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Debates
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O Salão Nobre do TNDM II será, durante a Lisboa Mite, o espaço privilegiado para conversas sobre teatro, às 18h00. Os criadores que nos visitam, e que têm trabalho para mostrar, vão partilhar com os estudiosos de teatro e com o público em geral as suas experiências no campo teatral. Dia 23 de Junho, a grande especialista vicentina Ana Zamora falará sobre o seu trabalho continuado a partir da obra de Gil Vicente, um genial autor que, tanto escreveu em português como em castelhano. Dia 05 de Julho, o conhecido teatrólogo Georges Banu virá discorrer sobre o trabalho importante de renovação teatral que actualmente se desenvolve nos países de Leste e que volta a afirmar-se na cena mundial. Dia 11 de Julho, o jovem encenador Emmanuel Demarcy-Mota falará sobre a génese e crescimento de centros culturais na periferia das grandes cidades e sobre a importância que assumem para o desenvolvimento local. Dia 26 de Julho, o autor e encenador José Sanchis Sinisterra partilhará as suas reflexões sobre a dramaturgia contemporânea e sobre a obra fragmentária, um tema que o fascina cada vez mais.
Cinema
A Melhor Juventude
Editorial A Lisboa Mite’06 é o primeiro sinal público daquilo que nos propomos fazer no novo Teatro Nacional, um sinal que pretendemos suficientemente revelador dos pressupostos essenciais do nosso projecto. Pretendemos, antes de mais, abrir este espaço às mais diversas temáticas e correntes artísticas, e nesse aspecto a programação da Mite é plural quanto baste. Por Lisboa passarão várias produções de textos clássicos, mas também peças importantes da dramaturgia contemporânea, como acontece com o texto de José Sanchis Sinisterra e com uma peça fundamental de Eugène Ionesco, “Rinoceronte”. Depois, pretendemos estabelecer redes de cumplicidades com companhias internacionais, de forma a incentivar o cruzamento de experiências e projectos, e de promover a criação de novos produtos e novas formas de fazer. Todas as companhias incluídas no programa são, de uma maneira ou de outra, já nossas conhecidas. Temos desenvolvido trabalho em conjunto ou, pelo menos, temos tido vontade de o fazer. E com esta cumplicidade esperamos criar condições para que os projectos sobrevivam para além do efémero que são as mostras ou os festivais sazonais de teatro. Outro objectivo da nossa gestão passa pela afirmação de Lisboa e do Teatro Nacional como um espaço de referência no contexto internacional do teatro e das artes do espectáculo. Queremos um Teatro Nacional que seja uma montra das diferentes abordagens que, nas artes performativas, se vão fazendo, tanto em Portugal como no estrangeiro. Mas queremos que essa plataforma tenha uma identidade própria, o que pensamos conseguir tanto pela afirmação da nossa História, como pela posição privilegiada que ocupamos no Continente Europeu. Uma posição geográfica e uma história que nos permite ser um ponto de encontro por excelência entre os criadores europeus, africanos e latino-americanos, um ponto de encontro que pode e deve funcionar com um estatuto de permanência e que terá os seus momentos de visibilidade pública nas mostras que nos propomos realizar todos os anos. Correndo o risco de parecer demasiado ambiciosos, estes são objectivos que procuramos atingir a médio prazo, tendo consciência de que há todo um capital adquirido que nos permitiu, em apenas dois meses, preparar a 1.a edição da Lisboa Mite. A forma fácil como esta mostra se tornou uma realidade prova que estão criadas as condições para a internacionalização do Teatro Nacional, de resto o sentido maior de uma instituição de serviço público como é este teatro. Este é o primeiro de uma série de cadernos que pretendemos publicar durante a Lisboa Mite’06 e com os quais queremos chegar mais perto do público e chamar a atenção para as nossas propostas culturais. Neste primeiro caderno, desenhamos, a traço grosso, uma panorâmica geral da programação da mostra, que esperamos seja do vosso agrado. Carlos Fragateiro José Manuel Castanheira
(La Meglio Gioventú)
Um filme aclamado pela crítica e recebido com grande êxito em Portugal. Realizado por Marco Tullio Giordana e com interpretação, entre outros, de Maya Sansa (que, na Lisboa, Mite, protagoniza “Il Lettore a Ore” e participa em “Metamorphoses”), Luigi Lo Cascio, Alessio Boni, Adriana Asti, Sónia Bergamasco. Conquistou já os prémios Un Certain Regard (Cannes), Prémio do Público (Roterdão e Palm Springs), Prémio Melhor Realizador (Seattle). Itália; 2003; 366’; cor; 22 de Julho; Sala Garrett; 17.00h (I Parte) e 21.00h (II Parte) PREÇO> €3,00
Músicas no Átrio O’Questrada
Os O’Questrada apresentam, na Lisboa Mite’06, um espectáculo divertido e surpreendente, no Átrio do TNDMII, todas as sextas-feiras, às 24h, de 16 de Junho a 26 de Julho. Universal e indescritível, a sua sonoridade ousa uma fusão única impregnada do espírito do fado, da ska, da pop, do funnáná. Esta trupe de cinco músicos fala uma língua popular, numa grande viagem sonora.
