DOMINGOS TÓTORA
O designer que conquistou o mundo ao esculpir a essência da terra
CAMINHOS DE TRANSFORMAÇÃO
Nos ecos dos poemas de Cecília Meireles, a leveza que permeia os mistérios do mundo reflete o equilíbrio da vida. Capa desta edição, o designer Domingos Tótora apresenta sua arte como uma poética da singeleza natural, onde a cumplicidade entre terra e matéria se transforma em esculturas que tocam o coração. A essência artística brasileira, fonte de tantas vozes, encontra o fervor que lhe é merecido na nova edição da SP-Arte Rotas Brasileiras. Na Aberto 03, o legado de Tomie Ohtake e Chu Ming Silveira é celebrado por meio de um diálogo profundo entre arquitetura e reflexões artísticas. Em compasso com a natureza, a criatividade é a força que move o projeto da Usina de Arte, tornando-o um ato de transformação social e ambiental. Eis que a importância do ser é reinterpretada no setor imobiliário. A busca por novas formas de projetar habitações faz da intersecção entre expressão, arquitetura e design um novo paradigma para estimular o bem-estar. Convidamos você a desbravar estas páginas ao ar livre e encontrar inspiração na essência que nos permite ser e renascer.
Débora Mateus, Editora e diretora de conteúdo
Domingos Tótora | Foto: Nelson Rodrigues
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Revista
habitat
12 CAPA.
Número 22 | Outubro & Novembro
Em entrevista à Habitat, o designer brasileiro Domingos Tótora revela como sua arte, enraizada na poética da terra, conquistou reconhecimento global
3 4 ARTE E ARQUITETURA.
A edição memorável da Aberto 03 que, pela primeira vez, ocupou as casas de Tomie Ohtake e Chu Ming Silveira
4 2 DESIGN & LUZ.
O movimento brasileiro que transforma a percepção de valor do design no setor de iluminação
4 6 ESSÊNCIA
BRASILEIRA.
A arquiteta Juliana Pippi traduz a cultura brasileira e a essência do litoral sul em seus projetos e colaborações de design com marcas nacionais
5 2 A VEZ DO MAXIMALISMO.
Mestre do estilo que promete invadir o design de interiores dos próximos anos, Sig Bergamin apresenta mais uma criação extraordinária
5 8 SP-ARTE ROTAS
BRASILEIRAS.
Em sua terceira edição, a feira se torna uma importante vitrine da potência artística nacional
7 0 ARTE LATINO-AMERICANA.
Mostras de Carlos Cruz-Diez e a de Manfredo de Souzanetto marcam os 40 anos da Galeria Simões de Assis
78 DESIGN PARANAENSE
O estúdio paranaense que está conquistando a cena nacional com seus lançamentos de design
8 4 USINA DE ARTE.
Como o Parque Botânico Artístico em Pernambuco revolucionou a vida da comunidade local ao entrelaçar arte e natureza
9 6 COLUNA SOBRE MORAR.
O lar de Cláudia Guimarães da Costa, sócia da Oslo Design
1 06 COLUNA É DESIGN.
Mauro Antonietto é o nome por trás da Onça Pintada, instituição que enlaça arte, sustentabilidade e a essência da vida selvagem
1 10 NOTAS DE MERCADO.
Giro pelas principais notícias nacionais e globais
1 20 COLUNA CONEXÃO.
Cobertura social dos eventos em Curitiba
1 30 PONTO DE VISTA.
A genialidade do arquiteto e engenheiro Lolo Cornelsen eternizada em livro
DOMINGOS TÓTORA: ESCULTOR DA ARTE
QUE BROTA DA TERRA
O designer captura a visceralidade da terra em meio a picos e vales da Mantiqueira, levando arte a diversos continentes
Por Débora Mateus
No alto das montanhas verdejantes da Serra da Mantiqueira, onde a natureza se funde aos abissais azuis do céu, Domingos Tótora se impregna no silêncio contemplativo da singeleza. Suas peças de design, enraizadas na interseção com a arte, emergem ali, manancial de terra pura e bruta. O horizonte, a perder de vista, revela a formação geológica mais antiga do planeta, como fonte inesgotável de inspiração. As criações emergem de uma simbiose com esse ambiente, intrínseco à profundidade da sensibilidade de Tótora.
“O imperfeito é puro de origem e fala por si só. No meu processo, estabeleço um diálogo com o material. No começo, só eu falo; depois, ele se torna tão eloquente que me conduz”
Nascido e criado na cidadela mineira de Maria da Fé, onde mantém seu ateliê e oficina, ele transforma painéis, bancos, vasos e mesas em esculturas vivas, todas plasmadas à mão. Suas obras conquistaram diversos continentes, sendo representadas por galerias como Sage Culture, em Los Angeles, Sarah Myerscough, em Londres, e Atelier Ecru Gallery, na Bélgica. Premiadas pelo Museu da Casa Brasileira (2018), foram selecionadas no Designs of The Year, Londres, e finalistas do Loewe Craft Prize (2021). Exibidas em Seoul, na feira parisiense Maison & Objet, além de mostras em Milão, Portugal, Nova Iorque e Miami. Entre os clientes, um séquito de colecionadores, incluindo o cantor e compositor John
Legend. Cada peça, ao reinterpretar o calor da terra, carrega a energia pulsante da Mantiqueira.
Os tons de ocres, vermelhos, marrons e, mais recentemente, cinzas das colinas e pedras que fascinam o designer, assumem novas formas e significados. As imperfeições, sem artifícios, alinham-se à filosofia japonesa wabi-sabi, da qual ele é discípulo. “O imperfeito é puro de origem e fala por si só. As texturas surgem dos erros que aproveitei. No meu processo, estabeleço um diálogo com o material. No começo, só eu falo; depois, ele se torna tão eloquente que me conduz”, conta, ao me receber em sua casa e estúdio. A acolhida calorosa se mistura aos encantos do lugar onde o tempo parece flutuar.
SUSSURROS DO ÂMAGO
As pinturas primitivas das cavernas de Lascaux surpreenderam nomes como Paul Klee e continuam a fascinar estudiosos até hoje. No cerne da investigação de Tótora, está a essência matérica da terra. Através de uma alquimia experimental, ele transforma papelão descartado em uma massa que combina água e cola. Esse processo, desenvolvido ao longo de 25 anos e atualmente patenteado, origina obras tão robustas quanto a madeira maciça. Embora tenha iniciado sua trajetória com impressões em cera de abelha, descobriu o papelão quando dava aula de arte para crianças com papel machê. Ao encontrar um pedaço de massa que parecia uma casca vegetal, se comoveu e passou a aprimorar suas criações em moldes maiores. Dotadas de subjetividade, elas revelam a poesia oculta do cotidiano e a relação intrínseca com o meio natural. “É como se o papelão, que vem da madeira, retornasse ao seu estado original”. Essa unidade conceitual se mantém constante ao longo de sua carreira, que cresceu exponencialmente durante a pandemia, refletindo a percepção das pessoas pelo “calor das impressões digitais de quem o faz”.
EMOÇÃO TÁTIL
Há, em seu ofício, a intenção genuína de emocionar. Não apenas pela sua postura íntegra, cujos valores espelham a simplicidade da aura. O ato de forjar, pulsante, ecoa a doçura de espírito e fervor criativo, que busca alento nos momentos de meditação em silêncio. Como um portal que transmuta o ordinário em extraordinário, ele captura instantes em “seu templo”, fincado entre os vales encantados de Minas Gerais. As peças são provas de que ainda existe um lugar onde o tempo passa sereno, em meio ao caos tumultuado da vida nos grandes centros urbanos. Manifesta-se, assim, na organicidade tátil das
formas e texturas que concebe. Quem as vê e toca se surpreende ao sentir a suavidade aveludada e quente, a despeito da aridez das rochas que as inspira. Desta maneira, emociona. “Depois de tocar minhas peças, as pessoas falam dessa emoção, e isso é o que realmente importa para mim”. Embora cite referências como Isamu Noguchi, Joseph Beuys, Mira Schendel e José Resende, sua fonte primordial é a agudeza da essência. “Eu sou muito explorador da região. Conheço todas as pedras, montanhas, picos e chãos. Eles estão nas minhas entranhas por onde arde esse fogo criativo”.
MEMÓRIA COLETIVA
Intelectual perspicaz, Domingos Tótora encanta a todos que o conhecem pela postura leve e altruísta. Capacita sua comunidade ao valorizar o saber artesanal, impactando o contexto socioambiental do lugarejo. O reconhecimento dedicado à equipe, composta por uma dezena de funcionários, junto com as benfeitorias aos moradores locais, é parte do legado que constrói. Durante a crise da produção de batatas nos anos 90, fundou a instituição Gente de Fibra, compartilhando seus conhecimentos técnicos com um grupo de mulheres que passou a produzir peças artesanais feitas com fibra de bananeira, gerando renda para suas famílias.
“Dominguinhos é uma pessoa muito querida, e temos imensa gratidão por ele. Além de ser um grande artista que leva o nome da nossa cidade ao mundo, possui um coração enorme. Com o Gente de Fibra, ele mudou a vida de muitas mulheres”, diz Elenice Braga, artesã presente desde o início do projeto. Seu compromisso em manter a humildade em um universo frequentemente marcado pela vaidade o distingue. Segundo Celinho, mariense e amigo, a simplicidade de Domingos surpreende: Ele não gosta de se promover, mas ajuda muito as pessoas da cidade, sempre agindo de forma que ninguém saiba que é ele”.
“É como se o papelão, que vem da madeira, retornasse ao seu estado original”
O ateliê fica a poucos metros da casa de Domingos Tótora e é banhado pela luz natural e pelo cenário natural descomunal da região. Foto: Domingos Tótora
HERANÇA FAMILIAR
Das brincadeiras da infância na fazenda do pai, Darci, nasceu a conexão com a natureza. Desde cedo, o filho demonstrava paixão pelas artes ao rabiscar desenhos, incentivado pela mãe e professora, Isaura, que hoje, aos 91 anos, recebe seu carinho e cuidados. Com orgulho, ele conta sobre a descendência direta de sua família com Maria da Fé, mulher que lutou contra os coronéis portugueses pela recuperação de uma sesmaria doada em 1750 pelo rei. “Ela era destemida e se tornou uma figura emblemática do Sertão da Pedra Branca, minha avó Marta é sua tataraneta”. Essa herança fortalece o vínculo do designer com a cidade, a ponto de não cogitar se mudar, nem mesmo para Berlim, que tanto aprecia. O irmão José Joaquim é um apoio fundamental. "A opinião do José é muito importante para mim. Ele é antenado e me auxilia em tudo o que crio. Nossa relação é maravilhosa; somos muito ligados". Esse amor transbordante se estende aos animais, desde os pássaros e borboletas que sobrevoam seu jardim até os cães Teteco, Clarinha e Santinha.
DIMENSÃO ESPIRITUAL
"Eu tenho um pé na espiritualidade. Não acredito na instituição da igreja, mas em Nhá Chica; ela está sempre comigo.” Beatificada em 1989, ela nasceu escrava e, mesmo em sua pobreza, dedicou a vida aos menos favorecidos. A primeira vez que ele viu sua imagem foi na caixa de cigarros do avô. Ficou impressionado quando visitou aos 12 anos a igrejinha em Baependi, que ela mesma construiu e onde foi enterrada. Hoje, o lugar abriga o instituto que oferece suporte a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, simboliza a generosidade que marcou a vida de Nhá Chica. “Ela foi muito respeitada. Médicos a consultavam antes de realizar cirurgias. Sua casa, embora humilde, sempre estava aberta a todos em busca de conselhos e cura”.
Segundo ele, o relicário que carrega tem um pedaço da renda que cobria seu corpo, presente de uma devota que acompanhou sua exumação. “Quando Nhá Chica estava velhinha e construindo a igreja, ela carregava blocos de pedra e dizia que não havia peso nenhum. Não é linda essa imagem? Sempre há uma mensagem com ela, o que mais me toca é o amor, a simplicidade e o cuidado com o próximo”. Assim como a terra que exala, Domingos Tótora revela, em cada curva e textura, uma emoção, como se a natureza sussurrasse parte de seus segredos. Ele reinventa os contornos sinuosos do meio natural, criando para aqueles que desejam não apenas ver, mas sentir a beleza do mundo.
