenciais e o fardamento, agilizando a produção dos oleiros
que perdiam tempo se deslocando para Nazaré. Descaracterização Outra preocupação da secretaria, conforme contou Emanuel, foi evitar a descaracterização do artesanato, que estava acontecendo em função de oleiros de outras cidades estarem vindo e tomando o espaço, pois o que norteia a feira são os caxixis, miniatura delicada de cerâmica. A cada ano, vinha-se constatando que outro material era introduzido e os oleiros de Maragojipinho também estavam descaracterizando as cerâmicas para competir em pé de igualdade. A medida tomada, explicou ele, foi aumentar o quantitativo dos exposito-
res, colocando uma fiscalização mais forte para impedir a entrada desses comerciantes, pois além de tomar o espaço eles dão prejuízo por não pagarem impostos à prefeitura. O secretário também adiantou um projeto ainda embrionário, uma espécie de ressaca da feira dos caxixis, que será realizada em Aratuípe. Sem data marcada para acontecer, a feira - que não será denominada caxixis, por ser uma nomenclatura pertencente à feira de Nazaré - será mais voltada aos oleiros locais, que direcionarão tudo, decidindo desde a data, os participantes, o que será exposto, até as parcerias que serão feitas. Tudo será organizado respeitando a estrutura do município, que é menor que Nazaré.
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eçou m o c o m o C A Feira de Caxixis acontece em Nazaré por tradição. Contam os mais velhos que havia uma olaria em Jaguaripe cujo oleiro era de Portugal. Toda sexta-feira o dono viajava para fazer compras em Nazaré e retornava no sábado. Em uma dessas idas, numa sexta-feira santa, ele foi à igreja para o ritual do beija-pé e, quando terminou a missa, ele percebeu que as pessoas procuravam algo para comprar de lembrança pra levar pra casa. Como ele trabalhava com cerâmica, teve a ideia de no ano seguinte levar algumas peças. E conseguiu vender todas. No outro ano, ele pediu a um de seus oleiros para fazer mais peças pra levar e deu certo. A feira cresceu e até hoje no período da semana santa acontece a Feira de Caxixis, que virou referencial para a cidade de Nazaré das Farinhas, situada a cerca de 230 km de Salvador.
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Almerentino segue a tradiçáo de produzir caxixis no povoado de Maragojipinho
Feira tem cada vez menos caxixis
Foto: Jenypher Pereira
Foto: Jenypher Pereira
Matheus Buranelli Todos os anos, há mais de três séculos, o feriado da páscoa é acompanhado pela Feira dos Caxixis. Sediada em Nazaré das Farinhas, a 200 km de Salvador, reune artesãos de diversas regiões do Recôncavo, em especial do município vizinho de Aratuípe, cujo distrito é famoso pela produção das peças artesanais. Este ano, a Feira dos Caxixis aconteceu entre os dias 28 e 31 de março, organizada pelo
governo, com apoio da Bahiatursa. As barracas foram disponibilizadas para os comerciantes, bem como um vale para a alimentação durante sua estadia nas praças. Entre os objetos vendidos, encontravam-se das mais variadas peças, desde porquinhos de barro, panelas e pequenos objetos que custam entre R$ 1 e R$ 10, até imagens sacras feitas de argila que podem valer mais de R$ 600. O caráter comercial, porém, misturou-se com a preserva-
ção da cultura local e valorização da tradição dos habitantes da região. Mas além de colorir os olhos de quem visitou a cidade, a feira também ofereceu atrações musicais. Nesta edição, distribuíram-se entre os quatro dias de festa os convidados Luiz Caldas, Filhos de Jorge, Harmonia do Samba, Araketu e Black Style. Sem caxixis A venda de artesanato aumenta bastante na época da
feira e os artesãos de Maragojiponho, também conhecidos como oleiros, produzem mais para vender em Nazaré. Apesar do comércio promissor, alguns destes trabalhadores estão desgostosos com a feira. Oleiro há 40 anos, Juraci Araújo alegou que ir à feira não compensa, pois os benefícios são poucos e é muito exaustivo se deslocar até a cidade sede do evento. Segundo ele, o estímulo deveria ser maior, pois o trabalho já é bastante desvalorizado. “Estou
aqui há 40 anos e não posso parar de trabalhar. Não tenho aposentadoria.”, sublinhou. Sobretudo, afirmou que a feira perdeu parte da tradição. Antes, os investimentos direcionavam-se todos para o artesanato, mas o hábito de produzir e vender caxixis se perdeu. O próprio termo caxixi compreendia apenas um tipo de artesanato – pequeno, feito para crianças – e hoje denomina popularmente qualquer trabalho artesanal. Quando se começou a co-
mercializar em larga escala esses produtos, a principal fonte de lucro eram as pequenas peças feitas para crianças e por essa razão a feira recebe o nome de Feira dos Caxixis. Entretanto, mesmo após a diminuição de sua venda, o nome permaneceu e estendeu-se às outras peças. Também oleiro, Antônio dos Santos não culpou ninguém pelo esquecimento dos antigos caxixis. Em sua concepção “toda fruta tem seu tempo e as crianças de hoje
não querem mais caxixi”. Entretanto, assim como Juraci, ele não foi à feira. Recebe seu sustento com a venda na própria olaria, que atrai muitos visitantes de dentro e fora do país, especialmente no verão. Apesar de tudo, o filho de Antônio esteve presente em Nazaré das Farinhas e vendeu na feira. Exemplo de que, mesmo perdidas algumas tradições, uma delas persiste: a de dar um pouco mais de oportunidade aos artesãos da região.
