Caderno Especial Pg. 17
RIO GRANDE DO SUL . ANO 01 JUNHO/2014
CORTESIA
FIEMA BRASIL BENTO GONÇALVES
PILAR SOCIAL E ECONÔMICO DA SUSTENTABILIDADE
A responsabilidade social nas empresas (ou a ausência dela) e as suas conseqüencias para o mundo Pg. 06
Todos os dias, centenas de ideias e novos projetos nascem para promover a sustentabilidade. Porém, a maioria da população não toma conhecimento de
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tais ações devido à falta de divulgação. A meta da revista Meio Sustentável é divulgar e debater qualquer ação que contribua com o meio ambiente, seja ela uma iniciativa governamental, de entidades de classe, indústria, comércio, meio urbano ou rural. A preservação do meio ambiente é responsabilidade de todos nós e, através da revista Meio Sustentável, estamos cumprindo com a nossa obrigação. Porém, precisamos que você também regue esta ideia, participando e contribuindo para um mundo mais digno. Assine a Revista Meio Sustentável e colabore você também com essa ideia. A semente já está plantada, ajude-nos a regar!
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EDITORIAL
Nesta edição, abordamos um tema que se apresenta como um óbice para o crescimento de ações e comportamentos sustentáveis: a crise moral presente em nossa sociedade. Algumas dessas ações já deveriam estar incorporadas em cada um de nós como um modo de vida, traduzindo-se em atitudes que nos garantissem mais prazer e felicidade em viver. Ao esquecermos os princípios básicos de respeito aos outros e que garantem amor e privilégios aos idosos, crianças e jovens, por exemplo, ou a ética nas relações de trabalho -, ganhando, à custa do dano alheio, estamos fortalecendo a crise moral que vivenciamos. Sem essa responsabilidade e consciência social assumida por todos, será mais difícil chegarmos à sustentabilidade na sua forma mais humana. As práticas sustentáveis, no Brasil estão atrasadas em mais de 20 anos em comparação com as que são empregadas em países da Europa e Ásia. Tais práticas tem garantido aos habitantes desses países maior qualidade de vida e, pela preservação continuada e cada vez mais intensa do meio ambiente, podem ser projetadas maiores garantias de vida saudável para as próximas gerações dessa população. Os japoneses, por exemplo, educam os adolescentes, ensinandoos a cuidar dos mais velhos e até fazendo-os simular a amputação de algum membro para que estes possam entender as dificuldades por que passam idosos e deficientes. Com esse sentimento de compaixão presente, podem ajudar dando-lhes carinho, atenção e ainda auxiliandoos em suas tarefas diárias. Já por aqui, mal nos acostumamos a respeitar os espaços reservados aos idosos no transporte coletivo das grandes cidades. Na Suécia, cidade de Borãs, outro grande exemplo a ser seguido, o planejamento de sustentabilidade, compreende ações para, no mínimo, 20 anos, visando assim contemplar um resultado coletivo, em que a sustentabilidade seja uma prática incorporada no dia-a-dia das pessoas. Trata-se de uma sociedade que busca resultados para a melhor qualidade de vida no presente e no futuro. Esse plano representa uma riqueza social diante da qual nenhum governo pode se omitir e nenhum líder ou partido pode mudar. Assim, empresários, entidades e a sociedade fazem cada um a sua parte com um objetivo comum: o desenvolvimento sustentável. E, na sociedade em que vivemos, quais os valores preservados e planejados para serem atendidos em 20 anos sem que sofram interferência, sejam interrompidos ou boicotados por diferentes atores da sociedade que agem em defesa própria, e não com visão coletiva? Temos que caminhar em frente de modo que a mudança inicie em cada um nós e se estenda para a sociedade. Precisamos de um planejamento sustentável de longo prazo para que as ações de desenvolvimento social e econômico sejam de fato eficientes. Precisamos em conjunto agir contra a ambição econômica em detrimento da preservação da sustentabilidade, dos princípios morais e éticos que deveriam orientar as relações pessoais, familiares, de trabalho e de convívio social. A direção
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ano 01 . 5ª edição
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CAPA
Pilar social e econômico da sustentabilidade
A RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS EMPRESAS (OU A AUSÊNCIA DELA) E AS SUAS CONSEQÜENCIAS PARA O MUNDO
CRISE MORAL E SUSTENTABILIDADE
A VEZ DOS BIOCOMBUSTÍVEIS
17 30 FIEMA BRASIL 2014 BENTO GONÇALVES
COMPLEXO EÓLICO CAMPOS NEUTRAIS 28. 14ª FENEGÓCIOS 32. RENEX SOUTH AMERICA 33. EVENTOS
meio sustentável
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Rio Grande do Sul
ED. 05
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ÍNDICE
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PILAR SOCIAL E ECONÔMICO DA SUSTENTABILIDADE
A RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS EMPRESAS (OU A AUSÊNCIA DELA) E AS SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA O MUNDO
meio sustentável
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Rio Grande do Sul
No começo do século XX, Henry Ford modificou a forma como se elaboravam os produtos naquela época e popularizou a expressão “produção em massa” com a montagem de seu modelo Ford T. Desde então, esse é o termo que designa a produção em larga escala de produtos padronizados através de linhas de montagem e que se tornou muito difundido por permitir altas taxas de produção por trabalhador, diminuindo o valor final de um produto. Diferentemente do trabalho artesanal, em que o artesão realiza a tarefa do começo ao fim, no sistema de produção em massa, cada trabalhador repete uma ou poucas tarefas relacionadas, realizando operações praticamente idênticas ao longo de sua jornada de trabalho. A ferramenta certa e os componentes necessários estão sempre à mão, e o trabalhador gasta menos tempo obtendo ou preparando materiais e, consequentemente, o tempo gasto na produção de um produto é menor do que o despendido nos métodos tradicionais. O sistema de produção em massa traz, incontestavelmente, mais lucro para o empresário do que outras formas de produção. Mas, se pensarmos no trabalhador, o que seria mais gratificante para ele: executar uma tarefa automática e repetitiva diariamente ou refletir sobre seus afazeres e sobre o modo de realizá-los de maneira mais autônoma?
O LUCRO
Conforme um dos conceitos mais difundidos da sustentabilidade atualmente, não adianta lucrar devastando. Uma empresa não pode visar apenas ao lucro econômico, mas precisa incluir nele as conquistas ambientais e sociais. Preservar a natureza e propiciar aos seus funcionários um ambiente de trabalho agradável são algumas maneiras que garantem às empresas seu engajamento na política de utilização de critérios sustentáveis – tão valorizados nos dias de hoje. Essas são algumas ações da chamada “responsabilidade social” de que muito temos ouvido falar.
GESTÃO SUSTENTÁVEL
Segundo o Livro Verde da Comissão Européia, publicação de 2001, destinada a lançar um debate sobre o conceito da responsabilidade social das empresas, ela seria uma escolha voluntária das companhias com o intuito de contribuir para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo. Com base nesse pressuposto, a gestão das empresas não pode – e não deve – ser norteada apenas para o cumprimento de interesses de seus proprietários, mas também pelo de outros detentores de interesses, como por exemplo, os trabalhadores, as comunidades locais, os clientes, os fornecedores, as autoridades públicas, os concorrentes e a sociedade em geral.
GLOBALIZAÇÃO
No contexto de globalização em que vivemos, surgiram novas preocupações e expectativas dos cidadãos, dos consumidores, das autoridades públicas e dos investidores. Hoje percebemos uma larga adesão das grandes empresas à política da responsabilidade social e uma tendência da população ao consumo dos produtos dessas empresas.Os indivíduos e as instituições têm adotado, progressivamente, critérios sociais nas suas decisões. Os consumidores recorrem aos rótulos sociais e ecológicos para tomarem decisões de compra de produtos e rechaçam mercadorias de empresas que utilizam trabalho escravo, por exemplo.Os danos causados ao ambiente pelas atividades econômicas como marés negras e desastres radioativos – também chamam a atenção dos cidadãos e têm gerado preocupações crescentes entre a população. Com as modernas tecnologias de informação e a popularização dos meios de comunicação, há uma maior transparência nas atividades empresariais, que se espalha muito rapidamente para todo o mundo. Pode-se dizer que isso é muito bom para a população, mas é bom especialmente para as empresas que cumprem com o sua função social. Já, para as que não observam esse ponto em suas ações, isso pode ser desastroso e custar muito caro. Trata-se de uma espécie de “seleção natural” do mundo dos negócios. ano 01 . 5ª edição
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CRISE MORAL E SUSTENTABILIDADE Hoje se observa, no conjunto da sociedade, o descumprimento de normas de várias ordens sem que o cidadão se preocupe com as consequências de sua conduta. Um dos princípios de ordem moral é o dever de respeitar e cumprir as leis que disciplinam a vida social. Quando o descumprimento e a desobediência às leis torna-se algo comum, corriqueiro, pode-se afirmar que a sociedade está vivendo uma crise moral. Justino Leopoldo Girardi - Advogado, escritor e professor
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A afirmação do advogado Justino Girardi é o nosso ponto de partida para uma reflexão que vai além do conceito de moral, mas que pretende discutir como a crise moral pela qual a nossa sociedade está passando interfere na questão da sustentabilidade e de que forma podemos abstraí-la, por assim dizer, em benefício do nosso planeta. Para facilitar o entendimento do assunto serão apresentadas a seguir duas entrevistas sobre crise moral. Os textos versam sobre esse tema e convidam você(s) leitor(as) a discuti-lo após sua leitura. O tema “crise moral” implica na evolução do conceito e das práticas de sustentabilidade pela totalidade da sociedade brasileira. Na medida em que ignoramos leis ou normas de convivência, perdemos a noção do coletivo e, portando, perdemos nas práticas de sustentabilidade que visam melhorar a qualidade de vida de todos. Esta é a visão baseada nos conceitos do Direito que apresentaremos através da entrevista com o advogado Justino Girardi, publicada a seguir. Com a mesma intenção de apresentar as dificuldades e encontrar soluções pró- sustentabilidade publicaremos a entrevista com a psicóloga Silvana Henzel. Ela avalia os traços da cultura ocidental atual e sua tendência individualista em prejuízo do coletivo. Considerando que moral significa todo o conjunto de regras que são construídas através da educação, das tradições, da cultura, visando orientar e preservar a convivência entre nós, humanos, Silvana Henzel afirma que
“sim, há uma crise moral, há uma tendência na cultura ocidental de que cada um olhe mais para si mesmo, em prejuízo ao coletivo o que por consequência limita o desenvolvimento . Rio Grande meiouma sustentável do Sul de sociedade sustentável.”
