Revista Fale Mais Sobre Isso - 7ª edição

Page 1

Edição 07 - Distribuição Gratuita - Assinaturas: falemaissobreisso.com.br

O Psicólogo a serviço da Criatividade

Pág. 05

Falsas memórias

Pág. 11



Dos leitores

(...) Inclusive hoje houve um debate na minha sala de aula, e falei sobre a pesquisa divulgada nas primeiras páginas da Fale Mais Sobre Isso, sobre a Homossexualidade! Achei muito boa a pesquisa, e indiquei a página de vocês no Facebook a minha turma que disse que iria curtir para receber as informações de vocês! Aline Poucas iniciativas foram tão corajosas e importantes para a divulgação do trabalho do psicólogo para o público leigo. Em tempos de Ato Médico, a revista distribuída por toda a cidade de Uberlândia e região ajudou a esclarecer, desmistificar , desmitificar nosso trabalho e motivar as pessoas a buscarem a ajuda e a valorizarem a atuação dos psicólogos(...) Se quisermos contribuir com uma proposta concreta que cumpra esses objetivos, devemos apoiar essa projeto. A hora é agora. Como disse Drummond: “...O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas...” Pablo Não conheço outra categoria profissional que tenha uma revista totalmente voltada para os benefícios da profissão como essa. Vocês, Psicólogos, estão de parabéns! João Carlos Sou Psicóloga aposentada e fico extremamente feliz por ver uma Revista esclarecendo o que agente faz, e, no meu caso, o que eu fazia. Há décadas atrás uma revista assim teria nos ajudado muito na luta contra os preconceitos em relação à nossa profissão, preconceito que, como todos, é fruto da ignorância, do desconhecimento. (...) Concordo com o que a Revista sempre diz: conhecimentos salvam vidas, devemos divulgá-los. Maria Rita

Expediente Coordenador - Leonardo Abrão Diagramação e Arte - Osvaldo Guimarães Contato comercial: (34) 9966-1835 (34) 9221-6622 revistafalemaissobreisso@yahoo.com.br Fale Mais Sobre Isso

Leonardo Abrão Psicólogo - CRP 36.232/04

Editorial Nunca, na história da humanidade, o número de pessoas e de veículos de comunicação interessados nos assuntos relacionados ao psiquismo dos indivíduos foi tão grande. Doenças psicossomáticas, transtornos alimentares, comportamentos compulsivos, desequilíbrios emocionais, fobias, angústias, depressões, ansiedades e estresses são assuntos que estão na ordem do dia, sendo discutidos, debatidos e esclarecidos por profissionais da Saúde Mental, notadamente os Psicólogos. Além desses assuntos, outros tantos também ligados aos conhecimentos, competências e habilidades profissionais dos Psicólogos não saem dos noticiários, como, por exemplo, a violência no trânsito, o bullying nas escolas, a qualidade de vida das pessoas, o clima organizacional das empresas e o comportamentos dos indivíduos. Indiscutivelmente, o século XXI é o século do conhecimento e, em especial, do conhecimento sobre o psiquismo humano. A Fale Mais Sobre Isso quer contribuir com esse importante movimento levando informações de qualidade às pessoas. Informações sobre as Psicologias e as Psicoterapias, focando, principalmente, nas experiências relatadas dos indivíduos que encontraram nestas últimas um alento ou um encaminhamento para as suas questões. Como sempre falamos, “conhecimentos salvam vida – devemos divulgá-los”. Com certeza, uma hora as informações certas chegam às pessoas certas – e, mais certamente ainda, muito poderá ser feito em prol da Saúde Mental de todos. Portanto, falemos muito sobre isso. A nossa responsabilidade é grande.

Conhecimento é o antídoto do medo R. W. Emerson

Saber é compreendermos as coisas que mais nos convém. (Nietzsche)

Gosto muito de ler as postagens da Fale Mais Sobre Isso no Facebook e as matérias na revista impressa. Agora que posso assiná-la e receber 05 exemplares por mês, farei a assinatura para recebê-la em casa e distribuir alguns exemplares entre parentes e conhecidos. Todos precisam ler sobre Saúde Mental! Jéssica

www.falemaissobreisso.com.br A Psicologia, as ciências Psi e todas as ciências e práticas ligadas ao universo da Saúde Mental mudam e salvam vidas. Nosso objetivo é, democraticamente, falar mais sobre isso e divulgar ao máximo os profissionais dessas áreas. Dessa forma, todo o conteúdo da Revista Fale Mais Sobre Isso nos ajudará nessa tarefa – assim como os debates, as conversas, as controvérsias e a muito bem vinda participação dos leitores. Leia-nos. Escreva-nos. Sua participação nos felicita e engrandece!

3


Notícia

Tecnoestresse causa ansiedade e depressão em jovens

Psi’s

Annette Schwartsman

Pesquisar no Google, mandar um torpedo pelo celular e postar fotos no Facebook são algumas atividades que crianças e adolescentes são capazes de executar --todas praticamente ao mesmo tempo. Até aí, nada de surpreendente, afinal estamos falando dos nativos da “geração digital” para quem o e-mail já é uma antiguidade. Mas nem mesmo esses seres multitarefa passam incólumes por tanta conectividade. O impacto dessa avalanche se reflete não apenas em aumento de riscos para a segurança dos jovens, como também pode afetar seu desenvolvimento social e psicológico. Ao lado de ameaças que são velhas conhecidas, como pedofilia e obesidade, surgem outras: ciberbullying, “sexting”, “grooming” e tecnoestresse. O tal do tecnoestresse é causado pelo uso excessivo da tecnologia e provoca dificuldade de concentração e ansiedade. O jovem tecnoestressado também pode tornar-se agressivo ao ficar longe do computador. Segundo o neurologista pediátrico Eduardo Jorge, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pesquisas já associam overdose de tecnologia com problemas neurológicos e psiquiátricos. “Estão aumentando os casos de doenças relacionadas ao isolamento. A depressão é a que mais cresce.” O neurologista também diz que há uma incidência maior do transtorno de deficit de atenção entre adolescentes aficionados por computador. “Não é fácil de diagnosticar. Os pais não acham que o filho tem dificuldade de concentração porque ele fica parado no computador.” IMPACTO SOCIAL Para o pediatra americano Michael Rich, professor de Harvard, o impacto das