MABERTO 03: TRIBUTO A TOMIE OHTAKE E CHU MING SILVEIRA
Pela primeira vez, a mostra ocupa dois espaços simultaneamente, exaltando a contribuição de duas mulheres excepcionais
Por Débora Mateus | Fotos: Ruy Teixeira
Casa de Tomie Ohtake foi um dos primeiros grandes projetos do arquiteto e filho Ruy Ohtake
ais audaciosa, a terceira edição da Aberto - plataforma de exposições itinerantes que une arte e design em marcos arquitetônicos - ocupa duas casas modernistas projetadas na década de 70, em São Paulo. A homenagem desta vez é ao legado da arquiteta e designer sino-brasileira Chu Ming Silveira (19411997) e da artista plástica nipo-brasileira Tomie Ohtake (1913-2015) – duas mulheres cuja contribuição à cultura brasileira é enaltecida de forma proeminente. Sob a
curadoria de Filipe Assis, Kiki Mazzucchelli e Claudia Moreira Salles, a Aberto 03 estabelece um elo profundo entre o significado histórico e cultural dos projetos arquitetônicos de suas moradas com obras de importantes nomes da arte nacional e internacional. Este diálogo margeia uma proposta ambivalente, complementada por peças de design concebidas por Alan Chu e Rodrigo Ohtake para a ETEL, honrando o legado de suas mães.
“A arquitetura moderna em São Paulo é muito rica. Por isso, desejamos manter a Aberto na capital, mas também expandir para outros lugares do Brasil e do exterior. É importante ter esse diálogo entre a arte nacional e internacional. Nesta edição, mais de 70% das obras na casa de Tomie foram comissionadas para a exposição. Ao conhecermos a residência de Chu Ming nos apaixonamos, assim como quando Rodrigo Ohtake nos apresentou a de sua avó”, diz à Habitat, Filipe Assis.
De acordo com Claudia Moreira Salles, a criação do Cavaled - um híbrido de cavalete e luminária, em parceria com a ETEL desde a primeira exposição - surgiu como solução para não furar as paredes. “Cada obra compõe um todo, mas, muitas vezes, encontra seu lugar ideal em outros grupos. A entrada de luz e o concreto são fundamentais para a contemplação. A importância é homenageá-las; no caso de Chu Ming, sua arquitetura, menos reconhecida, merece ser enaltecida”.
ELOS DE CRIAÇÃO
Rodeada por ruas arborizadas do bairro Real Parque, a casa brutalista de Chu Ming apresenta uma de suas criações emblemáticas: o orelhão, símbolo de comunicação e presença urbana no Brasil, idealizado em 1972. A arquiteta, que faleceu aos 56 anos, também inovou ao projetar sua morada. Dos pilares que moldam a experiência espacial, criando um jogo dinâmico de luz e sombra, aos ambientes
que surpreendem pela geometria inventiva, cada detalhe destaca sua visão de vanguarda. Para a exposição, o espaço recebe obras raríssimas de mestres como Carmen Herrera, Anna Maria Maiolino, Anish Kapoor, Palatnik - com um de seus cinecromáticos -, além de Wanda Pimentel, Hiroshi Sugimoto, Mira Schendel e um trabalho de Arlene Shechet, representada pela Pace Galery e que está com uma exibição no Storm King, Nova Iorque.
Na casa-ateliê de Tomie Ohtake, situada em Campo Belo - onde a artista viveu e trabalhou, projetada por seu filho, o arquiteto Ruy Ohtake - a vibrante paleta de cores, marca registrada da artista, se funde aos contornos arquitetônicos brutalistas igualmente revolucionários. Além de abrigar uma mostra sobre a vida e a obra de Tomie, curada por Paulo Miyada, a casa exibe uma seleção de 20 artistas contemporâneos convidados para dialogar
com a profusão criativa da família Ohtake. Destacam-se nomes como Daniel Senise, cuja pintura tem como tema a própria casa, Fernanda Galvão, Sandra Cinto, Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Solange Pessoa, Luiz Zerbini, Laura Lima, Mario García Torres, Barrão e a artista brasileira radicada em Londres, Sophia Loeb. Não é à toa que a mostra foi prorrogada até 6 de outubro: isso reforça sua crescente relevância a cada ano.
O VALOR DO DESIGN DE ILUMINAÇÃO
A exemplo dos principais centros de design do mundo, o Brasil avança na transformação da percepção de valor do setor de iluminação
Por Débora Mateus
Lustre Cipó, desenho Juliana Pippi para Itens, direção criativa Mariana Amaral | Foto Divulgação
Enquanto marcas de design de iluminação como Flos, Artemide e Ingo Maurer se destacam no cenário global por meio de colaborações importantes, eventos como as semanas de design de Milão e Paris continuam a impulsionar o nicho, revelando novos talentos. No Brasil, apesar da falta de uma percepção equivalente de valor, há um movimento crescente liderado por marcas, designers e feiras, como a SP-Arte e a Expolux, que buscam evidenciar a importância do design autoral nacional.
Mariana Amaral, fundadora e diretora criativa da Itens, é uma figura central nesse movimento. Lançada há 8 anos, sua marca está presente em 33 cidades e dedica-se a educar o consumidor sobre o valor do design de iluminação nacional. “Quando fundei a Itens, percebi uma lacuna no mercado. Desde então, buscamos aculturar os consumidores, celebrando a identidade do nosso povo por meio de colaborações com designers e artesãos”, afirma. Além de lançar 10 novos produtos anualmente, a marca se destaca por desenvolver soluções personalizadas para prestigiados escritórios, como Bernardes Arquitetura e StudioMK27, de Marcio Kogan, que utilizaram suas peças em unidades do Fasano, ajudando a difundir sua relevância.
Em Curitiba, os sócios Fernando França e Leandro Couto, lideram a Ner Conceito, uma das primeiras galerias de iluminação do país, em prol desse fortalecimento. Parte do Grupo Ner, que completa 10 anos com expertise em projetos luminotécnicos, a galeria representa 8 marcas, sendo 7 com exclusividade na cidade, incluindo a
Itens. Os sócios enfatizam a necessidade de equilibrar o investimento em arte, design de mobiliário e iluminação, uma vez que a composição luminotécnica é crucial para a identidade dos ambientes. “O descompasso entre o investimento em arte ou design de mobiliário e o valor destinado à iluminação precisa ser ajustado. Embora o projeto luminotécnico já seja reconhecido como um grande diferencial na arquitetura, seu valor em interiores ainda é limitado”, afirmam. Para eles, luminárias assinadas podem ser a porta de entrada para novos consumidores. “Desde o início, a Ner Conceito busca transformar a visão mercadológica nacional sobre a força e histórias por trás desses itens, que podem ser o começo para quem quer iniciar uma coleção de design. Além disso, é essencial que os profissionais do setor de arquitetura e decoração percebam a magnitude desses produtos no protagonismo de espaços que já têm móveis de autor ou obras de arte. Estamos comprometidos em educar sobre sua valorização dentro da tríade arte, arquitetura e design”.
POTENCIAL ILIMITADO
Com exclusividade à Habitat, a dupla anuncia a entrada da empresa mineira Autoral e da designer multipremiada Carol Gay em seu portfólio curatorial. Com uma abordagem escultórica já reconhecida, Carol se destaca por criar luminárias que exploram a relação entre luz, sombra e materialidade. Formada em arquitetura, encontrou no design a liberdade criativa e a autonomia que buscava. Sua primeira peça, Caracol, foi criada em um workshop com os Irmãos Campana em 1999 e, em seguida, participou de uma exposição em Verona, na Itália, e na Pinacoteca de São Paulo. “Os Campana são a gênese do meu trabalho, mas desenvolvi minha própria identidade. Não olho para o que já foi criado, mas para a luz que atravessa os materiais e conta histórias por meio dessa materialidade. Escolho com muito cuidado as marcas com as quais quero me associar e, por isso, a importância de estar na Ner Conceito". Suas andanças diárias pelas ruas de São Paulo são uma grande fonte de inspiração. Ela observa tudo o que vê, inspirada pelo texto "Vista Cansada", de Otto Lara Resende. “Esse conceito me acompanha há mais de duas décadas e faz sentido, especialmente no contexto atual, onde muitos não enxergam a beleza ao seu redor”.
A marca mineira Autoral estreou na última edição da SP-Arte, apresentando criações de três designers:
atualizada de Caracol, criação de Carol Gay durante workshop com os Irmãos Campana | Foto: Marcos
Estudio Sala, Alva Design e Bruno Jahara. Segundo o diretor Renato Tomasi, que divide seu tempo entre o Rio de Janeiro e Belo Horizonte, a empresa busca se consolidar como uma editora de luminárias criadas por designers brasileiros, unindo forma, função, arte e design. “Estamos vivendo um momento de ascensão, onde as lojas de mobiliário que representam grandes designers brasileiros abriram os olhos para a importância das peças de iluminação. No entanto, há uma dificuldade em inovar nos formatos, com muitas reproduções de designs existentes. Nosso objetivo é criar novas propostas que vão além da materialidade com originalidade”.
JULIANA PIPPI: A LEVEZA DA LINGUAGEM DO LITORAL SUL
A arquiteta catarinense, que colabora com marcas nacionais e eleva a expressão regional, conta a história da cultura brasileira e de sua terra
Por Débora Mateus | Fotos: Cortesia Juliana Pippi
Arquiteta, designer e diretora artística, Juliana Pippi é uma força criativa que projetou o Sul no cenário nacional. Nascida em Florianópolis e radicada em São Paulo, sua trajetória de 25 anos é marcada por experimentações contínuas que lhe renderam prêmios nacionais e internacionais. Inspirada pela natureza do litoral de sua terra natal, onde montanha e mar se encontram, ela construiu uma identidade única. Em suas mãos, a cultura popular brasileira e o feito à mão se misturam à autenticidade dos materiais e à pureza das formas.
Seus projetos arquitetônicos expandiram para a criação de produtos. A Ceusa, marca de revestimentos cerâmicos, foi a primeira a convidá-la para assinar um mosaico. Em seguida, lançou sua linha de móveis com as séries Poesia, homenageando poetas como Alice Ruiz e Cecília Meireles. Colaborou com Pia Laus e EcoSimple no design têxtil. Assim nasceu sua terceira frente de atuação: a direção artística. Nessa área, ela trabalha com três marcas, incluindo Dona Flor Mobília, cuja coleção é representada pela Inove Design em Curitiba, que também anunciou a exclusividade de Domingos Tótora.
Assinando a direção artística para a DonaFlor, Juliana empresta seu olhar amplo e sensível. Na imagem, a mesa Argila destaca-se pela estética leve | Foto: Divulgação
Arquitetura e Design
Amigos há mais de oito anos, Juliana e Tótora compartilham uma conexão de alma. Duas vezes por ano, ela busca se desconectar viajando para Maria da Fé, com seu violão e vinho. Nesses momentos, contemplam a natureza e conversam sobre arte e música. “Domingos é apaixonante. Vibramos na mesma frequência”. Coube a Juliana o privilégio de projetar sua nova casa, Jacarandá. Com 300 m², tem vista deslumbrante para o vale. O
projeto é simples: duas águas e recortes que emolduram a harmonia entre as criações de Tótora e a paisagem.
Para Marcelo Yasamita, fundador da DonaFlor, a direção artística de Juliana, com sua visão mercadológica, agrega valor ao quarteto de designers da marca. “Juliana está conosco há mais de 5 anos e combina sua percepção de arquitetura e design com o entendimento de comunicação, fortalecendo nossa identidade”, explica.
SINFONIA ARTÍSTICA
Desde a infância, o talento para criar ambientes foi estimulado pela mãe. “Minha diversão era construir casas para as bonecas. Fazia camas com caixas de sapato e transformava potes de Danoninho em pufes”. A música é sua principal inspiração. Sempre que toca violão, flauta e piano, recorda a mãe a acordando “cantando como as cantoras de rádio”.
