8a Edição

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ANO 02 . VIII EDIÇÃO ABRIL/MAIO/2015 R$ 9,00

Campanha

mudanças climáticas não é

utopia

entrevista Genebaldo Freire Dias

Pg. 06

gaúcha sustentável e o desenvolvimento

caderno especial

Pg. 22



EDITORIAL

O crescimento populacional mundial configurase como uma ameaça à sobrevivência do planeta e, por conseguinte, daqueles que o habitam. Tal prognóstico deriva das demandas resultantes da aceleração desse crescimento, as quais apresentam suas consequências deletérias no momento em que um número cada vez maior de pessoas passa a acessar os recursos necessários à sobrevivência. O aumento do consumo de água, alimentos, energia, entre outros bens, a necessidade de acesso a saúde, educação, moradia, transporte (individual ou coletivo), segurança, o descarte de lixo doméstico, industrial ou atômico, entre outros fatores, podem determinar o aniquilamento dos recursos à bênção de viver neste “planeta azul”. Esse fenômeno ocorre, em sua maior parte, em mercado emergentes como a China, onde o crescimento anual do PIB equivale ao acréscimo de uma nova Coréia do Sul. Em contrapartida a esse fenômeno, o crescimento sustentável tem se apresentado como solução para a geração de energia limpa, por meio da instalação de parques eólicos e de painéis fotovoltaicos para geração de energia solar, ou dos processos de utilização de biocombustíveis. Esses mercados, agora atuantes no Brasil, começam a prover trabalho e renda aos municípios e, consequentemente, contribuem para o aumento da arrecadação das prefeituras dos muncípios onde ocorrer a captação de energia limpa. Tais municípios podem se transformar em palco de uma nova consciência coletiva pró-sustentabilidade, segundo a qual, o conceito de geração de energia limpa traz a riqueza. O conceito pode ser também transferido e praticado com os cuidados com a coleta e destino do lixo, da economia da água, da preservação das riquezas ambientais existentes em cada região.

O sinal dessa nova tendência já pode ser observado em algumas regiões do país, que inauguram um conceito de cidades limpas, verdes, ou ainda, sustentáveis.

Quanto mais pessoas conviverem de perto com esse conceito, mais projetos educacionais e ambientais poderão ser realizados, como hortas de produtos orgânicos nas escolas, coleta seletiva, entre outras práticas já existentes. Além disso, podem ser organizados mutirões com o objetivo de limpar as águas de córregos, riachos, rios, lagos e do mar – certamente contando com recursos e

apoio logístico daqueles que vierem a se envolver nesse empreendimento.

Enfim, precisamos encontrar uma forma de motivar as pessoas de todas as idades a assumirem uma mudança de comportamento, de hábitos e de paradigmas enquanto ainda se encontram à disposição novas oportunidades de transformação dessa realidade.

Os maiores investimentos no mundo e os maiores financiamentos públicos ocorrerão para atender as demandas de infraestrutura das cidades, as quais já podem realizar essas obras dentro do conceito de construção sustentável. Precisamos abandonar a prática de refazer periodicamente estradas, pontes e viadutos, que têm custo elevado e que provocam perdas consideráveis ao meio ambiente.

Considerando que já dispomos de materiais de alta qualidade para solucionar os problemas ligados à construção e manutenção de estradas, entendemos que devam ser praticados novos sistemas de construção, diferentes dos que vem sendo empregados, que, na maioria das vezes, são praticados de forma antiética, sem respeito ao bem comum: não podemos ficar com nossas estradas e ruas sendo constantemente recapadas de forma provisória não somente pelos danos materiais que isso possa trazer aos veículos mas principalmente pelos acidentes que se verificam pelo mau estado dessas estradas. Tudo indica que, por termos chegado ao limite da tolerância quanto ao desperdício dos bens de consumo, à poluição do ar, das águas e de todos os espaços que nos cercam, precisamos, urgentemente, criar um cenário propício para promover as mudanças que nos possibilitarão crescer como pessoas que desejam viver com sustentabilidade.

Essa caminhada também nos levará a um resgate da ética, que se tornou ausente em todos os setores da sociedade. O que mais nos preocupa é que ela deixou de “frequentar” ambientes outroras impolutos, como os setores do ensino, nos quais ocorrem desvios de toda ordem – desde os que ligam à distribuição de merenda, uniformes e material escolar até os que envolvem os interesses ocultos que permeiam medidas de inovação no ambiente de universidades.

Precisamos caminhar a passos largos em direção à autogeração da energia, ou seja, devemos realizar a geração de energia no próprio local de consumo: cada ano 02 . 8ª edição

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casa, fazenda, fábrica, casa comercial, empresa de serviço pode gerar parte da energia consumida, prática que, acima de tudo, poderá ser estendida a todos os âmbitos de influência daqueles que se virem envolvidos nesse processo. Assim, com o tempo, o homem deixará de ser um predador diário do meio ambiente.

Contudo, para que esse cenário possa se desenvolver, devemos contar com a participação não só de empresários inovadores, que passem a produzir motores e aparelhos que se alimentem de energia limpa mas também de núcleos familiares que, voltados para a aplicação do conceito de vida sustentável, invistam em geração de energia solar e eólica, em práticas de reaproveitamento de sobras orgânicas, reuso da água, descarte correto do lixo, racionalização do uso de meios de transporte, entre outros. Temos que repensar e assumir soluções do transporte coletivo das cidades: não podemos conviver mais com esse tipo de transporte movido a combustiveis fósseis, isso já é muito antigo para os dias de hoje.

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As escolas – públicas e privadas – precisam engajar-se em um novo conceito de preservação do ambiente. Se antes percebíamos como remotas as possibilidade de extinção dos meios de subsistência em nosso planeta, agora torna-se perceptível a necessidade de serem tomadas medidas urgentes, no sentido de reverter esse processo.

Se as escolas assumirem seu papel de multiplicadoras de uma educação voltada para o coletivo, compartilhando com pais, familiares, amigos e sociedade a adesão a um movimento de desenvolvimento de uma vida sustentável, poderemos vislumbrar que, por meio de soluções simples para questões que se estendem desde os padrões de consumo de energia (em casa, no trabalho, na escola) até hábitos que envolvem o descarte de lixo, utilização de meios de locomoção e de outros bens, gradativamente, à medida que forem abrindo suas portas para acolher um novo conceito de sustentabilidade, as escolas estarão cumprindo o papel que lhes cabe. Dessa forma, a sociedade, engajada nesse movimento, irá sistematizando os comportamentos e hábitos que a levarão à sustentabilidade, pois a melhor inovação prósustentabilidade ainda será aquela em que terá início no comportamente e na consciência do homem atual. Á Direção meio sustentável

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Rio Grande do Sul

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ED. 08

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ÍNDICE

CAPA

MUDANÇAS CLIMÁTICAS NÃO É UTOPIA

A SECA DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA MÁ GESTÃO É O PRINCIPAL FATOR DA CRISE DA ÁGUA ERA GEOLÓGICA POÇOS ARTESIANOS ÁGUAS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEAS

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ÁGUA É UM DOS ELEMENTOS MAIS VALIOSOS PARA A HUMANIDADE

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O MAIOR COMPLEXO EÓLICO DA AMÉRICA LATINA

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CAMPANHA GAÚCHA E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

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PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS

A NATUREZA SENDO PRESERVADA NO LITORAL ONU: OS DESAFIOS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL CLASSIFICAÇÃO DOS PAÍSES QUANTO À EMISSÃO DE GÁS CARBÔNICO BALANÇO DO SETOR EÓLICO ATLAS EÓLICO DO RIO GRANDE DO SUL EVENTOS

ano 02 . 8ª edição


mudanças climáticas não é

utopia

Inovação do próprio homem O tema mudanças climáticas tem ocupado espaço na mídia brasileira e internacional em que são apresentados os riscos que homens, mulheres e crianças sofrem ou poderão vir a sofrer em consequência da reação da natureza a todas as agressões que tem sofrido ao longo de centenas de anos. O homem, principal protagonista desse descaso em relação ao ecossistema, ao continuar mantendo seus hábitos de consumo, ao consolidar comportamentos agressivos, na forma de tratar o ecossistema e ao seguir velhos paradigmas que preconizam a inesgotabilidade dos recursos naturais, esquece que o planeta é sua própria casa.

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créditos foto: guardianlv.com

Com base nesse contexto, apresentamos a seguir uma entrevista com o Professor e escritor Genebaldo Freire Dias, autor do Livro: Mudança climática e você” (Editora Gaia/Global) , que afirma que a maior invenção que precisa acontecer para existir uma harmonia entre o homem e a natureza é o próprio homem se inovar.

Apresentamos também um artigo de Luciane Veeck e Nico Caltabiano sobre os desafios e impactos das mudanças climáticas e a importância da solidariedade global.

meio sustentável

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entrevista Genebaldo Freire Dias Autor dos livros publicados pela Editora Gaia/Global: “Mudança climática e você” “Educação ambiental: princípios e práticas” “Pegada ecológica e sustentabilidade humana”

MEIO SUSTENTÁVEL: O que dizer para as pessoas e governantes que ignoram, ou que consideram utopia, a situação que diz respeito às mudanças climáticas? GENEBALDO FREIRE DIAS: A mídia diz todos os dias. As notícias-tragédias são incontestáveis. Considerar isso utopia margeia um misto de insanidade, ignorância e demência. Ocorre que essas pessoas não querem (ou não podem) ver, ouvir e perceber. São impedidas pelo filtro dos seus interesses econômicos (os interesses políticos são econômicos, em sua essência) Só reagem quando a crise se torna aguda e ameaça o seu feudo. Aí é tarde.

MS: Quais iniciativas e práticas podem ser realizadas para as soluções das mudanças climáticas pela sociedade (indivíduos, governos, empresas, entidades)?

Professor Genebaldo Genebaldo Freire Dias: Bacharel em Ciências Biológicas, Mestre (M.Sc.) e Doutor (Ph.D) em Ecologia pela Universidade de Brasília (UnB). Professor (Graduação: Engenharia Ambiental; Pós-Graduação: Mestrado em Gestão Ambiental) e pesquisador da Universidade Católica de Brasília (1985-2013). Atuou como diretor da Área de Controle de Poluição no Governo do Distrito Federal; no Governo Federal, foi Coordenador de Avaliação de Impacto Ambiental; e Secretário de Ecossistemas da SEMA; Chefe do Departamento de Educação Ambiental do IBAMA; Diretor do Parque Nacional de Brasília e Coordenador do Núcleo de Educação Ambiental do Prevfogo -IBAMA, em Brasília. Atua como professor convidado em vários programas de Pós-Graduação no País. O intenso ativismo nacional e internacional conduziu Genebaldo a ser o autor brasileiro mais citado na área ambiental do país. Milhares de pessoas já participaram de suas oficinas, conferências e cursos de formação e sensibilização, no Brasil e no exterior. Como consultor independente, possui extensa participação em instituições como Gerdau Açominas, Polo Petroquímico de Camaçari, Cetrel S.A., Sesc, Senac, Senai, Senar, Sabesp, Valle, Petrobrás, WWF, várias agências da ONU, Braskem, Acesita, STF, STJ, STE, CST, Embraco, Ministério Público, Schulz S.A., e Secretarias de Estado de Meio Ambiente e Educação em todo o País (menos Acre).

