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COM UM TEMPERO NOS PÉS O GROOVE ESTÁ NAS MÃOS - Uma Introdução a Pedais e Efeitos de Baixo

Por Ian Sniesko

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O GROOVE ESTÁ NAS MÃOS COM UM TEMPERO NOS PÉS

Uma Introdução a Pedais e Efeitos de Baixo

Apesar da sua grande importância na música popular, pouco se fala sobre pedais e efeitos de baixo e a grande possibilidade de nuances sonoras que oferecem. Baixistas famosos como Flea, Bootsy Collins e Roger Waters se utilizam da vasta gama de possibilidades proporcionadas por esses efeitos para levar aos limites o instrumento.

São muitas as músicas famosas na qual a linha de baixo conta com um ou mais efeitos. Um dos baixistas pioneiros em fazer uso de diferentes pedais ao longo da carreira é o Flea, do Red Hot Chili Peppers. Entre distorções, modulações e filtros, o repertório da banda merece ser estudado por essa perspectiva.

Pedalboard de Flea, baixista do Red Hot Chili Peppers. Da esquerda para a direita: Dunlop Cry Baby Wah, BOSS Bass Overdrive, MXR Microamp e Electro Harmonix Q-Tron.

Fonte: Pedalmaniacs

Dentre os pedais frequentemente utilizados no baixo elétrico estão o já conhecido trio de distorção: overdrive, distortion e fuzz. Modulações, como o chorus, que conferem ao som instrumento uma sensação de “movimento” única, octavers (em português “oitavadores”), envelope filters ou auto-wah’s e compressors.

Confira abaixo uma introdução a cada tipo dos mais populares efeitos de baixo:

DISTORÇÃO

Talvez o mais conhecido dos efeitos utilizados no baixo, assim como na guitarra, seja a distorção. Pense na linha de baixo dos versos de “By The Way”, do Red Hot Chilli Peppers. Ou então em “Crying Lightning”, do Arctic Monkeys, composição na qual o baixo, altamente melódico, leva todos os holofotes para si. É amplamente considerado um dos timbres mais aclamados da década de 2000.

Contudo, ao fazer uso deste efeito é preciso tomar certo cuidado para não perder as frequências mais graves. No estúdio, ou mesmo ao vivo, uma técnica frequentemente usada é a de dividir o som do baixo em duas faixas: uma distorcida e mais focada nas frequências acima de 200Hz ou 300Hz, e outra limpa, focada nas frequências graves e subgraves. A partir daí, ajuste o volume de ambas a gosto.

Pedais: BOSS Bass Overdrive, MXR Bass Distortion

FUZZ

Apesar de também se enquadrar na categoria distorção, o fuzz é um efeito que merece ser tratado a parte. Ele dá ao som do baixo uma característica granulada e texturizada. Pense na introdução de “Breed”, do Nirvana, ou em “Ace of Spades”, do Motorhead.

Muitos pedais famosos por seu uso na guitarra também casam muito bem com o baixo: o Fuzz Face e o Big Muff, por exemplo, são unidades de efeito que conservam muito bem as frequências graves, tornando-se uma ótima opção para uso no instrumento.

Pedais: Electro Harmonix Bass Big Muff, Dunlop Silicon Fuzz Face

CHORUS

seu auge nos anos 80 e voltou a ganhar popularidade nos últimos anos também pode ser usado no baixo. O resultado é um leve movimento nas frequências graves. É preciso, contudo, achar o ponto ideal e evitar exageros para que os fundamentos do som do instrumento não se percam.

Em músicas como “Off The Wall”, do Michael Jackson, e “Alive”, do Pearl Jam, os baixistas se utilizam do pedal de chorus para dar dimensão e mais poder ao baixo.

Pedais: BOSS Bass Chorus, Electro Harmonix Small Clone

OCTAVER

O efeito de octaver consiste em ser um pedal que dobra o que está sendo tocado até duas oitavas acima ou duas oitavas abaixo. Esse efeito é muito utilizado no baixo quando se precisa dar um “empurrão” a mais no instrumento para que ele consiga ser ouvido no contexto

da mixagem. Ajuste o efeito para uma oitava acima e o knob de mix por volta de 50% a 80%: o resultado é um som de baixo que preserva suas frequências graves, mas ainda tem presença.

Uma das músicas em que o baixo se utiliza desse efeito é “Feel Good Inc.”, do Gorillaz. Observe como a linha do instrumento ganha um papel melódico e rítmico ao mesmo tempo e “gruda” na cabeça do ouvinte.

Pedais: MXR Bass Octave, BOSS Super Octave

ENVELOPE FILTER

O envelope filter, como especificado pelo próprio nome, cria um filtro do tipo envelope, que trabalha como um pedal de wah automático: por sua similaridade com o efeito, é também chamado de auto-wah. O ponto forte do pedal é sua sensibilidade à força da palhetada.

O efeito é muito usado em linhas de baixo com inspirações na funk music, como nas de “Power of Equality”, do Red Hot Chili Peppers, e “Just Another Story”, do Jamiroquai.