Essa convicção de que poderia ser tudo o que desejasse explica sua faceta multidisciplinar. Este ano, apresentou a coleção Cipó, uma série de luminárias em vidro soprado criada para a Itens, em colaboração com a artista Elvira
Schuartz e Mariana Amaral. Segundo ela, a linha é uma extensão de sua experiência com design de joias.
Ávida por viagens, busca imergir em diversas culturas e contar histórias, incluindo a dos artesãos. Esse intercâmbio cultural reflete-se em suas criações, que transbordam em camadas de aprendizados. Ainda tem o desejo de morar na Itália e o sonho de projetar um teatro ou museu. “Milão poderia ser minha terceira casa. Quero vivenciar novas experiências e continuar contando histórias nas três frentes onde atuo”. Com sua essência solar, Juliana Pippi transforma o céu em seu limite criativo.
MAXIMALISMO TÊXTIL: DESIGN DE INTERIORES COMO AUTOEXPRESSÃO
Sig Bergamin compartilha mais uma criação extraordinária que faz parte da nova era do design de interiores
Por Débora Mateus
Um aceno ao presente revela as novas dinâmicas que impulsionam a valorização do artesanal, da autoexpressão e do afeto no contexto da casa, que se torna um porto seguro em meio ao caos urbano. Pesquisas de mercado globais apontam para essa nova forma de habitar e sentir o lar, que deve aumentar nos próximos anos. O desejo por ambientes personalizados, à luz da identidade de seus moradores, torna o mix and match um grande aliado. A finalização dos espaços, já marcada pelo protagonismo dos acabamentos têxteis, ganha ainda mais força.
Artista genial do maximalismo, Sig Bergamin continua a desafiar os limites do design de interiores com a metamorfose criativa de quem cria hors-norme. Suas vivências, garimpos e viagens borbulham no processo artístico que cria atmosferas irretocavelmente autênticas com mix de padronagens, cores vibrantes e múltiplas texturas. Em entrevista exclusiva à Habitat, ele revela como suas memórias de viagem e influências do Oriente e da Ásia inspiraram o gazebo criado para a Coleção Gardens da Entreposto, em comemoração aos 30 anos da marca. Cada detalhe reflete a estética criativa eclética que surge das infinitas possibilidades de seu olhar sempre à frente do tempo, impregnado de um borogodó brasileiro inimitável.
“O gazebo é o resultado de muitas viagens e memórias ao longo dos anos. Sempre falo que aprendi muito mais nas idas ao Oriente do que em Milão. Cada detalhe carrega um pouco das minhas experiências ao redor do mundo. Lembro de passear pelos mercados vibrantes de Jaipur,
de caminhar pelos templos do Camboja ou até mesmo de admirar as paisagens da Indonésia. Cada um desses lugares me presenteou com uma peça, uma ideia, uma cor. Por exemplo, a cama que usei no espaço veio da Indonésia, enquanto outros elementos comprei nas minhas andanças pela Índia, Turquia e tantos outros destinos. É o resultado de um garimpo e uma mistura cultural imensa. O ambiente conta a minha história por meio dos objetos e das cores que me tocam. Esse mix sou eu”.
Alguns itens do décor, como uma luminária e obras, foram criados por ele exclusivamente para o ambiente em parceria com artistas e se misturam à nova linha de tecidos. “Assim que vi a Coleção Gardens, especialmente o tecido do Elefante, imaginei imediatamente as paredes e o teto cobertos com ele. O único pedido que fiz foi a criação de uma versão com fundo azul, já que só existia a vermelha. O elefante é um símbolo sagrado, especialmente na Tailândia, e essa mistura cultural tem tudo a ver com a inspiração oriental que permeia o espaço”.
ECOS EM CURITIBA
Há mais de uma década à frente da Cosy Home, Nitsa Vianna transformou sua paixão pela decoração em um projeto que vai além da estética convencional. Sua boutique, especializada em papéis de parede, tecidos, almofadas e mantas, com revenda exclusiva em Curitiba de marcas como Entreposto, Branco Casa e Missoni, tornou-se referência para quem busca autenticidade. Inspirada pelo verso de Carlos Drummond de Andrade: “A casa é o lugar onde se vive. Sem ela, o homem é um ser perdido, sem abrigo, sem conforto, sem lugar para o coração”, ela não só desbravou o mercado local, mas influenciou o setor de arquitetura e decoração da capital, mostrando que a finalização dos ambientes com têxteis é crucial para refletir a identidade dos moradores.
Com olhar estético moldado por um legado criativo familiar - seu bisavô vitrinista da icônica Hermes Macedo e sua mãe renomada paisagista -, aprimorado pela experiência como designer de produto e interiores, a designer preencheu uma lacuna no mercado curitibano. “Eu via muitos arquitetos precisando ir até São Paulo para encontrar produtos que não estavam disponíveis aqui. Foi quando percebi a necessidade de trazer mais diversidade para cá.” Assim, a Cosy Home se consolidou como um ponto de referência para quem quer fugir do óbvio, oferecendo uma curadoria que valoriza a expressão. “Uma casa precisa refletir a alma de quem mora nela. Não basta ser bonita; ela precisa ter personalidade”.
Apaixonada pelo processo criativo, Nitsa Vianna é coautora de vários projetos com inúmeros arquitetos, incentivando-os a explorar novas possibilidades. “Quando criamos juntos, surgem ideias que quebram barreiras e realmente transformam ambientes.” Isso explica sua posição de estar entre os 10 maiores representantes da Entreposto no país. Nos planos de expansão da Cosy, está o lançamento de uma nova marca de moda ainda este ano.
PROTOTYPE ATERRISA EM CURITIBA
Conheça a marca que combina referências pós-industriais com design nacional, agora disponível com exclusividade na Oslo Design
Por Débora Mateus
Ahistória da Prototype, marca de design que une referências do pós-industrial à autoralidade brasileira, se entrelaça com a trajetória de seu fundador, Felipe Protti. Formado em arquitetura, Protti desenvolveu projetos residenciais e cenografia, mas logo se incomodou com a efemeridade desse último campo. No design, encontrou sua verdadeira paixão, um universo que possibilita um processo criativo ágil, onde errar e prototipar são essenciais, diferentemente da arquitetura, que depende de diversas interferências.
Ao assinar o projeto de interiores da loja Doc Dog, fundada por seus pais na década de 90, Protti capturou a atenção de entusiastas do design, como Hussein Jarouche. Em 2008, Jarouche convidou-o a desenhar uma linha de peças para a Micasa, incluindo a icônica Boomerangue. “Sou grato ao Hussein que me incentivou a focar no design. Criei seis peças para uma exposição ao lado de Isay Weinfeld e Marcio Kogan”. Em 2014, com o apoio de Ricardo Gaioso, Protti lançou a Prototype, organizando lançamentos conjuntos com outros designers independentes, um movimento relevante para o design nacional. Com o tempo, estabeleceu sua própria fábrica, o “Bunker”, e passou a criar solo, combinando serralheria em inox com soletas, cintas de couro, tapeçaria e tricô.
A Poltrona Boomerangue, criada originalmente para a Micasa, é uma das primeiras e mais icônicas peças | Foto: Dora de Barros
O sofá Chapa, ambientado no Bunker, fábrica da Prototype, ilustra a sinergia entre o design contemporâneo e a rica tradição artesanal da marca
Foto: Ruy Teixeira
Com a entrada de sua esposa, Helena Barbero, Protti passou a contar com um apoio crucial na gestão da marca. A experiência de 15 anos na NK permitiu que ela trouxesse novas ideias. “Felipe também tem um olhar especial para a moda. Fiquei encantada com sua genialidade artística e comecei a ajudar no planejamento. Acreditamos que a casa deve refletir o estilo de vida do cliente”, conta Helena. Segundo ela, design e moda no Brasil costumam ser vistos como universos separados.
A identidade que mescla referências culturais, arte e música faz da Prototype uma marca impactante. O designer recorda que, quando menino, se encantou pela poltrona Annette, de Zalszupin, que se tornou uma fonte de inspiração. Com o "Bunker", Felipe consegue prototipar peças em apenas 15 dias, estabelecendo uma relação mais direta com seu trabalho.
Nos planos de expansão está prevista a entrada no mercado internacional em Paris. Protti enfatiza que cada peça deve ser pensada para durar, tornandose um verdadeiro membro da família e refletindo a personalidade de quem a escolhe. Assim, a marca não apenas cria móveis, mas também contribui para uma nova linguagem no design contemporâneo brasileiro.
RAÍZES E REFLEXÕES: O IMPACTO CULTURAL DA SP-ARTE ROTAS BRASILEIRAS
Em seu terceiro ano, a feira se consolida no calendário cultural nacional, destacando a diversidade artística de 15 estados
Por Débora Mateus | Fotos: SP-Arte/Divulgação
Penetrar na riqueza da diversidade que constitui a base do campo artístico do Brasil. A terceira edição da Rotas Brasileiras, realizada no final de setembro na ARCA, fincou ainda mais suas raízes no calendário cultural de São Paulo. Reuniu mais de 250 artistas, entre emergentes e consagrados, de 15 estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo. A grande novidade deste ano é a direção artística de Rodrigo Moura, e a criação do novo setor Mirante sob sua curadoria. O espaço ousado, em comparação a outras feiras, apresentou obras em gran-
de escala de artistas consagrados, como Mira Schendel, Tunga e Rivane Neuenschwander, dialogando com a nova geração, como Rebeca Carapiá e Jota Mombaça. “Trazer Moura para a direção artística cria unidade no evento. Sua abordagem colaborativa com as galerias enriqueceu a experiência da feira. No Mirante, ele teve a liberdade para selecionar artistas como Sérgio Porto, Rosângela Rennó, além de uma peça rara do acervo de Adriana Varejão e uma pintura de Delson Uchôa dos anos 80. Essas obras reforçam a pluralidade de influências na produção cultural do país e dialogam com os trabalhos curados pelas galerias”, conta à Habitat Fernanda Feitosa, fundadora e diretora executiva da SP-Arte.
Para o diretor artístico, que já participou das duas primeiras edições da SP-Arte com o setor Solo, retornar desta vez a Rotas Brasileiras tem um valor especial. “No início da SP-Arte trouxemos artistas e galerias de diversas partes do mundo, o que foi crucial. Agora, em Rotas Brasileiras, posso contribuir para essa força da diversidade de várias regiões do país. A separação entre arte popular e o circuito oficial tornou-se menos rígida, enri-
quecendo a feira com a presença de artistas populares, indígenas e afrodescendentes. Eles são os pilares de nosso sistema artístico e sua valorização não é um modismo; a criação do Museu das Origens por Mario Pedrosa, nos anos 70, é um exemplo disso. Outro ponto que se consolida como um grande avanço cultural é a representação de artistas como Jaider Esbell e Gustavo Caboco em galerias do setor primário, como a Millan”.
PONTOS DE CONEXÃO
A localização estratégica do Mirante, no centro do circuito, conecta obras consagradas a outras que passam a ter visibilidade na esfera nacional, além do cenário local, como as do maranhense Luís Carlos Lima (São Luís/ MA). Aos 85 anos, autodidata e nascido em uma família de quebradeiras do coco babaçu, ele utiliza sementes e
frutos para investigar a extração que sustenta milhares de mulheres no Maranhão. Seus trabalhos escultóricos, na galeria Lima, combinam argila local com resina epóxi, serragem, pigmentos vegetais e cera de carnaúba, celebrando a conexão com o bioma da Amazônia Legal.
orgânicas inspiradas em sementes e frutos, remetendo à tradição das quebradeiras
Na Martins&Montero, a produção de Davi Rodrigues revela profunda interseção com o Recôncavo Baiano, às margens do Rio Paraguaçu. Criando um verdadeiro arquivo territorial por meio de desenhos, pinturas e gravuras, sua produção interage com as do coletivo Labinac, fundado por Maria Thereza Alves e Jimmie Durham, também presentes no estande.
