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O fim da história
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e então chegará o fim” (Mt 24.14, BP)? Paulo estaria se História é uma ciência complicada. Já se disse que “todo referindo ao fim da história quando escreveu aos coríntios: mundo sabe o que é história antes de começar a pensar nela, “A seguir [após a ressurreição dos mortos] virá o fim, quando e, depois que se pensa, ninguém sabe mais”. A história não ele entregar o reino a Deus e acabar com todo principado, merece confiança absoluta, pois aqueles que a escrevem não autoridade e poder” (1Co 15.24)? Pedro teria em mente o conseguem se livrar de seus preconceitos e de seus pontos fim da história quando declarou que “o fim de todas as coisas de vista pessoais. Dificilmente um historiador consegue está próximo” (1Pe 4.7)? ultrapassar seu compromisso consciente ou inconsciente Em certo sentido, os cristãos de qualquer corrente do com a cultura no meio da qual nasce e vive. Usa-se a história cristianismo, em todo o mundo e em qualquer período da também para defender e propagar um modelo político história, quando oram o Pai Nosso, estão pedindo o fim da particular ou uma religião que se professa. história: “Venha o teu Reino” (Mt 6.10). Desde a queda do muro de Berlim (1989), tem-se falado O fim da história não terá no fim da história. Todavia é muita chegado quando um grande presunção acreditar que o fracasso império cair para dar lugar a de uma ideologia ou de um império outro, como aconteceu com O fim da história terá signifique o fim da história. O máximo aquela sucessão de impérios que se pode afirmar é que um grande chegado quando todos os retratada no sonho da grande acontecimento, como a queda do impérios caírem e toda estátua de Nabucodonosor, império romano, a queda do império a arrogância humana quando o império babilônico bizantino, a “descoberta” da América, der lugar ao reino dos cedeu lugar ao império medoa Revolução Francesa ou a queda do céus em sua plenitude, persa e este ao império grego e este comunismo, marque o fim de um totalidade e visibilidade ao império romano (Dn 2.31-45). período histórico e não da história. O fim da história terá chegado Se a história nada mais é que o registro quando todos os impérios caírem do passado do ser humano, então é e toda a arrogância humana ruir possível coincidir o fim da história definitivamente para dar lugar ao reino dos céus em sua com o fim do personagem histórico. Uma guerra global sem plenitude, totalidade e visibilidade. O fim da história virá sobreviventes de espécie alguma ou a destruição completa do quando o “último inimigo”, que é a morte, for destruído meio ambiente podem provocar o fim da história. (1Co 15.26), a ponto de se poder perguntar ironicamente Alguns entendem que a história é “o desdobramento à ela: “Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó gradual de um plano divino, com as pessoas representando morte, o seu aguilhão?” (1Co 15.55). O fim da história terá papéis predeterminados”. Trata-se de uma perspectiva chegado quando ao nome de Jesus se dobrar todo joelho religiosa. Nesse caso, diz-se acertadamente que Deus é o nos céus, na terra e debaixo dela, e toda língua confessar Senhor da história. Jesus estaria pensando no fim da história quando anunciou: que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai (Fp 2.9-11). “A boa nova do reino será proclamada a todas as nações, Março-Abril, 2008
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carta ao leitor
Fundada em 1968 ISSN 14153-3165 Revista Ultimato Ano XLI · NÀ 311 Março-Abril 2008 Direção e redação cartas@ultimato.com.br Elben M. Lenz César (Jornalista responsável)
O aluvião de bestas apocalípticas que caíram sobre nós no último Natal
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Passados os festejos de Natal e de ano-novo, é bom fazer um pequeno inventário sobre a qualidade e seriedade dessas comemorações. Para o comércio foi um sucesso enorme. Em grande parte por causa da decoração de Natal. Só os 622 centros comerciais brasileiros investiram 350 milhões de reais nesse setor. A ausência cada vez maior do verdadeiro sentido do Natal assustou até pessoas cultas sem nenhum compromisso com o cristianismo. Em sua coluna no Jornal do Brasil, o escritor Fausto Wolf disse que sempre quis acreditar na concepção sobrenatural de Jesus Cristo, na remissão dos pecados através de sua morte, na ressurreição da carne e na vida eterna. Porém, se limita a gostar de Jesus porque era pobre, ofendido e maltratado, assim como nós. Ele se queixa dos ricos que, desde Adriano, “encheram Jesus de jóias, perfumaram-no, trancaram-no em um palácio longe do povo para melhor poderem explorar esse mesmo povo”. Wolf cita o pronunciamento de alguém que faz sérias acusações: “É no período natalício que os veículos de comunicação em geral e a televisão em particular mais torturam este país. Um aluvião de bestas do apocalipse cai de uma só vez sobre a pobreza ignorante e a classe média abobalhada: ‘Compre, compre’. Sei da força do Verbo, mas odeio o Natal. Creio que só um homem odiaria mais do que eu: Jesus Cristo”. 4
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O filósofo Leandro Konder também protestou: “Como descrente que sou — marxista convicto irrecuperável — quero apenas registrar minha expectativa de que o festival consumista em torno de Santa Claus não atrapalhe a celebração do aniversário do Justo”. Até o empresário Antônio Ermírio de Moraes, um dos homens mais ricos do país, dois dias antes do Natal, desejou em sua coluna na Folha de São Paulo que os brasileiros tivessem um “santo Natal junto às suas famílias” e que reservassem algum tempo para pedir a Deus que “fortaleça entre nós o amor e o respeito pelo próximo”, porque “a felicidade dos seres humanos não se resume no êxito econômico”. É possível que um dia, quando nossos olhos forem verdadeiramente abertos, nós enxerguemos a grandeza do Natal na perspectiva dos Evangelhos sinóticos e do Evangelho de João, onde se lê que “no princípio [o mais remoto] era o Verbo [Deus, o Filho], e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. (...) E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1.1,14). E, então, a profanação do Natal será confessada com muita tristeza, muitas lágrimas e muito arrependimento. Ainda há tempo para acertarmos o passo na caminhada iniciada há dois meses, quando a entrada do novo ano nos aproximou um pouco mais do fim da história (veja p. 3). Que Deus seja propício a cada um de nós!
Administração Klênia Fassoni, Daniela Cabral, Lenira Andrade Vendas Lucia Viana, Lucinéa de Campos, Romilda Oliveira, Tatiana Alves e Vanilda Costa Editorial e Produção Marcos Bontempo, Bernadete Ribeiro, Djanira Momesso César, Fernanda Brandão Lobato e Roberta Dias Finanças / Circulação Emmanuel Bastos, Aline Melo, Edson Ramos, Emílio Gonçalves, Luís Carlos Gonçalves, M. Aparecida Pinto, Rodrigo Duarte e Solange dos Santos Estagiários Alaila Ribeiro, Bruno Tardin, Daniel Figueiredo, Débora Sacramento, Fabiano Ramos, Hadassa Alves, Liz Oliveira, Luci Maria da Silva, Macel Guimarães e Priscila Rodrigues
Arte - Oliverartelucas Impressão - Plural Tiragem - 37.000 exemplares
Łrgão de imprensa evangélico destinado à evangelização e edificação, sem cor denominacional, Ultimato relaciona Escritura com Escritura e acontecimentos com Escritura. Pretende associar a teoria com a prática, a fé com as obras, a evangelização com a ação social, a oração com a ação, a conversão com a santidade de vida, o suor de hoje com a glória por vir. Circula nos meses ímpares.
