Revista Meio Sustentável - XI Edição

ANO 02 . XI EDIÇÃO NOVEMBRO/DEZEMBRO/2015 R$ 10,00

pg. 6

COP 21: Passado e Expectativas

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Poluição dos rios: Sinos - Caí - Gravataí entre os rios mais poluídos

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Energia Verde: China + Brasil

27 a nos Irmãos Passaúra ganha o prêmio destaque do setor 2015 na ABTCP na categoria de melhor empresa de montagem e manutenção industrial.

Representada pelo seu Gerente de Implantação de Projetos, Sr. André Zarath, que recebeu o troféu das mãos do Sr. Rui Gerson Brandt, Presidente do Sinpacel do Paraná.

A Irmãos Passaúra foi escolhida pelo segundo ano consecutivo como melhor empresa de montagem e manutenção do setor de celulose e papel. Em maio de 2015, foi concluído mais um grande projeto do setor de celulose, onde efetuamos a montagem da caldeira de recuperação da CMPC (Celulose Riograndense) em Guaíba, Rio Grande do Sul, com alto padrão de qualidade, segurança e cumprimento absoluto dos prazos pré-acordados. A montagem desta caldeira de recuperação foi considerada pelo fabricante (Valmet) como a melhor montagem já efetuada no País.

A função da Caldeira de recuperação é gerar energia

elétrica e vapor através da queima dos produtos químicos recuperados no processo para obtenção da celulose e pela geração de vapor. É uma das soluções mais sustentáveis para o meio ambiente, pois através de instalações de filtragem e de tratamento de gases elimina toda a possibilidade de contaminação da água e do ar, reduzindo a emissão de poluentes onde se tem um dos sistemas mais modernos de controle de contaminantes, além de usar os mesmos para o seu próprio funcionamento. No fim de seu ciclo temos os Precipitadores Eletrostáticos com o papel de filtrar as impurezas remanescentes em todo o processo, ocorrendo a menor geração de resíduos tornando, efetivamente, todo o processo eco-eficiente.

Além disso, a montagem de uma Caldeira traz outros benefícios como redução dos custos de produção, a minimização do uso de matérias-primas e insumos em razão da maior eficiência do processo.

A Passaúra tem trabalhado muito forte nos últimos anos na busca por melhores processos e constante treinamento dos profissionais envolvidos. Estamos nos preparando cada vez mais para enfrentarmos as dificuldades em nossa atividade no Brasil.

A diretoria da Passaúra agradece imensamente a oportunidade junto a Valmet e CMPC pela participação neste importantíssimo projeto para o nosso País e também agradecemos carinhosamente toda a nossa equipe que de forma direta ou indireta participaram Valmet / CMPC – Guaíba: Montagem Mecânica do sucesso do mesmo” (Dionízio Fernandes, diretor comercial). da Caldeira de Recuperação.

Matriz: 41. 2141.7000 // www.passaura.com.br

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Editorial

A todo instante deparamo-nos com acontecimentos que nos abalam, que nos enlutam, que nos comovem – quer tenha ocorrido em solo brasileiro, quer em terras distantes, os quais refletem a falta de ética, injustiça, infâmia, barbárie a que estamos expostos, em todos os níveis, e diante dos quais, estarrecidos, presenciamos a mais absoluta inoperância quanto à busca de soluções para – senão prevenir -, ao menos, dirimir as catastróficas consequências decorrentes da falta de compromisso com a vida.

O resultado dessa inter-relação confusa e desastrosa do homem, em todos os âmbitos, interfere diretamente no meio ambiente e na harmonia social.

Exemplo recente dessa ação deletéria do homem pôde-se presenciar diante do maior acidente ambiental em 10 anos no Brasil, e o maior do mundo em mineração. A avalanche de lama da barragem da Mineradora Samarco, situada em Minas Gerais, deixou rastro de mortes e que sepultou a vida de pessoas, animais, plantas, rios...

Na Romênia, um homem público, o Primeiro Ministro, renunciou ao seu cargo por entender-se responsável por 51 mortes ocorridas em uma boate ao deixar de incentivar o cumprimento dos itens de segurança. Há necessidade de tecer comentários a respeito?

Diante desses fatos, pergunta-se: O que aconteceu até agora quanto às punições que deveriam ser impostas aos responsáveis pelo incêndio na boate Kiss, em Santa Maria? Não há responsáveis pelas 242 mortes e pelos 680 feridos nesse “acidente”?

Cabe lembrar também o escândalo – de proporções mundiais – envolvendo a empresa alemã VW. Quem diria que a falta de ética iria atingir essa indústria multinacional, que enganou seus consumidores no mundo todo?

E nós, aqui no Brasil, que somos obrigados a “conviver” com indústrias descompromissadas com a saúde dos consumidores dos “alimentos” que produzem, como as que adulteram o leite vindo a envenenar crianças, jovens e adultos?

E ainda, o que dizer do recente atentado em Paris mostrando que o homem é capaz de tudo para provar a supremacia de suas crenças, manifestando o ódio àqueles que não se convertem a elas decretando a sua morte? O que dizer diante do terror praticado por homem-bomba ou diante da chacina (carnificina) que sepultou sonhos, ideais e, principalmente, a ilusão de que seja possível haver uma convivência pacífica entre semelhantes tão desiguais?

Nesse clima nacional e internacional, e para nos deixar mais esperançosos e otimistas, esperamos que, com a COP 21, em Paris, que inicia no final de novembro, possamos ganhar um presente em troca das mazelas que estamos presenciando: Os países ricos e desenvolvidos, que poluíram muito por conta de seu desenvolvimento industrial e construção de cidades, que venham a financiar a economia verde para os países em desenvolvimento, e que o homem da nova era (Ver 10ª edição da Revista Meio Sustentável) comece a atuar na gestão pública, nas empresas, dentro da família, na escola, enfim, em todos os lugares, de forma consciente e munido de uma alfabetização ecológica, com correspondentes práticas sustentáveis que precisam de imediata execução.

Precisamos desse novo homem urgente!

Esta é a nossa esperança de dias melhores!

Ou o homem muda, ou vamos nos matar com armas, com a revolta na natureza, ou com a soma desses fatores.

Boa leitura.

A direção

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Direção Geral Silvana Bergamo Diretoria de Inovação e Relacionamento Ronei Orsini Presidente do Conselho do Leitor Leopoldo Justino Girardi Textos Martin Wartchow Revisão Tania Maria Merker Candotti Projeto Gráfico e Design Bárbara Gurgel Gráfica IDEOGRAF Área Técnica Caroline Schio e Simone Polleto Redação e assinaturas atendimento@meiosustentavel.com Publicidade comercial@meiosustentavel.com Revista on line www.meiosustentavel.com

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POLUIÇÃO DOS RIOS

A alta conta da negligência

Corpo de Bombeiros de Minas Gerais

Será que teremos mais uma conferência cheia de promessas e poucas práticas?

ENERGIA VERDE CHINA + BRASIL

Energia Renovável: O Novo Plano Quinquenal da China

A questão social e a sustentabilidade Plastec incentiva reciclagem de plásrtico Energia em foco na Feira do Polo Naval Seminário enfoca Nova Era, Novo Homem

Corpo de Bombeiros de Minas Gerais

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COP 21 - Paris

Douglas MAGNO / AFP

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XI edição

Índice

Corpo de Bombeiros de Minas Gerais Douglas MAGNO / AFP

TROFÉU DE INCOMPETÊNCIA NA GESTÃO AMBIENTAL BRASIL

O maior acidente ambiental em mineração do mundo

Mariana/Minas Gerais Já morreram pessoas Já desabrigou famílias Já soterrou ruas, casas Já matou o Rio Doce (10 anos para recuperá-lo) Já tem passivo ambiental em 500 km PERGUNTAS SEM RESPOSTAS: - A lama que escorreu não é tóxica?

- Quem vai renunciar por má gestão?

- Quem vai trazer de volta vidas humanas e vidas naturais?

- Quem fiscalizava a mineradora?

Corpo de Bombeiros de Minas Gerais

- Que lei é esta que regula a mineração?

ACORDA BRASIL – ESTAMOS NA LAMA!!!!!

COP 21- Paris Será que teremos mais uma conferência cheia de promessas e poucas práticas?

Mais do que combater a poluição, humanidade precisa quebrar paradigmas A raça humana agora tem mais uma importante chance de mostrar o quanto é ambiciosa. Não no sentido de acumular riquezas materiais, mas, sim, de provar que quer continuar sua existência sobre a Terra e é capaz de manter um planeta habitável para esta e para as gerações futuras. Fragilizada após os ataques terroristas do grupo radical Estado Islâmico em 13 de novembro, quando 130 pessoas foram mortas, a França acolhe a COP 21, a 21ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). O evento, também chamado de Paris 2015, ocorre nos dias 30 de novembro a 11 de dezembro. As expectativas são grandes, porque, após décadas de divergências e poucas práticas no sentido de reduzir a emissão dos gases de efeito estufa, o encontro pode levar a um novo acordo sobre o clima, em substiuição ao Protocolo de Quioto, que nunca chegou a ser realmente respeitado.

A perspectiva é de assinatura do maior acordo climático da história, pois, diferentemente do anterior, que tinha metas específicas para um grupo de menos de 40 países desenvolvidos, o Protocolo de Paris deverá ser um acordo global que envolverá mais de 190 países que fazem parte da Convenção do Clima da Organização das Nações Unidas. O novo tratado tem como objetivo principal evitar que a temperatura do planeta aumente mais que 2ºC até o final deste século. Caso nada seja feito, cientistas preveem uma maior ocorrência de fenômenos extremos, como secas, enchentes, degelo dos polos e aumento do nível dos mares. Segundo os estudiosos, a temperatura média da Terra já subiu 0,85ºC em relação à era pré-industrial.

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São dois os pilares que devem sustentar o entendimento multilateral na COP 21: a capacidade de cada país de reduzir emissões dos gases de efeito estufa e a adoção de medidas de adaptação que criem mais resistência dos ecossistemas e das cidades aos impactos do clima. O acordo, com data prevista para entrar em vigor a partir de 2020, deverá ser durável, para permitir transformação a longo prazo.

Expectativas

O grande foco estará voltado aos países ricos, os maiores poluidores e os mais relutantes até então. Mas as preliminares são favoráveis ao meio ambiente. Em junho deste ano, o G7, grupo de países mais desenvolvidos do mundo (Alemanha, França, Reino Unido, Itália, EUA, Canadá e Japão), reuniu-se na Alemanha e decidiu, pela primeira vez, encarar de frente o desafio de reduzir drasticamente os gases de efeito estufa na economia.