GFD: Há inúmeros elementos de gestão ambiental que estão disponíveis à sociedade humana. Há uma gama de inovações e tecnologias igualmente potenciais para a redução da pegada ecológica humana sobre a Terra. Porém, a essa altura dos acontecimentos, serão exigidas da humanidade comportamentos, decisões e atitudes que ela nunca exibiu ao longo da sua escalada histórica pois estamos diante do maior desafio evolucionário da espécie: adaptarmo-nos à mudança climática. Isso significa profundas transformações nos nossos modos de produção e consumo, formas de organização política e social. Requer mudanças nos paradigmas de valores e percepção.

Ressignificar conceitos de felicidade, bem-estar, saúde e outros. Enfim, uma mudança profunda em todos os sentidos. E isso não poderá ser alcançado sem conflitos, riscos e sofrimentos. Foi assim que se decidiu. Não é apocaliptismo, nem ecorradicalismo ou surto de niilismo. É a pura e crua realidade cuja crueza milhões de pessoas já sentem na pele, no humor, no bolso, na saúde, na perda da qualidade de vida, no estresse, na depressão e na sensação de estarem vivendo uma vida de forma idiota, em todo o mundo.

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Ban Ki-moon, Secretário Geral das Nações Unidas

Luciane Veeck e Nico Caltabiano Luciane Veeck: Professora na área de Ciências Ambientais - The Open University, United Kingdom (www.open.ac.uk). Project Officer do Programa internacional de educação e treinamento para uso de satélites em meteorologia - WMO-CGMS Virtual Laboratory (http://vlab.wmo.int). Nico Caltabiano: Graduado em Oceanologia pela Universidade Federal do Rio Grande, Brasil, em 1994. Mestrado em Sensoriamento Remoto pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais em 1997 e doutorado em Oceanografia pela Universidade de Southampton em 2004. Trabalha atualmente para o escritório central do projeto CLIVAR (Climate and Ocean: Variability, Predictability and Change), localizado no First Institute of Oceanography, em Qingdao, China.

O desafio dos desafios Por Luciane Veeck e Nico Caltabiano

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Quantas vezes já ouvimos de pessoas mais idosas exclamações como “Nunca fez tanto calor assim!” ou “A enchente desse ano foi muito pior do que todas que já tiveram aqui”. É fácil perceber que alguma coisa mudou, e continua mudando, e que o clima da Terra está maluco. Uma das grandes notícias que apareceram recentemente na TV e jornais é de que o ano de 2014 foi oficialmente declarado o ano mais quente da história, com mais de 0.5oC acima da média do século 20 (NASA, 2015). Pesquisadores da NASA, a agência espacial dos Estados Unidos, calcularam que 2014 foi o 38º ano consecutivo de temperaturas acima da média histórica. Isso significa que ninguém nascido depois de 1976 viveu um ano com temperaturas abaixo da média. Mas o que significa ter um ano atrás do outro com mais calor? E quem é o verdadeiro culpado por esse tal de aquecimento global? Você? Eu? Nós? Centenas de pesquisadores do mundo inteiro, a cada 6 anos, reúnem-se e analisam milhares de trabalhos científicos publicados sobre mudanças climáticas e seus impactos nos sistemas terrestres. Ao final desse ciclo de 6 anos, juntamente com representantes de governos de todos os países, eles publicam o famoso “Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima”. Os dados apresentados no último desses relatórios, publicado em 2013-14 (IPCC, 2015), não deixam dúvidas de que a humanidade alterou e está alterando o clima na Terra, de maneira jamais observada nos últimos 5 mil anos. Nós estamos vivendo agora num período que os cientistas chamam de Antropoceno, a “era dos seres humanos”, por sermos os maiores agentes dos impactos que ocorrem na Terra. Mas meio sustentável

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“Mudanças climáticas não respeitam fronteiras; não respeitam quem você é - pobre ou rico, pequeno ou grande. Isso é o que chamamos de ‘desafios globais’, os quais exigem solidariedade global”

como conseguimos tal façanha?

Estamos usando recursos naturais de uma maneira jamais vista e com isso alteramos algumas regiões e ecossistemas além da nossa imaginação. Por exemplo, estamos desmatando florestas para dar espaço para áreas de cultivo intensivo da terra e criação de gado, pois precisamos alimentar uma população mundial cada vez maior e mais exigente. Nós também estamos altamente dependentes do uso de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo, para fornecer eletricidade, aquecimento e transporte. O uso desses recursos e a transformação dos ecossistemas produzem gases de efeito estufa. Dessa maneira, a Terra está aquecendo rapidamente além do que é natural, o que resulta em impactos ambientais. E alguns desses impactos já estão sendo observados em ecossistemas e até afetando populações de países inteiros. Um exemplo desses impactos é visto no nível do mar, o qual está subindo de maneira geral no mundo todo, e a previsão é que continue subindo com mais rapidez ainda. Isso ocorre, principalmente, ao aumento da temperatura dos oceano, mas também ao derretimento do gelo nos polos. Habitantes de pequenas ilhas nos Oceanos Índico e Pacífico já estão tendo que criar barreiras para a água do mar não invadir suas casas e, em casos mais críticos, até tendo que deixar as ilhas onde moraram a vida inteira. O aumento da temperatura dos oceanos também está tendo um efeito devastador em recifes de coral existentes nas regiões tropicais. Esses ecossistemas, de beleza incomparável, com uma fauna e flora muito ricas (quem se lembra do “Procurando Nemo”?), têm uma importância ecológica mu ito grande, com milhares de espécies de peixes e corais. Atualmente, muitos remédios estão sendo desenvolvidos a partir de animais e plantas encontrados em recifes de coral, e pesquisadores acreditam que de lá podem surgir novos remédios para o tratamento de câncer, entre outras doenças. Para ver os impactos das mudanças climáticas, não precisamos ir muito longe. A crise gerada com a falta de chuvas no Sudeste do Brasil mostra REFERÊNCIAS

NASA (2015), Global Summary Information - December 2014 [online]. Disponível em http://www.ncdc.noaa.gov/sotc/summaryinfo/global/2014/12 (acessado em 9 de fevereiro de 2015)


o quanto isso afeta grande parte da população, sem se importar com classe social. A atual seca, principalmente no Estado de São Paulo, pode ter origem a muitos milhares de quilômetros da região mais rica do Brasil. Vários estudos já mostraram que o desmatamento na região amazônica, além de aumentar a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, pode ter um efeito no regime das chuvas de regiões distantes, como o sul do Brasil. A umidade criada pela floresta por meio da evaporação dos rios e da transpiração das árvores é carregada pelo vento em direção ao sul do continente sul-americano. Após viajar milhares de quilômetros, essa umidade pode virar chuva. Com o desmatamento, a umidade é reduzida e, consequentemente, a ocorrência de chuva no Sudeste/Sul do Brasil. Os reservatórios de água que abastecem a grande São Paulo nunca estiveram com um nível tão baixo, e a falta de água é uma realidade cada vez mais assustadora na maior região metropolitana do país. É claro que é muito fácil culpar o aquecimento global (ou até São Pedro) numa situação dessas. O padrão de chuvas está sendo alterado em função da mudança no clima (e provavelmente do desmatamento), mas essa crise, em particular, também tem outros culpados: governos, até o momento, foram incapazes de fazer um planejamento de longo prazo e investir em infraestrutura para evitar vazamentos e perda de água; e a população, em geral, que desperdiça muita água. Por exemplo, é preciso lavar a calçada em frente da casa? Ou o carro toda semana?

Uma maneira muito interessante de percebermos a quantidade de recursos naturais que utilizamos para sustentar nosso estilo de vida é calcularmos nossa “Pegada Ecológica” (WWF Brasil, 2015). A Pegada Ecológica é uma indicação do tamanho das áreas de terra e mar necessárias para gerar produtos, bens e serviços que sustentam nosso estilo de vida. Em outras palavras, a Pegada Ecológica é uma forma de representar a extensão de território que uma pessoa ou toda uma sociedade “utiliza”, em média, para se sustentar. Estudos recentes da Pegada Ecológica mundial mostram que estamos utilizando cerca de 50% a mais do que o que temos disponível em recursos naturais, ou seja, precisamos de um planeta e meio para sustentar nosso estilo de vida atual.

Então não tem mais jeito! É o apocalipse! A raça humana vai sumir da face da Terra! Bom, não é bem assim! Existem muitas coisas que individualmente podemos fazer para evitar ou IPCC (2015), Fifth Assessment Report (AR5) [online]. Disponível em http://www.ipcc.ch/report/ar5/index. shtml (acessado em 9 de fevereiro de 2015)

diminuir os impactos que estamos causando na Terra. Como o Secretário da Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse, precisamos de solidariedade global. Isso significa que precisamos deixar de lado somente o nosso bem-estar e atuarmos para o bem comum da população em geral e das futuras gerações. Uma das ações mais importantes que podem ser tomadas é educar a atual geração de crianças sobre a importância de ser responsável pelo ambiente no qual vivemos, além de fazê-los entender, e viver, o conceito de solidariedade global. Outras ações importantes que individualmente devemos tomar para diminuir o impacto das mudanças climáticas: Podemos deixar nossos carros na garagem e tentar usar mais os meios de transporte public: quem sabe uma bicicleta, principalmente para pequenas distâncias? Além de economizar dinheiro, podemos entrar em forma fisicamente e evitar emissões de gases de efeito estufa. Aprendemos, desde crianças, a desligar em nossas casas as luzes de áreas que não estão sendo usadas, mas ainda podemos melhorar se mudarmos as lâmpadas para aquelas que são mais eficientes. Podemos desligar nossas TVs e computadores da tomada durante o dia (enquanto estivermos no trabalho) e à noite quando formos dormir. Não há motivo nenhum para lavar a calçada em frente de casa, ou o quintal diariamente. Nossos carros não vão deixar de andar se os lavarmos uma vez por mês. Podemos instalar sistemas para captar água da chuva do telhado, a qual pode ser usada para molhar as plantas do jardim, lavar roupa e encher piscinas no verão. Reciclagem é uma ação ótima que todos fazemos, mas que tal se tentarmos primeiro reduzir o volume de lixo que geramos e reutilizarmos o que pudermos? Temos que lembrar a sequência dos três “Rs”: Reduzir - Reutilizar - Reciclar Quanto mais nos envolvermos em projetos locais para discutir assuntos sobre o meio ambiente, melhor. Duas cabeças pensam melhor que uma. E não podemos nos esquecer de envolver nossos vereadores e prefeitos para que também tenham interesse nesses assuntos, principalmente discutindo com eles a forma de promover desenvolvimento sustentável nas escolas da sua cidade.

Façamos a nossa parte! Se todos pensarmos assim, deixaremos de precisar de um planeta e meio para sustentar nosso estilo de vida. Só existe um planeta Terra e devemos respeitálo. Nossos netos e bisnetos agradecerão.

WWF Brasil (2015), Calcule sua pegada [online]. Disponível em http:// www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/pegada_ecologica/ sua_pegada/calculadora/ (acessado em 9 de fevereiro de 2015)

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créditos foto: g1.globo.com

a natureza sendo preservada no

Mérito prática sustentável no litoral - verão 2015

Diante do cenário preocupante em relação ao meio ambiente, a revista Meio Sustentável reconhecerá e divulgará os projetos sustentáveis realizados ou patrocinados pelas prefeituras dos municípios do litoral catarinense e gaúcho ao longo do verão de 2015.