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REGIÃO
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Espaço empresarial prepara campanha de vendas em Santo Antonio de Jesus Drielle Costa
O segmento empresarial de Santo Antonio de Jesus, que investe bastante na fama de ser “o comercio mais barato da Bahia”, está preparando desde janeiro a campanha junina deste ano. O objetivo é trazer um numero superior ao
do ano passado das empresas participando dos sorteios de prêmios. As campanhas e ações contribuem para o desenvolvimento do comércio e consequentemente da cidade de Santo Antonio de Jesus. Associação Comercial e Empresarial de Santo Antonio de Jesus (ACESAJ), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e Sindi-
cato dos Comerciários Varejistas de Santo Antonio de Jesus (SINCONSAJ) reuniram seus representantes com o secretário de Indústria e Comércio do município, Ailton Lago, e os organizadores da festa de São João, na sede do Espaço Empresarial, no último dia 15 de Abril. Na oportunidade, foram apresentadas as atrações confirmadas e firmadas as parcerias para a organização e participação do comércio local no festejo e as ações promocionais do período. Espaço
O Espaço Empresarial abriga as três entidades que atuam em parceria
Thacio Machado
O Espaço Empresarial é ligado ao serviço de SPC e conta com balcão de empregos e o programa Empreender, em parceria com o Sebrae. Seus associados têm opor-
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O quinquagésimo primeiro aniversário de emancipação política de Governador Mangabeira foi comemorado em 14 de março de 2013 com a reinauguração do Centro Educacional Angelita Gesteira (CEAG) e uma sessão solene na Câmara Municipal de Vereadores. Além desses eventos, foram realizadas uma missa comemorativa e a solenidade de hasteamento da bandeira em frente ao paço municipal. Localizada a cerca de 130 km de Salvador e com pouco mais de 20 mil habitantes, de acordo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Governador Mangabeira é uma das pequenas cidades do Recôncavo Baiano. Até 1662, pertencia
grande comoção popular para que a vila alcançasse sua independência, pois se acreditava que, sendo cidade, as condições de vida poderiam melhorar”. Também foram importantes as articulações políticas. De-
Muitos aspectos contribuíram para emancipação. “A vila tinha ótima condição econômica, inclusive, se sustentava, ou seja, na sua sede existiam vários armazéns de fumo que chegaram a exportar o produto até para Europa. A situação de desenvolvimento econômico foi essencial para que o Governo do Estado instalasse, em 1959, na sede da vila uma coletoria de impostos”, afirmou Alex Brandão, Historiador, Professor e Pesquisador. Para Brandão, “outro fator que também pode ter contribuído foi a ocorrência de
fendido por três vereadores que residiam no distrito, o projeto de emancipação foi aprovado em agosto de 1961, na Câmara de Vereadores de Muritiba, sendo votado em 14 de 1662 na Assembléia Legislativa do Estado. Vila de Cabeças Impulsionada pela produção de tabaco e pelo tropeirismo (atividade itinerante desenvolvida durante o Brasil Colonial, no transporte do gado e de bens essências para o interior), em 1881 foi criado o Distrito de Paz das Cabeças, pertencente
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SEU BAIRRO
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Vinte e Cinco de Junho é ponto de encontro para universitários e turistas
Fotos: Reginaldo Silva
Movimento e queixas
Alguns dos principais empresários santoantonienses compõem a diretoria das entidades empresariais
tunidades como descontos em empresas parceiras. Oferece a empresários e comerciantes diversos cursos e workshops, como o de estratégia de mídia, que aconteceu em fevereiro, além de duas grandes palestras de incentivo por ano. Para incentivo às empresas, a cada final
de ano o Espaço Empresarial premia a empresa que foi destaque no ano com o prêmio Melhores do Ano, um evento que já acontece há 19 anos e é feito através de pesquisas populares em bairros e empresas da cidade, trazendo sempre uma figura publica para a entrega do premio, que sempre acontece no inicio do mês de dezembro.