O acordo prevê a redução de 40% a 70% das emissões até o ano de 2050 e o comprometimento com aportes de recursos para um fundo de US$ 100 bilhões a serem investidos em tecnologia para a adoção de energias limpas e renováveis nos países pobres. Por sua vez, os chineses, deverão atingir o pico da poluição em 2030, projetam investimentos

O despertar de um sono que continua

A expressão aquecimento global não era conhecida até a década de 1970. Ela foi cunhada em 1975, num artigo do geoquímico norte-americano Wallace Broecker, publicado na revista Science.

Naquela altura, ainda não havia sido despertada a atenção geral para o fenômeno, embora os cientistas, há bastante tempo, já soubessem que o ser humano poderia teoricamente afetar as condições climáticas do planeta. Mesmo considerado um fenômeno

Genebaldo Freire Dias Ambientalista brasileiro

maciços em energias renováveis. O ambientalista brasileiro Genebaldo Freire Dias, bacharel em Ciências Biológicas, mestre e doutor em Ecologia, afirma que o comprometimento desses países não deixa de ser uma sinalização de esperança. “Mas somente as ações poderão gerar indicadores confiáveis”, complementa.

natural, o efeito estufa, conforme estudiosos, tem aumentado nas últimas décadas e gerado mudanças do clima. Essas alterações, segundo eles, são fruto do aumento descontrolado das emissões de gases como o dióxido de carbono e o metano. A liberação dessas substâncias na atmosfera ocorre por conta de diversas atividades humanas, entre elas, o transporte, o desmatamento, a agricultura, a pecuária, a geração e o consumo de energia.

Foto oficial dos chefes de Estado presentes na Rio 92

A preocupação ganhou força na Cúpula da Terra, no Rio de Janeiro, em 1992, quando foi adotada a Convenção-quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, também conhecida como UNFCCC (do original em inglês United Nations Framework Convention on Climate Change), ratificada por 196 países. O documento é uma convenção universal de princípios que reconhece a existência da mudança climática devido à atividade

humana e atribui aos países industrializados a responsabilidade primária para combater o fenômeno. O tratado fixava, inicialmente, limites obrigatórios para as emissões dos gases de efeito estufa e não continha disposições obrigatórias. Em vez disso, incluía disposições para atualizações, os chamados protocolos, que deveriam criar limites obrigatórios de emissões.

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MITIGAÇÃO – Pouco foi feito

De lá até aqui, teorias proliferam, mas, na prática, muito pouco foi feito. “Perdemos o momento adequado para a virada. Agora temos um repertório restrito contido na mitigação e na adaptação”, afirma o ambientalista Genebaldo Freire Dias, autor de 19 livros sobre a temática ambiental e consultor independente com atuação nas áreas de Educação e Gestão Ambiental. Para ele, o melhor caminho é ganhar a corrida entre a ignorância e a educação; entre a ganância e o altruísmo. “Coisa que jamais fizemos desde que nos organizamos em sociedade.

Eis o desafio e o fascínio da evolução, inclusive espiritual. A oportunidade está dada”, sentencia.

Na visão de Dias, o maior desafio mundial para a COP 21 “é vencer a inércia, fruto da ignorância, e o analfabetismo ambiental resultante, que impede a percepção do óbvio”. Já para o Brasil, que ainda está entre os dez países que mais emitem gases de efeito estufa, o ambientalista afirma que o principal desafio é o combate à corrupção, “o câncer de caráter, que desgasta a nossa identidade e inviabiliza o presente e o futuro”. Para o ambientalista, é motivo de riso a afirmação do governo federal de que o Brasil é o país que menos tem emitido dióxido de carbono.

“Enquanto a maior expressão de exportação nacional for a pecuária, não escaparemos do banco dos réus da desconstrução homeostásica socioambiental”, alerta.

As raízes humanas da crise ecológica

Papa Francisco

Mais do que uma questão matemática do quanto é preciso reduzir as emissões de gases tóxicos na atmosfera para que a temperatura da Terra não atinja níveis ainda mais catastróficos, salvar o planeta e a raça humana é uma questão ética, cultural e espiritual. A opinião, bem-vista inclusive por cientistas do mundo todo, é expressa na encíclica Louvado Sejas – Sobre o Cuidado da Casa Comum – publicada em junho deste ano pelo papa Francisco. No documento, o religioso enfoca a raiz humana da crise ecológica, critica o “consumismo e o desenvolvimento irresponsáveis” 8

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e faz um apelo à mudança e à unificação global das ações para combater a degradação ambiental, as alterações climáticas e também a desigualdade social.

Conforme o pontífice, a humanidade entrou numa nova era, em que o poder da tecnologia a coloca diante de uma encruzilhada, que determinará sua continuidade ou sua extinção. “A verdade é que o homem moderno não foi educado para o correto uso do poder, porque o imenso crescimento tecnológico não foi acompanhado por um desenvolvimento quanto à responsabilidade, aos valores, à consciência”, afirma. Na visão de Francisco, os países ricos, inclusive, têm uma “dívida ecológica” com os países pobres, que “estão à mercê das nações industrializadas, que exploram seus recursos para alimentar sua produção e consumo”, uma relação que classifica como “estruturalmente perversa”.

ECOLOGIA INTEGRAL:

Ambiental, econômica, social e cultural

Papa Francisco ressalta que o ser humano é parte da natureza, de um todo. Para ele, portanto, se a crise ecológica é uma expressão ou uma manifestação externa da crise ética, cultural e espiritual da modernidade, sanar a relação com o meio ambiente só será possível curando todas as relações humanas fundamentais. No capítulo IV da encíclica, ele discorre sobre uma ecologia integral - ambiental, econômica, social e cultural. “A ecologia estuda as relações entre os organismos vivos e o meio ambiente onde se desenvolvem.

E isso exige discutir acerca das condições de vida e de sobrevivência de uma sociedade com a honestidade de pôr em questão modelos de desenvolvimento, produção e consumo”, aconselha.

O pontífice afirma que a visão consumista do ser humano, incentivada pelos mecanismos da economia globalizada atual, tende a homogeneizar as culturas e a debilitar a imensa variedade cultural, a qual define como um “tesouro da humanidade”.

“Por isso, pretender resolver todas as dificuldades através de normativas uniformes ou por intervenções técnicas leva a negligenciar a complexidade das problemáticas locais, que requerem a participação ativa dos habitantes. (...)Nem mesmo a noção da qualidade de vida se pode impor, mas deve ser entendida dentro do mundo de símbolos e

hábitos próprios de cada grupo humano”, defende.

Complementa que muitas formas de intensa exploração e degradação do meio ambiente podem esgotar não só os meios locais de subsistência, mas também os recursos sociais que consentiram um modo de viver que sustentou, durante longo tempo, uma identidade cultural e um sentido da existência e da convivência social. “O desaparecimento de uma cultura pode ser tanto ou mais grave do que o desaparecimento duma espécie animal ou vegetal. A imposição dum estilo hegemônico de vida ligado a um modo de produção pode ser tão nocivo como a alteração dos ecossistemas”, alerta.

Francisco também afirma que a humanidade é chamada ao trabalho desde sua criação, ou seja, esta é uma necessidade, faz parte do sentido da vida, é caminho de maturação, desenvolvimento humano e realização pessoal. “Nesse sentido, ajudar os pobres com o dinheiro deve ser sempre um remédio provisório para enfrentar emergências. O verdadeiro objetivo deveria ser sempre consentir-lhes uma vida digna através do trabalho.” O religioso defende ainda, que, para se conseguir continuar a dar empregos, é indispensável promover uma economia que favoreça a diversificação produtiva e a criatividade empresarial. “Por exemplo, há uma grande variedade de sistemas alimentares rurais de pequena escala que continuam a alimentar a maior parte da população mundial, utilizando uma porção reduzida de terreno e de água e produzindo menos resíduos, quer em pequenas parcelas agrícolas e hortas, quer na caça e coleta de produtos silvestres, quer na pesca artesanal. “As economias de larga escala, especialmente no setor agrícola, acabam por forçar os pequenos agricultores a venderem as suas terras ou a abandonar as suas culturas tradicionais”, observa.

Na visão do papa, a política, por sua vez, não deve submeter-se à economia, e esta não deve submeter-se aos ditames e ao paradigma eficientista da tecnocracia. “Pensando no bem comum, hoje precisamos imperiosamente que a política e a economia, em diálogo, se coloquem decididamente ao serviço da vida, especialmente da vida humana. A salvação dos bancos a todo o custo, fazendo pagar o preço à população, sem

a firme decisão de rever e reformar o sistema inteiro, reafirma um domínio absoluto da finança que não tem futuro e só poderá gerar novas crises depois duma longa, custosa e aparente cura. (...)A previsão do impacto ambiental dos empreendimentos e projetos requer processos políticos transparentes e sujeitos a diálogo, enquanto a corrupção, que esconde o verdadeiro impacto ambiental de um projeto em troca de favores, frequentemente leva a acordos ambíguos que fogem ao dever de informar e a um debate profundo.”

Na visão do pontífice, o movimento ecológico mundial já percorreu um longo caminho, enriquecido pelo esforço de várias organizações da sociedade civil. “Graças a tanta dedicação, as questões ambientais têm estado cada vez mais presentes na agenda pública e se tornaram um convite permanente a pensar a longo prazo. Mesmo assim, “as conferências mundiais sobre o meio ambiente não corresponderam às expectativas, porque não alcançaram, por falta de decisão política, acordos ambientais globais realmente significativos e eficazes”, lamenta.

Francisco afirma que os problemas não serão resolvidos com ações isoladas. Para ele, é indispensável um consenso mundial que leve, por exemplo, a programar uma agricultura sustentável e diversificada, desenvolver formas de energia renováveis e pouco poluidoras, fomentar uma maior eficiência energética, promover uma gestão mais adequada dos recursos florestais e marinhos, garantir a todos o acesso à água potável. “A política e a indústria reagem com lentidão, longe de estar à altura dos desafios mundiais. Nesse sentido, podese dizer que, enquanto a humanidade do período pós-industrial talvez fique recordada como uma das mais irresponsáveis da história, espera-se que a humanidade do início do século 21 possa ser lembrada por ter assumido com generosidade as suas graves responsabilidades”, afirma.

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Nações nem tão unidas PAÍSES RICOS x PAÍSES POBRES QUEM PAGA A CONTA?

