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revipack revista técnica de embalagem
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Nº 215 Out-Nov-Dez 2012
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índice
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Nº 215 Out-Nov-Dez 2012
nesta edição anunciam nesta edição
mecados e tendências
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qualidade alimentar
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normas ISO tecnologia asséptica e salas limpas equipamento de laboratório HPP - hiperpressão inspecção por raios X
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(clique para ver) 8
CHEP COLETIQUE
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DANIEL J. MORAIS
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EXPOCOSMÉTICA
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FROMM
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IGUS
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INPLANT
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LUSOFORMA
11,39
MADECA
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MARCAEMBAL
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MARKEM-IMAJE
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P.S.A.
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PLASTIMAR
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PLASTIRSO
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S.M.S.A.
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packaging design
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embalagem de vidro
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SEW-EURODRIVE SISTRADE
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TIL
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etiquetagem e codificação 30
revipack
logística e distribuição
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máquinas
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revista técnica de embalagem
Propriedade, Direcção e Edição: Carlos da Silva Campos Publicidade: Ilda Ribeiro, Luisa Santos Endereço Postal: APARTADO 30 2676-901 ODIVELAS PORTUGAL
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mercados e tendências Projecto Cork
A preferência espanhola pela rolha
de cortiça
92% dos espanhóis preferem a rolha de cortiça nas garrafas de vinho e de cava. Este é o principal resultado de uma sondagem que envolveu entrevistas com 1200 espanhóis, que foram questionados sobre os aspectos que valorizam nas embalagens de vinho. O estudo serve de informação de base para o "projecto Cork", cujo objectivo é promover a cortiça no mercado espanhol. Os resultados da sondagem revelam ainda que 86% dos espanhóis consideram que a rolha de cortiça preserva melhor as propriedades do vinho e do cava, comparativamente a outros vedantes como os plásticos, o silicone ou a cápsula de alumínio. Para o porta-voz da campanha Cork, Sergi Sabrià, "a rolha de cortiça proporciona o vedante perfeito para o vinho e cava já que se adapta perfeitamente ao gargalo da garrafa graças à sua elasticidade e compressibilidade", Para o presidente da Associação Portuguesa da Cortiça (Apcor), João Rui Ferreira, "este é mais um estudo que demostra que os consumidores estão do lado da cortiça. Continuam a preferi-la 92 % como vedante para os dos espanhóis seus vinhos, pois preferem a cortiça consideram que a cortiça aporta valor ao 27 % destacam vinho". Quanto aos hábitos de que é um produto natural; consumo dos espanhóis, o estudo mostra 26 % associam que a denominação de a cortiça à tradição; origem, o preço e a cava são os aspectos mais 14 % dizem que é reciclada; valorizados na hora de escolher um vinho ou cava. A estes seguem13 % apontam -se o reconhecimento do a qualidade como vedante. vinho, o tipo de vedante, o rótulo e, por último, o teor alcoólico. Tendo em conta que o tipo de vedante é um dos aspectos referidos, destaca-se que 78 % afirmam que esta indicação no rótulo era importante, já que actualmente é difícil para o consumidor distinguir o vedante. O preço é o segundo factor que os espanhóis têm em conta na hora de adquirir um vinho. Assim, 33% admi4
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tem gastar entre 5 a 10 euros, 24% gasta entre 3 a 5 euros e 7% indicam um valor inferior a 3 euros. 69% não compra vinho acima dos 10 euros, 24% admite gastar entre 10 e 30 euros, e apenas 7% estão dispostos a pagar mais de 30 euros. Registe-se, ainda, que 7% dizem não comprar vinho e 15% não incluem o cava na sua lista de compras. No que toca à frequência de consumo de vinho e cava, 12% afirmam que bebe uma destas bebidas diariamente, 25% referem três ou mais vezes por semana, 26% ficam-se por um copo de vinho ou cava uma vez de 15 em 15 dias e 9% não vai além de uma vez por mês. Há, no entanto, 3% que afirmam não consumir este tipo de bebida e 25% apenas consome em momentos especiais ou celebrações. Em relação à origem do vinho, 75% dos espanhóis preferem o vinho do seu país, enquanto que 4% optam pelo francês e 3% pelo vinho do novo mundo.
Promoção da Cortiça em Espanha O programa Cork, em execução desde Setembro, está a ser desenvolvido pela Asociación de Empresarios Corcheros de Cataluña (Aecork) – Associação de Empresários da Cortiça da Catalunha -, com o apoio da Associação Portuguesa da Cortiça (Apcor). “El corcho: Preserva lo bueno”, (A cortiça preserva as coisas boas) é o mote do projecto - inspirado na campanha InterCork desenvolvida pela Apcor - e pretende informar sobre os valores e benefícios da rolha da cortiça. Deste modo, a mensagem centra-se em três eixos: a conservação do meio ambiente, a relação com o
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mercados e tendências vinho e o legado cultural que associa a indústria da cortiça a Espanha. “Protege el planeta” (Protege o planeta), “Protege el gusto” (Protege o aroma) e “Protege el encanto” (Protege o encanto) são as três mensagenschave que vão circular na publicidade, no sítio da campanha acessível em www.preservalobueno.com/ e em todos os outros suportes a ser desenvolvidos. Com um orçamento global de 300 mil euros, 50% com apoios públicos do governo espanhol, Ministério da Indústria, Energia e Turismo espanhol e do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (Feder), e os outros 50% são financiados pelas empresas da cortiça e por outras associações, como é o caso da Apcor que contribuirá com 50 mil euros. Como afirmou Joan Puig, Vice-presidente da Asociación de Empresarios Corcheros de Catalunya (Aecork), “a indústria da cortiça espanhola é a segunda a nível mundial e com uma facturação de 350 milhões de euros, produzindo um total de três mil milhões de rolhas para vinho e espumantes anualmente.” Neste sentido, a campanha pretende “impulsio-
PACK EXPO cresceu A PACK EXPO, que decorreu em Chicago nos dias 28 a 31 de Outubro, cresceu 7% em número de expositores, 6% em espaço de exposição e 3% em visitantes, comparativamente à feira de 2010. Com 1985 expositores, a PACK EXPO é uma das maiores feiras internacionais do sector da embalagem, destacando-se pelo predomínio nas máquinas e equipamentos. O número de visitantes de fora dos EUA passou de 14% para 15%.
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nar ainda mais esta indústria, demonstrando os benefícios ambientais que estão por detrás da produção das rolhas de cortiça face aos vedantes alternativos.” O presidente da Apcor, João Rui Ferreira, justifica deste modo o apoio da Apcor à campanha Cork: “por um lado, Espanha é o terceiro produtor de vinho a nível mundial e, por esta razão, aliada ao facto da proximidade é um mercado fundamental para a indústria de cortiça portuguesa. E, por outro lado, da mesma forma que as associações espanholas apoiaram as campanhas da Apcor em diferentes mercados mundiais, consideramos que deveríamos estar ao lado dos nossos congéneres espanhóis nesta campanha.”
Mercado "nutracêutico" cresce 7 % O mercado global dos produtos "nutracêuticos" deverá crescer em média 7% ao ano e passar dos actuais 345 mil milhões de USD para 450 mil milhões de USD em 2015. A previsão está no estudo Nutraceuticals Market Assessment, divulgado em Maio pelo PMMI (Packaging Machinery Manufacturers Institute, EUA). O mercado "nutracêutico" abrange produtos alimentares e dietéticos com propriedades medicinais e inclui vários segmentos, tais como suplementos dietéticos, alimentos funcionais e alimentos medicamentosos. Segundo este estudo, as taxas de crescimento acima da
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Sage Ross/Wikimedia Foundation
média deverão registar-se na China (15 mil milhões), na Índia (2 mil milhões) e em segmentos específicos como as bebidas funcionais, cujo mercado deverá crescer ao ritmo de 9 % ao ano. O estudo analisa ainda os tipos de embalagens para estes produtos, destacando a importância dos aspectos de conveniência e dimensão, as bolsas com menor utilização de material de embalagem, as garrafas com selos seguros, etc.. índice
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qualidade alimentar
Segurança alimentar:
melhor não é demais O público é repetidamente alarmado por casos isolados de violação da segurança e higiene alimentar, e alguns desses incidentes são escandalosos. Em última análise, não é possível garantir a 100 % que as empresas não violam as suas obrigações para com os consumidores ou mesmo que não cometem deliberadamente actos criminosos. No entanto, as políticas são frequentemente definidas em função de casos individuais extremos, com o objectivo de mostrar o carácter determinado da actuação. É claro que isto não põe fim aos escândalos; simplesmente contribui para dar mais impacto mediático em vez de promover um fluxo de informação mais aberto e o desenvolvimento de soluções baseadas em conhecimento. A esmagadora maioria de produtores alimentares que são cumpridores e exemplares estão virtualmente indefesos contra essa tendência mediatizadora e alarmista. A única opção que lhes resta é passar à ofensiva com informação objectiva, sem deixar de ter em conta que os assuntos alimentares são percebidos de forma muito emocional pelo público e é também desse modo que são tratados pela comunicação social. Em cada caso, os produtores alimentares necessitam de compreender que as suas acções se vão tornar mais transparentes ao público, seja qual for a sua política de informação. Esse acréscimo de transparência pode advir por via de mudanças nas normas sobre
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Os produtos alimentares nunca foram tão seguros, variados ou com o nível de qualidade que têm hoje. Apesar disso, existe uma discrepância entre os factos e as percepções do público. À indústria alimentar resta comunicar abertamente, fornecer informação objectiva e investir em tecnologias de segurança actuais e de alta qualidade. informação dos consumidores, pela publicação de 'ratings' em portais públicos ou privados e ou por campanhas de ONGs e associações de consumidores. Um estudo realizado pela Federação Alemã das Indústrias de Alimentos e Bebidas (BVE) e pela GfK revelou que o sabor dos alimentos é o factor mais importante para 96 % dos consumidores alemães. A segurança e saúde vêm em segundo lugar com uma pontuação muito próxima (93 %), o que deve ser tido em conta pela indústria.
Harmonização de normas Em geral, pode dizer-se que as normas, directrizes, directivas e regulamentações mais numerosas e mais exigentes falharam o objectivo de tornar mais clara a segurança alimentar. Por esta razão, a tendência para uma normalização e harmonização transfronteiras deve ser continuada. Simplesmente não faz sentido ter um mercado aberto, globalizado e baseado na livre circulação de mercadorias e, ao mesmo tempo, manter a diversidade de normas de país para país. Por este motivo, a Iniciativa de Harmonização Global (GHI), iniciada em 2004 pela divisão internacional do Institute of Food Technologists (IFT, dos EUA) e a Federação Europeia da Ciência e Tecnologia Alimentar
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(EFFoST), promove a harmonização da legislação e regulamentação em matéria de segurança alimentar. A iniciativa GHI procura disseminar informação credível e cientificamente fundamentada, para exercer uma influência objectiva e positiva na política alimentar mundial.