Governador Mangabeira completou 51 anos com sessão solene e inauguração a Muritiba e se chamava Vila de Cabeças. Elevou-se à condição de cidade em 14 março do mesmo ano. O nome foi uma homenagem a Otávio Mangabeira, que foi Governador do Estado de 1947 a 1951.
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Foto de coleção particular à cidade de Cachoeira. No entanto, com a criação da cidade de São Felix, em 1889, o distrito passou a pertencer ao território São-Felista. Já no século XX, mais especificamente em 1919, com a elevação de Muritiba à condição de cidade, Cabeças virou distrito Muritibano. Existem diversas histórias para explicar o porquê do nome
Cabeças, “todas elas ligadas ao imaginário popular e caminham sobre a ótica das chacinas”, afirmou Alex. Todas as versões contam histórias ligadas a assassinatos que ocorreram na região, sendo que as cabeças foram arrancas e fixadas em estacas ou pedaços de pau, ficando expostas na estrada que passava perto da vila.
Alissandro Lima Localizada no centro de Cachoeira, a Rua Vinte e Cinco de Junho, ligação entre as praças Aclamação e Teixeira de Freitas, é famosa por suas noites movimentadas e calorosas. Point de universitários e turistas, já se tornou parada obrigatória nos finais de semana. Na pequena rua são oferecidos todos os tipos de serviços e diversão para seus visitantes. Assim como toda a cidade, foi palco de grandes revoluções e histórias que fizeram o Brasil independente.
No século XIX, por exemplo, quem estava na rua pôde assistir à nomeação da Cachoeira como capital da Bahia ou até mesmo às cenas de lutas pela independência do nosso Estado. O próprio nome do logradouro é uma homenagem a um dos marcos da independência do Estado. No dia 25 de junho de 1822, a cidade da Cachoeira proclamou sua Alteza Real como Regente Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, este foi considerado um dos principais passos para independência da Bahia.
O tempo passou e o local hoje concentra em seus prédios antigos um grande número de bares, lanchonetes e restaurantes, além de centros culturais e boutiques especializadas em produtos confeccionados por artistas locais. Com um público bem diversificado, oferece espaços para vários tipos de gostos e públicos. Para a comerciante local Francine Torres a Vinte e Cinco, como é carinhosamente chamada pelos seus visitantes, é marcada pelo movimento intenso dos universitários e pela grande circulação de turistas. Segundo ela, o bom atendimento dos comerciantes locais também é um atrativo do lugar. Mas nem tudo são flores. Para o morador Climário Gomes, o local deveria oferecer outro tipo de lazer para seus moradores e visitantes. Segundo ele, o som alto durante a madrugada e a bebedeira que invade as noites são os aspectos negativos da rua boemia. Mesmo com muitas críticas, o morador reconhece a sua importância como um ponto de encontro. Para Ivan Lemos, estudante de Serviço Social da Universidade Federal
Fotos: Lorena Soares
do Recôncavo da Bahia (UFRB), a Vinte e Cinco é um espaço de socialização onde é possível perceber todos os níveis, todas as cores, todas as classes em um só lugar. Segundo ele, trata-se de um espaço boêmio, de distração e de referência para os estudantes e visitantes da Cachoeira.
A Vinte e Cinco de Junho pode ser resumida como um lugar histórico que abriga em seus prédios antigos todos os tipos de tribos e clubes para a celebração da vida e da amizade. Seu encanto natural é responsável por toda efervescência cultural e revolucionária que nasce em suas noites.