Até o início da década de 1970, o pensamento mundial dominante era o de que o meio ambiente seria fonte inesgotável de recursos e que qualquer ação de aproveitamento da natureza fosse infinita.

Mas fenômenos como secas, chuva ácida e inversão térmica fizeram que essa visão ambiental do mundo começasse a ser questionada com base em estudos científicos que identificavam problemas especialmente por conta da poluição atmosférica.

Assim, foi convocada a 1ª Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Cnumad), em Estocolmo, Suécia, em junho de 1972.

A conferência contou com representantes de 113 países e 250 organizações não-governamentais e resultou na Declaração sobre o Meio Ambiente Humano ou Declaração de Estocolmo, que estabeleceu princípios para questões ambientais internacionais, incluindo direitos humanos, gestão de recursos naturais, prevenção da poluição

Redução dos gases de efeito estufa Apoio financeiro aos países em desenvolvimento

A Cnumad de 1988, em Toronto, no Canadá, foi a primeira a se preocupar com o clima. Na ocasião, cientistas alertaram sobre a necessidade de redução dos gases de efeito estufa. Foi, então, criado o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), medidor das mudanças climáticas ocasionadas pelas atividades humanas. No mesmo ano, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou resolução determinando a realização, até 1992, de uma conferência para avaliar como os países teria promovido a proteção ambiental desde

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e relação entre ambiente e desenvolvimento, estendendo-se até a necessidade de serem abolidas as armas de destruição em massa. A conferência também levou à elaboração do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que deu continuidade a esses esforços.

Mas as decisões não foram tomadas sem conflitos. Os países desenvolvidos mostravam-se preocupados com os efeitos da devastação ambiental sobre a Terra, propondo um programa internacional voltado à conservação dos recursos naturais do planeta, pregando que medidas preventivas teriam que ser encontradas imediatamente.

Por outro lado, os países em desenvolvimento argumentavam que se encontravam assolados pela miséria e que necessitavam desenvolver-se economicamente. Questionavam a legitimidade das recomendações dos países ricos, que já haviam atingido o poderio industrial com o uso predatório de recursos naturais, principalmente os combustíveis fósseis, e que queriam impor a eles complexas exigências de controle ambiental que poderiam encarecer e retardar sua industrialização.

Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente, Estocolmo, 1972

a Conferência de Estocolmo de 1972. O Brasil ofereceu-se para sediar o encontro.

A Rio 92, muito comemorada na época, trouxe um quadro com orientações para que avanços práticos fossem decididos no futuro sem estabelecer prazos nem limites rígidos para a emissão de poluentes. Na ocasião, foi criada Convenção-quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, com o objetivo de estabilizar a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera. Participaram representantes de 179 nações, que chegaram à conclusão de que

SISTEMA CONSTRUTIVO COM PERFIS DE PVC MAIS CONCRETO

era preciso agregar os componentes econômicos, ambientais e sociais para garantir a sustentabilidade do desenvolvimento.

SUSTENTABILIDADE

O ambiente político internacional da época favoreceu a aceitação pelos países desenvolvidos de que as responsabilidades pela preservação do meio ambiente e pela construção de um convívio equilibrado com o planeta são diferentes. Ficou acordado, então, que os países em desenvolvimento deveriam receber apoio financeiro e tecnológico para alcançarem outro modelo de desenvolvimento que fosse sustentável, inclusive com a redução dos padrões de consumo, especialmente de combustíveis fósseis (petróleo e carvão mineral).

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LINHA DO TEMPO DAS COPs E SUAS TRATATIVAS. E O TEMPO PASSA...

Já vão 20 anos...

Definições de metas

Alemanha

A 1ª Conferência das Partes da Convençãoquadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), a COP 1, em Berlim, na Alemanha, em 1995, teve a participação de 117 países. No encontro, deu-se início ao processo de negociação de metas e

prazos específicos para a redução de emissões de gases de efeito estufa pelos países desenvolvidos.

As nações em desenvolvimento não foram incluídas na discussão sobre metas, respeitando o princípio da Convenção que fala sobre “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”. Foi então sugerida a criação de um protocolo que seria apresentado dois anos depois, em 1997, e que viria a ser conhecido o Protocolo de Quioto. Nessa primeira conferência, também houve avanço nos debates sobre cooperação internacional entre nações ricas e países em desenvolvimento. Foram aprovadas as Atividades Implementadas Conjuntamente (AIC), com o objetivo de ampliar a implementação de projetos de suporte financeiro e transferência de tecnologia. ano 02 . 11ª edição

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Suiça

Foi durante a COP 2, no ano seguinte, na Suíça, que as partes decidiram pela criação de obrigações legais de metas de redução por meio da Declaração de Genebra. Também foi decidido que os países em desenvolvimento poderiam solicitar à Conferência apoio financeiro para o desenvolvimento de programas de redução de emissões com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente. Participaram representantes de 159 nações.

PROTOCOLO DE QUIOTO Estados Unidos e Austrália não ratificam documento

Em 1997, a COP 3, no Japão, teve a participação de representantes de 159 países. O evento foi marcado pela adoção do Protocolo de Quioto, que estabeleceu metas de redução de gases de efeito estufa para os países desenvolvidos. De modo geral, as metas de redução eram de 5,2% das emissões de 1990, no período de 2008 a 2012. Alguns países assumiram compromissos maiores: Japão, 6%, União Europeia, 8%, e Estados Unidos, que acabaram não ratificando o acordo, 7%. A entrada em vigor do protocolo estava vinculada à ratificação por, no mínimo, 55 países que somassem 55% das emissões globais de gases do efeito estufa, o que ocorreu em 16 de fevereiro de 2005, quando a Rússia decidiu se comprometer. Os Estados Unidos retiraram-se do acordo em 2001.

A adesão ao protocolo não ocorreu da maneira esperada, pois esbarrou na necessidade de mudar a matriz energética dos países, fator ligado a interesses econômicos e que implicava elevados custos, principalmente, para as nações desenvolvidas. O então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, não ratificou o documento alegando não estar disposto a pagar o preço, inclusive político, da implementação das propostas. O mesmo ocorreu na Austrália.

Responsabilidade histórica das emissões

Argentina

A COP 4, em 1998, na Argentina, centrou esforços para implementar o Protocolo de Quioto.

Foi o chamado Plano de Ação de Buenos Aires, que colocou em debate internacional um programa de metas que levaram em consideração a análise de impactos da mudança do clima e alternativas de compensação, Atividades Implementadas Conjuntamente (AIC), mecanismos financiadores e transferência de tecnologia. No encontro, foi ratificado o conceito de responsabilidade histórica das emissões.

O destaque da COP 5, no ano seguinte, em Bonn, Alemanha, foi a implementação do Plano de Ações de Buenos Aires, mas também o início das discussões sobre o uso da terra, mudança de uso da terra e florestas. A quinta conferência discutiu ainda a execução das AIC em caráter experimental e o auxílio para capacitação de países em desenvolvimento.

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meio sustentável . RS

Conflitos e concessões negociações suspensas

A COP 6, em Haia, Holanda, reuniu 182 governos no ano 2000. No encontro, acentuaram-se impasses entre as partes, e as negociações foram suspensas pela falta de acordo entre a União Europeia e os Estados Unidos sobre Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, mercado de carbono e financiamento de países em desenvolvimento, além de discordância sobre o tema mudanças no uso do solo.

Alemanha, em 2001, após a saída dos Estados Unidos do Protocolo de Quioto sob a alegação de que os custos para a redução de emissões seriam muito elevados para a economia norte-americana. Os EUA também contestaram a inexistência de metas para os países em desenvolvimento. Para compensá-los, não somente foi aprovado o uso de sumidouros para cumprimento de metas de emissão, como também foram discutidos limites de emissão para países em desenvolvimento e a assistência financeira dos países desenvolvidos.

Também em 2001, o Acordo de Marrakech, no Marrocos, fechado durante a COP 7, definiu os mecanismos de flexibilização, a decisão de limitar o uso de créditos de carbono gerados de projetos florestais do Mecanismo de Desenvolvimento

Limpo e o estabelecimento de fundos de ajuda a países em desenvolvimento voltados a iniciativas de adaptação às mudanças climáticas. Novamente, concessões foram feitas de ambos os lados.

Uma segunda fase da COP 6 ocorreu em Bonn, na

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Estabelecimento de metas para o uso de fontes renováveis

O ano de 2002 foi marcado pela Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+10, na África do Sul, encontro que influenciou a discussão durante a COP 8, em Nova Delhi, Índia, sobre o estabelecimento de metas para uso de fontes renováveis na matriz energética dos países. Essa COP também marcou a adesão da iniciativa privada e de organizações não-governamentais ao Protocolo de Quioto e apresentou projetos para a criação de mercados de créditos de carbono.

A COP 11, no ano de 2005, em Montreal, Canadá, foi a primeira conferência após a entrada em vigor do Protocolo de Quioto. Pela primeira vez, a questão das emissões oriundas do desmatamento tropical e as mudanças no uso da terra viriam a ser aceitas oficialmente nas discussões. Também foi nesse encontro que houve a primeira Conferência das Partes do Protocolo de Quioto (COP/MOP1). Na pauta, destacava-se a discussão do segundo período do Protocolo, após 2012, para o qual instituições europeias defenderam reduções de emissão na ordem de 20% a 30%, até 2030, e de 60% a 80%, até 2050.

Desmatamento em xeque

Itália

A COP 9, em Milão, na Itália, em 2003, teve como centro dos debates a regulamentação de sumidouros de carbono no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, estabelecendo regras para a condução de projetos de reflorestamento, que se tornaram condição para a obtenção de créditos de carbono.

Financiamento de projetos de adaptação para países em desenvolvimento e revisão do Protocolo de Quioto foram os destaques da COP 12 no ano de 2006 em Nairóbi, África. O governo brasileiro propôs oficialmente a criação de um mecanismo para promover efetivamente a redução de emissões de gases de efeito estufa oriundas do desmatamento em países em desenvolvimento,o que, mais tarde, iria se tornar a proposta de Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação (REDD).

Já na COP 10, no ano seguinte, em Buenos Aires, Argentina, as partes aprovaram as regras para a implementação do Protocolo de Quioto e discutiram a regulamentação de projetos de MDL de pequena escala de reflorestamento/florestamento, o período pós-Quioto e a necessidade de metas mais rigorosas. Outro destaque foi a divulgação de inventários de emissão de gases do efeito estufa por alguns países em desenvolvimento, entre eles, o Brasil.