4

mídias digitais tem efeitos de ordem física e social. “Do ponto de vista da saúde, o principal risco é o da obesidade; do social, quanto mais conectados, mais isolados os jovens ficam. É comum ver casais de mãos dadas e falando ao celular com outras pessoas.” Opinião parecida tem o psicólogo Cristiano Nabuco, da USP. Segundo ele, a tecnologia invadiu tanto o cotidiano que as pessoas se perdem no seu uso. “É mais preocupante em crianças e adolescentes porque nessa faixa etária o cérebro ainda não exerce plenamente a função de controle de impulsos”, diz. A internet arrebata ainda mais dependentes quando se torna móvel: estatísticas internacionais apontam que 20% da população mundial de usuários de smartphones não consegue exercer um uso equilibrado da internet, de acordo com Nabuco. Mas é claro que nem tudo são pedras no mundo virtual, como explica Eduardo Jorge. “Pesquisas também mostram que crianças usuárias de tecnologias da informação são mais ágeis, mais inventivas e têm uma capacidade maior de raciocínio em alguns testes de QI. A tecnologia não é um bicho de sete cabeças do qual elas tenham que ficar afastadas”, afirma. “Devem ser estimuladas a fazer bom uso, com limites.” Rich considera que os próprios pais são os principais responsáveis por este quadro “cibercaótico”. Segundo ele, por falta de intimidade com as novas mídias, os adultos deixam de preparar as crianças para o mundo virtual. “Muitas vezes, eles apenas dão o laptop e pensam que, desde que os filhos estejam no quarto, não vão se meter em confusão, o que é um erro”, afirma. “Os adultos precisam se tornar aprendizes dos jovens na parte técnica para que possam ser seus professores na parte humana.” Folha de São Paulo

Você sabia...

que pensamentos obsessivos, como idéias e imagens que invadem a pessoa insistentemente e sem que ela queira, obrigando-a a realizá-los por meio de rituais e comportamentos repetitivos como única forma de se livrar da ansiedade que provocam, caracterizam um transtorno mental conhecido como Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)? As pessoas com TOC geralmente são escravizadas por gestos e comportamentos rígidos e pré-estabelecidos que elas se sentem obrigadas a colocar em prática como único meio de amenizarem a profunda ansiedade que as dominam. Se você conhece alguém que sofre desse transtorno, tente convencê-lo a procurar ajuda de um Psicólogo, pois existe tratamento psicoterápico para ele. Tu tens um medo: Acabar. Não vês que acabas todo dia. Que morres no amor. Na tristeza. Na dúvida. No desejo. Que te renovas todo dia. No amor. Na tristeza. Na dúvida. No desejo. Que és sempre outro. Que és sempre o mesmo. Que morrerás por idades imensas. Até não teres medo de morrer. E então serás eterno. Cecília Meireles


Falsas Memórias

Qual o nome do primeiro Papa eleito no século XXI? Que dia é hoje? Quanto é 1024x36? O que você sentiu quando passou pela experiência do seu primeiro parto? Como você tira o carro da garagem? Estas e tantas outras perguntas, aparentemente fáceis, só podem ser respondidas quando a pessoa utiliza-se de recursos cognitivos que lhes são disponíveis, dentre eles, a Memória. A memória vem sendo estudada há muitos anos e por vários pesquisadores das mais diversas áreas, como a Filosofia, Biologia e Psicologia. De acordo com alguns autores, a memória pode ser definida como: “A memória é o meio pelo qual você recorre às suas experiências passadas a fim de usar essas informações no presente; refere-se a um processo de mecanismos dinâmicos associados à retenção e recuperação da informação”. “Memória é a capacidade de alterar o comportamento em função de experiências anteriores”. “É o processo pelo qual aquilo que aprendemos persiste ao longo do tempo”. “Denomina-se memória a aquisição, o armazenamento e a evocação de informações”. O estudo da memória sempre foi um aspecto importante da Psicologia e também de outras áreas do conhecimento, tais como a Filosofia e a Fisiologia. Tentar entender os processos responsáveis pela memória é algo que fascina os pesquisadores da área. Por que determinados conteúdos ficam guardados na memória por tanto tempo e outros, em questão de minutos são esquecidos? Estas e tantas

outras curiosidades a respeito da memória sustentam seus estudos. A memória desempenha um papel fundamental na nossa vida diária, na realização de uma grande quantidade de tarefas e nós somente percebemos isso, no momento em que algum incidente provocado pelo esquecimento, envelhecimento, processos degenerativos ou distorção exige a atenção deliberada. Como a memória provém das experiências, é mais prudente falarmos que existem memórias e não simplesmente uma única memória. A memória que temos do nosso primeiro dia na escola é diferente da memória que temos de quando colocamos o dedo na tomada e tomamos um choque, que por sua vez, é diferente da memória de saber andar de bicicleta. Temos memórias sobre eventos subjetivos e sobre fatos históricos. Temos memórias que são adquiridas, recuperadas e até esquecidas em segundos, algumas que duram dias e outras, por toda vida. Quando assistimos TV, ouvimos rádio, conversamos com parentes e amigos ou lemos um livro nós não registramos estes fatos literalmente como eles aconteceram, mas nós os interpretamos através de nossos próprios esquemas, percepções, pensamentos e reações frente ao evento. Tudo isso influencia muito naquilo que lembramos e pode distorcer o processo de recuperação das informações, criando lembranças de fatos que nunca ocorreram ou distorcendo, em algum aspecto, um fato ocorrido. Mais tarde, quando tentamos recuperar aquele evento, nós podemos lembrar alguma coisa como tendo sido dita por alguém ou lida em algum

lugar quando, na verdade, isto foi somente inferido por nós. Nossa memória é antes um processo de transformação, interpretação e síntese das informações sensoriais do que um registro fiel do mundo externo. A recuperação da memória armazenada depende da capacidade de remontar a imagem da situação e os estímulos anteriormente apresentados e para este processo, nosso cérebro lança mão de diversas estratégias cognitivas para gerar uma recuperação coerente, tais como, excluir elementos díspares não relacionados, adicionar os que faltam ou os que se assemelham aos anteriormente vividos, gerando assim, as Falsas Memórias. As Falsas Memórias (FM´s) podem ser definidas como o fato de nos lembrarmos de eventos que não ocorreram, de situações as quais nunca presenciamos, de lugares onde jamais estivemos, ou então, de nos lembrarmos de algum evento de maneira um pouco distorcida do que realmente aconteceu. São memórias que vão além da experiência direta e que incluem interpretações ou inferências ou, até mesmo, contradizem a própria experiência.

