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Jornal do Teatro
Publicação Bimestral | Maio ‘08 Jornal de distribuição gratuita
:Um
Conto Americano
A invenção de Mamet
:02 TNDM II
:Editorial A invenção ao poder "Um mapa do mundo que não inclua o país da Utopia não merece sequer a pena de uma olhadela.” Oscar Wilde A estreia da grande produção desta temporada, “Um Conto Americano”, coincide com um período simbólico. Há exactamente 40 anos atrás, 10 milhões de trabalhadores e estudantes foram protagonistas das lutas que questionaram os valores capitalistas, defenderam a emancipação humana e a reestruturação radical do trabalho, da educação e da cultura. Ainda hoje todas estas questões estão na ordem do dia, num tempo que se quer estável mas que continua a ser tempo de mudança. A arte, enquanto repositório de valores, é uma das formas de ruptura com os quadros dominantes ou o capitalismo desenfreado. De tudo isto fala subliminarmente a peça de David Mamet. Queremos uma evolução que, paradoxalmente, é contrariada pelos efeitos que pode ter sobre o indivíduo. Corrupção, guerras, consumismo avassalador, a civilização é cada vez mais frágil. Onde estão as utopias? Estará o sonho limitado à negação do pesadelo? Com as propostas que aqui apresentamos, pretendemos dar lugar a um teatro que transmita sentimentos e utopias. Afinal, quantos inventos, idênticos ao do protagonista de “Um Conto
Americano”, não existirão actualmente à mercê do sistema capitalista? Justamente, acreditamos num teatro que não é feito para indivíduos mas para o prazer colectivo, que reflicta sobre os problemas do mundo. Esta é uma das lutas da arte: recuperar do esquecimento, denunciar, olhar com lucidez e, sobretudo, potenciar a criação de novas invenções. É a ausência ou recusa deste entendimento que afasta a arte da sociedade. O mundo muda e os homens renovam-se. Uma nova geração emerge, novos actores, novos dramaturgos, sensíveis aos temas do nosso século. E isto aplica-se a tudo o que recria a nossa vida. Que o espectador descubra, nestas produções, que o teatro é criação e dádiva, a mesma que o espectador dá ao assistir a um espectáculo. Em 1882, Engels propôs a superação do utopismo. Maio de 68 inverteu a fórmula: "Sejamos realistas, exijamos o impossível". A tomada de consciência do passado e o esboço de um futuro é algo possível apenas através das ideias (e ideais). Esse é também o papel do teatro: falar de utopias e de um potencial de liberdade que só ele conhece. Bons espectáculos.
Carlos Fragateiro
:Notícias :Globos de Ouro 2008
:TNDM II co-produz Festival Alkantara © Peter Nigrini
Os actores João Lagarto, Mário Redondo (na foto) e Ana Ester Neves (na foto) estão entre os nomeados que, no dia 11 de Maio, disputarão a categoria de me-lhor actor, na XII Gala dos Globos de Ouro. Uma noite no Coliseu de Lisboa que dará a conhecer ao público alguns dos nomes mais populares do ano de 2007. Os três actores fizeram parte de dois êxitos de público do TNDM II na passada temporada. João Lagarto, agora de novo no TNDM II com o texto inédito de Beckett “Começar a Acabar”, foi nomeado pela interpretação em “A Minha Mulher”, de José Maria Vieira Mendes, peça vencedora do Prémio António José da Silva, com encenação de Solveig Nordlund. Quanto a Ana Ester e Mário Redondo, deram voz ao mítico “Sweeney Todd”, também nomeado para melhor peça/ espectáculo, numa co-produção com o Teatro Aberto, um espectáculo encenado por João Lourenço.
O TNDM II vai acolher na Politécnica cinco dos 26 espectáculos do Alkantara. O evento bienal é um festival multidisciplinar e multicultural dedicado às artes do espectáculo e realiza-se em Lisboa de 22 de Maio a 8 de Junho. Mostrar as “vozes dissonantes” de artistas oriundos de vinte países é o objectivo desta iniciativa que grande sucesso tem conhecido, refere o director Mark Depputer. No palco da Politécnica, cruzar-se-ão artes como o teatro e a dança. “Bonanza” de Berlin, Tiago Rodrigues & Rabih Mroué com “Yesterday’s man”, Cláudia Dias com a coreografia “das coisas nascem coisas”, uma co-produção alkantara/re.al, são algumas das propostas que abrem o Festival na Politécnica. Da Colômbia e República Checa chega uma criação de Zoitsa Noriega e Magdalena Sloncova, “to be SE(r)QUENCES”, que apresentarão o seu trabalho nos dia 3 e 4 de Junho. Segue-se “no dice” (na foto), de Nature Theater of Oklahoma, uma peça mítica aqui apresentada na sua versão reduzida com quatro horas (o espectáculo original tem onze).
:Politécnica acolhe 9ª edição do FATAL Entre 5 e 21 de Maio, o Festival Anual de Teatro Académico traz à cidade de Lisboa os mais recentes trabalhos de grupos de teatro universitário de Portugal e Espanha, bem como uma programação paralela constituída por tertúlias, conferências, workshops, exposições e uma festa de encerramento. Nove grupos de teatro universitário, originários do Porto, Aveiro, Coimbra ou Covilhã, além de duas cidades espanholas, Sevilha e Vigo, que se juntam a 12 grupos da capital, dão este ano destaque, para além da representação de obras de dramaturgos reconhecidos, como Shakespeare, Molière ou Brecht, às adaptações livres de autores de teatro e de outras artes, às peças de encenadores-autores e às criações colectivas. Cinco peças (site specific) vão a outros locais da cidade, como a Casa Conveniente, a FCSH da Universidade Nova de Lisboa, o Instituto Superior Técnico ou a Faculdade de Arquitectura. O Bairro Alto recebe ainda algumas performances, assim como o Largo Camões. Este espaço de experimentação tem sido, ao longo dos seus oito anos de existência, um local de afirmação de alguns dos mais importantes jovens talentos portugueses.
:Alunos de teatro fazem Heiner Müller na Sala Estúdio Esta temporada, o Teatro Nacional volta a acolher, na Sala Estúdio, o exercício-espectáculo dos alunos finalistas da licenciatura em Teatro da Escola Superior de Teatro e Cinema. Sob a direcção do professor Francisco Salgado e contando novamente com dramaturgia de Armando Nascimento Rosa, trata-se, desta feita, de “Tríptico + 1”, trabalho que tem por base textos emblemáticos, da obra de Heiner Müller, em traduções de Anabela Mendes e João Barrento. “Margem Decrépita”, “Material de Medeia”, “Paisagem com Argonautas” e “Descrição de um Quadro” são os textos escolhidos para o espectáculo que propõe uma reflexão “sobre a ruína e a barbárie no indivíduo e na História”.
:Ficha Técnica direcção Carlos Fragateiro assessoria da direcção Pedro Mendonça direcção de arte Joana Esteves coordenação editorial A. Ribeiro dos Santos redacção A. Ribeiro dos Santos, Margarida Gil dos Reis (colab.), Ricardo Paulouro grafismo Margarida Kol de Carvalho fotografia Margarida Dias propriedade TNDM II, E.P.E.
