ANO 02 . X EDIÇÃO AGOSTO/SETEMBRO/2015 R$ 10,00
pg. 12
Microgeração ainda é tímida no Brasil pg. 18
pg. 6
Nova Era Novo Homem
Atributos do Novo Homem mente - mãos - pés pg. 24
UTE Pampa Sul em Candiota/RS
27 a nos A força que move as pessoas rumo à construção de grandes obras
Experiência em montagem de caldeira ecoeficiente - Guaíba/RS processo, ocorrendo a menor geração de resíduos tornando, efetivamente, todo o processo eco-eficiente. Além disso, a montagem de uma Caldeira traz outros benefícios como redução dos custos de produção, a minimização do uso de matérias-primas e insumos em razão da maior eficiência do processo.
A caldeira de recuperação química é um dos sistemas mais importantes de uma planta de papel e celulose, devido aos objetivos múltiplos. A função dela é gerar energia elétrica e vapor através da queima dos produtos químicos recuperados no processo para obtenção da celulose e pela geração de vapor. É uma das soluções mais sustentáveis para o meio ambiente, pois através de instalações de filtragem e de tratamento de gases elimina toda a possibilidade de contaminação da água e do ar, reduzindo a emissão de poluentes onde se tem um dos sistemas mais modernos de controle de contaminantes, além de usar os mesmos para o seu próprio funcionamento. No fim de seu ciclo temos os Precipitadores Eletrostáticos com o papel de filtrar as impurezas remanescentes em todo o
Nesse projeto Guaíba 2, da empresa CMPC – Celulose Riograndense em sua unidade de Guaíba-RS, o desafio da Irmãos Passaúra era montar a terceira maior caldeira de recuperação do Brasil. Contando com um corpo técnico de montagem dos mais competentes, e pela parceria com a Valmet Celulose, Papel e Energia, fornecendo os equipamentos e tecnologia, o resultado não poderia ser diferente. Finalizamos essa obra dentro dos prazos estipulados com qualidade e segurança. Esta caldeira tem 80 metros de altura, com peso total montado de 14000 toneladas e foi projetada para queimar 6200 toneladas por dia de sólidos secos de licor negro em 80% de concentração, com capacidade de produção de 1300 toneladas de vapor por hora. Possui características de alta potência como pré-aquecedor de água de alimentação, pré-aquecedores de ar em 3 estágios e aquecimento de água desmineralizada a partir dos gases do tanque de dissolução. É equipada com queimador de CNCG / metanol e recebe o DNCG para ser utilizado como ar de combustão.
Matriz: 41. 2141.7000 // www.passaura.com.br
s
Editorial A natureza já está cheia de nós.
Imagine se um rio seco pudesse reclamar, imagine se as águas das chuvas que ficaram com bloqueios no seu curso natural pudessem reclamar, imagine se o nosso corpo e mente pudessem reclamar da nossa perda da paz diária, imagine se os anjos pudessem reclamar da poluição do ar, imagine se o solo pudesse reclamar do quanto extraímos dele o petróleo, o carvão e a água. Como a natureza não fala em português, inglês ou outro idioma, ela só tem um jeito de se comunicar conosco, seres humanos: por meio das suas mudanças de comportamento. Mas parece que esse homem da nossa era só soube ser aquele que mais destruiu a natureza.
O que se espera agora é que nós sejamos, na próxima era, outros homens e outras mulheres, os quais terão que ser mais coletivos, altruístas, éticos, educadores ambientais, gestores do meio ambiente que usem a tecnologia para interromper as ações contra a natureza.
Dizem os estudiosos que essa mudança englobará as fontes de energia que vamos passar a usar: as renováveis. Esse novo homem, ao usar essas fontes, vai mudar seu modo de conviver, de se locomover, de comer, pensar, criar e de educar seus filhos. Suas casas, indústrias e escolas terão energia através de fontes renováveis. Ele será muito mais ético. Enfim, isso é tudo o que esperamos acontecer.
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Esta edição foi dedicada a esses temas. Boa leitura. A direção
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X edição
Índice
NOVA ERA NOVO HOMEM
“Ou mudamos, ou morremos”
MICROGERAÇÃO DE ENERGIA É TÍMIDA NO BRASIL
Meta da Aneel é atingir mais de 700 mil conexões até 2024
UTE PAMPA SUL
Usina Termelétrica
TECNOLOGIAS LIMPAS NA PRÁTICA Seminário apresenta exemplos de que é possível produzir e lucrar de forma sustentável.
Prefeito de Candiota assume Famurs Serviços Ambientais em Expansão
Crédito: Dollarphotoclub
Crédito: Dollarphotoclub
Ou mudamos, ou morremos. LEONARDO BOFF
Nova Era Novo Homem Tique-taque, tique-taque...
A construção de uma nova arca de Noé é muito improvável, e o ser humano pode ser um dos próximos animais a entrar em extinção se não acelerar o lento processo de mudança na sua forma de pensar e agir. A Terra tem 4,5 bilhões de anos e, nesse espaço de tempo, vivenciou várias mudanças climáticas naturais e forças da natureza que a transformaram. Um fato marcante foi a eliminação dos dinossauros há 66,5 milhões de anos, quando um meteoro teria se chocado contra o planeta e alterado seu clima radicalmente. Hoje, cientistas e religiosos concordam em afirmar, em outras palavras, que os seres humanos são sinônimos de um meteoro destruidor que 6
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pode, muito em breve, acabar com a existência da própria espécie. Teríamos, inclusive, já deixado o período holoceno para trás e estaríamos vivendo o antropoceno. A ação humana estaria promovendo alterações de tão larga escala na superfície terrestre que não seria mais possível dizer que a geologia se modifica apenas em consequência de eventos naturais. “Ou mudamos, ou morremos”, afirma o teólogo brasileiro Leonardo Boff. O lado bom dessa sentença é que tamanha força tem poder, não só de destruição, mas, também, de reconstrução. O desafio está lançado faz tempo, e o tempo está passando.
Depois da eliminação dos dinossauros da era mesozoica (do grego, vida secundária) e do fim da última glaciação, a soberania dos répteis teria sido substituída pela dos mamíferos com o princípio da era cenozoica (vida recente), o capítulo mais novo da história da Terra. Só assim, a humanidade teria conseguido se aprimorar. Na escala de tempo geológico, o holoceno (todo novo) é a época da era cenozoica que se iniciou há cerca de 11,5 mil anos e se estende - ou não mais - até o presente.
impacto e a provas para o impacto das atividades humanas sobre o planeta Terra. A palavra não foi utilizada na cultura geral até que foi popularizada no ano 2001 pelo ganhador do Prêmio Nobel da Química em 1995, o químico atmosférico holandês Paul Crutzen. Naquele ano, ele e Stoermer escreveram um artigo científico sobre o assunto. Desde então, o termo antropoceno, embora ainda não seja reconhecido oficialmente pela comunidade científica mundial, teve uma trajetória meteórica.
Cientistas debatem início da intervenção
Crédito: BBC
A população humana, no início do holoceno, seria de 5 milhões de habitantes, mas o período teria propiciado as condições climáticas para seu desenvolvimento. Foi quando a humanidade teria expandido as atividades agrícolas, a domesticação dos animais e a construção de cidades. Foi também o período em que as migrações teriam se multiplicado por todos os cantos do planeta.
Jan Zalasiewicz Geólogo
Origens do termo antropoceno Crédito: comunicacion.amc.edu.mx
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Da Era Mesozoica à Era Cenozoica
Paul Crutzen Prêmio Nobel da Química em 1995
Na década de 1870, o geólogo italiano Antonio Stoppani já argumentava que os seres humanos haviam dado início a uma nova época, a que chamou de antropozoica. A proposta acabou sendo descartada, considerada pouco científica por outros especialistas da época. Mais recentemente, a ideia do antropoceno, por outro lado, encontrou ressonância, pois o impacto humano no mundo tornou-se bem mais óbvio do que no tempo de Stoppani. Foi o biólogo norte-americano Eugene Stoermer quem cunhou originalmente o termo antropoceno, no início da década de 1980, para se referir ao
O Grupo de Trabalho Antropoceno, que se formou em torno do geólogo britânico Jan Zalasiewicz, especialista em estratigrafia, e que hoje conta com 30 cientistas de diversas disciplinas e de todo o mundo, trabalha até 2017 em uma proposta para a ampliação da escala do tempo geológico. Há discussões sobre quando deve ser fixado o marco de separação em relação ao período mais recente da história da Terra, o holoceno. Há dúvidas se foi no início da agricultura, das migrações e das imigrações ou da revolução industrial. O trabalho de estratígrafos como Zalasiewicz é reconstruir a história da Terra com base em pistas desentranhadas de camadas rochosas milhões de anos após elas terem sido formadas. Eles adotam uma perspectiva de longo prazo ao examinar acontecimentos no passado. Apenas os mais violentos costumam deixar sinais perenes. “Aquilo que teremos no futuro, em termos de depósitos, de camadas geológicas, trará fortemente a nossa assinatura”, garante o geólogo alemão Reinhold Leinfelder. Ou seja: os depósitos sedimentares exibirão a marca das atuais intervenções no meio ambiente e arqueólogos encontrarão restos de nossos animais domésticos da mesma forma que resquícios de plantas cultivadas e partículas de plástico. ano 02 . 10ª edição
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Novo Período – Homem Novo
Crédito: Envolverde
Humanidade tem alterado clima e biodiversidade
Atualmente, somos 7,3 bilhões de habitantes, um aumento superior a 1.450 vezes, mas a economia e o consumo cresceram muitas vezes mais, explorando e sugando os recursos naturais e, ao mesmo tempo, descartando as sobras do consumo em forma de lixo, esgoto e outros resíduos poluentes. Consequentemente, a humanidade tem alterado o clima da Terra, a química dos oceanos, os habitats terrestres e aquáticos, a qualidade do ar e da água, os ciclos de água, nitrogênio e fósforo, alterando os diversos componentes essenciais que sustentam a vida no planeta. O ser humano está provocando a redução da biodiversidade da Terra.