A parte que ignoramos é muito maior que tudo quanto sabemos. (Platão)

As Falsas Memórias (FM´s) podem ser definidas como o fato de nos lembrarmos de eventos que não ocorreram, de situações as quais nunca presenciamos, de lugares onde jamais estivemos, ou então, de nos lembrarmos de algum evento de maneira um pouco distorcida do que realmente aconteceu

Artigo

Cíntia Marques Alves - Psicóloga - CRP 25718/04

5


Artigo Por falar em memória Estresses, traumas, fobias, transtornos de ansiedade e várias outras questões psicológicas podem afetar a capacidade das pessoas em guardar lembranças e reter informações. Se isso está acontecendo com você, procure a ajuda de um Psicólogo e libere espaço para a sua memória.

As FM´s podem ser elaboradas pela junção de lembranças verdadeiras e de sugestões vindas de outras pessoas, sendo que durante este processo, a pessoa fica suscetível a esquecer a fonte da informação ou podem se originar quando somos interrogados de maneira evocativa. Apesar de se ter algumas teorias que tentam explicar o fato, os mecanismos exatos da elaboração das FM´s ainda não são totalmente conhecidos. As FM´s podem originar-se de duas maneiras distintas: de forma espontânea e de forma implantada ou sugerida. As FM´s espontâneas são aquelas memórias criadas internamente ao indivíduo como resultado do processo normal de compreensão do evento, ou seja, são frutos de distorções mnemônicas endógenas. Por exemplo, você pode ter certeza de que ouviu uma amiga lhe contar que viajaria no dia três de Novembro, quando na verdade, ela lhe disse que viajaria após o feriado de Finados. É certo que três de Novembro é após o feriado, mas é bem diferente o fato de se lembrar exatamente do que se ouviu e o fato de relatar o que se compreendeu da conversa. Este tipo de distorção simples acomete a todos no dia-a-dia, com questões aparentemente sem importância. O desconhecimento de alguns terapeutas sobre o caráter construtivo da memória já fez com que, alguns deles, involuntariamente, implantassem memórias em pacientes mais sugestionáveis As FM´s sugeridas ou implantadas dizem respeito àquelas memórias que resultam de uma sugestão externa ao indivíduo, seja esta sugestão proposital Atendimento

Clínico Infantil

ou não, cujo conteúdo não faz parte do evento experienciado, mas contém características coerentes com o fato. Loftus, uma pesquisadora do assunto, em 1979, conduziu um experimento no qual ela apresentou em slides aos sujeitos um acidente de carro onde havia uma placa de “Pare”. Logo após, para alguns daqueles sujeitos, ela implantou, a sugestão de uma placa de “Dê a Preferência”. Quando estes sujeitos foram testados sobre o evento, a maioria deles relatou que havia visto a placa de “Dê a preferência”. É preciso diferenciar este tipo de memória de uma mentira deliberada. Nas FM´s a pessoa sinceramente acredita que viveu aquele fato e tem impressões de que consegue se recordar de detalhes concretos e vívidos sobre o evento, sem nunca tê-lo vivido antes. Na mentira, a pessoa está consciente de que o fato narrado por ela não aconteceu, mas mesmo assim, ela sustenta a história por algum motivo particular Neste último século, vários pesquisadores se interessaram na questão da falsificação da memória. Este interesse provém do fato de que o fenômeno pode ser visto tanto em contextos laboratoriais quanto em situações de psicoterapias, na área jurídica e em contextos cotidianos das pessoas. Há três áreas principais nas quais a pesquisa sobre FM´s tem implicações para questões extra laboratoriais: relatos de testemunhas oculares; situações de possíveis abusos infantis, nos quais o testemunho da criança tem uma função importante e/ou relatos de adultos que se apresentam como vítimas de alguma violência, crime e/ou abusos sexuais; e contextos psicoterápicos em que o terapeuta faz uso de técnicas sugestivas e de imaginação livre, às vezes, sem uma preocupação da coerência com a realidade.

Especialista em Terapia Cognitiva Comportamental - UFU

Marília Panucci Psicóloga - CRP 24950

6

Fone: (34) 3234-1409 | 9971-4678 - Rua Bernardo Cupertino, 75 B. Martins - CEP 38400-444 - Uberlândia-MG - e-mail: marilia.panucci@hotmail.com

C� � A� R� Tÿÿ� O�� D� E�V �� I� S� I� T� A s� � e� x� t� a� -� f� e� i� r� a� ,�� 1� 6�� d� e�� d� e� z� e� m� b� r� o�� d� e�� 2� 0� 1� 1�� 1� 1� :� 0� 6� :� 0� 0

O relato de testemunhas oculares exerce uma poderosa influência sobre os júris. Se a testemunha parece altamente confiante no seu depoimento, o júri tende a condenar o acusado, mesmo que o depoimento forneça poucos detalhes percebidos ou respostas contraditórias. Em um tribunal, se a vítima alega: “Aquele é o homem, eu nunca esquecerei o seu rosto!”, fica claro para o júri que aquele realmente é o homem culpado. Entretanto, as testemunhas


Cíntia Marques Alves Mestre em Psicologia Aplicada à Saúde, no eixo de Processos Cognitivos pela UFU, Especialista em Psicologia Clínica na abordagem de TCC pela UFU; Psicóloga Clínica e Prof. do Centro Universitário de Patos de Minas. cintiamalves@yahoo.com.br