Jazz
> às 24h
(piano/contrabaixo/bateria)> 17 de Junho (Variable Geometry Orchestra) > 24 de Junho JOANA MACHADO TRIO> 1 de Julho ZUM TRIO> 8 de Julho JOÃO PAULO ESTEVES DA SILVA> 15 de Julho COMMUNION QUINTET> 22 de Julho RODRIGO GONÇALVES TRIO VGO
PREÇO COMUM> €5,00 e €3,00 para jovens < de 25 anos
Nova Esplanada Durante a Lisboa Mite’06, abre, bem no centro da cidade e por baixo do frontão do TNDMII, uma nova esplanada com vista para o Rossio.
Ficha Técnica DIRECÇÃO> Carlos Fragateiro e José Manuel Castanheira
DOCUMENTAÇÃO> André Camecelha
COORDENAÇÃO> Pedro Mendonça
GRAFISMO> Nuno Patrício
COORDENAÇÃO EDITORIAL> A. Ribeiro dos Santos
FOTOGRAFIA> Margarida Dias
REDACÇÃO> A. Ribeiro dos Santos,
PROPRIEDADE> TNDM II, SA
Margarida Gil dos Reis, Ricardo Paulouro
IMPRESSÃO> Mirandela Artes Gráficas
Livraria do Teatro A Livraria do Teatro já se encontra aberta ao público, de terça-feira a sábado, das 14h00 às 22h00 e domingo, das 14h00 às 18h00. Aqui poderá encontrar obras de referência nas artes do espectáculo.
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Otelo
Ter ou não ter, eis a questão
Uma companhia celebrada pela vitalidade e pela inovação, a Folias d’Arte traz a Lisboa um espectáculo que mostra bem com que linhas se cose o novo teatro brasileiro: sem vedetas de televisão, com muita energia e imaginação A. Ribeiro dos Santos A abrir a programação da Lisboa MITE’06 – Mostra Internacional de Teatro, o Teatro Nacional propõe ao público português conhecer o trabalho do premiadíssimo Marco Antônio Rodrigues, conhecido pelas abordagens inesperadas das obras que trabalha. O encenador brasileiro, que em 2002 levou à cena “Ensaio sobre a Cegueira”, de José Saramago, traz a Lisboa uma releitura muito especial de uma das maiores tragédias de William Shakespeare. Enquanto é relativamente consensual e a maior parte dos teatrólogos se inclina a considerar “Otelo” como a obra definitiva sobre o ciúme e o seu potencial destruidor, Marco Antônio Rodrigues releu o texto como a “tragédia da propriedade”. O próprio explica que escolheu levar “Otelo” à cena porque os falsos valores que Shakespeare expôs na peça continuam vigentes no Brasil do século XXI. A desigualdade social, o preconceito... “Otelo é classicamente conhecido como a tragédia do ciúme”, afirma. “Porém, para nós, é a tragédia da propriedade, pois é ela que acaba com as coisas mais significantes da vida, como o amor, e que leva Otelo a assassinar Desdémona.” Esta atitude socialmente comprometida não é, de resto, nova no trabalho deste criador, que nunca escondeu qual a sua posição
sobre a arte e o papel do artista no contexto social. Uma das suas declarações mais polémicas é aquela em que apelidou alguns dos seus colegas de “bobos da corte”. “Infelizmente, os artistas, alguns consagrados, abdicaram do seu papel de ser que reflecte, e passaram a ser os bobos da corte neste esquema todo. (...) A partir do momento em que você se torna um vendedor de bagulhos, como poderá ter algum vínculo com a so-
trabalho desta companhia é o de aproximar tanto quanto possível quem faz de quem vê teatro. Para isso, concorre também uma banda sonora surpreendente, que inclui os temas “New York, New York”, imortalizado por Frank Sinatra, e a célebre canção “The End”, dos Doors, que Francis Ford Coppola inclui no filme “Apocalipse Now”. Refira-se que “Otelo” chega até nós com as melhores referências: não só críticas ex-
O encenador Marco Antônio Rodrigues explica que escolheu levar “Otelo” à cena porque os falsos valores que Shakespeare expôs na peça continuam vigentes no Brasil do século XXI. A desigualdade social, o preconceito...
Ficha Artística TEXTO> William Shakespeare TRADUÇÃO> Maria Sílvia Betti ENCENAÇÃO> Marco Antônio Rodrigues CENOGRAFIA> Ulisses Cohn FIGURINOS> Atílio Beline Vaz
ciedade? Evidentemente, a conexão vai-se desfazendo. Sem este pacto, não há arte.” Num cenário que se abre para as cenas colectivas e se fecha para as cenas intimistas, o público – que partilhará o palco com os actores – deve ir preparado para reflectir sobre as questões propostas, mas também para se divertir, já que um dos objectivos do
celentes, mas também os prémios de Melhor Espectáculo da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) 2003 e os Prémios Shell para Direcção e Cenografia. O público, esse, saudou um espectáculo apelativo, até para aqueles espectadores que não são frequentadores habituais das salas de teatro.