Medidas de monitorização Os alimentos devem ser isentos de substancias estranhas e as embalagens devem ser impecáveis e imaculadas. Esta matéria não está sujeita a discussão e o leque de medidas destinadas a assegurar esse princípio está em constante actualização. Os sistemas actualmente disponíveis incluem detectores de metais, dispositivos de inspecção por raios X (agora também disponíveis em modelos mais acessíveis) e vários equipamentos de monitorização óptica. Estes continuarão a evoluir, graças à evolução da tecnologia de câmaras, e as possibilidades estão longe de esgotadas. Ondas de muito alta frequência serão usadas no futuro para a monitorização da segurança alimentar. Investigadores do Instituto Fraunhofer para a Física de Alta Frequência e Técnicas de Radar (FHR, Wachtberg, Alemanha), desenvolveram um scanner de materiais designado SAMMI (Stand Alone MilliMeter wave Imager), com 50 cm de largura e 32 cm de altura, praticamente o mesmo que uma impressora laser. O novo scanner não tem qualquer dificuldade em lidar com substâncias não metálicas e não transparentes e pode ser usado em monitorização de produtos, controlo da qualidade, bem como em análise de materiais em Nº 215 Out-Nov-Dez 2012
laboratório. É também capaz de detectar as mais pequenas diferenças de material, mesmo as que poderiam escapar a um equipamento de raios X. Diversamente do que sucede com um scanner de raios X, o SAMMI pode distinguir entre diferentes recheios de pralines, ou isolar diversas misturas de gomas que apresentam propriedades de absorção similares ou idênticas. O novo scanner tem dois discos rotativos em lados opostos. Cada disco está equipado com uma antena transmissora e receptora. Um pequeno transportador desloca a amostra entre as antenas, que transmitem ondas electromagnéticas na gama EHF em torno de 78 GHz. As várias partes da amostra atenuam o sinal com diferentes intensidades, o que permite contrastar as diferenças de composição. Os cientistas pretendem actualizar o sistema para o utilizar na gama dos 2 THz. Isto permitirá detectar não só diferenças de estrutura mas também diferentes tipos de plásticos. O sensor de ondas EHF está actualmente a ser adaptado para uso industrial, com o objectivo de poder atingir a inspecção de produto à velocidade de 6 m por segundo. Outro projecto decorre no Instituto Fraunhofer para as Tecnologias Modulares de Estado Sólido (EMFT, Munique, Alemanha) e está a abrir o caminho à utilização de novos tipos de nanosensores para monitorização alimentar. Estes sensores usam a fluorescência para tornar visível o teor de ATP em células humanas e animais, permitindo tirar conclusões sobre actividade metabólica e, por
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Foto: Ry Young
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conseguinte, sobre o possível dano causado por certos aditivos. As nanopartículas usadas como sensores são conformes com os requisitos mais exigentes: não são tóxicos para as células, passam facilmente pelas membranas das células, e podem ser guiados precisamente para onde se pensa que pode estar a substância. Esta nova técnica, que inicialmente se destinou a eliminar os testes com cobaias animais, está actualmente a ser desenvolvida para outras aplicações, tais como a determinação da qualidade e potabilidade de carnes embaladas. Com esta finalidade, estão actualmente a ser desenvolvidos nanosensores para determinar as concentrações de oxigénio e aminas tóxicas. Vários institutos de investigação estão a trabalhar no desenvolvimento de sensores em linha para detectar
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e analisar biofilmes em locais inacessíveis das máquinas de produção. Estes sensores permitirão análises mais detalhadas de micro-organismos e da sua condição metabólica. Serão também capazes de detectar mudanças causadas pelo biofilmes nas características superficiais dos equipamentos de produção. Em conclusão, pode afirmar-se que a segurança alimentar vai contar com meios novos e mais completos, os quais podem implicar investimentos com reflexo nos preços de venda dos produtos. De resto, e esta é uma tendência assinalada no mercado alimentar actual, os consumidores estão mais preparados para pagar um pouco mais, desde que a segurança alimentar lhes seja garantida de forma justa e sustentável. índice
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Normas ISO sobre segurança alimentar Toda e qualquer empresa ou organização que faça parte da cadeia de fornecimento alimentar deve poder demonstrar que é capaz de controlar e manter a segurança dos produtos, de forma a que os mesmos possam chegar ao consumidor final com a qualidade esperada e desejada. Num mercado cada vez mais sofisticado e competitivo, os consumidores são mais exigentes e os retalhistas, por iniciativa própria, por obrigação legal, ou por exigência dos seus clientes, terão, mais tarde ou mais cedo, que exigir a todos os fornecedores que demonstrem como a segurança alimentar foi assegurada ao longo da cadeia. Isto envolve não só os fornecedores directos, mas todos os intervenientes na cadeia alimentar. A norma ISO 22000:2005 - Food safety management systems - Requirements for any organization in the food chain especifica os requisitos de um sistema de gestão da segurança alimentar a implementar por qualquer organização que faça parte da cadeia de fornecimento de produtos alimentares. Aplica-se a qualquer empresa, independentemente da dimensão, e estabelece os seguintes requisitos para: - pleanear, implementar, operar, manter e actualizar um sistema de gestão de segurança alimentar destinado a assegurar que os produtos são seguros para o consumidor, em conformidade com a utilização pretendida; - demonstrar a conformidade com as normas e requisitos de segurança alimentar estabelecidas na legislação e regulamentação aplicável; - avaliar e analisar os requisitos dos clientes e demonstrar a conformidade com os requisitos estabelecidos por acordo em relação à segurança alimentar, com o objectivo de obter a satisfação do cliente; - comunicar de forma efectiva os assuntos de segurança alimentar Nº 215 Out-Nov-Dez 2012
com os fornecedores, clientes e outras partes interessadas na cadeia alimentar; - assegurar que a organização actua de forma conforme com a sua política em matéria de segurança alimentar e demonstrar essa conformidade a todas as partes interessadas. As empresas que cumprirem estes passos podem avançar para um processo de certificação do seu sistema de gestão da segurança alimentar por uma entidade externa ou proceder a uma auto-análise e declaração de conformidade com a norma ISO 22000:2005. Os clientes tenderão a dar mais credibilidade a uma certificação externa independente, mas tudo depende do sistema de gestão implementado e da capacidade da empresa para o comunicar com exactidão e transparência. A norma ISO não impõe a certificação externa. Por outro lado, as empresas que já passaram pela certificação ISO 9001, relativa a sistemas de gestão da qualidade, terão mais facilidade no processo de certificação ISO 22000.
A cadeia de fornecimento A cadeia de fornecimento alimentar é uma sequência de estados e operações que se iniciam com a produção do produto alimentar e terminam com o seu consumo final, incluido todas as etapas intermédias, como colheita, processamento, embalagem e todas as operações de armazenagem, manipulação, embalagem, transporte, etc. Envolve não só o produto principal, mas todos os ingredientes e aditivos. Não se está perante uma norma de âmbito exclusivamente industrial. Na realidade, faz todo o sentido que os sistemas de gestão da segurança alimentar comecem a ser implementados nas explorações agrícolas e pecuárias e nas empresas de pesca. Na indústria, devem considerar-se todas as actividades de processamento de pescado, carnes, cereais, leite, frutas, hortícolas, bem como todas as indústrias produtoras e
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embaladoras de toda a espécie de produtos alimentares, líquidos, sólidos ou em pó, frescos ou congelados, independentemente do tipo de embalagem. Como a cadeia de fornecimento só termina no consumidor final, estão também abrangidas todas as actividades de logística e distribuição alimentar, os prestadores de serviços de catering, bem como o sector da restauração em todas as suas derivações. Uma empresa de cruzeiros ou uma companhia aérea, na medida em que serve refeições aos seus passageiros, devem ter o seu sistema de gestão da segurança alimentar, assim como todas as instituições com serviços e responsabilidades de restauração colectiva. A cadeia também envolve intervenientes que não lidam directamente com os alimentos propriamente ditos. Por exemplo, os fornecedores de rações devem considerar-se incluídos na cadeia de fornecimento de produtos de carne (dos animais a quem essas rações foram destinadas). Outro exemplo, de primordial importância, é o das empresas fornecedoras de materiais que irão entrar em contacto com os alimentos. Neste grupo, destacam-se os fornecedores de materiais de embalagem. Como é sabido, existem várias normas sobre "contacto alimentar". No mesmo grupo, também devem ser incluídos os fornecedores de acessórios, peças técnicas de equipamentos de processamento alimentar, etc.. Por exemplo, um fornecedor de lubrificantes ou de tintas para marcação deve ter em conta a finalidade e compatibilidade da aplicação dos seus produtos. Uma falha de controlo de segurança alimentar num ponto da cadeia é susceptível de afectar a actividade e o negócio de toda a cadeia, a montante e a jusante. Se o produto chega deteriorado ao consumidor final, o prejuízo não se reduz a esse produto e ao último vendedor. Existe o risco de o consumidor perder a confiança no produto ou na marca, prejudicando todos os elementos da índice
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qualidade alimentar cadeia, em maior ou menor grau. A este lado negativo do "efeito de cadeia", importa contrapor o lado positivo. Se um dos elos da cadeia exigir aos seus parceiros de negócio que demonstrem capacidade para garantir a segurança alimentar, esses parceiros tenderão a adoptar o seu próprio sistema de gestão da segurança alimentar, de forma a não serem excluídos do negócio. Assim, e em vez de uma "contaminação em cadeia", poderá ter-se uma "conformidade em cadeia". A norma ISO 22000:2005, ao estabelecer requisitos essenciais, proporciona às empresas a possibilidade de conquistar a confiança dos seus parceiros e, em última análise, dos consumidores, através da implementação de um sistema credível de gestão da segurança alimentar.
ISO 22000 e HACCP A norma ISO 22000:2005 recorre, como seria de esperar à metodologia HACCP (Hazard Analysis and Critical Control Point, Análise de Risco e Pontos Críticos de Controlo). Sinteticamente, esta metodologia consiste nos seguintes passos: - identificação de riscos potenciais para a segurança alimentar e definição das medidas de controlo necessárias para os prevenir; - identificação dos pontos críticos de controlo e dos respectivos riscos, ao longo do processo de produção; - definição das medidas de prevenção para cada ponto crítico de controlo; - definição do sistema de medida e controlo para todos os pontos críticos, envolvendo o estabelecimento dos limites críticos para cada medida; - definição do sistema e procedimentos de alarme e de precaução para os casos em que os parâmetros das medidas de prevenção não foram atingidos; - definição do sistema de documentação e registo de todas as medidas e ocorrências. 10
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Por "ponto crítico de controlo" (critical control point, CCP) entendese o ponto ou passo do processo onde deve ser efectuada uma medida de controlo destinada a detectar, prevenir ou eliminar um perigo para a segurança alimentar, ou a reduzi-la para um nível considerado aceitável. Para cada medida de controlo é estabelecido um limite crítico que define quantitativamente a fronteira entre o aceitável (seguro) e o não aceitável (não seguro). A norma ISO 22000 indica o modo de combinar a metodologia HACCP com os demais requisitos, de forma a implementar um sistema de gestão de segurança alimentar integrado. Os demais requisitos são de dois tipos: - Programas (Prerequisite programs, PRPs) - são condições que devem ser estabelecidas ao longo da cadeia de fornecimento, assim como actividades e boas práticas que devem ser executadas para manter um ambiente higiénico. Os PRPs devem ser adequados e suficientes para assegurar que o alimento é seguro para consumo humano. - Programas operacionais (Operational prerequisite programs, OPRPs) são requisitos essenciais para eliminar os perigos de contaminação. A sua definição resulta da análise de riscos e referem-se sobretudo à prevenção da exposição a contaminantes, da proliferação de factores de risco, etc.. Deve notar-se, todavia, que estes OPRPs não envolvem pontos críticos de controlo nem valores limite. Os OPRPs complementam a metologia HACCP, mas não a substituem.
Sistema de Gestão Um sistema de gestão não pode ser estático. Tem um "ciclo de vida" que é necessário percorrer e cumprir, e que é descrito na norma. Na secção 4, descrevem-se requisitos referentes às várias etapas desse "ciclo de vida";: desenvolver, documentar, implementar, manter, verificar, actualizar. Os requisitos de documentação envolvem não só a elaboração de um documento genérico sobre a política de seguran-
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ça alimentar da empresa, mas também os procedimentos com ela relacionados, os registos a efectuar no âmbito do sistema e os procedimentos de controlo dos documentos e dos registos. Na secção 5, a norma define os requisitos de aplicação prática da política de segurança alimentar. O primeiro aspecto é a demonstração do compromisso da empresa nesta matéria, com o envolvimento dos gestores e responsáveis de topo e com a definição clara das responsabilidades e competências em matéria de segurança alimentar. A empresa deve ainda designar um responsável pelo sistema (food safety leader). Nesta secção, a norma define também exigências de documentação e comunicação, incluindo não só a comunicação interna, a todos os níveis da empresa, mas também a comunicação externa em matéria de segurança alimentar. De especial importância nesta secção é o estabelecimento de procedimentos em caso de acidentes ou emergências de segurança alimentar. Periodicamente, os procedimentos do sistema devem ser revistos, avaliados, e, se necessário, actualizados. A secção 6 da norma refere-se aos recursos a afectar ao sistema de gestão de segurança alimentar, abrangendo recursos materiais e técnicos, recursos humanos e respectiva formação, infra-estrutura e ambiente de trabalho. Na secção 7, a norma ocupa-se dos requisitos de segurança alimentar relativos aos próprios processos. É nesta secção que se descreve: - a implementação, aplicação e actualização dos "programas", PRPs; - a implementação da metodologia HACCP; - a implementação dos "programas operacionais" (OPRPs); - o planeamento e execução de actividades de verificação; Nº 215 Out-Nov-Dez 2012
qualidade alimentar - o estabelecimento de um sistema de rastreabilidade dos produtos, capaz de identificar cada lote, os materiais nele incorporados e os destinos para os quais esse lote seguiu; - o controlo dos produtos não conformes e do seu destino (reprocessamento, eliminação, etc.). Cada uma destas etapas é descrita com sequências metódicas detalhadas. Ainda que possa parecer repetitivo, o nível de detalhe adoptado pelos autores da norma destina-se a assegurar que "nada escapa" na definição e implementação do sistema de gestão da segurança alimentar. A secção 8 ocupa-se dos requisitos e procedimentos de confirmação e validação das várias medidas preventivas e correctivas, quer antes da implementação, quer na execução do sistema de gestão. Incluem-se nesta secção os procedimentos
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de verificação e actualização dos métodos de medida, envolvendo os instrumentos utilizados, o software, etc.. Incluem-se também os procedimentos de auditorias internas, destinadas a verificar se os procedimentos e medidas do sistema estão a ser adequadamente cumpridos. O objectivo desta secção é fazer com que o sistema de gestão da segurança alimentar seja um sistema com uma dinâmica própria de melhoria contínua.