A Revista encaminhou cartas-convites a 36 Prefeituras para a inscrição de projetos de sustentabilidade que foram aplicados no litoral do RS e SC durante o verão de 2015 (1/12/2014 a 28/02/2015). O requisito básico para participação era que o projeto inscrito fomentasse novos hábitos conservacionistas, visando à redução da poluição marinha e costeira.

meio sustentável

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Na próxima edição, a revista Meio Sustentável publicará a cobertura do evento de entrega para aquelas prefeituras e entidades que serão agraciadas com o Troféu Merito Prática Sustentável.

créditos foto: dollarphoto

Todos os usuários das praias, sejam moradores, turistas, comerciantes ou autoridades municipais, são responsáveis pelo descarte correto dos resíduos gerados enquanto usufruem ou trabalham na beira da praia. O mesmo é válido para os frequentadores de rios e lagoas costeiras.

créditos foto: turismo.rs.gov.br

É notória e urgente a necessidade de praticarmos hábitos sustentáveis visando ao cuidado, à responsabilidade e à consciência para preservar os ecossistemas aquáticos costeiros: rios, lagoas e mares.

No próximo dia 23 de abril, a Revista Meio Sustentável entregará o Mérito Prática Sustentável - Verão 2015 àquelas prefeituras que atenderam aos critérios estabelecidos. O evento ocorrerá no dia 23 de abril, no Centro de Eventos da FIERGS, durante a 18ª PREVENSUL, em que estarão presentes os representantes dos municípios em que se realizaram projetos sustentáveis em praias (apenas um foi realizado em rio) e demais convidados.

créditos foto: ondagringa.com.br

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O Mérito Prática Sustentável no Litoral – Verão 2015 - é uma iniciativa da Revista Meio Sustentável que visa reconhecer, divulgar e estimular práticas sustentáveis desenvolvidas pelas cidades litorâneas durante o verão de 2015.


Desmatamento na Amazônia

A SECA

Opiniões divergentes no mundo científico sobre a pior seca do Sudeste do Brasil nos últimos 80 anos

São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais foram afetados em 2014 pela pior seca dos últimos 80 anos. 2015 chegou, e a crise da água continua.

créditos foto: dollarphoto

A floresta possui função importante de levar chuvas a outras regiões do continente. Devido à capacidade das árvores de absorver água do solo, a floresta amazônica possui um importante papel para a regulação do clima na América do Sul. Ela libera a umidade para atmosfera, mantendo o ar em movimento e levando chuvas para o continente.

O relatório divulgado em outubro de 2014 pela Articulação Regional Amazônica (ARA), com o apoio da WWF Brasil, apresentou diversos estudos sobre o potencial climático da floresta e apontou que o desmatamento na região pode ter um impacto significativo sobre o clima próximo e também distante da Amazônia, ao reduzir a transpiração da floresta e modificar a dinâmica de nuvens e chuvas no continente.

Segundo Claudio Maretti, líder na iniciativa Amazônia Viva da WWF, não é possível colocar toda a culpa na Amazônia, mas há uma combinação de efeitos, e o desmatamento é parte responsável. Maretti afirma: “ Há também uma oscilação entre uma oscilação natural e as mudanças climáticas provocadas pelos homens. Os efeitos do aquecimento global pioram com o desmatamento na região, aumentando as emissões de CO2 na atmosfera.”

Má gestão é o principal fator da crise da água O Coordenador de Clima e Energia do Greenpeace Brasil concorda que a destruição da floresta amazônica é um dos fatores que contribuíram para a atual seca no sudeste, mas argumenta que o principal fator da crise da água em São Paulo é a má gestão. Telles afirma “ que há anos já se sabia que o Sistema Cantareira tinha limitações e possivelmente chegaria a uma situação de crise e esgotamento. Há problemas na distribuição da água, o desperdício nessa etapa ultrapassa 30%, além da pouca preservação da área de manancial. Fatores que nunca foram tratados adequadamente”. FONTES

http://www.greenpeace.org/brasil/ http://www.cartacapital.com.br/sustentabilidade http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/o-aquecimento-global-nao-e-o-vilao-da-crise-hidrica-de-sao-paulo/

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créditos foto: dollarphoto

créditos foto: ondagringa.com.br

créditos foto: turismo.rs.gov.br

A crise hídrica que afeta o Sudeste levou a uma busca por explicações para a ausência das chuvas. A hipótese mais forte, segundo meteorologistas e ativistas, é o aquecimento global. O planeta estaria sofrendo as consequências das emissões do CO2 causadas pelo homem: temperaturas extremas, desequilíbrio ambiental, falta d’água. Já outros estudiosos consideram que o desmatamento da Amazônia seria a principal causa. E outros ainda, consideram que o fenômeno é causado pelo movimento atmosférico natural do planeta.

A ONG WWF Brasil, em recente relatório, revelou que o desmatamento na Amazônia seria uma possível causa para esse fenônemo, porém, alguns especialistas divergem e dizem que os motivos vão além. Ainda não há um estudo científico que comprove a relação direta entre desmatamento e seca.


créditos foto: espaco.org.br

Era geológica

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Para outros especialistas, como o meteorologista Augusto José Pereira Filho, professor da USP, a falta de nuvens é a explicação para a seca que atinge o Sudeste. Nesta entrevista, ele afirma que o fenômeno é causado por fatores como a era geológica em que vivemos e o movimento atmosférico natural do planeta e prevê com a precisão que a ciência atual é capaz de oferecer que essa crise se tornará rotina: a próxima deve atingir o Sudeste entre 2019 e 2024. Segundo o metereologista, o desmatamento da Amazônia não tem nada a ver com a seca: “ O papel da Amazônia é transferir a umidade do Atlântico para o Sudeste e o Sul. A Amazônia é uma dádiva do Oceano Atlântico. A floresta também sofreu com a falta de chuvas. A seca está relacionada, entre outros fatores, à ausência da Zona de Convergência do Atlântico Sul. Esse fenômeno, caracterizado por nuvens e massas de ar frio que atraem a umidade da Amazônia e a injetam no Sudeste, trazendo chuvas, de início se deslocou em direção à Bahia e, em seguida, deixou de acontecer.” E agora? A crise está diante de nós, o que fazer? Que soluções podemos buscar?

entrevista Silvio Pomaro, geólogo

Poços Artesianos

MEIO SUSTENTÁVEL: Por que está ocorrendo a seca em São Paulo? SILVIO POMARO: Diversos fatores culminaram com essa atípica situação, mas estudos apontam como causas a baixa evaporação devido ao desmatamento da Amazônia, a qual ocorre principalmente nesse período (inverno e primavera), juntamente com a ausência de ventos que poderiam transportar o tão famoso Rio Aéreo para a região Sudeste. Por esse período, o Sudeste ficou blindado com uma bolha de ar quente que impediu o avanço das massas e, com isso, houve o comprometimento do ciclo hidrológico, afetando diretamente a recarga dos reservatórios (águas superficiais) e aquíferos (águas subterrâneas). MS: Sabe-se que, com a seca, a população saiu em busca de poços artesianos para sanar a falta d´àgua. Quais os riscos/danos gerados no solo com a abertura excessiva de poços artesianos? O que fazer para que isso não ocorra? SP: A abertura de poços é uma construção que requer muita atenção por se tratar de busca de recurso hídrico interferindo na natureza quando é executada de forma irregular, sem a preocupação com normativas e legislações vigentes, pode causar danos à natureza, desde explotação de forma inadequada, cuja consequência poderá ser a contaminação do precioso líquido, colocando em risco a população. Para que se faça tal construção de forma adequada, será necessário contratar empresa e profissional que se responsabilizasse ante os órgãos fiscalizadores, para que está não se tornasse uma obra clandestina MS: O Secretário-geral adjunto da Organização Mundial de Metereologia (OMM), Jeremiah Lengoasa, afirmou ao jornal “O Estado de São Paulo” que a seca em São Paulo deve continuar em 2015 devido ao El Niño. Na tua opinião, o que se pode fazer a curto prazo para que a seca seja menos danosa à população? SP: A curto prazo, é rezar para que o ciclo hidrológico se normalize e a longo prazo, a realização de algo que já deveríamos estar usufruindo: trata-se dos megaprojetos, que viriam ao encontro da necessidade. A região Sudeste está superpopulosa e os projetos, como todos sabem são superfaturados.

Aliança pela água

Geólogo Silvio Pomaro, Diretor da Sondaterra – Sondagens e Poços Artesianos (Mogi das Cruzes/SP)

meio sustentável

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Rio Grande do Sul

A Aliança pela Água, rede formada por mais de 40 entidades da sociedade civil, está reunida desde outubro de 2014 para alertar e apresentar propostas que ajudem o Estado de São Paulo a lidar com a crise atual e construir uma nova cultura de uso, economia e conservação da água. Acesse o site: www.aguasp. com.br e conheça o Manual de Sobrevivência para a crise da região Sudeste e também útil para todas as regiões do Brasil.


Águas superficiais e subterrâneas Por Silvio Pomaro

Artigo publicado na Revista Profissionais em Foco da AEAMC – Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Mogi das Cruzes – Edição nº 28.

Diante da escassez de água e de tudo que beira e ameaça a extinção, o homem se preocupa e começa a refletir e exigir respostas claras e lógicas. Sabe o homem que nada é por acaso e que tudo que estamos vivenciando é reflexo da ignorância unida com a falta de competência de quem tem a posse financeira. Com relação à água superficial, que é visível pelo homem, tenhamos apenas que lamentar, pois o que vemos são rios e córregos poluídos, águas pluviais misturando-se com esgotos domésticos e industriais em valas de drenagem, captações irregulares e irresponsáveis, nascentes antes perenes tornando-se intermitentes ou efêmeras e até secando, precipitações irregulares com tendência à diminuição, grandes reservatórios a beira do colapso e outros malefícios causados pelo homem. Os quais se configuram como uma tendência natural dos habitantes do planeta regada com o analfabetismo ecológico. As águas subterrâneas não estão à vista do homem – razão pela qual passam despercebidas se tornam alvo de descaso -, porém representam um recurso disponível que se coloca como uma das soluções mais viáveis no momento. Entretanto, administrar e utilizar

a água subterrânea como estamos administrando e utilizando a água superficial é assinar a sentença de morte por falta de qualidade dessas águas. A exploração desse recurso deve ser bem assistida, exigindo fiscalização rígida e conscientização dos usuários. Mas os estudos mostram a realidade, em que temos: nos grandes centros urbanos, águas subterrâneas já contaminadas, níveis d’água regionais baixando devido à estiagem e promovendo desequilíbrio estruturais em edificações, remoção de água do aquífero (rebaixamento de lençol freático) para edificações provocando diversos efeitos principalmente estruturais, construção de poços irregulares e clandestinos colocando em risco a qualidade da água e outros problemas advindos dessa prática. Vejo que estamos provocando desequilíbrio em um recurso sem ao menos o conhecermos. O ser humano adora esconder a sujeira gerada e nada melhor do que colocá-la embaixo da terra. Iremos pagar caro por esse jeito de ser e de conduzir nossos problemas. Vamos tentar salvar os recursos que nos fazem viver, fazendo cada um a sua parte.

