Revista P&C Setembro / Outubro 2015

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c P &c Nº 21 SETEMBRO / OUTUBRO 2015 - Mensal - 5 €

O BRASIL MOSTRA A SUA FORÇA

Entrevista: Afonso Mamede Presidente da SOBRATEMA Engenharia: Um painel azulejar num edifício classificado de faro opinião: Sustentabilidade e futuro


RASS FFEEIIRA


U

ma vez mais as promessas foram em catadupa…todas elas para não serem cumpridas como já é hábito, pois assim que os votos entram nas urnas, o prometido deixa de ser devido e cada um dos candidatos começa a preparar-se para o “tacho” desejado. Se a memória nos não trai, Passos Coelho prometeu mundos e fundos se fosse eleito, desde nunca se desculpabilizar com o partido derrotado nesse acto eleitoral pelas medidas impopulares que o seu governo tivesse que tomar. Seria um caso raro…mas ingenuamente quisemos acreditar… Logo poucos dias após a tomada de posse veio falar à Nação e anunciar as suas primeiras medidas impopulares…aumentar impostos…descontar salários… assaltar reformados retirando aos pobres para dar aos ricos… tudo, segundo ele, pela pesada herança deixada pelo anterior governo… Mas não contente com isso, inventou ainda uma original forma de “roubar” dinheiro aos seus “desgovernados que não governados” com a criação de uma pomposa CES Contribuição Especial de Solidariedade, sem sequer consultar os que só souberam que o eram (solidários) quando se viram confrontados com menos uma quantia substancial dos seus salários e das “suas milionárias reformas” retiradas e ainda ameaçados de mais porque aquele dinheiro que eles tinham deduzido ao longo de toda a sua carreira contributiva não era propriedade deles e o governo podia utilizá-lo sempre que houvesse necessidade disso… Mas o Primeiro-Ministro esteve anos sem pagar impostos, porque “não sabia que tinha que o fazer”… e que logo que soube que o devia, apesar de já ter prescrito, heroicamente foi pagar sem coima alguma. Mas este governo foi especialista também em outras originalidades bem curiosas como a de se desfazer de bens do País, bens do Estado, por quantias insignificantes como aconteceu com a EDP…com a REN…e por vender a TAP ao desbarato a um consórcio cujo principal empresário é proprietário de duas empresas aéreas estrangeiras em falência técnica…e o seu parceiro o proprietário da empresa de camionagem Barraqueiro. Pelo andar da carruagem…ainda um dia destes vamos ver um motorista de autocarro da Barraqueiro a pilotar um avião da TAP num voo de Lisboa para Bruxelas, por exemplo…é um especialista em transporte…aéreo…terrestre…agora falta um cacilheiro… Que povo é este do meu País que depois de ter sido roubado escandalosamente durante quatro anos…volta a escolher os mesmos incompetentes para acabarem com o resto… como dizia o velho pregão da varina pelas ruas de Lisboa “Quem me acaba o resto”??? Eles já aí estão !!!l

P &C

E D I TO R I A L

Eleições mais do mesmo! Promessas e Promessas

Rui Anjos Editor da Revista P&C

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SUMÁRIO

P &C FEIRAS

Brasil mostra a sua força

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ARTE URBANA

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ENTREVISTA

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ENGENHARIA

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OPINIÃO

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Português Vhils com novo projeto onde recupera habitats urbanos

Afonso Mamede Presidente da SOBRATEMA Um Painel Azulejar num Edifício Classificado de Faro

Sustentabilidade e futuro

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ficha técnica

P &C

d ir e tor Paulo Martins paulo.martins.pec@outlook.com e d i tor Rui Anjos rui.anjos.pec@outlook.com R ED AÇ ÃO Marta Vaz e Paula Mesquita CO L A B O R A D O R E S P E R M A N E N TE S António Bravo, Gisela Campos, José Matos e Silva F OTO G R A F I A Augusto Cardoso

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P ublici d a d e João Martins joao.martins.pec@outlook.com Tem: +351 963 745 202 paginação Ana Lourenço propri e d a d e