DIRECÇÃO MUSICAL> Dagoberto Feliz DESENHO DE LUZ> Érike Busoni
Otelo
16 17 21.30H 18 16.00H >
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SALA GARRETT Duração>3 horas, com intervalo> €7,50 a €15
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Tragicomédia de D. Duardos
D. Duardos O amor como destino A Companhia Nacional de Teatro Clássico de Madrid apresenta “D. Duardos”, de Gil Vicente, na versão de Ana Zamora. Um regresso às origens do teatro em língua castelhana Margarida Gil dos Reis
A Lisboa Mite’06 traz a Portugal uma das obras maiores que Gil Vicente escreveu em castelhano, “D. Duardos”, pela Companhia Nacional de Teatro Clássico de Madrid, com a direcção e versão de Ana Zamora, cenografia de Richard Cenier e direcção musical, música e arranjos de Alicia Lázaro, nos dias 22, 23 e 24 de Junho, às 21h30 e no dia 25, às 16 horas.
possivelmente por volta de 1522, a “Tragicomédia de D. Duardos” inaugura um novo período na carreira de Gil Vicente. As personagens nobres que se exprimem numa retórica requintada, provenientes talvez das novelas de cavalaria, ainda fazem as delícias do público. Dom Duardos, “príncipe de Inglaterra”, é um cavaleiro andante que corre o mundo em busca de aventuras e proe-
A tragicomédia desenrola-se em torno de uma sucessão de encontros e revelações e faz-nos sentir o longo caminho do amor que as personagens têm de percorrer Para Ana Zamora, diplomada em Direcção de Cena pela Real Escola Superior de Arte Dramática de Madrid, esta peça é o retrato perfeito da condição humana, uma obra que fala sobre o amor como destino. E se nos deixarmos envolver no mundo simbólico de Gil Vicente, onde a poesia, a dança, a música e o canto fazem parte de um universo cuja sensibilidade renovou o teatro, apercebemo-nos que “D. Duardos” é, como salienta Ana Zamora, a “busca da individualidade humana”. Com data imprecisa de representação,
zas. A intriga decorre na corte do Imperador Palmeirim. D. Duardos desafia Primaleão, filho de Palmeirim, para um duelo, mas este manda a filha, Flérida, separá-los. A partir desse instante, D. Duardos apaixona-se por Flérida. Ela, por sua vez, sonha com o cavaleiro desconhecido. Mas por que se quer assegurar que esta o ama por si mesmo e não por ser príncipe, D. Duardos faz-se passar pelo filho do jardineiro. A cena desloca-se para o jardim do palácio, um dos temas aliás privilegiados na obra de Gil Vicente, esse lugar de amor, poesia e harmonia e,
sobretudo, de cumplicidades. A tragicomédia desenrola-se em torno de uma sucessão de encontros e revelações e faz-nos sentir o longo caminho do amor que as personagens têm de percorrer. Tendo estreado a 9 de Fevereiro, no Teatro Pavón, em Madrid, esta peça marcou as comemorações dos 20 anos do Teatro Clássico e foi unanimemente aclamada pela crítica pela harmoniosa combinação de diferentes meios de expressão artísticos. Para Eduardo Vasco, director da Companhia, o Teatro Clássico de Madrid dá assim a conhecer uma das obras clássicas não estritamente teatrais e um dos mais belos textos líricos da dramaturgia universal.
A renovação de uma Companhia Criada em 1986 com o objectivo de difundir o teatro clássico espanhol, a Companhia Nacional de Teatro Clássico de Madrid comemora este ano o seu 20.o aniversário. Lope de Vega, Calderón de la Barca, Cervantes e Gil Vicente são alguns dos nomes que, no entender do seu director, Eduardo Vasco, celebram “20 anos de emoções” e textos marcantes do Renascimento e do século XVIII que se somam ao repertório da Companhia, centrada, sobretudo, no Século de Ouro. Um regresso às origens que nos mostra quão actuais estes textos podem ser.
Ficha Artística TEXTO> Gil Vicente VERSÃO> ENCENAÇÃO> Ana Zamora CENOGRAFIA> Richard Cenier MÚSICA> Alicia Lázaro DESENHO DE LUZ> Miguel Ángel Camacho COREOGRAFIA> Lieven Baert
Tragicomédia de D. Duardos
22 23 24 21.30H 25 16.00h JUNHO >
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SALA GARRETT Duração>1h42”, sem intervalo> €7,50 a €15
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D. Juan
D . Juan.