Um sistema de normas A norma ISO 22000:2005 - Food safety management systems - Requirements for any organization in the food chain teve continuidade noutras normas, às quais importa fazer a devida referência. A ISO/TS 22002-1:2009 - Prerequisite programmes on food safety - Part 1: Food manufacturing especifica os requisitos para a definição, implementação e a manutenção de programas
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(prerequisite programmes, PRPs) para controlo de riscos para a segurança alimentar. É aplicável a todas as organizações envolvidas na cadeia de fornecimento, independentemente da sua dimensão e complexidade, mais especificamente as empresas de processamento de alimentos. Nesta norma, estão incluídos requisitos relativos a aspectos como: - construção e layout de edifícios e instalações; - layout de instalações como locais de trabalho e espaços utilizados pelo pessoal; - fornecimento de ar, água, energia e outras "utilidades"; - serviços de suporte, incluindo saneamento básico e gestão de resíduos; - aptidão e acessibilidade dos equipamentos para limpeza, manutenção preventiva e manutenção correctiva; - gestão de materiais adquiridos; - medidas de prevenção da contaminação cruzada; - limpeza e desinfecção;
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qualidade alimentar - controlo de pragas; - higiene pessoal. A norma ISO/TS 22002-1:2009 inclui ainda aspectos relacionados com operações específicas como: - reprocessamento, - procedimentos de "recall" de produtos, - armazenagem, - informação de produto e dos consumidores, - defesa alimentar, bio-vigilância e bio-terrorismo. A norma ISO/TS 22003:2007 - Food safety management systems Requirements for bodies providing audit and certification of food safety management systems define as regras aplicáveis na auditoria e certificação de sistemas de gestão de segurança alimentar em conformidade com a norma ISO 22000:2005 e fornece a informação essencial sobre a forma como essa certificação é atribuída. A este respeito, é importante salientar que a certifica-
ção do sistema de gestão de segurança alimentar não garante que os produtos são seguros. Apenas confirma que a empresa tem um sistema de gestão da segurança alimentar. Em todo o caso, a certificação indica que a empresa cumpre as exigências legais e regulamentares aplicáveis aos respectivos produtos. A norma ISO/TS 22004:2005 - Food safety management systems - Guidance on the application of ISO 22000:2005, como a designação indica tem uma função de guia. A norma ISO 22005:2007 - Traceability in the feed and food chain -General principles and basic requirements for system design and implementation estabelece os princípios e requisitos básicos para a configuração e implementação de um sistema de informação e rastreabilidade dos produtos alimentares. Pode ser aplicada por qualquer empresa,
qualquer que seja a sua posição na cadeia de fornecimento. A rastreabilidade consiste na possibilidade de aceder à informação histórica do produto e dos respectivos componentes, bem como na possibilidade de o localizar. A norma ISO 22006:2009 - Quality management systems - Guidance on the application of ISO 9002:2000 for crop production fornece orientações para os produtores agrícolas (cereais, oleaginosas, frutas, legumes, flores) úteis para a adopção da norma ISO 9001:2008.
Bacalhau sem sal Uma equipa de investigadores da Universidade Politécnica de Valência (UPV) revelou um processo que permite retirar 50% do sal residual no bacalhau depois da dessalinização. O processo abre o caminho à preparação de produtos de bacalhau para consumidores com hipertensão. Divulgado no Journal of Food Engineering (Journal of Food Engineering, Volume 107, 3-4, Dez. 2011, pp. 304-310), o processo utiliza uma solução de cloreto de potássio. A troca de sódio por potássio retira o sal residual do bacalhau mas não altera as propriedades e o sabor do poduto. Segundo o prof. José Manuel Barat, investigador do grupo CUINA da UPV que chefiou a equipa de investigadores, este processo permite obter um bacalhau com menos 50% de sódio que o bacalhau dessalinizado standard. No entanto, ainda tem o teor de sal suficiente para a boa conservação sob refrigeração. O processo foi validado em 12
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provas laboratoriais. A equipa CUINA da UPV tem vasta experiência em processos de salinização e dessalinização, bem como várias patentes registadas neste domínio. O artigo do Journal of Food Enginee-
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ring pode ser acedido clicando no link ao lado. O Prof. Barat pode ser contactado através do telefone +34 963 877 365, ou do fax: +34 963 877 956.
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qualidade alimentar
Tecnologia asséptica e salas limpas Os consumidores finais e sobretudo o sector da distribuição têm necessidade de produtos alimentares com a maior duração possível, o que leva os produtores a procurar novas técnicas de preservação que provoquem o menos possível efeitos adversos nos seus produtos. A tecnologia de salas limpas é uma das respostas a essa necessidade. As salas limpas industriais surgiram nos EUA nos anos 60 do século passado. Foi também a época dos voos espaciais, em que se reconheceu que a fiabilidade dos circuitos integrados da microelectrónica exigia o fabrico em condições de extrema limpeza. Hoje, todos os microchips são fabricados em ambientes com baixo teor de partículas. A tecnologia de salas limpas tornou-se "general purpose" e tem vindo a ser utilizada noutros sectores, como é o caso da indústria alimentar. As salas limpas são sempre construídas de acordo com o mesmo princípio. Para entrar numa sala limpa, é necessário passar por uma "área cinzenta", considerada ainda contaminada, e depois por barreiras individuais que conduzem à zona limpa propriamente dita, onde o ar tem o nível mais elevado de limpeza. Um ambiente de produção limpo é garantido através de um sistema criteriosamente projectado para conduzir o fluxo de ar e de um arranjo de filtros de ar com alta capacidade para reter micro-organismos e partículas com dimensão abaixo do micrometro. Usam-se
filtros HEPA (high efficiency particulate air) que filtram partículas suspensas no ar de apenas 0,5 µm de diâmetro. Recorde-se que a dimensão média de uma bactéria é de cerca de 2 µm. Nem todas as salas limpas são iguais. As salas limpas são definidas segundo classes ISO. A norma ISO 14644-1 define, para cada classe a quantidade de partículas de determinada dimensão que é admissível por cada metro cúbico de ar. A Classe 1 ISO é a mais exigente em termos de pureza do ar e a Classe 9 define a menos exigente. Desde que não haja germes a elas ligados, as partículas de poeira não representam perigo de maior para a produção alimentar. O teor de germes determina o nível de limpeza, expresso em número de colónias em formação (CFUs, colony-forming units). A classe de sala limpa necessária depende do produto. O ambiente de produção para biscoitos não tem que ser tão hiper-limpo como o ambiente necessário para a produção de semicondutores, por exemplo. Na indústria alimentar, as salas limpas são
normalmente das classes ISO 5, 6, 7 e ocasionalmente 8. Para a classe 5, por exemplo, cada metro cúbico de ar não pode conter mais do que 3,520 partículas de 0,5 µm de diâmetro (3,5 partículas por litro). Isto representa um nível inferior a 1 germe por metro cúbico de ar, o qual pode considerar-se praticamente "livre de germes". Os produtos da secção de refrigerados tornam-se menos perecíveis se forem afastados os germes. Por isso os produtores procuram remover dos seus processos de produção e embalagem os vários factores de perda de qualidade ou de perda prematura dos alimentos. Outro benefício que se procura obter com os novos métodos é a possibilidade de transportar e armazenar os produtos durante mais tempo, o que dá aos produtores, entre outras coisas, a possibilidade de exportar os produtos para mais longe. A tecnologia de salas limpas é também a base para o desenvolvimento de novos produtos com propriedades melhoradas em termos de frescura e preparação. O princípio que se aplica a este respeito é: quanto menos tratamentos forem aplicados ao produto, mais importante é assegurar um ambiente de produção o mais higiénico possível. Os produtos refrigerados são um bom exemplo. Em contraste com os produtos congelados e com as conservas, os produtos da secção de refrigerados, que não duram mais do que alguns dias ou semanas, estão cada vez mais populares. Por outro lado, as massas, saladas e as batatas fritas são produzidas e embaladas em salas limpas em condição "livre de germes", e o seu tempo de vida útil é 50 % mais longo. Devido aos custos elevados que as salas limpas de grande dimensão implicam, procuraram-se alternativas
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qualidade alimentar em termos de design e dimensão. A tendência é para construir salas limpas com a menor dimensão possível para reduzir os equipamentos necessários e para reduzir custos. Além disso, quanto menor for a sala limpa, menor o risco de contaminação. Idealmente, a condição de sala limpa, deve ser assegurada apenas no ponto em que os produtos alimentares são processados. Esta tendência está patente em soluções de "mini-ambientes" ou "flow boxes", isto é, unidades de salas limpas pequenas, confinadas, algumas das quais com desenho modular ou mesmo transportável.
Enchimento a frio em ambientes estéreis Os construtores de máquinas de engarrafamento de bebidas aderiram à tendência para a miniaturização das salas limpas. Cada vez mais as bebidas não carbonatadas e outros produtos sensíveis de baixa acidez são engarrafadas em ambientes livres de germes. Graças ao aumento da procura de bebidas sem álcool, os engarrafadores têm vindo a utilizar cada vez mais equipamentos com soluções baseadas na tecnologia de salas limpas: engarrafamento asséptico a frio. Nos primórdios desta técnica, todo o sistema de engarrafamento era localizado em sala limpa, mas hoje, apenas é necessária uma área mínima de sala limpa. Essa área, confinada ao itinerário das garrafas entre a higienização e o fecho, é uma câmara isolada do ar ambiente, designada "isolator". Nas modernas fábricas de engarrafamento, o espaço destas novas câmaras isoladas é apenas cerca de 10 % do espaço antes ocupado pelas salas limpas. Mas estas câmaras estão igualmente equipadas com filtros HEPA para remover os germes e criar uma atmosfera estéril. A área em torno das máquinas de enchimento e fecho é implementada como sala limpa ISO class 5, ou seja, livre de germes. O conceito de uma "sala dentro de uma sala" (room-in-room), Nº 215 Out-Nov-Dez 2012
que envolve a instalação de uma segunda sala, de Classe 6, proporciona protecção adicional contra a recontaminação pelo ar ambiente e pela "zona cinzenta". As configurações room-in-room deste tipo permitem menos investimento e menos custos operacionais e frequentemente asseguram um nível
de limpeza mais elevado que as salas limpas de grande dimensão. Mas seja qual for a solução que se utiliza, pequena ou grande, as salas limpas tornam-se cada vez mais importantes para os produtores de alimentos que pretendem salvaguardar a competitividade e aumentar a quota de mercado.
Soro de leite pode ser barreira ao oxigénio na embalagem alimentar O projecto Wheylayer, iniciado em 2008, envolve várias empresas e institutos de investigação europeus com o objectivo de investigar as possibilidades de utilização de soro de leite como camada barreira ao oxigénio em filmes para embalagem alimentar. Até agora, foram produzidos diversos filmes, em que o revestimento com proteína de soro de leite é uma camada intermédia aplicada em filmes de PET posteriormente laminados com PE. Até ao momento, as experiências confirmam as razões que motivaram o projecto. Os filmes de PE e PP apresentam boas propriedades barreira ao vapor de água mas necessitam de polímeros ou copolímeros como o EVOH ou PVDC para terem a necessária barreira ao oxigénio. Estes materiais são eficazes como barreira mas têm implicações económicas e dificultam a reciclagem. O revestimento com proteína de soro de leite mostrou-se capaz de assegurar elevada barreira ao oxigénio em condições de humidade baixa ou intermédia, em termos comparáveis com os materiais barreira sintéticos. Está portanto aberta a possibilidade de substituição de barreiras sintéticas por barreiras naturais baseadas no soro de leite. Os ensaios também mostraram que os filmes e laminados com revestimento wheylayer têm proprie-
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dades mecânicas adequadas para aplicação em embalagem alimentar. A camada de soro de leite adere bem aos filmes. Também estão em desenvolvimento soluções de embalagem activa com anti-microbianos e anti-oxidantes. Ensaios com vários produtos alimentares estão a ser efectuados para investigar o desempenho da camada Wheylayer na protecção de alimentos embalados contra contaminação microbiana, e também no retardamento da rancidez, em comparação com os materiais convencionais. O trabalho futuro dos parceiros deste projecto está orientado para projectar os bons resultados obtidos à escala laboratorial e piloto para uma escala industrial e comercial. O projecto pode ter um impacto considerável em vários aspectos. Desde logo, cria uma aplicação de valor acrescentado para os actuais subprodutos de proteína de soro de leite. Além disso, substitui plásticos baseados no petróleo e aumenta a reciclabilidade dos filmes. Mais informação sobre este projecto pode encontrar-se em www.wheylayer.eu.
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Contagem de micro-organismos A MicroVal (Holanda), entidade certificadora da conformidade com a norma EN ISO 16140, validou os equipamentos GreenLight™ da Luxcel (Cork, Irlanda) para a contagem de micro-organismos (TVC, total viable count) em carnes e aves. A tecnologia de sensores GreenLight™, desenvolvida na Irlanda pela Luxcel entrou mais depressa (em 2010) no mercado norte-americano, depois da validação pela AOAC. O processo de validação pela MicroVal durou dois anos e envolveu testes em oito laboratórios indepen-
dentes, espalhados por cinco países europeus. Os equipamentos GreenLight™ permitem obter contagens de micro-organismos em muito menos tempo, podendo variar entre alguns minutos e 12 horas, conforme a carga bacteriológica (contra os períodos de 48 a 72 horas dos métodos convencionais). A rapidez representa uma vantagem significativa para os produtores-embaladores, na medida em que encurta o tempo de introdução no mercado. A série GreenLight™ está disponível
em três modelos - 910, 930 e 960 com capacidades diferenciadas e possibilidade de aplicação em vários tipos de produtos alimentares.
Sistemas inteligentes de medição de PH, O2 dissolvido e condutividade A Hamilton (Suiça) desenvolveu a gama de sensores ARC para detecção e análise de PH, redox, O2 dissolvido e condutividade em aplicações industriais. Graças à integração de toda a electrónica no corpo sensor não há necessidade de transmissor de sinal externo pela comunicação entre os sensores e os PLCs ou dispositivos HMI. Estão disponíveis três configurações: ARC Vital (com sinal 4 - 20mA integrada), ARC Versa (com sinal 4 - 20mA integrada e monitor portátil sem fios), e ARC Vision (com sinal digital ModBus e monitor portátil sem
fios). Recentemente, a gama ARC foi aumentada com o lançamento de novos sensores de oxigénio residual e sensores de condutividade de água pura. Os sensores OXYFERM FDA ARC executam a medição electro-química do oxigénio em processos de fermentação e plasma. Os sensores OXYGOLD ARC executam a medição electroquímica de vestígios de O2 (na ordem das ppb) em água (tipo G) ou em bebidas contendo CO2 (tipo B). Para a monitorização da qualidade da água pura em processos farmacêuticos, os sensores CONDUCELL
PWSE ARC com adaptador Triclamp porporciona uma gama de medição dinâmica entre 0,01 a 2000 µS/cm. Os novos sensores têm compensação inteligente dos sinais de medida de 4-20 mA, com saída digital e transmissão sem fios com o adaptador ARC Wi. São também plenamente compatíveis com toda a gama ARC: VISIFERMTM DO, ARC pH, CONDUCELL ARC, ARC View e Wi. Os sensores Hamilton são comercializados em Portugal pela Anisol NPPG.