LISBOA SERÁ UM DOS VÉRTICES DO TRIÂNGULO CRIATIVO DESTA COMPANHIA TRANSEUROPEIA QUE TERÁ EM PARIS E NÁPOLES OS RESTANTES VÉRTICES
:O Teatro Nacional na Cena Europeia
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A CONSTITUIÇÃO DE UMA COMPANHIA EUROPEIA DE TEATRO, UM SONHO DE HÁ MUITO TEMPO, VAI FINALMENTE CONCRETIZAR-SE. O TEATRO NACIONAL ESTÁ NA LINHA DA FRENTE DESTE PROJECTO, QUE NASCERÁ ESTE VERÃO, DURANTE A PRIMEIRA EDIÇÃO DE UM NOVO FESTIVAL PARA O TEATRO DA EUROPA TEXTO DE A. RIBEIRO DOS SANTOS
Junho é o mês que assiste ao lançamento de um novo festival de teatro, o Festival de Teatro de Nápoles, evento que pretende vir a ombrear com festas como a de Avignon e de Edimburgo e onde Portugal estará representado através do Teatro Nacional D. Maria II e do espectáculo que co-produziu com a Comédie de Reims. “Tanto Amor Desperdiçado”, o clássico shakespeareano que Emmanuel Demarcy-Mota transformou num espectáculo celebrado quer no nosso país quer em França, poderá então ser apreciado pelo público e pela crítica internacionais, no lançamento de uma festa de teatro que terá lugar entre 6 e 29 de Junho e envolverá 15 países e 40 espectáculos diferentes, divididos por 30 espaços teatrais num total de 200 apresentações. No programa do festival, que se propõe “respeitar a diversidade sem simplificar as diferenças culturais, inclusivamente as linguísticas” (conforme se pode ler no programa de intenções da iniciativa), há, de resto, uma parte substancial da programação que é resultante de co-produções internacionais. Na área do teatro, por exemplo, para além de “Tanto Amor Desperdiçado”, clássico de William Shakespeare que abriu o TNDM II para uma dimensão europeia, serão apresentados também espectáculos como “Medeia”, clássico reescrito por Max Rouquette e encenado por Jean-Louis Martinelli e que resulta de uma co-produção entre o Festival de Nápoles e o Théâtre Naterre-Amandiers; ou “La Cousine de Pantagruel”, espectáculo dirigido por essa lenda do teatro romeno que dá pelo nome de Silviu Purcarete e que resulta de uma colaboração com o Festivalul International de Teatru Sibiu. A nível da programação, para além de teatro, haverá também espaço para as novíssimas criações na área da dança, da música e da arte contemporânea. O Théâtre de la Ville, de Demarcy-Mota, estreará, durante o evento, a nova ópera “p.o.m.p.e.i.”, obra de Catarina Sagna que foi encomendada pelo Festival de Nápoles; enquanto, noutra área artística, o coreógrafo, escritor e realizador belga Jan Fabre apresentará, em antestreia, a sua mais recente criação, “Another Sleepy Dusty Delta Day”. Mas a programação do festival inclui ainda uma ‘master class’ em Organização e Gestão de Projectos Culturais, vários debates, mostras de cinema e exposições e apresenta, como grande novidade, o facto de se constituir como o primeiro festival ecosustentável da Europa. Reconhecendo a necessidade imperiosa de poupar os recursos energéticos do planeta, o Festival de Teatro de Nápoles, sob a direcção de Renato Quaglia, propõe-se dar o exemplo e usar energias verdes, amigas do ambiente, na apresentação de espectáculos e restantes iniciativas que integram a programação.
:TEATRO DE TODOS PARA TODOS O Festival de Teatro de Nápoles marcará o nascimento da Companhia Europeia de Teatro, projecto que vai contar com a participação de actores de vários países do velho continente e no qual o TNDM II está directamente empenhado: Lisboa será um dos vértices do triângulo criativo desta companhia transeuropeia que terá em Paris e Nápoles os restantes vértices. O espectáculo que vai dar o pontapé de partida para esta aventura – “As Troianas”, inspirado na peça imortal de Ésquilo – será dirigido por Virginio Liberti e Annalisa Bianco e nele participam, para além de intérpretes italianos, franceses e belgas, três actores portugueses: Flávia Gusmão, Martim Pedroso e Elmano Sancho, que neste momento já se encontram em Itália a preparar este trabalho que representará o primeiro passo de um caminho que se quer longo e profícuo.
:Maria Emília Correia encena na Sala Garrett
:04 TNDM II
COM UM ELENCO COM MAIS DE 30 ACTORES E CRIATIVOS, “UM CONTO AMERICANO” É A GRANDE PRODUÇÃO DESTA TEMPORADA. O TEXTO É DO NORTE-AMERICANO DAVID MAMET QUE CONSTRÓI UMA FÁBULA SOBRE OS INTERESSES ECONÓMICOS QUE SE SOBREPÕEM À CIÊNCIA TEXTO DE MARGARIDA GIL DOS REIS
Foi escrita para a National Public Radio Earplay, em 1978, mas já conheceu algumas transposições para teatro e para o ecrã. “Um Conto Americano” é sobre o sonho de um jovem operário (Charles Lang) que concebe um motor que funciona com água. O sonho americano é retratado por esta invenção, uma escapatória à cidade de pedra que é também uma prisão urbana onde os mais ingénuos são engolidos pelo aparelho económico. Cerca de 30 actores sobem ao palco da Sala Garrett. Luís Gaspar e Paula Neves protagonizam os dois irmãos, mas nomes como Augusto Portela, Carlos Costa, Cláudia Oliveira, Eurico Lopes, Francisco Brás, Horácio Manuel, Inês Nogueira, Mané Ribeiro, João Pedreiro, Lourdes Norberto, Manuel Coelho, Mário Jacques, Paula Mora, Paulo Silveira, Pedro Carvalho, Rui Quintas, Sónia Neves e a própria Maria Emília Correia dão vida a uma história com drama, acção e suspense, onde vale tudo para possuir as fontes de energia mais valiosas. À primeira tentativa de patentear o invento, Charles Lang (Luís Gaspar) vê as suas expectativas goradas pela poderosa máquina das grandes empresas que, rapidamente, cobiça o invento. “A minha personagem sente que está a ser engolida pelo sistema que se apropria não só do seu invento mas daquilo que para Charles Lang é o mais importante: a irmã”, diz Luís Gaspar. “Charles e Rita Lang têm em comum o sonho americano: ganharem dinheiro, saírem-se bem com aquele projecto e terem uma casa no campo. A Rita e o Charles partilham, por isso, o sonho do motor a água”. Um projecto comum que, no entender de Paula Neves, vai mais além do sonho por uma vida melhor: “Antes de tudo o mais, eles partilham a paixão pela ciência e pela matemática. De algum modo, a Rita colaborou com o irmão pois nunca deixou de acreditar nas suas capacidades e no facto de o invento poder resultar. Isso mostra que existe um grande envolvimento da minha personagem no projecto. Como a Rita sofreu um acidente e cegou, existe uma espécie de dependência em relação ao irmão mas também a consciência de que se vive prisioneiro na sociedade industrial, como numa gaiola. Esta possibilidade de mudar de vida é a sua salvação”. Talvez, por isso, Luís Gaspar considere que Charles e Rita formam um núcleo específico dentro da peça: “Eles vivem no seu mundo e só se têm um ao outro. Quando Charles sabe que a irmã foi capturada, é isso que motiva o desabar da personagem”.