Publicado pela Editora Ultimato Ltda., membro da Associação Evangélica Brasileira (AEVB) e da Associação de Editores Cristãos (AsEC) Os artigos não assinados são de autoria da redação. Reprodução permitida. Obrigatório mencionar a fonte.
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O segundo êxodo O povo eleito está espalhado pelos quatro cantos do mundo, mas não por vontade própria. Os israelitas foram levados para o cativeiro pelos seus inimigos, que invadiram suas terras e os expulsaram de lá. Eles têm saudades de Sião. Negam-se a tocar harpa e a cantar em terra estranha. Querem voltar para Jerusalém e para suas cidades de origem. Choram e confessam seus pecados no meio de um povo de fala estranha, pois estão longe de casa porque pecaram contra o Senhor. Mas como escapar do jugo estrangeiro, colocar a mochila nas costas, segurar a mão dos filhos menores e começar o caminho de volta? Deus os tiraria outra vez do jugo opressor e os levaria de volta à terra prometida? A misericórdia de Deus seria maior que a ingratidão e a rebeldia deles? A boa notícia é dada pelo profeta Isaías: “Naquele dia o Senhor estenderá o braço pela segunda vez para reivindicar o remanescente do seu povo que for deixado na Assíria, no Egito, em Patros, na Etiópia, em Elão, em Simear, em Hamate e nas ilhas do mar. Ele erguerá uma bandeira para 6
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as nações a fim de reunir os exilados de Israel; ajuntará o povo disperso de Judá desde os quatro cantos da terra” (Is 11.11-12). O capítulo onze de Isaías é um poema messiânico de grande beleza e cheio de boas notícias. A primeira
Se Deus nos perdoasse o mesmo pecado uma só vez, estaríamos perdidos. Ele não mostra a sua graça ou estende a sua mão uma única vez. As Escrituras garantem que as suas misericórdias “renovam-se cada manhã” delas diz respeito a um ramo que brota de um toco, que não é outro senão o descendente de Davi. Sobre ele repousará o Espírito do Senhor e ele “tomará decisões em favor dos pobres” (v. 4). Seu reinado será de tal forma que “o lobo viverá com o cordeiro, o leopardo se deitará com
o bode, o bezerro, o leão e o novilho gordo pastarão juntos; e uma criança os guiará” (v. 6). A melhor notícia, porém, é a do segundo êxodo, quando a Raiz de Jessé (o Messias prometido), vai trazer de volta o povo eleito para a antiga Canaã. Será uma repetição do primeiro êxodo, quando o Senhor desceu do céu para livrar seu povo das mãos dos egípcios e levá-lo para uma terra boa e vasta, onde manam leite e mel (Êx 3.8). Isaías anuncia que haverá uma estrada plana e livre para o remanescente dos exilados voltarem para casa, “como houve para Israel quando saiu do Egito” (Is 11.16). A boa notícia do segundo êxodo é extraordinária e pode encorajar hoje qualquer “exilado” do Senhor. Se alguém foi libertado do império das trevas e transportado para Jesus e sua igreja (primeiro êxodo) e depois entrou em crise e saiu do redil, pode clamar pelo segundo êxodo. Pois se Deus nos perdoasse o mesmo pecado uma só vez, estaríamos perdidos. Deus não mostra a sua graça uma só vez nem estende a sua mão uma única vez. As Escrituras garantem que as suas misericórdias “renovam-se cada manhã” (Lm 3.23)!
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“Busquem o Senhor enquanto é possível achá-lo” IS 55.6
Reflexão Robinson Cavalcanti Mui bíblica missão integral
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Ricardo Gondim Proposta de espiritualidade
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Redescobrindo a Palavra de Deus Deus se importa com a gestante, Valdir Steuernagel
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História O ceticismo religioso e seus arautos, Alderi Souza de Matos
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Entrevista Viv Grigg O inverso da cultura: é preciso viver com simplicidade para que os outros simplesmente vivam
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O caminho do coração Quão verdadeiros somos, Ricardo Barbosa de Sousa
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Da linha de frente No essencial, unidade; nas diferenças, liberdade; e em ambas as coisas, o amor, Bráulia Ribeiro
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Arte e cultura Desejo de reparação, Mark Carpenter
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Ponto final Pílulas e cinzas, Rubem Amorese
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Seções 3 4 6 8 14 15 21 22 53 56 57 60 62 63 64
Kléos Jr.
Abertura Carta ao leitor Pastorais Cartas Mais do que notícias Números Frases Nomes Novos acordes Deixem que elas mesmas falem Meio ambiente e fé cristã Prateleira Agenda Ação mais que social Vamos ler!
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Leia em www.ultimato.com.br • Obediência - uma questão de atitude (seção “Altos papos”), por Jeverton Magrão Ledo
Que vida boba!
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“Tudo é vaidade e correr atrás do vento”
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O muro da morte
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Depois de muitos anos, muitos diplomas, muitos bens e muitas incursões no submundo, a vida continua sem sentido
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A praga do fastio
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É preciso parar de correr atrás do vento e de cavar cisternas que não retêm água!
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Pai nosso que estás em todo lugar...
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Especial Ultimato não quer fazer o papelão de deixar Jesus de lado
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ABREVIAÇÕES: BH - Bíblia Hebraica; BJ - A Bíblia de Jerusalém; BV - A Bíblia Viva; CNBB - Tradução da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil; EP - Edição Pastoral; EPC - Edição Pastoral - Catequética; NTLH - Nova Tradução na Linguagem de Hoje; TEB - Tradução Ecumênica da Bíblia. As referências bíblicas não seguidas de indicação foram retiradas da Edição Revista e Atualizada, da Sociedade Bíblica do Brasil, ou da Nova Versão Internacional, da Sociedade Bíblica Internacional.
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Nota da redação O Baker’s Dictionary of Christian Ethics, do qual foi retirado o verbete “Homossexualismo e homossexualidade”, foi publicado no Brasil, em 2007, pela Editora Cultura Cristã.