Analisador de etileno para controlar amadurecimento da fruta Modificar a atmosfera em vez de juntar aditivos químicos é a resposta mais adequada à preferencia dos consumidores por produtos mais naturais. O novo analisador MFA 9000 da Witt (Alemanha) garante precisão na medição da concentração de etileno e, ao contrário de outros analisadores, não necessita de gás de referência. O etileno é uma hormona gasosa natural que estimula o processo de amadurecimento. O contacto com o etileno 16
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aumenta a actividade enzimática e a concomitante transformação do amido em açúcar. O fruto amadurece e muda de côr. Os produtores podem tirar partido desta propriedade, usando misturas de etileno e azoto para controlar o amadurecimento e conseguir, por exemplo, que o mesmo lote tenha uma coloração uniforme. O analisador permite obter e manter a relação de mistura no nível adequado.
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Analisadores de gases O "Gas Control 50" é o novo analisador de gases da Witt e está disponível em armário próprio ou como "retrofit" para misturadores de gases. Baseado em microprocessador digital, o novo analisador pode ser utilizado em zonas ATEX, incluindo processamento de hidrogénio. As leituras são mostradas em écran, gravadas e convertidas para gráficos, incluindo cálculos de tendência. Toda a informação pode ser acedida remotamente por ligação USB. O controlo remoto é também possível por interface Ethernet, com o software 2WebVisio. O utilizador pode definir alarmes, bem como programar acções (por exemplo, cortar a alimentação de gás).
A nova linha de analisadores de gases PA 6.0 vem responder à necessidade de aparelhos tipo 'desktop' que possam ser utilizados nos locais onde se lida com misturas gasosas, em monitorização permanente ou por amostragem. Os analisadores medem as concentrações de CO2 ou de O2, consoante o modelo. Quando o valor limite é atingido, o analisador acciona um alarme e actua um contacto dedicado (por exemplo, para interromper a alimentação de gás). Os novos analisadores da linha 'PA' têm um display maior e estanque, compatível com jactos de água, e um teclado ergonómico para operadores com luvas. A ligação USB permite transferir dados da memória interna para processamento externo. As actualizações de software podem ser instaladas via cartão SD. No coração destes analisadores estão sensores com capacidade para detectar incrementos de 0,1%, com menor consumo de gás comparativamente a aparelhos convencio-
nais. O novo sistema de controlo com dois transmissores de pressão permite um controlo permanente do caudal, através de uma bomba com ajuste variável. Por outro lado, em caso de bloqueio da agulha, o analisador dispara um alarme. O micro-processador do sistema mantém, aliás, um controlo permanente da operacionalidade de todas as funções. Para efeitos de documentação do processo, é possível instalar uma impressora externa, com ligação Bluetooth (sem fios) ou integrar uma impressora térmica.
AMS-SYSTEA
fusão nos aparelhos de análise O grupo AMS e a Systea (Itália), especialistas em aparelhos de análise, concluiram no final de 2011 um processo de fusão. A AMS-SYSTEA está organizada em quatro áreas de actividade: bio-química clínica e reagentes (depois da aquisição da Minias Globe Diagnostics há cerca de um ano), agro-alimentar (biologia molecular e aparelhos de análise), ambiente (analisadores de fluxo contínuo e sequenciais das marcas Alliance
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Instruments, AMS e Systea) e nuclear (marca Ysebaert). A área agro-alimentar inclui aparelhos de análise para o sector da enologia e das bebidas alcoólicas. É o caso do SMARTCHEM 100, um analisador sequencial totalmente automático, com capacidade até 100 ensaios por hora, analizando vários parâmetros. É indicado para estabelecer os teores de dosagem de ácidos nos vinhos, e para medir parâmetros como: acidez total, SO2 (livre e total),glucose, frutose e sacarose, ferro e cobre, pH, azoto assimilável, amoníaco, etanol (TAV), DO 420, DO 520, DO 620, etc.
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Outro analisador da gama da AMS é o Infrascan+, que usa a análise de proximidade aos infra-vermelhos para medição da graduação alcoólica e do teor de açúcar nas bebidas alcoólicas. Destacam-se a fiabilidade e a rapidez de análise: entre 40 e 60 segundos. índice
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Contador de partículas A Fluke está a lançar no mercado um novo instrumento para contagem de partículas transportadas pelo ar. O Fluke 985 é o instrumento indicado para inspecção e controlo da qualidade do ar interior em edifícios e instalações de todo o tipo, incluindo salas limpas industriais. Dispõe de memória para grande quantidade de registos, capacidade para gerar gráficos de tendência e bateria de long duração. Com este instrumento é possível planear e executar procedimentos de controlo da qualidade do ar e medir a eficiências dos filtros de ar. As funcionalidades e a portabilidade do Fluke 985 permitem executar os procedimentos de inspecção e controlo de forma mais rápida e fiável. Os dados registados pelo instrumento podem ser gravados ou exportados usando cabo USB ou Ethernet. A comercialização em Portugal é assegurada por AresAgante (Porto).
Medição do O2 no vinho A Nomacorc fabricante de rolhas sintéticas estabeleceu um acordo com a PreSens Precision Sensing , fabricante de sensores químico-ópticos, para desenvolver e comercializar um sistema de medição do oxigénio no vinho. O processo de medição baseia-se no princípio da luminescência do oxigénio, que permite uma inspecção não destrutiva e possibilita a determinação do tempo de consumo do vinho.
Transmissor industrial de humidade e ponto de orvalho O novo transmissor de humidade/ ponto de orvalho EASIDEW PRO I.S. destina-se a processos industriais e tem certificado ATEX para zona 0. A Michell melhorou a precisão para ±2ºC pelo ponto de orvalho e compensação de temperatura. Por outro lado, a ligação a 2 fios permite uma instalação mais fácil. O sinal de saída está disponível em ppm(v) ou ponto de orvalho e pode ser configurado em campo
entre 0 – 3.000ppm e -100 - +20ºC. Destaca-se o desenho robusto em aço inox, o grau de protecção IP66, a resistência a pressões até 40 MPa e o filtro sinterizado em aço 316SS para protecção física do sensor contra contaminações de partículas do processo. Também pode ser fornecido com protector em PEAD para as aplicações com líquidos ou partículas acima de 10 µm. Entre as aplicações típicas pode referir-se o
controlo de humidade do hidrogénio em refrigeração de alternadores, controlo de humidade do ar comprimido em zonas ATEX (fábricas petroquímicas, indústria farmacêutica, etc.), controlo da humidade em compressores e estações e abastecimento de gás natural, etc. A comercialização em Portugal é assegurada pela Anisol NPPG.
Detecção de espumas A Charis Technologies (Reino Unido) tem, uma gama de sensores específicos para detecção de espumas segundo o princípio da microcondutividade, com ou sem medição simultânea de nível, e com capacidade para distinguir entre o líquido e a espuma em dissoluções aquosas ou orgânicas. A detecção fiável e rápida de espuma em tanques e depósitos permite a optimização do volume dos mesmos, a minimização do consumo de anti-espumantes e a redução de paragens ou intervenções de manutenção. Os sensores da Charis podem trabalhar em condi18
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ções de processo até 170 ºC e 20bar, e podem usar-se até em zonas classificadas. Como característica principal, estes sensores podem detectar espuma mesmo que a superfície do sensor esteja totalmente colmatada com o próprio produto ou com depósito de qualquer resíduo. Para além das versões industriais, estão disponíveis também versões para laboratório ou instalações-piloto. As aplicações principais situam-se nas indústrias farmacêutica, cervejeira e alimentar,
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em biotecnologia, em indústria química e em plantas de tratamento das águas. A comercialização em Portugal é assegurada pela Anisol NPPG. Nº 215 Out-Nov-Dez 2012
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Hiperpressão (HPP) Vantagens e implicações na embalagem Praticamente todos os estudos e sondagens de preferências dos consumidores apontam numa direcção: os consumidores sentem-se mais seguros se os alimentos não tiverem aditivos. Os consumidores querem simplesmente que os produtos estejam o mais próximos possível da percepção de "estado natural", que conservem o sabor próprio e que não lhes tenham sido acrescentados aditivos ou ingredientes "esquisitos". O processo de hiperpressão, conhecido pelas siglas HPP (high pressure processing) e HHP (high hidrostatic pressure) ganhou expressão nas duas décadas mais recentes como alternativa aos métodos comuns para eliminar os micro-organismos patogéneos nos alimentos, designadamente a utilização de químicos, os métodos térmicos e a irradiação. A hiperpressão foi experimentada e aplicada com sucesso e reconhecimento num leque de produtos cada vez maior. Basicamente, a hiperpressão consiste na sujeição dos alimentos, embalados ou não, a pressões entre 100 e 800 MPa. Durante o tratamento por hiperpressão, a temperatura é mantida ao nível necessário, que varia de produto para produto, para minimizar os efeitos do calor adiabático (gerado pela compressão). O tempo de exposição pode variar, consoante o produto, entre alguns segundos e vários minutos. As pressões usadas não interferem significativamente nas ligações covalentes e por isso não causam transformações químicas nos produtos (como sucede com os processos baseados em tempo e temperatura). A hiperpressão tem uma acção instantânea e uniforme sobre o produto, independentemente da sua dimensão, forma e composição. Isto representa uma vantagem quer do ponto de vista da apresentação do produto, quer do ponto de vista da embalagem. Nº 215 Out-Nov-Dez 2012
Em função da pressão, do tempo de sujeição e das características do produto, a aparência deste pode sofrer alterações. Por exemplo, nos produtos mais próximos do estado natural e com elevado teor de proteínas, o efeito da pressão sobre estas torna-se bem visível. Por outro lado, produtos estruturalmente mais frágeis, como, por exemplo, a alface ou os morangos, podem sofrer deformações indesejáveis que retiram a aparência fresca. No entanto, estes aspectos são domináveis pela adaptação dos parâmetros do processo. A hiperpressão é incompatível com produtos com elevado teor de ar (pão, por exemplo), mas é especialmente vantajoso para produtos elevado teor de líquidos, tais como carnes frescas, frutos e vegetais, peixes fumados, ostras, etc. Isso explica o facto de a hiperpressão se ter expandido inicialmente em produtos como os sumos de frutas, as compotas, temperos e molhos para saladas, etc., passando depois para produtos como carnes de aves, carnes para sanduiches, salsichas e outras carnes prontas a consumir, crustáceos e moluscos como calamares e ostras cruas, etc., etc.. Sem "adicionar" substância alguma ao produto, a hiperpressão afecta a integridade celular e o metabolismo dos micro-organismos sem afectar as estruturas covalentes dos componentes do alimento responsáveis pelo valor nutritivo e pelo sabor.
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No processamento de sumos, a hiperpressão pode proporcionar uma redução de 5 log dos patonéneos alimentares, garantindo assim a conformidade com a HACCP Rule 7 da FDA (EUA), sem pasteurização do sumo. Em Portugal, o tratamento por hiperpressão foi adoptado com êxito no mercado dos sumos, designadamente pela Frubaça - Cooperativa de Alcobaça (sumos COPA) e pela GL (sumos SONATURAL). A hiperpressão é muito mais do que um método de processamento e de garantia da segurança alimentar. É também uma forma de poder posicionar o produto no segmento dos "naturais", "sem corantes nem conservantes", dando resposta às preferências dos consumidores.
As soluções tecnológicas estão disponíveis no mercado, com vários construtores de equipamentos especializados na tecnologia de HPP e com capacidade para o suporte técnico necessário. É o caso da Avure Technologies (EUA), da Hiperbaric (Espanha) e da Uhde (Alemanha).