:“O INDIVÍDUO CONTRA A INSTITUIÇÃO NUNCA VENCE” Dois dos actores com uma consagrada carreira no mundo do teatro, Mário Jacques e Lourdes Norberto, interpretam neste espectáculo papéis bem diferentes. Mário Jacques é Oberman, uma das forças opositoras à invenção de Charles Lang e que é simbólica dos dois lados que se digladiam: “o grande poder económico e o resto. A minha personagem representa isso mesmo – o grande poder económico americano, numa história que é a do poder e a da posse das fontes de energia mais valiosas”. Quanto a Lourdes Norberto, que interpreta a Senhora Varec, uma polaca vizinha de Rita e Charles e que com eles mantém uma relação especial e afectiva, “este é um papel pequeno mas que faço com muito gosto. Para além da amizade e admiração que tenho pela Maria Emília Correia, esta peça tem muito interesse pela forma como retrata a crise que se vive em Chicago, nos anos 30.” Uma participação que, de algum modo, é também simbólica pela diversidade de nacionalidades existentes na Chicago, “Fénix das Comunidades”.
Emília conseguiu adaptá-la de uma forma extraordinária que nos dá imenso gozo fazer.” Os problemas são facilmente reconhecidos por todos os actores. Esta é a pergunta que se coloca a quem se depara, pela primeira Todos eles decorrem de um problema inicial, como nota Mário vez, com este texto. Foi esta a dúvida de Paula Neves ao receber Jacques: “Mamet escreveu esta peça para rádio e não se o guião: “Quando recebi o texto pensei que se tratava de um preocupou em situar guião para cinea peça em locais conma! Este é de cretos. Daí que a peça facto um espectenha muitas cenas táculo que nos O SONHO AMERICANO É RETRATADO POR ESTA INVENÇÃO, que vão mudando de deixa deslumbraUMA ESCAPATÓRIA À CIDADE DE PEDRA ONDE OS MAIS situação geográfica, dos. Penso que INGÉNUOS SÃO ENGOLIDOS PELO APARELHO ECONÓMICO levantando problenunca terei estamas dramatúrgicos do num projecto complicados. O tratão grandioso e balho da Maria impressionante.” Emília, nesse sentido, foi um desafio porque ela teve de enconLuís Gaspar salienta também a importância desse lado mais trar soluções para essa multiplicidade de espaços”. cinematográfico: “É engraçado, sendo este um objecto teatral, e “Para mim é um trabalho desgastante fisicamente pelas não de cinema, o lado cinematográfico está sempre muito mudanças de cena rápidas e os vários momentos de corrida presente. Mas esta é uma peça muito bem escrita e a Maria :UMA PEÇA DE TEATRO OU UM GUIÃO DE CINEMA?
:TNDM II 05
UMA HISTÓRIA COM DRAMA, ACÇÃO E SUSPENSE, ONDE VALE TUDO PARA POSSUIR AS FONTES DE ENERGIA MAIS VALIOSAS
que tenho ao longo da peça”, diz Luís Gaspar, cuja personagem está quase sempre em cena. “Nas primeiras cenas não há ainda uma grande tensão mas, a determinada altura, há uma tensão psicológica aliada a um lado físico bastante extenuante”. Um esforço compensatório, sobretudo quando se trata de um autor que tanto reflecte sobre a relação do actor com o teatro. Mário Jacques traduziu uma obra teórica de Mamet, que serviu de preparação à equipa, e que será em breve editada pelo TNDM II. “Verdadeiro e Falso. Heresia e bom senso para o actor” é um daqueles livros que Mário Jacques considera fundamental. “Num país como o nosso, em que há uma escassez enorme de textos teóricos sobre teatro, é importante contribuir para a difusão de textos, sobretudo controversos. Mamet tem uma ideia muito própria sobre os actores e sobre a interpretação.” Por enquanto, o espectador pode conhecer um pouco mais da obra de Mamet através deste espectáculo. No fim, apesar da tragédia iminente, “há um laivo de esperança”, diz Paula Neves. “Numa das cartas em cadeia presentes ao longo da peça ouve-se dizer: ‘Ninguém pode desfazer aquilo que o homem faz’. E Charles sabe que isso pode ser verdade…”, acrescenta Luís Gaspar. Mais não dizemos porque o final, esse, não deve ser revelado. Mas a inteligência de Mamet reside aqui: a realidade nem sempre se sobrepõe à imaginação.
:06 TNDM II
DIRECÇÃO DE ACTORES, CENÁRIO E BANDA SONORA, TUDO FOI CUIDADOSAMENTE PENSADO PARA UM RETRATO PERFEITO DA AMÉRICA DOS ANOS 30. EM “UM CONTO AMERICANO”, DAVID MAMET CRIOU UMA HISTÓRIA DOS TEMPOS MODERNOS. MARIA EMÍLIA CORREIA ARRISCOU TRANSFORMÁ-LA NUMA PEÇA TEATRAL TEXTO DE MARGARIDA GIL DOS REIS
Em 1989, num dos seus livros de ensaios – “Some Freaks”, David Mamet, ao discorrer sobre o papel do director de cinema, afirma que o engenho da arte é “criar uma imagem não no ecrã, mas na mente do espectador”. Estas são, aliás, palavras que complementam o pensamento do dramaturgo e realizador que várias vezes tem defendido a ‘organicidade’ do actor no palco. Um olho na realidade e outro na ficção, assim se poderia definir a obra de um dos nomes mais conhecidos do mundo do cinema e do teatro (a sua obra conheceu várias adaptações em Portugal). “The Water Engine”, cuja temática nos remete imediatamente para as questões energéticas, foi um desafio que o TNDM II lançou a Maria Emília Correia. Os problemas iniciais foram comuns a toda a equipa: “a construção é fragmentária, profusa, em quadros descontínuos. Nada neste autor é linear, como o não é a vida. Provavelmente é mesmo tudo controverso”, afirma Maria Emília. A carga era muito pesada, as questões, que se colocavam em torno do período pós-depressionário nos E.U.A., eram mais que muitas. O cenário suportou as variações, a “atmosfera visual é metafórica”. Maria Emília Correia viu-se obrigada a cruzar inúmeras informações. E “no mesmo saco, ou seja, no palco”, meteu, de forma engenhosa, uma fábrica metalúrgica, a redacção do Daily News, uma confeitaria, um escritório de registo de patentes, os clubes de jazz nocturnos, as tribunas para os oradores na via pública, a exposição de 1933/34 “Um Século de Progresso”, “as ruas da cidade e seus vendavais”. Tudo pensado ao milímetro, preservando a “actualidade premen-
NO PALCO, RESPIRA-SE O AMBIENTE DE UMA CIDADE (CHICAGO) A FERVILHAR DE EMOÇÕES, ANSIOSA PELO BARCO-FOGUETÃO OU POR RECEBER NOVOS ENGENHOS E PAVILHÕES
tíssima” da peça que, para além das questões energéticas, fala de muitas questões económicas, sociais e humanas. Franklin Roosevelt, o aviador Charles Lindbergh, o judeu executado Bruno Hauptman, o ganster Al Capone, e muitos outros, todos fazem parte destes ‘quadros’ da América. No palco, respira-se o ambiente de uma cidade (Chicago) a fervilhar de emoções, ansiosa pelo barco-foguetão ou por receber novos engenhos e pavilhões.