Homossexualismo e homossexualidade Venho com muita coragem reconhecer minha quase total ignorância sobre a matéria de capa da edição de janeiro/fevereiro de 2008 (Homossexualismo e Homossexualidade). Agora, depois de ler e ficar por dentro de tudo que foi escrito, posso pelo menos discutir o assunto e encarar as coisas sem reservas nem preconceitos. Ultimato aborda com clareza e discernimento um tema que ainda hoje é tabu. Continuem nesta tarefa ousada e gratificante de esclarecer tantos leigos como eu. RUTH JUSTINO DOS SANTOS FREIRE Boituva, SP
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Ao ler a edição que trata mais uma vez da homossexualidade, deparo-me com a incrível soberba de vocês em rotular esta questão como pecaminosa e imoral. Gostaria que um dia vocês fizessem uma reportagem sobre a vida digna, honesta e fiel que muitos gays masculinos e femininos levam por este Brasil afora. Podemos, sim, escolher não ter relações homossexuais, assim como os heterossexuais também podem, mas não o fazem. Porém, não escolhemos se temos ou não o desejo. É inerente à nossa condição humana. Acho louvável a expressão de suas opiniões a nosso respeito, pois aprendemos com isso também. Afinal, somos uma democracia. Acho, todavia, que vocês poderiam gastar as caras páginas de sua publicação incentivando os seus leitores à caridade. Pois são os heterossexuais, em sua maioria, que mandam e desmandam no Brasil, que humilham e impõem miséria. Sou uma transexual feliz! BRENDA SANTURNIONI Viçosa, MG Se o homossexualismo fosse uma prática sexual normal, será que o ser humano teria se multiplicado? Se Deus tivesse criado Adão e Ivo ou Eva e Evita nós habitaríamos o planeta? ROSELI DOS SANTOS DE ASSIS Belo Horizonte, MG
Li a reportagem Homossexualismo e Homossexualidade, e sinto dizer que a mesma não acrescentou nada ao que já se conjeturava sobre o tema. Aliás, ela é uma síntese das palavras que adoecem e continuarão a adoecer os milhares de homossexuais participantes de todos os segmentos socioeconômicos, culturais e religiosos do mundo. Reconheço que os textos sagrados, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, são categóricos em afirmar que certo tipo de comportamento homossexual é desagradável aos olhos de Deus. Usei deliberadamente a expressão certo tipo, pois creio que há um tipo de homossexual a respeito do qual a Bíblia se cala. Todos os textos bíblicos que mencionam a prática homossexual relatam um comportamento reprovável, em que homens e mulheres demonstram total falta de amor por si mesmos, pelo próximo e pelo Criador. Porém, há um grande número de homossexuais que não se enquadra nesse contexto (e a reportagem foi infeliz de não tê-los considerado, pois habitam abundantemente as igrejas cristocêntricas). Refiro-me àqueles indivíduos que reconhecem a força dos argumentos bíblicos contra o que sentem nas entranhas, mas não queriam sentir. Refiro-me àqueles que têm temor do Senhor, amam a Deus (portanto, já se converteram a Cristo), mas que não passam um dia sequer sem desejar o amor e o afeto de um que lhe seja idêntico no sexo. Refiro-me àqueles que adoecem nas
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igrejas por ouvirem as muitas possíveis explicações para o que são: doentes, anormais, abomináveis (depravados), coisas semelhantes às presumidas na reportagem. Portanto, falo de pessoas que reconhecem que são demasiadamente humanas (toma-se aqui a palavra por fracas ou imperfeitas) e que sentem uma necessidade enorme de aconchego no peito do Salvador, reconhecendo que este não espera delas que mudem a si mesmas, mas que se aninhem nele em verdade (ou seja, assumindo para si mesmas que são gays e apresentando-se a ele como são), deixando que ele as guie por onde desejar. J.F. - O missivista está de parabéns por admitir que os textos sagrados de ambos os testamentos são conclusivos sobre a prática homossexual. Naturalmente há homossexuais cínicos e homossexuais que lamentam suas tendências sexuais e gostariam de superá-las. A união estável com um só parceiro não resolve a questão sob o ponto de vista moral, pois, à luz da criação, “uma parceria homossexual jamais poderá ser vista como uma alternativa legítima” (John Stott, em A Bíblia Toda, O Ano Todo, p. 28). Em qualquer caso, a não-negação desses impulsos torna-se uma conduta reprovável. Mas o homem ou a mulher que sente atração homossexual e não se entrega a ela por força do temor do Senhor e com o auxílio do Espírito Santo, não deve sofrer discriminação na igreja, ou seja onde for. Merece ser tratado com respeito, porque todos
os outros crentes também têm dificuldades pessoais, em áreas diferentes. Jesus deixou claro que ninguém pode segui-lo sem negar-se vez após vez (Mc 8.34). Uma desobediência aqui e ali, em qualquer área, não deve desanimar, pois todos “temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1Jo 2.1). Ao contrário, deve ser confessada para ser perdoada e purificada (1Jo 1.9).
tempo as novas de salvação de nosso Senhor Jesus Cristo! Toda honra seja dada ao nome de Cristo Jesus! LEANDRO SILVA Casa Publicadora das Assembléias de Deus Rio de Janeiro, RJ
Parabéns pelos 40 anos de Ultimato! O que mais aprecio na revista é que ela nos obriga a pensar. Os crentes brasileiros em geral não gostam muito de refletir. Preferem engolir a coisa pronta. Que Deus continue abençoando o seu ministério.
Eu estava no Seminário Presbiteriano de Belo Horizonte quando a conheci. Ela tinha apenas 13 anos. Fiquei impressionado com sua maturidade, equilíbrio e lucidez. Senti que ela era a companheira que eu precisava para a vida e para o ministério. Formei-me em 1985 e comecei meu ministério em fevereiro do ano seguinte e a levei comigo para a pequena cidade de Conceição de Ipanema, MG. Já são 26 anos de convivência bem-sucedida e harmoniosa. Às vezes divergimos em alguns assuntos, mas até nas divergências eu a respeito, pois ela é consistente em seus argumentos. Embora mais velho que ela seis anos, não receio em reconhecer que ela amadureceu mais do que eu. Está mais bem formada e com aparência renovada. Também cresceu mais e exerce mais influência do que eu. Suas opiniões me influenciam cada vez mais. Acho que é porque ela absorve bem a sabedoria do que há de bom no meio evangélico e sabe escolher seus colaboradores. Sem dúvida, Ultimato tem sido uma boa companheira! Deus a abençoe e a faça prosperar ainda mais.
MARCOS SOARES Ribeirão Preto, SP
PR. PÚBLIO RONALDO FONSECA Ipatinga, MG
A CPAD faz sinceros votos de que Ultimato tenha uma longa vida de vitórias e grandes realizações, anunciando em todo
Parabéns pelos 40 anos. Que muitos outros 40 se passem, levando a milhares de leitores, tão carentes, o alimento forte
Quarenta anos Leio Ultimato há mais de quinze anos. Ela faz parte da minha vida e da minha família. Quantos conselhos, quantas coisas maravilhosas! Admiro-a por não ser uma revista tendenciosa, por publicar opiniões independentes do que está escrito. Também acabo de fazer 40 anos. Quanta história para contar. Cheguei até aqui pela graça de Deus. REJANE M. S. CHAGAS Rio de Janeiro, RJ