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qualidade alimentar A embalagem para HPP Quando o produto é submetido a hiperpressão dentro da sua própria embalagem, esta tem que ter capacidade para suportar o processo. Durante o processo, e em resultado da pressão, o volume do produto diminui e volta a recuperar na etapa subsequente de descompressão. A embalagem deve, por conseguinte, suportar uma redução de volume na ordem dos 15%, sem perder a estanquecidade e as propriedades barreira, e ter ainda a capacidade para recuperar o volume. A compressão e descompressão ocorrem normalmente em meio líquido (água). Tipicamente, o produto é pressurizado já na sua própria embalagem, normalmente uma embalagem flexível ou numa garrafa de plástico. Por razões óbvias, o tratamento por hiperpressão não pode ser concretizado com produtos pré-embalados em vidro, metal ou papel e cartão. A hiperpressão é geralmente compatível com a generalidade dos complexos flexíveis utilizados no mercado. No entanto, nos casos em que o complexo inclui uma camada metálica (folha de alumínio), existe a possibilidade de as propriedades barreira serem afectadas por eventual ruptura. Ao longo dos últimos anos, houve investigação e experimentação abundante sobre os efeitos da hiperpressão sobre os materiais de embalagem flexíveis, procurando determinar os efeitos sobre as propriedades barreira, a delaminação (perda de adesão entre as camadas do complexo), as propriedades mecânicas, as interacções embalagem-produto (migração, absorção) e a integridade da selagem. Esta investigação permitiu estabelecer alguns limites (de tempo e pressão) para determinadas estruturas de complexos. Por outras palavras, a investigação deu pistas
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para definir as estruturas adequadas para os complexos flexíveis, de forma a torná-los compatíveis com os parâmetros do processo necessários para um determinado produto. Em geral, constatou-se que os materiais barreira usuais, como o EVOH (álcool etileno-vinílico) e o PVOH (álcool polivinílico) são compatíveis com a hiperpressão. Os complexos típicos do mercado passaram nos testes, com algumas excepções, como foi o caso dos complexos com filmes de PET metalizado, que mostraram aumentos significativos da permeabilidade ao vapor de água, oxigénio e dióxido de carbono quando sujeitos a pressões na ordem dos 600 a 800 MPa. Uma síntese destes resultados pode encontrar-se, por exemplo, no capítulo 5 do livro "Packaging for Nonthermal Processig of Food" (Blackwell, 2007). A compressão diminui a possibilidade de o material de embalagem (plástico) absorver compostos aromáticos do produto. Na etapa de descompressão, o material recupera essa possibilidade mas a investigação revelou que, em alguns casos, essa recuperação não é total. É um aspecto favorável, do ponto de vista da interacção entre embalagem e produto. A delaminação é outro efeito negativo a evitar. A sua origem é a diferença de compressibilidade dos diferentes materiais que formam o complexo, incluindo o adesivo (PE ou PP e alumínio, por exemplo). No mercado dos sumos, a embalagem de plástico que suporte a compressão/descompressão é suficiente e adequada. Os requisitos técnicos da embalagem (estanqueidade, inércia, propriedades barreira, etc.), bem como os seus requisitos comerciais não são afectados pelo processo. Em rigor, o tratamento por hiperpressão não limita as opções de embalagem. Desde que a assépsia seja garantida no processo subsequente, o produto pode ser embalado depois do tratamento.
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Multivac suporta HPP A MULTIVAC inaugurou na sua sede (Wolfertschwenden, Alemanha) uma unidade para testes do processo HPP (High Pressure Processing) destinado ao tratamento de alimentos embalados por alta pressão. A unidade também está equipada para realizar ensaios de tempo de vida útil e permite testar diferentes conceitos de embalagem em conjugação com o processo HPP.
O processo HPP é utilizado para reduzir os micro-organismos em alimentos, contribuindo para melhorar a seguraça e o tempo de vida útil, sem necessidade de utilizar processos térmicos ou conservantes. As principais áreas de aplicação incluem as refeições prontas, as carnes e enchidos, bem como frutos e vegetais. A tecnologia de hiperpressão já é utilizada com peixe, sumos e outras bebidas. Em colaboração com a Uhde High Pressure Technologies, a MULTIVAC alargou as aplicações do processo e detém várias patentes neste domínio. Pela primeira vez, é possível combinar os processos HPP e MAP (embalagem sob atmosfera modificada).
Fruta não tratada Fruta submetida a 6000 bar durante 3 minutos.
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Frutos frescos com nano-filmes de hexanal O desenvolvimento e uso generalizado de nano-filmes pode ser uma solução praticável para prolongar o tempo de vida útil de frutos e vegetais e evitar as enormes perdas pós-colheita em várias regiões do mundo. O departamento de nano-ciência e tecnologia da Universidade de Agricultura Tamil Nadu (TNAU) iniciou um programa de desenvolvimento de um nano-filme capaz de prolongar o tempo de vida útil de frutos e vegetais até 21 dias, preservando a qualidade e valor nutritivo. O nano-filme é revestido com hexanal, o mesmo agente utilizado em sprays químicos que atacam a enzima fosfolipase-D, responsável pela deterioração de frutos e vegetais. Os sprays de hexanal são caros e a maior parte do agente perde-se no processo. A impregnação de nano-filmes com hexanal sintético pode ser a solução. A Universidade de Guelph (Canadá) desenvolveu um processo para sintetizar hexanal e este agente
sintético é combinado com uma cera natural por um processo desenvolvido no Instituto de Tecnologia Industrial (ITI) do Sri Lanka. A TNAU vai usar essa cera de hexanal para revestir um nano-filme de fibra vegetal. As experiências de pesquisa vão seguir-se e espera-se que os primeiros filmes prontos para testes de terreno surjam em 2014. Sem uma adequada rede de frio e sem práticas e materiais de embalagem adequados, a Índia perde mais de 40% dos frutos e vegetais. É um dos maiores produtores de frutos, mas, em média, o consumo ronda actualmente as 80 g por pessoa e por dia, metade da dose diária recomendada. Para além da nanotecnologia, as implicações do hexanal ainda carecem de avaliação. O efeito anti-microbiano também pode ser prejudicial às bactérias "amigas" necessárias para os processos de biodegradação.
Laboratório PTI na Suiça O laborastório de ensaios da PTIEurope em Iverdon, Suíça, obteve a certificação MOCON para a área dos ensaios de permeabilidade de materiais de embalagem. O laboratório está equipado para ensaios de permeabilidade de materiais rígidos, semi-rígidos e flexíveis ao oxigénio, dióxido de carbono e vapor de água, utilizando os equipamentos OX-TRAN® e PERMATRAN® da MOCON, um dos principais fornecedores de equipamentos de ensaio para materiais de embalagem alimentar, bebidas, farmacêutica, cosmética, etc.. A certificação significa que os técnicos do laboratório da PTI-Europe estão capacitados para os métodos e protocolos dos referidos ensaios. A PTI-Europe é subsidiária da Plastic Technologies Inc (PTI) com sede em Holland (Ohio, EUA).
R X para linhas alimentares A Thermo Fisher Scientific (Minneapolis, Minnesota, EUA) apresentou recentemente no mercado a máquina EZx 465 Touchless para inspecção de alimentos por Raios X, especialmente desenvolvida para a inspecção de produtos com embalagens abertas ou com embalagens leves, flexíveis, incluindo filmes metalizados. Um dos problemas típicos na inspecção de produtos com este tipo de embalagem é a acumulação à entrada, causada pelas cortinas de protecção contra a radiação. No caso das embalagens abertas, as cortinas constituem um problema, porque existe o risco de contacto com o produto, prejudicando os requisitos de higiene. Esta nova máquina não tem essas cortinas, mas mantém a conformidade com as normas de segurança. Em vez das cortinas de tiras flexíveis mas densas, a máquina EZx 465 Nº 215 Out-Nov-Dez 2012
Touchless circunscreve a radiação à área interior através de duas medidas: a entrada tem altura reduzida e o transportador tem uma série de inclinações. Como o raio x actua apenas em linha recta, o efeito combinado dos ângulos e da altura da abertura evita que a radiação atinja a área exterior. O transportador tem textura aderente, para manter as embalagens na sua posição durante as inclinações. O transportador tem 400 mm de largura e a altura máxima dos produtos é 65 mm. A velocidade máxima do transportador é de 100 m/min. A inspecção pela máquina EZx é eficaz na detecção de contaminantes como partículas de metal, vidro, pedra, plástico, osso, etc.. A máquina é fornecida com software e interface QickLearn que permitem uma configuração em minutos. Inclui
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também um detector de raios X que elimina a ocorrência de pontos não abrangidos no túnel de inspecção. Para mais informação sobre os sistemas de inspecção deste fabricante, clicar no ícone .
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O futuro dos sistemas de inspecção por raios X na indústria alimentar Os aparelhos de inspecção dos produtos alimentares são essenciais para garantir a segurança dos consumidores. Sem eles, o risco de contaminação e de baixa qualidade é elevado e por vezes basta uma ocorrência com impacto mediático para prejudicar a reputação de uma marca. Se uma marca não trouxer a confiança dos consumidores, ela é inútil. Frequentemente, as empresas e profissionais que vendem equipamentos de inspecção cometem um erro de focagem ao expor os seus produtos: dizem que os seus equipamentos servem para proteger as marcas. O que devem dizer é que a inspecção dos produtos serve para proteger os consumidores. As marcas são apenas um símbolo e mesmo quando se procuram proteger contra a falsificação e contrafacção, o beneficiário da protecção é o consumidor e não a marca em si mesma. Inconformidades como a contaminação, a perda de qualidade ou a contrafacção não enganam o produtor ou embalador, mas o consumidor. Nas linhas de embalagem, também se cometem erros conceptuais ou de "focagem" dos problemas. Um deles é considerar que um equipamento de inspecção assegura a qualidade. É uma simplificação enganadora, porque os equipamentos de inspecção não garantem qualidade a produto algum: apenas detectam os que não a têm, permitindo a sua rejeição. A qualidade de um produto
embalado não se baseia nos equipamentos de inspecção (a jusante) mas em todos os procedimentos (a montante) destinados a garantir que o produto tem as características e a qualidade especificada. De nada vale ter um bom examinador se não se teve um bom professor... Outro erro comum é o de pensar que a inspecção em linha e a 100% é sempre melhor que a inspecção por amostragem. O simples bom senso leva a reconhecer que não é necessariamente assim. Se a inspecção em linha atrasa a velocidade desta, a inspecção a 100% pode ser economicamente incomportável. A inspecção por raios X é uma das tecnologias ao dispor da indústria alimentar para detectar contaminantes como metais, pedras, vidro, plástico denso e osso calcificado. Os equipamentos mais recentes podem desempenhar tarefas que normalmente eram executadas por mais do que uma máquina. Os sistemas de raios X também são capazes de executar simultaneamente uma ampla variedade de verificações de qualidade em linha, como medição de massa, contagem de componentes, identificação de produtos quebrados ou ausentes, controlo de níveis de enchimento, inspecção da estanquicidade e detecção de produtos e pacotes danificados. Com uma máquina executando várias tarefas, é possível reduzir os custos de manutenção e operação da linha.
Sistema compacto de inspecção por raios X
Na escolha de um equipamento de inspecção, as indústrias alimentares devem verificar quatro factores principais:
A Eagle Product Inspection apresentou na Anuga FoodTec 2012 o equipamento compacto Pack 240 XE para inspecção de produtos alimentares com tecnologia de raios X e software SimulTask™ XE para processamento de imagem, auto-diagnóstico e gravação de dados para documentação e rastreabilidade. As dimensões compactas deste equipamento facilitam a instalação em linha. Além disso, podem substituir os detectores de metais convencionais, já que este Pack 240 XE é capaz de detectar vários materiais estranhos: metais, vidro, pedras, ossos, plásticos, borracha. A sensibilidade de detecção pode ser ajustada em função do material de embalagem dos produtos a inspeccionar: latas, plásticos,
1 - A capacidade/funcionalidade
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filmes metalizados, vidro, folha de alumínio, filmes flexíveis, etc.. Esta versatilidade faz com que o equipamento seja adequado para a generalidade das indústrias alimentares, incluindo lacticínios, padaria e confeitaria, refeições prontas, etc.. O Pack 240 XE faz parte de um portefólio de equipamentos de inspecção que inclui outras funcionalidades como o controlo de peso, medição do teor de gordura, controlo de nível, etc. A Eagle tem sede em Tampa (Florida, EUA) e instalações comerciais e técnicas em várias partes do mundo. Em Março de 2011, foi adquirida pela Mettler-Toledo, pelo que a marca Eagle está hoje ao lado de marcas de equipamentos de inspecção: Garvens, Hi-Speed, Safeline e CI-Vision.
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do equipamento, ou seja, o que o equipamento é efectivamente capaz de detectar; 2 - A velocidade dos processos de inspecção e a sua conformidade com as cadências da linha de embalagem, bem como com as necessidades de mudança de produto/formato; 3 - O grau de facilidade de operação dos equipamentos e a possibilidade de os integrar nos sistemas e redes de controlo e supervisão da fábrica. Se as considerações de preço do equipamento forem desligadas destes factores, a avaliação do investimento poderá estar errada. Nº 215 Out-Nov-Dez 2012
qualidade alimentar
Do medo à informação O alimento que passa por um sistema de inspecção por raios X fica aproximadamente 250 milissegundos sob o feixe de raios X. Durante esse curto período de tempo, ele recebe uma dose de radiação de cerca de 0,2 mSv (0,002 Sv, em que Sv Sievert, a unidade padrão da quantidade de dosagem de radiação absorvida). Os níveis são tão baixos que mesmo os alimentos orgânicos submetidos à inspecção por raios X não sofrem diminuição do seu status orgânico. O alimento permanece seguro para ser consumido e não perde o seu valor nutricional. De facto, e segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), só a partir dos 10 000 Sv é que os raios X afectam a segurança e o valor nutritivo do produto alimentar. Também do ponto de vista dos operadores, há que ter em conta os dados relevantes. Em média, um ser humano comum é exposto a cerca de 2,4 milisievert/ano de radiação de fundo natural (ver Tabela). Este nível excede consideravelmente a exposição à radiação recebida de um sistema de inspecção por raios X na indústria alimentar. A dosagem máxima típica na vizinhança de um sistema operacional de inspecção por raios X é de 0,001 milisievert por hora, o que significa que um operador em contacto directo com um sistema de raios X durante 40 horas por semana recebe 2 milisievert por ano. Fonte Espaço Terra Corpo humano Rádon TOTAL (aprox)
Dose média miliSv/ano 0,4 0,5 0,3 1,2 2,4
Intervalo Típico miliSv/ano 0,3 - 1,0 0,3 - 0,6 0,2 - 0,8 0,2 - 1,0 1 - 10
Fonte: Armin Ansari, Radiation Threats and Your Safety, 2010
As interfaces gráficas Os equipamentos de inspecção por raio X mais recentes têm software e interfaces gráficas que tornam a sua programação e utilização muito mais fácil e rápida. O controlo multi-linha, o controlo remoto, as funções de diagnóstico automático, o processamento de alarmes e relatórios, etc., são hoje em dia tarefas perfeitamente acessíveis que não prejudicam a velocidade da linha de embalagem e não exigem mais do que uma formação básica dos operadores. Os novos sistemas estão equipados com algoritmos de dupla energia de Raio X com Discriminação de Materiais (MDX) o que aumenta a possibilidade de detecção de contaminantes previamente não visíveis por raio X ou por Nº 215 Out-Nov-Dez 2012
outros meios convencionais em aplicações mais difíceis. Originalmente utilizada no setor de segurança, a tecnologia MDX consegue discriminar materiais analizando a sua composição química e permite a detecção e rejeição de contaminantes inorgânicos antes não detectáveis como pedaços de vidro, rochas, borracha e plástico. Os sistemas de inspecção por raios X também podem verificar o nível de enchimento, medir o espaço livre e verificar a presença e ausência de componentes para alertar os fabricantes para verificarem se os recipientes de alimentos foram enchidos em excesso, visando evitar desperdício. Por exemplo, o sistema Quadview da Eagle fornece uma cobertura de detecção de quatro ângulos e inspecção completa em alta velocidade de linhas de frascos, garrafas e objetos compostos, além de outros formatos de recipientes verticais, eliminando pontos cegos que normalmente ocorrem na base de tais recipientes durante a inspecção. Este sistema também é compatível com ligação a rede, permitindo acesso remoto para que o diagnóstico e as medidas correctivas possam surgir rapidamente.