Sem Título, da série “Folia de criança” 2003-2005, Davi Rodrigues
Sem título, (da série Ping-Poema para Boris) 2015, Lenora de Barros, Gomide&Co
Em "Rotas de Afeto", na Gomide&Co, Lenora de Barros dialoga com o trabalho de seu pai, Geraldo de Barros, importante artista e designer. Ela combina esculturas, pinturas e peças contemporâneas para explorar memória e afeto. “Quis criar com afeto, mas sem sentimentalismo. Minhas obras, como Fotoformas, Fogo no Olho e a série Ping Poems, se relacionam com seus móveis e outras criações. Lembrei da instalação sonora que fiz nos anos 90, inspirada pelas vanguardas russas. Esse processo gerou uma abordagem instigante”.
A curitibana Daniela Busarello, radicada em Paris há quase duas décadas, surpreendeu com a série “Pau Brasil”, apresentada na Luis Maluf. Suas pinturas em grandes dimensões captam a essência e a história da árvore que simboliza a identidade brasileira. “É um convite à reflexão sobre a vida, a memória e a sabedoria ancestral que coincide também com meu retorno ao meu país de origem”, destaca.
Laberinto de Transcromía Rachel (2017), de Carlos Cruz-Diez, oferece uma imersão que transforma a percepção da cor na arte cinética
A PROPULSÃO GLOBAL
DA ARTE LATINO-AMERICANA CONTEMPORÂNEA
Pontos de convergência entre a mostra inédita de Cruz-Diez e a de Manfredo de Souzanetto marcam os 40 anos da Galeria Simões de Assis
Por Débora Mateus | Fotos: Simões de Assis/Divulgacão
Aarte latino-americana vem se consolidando como um campo dinâmico no cenário contemporâneo. Desafia percepções tradicionais e propõe novas reflexões sobre identidade e cultura. Impulsionada por um elenco artístico pujante, reverbera em diversos continentes. Neste ano, ao celebrar seus 40 anos, a Galeria Simões de Assis reafirma o compromisso de promover diálogos transgeracionais entre artistas renomados e emergentes do sul global, focando na preservação da memória e na difusão dos acervos, incluindo os que
representa por meio de espólios, em exposições que realiza no Brasil e no exterior.
O ponto alto dessa comemoração são duas mostras impactantes: a individual inédita do venezuelano Carlos Cruz-Diez (1923-2019), em São Paulo, e a do mineiro Manfredo de Souzanetto, em Curitiba. Cruz-Diez, pioneiro da arte cinética, revolucionou a relação entre cor e espectador, enquanto Souzanetto explora a geometria e tridimensionalidade em diálogo com a natureza de Minas Gerais.
A seleção desses dois artistas não é fortuita. Reitera o papel da galeria como protagonista na promoção da arte latino-americana, ampliando o debate sobre tradição e inovação. "Carlos Cruz-Diez é um dos grandes pioneiros da arte cinética no mundo, e suas pesquisas mudaram nossa percepção da cor e do movimento. A mostra sobre ele se conecta com a de Manfredo de Souzanetto, que trabalhou no ateliê de Cruz-Diez em Paris, e cujas obras estão em importantes museus do Brasil e da Europa. Passar a representá-lo é uma conquista que buscamos há tempos", afirma o diretor da galeria, Guilherme Simões de Assis.
Obra 1985, 1985, Manfredo de Souzanetto
VISÕES CONFLUENTES
Em “Da paisagem, fragmentos”, a trajetória de Manfredo de Souzanetto é revisitada desde os anos 1970, quando ele alertou sobre os perigos da mineração em larga escala, utilizando pigmentos naturais em suas obras. A exibição “Memória das Coisas que Ainda Existem” (1974), lhe garantiu uma bolsa de estudos em Paris e inspirou a crônica "Olhe Bem as Montanhas", de Carlos Drummond de Andrade, que enfatiza essa ideia de preservação ambiental. “O reconhecimento da minha obra culminou em uma vivência de cinco anos em Paris, onde a experiência ao lado de Cruz-Diez foi fundamental para redefinir minha abordagem e ampliar minha visão sobre o mundo da arte", conta Souzanetto.
Carlos Cruz-Diez consolidou sua vanguarda ao desafiar a percepção visual e convidar o espectador a se envolver ativamente em suas criações. A instalação Laberinto de Transcromía (2017), apresentada pela primeira vez no Brasil, proporciona uma experiência imersiva que ilustra essa grandiosidade. Ao transformar a cor em um fenômeno dinâmico e fluido, Cruz-Diez se afirma como um dos principais inovadores da arte contemporânea, que se fez presente em museus e espaços públicos ao redor do mundo, redefinindo a relação entre arte e cotidiano.
O olhar perspicaz e atualizado de Guilherme Simões de Assis, segundo Souzanetto, fez com que aceitasse a representação da galeria, apesar de já manter uma relação próxima há mais de uma década. Para o diretor, suas obras estabelecem um diálogo com o minimalismo de Kazimir Malevich e com figuras do pós-guerra, como Ellsworth Kelly e Robert Mangold, o que levou ao planejamento de uma mostra em 2025 nos Estados Unidos. "Nosso objetivo é apresentar uma nova reinterpretação da obra de Souzanetto, ampliando sua audiência. Por isso, a ideia de aproximar, pela primeira vez, suas criações com as de Ellsworth Kelly em uma galeria americana que o representa".
DE CURITIBA PARA NOVOS
HORIZONTES
Estúdio Pantarolli Miranda, estreante no Globoplay, mescla cores, sustentabilidade e memórias afetivas em projetos de arquitetura e interiores
Por Vinicius Boreki | Fotos: Mariana Koentopp
Curitiba está naturalmente ligada às cores mais frias, acompanhando o seu típico clima. Ao mesmo tempo, a cidade é reconhecida pelo planejamento urbano, ideias avançadas de sustentabilidade e elevado nível de exigência. Por que não aproveitar as melhores características da cidade e, até mesmo, transformar uma perspectiva equivocada de sisudez com um pouco mais de cor e de memória afetiva? É essa a busca do arquiteto curitibano Zeh Pantarolli e do designer Diego Miranda Leite em seus projetos.
Episódio da série "Insight" traz Diego Miranda Leite e Zeh Pantarolli, únicos do Sul, ao lado de nomes como Sig Bergamin | Reprodução Globoplay
Os dois comandam o Estúdio Pantarolli Miranda desde 2013. Em mais de uma década nessa parceria, a dupla construiu uma perspectiva que leva mais cores para a capital do Paraná. “Sempre optamos por trabalhar com cor de forma pontuada nos projetos, enquanto Curitiba normalmente é muito focada em cinza e bege. Também procuramos mesclar os estilos clássico e moderno e ressaltar a memória afetiva nos projetos. Essa linguagem se tornou uma referência de como somos vistos no mercado. O curioso é que o setor e os clientes identificam esse estilo no nosso trabalho, enquanto a gente não vê”, conta Miranda Leite.
Já que o perfil de trabalho não se encaixa em rótulos, as diversas concepções ultrapassaram as fronteiras da cidade, do estado e do país. De um começo em exposições na CASACOR Paraná, passando por lounges inventivos em shoppings, até receber dois Leões de Prata nas categorias Media e Outdoor Innovation em 2021, pelo projeto “A Gente Banca”, em parceria com o Santander. “Eles nos pediram que levássemos a linguagem do estúdio para o projeto: e o vermelho da banca casou com a marca. Ele seria lançado em Curitiba, que é vista como uma cidade-teste pelo seu nível de exigência. Foi uma proposta totalmente generalista, que abordou a parte de interiores, arquitetura, mobiliário urbano e design de produto. Basicamente, todas as áreas nas quais atuamos”. Mais recentemente, o casal foi registrado em um dos episódios da série Insight, da Globoplay, sendo os únicos participantes da região Sul do Brasil. “Somos duas personas que juntaram arquitetura e design. Ficamos surpresos em sermos retratados com outras pessoas tão importantes. É uma realização e, ao mesmo tempo, aumenta o compromisso de entregarmos um trabalho ainda mais diferenciado”, diz Pantarolli.
OLHAR PARA O TODO
Os dois parceiros se enxergam como profissionais generalistas – ou seja, não se especializaram propositalmente em nenhum estilo ou modo de atuação. Em seu livro “Por que os generalistas vencem em um mundo de especialistas”, David Epstein escreve: “Nossas preferências de trabalho e nossas preferências de vida não são as mesmas, porque nós não permanecemos os mesmos”.
Não é à toa, portanto, que o casal costuma ser visto realizando propostas que fogem do padrão. É o caso de oportunidades que conquistaram em iniciativas colaborativas na Índia, no desenvolvimento de uma residência de alto padrão, e na participação em um projeto de uma espécie de “Detran” de Dubai, que envolveu a parte arquitetônica, de paisagismo e design externo. “Ser generalista é uma essência nossa, que viemos trabalhando ao longo dos anos. Queiramos ou não, a gente se planejou para este mercado sem saber. Somos apaixonados pelo nosso trabalho e, quanto mais diferente, melhor. Chegamos a fazer um quarto para cachorro, com isolamento acústico. Nunca nos limitamos a nos especializar”, analisa Miranda.
A cabeça aberta e a disposição em experimentar levou a trabalhos que os transformaram ainda mais como profissionais e como pessoas. “Sempre estivemos e estamos abertos ao diferente e ao novo. Quando passa uma oportunidade na nossa frente, nós pegamos. São
essas experiências que nos incentivam e agregam mais à nossa profissão”, diz. A participação em uma iniciativa de grande porte - como um museu ou um oceanárioaparece entre os principais planos para o futuro.
AFETIVIDADE SUSTENTÁVEL
Os traços de memória afetiva das criações se conectam aos ideais de sustentabilidade defendidos por ambos. “Cresci sempre tendo um objeto de carinho dentro de casa, que era da minha vó ou da minha bisavó. Quando encontrávamos clientes que tinham algum item com essa característica, sempre fizemos questão de inserir nas composições. Gostamos de planejar para as pessoas e que elas usem”.
O reaproveitamento de materiais – muitas vezes de madeira maciça, por exemplo – já se encaixa no conceito de sustentabilidade entendido pelo estúdio, mas eles buscavam ir além: captar água da chuva antes de se tornar uma obrigatoriedade ou inserir energia solar há alguns anos. “Isso nos deixou preparados para colocar essas ideias nos desenvolvimentos dos próximos anos”. E o que antes partia deles se tornou um pedido dos clientes no reaproveitamento de água, uso mais inteligente da energia e do vento atualmente. “Existem várias possibilidades acessíveis e com estilo. Se partir do cliente, ótimo. Se não, nós indicamos, pois isso é uma filosofia de vida. E a história do escritório se mistura com a nossa”.
A ENERGIA LATINA QUE PARTE DO PARANÁ
Estúdio Latino de Design aprofunda as raízes brasileiras em peças de mobiliário e de iluminação, elevando o talento paranaense
Obrasileiro pode ser considerado latino? Diversas pesquisas já se debruçaram sobre essa pergunta e algumas até mostraram que menos de 5% da população do país se considera dessa forma. Se uma análise mais profunda carece de interpretações sociológicas, antropológicas e linguísticas, Sergio Sone, um dos quatro sócios do Estúdio Latino de Design, ao lado de Alexandre Berton, Max Kampa e Ricardo Pizzichini, tem a resposta na ponta da língua: sim, o brasileiro é latino.
Nascida em fevereiro de 2021, a empresa já desenvolveu mais de 50 produtos em sua curta existência. É como diz o manifesto em seu catálogo: “Acreditamos que nosso mobiliário pode transformar ambientes, multiplicar suas funções e ressignificar suas formas.” E, por que não, repensar a nossa identidade? Essa interpretação levou a caminhos próprios em termos de produtos, de criação e de estratégia. “Enquanto o mercado caminhava em uma direção, nós queríamos algo mais inusitado e mais colorido, no sentido latino de que somos uma mistura de tudo. Há conceitos bem difundidos como da marcenaria japonesa ou do design escandinavo, mas queríamos algo diferente”, conta Sone à Habitat.