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da fé, de que essa excelente mensageira é portadora. Não sei bem há quanto tempo recebo e leio Ultimato; talvez há uns vinte anos. Sem demagogia, acho-a uma revista única no gênero. Muitas vezes me sirvo dos seus ótimos artigos para minhas palestras e pregações. Sou um veterano sacerdote de 79 anos de idade. Paroquiei o município de Itaboraí por 35 anos! Chegando à idade canônica (75), solicitei a renúncia de pároco, que foi aceita pelo reverendíssimo arcebispo de Niterói. No dia 21 de dezembro, celebrei 55 anos de minha ordenação sacerdotal. PE. DOMINGOS GONÇALVES DAS EIRAS Itaboraí, RJ Tenho os mais sinceros sentimentos de gratidão por ter conhecido Ultimato em 2007. Foi um ano muito exigente para mim, pois tive perdas consideráveis: minha mãe, com apenas 44 anos, e o filhinho recém-nascido. A revista era lida em salas de espera de hospitais e me ensinou muito, entre outras coisas, sobre a soberania de Deus. Sou pastor de uma pequena congregação da Assembléia de Deus na Baixada Fluminense há sete anos. Ultimato tem me ajudado a amadurecer. MARCELO NOGUEIRA DE OLIVEIRA Belford Roxo, RJ Recebo e leio Ultimato de ponta a ponta há alguns anos. Questiono, especialmente, algumas afirmações advindas das cartas. Valorizo a postura da revista em publicar opiniões até mesmo desfavoráveis ao seu conteúdo ou linha. Gosto e
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aprecio as reflexões e a busca incessante do aprofundamento e vivência autêntica da mensagem evangélica. A revista tem contribuído no crescimento da minha fé e na convicção de que, apesar da “iniqüidade estar em alta”, há muitas pessoas, em todos os credos, procurando, com palavras e atitudes, frear a iniqüidade. Apreciei muito a reportagem sobre o Santuário de Aparecida por suas perspicazes observações e pelo respeito às convicções religiosas de um povo nem sempre espiritualmente muito culto. CÂNDIDO A. LORENZATO Porto Alegre, RS Faz anos recebo Ultimato, cuja linha editorial se move sobre o trilho do diálogo. DOM ALDO GERNA São Mateus, ES
Ambigüidade A edição de janeiro/fevereiro de 2008 traz alguns artigos bons e outros não tão bons assim. Há uma ambigüidade na revista que me incomoda: a sua posição em relação ao catolicismo romano. Há anos que a revista vê o catolicismo não como uma religião a ser evangelizada, mas como uma denominação a ser resgatada. Aparentemente, pelo número de cartas na seção apropriada, que aplaudem a reportagem sobre o Santuário de Aparecida publicada na edição de julho/ agosto 2007 (que tinha esse tom enormemente conciliatório, em vez de confrontador com a verdade da única mediação de Cristo), tudo isso encontra eco na grande maioria dos
leitores, mas continua me incomodando. Nesse sentido, é impressionante as citações de católicos, sob uma luz favorável. Na seção “Frases” (p. 21), entre as poucas lá colocadas, uma de Hans Küng, outra de Leonardo Boff e outra do padre Vito Del Prete. Até o artigo do presbiteriano Odayr Olivetti (p. 63) eivado demais de referências a personalidades e entidades católico-romanas (D. Eugênio Sales, Gustavo Corção Braga, CNBB etc.), como se estivesse envolvido em, ou pressionado a, um esforço de amoldar seu conteúdo e estilo à orientação da revista que o abriga. SOLANO PORTELA São Paulo, SP
Rubem Alves equivocado Na “Abertura” da edição de janeiro/fevereiro, a revista diz que o teólogo, filósofo e psicanalista Rubem Alves está equivocado ao manifestar seu posicionamento concernente a doutrinas bíblicas. Três perguntas me vieram à mente: para o autor do artigo, Rubem Alves está equivocado porque se manifesta de forma diferente daquela que lhe é peculiar? O autor procurou dialogar com o “equivocado” para fazer tal afirmação? O “equivocado” não seria o autor da matéria? Acho oportuno finalizar com as palavras de Robert Martin-Achard, professor das universidades de Genebra e Neuchatel: “A Escritura entrega o seu segredo àquele que usa tempo para caminhar com ela; ela não diz nada ao amador e ao vaidoso”. MANOEL JESUS DE OLIVEIRA Rio de Janeiro, RJ
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Salvos e não-salvos aqui e acolá Sobre o relacionamento de Ultimato com os católicos, é de se esperar que alguns evangélicos nem saibam o significado da palavra “cristianismo”. Para eles, ser cristão é ser da igreja deles. Se lhes dissermos que o cristianismo engloba três ramificações (católica romana, ortodoxa e protestante) eles piram. Se dissermos que nessas três há salvos e não-salvos, eles têm um ataque cardíaco. Se alguns não concordam com a posição da revista, deixem de assinar, mas fazer com que outros os imitem na sua decisão é nada menos que obstrução à proclamação do evangelho. Essa atitude é como aquela que Jesus critica: “Vocês mesmos não entram nem deixam entrar aqueles que gostariam de fazê-lo” (Mt 23.13). PR. CLEILSON N. TRINDADE Igreja Missionária Volta de Cristo Vilhena, RO
Inquisição Na seção “Cartas” da edição anterior, o leitor Lino Cherubini, de Santa Rosa, RS, diz que os protestantes que teimam em condenar a devoção católica a Maria “deveriam ser processados diante de um tribunal, se para isso existisse um”. É impressão minha ou o leitor
está fazendo apologia ao Tribunal da Santa Inquisição? Espero que seja apenas impressão minha. TALITA ALVARENGA Belo Horizonte Ultimato merece parabéns não só pelos 40 anos, mas também pela seriedade e temperança em todas as matérias e colunas. Aproveito para dizer ao leitor Lino Cherubini, com respeito, mas sem omitir a verdade, que o tal tribunal acabou há três séculos, com o fim da inquisição, e que, muito além da Carta aos Hebreus, toda a Bíblia afirma que o Senhor Jesus é o único e perfeito mediador entre Deus e os homens. EDSON BAUMGART Barracão, PR
Universal Quando Ultimato e seus colunistas descerão do muro em relação à Igreja Universal do Reino de Deus e todas as outras igrejas neopentecostais que achincalham diariamente o evangelho, com o objetivo único de obtenção de dinheiro e poder? WILSON DE OLIVEIRA JR. Recife, PE
Missionário em prisão Na edição de julho/agosto de 2006, Ultimato publicou meu testemunho. Contei na ocasião que, quando eu tinha 4
anos, meu pai matou minha mãe e desapareceu. Creio que foi por causa dessa notícia publicada na revista que meu pai, depois de ficar foragido por 23 anos, foi localizado e preso. Está aguardando julgamento. Por mais que seja difícil, eu o perdôo por ter me deixado órfão de mãe e sozinho na vida. Filipenses 4.13 me encoraja muito: “Tudo posso naquele que me fortalece”. Através de Ultimato tenho amadurecido bastante. A obra de Deus aqui na Penitenciária de Bauru está uma bênção! Considero-me um missionário em prisão. DOUGLAS GRAZIANI NETO Caixa Postal 50 18250-000 Guarei, SP
De capa a capa Ultimato parece uma revista em crise existencial. Na “Carta ao leitor”, Elben César destaca que o que menos precisamos hoje é a teologia da prosperidade. Na contracapa, o destaque é o livro de Paul Cho que afirma, entre outras coisas: “Mude... da escassez à prosperidade”. A seção “Abertura” faz uma crítica dura à liberalidade de Rubem Alves. Na seção “Frases” aparecem como destaques os católicos liberais Hans Kung e Leonardo Boff. Robinson Cavalcanti diz que o moralismo não ajuda e Alderi Souza de Matos defende o puritanismo e a disciplina. Novamente, Elben César, na página 27, tenta costurar tudo através do seu aborrecimento com “cristãos um pouco demais alguma
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coisa”. A impressão que tive é que o cristão deve ser uma média em tudo (mediocridade), ficando nesse meio de campo indefinido e despersonalizado. Por fim, sobre os 40 anos da revista, ela se auto-proclama ousada e coerente. Por que vocês não assumem de vez a contradição? Os evangélicos são assim mesmo. Tenho certeza de que Jesus perdoará mais este pecado. FERNANDO GRUPPELLI Curitiba, PR