A vida não é só nascer, crescer e consumir. Crédito: Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo
Tamanho poder - devastador - da raça humana tem levado pesquisadores a defender que já teríamos entrado em um novo período geológico da história da Terra ou até mesmo em uma nova era: o antropoceno (humano novo), um período sem expectativas de continuação da humanidade sobre a Terra se não for acelerado um processo de mudanças que passam principalmente pela forma de pensar e agir das pessoas. Do jeito que hoje pensamos e agimos, não somos mais bem-vindos e poderemos ser expurgados. Nossa grandiosa inteligência e vasto conhecimento tecnológico terão que ser utilizados em larga escala no sentido de reconstruir o que foi destruído até agora. Mas, desta vez, respeitando os princípios da sábia natureza, da qual fazemos parte, não como seres superiores, mas como mais uma engrenagem necessária ao equilíbrio ecológico.
Wagner Costa Ribeiro Universidade de São Paulo
O geógrafo Wagner Costa Ribeiro, doutor em Geografia Humana e professor titular do Departamento de Geografia dos Programas de Pós-Graduação em Geografia Humana e Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo, afirma que é preciso reavaliar o modelo de vida baseado no consumo que existe há 60 anos, porque ele não é necessário. “Estamos gerando um mundo muito desigual. Estudos indicam claramente que a globalização dos últimos 20 anos acelerou e agravou a desigualdade social no mundo”, alerta. Ribeiro conta que costuma dizer para seus alunos que a vida não consiste apenas em nascer, concluir a faculdade, arrumar um emprego, casar e consumir. “Existem outras variáveis que devem ser ponderadas naquilo que dá sentido à vida”, ressalta. O professor afirma que não adianta as pessoas ficarem preocupadas apenas com o dia de amanhã, em pagar a conta do mês seguinte. “Temos de mudar a maneira de pensar, analisar o que representa utilizar um determinado automóvel ou celular, o que representa trocar de bens sem necessidade, que impacto isso tem para o ambiente no futuro. Se nós pensamos que a reprodução da vida é fundamental, não faz sentido vivermos se não para reproduzirmos a vida também”, acredita.
Mudança de hábitos é fundamental
Ribeiro defende a mudança de hábitos. “Enquanto gastarmos enormes quantidades de dinheiro, de energia, de capacitação para produzirmos coisas que duram dois meses, não vamos avançar. Precisamos pensar outra forma de organização de vida. Esse é um desafio para a geração do século 21”, diz. Para o geógrafo,
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a economia, por exemplo, deveria passar pela recuperação de áreas degradadas, por um padrão de agricultura menos intensivo do solo. Já as pessoas deverão pensar coletivamente, ter consciência de que não são seres isolados, que afetam outras formas de vida. Na visão do professor, o ser humano vai ter que pensar bem se realmente precisa antes de consumir. Vai andar de bicicleta e usar transporte coletivo. Na alimentação, terá que prestar mais atenção no que come, substituindo produtos não naturais, com conservantes, por produtos naturais. Também terá que construir casas a partir de materiais renováveis. “Temos conhecimento acumulado, falta vontade e os interesses são de poucos”, lamenta. Mesmo assim, Ribeiro se diz mais otimista. Ele afirma estar satisfeito com a manifestação do papa Francisco com sua encíclica sobre meio ambiente. Também gostou da manifestação dos líderes do G7, que concordaram, na reunião de cúpula de junho deste ano, na Alemanha, em afastar suas economias dos combustíveis de carbono, apoiando uma meta global para limitar o aumento das temperaturas médias globais em 2 graus em comparação com os níveis pré-industriais.
Reversão depende de alfabetização ecológica O doutor em Física e escritor austríaco Fritjof Capra, autor de best-sellers como O Tao da Física, O Ponto de Mutação e As Conexões Ocultas, defende o que chama de “pensamento sistêmico”, baseado na interdependência dos sistemas vivos, nos quais ele inclui as sociedades urbanas e os ecossistemas. “Nas próximas décadas, a sobrevivência da humanidade dependerá de nossa alfabetização ecológica”, afirma.
Para Capra, ser ecologicamente alfabetizado significa entender os princípios básicos da ecologia que os ecossistemas desenvolveram para manter a “teia da vida”. Para o austríaco, o grande desafio de nossa época é construir e nutrir comunidades sustentáveis. “Os maiores problemas de nossa era - mudanças climáticas, pobreza, energia, água - estão conectados, são interdependentes. Suas soluções também”, avalia. A fim de reverter o quadro atual do planeta, o pensador acredita que deva haver uma mudança de paradigmas baseada em um “todo integrado”, tal qual um conjunto de sistemas interconectados em vez de uma coleção de partes dissociadas.
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Crédito: web.britannica.com
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Energias renováveis têm papel de destaque
O norte-americano Lester Russell Brown, analista do ambiente, defende que a mudança em defesa da natureza virá com a transição da matriz energética. Ele lembra que a primeira transição, da madeira para o carvão, aconteceu ao longo de dois séculos ou mais. Depois, do carvão para o petróleo, há um século e meio, quando o petróleo foi descoberto. “Agora, a transição de combustíveis fósseis para energia solar e eólica vai acontecer muito mais rápido que as outras. Eu acredito que veremos meio século de mudanças na próxima década”, prevê. Um dos motivos apontados por Brown é que as células fotovoltaicas já são economicamente competitivas e, para muitas pessoas, nos Estados Unidos e em vários países, já é mais barato instalar painéis solares no telhado para ter eletricidade do que comprá-la da companhia elétrica. “Pela primeira vez, temos uma fonte de energia alternativa competitiva no mercado, portanto sua adoção será impulsionada pelo mercado”, avalia. Para o estudioso, a energia eólica também está chegando. “A diferença é que painéis solares cabem em qualquer lugar. A energia solar será a principal, e a eólica, a segunda”, acredita.
Nota: Na página central dessa edição,
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o Novo Homem e seus atributos
meio sustentável . RS
Edward Osborne Wilson
Segundo o entomologista e biólogo norteamericano Edward Osborne Wilson, o homem é o primeiro ser na trajetória do planeta a se transformar em uma arma geofísica destrutiva. Graças ao ser humano, a proporção de eliminação das espécies é 50 vezes maior que a provocada antes de sua interferência na Terra. E esse valor tende a crescer à medida que se incrementa o consumo. “O padrão de crescimento da população humana no século 20 foi mais parecido com o das bactérias do que com o dos primatas”, escreveu Wilson. Segundo ele, a biomassa humana já é uma centena de vezes maior que a de qualquer outra espécie animal de grande porte que já viveu na Terra.
“Perdemos a noção de que pertencemos à natureza”
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Lester Russel Brown Norte-americano
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O homem é o primeiro ser na trajetória do planeta a se transformar em uma arma
Leonardo Boff
Para o teólogo e escritor brasileiro Leonardo Boff, a presente crise desnuda a enganosa compreensão dominante da história, da natureza e da Terra. “Ela colocava o ser humano fora e acima da natureza com a excepcionalidade de sua missão, a de dominá-la. Perdemos a noção de todos os povos originários de que pertencemos à natureza”, afirma o autor de vários livros, entre eles, Cuidar da Terra – Proteger a Vida: Como Evitar o Fim do Mundo, da Editora Record. Na obra, ele alerta para o fato de que o conjunto das crises que assolam a humanidade nos remete a uma única crise: a do nosso modo de viver, conviver, de nos relacionarmos com a natureza, explorando-a de forma ilimitada para a obtenção de benefícios materiais.
Boff acredita que, em primeiro lugar, é preciso entender o eixo estruturador das sociedades. “A economia é fundamental, pois ela é responsável pela produção e reprodução de nossa vida. O tipo de economia vigente se monta sobre a troca competitiva. Só o mais forte triunfa. Os outros ou se agregam como sócios subalternos ou desaparecem”, relata. Segundo ele, o resultado dessa lógica da competição de todos com todos é duplo: de um lado, uma acumulação fantástica de benefícios em poucos grupos e, de outro, uma exclusão fantástica da maioria das pessoas, dos grupos e das nações. Para o teólogo, o grande crime da humanidade é o da exclusão social.
Serviços de elétrica e instrumentação industrial
RESPEITO AO MEIO AMBIENTE E VALORIZAÇÃO DOS SEUS FUNCIONÁRIOS
Papa Francisco, um religioso cientista
Papa Francisco
Ideias do papa Francisco, um dos maiores líderes religiosos e políticos da atualidade, filósofo e teólogo também graduado e mestre em Química, têm conseguido unir o que parecia impossível; ciência e Deus. Em junho deste ano, o pontífice publicou uma carta encíclica sobre o meio ambiente, que chama de casa comum: Laudato Si (louvado seja). O teólogo brasileiro Leonardo Boff, aliás, foi um de seus consultados sobre o tema antes da publicação do documento. Afinal, há quase quatro décadas, Boff vem alertando o mundo sobre a necessidade da mudança em relação aos cuidados com o meio ambiente. O documento do papa Francisco - nome escolhido pelo argentino Jorge Mario Bergoglio em homenagem a São Francisco de Assis, homem da pobreza, da paz e guardador da criação - reitera a necessidade do cuidado com a natureza. A encíclica está dividida em capítulos, que falam sobre a mudança climática, a dívida ecológica, a questão da água, a crise ecológica bem como sobre as mudanças no estilo de vida. “Lanço um convite urgente a renovar o diálogo sobre a maneira como estamos construindo o futuro do planeta. Precisamos de um debate que nos una a todos, porque o desafio ambiental que vivemos e as suas raízes humanas dizem respeito e têm impacto sobre todos nós”, conclama.