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O Trágico e o Cómico no palco O Teatro do Bolhão apresenta, em Lisboa, “D. Juan”, de Molière. Uma excelente encenação do conceituado japonês Kuniaki Ida e uma interpretação magnífica de António Capelo e João Paulo Costa Ricardo Paulouro
O Teatro do Bolhão e a Academia Contemporânea do Espectáculo trazem a Lisboa, nos dias 29, 30 de Junho e 1 de Julho, às 21h30, e dia 2 de Julho, às 16, “D. Juan” ou o Festim de Pedra, de Molière. Com um elenco composto por dez actores, protagonizado por António Capelo (D. Juan) e João Paulo Costa (Esganarelo), esta peça é uma ambiciosa produção do Teatro do Bolhão e da ACE dirigido por Kuniaki Ida,
conceituado realizador japonês, inspiradas no universo barroco. A história não se limita a retratar os amores do libertino personagem mítico D. Juan mas reflecte sobre a vida e a liberdade. D. Juan, um indivíduo cínico mas sedutor que quer preservar a sua liberdade individual, é aqui retratado com toda a actualidade, contrastando com o seu criado Esganarelo, servo submisso.
universo cheio de carências afectivas, onde se tentam estabelecer fronteiras emocionais entre as personagens e onde a reflexão filosófica e metafísica tem um importante papel. Às sucessivas e ininterruptas “releituras” deste mito da cultura ocidental, feitas por, entre outros, Lord Byron, George Bernard Shaw, Mozart/ Lorenzo da Ponte ou Richard Strauss, deve agora juntar-se uma nova lei-
Com um elenco composto por dez actores, protagonizado por António Capelo (D. Juan) e João Paulo Costa (Esganarelo), esta peça é uma ambiciosa produção do Teatro do Bolhão e da ACE dirigido por Kuniaki Ida que valorizou as dimensões plástica e visual do texto
Ficha Artística TEXTO> Molière TRADUÇÃO> Manuel Resende ENCENAÇÃO> Kuniaki Ida CENOGRAFIA> Kuniaki Ida e Paulo Oliveira
que valorizou as dimensões plástica e visual do texto, criando um espectáculo tecnicamente arrojado. Com cenografia de Kuniaki Ida e Paulo Oliveira e banda sonora de José Prata, a partir do “Magnificat” de J. S. Bach, “D. Juan” ou o “Festim de Pedra” explora tecnicamente o trágico mas também o cómico, a vida e a morte, o amor e o sofrimento, enriquecido pelas escolhas cénicas do
Num cenário luxuriante, onde os veludos vermelhos imperam, como convém ao rebelde D. Juan, a necessidade de moralizar e criticar o “mau uso” do amor pelos homens fica bem clara nesta peça. Alguma crítica chega mesmo a afirmar que esta peça será talvez um auto-retrato de Molière, um dos nomes maiores da dramaturgia universal. Encontramos aqui um
tura, a do encenador japonês Kuniaki Ida para o Teatro do Bolhão. Enquadrada num estratégia conjunta da ACE/Teatro do Bolhão, no Porto, que visa a criação de espectáculos tendo por base textos de autores centrais na dramaturgia universal, esta peça surge na sequência da encenação de outros autores como Bertolt Brecht, Edward Albee e Samuel Beckett.
DESENHO DE LUZ> José Carlos Gomes FIGURINOS> Ana Teresa Castelo
Otelo
29 30 21.30H JUNHO 01 16.00H JULHO >
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SALA GARRETT Duração> 3horas, com intervalo> €7,50 a €15
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Electra
A mulher que matou a mãe por amor ao pai Do Leste chega uma proposta de revisitação de um dos maiores mitos clássicos: a história da destemida Electra, cuja força anímica ninguém consegue parar e que defronta tudo e todos. A sociedade e as leis pelas quais esta se rege. Um espectáculo de grande impacto visual e emotivo A. Ribeiro dos Santos
Nos dias 4 e 5 de Julho, o público do Teatro Nacional vai ter a oportunidade de ver um espectáculo já celebrado por inúmeras plateias internacionais. “Electra”, que o encenador romeno Mihai Maniutiu concebeu a partir das peças “Electra”, de Sófocles, e “Orestes”, de Eurípides, é uma produção que tem sido aclamada em todo o lado e que mostra bem a vitalidade de uma nova vaga de criadores teatrais vindos de Leste.
co e sublinha o sabor arcaico do texto. Durante os ensaios, o encenador descobriu, maravilhado, que os versos do canto coral das tragédias se adapta perfeitamente à música do grupo Iza e decidiu incluí-lo no espectáculo. Os protagonistas – Mariana Presencan (Electra) e Marian Râlea (Orestes) – também têm feito muito pelo sucesso desta produção, graças à sua forte presença cénica.
Uma produção que mereceu os melhores elogios por parte de Georges Banu, que disse tratar-se de um “espectáculo que fascina pela sua energia física e pelo esplendor trágico” Com uma componente visual fortíssima, esta criação faz-se também notar por combinar, na perfeição, a tradição grega do coro e as intervenções musicais do grupo de música popular Iza (originário das Maramures), que partilha o palco com o elen-
De resto, é sobejamente conhecida a história de Electra, a jovem que decide matar a mãe, Clitemnestra, para vingar o pai, Agamémnon. Auxiliada pelo irmão, Orestes, cabe-lhe promover um acto que chocará a sociedade em que vive, mas deixará satis-
feito o seu grande desejo de justiça. O mito - que deu origem, na linguagem psicanalítica, ao Complexo de Electra (equivalente feminino do complexo de Édipo) foi reescrito, pelo menos, por dois grandes dramaturgos da Grécia Antiga: Sófocles, o equilibrado, o esteta, e Eurípides, o ousado, o excessivo. Aproveitando o melhor de cada um, Maniutiu concebeu um espectáculo que o próprio classifica de “feliz”. Uma produção que mereceu os melhores elogios por parte de Georges Banu, que disse tratar-se de um “espectáculo que fascina pela sua energia física e pelo esplendor trágico”. Quanto à figura de Mihai Maniutiu, o criador desdobra-se por diversas áreas. Encenador, professor de teatro, ensaísta e escritor (já publicou seis romances e dois volumes de contos), tem percorrido o Mundo com espectáculos que não páram de acumular prémios. O público do Reino Unido, Bélgica, França, Canadá, Egipto, Áustria, Hungria, Finlândia e Brasil já se rendeu ao seu talento. Agora é Lisboa que vai ter oportunidade de ver um espectáculo que não deixará de impressionar.