Responsável pela comercialização, pelo desenvolvimento e pela produção dos itens, o estúdio adotou uma estratégia de convidar profissionais reconhecidos em seus primeiros projetos. Entre os escritórios de arquitetura paranaenses que assinaram peças estão Giuliano Marchiorato, Boscardin Corsi, Leonardo Zanatta, Solo Arquitetos, NK Arquitetura e Ohma Design. “Muitas pessoas nos interpretavam como um coletivo de design por isso [a presença de especialistas convidados], mas sempre fomos uma marca. Essas parcerias foram uma estratégia de convidar esses experts com mais relacionamento e que admirávamos para caminharmos juntos”.
A consequência foi uma movimentação da cena de design local e um amadurecimento da marca, que passou a se integrar a outros trabalhos, inclusive com nomes que já haviam colaborado antes, preenchendo uma lacuna do mercado. Atualmente, a estimativa é que 70% dos produtos oferecidos por eles são desenvolvidos internamente, sem a presença de parceiros. A produção própria se enraizou ainda mais com a entrada de Max Kampa, visto que os outros três sócios não têm uma formação em design. “Queremos nossa marca como um estilo de vida. Por isso, apostamos também em um showroom próprio de 120 m², inaugurado em fevereiro do ano passado, que traz peças coloridas e o nosso estilo, mas poderia muito bem ser uma galeria de arte. Acreditamos na identidade dos processos e não queremos ter uma agenda de lançamentos. Gostamos de revisitar projetos e mudar acabamentos”. Tudo acontece com o controle dos sócios
sobre todos os passos de produção e logísticos – um conhecimento que vai se aprofundando com o passar do tempo e a melhora da integração com as indústrias. Esse segmento costuma ter uma dinâmica própria. Existem as marcas conceituadas, que ultrapassam as barreiras e se consolidaram, e os designers autorais ou artesanais, que são muito pequenos ou nichados. O Estúdio Latino de Design pretende ser uma marca jovem, com produtos prontos ou que possam ser desenvolvidos no desenho industrial a pedido dos clientes. Para chegar a esse nível, no entanto, foi preciso superar diversas barreiras. Afinal de contas, não é fácil se integrar a esse mercado. “No início, percebemos quão difícil
era entrar na indústria. Agora, elas nos reconhecem, mandam ideias e desenhamos para elas. Dessa forma, conseguimos tornar os nossos projetos mais acessíveis e viáveis”. O propósito é permitir que as pessoas tenham acesso a produtos que, muitas vezes, pareciam inatingíveis. “Muitos gostam da marca, mas ainda não estão maduros o suficiente para comprar tudo o que gostariam, inclusive financeiramente. Reconhecemos o privilégio que é ter itens de design na decoração e queremos que mais pessoas possam ter”.
Atualmente, o estúdio desenvolve uma lista de objetos para casa, como cabideiros, luminárias e bandejas, além de mobiliário e projetos especiais ou sob demanda.
Luminária Kaza e mesas laterais Estúdio Latino, design Max Kampa
PÉS LATINOS EM SÃO PAULO E NA EUROPA
Dos primeiros passos em mostras na CASACOR Paraná a galgar espaço no país e fora dele, os latinos curitibanos já alçaram os primeiros voos em território nacional e na Europa. Em 2024, marcaram presença na MADE – Mercado, Arte e Design em São Paulo, com o lançamento da caixa organizadora Caju, a cadeira Guaíra e a luminária Passo. No ano passado, a linha de móveis Uapé, de Max Kampa em parceria com Solo Arquitetos, esteve no Salão do Móvel de Milão. O nome das banquetas, mesa lateral e cadeira feitas em chapas de aço dobradas com precisão
se inspirou no termo “Vitória-Régia” em Tupi, com um visual elegante e moderno.
“Nós não buscamos ir a Milão, mas foi o que aconteceu com a gente, pois havia o interesse de mostrar um estilo de vida brasileiro por lá”. É o desenho nacional encontrando o seu caminho dentro de uma perspectiva latina. “Queríamos ser diferentes e mais coloridos. Nos identificamos com esse estilo de vida. Tudo não precisa ser preto e branco: esse é o nosso jeito”.
A REVOLUÇÃO DA USINA DE ARTE
O Parque Botânico Artístico em Pernambuco transforma a vida da comunidade ao unir arte, natureza e desenvolvimento econômico
Por Débora Mateus | Fotos: Divulgação/Andrea Rego Barros
Acéu aberto, distante das paredes e molduras, a arte ganha uma nova dimensão. Ao se aproximar daqueles que talvez nunca entrassem em museus ou galerias, torna-se uma força motriz cultural da região da Mata Sul de Pernambuco. O projeto da Usina de Arte, um parque artístico e botânico de grande escala, conecta a comunidade de Água Preta, a 100 km de Recife, à potência artística, promovendo o desenvolvimento econômico, social e ambiental da região. Com acesso
gratuito, é um catalisador comunitário, unindo criatividade e natureza. Em sua essência, reside o poder transformador e inclusivo da esfera artística, cuja proposta democrática passa a ser palpável. A antiga Usina Santa Terezinha, uma das maiores produtoras de açúcar e álcool do país na década de 50, renasceu com outra proposta em 2015, pelas mãos de Ricardo e Bruna Pessôa de Queiroz. Outrora dependentes da monocultura, os moradores ganharam novas perspectivas de sustento.
Curado por Marc Pottier, especialista em intervenções artísticas em espaços públicos, o complexo abriga 40 obras contemporâneas que dialogam com a história regional. O ambiente natural se mescla às esculturas, majoritariamente site-specific. “É um privilégio contribuir para as narrativas deste projeto, que transforma a vida da população local. As residências artísticas promovem um intercâmbio profundo entre artistas e moradores, deixando marcas duradouras”, afirma Pottier. Ele também revela uma nova instalação a ser inaugurada, uma espécie
de estufa com orquidário, do cubano Carlos Garaicoa. Ricardo Pessôa afirma que a essência do parque está na comunidade de Santa Terezinha, que desejava a reabertura da usina, tomada pelo governo. Após recomprar as terras da família em leilão, ele e Bruna iniciaram o projeto em 2012, plantando a primeira árvore. “Queríamos oferecer novos paradigmas para a comunidade, uma chance de prosperidade, com um conceito sustentável que abrange aspectos econômicos e educacionais”.
VIVER A ARTE AO AR LIVRE
Caminhar ali é uma experiência de reconexão consigo mesmo, na qual o esplendor das criações monumentais e naturais convida a uma descoberta íntima. Generator, primeira obra pública de Marina Abramović no Brasil, é um chamado à interação, estimulando a redescoberta da energia vital entre o ser humano e a terra. A escultura Diva, de Juliana Notari, provoca reflexões sobre o corpo feminino e sua relação com a natureza. Em Paisagem, Regina Silveira constrói um labirinto de vidro, onde 12 modelos de tiros simulados e um jogo de luz e sombra amplificam o desconforto, evocando transformações sociais da região. Outros artistas, como Geórgia Kyriakakis,
Saint Clair Cemin, Flávio Cerqueira, José Spaniol, José Rufino, Bené Fonteles, Hugo França, Artur Lescher, Júlio Villani e Iole de Freitas, também participam desse fervor pulsante.
Em Banquete da Terra, Denise Milan, abre espaço para refletir sobre as conexões com as origens do planeta e a nossa sobrevivência. A obra convida a "mastigar de maneira metafórica a trajetória da humanidade para vislumbrar o futuro". Milan instiga: “O que realmente valorizamos em nosso cotidiano? Quais compromissos estabelecemos com a natureza e com os outros que moldam nossas experiências e nosso entendimento do mundo?”.
Em frente ao casarão da Usina, projetado pelo arquiteto italiano Giacomo Palumbo, a obra de Francisco Brennand surpreende
FORMAR PARA TRANSFORMAR
O impacto social da usina conecta passado e futuro, ampliando as perspectivas de crianças, jovens e adultos. O espaço torna-se um núcleo para iniciativas que geram renda local pelo turismo, como pousadas e restaurantes. Abriga o Fab Lab Mata Sul, que capacita jovens em empreendedorismo e tecnologia, além de uma escola de música e uma biblioteca com 5 mil títulos. Sob a coordenação de Jana Alves, o Fab Lab inspira os alunos do curso de programação a sonhar alto. David Mateus deseja integrar tecnologia ao esporte, Laisa Beatriz quer ser astrofísica, Rita Maria pretende ser médica, e Lindemberg Lima almeja empreender. "Essa oportunidade muda nossa realidade, traz inovação e a projeção de um futuro melhor", declara Lima.
A biodiversidade do Parque Botânico, com 600 espécies de plantas reflorestadas, é parte dessa transforma-
ção. Inclui jatobás, palmeiras nativas, baobás brasileiros e a raríssima flor Nymphea lotus, que simboliza renovação. O que começou como um jardim em celebração ao amor do casal evoluiu para um complexo botânico de 40 hectares, segundo Bruna Pessôa de Queiroz. Ela destaca a campanha para restaurar as palmeiras à terra de Palmares, fruto da paixão do marido pela espécie, o que os levou a doar mudas para incentivar seu plantio.
Durante o ano, festivais gastronômicos, feiras de artesanato e apresentações musicais integram a programação de eventos. Sustentada pelo casal que a fundou, a Usina de Arte é uma instituição sem fins lucrativos que merece apoio financeiro de instituições privadas. Ao emanar a simbologia da Nymphea lotus, que brilha no lago ao lado da obra de Tulio Pinto, seu renascimento se torna um ato de revolução cultural.
COMPOSIÇÃO MÁXIMA
Por Karolinna Venturi
Dona de um olhar que se volta ao que chama de arquitetura máxima, Karolinna Venturi tem se destacado no mercado curitibano com projetos embebidos de referências que mergulham na mistura de arte e design, cores, texturas e garimpos para contar histórias. Suas viagens às feiras internacionais, como a de Milão, enriquecem o rol de referências que construiu ao longo de 12 décadas na arquitetura. No
ARTE EM MÓVEIS
A associação da arte em peças de mobiliário pode elevar ainda mais o tom autoral de um projeto de interiores. O Bar Ondas, fruto da parceria entre a arquiteta Ana Weege e o artista visual Vinicius Parisi reflete como essa fusão criativa pode ser uma forma de adicionar ainda mais expressão ao espaço.
Hall de Entrada, ambiente que assinou para a última edição da CASACOR Paraná - sua 4ª participação -, e que ganhou a capa da revista da mostra, ela colaborou com artistas para criar peças que saem do óbvio. A profissional traz uma seleção de itens que refletem como a expressão máxima pode retratar, de maneira singular, a personalidade de seus moradores.
CÚPULAS DE AUTOR
Um projeto luminotécnico bem-feito é fundamental, mas a iluminação decorativa também pode ser um grande ponto de diferenciação na composição de um ambiente. Cúpulas personalizadas em padrões e texturas trazem um impacto visual em uma proposta maximalista.
PAPEL DE PAREDE
Na hora de finalizar os espaços, o papel de parede pode ser um ótimo aliado. Além de adicionar textura, ele cria uma camada de ousadia. Linhas geométricas criam uma atmosfera sensorial, equilibrando o tom contemporâneo e envolvente.
MOSAICO EXÓTICO
Pedras exóticas em desenhos que fogem do óbvio e evidenciam o primor dos detalhes, dão um toque refinado, tornando-se verdadeiras obras de arte esculturais. Peças italianas combinam o tradicional e o ousado em uma fusão perfeita, exaltando o cuidado artesanal e a excelência dos acabamentos.
GARIMPO COOL
Garimpar peças em antiquários é uma forma de contar as histórias. Na hora de escolher peças de décor, o garimpo torna-se parte do processo de curadoria: peças únicas carregam histórias que se entrelaçam às de quem as adquire, evidenciando sua personalidade.
UM LAR PARA VIVER E RECEBER
No “episódio” de hoje, a história do lar de Cláudia Guimarães da Costa, a alma por trás da Oslo Design
Fotos: Leonardo Costa
Em uma rua tranquila, no bairro Mercês, fica a casa de uma arquiteta apaixonada por design, pelas coisas boas da vida e pelos seus 6 cachorros. Claudinha, como é mais conhecida, é descendente de portugueses e alemães e leva um estilo de vida característico de suas raízes, com um equilíbrio entre 4 pilares para viver bem: o seu trabalho (uma de suas paixões), a corrida, o yoga e o funcional - seus esportes preferidos -, além de momentos entre amigos e muitas viagens pelo mundo.