ÁGUA

USE BEM

PARA NINGUÉM

FICAR SEM.

O uso consciente da água é de responsabilidade de todos nós. Saiba agora o que você pode fazer para evitar o desperdício: são atitudes simples, mas que fazem toda a diferença. Porque a água do futuro a gente cuida no presente.

BANHO RÁPIDO Demorando no banho, você gasta de 95 a 180 litros de água. Banhos rápidos (de cerca de 5 minutos) economizam água e energia.

ESCOVANDO OS DENTES

LAVANDO O CARRO

Uma torneira aberta enquanto você escova os dentes gasta até 25 litros de água. Primeiro escove, e só depois abra a torneira.

Ao usar a mangueira para lavar o carro, você gasta até 560 litros de água em 30 minutos. Use sempre um balde.

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água

é um dos elementos mais valiosos para a humanidade

Alto preço da água

Segundo informações do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), mais de 1,1 bilhão de pessoas, distribuídas em 31 países, não têm acesso à água potável.

créditos foto: dollarphoto

No Peru, por exemplo, onde uma grande região do país é um enorme deserto, os que estão mais afastados obtêm água por meio de caminhõespipa, poços artesianos, rios, valas ou nascentes. Muitas vezes a qualidade dessa água é inadequada e seu abastecimento não é seguro. A cobertura de água e saneamento no país já supera 90%, mas são justamente os que não têm acesso à rede que pagam mais pelo serviço.

“ Até 2050, um bilhão de pessoas viverão em cidades sem água suficiente” (dados do Banco Mundial) 14

Brasil, Colômbia e Peru estão entre os dez países com mais água no mundo, mas a América Latina, como um todo, ainda não dispõe de um abastecimento adequado.

À medida que a população aumenta, também cresce a necessidade de abastecimento. O principal problema é que a quantidade de água no mundo não aumenta. Nesse cenário, a América Latina desempenha um papel-chave, porque possui a maior quantidade de água doce do mundo. Segundo a Global Water Partnership (GWP), quase um terço dos recursos hídricos renováveis está na América do Sul. Na lista de países que contam com maior quantidade de água, três da América Latina estão entre os primeiros: Brasil (primeiro), Colômbia (terceiro) e Peru (oitavo). Mas essa abundância de água não é suficiente para todos. Em cidades como Lima, São Paulo e Cidade do México, onde a demanda por esse recurso é muito elevada, grande parte da água potável é desperdiçada devido ao uso ineficiente e às instalações precárias, o que agrava assim a crise futura. São os bairros de maior renda que mais desperdiçam água em comparação com os bairros pobres, cujos habitantes sofrem com a escassez diária do recurso. meio sustentável

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Rio Grande do Sul

A Superintendência Nacional de Serviços de Saneamento (SUNASS) indica que um metro cúbico de água para um usuário conectado à rede pública custa aproximadamente 30 centavos de dólar, enquanto a compra de água de caminhõespipa pode chegar a custar mais de 4 dólares (12 reais) por metro cúbico, ou seja, 12 vezes mais.

O problema, contudo, não se limita apenas à disponibilização de água para todos. Em países como o Uruguai, onde a cobertura do sistema de água atinge 100%, quase a metade da água potável perde-se devido às tubulações velhas, roubos e fraude. Isso se repete por toda a região. Cuidar de um recurso não renovável

Apenas 2,5% da água no mundo é consumível. A água é encontrada nos rios, lagoas, montanhas com neve, entre outros lugares. À medida que a demanda por água cresce, as cidades se veem obrigadas a depender das fontes que se encontram mais distantes da cidade e cujo aproveitamento é mais caro. A agricultura utiliza aproximadamente 70% da água potável globalmente. Se em 2050 a população mundial atingir 9 bilhões, vamos precisar de alimentos para o número de habitantes atual e um volume ainda maior para cobrir essa demanda extra.

Aprender a reutilizar a água, especialmente no setor agrícola, é uma das soluções-chave para enfrentar a crise. Infelizmente, cerca de 90% da água residual de países em desenvolvimento flui sem tratamento até os rios, lagos e zonas costeiras. Segundo especialistas do Banco Mundial, na FONTES

http://nacoesunidas.org


As estações de tratamento de água, como a usina Taboada, em Lima, transformaram-se em uma peça importante para a solução do problema. Os resíduos sólidos, em vez de serem lançados ao mar, podem ser reutilizados para fins comerciais, transformando-se em combustível, fertilizantes e material de construção. Alternativas mostram que é possível fazer mais. No Peru, a capital econômica de 2015, um cartaz publicitário indica que se está produzindo água a partir da umidade do ar de Lima, que alcança 98%. Outro projeto está focado em melhorar as tubulações antigas da cidade, para, assim evitar vazamentos de água e sua consequente perda. Finalmente, já que 71% dos glaciares tropicais – situados entre o Trópico de Câncer e o Trópico de Capricórnio – do mundo encontram-se no país, um projeto busca aproveitar a água dos Andes, cerca de

7.240 quilômetros de picos cobertos de neve, que desempenham um papel vital no abastecimento de água da região e que se veem ameaçados devido ao derretimento causado pelo aquecimento global.

créditos foto: dollarphoto

América Latina, três quartos da água fecal ou residual volta para os rios e outras fontes hídricas, criando um sério problema de saúde pública e para o meio ambiente.


Organização das Nações Unidas

Os desafios para o desenvolvimento sustentável

Os desafios divulgados pela ONU para o desenvolvimento sustentável até 2030 são os seguintes: 16

1. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, manejar de forma sustentável as florestas e combater a desertificação, além de deter e reverter a degradação do solo e a perda da biodiversidade. 2. Fortalecer os mecanismos de implementação e revitalização da parceria global para o desenvolvimento sustentável. 3. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares. 4. Reduzir a desigualdade entre os países e dentro deles. 5. Tornar cidades e assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. 6. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos. 7. Construir infraestrutura resiliente, promover industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação. 8. Acabar com a fome, alcançar segurança alimentar, melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável. FONTES

9. Assegurar vidas saudáveis e promover o bem-estar para todos, em todas as idades. 10. Assegurar padrões de consumo e produção sustentáveis. 11. Assegurar disponibilidade e manejo sustentável da água e saneamento para todos. 12. Assegurar acesso à energia barata, confiável, sustentável e moderna para todos. 13. Alcançar igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. 14. Assegurar educação inclusiva e equitativa de qualidade e promover oportunidades de aprendizado para todos ao longo da vida. 15. Promover crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos. 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, providenciar o acesso à Justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis. 17. Conservar e promover o uso sustentável dos oceanos, dos mares e recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável.

http://www.dm.com.br/opiniao/2015/03/desafios-para-o-desenvolvimento-sustentavel-20152030onu.html


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Classificação dos países quanto à emissão de gás carbônico Podemos classificar os países quanto ao grau de poluentes que emitem na atmosfera.

Países Petrolíferos: países produtores de petróleo; eles são recordistas em poluição por habitante. Correspondem a pequenas nações, como Emirados Árabes Unidos, Catar, Kuwait, onde as emissões aumentaram até mais de 40 %. Países Nobres: são os países ricos e industrializados; eles emitem muito CO2 (dióxido de carbono) por habitante, como por exemplo, Estados Unidos e Luxemburgo. Só para se ter uma ideia, cada luxemburguês libera na atmosfera a mesma quantidade de carbono que 13 brasileiros juntos. Países Estáveis: referem-se às potências europeias, como Alemanha, Reino Unido e França. Esses países lideram a produção de energia por usinas nucleares e eólicas, e, por isso, a emissão de poluentes se estabilizou nos últimos anos, já que essas energias não poluem a atmosfera. FONTES

Equipe Brasil Escola - http://www.brasilescola.com/quimica

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Países em crescimento: são emergentes e superpovoados, como a China e a Índia. Esses países cresceram economicamente, e junto com a economia, também cresceu a poluição. Um exemplo é o Vietnã, cujo volume de gás carbônico jogado anualmente na atmosfera subiu 117% em 6 anos. Países Absorvedores: são os benfeitores na luta contra o aquecimento global. Além de não poluírem, absorvem o gás poluente emitido pelos outros países, isso porque são tão pouco industrializados que possuem taxas de emissões de CO2 insignificantes. São países pouco desenvolvidos da África tropical, como Gabão e Congo. O Brasil pode ser considerado como país estável na emissão de poluentes, já que possui uma taxa de emissão mundial de 1,2 %. ano 02 . 8ª edição


créditos foto: reativanarede.blogspot.com.au

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Balanço do setor Eólico O Brasil já conta com a energia limpa para diminuir riscos de fornecimento de energia Os recursos naturais do País, em se tratando de energia limpa, como alta incidência solar, bons ventos, grandes áreas de terra fértil e reservas de água doce, oportuniza-nos crescer com sustentabilidade. As fontes de energia renovável, tais como as de biomassa, pequenas centrais elétricas (PCHS), eólica e solar fotovoltaica, podem contribuir para uma matriz energética diversificada limpa e econômica. A energia renovável está cada vez mais competitiva, e os projetos podem hoje ser construídos mais rapidamente.

A energia gerada por fontes renováveis economiza mais água, já que estas utilizam 200 vezes menos água que as fontes fósseis de energia. meio sustentável

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Rio Grande do Sul

As fontes de energia já representam mais da metade do aumento na capacidade de geração no ano - 3,9 GW dos 7,5 GW instalados em 2014 - , de acordo com a Aneel. No Brasil, os investimentos em energia renovável no mundo cresceram 16%, atingindo US$ 310 bilhões. Esse valor indica que, no Brasil os investimentos em energia renovável cresceram 88% em 2014, chegando a US$ 7,9, bilhões, como fator resultante, principalmente, dos novos parques eólicos.

Em 2014, a capacidade instalada de energia eólica foi de 6 GW, a qual foi suficiente para atender uma cidade com 10 milhões de habitantes e representando 4,5 de capacidade instalada. O setor eólico tem mais de 90 mil empregos gerados, segundo ABEEÓLICA (Associação Brasileira de Energia Eólica).

De acordo com o governo Brasileiro, a energia eólica deve atingir 22,4 GW de potência instalada em 2023.


1

Imagens de alguns parques eólicos em operação no Brasil 1

Parque Eólico Geribatu, Santa Vitória do Palmar/RS

2

Parque Eólico no Ceará

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Parque Eólico Renova na Bahia

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Parque Eólico Horizonte, Água Doce/SC

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Parque Eólico no Rio Grande do Norte

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Complexo Eólico do Cerro Chato, Santana do Livramento/RS

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Parque Eólico Pacific Hydro na Paraíba

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Parque Eólico do Bom Jardim da Serra/SC

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Parque Eólico de Osório/RS

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Atlas Eólico do Rio Grande Do Sul Lançamento do novo Atlas Eólico

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A edição atualizada do Atlas Eólico do RGS traz o resultado das medições realizadas em 70 torres, apontando que, com ventos de sete metros por segundo ou mais, o potencial gaúcho é de 102,3 GW à altura de 100 metros e de 245,3 GW extrapolado para a altura de 150 metros. Um dos diferenciais do novo atlas é a apresentação do regime de ventos e do potencial eólico offshore. Foi avaliado o potencial sobre as três principais lagoas do Estado – dos Patos, Mirim e Mangueira – e sobre o oceano. Sobre as lagoas, a 100 metros de altura, o potencial é de 40 GW, enquanto, para lâminas d’água de até 50 metros, o potencial eólico sobre o oceano é de 110 GW.