Respiração “boca-a-bico” Antes de se criar a palavra ecologia, eu já tinha consciência de que somos mordomos e não dominadores de tudo aquilo que Deus criou. Tenho muito amor aos animais e cuidado com a natureza. Pelo fato de ter morado algumas vezes com índios caiapós, como missionária e antropóloga, convivi mais de perto com a criação. Outro dia aconteceu uma coisa que me desafiou. Um sabiá machucou-se ao bater contra a porta de vidro de meu apartamento e eu tentei “ressuscitá-lo” com massagens e até respiração boca-a-boca (seria mais correto dizer respiração boca-a-bico...). Pinguei também algumas gotas d’água em seu bico. Para minha surpresa, pouco depois o sabiá se reanimou, bateu as asas e foi embora. Fiquei profundamente satisfeita. Eu estava um pouco desanimada naquele dia e isso me reanimou. Mais animada ainda fiquei quando abri a revista Ultimato e li a pastoral Reanimação
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boca-a-boca no alvorecer de 2008 (janeiro/fevereiro, p. 8). Parece que Deus usou o incidente do sabiá para me lembrar o quanto ele tem prazer em nos ver “reanimados”. Pode parecer infantil, mas me emocionou muito. ISABEL MURPHY Brasília, DF
Segundo casamento Fui missionário no Brasil e por muito tempo recebi a maravilhosa Ultimato. Sou pastor aqui na minha terra, Argentina, e fiquei viúvo. Quero encontrar uma irmã em Cristo brasileira para o segundo casamento. Por favor, ajudem-me a conectar-me a um site apropriado. JUSTO JORGE ARANDA titoberry@hotmail.com Argentina
Mulheres nunca mais Se os editores de Ultimato forem mulheres, elas que me perdoem, mas vocês têm que ouvir a verdade de Deus. Ele é amor, mas também é justiça. Quando a justiça dele cair sobre aqueles que não cumprem as Escrituras, nesse dia não quero nem olhar para vocês, a caminho do inferno. As igrejas estão cometendo a loucura de colocar a mulher no lugar do homem. A
mulher deve aprender em silêncio. O representante de Deus na terra é um ser másculo, como Deus. WESLEY CHRISLEY ALENCAR CARVALHO Sorocaba, SP
Música evangélica O que mais gostei na edição de janeiro/fevereiro foi a grande quantidade de textos sobre música evangélica brasileira, a começar pela carta de Marcos Davi, passando pela reflexão de Ricardo Barbosa e terminando com o artigo de Osmar Ludovico. Considerando que cada vez mais nossa música está tomando rumos passíveis de muita crítica, é preciso levar as igrejas a refletirem sobre sua situação atual, em busca do melhor caminho. Leio atentamente a coluna “Novos acordes”, de Carlinhos Veiga. SALVADOR DE SOUSA Diretor do site Arquivo Gospel Riacho Fundo, DF Deprimente o texto Parei de ouvir música cristã, de Mark Carpenter (“Arte e cultura”, janeiro/fevereiro 2008). Como excluir certas canções das “músicas usadas nas igrejas para louvor coletivo”? Concordo que existem muitas músicas chamadas cristãs que são desprovidas de conteúdo, mas para quem ouve U2 que diferença isso faz? AFONSO EMILIO ALVARES DOURADO Planaltina, DF
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Ex-preso
fértil e vulnerável para as heresias e bizarrices como hoje se vê?
Nunca me esqueço de Ultimato, que me ajudou muito quando eu me encontrava nas penitenciárias de São Paulo. Hoje tenho minha família e o ministério que o Senhor me confiou. PR. LEVY SANTO GRECO Ferraz de Vasconcelos, SP Uruguaio de nascimento, sou missionário no Chile, enviado pela Junta de Missões Mundiais da Convenção Batista Brasileira. Estou interessado em traduzir alguns artigos de Ultimato para o espanhol e colocá-los em um blog ou site gratuito. Seria muito bom para o povo hispânico ter uma revista desse nível. GUILLERMO LA BANCA Calama, Chile
Robinson Cavalcanti Ao ler a reflexão de Robinson Cavalcanti Protestantes: autênticos católicos (janeiro/fevereiro 2008), deparei-me com o seguinte parágrafo: “O Espírito Santo esteve presente nos vinte séculos de nossa história”. Se for assim, pergunto: qual foi o Espírito que surgiu no início do século 19 na famosa rua Azuza, em Los Angeles, e que tornou a igreja num solo tão
EDVAN JORGE Itaberaba, BA A visão histórica proposta por Robinson Cavalcanti traz à tona o valor da memória, pois a memória histórica corrente enfatiza insensatamente, e sem muito rigor metodológico, uma história míope da igreja, em que a igreja do Vaticano é detentora da narrativa. É salutar conhecer uma outra história, observar o papel da Igreja do Oriente, num momento em que vivenciamos uma fragmentação religiosa e entender o papel da Reforma, em seu ensino sólido das Escrituras. É bom observar o que os nossos irmãos em Cristo fizeram como prática de uma verdadeira igreja — uma igreja com uma memória fundamentada em Cristo Jesus, autor e consumador de nossa fé. CLEVERTON BARROS DE LIMA Campinas, SP
A Igreja Evangélica Missionária Pentecostal de Belo Horizonte adquiriu 2 mil exemplares desta edição de Ultimato para distribuir de casa em casa, no bairro Itapoã, onde se localiza o seu templo. A distribuição acontecerá por ocasião da Páscoa.
FALE CONOSCO Cartas à Redação cartas@ultimato.com.br Cartas à Redação, Ultimato, Caixa postal 43, 36570-000, Viçosa, MG Inclua seu nome completo, endereço, e-mail e número de telefone. As cartas poderão ser editadas e usadas em mídia impressa e eletrônica.
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John Nyberg
82 bilhões de reais de comida jogada no lixo por ano na Grã-Bretanha
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e acordo com o relatório da última Conferência Mundial sobre Água, realizada na Suécia em agosto de 2007, a quantidade de comida jogada no lixo por famílias ricas é escandalosamente alta: 30% dos alimentos que compram. Só na Grã-Bretanha, o prejuízo é avaliado em cerca de 82 bilhões de reais por ano. Boa parte desse desperdício deve-se à propaganda do tipo “compre dois e leve três”, que constrange as pessoas a comprar mais do que necessitam. Outra
razão é a obediência cega aos rótulos dos fabricantes, que indicam na embalagem a data máxima aconselhada para o consumo. Joga-se fora leite e outros alimentos sem cheirar, sem comprovar se estão mesmo estragados. O crime que lesa os pobres será mais grave ainda se considerarmos também as sobras que os restaurantes jogam fora e as perdas que acontecem entre a colheita e o consumo. Devese considerar ainda outro tipo de desperdício: o que se come em demasia
(segundo a Organização Mundial de Saúde, o mundo tem hoje 1,1 bilhão de pessoas obesas e acima do peso). Tudo isso acontece mesmo havendo 850 milhões de pessoas subnutridas no mundo. Aos olhos de Deus, trata-se de um crime muito grave. O problema é antigo. Já no século 18 o escritor francês Sébastien-Roch Chamfort dizia que “a sociedade se compõe de duas classes de pessoas: aquelas que têm mais refeições do que apetite e aquelas que têm mais apetite do que refeições”. Nas duas multiplicações de pães e peixes, os discípulos não permitiram que as sobras fossem jogadas fora. Na primeira foram recolhidos doze cestos de pedaços que sobraram (Mt 14.20); na segunda, sete cestos (Mt 15.37). Durante os quarenta anos da travessia do deserto, os judeus recolhiam diariamente a porção estritamente necessária de maná para cada dia (Êx 16.4).