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ESPORTES
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Copa de Futebol reúne em Cachoeira equipes sub-17 do Recôncavo e Região Metropolitana de Salvador Thacio Machado
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Projeto de iniciação esportiva forma agente de esportes Cátia Lima
A Copa Metropolitana de Futebol Sub-17 começou no último dia 6 de abril e conta com a participação da seleção de Governador Mangabeira e mais 29 equipes baianas. O confronto de Bahia (atual campeão) e Redenção foi a partida de estreia do campeonato. O Torneio organizado pela Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (SUDESB) é realizado anualmente e visa a preparação das equipes baianas para a copa 2 de Julho (campeonato realizado na Bahia com a participação de equipes nacionais e internacionais). Além dos times tradicionais baianos (Bahia e Vitória) e clubes de renome no estado, como Ypiranga, Galícia e Cruzeiro de Cruz das Almas, a Copa Metropolitana também conta com a participação de equipes menores e seleções locais. As equipes estão dividas em oito grupos, sendo que dois grupos com três times e os demais com quatro. Na primeira fase da competição, os times farão jogos de ida e volta, com os dois melhores de cada chave passando de fase. Equipes do Recôncavo e Região Metropolitana do Salvador participaram do torneio (Fotos de Victor Érik)
Em solenidade realizada no ultimo dia 4 de março e que contou com a presença de diversas autoridades, como o prefeito Carlos Pereira, o vice-prefeito Wilson Lago, o presidente da Câmara José Matos Silva, o secretário de Esportes Juraci Rocha e o presidente da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), o ex-jogador de futebol Bobô, foi implantado em Cachoeira um projeto de iniciação esportiva que promoveu a capacitação de agentes de esportes. Foram beneficiadas localidades como São Francisco, Santiago, Opalma, Tabuleiro, Formiga,Tupim, Alecrim, Boa Vista, Belém, Capoeiruçu, Caquende, Faceira e Campo da Manga entre outros, com a capacitação de 20 agentes de esportes, 90% deles líderes comunitários ou menbros da própria comunidade. O curso foi ministrado com 60horas práticas e 20horas teóricas para agentes que tinham aptidõão para o atletismo, basquete, vôlei, futebol, futsal ou ginástica,. O projeto pretende atingir cerca de 900 crianças e adolescentes, que são o publico alvo .
Seleção de Mangabeira
Outras ações anunciadas pela Secretária de Esporte incluem o evento denominado Boxe em Cachoeira, que teve 12 lutas e foi realizado na quadra de esportes do município no dia 27 de abril. No dia seguinte, a conteceu o Festival de Futebol, divido em três categorias: fraldinha, que atingiu crianças de 10 a 11 anos; dente de leite para crianças de 12 a 13; e fraldão de 14 a 15. Para maio está programada a Corrida Perfumada, direcionada às mulheres, em comemoração ao dia das mães. O secretário Juraci Rocha disse que a finalidade do projeto nada tem a ver com a proximidade do ano da copa, mas sim com o desenvolvimento de atividades físicas para a criança e o adolescente, propiciando, assim, que eles consigam se livrar de situação de risco.
prefeitura ajuda no transporte dos atletas para os jogos, mas também recebemos três bolas da SUDESB, o que ajuda no nosso treino”, admitiu Reginaldo. E complementou que, “apesar das dificuldades, da falta de estrutura e de apoio, acredito nesse gru-
po e numa mudança no cenário esportivo de nossa cidade. O campo já está sendo comprado pelo governo municipal e com esse trabalho que estamos realizando teremos dias melhores para o esporte mangabeirense”.
A seleção de Governador Mangabeira também estreou na competição, no dia seis, contra a seleção de Maragojipe, vencendo com o placar de 1×0. O grupo também conta com a participação da seleção de Cachoeira e Conceição da Feira. Apesar da vitória, a seleção de Governador Mangabeira lamentou, pois seu mando de campo é na cidade de Cachoeira. “Não podemos receber jogos em nossa cidade por causa do estado do gramado e pela falta de estrutura para receber bem os atletas”, afirmou Reginaldo Vitena, integrante da comissão técnica. O campo de Governador Mangabeira não pertence à prefeitura, faz parte do terreno de uma escola particular do município e se deteriorou com o tempo e falta de manutenção. Além do problema do mando de campo, o time ainda sofre com a falta de apoio. “Toda parte de uniformes, coletes, além de passagens de atletas de outras cidades, está sendo custeada pelo vereador Nerinho. A Entraram em campo vários times tradicionais, como Bahia, Vitória, Ypiranga, Galícia e Cruzeiro de Cruz das Almas
Chaveamento da Copa Metropolitana de Futebol Sub-17 Grupo A: Bahia, Redenção, Vasco de Salvador e Botafogo Grupo B: Vitória, Galícia, Ypiranga e Salvador Grupo C: Lauro de Freitas, Atlântico, AABB e Simões Filho Grupo D: São Francisco do Conde, Saubara e Cruzeiro de Crus das Almas Grupo E: Mata de São João, Alagoinhas, Pojuca e Catu Grupo F: Cachoeira, Maragogipe, Conceição da Feira e Governador Mangabeira
Boxe
Foto: Reisânia Karla
Grupo G: Itaparica, Salinas da Margarida, Santo Antônio de Jesus e Leônico Grupo H: Camaçari, Dias D’Ávila e Teodoro Sampaio Projeto quer ampliar as atividades de esporte e lazer
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O POVO FALA
Monitorando Cachoeira
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A Prefeitura da Cachoeira anunciou a instalação de câmaras para monitorar o movimento nas principais ruas da cidade. O povo tem o que dizer a respeito. (Fotos de Andrei Soares Borges)
“Acho interessante para combater os roubos que estão acontecendo ao patrimônio histórico”. Ângelo Alves, estudante
“Não ignoro a importância de tentar inibir os assaltos na área, mas não é todo mundo que gosta de ser vigiado por uma câmera e ter sua privacidade invadida”.