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N i P C 510527108 r e d ação Rua do Laparo Nº 263 Fração S 2890-551 Alcochete - Portugal pro d ução e impr e ssão Brand Evolution Rua Frei Luís de Granada, Nº 14 A-B 1500-680 Lisboa publicação m e nsal t irag e m 5000 exemplares r e gis to E R C Isenta de Registo na ERC ao abrigo do art. 12º, nº1 a) do Decreto-Regulamentar 8/99 de 9 de Junho v e n d a por assinat uras Portugal Continental, Açores e Madeira: 5€ (IVA incluído, 6%)

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P R OFDEUI R TO AS

Brasil mostra a sua força M&T Expo 2015 surpreende, gera negócios e marca início da retoma no mercado de equipamentos para construção e mineração. Consolidada como a maior e mais importante feira dos segmentos na América Latina, a M&T Expo 2015 reuniu, de 9 a 13 de junho, 45.755 visitantes compradores, em São Paulo, Brasil. A M&T Expo 2015 – 9ª Feira e Congresso Internacionais de Equipamentos para Construção e 7ª Feira e Congresso Internacionais de Equipamentos para Mineração, realizada na semana passada no São Paulo Expo Exhibition & Convention Center, em São Paulo, e considerada a maior e mais importante feira do segmento de equipamentos para construção e mineração da América Latina, surpreendeu por ter tido uma expressiva frequência de público qualificado – nada menos que 45.755 visitantes passaram pelos 100 mil m2 de área de exposição – e pela concretização de muitos negócios. A estimativa de bons negócios consagra a M&T Expo 2015, realizada de 9 a 13 de junho, como um termômetro para o mercado de equipamentos para construção e mineração, uma vez que, como já ocorreu em edições anteriores, grande parte dos compradores prefere aguardar a realização da feira para conhecer as inovações dos fabricantes e, também, para negociar a compra de novos equipamentos ou finalizar negócios já iniciados. Como ocorreu na edição de 2009, a feira já havia sido um divisor de águas para o setor ao alcançar um volume expressivo de vendas, o que ajudou a reverter os reflexos da crise econômica que, na ocasião, afetou diversos

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países. A realização de negócios nesta edição também foi expressiva, reforçando o papel da M&T Expo como ponto de encontro para executivos e profissionais do setor da construção e mineração decidirem suas compras. “Com base nos depoimentos de diversos expositores, chegamos a conclusão de que a movimentação de vendas antes, durante e depois da M&T Expo 2015 deve representar entre 20% e 30% do volume total de vendas anuais, que historicamente se situa em R$ 15 bilhões, mas que neste ano, em função da desaceleração, deve ser da ordem de R$ 10 bilhões”, afirma Afonso Mamede, presidente da Sobratema – Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração, idealizadora e organizadora da feira. Na edição deste ano, segundo Mamede, a feira foi um sucesso e ratifica o seu papel de importante fonte de geração de negócios para os fabricantes e revendedores de equipamentos, fomentando a competitividade, o desenvolvimento econômico-financeiro e tecnológico de todo o setor da construção e mineração”, acentuou o presidente da Sobratema. Para Mário Humberto Marques, vice-presidente da Sobratema, o desempenho da feira acompanha


a FDe EUiI r RTO As S P R Of

a perspectiva mais favorável do setor. “Além das medidas do ajuste fiscal anunciadas pelo governo nas últimas semanas, que estão em fase final de negociação pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, das obras já em construção pelo país afora, da reestruturação do funding do BNDES, os investidores nacionais e internacionais estão ávidos por bons negócios e o Brasil é uma importante opção no mercado internacional, como demonstrado na visita do primeiro ministro chinês, que anunciou a intenção de investir US$ 50 bilhões em obras de infraestrutura no Brasil. O momento de boas notícias teve ainda o anúncio, exatamente no dia da abertura da M&T Expo 2015, de um novo pacote de concessões, feito pelo governo federal, que implicará num aporte de R$ 198 bilhões para infraestrutura”. Por todos esses fatores e também em função do equacionamento de linhas de financiamento com a exigência das debêntures, pelo BNDES, além do anúncio do Plano Safra 2015/16, os dirigentes da Sobratema entendem que o segundo semestre de 2015 será bem melhor que o primeiro. “Estamos confiantes de que já no início de 2016 estaremos saindo da crise”, comenta Marques. Já o público visitante, formado por decisores de compra, profissionais e técnicos de empresas ligadas ao setor, incluindo construtoras e mineradoras, se mostrou muito interessado nas