:TNDM II 07
:UMA ARQUITECTURA DE FERRO Quando o pano sobe, a sensação progressiva é de espanto pela grandiosidade do cenário assinado por Nuno Mello. A alusão à questão da indústria petrolífera coloca-nos perante uma enorme estrutura de ferro cuja principal característica é a versatilidade e a forma como, ao longo do espectáculo, permite a co-existência de várias perspectivas, bem como desníveis de proporções em relação às coisas. “A minha forma de trabalhar não é muito decorativa, no sentido de representar tudo. Pelo contrário, a ideia principal foi passar, através do cenário, as grandes linhas de força do texto, fugindo a uma tendência ilustrativa”, explica Nuno Mello. A estrutura fragmentária da peça foi o principal problema – “Como é que se põe em cena uma sequência de sketches de uma peça escrita para rádio?”. Uma questão a que Nuno Mello respondeu com um cenário de grandes dimensões que permite, simultaneamente, ocultar e revelar coisas. “A ideia de fazer uma sátira ao domínio do petróleo interessou-me desde logo. E este palco do TNDM II tem uma particularidade da qual tentei tirar partido: apesar das esquerdas e direitas serem muito curtas, este palco tem linhas verticais. Foi dessa verticalidade que parti para dar dinamismo ao cenário.” Um olhar mais atento do espectador poderá fazê-lo encontrar na cabine telefónica uma alusão à Estátua da Liberdade, nas cruzetas as pontes de São Francisco e Chicago, na arquitectura
A ALUSÃO À QUESTÃO DA INDÚSTRIA PETROLÍFERA COLOCA-NOS PERANTE UMA ENORME ESTRUTURA DE FERRO CUJA PRINCIPAL CARACTERÍSTICA É A VERSATILIDADE
de ferro uma alusão às plataformas petrolíferas. Neste que é o seu primeiro cenário para o TNDM II, Nuno Mello criou, ele próprio, uma máquina, à semelhança do motor a água do protagonista. Uma criação única que apela à imaginação de cada espectador porque, afinal, “aquilo que me maravilha no teatro é a possibilidade de fazer dele um espaço onde tudo pode acontecer”.
:JAZZ, BLUES E MÚSICA INDUSTRIAL A partir de 1930, nos Estados Unidos, a música popular passou a ser um fenómeno de proporções continentais. A América dançava ao som do swing, um estilo de jazz, numa tentativa de esquecer o esmagamento causado pelo crash da Bolsa em 1929. De costa a costa, ouviam-se programas de rádio onde nasciam novos artistas que tinham agora melhores condições técnicas para a gravação de discos. “As pessoas estavam desesperadas, deprimidas. A possibilidade de passarem umas horas num bar com música animadora, enérgica ou romântica funcionava como uma espécie de terapêutica”, diz Rui Vieira Nery. Maria Emília Correia não esqueceu o suporte musical nesta adaptação de “Um Conto Americano”. A encenadora reconhece que “a música tem, de facto, um papel determinante”, num período em que se multiplicaram os pequenos grupos de música de dança, tendo dado origem, no final da década de 30, às chamadas big bands. Ella Fitzgerald, Jelly Roll Morton e Lena Horne, assim como Art Zoyd, Einsturzend Neubaten (música industrial), e ainda John Zorn e John
Phillip de Sousa são alguns dos artistas que fazem parte da banda sonora da peça. “As letras das músicas reflectem quer um estado de carência e de pobreza, quer a ideia geral do amor como uma espé-
cie de refúgio face a essa pobreza. Existiam também canções sindicais ou de luta mas essas, obviamente, estavam à margem do mercado de circulação comercial”, refere Rui Vieira Nery.
:Reabertura do Villaret
:08 TNDM II
RAUL SOLNADO FOI A FIGURA HOMENAGEADA PELO TEATRO NACIONAL NA REABERTURA DO VILLARET, ASSINALADA COM A ESTREIA DE “A GORDA”, PEÇA DE NEIL LABUTE PROTAGONIZADA POR RICARDO PEREIRA E CARLA VASCONCELOS TEXTO DE A. RIBEIRO DOS SANTOS
A HISTÓRIA TEM INSPIRADO CRÓNICAS DE OPINIÃO E APRECIAÇÕES POSITIVAS POR PARTE DA CRÍTICA PORTUGUESA
:TNDM II 09
© Mário Galiano
Nas suas deambulações, Solnado ainda chegou a aproximar-se do Maria Matos – mas faltava-lhe o dinheiro para levar esse projecto a bom porto. “Um dia passei aqui (leia-se Avenida Fontes Pereira de Melo) e fiquei deslumbrado com o espaço”, recordou. E teve sorte: o proprietário era conhecido do seu pai e quis ajudá-lo. Foi o início de uma vida de trabalho árduo mas compensador. “Nos primeiros dois anos, a seguir à inauguração do teatro, não descansei um único dia”, revelou. “Mas valeu a pena. Esta casa não parava. E hoje, que o espaço reabre, renovado, estou completamente feliz: o Villaret é o meu quarto filho e sinto que vai ter uma nova vida.” Raul Solnado terminou o discurso emotivo com um obrigado à direcção do Teatro Nacional. “Como dizia o Almada Negreiros, se o obrigado é pouco, também pode ser tudo.”
:UMA PEÇA SOBRE A IMAGEM
Raul Solnado na reabertura do Villaret, dia 25 de Março de 2008
Foi uma estreia emotiva, a de “A Gorda”, no Villaret, no passado dia 25 de Março. A peça de Neil LaBute, dirigida por Amândio Pinheiro, assinalou a reabertura da mítica sala de teatro – espaço mandado edificar e inaugurado por Raul Solnado, em 1965 – e a direcção do Teatro Nacional aproveitou a ocasião para fazer a homenagem que o grande comediante merecia. Chamado ao palco pelo director do TNDM II, Carlos Fragateiro, Solnado subiu
“A Gorda”, de Neil LaBute, é o projecto que assinala a nova vida do Villaret. O espectáculo foi dirigido por Amândio Pinheiro, fugindo do caminho mais fácil: o do naturalismo puro e duro com que normalmente são abordados os textos do autor norteamericano, também famoso pelo seu trabalho no cinema. O encenador introduziu vários elementos perturbadores no espectáculo, quer na caracterização das personagens (exageradas nos seus traços de personalidade), quer no cenário (todo ele cinzento, metalizado, em linhas rectas e cortantes), quer na própria música, dissonante, que dá o tom para uma intriga com o seu quê de estranho. Em cena, a única figura que parece ser real é “a gorda”, isto é, Helena (interpretada por Carla Vasconcelos). As restantes personagens são pintadas a traço
© Mário Galiano
O público na estreia de “A Gorda” de Neil LaBute, com encenação de Amândio Pinheiro
à cena pela mão da neta, Joana Solnado, e arrancou desde logo as primeiras gargalhadas ao público. “Não sei como é que consegui fazer isto”, disse. E contou aos presentes a história de como nasceu o Villaret. Em 1959, quando saiu a lei que permitia que se construíssem edifícios mistos – isto é, que fossem prédios por cima e teatros por baixo – Solnado estava no Brasil, onde, garantiu, “havia um grande interesse pelo teatro”. “Eu queria participar naquela festa e queria fazê-lo na minha terra, portanto fiquei excitado com essa lei. Aliás, nem sei como a deixaram passar – num país cinzento como este era...”. Percorreu o país para falar com empreiteiros, calcorreou Lisboa à procura de um espaço onde pudesse construir o seu teatro. A resposta era quase sempre a mesma. “Teatro? Não quero bailaricos cá no prédio!” Mais gargalhadas do público.
grosso, roçando a caricatura: Carlos António é um “grunho” machista que dá pelo nome de Castro; Maria João Falcão é Joana, uma mulher que se relaciona com o Mundo de forma exclusivamente sexual; Ricardo Pereira faz de Tomás, um homem desprovido de carácter e que não tem coragem de enfrentar os amigos e de lhes “impor” a sua namorada gorda. A história engendrada por LaBute – que tem inspirado crónicas de opinião e apreciações positivas por parte da crítica portuguesa – é simples e tem muito de autobiográfico (LaBute é obeso e sentiu, na pele, a rejeição social que normalmente se associa a pessoas com o seu aspecto). “A Gorda” traça um retrato cruel da vida de alguém que tem peso a mais, numa sociedade obcecada com a imagem e que separa brutalmente belos e feios, velhos e novos, gordos e magros, numa hierarquia em que uns são, “obviamente”, melhores do que os outros.