Habituada com design e arquitetura desde pequena, ela criou uma conexão natural com o tema. Sua mãe, a arquiteta Karin Klassen, a envolveu em seu universo, mas
o que fez com que expandisse seu olhar para o mobiliário de design foi frequentar feiras em São Paulo, onde se encantou com as opções que não estava acostumada a ver em Curitiba. Em 2016 inaugura a Oslo, uma loja de móveis e objetos de design que une curadoria e criação e onde busca desenvolver e selecionar peças que se conectem com sua forma sensível de ver o mundo. A loja fica em uma casa no Água Verde, pertencente a sua família há mais de 150 anos, e onde já funcionava o escritório de Karin. Por ser um espaço “fora do circuito”, é um refúgio para os profissionais, clientes e onde eventos agradáveis com amigos e pessoas interessantes ligadas ao universo da arte e da cultura acontecem no lindo jardim.
A CASA NOVA
A escolha pela casa nova aconteceu quando percebeu que seu gosto por receber merecia um espaço maior do que o antigo apartamento, e mais íntimo que o jardim da Oslo. Após se encantar com a tranquilidade do bairro Mercês e a proximidade com o Parque Barigui, escolheu esta casa em condomínio para chamar de sua e poder aproveitar mais o verde, que já estava acostumada na loja, e seu jardim tropical, onde uma jabuticabeira e uma pitangueira são destaques. Karin, que além de mãe é também a sua maior cúmplice
e com quem tem total sinergia, abraçou este projeto para que o novo lar de Claudia e Teo, seu namorado, representasse o novo momento do casal. O ponto de partida foi integrar a cozinha à sala e ao jardim, e criar um cenário perfeito para compartilhar com seus amigos em dias de festa, mas com todo o aconchego para os momentos a sós.
Com uma base neutra com textura em cimento, e um equilíbrio com lâmina de madeira natural, surge a base para um ambiente com poucos elementos, mas com riqueza de detalhes em um estilo contemporâneo e urbano.
CURADORIA
Em sua casa, Cláudia teve a liberdade criativa de selecionar móveis que já adorava, da Oslo, com a peças e objetos que ela e Teo trouxeram de viagens, para promover um conjunto harmônico.
Primeiro escolheu um sofá amarelo, protagonista do espaço, de Daniela Ferro, que trouxe modernidade. A mesa de jantar da loja é evidenciada com o pendente Amorfa, uma peça icônica de Arthur Casas. A bancada em madeira bruta, logo ao lado, serve de apoio à churrasqueira, mas pode ser usada também como buffet ou mesa de trabalho. As confortáveis banquetas Omar, de Rejane Carvalho Leite, e as cadeiras Douro de Henrique Schreiber, foram escolhidas a dedo com, também, a charmosa caminha Pet da Oslo estúdio para o aconchego de Lua, sua cachorrinha.
Outros objetos, pelos quais tem um carinho especial, são: uma cadeira de pregos de Marcelo Stefanovicz, comprada por Teo logo que se conheceram; um quadro “calendário’’ que comprou em comemoração aos seus 30 anos, do mesmo artista; uma tela de Antônio Maia que foi presente de seu pai; algumas peças e esculturas de
Kimi Nii, além de artigos menores que garimpou ao redor do mundo, como os vasos Isla da marca Nouvel, peças Rosenthal trazidas da Alemanha e um castiçal norueguês.
Nas paredes, 2 quadros de Leo Franco, criam um díptico e trazem cor e movimento, uma solução sugerida por Consuelo Cornelsen, grande amiga de Cláudia. Individualmente as peças já carregam um design autêntico, mas, o conjunto e a harmonia que unem essas escolhas tornam ainda mais interessantes. “Não são tantas peças, mas priorizo as boas e que chamam a atenção’’.
Cláudia já morou na Europa e sempre pensou em voltar definitivamente para lá, mas hoje se sente muito feliz em seu novo lar e com a maneira com que leva a vida: leve, em contato com a natureza, perto das pessoas que ama, dos seus cachorros, e comemorando com seus amigos em um lar que a representa e acolhe.
‘’Estar em casa, aproveitar cada espaço, com um bom vinho e uma música ambiente é maravilhoso, seja com meu namorado, minhas amigas ou mesmo sozinha. Morar para mim é chegar no final do dia e falar: que delícia, estou em casa, e me sentir bem. É sobre isso’’.
JAZZ CHILENO: FUSÃO DE TRADIÇÃO E MODERNIDADE DO OUTRO LADO DOS ANDES
Por Lucas Rodrigues
Poucos gêneros musicais conseguem expressar tão bem o espírito de uma época e ao mesmo tempo transcender fronteiras culturais como o jazz. No Chile, essa forma de arte encontrou terreno fértil desde a década de 1920, quando foi trazida por Pablo Garrido Vargas e sua Royal Orchestra. Inicialmente, o jazz era sinônimo de modernidade e sofisticação, ecoando nos salões de dança de Valparaíso e Santiago, refletindo uma clara influência norte-americana. Mas, ao longo dos anos, esse gênero evoluiu, ganhando novas estéticas e incorporando elementos locais, moldando-se à rica diversidade cultural chilena.
No início, o jazz chileno era uma música popular e dançante, que dominava tanto os salões quanto as transmissões de rádio. Não havia espaço para a improvisação; as orquestras, conhecidas como "la jazz", seguiam à risca repertórios tanto latino-americanos quanto norte-americanos, sob forte influência de gravadoras icônicas como RCA Victor e Columbia. O primeiro artigo sobre jazz publicado no Chile, em 1927, destacava sua harmonia e valor estético, revelando o fascínio pelo gênero.
No entanto, o panorama musical começou a mudar no final dos anos 1940, quando ritmos como o mambo e o bolero passaram a dominar a cena. Ainda assim, o jazz resistiu no Club de Jazz de Santiago, onde entusiastas apaixonados mantinham viva a chama do hot jazz e da improvisação. A chegada do bebop na década de 1950 trouxe um sopro de inovação técnica, dividindo os aficionados entre os mais tradicionais e os adeptos das novas correntes. Nos anos 1970, surgiu o jazz elétrico, com grupos como Fusión e Aquila levando o gênero a novos patamares. Mesmo em meio à repressão política pós-golpe de 1973, músicos continuaram a explorar novas sonoridades, misturando o gênero com ritmos tipicamente chilenos.
A partir dos anos 1990, o jazz chileno encontrou um novo fôlego ao integrar elementos da música tradicional do país. Nomes como Pablo Lecaros, com sua criatividade de fundir o local e o global, abriram novos caminhos. Grupos como La Marraqueta exemplificam essa prática híbrida, incorporando tradições e modernidade de forma fluida. Hoje, esse estilo abraça tanto os repertórios clássicos quanto os contemporâneos, destacando músicos virtuosos como Ángel Parra e Cristián Cuturrufo, que continuam a inovar e a expandir os horizontes musicais do gênero.
Enquanto o jazz crescia nas grandes cidades, uma história fascinante se desenrolava no arquipélago de Chiloé. Esta região, que remonta a milênios, é marcada por uma rica tradição cultural. Originalmente habitada pelos povos huilliches e chonos, Chiloé sempre foi uma terra de profunda conexão com o mar e a natureza. A chegada dos colonizadores espanhóis no século XVI,
com a fundação de Castro em 1567, trouxe uma nova era. A cultura chilota, conhecida por seu folclore vibrante, mitologia e tradições únicas, como a festa de São Sebastião e a produção das famosas "chapas" (arte têxtil), ainda preserva uma riqueza que atrai turistas e estudiosos. Mesmo enfrentando os desafios do desenvolvimento moderno, Chiloé mantém seu patrimônio vivo, entrelaçando o passado com o presente.
Se há um lugar onde a fusão entre tradição e modernidade ressoa de forma intensa, é no sul do Chile. O jazz em Chiloé e na Patagônia foi moldado por influências nacionais, mas também encontrou inspiração nos ritmos patagônicos, como o chamamé, as rancheritas, as valsas e as periconas. O folclore local, com sua riqueza e autenticidade, tornou-se a base para a criação de um novo estilo de jazz, que incorpora instrumentos como o acordeão, introduzido na região no século XIX.
O festival Chiloé Jazz, que já conta com quatro edições, tornou-se uma vitrine importante para artistas locais, além de oferecer oportunidades de formação musical para jovens, ampliando o acesso à cultura sem a necessidade de deixarem a região.
Dentro desse cenário, surge o projeto Patagonia Jazz, que busca explorar as nuances da composição musical no sul do país, unindo o contemporâneo à tradição. Com uma formação que inclui acordeão, piano, baixo e bateria, o grupo explora uma vasta gama de ritmos, como o jazz fusion, chacareras e tonadas, criando uma experiência sonora única. Atualmente, o Patagonia Jazz trabalha em seu primeiro álbum, que promete capturar a essência da música patagônica de maneira autêntica e envolvente.
O jazz chileno percorreu um caminho longo e transformador desde suas primeiras notas nos salões de dança até se consolidar como uma expressão cultural que mescla identidades locais e estrangeiras. Em regiões como Chiloé, onde o diálogo entre tradição e vanguarda é constante, o gênero encontra um terreno fértil para continuar se reinventando. Com uma herança musical rica e em constante evolução, o jazz no Chile segue firme em sua jornada, oferecendo um legado vibrante e dinâmico para as próximas gerações.
A NOVA ERA DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL
Condomínio inédito da CGL com o sistema tecnológico Light Steel Frame traz mais eficiência e sustentabilidade ao mercado curitibano
Atenta às principais tendências de mercado, a CGL
Construtora e Incorporadora investe no Light Steel Frame (LSF) para sua nova fase de expansão. Este sistema construtivo inovador tem se mostrado transformador na construção civil, gerando resultados eficientes e sustentáveis em países da América do Norte e Europa. Com durabilidade estrutural de até 300 anos, o LSF acelera o tempo de construção e melhora a performance termoacústica em até 40%, criando ambientes mais confortáveis. Além disso, o método gera sete vezes menos poluição e consome apenas 1% da água necessária nas construções convencionais.
Normatizado no Brasil desde 2022, o Light Steel Frame é caracterizado por perfis de aço galvanizado e paineis de gesso de alta performance, que minimizam a umidade e evitam o mofo, garantindo conforto e durabilidade. Enquanto países como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França e Países Baixos utilizam o LSF em cerca de 60% das novas construções residenciais, no Brasil essa porcentagem ainda não chega a 10%. Tomás Herrera, diretor de incorporação da CGL, destaca que essa disparidade revela um grande potencial a ser explorado. “Após pesquisas de mercado, identificamos a necessidade de oferecer casas com um
sistema construtivo com desempenho superior, mais sustentáveis, e que possam gerar mais conforto para os usuários. Queremos difundir o Light Steel Frame e implementá-lo em um condomínio horizontal inédito no Ecoville, composto por 37 casas de alto desempenho, totalmente projetadas com essa tecnologia”.
O LSF não só proporciona maior velocidade e precisão
na construção, mas também apresenta outros diferenciais significativos. Por se tratar de um sistema de construção a seco, as manutenções, reformas e ampliações são simplificadas e há uma redução de até 90% no volume de entulho gerado. A resistência ao fogo é outro ponto forte, pois o aço é tratado para atender a normas de segurança, aumentando a proteção das edificações.
INOVAÇÃO EM CURITIBA
Ao adotar o Light Steel Frame, a CGL se posiciona como um agente transformador, promovendo construções mais eficientes e sustentáveis. Essa abordagem atende à demanda crescente por soluções habitacionais de qualidade e se alinha às exigências globais de sustentabilidade, reduzindo desperdícios e custos operacionais a longo prazo. Devido â industrialização do processo também há um ganho enorme de produtividade e condições de trabalho nos canteiros de obra.
Com 30 anos de atuação, a CGL se destaca como referência, tendo lançado 43 condomínios residenciais em Curitiba, a empresa é reconhecida pelo design, localização, plantas e qualidade construtiva.