opções oferecidas pelas mais de 1.000 marcas expostas no São Paulo Expo, em São Paulo. Esses visitantes puderam conhecer uma grande variedade de equipamentos para terraplenagem, pavimentação, içamento de cargas, perfuração de rochas, mineração, entre outros, além de motores, material rodante, peças e componentes. Em termos de empresas participantes, a M&T Expo 2015 contou com 478 expositores, representando 25 países – Alemanha, Argentina, Bélgica, Brasil, Canadá, Chile, China, Colômbia, Coréia do Sul, Espanha, Estados Unidos, Holanda, Índia, Itália, Luxemburgo, Malásia, Paraguai, Peru, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Rússia, Singapura, Turquia e Uruguai. Para eles, além dos negócios, a feira também mostrou a realidade do mercado brasileiro de equipamentos para construção e mineração. “O desenvolvimento tecnológico das máquinas, a disponibilidade de equipamentos mais econômicos

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FPE RD P RRIO O JaEUsTO TO S

e de maior produtividade e, ao mesmo tempo, com reduzido impacto ambiental são bons exemplos do que havia na feira, pois moderniza e aumenta a competitividade das empresas do setor”, ressalta Afonso Mamede.

M&T Expo Congresso Paralelamente à M&T Expo 2015, aconteceu o M&T Expo Congresso, entre os dias 10 e 12 de junho. Com uma programação completa com 16 seminários e eventos especiais, debateu os principais assuntos que norteiam o mercado de equipamentos para construção e mineração. O M&T Expo Congresso reuniu um público de

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mais de 1.000 congressistas (a estimativa era de receber 800 participantes), formado por empresários, engenheiros, especialistas, técnicos e profissionais de construtoras, mineradoras, fabricantes de equipamentos, locadores, fornecedores de peças, motores, material rodante e componentes e prestadores de serviços. Para Eurimilson Daniel, vice-presidente da Sobratema, a quantidade expressiva de participantes ressalta o papel da M&T Expo para a difusão de conhecimento técnico e mercadológico e a troca de experiências entre profissionais do setor. “Foi uma oportunidade única para que eles obtivessem informações sobre uma variedade de assuntos relevantes relacionados com o setor, incluindo tendências e perspectivas do setor, que, certamente, servirão de base para tomada de decisões em suas empresas”, diz. O Congresso contou com a participação direta da Sobratema em três eventos: a área de Inteligência de Mercado, divulgou as informações do estudo O Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção – Tendências; o Instituto Opus realizou o seminário Movimentação de Cargas – a Realidade dos Profissionais; e uma parceria da Sobratema com o Iopex – Institute for Operational Excellence Brasil viabilizou o 2º Summit Internacional de Excelência Operacional & Lean Construction. Além da Sobratema, o M&T Expo Congresso abriu espaço para diversas entidades parceiras abordarem assuntos pertinentes para o crescimento e desenvolvimento do segmento de construção e mineração. Nesta edição, as entidades setoriais participantes foram: ABCIC – Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto, ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, ANALOC – Associação Brasileira dos Sindicatos, Associações e Representantes dos Locadores de Equipamentos, Máquinas e Ferramentas, CBT – Comitê Brasileiro de Túneis, e SINDIPESA – Sindicato Nacional das Empresas de Transporte e


a sS P R OfDeUi rTO

Movimentação de Cargas Pesadas e Excepcionais. O M&T Expo Congresso contou também com as participações do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, que anunciou diversas linhas de crédito, e do DEC – Departamento de Engenharia e Construção do Exército Brasileiro, além das seguintes empresas: Atlas Copco, Brasil Mineral, Caimex, JLG, Solinftec e ZF do Brasil.

Construction Expo 2016 A M&T Expo 2015 incluiu ainda um estande especialmente dedicado ao lançamento e divulgação das atividades da Construction Expo 2016 - Feira e Congresso Internacionais de Edificações & Obras de Infraestrutura, que será realizada pela Sobratema no próximo ano e que tem como escopo apresentar soluções de infraestrutura para as cidades brasileiras. No estande foi organizada uma intensa programação de palestras com a participação de renomados especialistas em infraestrutura que, durante quatro dias abordaram temas como: 1- Sustentabilidade voltada para a geração de negócios no setor da construção civil; 2- Planejamento de longo prazo e as infraestruturas urbanas; 3- As limitações técnicas, a baixa capacidade de investimentos e, 4- Os desafios dos gestores municipais e o legado da Copa do Mundo e das Olimpíadas de 2016l

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ARTE URBANA

Português Vhils com novo projeto onde recupera habitats urbanos

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destruição faz parte da criação para o português Alexandre Farto, mais conhecido por Vhils, que destrói fachadas para tornar visível o que elas escondem. O seu mais recente projecto, realizado no Brasil, foi desenvolvido em parceria com a Bosch Ferramentas Elétricas Profissionais, que se aliou à arte com o seu novo e potente martelo perfurador sem fio, o GBH 36 V-LI Plus Professional.