Divulgação
O “I love you” de Simão, filho de João
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“eu te amo” que os americanos usam em profusão e exportam para o mundo inteiro por meio do cinema Gérard Horst e a se tornou uma das esposa, Dorine expressões mais corriqueiras e sem crédito de que se tem notícia. O marido adúltero dá um beijo na mulher e diz para ela: “Eu te amo”. A esposa infiel acaricia a barba do marido e jura para ele: “Eu te amo”. Para dobrar a resistência da moça e levá-la ao motel, o rapaz se desmancha diante dela e exclama: “Eu te amo”. 14 ULTIMATO
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No mais recente aniversário da independência do Brasil, Alex morreu aos 31 anos, depois de declarar à psicóloga Irene Pepperberg, pesquisadora da Universidade Harvard: “Te amo”. Alex era um papagaio africano, treinado pela pesquisadora desde quando ela fazia o seu doutorado em química, trinta anos atrás. Mas ainda há casos em que se pode acreditar no famoso “I love you”. Um deles saiu da boca (e do coração) de um filósofo francês de 84 anos. Em 2006, Gérard Horst escreveu à esposa, Dorine: “Faz 58 anos que vivemos juntos e eu a amo mais do que nunca. Recentemente me apaixonei por você
novamente e novamente carrego em mim o vazio avassalador que só é preenchido por seu corpo apertado contra o meu”. Porque a mulher, um ano mais nova que ele, estava com uma doença degenerativa e câncer, o casal cometeu suicídio em setembro de 2007. O “eu te amo” mais autêntico e solene aconteceu numa bela manhã à margem do lago da Galiléia, na cerimônia da restauração pública de Pedro. Para desfazer a tríplice negação do apóstolo, Jesus lhe perguntou três vezes: “Simão, filho de João, você me ama?”. Meio surpreso, Pedro respondeu uma vez após outra: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo” (Jo 21.15-17).
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A declaração bíblica “Deus é fiel” (1Co 1.9; 10.13; 2Co 1.18) tornouse um adesivo de caminhões, ônibus, carros, geladeiras, celulares etc. A fidelidade de Deus é o seu mais conhecido e popular atributo. Fala-se mais na fidelidade de Deus que em seu amor, sua onipotência, onisciência e onipresença, em sua santidade, e assim por diante. É muito bom, muito saudável e muito edificante que se reconheça que Deus é fiel. Quando Moisés subiu o monte Sinai com as duas tábuas de pedra para que Deus escrevesse nelas pela segunda vez os Dez mandamentos, o Senhor mesmo declarou: “Eu sou o Senhor, o Deus Eterno! (...) a minha fidelidade e o meu amor são tão grandes, que não podem ser medidos” (Êx 34.6, NTLH). O apelo do Salmo 117 é para que todas as nações e todos os povos louvem ao Senhor “porque imenso é o seu amor leal por nós, e a fidelidade dele dura para sempre”. Em alguns casos (ou seria em muitos?) o decalque “Deus é fiel”
Liz Fagundes
O adesivo “Deus é fiel” precisa deixar de ser mercenário para ser um anúncio do evangelho
virou um mero amuleto — algo que se carrega por acreditar em seu poder mágico de afastar desgraças e aproximar graças. Trata-se de uma prática pagã que vem desde a mais alta antigüidade. Então, toda a beleza e o acerto da lembrança da fidelidade de Deus vão por água abaixo, e essa propaganda de que “Deus é fiel” torna-se algo mercenário que profana e mundaniza o nome e os atributos do Senhor. Para santificar essa prática, seria bom acrescentar à declaração “Deus é fiel” do adesivo, uma pergunta dirigida a nós mesmos: “Deus é fiel... E eu?”. A resposta mais apropriada dos cristãos à fidelidade de Deus é a firme resolução de se tornarem fiéis a ele como ele é fiel a nós em suas promessas. É preciso responder à fidelidade de Deus com a fidelidade própria. A fidelidade dos crentes a Deus é uma obrigação
imposta pela conversão. É por isso que a palavra fiel significa também aquele que professa o cristianismo. Por exemplo, Timóteo deveria ser um exemplo para os “fiéis” (1Tm 4.12). A Bíblia diz que “Moisés foi fiel como servo em toda a casa de Deus” (Hb 3.5). Os sátrapas do império medo-persa procuraram motivos para acusar Daniel de alguma irregularidade, mas “não puderam achar nele falta alguma, pois ele era fiel” (Dn 6.4). Paulo refere-se duas vezes a Tíquico como “fiel servo do Senhor” ou “ministro fiel” (Cl 4.7). O adesivo “Deus é fiel” precisa deixar de ser algo mercenário para se tornar verdadeiramente um anúncio do evangelho. E para validar e reforçar esse anúncio, o portador do adesivo precisa também ser achado fiel em todas as coisas.
números 150.000
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oliveiras foram derrubadas para a construção do muro da vergonha, por meio do qual Israel tentaria impedir ataques palestinos
políticos brasileiros (governadores, prefeitos e parlamentares) tiveram, de 2000 a 2007, seus mandatos políticos cassados no Brasil, segundo levantamento do Movimento do Candidato à Corrupção Eleitoral
meninas brasileiras na faixa etária de 13 a 19 anos eram portadoras do vírus da aids em 2006. Entre os meninos da mesma idade, o número era de 223
60.000.000.000
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de dólares ao ano é quanto os Estados Unidos gastam com suas prisões, que abrigam mais de 2 milhões de presos
veteranos de guerra americanos cometeram suicídio em 2005 (uma média de 17 pessoas por dia)
33.000 brasileiros morrem por ano devido à Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), provocada pelo tabagismo (são 90 mortes por dia)
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Fotomontagem
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Da aquecedora do rei Davi aos “amigos” pessoais pagos
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ouco antes de morrer, por volta dos 70 anos, o rei Davi não conseguia se aquecer nem com vários cobertores. Seus assessores acharam por bem encontrar no território de Israel uma moça solteira e muito bonita para cuidar dele e o aquecer com seu próprio corpo. A moça chamava-se Abisague e nunca se tornou mais uma mulher de Davi (1Rs 1.1-4). Quando o rei morreu, Adonias, um dos seus filhos, enamorou-se dela e a pediu em casamento (1Rs 2.17). Qual seria a profissão de Abisague? Talvez pudéssemos dizer que a moça fosse a companhia, a enfermeira, a camareira ou a empregada doméstica do rei. Mas a versão da Bíblia Hebraica é a mais precisa: “A moça era sobremaneira formosa e servia de aquecedora para o rei e cuidava dele”. Atualmente, temos coisas parecidas: médico particular, enfermeira particular, serviçal particular, segurança particular etc. Nos últimos anos apareceu o personal trainer, aquele profissional que acompanha o cliente em seus exercícios físicos. E, recentemente, surgiu o personal friend, um especialista em amizade profissional. 16 ULTIMATO
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O mercado dos amigos pessoais pagos está crescendo. Os preços variam de cinqüenta a trezentos reais por hora. Como no caso de Abisague, não existe conteúdo sexual nessa prestação de serviço; eles atendem pessoas carentes de companhia. Não necessariamente apenas pessoas que vivem sozinhas, pois há homens, mulheres e crianças, que vivem em família, mas não se entendem, não se amam, não se toleram e não conversam entre si. Por mais estranha que seja a profissão, ou o biscate, de personal friend, há pessoas tão desesperadas por estarem ou se sentirem sozinhas que contratam os seus serviços. Embora, a rigor, a amizade paga não seja amizade. Essa novidade torna as palavras de despedida de Jesus na noite anterior à sua morte mais significativas: “Não vou deixá-los abandonados, mas voltarei para ficar com vocês” (Jo 14.18, NTLH). O teólogo católico Jung Mo Sung, professor da Universidade Metodista de São Paulo tem toda a razão: “Uma pessoa pode ser feliz sem dinheiro, sem conforto ou reconhecimento social, mas não sem amizade”.
