REVISTA ZN - JUNHO/22 - Nº 233

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Saúde

Frio intenso pode potencializar as doenças vasculares

Durante o inverno, quando as temperaturas médias ficam abaixo de 14°C, uma série de doenças cardiovasculares tem incidências maiores. A cada diminuição de 10°C o perigo de infarto agudo do miocárdio aumenta em 7% e, como consequência, as mortes por esta causa sobem em até 30%. Da mesma forma, o acidente vascular cerebral, ou derrame cerebral, tem um crescimento em sua ocorrência. Pacientes com doenças crônicas, com predisposição a problemas cardíacos, e pessoas com mais de 65 anos formam o grupo de maior risco. Nos idosos em especial, que apresentam doença obstrutiva crônica nas artérias dos membros inferiores, a vasoconstrição periférica estimulada pelo frio diminui o fluxo arterial, o que leva à baixa da irrigação das extremidades (isquemia), que pode até levar ao aparecimento de necrose e gangrena nos casos mais graves. O cirurgião vascular e 36 Junho/22 I 23 ANOS

membro do Conselho Superior da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), Dr. Calogero Presti, explica que a doença arterial obstrutiva periférica pode se agravar com as baixas temperaturas, além disso, pacientes portadores de microangiopatia diabética, oclusão de artérias de pequeno calibre (arteríolas e capilares) e indivíduos portadores de doença arterial inflamatória (arterites) precisam se proteger rigorosamente do contato com o frio. Ainda de acordo com o especialista, as pessoas que possuem diabetes de evolução mais longa têm uma menor perfusão das extremidades, e quando são submetidas ao frio intenso a isquemia piora e há um limiar para o desencadeamento de tromboses arteriais e necrose das extremidades. Outra causa de mecanismo não bem conhecida é a perniose. “Existem pessoas

que apresentam extrema sensibilidade ao frio e desenvolvem quadros denominados de eritema pérnio (ou perniose). Caracteriza-se pelo aparecimento de alterações cutâneas, com manchas ou nódulos na pele de coloração vermelha (eritema), e nos casos mais severos surgem vesículas, bolhas e ulcerações. Os dedos das mãos e pés são as áreas mais afetadas em geral, de maneira simétrica e com menos frequência esse fenômeno acomete a ponta do nariz e das orelhas. O eritema pérnio pode ser secundário à presença de doenças sistêmicas, como distúrbios hematológicos (do sangue), hepatites virais, doenças autoimunes e malignas”, esclarece o médico. Fenômeno de Raynaud O fenômeno de Raynaud é outro exemplo de manifestação funcional da microcirculação desencadeada pelo estresse e pelo frio. As extremidades, mãos e pés em contato com o frio desenca-

Reprodução/Internet

Perigo de infarto agudo do miocárdio e de acidente vascular cerebral pode aumentar no inverno. Pacientes com doenças crônicas e pessoas com mais de 65 anos formam o grupo de maior risco


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