Ficha Artística TEXTO> Sófocles e Eurípides ENCENAÇÃO> Mihai Maniutiu CENOGRAFIA> Cristian Rusu MÚSICA> Grupo Iza
Electra
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SALA GARRETT Duração>1hora, sem intervalo> €7,50 a €15
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5 Heures du Matin
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A Poesia silenciosa
do corpo
Paula de Vasconcelos apresenta a segunda parte da sua Trilogia da Terra. Em “5 Heures du Matin”, uma obra de referência para o teatro-dança, respira-se poesia Margarida Gil dos Reis
“5 Heures du Matin” é talvez um dos melhores exemplos de um espaço multidisciplinar onde o teatro, a dança, a fotografia e a música se combinam. No dia 8 de Julho, às 21h30 e no dia 9, às 16 horas, a Companhia Pigeons International, de Montréal, apresenta, no Teatro Nacional, a segunda parte da trilogia da luso-descendente Paula de Vasconcelos, legendada em português.
duas bailarinas, a brasileira Milene Azze e a quebequense Nathalie Blanchet, e o actor Paul-Antoine Taillefer. A reflexão sobre a Humanidade, convidando-nos a olhar para a vida e para aquele que poderá ser um destino comum, dá lugar a uma metáfora construída a partir do trabalho fotográfico de Serge Clément. São cerca de 80 fotografias de Dakar,
Este é um exercício de convívio com o silêncio do amanhecer, quando todos ainda teimam em ficar de olhos fechados mas, simultaneamente, nasce a expectativa da alvorada A história passa-se em torno do sofrimento de uma mulher de 41 anos, filha de uma irlandesa e de um italiano, casada, sem filhos, com um curso de psicologia e fotógrafa. A viver em Montréal e com o marido em Nova Iorque, esta mulher acaba por desabafar com um estrangeiro, psicólogo de profissão, que estudou fotografia. A mulher é interpretada por Annick Bergeron, o analista pelo actor português Bruno Schiappa. Do elenco fazem ainda parte
Lisboa, Budapeste, Istambul, Mambai, Banguecoque, Santiago, Valparaiso e Nova Iorque, todas captadas na alvorada, às 5 da manhã. Imagens de cidades que despertam, utilizadas aqui enquanto projecção e ilustração do que se passa em palco, mas sempre preservando a autonomia da fotografia. Este é um exercício de convívio com o silêncio do amanhecer, quando todos ainda teimam em ficar de olhos fechados mas,
simultaneamente, nasce a expectativa da alvorada. Uma contemplação do mundo tal qual ele se nos apresenta ou, como salienta Paula de Vasconcelos, uma “evocação do presente”. Nesta comunicação entre as palavras e a dança, constrói-se um tempo-espaço poéticos, onde o corpo é a voz da própria poesia. “5 Heures du Matin”, que estreou em Abril do ano passado, é o melhor exemplo do contributo que Paula de Vasconcelos tem trazido ao teatro-dança, onde as fronteiras entre as artes são permeáveis e os modelos de inteligência cénica correspondem à audácia dos espectáculos. Paula de Vasconcelos trabalha com portugueses na sua companhia desde o ano 2000, aquando da co-produção que os Pigeons International tiveram com a Fundação Calouste Gulbenkian, para levar à cena “L’Autre”, um espectáculo a partir de uma obra de José Saramago. Na altura, através de um workshop, elegeu Carla Ribeiro e Bruno Schiappa para o elenco dessa peça, tendo este ultimo continuado a colaborar regularmente na Companhia. Em “5 Heures du Matin”, Bruno Schiappa dá vida a um analista que tem uma magnífica tirada sobre o “Guardador de Rebanhos”, de Fernando Pessoa.