. INSTRUMENTAÇÃO . MONTAGEM MANUTENÇÃO . CALIBRAÇÃO
ELÉTRICA
ÁREAS DE ATUAÇÃO:
TERMELÉTRICA
QUÍMICA
HIDRELÉTRICA
ALIMENTÍCIA
FRIGORÍFICO
REFINARIA
CIMENTEIRAS
PETROQUÍMICA
PAPEL E CELULOSE
ÓLEO E GÁS
FERTILIZANTE
ABRANGÊNCIA: Nacional e Uruguai Fone: 51-3592-0499 Matriz: Rua Luiz Bernardo da Silva, 210 – Pinheiros CEP 93042-110 - São Leopoldo-RS - Brasil www.sysmont.com.br 11
A possibilidade de abastecer o consumo doméstico com o uso de painéis solares, microtorres eólicas ou geradores a biomassa e, além disso, repassar as sobras dessa energia para a linha da distribuidora seria um alento aos brasileiros em tempos de crise no setor elétrico e ameaças de falta de abastecimento. Após consulta pública à sociedade em 2011, a microgeração distribuída teve suas regras definidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) por meio da Resolução Normativa 482, de abril de 2012.
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meio sustentável . RS
Crédito: ANEEL
670
600
543
500 419
400 292
300 189
200 122
abr-mai/15
jan-mar/15
out-dez/14
75
jul-set/14
43
abr-jun/14
17
jan-mar/14
08
out-dez/13
0
03
jul-set/13
100
abr-jun/13
Meta da Aneel é atingir mais de 700 mil conexões até 2024, mas falta de informação, burocracia, custo e vontade política são obstáculos.
700
jan-mar/13
Microgeração de energia ainda é tímida no Brasil
NÚMERO DE CONEXÕES ACUMULADO
anterior à...
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670 conexões
Nº acumulado de consumidores que aderiram à resolução 482 até maio de 2015
Conforme os dados da Agência, antes de janeiro de 2013, o número acumulado de conexões do gênero era três em todo Brasil. Um ano depois, foi para 122. Os dados mais recentes, de maio de 2015, somam 670 conexões, a maioria residenciais (71%). Embora seja um acréscimo de 22.233% nas conexões de 2013 até agora, a expansão poderia ser muito maior não fossem entraves burocráticos, altos custos, falta de informação dos consumidores sobre os benefícios da tecnologia, ausência de financiamento e incentivos fiscais para estimular o interesse nos projetos.
Mudança Cultural
A microgeração, geração distribuída (GD) ou, ainda, democratização da energia não exige muito espaço e nem toneladas de concreto para a construção de grandes obras, como pontes e usinas. Gerada pelo próprio consumidor, é formada por um conjunto enorme de iniciativas que resultam numa rede de pequenos geradores. Exige, no entanto, uma mudança cultural e o emprego de novas tecnologias. A grande vantagem, além da econômica, é que não utiliza energia fóssil e de hidrelétricas, evitando grandes impactos ambientais.
Fontes Renováveis
Com forte incidência de sol e vento, o Brasil é um dos países mais privilegiados para expansão da microgeração. Estudos feitos pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apontam que poderiam ser gerados 287 terawatts-hora por ano somente no ambiente residencial. Isso significa 2,3 vezes o consumo residencial de energia verificado hoje em todo país. Embora a energia solar seja mais democrática do que a eólica, Estados do Nordeste e o Rio Grande do Sul são privilegiados pelos ventos constantes.
Benefícios esperados e barreiras a transpor
POTÊNCIA TOTAL INSTALADA (KW) 9569
10.000
NÚMERO DE CONEXÕES POR FONTE 670
631
9.000 8.000
600
7.000
500
6.000
400
5.000
6703
4.000
300
3.000
200
2.000 1000
825
TOTAL
212
Hidráulica
Biomassa
0
Eólica
66
Solar/Eólica
763
1.000
Biogás
Hidráulica
01
Eólica
01
Biomassa
0
Biogás
04
11
TOTAL
22
Solar/Eólica
100
Solar Fotovoltática
700
Solar Fotovoltática
Crédito: ANEEL
Conforme informações da Área de Regulação da Aneel, os principais benefícios esperados da microgeração são: postergação de investimentos em distribuição e transmissão; baixo impacto ambiental; menor tempo de implantação das centrais geradoras; redução no carregamento das redes; redução de perdas; aumento da confiabilidade do atendimento; redução da emissão de gases de efeito estufa; diversificação da matriz energética; criação de empregos e aumento da arrecadação de impostos. Na corrida da microgeração, a energia solar tem levado vantagem em relação às pequenas torres eólicas. Conforme dados da Agência, a maioria das conexões é solar fotovoltaica (631), seguida da eólica (22), solar/eólica (11), biogás (4), biomassa (1) e hidráulica (1).
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Agência como impasse, assim como a dependência de produtos importados. Para tentar derrubar obstáculos, a Agência abriu, este ano, nova consulta pública, agora para revisar a REN 482/2012. O período de contribuições foi de 7 de maio a 22 de junho. Os principais objetivos da revisão são reduzir os custos e o tempo para a conexão da microgeração; compatibilizar o sistema de compensação de energia elétrica com as condições gerais de fornecimento; aumentar o público-alvo; e melhorar as informações na fatura. Com as mudanças, a Agência projeta um número superior a 702 mil de microgeradores solares fotovoltaicos até 2024.
PROJEÇÕES RESIDENCIAIS + COMERCIAIS
PROJEÇÕES MW
800.000 702.586
700.000 600.000
497.045
3.000
500.000
2.500
400.000
2.000
300.000
2.687 2.008
1.500 1.000
REN 482/12
BRASIL
Comunhão de fato
Altos custos e falta de gestão política são empecilhos
2024
2023
2022
2021
2020
2019
2018
2017
2016
2024
2023
2022
2021
2020
2019
2018
2017
2016
0 2015
0 2014
500 2013
100.000
596
2015
200.000
2014
131.935
2013
Crédito: ANEEL
IMPOSTOS - Para a Aneel, entre as principais barreiras à expansão acelerada da microgeração distribuída, está a necessidade de redução da incidência de impostos estaduais (ICMS) e federais (PIS/Cofins) sobre a energia produzida pelo microgerador. Tal questão depende da adesão dos Estados ao Convênio ICMS 16/2015 do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária). Até o momento, apenas São Paulo, Goiás, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Tocantins aderiram, e Minas Gerais já possui lei estadual concedendo a isenção. A falta de linhas de financiamento específicas para consumidores e empresas que compram e instalam os painéis e inversores, com taxas de juros atrativas e prazos razoáveis para pagamento, também é apontada pela
Comunhão de fato + isenção ICMS
Levantamento feito pelo Instituto Ideal (Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América Latina), organização privada sem fins lucrativos com sede em Florianópolis/SC, aponta que o custo dos projetos de microgeração solar no Brasil chega a cerca de R$ 8,69 por watt (pico) gerado. Já em países onde a tecnologia já está mais difundida, como a Alemanha, o preço está na casa de R$ 5,28 se considerado um câmbio de R$ 3,00 por euro. Em média, um projeto eólico previsto para gerar a mesma quantidade de energia de uma estrutura solar é até 40% mais caro. Para complicar, a instalação dos projetos de microgeração de energia elétrica, que poderia ser feita em poucos dias, tem levado, em média, seis meses, por causa de desentendimentos com
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meio sustentável . RS
distribuidoras de energia. “Quem instala um projeto desse tipo fica feliz com o resultado. É algo que gera satisfação pessoal além da economia na conta de luz. Mas realmente ainda enfrentamos algumas dificuldades”, reconhece Hans Rauschmayer, diretor da Solarize, empresa especializada em consultoria para projetos de microgeração com sede no Rio de Janeiro/RJ. Pelas regras da Aneel, as distribuidoras tinham até dezembro de 2012 para adaptarem seus sistemas e a rede elétrica à microgeração. “Esse prazo foi claramente desrespeitado. Projetos que poderiam ser concluídos em dois meses levam, em média, seis meses”, complementa.
GESTÃO - Para Rauschmayer, nascido na Alemanha e morando há mais de dez anos no Brasil, o que ainda falta aqui no país, em primeiro lugar, é uma gestão política que coordene as atividades com o objetivo de incentivar a geração distribuída. “Em consequência, estamos sofrendo com frequentes mudanças na legislação. Enquanto a Aneel está empenhada em simplificar regras,
as concessionárias aumentam exigências, e o Inmetro instituiu uma certificação nacional de inversores, precoce, por falta de laboratórios e processos definidos, que paralisou parte do setor por vários meses. A carga de impostos é alta e aumentou recentemente (PIS e COFINS), e ainda não há programas de financiamento adequados”, lista. Segundo o empresário, na tentativa de derrubar esses obstáculos, entidades como a Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) estão se mobilizando.
“Com isso, conseguimos avançar na questão do ICMS, que deixa de ser cobrado em cima da energia injetada em alguns Estados. Conseguimos que o Inmetro adie a obrigatoriedade da certificação e estamos avançando, junto com a Aneel, na simplificação dos processos de legalização. Esse trabalho seria muito mais eficaz se houvesse um ministério que assumisse a coordenação política de forma proativa”, avalia.