Gostaríamos de convidar nossos leitores a participarem dessa discussão nos enviando sua opinião em relação ao tema “crise moral” após lerem as duas entrevistas. Consideramos importante discutir esse assunto para buscar soluções que minimizem seus efeitos negativos no desenvolvimento de uma sociedade sustentável em nosso país. Boa leitura. redação@meiosustentavel.com MEIO SUSTENTÁVEL: PODE-SE DIZER QUE VIVEMOS UM PERÍODO DE CRISE MORAL DE NOSSA SOCIEDADE? Justino Girardi: É um assunto bastante complexo. Para identificar uma crise moral é necessário que haja na sociedade um conjunto de princípios de ordem moral e que sejam questionados quanto à sua validade e, por isso, desrespeitados e descumpridos. É o início de uma crise moral. Hoje se observa, no conjunto da sociedade, o descumprimento de normas de várias ordens sem que o cidadão se preocupe com as conseqüências de sua conduta. Um dos princípios de ordem moral é o dever de respeitar e cumprir as leis que disciplinam a vida social. Quando o descumprimento e a desobediência às leis se torna algo comum, corriqueiro, pode-se afirmar que a sociedade está vivendo uma crise moral. MS: O QUE VEM A SER ESSA CRISE MORAL? JG: Numa sociedade não adianta uma avalanche de leis se o cidadão não está convencido de um princípio de ordem moral: as leis devem ser cumpridas porque visam o bem comum. A partir do momento em que na sociedade esse princípio claudica e é questionado, a crise moral aparece, também porque com esse princípio se adicionam outros que poderão padecer do mesmo mal. O homem é naturalmente gerador de conflitos e, por ser livre, reage diante de normas, sejam elas de ordem legal,
sejam de ordem moral. MS: QUAIS OS INDÍCIOS DA CRISE JG: Já ensinavam os romanos que “nem tudo o que é permitido é lícito”, ou seja, há algo além das normas jurídicas: é a ordem moral, onde se encontram os princípios que dão sustentação à ordem jurídica tais como: fazer o bem e evitar mo mal, respeitar a individualidade de cada pessoa, ser solidário com todos, cooperar pela preservação da “casa de todos”, respeitar o espaço de liberdade de cada um, atender os necessitados, partilhar a própria vida. Quando se passa a perceber na sociedade condutas marcadas pelo egoísmo, individualismo, ausência de condutas solidárias, desrespeito às leis, pode-se afirmar que há indícios claros de crise moral. MS: TEMOS UM GRANDE VOLUME DE AÇÕES TRAMITANDO NA JUSTIÇA E MUITAS DELAS SE ARRASTAM POR ANOS. PODEMOS DIZER QUE ELAS SÃO O REFLEXO DA CRISE MORAL PELA QUAL NOSSA SOCIEDADE ESTÁ PASSANDO E QUE GERA CONFLITOS EM TODAS AS ÁREAS? JG: Não. Pois a superação da crise moral não susta as ações na Justiça, cuja causa não é somente uma crise moral. A morosidade da Justiça está vinculada a vários fatores, entre eles as próprias regras do processo que permitem discussões em vários patamares, tanto na ordem cível quanto na ordem penal. Não se poderá negar, porém, que uma crise nos valores morais terá como conseqüência um acréscimo nas tarefas da Justiça. Não é sem razão que se diz que as leis são feitas para as pessoas medianas, pois as que são de bem não precisam de leis e as que são más não cumprem as leis. Sobram, então, os medianos, os medíocres. MS: E NA ÁREA DA SUSTENTABILIDADE, COMO ELA APARECE ? JG: Quando se nota que as pessoas pecam pela falta de solidariedade com relação aos cuidados com a “nossa casa”. Esta é o planeta em que vivemos, onde está o ar que respiramos e que nos preserva a vida, onde estão os meios que nos possibilitam a sobrevivência, onde está a água, onde estão as florestas, onde estão os mares. É do planeta terra que o homem tem o dever de cuidar como se fosse sua residência. Esse é um princípio de ordem moral. Por isso tudo o que o ser humano faz e que tem como decorrência a degradação de sua casa é manifestação de crise de ordem moral. MS: QUAIS AS POSSÍVEIS CONSEQÜÊNCIAS DESSA CRISE? ELA PODE
ACARRETAR PERDAS E ATRASOS NA QUESTÃO DA SUSTENTABILIDADE? JG: Sim. O homem é um ser do mundo, vive no mundo e com ele é solidário, pois, ao final da vida, retorna ao mundo. O termo “mundo”, em latim significa “limpo”. Seu contrário é “imundo”. Os gregos usavam o termo “cosmos”, que significa ordem. Por isso todos os comportamentos que envolvam degradação do meio ambiente, contaminação do solo, poluição da atmosfera, todas as formas de agressão à vida em suas várias acepções terão como decorrência um freio na questão da sustentabilidade. Uma vida em ambiente “limpo” e “ordenado” tem sentido mais humano. MS: COMO O SR. VÊ ISSO PARA O DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE. JG: Uma sociedade se desenvolve à medida em que há o desenvolvimento dos indivíduos que a compõem. Como se dá? Através do processo educacional em suas várias esferas: família, comunidade, escola e sociedade em geral. É no processo de educação que todo cidadão vai assumindo um conjunto de valores que formam uma filosofia de vida onde deverá constar o respeito à natureza, ao meio ambiente e a tudo o que diz respeito à “casa de todos”. Sem educação das novas gerações não se chegará a lugar nenhum. MS: EXISTE UMA SOLUÇÃO PARA ESSA CRISE MORAL NA QUAL NOSSA SOCIEDADE ESTÁ INSERIDA? JG: Imaginar uma sociedade sem crises é uma utopia. A liberdade, como elemento essencial na constituição ontológica do ser humano, haverá de provocar conflitos de interesses e gerar situações eivadas de dificuldades no contexto social, o que leva o observador a afirmar a existência de crise moral. O anseio de felicidade que se aninha no íntimo de cada ser humano não se concretiza de uma só forma. Cada ser humano é uma realidade única e que deverá passar por um processo de educação onde os princípios de ordem moral possam
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ser ensinados e absorvidos criando convicções que dão sustentação às condutas e comportamentos no âmbito individual e social. Por isso, insisto, tudo é questão de educação e formação de caráter e de consciência. Onde? Na família, na escola, na comunidade, no manejo dos meios de comunicação social e outras agências educacionais. MS: EM SUA OPINIÃO, QUAIS ATITUDES DO SER HUMANO COLABORAM PARA CRISE MORAL DA SOCIEDADE O QUE PODE SER FEITO PARA MODIFICÁ-LA?
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JG: O ser humano não nasce sabendo. No ingresso na vida vai aprendendo as coisas impulsionado pela sua natural curiosidade. Com este processo de cognição o indivíduo é inserido num arcabouço que a gente denomina processo educacional, onde o indivíduo é estimulado a desenvolver suas capacidades, aptidões, tendências, inserido num contexto familiar e social. É ali que se forja o homem e a mulher do amanhã, com princípios, com convicções, com caráter. Neste ambiente educacional é que se poderá superar a crise moral e preparar a sociedade para viver com sustentabilidade. A conscientização é fruto de um processo de geração de convicções que se gravam no caráter da pessoa. Essa é a esperança para um amanhã melhor. Silvana Henzel Psicóloga Clínica, Psicanalista, Membro Efetivo da Sigmund Freud Associação Psicanalítica.