O novo empreendimento no Ecoville, em plena ascensão econômica, será totalmente construído em LSF, prometendo transformar a experiência dos moradores
ao oferecer maior conforto térmico, acústico e lumínico. “Além da certificação ambiental do empreendimento, é fundamental demonstrar ao público todas as vantagens dessa tecnologia, como a precisão da construção, durabilidade, conforto acústico dos ambientes, redução de custos com climatização e a capacidade de emitir menos dióxido de carbono (C02)”, explica o diretor.
O DESIGN COMO EXPRESSÃO DA NATUREZA E EMOÇÃO
Idealizador da Onça Pintada, Mauro Antonietto integra arte, sustentabilidade e a essência da vida selvagem
Fotos: Criadouro Onça Pintada
Odesign vai além da técnica; é uma manifestação profunda da visão de mundo de seus criadores. Mauro Antonietto, arquiteto com mais de 35 anos de atuação, exemplifica essa abordagem ao entrelaçar filosofia, arquitetura e estética. Formado em Arquitetura e Urbanismo pela PUC/PR e Filosofia pela UFPR, com especializações em paisagismo, Antonietto oferece uma perspectiva única, onde cada projeto converge princípios criativos e funcionais.
Uma de suas criações mais notáveis é o Criadouro Onça Pintada, um exemplo brilhante de como o design se funde com a preservação ambiental. O centro de conservação ocupa 168 hectares e abriga mais de 2 mil animais de 190 espécies diferentes. Dedica-se à
manutenção de programas de recomposição e manejo, desenvolvendo técnicas de criação e pesquisas voltadas para a preservação da fauna.
Sua história começou em 1995, quando uma área rural degradada foi adquirida e gradualmente reconstituída com a reintrodução de espécies nativas. Desde então, o espaço tem se expandido, recebendo reconhecimento por seu trabalho com a fauna brasileira. Em 2003, o centro de conservação obteve a licença de operação do IBAMA e acolheu seu primeiro exemplar de onçapintada, marcando o início de um projeto que cresceu continuamente e conquistou prêmios, como o 22º Prêmio Expressão de Ecologia em 2015 e o Selo Amigo da Fauna em 2022.
ENTRE ÉTICA E ESTÉTICA
Segundo Antonietto, o design deve ser um exercício de reflexão e expressão, equilibrando ética e estética. “Para mim, arquitetura e design não são apenas formas e funções; são a interseção entre a filosofia que molda nossa visão e a criação que transforma nossa experiência. Cada projeto é uma busca pela harmonia entre o pensamento profundo e a estética envolvente, onde a beleza encontra seu propósito e a função revela sua arte”.
Para criar um ambiente que simula o habitat natural das espécies, ele se dedicou ao estudo minucioso
do comportamento dos animais silvestres abrigados no criadouro. Esse projeto exigiu uma compreensão profunda das necessidades comportamentais e ecológicas, resultando em soluções criativas que promovem o bem-estar e a preservação das espécies. O design do criadouro reflete uma organicidade criativa, utilizando materiais naturais e aproveitando a luz para criar um espaço funcional e esteticamente envolvente. A busca constante por contrastes e o desejo de cativar a emoção são evidentes em cada projeto de Mauro Antonietto, onde a originalidade se transforma em uma busca pela verdade e pela essência.
CASA BRADESCO
A Casa Bradesco, novo epicentro cultural da Cidade Matarazzo, abriu suas portas com a exposição "Inflamação", assinada pelo aclamado Anish Kapoor. A mostra, que vai até 15 de janeiro de 2025, apresenta 18 obras icônicas do artista, incluindo o site-specific "Blinded by Eyes, Butchered by Birth”. Com curadoria de Marcello Dantas, o espaço propõe uma imersão multidisciplinar, unindo arte, botânica, ciência e design em experiências inovadoras. Além das exposições, o espaço abrigará um laboratório de arte, um teatro multimídia e áreas voltadas ao público infantil, consolidando-se como uma nova referência cultural em São Paulo.
NOVO LIVRO
Pedro Ariel Santana, diretor de relacionamento e conteúdo da CASACOR, acaba de lançar a sexta edição de A Grande Beleza, intitulada "Sensações". O livro reúne imagens de edições da mostra em todo o Brasil e apresenta a experiência do au-
DESIGN PREMIADO
O arquiteto paranaense Giuliano Marchiorato foi um dos vencedores do 27° Prêmio Deca na categoria Produto, com o projeto Mictório nº1. Com design em ângulo, a peça garante privacidade ao usuário sem a necessidade de anteparos adicionais. Suas linhas puras e estilo
minimalista refletem os traços geométricos do modernismo brasileiro, unindo estética e funcionalidade. “Em 2017, um mictório mudou o rumo da arte com Duchamp. Em 2024, queremos mudar o rumo do design dos mictórios brasileiros”, afirma Marchiorato.
tor no processo criativo de cada ambiente. Com foco na ancestralidade, a obra está alinhada com a mostra de 2024, "De presente, o agora". As páginas apresentam instalações artísticas e espaços que celebram a herança negra, caipira e indígena.
MAISON&OBJET
A edição de outono da Maison&Objet Paris celebrou seu 30º aniversário, propondo uma imersão em formas e cores oníricas com o tema "Meta Sensible". O evento, parte da Paris Design Week, conectou o
mundo material ao metaverso, onde as barreiras físicas desapareceram. Lionel Jadot, premiado como Designer do Ano, apresentou um espaço que promovia diálogos entre passado e presente. Apesar de uma queda de 14% no número de expositores, 58%
das marcas eram internacionais, com 27% estreantes. O Brasil se destacou com trabalhos de designers do Ceará, Amazonas e Minas Gerais, enquanto a feira enfatizou superfícies iridescentes e tons néon, aguçando o "apetite digital" do público.
ROCA GALLERY
Roca Gallery, situada na Avenida Paulista e dedicada a promover debates sobre tendências e inovação, celebra seu 1º aniversário. O evento de comemoração reuniu profissionais para discutir design e sustentabilidade. Integrante do Grupo Roca, é a primeira galeria da América a conectar públicos especificadores e gerais. "Mais do que apresentar produtos, o Roca São Paulo Gallery se consolidou como um meio de comunicação com o setor", destaca Sergio Melfi, managing director da Roca Brasil.
Foto: Divulgação
HOTEL UNIQUE
A Ornare participou da revitalização do icônico Hotel Unique em São Paulo, trazendo suas linhas de mobiliário sob medida para 29 suítes. O consagrado arquiteto João Armentano deu um novo ar ao projeto original de Ruy Ohtake, mantendo sua essência. Entre os quartos reformados estão as categorias Deluxe, Premium, Paulista, Suíte Mayfair, Broadway e Rodeo Drive. A Ornare destacou-se com as linhas Wall System, Crystal Case e Sky, que valorizam o espaço. O hotel faz parte da exclusiva Legend Collection da Preferred Hotels & Resorts na América do Sul. Em Curitiba, a Ornare é representada pelas empresárias Luciana Bazan e Cláudia Magalhães.
Foto: Divulgação
BAZAR CAÇAMBA DO BEM
A próxima edição do bazar Caçamba do Bem, evento trimestral que transforma materiais descartados da construção e decoração em oportunidades de reutilização e sustentabilidade, está prevista para novembro. Fundado pela designer paranaense Marília Bender, o bazar oferece itens reaproveitados a preços acessíveis. Na última edição, a mesma quantidade de peças vendidas foi doada à Associação de Moradores de Águas Claras, em Piraquara. "É gratificante ver que, a cada edição, mais pessoas compreendem a importância do reuso e da sustentabilidade", celebra Marília.
HARMONIA NATURAL
Benedito Abbud, paisagista brasileiro, assina o projeto do Hyde Atlântica 4312, empreendimento em Balneário Camboriú, Santa Catarina. O edifício será concebido para estimular os sentidos através da natureza, incorporando árvores frutíferas e espécies aromáticas que promovem bem-estar. A proposta integra áreas verdes, criando um ambiente harmonioso para os moradores. Com 90 apartamentos distribuídos em 63 andares, o projeto inclui inovações como piscinas com tecnologia Sloshing, que minimizam vibrações.
INVESCON
A Invescon oferece os últimos apartamentos à venda no Vigo, incluindo uma unidade decorada. Luis Napoleão, CEO da incorporadora, ressalta que a decoração permite mudanças rápidas, sem complicações, e gera economia de até 40% em acabamentos. Com apenas nove apartamentos, o empreendimento brutalista, projetado pela Smolka Arquitetura e localizado próximo à Praça da Espanha, é o único a oferecer frações de um terroir na Borgonha, com certificado de propriedade transferível entre gerações.
ARTRIO
O paulistano Thiago Nevs é um dos dez artistas selecionados por Ademar Britto para o programa SOLO da ArtRio 2024. Representado pela galeria Asfalto, ele apresenta trabalhos inéditos que exploram influências das culturas populares e urbanas. Em sua primeira participação no Rio, Nevs exibirá obras criadas especialmente para o evento, incluindo uma escultura de mais de dois metros e um trabalho com cobogó de cerâmica.
NOVO EMPREEMDIMENTO
A Construtora Piemonte lança o condomínio Reserva
Amati em São José dos Pinhais. Em um terreno de 53 mil m², o empreendimento oferece 152 lotes residenciais e um lote comercial, com terrenos de 186 a 376 m² e possibilidade de casas com 334 a 676 m² de área privativa. Focado no alto padrão, o projeto conta com certificações de qualidade e oferece infraestrutura completa em meio à natureza. Mais informações: www.piemonte.com.br.
AROMAS NO ROSEWOOD
A LENVIE, marca de perfumaria autoral, acaba de lançar a linha Floresta Noturna, criada exclusivamente para o Rosewood São Paulo. Assinada pela perfumista Fanny Grau, a fragrância explora os aromas da Amazônia, com notas de Patchouli, Copaíba e Sândalo. Com difusor, vela perfumada e kit aromatizador, a série traz embalagens criadas por Ana Carolina Paulon. Disponível exclusivamente no Rosewood São Paulo.
RESIDÊNCIA ARTÍSTICA
A Luis Maluf Galeria abre inscrições para o quarto Programa de Residência Artística, que ocorrerá na Barra Funda de 8 de janeiro a 1 de março de 2025. O programa, com quase oito semanas de duração, oferece ateliês e orientação para o desenvolvimento de projetos. As inscrições vão até 11 de novembro de 2024, e um júri selecionará 12 artistas, incluindo 3 vagas para o Sertão Negro Ateliê e Escola de Artes. As obras serão exibidas em uma mostra coletiva ao final do programa.
NA VANGUARDA IMOBILIÁRIA
Inauguração do PINAH, primeiro empreendimento da América Latina com certificação WELL marca um novo padrão no setor
Fotos: Eduardo Macarios
No centro das discussões sobre o impacto da construção civil, além das questões sustentáveis, emergem constatações científicas que ressaltam a importância de considerar a saúde mental e física dos habitantes. Um estudo do Berkeley Lab sugere a necessidade de projetar espaços urbanos que priorizem o bem-estar, uma vez que passamos mais de 90% do nosso tempo em ambientes construídos. Em Curitiba esse cenário se materializa com a inauguração do PINAH,
empreendimento no coração do Bigorrilho, o primeiro da América Latina a obter a certificação WELL. O prédio da Construtora Laguna integra diversos indicadores de saúde, incluindo qualidade do ar, água, iluminação, nutrição e bem-estar mental. Com 32 residências suspensas, preserva mais de 1 mil m² de vegetação nativa, incluindo um bosque com 13 araucárias e mais de 80 árvores, atraindo diversas espécies de aves.
Projetado pela Baggio Schiavon Arquitetura (BSA) com interiores assinados por Jayme Bernardo, paisagismo de Felipe Reichmann e iluminação de Regina Bruni, o PINAH destaca-se pela integração entre bem-estar, localização icônica e preservação ambiental. Segundo Gabriel Raad, diretor geral da Laguna, “cada detalhe foi pensado para atender às rigorosas métricas do WELL, visando melhorar a qualidade de vida dos moradores, com conforto térmico e lumínico, além de estimular a saúde física e mental”. Ele também ressalta os sistemas automatizados de filtragem de ar e a alta qualidade da água tratada como exemplos dos impactos positivos no cotidiano dos residentes. Para os próximos dois anos, o executivo menciona que a construtora planeja seguir inovando com cinco lançamentos.