Vhils, com a sua técnica de cinzelagem especial, e usando apenas um martelo perfurador, põe a descoberto o que se esconde atrás da fachada de uma grande cidade: o rosto de uma pessoa. No projeto atual no Recife, Brasil, Vhils “gravou” o rosto de um professor da aldeia dos índios Guarani na fachada de um edifício para chamar a atenção para a luta dos habitantes desta aldeia pela preservação do modo de vida tradicional. Vhils e a sua equipa usaram o novo martelo perfurador sem fio da Bosch, o GBH 36 V-LI Plus Professional, que comprovou

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ser tão potente como uma ferramenta com fio na plataforma elevatória.

Vhils explica as suas exigências técnicas: “Algumas (paredes) têm vida interior, que é mais macia do que a sua superfície, noutras é exatamente ao contrário. Para projetos, como por exemplo os do Recife, onde trabalhamos a uma altura elevada numa plataforma elevatória, precisamos de um martelo perfurador sem fio, que nos permita adaptar a nossa técnica de cinzelagem à estrutura individual da parede e às circunstâncias locais. Por isso, a ferramenta tem de ser muito potente, mas também tem de possuir características que possibilitem uma perfuração extremamente


Arte UrbANA

controlada. Se, por exemplo, se desbastou demasiado uma camada, é muito difícil corrigir esse passo do trabalho”, explica o artista. Vhils explica também como efetua o seu trabalho a partir de “um esboço de uma imagem, que melhoramos com camadas de cores em preto, cinzento e castanho. Estas camadas de cores são depois projetadas na parede, sendo que o número de camadas é determinado em função da natureza da parede.

O maior desafio é o momento em que usamos o martelo perfurador, quando começamos a sentir realmente a estrutura da parede. É também neste momento que se vê a qualidade da ferramenta: se assentar bem na mão, é a ferramenta certal”

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E N T R E V I S TA

Afonso Mamede Presidente da SOBRATEMA PROD U TO S

“O Brasil é muito maior do que qualquer crise!”

T

erminada a M&T Expo de São Paulo cujo sucesso é de todo impossível ignorar pois bateu todos os recordes em termos de ocupação de espaço, de dinâmica, de afluência de visitantes e de internacionalização, impunha-se uma breve conversa com Afonso Mamede, o homem forte da equipa responsável pela realização deste certame.

democráticas normais a que o Brasil sempre tem sabido sobreviver, umas vezes melhor, outras vezes pior. A grande mudança acabou por suceder quando o povo decidiu votar no P.T.- Partido Trabalhista - de Lula da Silva e, posteriormente, no P.T. de Dilma que viveu um final de mandato esfarrapado. Vivemos uma fase de equilíbrio das contas e o mais

Afonso Mamede

Presidente SOBRATEMA - Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração

P&C – A frase “O Brasil é maior do que qualquer crise” por si proferida logo no início desta edição da “M&T Expo” foi marcante e lembrada todos os dias durante o certame. O que o leva a assumir esta afirmação tão marcante? Afonso Mamede - Assumo-a inteiramente porque é a verdade. No Brasil já vivemos crises muito fortes desde graves crises de governabilidade, passando por crises provocadas pelo dólar fixo e não flutuante, depois foram as crises de direita vividas durante os governos militares direitistas a que se seguiu outra forte crise de direita já livres dos militares com o governo presidido por Fernando Henrique Cardoso. Isto é a democracia logo são situações