Artigo

tratam de lembranças de crimes, estupros, assaltos. Várias pessoas já foram injustamente condenadas, presas e posteriormente libertas por terem sido acusadas principalmente por mulheres que passaram por psicoterapias e alegaram se lembrar do crime durante uma sessão de hipnose ou outra técnica sugestiva. O desconhecimento de alguns terapeutas sobre o caráter construtivo da memória já fez com que, alguns deles, involuntariamente, implantassem memórias em pacientes mais sugestionáveis. De modo geral, nossos relatos são frutos da nossa compreensão do evento e nem sempre isso nos acarreta algum dano. Porém, a distinção destas memórias faz-se importante, pois existem algumas situações nas quais é exigido ao indivíduo que ele relate exatamente aquilo que aconteceu e não aquilo que ele compreendeu ou inferiu do fato, como nos casos acima citados, das testemunhas de um tribunal e até mesmo em settings terapêuticos. A pesquisa feita por profissionais da Psicologia sobre memória tem o potencial de minimizar estes tipos de problemas. Como psicólogos podemos ajudar, com nossos conhecimentos, não só no cotidiano das pessoas, mas a vários outros profissionais que dependem da memória dos indivíduos para bem conduzirem seus trabalhos.

Imaginação é tudo, é a prévia das atrações futuras. (Einstein)

não possuem menos FM´s do que os indivíduos em experimentos de memória e geralmente seus testemunhos são dados em condições facilitadoras para o aumento das FM´s, tais como: longo espaço de tempo entre o evento e o inquérito; muitas sugestões ocorrendo durante este intervalo e repetidos relatos informais. Os testemunhos são convictos, porém podem ser errôneos, já que existe uma série de distorções sistemáticas ou vieses de memória que tornam potencialmente problemático condenar

alguém com base, somente, neste tipo de identificação. Schacter, em autor do tema, em 2003, publicou que na década de 1980, nos EUA, 75 mil julgamentos foram decididos com base em depoimentos das testemunhas. Porém, em um estudo de quarenta casos, em que a análise do DNA foi pedida, comprovou-se que em 36 deles (90%) a identificação foi feita errada, ou seja, houve uma atribuição errada. Além disso, ele mostrou que a prática de alinhamento de suspeitos pode, muitas vezes, causar a atribuição errada porque incentiva pessoas à prática de escolher aquele que mais se aproxima do suspeito. Porém, isso não significa que o suspeito esteja realmente presente no alinhamento e se estiver, que ele será o apontado pela vítima, por mais que ela garanta estar certa da escolha. Com relação aos testemunhos de crianças ocorre uma questão difícil e delicada. Até que ponto e a partir de que idade a criança é capaz de fornecer dados reais sobre um evento em que ela esteve envolvida com cargas emocionais tão contundentes? Em vários estudos da área, pesquisadores demonstraram que as crianças, principalmente as pequenas, são muito susceptíveis a erros de memória incorporando com facilidade informações sugeridas aos fatos vividos por elas. Com relação às técnicas psicoterápicas, a hipnose, quando mal conduzida e sem o conhecimento de aspectos cognitivos- memória- é o melhor exemplo. Para alguns casos, ela tem ajudado bastante a fazer com que as pessoas se lembrem de fatos importantes e com isso, ressignificado algumas experiências passadas, porém, em outros, ela tem interferido pouco na recordação precisa dos eventos, principalmente quando se

7


Depoimentos

Veja o que dizem pessoas que fizeram Psicoterapia Ângela*, 41 anos (...) Quando meu marido me disse que iria sair de casa por que estava apaixonado por uma mulher de 21 anos, eu pensei que iria morrer. E realmente quis morrer durante os primeiros meses da separação, mas uma amiga psicóloga implorou para que eu procurasse ajuda na Psicoterapia. Ela me indicou um Psicólogo, que eu não gostei, mas acabei parando em outro por indicação dele mesmo. Com o segundo Psicólogo consegui reencontrar, dentro de mim mesma, os motivos para continuar vivendo e lutando pela minha felicidade. Meu principal aprendizado – não com o Psicólogo, mas com o que ele me levou a ver – foi entender que a minha vida há muito tempo já não era uma vida particular, minha mesma. Era, na verdade, um reflexo do que os outros queriam e faziam de mim. Reencontrar-me, com a ajuda da Psicoterapia (...), foi essencial para eu mesma começar a me reconstruir. Hoje sou eternamente grata à amiga que me incentivou e aos Psicólogos que me atenderam. Vinícius*, 22 anos A Psicóloga me ajudou a mudar a maneira como eu pensava e encarava as coisas, principalmente os problemas da vida. (...) Durante o colegial, eu sofri muitas agressões por parte dos meus colegas de sala, e essas agressões, somadas a minha personalidade, me fizeram ter medo das pessoas. Quando entrei na universidade, uma espécie de fobia social tomou conta de mim. (...) Não fosse a ajuda da Psicóloga, talvez eu tivesse desistido dos estudos (ou da vida) (...).

8

Maria Carla*, 25 anos (...) Foi a Psicóloga do Serviço de Orientação aos Alunos da minha faculdade que me indicou a Psicoterapia em um consultório particular para eu tratar de uma questão que estava me atrapalhando tanto nos estudos quanto na vida profissional. A partir dos 17 anos eu desenvolvi um comportamento compulsivo por sexo, chegando ao ponto de, por volta dos 23 anos, trancar-me nos banheiros da faculdade ou do trabalho, nos horários de aula ou de serviço, para me masturbar ou fazer sexo com qualquer pessoa pela qual eu despertasse o mínimo interesse. Fui demitida de dois empregos diferentes por causa desse comportamento. (...) Foi a Psicoterapia que me ajudou a lidar com essa difícil questão na minha vida e a encontrar soluções para o problema. Hoje, posso dizer que sou feliz e bem realizada no que diz respeito a minha sexualidade. Luis Humberto*, 47 anos Recorri a um Psicólogo quando vi que a minha irritabilidade com tudo tinha chegado a níveis anti-sociais. Minha família e meus colegas de trabalho foram se afastando de mim até o dia em que eu percebi que ninguém gostava de puxar conversa comigo ou me convidar para qualquer coisa. (...) Foi um colega que já havia visitado uma Psicóloga que me indicou o caminho da Psicoterapia. A mesma Psicóloga que o atendeu me ajudou a lidar com a infinidade de questões mal resolvidas na minha vida que estavam me levando a ser um verdadeiro porco-espinho com as pessoas, mesmo as que eu amava. (...) Toda panela de pressão precisa de uma válvula de escape. A minha foi a bendita Psicoterapia.