Ficha Artística TEXTO> ENCENAÇÃO> CENOGRAFIA> COREOGRAFIA> Paula de Vasconcelos DESENHO DE LUZ> Guy Sinard FOTOGRAFIAS> Serge Clément
5 Heures du Matin
08 21.30H 09 16.00h JULHO >
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SALA GARRETT Duração>1h30”, sem intervalo> €7,50 a €15
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Rhinocéros
Ionesco
ou a condição
humana
O Théâtre De La Comédie, de Reims, traz à Lisboa Mite’06, pela mão de Emmanuel Demarcy-Mota, “Rinoceronte”, uma das obras maiores de Ionesco. O teatro do absurdo no seu esplendor máximo Ricardo Paulouro O Théâtre De la Comédie, de Reims, apresenta “Rinoceronte”, de um dos grandes autores do teatro universal, Ionesco. Com encenação de um francês com raízes em Portugal, Emmanuel Demarcy-Mota, “Rinoceronte” será apresentado nos dias 13 e 14 de Julho, às 21h30, no Teatro Nacional, em Lisboa. Para Emmanuel Demarcy-Mota, esta peça de Ionesco é bastante actual, pois fala sobre a libertação do que de mais oculto escondemos, o monstro que vive dentro de cada um de nós. Encontramos, mais uma vez, o absurdo, o contraste entre o individual, que se transforma e metamorfoseia e a civilização que tenta preservar as aparências, não de indivíduos mas de um colectivo. Demarcy-Mota, que conta nesta peça com o magnífico trabalho de cenografia de Yves Collete, com a colaboração de Sébastien Marrey, enfatiza a passagem de um totalitarismo social para aquela que será uma alegoria civilizacional. A habitual intriga dá lugar a uma sucessão de sequências cénicas que retratam o percurso de um rinoceronte pelas ruas de uma pequena cidade adormecida pela mediocridade. Este rinoceronte foi um homem, Jean, que se metamorfoseou, interpretado
Para Emmanuel Demarcy-Mota, esta peça de Ionesco é bastante actual pois fala sobre a libertação do que de mais oculto escondemos, o monstro que vive dentro de cada um de nós aqui por Hugues Quester. A partir desta primeira metamorfose, todos os outros habitantes despertam o monstro que há em si, num processo de contaminação progressiva. A violência, a ambição desmedida, o egoísmo, a vaidade darão lugar a uma “rinocerite”. No final, apesar da metamorfose quase generalizada, sobrará um único homem, Bérenger, amigo de Jean, interpretado por Serge Maggiani que será o único a conservar valores humanistas. Esta peça de Ionesco reflecte sobre o que de mais absurdo pode existir na civilização, numa luta permanente contra a angústia existencial, num século XX onde se manisfestam acções de totalitarismo que transformam todas as personagens em animais selvagens.
Uma referência da dramaturgia universal Ionesco nasceu na Roménia em 1912 e escreveu “Rinoceronte” em 1958 que foi, ao ser representado em 1960, o seu primeiro grande sucesso. Nos seus primeiros trabalhos, o jogo com a linguagem e com o sentido das palavras preparam já as alegorias ontológicas e políticas que triunfarão alguns anos depois na sua carreira. “O Rei Está a Morrer”, “A Cantora Careca”, “As Cadeiras”, são algumas das suas peças que consagraram Ionesco e acompanharam a sua reflexão sobre a condição humana. “Respeito as leis fundamentais do teatro: uma ideia simples, uma progressão igualmente simples e uma queda”.
Ficha Artística TEXTO> Eugène Ionesco ENCENAÇÃO> Emmanuel Demarcy-Mota CENOGRAFIA> DESENHO DE LUZ> Yves Collet MÚSICA> Jefferson Lembeye FIGURINOS> Corinne Baudelot APOIO> Association Française d’ Action Artistique
Rhinocéros
13 14 21.30H JULHO >
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SALA GARRETT Duração>2h10”, sem intervalo> €7,50 a €15
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Ilíada, Eneida, Odisseia
Um
corpo,
uma voz e uma
história
Um intérprete que recupera uma das funções mais nobres do teatro: a arte de contar uma história. Recorrendo a alguns instrumentos simples, mas também aos primeiros utensílios de qualquer actor. A voz e o corpo A. Ribeiro dos Santos
De Itália chega-nos, a 19, 20 e 21 de Junho, uma proposta invulgar de um criador que constitui um caso à parte no panorama teatral italiano. Gianluigi Tosto – cuja formação inclui, para além da representação, experiência na área da dança e da música – é um “performer” que se propõe neste espectáculo devolver o carácter oral aos três grandes poemas da Antiguidade Clássica: a “Ilíada” e a “Odisseia”, de Homero, e a “Eneida”, de Virgílio. Em três noites consecutivas, sempre a partir das 21h45, Tosto dirá o essencial dos poemas que nos contam as aventuras e desventuras dos grandes heróis antigos, assim como as suas relações nem sempre pacíficas com os deuses. Histórias que todos conhecemos e que fazem parte do património cultural colectivo, textos que inicialmente eram concebidos para serem ditos em voz alta e que assim serão devolvidos à sua função primeira: a de unir uma plateia em torno da voz e da figura de um bardo. Recorrendo a várias traduções – Tosto procurou aquelas que melhor transmitissem a musicalidade inerente ao texto mas também que melhor exprimissem os sentimentos das personagens e a magia do mundo da mitologia – e usando instrumentos musicais muito simples, o criador concebeu com este trabalho uma espécie de antídoto ao massacre de imagens que temos de enfrentar diariamente. Num
O criador concebeu estes espectáculos como uma espécie de antídoto ao massacre de imagens que temos de enfrentar diariamente. A sua proposta é a de pararmos um pouco para reencontrar o prazer de ouvir contar histórias mundo dominado pelo virtual e poluído pelo excesso de informação, a sua proposta é a de pararmos um pouco para reencontrar o prazer de ouvir contar histórias. Em cena, Tosto desdobra-se em vários registos: desde o narrador objectivo até às personagens, entregues aos seus sentimentos excessivos. Um ‘one-man-show’ especialmente destinado a quem aprecia o essencial da arte do actor: a capacidade de comunicar com o público.