Pedais: Electro Harmonix Q-Tron, MXR Bass Envelope Filter

COMPRESSOR

O último pedal da lista serve mais como uma ferramenta básica do que como um efeito propriamente dito. Quando bem utilizada, a compressão pode melhorar muito o seu timbre e fazer com que as suas performances fiquem mais uniformes. Porém, é importante ser sútil no efeito para que não se percam as dinâmicas naturais do som.

Pedais: Tc Electronic Spectra Comp, MXR Dyna Comp

OS CAPTADORES DE CONTRABAIXO

Por Erico Malagoli

Pode parecer mentira, mas o baixo elétrico surgiu nos anos 30, porém somente nos anos 50, com o Precision, criado por Leo Fender e George Fullerton, que esse instrumento maciço, elétrico, prático e com produção em massa, ficou famoso.

Os primeiros P-bass possuíam um captador single, parecido com um de tele, mas com quatro polos em alnico, e assim permaneceu por alguns anos. De fato, durante a década de 50 o Precision, mesmo passando por modificações, foi o único modelo de baixo comercializado pela Fender, sendo que o design que conhecemos hoje, incluindo o captador de bobina dividida (uma bobina para cada 2 cordas com fase e polaridade reversas), só surgiu em 1957. Mas, enquanto a Fender surfava na onda do Precision, outros fabricantes, como Gibson, Hofner e Rickenbacker já estavam desenvolvendo e lançando seus próprios modelos de baixos.

Com a popularidade do rock crescendo nos anos 60, o mercado foi se desenvolvendo cada vez mais, a Fender e a Gibson lançaram alguns modelos no início da década, tendo sido o Jazz Bass, com 2 captadores singles o que mais bem-sucedido. A partir daí, o mundo dos baixos elétricos não parou de crescer, uma enorme quantidade de modelos foi aparecendo ao longo dos anos, com diferenças grandes em termos de design, número de cordas e, claro, em captadores. Os captadores magnéticos são os mais usados, mas captadores piezos (e até com infravermelho) já foram utilizados.

Entre os magnéticos, um mundo alternativo surgiu com os captadores de bobinas duplas, de diversos formatos, sendo os chamados Soap Bar provavelmente os campeões em variações de tamanho e formato, alguns desenvolvidos pela EMG, que também contribuiu com os modelos ativos e criou uma ramificação importante junto com outros fabricantes de circuitos ativos - agora teríamos os captadores passivos, os ativos e os passivos combinados com circuitos ativos. E é aí que se encontra a maior dificuldade para trocar o captador de um contrabaixo. Ao contrário das guitarras, onde os fabricantes procuraram manter as medidas-padrão dos humbuckers Gibson e dos singles Fender (dentre outros) para facilitar a substituição dos captadores, para os baixos surgiram diversos tipos e padrões de formatos de medidas, tanto nos humbuckers quanto nos singles.

Um Jazz Bass de 4 cordas, por exemplo, possui um captador ponte maior do que o captador braço. No caso do Jazz Bass de 5 cordas, seria natural a proporção ser mantida, porém em tamanho maior, e isso realmente acontece, mas não é um padrão para todas as fabricas, já que algumas usam um único tamanho (o tamanho da ponte 5 cordas, mas em ambas as posições). Outros adotam as capas Ponte e Braço dos Jazz Bass de 4 cordas, mas com espaçamento de 5, há ainda outros que fazem a mesma coisa somente com o da ponte, isso sem falar nos Jazz Bass de 6 cordas, enfim… é quase uma bagunça.

Para os fabricantes de captadores isso é um terror, pois além de a demanda por captadores de baixo ser menor que a verificada por captadores de guitarra, a variedade é maior e, consequentemente, o investimento também é maior por conta de maior quantidade de moldes, peças etc. A consequência é uma segmentação, com fabricantes grandes dispondo de poucas opções para baixo e outros, menores, mais focados em captadores de baixo e de produção menor, o que dificulta a compra e eleva os preços, até porque a concorrência é menor.

Na falta de captadores, a saída então é recondicionar ou refazer os captadores do baixo, correto? Infelizmente não é bem assim, pois muitos deles, especialmente os Soap bar são lacrados…

O resultado disso tudo? Consumidores com um certo receio de trocarem o captador ou “na mão”, por não encontrarem o modelo ou timbre que desejam. Erico, então é o fim do mundo, não podemos trocar nossos captadores? Na Malagoli optamos por manter os padrões Fender Precision e Jazz Bass, os Music Man tradicionais e o formatos de Soap Bar mais procurados, para 4, 5 e 6 cordas. Em nosso site encontram-se também as medidas dos captadores para ajudar na escolha, isso atende uma boa parte da demanda, mas para aqueles que não encontrarem o que desejam, há um esforço em curso envolvendo a Malagoli, luthiers e a revista 440Hz para disseminar essas informações e atender à maioria dos baixistas, usando nosso pickup lab para timbres diferenciados em modelos que já temos, refazendo captadores que permitam essa modificação, circuitos externos aos captadores para modificar timbre/ganho e, finalmente, facilitar a adaptação de modelos ligeiramente diferentes.

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