MEIO SUSTENTÁVEL: PODE-SE DIZER QUE VIVEMOS UM PERÍODO DE CRISE MORAL DE NOSSA SOCIEDADE? Silvana Henzel: Em Psicanálise, costumamos falar em patologias do narcisismo. Tomo este tema para poder responder a esta questão. O mito grego de Narciso, o semideus de beleza irretocável, nos ajuda a entender alguns traços da cultura ocidental atual em que vivemos. Uma vez que entendemos que a moral significa todo o conjunto de regras que se constroem através da educação, das tradições, da cultura e, portanto, tudo que aprendemos enquanto seres inseridos em uma sociedade, justamente para orientar e preservar a convivência harmoniosa meio sustentável
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Rio Grande do Sul
entre nós, humanos, sim, há uma crise moral. Há uma tendência, na cultura ocidental, de que cada um olhe mais para si mesmo, em prejuízo do coletivo. MS: O QUE VEM A SER ESSA CRISE MORAL? SH: Creio que podemos focar em algo simbólico, que representa de forma quase poética, mas não o é, esta cultura narcisista onde o social fica em segundo plano ou sequer é focado. Falo da moda dos “selfies”. Fotografar-se é a moda. O eu é o foco. Não há espaço de importância para o que está ao redor. Não há espaço significativo para o coletivo. Simbolicamente isto nos diz muito do funcionamento psíquico dos indivíduos que compõem a sociedade ocidental. Nada contra os famosos selfies! Apenas menciono por este prisma representativo de uma sociedade composta por indivíduos extremamente voltados para si mesmos, que em geral não levam em conta regras, costumes, valores, princípios, tradições que priorizem aquilo que diz respeito ao bem comum ou à sociedade propriamente dita. MS: QUE CONSEQUÊNCIAS ELA PODE TRAZER PARA AS PESSOAS EM SUAS RELAÇÕES PROFISSIONAIS, FAMILIARES E SOCIAIS? SH: Quanto às consequências, já estamos vendo e convivendo com elas dia a dia. Indivíduos centrados em si mesmos de forma extrema, não priorizam o outro. Não reconhecem a alteridade, ou seja, não desenvolvem a capacidade de perfilhar o outro, o diferente de si mesmo. Em linguagem popular, podemos dizer que são pessoas que “se acham”! Indivíduos que se sentem o centro, mais importantes que todo “o resto”. Em psicanálise, dizemos que são pessoas que funcionam mais pelo princípio do prazer sem levar em conta o princípio de realidade. E, logicamente, isto reflete nas relações familiares, profissionais e sociais. Indivíduos narcisistas não suportam serem frustrados em seus desejos, não suportam as diferenças em geral, procuram impor suas opiniões, não desenvolvem a capacidade de empatia, não conseguem se colocar no lugar do outro, portanto sequer se importam ou imaginam as necessidades do outro diferente de si mesmo. Isto leva a conflitos, relações voláteis, dificuldade em se manter em um trabalho de equipe e de convivências em geral. MS: VIVEMOS EM UMA SOCIEDADE ONDE HÁ UMA CRESCENTE FALTA DE CREDIBILIDADE DA POPULAÇÃO PARA COM SEUS GOVERNANTES, A POLÍCIA, E ATÉ NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS... QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS DESSE DESCRÉDITO PARA A POPULAÇÃO, DE UMA MANEIRA GERAL, E COMO ISSO SE REFLETE
EM NOSSA SOCIEDADE? SH: Pensei que chegaríamos nesta questão! Assim como a criança se constitui de modelos de identificação que lhe são oferecidos desde o início da vida, ou seja, os adultos que a cuidam e a partir dos quais ela comporá traços de sua personalidade, os líderes e autoridades também servem de modelos à população que lideram. Voltemos então ao que falávamos anteriormente. Se um indivíduo narcisista não reconhece a alteridade, governantes que visam apenas benefícios próprios funcionam da mesma forma. Hoje vemos diariamente exemplos de governantes, líderes em geral, que buscam o cargo apenas em benefício próprio, sem sequer pensar no bem comum ou tentar fazer de conta que o fazem! Há uma crise moral nos governos. Então, se aqueles que deveriam, mais que todos, priorizar o bem comum, a moral, portanto, não o fazem, isto repercute na sociedade e nos indivíduos, mais do que apenas em forma de descrédito nos governos, mas como uma forma de modelo e respaldo para os cidadãos e para uma sociedade cada vez mais individualista e egoísta, ou seja, pessoas mais e mais narcisistas, em prejuízo cada vez maior ao funcionamento harmonioso do viver comum. MS: PODE-SE DIZER QUE ISSO GERA UM PESSIMISMO GENERALIZADO QUE ACABA SE TRANSFORMANDO EM UM CIRCULO VICIOSO ONDE TODOS PERDEM? POR QUÊ? SH: Logicamente que sim. Há alguns anos, havia uma propaganda que representava bem esta “filosofia de vida” que propunha “levar vantagem em tudo”. Bem, se há que se levar vantagem em tudo, vigora a lei do mais forte custe o que custar. E isto incita a cultura do “selfie”, do “eu” no centro de tudo, sem levar em conta o bem maior. Países desenvolvidos priorizam o bem comum como maior que o individual. O que é bom para um, mas prejudicial ao todo, não é bom. Isto é moral. Diferente do que estamos falando. Por exemplo, quando o povo percebe que seus governantes usam o dinheiro público em benefício próprio, sem levar em conta onde este dinheiro realmente está fazendo falta e prejudicando gravemente a população, esta cai na desesperança. O cidadão acaba por deixar de acreditar na possibilidade de reverter este quadro, deixa de lutar, deixa de votar, e, pior que tudo, fica identificado com esta proposta de “cada um por si”. Então todos perdem. A sociedade se deteriora. E aí o círculo vicioso. O bem pessoal acima do social. MS: DO PONTO DE VISTA PSICOLÓGICO, QUAL SERIA O CONTEXTO IDEAL DE SOCIEDADE PARA QUE TODOS ABSORVESSEM O MELHOR DELA E TRANSFORMASSEM ESSAS
EXPERIÊNCIAS EM AÇÕES POSITIVAS? ISSO É VIÁVEL OU TRATA-SE DE UMA UTOPIA? SH - Esta é uma questão muito ampla e amplamente estudada por diversas especialidades afins. No início do século passado, Freud se ocupou profundamente com as questões da cultura. Trocou ideias inclusive com Einstein sobre o tema da guerra, que ainda tanto nos assombra. Dizia ele que “tudo que estimula o crescimento da civilização, trabalha simultaneamente contra a guerra”. Em outro momento de sua obra, diz que “o problema que temos pela frente é saber como livrar-se do maior estorvo à civilização isto é, a inclinação, constitutiva dos seres humanos, para a agressividade mútua”. Por que pego por esta via? Porque um contexto ideal de sociedade precisaria, sim, extinguir a tendência natural humana à destrutividade. Então teríamos que redescobrir como lidar com as questões de território, por exemplo, que tanto servem de motivo às guerras. E por aí teríamos que pensar em como tratar de extinguir tudo que incita a violência e as agressividades mútuas, como as diferenças advindas das crenças religiosas, dos preconceitos... Até aí podemos afirmar que, até onde alcançamos, estamos falando, sim, de uma utopia. Juntando com o que discorremos anteriormente, e ainda sustentados em Freud, teríamos que desenvolver uma capacidade de amar ao próximo como a si mesmo, ou colocar o social em igual ou maior importância que o bem pessoal. Teríamos que valorizar mais a “foto do social” do que as “selfies”! E isto não é exatamente utopia. Mas é trabalhoso. E implica mudanças, a começar pela educação, que não dá conta de tudo, mas é um caminho viável. E deveria começar em casa mesmo, ao educarmos e constituirmos as crianças pelas quais nos responsabilizamos junto à sociedade em que vivemos. Utopia?
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A VEZ DOS BIOCOMBUSTÍVEIS
SXC.hu
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Os biocombustíveis são considerados fonte de energia limpa e renovável e estão disponíveis em grande abundância na natureza, além de serem produzidos em grande e pequena escala pela agricultura moderna. Biocombustível é qualquer combustível originado de espécies vegetais - isto é, que tem origem biológica, desde que não tenha passado por processo de fossilização. Há vários tipos de biocombustíveis, mas os mais utilizados são o bioetanol, biodiesel, biogás, biomassa, biometanol. No Rio Grande do Sul, os biocombustíveis (biodiesel e bioetanol) integram a atual política industrial do Estado. Isso prevê incentivos para a sua cadeia produtiva e já colocam o RS como líder em produção – especialmente no setor de biodiesel..
BIODIESEL Combustível gera energia limpa e já é visto como ótima alternativa para substituir os derivados do petróleo. O biodiesel é um combustível oriundo de fontes alternativas, e que não são derivadas do petróleo. Por ser biodegradável e proveniente de fontes renováveis, como óleos vegetais e gorduras animais, traduz-se em uma energia limpa que produz menos poluentes do que o diesel tradicional. No Brasil, existem diferentes espécies de oleaginosas que podem ser usadas para produzir o biodiesel. Entre elas, estão mamona, dendê, canola, girassol, amendoim, soja e algodão. Matérias-primas de origem animal, como o sebo bovino e gordura suína, também podem ser utilizadas na fabricação do biodiesel. meio sustentável
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Rio Grande do Sul
FONTES DE EXTRAÇÃO DE BIODIESEL óleos e gorduras animais (matadouros, frigoríficos e curtumes); óleos e gorduras vegetais (agriculturas temporárias e perenes); óleos residuais de frituras (cocções comerciais e industriais); óleos e graxas de esgoto (águas residuais das cidades e de certas indústrias).
O processo de extração do biodiesel varia de acordo com a matéria-prima com a qual está se trabalhando. Esse combustível pode ser obtido a partir da utilização de três processos: por água e vapor; por processo mecânico, com solventes químicos; e ainda por processos mistos. O biocombustível que é gerado com esse processo pode substituir total ou parcialmente o diesel de petróleo empregado em caminhões, tratores, automóveis e também motores de máquinas que geram energia.
AS VANTAGENS DO USO DO BIODIESEL A produção de biodiesel é extremamente vantajosa, especialmente no Brasil. Em nosso país, há muitas terras cultiváveis com capacidade para produzir uma enorme variedade de oleaginosas. Esse cultivo pode ser desenvolvido inclusive nos solos menos produtivos e com um baixo custo de produção, o que torna o biodiesel uma alternativa mais barata que o petróleo. Além disso, por se tratar de uma energia limpa, o seu uso como combustível proporciona ganho ambiental para o planeta, pois colabora para diminuir a poluição e o efeito estufa. Para cada 3,8 litros de gasolina que um automóvel queima, 10 kg de CO2 são liberados na atmosfera. O biodiesel, entretanto, é constituído de carbono neutro. As plantas capturam todo o CO2 emitido pela queima do biodiesel e separam o CO2 em Carbono e Oxigênio, neutralizando suas emissões, o que o caracteriza como uma fonte energética altamente renovável.
As vantagens do uso do biodiesel vão além das relacionadas ao meio ambiente. Ele também é uma alternativa interessante do ponto de vista econômico e social. Através da produção do biodiesel, o setor primário é beneficiado com a geração de empregos, assegurando o trabalho no campo e reduzindo o êxodo rural. Além disso, os custos com transporte do combustível caem significativamente, uma vez que o biodiesel tem baixo risco de explosão (ele precisa de uma temperatura acima dos 150C° para entrar em combustão) e, por isso, pode ser transportado e armazenado facilmente.
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A INTRODUÇÃO DO USO NO PAÍS A mistura de biodiesel ao diesel fóssil teve início em dezembro de 2004. Em janeiro de 2008, entrou em vigor a mistura legalmente obrigatória de 2%, em todo o território nacional. Com o perceptível amadurecimento do mercado brasileiro, esse percentual foi ampliado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) sucessivamente até atingir 5% em janeiro de 2010. De acordo com o diretor administrativo do Badesul e coordenador executivo de biocombustíveis no Rio Grande do Sul, Luís Alberto da Silva Bairros , há uma demanda do setor produtivo para que esse percentual aumente para 10%, mas a tendência é que o aumento chegue a 6% durante o Governo de Dilma Roussef.