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Gabriele Angeli Era Soluções Ecossustentáveis
A ERA Soluções Ecossustentáveis é um empresa italiana que faz parte do Grupo Angeli e está no Brasil, com sede em Porto Alegre/RS, desde 2012, em join venture com a empresa DMS Engenharia Elétrica, empresa de direito brasileira. Atua em construções, instalações elétricas e mecânicas nos segmentos petroquímico e industrial. Também trabalha com soluções para geração de energia a partir de fontes renováveis, inclusive nos termos da REN 482. Atualmente, a empresa é uma das responsáveis pela instalação do parque solar da EGP (Enel Green Power) em Pernambuco, que será o primeiro Estado do país a fornecer esse tipo de energia em larga escala no país. Paralelamente, a ERA desenvolve projetos na área de microgeração distribuída de energia.
Conforme Angeli, um projeto como esse é liberado em seis meses, dois dos quais, de licenciamento ambiental – se este for necessário, considerando-se, por exemplo, que, para a instalação de um telhado, ele é dispensável. Há ainda o tempo de importação do equipamento, calculada em torno de dois meses. “Construímos um anteprojeto, com análise bem detalhada dos custos, uma análise da produção de energia, dizendo exatamente quanto é que vai produzir em 30 anos. Não tem por que criar um business para mais de 30 anos. A usina depois de 30 anos está produzindo 80%. É uma proposta comercial em que constam todas as informações financeiras para que o cliente possa tomar uma decisão”, complementa.
Conforme o diretor do Grupo, Gabriele Angeli, a microgeração não é uma quimera no Brasil. “É um produto comercial que já pode ser vendido”, ressalta. Segundo ele, foi necessário um ano para a empresa entender como é possível vender esse tipo de usina de microgeração no país, garantindo melhor preço com qualidade. RESPONSABILIDADE - O cliente precisa, ainda, do fornecimento de todos os painéis, instalação, manutenção, capacitação de pessoas e monitoramento da usina. Os únicos itens importados são os inversores e os painéis. “O contrato tem a responsabilidade de quanta energia aquela usina de microgeração vai produzir, e nós ofertamos 25 anos de garantia de performance e dez anos sobre a instalação. A liberação da usina na concessionária também é nossa responsabilidade”, afirma.
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Viabilidade econômica para setor industrial Angeli observa que, na Europa, 6 ou 7 anos são considerados um retorno importante do investimento em microgeração, mas o brasileiro ainda questiona se esse é o melhor investimento a ser feito. “Aqui no Brasil, tem mais sol, e na Europa temos menos custo. Mas é uma comparação que, no final, tem um bom
retorno”, avalia. O empresário conta que, na Europa, o mercado da microgeração de energia teve início em 2006. “Vivemos uma grande euforia por causa dos subsídios do governo para cada kilowatt gerado porque precisava aumentar a competividade do preço da energia. Essas usinas custavam 5.000 euros por kilowatt, agora custam 1.000 euros”, observa. Para Angeli, não tem mais sentido o Brasil falar em subsídios, porque a tecnologia já virou competitiva. “Daqui até 2030, a matriz energética do mundo vai ser 50% fotovoltaica. Não tem por que o Brasil gastar dinheiro com esse tipo de energia quando ele já é competitivo. A redução de custos já chegou aqui. Os painéis, por exemplo, tem isenção de ICMS. Os impostos têm uma incidência de 23%. Sobre os inversores, lá na Europa, chega até 80%. Já, ano que vem, poderemos comprar inversores brasileiros”, afirma.
Equilíbrio e planejamento são necessários
O empresário tem certeza de que a microgeração vai decolar no Brasil no embalo das grandes usinas, que já despertam o interesse da mídia, e em razão da instalação de fábricas de painéis nacionais, ainda que, segundo sua visão, a célula tenha que continuar sendo importada. “Na Itália, continuamos pagando para importar da China. A fábrica da ERA na Itália e no Brasil é só a parte mecânica, o resto é da China”, afirma. Para ele, é preciso haver um equilíbrio entre importar e montar painéis solares no Brasil. “Para quem faz a instalação, tem que haver as duas possibilidades e alinhamento de preço, para não inviabilizar um projeto de instalação. É necessário encontrar um equilíbrio financeiro”, avalia. Também é preciso planejamento para acelerar o processo, na visão de Angeli. “Não existe muita empresa que está fazendo uma atuação planejada. Tem que fazer uma análise, ter uma estrutura, um investimento”, lista. Para ele, linhas de financiamento atraentes, com juros de 4% a 5% ao ano, e não ao mês, também ajudam, assim como incentivos fiscais. “O resultado dessa equação é muito mais o dinheiro que entra do que aquele que não entra. Isso sem considerar o ganho ambiental, que deveria ser a primeira meta, porque é mais importante. São benefícios tangíveis”, afirma.
Adriane Alves Silva
é engenheira Química, especialista em Gestão da Qualidade para o Meio Ambiente, MBA em Perícia, Auditoria e Gestão Ambiental, diretora da Construvert e atua como consultora em Construções Sustentáveis - LEED.
Green Buildings ou Construções Sustentáveis – uma mudança de paradigma A construção civil é o segmento econômico que mais emprega no Brasil, um forte indicador de crescimento do setor. Porém também é uma das atividades entre as maiores geradoras de resíduos sólidos e de emissões de CO2. Como resposta, vem introduzindo novas tecnologias em seus processos construtivos, utilizando métodos e técnicas que proporcionam edificar com sustentabilidade. São os chamados Green Buildings ou Edifícios Verdes. Tendo como diretrizes básicas o tripé Triple Bottom Line - Prosperidade Econômica, Responsabilidade Socioambiental e Responsabilidade Social - os edifícios verdes englobam práticas ambientais no projeto e na construção tais como: uso de energias limpas e renováveis; reuso e minimização do consumo de água; reciclagem de resíduos sólidos e redução das emissões de poluentes. O Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking de países com edifícios verdes com Certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) atrás de Estados Unidos, o primeiro colocado, e China. São 976 construções registradas e 245 já certificadas no país até maio de 2015 segundo o Green Building Council Brasil. Por possuírem valor agregado, protegerem o meio ambiente e proporcionarem qualidade de vida aos usuários e à comunidade, a tendência é que as construções sustentáveis tornem-se referência a ser perpetuada e venham a ganhar cada vez mais adeptos ao uso e investidores. 17
ético coletivo ecologicamente educado altruísta capacitado a utilizar o conhecimento tecnológico para minimizar impactos ambientais
seletivo no descarte de resíduos preocupado com a preservação da saúde (esporte-lazer e comida saudável-orgânica)
atuante preocupado com o crescimento sustentável, considerando outros indicadores socioeconômicos parcimoniosos quanto ao consumo de água, luz, objetos, equipamentos, roupas econômico (come apenas o que necessita)
a
voltado para uma vivência em harmonia com o meio ambiente
uso preferencial para veÍculos movidos a energia renovável maior frequência do transporte coletivo ou compartilhado uso mais frequente de bicicletas
10ª Edição (Agosto/
, s
corrupto individualista ecologicamente ignorante ganancioso inerte voltado para o uso da tecnologia para o crescimento da produção
negligente quanto ao descarte de resíduos
adepto a uma alimentação que privilegia produtos industrializados
gosto/Setembro -2015)
Preocupado com a produção ilimitada com base no PIB
comprador compulsivo
esbanjador (come amais do que necessita) poluidor e destruidor da natureza Uso frequente para veículos movidos a combustível de origem fóssil Maior frequência do transporte individual Menor frequência do uso de bicicletas
Países que se destacam em energia solar – Menor impacto ambiental
Crédito: z2do.com.br
MUNDO
Alemanha
A energia solar representa 26% da energia renovável instalada no planeta e é a terceira principal fonte de geração de eletricidade. Levantamento divulgado pela Associação Europeia da Indústria Fotovoltaica (Epia, na sigla em inglês) indicou que, em 2012, a capacidade acumulada de geração de energia fotovoltaica no mundo atingiu pouco mais de 102 gigawatts (GW), evitando que 53 milhões de toneladas de gás carbônico fossem parar na atmosfera. Naquele ano, o continente europeu concentrava a maior capacidade de geração, com 55% do mercado global. Conforme estudo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em parceria com a Escola de Administração e Finanças de Frankfurt, a Alemanha manteve o papel de liderança no mercado global de geração de energia fotovoltaica em 2012, com 31% do mercado global e foi responsável por
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44% da energia solar produzida na Europa (32,411 GW da capacidade instalada no continente). De toda energia consumida pelos alemães, 5,5% era proveniente do sol. Segundo o diretor da Solarize, Hans Rauschmayer, em seu país natal, o movimento pela microgeração de energia partiu do desejo da população de reduzir o aquecimento global e de sair da energia atômica. “O governo fez do desejo uma agenda política e criou um programa de subsídio à geração distribuída. O sucesso foi tanto que a Alemanha conta hoje com 1,5 milhão de instalações. Como consequência, a tecnologia tornou-se muito mais barata e não há mais necessidade de subsídios”, conta. China, Itália, Estados Unidos e Japão também estão entre os países que mais investem em microgeração de energia de fontes renováveis.