Canadá 14

meio sustentável . RS

No ano seguinte, durante a COP 13, na Indonésia, foi criado o Bali Action Plan (Mapa do Caminho de Bali), que estabelecia como prazo o mês de dezembro de 2009 para que os países elaborassem os passos posteriores à expiração do primeiro período do Protocolo de Quioto (2012). A conferência estabeleceu compromissos mensuráveis, verificáveis e reportáveis para a redução de emissões causadas por desmatamento

das florestas tropicais.

No encontro, ainda foi aprovada a implementação do Fundo de Adaptação, para que países mais vulneráveis à mudança do clima pudessem enfrentar seus impactos. Diretrizes para financiamento e fornecimento de tecnologias limpas para países em desenvolvimento também entraram no texto final, mas não foram apontadas as fontes e o volume de recursos considerados suficientes o cumprimento dessas e de outras diretrizes destacadas pelo acordo, como o apoio para o combate ao desmatamento nos países em desenvolvimento e outras ações de mitigação.

Desmatamento e Degradação (REDD). Ao final do evento, foi assinado o Acordo de Copenhague, que reconheceu a necessidade de limitar o aumento da temperatura global para não subir mais de 2º C. Em relação a financiamento, os países desenvolvidos comprometeram-se a fornecer US$ 30 bilhões de 2010 a 2012 e a mobilizar US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020 para ações de mitigação e adaptação em países em desenvolvimento.

Impasses continuam

Limite de aumento da temperatura

A COP 14, em Poznan, na Polônia, no ano de 2008, ficou como um meio termo político entre a COP 13 e a expectativa pela COP 15, tendo em vista o cenário político mundial, com a eleição do presidente norte-americano Barack Obama.

Por sua vez, nações em desenvolvimento, como Brasil, China, Índia, México e África do Sul, demonstraram abertura para assumir compromissos não obrigatórios para a redução das emissões de carbono.

A discussão sobre a continuidade e o teor do segundo período de compromisso do Protocolo de Quioto foi uma das mais acirradas no início da COP 16, em Cancun, México, em 2010. Japão, Canadá e Rússia anunciaram que não iriam participar de um segundo período de compromisso com metas ambiciosas. Continuou o impasse entre os países que queriam a continuação do Protocolo de Quioto, com regras atualizadas para o segundo período de compromisso, e os países que queriam a elaboração de um novo acordo com metas para todos os grandes emissores, inclusive os países em desenvolvimento.

No encontro, foi também criado o Fundo Verde do Clima, para administração do dinheiro previsto para auxiliar os países em desenvolvimento. Outro ponto discutido foi o da manutenção da meta de reduzir no máximo de 2º C a temperatura média com relação aos níveis pré-industriais.

Dinamarca

A COP 15, na Dinamarca, no ano seguinte, evoluiu em temas de importância para os países em desenvolvimento, como a discussão sobre um mecanismo de Redução de Emissões por ano 02 . 11ª edição

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Na COP 17, em Durban, África do Sul, no ano de 2011, alguns países aceitaram a criação de um novo acordo ou protocolo com força legal para diminuir as mudanças climáticas e também para que futuramente todos os países participassem da diminuição dos gases. Foram debatidos os seguintes temas: a lacuna entre a proposta de redução dos gases estufa e a contenção do aquecimento médio do planeta em 2ºC; a formação de um grupo para criar um novo instrumento internacional legal até 2015 com implementação a partir de 2020 (Plataforma Durban para Ação Aumentada).

Outras porcentagens em debate

No mesmo ano (2012), durante a COP 18, em Doha, Catar, foi aprovado o segundo período do Protocolo de Quioto para os anos de 2013 a 2020.

Nesse encontro, foi estabelecido um corte de 18% dos gases de efeito estufa sobre os níveis de 1990, o que representava pouco frente às metas de 25% e 40%, consideradas importantes pelos cientistas para conter o aquecimento global. Nessa prorrogação, apenas o bloco europeu e a Austrália tiveram metas de redução. Japão, Nova Zelândia, Rússia e Canadá ficaram de fora dessa nova fase, e os Estados Unidos não aceitaram o acordo. Decisões, como financiamento e transferência de tecnologia de países ricos para países pobres, foram adiadas para 2015.

Novos comprometimentos

O Brasil sediou a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, após 20 anos da Rio 92, em 2012. No evento, foi adotado o documento O Futuro que Queremos, que defende não existir desenvolvimento sustentável sem um esforço para a erradicação da pobreza e a proteção ambiental. Os países concordaram em adotar, a partir de 2015, quando se encerra o prazo fixado pelas dez Metas do Milênio propostas pela ONU para promover desenvolvimento ao redor do mundo, novas metas globais para os governos progredirem em indicadores sociais, ambientais e econômicos; serão os ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável).

A COP 19, em Varsóvia, no ano de 2013, foi marcada pela saída voluntária em massa das ONGs presentes e pela demissão do então ministro do Meio Ambiente da Polônia, Marcin Korolec. A conferência reforçou que o acordo que substituiria o Protocolo de Quioto teria que ser aprovado em 2015. Governos se comprometeram a preparar contribuições sobre o que fariam para cortar gasesestufa. Na ocasião, foi aprovado mecanismo de perdas e danos, que força países ricos a financiarem nações que sofrem com o clima. Também foi desbloqueado o debate sobre financiamento a longo prazo e foram aprovadas normas sobre financiamento de projetos voltados à proteção de florestas em países em desenvolvimento.

Em 2014, depois de duas semanas de negociações tensas na COP 20, em Lima, Peru, as delegações de 195 países aprovaram o rascunho zero de um futuro

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acordo global para reduzir as emissões globais entre 40% e 70% até 2050. O documento atribuía aos países desenvolvidos mais responsabilidades em comparação aos países em desenvolvimento. O Chamamento de Lima para a Ação sobre o Clima, título dado ao documento, foi aprovado por consenso um dia e meio depois da data prevista para terminar a cúpula. A falta de entendimento em vários pontos atrasou o fim do encontro.

Projeção para 2030 é de 59 gigatoneladas de emissão de C02 em 2030. Portanto, as metas de redução devem ser mais ambiciosas Se dependermos das metas de redução de emissões apresentadas até agora, o objetivo de impedir que a elevação da temperatura média global ultrapasse os 2°C não será alcançado. Os países precisam tornar ainda mais ambiciosas suas INDCs (Contribuição Nacionalmente Determinada Pretendida), metas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Também será necessário revisá-las periodicamente depois do acordo de Paris. A análise foi divulgada em maio deste ano pela London School of Economics and Political Science. Um de seus autores é Nicholas Stern, ex-economista-chefe do Reino Unido, que publicou o primeiro grande estudo sobre prejuízos econômicos da mudança climática em 2006.

das emissões globais, estimadas entre 57,6 e 59 gigatoneladas de CO2. O valor ultrapassa, e muito, as expectativas das Nações Unidas: para uma chance de 50% a 66% de limitar o aquecimento global a 2°C, as emissões globais anuais devem se manter entre 32 e 44 bilhões de toneladas de dióxido de carbono em 2030.

Já o Climate Action Tracker, organização composta por instituições científicas que monitoram o aquecimento global, divulgou, em outubro, uma análise de 19 INDCs. O estudo concluiu que, por enquanto, o esforço desses países ainda não é suficiente para limitar o aumento da temperatura a 2°C até o fim do século em relação ao período préindustrial. Os países avaliados, entre eles, o Brasil, respondem por 71% das emissões globais. De acordo com a Climate Action Tracker, a soma das propostas analisadas levaria a um aumento de temperatura de 2,7°C até o fim do século. O resultado é menor que o da última estimativa da organização, que previa um aumento de 3°C.

No estudo da Climate Action Tracker, a Etiópia e Marrocos, correspondem juntos por apenas 0.3% das emissões globais.

Nicholas Stern economista inglês

A projeção do estudo indica que União Europeia, Estados Unidos e China, que têm 2,2 bilhões da população global de 7,2 bilhões, provavelmente emitirão, juntos, cerca de 21 a 22,3 bilhões de toneladas (gigatoneladas) de CO2 em 2030 – 39%

Entre as INDCs avaliadas pela organização, somente a Etiópia e o Marrocos foram classificadas como “suficientes”, por apresentarem propostas sintonizadas com um objetivo mais ousado que o proposto pela COP, de limitar o aumento de temperatura a 1,5°C. Entretanto, os dois países respondem, juntos, por apenas 0.3% das emissões globais.

Conforme o estudo, as contribuições do Brasil, China, Estados Unidos, Indonésia, México, Noruega, Suíça e União Europeia são consistentes ano 02 . 11ª edição

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com os 2°C e foram classificadas como “medianas”.

Esses países respondem por 56% das emissões de gases do efeito estufa. As propostas de oito países foram consideradas “inadequadas”. O estudo avalia que as contribuições da África do Sul, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Japão, Nova Zelândia, Rússia e Cingapura não foram relevantes para que limitasse o aumento da temperatura global. Esse países representam 14% das emissões totais de gases que causam o efeito estufa.

A influência do homem no clima moderno

O aquecimento global deve levar o planeta a ultrapassar uma marca preocupante neste ano: o aumento médio de 1°C na temperatura média da superfície do planeta em relação aos níveis do século 18, anteriores à Revolução Industrial. A má notícia foi divulgada em novembro deste ano pelo Escritório Meteorológico do Reino Unido, o Met Office, uma das principais instituições de pesquisa dedicadas a compreender a mudança climática. Ao cruzar o limite de 1°C, o planeta chega à metade da trajetória para um aquecimento de 2°C, considerado perigoso por climatologistas.

Os cientistas afirmam que o aumento substancial de temperatura registrado ocorrerá, em parte, em razão do El Niño, o afloramento de águas quentes no Pacífico, apesar de a maior parte do fenômeno ser atribuível ao calor extra gerado pelo agravamento do efeito estufa. “Tivemos eventos naturais similares no passado, mas essa é a primeira vez que estamos em vias de bater a marca de 1°C”, afirma Stephen Belcher, diretor do Centro Hadley de Pesquisas, ligado ao Met Office. Para ele, este é um sinal claro de que é a influência humana que está levando o clima moderno a uma zona inexplorada.

Conforme relatório da Organização Mundial da Meteorologia (OMM), a quantidade de gases de efeito estufa presente na atmosfera chegou a um novo máximo. Em 2014, a concentração atmosférica de CO2, principal gás de efeito estufa de longa duração, alcançou 397,7 partes por milhão (ppm). Nesse mesmo ano, no hemisfério norte, as concentrações de CO2 ultrapassaram o valor simbólico de 400 ppm na primavera (hemisfério norte), época na qual o CO2 é mais abundante. Na primavera deste ano de 2015, a concentração atmosférica média mundial de CO2 cruzou a barreira de 400 ppm.