Rúbia*, 46 anos Não foi exatamente a Psicoterapia que ajudou a minha filha, mas, sim, o acompanhamento terapêutico realizado por um Psicólogo especialista em AT (Acompanhamento Terapêutico). (...) Estando ao lado dela nos diferentes momentos e ambientes da vida dela, o Psicólogo, aos poucos, conseguiu ajudá-la no desenvolvimento de novas percepções da realidade que a cercava e, conseqüentemente, no desenvolvimento de novas reações e relações. (...) Como uma espécie de suporte não ideológico e nem autoritário, o Psicólogo que a acompanhou em quase tudo por quase um ano foi muito importante na recuperação do equilíbrio psíquico da minha filha, tanto no que diz respeito a sua relação consigo mesma, quanto no que diz respeito a sua relação com o mundo ao seu redor. Maria Fernanda*, 26 anos Quando terminei o 3º colegial, precisei da ajuda de uma Psicóloga para saber o que fazer da minha vida nos anos seguintes. Nenhuma profissão me atraía e o que as universidades ofereciam não me despertavam o menor interesse (...). As sessões de Psicoterapia me ajudaram a perceber que eu não estava preparada para decidir o meu futuro profissional. (...) De posse dessa clareza sobre mim mesma, resolvi fazer dois anos de intercâmbio cultural, viajando por vários países bastante diferentes da nossa cultura ocidental – viagens que, ao final de todas, deram-me elementos e experiências suficientes para saber exatamente o que eu queria e o que eu não queria para a vida profissional. Envie seu depoimento para: revistafalemaissobreisso@yahoo.com.br


Desde a época de Sócrates, o diálogo tem sido o maior instrumento de resolução de conflitos e de aquisição de novas atitudes, afinal, através dele podemos identificar comportamentos e modificá-los. Pais que conversam têm filhos mais positivos e com uma auto-estima adequada. Porém, o diálogo ainda está longe de ser o maior recurso que a família utiliza para resolver seus problemas. Percebo na minha prática de Psicologia que existem três tipos de pais no que diz respeito à educação de filhos: os pais que agridem, os pais que superprotegem e os pais que são assertivos. Os pais agressivos estabelecem regras rígidas e exigentes, querem consertar tudo dentro da família e para isso se utilizam do autoritarismo, da cobrança excessiva, da ameaça amedrontadora e é claro que, raras vezes, dão abertura para discussões. Além disso, descarregam nos filhos mágoas e frustrações através de gritos, xingamentos e irritação. É óbvio que em um tipo de educação assim, pais terão crianças submissas ou rebeldes que, no futuro, serão adultos muito tímidos ou muito melindrosos. Já os pais superprotetores, que também chamo de permissivos, assumem conseqüências que filhos deveriam assumir, estabelecem poucas regras, não dizem aos filhos o que esperam deles, não são diretos sobre as

atitudes negativas das crianças e adolescentes, fazem chantagem emocional para deixar filhos culpados e ainda são genitores que se mostram desamparados para conseguir o que querem. Têm dificuldade para tomar decisão, dizem “sim” e depois dizem “não” para a mesma situação, guardam sentimentos até explodirem, ficando agressivos. Pais permissivos têm crianças mimadas que darão a eles respostas atravessadas, farão ameaças e os desprezarão e desrespeitarão. Filhos assim serão adultos que não suportarão frustrações, quererão as coisas do seu jeito, não assumirão conseqüências de seus atos.

Adultos vencedores, felizes, que dialogam, que sabem lidar com frustrações, competentes, foram crianças que tiveram pais assertivos Entretanto, pais assertivos, que costumo chamar de positivos, agem de uma maneira saudável, sem chantagem nem agressões. Sabem o que querem, comunicam-se de maneira aberta, sincera, sem rodeios, olham nos olhos quando falam com os filhos, sabem dizer “não” e “sim”, pedem favores, fazem favores, expressam o que sentem e o que pensam firmemente,

confrontam atitudes inadequadas dos filhos, cuidam de si mesmos, são pacientes, aprendem a ouvir, percebem e incentivam características positivas das crianças, divertem-se com os filhos, dizem “por favor” e “obrigado”, elogiam, cumprem promessas, pensam antes de agir, estabelecem regras claras, dão opções, ajudam os filhos a resolverem problemas e estimulam a independência e autonomia. Adultos vencedores, felizes, que dialogam, que sabem lidar com frustrações, competentes, foram crianças que tiveram pais assertivos. Acredito que o grande desafio dos pais é aprender junto aos filhos como ser assertivos e para isso não há “receitinhas de bolo”, mas o ingrediente fundamental para que ambos possam crescer interiormente é utilizar do amor em forma de ordem, dedicação, respeito, perseverança, humildade e afeto... O mais importante não é acertar ou errar, é criar os filhos para a vida, a grande mestra de todos nós!

Artigo

Leonardo Nogueira - Psicólogo - CRP 18.039/04 - leonogueira@netsite.com.br

Leva muito tempo tornarmo-nos jovens. (Pablo Neruda)

Pais agressivos, superprotetores e assertivos

9


Orientação

A Fale Mais Sobre Isso fez 5 perguntas a uma pessoa que fez Psicoterapia. Veja como foi a conversa:

F+: Por que você procurou um Psicólogo? Letícia: Procurei um médico para tratar a questão da minha obesidade e ele recomendou que eu também consultasse a um Psicólogo e a uma nutricionista durante o tratamento.