Um percurso fora do comum Pela primeira vez em Portugal, Gianluigi Tosto é um intérprete com formação multidisciplinar. Estudou interpretação em Florença (com o encenador Orazio Costa) e, no Actors’ Studio de Nova Iorque, estudou dança moderna com discípulos de Mary Wigman, Kurt Joss e Martha Graham. Entre os seus mestres, contam-se Ludwig Flaszen
(co-fundador do Teatro Laboratório de Wroclaw, juntamente com Jerzy Grotowski), John Strasberg, o dançarino de Butô Mitsuro Sasaki ou a bailarina Julie Stanzak (que dançou na companhia de Pina Bausch). Em Itália tem colaborado com inúmeras companhias e é muito aplaudido pelos seus dotes interpretativos. Nos últimos anos começou a interessar-se cada vez mais pela narração como forma privilegiada de contacto entre o actor e o público. Investiu então nos recitais, que dá por toda a parte e em que se faz acompanhar de músicos ao vivo para dizer poesia contemporânea indiana, israelita e palestiniana. Os espectáculos de narração, como estes de “Ilíada”, “Odisseia”, de Homero e “Eneida” de Virgílio, têm servido de base para momentos muito especiais de contacto entre o actor e plateias de espectadores extasiados perante a sua capacidade de os entreter, graças à plasticidade da sua voz e à presença do seu corpo.
Ficha Artística TEXTO> Homero e Virgílio DIRECÇÃO E INTERPRETAÇÃO> Gianluigi Tosto DESENHO DE LUZ> Paolo Magni
Ilíada
19 21.45H JULHO >
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SALA ESTÚDIO Duração>1h15”, sem intervalo> €10 SALA ESTÚDIO Eneida
20 21.45H JULHO >
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SALA ESTÚDIO Duração>1h30”, sem intervalo> €10 Odisseia
21 21.45H JULHO >
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Duração>1h30”, sem intervalo> €10
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Metamorphoses As “Metamorphoses” de Ovídio vêm a Lisboa, às Ruínas do Carmo, pela mão de Alessandro Fabrizi. A demonstrarem que as Metamorfoses também se metamorfoseiam. Margarida Gil dos Reis
Uma balada para a imaginação A partir da tradução moderna e da releitura dos contos de Ovídio,“Tales from Ovid”, feita por Ted Hughes e publicada pela primeira vez em 1997, Alessandro Fabrizi apresenta nas Ruínas do Carmo, em Lisboa, nos dias 25, 26 e 27 de Julho, às 22h00, uma das versões mais brilhantes daquele que é já um clássico da literatura ocidental. Fabrizi, que dirigiu recentemente a adaptação de R.L.Lane de “Bartleby The Scrivener” e produziu, há dois anos, no Teatro Rosi, em Ravenna, a peça “Ritratto Frontale”, tem-se ainda destacado no campo da música e do cinema. Trabalhou com Anthony Minghella, em “The Talented Mr. Ripley”, com Tom Tykwer (“Heaven”) e Faith Akin (“Solino”), acumulando uma carreira académica de referência. Para Alessandro Fabrizi e Kristin Linklater, este conjunto de sete histórias é uma longa balada em várias línguas – Italiano, Inglês e Francês –, onde cada actor representa utilizando a sua língua materna. Numa estrutura não-cénica, os actores jogam e jogam-se, alternadamente, em momentos colectivos ou individuais, e recriam uma das célebres versões mitológicas da criação do mundo. Esta peça, adaptada sempre a espaços não convencionais – foi feita, por exemplo,
numa ilha no Sul de Itália, a fim de se presenciar a explosão de lava de um vulcão ainda activo -, utilizará agora as Ruínas do Carmo como palco.
“Wonderland”, “Domino One”...; Christian Crahay, que trabalhou com Peter Brook, por exemplo, em “Timon of Athens”; Manuela Mandracchia e Valentino Villa, duas
Esta peça, adaptada sempre a espaços não convencionais – foi feita numa ilha no Sul de Itália, a fim de se presenciar a explosão de lava de um vulcão ainda activo - utilizará agora as Ruínas do Carmo como palco A “performance” tem início com a canção da criação do mundo, a partir do caos. Segue-se um conjunto de histórias, algumas delas marcantes no nosso imaginário mítico: o hermafrodita Teresias, a história de Echo e Narcissus, Tereus, Myrrha, que dá à luz Adónis, fruto da relação incestuosa com o pai, a história de Vénus e Adónis e a história de amor de Pyramus e Thisbe. O elenco é de luxo, contando com um conjunto de quinze actores americanos e europeus bem conhecidos do público, tais como: Ken Cheeseman, um dos actores escolhidos por Clint Eastwood para os seus filmes “Mystic River”, “Next Stop”,
presenças assíduas nos trabalhos dirigidos por Luca Ronconi. Estão ainda neste elenco Laura Mazzi, actriz muito presente nas peças encenadas por Ronconi, bem como no cinema e televisão, em séries como “Cuore Contro Cuore”, “Nana”...; Maya Sansa, uma das mais recentes promessas do cinema italiano e um valor na nova geração de actores, entre muitos outros. A música original é de Gianluca Misiti, executada por dois guitarristas ao vivo. Este “work in progress” é constituído por um conjunto de histórias de paixões e transformações, onde a imaginação do público é um forte aliado.