O maior Complexo Eólico da América Latina Inauguração do Parque Eólico Geribatu/RS Empreendimento da Eletrosul

O Rio Grande do Sul, que já é um dos Estados do País com maior capacidade instalada de geração de energia eólica – segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), são 1.082 megawatts (MW) em operação –, teve um incremento de mais

meio sustentável

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Rio Grande do Sul

Crédito Foto: www.eletrosul.gov.br

Crédito Foto: Secretaria de Desenvolvimento Economico, Ciência e Tecnologia, Governo do Estado do RGS

Eberson Silveira (AGDI) e Ronaldo dos Santos Custódio (Eletrosul)

Essa edição foi lançada em dezembro de 2014 no Palácio Piratini, em Porto Alegre.

O diretor de Engenharia e Operação da Eletrosul e coordenador da primeira e da segunda edição do Atlas Eólico do Rio Grande do Sul, Ronaldo dos Santos Custódio, lembrou que o Estado já havia sido pioneiro ao elaborar esses estudos em um período em que praticamente não se falava de energia eólica no Brasil. Nessa segunda edição, a coordenação inova mais uma vez ao inserir avaliações do potencial offshore e a identificação do potencial dos municípios e das regiões, de acordo com a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “O novo atlas vem com um nível de refinamento extraordinário, que vai nos trazer excelentes resultados e será muito útil tanto para políticas públicas como para o planejamento das empresas que investem em energia eólica”, afirmou Custódio.

de 30% em sua potência instalada com o início da operação do Parque Eólico Geribatu, inaugurado pela Eletrosul no final de fevereiro desse ano. O parque em Santa Vitória do Palmar, no extremo Sul gaúcho, agregou 258 MW ao Sistema Interligado Nacional (SIN), reforçando a contribuição do Estado para a expansão da eólica na matriz elétrica brasileira. Os empreendimentos entregues – parque eólico e sistemas de transmissão associados – somam R$ 2,1 bilhões em investimentos. Por se tratar de importantes obras de geração e transmissão de energia elétrica previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2), a presidenta Dilma Rousseff participou da solenidade de inauguração. “Com a entrega desse parque, a Eletrosul, junto com parceiros estratégicos, passa a responder por quase 40% da atual capacidade de geração eólica do


Rio Grande do Sul”, destacou o presidente da estatal, Eurides Mescolotto, lembrando que outros 144 MW do Complexo Eólico Cerro Chato, em Sant’Ana do Livramento, na fronteira Oeste, também já estão em operação. “A cada megawatt entregue, firmamos ainda mais nossa posição como maior player do mercado eólico do Sul”, acrescentou. O Parque Eólico Geribatu, com capacidade para atender ao consumo de aproximadamente 1,5 milhão de habitantes, é o maior dos três parques que compõem o Complexo Eólico Campos Neutrais (583 MW) e, também, o maior em operação no Rio Grande do Sul. A FIP Rio Bravo Energia I é parceira no empreendimento. O parque reúne 129 aerogeradores (2 MW de potência cada), distribuídos em dez usinas, que ocupam uma área de 47,5 quilômetros quadrados. Junto com os outros dois parques – Chuí (144 MW) e Hermenegildo (181 MW), nos quais estão sendo investidos R$ 1,7 bilhão –, forma o maior complexo eólico da América Latina, projetando o setor elétrico gaúcho no mercado internacional de energia. “O Rio Grande do Sul já tem mais de 1 gigawatt (GW) de capacidade instalada de energia eólica em operação, o que equivale a quase 13% de seu parque gerador. Com o desempenho crescente no

aproveitamento da fonte, certamente, o Estado teve contribuição efetiva na colocação do Brasil entre as dez maiores potências eólicas do mundo”, destacou o diretor de Engenharia e Operação da Eletrosul, Ronaldo dos Santos Custódio, referindose ao levantamento de 2014, do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês). Especialista em energia eólica, o executivo coordenou a atualização do Atlas Eólico do Rio Grande do Sul, lançado no final do ano passado, que apontou potencial de 102,3 GW à altura de 100 metros e de 245,3 GW a 150 metros.

Reforço de 3.25 bilhões no sistema de transmissão gaúcho

Considerando o crescimento do Rio Grande do Sul e o potencial de geração eólica ainda a ser aproveitado, o Ministério de Minas e Energia (MME) previu novos reforços no sistema de transmissão gaúcho. Foram leiloados, em novembro do ano passado, mais 2,1 mil quilômetros de linhas em extra-alta (525 kV) e alta tensão (230 kV) e oito novas subestações – empreendimentos arrematados pela Eletrosul, que somam R$ 3,27 bilhões em investimentos. Parte das linhas compõe o segundo circuito do sistema de transmissão da TSLE entre Santa Vitória do Palmar e Nova Santa Rita. Outra parte, reforça o sistema da região de Sant’Ana do Livramento, onde a Eletrosul está executando obras de ampliação do Complexo Eólico Cerro Chato, com a implantação de mais 72 MW. Ao todo, o complexo terá 216 MW.

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Campanha Gaúcha e o desenvolvimento sustentável

Campanha

gaúcha

e o desenvolvimento

sustentável

A Revista Meio Sustentável apresenta nesta sequência de páginas uma avaliação e apresentação das oportunidades de desenvolvimento dos municípios que compõem o CIDEJA ( Consórcio Público Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico e Ambiental da Bacia do Rio Jaquarão). O material foi elaborado com participação das assessorias das prefeituras de cada municio e informações do Sindeólica.

O Potencial Energético para o Desenvolvimento Sustentável da Campanha Gaúcha A Região da Campanha Gaúcha, e em especial, os municípios que integram o CIDEJA (Consórcio Público Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental da Bacia do Rio Jaguarão) vivem um momento de grande excitação e importância com os projetos em execução e estruturação na área de energia, inclusive no segmento de fontes renováveis.

O CIDEJA é composto pelos municípios de Aceguá, Candiota, Herval, Hulha Negra, Pedras Altas, Pinheiro Machado e Piratini. Existe hoje um grande potencial de geração de energia nessa região, com atração de importantes investimentos que irão contribuir decisivamente para o desenvolvimento socioeconômico e atendimento da demanda energética no Rio Grande do Sul e no país. Números do Sindieólica - Sindicato das Empresas de Energia Eólica do RS - revelam projetos que passam de 2 mil MW sendo desenvolvidos em estudos para a implantação de energia. Segundo meio sustentável

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Rio Grande do Sul

informações obtidas por nossa revista, há projetos prontos para habilitação e participação nos leilões de 2015 para Pedras Altas, Pinheiro Machado e Piratini e em fase de estudos de medição de ventos e estruturação nos demais municípios que irão modificar a realidade da região.

Mas os municípios do CIDEJA não vivem esse bom momento apenas no setor eólico. O setor térmico por meio da Usina Termelétrica Pampa Sul, venceu leilão de energia, em 2014, com uma potência a ser instalada de 340MW, na primeira fase, e cujas obras civis estão previstas para o segundo semestre deste ano. Este é outro exemplo que evidencia o CIDEJA como importante polo energético para o Estado e o país. A UTE Pampa Sul é um empreendimento, com investimentos previstos da ordem de R$ 1,8 bilhão, a ser realizado pelo grupo Tractebel Energia, para aproveitar as jazidas de carvão localizadas na região. Presente em 12 Estados e diversas regiões do Brasil, a Tractebel Energia é o maior grupo privado de geração elétrica do país, com 27 usinas hidrelétricas, parques eólicos e de outras fontes complementares. O empreendimento Pampa Sul, que utilizará equipamentos e tecnologia de carvão limpo (“clean coal”), gerará diversos benefícios concretos, como geração de empregos, diretos e indiretos, impostos, investimentos em projetos ambientais, de saúde


Campanha Gaúcha e o desenvolvimento sustentável

e educação, diversificando a economia local e promovendo o desenvolvimento socioeconômico de toda a região. Somente a jazida Candiota responde por 38% de todo o carvão nacional, sendo que o Rio Grande do Sul possui 89,5% de todo o carvão nacional, o que demonstra a relevância estratégica da região, especialmente numa época em que os reservatórios de água nas hidrelétricas enfrentam sérias dificuldades. O Rio Grande do Sul irá atingir 10GW de potência

instalada até o final desta década em diferentes fontes: eólica, hidráulica, térmica, biomassa e solar. Entretanto, o Estado poderá gerar mais de 40GW de energia. Como o Estado ainda possui déficit de energia, a importância de serem desenvolvidas as diversas fontes e recursos energéticos existentes mostra-se de importância necessária e estratégica. Infraestrutura o Rio Grande do Sul já tem para aumentar sua capacidade de produção e, com alguns investimentos extras, poderá se tornar, de fato, um Estado exportador de energia. Outros projetos importantes estão sendo realizados, como o da Usina Termelétrica de Rio Grande e do terminal de gás natural liquefeito (GNL), grandes parques eólicos no litoral sul e norte do Estado garantindo o uso sustentável dos recursos naturais e gerando oportunidades e desenvolvimento socioeconômico de longo prazo.

Entrada do município na Avenida Internacional

ACEGUÁ/RS População: 4.394 (Censo 2010)

Prefeito: Julio Cezar Vinholes Pintos

Site: acegua.rs.gov.br

Iniciativas no setor eólico Iniciaram desde 2002 O município de Aceguá já conta com iniciativas do setor privado, que instalou torres para medição dos ventos a 100 metros de altura, iniciativa que contribuiu para motivar o poder público. Segundo o Secretário de Planejamento e Meio Ambiente do município, Marcelo Rodrigues Pinheiro, “ esta geração de energia pode contribuir com o

crescimento da arrecadação do ICMS; laudos de estudos recentes estimam um incremento de 30% a partir do momento em que os parques entrarem na etapa de geração e comercialização da energia. Esse crescimento de receita do município possibilitará maiores investimentos no município, que hoje tem uma arrecadação de 22 milhões/ ano.” A principal atividade econômica do município é a produção da soja, em 18 mil hectares, e de arroz, 14 mil; na pecuária, a produção de leite é de 3 milhões de litro/ ano.

ano 02 . 8ª edição


Campanha Gaúcha e o desenvolvimento sustentável Marcelo Rodrigues Pinheiro comenta que existem limitações de fornecimento de energia devido à capacidade limitada de geração de energia da Cooperativa Regional, a Copesul , mas que as maiores dificuldades do município encontram-se nos recursos para manutenção de aproximadamente 600 km de estradas do município, que são rotas para o transporte da produção da soja, do leite e do gado de corte, e do transporte de 75 % da população que vive no interior e dos estudantes.

No setor do ensino, o município tem 3 escolas, uma na sede e duas no interior, e duas escolas estaduais, uma na sede e uma no interior. Aceguá é uma cidade pertencente ao departamento de Cerro Largo, Uruguai, faz fronteira com a cidade de Aceguá, situada no Rio Grande do Sul (as duas cidades possuem o mesmo nome). O governo uruguaio, por meio de decreto transformou o município em zona de livre comércio, possibilitando a abertura dos Free Shops. Aceguá está situada entre Rivera – Santana do Livramento/ RS e Rio Branco – Jaguarão/RS.