Testes Psicológicos O que são os testes Psicológicos? Testes psicológicos são um conjunto de tarefas pré-definidas cuja finalidade é a descrição de fenômenos psicológicos, classificação diagnóstica, predição, planejamento de intervenções ou monitoramento. Os testes psicológicos podem ser escalas, inventários, questionários (exemplos de testes objetivos), ou ainda tarefas que impliquem a projeção e/ou expressão gráfica do comportamento do avaliando (testes projetivos e expressivográficos, respectivamente). Quem pode aplicar os testes? Segundo a Lei 4.119/62, que regulamenta a profissão de Psicólogo e dispõe sobre os cursos de formação em Psicologia, é função privativa do Psicólogo “a utilização de métodos e técnicas psicológicas com os seguintes objetivos: diagnóstico psicológico; orientação e seleção profissional; orientação psicopedagógica; solução de problemas de ajustamento” (Art. 13)

Os Psicólogos podem ensinar profissionais que não sejam Psicólogos a aplicar os testes? O Código de Ética Profissional do Psicólogo, em seu Art 18, reforça que os testes psicológicos são de uso exclusivo da nossa profissão e que cabe ao psicólogo não divulgar, ensinar, ceder, emprestar ou vender a leigos instrumentos e técnicas psicológicas que permitam ou facilitem o exercício ilegal da profissão. Como eu posso saber mais sobre os testes? A lista de testes exclusivos para o uso dos psicólogos está disponível no Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI) no site www2. pol.org.br/satepsi. Neste site é possível localizar a listagem de testes favoráveis (para o uso profissional e também pesquisas), desfavoráveis (uso exclusivo para pesquisa) e ainda instrumentos que foram analisados pela comissão consultiva do SATEPSI como testes psicológicos, mas ainda n ão foram enviados para análise prevista na Resolução CFP nº 002/2003. Fonte: unisul.br

10

F+: O que o médico disse? Letícia: Disse que, no meu caso, a questão da obesidade era relacionada à compulsão por comidas e às questões emocionais da minha vida. Disse também que quanto mais eu entendesse dessas questões em relação a mim mesma, menos eu necessitaria de remédios para controlar o apetite ou emagrecer. Por fim, falou que o trabalho da Psicóloga também me ajudaria a ter condições de seguir as orientações da nutricionista, diminuindo as chances de eu abandonar as recomendações que ela me passasse. F+: Como o Psicólogo lhe ajudou? Letícia: A principal ajuda do Psicólogo foi no sentido de me levar a romper o círculo vicioso “carência/baixa autoestima - ansiedade - compulsão por comidas” que há anos me empurrava para a obesidade. Foi muito surpreendente entrar em contato com o meu “eu” mais profundo, cheio de questões complicadas, perceber a relação dessas questões com as minhas compulsões e compreender o quanto o meu comportamento era auto-destrutivo. F+: E em relação ao tratamento com a nutricionista? A Psicoterapia realmente lhe auxiliou? Letícia: Acho que, sem o suporte do Psicólogo, eu não conseguiria permanecer firme nas orientações da nutricionista. A questão da alimentação, para mim, estava ligada à milhares de outras coisas na minha vida. Não era só chegar e mudar a minha comida, equilibrá-la ou diminuí-la. Aliás, para conseguir fazer isso, também era preciso que eu tivesse condição e disposição interna. F+: Então, você também aconselha a Psicoterapia às pessoas que querem emagrecer? Letícia: Aconselho. A Psicoterapia favorece o processo de luta contra a obesidade e faz a gente enxergar, por dentro, o que o corpo está, desesperadamente, querendo mostrar por fora. Letícia*, advogada, 38 anos.


O Psicólogo a serviço da criatividade Leonardo Abrão - Psicólogo - CRP: 36232/04

Em toda e qualquer instituição social em que as capacidades criativas dos homens possam ser favorecidas – como escolas, hospitais, espaços públicos, centros comerciais, empresas e comunidades –, Psicólogos podem atuar como agentes promotores de Saúde Mental

Em todo lugar Foi-se o tempo em que a atuação do Psicólogo limitava-se somente ao consultório e às fábricas. Atualmente, o desenvolvimento dos conhecimentos a respeito do universo psíquico dos homens possibilita ao Psicólogo a sua atuação em benefício da Saúde Mental da humanidade em áreas tão diferentes como, por exemplo, o trânsito, a educação, o ambiente familiar, o esporte, a economia e o mundo jurídico.

Não é preciso nos esforçarmos muito para percebermos que a dinâmica social dos dias em que vivemos não é voltada para o amadurecimento emocional e cognitivo dos indivíduos. Ao invés de se preocupar com o desenvolvimento, o fortalecimento e aprimoramento da capacidade humana de produzir emoções e os mais variados sentimentos e raciocínios, a maneira como a nossa sociedade está organizada acaba por levar os indivíduos a viverem experimentando um universo muito restrito dessas possibilidades. Como uma pianista pouquíssimo criativa, a nossa sociedade tem insistido em usar apenas algumas poucas teclas do extraordinário piano que é o ser humano, levando-o a ser extremamente pobre em seu repertório mental e comportamental quando, em verdade, poderia estimulá-lo a explorar esse repertório de maneira infinita – inclusive, por ser, ele mesmo, infinito por natureza. Infinito? Sim, infinito. Veja bem: somente nos últimos dois mil anos, a humanidade desenvolveu e experimentou uma variedade incalculável de ideologias comportamentais, de modalidades alimentares, vestuais, comunicativas e relacionais, assim como uma quantidade inumerável de crenças, organizações políticas e projetos existenciais. Portanto, a história da humanidade que se estende atrás de nós somente pode ser descrita como a história da criatividade dos homens – criatividade sempre eclética, versátil e inesgotável. Contudo, os tempos nos quais vivemos são os tempos em que a organização econômica da sociedade avança no sentido da difusão e da pre-

dominância dos pressupostos e objetivos do chamado modo de produção capitalista – modo que, em essência, resume-se a um só sentido: a multiplicação do capital. Em sendo assim, há pelo menos 500 anos a infinidade de possibilidades criativas da humanidade tem sido, gradativa e insensivelmente, reduzida às possibilidades convenientes ao insaciável

processo de multiplicação do capital. Como um imenso censor preocupado somente consigo mesmo, esse processo capitalista aceita e fomenta apenas os procedimentos humanos interessantes aos seus objetivos. Os desinteressantes, ou inconvenientes, são desencorajados, marginalizados ou proibidos, produzindo, por conseqüência, uma humanidade cada vez mais uniformizada, reprimida e neurotizada. Tanto a uniformização, quanto a repressão e a neurotização da criatividade humana podem ser facilmente atestadas por meio de uns poucos e inquestionáveis exemplos: por conta da indústria e da lógica capitalistas ligadas às empresas de formatura, as colações de grau e os bailes de formatura não têm sido todos iguais? Por conta da indústria e da lógica capitalistas ligadas às empresas de casamentos, as festas de casamento não têm sido todas iguais?