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Nível dos mares é outra ameça

Mesmo que o mundo consiga cumprir a meta de limitar o aquecimento global a 2ºC, o aumento do nível dos mares irá submergir áreas que abrigam cerca de 280 milhões de pessoas em todo o planeta.

Caso a cúpula climática da ONU fracassar na obtenção de um novo acordo para frear a mudança climática e o processo continuar no ritmo atual, o número de pessoas vivendo em terras ameaçadas vai subir para 627 milhões à medida que a temperatura global chegar a 4º C. As afirmações constam em relatório do grupo de pesquisa de ciência climática Climate Central divulgado em novembro.

A China, principal emissor de carbono do planeta, tem o número mais alto de pessoas em risco em seu litoral: 145 milhões vivem em terrenos futuramente ameaçados pela elevação dos mares no caso de um aquecimento global de 4ºC. A Índia coloca-se em segundo lugar, nessa classificação, com 55 milhões de pessoas em risco, seguida por Bangladesh, Vietnã, Indonésia e Japão. Os Estados Unidos são a nação mais ameaçada fora da Ásia, com cerca de 25 milhões de pessoas em regiões implicadas.

Quem vai pagar a conta?

Quem vai pagar a conta ainda é a principal controvérsia às vésperas da COP 21. Os países em desenvolvimento, liderados pela China, querem um tratamento diferenciado dos países industrializados, que historicamente geraram o problema das emissões de gases de efeito estufa e de contaminação. Por sua vez, os países desenvolvidos rebatem que estão liderando há anos a redução das emissões de gases.

Os países em desenvolvimento também exigem que os países avançados determinem o modo como vão desembolsar os 100 bilhões de dólares, prometidos para 2020, que serviriam para acelerar sua adaptação às energias limpas.

Poluição dos rios A alta conta da negligência Recuperação dos rios exige consciência, iniciativa e grandes investimentos financeiros O crescimento urbano desenfreado, a industrialização sem bases sustentáveis, o descaso do poder público e a falta de consciência da população fazem que a maior parte dos rios do Brasil hoje esteja moribunda, parecendo lixões a céu aberto. Até pouco tempo, os maiores vilões eram os poluentes industriais. Atualmente, aumenta a participação do esgoto doméstico, ainda muito pouco tratado e, portanto, jogado diretamente nas águas. É o que acontece com o Rio dos Sinos, o 4º mais sujo do país, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Outros dois rios gaúchos aparecem nesse triste ranking: Gravataí, em 5º, e Caí, em 8º.

A qualidade das águas do Sinos está menos pior do que há algumas décadas, quando a indústria, especialmente a coureiro-calçadista, fazia o despejo imune de seus rejeitos. A partir da aplicação de leis e multas mais rígidas, os químicos na corrente hídrica diminuíram. Com menos resíduos industriais,

a degradação provocada pelo esgoto doméstico ficou mais evidente. Estudo da Universidade Feevale (Novo Hamburgo/RS), feito de 2010 a 2012, avaliou a água coletada em nove cidades da região e concluiu que o maior problema está relacionado à falta de tratamento de esgoto. Nem mesmo o ambiente rural, com o uso de pesticidas, é o maior problema. A partir de Taquara, começa a contaminação massiva da água pelo esgoto.

Conforme dados do Comitesinos (Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos), uma pessoa produz diariamente uma média de 120 litros de esgoto. Considerando que, com seus 196 quilômetros de extensão, o Sinos atende cerca de 1,5 milhões de pessoas, todos os dias, ele recebe aproximadamente 120 milhões de litros de esgoto doméstico. Ainda conforme dados do Comitê, somente 5% do esgoto despejado no rio é tratado.

Não há outra saída a não ser o urgente investimento do poder público no tratamento desses dejetos. No Plano de Bacia do Sinos do Comitesinos, a meta é que, em 15 ou 20 anos, se alcance a universalização do tratamento de esgoto. A expectativa é que, a partir daí, em dois ou três anos, o Sinos tenha um salto de limpeza. ano 02 . 11ª 10ªedição edição

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Conscientização A população também precisa cooperar.

Especialmente no trecho final do Sinos, onde há maior concentração populacional, é enorme a quantidade de lixo que flutua ou está encalhada no rio. Nesse local, há, desde garrafas pet até pneus e sofás, situação que mostra o descaso e o desconhecimento da comunidade sobre a importância da preservação. Em alguns casos, o resíduo sólido descartado de forma errada, inclusive nas pias e vasos das residências, pode chegar à corrente hídrica e contaminá-la, como é o caso dos remédios. Todos os resíduos precisam ser adequadamente acondicionados. Além disso, é preciso fazer a limpeza periódica das fossas instaladas em casas e prédios.

Tratamento do esgoto

A Corsan (Companhia Rio-grandense de Saneamento) está construindo estações de tratamento de esgoto em sua área de atuação, que abrange 7 milhões de pessoas. No Vale do Rio dos Sinos, conforme dados da Companhia, estão sendo investidos cerca de R$ 860 milhões, com o objetivo de, até 2017, ter, em média, 60% do esgoto da região tratado. As estações estão sendo construídas em Campo Bom, Canoas, Estância Velha, Esteio, Igrejinha, Nova Santa Rita, Parobé, Portão, Rolante, Sapiranga, Sapucaia do Sul, Taquara e Três Coroas.

RANKING

Os 10 rios mais poluídos do Brasil

Rio dos Sinos, Caí e Gravataí entre os rios mais poluídos do Brasil Podemos reverter a situação do Sinos em 50 ou em 10 anos, não há um prazo fixo. A mudança de comportamento das pessoas já seria responsável por 40% a 50% da melhoria”, afirma Marco Antônio Siqueira Rodrigues, professor e pesquisador da Universidade Feevale (Novo Hamburgo/RS) na Engenharia Química e na Pós-graduação. Ele acrescenta que tecnologia para despoluição existe, a questão é quem vai pagar a conta. “Estamos crescendo em número de habitantes, os problemas ambientais também crescem, mas o rio é o mesmo. Se continuar assim, vai faltar água. A mudança começa pela conscientização das pessoas.

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1º LUGAR – Rio Tietê

Com 1.010 km², nasce em Salesópolis, na serra do Mar, e atravessa o estado de São Paulo, banhando 62 municípios. Ocupa o topo do ranking por receber o esgoto doméstico e industrial no trecho da capital. Dos 34 municípios que compreendem a região metropolitana de São Paulo, 19 não fazem tratamento de esgoto, lançado-o diretamente nos córregos e rios que deságuam no Tietê. Diariamente, são 690 toneladas de esgoto no rio mais importante do Estado.

2º LUGAR – Rio Iguaçu É o maior do estado do Paraná e faz divisa natural com Santa Catarina. De acordo com biólogos, dois fatores podem explicar o elevado nível de poluição: o passivo ambiental, presente há algumas décadas, com falta de investimento no saneamento ambiental, e o alto número de habitantes em torno do rio.

3º LUGAR – Rio Ipojuca

Corta vários municípios de Pernambuco.

O Ipojuca nasce em Arcoverde, no Sertão, e deságua em Suape, ao sul da Grande Recife. O lixo e o esgoto, que são despejados no rio acabam aumentando os riscos de contaminação de doenças como leptospirose, hepatite A e diarreia.

4º LUGAR – Rio dos Sinos

Percorre cerca de 196 km do município de Caraá/RS até o Delta do Jacuí em Canoas/RS. A bacia hidrográfica do Rio dos Sinos tem uma área de 3.820 km² e envolve, total ou parcialmente, 32 municípios. De acordo com indicadores do IBGE, o Sinos é considerado o mais poluído da região de Porto Alegre. O esgoto doméstico sem tratamento hoje é considerado um problema ainda maior que a poluição industrial da cadeira coureiro-calçadista.

5º LUGAR – Rio Gravataí

Sua bacia hidrográfica possui uma área de aproximadamente 2.020 km². Separa as cidades de Canoas e Porto Alegre. São apontados como motivos para a poluição: o esgoto que é jogado no rio sem tratamento; os resíduos sólidos largados por comunidades que trabalham com reciclagem e criam porcos; e a poluição gerada por empresas, notadamente de adubo e areia.

6º LUGAR – Rio das Velhas

Boa parte do seu volume de água é captado na Estação de Tratamento de Água de Bela Fama.

Posteriormente, o rio recebe grande quantidade de esgoto através de afluentes como o Ribeirão Arrudas e o Ribeirão do Onça, que atravessam Belo Horizonte/ MG. Com nascentes na cachoeira das Andorinhas, município de Ouro Preto, é o maior afluente em extensão do Rio São Francisco. A presença de arsênio, cianeto e chumbo reflete a interferência do diversificado parque industrial da Região Metropolitana de Belo Horizonte. ano 02 . 11ª 10ªedição edição

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7º LUGAR – Rio Capibaribe

Possui 240 quilômetros de extensão, e sua bacia tem, aproximadamente, 5.880 quilômetros quadrados.

Ele nasce na serra de Jacarará, no município de Poção/ PE, e banha 42 cidades pernambucanas. O rio recebe carga de resíduos de uma população estimada em 430 mil habitantes em seu entorno. O crescimento urbano desordenado foi responsável pela deterioração dos recursos ambientais que circundavam o rio, comprometendo a qualidade de vida das populações ribeirinhas.

8º LUGAR – Rio Caí

Localizada ao norte de Porto Alegre, a bacia hidrográfica do Rio Caí equivale a 1,79% da área do Rio Grande do Sul e possui municípios com atividade industrial bastante desenvolvida. Destacam-se Caxias do Sul e Farroupilha, na Serra, com indústrias de alto potencial poluidor, principalmente do ramo de metalurgia e metal- mecânica.

9º LUGAR – Rio Paraíba do Sul

Banha os Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo e atravessa a região do Vale do Paraíba. Formado pela confluência dos rios Paraitinga e Paraibuna, nasce na Serra da Bocaina, São Paulo, fazendo um percurso de 1.120 km até a foz, em Atafona, no Rio, Estado onde percorre 37 municípios numa extensão de 500 km. Além dos agentes poluidores, como os resíduos industriais, extrativistas, da pecuária e da agricultura, existem os danos causados pela extração mineral de areia, que altera o curso do rio, derruba suas matas ciliares além de causar maior assoreamento, acaretando, assim, uma menor navegabilidade. O Paraíba do Sul recebe o esgoto da maioria dos municípios pelos quais passa.