CANDIOTA/RS População: 8.776 (Censo 2010)

Prefeito: Luiz Carlos Folador

Site: site.candiota.rs.gov.br

setores de destacada importância para a promoção do desenvolvimento, como os que estão ligados ao comércio, a empresas prestadoras de serviços e à agropecuária. Esse amparo legal visa à geração de emprego, renda e promoção do bem-estar social e desenvolvimento econômico sustentável.

A Política de Incentivos prevista na citada norma criou o COMDENSI – Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico, Social e Industrial, assim como estabeleceu, mediante a comprovação do interesse público, a possibilidade de outorga de diversos tipos de incentivos para empresas dos setores industrial, comercial, de prestação de serviços e agropecuário que executem seus projetos e empreendimentos no município, com geração de emprego, renda e promoção do bem–estar social e o desenvolvimento econômico sustentável. Entre outros incentivos, vários segmentos da economia, incluindo o setor energético em geral, com destaque para o uso racional do carvão mineral, que é abundante na região, e a geração eólica poderão contar com a concessão de uso ou doação de áreas para implantação ou ampliação de unidades industriais; isenção de tributos e taxas municipais, conforme os termos previstos na legislação, podendo chegar a 15 anos, a depender do número de empregos gerados; execução de serviços de aterro, terraplanagem e transporte de terras; celebração de convênios para capacitação e de aprendizagem industrial, formação técnico-profissional, instalação de incubadoras, etc.

HERVAL/RS População: 6.757 (Censo 2010)

Prefeito: Ildo Roberto Lemos Sallaberry

Site: herval.rs.gov.br

Praia de Candiota

Política de Incentivos para Desenvolvimento Econômico O município de Candiota, visando incentivar o seu desenvolvimento econômico e social, conta com um marco legal, a Lei Municipal nº 675/2003, que estabelece uma extensa política para atração do setor industrial e pode ser integralmente aplicada tanto ao setor energético, incluindo o segmento de energia - seja de fontes renováveis, como as que envolvem energia eólica e solar, seja de não renováveis, como as que fazem uso do carvão mineral – quanto a outros meio sustentável

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Rio Grande do Sul

Pórtico de Herval

Reconstrução e busca ao desenvolvimento


Campanha Gaúcha e o desenvolvimento sustentável No primeiro ano do atual de governo, Herval foi atingido por desastres naturais de grandes proporções. Diante desse cenário, o primeiro passo foi reconstruir a estrutura e a capacidade administrativa do município, além de assegurar a retomada e/ou aumento da qualidade da prestação de serviços públicos essenciais. Nesse sentido, foi necessário ainda investir no resgate da autoestima do funcionalismo público e na contratação de novos servidores por concurso público. O trabalho de fortalecimento da capacidade administrativa da prefeitura, portanto, ensejou a criação de um órgão específico para a elaboração e acompanhamento técnico e político da maioria dos projetos da prefeitura. Atualmente, a prioridade da administração é assegurar a realização de obras de infraestrutura, especialmente de pavimentação urbana. Herval apresenta potencial para a produção de energia eólica, porém, passados os contratempos iniciais e os limites próprios de um município de pequeno porte, o governo municipal deseja se inserir nas oportunidades de desenvolvimento da geração de energia renovável. Ocorrem movimentos no setor, com base nas informações do Atlas Eólico, que identificam alguns pontos com potencial eólico na região. O município, até o momento, não tem conhecimento de iniciativas do setor privado que tenham instalado torres de medição no município.

Herval registra diversos problemas quanto ao setor de energia elétrica, cujos serviços são prestados pela empresa concessionária desse serviço, a CEEE, o que, inclusive, impõe limites severos para o desenvolvimento econômico do município, na medida em que a oferta atual de energia elétrica acaba por obstaculizar a instalação ou ampliação de determinados empreendimentos em âmbito local. “ No entanto, acreditamos que o maior entrave relativo ao fornecimento de energia elétrica em Herval esteja na distribuição, e não necessariamente na geração de energia. Ou seja, a energia gerada parece ser suficiente para atender o município e região; o grande problema está nas condições insatisfatórias para garantir a distribuição da energia gerada. Ademais, nos parece necessário ampliar a oferta de energia limpa, a exemplo da energia eólica, não apenas para ampliar a oferta de energia elétrica, mas também para diminuir a dependência da

energia gerada a partir das termelétricas.”, explica a assessoria de imprensa da Prefeitura de Herval. Herval é um município com mais de 190 anos de história, e a sua principal vocação e fonte de desenvolvimento econômico é a agropecuária, especialmente de pequeno e médio porte. Além de centenas de pequenas propriedades rurais, o município possui 10 assentamentos de reforma agrária. Na verdade, Herval se constitui numa comunidade rururbana, onde a fronteira entre o campo e a cidade é muito estreita, e a realidade de uma está fortemente entrelaçada na outra.

HULHA NEGRA/RS População: 6.048 (Censo 2010)

Prefeito: Erone Pedrinho Londero

Site: hulhanegra.rs.gov.br

Entrada de Hulha Negra (Foto Panoramio)

Desenvolvimento: Nova Usina Termelétrica de Carvão O município de Hulha Negra devido à sua vizinhança territorial com o município de Candiota será na região o segundo município que absorverá as consequências mais diretas do desenvolvimento econômico e sustentável, advindas por conta da instalação da nova Usina térmica de Carvão da Tractebel, que será instalada em Candiota. Além dessa oportunidade de desenvolvimento socioeconômico, o município de Hulha Negra conta com a possibilidade de, nos próximos anos, obter investimentos do setor eólico, já que existem estudos de medições de ventos a serem finalizados, que podem ser viabilizados em um dos leilões de energia que ocorrerão ainda em 2015.

A atual economia do município está baseada na agropecuária com o plantio de soja e produção de leite. ano 02 . 8ª edição


Campanha Gaúcha e o desenvolvimento sustentável A agricultura familiar é uma outra característica da economia do município, formada por 850 famílias. As alternativas rentáveis estão sendo introduzidas na cidade por meio de programas municipais em parceria com o Governo Federal e também com a iniciativa privada, como o reflorestamento, produção de melão, tomate e, com destaque na agricultura sustentável a produção de uva orgânica.

O município abriga um frigorífico, cooperativas e tem uma posição geográfica estratégica por conta da sua proximidade com o Porto de Rio Grande, com rodovias todas asfaltadas e uma Universidade aberta da UFRGS – Polo de Apoio Presencial. A Prefeitura de Hulha Negra está colhendo sugestões dos setores da indústria, comércio e serviços que possam auxiliar na elaboração de uma legislação de incentivo para impulsionar essas oportunidades que estão surgindo a partir desse novo cenário de desenvolvimento da região.

Recentemente, o município foi sede da apresentação do Projeto da Tractebel visando apresentar as oportunidades para a contratação de empresas locais e ou regionais, que poderão ser contratadas por meio das empresas terceirizadas da Tractebel para execução do projeto da Usina. (Veja matéria publicada nesta edição).

PEDRAS ALTAS/RS

Prefeito: Fábio Luiz Martins de Tunes

Site: pedrasaltas.rs.gov.br

Para capacitar o município na atração do setor de energia eólica e outros investimentos do setor privado, o município necessita do apoio do Estado para viabilizar o acesso da RS 608 a Pedras Altas e Pinheiro Machado, por onde devem passar os equipamentos das torres e dos aerogeradores a serem instalados nos futuros Parques Eólicos.

A atração desses investimentos para o município de Pedras Altas ocorre pela presença de pontos onde os ventos se comportam com velocidade e constância, fatores que propiciam a geração dessa fonte de energia limpa, dentro dos parâmetros dos custos competitivos de mercado, viabilizando economicamente os empreendimentos. Outro fator que se agrega para atração da instalação dos parques eólicos no município é a proximidade da linha de transmissão que será construída na região.

PINHEIRO MACHADO/RS População: 12.787 (Censo 2010)

Prefeito: José Felipe da Feira

Site: pinheiromachado. rs.gov.br

créditos foto: Imagina Conteúdo

População: 2.218 (Censo 2010)

o Sindieólica, os quais participarão dos leilões que ocorrerão em 2015 . A atual gestão acredita que, posteriormente, as empresas procurarão o município para uma avaliação do que pode ser feito no que diz respeito à contribuição para o sucesso do empreendimento, a fim de que se tornem competitivos e promovam o desenvolvimento econômico e social da cidade.

Castelo Pedras Altas construído em 1909

Oportunidades com a geração de energia eólica O município de Pedras Altas planeja desenvolver incentivos para atrair mais investimentos a partir do mercado da energia eólica. Atualmente existem projetos em desenvolvimento no município segundo meio sustentável

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Rio Grande do Sul

Pinheiro Machado

Potencial eólico identificado por empresa alemã em 2001 O município tem projetos de energia eólica. “Em 2001, uma empresa alemã, esteve no município e fez medição dos ventos, constatando um potencial para eólica, mas que teríamos que ter torres de


Campanha Gaúcha e o desenvolvimento sustentável transmissão. “, afirma o Prefeito do município, José Felipe da Feira.

Ainda não ocorreram estudos para incentivos fiscais, mas o governo municipal não descarta essa possibilidade na medida que tiver mais informações sobre os projetos eólicos no município. O município tem arrecadação baixa, depende muito dos repasses do governo federal. Segundo o Prefeito, “ Estamos aguardando ½ milhão de repasses de 2014 para a saúde. Dificuldades que todos os municípios estão passando.”

O município possui uma indústria de cimento (Votorantin) e agora começa, lentamente, o plantio da soja. A maior arrecadação do município está ancorada na pecuária, criação de ovinos e bovinos. O município conta com vinhedos e atualmente investe na cultura de oliveiras. Recentemente, instalou-se no município uma indústria de óleo de oliva, que está no segundo ano de produção e com perspectivas de ampliação para 100 hectares.

PIRATINI/RS População: 20.655 (Censo 2010)

Prefeito: Vilso Agnelo da Silva Gomes

Site: prefeiturapiratini rs.gov.br

de incentivo, que isenta o ISSQN das empresas do setor durante as instalações dos parques. Essa lei visa tornar os preços competitivos no mercado e incentivar as empresas do setor a desenvolverem mais projetos eólicos locais, considerando a situação dos ventos em Piratini apropriada a geração de energia eólica.

O fornecimento de energia para o município precisa de ajuste na sua infraestrutura, com a vinda dos parques o esperado é que este ajuste seja adequado para promover o abastecimento do setor industrial, comercial e serviços. Atualmente a economia de Piratini está alicerçada na agricultura, com destaque para as culturas do milho e feijão. Contam ainda com a silvicultura e a agropecuária para a criação do gado de corte e leite. Piratini abriga riquezas históricas do estado e do país. Além de sua beleza natural, apresenta construções de 1811 a 1858. Entre as edificações com maior destaque, as quais atraem turistas, podemos citar a Igreja Nossa Senhora da Conceição, o Prédio do antigo Ministério da Guerra e Interior, a Casa de Garibladi, o Palácio da Republica Riograndense e o Sobrado dos Azulejos.