:JOÃO LAGARTO ENCENA PEÇA DE ALAN AYCKBOURN Tanto quanto saiba, João Lagarto não tem conhecimento de que a peça “Relatively Speaking” (“Relativamente…”) tenha alguma vez sido representada no nosso país. Mas não foi isso que o levou a propô-la à direcção do Teatro Nacional, onde deverá estrear na próxima temporada, com interpretações de Patrícia Tavares, José Afonso Pimentel, Isabel Montellano e do próprio João Lagarto. Foi, antes, a grande qualidade e “eficácia cómica” que o atraiu neste texto que foi o primeiro grande êxito de Alan Ayckbourn, continuando a ser levado à cena em todo o mundo. Aliás, deste prolífero autor – que conheceu graças aos filmes “Smoking/NonSmoking”, de Alain Resnais (baseados na série de peças “Intimate Exchanges”) – João Lagarto valoriza precisamente a qualidade da escrita e a originalidade da forma. “Podem multiplicar-se os exemplos que fazem de Ayckbourn um criador de estruturas singulares, desconstruídas para serem voltadas a construir. ‘Relatively Speaking’ é uma máquina divertidíssima, muito simples, e nela notam-se muitos dos processos que o autor desenvolveu, posteriormente, ao longo da sua carreira. Nomeadamente a ideia de que é mais eficaz aquilo que não se vê do que aquilo que se vê em cena.” Embora nunca tenha visto nenhuma montagem da peça, João Lagarto diz que lhe apeteceu encená-la desde o primeiro instante. “A peça é tão maravilhosa que achei irresistível”, confessa. Ele, que ultimamente tem revelado em cena textos inéditos no nosso país (foi assim, também, com “Começar a Acabar”, de Samuel Beckett), revela que é uma actividade que lhe dá muito prazer: ler e descobrir boas peças de teatro. “Normalmente é uma actividade atribuída aos encenadores e menos aos actores. Mas, pessoalmente, gosto muito da busca de bons textos, e quando descubro um… naturalmente que não descanso enquanto não arranjo forma de o levar à cena.” A escolha dos cúmplices para este projecto afigurou-se fácil. Com Patrícia Tavares, já tinha feito teatro, em Carnide, no Teatro da Luz de Luís Esparteiro, numa comédia de Michael Frayn. Uma experiência de que guarda boa memória. “Gostei muito de trabalhar com ela e por isso a chamei.” Com Afonso Pimentel rodou esse filme de boa memória, “Adeus Pai”. “Desde então, ficámos ambos com vontade de voltar a trabalhar juntos. E agora surgiu a oportunidade certa.” Quanto a Isabel Montellano, foi sua colega de Conservatório. “É uma excelente actriz, embora tenha tido poucas oportunidades de trabalho, e era a pessoa certa para aquele papel.” O público que se prepare para a delirante comédia de enganos que aí vem, proposta deste actor que tem protagonizado grandes momentos teatrais no Nacional: depois de ter arrecadado o prémio da crítica e o Globo de Ouro para Melhor Actor de 2006 (com “Começar a Acabar”), está agora nomeado para a mesma categoria nos Globos, pelo espectáculo “A Minha Mulher”, também produzido pelo TNDM II. “O texto apresenta uma série de malentendidos que instala, entre os dois casais, uma situação incómoda, e alguns desses malentendidos nunca serão totalmente desvendados. Há uma personagem que, até ao fim, não vai perceber o que aconteceu”, adianta João Lagarto. A.R.S. :SINOPSE Greg e Ginny são namorados, mas Greg desconfia que Ginny tem outra pessoa. Durante um fim-de-semana em que Ginny diz que vai visitar os pais, Greg decide ir também sem lhe dizer nada, para oficializar o namoro. Só que Ginny não se vai encontrar com os pais, mas sim com um antigo amante, mais velho do que ela. Quer terminar definitivamente a relação que tinham e reaver algumas cartas comprometedoras que estão na posse dele. Greg chega mais cedo e julga, erradamente, estar em casa dos pais da namorada... É o pretexto para uma série de confusões que Ayckbourn transformou numa peça delirantemente cómica.
:10 TNDM II
:José Fonseca e Costa retoma a obra de Eric-Emmanuel Schmitt
O REALIZADOR PORTUGUÊS, QUE SE DEDICA CADA VEZ MAIS AO TEATRO, VOLTA A PEGAR NUMA PEÇA DO AUTOR FRANCÊS, DESTA FEITA PARA DESVENDAR O LADO PESSOAL DESSA FIGURA ÍMPAR QUE FOI UM DOS MAIORES FILÓSOFOS DO SÉCULO DAS LUZES: DENIS DIDEROT TEXTO DE A. RIBEIRO DOS SANTOSANTOS
É, de todos os escritos de Eric-Emmanuel Schmitt, aquele que o autor elege como o mais divertido de todos. No entanto, a ligeireza é apenas aparente porque por baixo de diálogos espirituosos – que frequentemente evocam “As Ligações Perigosas” de Choderlos de Laclos – subjaz um profundo conhecimento do funcionamento da alma humana e uma leitura do mundo que nos é dada por um olhar racional, inteligente, filosófico. Afinal, é de Denis Diderot que se fala em “O Libertino”, peça que José Fonseca e Costa vai estrear na próxima temporada, na Sala Garrett do Teatro Nacional D. Maria II. Depois do sucesso de público que constituiu “Pequenos Crimes Conjugais”, apresentado na temporada passada pelo Teatro Nacional, com a dupla de actores Paulo Pires e Margarida Marinho/Rita Salema, Fonseca e Costa decidiu voltar à obra de um dos dramaturgos contemporâneos mais elogiados da contemporaneidade e aposta num espectáculo que vai desvendar a faceta oculta, pessoal, de um homem que impôs o seu nome à História graças a uma obra ímpar. Denis Diderot (1713-1784), vulto maior do Século das Luzes, desmultiplicou-se em talentos. Foi dramaturgo, ensaísta, enciclopedista e polemista aceso, capaz de questionar formas de pensamento ancilosadas e de abanar profundamente a sociedade do seu tempo. A sua noção de liberdade e de libertinagem – que praticou durante toda a vida – serão desvendadas neste espectáculo protagonizado por Virgílio Castelo (no papel de Diderot) e Maria João Abreu (Madame Therbouche). Fonseca e Costa garante que não quer ser “o encenador oficial” de Eric-Emmanuel Schmitt no nosso país, mas adianta que é obsessivo: quando descobre um autor que lhe agrada, imediatamente se lança numa busca aprofundada da sua obra. Leu tudo o que havia para ler do autor francês e, entre as peças – “muitas e excelentes” – de Schmitt, encontrou esta que fala de uma das figuras históricas que mais admira. Depois, e com a paixão que assumidamente nutre pelo trabalho de actores, escolheu o elenco. “Foram todos escolhidos por mim e considero-os os intérpretes ideais para as personagens”, diz. Para além dos dois nomes já citados, o elenco de “O Libertino” fica completo com as jovens revelações Filomena Cautela e Diana Costa e Silva, com uma promessa chamada Nelson Monforte e a actriz da casa, Maria Amélia Matta.