Luiz Alberto Bairros
Em 2010, o Rio Grande do Sul produziu mais de 600 milhões de litros de biodiesel com seis plantas industriais, atendendo a ¼ da demanda nacional. Desse total, 160milhões de litros foram suficientes para abastecer a demanda estadual. O excedente foi destinado aos outros estados. Isso coloca o RS no topo do ranking de produção do biocombustível, o que tem gerado impacto positivo na economia local. Conforme Luís Alberto Bairros, isso é reflexo da política industrial adotada pelo Governo Tarso Genro, que prevê incentivos fiscais para os produtores de biodiesel e bioetanol. “No caso do etanol, por exemplo, as indústrias têm 75% de incentivo em retorno de ICMS nos quatro primeiros anos. Nos próximos quatro, este percentual é de 50%. Isso viabiliza qualquer planta industrial”, ressalta. A indústria do biodiesel é relativamente nova no RS, tendo iniciado suas atividades em 2007. Desde então, foram investidos R$800 milhões na construção do parque de usinas e nas instalações que já estão em operação.
PLANTAS DE BIODIESEL EM OPERAÇÃO NO RS (2010) MUNICÍPIO
CAPACIDADE AUTORIZADA (m3/dia)
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PRODUÇÃO MÉDIA (m3/dia)
360 444
175,99 359,43
400
232,03 441,50 544,85 290,79
933,33 1.050 600 Fonte: Programa Setorial RS 2012-2014
A INDÚSTRIA DO BIODIESEL NO RS (2010) Produção anual Atendimento sa demanda nacional Empregos diretos e indiretos Número de plantas em operação Investimentos totais (2007-2010) Arrecadação total de ICMS (2007-2010)
606 milhões de litros 25% 7.500 6 R$ 800 milhões R$ 200 milhões
Fonte: Programa Setorial RS 2012-2014
Fonte: Programa Setorial RS 2012-2014
MENOS POLUIÇÃO
Há a tendência de que o mercado dos biocombustíveis cresça em vista das mudanças climáticas, segurança energética, necessidade crescente de combustíveis e ausência de alternativas no curto prazo. Como ganho na área ambiental, ressaltam-se as emissões evitadas de CO2 (dióxido de carbono) no transporte rodoviário, que foi de 13 meio sustentável
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Rio Grande do Sul
milhões de toneladas de CO2, desde 1990. Estudos indicam que, entre 2008 e 2017, a substituição da gasolina por etanol deverá evitar o lançamento de aproximadamente 508 milhões de toneladas de CO2, e a utilização de biocombustíveis em substituição aos combustíveis fósseis deverá evitar o lançamento de 570 milhões de toneladas de CO2.
Até 2004, não existia fabricação de biodiesel no Brasil. Com a implantação do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), o País passou a ser o segundo maior produtor mundial, colocando no mercado 2.717 m³ do biocombustível em 2012. De acordo com o coordenador da Comissão Interministerial do programa, Rodrigo Rodrigues, reduzir as emissões de carbono, as importações de diesel e as desigualdades regionais com a geração de renda no campo são as principais diretrizes da iniciativa. Nos leilões para aquisição do biocombustível realizados pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), 92% das empresas vencedoras compram pelo menos 15% de matéria-prima de agricultores familiares. Fonte: Aneel
PROGRAMA DO GOVERNO FEDERAL VISA INCENTIVAR A PRODUÇÃO E O USO DO BIODIESEL
Desde a criação do Programa Nacional da Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), em 2004, o
estudo e a utilização desse biocombustível avançaram significativamente no Brasil. O objetivo, na etapa inicial, foi introduzir o biodiesel na matriz energética brasileira, com enfoque na inclusão social e no desenvolvimento regional. O principal resultado dessa primeira fase foi a definição da estrutura legal e regulatória para a produção e comercialização do biodiesel, envolvendo também a definição do modelo tributário para esse novo combustível. Esse trabalho foi pautado por determinadas diretrizes de política de inclusão social; aproveitamento das oleaginosas de acordo com as diversidades regionais; segurança de abastecimento para o novo combustível; garantia de qualidade para o consumidor; e busca da competitividade frente ao diesel de petróleo.
IMPACTOS DO PNPB NO RIO GRANDE DO SUL A cadeia do biodiesel é responsável pela criação de mais de 1,5mil empregos diretos e de 6 mil indiretos no Rio Grande do Sul. Cerca de 38mil famílias gaúchas estão vinculadas ao Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel – 30% ligadas às usinas e 70% às cooperativas. Desde o início dessa iniciativa, em 2007, a produção gaúcha de biodiesel já contribuiu com cerca de R$200 milhões em ICMS para o Estado.
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“A política do Brasil é a melhor do mundo para promover a inserção da agricultura familiar”...
...diz o coordenador de bioenergia da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Olivier Dubois. Ele diz que a FAO tem preocupação quanto ao fato de que os agricultores continuem a produzir alimentos, mesmo fornecendo matérias-primas para os biocombustíveis. Para ele, com bons sistemas de gerenciamento, é possível atender aos dois mercados. Uma planta alimentar, por exemplo, pode gerar alimentos e biocombustíveis. É o caso da canade-açúcar e da soja. Outra opção são os consórcios de diferentes culturas em uma mesma área. O risco, na opinião Dubois, ocorre quando o agricultor destina todo o seu lote para uma única cultura.
O BIOETANOL NO RS
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Diferentemente do setor de biodiesel, a indústria de bioetanol não se desenvolveu no RS. Entretanto, tem potencial para gerar uma série de efeitos positivos na economia do RS, especialmente por tratar-se de um segmento portador de futuro e com potencial para induzir a tecnologia e a inovação do setor. Além disso, a atividade agrega valor à produção agrícola e estimula a diversificação de cultivos nas pequenas propriedades rurais. Em 2010, a demanda nacional por bioetanol foi de 2,5 bilhões de litros, segundo a Embrapa, para diversas aplicações, mas principalmente como combustível para automóveis. No mesmo ano, o RS produziu 5,8milhões de litros do biocombustível. A produção de bioetanol no RS está concentrada em uma usina instalada no município Porto Xavier, com 700 funcionários. Sua capacidade instalada de fabricação é de 9 milhões de litros anuais. Em 2011, o RS abrigava também 18 microdestilarias de etanol em operação, além de outras 16 em fase de instalação.
SXC.hu
O FUTURO
O cenário futuro para a produção de bioetanol no RS é composto por uma série de fatores positivos. Sintonizado com a agenda internacional, o setor é favorecido pelas metas de redução de CO2. No cenário interno no RS, o segmento conta com a demanda crescente para a alcoolquímica – que já supera significativamente sua demanda como combustível no Estado. Estão previstos, até 2017, investimentos nacionais de R$14,6 bilhões na atividade no Brasil. meio sustentável
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Rio Grande do Sul
A SITUAÇÃO DO BIOETANOL NO RS (2010)
Produção anual: 5,8 milhões de litros Arrecadação em ICMS/ano R$ 2 a R$ 2,5 milhões Quantidade de Usinas: 1 Quantidade de microdestilarias 18 Fonte: Programa Setorial RS 2012-2014
FIEMA BRASIL 2014 - BENTO GONÇALVES
Público Crédito foto: Luis Cortelini
Maior feira de sustentabilidade
DA AMÉRICA LATINA REÚNE PESQUISADORES, EMPRESÁRIOS E ATIVISTAS EM BENTO GONÇALVES
ABERTURA
Local foi o cenário ideal para quem buscava soluções voltadas para a sustentabilidade A 6ª edição da Feira Internacional de Tecnologia para o Meio Ambiente (Fiema), realizada entre os dias 22 e 25 de abril no município de Bento Gonçalves, reuniu tecnologias, equipamentos e serviços voltados para a minimização de impactos ao meio ambiente, produção mais limpa, gestão e desenvolvimento sustentável. O evento, considerado o mais importante encontro de negócios no segmento ambiental industrial da América Latina, é realizado bienalmente desde 2008 e visa não só promover a aproximação como também estimular as relações entre quem produz e quem busca soluções voltadas à sustentabilidade. A Fiema Brasil também apresenta uma série de programações paralelas voltadas à troca de informações, aos debates, à pesquisa e circulação de conhecimento entre vários públicos.
a Brasil
Jones Favretto – Presidente da Fiem Crédito: Luis Cortelini
Durante a abertura do evento, no dia 22 de abril, o presidente da Fiema Brasil, Jones Favretto, destacou a necessidade de que a sociedade cresça de forma econômica, social e ambientalmente correta, premissas do tema “Recicle seus Negócios”, trabalhado nesta edição. “Precisamos de líderes inspiradores, de novos líderes, de novos negócios e ano 01 . 5ª edição
FIEMA BRASIL 2014 - BENTO GONÇALVES de inovadoras formas de fazer negócios. O cenário atual do Brasil mostra um país com muito a fazer no que diz respeito a tratamento, disposição e destino final de resíduos no âmbito privado e, mais ainda, no âmbito público”, enfatizou.
Antonio Carlos de Avelar Bastos Crédito: Luis Cortelini
O subprocurador geral de Justiça do Ministério Público, Antônio Carlos de Avelar Bastos, destacou o potencial da região serrana do Estado para eventos em favor do meio ambiente. “Esta é uma região muito próspera e aqui encontramos a confirmação deste conceito. Estamos na sexta edição da Fiema Brasil, que vem num ascendente. Esta Feira certamente é a maior da América Latina porque tem um diferencial extraordinário: ela não se limita à comercialização de produtos e serviços. Ela se amplia para uma troca de ideias, de conhecimento, de relacionamento. O Ministério Público, que tem obrigação de zelar pelas fundações, aqui está para manifestar seu aplauso à Fundação Proamb (organizadora do evento) pelo esforço que faz pelo meio ambiente”, ressalta.
sil
Tarso Genro - Abertura FIEMA Bra Crédito: Luis Cortelini
meio sustentável
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Rio Grande do Sul
Finalizando os discursos, o governador Tarso Genro colocou o Estado à disposição da sustentabilidade. “Uma relação mais harmoniosa entre a humanidade e o meio ambiente é fundamental, mas não é fácil, porque a violação às leis da natureza é inerente ao ser humano. Por isso, temos que dar valor à sustentabilidade, tornando-a rentável ao empreendedor. Esse é o limite para todas as classes, para todas as culturas: transformar a sustentabilidade em negócio. Coloco, desta forma, o Governo do Estado à disposição e manifesto meu orgulho em participar desta promoção”. Ele completou: “Hoje há a consciência de que crescer com responsabilidade e produzir com sustentabilidade é um elemento diretor da vida pública. É um momento transformador da relação humana com a natureza e com as relações econômicas mundiais. O Governo do Estado tem essa responsabilidade e é parceiro neste debate construtivo e em buscar soluções”, disse Tarso Genro. Cerca de 200 pessoas prestigiaram a abertura oficial da Fiema Brasil 2014. Entre as autoridades presentes, também se destaca o presidente do Proamb, Neri Gilberto Basso, o deputado federal Jerônimo Goergen, representando a Câmara dos Deputados, e o prefeito em exercício de Bento Gonçalves, Mário Gabardo.