Especialistas falam sobre passado e presente
Holanda
Da esquerda para direita: Adalberto Silveira Netto, Ronei Orsini, Flamarion Zanchi, Pedro Daniel Montani e Edmundo Fernandes da Silva
A Revista Meio Sustentável reuniu quatro especialistas em energia para falar sobre microgeração, com a moderação de Ronei Orsini, da Revista Meio Sustentável. Para eles, o que falta para a microgeração crescer no Brasil, a exemplo de países da Europa e Ásia, em primeiro lugar, é vontade política e um marco regulador com normas claras e bem definidas sobre geração e consumo que não deixem dúvidas sobre o que acontecerá nos próximos 20 anos. É preciso segurança jurídica ao negócio. Eles concordam que a REN 482 já deu um passo muito importante nesse sentido. Também é preciso que o governo divulgue e incentive a GD. Fujisawa
Japão
Conforme os especialistas, a pretensão do governo brasileiro de proteger a indústria nacional de painéis solares, exigindo, por exemplo, que a fabricação seja de cerca de 70% nacional para conceder financiamento do BNDES, não tem muito lógica, porque a célula fotovoltaica terá que ser importada por muitos anos, principalmente da China, que, por ter grandes reservas de silício e tecnologia para a transformação dessa matériaprima, tem melhor preço. Já o Brasil tem reservas de silício, mas não tem a tecnologia do beneficiamento. Portanto, para acompanhar a evolução rápida do mercado da microgeração, será necessário incentivar a importação da célula fotovoltaica. Outra necessidade para acelerar o processo da democratização da energia é aumentar o limite da TIR (Taxa Interna de Retorno) de 7% para 13%; é o que querem os que pretendem investir no setor. 21
OBSOLETOS - Também será preciso investimento na ordem de R$ 40 bilhões em biodifusores bidirecionais pelas concessionárias para que o sistema de distribuição tenha medidores nos pontos de geração de energia. A tecnologia de medidores hoje instalada já soma 60 anos de existência. Para otimizar o sistema de iluminação pública, além de as concessionárias investirem em medidores, será necessário resolver a burocracia das prefeituras e seus contratos com empresas que fazem a manutenção. Na opinião dos especialistas, essa manutenção deveria ser administrada pelas concessionárias, pois são elas que têm que ser eficientes na gestão financeira da geração de energia conciliando investimento em tecnologia.
Crédito: Dollarphotoclub
A atualização da rede é outra grande necessidade, pois, em muitos lugares, ainda existe rede de cobre, tecnologia que tem 80 anos. Existe pouco investimento e, para complicar, todas as empresas de distribuição no Brasil fecham no vermelho. Para os especialistas, também falta educação e ações para evitar o desperdício de energia, estimado em 30%. Apesar de todos os empecilhos apontados, os debatedores acreditam que a microgeração de energia vai crescer e vingar no país, independentemente de marcos regulatórios e governos, por força do trabalho da população.
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Edmundo Fernandes da Silva, engenheiro e Consultor atualmente, Ex- Diretor de Distribuição da CEEE; Ex-Presidente da AGERGS ( Agência Gaúcha de Regulação-(SP), foi também Assessor da Secretaria de Infraestrutura e Logística do RS e engenheiro da CEEE; Pedro Daniel Bach Montani, engenheiro, consultor e especialista em eficiência energética e pesquisa de desenvolvimento, trabalhou na RGE (Rio Grande Energia), AES-SUL e AES-Tietê (SP); Flamarion Zanchi, engenheiro especialista em projeto, manutenção, operação de grandes complexos de utilização de energia elétrica; sócio fundador do Grupo SINGEL, composto, entre outras, por empresas como POWER ENGENHARIA E SINGEL ENGENHARIA, com atuação no mercado Brasileiro há 40 anos; Ex-Conselheiro do CREA; especialista em recuperação de perdas comerciais para as empresas concessionárias de distribuição de energia elétrica; Adalberto Caino Silveira Netto, diretor executivo da Brain Energy-Energias Renováveis. Atuou como engenheiro da CEEE; Ex-Secretário Adjunto de Secretaria de Infraestrutura e Logística do RS; ExGerente da Área de distribuição da ELETROBRAS; Diretor do Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica; especialista em eficiência energética e gestão de energia; assessor especial do LACTEC (Paraná);
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A Energia Solar Fotovoltaica no RS Secretaria de Minas e Energia
Eberson Silveira Gerente de Planejamento e Programas da Secretaria de Minas e Energia do RGS
“O mercado global de energia solar fotovoltaica vem crescendo, possui grande potencial e, para ganhar competitividade frente a outras fontes, necessita de equipamentos com preços competitivos, estímulo à indústria nacional, aperfeiçoamento nos regulamentos de operação e custos de geração para torná-la atrativa ao consumidor/produtor de eletricidade, capacitação de técnicos especializados e de informações a respeito do recurso solar.” A avaliação é do gerente de Planejamento e Programas da Secretaria de Minas e Energia do Rio Grande do Sul, Eberson José Thimmig Silveira. Conforme Silveira, a história da fotovoltaica mostra que, com a implementação de políticas adequadas que apoiem e incentivem seu uso, ela pode ganhar mercado na geração de energia elétrica e na cadeia produtiva associada que possa a vir instalar-se no Brasil e no Rio Grande do Sul. “A expectativa é que, através de iniciativas como a REN nº 482, associadas a quedas de preços no mercado internacional, essa fonte de energia tornese economicamente viável e ganhe forte impulso na geração distribuída, tanto para usos isolados da rede como para aqueles conectados à rede de distribuição de energia elétrica”, afirma.
Estado desenvolve pesquisas na área
O gerente de Planejamento e Programas da Secretaria de Minas e Energia afirma que a energia solar fotovoltaica vem sendo trabalhada no meio acadêmico do RS em pesquisas que vão desde planta-piloto para a fabricação de células e módulos fotovoltaicos até laboratórios de ensaios e aplicações de sistemas fotovoltaicos e térmicos. “A energia solar fotovoltaica, pela sua facilidade modular, pode ser implantada em diversos tamanhos e, por isso, é ideal para uso na geração distribuída, em sistemas residenciais, comerciais, públicos ou industriais interligados à rede de distribuição das concessionárias locais”, destaca.
Silveira complementa que a geração distribuída pode, a exemplo da Europa, suprir uma quantidade considerável de energia à população, incrementar a matriz de fornecimento de energia elétrica e, no mínimo, postergar investimentos em redes de distribuição e transmissão de eletricidade normalmente requeridos pelo Sistema Interligado Nacional. “Além disso, o fomento à geração distribuída pode trazer consigo outro vetor importante para a economia estadual, uma vez que estimula o comércio e a fabricação dos equipamentos necessários à produção desse tipo de energia, tais como painéis fotovoltaicos, inversores, controladores de carga, medidores, acumuladores e aerogeradores de pequeno porte”, cita.
Ações propostas pelo governo
Segundo Silveira, para desenvolver o setor fotovoltaico no Rio Grande do Sul, o governo estadual busca criar atrativos para incentivar o desenvolvimento da geração de energia fotovoltaica e da correspondente cadeia produtiva e torná-la competitiva com outras fontes de energia. Entre elas, estão apoiar o estabelecimento de indústrias para a fabricação de painéis fotovoltaicos e acessórios necessários; oferecer, por meio do Badesul, do Banrisul e do BRDE, financiamento para aquisição de equipamentos com recursos oriundos do BNDES, o qual tem regras diferenciadas de credenciamento e apuração de conteúdo local para esse setor; fomentar o treinamento e a capacitação em universidades, escolas técnicas e empresas de técnicos especializados.
Outras medidas previstas são: confeccionar e publicar, através da Secretaria de Minas e Energia, o Atlas Solarimétrico do Estado do Rio Grande do Sul, para mostrar a potencialidade do sol e apontar as regiões mais propícias para a produção de energia por meio de informações detalhadas da radiação solar nas suas diversas regiões; sediar e apoiar um grupo permanente de energia solar fotovoltaica que reúna representantes do governo, das universidades, da indústria e do comércio de equipamentos fotovoltaicos para discussões a respeito do desenvolvimento do setor e proponha ações a serem incluídas no Plano Energético do RS 2016-2025, em elaboração pela Secretaria de Minas e Energia; além de manter isentas de cobrança de ICMS as operações com equipamentos e componentes para o aproveitamento de energia solar previstos no convênio ICMS 10, de 21 de março de 2014. ano 02 . 10ª edição
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Crédito: Divulgação Taractebel
UTE Pampa Sul Usina Termelétrica
Projeto Usina Pampa Sul - Candiota RS
A Revista Meio Sustentável reconhece que há uma realidade mundial, que se reflete particularmente no Rio Grande do Sul, onde coexistirão empreendimentos de geração de energia que utilizarão fontes fósseis e fontes renováveis, e o aumento dessas últimas deverá ser cada vez mais incentivado, passando a ser mais visibilizado por autoridades governamentais e sociedade.
A Revista está atenta a esta realidade e, para tanto, entendemos que nosso papel, neste momento, é de levar à opinião pública informação, com qualidade e de forma transparente, para mostrar como projetos e empreendimentos de fontes não renováveis, que cumprem a legislação ambiental, também empregam tecnologias e ações que buscam mitigar seus efeitos e impactos no meio ambiente, saúde e segurança da sociedade. Conhecer melhor a tecnologia de carvão limpo, os programas, os investimentos e as ações 24
meio sustentável . RS
de compensação, mitigação e redução dos impactos socioambientais que a Tractebel deverá implantar no projeto Pampa Sul, de acordo com as licenças outorgadas, políticas ambientais da própria empresa e das exigências feitas pelo IBAMA, alinha-se diretamente com os princípios da Revista, que é a promoção da sustentabilidade. Paralelamente, a Revista Meio Sustentável vem apoiando junto a entidades, empresários e ao setor público, a inclusão de práticas sustentáveis por todas as empresas que atuarão, direta ou indiretamente, na cadeia de prestadores de serviços e de fornecedores do Projeto Pampa Sul, de forma que se crie uma cultura de sustentabilidade na região, que atinja, inclusive, pequenos e médios empresários (donos ou administradores de restaurantes, hotéis, comércio, transporte, entre outros), que se instalarão no entorno na Usina.