Detecção de gordura As preocupações com a alimentação saudável e equilibrada, e sobretudo com a necessidade de prevenir as doenças cardiovasculares, dão um novo interesse aos sistemas de medida do teor de gordura dos produtos. A tecnologia DEXA (Dual Energy X-ray Absorptiometry) é, até ao momento, o método mais exacto e preciso para análise de gordura. Esta tecnologia mede a quantidade de raios X que é absorvida pelo conteúdo de gordura e de carne magra através do uso de duas energias específicas de raios X. Ao avaliar a taxa de energia absorvida numa energia elevada em relação ao nível de energia absorvido na energia inferior, a tecnologia infere a média dos números atómicos do produto verificado para fornecer o valor sem gordura químico. Além de analisar o valor magro químico, esses sistemas também verificam peso e inspecionam os contaminantes em velocidades até 145 toneladas por hora de carne a granel ou embalada.
O futuro As tecnologias de dupla energia, MDX e DEXA continuarão a fazer carreira na indústria alimentar e tudo indica que os equipamentos baseados nessa tecnologia terão procura acrescida, até porque são investimentos com retorno relativamente rápido. Por outro lado, e como reconhece Terry Woolford, director geral da Eagle, "os fabricantes de equipamentos de inspecção por raios X precisam de considerar o aparecimento de novos alimentos e designs de embalagens mais inovadores.
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qualidade alimentar Por exemplo, os alimentos com múltiplas texturas possuem vários níveis de densidade dentro da embalagem, o que resulta numa imagem de raios X amontoada e confusa. Para gerir o crescente desejo por esses tipos de produtos, estão em curso pesquisas adicionais no software de análise de imagens para identificar os contaminantes. A tecnologia MDX, que é especialmente útil em imagens amontoadas, é uma boa solução para esse possível problema. Os projetos de embalagens inovadoras também criam seus próprios desafios porque as máquinas que eram calibradas para verificar tipos padrão de embalagens terão que se adaptar para analisar com precisão novos formatos, tamanhos e materiais como embalagens e bolsas flexíveis".
À esquerda, a imagem de uma embalagem de batatas, obtida com um equipamento de raios X tradicional. Os dois pedaços de borracha passam despercebidos. À direita, a imagem da mesma embalagem, obtida com tecnologia MDX (discriminação de materiais), em que os dois pedaços de borracha são claramente identificados.
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À medida que as regulamentações de segurança se intensificam, a conformidade e a rastreabilidade em cada estágio de um ciclo de vida do produto crescem em importância. Para total conformidade, é fundamental que a indústria de alimentos seja capaz de ter acesso de forma simples e rápida às informações de monitorização dos produtos. No futuro, todos os equipamentos de inspecção de produtos precisarão funcionar duplamente como ferramentas de gestão e também como ferramentas de controle de processos para fornecer aos gestores as informações necessárias para que eles possam tomar decisões informadas e garantir a conformidade.
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Nº 215 Out-Nov-Dez 2012
packaging design
Saco Efusivo O "Effusion Bag" da Mondi foi considerado o "saco do ano 2011" pela EUROSAC pelas suas características de facilidade de utilização. É um saco multi-folha, desenvolvido com a colaboração da Rigips (grupo Saint-Gobain), um cliente da área dos materiais de construção. A particularidade do saco é a formação, com um gesto simples e breve, de uma abertura em forma de funil, ideal para uma dosagem precisa e orientada. Depois do uso, o saco pode voltar a ser dobrado sem espalhar o produto e guardado em armazém de forma segura.
Energia ao cubo A Cubis Ltd e a CCL Decorative Sleeves criaram uma embalagem de plástico com a forma de um cubo de gelo de 25 cl com tampa flip top e decoração por manga total. Este formato inovador foi o escolhido para lançar a nova "bebida energética" 'Cee-three’s iO' da IO Drinks AB (Suécia) que contém café verde, frutos, extractos de ervas, aromas, antioxidantes e vitaminas. A embalagem cúbica é fácil de empilhar e destina-se ao segmento do consumo nómada. A Cubis fabrica a embalagem e a CCL Decorative Sleeves fornece as mangas, com impressão flexo a 5 cores sobre filme de OPS de 50 µm (micrometros). Para além da função de decoração, estas mangas têm também a função de indicador de ruptura (selo de inviolabilidade).
Dip & Squezze Há anos que surgiram unidoses de condimentos em embalagem semi-rígida, formada por um filme termoformado e uma película de fecho. Nos E.U.A., a H.J. Heinz lançou uma evolução dessa ideia, usando tecnologia Multivac. A saqueta tem dois modos de utilização. Pelo topo, a embalagem pode ser aberta para aplicação directa (squeeze). Na posição "deitada", a película de fecho pode ser removida, para que o consumidor mergulhe (dip) a batata frita no ketchup.
Dispensador para food service A Gyma, uma das grandes marcas francesas de condimentos (80 mil toneladas/ano), escolheu o dispensador RS30 da Rieke para a sua linha destinada ao segmento "food service". Neste caso, a Gyma manteve a sua embalagem de 6 kg, com a já conhecida silhueta de pássaro, mas mudou para o dispensador RS30. Este modelo de dispensador funciona de Nº 215 Out-Nov-Dez 2012
modo eficaz com produtos fluidos ou viscosos, ou mesmo produtos com pequenos pedaços. Além disso, é um dispensador robusto, projectado para utilização intensiva e prolongada, e que permite dispensar o produto em vários ângulos. Com volta e meia, o dispensador fica na posição "fechado" e permite o transporte seguro.
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packaging design
Filme compostável para chá A gama de chás orgânicos da marca Lebensbaum (Alemanha) está no mercado em saquetas fabricadas com filme de celulose NatureFlex™ NVR, fabricado pela Innovia Films (Reino Unido). A seu favor, este filme tem dois argumentos ambientais: a origem renovável e a compostabilidade. As saquetas podem ser descartadas com os resíduos orgânicos comuns, e decompõem-se quer em estações de compostagem industriais, quer em compostores domésticos. Ao longo do seu ciclo de vida, os filmes NatureFlex™ NVR mantêm as propriedades necessárias para a transformação - maleabilidade inerente, propriedades anti-estáticas, larga faixa de termo-selagem e para a função embalagem: alto brilho e transparência, resistência a gordura e óleo, boa barreira contra gases, aromas e óleos minerais.
Novo PP para baldes O novo grau de PP (polipropileno) Bormod™ BH381MO, da Borealis, foi formulado para a fabricação de baldes utilizados para colas, tintas, produtos alimentares, etc.. É um copolímero heterofásico, baseado na tecnologia de nucleação da Borealis, com propriedades acrescidas de fluidez e processabilidade, que permite reduzir a espessura e peso dos baldes, dada a maior resistência mecânica do produto final. Tem índice de fluidez de 35 (próximo dos 45 habituais em graus de PP) e um módulo de tensão de 1700 MPa (bem acima dos 150 MPa habituais em PP com fluidez 30). Estas características permitem baixar a temperatura de processamento, facilitam a moldação e desmoldação de peças mais complexas, e permitem reduzir o tempo de ciclo. O novo material foi testado em colaboração com a Wolf Plastics, fabricante austríaca de embalagens.
Frascos de rebuçados
PELBD para embalagem
Estão de volta os frascos de rebuçados, com abertura larga e posição inclinada a 45 ° no balcão. A imagem tradicional volta agora, mas em plástico. No Reino Unido, os rebuçados "Moments" da Thorntons , com a sua clássica apresentação em twist wrap, vão ter um promoção de Natal/fim-de-ano com os novos frascos fabricados pela RPC Containers Blackburn and Halstead. Para melhor imitar o aspecto do vidro, estes frascos de 600 g são fabricados em PET transparente,
para deixar brilhar as cores dos próprios rebuçados, como se exige na embalagem com funções de display. As etiquetas laterais são aplicadas em linha pelo fornecedor dos frascos. Também digno de nota é o empilhamento facilitado dos frascos durante o transporte e armazenagem, conseguido com o encaixe do topo na concavidade do fundo.
A Braskem anunciou o desenvolvimento de um novo grau de PELBD (polietileno linear de baixa densidade) para a produção de filmes de embalagem. O novo grau tem a referência LF1020/21AF e pode ser combinado com outros graus, incluindo metalocenos. 26
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Nº 215 Out-Nov-Dez 2012
packaging design
Airless até 1 kg A Rieke Dispensing aumentou a sua gama de dispensadores 'Airless', que passou a ter 14 tamanhos de embalagem, de 15 g até 1 kg, com opções de dosagem de 0,25 ml a 4 ml. A gama alargada oferece às marcas de produtos em creme, loção ou gel novas possibilidades, incluindo a criação de famílias de produtos. O mercado está receptivo a embalagens de pequeno formato com dispensadores, fáceis de transportar. É o caso das embalagens até 100 ml, aceites pelas actuais regras de segurança no transporte aéreo. A Rieke indica ainda que os seus dispensadores Airless HVDS garantem a evacuação até 98% mesmo de produtos com alta viscosidade.
Dermatológicos com dispensador Uma das mais conhecidas clínicas dermatológicas do Reino Unido tem a sua própria marca de produtos: sk:n. As embalagens são um bom exemplo de design para este sector. As novas embalagens foram criadas pela agência de design Pentagram e incluem o dispensador Magic SL da RPC Bramlage (Alemanha). Elementos principais deste design são o acabamento mate, o código de côr, o posicionamento preciso e idêntico da marca sk:n, e a linha
Como lançamento dos dispensadores HVDS para produtos de alta viscosidade, a Rieke Dispensing (Leicester, Reino Unido) tornou-se um dos fornecedores com maior variedade de dispensadores. A empresa garante que estes novos dispensadores permitem extrair até 98% do produto, evitando o desperdício. Os dispensadores são indicados para cremes dermatológicos e outros produtos farmacêuticos, mas também têm sido adoptados para produtos de cuidado pessoal, cosmética profissional, etc.. A gama Airless HVDS é formada por 14 tamanhos, de 15 g até 1 kg com opções de dosagem de 0,25 ml a 4 ml. Os dispensadores são fornecidos em conjunto com a embalagem, têm um sistema de válvula para bombear ar e um dispositivo que suga o produto que fica na ponta após a operação de dosagem. Não têm peças metálicas em contacto com o produto, e isolam o produto do contacto com o ar e a humidade, o que alarga a gama de produtos com os quais pode ser utilizado. Nº 215 Out-Nov-Dez 2012
dourada (estampagem a quente). O dispensador Magic SL proporciona o uso com uma só mão e fornece uma dose de 1 ml.
Beauty Bracelet A Jackel Cosmetics (Honk Kong) fornece soluções de packaging design para as marcas de produtos de cosmética. Para além do desenvolvimento próprio (design, prototipagem, etc.), aproveita as capacidades de uma rede de fabricantes de embalagens e tem escritórios de vendas em vários continentes. Uma das ideias lançadas por esta empresa é a Beauty Bracelet, um baton ajustado a um tubo de silicone que se pode transportar e usar como uma pulseira. Com várias cores, este acessório pode ser ajustado ao vestuário. O baton também pode mudar, consoante a ocasião ou estado de humor.
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packaging design
Isotónica
em spray A Colep recebeu um prémio da BAMA, A Associação Britânica dos Fabricantes de Aerossóis pelo desenvolvimento da embalagem para a bebida isotónica "Turbo Tango" da Britvic plc.. O prémio refere-se à categoria "economia e sustentabilidade" e distingue uma embalagem plástica com uma válvula pulverizadora. A Colep (Vale de Cambra, Portugal) desenvolveu a embalagem e o equipamento necessário para o enchimento e aplicação da válvula. A bebida em causa é um refrigerante isotónico de laranja em espuma aerossol, uma nova apresentação destinada a criar novas sensações no acto de consumo.