:Maria João Abreu e Virgílio Castelo protagonizam “O Libertino”
Em “O Libertino”, Virgílio Castelo e Maria João Abreu são, respectivamente, Diderot e Madame Therbouche. Ele, um filósofo iluminado que tocou vários instrumentos – foi ensaísta, enciclopedista, dramaturgo e polemista capaz de romper com as estruturas do pensamento institucionalizado – estará em palco a posar, quase nu, para ela, uma mulher fria e calculista que, segundo revela Maria João Abreu, pretende enganá-lo com belas e rebuscadas palavras e com o seu encanto natural. “A minha personagem é uma falsa pintora que usa os poderes da sedução para atingir determinados objectivos. Neste caso, ela sabe que Diderot guarda em seu poder alguns dos quadros pertencentes a Catarina da Rússia e vai tentar seduzi-lo para lhe roubar as obras. É uma mulher fria que me vai dar muito gozo a construir”, conta a actriz. Quanto a Virgílio Castelo, que admite que a personagem vai ser de difícil composição – acrescentando “acho todas as personagens difíceis” – diz que o texto de Schmitt é “lindíssimo”, “está muito bem escrito” e “representa uma óptima maneira do público perceber melhor essa figura fascinante que foi Denis Diderot”. “Conheço Diderot de alguns textos que nos deixou, mas o que mais me cativou nesta peça é a forma como nos ajuda a compreender melhor a sua personalidade e a fazer a distinção clara entre a liberdade e a libertinagem, que ele tanto apregoava”, diz-nos. Embora nunca tenham trabalhado com José Fonseca e Costa, ambos os actores dizem-se encantados com a possibilidade de trabalhar com um realizador que tem uma obra incomparável no cinema português e que está apostado em protagonizar igual triunfo nos palcos. De “Pequenos Crimes Conjugais”, espectáculo produzido pelo TNDM II e que ambos tiveram oportunidade de apreciar, só podem dizer o melhor. “Foi um trabalho notável e eu, que vi a peça representada no Brasil, posso assegurar que a encenação do Fonseca e Costa era muito superior”, revela Virgílio Castelo. Sobre o autor do texto, a palavra de ordem é, também, elogiar. Maria João Abreu sublinha, na obra de Eric-Emmanuel Schmitt, a complexidade das personagens que põe em cena. “Adorei ‘Pequenos Crimes’, sobretudo as personagens, extremamente ricas, e a história, verdadeira em todos os aspectos e contada em profundidade. A vida do casal era revelada em cena, em muitos dos seus aspectos”, afirma. De “O Libertino” diz que é “um texto fabuloso”. “O texto faz-nos rir, sempre com a consciência da contradição que é o ser humano. Mostra como pode ser divertido quando o nosso espírito quer acreditar numa filosofia que o coração desmente a cada instante.” Virgílio Castelo, que conhece bem a obra de Schmitt, diz que é com “justiça” que este é um dos autores contemporâneos mais celebrados da Europa. “Eric-Emmanuel Schmitt veio demonstrar que se pode inovar dentro da tradição. Ele é alguém que escreve de forma inteligente, sensível e elaborada sem querer romper com os códigos tradicionais do teatro, ao contrário de certos autores contemporâneos que podem ter muitas virtudes mas falham na essência teatral.” Os actores, que nunca tinham trabalhado juntos, terão, no Teatro Nacional, o seu primeiro contacto em teatro. Para Maria João Abreu, este é um desvio num percurso que se tem feito sobretudo de comédia e de Revista à Portuguesa. “É verdade que o público me reconhece sobretudo de outro tipo de trabalhos, mas sempre que posso experimento registos diferentes, como aconteceu há uns anos, quando fiz ‘As Presidentes’, no Teatro Aberto. O José Fonseca e Costa, que conheço razoavelmente bem, viu-me na Revista e gostou do meu trabalho. Sempre disse que haveríamos de trabalhar juntos.” Ao que Virgílio Castelo se apressa a acrescentar: “A Maria João é uma actriz capaz de uma grande diversidade de registos interpretativos, pelo que estou ansioso para começar a trabalhar com ela. Tenho a certeza de que iremos ter grande cumplicidade no palco.” A.R.S.
:TNDM II 11
ANTES DE COMEÇAREM OS ENSAIOS DO ESPECTÁCULO, OS ACTORES FALAM DAS SUAS PERSONAGENS E DO QUE REPRESENTA SER DIRIGIDO POR FONSECA E COSTA NO PALCO DO NACIONAL
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:Sinopse Denis Diderot, filósofo e libertino assumido, está a passar uma temporada na casa do Barão d’Holbach. Numa bela tarde de Verão, posa – praticamente nu – para Madame Therbouche, no pavilhão de caça do Barão. Enquanto discorrem sobre temas da mais profunda filosofia, Diderot procura ideias para um artigo para a “Enciclopédia” e tenta seduzir a sua companheira, no que é constantemente interrompido.