10º LUGAR – Rio Doce

Possui um percurso total de 853 km, drena os estados do Espírito Santo e Minas Gerais, sendo a mais importante bacia hidrográfica totalmente incluída na região sudeste. O principal formador do Rio Doce é o Rio Piranga, cuja nascente localiza-se na Serra da Mantiqueira. A degradação atual do rio é resultante da contaminação química de indústrias e propriedades rurais com uso de pesticidas e herbicidas. Com a catástrofe ambiental de 5 de novembro deste ano, quando se rompeu uma barragem da mineradora Samarco, em Mariana/MG, bilhões de litros de lama contendo rejeitos de minério de ferro atingiram o Rio Doce, matando sua fauna e flora.

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Fonte: IBGE/2012

Crédito: Logus Engenharia

Primeira etapa do projeto de despoluição do Rio Tietê/SP

Muito dinheiro desperdiçado

O projeto de despoluição dos rios Tietê e Pinheiros, colocado em prática em 1995, está saindo caro e não tem adiantado muito. Os rios que correm pela maior cidade do Brasil, São Paulo/SP, estão praticamente mortos, apesar dos US$ 3,6 bilhões já utilizados no processo. O grande foco da terceira etapa do processo, iniciada em 2009 e prevista para ser concluída ainda neste ano, é a coleta e o tratamento de esgoto das 365 cidades atendidas pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), especialmente aquelas que integram a Região Metropolitana de São Paulo e margeiam o rio Tietê.

A meta anunciada pelo governo é que o índice de coleta de esgoto suba de 84% para 87%, enquanto o tratamento avance de 70% para 84%. A expectativa é de que essas intervenções, orçadas em US$ 2 bilhões, beneficiem cerca de três milhões de pessoas.

Para ambientalistas, a raiz do problema está no descompasso da relação entre a oferta e a demanda: a ampliação do abastecimento de água colabora para a produção de uma quantidade cada vez maior de esgoto. Também é necessária uma participação mais vigorosa da sociedade, porque uma parte importante da poluição que vai parar no Tietê e no Pinheiros é resultante do lixo jogado nas ruas.

O renascimento do Tâmisa O maior projeto na história da Grã-Bretanha

Atualmente, os 500 maiores rios do planeta enfrentam problemas com a poluição, segundo dados da Comissão Mundial de Águas. Contudo, diversas cidades conseguiram transformar seus rios mortos em belos retratos de cartão postal. O Tâmisa, que corta a cidade de Londres, na Inglaterra, e tem uma extensão total de 346 km, é um exemplo. Sua poluição começou nos idos de 1610, quando a água do rio deixou de ser considerada potável. Já a despoluição teve início em meados do século 19, na época em que o rio havia conquistado o apelido de Grande Fedor. Outro motivador foram as epidemias de cólera das décadas de 1850 e 1860.

Inicialmente, os engenheiros criaram um sistema que captava os dejetos produzidos na região metropolitana de Londres e os despejava no Tâmisa, outra vez, quilômetros abaixo. A solução funcionou por alguns anos. No entanto, com o crescimento da população, a mancha de esgoto foi subindo e, na década de 1950, o rio estava, mais uma vez, biologicamente morto. Foi então que as primeiras estações de tratamento de esgoto da cidade foram construídas. O sistema foi ampliado e aperfeiçoado no decorrer dos anos.

Além do tratamento do esgoto, uma legislação ambiental rígida obrigou as fábricas a eliminarem o despejo de poluentes. Um sistema de contenção das cheias também foi construído, e trechos de concreto, que impermeabilizavam as margens, foram retirados. Assim, abriu-se espaço para solos de lama e mais habitats para a vida selvagem. Hoje, existem 125 espécies de peixes no Tâmisa e mais de 400 espécies de invertebrados.

Aves, focas e baleias também são avistadas. Os esportes aquáticos voltaram a ser praticados.

Mas a guerra é constante. A Thames Water, empresa de saneamento de Londres, continua investindo pesado no sistema de esgoto e na infraestrutura. Dois barcos percorrem o Tâmisa, de segunda a sexta-feira, e retiram 30 toneladas de lixo por dia. Todos os detritos são coletados por grades instaladas na proa e por esteiras que varrem o leito do rio. Câmeras de vídeo, radares e sonares informam a localização do lixo. A reforma das estações de tratamento, fiscalização de despejo, tratamento de todo material orgânico e inorgânico e consertos de encanamentos malfeitos é constante. Desde 1989, quando a empresa foi privatizada, foram investidos mais de 1 bilhão de libras esterlinas (cerca de R$ 5 bilhões). ano 02 . 11ª edição

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Energia verde China + Brasil

Energia Renovável: O Novo Plano Quinquenal da China.

E o que o Brasil e o mundo tem a ver com isso?

Por Marcelo Mello Sendo o principal parceiro comercial do Brasil e já estando presente no setor energético nacional, por meio de suas subsidiárias brasileiras, a China está finalizando o seu 13º Plano Quinquenal para o período 2016-2020 (Xi-Sán-Wu) e deverá anunciálo em março de 2016, que é um dos instrumentos principais para nortear o conjunto de ações e programas para o seu desenvolvimento econômico no período 2015-2020.

No mês de outubro passado, a versão final do plano que contempla recomendações e comentários realizados pelos órgãos governamentais envolvidos, academia, empresas do setor e recepção de vários comentários e diversas instituições, associações e centros especializados internacionais foi discutida pelo Governo e sua divulgação gera expectativa em todo o mundo, já que uma eventual redução da taxa de crescimento da economia chinesa, hoje em torno de 7%, tem impacto óbvios na grave crise 24

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que travessa a economia mundial, com reflexos significativos em particular em países emergentes e exportadores de commodities minerais e de alimentos, como é o caso do Brasil.

Mas a relevância do 13º Plano 2016-2020 igualmente se verifica ao abordar outro tema de enorme importância para o mundo:

A China prevê investimentos maciços e um plano de ações ambicioso para desenvolver a “economia verde”, aumentando o uso de fontes renováveis de energia e desenvolvendo tecnologias aplicáveis, de forma a reduzir, de forma planejada, a emissão de gases de CO2 e outros gases de efeito estufa.

Entre as medidas concretas, segundo o Centro de Direito e Política Ambiental da Universidade de Yale, o 13º Plano poderá estabelecer limites para as emissões de CO2, racionalizaçãoe redução do uso do carvão, desenvolvimento de novas tecnologias de energia renovável, o estabelecimento de novos marcos legais, adoção de tributos específico para emissões, promoção da política de celebração de acordos multilaterais internacionais. É importante notar que a adoção e utilização intensa de tecnologias limpas de carvão em novos empreendimentos é uma realidade, bem como o Governo já emitiu, no início de janeiro deste ano, legislação específica, regulando o uso de certos tipos de carvão, as chamadas “Medidas Provisórias sobre o Gerenciamento da Comercialização e Qualidade do Carvão”, as quais tratam dos padrões de qualidade do carvão a ser produzido, comercializado e utilizado no mercado chinês.

Ou seja, a China quer menos poluição, menos voracidade energética e mais desenvolvimento sócio-econômico sustentável para sua gigantesca população.

Mas o que tem a ver o 13º Plano chinês para o Brasil, especialmente para o seu setor energético, considerando que os dois países assinaram recentemente 35 acordos em maio deste ano, bem como considerando os termos do Plano Decenal de Expansão de Energia do Brasil (PDE) 2024, cuja minuta foi debatida em audiência pública recente e divulgado pelo Ministério de Minas e Energia e a Empresa de Pesquisa Energética?

Apesar de se esperar que o 13º direcione ações para desacelerar os incentivos às indústrias metalosiderúrgicas, por exemplo, isso absolutamente não significa que as que existem vão acabar de uma hora para a outra. Ao contrário, terão que ser muito mais eficientes e portanto seletivas nos seus parceiros. E talvez até tenham que instalar, adquirir ou aprimorar unidades suas no exterior.

O conceito de sustentabilidade, o aumento da eficiência energética e o incremento da utilização de energias renováveis são medidas concretas e previstas no PDE 2024, que propunha uma matriz energética para o país, com “grande participação de fontes renováveis de energia no final do horizonte”, o que “permite que o país atinja as metas de emissão de gases de efeito estufa (GEE) estabelecidas na Política Nacional sobre Mudança do Clima – PNMC e nos acordos internacionais sobre clima. O Decreto 7.390/10, que regulamenta a PNMC, estabelece que, no setor de energia, o plano setorial de mitigação e adaptação às mudanças do clima é o próprio Plano Decenal de Energia.”

Além disso, o Plano de Ação Conjunta entre os países, que traz as orientações estratégicas e abrangentes para o desenvolvimento da Parceria Estratégica Global Brasil-China dispõe, no item 6, entre os seus objetivos gerais, o que se segue:

Trabalhar pela priorização do desenvolvimento sustentável nas estratégias nacionais e iniciativas de cooperação, assegurando a integração das dimensões econômica, social e ambiental.

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Mais especificamente, no que se refere ao setor energético o Plano reconhece, no seu artigo 6º, o grande potencial de cooperação entre os países e se compromentem a “promover a implementação de projetos de cooperação na área de energia e mineração, acompanhar a implementação de projetos e facilitar investimentos bilaterais, bem como o desenvolvimento conjunto de tecnologias.”

Essa cooperação será fortalecida nas áreas de geração de eletricidade, havendo intercâmbio de “percepções sobre tecnologias e o desenvolvimento tecnológico conjunto e facilitarão a cooperação em tecnologias de transmissão de energia e em projetos de construção”.

Dado o grande potencial na área de fontes de energia renováveis, o Brasil e a China acordaram

Conclusões Podemos constatar que há um grande alinhamento entre os princípios, objetivos, metas e ações que se encontram estabelecidadas no 13º Plano Quinquenal 2016-2020 do governo chinês , no PDE 2024 do governo brasileiro e no Plano de Ação Conjunta, que promove a cooperação entre os dois países. É justamente nesse contexto que esses países emergentes poderão desenvolver 26

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a que a cooperação também se desenvolverá no âmbito da “eficiência energética, em redes elétricas inteligentes [conhecidas como “smart grids”] e no desenvolvimento de novas fontes de energias, especialmente de fontes renováveis (eólica, solar, hidroelétrica, biocombustíveis e biomassa)”.

Há, igualmente, previsão para o desenvolvimento de parcerias na área de biocombustíveis, “com vistas a consolidar seu papel como commodities energéticas e a disseminar sua produção e uso internacional”.

