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Paralela: Dr. Pedro Caetano
What do you think is the most difficult part when you do the surgery in utero?
People involved in fetal surgery must be very good in ultrasound scanning so that they can orientate themselves. Unlike postnatal surgery where you have a patient in front of you, in fetal surgery you need to have a 3 dimensional mind so you can visualise the patient inside the uterus by using ultrasound so you can orientate yourself. I think that is the most difficult part of fetal surgery orientation with the patient that is one step removed from you separated by the uterine wall.
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In your opinion, what are the most prominent concerns facing fetal care nowadays?
Fetal medicine has expanded into the major field of its own and it is important that people involved in this field should receive extensive training. They have to become very good in ultrasound scanning, so they can diagnosed a series of fetal abnormalities but they also need to be aware of many developments in molecular biology and genetics so that they can interpret better the results of what they see by ultrasound. They can monitor fetal growth for example, and found out if the babies are not growing well and then to decide when is the best time to deliver these babies. They have to be good in ultrasound, they have to be good in obstetrics and know how to manage pregnancies. Equally, they also have to be good in genetics so they can explain the abnormalities that they see. “Unlike postnatal surgery where you have a patient in front of you, in fetal surgery you need to have a 3 dimensional mind so you can visualise the patient inside the uterus by using ultrasound so you can orientate yourself.”
What does the future hold for fetal medicine research?
Over the last thirty to forty years, we have developed the methods that we are using now for fetal surgery. I think that the number of conditions that have been unnameable for fetal surgery is very small so I don’t really expect major developments in discovering new conditions that would benefit from intrauterine surgery. However, many genetic diseases are potentially correctable by intrauterine stem cell transplantation or gene therapy. Therefore, I expect that major emphasis of research will be in the area of intrauterine stem cell transplantation and gene therapy.
DR. PEDRO CAETANO
Pedro Caetano é médico especialista em Medicina Física e de Reabilitação, com Competência pela Ordem dos Médicos em Geriatria e Dano Corporal e pós-graduação em Direito Biomédico e Farmacovigilância.
Atualmente, é coordenador do serviço de Medicina Física e Reabilitação do CHUCB, médico do Sporting Clube da Covilhã e delegado de farmacovigilância do INFARMED, estando envolvido no estudo do perfil de segurança das vacinas contra a COVID-19.
Texto de: Sara Gomes
Em que consistem as lesões vertebromedulares e quais são as noções básicas que qualquer estudante de Medicina deverá ter sobre elas?
Uma lesão medular é uma agressão da medula espinhal, que pode resultar quer numa alteração temporária quer permanente das funções motoras, sensitivas e autonómicas. Como resultado desta disrupção da transmissão nervosa, existem consequências tanto a nível da força muscular, como da sensibilidade, alterações vesicais e gastrointestinais, das funções sexuais e reprodutiva, dor, entre outras. Embora não seja uma temática muito abordada no curso de Medicina, é importante compreender a abordagem da lesão medular, reconhecer alguns dos seus subtipos mais importantes e com características clínicas próprias (os chamados Síndromes Medulares), classificar a lesão, conhecer as complicações médicas agudas e a longo prazo, entender as diferenças e as especificidades do exame objetivo e da história clínica de um doente medular. Considero fundamental que um estudante de Medicina tenha conhecimento sobre o processo de reabilitação perante uma lesão medular, os seus objetivos e como deve ser realizada a prescrição de produtos de apoio/ajudas técnicas que vão permitir ao nosso doente a melhor integração na sociedade e no seu meio.
Quais são as complicações mais associadas a lesões vertebromedulares em contexto de urgência e as suas consequências a longo prazo na qualidade de vida dos utentes?
São várias as complicações associadas (tanto agudas, como crónicas) à lesão medular e o seu atempado diagnóstico e tratamento, assim como a devida prevenção, é fundamental no prognóstico funcional e vital. A trombose venosa profunda, o desenvolvimento de úlceras de pressão, espasticidade, ossificação heterotópica e a disfunção autonómica são frequentes no doente medular e podem ser evitadas. A disreflexia autónoma, em doentes com lesões acima de T6 (muitas vezes originada por uma simples infeção
do trato urinário - ITU - ou do leito ungueal, obstipação ou pelo próprio imobilismo), é algo que temos de ter em conta em contexto de Medicina de Urgência, pois um atraso no diagnóstico poderá originar complicações potencialmente fatais (ex: AVC, convulsões). O risco de queda, assim como o desenvolvimento precoce de osteoporose, é algo a ter em conta, sendo as fraturas mais frequentes a nível da tíbia e do fémur distal. A dor é uma complicação muito frequente do doente com lesão medular e é o valor que mais baixa as escalas de pontuação de qualidade de vida. Está associada, muitas vezes, a stress, ansiedade e depressão. Outras complicações importantes são as alterações vesicais (bexiga neurogénica) e intestinais (intestino neurogénico), sendo que o internamento em centros de reabilitação poderá ser revelante para o seu estudo ou reabilitação.
Como deve ser abordado um utente com lesão medular no serviço de urgência?
É necessário realizar uma histórica clínica e um exame físico que incluam a avaliação detalhada dos sistemas músculo-esquelético, neurológico e urológico (por exemplo, é fundamental diferenciar uma ITU de uma colonização do trato urinário, muito típica nestes doentes). Existem algumas escalas que nos ajudam a avaliar a funcionalidade destes indivíduos (escala MI, SCIM) e que nos vão permitir monitorizar a sua evolução. É essencial também incidir com detalhe na história social, familiar e profissional, conhecer o estado funcional pré-mórbido, para se poderem definir objetivos mais exatos. A classificação do doente é parte fundamental na abordagem de uma lesão medular - com base na escala da Associação Americana de Lesões Medulares - que se baseia na identificação do
nível neurológico (através do estudo da força muscular, sensibilidade) e permite uniformizar esta classificação e a abordagem nestes doentes. Na fase aguda, há um benefício grande em começar a pensar no início da reabilitação, assim como na prevenção das complicações médicas (detalhadas anteriormente).
Considera que existe uma incidência elevada destas lesões? Qual a etiologia mais prevalente?
Há alguns estudos que apontam para uma incidência variável, consoante o país. Em Portugal, um estudo de 2010, aponta para uma incidência de 57.8 por milhão, principalmente em indivíduos entre os 15- 29 anos e acima dos 65 anos. Acidentes de viação e quedas são as causas mais comuns, no entanto, episódios de violência, lesões desportivas, alterações vasculares, tumores, infeções e iatrogenia após cirurgia lombar são também possíveis causas. Acidentes por arma de fogo são pouco frequentes em Portugal, no entanto, são uma importante causa em outros países como os EUA.
Considera que na Medicina Física e de Reabilitação é importante existir um acompanhamento multidisciplinar? Quais as especialidades que mais colaboram no seguimento destes doentes?
É obrigatório que a equipa seja multidisciplinar, pois só assim estaremos mais perto de conseguirmos objetivos e melhorar verdadeiramente a qualidade de vida dos nossos doentes. É fundamental a colaboração de colegas de outras especialidades (neurocirurgia, ortopedia, neurologia, psiquiatria… etc.), assim como de profissionais (fisioterapeutas, enfermeiros de reabilitação, terapeutas ocupacionais, terapeutas da fala, psicólogos, assistentes sociais…etc.). E Reumatologia, que dá apoio aos fisiatras das mais variadas formas. O trabalho em equipa faz toda a diferença, pois só assim conseguiremos o maior envolvimento do doente nos cuidados de saúde, permitindo potenciar ao máximo o seu tratamento e consequente bem-estar.
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