:12 TNDM II
:Reposição de espectáculo premiado
O MONÓLOGO INÉDITO DE BECKETT QUE JOÃO LAGARTO LEVOU AO PALCO REGRESSA À SALA ESTÚDIO DO TNDM II. UM TEXTO EMINENTEMENTE TEATRAL QUE NOS PÕE EM CONTACTO COM A OBRA DO HOMEM QUE PARECE NÃO TER MEDO DO COMEÇO DO FIM TEXTO DE RICARDO PAULOURO
é o sofrimento. Beckett é um autor triste, lúcido. Mas também é Subiu, em Setembro de 2006, ao palco da Sala Estúdio e o êxito - e isso vê-se claramente neste monólogo – alguém com um desta peça percorreu um pouco todo o país. João Lagarto humor extraordinário. ‘Começar a Acabar’ revela esse lado ‘encontrou-se’ com Beckett há uns cinco anos quando descoirlandês, alcoólico, gozão e iconoclasta que ele soube manter.” briu a sua biografia. A partir daí, o fascínio pela obra do autor de Beckett continuará assim a fazer parte dos próximos projectos “À Espera de Godot” tomou conta do resto e João Lagarto decide João Lagarto que tem já em mente outra peça, desta vez diu traduzir, adaptar, encenar e interpretar um monólogo nunca algo diferente, “associado às artes plásticas. Beckett tinha muitos representado em Portugal – “Beginning to End” ("Começar a amigos pintores e escreveu muito sobre isso. A adaptação que Acabar"). Uma amizade entre Beckett e o actor Jack MacGowran penso fazer vai ser sobre isso mesmo”. fez com que este último reunisse, no fim dos anos 60, fragmentos da obra do dramaturgo. Um feito onde, mais tarde, o próprio Beckett decidiu intervir. O resultado foi um texto impressio:UM DESAFIO A JORGE PALMA nante de um homem que, sozinho em palco, anuncia que está a morrer, enquanto pelo meio conta histórias. Ao falar do desafio que, um dia, o amigo João Lagarto lhe Para João Lagarto, Beckett “consegue aliar, de uma forma molançou, Jorge Palma diz que se identifica com a posição do derna, uma maneira de escrever pessoal e única a um conteúdo encenador e actor que, “como eu, gosta de riscos. Decidiu-se totalmente universal.” O resultado é um espectáculo que se organizar uma série de textos de Beckett e traduzi-los. O João comporta como “um ser vivo que vai reagindo à medida que vai [Lagarto] assinou a tradução e lançou-se para um monólogo. acontecendo”. Foi um trabalho muito engraçado porque um dia ele procurouQuanto ao regresso à Sala Estúdio, João Lagarto admite estar -me e pediu-me ajuda para dois momentos específicos do texto ainda muito familiarizado com o texto, sobretudo devido à em que sentia que precisavam de ser cantados. Depois foi o tralonga carreira do espectáculo em digressão. No entanto, esta é balho extraordinário do João Lagarto que eu admiro imenso. a primeira vez que faz a mesma peça durante tanto tempo: “Já Fiquei muito contente com o resultado final e diverti-me imentinha feito outros espectáculos de Beckett, mas esta é a primeira so quando assisti à estreia. Farto-me de rir a ver esta peça, vez que estou dois meses no palco da Sala Estúdio do TNDM II, mesmo quando se diz ‘em breve estarei morto finalmente’”. uma sala intimista porque o público está muito perto do palco. Admirador assumido de Beckett, Jorge Palma não hesitou e o Fazer este espectáculo todos os dias e ver como o público reage resultado está à vista. Os dois temas da banda sonora são da sua tem sido uma experiência muito interessante”. autoria. “Um dos momentos foi pensado para ser a cappella e o O texto continua, porém, a surpreender, pela intensidade outro associei-o, desde logo, à sonoridade de uma tuba ou uma dramática e, segundo João Lagarto, pelas palavras. “Essa é uma trompa”. Este último deu origem ao tema “A Velhice”, incluído no das chaves para entrar em Beckett: dizer as palavras, mesmo mais recente trabalho de Palma, “Voo Nocturno”. Aqui quando não se sabe exactamente o que se está a dizer. Quando ouvem-se ruífaço Beckett dos de rua e sinto-me um Jorge Palma intérprete UMA DAS CHAVES PARA ENTRAR EM BECKETT É DIZER AS canta a solo musical.” E se PALAVRAS, MESMO QUANDO NÃO SE SABE EXACTAMENTE com a guitarra este é um O QUE SE ESTÁ A DIZER. QUANDO FAÇO BECKETT SINTO-ME uma canção em monólogo UM INTÉRPRETE MUSICAL i n g l ê s, c o m o deprimente, nos tempos em “também se que tocava no diz que a coisa metro de Paris. mais divertida
:TNDM II 13
:UMA SALA PARA OS ACTORES A Sala Estúdio do TNDM II é uma sala com história. Que mais não seja por directamente homenagear Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro, dois nomes fundamentais do teatro em Portugal, cuja gestão à frente do TNDM II foi a mais duradoura (entre 1929 e 1964). Sendo esta uma sala de menores dimensões, por aqui têm, no entanto, passado grandes produções, actores e criativos de renome. Dar continuidade a esta história é o objectivo do TNDM II que pretende transformar este espaço num local de referência de textos contemporâneos, onde grandes monólogos ou produções de menor envergadura possam ter lugar. “Uma sala para os actores”, assim a define Carlos Fragateiro, isto é, um espaço de experimentação mas, também, de defesa de grandes papéis. Nas últimas duas temporadas, por ali têm passado actores cuja diversidade de estilo tem feito desta sala um espaço-revelação para o público. “Começar a Acabar”, o monólogo de Samuel Beckett que João Lagarto apresentou, marcou o começo de uma linha de orientação temática. Seguiram-se: “Vermelho Transparente”, de Jorge Guimarães, com Luís Esparteiro e Helena Laureano; “Frozen”, com Lídia Franco, Suzana Borges e Bruno Schiappa, sob a direcção de Marcia Haufrecht; “B.B. Bestas Bestiais”, de Virgílio Almeida, com encenação de José Neves; “A Minha Mulher”, de José Maria Vieira Mendes, encenada por Solveig Nordlund; “Boneca”, de Ibsen, encenada por Nuno Cardoso e, mais recentemente, “Óscar e a Senhora-Cor-de-Rosa”, um monólogo tocante com Lídia Franco no palco. O espaço é favorável à intimidade, enquanto o trabalho do actor ganha uma maior proximidade relativamente ao público.
© ilustração de Júlio Vanzeler
:MUNA VISÕES ÚTEIS NA SALA ESTÚDIO A Sala Estúdio acolhe, em Outubro, o mais recente projecto teatral do colectivo Visões Úteis. "Muna" é um "espectáculo que partindo de uma mesma concepção dramatúrgica, plástica e sonora, dá origem a dois espectáculos. O fascínio pelas imagens e sons que nos embalam e assustam. Como a cabra cabrês. Que te salta em cima e te parte em três." Assim é definido o espectáculo, destinado para duas faixas etárias e com duas apresentações distintas: uma de manhã para o público escolar, entre os 4 e os 9 anos de idade; e outra à noite para o público geral, numa versão para maiores de 12. Partindo de um dos mais conhecidos poemas de J. W. Goethe – "O Rei dos Elfos" – exploram-se os limites entre o real e a fantasia. Se na versão infantil assistimos ao delírio febril de uma criança que, pouco a pouco, entra num mundo fantástico, na versão adulta esse estado de delírio é substituído por um estado de alienação: um pai perde um filho e gera-se uma viagem onde a imaginação se cruza com a memória. A dramaturgia e direcção deste espectáculo é de Ana Vitorino, Carlos Costa e Catarina Martins. Destaque ainda para o universo plástico de Júlio Vanzeler que, mais uma vez, é chamado ao palco de "Muna", pondo à prova a nossa relação com a imaginação.
:14 TNDM II
:Obra de Barata Moura volta ao palco
ESTREADO EM MARÇO, O ESPECTÁCULO DE CLAUDIO HOCHMAN É A GRANDE APOSTA DA PROGRAMAÇÃO PARA O PÚBLICO MAIS JOVEM. E NÃO SÓ. UM PROJECTO QUE SE INTEGRA NUMA ESTRATÉGIA MAIS VASTA DE APROXIMAÇÃO DO TEATRO À COMUNIDADE TEXTO DE A. RIBEIRO DOS SANTOS
A plateia só se acalma e a gritaria só termina quando a música arranca e o palco do Villaret se enche de palhaços: é a Família Fungagá que, cheia de energia, canta e dança para o jovem público mesmo no arranque de “Fungagá MP3”, nova encenação de Claudio Hochman a partir das canções de José Barata Moura. A segunda cena do espectáculo dá o mote para o que se segue: o elemento mais novo do clã Fungagá, Joana Joana Maria, anuncia ao pai a sua intenção de partir. Vai sair de casa, encontrar o seu próprio caminho, fazer a sua própria música. As crianças aplaudem e assim se inicia a aventura que tem enchido diariamente a plateia do Villaret, com uma proposta capaz de agradar a miúdos e graúdos: em “Fungagá MP3”, a experiência tida com a primeira versão de “Fungagá” repete-se. Cantam as crianças, dançam as professoras, aplaudem os pais. Estreado em finais de Março, o espectáculo integra-se numa estratégia global do Teatro Nacional: a de apresentar, regularmente, produções destinadas ao público mais jovem, mas que possam, também, ser plenamente degustadas pelos adultos. Depois do muito bem sucedido “Contos de Shakespeare” – uma abordagem leve e divertida à obra de um dos mais importantes dramaturgos de todos os tempos – “Fungagá MP3” é um espectáculo que, para além de proporcionar duas horas de muito boa música, boa dança e boa representação é fortemente instrutivo e faz um apelo subliminar à tolerância, mostrando-nos como o mundo se faz com a ajuda de todos. Quando Joana Joana Maria encontra – e recruta – jovens talentos para o seu espectáculo, escolhe desde o “puto da rua” à “betinha marrona”, desde a especialista em música erudita ao apaixonado pelo hip-hop. A ideia é simples: proporcionar formação com alegria; misturar diversão, sensibilidade e inteligência.