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Nº 215 Out-Nov-Dez 2012
embalagem de vidro
Sagres
renova embalagem
A Sociedade Central de Cervejas (SCC) renovou o design das garrafas de 20, 25 e 33 cl da cerveja Sagres. O projecto foi confiado à Verallia Portugal (Saint Gobain Mondego), que desenvolveu os novos modelos sob o conceito ECOVA, que associa o design "amigo do ambiente" (vidro leve, 100% reciclável) com a percepção de valor para os consumidores. As novas garrafas mantêm o formato 'long neck', introduzido pela SCC em 2003, abandonando o formato 'granada' que foi a imagem da marca Sagres durante 56 anos. O formato 'long neck' é mais elegante e alinhado com o design predominante nas marcas europeias de cerveja. É considerado como um dos standards da indústria cervejeira. No entanto, as variações de design, quer ao nível da garrafa, quer no formato e impressão dos rótulos, permitem distinguir as marcas. O redesenho de 2012, surge no âmbito de uma nova imagem da marca Sagres. Antes de introduzir a garrafa bojuda ('granada') em 1947, a SCC utilizou uma garrafa 'long neck'.
Transparente azulado para
Códigos QR Os cartões dos packs da cerveja Sagres passaram a incluir códigos QR (Quick Response), que permitem aos consumidores aceder a conteúdos on line através de 'smartphones'. Aproveitando a tendência para a comunicação on line, os códigos QR são uma das formas alternativas de ampliar a comunicação com os consumidores, com objectivos de satisfação e fidelização dos consumidores. A Sagres foi a primeira marca portuguesa a apostar nos códigos QR.
Vinho Verde
A Verallia Portugal começou a produzir as garrafas de vidro em tom transparente azulado para a Aveleda, líder da produção e engarrafamento de Vinho Verde. A Aveleda é uma empresa familiar com uma longa tradição: remonta a 1870 e ainda se mantém sob a propriedade e gestão da família Guedes. O Vinho Verde 'Casal Garcia' é a principal marca da Aveleda e é conhecido em mais de 60 países. As garrafas de vidro transparentes e azuladas vão bem com este vinho que deve ser servido frio e com o rótulo de côr azul da marca 'Casal Garcia'. A Verallia Portugal, com fábrica na Fontela, Figueira da Foz, é parte da Verallia, a actividade de produção de embalagens de vidro do grupo Saint Gobain.
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etiquetagem e codificação
Etiquetas: explorar a vertente ambiental A melhoria do desempenho ambiental é uma preocupação de todas as indústrias e um argumento de venda. A indústria das etiquetas não foge à regra e os principais fornecedores já começaram a explorar a vertente ambiental. Cada vez mais o desempenho ambiental é associado a vantagens económicas reais para os utilizadores. Quando uma indústria avalia o seu desempenho ambiental e procura apurar indicadores como as emissões de carbono, todos os detalhes contam. Os materiais utilizados das etiquetas, incluindo os papéis, os adesivos e as tintas, começam a ser analisados de um ponto de vista mais completo: não basta serem mais eficazes, não basta serem mais baratos, é preciso que tenham um contributo positivo para a melhoria dos indicadores ambientais da empresa. O primeiro tópico a explorar é a redução da quantidade de material, que, no caso dos papéis, está associada à característica da gramagem. Por ínfima que pareça, qualquer redução pode ter relevância nos custos, sejam eles os custos de aquisição do próprio material ou os custos com as contribuições "ponto verde". A este respeito, convém recordar que o peso da etiqueta ou rótulo deve ser contabilizado no peso global da embalagem que serve de base à tabela "ponto verde". A tabela está estabelecida por peso e por material e o que conta é o "material predominante". Isto significa que uma etiqueta de papel colocada numa embalagem de plástico implica um custo "ponto verde" como se fosse de plástico. Os utilizadores de etiquetas e rótulos devem começar por verificar com os seus fornecedores as possibilidades de redução de gramagem, verificação esta que inclui a compatibilidade com as máquinas aplicadoras nas linhas de embalagem. Na feira Labelexpo 2011, a Idempapers (Bélgica) apresentou um novo papel para auto-adesivos, com 70 g/m2, mas "com características 30
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físicas e mecânicas muito comparáveis, senão mesmo superiores, aos suportes standard de 80 g/m2" disponíveis no mercado. Outra possibilidade é a de reduzir ou alterar o material de suporte das etiquetas auto-adesivas, designado 'liner' ou 'release paper'. O papel de suporte esgota a sua função até à máquina aplicadora. Até aí, contribui para o custo do material (papel auto-adesivo) e para o custo de transporte. A partir daí, passa a ter impacto nos custos de gestão de resíduos. Não é fácil reduzir a espessura do papel de suporte, dado que ele tem que suportar a operação de corte das etiquetas, sem quebras. Para ultrapassar esta limitação, a Avery Dennison desenvolveu uma solução em que as etiquetas são recortadas depois de separadas do 'liner' e novamente coladas ao liner! O processo patenteado pode correr numa máquina Gallus e graças a esta sequência de delaminação-corte-relaminação, o liner pode ter uma espessura muito mais reduzida. Com efeito, o 'liner' ThinStream™ é um filme plástico (PET), com espessura de 12 micrometros, com dois atractivos: 17 % de etiquetas por rolo e menos 40% de resíduos na utilização. Também na área dos adesivos se regista uma tendência para procurar alternativas, quer em termos de eficiência ou rendimento (menos adesivo por área), quer em termos de substituição de origens petroquímicas por origens vegetais. A Henkel lançou no mercado os adesivos termo-fusíveis Technomelt PS8484 baseados em óleo de palma, destinados ao fabrico de auto-adesivos. A Herma, por seu turno, inclui na sua gama os adesivos Bio Tak, produzidos a partir de amido de milho, e com a característica da compostabilidade segundo a norma EN 13432. As tintas de impressão têm menor incidência nas contas do "perfil
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ambiental" das embalagens, dado o seu reduzido contributo em termos de peso (cerca de 5% do peso da embalagem), mas nem por isso elas podem ser ignoradas na "equação ambiental". O problema aqui não está propriamente no "peso" ou "gramagem" mas em aspectos como: as substâncias presentes nas formulações, os compostos orgânicos voláteis, o grau de dificuldade que a "carga" de impressão acarreta para os processos de reciclagem, a energia necessária para a secagem da tinta, etc.
Etiquetas sem BPA A Autoridade Europeia de Segurança Alimentar considerou que os teores de BPA (bisfenol A) nas etiquetas térmicas não acarretam risco para a saúde humana. No entanto, a possibilidade de afirmar (e comprovar) que um produto é apresentado sem qualquer teor de BPA é uma vantagem para qualquer empresa. A UPM Raflatac, um dos maiores fabricantes de papéis auto-adesivos, anunciou a disponibilidade de papéis totalmente isentos de BPA, incluindo papéis térmicos frontais.
Liners para reciclar Os papéis de suporte são considerados desperdício, quer na transformação e impressão, quer na utilização de etiquetas auto-adesivas. O revestimento do papel de suporte não facilita a reciclagem do mesmo, mas existem soluções. A UPM Raflatac lançou em 2007 o programa RafCycle® que recupera os desperdícios das operações de revestimento e aparamento, da impressão e corte e da aplicação final. Os materiais recuperados têm três destinos finais: um material compósito (madeira e plástico) designado UPM ProFi® utilizado para pavimentos e revestimento de fachadas, o fabrico de papéis e a produção de energia. O UPM ProFi® é fabricado na Finlândia e na Alemanha e distribuído por toda a Europa como substituto da madeira. Nº 215 Out-Nov-Dez 2012
etiquetagem e codificação Markem-Imaje
ink jet amigo do ambiente A Imaje foi uma das primeiras empresas no negócio dos equipamentos e consumíveis de codificação a assegurar um serviço de recolha de embalagens de tinta. A tendência actual é para prevenir em vez de remediar. A impressora de jacto de tinta 9232, recente no portefólio da Markem-Imaje vai mais longe em termos de desempenho ambiental. O sistema de tinta foi projectado para produzir menos resíduos. Desde logo, o mesmo tinteiro, com a mesma capacidade, pode imprimir mais 25% de caracteres, o que significa uma maior duração do tinteiro, com a consequente economia de custos e menor geração de resíduos. A cabeça de impressão tem construção modular, o que significa que a reparação pode ser feita substituindo apenas as peças estritamente necessárias. O circuito de tinta da nova impressora 9232 integra um condensador Peltier que recupera os vapores
do aditivo que faz parte da tinta, reinjectando-os no sistema. Graças a esta funcionalidade, o consumo de aditivo é reduzido em cerca de 45% e a codificação tem menos emissões de COVs. Como qualquer outro equipamento, a impressora tem um fim-de-vida, em que se irá colocar a questão do destino dos materiais. A nova impressora é mais compacta que os modelos precedentes. O armário exterior da impressora é de aço inoxidável, um material nobre para reciclagem. As embalagens de tinta são fabricadas em plástico mono-material e mono-camada, para facilitar a reciclagem. Em termos globais, 80% dos materiais de
R-IML®
Etiqueta IML removível! A Systems Labelling, fabricante de etiquetas com três locais de produção no Reino Unido, está na origem do mais recente desenvolvimento na aplicação de PP (polipropileno) reciclado. O PP tem vindo a ser cada vez mais utilizado no sector da embalagem, lado a lado com o PEAD (polietileno de alta densidade) e o PET (politereftalato de etileno). Ao contrário do que sucede com as garrafas de bebidas e de leite, o PP é utilizado com grande diversidade de cores, o que constitui um obstáculo à reciclagem. O mesmo sucede com as embalagens de paredes finas produzidas por injecção, tipicamente usadas para produtos alimentares em creme, tais como queijos e outros lácteos, assim como diversos produtos não alimenNº 215 Out-Nov-Dez 2012
que é composta esta impressora são recicláveis. O funcionamento, e especialmente o novo circuito de tinta, permitem uma redução do consumo de energia. Não menos relevante é a gama de tintas 9660, isentas de MEK (metilo-etilo-acetona). Várias empresas que gerem linhas de produção, montagem e embalagem, já adoptaram procedimentos de medição da "pegada de carbono" das suas operações. O desempenho ambiental dos sistemas de codificação por jacto de tinta pode contribuir para os objectivos de redução das emissões. Para ver esta impressora em acção, clicar no ícone ao lado ou na imagem acima. Para mais informação, clicar no ícone azul.
Reveja o que sabe sobre rotulagem no molde (IML). As etiquetas aplicadas no molde continuam a aderir perfeitamente à superfície da embalagem. Mas agora também podem ser removidas!
tares. Tipicamente, estas embalagens têm uma tampa decorada com rótulo IML, isto é, aplicado no próprio processo de moldação por injecção. A diversidade de cores do PP e as cores do próprio rótulo fazem com que os reciclados de PP tenham a típica cor negra ou cinzenta. A indústria utilizadora tem um reduzido incentivo para substituir PP virgem por estes reciclados. A solução desenvolvida pela Systems Labelling e registada sob a marca R-IML®, é uma etiqueta aplicada no processo de injecção mas fácil de remover no processo de reciclagem ou pelo próprio consumidor. As novas etiquetas não implicam qualquer alteração dos proces-
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sos de moldação IML existentes. Não afecta o tempo de ciclo nem a temperatura do processo. Por poutro lado, a possibilidade de remover o rótulo ou etiqueta significa que se pode personalizar uma embalagem de PP transparente sem dificultar a sua reciclagem. Uma vez removidos os rótulos, o PP reciclado tem cor uniforme, tem mais procura e…mais valor. índice
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etiquetagem e codificação
Etiquetas
"Diz-me o que vestes, dir-te-ei quem és". A etiqueta que veste a garrafa é o primeiro sinal do produto e da marca.
em Estanho
Thierry Van den Bosch pegou nesta ideia e criou uma pequena empresa em Augignac (centro de França) para fabricar etiquetas auto-adesivas de estanho destinadas a decorar garrafas de vinhos, bebidas espirituosas e outros produtos. A Applic'Étains começou a aparecer nas feiras internacionais e rapidamente se transformou numa
empresa exportadora (mais de 85% da sua produção). Agora reivindica o 1º lugar na produção de etiquetas de estanho. A etiqueta em estanho dá à garrafa uma aparência clássica, antiga, nobre, e distingue o produto. As etiquetas de estanho podem ter relevo (espessura variável, positivo, negativo), com a opção de ostentar a côr natural do estanho ou de ter uma coloração ("patine") escolhida pelo cliente. Podem ser fornecidas em bobina, para permitir a aplicação com máquinas automáticas. Recentemente, a Applic'Étains apresentou outra novidade: as etiquetas auto-adesivas em couro, mais uma alternativa para personalização de embalagens.
Novos adesivos para embalagem A Henkel e a DaniMer Scientific, especialista em biomateriais, estabeleceram uma parceria para o desenvolvimento de adesivos termofusíveis (hot melts) para aplicações de embalagem, incluindo a rotulagem. O acordo visa preparar a oferta para o cenário de aumento da procura de soluções de embalagem baseadas em bio-materiais. A DaniMer tem sede em Bainbridge (Geórgia, EUA). 32
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etiquetagem e codificação
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índice
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logística e distribuição
O retalho europeu e a questão da
sensibilidade aos preços Com mais de 120 milhões de pessoas a viver com menos de 1000 €€ por mês, o retalho europeu enfrenta desafios sem precedentes em termos de eficiência de preços. Os consumidores europeus - mesmo os que têm rendimentos acima daquele valor - tornaram-se mais sensíveis aos preços. A primeira reacção dos retalhistas tende a usar os meios habituais para defender as vendas, as margens e as quotas de mercado. As guerras de preços e de descontos surgem como inevitáveis neste cenário. No entanto, as tácticas convencionais acabam por deixar tudo na mesma. Apenas adiam as soluções e com o clima das negociações entre retalhistas e fornecedores mais nublado, as soluções tornam-se mais difíceis de encontrar.