UTE PAMPA SUL/TRACTEBEL

Programa Ambiental apresentado no município de Hulha Negra/RS

Igreja Matriz Centro

Incentivos para o desenvolvimento do setor eólico no município Piratini possui três projetos em desenvolvimento em energia eólica que somados totalizam 850 milhões (Banco de Dados da Zona Sul). Segundo a administração municipal, o município já tem leis

No último dia 25 de março, realizou-se a convite do Prefeito Municipal de Hulha Negra, Erone Pedrinho Londero, para a apresentação do Programa Ambiental da Usina Termelétrica Pampa Sul, na sede da Câmara de Vereadores daquele município. O Programa Ambiental foi apresentado por representantes da UTE Pampa Sul/Tractebel, que pertence ao Grupo GDF Suez, e abordou o sistema de gestão ambiental, o plano ambiental da construção, o programa de monitoramento da qualidade do ar, programas de supressão de vegetação, revegetação de matas ciliares, o programa de comunicação social e de educação ambiental, entre outros programas- chaves do empreendimento. A Tractebel Energia é líder em geração privada de energia elétrica no Brasil e possui 27 usinas hidrelétricas, termelétricas e de fontes complementares, em 12 Estados de todas as regiões do país, totalizando

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Campanha Gaúcha e o desenvolvimento sustentável uma capacidade instalada própria de 7.027 MW. Com sede em Florianópolis (SC), a empresa possui cerca de 1.100 empregados, tem capacidade instalada de 7.027 MW e pertence ao grupo global de energia, GDF SUEZ. A GDF SUEZ é o maior produtor independente de energia do planeta, com 113,7 GW de capacidade instalada em 70 países. Além de contar com os representantes da Tractebel, os senhores Fulgêncio de Amorim Duarte e Fernando Luzzi Cardoso, o evento contou com a presença de membros dos poderes executivo e legislativo, empresários da região e entidades civis e representantes comunitários. Entre os diversos temas relevantes sobre cada programa, os palestrantes abordaram os objetivos principais, as etapas e prazos de execução, os diversos desdobramentos e subprogramas. A UTE Pampa Sul é um empreendimento com investimento previsto de R$ 1,8 bilhão de reais e o seu Programa Ambiental e as obras deverão ser iniciadas no segundo semestre deste ano, sob a condução da empresa de engenharia chinesa SDEPCI, selecionada pela Tractebel, com grande experiência nesse tipo de projeto e tecnologia de usinas a carvão limpo. O ProgramaAmbiental da UTE Pampa Sul estabelece um conjunto de subprogramas específicos, cuja finalidade é identificar e avaliar os impactos ambientais gerados em consequência do empreendimento. Com isso, a empresa definiu, com base na legislação aplicável e em parâmetros e critérios técnicos, várias medidas e ações de intervenção e controle com o objetivo de mitigar, neutralizar e/ou compensar os impactos adversos e otimizar aqueles considerados benéficos para a região onde será construída a Usina. Essas ações também se traduzirão em investimentos e ações importantes para a proteção do meio ambiente, sáude, educação ambiental, proteção do patrimônio arqueológico e histórico, bem como ações socioculturais, entre as quais, destacam-se controle e monitoramento da qualidade do ar, monitoramento de ruídos, controle e gerenciamentos de resíduos sólidos e efluentes líquidos, monitoramento de águas superficiais e subterrâneas, programas educativos e criação de centro cultural para promover o conceito de sustentabilidade e de melhoria nas condições de vida das comunidades, monitoramento e preservação da fauna e da flora, revegetação de matas ciliares, etc. Segundo apurado no website da Tractebel por nossa revista, a “Área Diretamente Afetada compreende a área do acampamento, o site da Usina e a área do reservatório. As duas áreas do acampamento e do meio sustentável

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Rio Grande do Sul

site situam-se no município de Candiota e medem aproximadamente 155 ha e a área do reservatório está localizada na divisa dos municípios de Candiota e HulhaNegra, ocupando uma área total de 545,10 ha, sendo 382,35 ha correspondentes ao reservatório e o restante à APP (Área de Preservação Permanente)”. Ainda Segundo informações do site, a Área de Influência Direta da UTE Pampa Sul compreende os municípios de Candiota e Hulha Negra e a Área de Influência abrange os municípios de Bagé, Hulha Negra, Candiota, Herval, Pedras Altas, Aceguá e Pinheiro Machado, todos no Rio Grande do Sul. Ressalte-se que o IBAMA emitiu, em 2013, os Termos de Referência para elaboração do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental, EIA/RIMA, da UTE Pampa Sul. No dia 06 de novembro, o Ibama emitiu a Licença Prévia, que habilitou, do ponto de vista ambiental, a Usina para o leilão. O licenciamento prevê ainda a necessidade de outras duas licenças: LI (Licença de Implantação), que autoriza o início das obras, e LO (Licença de Operação), que permite o início da operação da Usina e a entrega da energia elétrica no sistema interligado nacional (SIN). A Revista Meio Sustentável participou como convidada pela Prefeitura de Hulha Negra, exatamente para conhecer, de maneira mais detalhada, o Programa Ambiental da UTE Pampa Sul, já que se trata de fonte de energia não renovável e, por isso, as ações de proteção e de mitigação ambientais, de saúde e segurança do trabalho são questões fundamentais em projetos dessa natureza e que precisam ser conhecidas e debatidas no âmbito da sociedade.

Prefeito Erone Pedrinho Londero de Hulha Negra e representantes da Tractbel apresentam o Programa Ambiental da Usina Termelétrica Pampa Sul.


Campanha Gaúcha e o desenvolvimento sustentável

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Práticas sustentáveis na própria casa

Levando sustentabilidade para a sua casa Aplicar sustentabilidade não é uma realidade distante. Muitas pessoas nos dizem que têm dificuldade para entender a importância que o conceito de sustentabilidade representa para a salvação do planeta e para a mudança do nosso modo de vida, e, por sua vez, não entendem como podem trazer esse conceito para dentro de seus próprios lares. Pensam que sustentabilidade é acessível apenas para as grandes empresas, coisas de “gente grande” e que envolve técnicas e práticas “espetaculosas” e caras demais para que possam fazer isso em suas casas. Infelizmente, ainda, nem todos podem ter uma casa totalmente sustentável, mas é possível aplicar algum tipo de sustentabilidade por meio de práticas simples e baratas que contribuem para diminuir a agressão ao meio ambiente.

Pequenas atitudes no dia a dia podem fazer a diferença!

Economizando água:

Economizando energia:

Fechar as torneiras quando elas não estiverem sendo usadas; Desligar o chuveiro para ensaboar o corpo ou fazer a barba; Consertar encanamentos com problemas para evitar pingos e vazamentos; Reutilizar a água da lavagem de roupas para lavar o quintal; Recolher a água da chuva e usar para regar plantas;

Cuidando do lixo:

Apagar as luzes dos cômodos que não estão sendo usados; Usar lâmpadas fluorescentes; Não deixar a televisão e rádio ligados se ninguém estiver usando esses aparelhos; Aproveitar a luz solar, abrir as portas e janelas é mais agradável e faz bem para a saúde; Retirar da tomada os eletrodomésticos após o uso;

Diminuir o consumo de produtos embalados, comprar a granel e usar sacolas de tecido; Ir pelo menos uma vez por semana ao mercado e comprar somente o necessário, listar as coisas que são realmente necessárias; Escolher produtos com embalagens retornáveis; Separar o lixo para coleta seletiva; Fazer a compostagem caseira dos resíduos orgânicos e adubar as plantas; (Veja box com exemplo de uma compostagem realizada em um apartamento)

COMPOSTEIRA DOMÉSTICA Uma solução para destino dos resíduos orgânicos residenciais A bióloga e educadora ambiental Daniela Silveira, de Santa Cruz do Sul, inovou ao introduzir dentro de seu apartamento uma composteira para resíduos orgânicos. Apesar de o local não possuir pátio e estar localizado em plena zona urbana, ela garante que todo o processo não gera odor nem sujeira. Para escolher o modelo que mais se adaptasse ao estilo de vida da bióloga, ela visitou vários sites em busca da melhor opção, mas esbarrou no alto preço do produto. A vontade de realizar a compostagem em casa era tanta que Daniela juntou dinheiro por alguns meses até conseguir adquirir o material. “Sempre gostei do conceito da compostagem, lia muito sobre os benefícios e metodologias para se chegar ao adubo orgânico, através da ação de minhocas e de microorganismos, compostando os resíduos orgânicos gerados em casa, no entanto eu não sabia se daria certo em apartamento”, relata. meio sustentável

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Rio Grande do Sul

Também é possível “fabricar” sua própria composteira. Ela pode ser feita com caixas de plástico, ou mesmo baldes industriais de margarina. Confira, a seguir, o processo de compostagem passo-a-passo.


e que

de

Como funciona:

A composteira da Daniela possui três compartimentos plásticos de 15 litros cada empilhados: os dois primeiros são utilizados para a compostagem, e o último, para a coleta de chorume. Ela possui 43cm de altura, 35cm de largura e 43cm de comprimento, ideal para a produção de resíduos orgânicos de duas pessoas adultas.

O processo de compostagem

Passo 1 - Para iniciar o processo de compostagem,

é necessário criar um ambiente confortável para receber as minhocas. Na caixa 1, deve ser colocada uma fina camada de terra preta, e por cima da terra, acomode cerca de 300 minhocas californianas.

Passo 2 - Em seguida, devem ser colocados restos de frutas e pão, cobertos com serragem mais grossa. Deve-se cuidar para tapar bem os resíduos orgânicos, pois é isso que evita a chegada de vetores como as moscas.

Passo 3 - O fundo das caixas 1 e 2 são furados para

possibilitar o trânsito das minhocas entre as caixas: isso é fundamental para a aeração da composteira, para a saúde das minhocas e para a coleta do chorume.

Atenção! Três variáveis são cruciais para o sucesso do processo: temperatura (o ambiente precisa manter uma temperatura razoavelmente alta); umidade (deve-se ficar atento à quantidade de líquido na composteira, borrifando água quando necessário); proporção de resíduos orgânicos x resíduos secos (deve-se colocar a mesma quantidade de matéria orgânica, folhas e serragem).

O que colocar na composteira - frutas, legumes, verduras, saquinhos de chá, erva de chimarrão, borra de café com filtro, cascas de ovos, folhas secas, serragem, podas de jardim, papel toalha picadinho e sem gordura e papel jornal.

Sabemos que não dá para mudar o mundo sozinho. Para atingirmos essa meta, é necessário haver a união de todos. Além das práticas simples que você pode realizar em sua própria casa, converse com sua família, seus amigos e vizinhos sobre a importância dessas práticas. Crie projetos sociais no seu bairro, oficinas de reciclagem, horta comunitária, organize palestras nas escolas para desenvolver a sustentabilidade, divulgando a importância de preservar a natureza e os seus benefícios. Ensinar as crianças a serem sustentáveis é contribuição eficaz para o futuro do nosso planeta e das futuras gerações.

Práticas sustentáveis nas universidades Exemplos na comunidade acadêmica de práticas de sustentabilidade A mudança de comportamento encontra-se na essência do conceito de sustentabilidade: se as instituições de ensino não fizerem a sua parte será uma incoerência 31 educacional; portanto, fomos em busca de experiências práticas em algumas universidades para incentivar escolas e universidades a encontrarem soluções em prol da sustentabilidade. São práticas simples e acessíveis a todos.

Universidade estadual de Londrina: Troca de copos descartáveis por canecas

O que NÃO colocar na composteira - carnes de

qualquer tipo, casca de limão, laticínios, óleos, gorduras, papel higiênico usado, fezes de animais domésticos, frutas cítricas em grande quantidade, alimentos cozidos e temperos fortes.