Em nossa opinião, o Brasil, e em particular o RS, deve unir esforços para promover e disseminar as políticas e práticas de sustentabilidade no meio empresarial e na sociedade em geral, de forma cooperativa e planejada, criando zonas industriais, clusters e empreendimentos reconhecidos pela adoção, compromisso e execução concreta dessas políticas e práticas, causando um benefício direto e envolvendo, de forma participativa, a sociedade e as regiões onde esses projetos, empresas e entidades estiverem inseridos e localizados.
Estamos diante de uma grande oportunidade, já que a Usina Pampa Sul reúne os requisitos necessários e é um empreendimento de grande relevância para a Região da Campanha Gaúcha, o Estado e o país. É possível, por meio da ação empresarial integrada com a participação efetiva do Governo, entidades de classe e sociedade, estimular a disseminação e prática de programas de sustentabilidade entre todos os atores, de forma que haja ampla consciência ambiental, efetivas ações de responsabilidade socioambiental junto à comunidade e para que se torne um bom exemplo do uso racional e eficiente dos recursos naturais existentes na região e no país.
Com esse propósito, publicamos a seguir uma entrevista com que Hugo Roger Stamm, gerente socioambiental da UTE Pampa Sul, que, em nome da Tractebel, gentilmente, abordou relevantes questões socioambientais que envolvem o empreendimento Pampa Sul. De nossa parte, sentimo- nos responsáveis por conhecê-las, divulgá-las e de acompanhá-las visando sempre levar ao conhecimento da opinião pública todas aquelas ações e planos de proteção e mitigação socioambientais que se desdobrarão nesta fase de implantação e, posteriormente, na fase de operação da referida usina.
Entrevista Tractebel
Hugo Stamm Gerente socioambiental
da UTE Pampa Sul
REVISTA MEIO SUSTENTÁVEL: Quais os principais atributos que levaram a Tractebel a optar pela tecnologia que será instalada na planta da usina em Candiota? HUGO ROGER STAMM: Um dos diferenciais a serem implementados no projeto da UTE Pampa Sul é a caldeira em leito fluidizado. Essa tecnologia é largamente utilizada no mundo em usinas termelétricas. Também chamada de “clean coal technology”, a caldeira em leito fluidizado é uma das tecnologias adotadas em usinas modernas para diminuir as emissões aéreas dos empreendimentos. RM: Quais as melhorias que essa tecnologia de “carvão limpo” representa em relação à emissão de CO2 e de outros gases poluentes? H.R.S.: O diferencial dessa tecnologia é que existe um equipamento chamado ciclone, onde é inserido o calcário para ser misturado com o carvão na câmara de combustão da caldeira. Essa adição de calcário diminui as emissões de SOx e, devido à baixa temperatura de combustão na câmara de combustão, diminui a emissão de compostos de NOx. RM: Qual (ais) as usinas(s) que utiliza(m) a mesma tecnologia que será utilizada na Usina de Candiota? H.R.S.: Essa tecnologia é utilizada no mundo todo. Os principais fabricantes de caldeiras de grande porte têm esse equipamento para ser oferecido para projetos de usinas termelétricas. ano 02 . 10ª edição
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GERMANY Wuppertal: 95 MW Saarbrucken: 44 MW PENNSYLVANIA, USA *Westwood: 30 MW NEPCO: 50 MW MISSISSIPPI, USA *Red Hills: 2x250 MW RAYONG, THAILAND Glow Energy Phase III: 2x175 Glow III: 135 MW MEJILLONES, CHILE CTA –CTH: 2x165 MW POLAND Polaniec: 190 MW
Crédito: Divulgação Taractebel
INDIA Meenakasi: 2x150 MW
Vantagens/características de funcionamento das caldeiras em leito fluidizado circulante: Alta capacidade de reação e transferência de calor devido às altas velocidades envolvidas no sistema; Temperatura de operação da câmara de combustão mais homogênea (850 °C) devido à alta turbulência e à circulação de sólidos. Baixa temperatura de operação, que minimiza a formação de NOx; Possibilidade de o enxofre presente no combustível poder ser removido por meio da injeção de reagentes diretamente na câmara de combustão; Flexibilidade na queima de combustíveis; combustíveis que possuam grande variação na sua qualidade podem ser utilizados; Reduzida quantidade de incombustos no leito inerte. As caldeiras existentes na região de Candiota são caldeiras com carvão pulverizado. Essas caldeiras não têm o equipamento denominado ciclone e, consequentemente, não é injetado o calcário.
Projeto Usina Pampa Sul 26
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Fonte: Hugo Roger Stamm, gerente socioambiental da UTE Pampa Sul – Tractebel
Fonte: Taractebel
Usinas existentes no mundo com a mesma tecnologia que será usada na Usina de Candiota:
RM: Quanto da emissão e descarte das cinzas será reaproveitado? E como? Haverá emissões e ou armazenamento de cinzas? H.R.S.: As cinzas geradas, em última instância, serão encaminhadas para a cava da mina. Existem empresas que nos procuraram para industrializar as cinzas (fábricas de cimento, entre outras). Também há uma prefeitura que está solicitando prioridade para recebimento das cinzas visando fabricar tijolos para casas populares. RM: Quais as compensações ambientais e ações de mitigação socioambientais que serão realizadas
por exigência da legislação ambiental? H.R.S.: Com a realização do Estudo de Impacto Ambiental - EIA, foram identificados e avaliados os impactos socioambientais gerados pela implantação do empreendimento. Para mitigar, neutralizar ou compensar os impactos adversos e potencializar aqueles considerados benéficos, foram propostos programas, os quais estão detalhados no Projeto Básico Ambiental – PBA. Ao todo, são 19 programas e outros 15 subprogramas que abrangem os meios Físico, Biótico e Socieconômico e estão relacionadas às seguintes ações de mitigação/compensação.
Fonte: Taractebel
Programas do projeto básico ambiental – PBA: - Controle e gerenciamento de resíduos sólidos e efluentes líquidos; - Controle e monitoramento de emissões atmosféricas e qualidade do ar; - Monitoramento das águas superficiais e subterrâneas; - Monitoramento de ruídos; - Controle de processos erosivos e recuperação de áreas degradadas; - Gerenciamento de riscos e emergências ambientais; - Controle de pragas e vetores; - Manejo e conservação da flora e de germoplasma vegetal; - Saúde e segurança no trabalho; - Monitoramento e controle ambiental da via de acesso; - Monitoramento da qualidade do ar, meteorológico e emissões atmosféricas; - Gestão do reservatório; - Implantação de cortina vegetal; - Revegetação das matas ciliares e conexão do corredor ecológico; - Controle e erradicação de espécies vegetais exóticas invasoras; - Reposição florestal; - Resgate, afugentamento, controle de atropelamento e monitoramento da fauna; - Resgate e monitoramento da ictiofauna; - Responsabilidade social das obras (incluindo capacitação de mão de obra local); - Comunicação social; - Educação ambiental; - Acompanhamento e salvamento do patrimônio arqueológico (incluindo Educação Patrimonial na Vila Seival); - Monitoramento dos indicadores de saúde; - Desapropriação e indenização de proprietários.
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RM: Haverá projetos e ações que a Tractebel e a empresa chinesa Epcista realizarão em relação à preservação ambiental, saúde e responsabilidade social, além das exigidas pelos órgãos ambientais ou em decorrência da aplicação das leis? H.R.S.: A Tractebel, a exemplo de outros empreendimentos, com base na sua política de gestão sustentável, na qual se insere o seu compromisso de responsabilidade social, buscará viabilizar ações, além daquelas decorrentes do licenciamento ambiental, de modo a contribuir com o desenvolvimento sustentável da região da UTE Pampa Sul, nas dimensões ecológica, econômica e social. A empresa chinesa, contratada para fornecimento da usina “chave na mão”, também tem programas de responsabilidade social além das exigidas pelo IBAMA durante a fase de licenciamento ambiental. Mas ainda não podemos listar tipos de projetos e ações que porventura venham a ser adotadas pela empresa para este projeto em questão. RM: Além da legislação ambiental existirá alguma exigência à empresa chinesa e a suas subcontratadas quanto às práticas de sustentabilidade, de forma que elas se comprometam a cumprir com o correto procedimento para o armazenamento e destino dos resíduos ou de minimização dos impactos ambientais, impactos à saúde, bem como com sua responsabilidade social? H.R.S.: Sim, contratualmente, as empresas, incluindo a chinesa e seus subcontratados, deverão observar os procedimentos previstos no PBA, sobretudo aqueles relacionados ao Programa Ambiental da Construção, no qual constam medidas de controle e destinação de resíduos, de efluentes e de saúde e segurança, entre outras. A Tractebel fiscalizará todas as ações que envolvem a construção, de modo que as empresas cumpram com o estabelecido no PBA e adotem práticas ambientalmente sustentáveis. RM: Na sua opinião, o que o conjunto de empresas que serão contratadas podem realizar de modo que sejam minimizadas as questões de saúde, alimentação e bem estar dos operários e funcionários a serem por elas contratadas. A Tractebel fará alguma exigência nesse sentido 28
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de modo que, para ser contratado, o fornecedor deverá atender as normas e cumprimentos de práticas sustentáveis? H.R.S.: A Tractebel, quando da assinatura dos contratos, inclui anexos padrão (exigidos pelo Grupo controlador) com as suas melhores práticas nas áreas de meio ambiente e saúde e segurança no trabalho. Essas diretrizes são exigidas para todos os fornecedores do grupo multinacional ao qual a Tractebel pertence, a saber: Grupo ENGIE, maior grupo privado de geração de energia do mundo. RM: Na sua opinião, poderá haver um comitê que envolva todos os diretores de empresas que forem contratados para que, juntos avaliem e implementem ações de minimização de riscos ambientais, saúde e segurança? H.R.S.: Para a implantação dos programas ambientais previstos nos estudos ambientais da UTE PAMPA SUL, existe uma equipe de técnicos qualificados que irão fiscalizar a implementação de todos os programas e subprogramas previstos. Para cada programa e subprograma, estão sendo contratadas empresas qualificadas e com experiência em sua área de atuação. Caberá a essa equipe de fiscalização e empresas a implementação e avaliação das ações que visem à minimização dos riscos ambientais, de saúde e de segurança. O empreendedor está em contato próximo com as prefeituras, líderes locais e demais envolvidos visando avaliar qualquer atividade adicional que porventura venha a ser necessária. Dessa forma, entendemos ser desnecessário tal comitê, pois consideramos ser mais eficaz ouvir quem está diretamente envolvido. RM: Qual o valor dos investimentos da Tractebel por conta das compensações ambientais recomendadas pelo IBAMA? H.R.S.: Ainda não temos esse valor exato.