Jan Zijderveld, Presidente da Unilever Europe, referiu-se à eficiência com estas palavras: "como podemos transformar a experiência de compras? Esse é um tópico sobre o qual devemos pensar como um todo, como uma indústria. A segunda área é a eficiência na nossa indústria: se olharmos para os exemplos de disponibilidade na prateleira, transporte, resíduos, encontramos motivos de encorajamento. A única coisa que provavelmente fizémos foi colocar a fasquia dos nossos objectivos a um nível demasiado baixo, porque há outras coisas interessantes a acontecer". As oportunidades de eficiência podem ser encorajadoras, mas a eficiência é uma questão técnica, não uma decisão de gestão. A tarefa de cortar custos é actualmente mais fácil que a tentativa de aumentar os preços. Mas os cortes simples e cegos na cadeia de fornecimento podem ser algo diferente e em vez de um conjunto de ganhos de eficiência, o que se arrisca é a 'chinesização' da cadeia de fornecimento...
Foto: Marco Michelini
Segundo os especialistas e analistas, a única táctica eficaz para lidar com a questão da sensibilidade aos preços consiste em explorar as oportunidades de eficiência ao longo de toda a cadeia de fornecimento. A colaboração, lado a lado com a 'era digital' e a sustentabilidade, foram os principais tópicos da 16ª Conferência ECR, realizada em Bruxelas, em Maio deste ano. Segundo Laurent Freixe, CEO e Vice-Presidente Executivo da Nestlé Europe, "a colaboração é um factor decisivo se apostarmos nela com uma perspectiva de longo prazo, se a encararmos de uma ponta a outra. Há muito a fazer pelo nosso lado, mas se quisermos as necessidades dos consumidores, fa-lo-emos muito melhor se o fizermos em parceria"
Para além da unanimidade nas percepções e declarações, os detalhes práticos da colaboração são difíceis de estabelecer. Os detentores das marcas querem manter a visibilidade das suas marcas. Os retalhistas têm uma opinião diferente e quando falam de colaboração, estão a pensar nas marcas próprias. Durante a 16ª Conferência ECR, Sander van der Laan, COO da Ahold Europe, sublinhou que as marcas próprias têm vantagem sobre as marcas, na medida em que os retalhistas podem envolver-se num planeamento de longo prazo, por exemplo, no que toca a promoções. "Os factores decisivos para o sucesso das parcerias relacionadas com as nossas marcas próprias é a colaboração de longo prazo, a dedicação e a exclusividade recíproca" - disse.
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De um modo ou de outro, os detentores de marcas terão que decidir. Thomas Hübner, director executivo da Carrefour acredita que "os próximos cinco anos serão os mais difíceis desde a 2ª Guerra Mundial ou mesmo desde antes. São também uma grande oportunidade para tomar balanço, mas isso vai levar tempo". Quanto tempo, ninguém, sabe.
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CHEP
expande na Europa de Leste A Procter & Gamble (P&G) optou pelo sistema de gestão de paletes da CHEP para as suas operações logísticas em sete países da Europa de Leste: Bulgária, Roménia, Croácia, Sérvia e os três estados bálticos da Estónia, Letónia e Lituânia. A P&G é a maior empresa mundial de bens de consumo embalados. As operações logísticas nos referidos países envolvem cerca de 2 milhões de fluxos de paletes. A CHEP, que presta serviços de "pooling" de paletes à P&G há vários anos, tem operações na Europa
Central e de Leste desde 1998, proporcionando um crescimento na casa dos dois dígitos ao longo de cinco anos, até 30 de Junho de 2012. Antes da expansão de Novembro de 2011, a CHEP Europa Central e de Leste tinha já operações na República Checa, Hungria, Grécia, Polónia, Eslováquia, Eslovénia e Turquia. Rodney Francis, Presidente, CHEP Europa Central e de Leste, afirmou: “As empresas multinacionais tomaram
a decisão de avançarem as operações para a Europa Central e de Leste utilizando um sistema de gestão de paletes da CHEP, que responde às suas necessidades de eficiências operacionais e redução de custos de forma ecológica. Muitas destas empresas optaram pela CHEP depois de lutar contra as ineficiências e elevados custos inerentes ao sistema de troca de paletes brancas.”
Desafios no sector da logística
Foto: Tuger Akkaya
As empresas e profissionais da logística estão - ou pelo menos devem estar - habituados a ter e lidar com "planos de contingência". Nas economias europeias, esta regra ganhou importância. Tempestades, greves, despedimentos, insolvências de clientes, etc. - são contingências cuja probabilidade aumentou, lado a
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lado com a escalada incontrolada dos custos dos combustíveis e da energia. As empresas do sector da logística que não tiverem planos arriscam seriamente a ser…parte da contingência. A segunda tendência é para a alteração da carteira de clientes, fruto da redução das encomendas forçada pela recessão, e pelo consequente acréscimo de concorrência. Os clientes mais apetecíveis (empresas exportadoras em expansão de negócios) serão os mais difíceis de conquistar e manter. A procura de eficiências (desde a energia às tecnologias da informação) é decisiva no sector, a par da
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ampliação dos serviços. Logística é mais do que transporte e armazém. Associado a este tópico está um dos paradoxos da logística: cumprir as exigências legais de transparência das cadeias de fornecimento e respeitar a confidencialidade dos dados dos clientes.
Infor SCE 10.2 O software de gestão logística SCE (Supply Chain Execution), na nova versão 10.2 inclui uma App móvel (”Warehouse Director”), novas funcionalidades como activação por voz, métricas visuais e integração ION para ERP.
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máquinas
Motor DRU IE4 o Melhor da sua Classe Depois de ter dado provas com motores das classes IE1, IE2 e IE3, o sistema modular de motores DR foi expandido com o lançamento do motor DRU, que supera os requisitos da norma IEC 60034T30 para a mais elevada classe de eficiência IE4 (Eficiência Super Premium). Graças à tecnologia de ímanes permanentes LSPM (line start permanent magnet motor), o motor DRU pode ser operado a partir do conversor de frequência ou ligado directamente à alimentação eléctrica. Apresenta o máximo das suas capacidades de economia de energia em funcionamento contínuo como, por exemplo, no accionamento de bombas. O design baseia-se no motor assíncrono com rotor em curto-circuito com ímanes permanentes adicionais. Esta “tecnologia dupla” reduz ainda mais as perdas resultantes de escorregamento. Deste modo, a tecnologia LSPM combina a robustez dos motores assíncronos com as baixas perdas dos motores síncronos. A série DRU está disponível na versão de 4 pólos, com potência de 0.18 a 2.2 kW e tamanhos 71 a 100. Foi projectada para alimentação a 50 Hz, estando em desenvolvimento a versão para 60 Hz. A SEW-EURODRIVE disponibiliza motores com eficiência energética elevada desde 2002. Estes motores têm
rotores de cobre, em vez dos convencionais rotores de alumínio. A solução modular do motor DR permite milhões de combinações de accionamentos, aplicáveis a nível mundial. Seja qual for a classe de eficiência energética requerida, os motores CA da SEW-EURODRIVE estão disponíveis com todas as opções e configurações. Conceito modular do Motor DR Os motores standard e eficientes são combináveis no mesmo sistema modular, de acordo com um princípio simples.
OPTIMA
Linhas completas para enchimento e embalagem de aditivos líquidos A Optima apresentou na feira FachPack (25 a 27 de Setembro, Nuremberga, Alemanha), uma linha completa para enchimento de aditivos líquidos naturais utilizados nas indústrias de bebidas. A linha, construída para a Erbslöh AG, funciona com embalagens de secção redonda ou quadrada e capacidades entre 50 ml e 1000 ml. Inclui as operações de enchimento e fecho em condição de assépsia, e controlo por pesagem. Inclui também sistema CIP automático e sistema de aquisição e transmissão de dados de produção. Para as operações subsequentes, a Optima fornece a encartonadora CMF, que inclui, para além da operação de pick-and-place dos produtos nas caixas de cartolina, dispositivos de mudança automática 36
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de formato, marcação de relevos e ainda, como componentes adicionais, a inserção de folhetos ou
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unidade aplicadora de etiquetas. A cadência pode ir até às 200 caixas por minuto. Nº 215 Out-Nov-Dez 2012
Motores para 50 Hz Baseado no motor standard (ou IE1), o motor eficiente (Eficiência Elevada ou IE2) para a mesma potência é realizado num motor com um tamanho acima do motor standard. Um motor de Eficiência Premium (IE3) tem dois tamanhos acima. No tamanho 200L, os motores standard (IE1) e Eficiência Elevada (IE2) são disponibilizados no mesmo tamanho e os motores de Eficiência Premium (IE3) da mesma potência têm, por conseguinte, apenas um tamanho acima. Motores para 60 Hz Os accionamentos para países com frequência de 60 Hz podem agora beneficiar de uma vantagem. As novas variantes IE2 e IE3 dos motores são realizadas no mesmo tamanho. Os níveis de eficiência dos motores DR estão conformes com as normas internacionais e em muitos casos superam os requisitos exigidos. A conformidade mundial é de enorme importância para os construtores de máquinas que exportam para várias partes do mundo. Na designação dos motores DR, a 3ª letra identifica o nível de eficiência: DRS para standard (IE1), DRE para Eficiência Elevada (IE2), DRP para Eficiência Premium (IE3), DRU para Eficiência Super Premium (IE4).
Torninova
Filme bolha de ar sem rolo A Torninova (Itália) apresentou na feira PLAST a primeira solução para produção de filmes bolha-de-ar com bobinas sem rolo de cartão ou plástico, integrada na linha de extrusão. O sistema CORELESS processa filmes barreira co-extrudidos de 30 g/m2 com 200, 100, 50 e 20 m (minibobinas), com velocidade até 100 m/minuto.
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máquinas Bosch
Novas soluções de embalagem para alimentos líquidos A Anuga FoodTec (Colónia, Alemanha, 27 a 30 de Março) foi a oportunidades escolhida pela Bosch Packaging Technology para apresentar dois novos conceitos de enchimento: a embalagem SurePOUCH e a máquina TFC - Thermoforming - clean-fill. A reputação da Bosch está mais do que firmada em segmentos de mercado como a indústria farmacêutica, a cosmética e a confeitaria. Na última década, a empresa explorou o potencial de aplicação de cada tecnologia noutros sectores, investiu em aquisições e reforçou a capacidade de desenvolvimento próprio. A entrada no mercado das tecnologias de embalagem para alimentos líquidos era inevitável e foi assumida pela Bosch na sua habitual conferência de imprensa durante a Interpack. A Anuga FoodTec foi, por conseguinte, a confirmação com as máquinas à vista.
quantidade de material de embalagem e o formato standup garante melhor exposição em prateleira. É uma embalagem de abertura fácil, com tampa de rosca, mas, para melhor higiene no processo, o enchimento faz-se na própria bolsa e não pela abertura de rosca. O conjunto bico-rosta é soldado ao material de embalagem por ultrassons e não há contacto entre o produto e o bico senão depois da abertura pelo consumidor. A SurePOUCH é uma alternativa directa às embalagens de cartão, com a vantagem de ser bem mais fácil e prática de compactar e dobrar depois do uso. Isto significa que é tão prática antes como depois do consumo.
TFC A máquina TFC é uma novidade no portefólio de máquinas de formar e encher da Bosch. Actualmente, a Bosch tem uma gama de máquinas de termoformagem que correspondem aos requisitos de higiene de indústrias de natas, sobremesas e alimentos para crianças. A nova tecnologia TFC estende a gama às aplicações de enchimento de produtos frescos, produtos que requerem mais tempo de vida útil, tais como iogurtes e sobremesas, e ainda monodoses para manteiga, margarina, condimentos e café. É também indicada para enchimento a frio ou a quente de refeições prontas e alimentos para animais.
SurePOUCH A nova embalagem SurePOUCH é uma saqueta flexível com fundo plano que assegura a posição vertical. A opção flexível reduz a
Sacmi
Propostas para o sector dos lacticínios O grupo Sacmi criou uma nova divisão dedicada ao sector do leite e lacticínios. O objectivo é apresentar um leque completo de equipamentos que inclui a produção de embalagens pelo processo CBF (compression blow forming, moldação por compressão sopro), os sistemas FFS (form-fill-seal, formação-enchimento-fecho) da marca Benco Pack e também os sistemas de rotulagem com filme retráctil. A nova divisão lacticínios marcou presença na feira Anuga FoodTec, de 27 a 30 de Março. Em destaque esteve a 38
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versão renovada da linha FFS, que produz, enche, rotula e fecha embalagens de iogurte termoformadas a partir de folha plástica. A máquina pode produzir embalagens de várias capacidades, entre 250 e 500 g opera em modo totalmente automático, sem necessidade
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de mais do que um operador. Uma das principais novidades nesta linha é o sistema ISA (integrated sleeve applicator, aplicador de mangas integrado), um dispositivo patenteado pela Sacmi capaz de assegurar cadências até às 30 mil embalagens por hora. Quanto ao sistema CBF, a evolução técnica faz com que este sistema possa produzir vários formatos de embalagens, incluindo garrafas. Nº 215 Out-Nov-Dez 2012
mercado máquinas e materiais de embalagem
embalagem de plástico
etiquetas
embalagem de metálica
software
cartão canelado
caixas e paletes de madeira
plásticos reciclados
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