E, por fim, por conta da indústria e da lógica capitalista ligadas às empresas de educação, às empresas de saúde ou às empresas de esporte, escolas, unidades hospitalares ou academias esportivas não são todas iguais, com propostas, procedimentos, expectativas e filosofias bastante semelhantes, senão iguais? Essa lista poderia ser extensamente ampliada, passando pelas indústrias cinematográfica, televisiva, fonográfica, literária e, até mesmo, religiosa. Como dito anteriormente, o tempo em que vivemos é o tempo da padronização – uma padronização que, na ânsia de multiplicar capitais, facilita e prioriza a venda de produtos e serviços e, por conseqüência, coisifica os homens, empobrece os seus espíritos e favorece o adoecimento dos seus sistemas psíquicos. E é justamente por isso, por vivermos em um tempo cujo sistema social prioriza a ampliação de capitais em detrimento do desenvolvimento e amadurecimento das potencialidades emocionais e cognitivas dos homens, que o Psicólogo, com as suas habilidades e competências, apresenta-se como um profissional de fundamental importância na promoção da saúde mental das pessoas. Em toda e qualquer instituição social em que as capacidades criativas e operativas dos homens possam ser favorecidas e potencializadas – como escolas, hospitais, espaços públicos, centros comerciais, empresas e comunidades –, psicólogos podem atuar como agentes promotores daquilo que os seres humanos possuem de melhor e mais específico da espécie – a criatividade aliada à sensibilidade. Potencializando e favorecendo o desenvolvimento dessas capacidades humanas, não há dúvida de que os psicólogos podem, profissionalmente, contribuir para a evolução saudável das próprias sociedades: harmonizando relações, prevenindo desequilíbrios e patrocinando crescimentos espontâneos e criativos.

Leonardo Abrão Psicólogo primeiraconversa@yahoo.com.br

11


Orientação

10 questões sobre a violência sexual de crianças

A terapia ajudou O que teria motivado Xuxa a revelar esse segredo após 36 anos em silêncio? Chester (primo e confidente da apresentadora) acredita que foi a terapia que a incentivou. Há algum tempo Xuxa vem freqüentando as sessões com mais assiduidade. Algo a estaria incomodando. “Foi isso que deu coragem a ela para se libertar da angústia. Imagine a agonia dela de segurar esse trauma durante tantos anos?”.

Fonte: IstoéGente.

Em maio de 2012, dois dias após Xuxa Meneghel relatar que foi vítima de abusos sexuais na infância, o Disque Direito Humanos (Disque 100) recebeu o maior número de ligações desde a sua criação em dezembro de 2010. Tal acontecimento, potencializado pela revelação da apresentadora de televisão, fortaleceu, abruptamente, uma tendência já registrada pelas estatísticas realizadas pelo serviço telefônico de proteção às crianças e adolescentes: o número de denúncias tem crescido ano a ano, provavelmente em função do crescimento de informações a que as pessoas têm acesso sobre o tema. E como informação de qualidade nunca é demais, nesta edição a Fale Mais Sobre Isso contribui com esse movimento de esclarecimento da sociedade apresentando, agora, uma lista com 10 questões sobre a violência sexual de crianças: 1. são formas de violência que ferem a integridade sexual de pessoas que, por sua condição peculiar, particular, seu estágio de desenvolvimento físico, emocional, afetivo e sexual, não estão preparadas para intercursos sexuais e trocas afetivo-sexuais 2. é uma situação em que o adulto ultrapassa os limites, seja de direitos humanos, legais, de poder, de papéis, de regras sociais e familiares e de tabus, do nível de desenvolvimento da vítima, do que esta sabe, compreende, pode consentir e fazer. 3. trata-se de relações estabelecidas com base na vontade e no de-

12

sejo do adulto sobre a criança ou o adolescente, constituindo relações abusivas, permeadas pelo poder (econômico, geracional, de gênero, etc.), sendo, portanto, relações demarcadas pela assimetria. 4. a violência sexual (abuso e exploração sexual comercial) é entendida como violação dos direitos humanos de crianças e de adolescentes 5. as meninas correspondem a 78% das vítimas de violência sexual e, os meninos, 22% 6. metade dos abusos acontece antes dos 12 anos de idade 7. dos suspeitos(as) de violência sexual, 68% são do sexo masculino e 32% do sexo feminino (essa proporção se mantém tanto nas situações de exploração sexual como nas situações de abuso sexual) 8. em relação à idade dos suspeitos de violência sexual, as pessoas entre 28 e 38 anos ocupam o 1º lugar, as com idade entre 18 e 28 anos ocupam o 2º e, as pessoas com idade entre 38 e 48 anos, a 3ª posição (48/58 anos - 4º lugar; acima de 58 anos - 5º lugar; 12/18 anos – 6º lugar) 9. dificuldade em caminhar; roupas rasgadas ou manchadas de sangue; sinais de hemorragia retal ou uretral; evidências de infecções genitais, dor ou coceira na área genital ou garganta; dificuldade para controlar urina e fezes; erupção na pele, vômito e dores de cabeça repetidas

e sem qualquer explicação clínica; aumento ou redução de peso, unhas e dedos roídos; interrupção da menstruação e dores nos ossos são pistas ou sinais corporais de crianças possivelmente vítimas de violências sexuais 10. mudanças inexplicáveis de humor; sono perturbado com pesadelos freqüentes; medo de escuro, suores, gritos ou presença de agitação noturna; comportamento regressivo e padrões infantis, como choro excessivo, incontinência urinária, retraimento ou medo diante de certa pessoa; demonstração de medo em lugares fechados; comportamento agressivo com tentativa de fuga de casa; perda do apetite ou excesso de alimentação; aparência descuidada e suja pela relutância em trocar de roupa; uso de roupas de adultos mais sensuais, ou, ao contrário, mais re-catada; ausência ou excesso de hábitos de higiene com relação ao banho; fala muito sexualizada para a idade; querer dormir com muita roupa e anestesia afetiva são pistas ou sinais comportamentais de crianças possivelmente vítimas de violências sexuais. Fontes: Relatório Disque Direito Humanos da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (2011). Serviço de Proteção Social a Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência, Abuso e Exploração Sexual e suas Famílias: referências para a atuação do psicólogo (Conselho Federal de Psicologia/2009). Revista Fale Mais Sobre Isso (2ª edição)