Crédito: Marcelo Matusiak/PlayPress
Minimização dos impactos ambientais em evidência
Tecnologias limpas na prática Seminário apresenta exemplos de que é possível produzir e lucrar de forma sustentável Exemplos práticos de que é possível ser mais eficiente gastando menos e produzindo mais sem prejudicar a natureza foram apresentados no VI Seminário sobre Tecnologias Limpas, de 8 a 10 de junho, no Hotel Continental, em Porto Alegre/RS. Organizado pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - Seção Rio Grande do Sul (Abes-RS), CNTL (Centro Nacional de Tecnologias Limpas) e UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), o evento teve como temas centrais Simbiose Industrial e Ecoparques. Durante os três dias, empresários, profissionais, pesquisadores e estudantes de diferentes áreas e público em geral trocaram experiências e conhecimentos.
Na abertura, o então presidente da Abes-RS, Darci Campani, ressaltou a importância das ferramentas de tecnologias limpas na minimização dos impactos ambientais dentro das organizações. “Este é um evento que oportuniza a troca de experiências e os conhecimentos técnicos, associando tecnologias limpas, melhoria do desempenho ambiental e competitividade das organizações. A Abes-RS promove essa iniciativa desde 2007 por ter a intenção de mostrar o quanto é importante evitar gerar resíduos com um olhar de produção mais limpa. É fundamental poupar o meio ambiente dos impactos causados por resíduos não evitados na chamada simbiose industrial”, afirmou. ano 02 . 10ª edição
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Simbiose industrial
Um exemplo prático de simbiose industrial, os ecoparques são “comunidades” de indústrias, negócios e serviços de diferentes setores que cooperam entre si de forma eficiente, permutam recursos materiais (resíduos e subprodutos), energia, água - e serviços. As consequências são vantagens econômicas competitivas, conservação do meio ambiente e maior qualidade de vida para os trabalhadores e para a comunidade local. Esses benefícios resultam numa gestão ambiental mais cooperativa entre os atores envolvidos, utilizando os mesmos princípios que enquadram o funcionamento dos ecossistemas naturais, como se de um processo simbiótico se tratasse. Na prática, propõem às empresas localizadas num espaço físico comum (proximidade geográfica) mecanismos de colaboração nos processos de gestão e de utilização dos recursos com o objetivo de favorecer o seu desempenho econômico, ambiental e social.
certeza: a de que é possível utilizar as riquezas da Amazônia em harmonia com a natureza, dentro de um modelo sustentável. Dessa forma, foi criada uma grande rede de trocas, de energia, de matéria e de informações para buscar soluções a partir dos produtos e serviços da sociobiodiversidade e revelar o grande potencial de negócios existente”, ressaltou
Braskem quer ser referência até 2020
Ecoparque: Natura na Amazônia
Crédito: Marcelo Matusiak/PlayPress
Jorge Soto Braskem
Projeto Amazônia: case da Natura foi apresentado no encontro
No painel Simbiose Industrial, Ecoparques e Sustentabilidade, o coordenador de Relações com Entorno e Empreendedorismo da Natura, José Mattos Neto, falou sobre o Projeto Amazônia, no município de Benevides/PA. Segundo ele, uma das decisões mais importantes da Natura foi a incorporação de ativos da biodiversidade brasileira na fabricação de seus produtos, unindo ciência e conhecimento tradicional de comunidades agroextrativistas com geração de oportunidades de trabalho e renda para centenas de famílias. A grande riqueza da biodiversidade amazônica estimulou a empresa a desenvolver uma estratégia de pesquisa e desenvolvimento na região. “A experiência que acumulamos ao longo de mais de uma década de trabalho e pesquisa nos colocou diante de uma 30
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O diretor de Desenvolvimento Sustentável da Braskem, Jorge Soto, o segundo painelista que abordou a Simbiose Industrial, afirmou que a empresa possui uma agenda de desenvolvimento sustentável que envolve toda a cadeia produtiva, e não apenas as suas unidades industriais. “Estamos promovendo esforços no sentido de sermos reconhecidos, até 2020, como referência mundial na relação de produção com sustentabilidade”, complementou. Os principais desafios da companhia estão associados a fatores como periculosidade de produtos químicos, emissão de gases de efeito estufa, intensidade de consumo de água e energia nos processos produtivos, uso de matérias-primas não renováveis (óleo e gás) e destinação dos resíduos plásticos no pós-consumo.
Segundo Soto, a atuação da companhia está alicerçada em três pilares: operações e recursos mais sustentáveis, produtos cada vez mais sustentáveis e soluções para uma vida cada vez mais sustentável. “Na visão da Braskem, negócios e sustentabilidade estão intrinsecamente relacionados uma vez que o mercado já valoriza e tenderá a valorizar cada vez mais as empresas inovadoras, éticas e comprometidas com o desenvolvimento sustentável”, acrescentou.
Iniciativa tem apoio da ONU
O Fomento de Ecoparques também foi tema de painel no seminário. Na opinião da engenheira coordenadora de Educação Profissional e Tecnologia do CNTL, Rosele Wittée, a instalação de ecoparques ainda é pouco difundida, mesmo com o apoio das Nações Unidas, talvez por não se ter, ainda, um completo entendimento da extensão que o planejamento econômico ambientalmente orientado pode ter. “A sustentabilidade passa pelo não desperdício. Então, o que sobra numa empresa pode ser aproveitado por outra como, por exemplo, calor, equipamentos, resíduos, etc. Estamos no início de um novo modelo de negócios, mas que, com certeza, se bem arquitetado, trará benefícios a todos os envolvidos”, ressaltou.
Candiota aceita desafio do carvão
Marcio Torres CNTL e a criação do ecoparque em Candiota
Tiago José Pereira Neto Condema da FIERGS
O gerente de operações do CNTL, Marcio Torres, relatou que o Centro trabalha em conjunto com a prefeitura de Candiota/RS na criação do ecoparque industrial na cidade com o objetivo de aproveitar o carvão gaúcho de forma moderna e tecnológica, sem os efeitos negativos da poluição.
Segundo ele, já existe tecnologia para isso. O analista técnico sênior do Conselho de Meio Ambiente (Condema) da Fiergs, Tiago José Pereira Neto, falou que o Ecoparque de Candiota será o segundo no mundo. “A ideia é aumentar a produção de energia elétrica a partir do carvão e utilizar os resíduos para o desenvolvimento de materiais de construção, fertilizantes, plásticos e outros produtos, representando um grande impulso para a economia não só de Candiota, mas da metade sul do Estado em geral”, explicou.
Energia limpa como oportunidade de negócios
O diretor da Usina de Compostagem e Biogás da Ecocitrus (Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí/RS), Albari Gelson Pedroso, foi um dos palestrantes no painel Energia Limpa como Oportunidade de Negócios. A cooperativa existe desde 1994, e a produção do biogás, fonte de energia limpa e renovável, teve início em 2012 a partir de resíduos de aves poedeiras e agroindustriais na planta-piloto de biometano, estrutura localizada no terreno da Usina de Compostagem de Resíduos da cooperativa. “Na Copa de 2014, alguns caminhões já rodaram com o biogás produzido na usina de Montenegro”, contou Pedroso. Segundo ele, a planta-piloto de biometano produz 5mil m³/dia.