2° MEETING EMPRESARIAL Como primeiro evento paralelo, no dia de inauguração da Fiema, foi realizado o 2º Meeting Empresarial, em sequência ao primeiro, na edição 2012 da feira. O tema “Inovação e sustentabilidade gerando valor” foi o assunto tratado por palestrantes reconhecidos como líderes sustentáveis de renome nacional e internacional. A ideia desse segundo encontro foi demonstrar que inovação permanente e sustentável tratada como visão estratégica, que oriente gestão, recursos humanos, tecnologia, decisões e investimentos contribui para gerar resultados econômicos, sociais e ambientais. Participaram do 2° Meeting Empresarial Franklin L. Feder, presidente da Alcoa América Latina, Daniel Raul Randon, DiretorPresidente e de Relações com investidores na Fras-le S.A. e Edgard Franco, Vice-Presidente de Edificações, Energia e Sustentabilidade em Serviços na Schneider Electric Brasil.
FIEMA BRASIL 2014 - BENTO GONÇALVES Fras-le S.A. - Daniel Raul Randon
Nos últimos cinco anos, a Fras-le registra taxas de crescimento de 14% ao ano, desenvolvimento qualificado por preservar valores sociais e relações com a comunidade. Prova disso é que hoje esta se colocando entre as 150 melhores empresas para se trabalhar no país. Randon julga que, no futuro a sociedade estará mais consciente e mais educada para entender a importância da preservação do ambiente. O cliente vai valorizar e prestigiar empresas que consideram a sustentabilidade dentro de seus processos e de sua visão estratégica. Para ele, a Fras-le já possui essa consciência e a coloca em prática há anos. É a visão estratégica que inspira e impulsiona a empresa em direção à meta de ser uma organização global.
EVENTOS SIMULTÂNEOS
Daniel Randon - Fras-le Crédito: Luis Cortelini
Palestrante notoriamente reconhecido como líder sustentável, o Diretor-Presidente e de Relações com investidores na Fras-le S.A., Daniel Raul Randon, compartilhou conhecimentos e experiências no 2° Meeting Empresarial, mostrando o quanto a inovação e a sustentabilidade podem agregar valor aos negócios. Há 60 anos, a Fras-le investe fortemente em inovação e tecnologia em produtos e processos, como também é este um princípio da empresa para seu desenvolvimento sustentável, que se tornou valor estratégico para a organização. Como exemplo, Daniel Randon citou algumas ações de alta relevância nos rumos da sustentabilidade para a empresa. Há mais de 12 anos, por exemplo, já tinham compreendido que deveriam banir o amianto de seus processos. “Hoje, tomamos as providências necessárias na empresa para que os resíduos não se destinem mais aos aterros, e sim ao coprocessamento, forma eficiente para eliminação de passivos”, explica Randon. Outra ação importante é o recolhimento e destino sustentável para cerca de 85 toneladas de lonas de freios utilizadas por seus clientes. Isso mostra que a empresa possui uma trajetória significativa na compreensão da importância da sustentabilidade.
Além do Meeting Empresarial, a Fiema Brasil 2014 recebeu também diversos eventos simultâneos. Foram palestras, congressos, seminários e encontros técnicos, todos voltados para o tema da sustentabilidade. O 2° Encontro Técnico de Tecnologias para o Tratamento de Águas e Efluentes oportunizou a atualização dos participantes, disponibilizando conhecimento para tratar dos desafios existentes em suas áreas de atuação. A partir de uma base teórica, o participante recebeu informações técnicas sobre as mais diversas soluções tecnológicas e de serviços existentes no mercado. Cases de sucesso, inovações e tendências foram apresentadas pelos mais importantes palestrantes. O 4° Seminário Brasileiro de Gestão Ambiental na Agropecuária tratou do tema “Produção de alimentos e meio ambiente: um convívio possível?”. Os palestrantes abordaram o desafio, cada vez mais questionado nos fóruns técnicos, políticos e sociais, associando o conceito de sustentabilidade com a necessidade de alimentar uma população crescente, sobretudo considerando a condição brasileira de ser um dos players mundiais na produção agropecuária. ano 01 . 5ª edição
No 4° Seminário de Legislação Ambiental e Gestão Pública, houve o tratamento do tema do gerenciamento público e da responsabilidade socioambiental sobre resíduos. O evento abordou a necessidade de atingir os Poderes Municipais acerca da conservação e do controle ambiental, da interpretação correta dos instrumentos da legislação brasileira, e dos métodos aplicáveis ao destino dos resíduos. A Fiema Brasil 2014 recebeu ainda o 3° Seminário de Segurança do Trabalho e o encontro Bioengenharia de Solos em Áreas Degradadas e Estabilização de Taludes e Encostas. Este tinha como objetivo promover o conhecimento relacionado à bioengenharia nesse setor fornecendo informações técnicas sobre as mais diversas soluções em revegetação, técnicas de aplicação de biomantas e biorretentores de sedimentos. Já o primeiro tratou dos sistemas de gestão de segurança do trabalho e da sua importância nas empresas, que podem ficar fragilizadas devido aos custos que as falhas nesse segmento podem acarretar.
4° CONGRESSO INTERNACIONAL DE TECNOLOGIAS PARA O MEIO AMBIENTE Pesquisadores da UCS pretendem obter hidrogênio a partir de resíduos da agroindústria Emitir menos poluentes, baixar custos e encontrar alternativas aos produtos de origens fósseis são algumas das principais questões que impulsionam o desenvolvimento de pesquisas de combustíveis alternativos. Os estudos e novidades na área foram o foco do 4º Congresso Internacional de Tecnologia para o Meio Ambiente, ocorrido durante a Fiema Brasil. Um dos palestrantes foi o professor Lademir Luiz Beal (UCS), que apresentou os processos microbiológicos na produção de combustível. É disso que trata o mais recente trabalho coordenado pelo professor, intitulado “Projeto de Pesquisa BIO H2 - Digestão Anaeróbia de Resíduos e Efluentes Agroindustriais para a Produção de Biohidrogênio e Bioprodutos de Alto Valor Agregado”. Desenvolvido em parceria entre a UCS e a Petrobras, meio sustentável
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Rio Grande do Sul
FIEMA BRASIL 2014 - BENTO GONÇALVES
esse projeto está possibilitando o desenvolvimento dos trabalhos que são conduzidos por pesquisadores da Universidade de Caxias do Sul desde março de 2012. A pesquisa viabilizará a obtenção de hidrogênio como gás principal, a partir de resíduos da agroindústria, utilizando, como matéria-prima, vinhoto (resíduo da produção de etanol) e glicerol (resíduo da produção de biodiesel).
O PROJETO BIO H2
O objetivo principal do Projeto é a produção de hidrogênio a partir de glicerol e vinhoto (matériasprimas). As referidas matérias-primas serão biodegradadas com culturas puras e mistas de microrganismos, com foco na obtenção do hidrogênio como gás principal. Outro objetivo é a formação de recursos humanos na área de produção de hidrogênio a partir de resíduos. A equipe do Projeto é composta de engenheiros químicos, engenheiro civil, engenheiros ambientais, biólogos e químico industrial. Mestrandos e estudantes de graduação em atividades de iniciação científica dos cursos de Ciências Biológicas, Engenharia Ambiental e Engenharia Química também integram a equipe. Três programas de pós-graduação stricto sensu estão envolvidos no Projeto: Engenharia e Ciências Ambientais; Engenharia de Processos e Tecnologia; e Biotecnologia.
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Boräs, considerada a cidade mais limpa do mundo
RESÍDUOS SÓLIDOS
Boräs, na Suécia, um exemplo a ser seguido
Dr. Hand Bjork Crédito: Meio Sustentável
O diretor da Escola de Engenharia da Universidade de Boräs, na Suécia, o Prof. Dr. Hans Björk vem trabalhando como gestor no programa de utilização dos resíduos sólidos urbanos (RSU) da cidade de Boräs, na Suécia, considerada a cidade mais limpa do mundo. Desenvolvendo esse trabalho em parceria com várias instituições internacionais nos países em crescimento como forma de alcançar um desenvolvimento sustentável, ele palestrou no 4° Congresso Internacional de Tecnologias para o Meio Ambiente para apresentar a ideia. Segundo Hans, em Boräs, os projetos têm um planejamento de 10 a 20 anos, e não importa a política: sustentabilidade é de todos. “Podem mudar os políticos, mas o programa continua”, afirma ele. Na cidade, o sistema de tubulação começou em 1959, sendo aperfeiçoado conforme a necessidade. Os tubos enterrados servem tanto para aquecimento como para resfriamento. Boräs trabalha para não utilizar combustível fóssil. “Os resíduos alimentares são utilizados para produção de biogás. A separação é
feita por todos, com armazenamento em sacos específicos, os quais são recolhidos e levados para o processo”, explica o professor. A prefeitura e as empresas da cidade sueca pensam em soluções a todo tempo para os desafios enfrentados. Antigamente, 90% de óleo era usado; hoje em dia, não utilizam nem carvão para aquecimento. “Tudo vem do reaproveitamento dos resíduos”, esclarece Hans Björk. As residências, os estabelecimentos, todos recebem os sacos específicos (identificados pelas cores) para fazer a separação de lixo, facilitando, assim, o recolhimento e o destino desses resíduos. Em Boräs, praticamente todos os aterros sanitários foram desativados. “Atualmente, estamos preocupados em agilizar a produção do Biogás, que leva em média três dias”, salienta ele. Finalizando, o professor Hans diz que o lixo deve passar de problema a oportunidade. A universidade de lá realiza projetos em parceria com a prefeitura e está disposta a fazer conexão com outros países. A Indonésia é um país que já está acompanhando o processo de Boräs. Aqui no Brasil, é a cidade de Blumenau, em Santa Catarina, que está realizando esse trabalho.