:TEATRO, ESCOLA E COMUNIDADE "Fungagá MP3", "Os Contos de Shakespeare", "Memorial do Convento" (ainda em cena no Palácio Nacional de Mafra) e "Muna" (co-produção com as Visões Úteis que chegará em Outubro à Sala Estúdio) são os espectáculos que o Teatro Nacional produziu a pensar no seu público mais jovem, uma vertente fundamental da programação desta instituição. O Serviço Educativo, que continua a proporcionar ao público em geral visitas regulares ao TNDM II, procura também articular a programação dos vários espaços geridos pelo teatro com as necessidades sentidas – e expressas – pelo público escolar. Actualmente sob a direcção de Rui Pacheco, este departamento dá resposta às dúvidas dos professores sobre o que têm para oferecer, aos mais jovens, os vários espectáculos que o TNDM II tem em cartaz. O próprio Rui Pacheco explica do que se trata. "Quando os professores nos contactam, procuramos destacar, de cada espectáculo, aquilo que pode ser pertinente para cada área pedagógica." "Memorial do Convento", por exemplo, a obra-prima de José Saramago que Filomena Oliveira converteu num grande sucesso de público do TNDM II, permite não só ficar a conhecer o tempo de D. João V, como ficar a conhecer um dos mais belos espaços da zona saloia de Lisboa: o Palácio Nacional de Mafra. Em "Fungagá MP3", espectáculo que estará em cena no Villaret até final desta temporada, Rui Pacheco sublinha a forma como a proposta de Claudio Hochman nos mostra o crescimento de uma jovem e a sua emancipação da família. Mais informações pelo telefone 21 325 08 61 ou através do e-mail rpacheco@teatro-dmaria.pt
:TNDM II 15
:Calendário Um Conto Americano The Water Engine Começar a Acabar Concertos Antena 2 (entrada gratuita)
Data
Sala
Horário
Até 29 Junho
Garrett
3ª a SÁB. 21H30 DOM. 16H00
Até 1 Junho
Estúdio
13, 14 e 15 Maio 10, 11 2 12 Junho
Maio
3ª a SÁB. 21H45 DOM. 16H15
Átrio
Seg
5 12 19 26
Ter
6 13 20 27 7 14 21 28
Qua
19H00
Qui
1
8 15 22 29
Sex
2
9 16 23 30
Sáb
3 10 17 24 31
Dom
4 11 18 25
A Gorda Fat Pig
Até 28 Junho
Villaret
3ª a SÁB. 21H30 DOM. 16H00
Fungagá MP3
Até 1 Junho
Villaret
SÁB. 16H00 DOM. 11H00 4ª a 6ª 11h00 (Para escolas, sob marcação)
Junho
Festival Fatal
7 a 21 Maio
Politécnica
21H30
Seg
2
Ter
3 10 17 24
Festival Alkantara
24 Maio a 7 Junho
Politécnica
*
Qua
4 11 18 25
Tanto Amor Desperdiçado
Qui
5 12 19 26
20, 21 e 22 Junho
Festival de Nápoles
Sex
6 13 20 27
Memorial do Convento
Até 28 Junho
Palácio Nacional de Mafra
Dom
30
7 14 21 28
Sáb
1º SÁB. / mês 16H00
9 16 23
1
8 15 22 29
4ª a 6ª 11H00 e 15H00 (Para escolas, sob marcação.)
A programação poderá ser alterada por motivos imprevistos. Por favor, consulte sempre a informação no site ou bilheteira do TNDM II.
* Bonanza (companhia Berlin) 24, 25 Maio 19h00 e 23h00 | Yesterday’s Man (Tiago Rodrigues & Rabih Mroué) 27, 28, 29, 30 Maio 19h00 Das coisas nascem coisas (Cláudia Dias) 29 Maio 21h00 | 30 Maio 23h00 | 31 Maio 19h00 | To be SE(r)QUENCES (Zoitsa Noriega & Magdalena Sloncova) 3, 4 Junho 19h00 No Dice (Nature Theater of Oklahoma) 4, 5, 6, 7 Junho 20h00
:Preçário
:Descontos
Sala
Lugar
Sala Garrett
Plateia 1º Balcão 2º Balcão
16,00€ 10,00€ 7,50€
Sala Estúdio Villaret
Plateia 1ª Plateia 2ª Plateia
12,00€ 12,00€ 10,00€
Politécnica Palácio Nacional de Mafra
Plateia Plateia
10,00€ 8,00€*
*Preço único
Valor Unitário
:Grupos
:Individuais
Grupos de Escolas 6,00 € Grupos descontos entre 25% e 40% Valor e desconto aplicado para reservas de grupos, para qualquer produção do TNDM II, mediante marcação prévia.
50% 3ª feira (Dia do Espectador) 30% 4ª feira 20% 5ª feira 30% Jovens até 25 anos; + 65 anos 6,00 € Bilhete do dia, de 3ª a Dom 14h00 às 15h00 (número de bilhetes limitado)
O preçário, descontos e assinatura poderão sofrer alterações devido à especificidade do espectáculo. Os descontos são aplicados a produções próprias e em bilhetes adquiridos na bilheteira do TNDM II. Para mais informações sobre estes ou outros descontos, por favor dirija-se à bilheteira ou consulte no site do TNDM II.
:Assinatura Adquira uma assinatura para assistir a três espectáculos no Teatro Nacional e obtenha ainda descontos no Villaret e na Politécnica! A assinatura permite a compra de bilhetes com descontos até 50% e é válida para um espectáculo na Sala Garrett e dois espectáculos na Sala Estúdio. E se é mesmo apreciador de teatro vai gostar da modalidade "Assinatura Extra", pois terá acesso à compra de bilhetes para o Villaret e para a Politécnica a preço quase simbólico.
:Assinatura Simples
:Assinatura Extra
Público em Geral: Desconto de ± 37,5% Jovens (até 25 anos) e + 65 anos: Desconto de 50%
Público em Geral: Desconto de 34,5% a 40% Jovens e + 65 anos: Desconto de 50% +8,00€ bilhete Villaret
+6,00€ bilhete Politécnica
Oferta 1 Bilhete
*
* Válida para o espectáculo “Fungagá MP3”, na compra de 2 bilhetes, nas sessões de fim-de-semana, mediante a apresentação deste cupão na bilheteira. Promoção não acumulável com outros descontos e promoções de bilheteira
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