Marinalva Cardoso, dona de casa
“Vai ser muito interessante para o patrimônio. Sabemos que aqui em Cachoeira alguns estabelecimentos já tiveram peças saqueadas e muitos deles estão fechados hoje por conta disso.”
Fredieh Simons, estudante
Nara Santos Leite, autônoma
Lucas Santana, estudante
“Uma câmera pode, sim, ajudar a diminuir os altos números de assaltos na região, mas e a galera que mora no Caquende, Rua da Feira e no Monte?” Alexandre Alves, vendedor
“Acho uma boa ideia, acredito que a decisão vai ajudar na identificação de um assaltante, por exemplo. Vai ser legal para um e para outros não.”
“Vários estabelecimentos comerciais já foram assaltados, me sentirei mais seguro trabalhando em uma área vigiada”.
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ABI sedia debate sobre desafios do jornalismo com professores e estudantes da UFRB
Evento fez parte das atividades acadêmicas da turma do quarto semestre do curso de Comunicação Social - Jornalismo responsável pela edição do jornal Reverso e teve como principal objetivo debater questões relevantes à profissão aumento em assessorias de comunicação privadas e públicas) e alertaram sobre a luta pela obrigatoriedade do diploma, que, segundo Alberto Freitas, é uma garantia de sobrevivência da categoria. Ainda explanaram sobre a necessidade da união dos jornalistas para a construção de uma organização sólida da profissão.
Ilze Melo
Os desafios do jornalismo enquanto profissão foram tema de um debate na tarde da última quinta-feira (09), no “Jornalismo em pauta”, realizado na sede da Associação Baiana de Imprensa (ABI), no centro histórico de Salvador. Estudantes do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) participaram do evento, organizado pelo coordenador do curso,
“Esse tipo de encontro é fundamental para se conhecer como profissional dentro de um mercado em que eles ainda não adentraram, para se conhecer como sujeito ativo da sua profissão”, avaliou a presidente do Sinjorba, Marjorie Moura, sobre a importância de eventos que buscam aproximar estudantes de jornalismo dos profissionais atuantes no mercado. O evento ainda contou com a presen-
“Esse tipo de encontro é fundamental para se conhecer como profissional dentro de um mercado em que eles ainda não adentraram, para se conhecer como sujeito ativo da sua profissão”.
Marjorie Moura
Ernesto Marques, vice-presidente da ABI
ça das jornalistas Regina Ferreira, vice-presidente do Sinjorba, e Cecília Soto,
Alberto Freitas, coordenador de redação da Secom
José Péricles Diniz. A mesa-redonda foi composta pelos jornalistas Ernesto Marques, vice-presidente da ABI, Marjorie Moura, presidente do Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba), e Alberto Freitas, coordenador de redação da Secretaria de Comunicação do Estado da Bahia (Secom). Estiveram presentes também as professores de Jornalismo da UFRB Juciara Nogueira e Hérica Lene, além de alu-
assessora de comunicação do Sindicato
nos e ex-alunos do curso. O evento foi iniciado com o lançamento do Reverso, jornal laboratorial produzido pelos próprios estudantes da UFRB.
dos Petroquímicos da Bahia, que também deram suas contribuições durante o debate sobre as experiências na profissão.
Mercado Os jornalistas falaram das dificuldades dos profissionais no dia-a-dia da profissão, do cenário atual do mercado de trabalho (redução de vagas nas redações dos jornais impressos, mas
As atividades foram encerradas com o lançamento do livro O Jornalismo na escola, estratégias de uso para a formação de novo leitores e a construção da cidadania, do professor e jornalista PéMarjorie Moura, presidente do Sinjorba
ricles Diniz