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RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL
4.804 MUNICÍPIOS NO BRASIL SEM COLETA SELETIVA apenas 766 fazem coleta seletiva O desafio é grande. A inexistência de pessoal especializado e as debilidades na capacidade de gestão existentes no país fazem que poucos municípios contem com uma gestão adequada dos resíduos sólidos, que garanta a sustentabilidade dos serviços e a racionalidade da aplicação dos recursos técnicos, humanos e financeiros. Devido a isso, buscando um salto na capacidade de gestão, a lei instituiu a prestação regionalizada dos serviços de saneamento básico, para possibilitar escala racional na gestão dos resíduos sólidos e equipes técnicas permanentes e capacitadas.
Ministério Do Meio Ambiente
O Brasil deixou de ser um país agrário para ser urbano, concentrando 85% de sua população nas cidades, segundo dados apresentados no ano de 2010. O crescimento das cidades brasileiras não foi acompanhado pela provisão de infraestrutura e de serviços urbanos, entre eles o manejo de resíduos sólidos, tema este apresentado na Fiema Brasil 2014, pela Diretora do Departamento de Ambiente Urbano (Ministério do Meio Ambiente), Zilda Maria Faria Veloso. O Brasil conta hoje com um esboço legal, recentemente aprovado, que estabelece diretrizes para a gestão dos resíduos sólidos, por meio da Política Nacional de Resíduos Sólidos (2010) e para a prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, por meio da Lei Federal de Saneamento Básico (2007). A Lei 11.445/2007 institui como diretrizes para a prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: o planejamento, a regulação e fiscalização, a prestação de serviços com regras, a exigência de contratos precedidos de estudo de viabilidade técnica e financeira, definição de regulamento por lei, definição de entidade de regulação e controle social assegurado. Inclui como princípios a universalidade e integralidade na prestação dos serviços, além da interação com outras áreas, como as de recursos hídricos, saúde, meio ambiente e desenvolvimento urbano. meio sustentável
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Rio Grande do Sul
COLETA SELETIVA NO BRASIL REGIÃO DO PAÍS
NÚMERO DE MUNICÍPIOS COM COLETA
Norte Centro Oeste
14 18
Sudeste Sul Nordeste
401 257 76
Municípios brasileiros 5.570
Municípios com coleta 766
FIEMA BRASIL 2014 - BENTO GONÇALVES Os municípios enfrentam muitos problemas para a gestão do recolhimento e reciclagem do lixo. O histórico negativo dos processos de gestão nas várias regiões brasileiras deixa claro que a gestão dos resíduos precisa ganhar escala e avançar para a gestão associada entre vários municípios, estabilizando uma equipe gerencial que atenda a todos. “Os municípios, mesmo os de menor porte, podem dividir o esforço para a construção da instituição que venha a assumir a gestão em uma escala mais adequada”, esclarece Zilda.
Consórcios
A formação de Consórcios Públicos está sendo incentivada pelo Governo Federal e por muitos dos Estados, para que aconteça o necessário salto de qualidade na gestão. Este é o caminho que a Política Nacional de Resíduos Sólidos define como prioritário nos investimentos federais, pois não será possível cumprir os seus objetivos gerindo os resíduos da mesma forma que antes, cada município por si só. “É preciso dar atenção aos aterros sanitários. Somente construí-los não resolve problema. No país, 970 aterros voltaram a ser lixões pela falta de gestão”, salienta Zilda Mar Os pequenos municípios, quando associados, de preferência com os de maior porte, podem superar a fragilidade da gestão, racionalizar e ampliar a escala no tratamento dos resíduos sólidos e ter um órgão preparado tecnicamente para gerir os serviços podendo, inclusive, operar unidades de processamento de resíduos, garantindo sua sustentabilidade. “Fazer gestão urbana de resíduos sólidos custa uma média de R$ 45,00 por pessoa ao ano”, comenta a diretora do Departamento de Meio Ambiente. Assim, consórcios que congreguem diversos municípios, com equipes técnicas permanentes e capacitadas serão os gestores de um conjunto de instalações, tais como pontos de entrega de resíduos; instalações de triagem; aterros; instalações para processamento e outras. Dessa forma, permitem o manejo diferenciado dos diversos tipos de resíduos gerados no espaço urbano e o compartilhamento de diferentes instalações e equipamentos, potencializando os investimentos para as coletas seletivas obrigatórias. O Ministério do Meio Ambiente incentiva a implantação desse modelo tecnológico que prevê a erradicação de lixões e bota-foras e o gerenciamento baseado na ordem de prioridades definida na Política Nacional de Resíduos Sólidos: não geração, redução,
reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final, preferencialmente em aterros regionais, para obtenção de melhor escala operacional.
EXPOSITORES A Fiema Brasil 2014 contou com a participação de 200 expositores interessados na questão do meio ambiente e movidos pela intenção de abrir novos mercados e canais de distribuição dos seus produtos. Com o destaque que a questão ambiental e o crescimento sustentável têm ganhado nos planos de gestão empresarial e pública, o número de expositores aumentou quase 50% em comparação com a 1ª edição da Fiema Brasil. Isso reflete que o tema já tem se transformado de tendência em item fundamental de desenvolvimento e competitividade para as empresas.
Oz Engenharia apresenta seus produtos com uso de tecnologias limpas à base de ozônio
Inovação - Árvore verde
ano 01 . 5ª edição
FIEMA BRASIL 2014 - BENTO GONÇALVES Um dos stands que mais chamou a atenção de quem circulou pela Fiema Brasil 2014 foi o da Oz Engenharia. Parte da curiosidade que despertava vinha da árvore solar instalada dentro dos pavilhões da Feira e que fornecia energia para o funcionamento dos equipamentos apresentados pela empresa. A Oz Engenharia atua no mercado de produtos e serviços à base de tecnologias limpas desde o ano 2000. Como uma das pioneiras na aplicação e estudos com ozônio no Brasil, e por meio de convênios com universidades e outras instituições governamentais, a empresa adquiriu experiência e conhecimento para oferecer serviços e produtos tecnológicos em diversos segmentos. Um dos processos utilizados pela OZ serve para o tratamento de água, tornando-a potável.
Como funciona? Uma bomba submersa faz a captação da água que é enviada para um tanque por onde esta passa por membranas de microfiltração. Após essa etapa, a água é desinfetada com o uso de ozônio, um dos oxidantes mais potentes que existe. Nesse momento, apesar de ainda não ser potável, a água pode ser utilizada em casos como irrigação de jardins ou limpeza de calçadas. O próximo passo é aplicar um sistema de osmose reversa, que torna essa água potável. Todo esse processo pode ser alimentado por energia fotovoltaica, pois os motores são de baixo consumo de energia. Uma árvore solar permite posicionar os painéis fotovoltaicos na melhor posição para captar energia solar. A energia excedente é utilizada para iluminar a estação com lâmpadas LED, que são dimerizáveis (possuem controle de cor e intensidade), consumindo 10 vezes menos energia e durando 100 vezes mais que as lâmpadas convencionais.
BIOTHERAPY Resíduos de uva são transformados em produtos de consumo para a saúde A região da serra gaúcha produz anualmente uma média de 700 milhões de kg de uvas destinadas à produção de sucos e vinhos, gerando também em torno de 70 milhões de kg de resíduos (casca, polpa e semente de uva). Com a falta de técnicas adequadas meio sustentável
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Rio Grande do Sul
Fabricio Verza
de aproveitamento autossustentável, esses resíduos são despejados na natureza sem qualquer cuidado, causando danos ao meio ambiente. Com esses dados em mãos, a BioTherapy Indústria e Comércio de Produtos Naturais, fundada em 2008, resolveu reutilizar esses restos para produzir produtos de alta qualidade para a saúde. Segundo o administrador Fabrício Verza, proprietário da BioTherapy e expositor da Fiema 2014, a preocupação com o meio ambiente o fez pesquisar sobre o assunto e, baseado em estudos da Itália e Alemanha, começou a utilizar a semente de uva para fabricar óleo de cozinha e farinha. O processo usado para a extração do óleo de semente de uva é a prensagem a frio, que deixa o óleo mais concentrado e com aroma mais característico. Após a extração do óleo, a massa resultante da prensagem das sementes é processada e utilizada para a fabricação da farinha. “Precisamos pensar em reaproveitar os resíduos de forma positiva para o planeta e a saúde do homem”, destaca Verza. Além da farinha e o óleo de cozinha, a BioTehrapy, produz óleo de semente de uva (Valentina) para pele, que contém vitamina C e E, grande quantidade de flavonóides, OPC (antioxidante que previne o envelhecimento de células), resveratrol (antioxidante que combate os radicais livres).
FIEMA BRASIL 2014 - BENTO GONÇALVES
MONOFRIO - HBSR REFRIGERADORES DE LÍQUIDOS LTDA. Tecnologia inédita no Brasil permite recuperação de água contaminada com defensivos agrícolas
BRDE APOIA NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS Com o assunto da sustentabilidade adquirindo crescente importância dentro do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), a instituição tomou a decisão de ampliar significativamente sua participação na 6ª edição da Fiema Brasil.O Banco, que já é parceiro da Fiema há várias edições, neste ano, instalou um estande na Feira, denominado “Espaço BRDE Soluções e Negócios”. Em uma área de 174 metros quadrados, o local foi ponto de encontro da principal feira setorial do meio ambiente da América Latina. Nele, as empresas apresentaram seus produtos, serviços, inovações e tecnologias, além de realizar pequenas reuniões voltadas à troca de informações e networking.
Monofrio
Pensando em uma forma de descarte ecologicamente correta para a água utilizada na lavagem de tanques de processo e armazenagem de defensivos agrícolas e na redução de custos para indústrias do ramo a HBSR Refrigeradores de Líquidos Ltda. desenvolveu um produto ainda inédito no Brasil, o HBSR Monofrio. ”Nessa planta, unimos a tecnologia de evaporação a vácuo e a de polimento da água evaporada através de sistema de filtragem sob pressão por carvão ativado e osmose reversa. Dessa forma eliminamos qualquer traço dos princípios ativos presentes na água e, assim, ela pode ser descartada no ambiente, ou, melhor ainda, ser reutilizada nos processos internos da empresa”, explica o engenheiro Luciano A. Massoco, da HBSR Refrigeradores de Líquidos Ltda. Os equipamentos Monofrio podem ser instalados estacionários ou adaptados em plataformas, que podem ser deslocadas sobre caminhão próprio para essa finalidade. Essa tecnologia também pode ser útil aos recicladores de embalagem de defensivos químicos, que precisam lavá-las antes de processá-las. Com o uso do HBSR Monofrio, o descarte dessa água e do concentrado seriam ecologicamente corretos.