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interessante nisso é que agora é o próprio P.T. que se encontra a trabalhar em busca desse equilíbrio das contas tão importante e necessário. É bom que se saiba que esses ganhos sociais que obtivemos se perderiam totalmente sem esse equilíbrio das contas e repito que o importante foi sem dúvida ter sido o próprio P.T. a aperceber-se dessa realidade, da extrema importância dessa virada para nós e para o Brasil. P&C – Que mensagem vai querer enviar para Portugal, para os empresários portugueses? Afonso Mamede – A mensagem é simples e sincera: Venham para o Brasil. Já temos cá a trabalhar várias empresas portuguesas do sector e as coisas estão correndo muito bem com elas que já conquistaram os seus nichos e estão crescendo. O Brasil é



E N T R E V I S TA

Afonso Mamede Presidente da SOBRATEMA PROD U TO S

democráticas normais a que o Brasil sempre tem sabido sobreviver, umas vezes melhor, outras vezes pior. A grande mudança acabou por suceder quando o povo decidiu votar no P.T.- Partido Trabalhista - de Lula da Silva e, posteriormente, no P.T. de Dilma que viveu um final de mandato esfarrapado. Vivemos uma fase de equilíbrio das contas e o mais interessante nisso é que agora é o próprio P.T. que se encontra a trabalhar em busca desse equilíbrio das contas tão importante e necessário. É bom que se saiba que esses ganhos sociais que obtivemos se perderiam totalmente sem esse equilíbrio das contas e repito que o importante foi sem dúvida ter sido o próprio P.T. a aperceber-se dessa realidade, da extrema importância dessa virada para nós e para o Brasil. P&C – Que mensagem vai querer enviar para Portugal, para os empresários portugueses? Afonso Mamede – A mensagem é simples e sincera: Venham para o Brasil. Já temos cá a trabalhar várias empresas portuguesas do sector e as coisas estão correndo muito bem com elas que já conquistaram os seus nichos e estão crescendo. O Brasil é um mercado aberto que, como tal, necessita de investimento e está aberto a receber as empresas portuguesas na certeza de que a sua qualidade e capacidade de trabalho são uma realidade que lhes facilita o sucesso. Para além de tudo isso há um factor importantíssimo que é o do idioma sem dúvida uma das maiores afinidades entre Brasil e Portugal. Para as empresas e empresários portugueses a minha mensagem é esta: Venham para o Brasil, país irmão onde encontram um mercado aberto e aliciante e que, para vocês, tem outra grande mais-valia…nem necessitam aprender a língua para se fazerem entender e realizarem seus negócios.

empresas brasileiras a apostar no mercado português um mercado que sempre foi aliciante para as empresas brasileiras. Agora vai voltar a ser e as empresas brasileiras que já lá estiverem instaladas terão maior facilidade dencontrar as oportunidades desejadas. P&C – Na hora do adeus, qual o balanço final da M&T Expo? Foram atingidos os objectivos pretendidos? Afonso Mamede – A M&T Expo é uma feira cada vez mais importante a nível internacional e a prova está aí nesta edição de 2015 tendo-se tornado já num ponto de encontro internacional de excelência. O balanço? Os números falam por si: 100 mil metros quadrados; 500 expositores de 25 países; mais de 54 mil visitantes. Se estes números não fossem demonstrativos, deixo aqui a prova mais flagrante desse crescimento e dessa importância. O Congresso da M&T inicialmente preparado para 800 congressistas…teve uma resposta estrondosa do sector e contou com 1200 participantes. Mais 50% do previsto. Estamos contentes com os objectivos alcançadosl

P&C - E o inverso? Há possibilidades de empresas brasileiras apostarem em Portugal? Sente interesse nisso por parte dos empresários brasileiros? Afonso Mamede - Concerteza que sim até porque Portugal é um país de oportunidades para quem queira investir e trabalhar a sério. Neste momento o país vive as feridas de uma crise profunda que assolou toda a Europa mas já se sentem os ventos da retoma. Por isso mesmo acredito que haja

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Afonso Mamede Presidente SOBRATEMA - Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração


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edifício da Santa Casa da Misericórdia de Faro é um dos imóveis mais emblemáticos da capital do Algarve e, para além de incluir a Igreja da Misericórdia (Foto n.º 1), tem uma bela arcada (Foto n.º 2). Este notável conjunto arquitectónico foi classificado pela Portaria n.º 173/2014, de 27/02, a qual refere: “A Igreja da Misericórdia foi levantada, a partir do último quartel de Quinhentos, no local da ermida manuelina do Espírito Santo, ligada ao hospital da mesma invocação, erguido após a transferência do centro urbano das Alcaçarias para a zona ribeirinha de Faro em 1499, constituindo um dos equipamentos fundamentais da reestruturação urbana da cidade medieval. O antigo hospital quinhentista foi reconstruído pelo arquiteto genovês Francisco Xavier Fabri no início do século XIX, a par da reformulação neoclássica da fachada do templo, em cujo pórtico se conservam no entanto alguns elementos barrocos. Na igreja, merecem ainda destaque a planta em cruz grega, caso ímpar na região algarvia, bem como a talha de grande qualidade do interior, nomeadamente o retábulo maneirista da capela-mor, os colaterais, barrocos, e o revestimento do arco triunfal, registando-se ainda

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ENGENHARIA

Um painel azulejar num edifício classificado em faro

algumas manifestações interessantes de imaginária, pintura e azulejaria dos séculos XVI a XIX. O edifício anexo do hospital integra uma monumental galeria de arcadas redondas no piso térreo”. Recentemente, numa parede de topo desta arcada, foi colocado um painel azulejar comemorativo da passagem de Cristóvão Colon, por Faro, no dia 14/03/1493, quando do regresso da sua primeira viagem ao continente americano. O painel foi executado pela Cerâmica Artística de Carcavelos e pintado, à mão, pelo artista Paulo Matos. A montagem do painel, realizado pelo empreiteiro local Sistema U (que realizou esse trabalho a título gracioso), foi iniciada pela picagem do paramento da parede e pela colocação duma régua horizontal (devidamente nivelada) para suportar a primeira fiada de azulejos (Foto n.º 3). Seguidamente, procedeu-se à preparação do cimento-cola (Foto n.º 4) e à sua aplicação sobre o paramento da parede (Foto n.º 5), por troços sucessivos e à medida que se iam colocando os azulejos (Foto n.º 6). Depois de colocados todos os azulejos, foi passado um pano seco para retirar os excessos de cimento-cola que haviam refluído através das juntas entre azulejos (Foto n.º 7). No dia seguinte foi executado um reboco na zona envolvente do painel, de modo a que este ficasse faceado com o paramento da parede (Foto n.º 8) e, um dia depois, foi realizada a pintura da zona que havia sido rebocada. Seguidamente, o painel foi coberto com uma bandeira dum dos patrocinadores da sua execução (Foto n.º 9), para ser inaugurado pelas autoridades oficiais presentes (Foto n.º 10) que incluiram o Presidente da C. M. de Faro (Dr. Rogério Bacalhau), a Directora Regional de Cultura (Dra. Alexandra Gonçalves), o Provedor da Santa Casa da Misericórdia (Dr. José Candeias Neto) e o representante (Eng.º José Campos Correia) da Região Sul da Ordem dos Engenheiros (outra

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ENGENHARIA

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entidade patrocinadora do painel). Todas estas personalidades ocuparam a mesa de honra (Foto n.º 11) e proferiram palavras alusivas ao acto. Por todos foi realçado o curto espaço de tempo (menos de um ano) entre o início do projecto e a sua concretização, e a rapidez com que se processou o respectivo licenciamento pelas autoridades oficiais. Na Foto n.º 12 pode ver-se o painel, depois do acto de descerramento, nele constando, nomeadamente, os seguintes dizeres: “CRISTÓVÃO COLOMBO PASSOU POR FARO EM 14 DE MARÇO DE 1493, DEPOIS DE TER SAÍDO DE LISBOA NA VÉSPERA, QUANDO EFECTUAVA O REGRESSO DA SUA PRIMEIRA VIAGEM À AMÉRICA, COMO ESCREVEU NO DIÁRIO DE BORDO. CONTUDO O APELIDO QUE

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CONSTA DOS DOCUMENTOS OFICIAIS SEMPRE FOI COLON E NUNCA COLOMBO, DADO QUE ESTE ÚLTIMO NOME RESULTOU DUMA TESE ERRADA QUE DEFENDE QUE ELE TERIA NASCIDO NA CIDADE DE GÉNOVA. DE ACORDO COM A TEORIA QUE VEM SENDO DIVULGADA PELOS IRMÃOS JOSÉ E ANTÓNIO MATTOS E SILVA, O NOME VERDADEIRO DE CRISTÓVÃO COLON SERIA SALVADOR ANES DA SILVA, UM NOBRE PORTUGUÊS QUE SERIA FILHO DA INFANTA D. LEONOR DE AVIZ (A QUAL,