No item 10, do artigo 6º, as partes tratam do intercâmbio para “sobre políticas públicas, metodologias de planejamento de longo prazo, esforços de conservação e desenvolvimento conjunto de novas tecnologias”.

intensa cooperação econômica-financeirateconológica que permitam a ambos lograrem esses objetivos.

O Brasil pode ter na China um parceiro efetivo para buscar os investimentos necessários para que as metas na área de eficiência energética e maior participação de fontes renováveis previstas na última versão do PDE 2024 possam

ser atingidas, mas até mesmo ampliadas, jáque a China decididamente implantará um conjunto de ações para desenvolver a Economia Verde.

Com certeza, o plano chinês estimulará suas empresas e instituições de fomento a investirem em projetos e empresas de energia renovável no exterior. O Brasil, em razão de seu potencial em fontes renováveis, como a energia eólica e solar, e de já possuir uma matriz energética que privilegia as fontes limpas, principalmente em razão da geração elétrica de fontes hídricas, pode, e deve, colocar-se como parceiro preferencial para o grande projeto chinês de Energia Verde.

Para isso, será necessário coordenar ações não somente no plano institucionalgovernamental, mas principalmente buscar mecanismos concretos, eficientes e não burocráticos para expeditar e estimular a formação de parcerias empresariais, a celebração de acordos de cooperação e transferência de técnicos e intercâmbio de tecnologias na área de fontes renováveis, disponibilização de linhas de financiamento, inclusive em reminbireais, para que sejam aplicadas aos projetos e empreendimentos desenvolvidos conjuntamente por empresas e investidores que atuam nos dois países.

O Brasil necessita desenvolver tecnologias na área de fabricação de células fotovoltaicas, buscar apoio ao financiamento para a retomada de programas como o etanol e os biocombustíveis e, principalmente, estimular os investimentos para o aumento da capacidade instalada de energia de fontes eólica e solar e da infraestrutura e tecnologia de transmissão.

Não podemos nos esquecer que o Brasil continuará a ser um grande produtor de petróleo e gás e em algumas regiões, como a região Sul, a utilização do carvão mineral é de grande importância, inclusive para o desenvolvimento sócio-econômico regional.

Contudo, a cooperação tecnológica com a China se mostra interessante e factível, já que esta utiliza e desenvolve tecnologias do tipo “ carvão limpo” (“clean coal”), que reduzem as emissões de gases e poderão ser utilizadas em empreendimentos conjuntos.

Com os acordos firmados em 2015, a China já manifestou seu interesse e disposição de

R$ 1,4 trilhão investir cerca de 200 bilhões de reais no Brasil, para projetos localizados em seu território, nas áreas de infra-estrutura, transporte, agricultura, mineração, energia, ciência e tecnologia, aeronáutica, construção naval e planejamento setorial.

Assim sendo, no momento em que o Brasil declara que seu plano de investir R$1,4 trilhão para suprir expansão de energia até 2024, saltando a capacidade geração de parques eólicos para 23,9GW e das fontes de energia Solar+ Biomassa + PCHs para 32,6GW e a China decide aumentar a eficiência, competitividade e qualidade de sua indústria, bem como implantar um profundo plano que visa transformá-la de grande poluidor em um país reconhecido por ter uma Economia Verde. É preciso que estejamos todos preparados, no Brasil, para alinhar as ações e implantarmos mecanismos e formas concretas de cooperação em todos os níveis.

Nos dizeres do Professor de Economia, Hu Angang, da Universidade de Tsinghua, que participou do processo de elaboração do 13º Plano, “a China precisa se transformar no maior gato negro do mundo no maior gato verde do mundo!”.

O Brasil pode, e deve, se habilitar e participar ativamente desse processo de desenvolvimento sócio-econômico sustentável, colhendo enormes benefícios para o seu próprio desenvolvimento, com geração de emprego e renda, uso de novas e modernas tecnologias, revitalização de sua infraestrutura e a adoção de uma matriz que poderá ser ainda mais limpa e renovável!

Marcelo Mello advogado graduado pela UFRJ,

mestre em gestão pela UFF-Latec-RJ, especializado em energia e sócio do MMA Advogados

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A questão social e a sustentabilidade Um novo olhar sobre o desenvolvimento norte-americano Bobby Kennedy, em 1968.

Recentemente, A ONG Social Progress Imperative (www.socialprogressimperative.org/pt), liderada pelo professor Michael Porter, da Universidade de Harvard, EUA, sugeriu uma revisão do índice. Não se trata de enterrá-lo de vez, mas de complementálo com um índice que meça tudo, menos o rendimento econômico. “Se você eliminar os indicadores econômicos, é possível ver a relação entre o progresso econômico e social e entendêlo muito melhor”, afirma o diretor executivo do grupo, o economista britânico Michael Porter.

Angus Deaton Prêmio Nobel da Economia (2015)

À medida que se avança no tempo e nos debates, consolida-se o conceito de desenvolvimento sustentável, do qual o crescimento econômico com equidade social e equilíbrio ecológico são pilares.

Na Rio 92, já estavam presentes as premissas sobre a necessidade de maior integração das três dimensões do desenvolvimento sustentável: econômica, social e ambiental. Não é de hoje, também, que vem sendo questionada a validade do PIB (Produto Interno Bruto) como medidor da riqueza e da pobreza das nações: afinal, esse instrumento desconsidera o nível de desigualdade de renda e o bem-estar das pessoas. As discussões sobre uma nova forma de mensurar o crescimento ou o subdesenvolvimento dos países ganham força na atualidade, e suas bases inclusive renderam o Prêmio Nobel da Economia 2015 ao economista escocês, naturalizado norteamericano, Angus Deaton.

O PIB nasceu nos anos da Grande Depressão (anos 1930) e da Segunda Guerra (1939-1945), criado pelo economista russo, naturalizado norte-americano, Simon Kuznets, ganhador do Nobel da Economia em 1971. Uma conhecida crítica ao indicador diz que ele “mede tudo, exceto aquilo que faz a vida valer a pena”. A frase ficou famosa com a declaração do ex-senador 28

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Michael Porter da ONG Social Progress Imperative

A proposta de Green, que, por muitos anos, estudou o desenvolvimento internacional, foi elaborada em conjunto com o diretor do escritório norte-americano da revista britânica The Economist, o jornalista Matthew Bishop. O mecanismo em questão é o Índice de Progresso Social (SPI, na sigla em inglês), que começou colhendo informações de 54 diferentes indicadores de bem-estar, tais como acesso às escolas, cuidados de saúde, meio ambiente limpo, saneamento e nutrição.

INDICADORES DE BEM-ESTAR

Em termos gerais, todos giram em torno de três perguntas: 1. O país pode prover as necessidades mais básicas de seus habitantes?

2. Foram dadas as bases de sustentação para que pessoas e comunidades consigam melhorar seu bem-estar de forma sustentável?

3. Existem oportunidades para que todos os indivíduos consigam alcançar seu máximo potencial?

expressão, tolerância e acesso à saúde básica, mas vai pior nos rankings de violência, saneamento e acesso ao ensino universitário.

Boa parte das informações coletadas ainda precisa ser processada para que se extraiam conclusões mais significativas. Mesmo assim, o índice já mostra dados importantes sobre a distinção entre estruturas econômicas e sociais, tomando como exemplo o que ocorreu com o movimento batizado de Primavera Árabe - onda de protestos populares contra governos do mundo árabe que eclodiu em 2011 por causa do agravamento da situação dos países provocado pela crise econômica e pela falta de democracia: havia um grupo de países que estavam indo muito bem economicamente e, de repente, ocorreu um colapso social. “Claramente uma política baseada apenas no crescimento econômico não funcionou, a ponto de gerar uma anomia social”, avalia Green.

Países nórdicos lideram a lista do SPI

Na lista do SPI, que engloba 132 países, as primeiras dez posições são ocupadas por todos os países nórdicos, além de democracias liberais, como Nova Zelândia, Austrália e Canadá. Em seguida, estão cinco membros do G7: Alemanha, Reino Unido, Japão, Estados Unidos e França. O ponto forte do Japão, por exemplo, está no fato de o país conseguir prover as necessidades básicas de seus cidadãos. O país, no entanto, fica abaixo da média de bem-estar e de oportunidades e tem baixa pontuação no quesito tolerância e inclusão.

Já os Estados Unidos ocupam a posição 23 na categoria de provimento de necessidades básicas, mas são considerados o quinto país quando se fala no oferecimento de oportunidades. Mesmo sendo o país que mais gasta com atenção médica, este não se saiu bem na categoria esperança de vida.

A parte de baixo da tabela está dominada por economias em aperto, mas países ricos em petróleo, como Rússia e Arábia Saudita, também têm desempenho precário em termos de desenvolvimento social. Nova Zelândia e Itália, que estão próximas em termos de PIB, estão separadas por 29 posições na tabela do SPI. O Brasil, por sua vez, está na posição 46. Quando comparado a outros países de renda per capita semelhante (Irã, África do Sul, Sérvia, Venezuela, Argentina e Tailândia), o país se sai melhor em quesitos como liberdade de

Professor Michael Green

Em 2013, o Paraguai tornou-se o primeiro país a usar oficialmente o SPI para fundamentar a tomada de decisões políticas. Mas a real utilidade do índice vai se dar quando se puder compará-lo com outros dados. Comparar o SPI e os gastos públicos, por exemplo, pode ajudar a resolver o debate sobre o Estado mínimo ou o Estado grande. Outra prova da utilidade seria a medição da desiguladade da renda em comparação com a do progresso social para comprovar a “hipótese da desigualdade”. ano 02 . 11ª edição

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Pilares da sustentabilidade

O tripé do desenvolvimento sustentável é formado por aspectos econômicos, ambientais e sociais, que devem interagir, de forma holística, para satisfazer o conceito. Sem esses três pilares, a sustentabilidade não se instaura. Ainda são discutidos novos pilares, como a questão cultural e o da tecnológica, para complementar a sustentação da questão como um todo. É importante verificar que esses conceitos podem ser aplicados tanto de maneira macro, para um país ou para o próprio planeta, quanto da maneira micro, para a sua casa ou mesmo numa pequena vila agrária.

Social Trata-se do capital humano de um empreendimento, comunidade, sociedade como um todo. Além de pagar salários justos e estar adequado à legislação trabalhista, é preciso pensar em outros aspectos como o bem-estar dos seus funcionários, propiciando, por exemplo, um ambiente de trabalho agradável, pensando na saúde do trabalhador e da sua família.