Eduardo Grijó da GEPLA Crédito: Luis Cortelini
O economista Eduardo Grijó, da GEPLA, é o coordenador do programa setorial de reciclagem e despoluição da Política Industrial do Estado. Um dos resultados desse envolvimento com a sustentabilidade é que o Banco lançou um programa próprio chamado “BRDE Produção Mais Limpa” reunindo todas as linhas e programas de financiamento do Sistema BNDES que têm potencial de atendimento a investimentos em negócios sustentáveis. ano 01 . 5ª edição
FIEMA BRASIL 2014 - BENTO GONÇALVES No Espaço BRDE Soluções e Negócios, aconteceu o workshop “Simbiose Industrial e Plano de Gerenciamento de Resíduos para os Arranjos Produtivos Locais do Rio Grande do Sul”, promovido pela AGDI, com apoio do BRDE. Na oportunidade, foi apresentado o projeto que tem o objetivo de propor a prática da simbiose industrial como forma de minimizar os impactos ambientais causados pela geração de resíduos sólidos nos APLs apoiados pelo Governo do Estado por meio da AGDI. A intenção é promover a interação entre empresas de diferentes setores, que visem melhorar a eficiência de seus recursos (resíduos, subprodutos, matérias-primas, energia, logística, espaço físico e outros).
Carlos Henrique Horn (BRDE) Crédito: Luis Cortelini
Segundo o Diretor de Planejamento do BRDE e sponsor do Programa Setorial de Reciclagem e Despoluição da Política Industrial do Governo do Estado do RS, Carlos Henrique Horn, as empresas que ainda resistem à sustentabilidade poderão sofrer, em curto espaço de tempo, problemas com seu negócio. Todo investimento em processos sustentáveis envolve uma despesa, um custo inicial, mas olhar apenas para o custo é muito parcial, explica Horn. “Em muitos casos, este olhar pode representar uma perda de oportunidade de a empresa se reposicionar no seu mercado de atuação num mundo que hoje exige contribuição para preservação do planeta”, enfatiza. meio sustentável
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Rio Grande do Sul
ENCERRAMENTO
Fiema fecha superando expectativas e agradando expositores e visitantes
Cerca de onze mil pessoas estiveram visitando a sexta edição da Feira Internacional de Tecnologia para o Meio Ambiente – Fiema Brasil 2014. O número de visitantes agradou imensamente a organização da Feira pela qualidade. Engenheiros, técnicos, empresários, estudantes e profissionais das mais diversas áreas ligadas ao meio ambiente em empresas e organizações governamentais e não-governamentais estiveram participando da Fiema e dos eventos simultâneos, já consolidados e que comprovaram mais uma vez que o público se interessa pelo conhecimento gerado durante a Feira. Conforme o presidente da Fiema Brasil 2014, Jones Favretto, a avaliação dos expositores e dos visitantes foi altamente positiva. “Já trabalhamos diversas renovações para 2016, tivemos muitos feedbacks positivos, tivemos, sim, o que interessa a muitos, que é a geração de negócios e, principalmente, tivemos o relacionamento entre as pessoas que procuram e as empresas que oferecem soluções em sustentabilidade”, ponderou. Favretto destacou ainda que, números à parte, as pessoas precisam entender que uma Feira é um encontro de relacionamentos, não necessariamente de negócios pontuais. “Dificilmente uma pessoa vai a uma Feira para comprar. Ela vai para conhecer, para ver de perto, saber o que tem e como funciona. Os negócios são questão de tempo, porque, numa Feira, funciona o velho ditado de que quem não é visto não é lembrado. Sabemos que, no decorrer deste e do próximo ano, até a realização da Fiema 2016, muitos negócios serão gerados a partir de relacionamentos feitos na Fiema 2014”, ressaltou.
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FIEMA BRASIL 2014 - BENTO GONÇALVES O Presidente enfatizou ainda que não é possível calcular o montante comercializado durante a Feira, uma vez que inúmeros estandes conseguiram fechar vendas e encomendas de produtos e serviços.
comum. “A Fiema evoluiu, e essa é uma Feira que atende diretamente o setor e está focada sempre no lado ambiental. As empresas que ainda não estão trabalhando voltadas à sustentabilidade terão que entrar dentro desse sistema, porque não tem outra maneira de sermos um país com respeito diante das futuras gerações. Produzir sem ter a preocupação com o meio ambiente é coisa do passado. O futuro, com certeza, vai estar sempre, e cada vez mais, voltado à sustentabilidade”, finalizou.
FIEMA BRASIL 2016
) Torvaldo Antonio Marzolla Filho (FIERGS Crédito: Dudu Leal
O diretor da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), presidente do Conselho Consultivo do Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL) e coordenador do Conselho de Meio Ambiente (Codema) da mesma entidade, Torvaldo Marzolla Filho, não poupou elogios à Feira: “Sem sombra de dúvidas, a Fiema é a Feira mais importante na área ambiental do Hemisfério Sul. Por ser internacional, ela tem um poder muito grande, mostrando que realmente o Brasil está preocupado com o meio ambiente”. O evento contou também com a participação do vice-presidente da Associação Brasileira de Tratamento de Superfícies (ABTS) e diretor geral da Anion Química Industrial, Auri Zanini, que afirmou que a ABTS e a Fiema têm algo muito em
A Fiema Brasil 2016 já tem data marcada. Ela será realizada de 05 a 08 de abril, no Parque de Eventos de Bento Gonçalves. “Com certeza, muita inovação será criada para essa feira. Intercâmbios estão sendo realizados, visitas às grandes feiras mundiais, como, em maio próximo, à IFAT, em Munique (Alemanha). As equipes internas, nos próximos meses, estarão reunidas avaliando todas as pesquisas e diagnósticos que foram coletados na Fiema 2014, que serão analisados na busca de criação do evento de 2016”, conclui o presidente da Fundação Proamb, organizadora do evento, Neri Gilberto Basso. A Fiema Brasil 2014 foi patrocinada pelo BRDE, Corsan, Ceran, Foz do Chapecó, Gerdau, Baesa e CPFL, Intecement, Caixa Econômica Federal, Senai, Banrisul, CPFL Energia, Itaipu, Petrobrás e Funasa e contou com o apoio do Sebrae, Prefeitura de Bento Gonçalves e CDL.
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14ª FENEGÓCIOS
Alegrete
14ª FENEGÓCIOS É PALCO PARA DISCUSSÃO DAS DEMANDAS DA REGIÃO DA CAMPANHA Realizada anualmente no município de Alegrete, na fronteira oeste do Estado, a Fenegócios caracteriza-se por promover parcerias e oportunizar a geração de negócios, especialmente na Região da Campanha. A edição 2014 da feira, realizada entre os dias 1° e 4 de maio, foi além desses objetivos, promovendo também debates sobre demandas importantes para a região, como o uso racional da energia e a CPI da Energia Elétrica.
o discurso, a presidente da Câmara Municipal, Cleni Paz da Silva, disse que o intercâmbio com cidades da região estimula o desenvolvimento da região. A prefeita em exercício, Maria de Fátima Mulazzani, ressaltou que a Fenegócios avança a cada ano, constituindo-se numa grande feira de integração, participação, troca de experiências e negócios. Roberto Pradel, Presidente do Centro Empresarial de Alegrete, seguiu no mesmo tom. “A força da região é um grande palco para atender as demandas da região. A união supera a distância”, reforçou. Representando a Assembleia Legislativa do RS, o deputado estadual Frederico Antunes ressaltou a importância da Feira. “A Fenegócios é uma vitrine do potencial e pujança da gente e da economia de Alegrete e da Fronteira Oeste demonstrando a capacidade do povo que tem tradição de trabalho”. Ele concluiu fazendo um apelo às lideranças políticas da Região. “Vamos nos unir, independente da cor partidária para buscarmos soluções em conjunto para as demandas cada vez maiores dos municípios da Fronteira”.
CPI da Energia Elétrica 28
Dionir Martini e Roberto Pradel
Abertura
A abertura da 14ª Fenegócios foi marcada por um forte apelo integracionista dos municípios da fronteira oeste. O coordenador da Feira, Dionir Martini, incentivou a região toda a buscar a integração como forma de solução dos problemas em conjunto e disse que sentiu essa disposição de parte dos prefeitos presentes no evento. Reiterando meio sustentável
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Rio Grande do Sul
Durante a 14ª Fenegócios, aconteceu a primeira das cinco audiências públicas realizadas pela Assembleia Legislativa (AL) no interior do Estado para discutir o impacto do aumento das tarifas de energia elétrica na região, além de questionamentos sobre os problemas de energia, cumprimentos de metas e gestão das concessionárias, composição tarifária, investimentos e fiscalização,temas da CPI instalada na AL/RS. Proposta pelo deputado estadual Frederico Antunes, as audiências da Comissão Parlamentar de Inquérito tem por objetivo ouvir e proporcionar o debate com a população consumidora de energia do Estado e buscar esclarecimentos, apurar as causas e as responsabilidades e propor soluções para fatos, como os frequentes cortes no fornecimento de energia elétrica, a demora na recuperação do fornecimento e seus eventuais danos para os consumidores.
14ª FENEGÓCIOS
Claudio Pizzato Sidonos, Promotor
de Justiça
O encontro reuniu cerca de 250 participantes, entre prefeitos, vereadores, lideranças regionais, autoridades e representantes do setor no debate sobre os impactos econômicos dos aumentos nas tarifas de energia anunciados já para este ano. Conforme o promotor de justiça João Claudio Pizzato Sidonos, os direitos fundamentais como comida, educação, saúde e segurança são prerrogativas da vida cotidiana e o fato de o cidadão não poder escolher sua concessionária de energia o deixa vulnerável. “Quando prejudicados pela falta de energia de uma concessionária, os consumidores não têm a oportunidade de trocá-la, porque estas são definidas por região. Este tipo de contrato deixa a pessoa vulnerável”. A prefeita de Alegrete em exercício, Maria de Fátima Mulazzani, disse que a solução para o problema possa estar na geração de energia limpa. “O déficit de energia no Estado pode encontrar soluções na interiorização da geração de energia, a partir de soluções de eficiência energética em propriedades rurais e geração de energia limpa”, sugeriu.