13


Guia de Psicólogos(as)

Aldine Gimenez Martim Reges I Psicologia Clínica Clientela: Crianças, adolescentes e adultos R. Polidoro de Freitas Rodrigues, 40 I B. Vigilato Pereira

I (34) 3236-7814

I (34) 9182-1524

Ana Cecília Crispim Silva I Psicologia Clínica I anaceciliacrispim@hotmail.com Clientela: Crianças, adolescentes e adultos R. Polidoro de Freitas Rodrigues, 40 B. Vigilato Pereira I Uberlândia /MG I (34) 3236-7814

I

(34) 9205-2080

Ângela Maria Machado Rezende I Psicologia Clínica e Organizacional Clientela: Adolescentes, adultos, idosos e famílias I Atendimento individual, em grupos e em domicílios R. Antônio Fortunato da Silva, 810 (antiga 03) I B. Santa Mônica I Uberlândia/MG I (34) 3215-5710 I (34) 9966-1518 Carolina Moreira Marquez I Psicologia Clínica Clientela: Crianças, adolescentes, adultos e casais I Atendimento individual e a casais Av. Santos Dumont, 174 I Uberlândia/MG I (34) 3223-5253 I (34) 9114-8925 I www.psicologacarolina.blogspot.com Cecília Alves Almeida I Psicologia Clínica Clientela: Adolescentes, adultos e casais Rua Coronel Manoel Alves, 305 I B. Fundinho I Uberlândia/MG I (34) 9691-4355 / (34) 3235-9259 I ceciliaalmeida@gmail.com Cláudia Soares I Psicologia Clínica e Hospitalar Clientela: Adultos e Idosos I Atendimento Individual, Hospitalar e Domiciliar Alameda Uberaba, 100 - Portão 3 - Sala C I Jardim Finotti I Uberlândia/MG I (34) 9808-5183 I rhclaudiasoares@gmail.com

MG

Heloísa Vanorden de Assis I Psicologia Clínica Clientela: Adultos I Atendimento individual e em grupos R. Goiás, 11 I Sala 28 I Centro I Uberlândia/MG I (34) 8806-0184 I (34) 9979-1445 Leonardo Abrão I Psicologia Clínica I primeiraconversa@yahoo.com.br Clientela: Adolescentes, adultos e casais R. Polidoro de Freitas Rodrigues, 40 I B. Vigilato Pereira I Uberlândia/MG I (34) 9966-1835 I (34) 9221-6622 Leonardo Andrade Nogueira I Psicologia Clínica e Educacional Clientela: Adolescentes, adultos e casais I Atendimento individual, em grupos, a casais e à família Travessa Ricardo Silva, 94 I Centro I Uberlândia/MG I (34) 3219-6986 Lilian Ribeiro I Psicologia Clínica Clientela: Crianças, Adultos, Pais, Famílias e Casais R. dos Pereiras, 67 I Centro I Uberlândia/MG I (34) 3235-0218 / (34) 9251-2551 I lilian_psicologa@yahoo.com.br Luiza Garlipp I Psicologia Clínica Clientela: Adolescentes, adultos, avaliação pré-cirurgia bariátrica e acompanhamento de pacientes com obesidade e transtornos alimentares R. Bueno Brandão, 22 I Bairro Martins I Uberlândia/MG I (34) 9137-7331 / (34) 3231-5577 I luiza.garlipp@gmail.com Márcia Ribeiro I Psicologia Clínica I Terapia Cognitivo-Comportamental Clientela: Adultos, casais, terapia sexual Rua Artur Bernardes, 58 I Bairro Martins I (34) 3229-4800 / (34) 3235-2307 / (34) 9113-9526 I mrneuropsico@hotmail.com Regiana Lamartine Rodrigues I Psicologia Clínica I regiana.lamartine@gmail.com Clientela: Crianças, adolescentes e adultos Rua Francisco Sales, 95 I sala 01 I B. Martins I Uberlândia/MG I (34) 9815-2198 Renata Tannus I Psicologia Clínica I Esp. Análise Transacional Clientela: Adultos I Atendimento individual R. Coronel Antônio Alves Pereira, 400 I Sala 918 I Ed. Executivo I Uberlândia/MG I (34) 9977-4728

BA RJ

14

Kelli Cardoso I Psicóloga Clientela: Crianças, Adolescentes e Adultos Av. Otávio Santos, 261 Sala 106 I Recreio I Vitória da Conquista/BA I (77) 3083-4545 I (77) 8802-4959 I psikelli@gmail.com Lais Yolanda P. de Araújo I Psicologia Clínica e Escolar I terapiacognitiva2010@yahoo.com.br Clientela: Crianças, Adolescentes, Adultos, Famílias, Escolas e Empresas Av. Rui Frazão Soares, 1911 Sala 222 I Ala Jamaica I Rio de Janeiro/RJ I (21) 2433-5703 I (21) 8828-7722

RS

Sybele Macedo I Psicologia Clínica Clientela: Crianças, Adolescentes, Adultos Casais e Família Av. Rondon Pacheco, 1097 I Uberlândia/MG I (34) 3084-6149 / (34) 9937-8898

Aline Galhardo I Psicóloga (generalista) Clientela: Crianças, Adolescentes, Adultos, Idosos, Escolas e Empresas R. Vicente Dutra, 381 I B. Fátima I Frederico Westphalen/RS I (55) 9902-3308 I aligpsi@hotmail.com




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.