Ficha Artística TEXTO> Ovídio CRIAÇÃO> Alessandro Fabrizi e Kristin Linklater ENCENAÇÃO> Alessandro Fabrizi MÚSICA> Gianluca Misiti
Metamorphosis
21 22 22.0H JULHO >
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RUÍNAS DO CARMO Duração>1h50”, com intervalo> €15
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lisboaMITE’06 11 >
Il Lettore a Ore
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O Ritual Misterioso da Leitura
José Sanchis Sinisterra, uma referência incontornável do teatro contemporâneo, fecha com chave de ouro o Lisboa Mite’06 “Il Lettore a Ore” é uma peça cheia de referências a grandes obras literárias e transforma o espectador num leitor Ricardo Paulouro O Teatro Metastasio Stabile Della Toscana, de Prato, Florença, encerra a Lisboa Mite’06 com as apresentações, de 25 a 27 de Julho, às 21h30, de “Il Lettore a Ore” - “Leitor por Horas”, em tradução livre - uma das mais recentes peças de José Sanchis Sinisterra e que, depois de uma estreia fulgurante em Espanha, tem conhecido montagens em países tão diversos como o México, a França, os Estados Unidos ou a Argentina. Considerado por muitos como o dramaturgo contemporâneo mais influente do panorama teatral espanhol, Sinisterra escreveu esta peça em 1998 e arrecadou com a produção que agora nos chega os conceituados Prémios Max para Melhor Actor, Melhor Espectáculo e Melhor Autor de 2000. O texto revela que, aos 66 anos, o autor tem um do-
trabalho tem a assinatura de José Manuel Castanheira, um factor que sem dúvida suscitará o interesse do público da Lisboa Mite. O ponto de partida para “Leitor por Horas” é muito simples: Celso é um homem de negócios, proprietário de uma biblioteca, rico e culto, que decide contratar um professor empobrecido, Ismael, para ler romances à sua filha Lorena. Com uma condição: Ismael deverá fazer a leitura tão limpa e mecânica quanto possível, sem fazer entoações para não condicionar a interpretação de Lorena. Esta, que está cega desde os sete anos (altura em que lhe morreu a mãe), deverá tirar as suas próprias conclusões daquilo que ouve. Só que as coisas não correm exactamente de acordo com os planos do progenitor...
Um elenco de luxo constituído por Maya Sansa, Gianluigi Tosto e Adriano Iurissevich, dirigidos por José Sanchis Sinisterra. Uma verdadeira obra de arte sobre as fronteiras entre o real e a ficção mínio perfeito das suas capacidades expressivas e consegue despertar, com a maior das facilidades, as emoções do espectador. Acresce dizer que o espaço cénico deste
Ao longo do espectáculo, o espectador vai ouvir excertos de grandes obras da literatura mundial. Obras de Lampedusa, Joseph Conrad, Gustave Flaubert, e muitos outros,
vão tocar o espectador como tocam Lorena. Progressivamente, os mundos imaginários que esses livros evocam vão apresentar-se como a única realidade existente. É essa, de resto, uma das reflexões mais interessantes que este espectáculo suscita: onde está a fronteira entre a mentira e a verdade numa obra literária? De que maneira aquilo que lemos nos influencia e determina a nossa existência? Com um elenco de luxo - constituído por Maya Sansa, uma das vedetas emergentes do cinema italiano, Gianluigi Tosto e Adriano Iurissevich -, o espectáculo tem uma estrutura fragmentária e “obriga” o espectador a preencher os espaços deixados em branco pelo dramaturgo.
Laboratório do teatro europeu O Teatro Metastasio, sediado na cidade de Prato, muito próxima de Florença, tornou-se, graças ao trabalho lá desenvolvido por nomes como Vittorio Gasman, Giorgio Strehler ou Luca Ronconi, um espaço mítico para os amantes do teatro. Ali se experimentaram novas linguagens e se abriram novos caminhos para a arte teatral. José Sanchis Sinisterra é herdeiro dessa linhagem de grandes criadores que ditaram a evolução do teatro. Actualmente, é director artístico dos teatros da Fundação Metastasio, de Florença.
Ficha Artística TEXTO E ENCENAÇÃO> José Sanchis Sinisterra TRADUÇÃO> Antonella Caron CENOGRAFIA> José Manuel Castanheira DESENHO DE LUZ> Roberto Innocenti FIGURINOS> Valeria Comandini MÚSICA ORIGINAL> Alessandro Mangini
Il Lettore a Ore
25 26 21.30H JULHO >
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SALA GARRETT Duração>1h50”, com intervalo> €7,50 a €15