Além disso, é imprescindível ver como a atividade econômica afeta as comunidades ao redor. Nesse item, estão contidos também problemas gerais da sociedade, como educação, violência e até o lazer.

Consumo, pobreza e bem-estar

O Prêmio Nobel de Economia de 2015 foi concedido ao economista escocês, naturalizado norte-americano, Angus Deaton, 69 anos, pela sua análise do consumo, pobreza e bem-estar. Em sua justificativa, a Academia Real de Ciências da Suécia registra que o trabalho de Deaton tem tido grande influência na formulação de políticas públicas, auxiliando, por exemplo, a determinar como grupos sociais diferentes são afetados por mudanças específicas em tributação. “Para projetar uma política econômica que promova o bem-estar e reduza a pobreza, devemos primeiro entender as escolhas de consumo individuais. Ao vincular as escolhas individuais detalhadas e resultados agregados, sua pesquisa tem ajudado a transformar os campos da microeconomia, macroeconomia e economia do desenvolvimento”, destaca a justificativa.

O trabalho pelo qual Deaton foi premiado é

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Ambiental Refere-se ao capital natural de um empreendimento ou sociedade. É a perna ambiental do tripé. Aqui, assim como nos outros itens, é importante pensar no pequeno, médio e longo prazo. Em princípio, praticamente toda atividade econômica tem impacto ambiental negativo. Nesse aspecto, a empresa ou a sociedade deve pensar nas formas de amenizar esses impactos e compensar o que não é possível fazê-lo.

Econômico A palavra economia, no dicionário, é definida como organização de uma casa, financeira e materialmente.

Com o passar dos séculos, a palavra foi direcionada apenas à vertente dos negócios ou ao sentido da poupança. Esse pilar traz o retorno do significado de cuidar da casa difundido pelos gregos na antiguidade.

São analisados os temas ligados à produção, distribuição e consumo de bens e serviços e devem ser levados em conta os outros dois aspectos, ou seja, não adianta lucrar devastando, por exemplo. baseado em três questões centrais:

1. Como os consumidores distribuem seus gastos entre diferentes bens?

2. Quanto da renda da sociedade é gasto e quanto é poupado?

3. Como é possível medir e analisar melhor o bem-estar e a pobreza?

O estudioso formulou o Paradoxo de Deaton baseado na observação do excesso de suavidade do consumo diante de choques de rendimento permanente não previstos. Adicionalmente à análise de comportamento doméstico em nível microeconômico, as áreas de investigação de Deaton incluem a medição da pobreza global, a economia da saúde e o desenvolvimento econômico. Ele é doutor em Economia pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e professor de Economia e Relações Internacionais na Universidade de Princeton, Estados Unidos, desde 1983.

Na estreia do projeto Recicla Plastech, em 2013, foram confeccionados 7 mil banquinhos infantis de matéria plástica reciclada, a partir de resíduos descartados durante as etapas de montagem e desmontagem dos estandes da Plastech Brasil, e doados a dezenas de escolas públicas de três municípios no entorno da feira – Caxias do Sul, Farroupilha e Flores da Cunha.

Plastec incentiva reciclagem de plástico

Comunidades escolares participam de projeto de conscientização

Orlando Marin Presidente da Plastech Brasil 2015

Uma das mais importantes feiras e plataforma de negócios da cadeia petroquímica de transformação, a Plastech Brasil 2015, organizada pelo Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho (Simplás), teve mais de 25 mil visitantes no Parque de Exposições da Festa da Uva, em Caxias do Sul/RS, de 25 a 28 de agosto. Além do recorde de público, o presidente da feira, Orlando Marin, celebra as oito toneladas de resíduos recicláveis recolhidas pela mobilização de professores, alunos e famílias ligados a 42 escolas de educação infantil da rede pública municipal caxiense. Graças ao projeto Recicla Plastech Brasil, parte delas foi transformada em 1,2 mil lixeiras destinadas em conjuntos a 600 ambientes escolares: uma verde, para os descartes orgânicos, e outra amarela, para os reaproveitáveis – no mesmo sistema de cores da coleta urbana do município, para facilitar a assimilação por parte das crianças. ano 02 . 11ª edição

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As três escolas com maior volume de resíduos recolhidos, grande parte na forma de embalagens plásticas, foram premiadas com retroprojetores.

A campeã foi a comunidade escolar da Escola de Educação Infantil Geny Adélia Dalle Molle, do bairro São Cristóvão, com 764 quilos. Em segundo lugar, ficou a Escola Dolaimes Stédile Angeli, do bairro Centenário, com 514 quilos. O terceiro lugar coube à Escola Vovó Phelomena, do bairro Serrano, com 440 quilos. “Esse projeto nasceu dentro do Simplás e da Plastech Brasil e recebeu um grande apoio da prefeitura. É um exemplo para mudar o país, para pararmos de falar de coisa ruim e começarmos a ter algo bom para mostrar”, ressalta o presidente da feira, Orlando Marin.

Patrocinadores do Recicla Plastech Brasil, o Plastivida - Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos - e o Instituto do PVC apresentaram, além do convite para levar a ideia ao Ministério do Meio Ambiente, o recém criado Troféu Plastivida 2015 - Plástico, Ciência e Sociedade, destinado às três escolas. A entrega ocorreu dia 25 de setembro na Geny Adélia Dalle Molle. Entre as presenças, estiveram a secretária

Entrega dos troféus: Marléa (E), Velho, Eliana, Lorandi, Bahiense e Marin

municipal de Educação, Marléa Ramos Alves; o prefeito Alceu Barbosa Velho; a coordenadora da escola, Eliana Borges; o presidente do Simplás, Jaime Lorandi; o presidente do Plastivida, Miguel Bahiense, e Marin.

Toneladas de resíduos recicláveis foram transformadas em lixeiras para escolas

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Polo Naval de Rio Grande

Energia em foco na Feira do Polo Naval

Congresso estimula novas alternativas de investimento para a região sul Após três dias de palestras, painéis, negociações, debates e exposição, a 4ª Feira do Polo Naval RS, em Rio Grande, encerrou suas atividades em 12 de novembro com 11,2 mil visitantes e 160 palestrantes.

Nessa edição, a diversidade econômica foi o foco.

Além de reconhecer o trabalho do Porto de Rio Grande ao longo de 100 anos e de refletir sobre o atual momento do setor, a feira estimulou novas alternativas de investimento para a região. O Congresso Sul Energia foi um exemplo, focando em um segmento que promete importantes investimentos na região sul nos próximos anos.

Sul no Contexto da Energia, o diretor-presidente da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), Paulo de Tarso, defendeu a importância da Companhia para o município. Ele comemorou a prorrogação, pelo Ministério de Minas e Energia, dia 11 de novembro, da concessão de serviço público de distribuição de energia elétrica pela CEEE por mais 30 anos. “Fechamos um grande desafio que trazia a todos nós uma incerteza, pois estávamos desde julho do ano passado com a concessão não renovada”, disse.

No painel Energia Eólica no Rio Grande do Sul e Seus Desafios, o gerente de Planejamento e Programas da Secretaria de Minas e Energia do RS, Eberson Silveira, ressaltou que debater a energia eólica é essencial para se pensar no futuro. “Estamos elaborando na Secretaria o Plano Energético 2015/2025, e a energia eólica tem um capítulo especial”, relatou.

Novos Projetos que vão Impactar a Geração de Energia no RS também foi tema do congresso. Um dos palestrantes foi Fabio Vicenzi, representando o Grupo Ital Puff and Power no Brasil. Ele falou sobre o andamento das instalações de painéis solares fotovoltaicos em Rio Grande e comentou que barreiras tarifárias e não-tarifárias estão sendo enfrentadas devido ao material totalmente importado. Por sua vez, o engenheiro André Castro, representando a Bolognesi, anunciou que, em 2019, a empresa pretende instalar uma termoelétrica que terá conexão com a subestação do Povo Novo. Será uma âncora para o terminal de regaseificação e suprirá de gás natural cada usina termoelétrica. “Nossa ideia é desenvolver o mercado de gás não apenas em Rio Grande, mas no Estado”, afirmou.

No painel Políticas Públicas do Rio Grande do

Silveira: energia eólica foi tema em debate no congresso

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Seminário enfoca Nova Era, Novo Homem

Diretor da Revista Meio Sustentável fala sobre influência humana sobre a Terra Nova Era, Novo Homem foi o tema central do 1º Seminário de Sustentabilidade, realizado dia 17 de outubro na Câmara de Vereadores de Butiá/RS. A organização foi da Associação Amigos Solidários com apoio da CRM (Companhia Riograndense de Mineração), da Secretaria Estadual de Minas e Energia e da CMPC Celulose Riograndense. Um dos palestrantes convidados foi o diretor de Inovação e Relacionamento da Revista Meio Sustentável, Ronei Orsini, que falou sobre a matéria de capa da 10ª edição da Revista Meio Sustentável.

Orsini relatou que o homem é o primeiro ser na trajetória do planeta a se transformar em uma arma geofísica destrutiva. Conforme estudiosos, graças ao ser humano, a proporção de eliminação das espécies é 50 vezes maior que a provocada antes de sua interferência na Terra. Tamanho poder devastador tem levado pesquisadores a defender que já teríamos entrado em um novo período geológico da história da Terra ou até mesmo em uma nova era: o antropoceno (humano novo).

que ficar para trás o individualismo, a ganância, a ignorância, a inércia e a corrupção. Esse novo homem terá que ser seletivo no descarte dos resíduos, econômico, consumir de forma consciente, preservar a saúde e o meio ambiente. Em vez de usar veículos movidos a combustível fóssil, utilizará aqueles movidos à energia renovável, transporte coletivo ou andará a pé.

Outro palestrante do evento foi o superintende de Engenharia da CRM, Nilo Antônio Rigotti que apresentou dados do potencial da região carbonífera brasileira e de outros países.

O antropoceno equivale a um período sem expectativas de continuação da humanidade sobre a Terra se não for acelerado um processo de mudanças que passam principalmente pela forma de pensar e agir das pessoas. A inteligência e o vasto conhecimento tecnológico terão que ser utilizados em larga escala no sentido de reconstruir o que foi destruído até agora. Mas, desta vez, respeitando os princípios da sábia natureza, da qual fazemos parte, não como seres superiores, mas como mais uma engrenagem necessária ao equilíbrio ecológico.

Entre as características desse novo homem sustentável, estão uma mente coletiva, altruísta, ética, educada ambientalmente e levada a agir. Terão 34

meio sustentável . RS

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