Desenvolvendo a Sustentabilidade com solidariedade

Andreza D. Delfino Sentoe apresenta a caneca substituída pelos copos descatáveis

ano 02 . 8ª edição


UNIVATES:

UNICURITIBA:

Brick solidário, cultura da reutilização

Na Unicuritiba (Centro Universitário Curitiba), professores e alunos participam uma vez por ano do Brechic Bazar Solidário, evento que promove o consumo consciente e a redução no volume de descarte de roupas, CDs, livros e utensílios em geral. Um mês antes da data do evento, o Núcleo de Pesquisa e Extensão Acadêmica (NPEA) abre a campanha de arrecadação dos produtos ofertados durante o evento. A Supervisora do núcleo, Cíntia Rubim, conta que os materiais entregues são avaliados e o doador recebe cédulas de “curi”. Quem doa um livro ganha 5 curis, brinquedos simples valem 2 curis. É com esse “dinheiro social” que as trocas ocorrem. Essa iniciativa é um instrumento que promove a cultura da reutilização.

Faculdades Integradas do Brasil: Reaproveitando banners institucionais e contribuindo com o meio ambiente

Em uma parceria da UniBrasil com o Clube de Mães União Vila das Torres, os banners utilizados pela Universidade são reaproveitados e transformados pelas costureiras do clube em bolsas e estojos. Depois dos produtos estarem prontos, a UniBrasil os compra e os distribui como presentes a palestrantes e visitantes da faculdade. “ A intenção é ajudar o Clube de Mães a gerar renda, além de contribuir com o meio ambiente. Se não doássemos o material, provavelmente ele seria jogado fora”, diz Adriane Leopardo Gonçalves, responsável pelas relações públicas da UniBrasil.

meio sustentável

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Rio Grande do Sul

Incentiva mobilidade sustentável no câmpus créditos foto: Tuane Eggers

O Restaurante Universitário da UEL trocou o uso de copos descartáveis por canecas plásticas. Além de acabar com o gasto de 690 mil copos por ano, a medida representa uma economia de R$ 18 mil para a universidade. “Um copo descartável, que é derivado de petróleo leva 50 anos para se degradar na natureza”, diz a diretora do Serviço de Bem-Estar à Comunidade (Sebec), Andreza D. Delfino Sentone, responsável pelo programa ReciclaUEL. Foram distribuídas 10 mil canecas aos alunos e quem perde o utensílio se responsabiliza por comprar um novo. Práticas semelhantes às da UEL estão acontecendo na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e também em alguns campus da Universidade de São Paulo (USP).

Desde maio de 2014, a Univates disponibiliza 120 bicicletas para serem compartilhadas entre seus alunos, professores e funcionários. Além de colaborar com o meio ambiente, reduzindo as emissões de gases poluentes, a iniciativa também traz vantagens para a mobilidade no câmpus. As bicicletas foram pensadas para o ambiente acadêmico: além de contarem com cestinhas para levar o material, elas também possuem luzes de segurança e para-lamas para evitar o respingamento de água durante o trajeto. Para aumentar a segurança dos usuários, elas foram elaboradas com três marchas e com sistema de correia interna. Com dez meses de funcionamento, o sistema já conta com 2.726 cadastros e 4.939 empréstimos registrados. Saiba mais acessando www.univates.br/bicivates

Práticas sustentáveis nas escolas Educação ambiental em Santa Catarina 13ª Mostra Lutz – GAROPABA/SC Apresentação de projetos socioambientais em Garopaba

As 25 escolas do município apresentaram trabalhos realizados no ano letivo de 2014. Os estudantes, entusiasmados em suas estandes individuais, explicaram os processos e os resultados das ações empreendidas em cada projeto para a comunidade visitante.

O evento contou com grande participação de estudantes, professores, familiares e comunidade. A abertura do evento foi prestigiada por Vereadores, secretários municipais de educação e administração, presidentes do Conselho Municipal de Educação e da Associação Empresarial de Garopaba, coordenadores de educação da FATMA, representantes da Polícia Ambiental e do Gaia.


Carmem Verlang, do Gaia Village, muito feliz com o percurso da educação ambiental no município, afirmou que “ Os estudantes têm aqui a possibilidade de perceber que são eles os próprios atores desta comunidade de Garopaba e do mundo, com capacidade de atuar positivamente frente às necessárias e também naturais mudanças a que os desafios contemporâneos nos obrigam, vivenciando uma verdadeira experiência de cidadania”. No decorrer do dia, os visitantes puderam interagir com os estudantes nas apresentações dos principais resultados dos projetos desenvolvidos pelas 25 escolas. As ações empreendidas tinham como objetivo criar projetos que visassem um ambiente mais saudável, como mini-hortas escolares, processos de compostagem, plantio de ervas medicinais, alimentação saudável, ecojoias confeccionadas com frutos e sementes, tratamento de efluentes em zonas de raízes, valores no trânsito, instrumentos musicais confeccionados com material reciclado, experimentos de física e química, ecobags, energia eólica, jogos e brinquedos produzidos com material reciclado, casas de boneca construídas de embalagem de tetra pack de leite, análise da qualidade das águas e ainda estudos sobre consumo consciente e aspectos da cultura açoriana.

Além dos estandes das escolas, a Mostra Lutz contou com a participação de diversos parceiros, que ofereceram oficinas e muita informação ambiental gerada por essas instituições. O IFSC – Campos Garopaba montou um pequeno laboratório de experimentos em biologia, química e física. Os alunos do ensino médio que cursam Biotecnologia na Escola Maria Saad demonstraram FONTES

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várias experiências. O grupo Gaia Jovem da Fundação Gaia, projeto que envolve estudantes das Escolas de Pantano Grande/RS, ofereceu em seu estande mudas de plantas nativas, óleos, pomadas, pães, materiais resultantes das oficinas realizadas no Rincão Gaia. A Fundação Estadual do Meio Ambiente – FATMA trouxe seu eco-ônibus, disponibilizando sessões para um passeio virtual pelas unidades de conservação do Estado de Santa Catarina, com foco no que é belo e nas ameaças sofridas pelos diversos biomas do Estado especialmente pela Mata Atlântica. O Instituto Ilhas do Brasil apresentou seu projeto Estrelas do Mar, em que filhos de pescadores da comunidade de Pântano do Sul, em Florianópolis, desenvolvem conceitos sobre protagonismo e empreendedorismo juvenil. O foco desse projeto é o cultivo de valores éticos e morais, a educação ambiental e cidadã, conteúdos de filosofia e turismo voltado para difundir as belezas locais, a história e a cultura da comunidade de pescadores artesanais do Pântano do Sul.

“Octopus Resíduos” feito com materiais abandonados nas praias

A ONG AMA apresentou os resultados do Projeto Monitoramento Mirim Costeiro, que se desenvolve nas praias de Garopaba, envolvendo 9 escolas municipais. Houve exposição de dados coletados, gráficos referentes aos tipos de lixos encontrados na orla, painéis com fotos das atividades, coleções de diferentes tipos de areia e o polvo “Octopus Resíduos”, confeccionado com materiais abandonados nas praias, visando conscientizar visitantes sobre os resultados de padrões de comportamento não responsável. O evento contou também com a participação do Projeto Baleia Franca, Polícia Ambiental, escoteiros Ilha Terceira e a ONG Eco Garopaba. No encerramento das atividades do dia, escolas e parceiros receberam exemplares da Revista Meio Sustentável e uma eco-bag de algodão, com a impressão de imagem do Lutz.

Boletim Especial do Projeto Gaia Village www.gazetadopovo.com.br/educacao/vida-na-universidade

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EVENTOS

FEIRA DE DESIGN E ALIMENTAÇÃO VERDE SÁBIA aconteceu no final de março/2015, no Studio Q, na Rua Dr. Timóteo, 395 em Porto Alegre

A Feira Sabiá contou com a participação Juliana Corbellini (Horta de Algodão)

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Senhorita Orgânica marcou presença na Feira Verde Sábia

Simone Polleto e a estande da ONG AMA Garopaba durante a 13ª Mostra Lutz, em Garopaba/SC

meio sustentável

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Rio Grande do Sul

Resgate da cultura: demonstração de trançado manual com utilização de palha da palmeira Butia Capitata – 13ª Mostra Lutz.


Editorial da Revista Meio Sustentável publicado na edição de Junho/Julho de 2014

Nesta edição, abordamos um tema que se apresenta como um óbice para o crescimento de ações e comportamentos sustentáveis: a crise moral presente em nossa sociedade. Algumas dessas ações já deveriam estar incorporadas em cada um de nós como um modo de vida, traduzindo-se em atitudes que nos garantissem mais prazer e felicidade em viver. Ao esquecermos os princípios básicos de respeito aos outros - e que garantem amor e privilégios aos idosos, crianças e jovens, por exemplo, ou a ética nas relações de trabalho -, ganhando, à custa do dano alheio, estamos fortalecendo a crise moral que vivenciamos. Sem essa responsabilidade e consciência social assumida por todos, será mais difícil chegarmos à sustentabilidade na sua forma mais humana. As práticas sustentáveis, no Brasil estão atrasadas em mais de 20 anos em comparação com as que são empregadas em países da Europa e Ásia. Tais práticas tem garantido aos habitantes desses países maior qualidade de vida e, pela preservação continuada e cada vez mais intensa do meio ambiente, podem ser projetadas maiores garantias de vida saudável para as próximas gerações dessa população. Os japoneses, por exemplo, educam os adolescentes, ensinandoos a cuidar dos mais velhos e até fazendo-os simular a amputação de algum membro para que estes possam entender as dificuldades por que passam idosos e deficientes. Com esse sentimento de compaixão presente, podem ajudar dando-lhes carinho, atenção e ainda auxiliando-os em suas tarefas diárias. Já por aqui, mal nos acostumamos a respeitar os espaços reservados aos idosos no transporte coletivo das grandes cidades. Na Suécia, cidade de Borãs, outro grande exemplo a ser seguido, o planejamento de sustentabilidade, compreende ações para, no mínimo, 20 anos, visando assim contemplar um resultado coletivo, em que a sustentabilidade seja uma prática incorporada no dia-adia das pessoas. Trata-se de uma sociedade que busca resultados para a melhor qualidade de vida no presente e no futuro. Esse plano representa uma riqueza social diante da qual nenhum governo pode se omitir e nenhum líder ou partido pode mudar. Assim, empresários, entidades e a sociedade fazem cada um a sua parte com um objetivo comum: o desenvolvimento sustentável. E, na sociedade em que vivemos, quais os valores preservados e planejados para serem atendidos em 20 anos sem que sofram interferência, sejam interrompidos ou boicotados por diferentes atores da sociedade que agem em defesa própria, e não com visão coletiva? Temos que caminhar em frente de modo que a mudança inicie em cada um nós e se estenda para a sociedade. Precisamos de um planejamento sustentável de longo prazo para que as ações de desenvolvimento social e econômico sejam de fato eficientes. Precisamos em conjunto agir contra a ambição econômica em detrimento da preservação da sustentabilidade, dos princípios morais e éticos que deveriam orientar as relações pessoais, familiares, de trabalho e de convívio social. A direção

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Rio Grande do Sul


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