Obras de diversos artistas da Galeria Zilda Fraletti enriquecem a experiência cultural dos moradores
EXEMPLO PROMISSOR
O projeto arquitetônico reafirma o compromisso da cidade com a natureza, conforme destaca Flávio Schiavon, sócio da BSA. “Maximizamos os recursos ambientais do terreno e, com o apoio da prefeitura, transformamos o desnível da topografia em uma solução que dialoga com o contexto urbano. A atmosfera acolhedora é marcada por formas dinâmicas e amplas varandas, parte de um design contemporâneo e disruptivo. Ao ampliar a permeabilidade do solo, conseguimos captar água da chuva e utilizar energia renovável, conectando tudo à história do bairro e às raízes de Curitiba, terra dos pinhais”, conta.
O design de interiores, assinado por Jayme Bernardo, combina funcionalidade e estética, com ambientes que mesclam materiais naturais, como pedras e madeiras em tons neutros, enfatizando os verdes que refletem a paisagem circundante. A curadoria artística, em colaboração com Zilda Fraletti, inclui obras de Alfi Vivern, Marilene Ropelato, Cristina Barrancos, Ana Serafim e Eduardo Bragança, enriquecendo a experiência cultural dos moradores. “O prédio se torna uma moldura para o verde do
exterior, enquanto a arte intensifica essa conexão. Nas áreas comuns, destaque para espaços como o deck para meditação e o spa na piscina. Cada projeto é único, e este não é exceção”, diz o arquiteto.
O uso de madeiras certificadas, tintas com baixos níveis de Compostos Orgânicos Voláteis (VOC) e um sistema de captação de água da chuva, que armazena até 100 mil litros anualmente, aliado à gestão eficiente de resíduos, são diferenciais sustentáveis. À frente da Petinelli - empresa especializada em meio ambiente e eficiência energética, responsável pela consultoria de conforto e sustentabilidade do projeto -, o diretor Guido Petinelli enfatiza o pioneirismo da Laguna. “Priorizar a qualidade do ar, evitando doenças respiratórias como rinites e sinusites - considerando que respiramos cerca de 12 kg de ar por dia - foi possível graças a um sistema de exaustão que controla a umidade na cozinha e no banheiro, trazendo benefícios à saúde. Além disso, a fachada foi projetada para que, durante mais de 90% do ano, não haja necessidade de ar-condicionado”.
COSY E BOTTEH
Cosy Home e Botteh Handmade Rugs organizaram uma ação especial em São Paulo para 10 profissionais parceiros. O evento incluiu uma imersão na nova coleção da Entreposto, representada pela Cosy no Paraná, e uma visita à Botteh, na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, referência em tapeçaria artesanal.
Foto: Divulgação
SWELL CONSTRUÇÕES
Leonardo Pissetti, diretor de Incorporações da Swell, Paulo Bacchi, CEO da Artefacto, Vanessa Pissetti, diretora administrativa da Swell, Thiago Pissetti, diretor de Engenharia da Swell, e Pedro Torres, responsável por marketing e vendas, anunciam "Jardins Artefacto by Swell", primeiro empreendimento no Paraná assinado por Juliana Meda, com mobiliário 100% Artefacto.
Foto: Divulgação
ESTÚDIO ELMOR
O Estúdio Elmor participa pela oitava vez da Mostra Artefacto Curitiba, apresentando um ambiente que homenageia a paisagista Manu Daher. O projeto combina um living sofisticado com um jardim integrado, valorizando o artesanato e as raízes brasileiras. Na foto de Marco Antonio, o arquiteto Jorge Elmor.
ERIC GOZLAN
O óptico francês Eric Gozlan, com 22 anos de história, inaugurou sua segunda Óptica de Vanguarda em Curitiba, no Shopping Mueller. Durante a abertura oficial, Eric recebeu convidados e a imprensa na nova unidade, localizada no piso L3. Na imagem, Eric ao lado da esposa, Dayana Gulin. Foto: Cassiano Rosário
LAGUNA E BSA
O novo empreendimento Pinah, no Bigorrilho, foi projetado pela Baggio Schiavon Arquitetura. Integrado à natureza com 13 araucárias preservadas, o edifício destaca-se pela estética ousada, soluções sustentáveis e certificações de bem-estar. Vanessa Schiavon, Bernadete Demeterco, Flávio Schiavon e Faissal Raad. Foto: Divulgação
PLAENGE
Daniel Turchetti e William Ribeiro, gerentes regionais da Plaenge, participaram do evento que apresentou as áreas comuns do Fifty Cabral, novo empreendimento da incorporadora. O projeto celebra 50 anos da construtora, combinando luxo e sustentabilidade em uma localização privilegiada de Curitiba. Foto: Divulgação
ARTHUR CALLIARI
O escritório Arthur Calliari Arquitetos conduz a restauração do icônico Casarão Neuchatel, equilibrando tradição e modernidade. O projeto respeita a construção original de 1907 e busca resgatar seu valor cultural e simbólico. Na imagem, os arquitetos Arthur Calliari e Gustavo Laguczeski. Foto: Divulgação
NOSSOL ARQUITETURA & INTERIORES
A decoradora Walkiria Nossol visitou a Desjoyaux e a Tessaro para selecionar os acabamentos da piscina e os móveis da área externa da casa que ela e sua equipe estão projetando na Praia do Patacho, em Porto de Pedras, Alagoas. Foto: Divulgação
SILVIA LOPES
A produtora de eventos Silvia Lopes, que tem se destacado com seu podcast Casamento e Comportamento, visitou a Holy Home Store para conhecer as elegantes e variadas opções que a loja oferece para listas de presentes, reforçando sua expertise em tendências de celebrações. Foto: Divulgação
GALERIA ZILDA FRALETTI
As sócias da Ornare Curitiba, Luciana Bazan e Cláudia Magalhães, com a galerista Zilda Fraletti na abertura das exposições "Grito da Terra", de Franz Krajcberg, e "Elogio à Natureza", de Lelli de Orleans e Bragança, na Galeria Zilda Fraletti.
Foto: Gerson Lima
ELISEU PORTUGAL
O médico Eliseu Portugal, o ex-jogador da seleção brasileira Leonardo Nascimento de Araújo e sua esposa, Anna Billo, participaram de um evento na Villa Gernetto, mansão histórica do século XVIII em Lesmo, Itália, que combina estilos neoclássico e barroco e se destaca por sua importância cultural e estética. Foto: Divulgação
PÁTIO BATEL
O Pátio Batel realizou a 8ª edição do Pátio Batel Fashion Walk (PBFW), um dos mais importantes eventos de moda do Brasil. Da esquerda para a direita: Sylvain Justum, Camila Coutinho e Paulo Borges. Foto: Divulgação
CAROL ANDRUSKO
A Reveev Curitiba inaugurou sua mostra de 2024, apresentando ambientes projetados por renomados arquitetos e designers locais. Durante o evento de abertura, foi lançada a Coleção Renasce. Entre os destaques, a arquiteta Carol Andrusko assinou um dos ambientes da exposição. Foto: Divulgação
RAFAEL CHAOUICHE
O designer paranaense e finalista do reality show Making The Cut, Rafael Chaouiche, lança a nova coleção Bamboo, que inclui uma collab exclusiva com a marca de bolsas Ryzí. Durante sua visita ao Teatro-Museu Dalí, na Espanha, ele aproveitou para clicar um spoiler da linha.
Foto: Divulgação
INOVE
Inove Design e estudiobola inauguraram uma store in store no Jardim Social, Curitiba, fortalecendo a parceria de longa data entre as marcas. O novo showroom oferece uma experiência imersiva em design autoral brasileiro. Eviete Dacol, diretora da Inove Design e o designer Mauricio Lamosa.
Foto: Patrícia Amancio
MONARCA
O UMA Batel, novo lançamento da Monarca, traz a filosofia dinamarquesa de bem-estar para o bairro mais valorizado de Curitiba. Com apenas 27 unidades exclusivas e design contemporâneo, o residencial conta com um estande de vendas no Pátio Batel. Na foto de Guilherme Prebianco, Mariana Pires, Ana Leticia Virmond e Seme Raad Filho
PRISCILLA MÜLLER
A arquiteta Priscilla Müller assina o decorado do Chateau Carmelo, da Construtora San Remo. O destaque está no minimalismo e na curadoria de mobiliário europeu, da Casual Móveis. Foto: Gustavo Wanderley
FLORENSE
A Florense Carlos de Carvalho promoveu um disputado talk com Aldi Flosi, consultor de estilo, produtor, set designer e entusiasta da arte e da cultura popular brasileira, que também foi responsável pela recente repaginação da loja. Foto: Kelly Knevels
MONTRELUX
A Montrelux, empresa com 14 anos de mercado, referência em box de banho, espelhos, guarda-corpos e projetos especiais, foi fornecedora oficial da edição Paraná da CASACOR 2024, com destaque no espaço Refúgio Deca. Na imagem: Marina Nessi, diretora da Casacor Paraná, Juliano Deconti, diretor da Montrelux, e Melissa Capriglione, diretora da Vidromax. Foto: Gerson Lima
por Cesar Franco Coluna Conexão
HABITAT E IDEE TRAZEM RUY TEIXEIRA A CURITIBA
A consagrada trajetória de Ruy Teixeira, um dos maiores fotógrafos do país em design e arquitetura, foi o tema de mais um bate-papo da revista Habitat, desta vez, em parceria com a IDEE. Em versão itinerante, a revista promove eventos com grandes nomes da arte, arquitetura e design em lugares importantes de Curitiba. Com duas décadas de experiência em Londres e Milão, Teixeira clicou desfiles e designers como Jean Paul Gaultier e colaborou com marcas como Kartell e Cassina. No Brasil, fotografou a capa de Thiago Bernardes para a Habitat e continua elevando a arte com suas imagens marcantes.
Fotos: Rodrigo Leal
Cesar Franco Coluna
MOSTRA ARTEFACTO
Sob o tema Meu lugar, a Mostra Artefacto 2024, apresentou ambientes que promovem um real encontro entre dois talentos criativos: arquitetos - e/ou designers de interiores-, e seus homenageados. A publisher da Habitat, Cintia Peixoto, foi homenageada no espaço assinado por Ary Jacobs e Renan Mutao. Com uma curadoria afinada ao protagonismo cativante e trajetória visionária da publisher, a dupla criou um espaço repleto de cores vibrantes, pulsante em arte e design. Confira a seleção de fotos sociais da mostra.
A GENIALIDADE DE LOLO CORNELSEN ETERNIZADA EM LIVRO
Ayrton João Cornelsen, carinhosamente conhecido como Lolo, é um dos grandes nomes da arquitetura e engenharia brasileiras que desafiou as fronteiras do modernismo, não apenas no Paraná, sua terra natal, mas também no cenário nacional e internacional. Agora, sua história ganha as páginas do livro "Lolo Cornelsen –Vida e Obra", lançado no último dia 24 de setembro na Oslo Design, em parceria com a revista Habitat. A obra mergulha na trajetória deste ícone, que moldou a identidade do estado com ousadia e criatividade.
Lolo atuou em diversas escalas de projetos, desde residências e edifícios emblemáticos até grandiosos empreendimentos, como estádios, autódromos e grandes
complexos turísticos. Como diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná, ele deixou uma marca indelével ao pavimentar mais de 400 quilômetros de rodovias, conectando o estado e impulsionando seu desenvolvimento.
Irreverente e intenso, desafiou convenções e estabeleceu novos conceitos. Além de suas inestimáveis contribuições, nutria uma profunda paixão pelo automobilismo, projetando autódromos em Curitiba, Rio de Janeiro, Estoril, Portugal, e Luanda, Angola. Seus projetos residenciais, ainda celebrados, revelam uma sensibilidade estética e uma técnica apurada, refletindo seu compromisso inabalável com a excelência em inovação.
Guilherme de Macedo é arquiteto e urbanista, sócio fundador do Lona Arquitetos e um dos autores do livro