Fruki reduz desperdício
Outro case de sucesso apresentado durante o evento foi o da Fruki (Lajeado/RS), que, em 2010, implantou seu Programa de Tecnologias Limpas no Planejamento Estratégico. Tem como principais objetivos racionalizar o consumo dos recursos naturais e das matérias-primas, reduzir os desperdícios provenientes dos resíduos dos processos e minimizar o impacto ambiental. Consiste na não geração, minimização e, em última instância, na reciclagem de resíduos gerados em um determinado processo. Entre as iniciativas, a empresa criou o Ecotime, composto por profissionais de todas as áreas, com o objetivo de aprimoramento contínuo em relação às práticas de redução de resíduos, água e energia. O coordenador de Controle de Qualidade e Meio Ambiente da empresa, Fernando Danieli, afirma que a implantação das medidas trouxe, além do ganho ambiental, economia financeira e de consumo de água e geração de resíduos. ano 02 . 10ª edição
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Reúso da água é questão de sobrevivência
O reúso da água foi o tema central da palestra do professor Marco Antônio Siqueira Rodrigues, do Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas da Feevale, em Novo Hamburgo/RS. Docente do Mestrado em Materiais e do Programa em Qualidade Ambiental da universidade, ele desenvolve investigações na área de materiais e tecnologias aplicados ao tratamento de efluentes, água e resíduos industriais. Entre os pontos que abordou no seminário, estiveram diferentes uso da água, conflitos gerados e tecnologias de reúso de água industrial. “Atualmente, o reuso de água pela indústria não é mais uma questão somente de não poluir os recursos hídricos devido ao lançamento de efluentes, mas, sim, a própria sobrevivência”, alertou, lembrando que, conforme a legislação, a prioridade é o abastecimento público.
CNTL apoia reinvenção da indústria
Em 1995, o Senai-RS (Serviço Nacional da Indústria do RS) foi selecionado para hospedar o Centro Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL) brasileiro a partir de chamada conjunta da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido) e do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (Unep). O CNTL Senai/Unido/Unep foi o décimo Centro no mundo e o primeiro na América Latina e está localizado na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). Seu objetivo é promover meios ou ferramentas aos seus públicos de interesse para elevar a competitividade da indústria brasileira através da ecoinovação. “É um trabalho que estamos desenvolvendo em toda a América Latina, ajudando as indústrias, que, cada vez mais, precisam ser reinventadas para que possamos dar o real valor que o meio ambiente tem para a humanidade”, afirma o presidente do Conselho de Meio Ambiente da Fiergs, Torvaldo Antonio Marzola Filho.
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Software apresenta problemas e soluções
Uma das ferramentas disponibilizadas pela CNTL é o software de produção mais limpa, de gestão ambiental, que traz uma sequência de instruções para interpretar problemas e apresentar soluções às empresas. “Também estamos buscando o fim da bitributação para os produtos reciclados, assim como financiamentos a juros mais reduzidos como reconhecimento do mérito das empresas que investem em produção mais limpa”, afirma Marzola. Segundo ele, o Rio Grande do Sul tem 47 mil indústrias e 70% delas estão, de alguma forma, preocupadas com o meio ambiente e aplicando tecnologias mais limpas. “Temos que lutar pela nossa sobrevivência, e a melhor maneira é observando e seguindo as boas práticas. Nesse sentido, a realização do seminário é muito importante para divulgar essas boas práticas. Essa divulgação ainda precisa ser maior no RS e no Brasil”, avalia.
Crédito: Emmanuel Denauí
Prefeito de Candiota assume Famurs
Folador assumiu a presidência durante o 35º Congresso de Municípios
Distribuição dos recursos dos royalties do petróleo está entre principais bandeiras
O prefeito de Candiota, Luiz Carlos Folador, assumiu a presidência da Famurs (Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul) dia 2 de julho para o biênio 2015/2016. A solenidade de posse da nova diretoria ocorreu durante o encerramento do 35º Congresso de Municípios do Rio Grande do Sul, dias 1º e 2 de julho, no Centro de Eventos do Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre. Folador substitui o prefeito de Tapejara, Seger Menegaz. A principal bandeira de Folador é a distribuição dos recursos dos royalties do petróleo cuja lei segue travada sob liminar do STF (Superior Tribunal Federal). “Hoje as prefeituras amargam uma dificuldade enorme para manter os programas de
saúde e educação. A distribuição dos royalties é uma medida imediata que ajuda os municípios e o Estado”, afirma. A atualização da Lei das Licitações e a aprovação do projeto de desoneração das compras municipais, que visa isentar as prefeituras de pagar ICMS para a aquisição de bens públicos, como ambulâncias e ônibus escolares, também estão nos seus planos.A nova diretoria é composta pelos prefeitos Ederildo Paparico Bacchi, de São João da Urtiga; Marcelo Luiz Schreinert, de São Jerônimo; Sérgio Delias Machado, de Araricá; Tito Livio Jaeger Filho, de Taquara; Luiz Augusto Fuhrmann Schneider, de Uruguaiana; Dalvi Soares De Freitas, de Dom Feliciano; e Eduardo Buzzatti, de Pejuçara.
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Serviços ambientais em expansão
Pesquisa da UFRGS mostra caminhos a serem trilhados
consultoria, tecnologia da informação, produção de bens, destino final, geração de tecnologia, ecodesign, aerogeradores e usinas de biomassa, ou seja, toda a gama de produtos e serviços que são fornecidos por todos os setores da economia e que se voltam para a solução de problemas ambientais ou de produção mais limpa.
Equipe do Laboratório de Estudos Ambientais para Metalurgia / Centro de Tecnologia/UFRGS
Avaliação do Mercado de Prestadores de Serviços Ambientais (PSAs) de Empresas Produtoras de Resíduos (EPRs) no Eixo Porto Alegre-Caxias do Sul foi tema de projeto apresentado durante o 1º Encontro do Mercado de Serviços Ambientais do Rio Grande do Sul. O evento ocorreu dia 2 de julho na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) e reuniu representantes de empresas, governo, pesquisadores e comunidade em geral. Teve como objetivo mostrar que a denominada “economia verde” colabora com a esperança de um mundo melhor e também representa uma enorme oportunidade de negócios. Elaborado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e coordenado pelas professoras da Escola de Engenharia Rejane Tubino e Ângela Danilevicz, o estudo teve a participação e o apoio do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI) e da Fundação Empresa-Escola de Engenharia da UFRGS (FEEng). A pesquisa mostra que, impulsionado pela legislação, como a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal 12.305/2010), bem como a fiscalização, o mercado de bens e serviços ambientais tende a crescer no Brasil. Esse mercado engloba, por exemplo, prestação de serviços de engenharia, 34
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Conforme a pesquisa, a falta de informação sobre o tema ainda é obstáculo ao progresso limpo no país, assim como a cultura empresarial, a natureza conservadora das instituições públicas e privadas, a falta de mecanismos de incentivo e o elevado custo do desenvolvimento tecnológico. O fundamental, conforme os pesquisadores, é compreender que a superação dessas dificuldades não é tarefa isolada; requer o envolvimento de governos e empresas como agentes indutores e disseminadores de boas práticas capazes de fomentar e mobilizar recursos e pessoas e gerar soluções criativas.
1º Encontro do Mercado de Serviços Ambientais do RGS (Caxias do Sul)
Para conhecer os resultados da pesquisa, acesse: www.producao.ufrgs. br/arquivos/arquivos/Avaliacao_do_ mercado_de_prestadores_de_servicos_ ambientais_PSAs.pdf
Editorial da Revista Meio Sustentável publicado na edição de Junho/Julho de 2014
Nesta edição, abordamos um tema que se apresenta como um óbice para o crescimento de ações e comportamentos sustentáveis: a crise moral presente em nossa sociedade. Algumas dessas ações já deveriam estar incorporadas em cada um de nós como um modo de vida, traduzindo-se em atitudes que nos garantissem mais prazer e felicidade em viver. Ao esquecermos os princípios básicos de respeito aos outros - e que garantem amor e privilégios aos idosos, crianças e jovens, por exemplo, ou a ética nas relações de trabalho -, ganhando, à custa do dano alheio, estamos fortalecendo a crise moral que vivenciamos. Sem essa responsabilidade e consciência social assumida por todos, será mais difícil chegarmos à sustentabilidade na sua forma mais humana. As práticas sustentáveis, no Brasil estão atrasadas em mais de 20 anos em comparação com as que são empregadas em países da Europa e Ásia. Tais práticas tem garantido aos habitantes desses países maior qualidade de vida e, pela preservação continuada e cada vez mais intensa do meio ambiente, podem ser projetadas maiores garantias de vida saudável para as próximas gerações dessa população. Os japoneses, por exemplo, educam os adolescentes, ensinandoos a cuidar dos mais velhos e até fazendo-os simular a amputação de algum membro para que estes possam entender as dificuldades por que passam idosos e deficientes. Com esse sentimento de compaixão presente, podem ajudar dando-lhes carinho, atenção e ainda auxiliando-os em suas tarefas diárias. Já por aqui, mal nos acostumamos a respeitar os espaços reservados aos idosos no transporte coletivo das grandes cidades. Na Suécia, cidade de Borãs, outro grande exemplo a ser seguido, o planejamento de sustentabilidade, compreende ações para, no mínimo, 20 anos, visando assim contemplar um resultado coletivo, em que a sustentabilidade seja uma prática incorporada no dia-adia das pessoas. Trata-se de uma sociedade que busca resultados para a melhor qualidade de vida no presente e no futuro. Esse plano representa uma riqueza social diante da qual nenhum governo pode se omitir e nenhum líder ou partido pode mudar. Assim, empresários, entidades e a sociedade fazem cada um a sua parte com um objetivo comum: o desenvolvimento sustentável. E, na sociedade em que vivemos, quais os valores preservados e planejados para serem atendidos em 20 anos sem que sofram interferência, sejam interrompidos ou boicotados por diferentes atores da sociedade que agem em defesa própria, e não com visão coletiva? Temos que caminhar em frente de modo que a mudança inicie em cada um nós e se estenda para a sociedade. Precisamos de um planejamento sustentável de longo prazo para que as ações de desenvolvimento social e econômico sejam de fato eficientes. Precisamos em conjunto agir contra a ambição econômica em detrimento da preservação da sustentabilidade, dos princípios morais e éticos que deveriam orientar as relações pessoais, familiares, de trabalho e de convívio social. A direção
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