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o desafio de estar conectado

O DESAFIO DE ESTAR CONECTADO por Dhiego Almeida

Não tenho como saber qual mídia social você utiliza, quais pessoas você segue ou curte, mas tenho uma certeza, algum conteúdo, informação, post, vídeo, áudio ou imagem já chegou até você. Mesmo fora dessa temporada de isolamento social, a realidade da participação das mídias sociais em nossa rotina já estava bem definida, mas e agora com a impossibilidade de encontros físicos, como devemos lidar com a nossa presença digital e, até mesmo, do que precisamos participar.

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Gosto sempre de usar a analogia de círculos de conversa quando tratamos de conteúdo na internet. Alguém produz o conteúdo, em qualquer que seja o formato, e o restante dos participantes desta conversa continua a discussão entre si. Mesmo aqueles que só assistem sem comentar ou curtir deixam um rastro métrico que interfere no resultado destas conversas. Cada produtor de conteúdo olha para o resultado através de métricas bem definidas e apresentadas por cada uma das plataformas e descobre a efetividade da sua produção. Pegando o exemplo do YouTube, em 48 horas já dá para entender bem o desempenho do que foi colocado à disposição e se o público entrou na sua conversa ou não.

Contudo, o que isso tem a ver com a maioria de nós que apenas utilizamos as mídias para fins pessoais? E nós que não somos produtores de conteúdo? Na verdade, e que isso fique bem claro aqui, todos somos produtores de conteúdo, até mesmo quando você apenas posta uma foto do seu pet e, inconscientemente ou não, todos nós ficamos felizes quando ganhamos curtidas dos amigos

virtuais ou mesmo quando recebemos um comentário de elogio. Isso mexe com a gente e reafirma que acertamos, o que nos leva a repetir a dose e tentar, mais uma ou várias vezes, sermos o centro das rodas de conversa.

Não há problema nenhum nisso, pelo menos não inicialmente, entretanto, como fica nosso ego quando fazemos algo e ninguém interage conosco? Será que tem alguém, fora os loucos das esquinas, que se dá por satisfeito em falar e ninguém dar ouvidos? Acredito que não, pois todos nós temos uma fome inerente de afeto e atenção. Então, tentamos acertar e, quando acertamos, repetimos e, quando repetimos por muito tempo, reduzimos a nossa personalidade a uma personagem, alguém pelo qual o público é atraído, que não precisa ser o todo, mas apenas aquela parte que “deu certo” nas mídias.

Nada disso é muito diferente da vida normal. Publicamente temos posturas e posicionamentos diferentes dos que temos na intimidade, só que no mundo da internet não temos espaço para captar as pequenas dicas e trejeitos que nos revelam quem realmente somos. A edição do conteúdo nos rouba a possibilidade de ler mais do que está sendo mostrado nas linhas principais, tornando as relações ainda mais superficiais, menos humanas e mais frágeis.

Que bom que temos a chance de nos encontrar virtualmente, que maravilha é a tecnologia que nos permite ver e ser vistos, mas que sejamos conscientes sobre a nossa realidade, que possamos aceitar que não precisamos agradar, nem mesmo a massa, nem mesmo um indivíduo, que sejamos honestos e verdadeiros com nós mesmos. Assim, teremos algo relevante para compartilhar e, se não ganhar um “like”, tudo bem. Vida que segue.

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