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ENGENHARIA

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POSTERIORMENTE, CASARIA COM O IMPERADOR ALEMÃO FREDERICO III) E DE D. JOÃO MENEZES DA SILVA (O QUAL, DEPOIS DA MORTE, VIRIA A SER CONHECIDO POR BEATO AMADEU). COLON TERÁ NASCIDO NA VILA ALENTEJANA DE CUBA, CERCA DE 1450, E VIRIA A CASAR, POR 1479, COM FILIPA MONIZ PERESTRELO, FILHA DE ISABEL MONIZ E DE BARTOLOMEU PERESTRELO, QUE FOI O 1.º CAPITÃO-DONATÁRIO DE PORTO SANTO (ILHA DO ARQUIPÉLAGO DA MADEIRA)”. O painel, com 4,05m de comprimento e 1,575m de altura, é bilingue (em português e inglês) e contém ainda uma descrição pormenorizada das quatro viagens do navegador ao continente americano e de todos os locais a que ele aportou (Foto n.º 13) l

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Eng.º José Matos e Silva

10 Ficha Técnica

Concepção do painel: Eng.º José Matos e Silva; Eng.º António Matos e Silva Apoio Institucional: Ordem dos Engenheiros (Região Sul) Apoio Logístico: Bar Columbus Execução do Painel: Cerâmica Artística de Carcavelos Montagem do Painel: Sistema U (Eng.º Jorge Nascimento)

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O P I N I ÃO

José António Silva Martins

Sustentabilidade e futuro

E

xpressar uma posição sobre um qualquer tema que pode ser mais ou menos controverso, implica o assumir de perspectivas que, sendo individualizadas, são também uma visão global sobre o mundo que nos rodeia. Esse mundo que recebemos e sobre o qual temos a responsabilidade de projetar no futuro, garantindo a sua sustentabilidade, de forma a não comprometer as condições de vida necessárias para o desenvolvimento das gerações vindouras. Surge-nos, assim, a sustentabilidade, como um dos maiores desafios que teremos de enfrentar, perspectivando uma acçao equilibrada entre a actividade económica, o progresso social, a questão energética e a responsabilidade ambiental. Uma consciência sustentável não pode limitar-se a ser uma mera parte de uma qualquer política de comunicação ou imagem. Para que possa ser efectiva e interventiva num processo de mudança, tem que fazer parte intrinseca da nossa formação, educação e cultura, coabitando com os nossos relacionamentos interpessoais. A nossa capacidade de partilhar conhecimento e tudo o que se possa integrar neste conceito, será sempre um motor de desenvolvimento da sociedade em que nos inserimos e um contributo determinante para a nossa evolução sustentável. Nesta perspectiva, surgem com particular importância as políticas que buscam um melhor ordenamento dos nossos centros urbanos, focadas na recuperação do património histórico, cultural e paisagístico, na melhoria da mobilidade urbana e na eficiência energética ou da gestão de resíduos. As alterações que se têm vindo a verificar no perfil desses centros urbanos, espelham um sinal positivo na vontade de estabelecer rupturas com conceitos ultrapassados, abrindo novas vias de mudança. O aparecimento de politicas de reabilitação ou regeneração urbana, conjugadas com novas formas de “fazer negócio” abriram novos horizontes de convivência, transformando espaços urbanos outrora frios e desertos em metrópoles pululantes de vida, potenciando a actividade económica e projectando Portugal para os primeiros lugares dos destinos mais apreciados pelos visitantes estrangeiros. A mudança deverá ser uma opção individualizada e apaixonada que possa ser transmitida como um estímulo, motivando e mobilizando cada um de nós para o desenvolvimento de uma consciência

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José António Silva Martins

colectiva. A paixão que colocamos em cada uma das nossas opções será determinante na contribuição que daremos para o nosso desenvolvimento colectivo. O mundo é cada vez mais pequeno e a forma como interagimos com elee a criatividade que dispensarmos a essa relação serão o nosso contributo para a construção de um futuro melhor. O futuro constrói-se e pertence-nos. Cabe-nos a responsabilidade de o saber percepcionar e garantirl (22 julho 2015)



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