Maria de Fátima Mulazzani Prefeita de Alegrete em exercício
UNIPAMPA promove Seminário de Eficiência Energética Dentro da programação da 14ª Fenegócios de Alegrete, ocorreu o 2º Seminário Alegretense de Eficiência Energética e Recursos Renováveis. Organizado pelo grupo de pesquisa de Exploração Integrada de Recursos Energéticos (EIRE) e pelo Diretor da incubadora tecnológica PampaTec/ UNIPAMPA Émerson Rizzatti, o evento foi dirigido a alunos da universidade, profissionais e representantes de concessionárias de energia, empresas e instituições atuantes em Alegrete. No seminário foram discutidos
diversos projetos de eficiência energética tratando desde a avaliação gerencial até a auditagem, com avaliações práticas, realizadas nos setores primário e terciário da região. Depois das apresentações acadêmicas, foram realizadas palestras com as empresas Higra, WEG e Esco-GD sobre os seus domínios e tecnologias.
Émerson Rizzatti Diretor da PampaTec-UNIPAMPA
O Grupo de Pesquisa
Criado em 2011, o EIRE tem por objetivo consolidar ações de ensino, pesquisa e extensão no campo do planejamento e gestão de recursos energéticos, além de desenvolver métodos e modelos para simulação de gerenciamento de energia pelo lado da oferta e demanda, atuando na pesquisa e desenvolvimento (P&D) de fontes renováveis de energia, iluminação, e edificações sustentáveis. Atualmente a composição o grupo é de aproximadamente trinta membros de quase todos os cursos de graduação de engenharia do campus Alegrete, que atuam em oito subgrupos, dividindo as tarefas relacionadas à teoria e a prática e as atividades de caráter científico. Sempre em prol da melhoria contínua dos alunos, a atuação do grupo também visa à formação de um profissional responsável e integrado ao meio ambiente em que vive capaz de buscar inovações e progresso através da eficiência energética.
EIRE também participa como expositor na 14ª Fenegócios Entre os dias 1 e 4 de maio o grupo de pesquisa EIRE participou da 14ª FENEGÓCIOS. Inserida na maior região de produção e cultura do arroz a FEIRA recebeu o estande do grupo com diversas demonstrações de equipamentos que podem ser facilmente implantados na região, sendo algumas oriundas de projetos e outras de tecnologias já consagradas, proporcionando aos visitantes a oportunidade de trocar informações sobre viabilidade técnica e financeira. ano 01 . 5ª edição
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Equipamentos expostos pela UNIPAMPA:
14ª FENEGÓCIOS
Gerador Eólico e Painéis fotovoltaicos fornecendo sua energia para um conjunto de lâmpadas LED; Micro central Hidrelétrica e Turbo-bomba expondo a forma de produzir energia a partir de micro aproveitamentos hidráulicos; Semáforo LED desenvolvido pelo subgrupo de Iluminação com o objetivo de elevar a eficiência energética melhorando a qualidade da iluminação, reduzindo o número de manutenções e transtornos causados por falhas; Maquete do subgrupo de Edificações Sustentáveis demonstrando as formas econômicas e viáveis de construção com eficiência energética, apresentando as técnicas de Lanternins (aberturas dispostas na cobertura das edificações que propiciam ventilação e iluminação naturais dos ambientes).
Edificações Sustentáveis do grupo EIRE
COMPLEXO EÓLICO CAMPOS NEUTRAIS 30
Do extremo sul do Brasil, vêm os ventos que vão levar energia limpa para o desenvolvimento de todo o País. Isso será feito por meio do Complexo Eólico Campos Neutrais, o maior da América Latina, que está sendo construído nos municípios gaúchos de Santa Vitória do Palmar e Chuí. O Complexo reúne os parques Geribatu, Chuí e Hermenegildo, totalizando uma potência instalada de 583 MW – energia suficiente para suprir o consumo de cerca de 3,3 milhões de habitantes. Para gerar essa energia, serão instalados 302 aerogeradores em uma área de 10.689 hectares – uma obra que vai gerar 6.100 empregos diretos e indiretos e onde serão investidos R$ 3,5 bilhões. “Com esse gigantesco complexo, a Eletrosul consolida sua presença como maior empreendedora em energia eólica no Sul do País. Queremos manter essa tendência de crescimento para sermos sempre um dos players mais importantes do mercado eólico brasileiro”, afirmou o presidente da estatal, Eurides Mescolotto.
Crédito das fotos: Caroline Bicocchi/Palácio Piratini
REGIÃO SUL DO ESTADO ABRIGARÁ O MAIOR COMPLEXO EÓLICO DA AMÉRICA LATINA
COMPLEXO EÓLICO CAMPOS NEUTRAIS
Tarso Genro
Crédito das fotos: Caroline Bicocchi/Palácio Piratini
No dia 5 de maio, autoridades assinaram a ordem de início das obras do Parque Eólico Geribatu, em Santa Vitória do Palmar. Durante o ato, o governador Tarso Genro afirmou que o complexo simboliza o modelo de desenvolvimento econômico e social apoiado pelo Governo gaúcho. “Este polo eólico tem o mesmo significado para o sul do Estado que o pré-sal tem para todo o Brasil. A zona sul tem uma vantagem competitiva no Estado em função do olhar que se teve na região com a energia eólica e o polo naval. É uma região economicamente ativa, integrada ao desenvolvimento do Estado e que antes carecia desta visão de desenvolvimento”, disse.
O prefeito de Santa Vitória, Eduardo Morroni, destacou que as mudanças trazidas pelos parques eólicos são notórias, pois já estão sendo ocupados novos postos de trabalho, viabilizados por meio da capacitação técnica trazida pelo Pronatec. Em uma área de 4.750 hectares, o Parque Eólico Geribatu está 30% construído e tem previsão de conclusão total das obras para outubro deste ano, quando deve passar a gerar energia para 1,6 milhão de pessoas e proporcionar 2,1 mil empregos diretos e indiretos. Do investimento total de R$ 3,5 bilhões no Complexo Eólico Campos Neutrais, R$ 2,7 bilhões estão sendo aplicados em geração e R$ 800 milhões, em transmissão.
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Eurides Luiz Mescolotto Diretor-Presidente Eletrosul
Eduardo Morroni Prefeito de Santa Vitória do Palmar
O presidente da Eletrosul ressaltou ainda que o complexo só foi possível devido à forte parceria entre Governo do Estado, BRDE e BNDES. “É um exemplo de constituição política com ‘P’ maiúsculo. É só através da política que nós podemos construir isto que estamos fazendo aqui”, salientou.
ano 01 . 5ª edição
COMPLEXO EÓLICO CAMPOS NEUTRAIS
Complexo Eólico Campos Neutrais Parque Eólico Chuí Previsão de conclusão: 2015/1 N° de aerogeradores: 72 Capacidade Instalada: suficiente para gerar energia para 900 mil habitantes Investimento: R$ 800 milhões Empregos Diretos e Indiretos: 2,5 mil Parque Eólico Hermenegildo Previsão de conclusão: 2015/2 N° de aerogeradores:101 Capacidade Instalada: garantirão de energia para o consumo de 1 milhão habitantes Investimentos: R$ 900 milhões Empregos Diretos e Indiretos: 1,5 mil
Parque Eólico Geribatu Previsão de Conclusão: outubro/2014 N° de aerogeradores: 129 Capacidade Instalada: geração de energia para 1,6 milhão de pessoas Investimentos: R$1,8 milhão Empregos Diretos e Indiretos: 2,1 mil.
*Do investimento total de R$ 3,5 bilhões no Complexo Eólico Campos Neutrais, R$ 2,7 bilhões estão sendo empregados e R$ 800 milhões, em transmissão.
RENEX South America
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PORTO ALEGRE SEDIARÁ 2ª EDIÇÃO DA FEIRA INTERNACIONAL DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO MÊS DE NOVEMBRO
Porto Alegre receberá pela segunda vez a mais importante feira internacional de energias renováveis, a Renewable Energy Exhibition(RENEX). Único evento que reúne todos os segmentos de energias renováveis em um só local com o objetivo de apresentar as novidades da indústria, tendências, inovação, ideias e atração de investimentos para o Brasil e América Latina acontecerá de 26 a 28 de novembro. A RENEX SOUTH AMERICA 2014 reune empresas, entidades e governos que atuam e investem nos segmentos de Energia Eólica, Energia Solar Térmica, Fotovoltaica, Biogás, Biocombustíveis, Biomassa, PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas), Geração Descentralizada e Smart Grids (redes inteligentes de energia elétrica). A feira conta ainda com área de exposição, conferência internacional, rodadas de negócios e visitas técnicas.
meio sustentável
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Rio Grande do Sul
Empresas interessadas em expor devem fazer contato através do e-mail renex@hanover.com.br ou (41) 3027-6707.
EVENTOS Global Green Hub Korea 2014 A convite da KOTRA-RJ (Divisão Comercial da Embaixada da República da Coréia no Rio de Janeiro) a IP&M e UNIVATES participaram em maio, do Global Green Hub Korea 2014. O evento contou com a participação de empresas coreanas através de seminários, feira e rodada de negócios onde as empresas brasileiras tiveram oportunidade de conhecer as mais avançadas tecnologias, produtos e equipamentos do setor de energias renováveis, saneamento e meio ambiente.
14ª FENEGÓCIO (Alegrete-RS)
FIEMA BRASIL 2014 (Bento Gonçalves-RS)
ano 01 . 5ª edição
A Revista Meio Sustentável agradece a todas visitas que recebeu durante a FIEMA BRASIL 2014 em Bento Gonçalves. COMPLEXO EÓLICO “CAMPOS NEUTRAIS” Assinatura da ordem de início das obras do Parque Eólico Geribatu, em Santa Vitória do Palmar (RS).
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