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Saulo e Cirlene, quinze anos depois do acidente
chama solenemente de “desintegração somatopsíquica que reduz o corpo humano sucessivamente à inércia, à putrefação, ao esqueleto e ao pó”. Lembrou-se também de Deus, aquele que dá e toma, que toma e torna a dar. Mesmo sem poder falar, Saulo gritou em sua mente: “Ó Deus, me ajuda!”. Deus o ouviu duplamente. Livrou-o da morte física e da morte religiosa, da morte do corpo e da morte da alma. Naquele mesmo ano, Saulo Piloto da Silva, nascido em São Caetano do Sul, SP, em abril de 1977, começou a andar nos caminhos do Senhor. O mais difícil foi abandonar o que ele fazia durante as madrugadas. Além de surfista de trem, Saulo era também pichador, desde os 14 anos. Na busca por fama
entre os pichadores da turma Wolfs (lobos) e dos Fulanos, Saulo pichava os “picos” (locais altos de difícil acesso de empresas e pequenos prédios), as passarelas e os terminais rodoviários no centro, nas periferias de São Paulo e no ABC Paulista. Seu último “rolê” (percurso que os pichadores fazem para pichar em conjunto) aconteceu em janeiro de 1994 (um ano depois do acidente). No mês seguinte, Saulo tomou a séria decisão de seguir a Cristo de modo definitivo. Então, no dia 17 de abril de 1994, o ex-surfista de trem e ex-pichador confirmou publicamente seu novo nascimento para Cristo e sua morte para o pecado por meio do batismo. Hoje, quinze anos depois do acidente quase fatal, Saulo Piloto da Silva, 31, bacharel em teologia pela Faculdade Teológica Batista do Grande ABC, com especialização em ministério pastoral, é pastor da Área de Evangelização e Missões na Igreja Batista Jerusalém em Santo André e obreiro da AMME Evangelizar, uma missão que ajuda as igrejas evangélicas brasileiras a cumprir a Grande Comissão dada por Jesus. A esposa, Cirlene, também bacharela em teologia pelo mesmo seminário (com especialização em educação cristã), é mestranda em psicopedagogia. John Nyberg
garoto não tinha nem 16 anos. Mas lá estava deitado de bruços, inerte, ao lado da linha férrea, entre as estações de Utinga e Prefeito Saladino, em Santo André, na Grande São Paulo. Ele estava voltando do estádio do Pacaembu, onde fora assistir a um jogo entre São Paulo e Corinthians. O menino era surfista de trem — ficava em pé em cima dos vagões e andava para lá e para cá. Era a sua maior diversão. Adorava sentir o “friozinho” na barriga e o coração acelerado. Em 23 de janeiro de 1993, porém, o adolescente Saulo se deu mal. Para não cair em cima dos trilhos, entre um vagão e outro, agarrou-se a uma torre. Mas ela estava encostada em fios de alta tensão e ele recebeu uma descarga elétrica de 4.400 volts e caiu no chão mais morto que vivo. Enquanto o resgate não chegava, um policial se aproximou, abriu sua boca, puxou sua língua, colocou um pequeno isqueiro para manter a boca aberta e fez respiração artificial. Entre a vida e a morte, Saulo se lembrou da educação religiosa que recebera dos pais e da Assembléia de Deus, igreja que a família freqüentava. Lembrouse da preciosa herança evangélica deixada de lado para curtir as aventuras da vida. Lembrou-se daquilo que se
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O surfista de trem que quase morreu eletrocutado é hoje obreiro da AMME Evangelizar
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Templos incendiados na Coréia do Sul e no Quênia
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uem disse que a história não se repete? O que aconteceu no primeiro dia de 2008 na cidade de Eldoret, a 300 quilômetros a noroeste de Nairóbi, no Quênia, acontecera
Soldados japoneses no cerco a coreanos refugiados em templo metodista
também noventa anos antes na aldeia de Je Am-Ri, na Coréia do Sul. No início de 2008, os partidários do candidato à presidência do Quênia derrotado nas eleições cercaram e incendiaram o templo da Assembléia de Deus de Eldoret, provocando a morte de cinqüenta pessoas do grupo étnico ao qual pertence o presidente eleito. Mulheres e crianças tentaram escapar de morrerem queimados, mas os algozes mantiveram as portas do templo fechadas. Em 1919, um grupo de nacionalistas coreanos se refugiou no templo de uma igreja metodista na zona rural próxima do lugar onde fica hoje o Centro de Missões Leste-Oeste, fundado e dirigido pelo conhecido
missiólogo David Cho. Naquele tempo a Coréia estava sob o jugo japonês (de 1910 a 1945). Os soldados japoneses cercaram o templo, fecharam as janelas pelo lado de fora com pesadas trancas e atearam fogo na igreja. Os que conseguiram sair do templo em chamas foram mortos a tiro. Naquele dia, os japoneses mataram 23 homens e duas mulheres e incendiaram mais de trinta casas, além do templo. No dia seguinte, o missionário canadense F.W. Schofield e um colega visitaram a aldeia, viram o que havia acontecido e mandaram a notícia para o resto do mundo. Hoje existe um monumento histórico em Je Am-Ri em homenagem aos mártires coreanos.
Associação que congrega parte dos 5 mil padres casados do Brasil elege seus novos presidentes
O
Arquivo pessoal
17º Encontro Nacional de Padres Casados aconteceu em Recife de 10 a 13 de janeiro, com a presença de 106 pessoas de treze
O padre casado Armando Holocheski empossa o casal Félix e Fernanda Batista como presidentes da Associação Rumos 18 ULTIMATO
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Estados brasileiros. O tema “A Missão do Padre Casado” foi apresentado por três palestrantes: o bispo anglicano Sebastião Armando Gameleira, o conhecido teólogo católico José Comblin e o padre casado e psicólogo Jorge Ponciano. Na ocasião, o expresidente Armando Holocheski, de São José dos Pinhais, PR, empossou os novos presidentes da Associação Rumos, Félix Batista Filho, jornalista, e sua esposa, Fernanda, pais de Felipe Emanuel, de 18 anos, e Félix Neto, de 16. Félix foi ordenado padre em 1984 por Dom Hélder Câmara e mora em Recife, onde exerceu o sacerdócio por pouco tempo. Chama-se padre casado o sacerdote que deixa de exercer
o ministério por não estar mais disposto a manter o voto do celibato obrigatório, mas continua católico romano. Félix Batista assegura que existem hoje no Brasil mais de 5 mil padres casados e cerca de 150 mil no mundo. Por ausência de dados oficiais, o número pode ser muito maior. A Associação Rumos é um dos organismos de apoio ao Movimento dos Padres Casados, que conta também com o jornal Rumos. De acordo com a revista Época, dos 29 padres formados no Seminário de Mariana, MG, em 1958, sete já morreram (24,1%), oito se casaram (27,6%) e 14 continuam exercendo o sacerdócio (48,3%).
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A arte de sobreviver numa enxurrada de mentiras e de equívocos
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entira é uma coisa e equívoco é outra. Ambos causam muito estrago e afastam muita gente da fé. Escreve-se mais sobre mentira do que sobre equívoco. Sob o ponto de vista ético, a mentira é mais grave do que o equívoco. Os guardas do túmulo de Jesus não se equivocaram quando espalharam a notícia de que o túmulo estava vazio porque os seus discípulos haviam furtado o corpo dele durante a noite de sexta para sábado. Os chefes dos sacerdotes deram-lhes uma grande soma de dinheiro para pregarem essa mentira, que ainda era divulgada 50 anos após a ressurreição do Senhor, época em que o Evangelho de Mateus foi escrito, na década de 80 ou 90 do primeiro século da era cristã (Mt 28.11-15). Apesar dos prodígios da mentira (2Ts 2.9), é preciso tomar igual cuidado com os equívocos, eticamente mais inocentes. Todos têm conhecimento dos muitos equívocos da ciência, desde quando se dizia que a Terra era o centro do universo. Em todas as áreas da pesquisa
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Asif Akbar
do que
científica têm havido erros crassos: na astronomia, na biologia, na nutrição, na história etc. Outro dia, o filósofo brasileiro Leandro Konder escreveu que “nenhuma teoria — nem mesmo a que venha a ser considerada a melhor delas — pode, por si só, evitar que erremos. Cada erro, empiricamente, poderia ser evitado. Porém, o fato de errarmos é uma experiência universal e inevitável”. Mas a melhor contribuição de Konder é a enfática declaração de que “a história da filosofia está cheia de erros cometidos por grandes filósofos. Os pensadores disseram e fizeram muitas tolices. A começar pelos gregos” (Jornal do Brasil, 16/06/07, p. 6). Não se pode esconder o fato de que a propaganda religiosa também costuma pregar mentiras e cometer equívocos. Jesus tinha toda a razão quando aconselhou aos discípulos: “Sejam espertos como as cobras e sem maldade como as pombas” (Mt 10.16). Misturar uma coisa com a outra em doses certas não é tarefa fácil, mas a sobrevivência da fé vem daí!
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Frases falta de pão na mesa do pobre pode ser denúncia de falta de espiritualidade no altar dos cristãos. Carlos Queiroz, diretor-executivo da Visão Mundial no Brasil
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ão tenho vocação para ser pessimista. Considero-me um realista esperançoso. Ariano Suassuna, 80, escritor
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liminar a corrupção por completo não será possível, mas podemos controlá-la e preveni-la. Stuart Gilman, chefe do programa Global Anticorrupção na sede do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime, em Viena
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s pessoas têm escrito livros que prometem ajudar as outras e ser mais felizes há uns duzentos anos, e o resultado tem sido um monte de gente infeliz e um monte de árvores derrubadas. Daniel Gilbert, professor de psicologia em Harvard
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osto de ser otimista. O pessimismo radical merece uma bala na cabeça, fim, acabou-se a chatice. Mas não perdi a visão da realidade, e nela não vejo nada deslumbrante. Lya Luft, escritora
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ueremos ser amigos da América, mas às vezes temos a impressão de que a América não precisa de amigos, só de ajudantes para comandar. Vladimir Putim, presidente da Rússia, eleito Personalidade do Ano de 2007 pela revista Time
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ateísmo tornou-se militante, irado, e quer que Deus desapareça. Não se trata mais de uma filosófica declaração de que Deus está morto, mas de um imperativo de que ele deve ser enterrado. João Heliofar de Jesus Villar, procurador regional da República da 4ª Região e Bispo da Igreja Evangélica Sara Nossa Terra, em Porto Alegre, em artigo publicado na Folha de São Paulo
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paraíso, ponto final da história, já se tornou o presente na pessoa de Cristo e começa a ser experimentado no encontro com ele. Assim, a recusa dele é o inferno, a morte da esperança. Dom Filippo Santoro, bispo de Petrópolis, RJ
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ão é sábio colocar muita fé nas Nações Unidas. John Robert Bolton, ex-embaixador dos Estados Unidos na ONU
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que dói mais? A morte da pessoa amada ou a partida da pessoa amada? Digo que é a partida da pessoa amada. Rubem Alves, psicanalista
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Com o aquecimento global] o Primeiro Mundo será rebaixado a Terceiro e o Terceiro, a Quinto. E isso é para daqui a pouco, quase já. Ruy Castro, jornalista
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Kléos César
O homem de nome curto e comum e de vida longa e extraordinária
Antonio Elias, o homem que teve um espetacular encontro com o Senhor aos 21 anos
Em 1932, por ocasião da Revolução Constitucionalista, um rapaz de 21 anos, com cara de adolescente, entrou pela primeira vez na vida em uma igreja protestante. Era o templo da Igreja Batista Paulistana. O moço, chamado Antonio, teve naquela noite, como ele mesmo disse tempos mais tarde, “um espetacular encontro com o Senhor”. Desejando tornar-se membro da comunidade, foi examinado e aceito pela sessão da igreja para ser batizado. Porém, por ter viajado para o Sul do Brasil com destino à Argentina, a cerimônia não se concretizou. Em Porto Alegre, só com a roupa do corpo — o uniforme de voluntário 22 ULTIMATO
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da revolução — e doente, Antonio foi levado para o hospital da Brigada Militar e de lá para a casa do capitão Ludovico Schilimyer, onde foi tratado como filho. O rapaz quis logo saber onde ficava a igreja batista, indo parar na Capela do Redentor, dos episcopais, cujo pároco era Vicente Brande. Antonio estranhou aquela igreja que julgava ser batista, mas pensou: “Aqui no Sul tudo é diferente...”. Terminado o culto, o pastor, à porta, quis conversar com o estranho visitante por causa do uniforme (ele também era de São Paulo). Tratou-o da melhor maneira possível. Não demorou muito, o jovem, convertido numa igreja batista em São Paulo, tornava-se membro de uma igreja episcopal de Porto Alegre. Com a morte do pai em Catanduva, SP, e não agüentando mais as saudades da mãe e dos irmãos, Antonio resolveu voltar para o Estado de São Paulo. Na despedida, Vicente Brandão explicou-lhe que não havia igreja episcopal em São Paulo, mas ele poderia transferir-se para uma igreja presbiteriana. Foi a primeira vez que Antonio ouviu falar a palavra presbiteriano. O nome todo desse rapaz é muito curto e comum: Antonio Elias. Não desperta a menor atenção ou curiosidade. Mas sua vida foi longa (por pouco não chegou aos 97 anos) e o que ele fez em favor do evangelho, sempre com a maior discrição possível, é extraordinário. Tornou-se pastor presbiteriano,
fundou igrejas (naquele tempo não se usava a expressão “plantar igrejas”) em Teófilo Otoni, MG, Porto Alegre, RS, e Niterói, RJ (Igreja Presbiteriana Betânia), ganhou muitas almas para Cristo, aqueceu a alma de milhares de crentes (era ao mesmo tempo evangelista e avivalista), pastoreou igrejas e organizou a Associação Evangelística Sarça Ardente. Casou-se tarde (aos 38 anos) com a professora Maria José, convertida através de seu trabalho em Teófilo Otoni, e teve três filhos, uma filha e seis netos. O conhecido e amado Antonio Elias faleceu em Niterói quatro dias antes do Natal de 2007. (Leia em www.ultimato.com.br As cartas de amor de Antonio Elias e Maria José.)
Antonio Elias sem pressa de morrer aos 91 anos Na edição de setembro/outubro de 2001, Ultimato entrevistou dois idosos de 90 anos, ambos convertidos ao evangelho setenta anos antes. Um deles era Antonio Elias; o outro, Augusto Gotardelo. Foram feitas algumas perguntas muito francas e solenes e se obtiveram respostas edificantes, como se pode ler a seguir (no que se refere ao primeiro):
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Deseja que a morte venha logo? A. Elias — Falando francamente, sei que tenho que passar por ela, mas não estou com pressa. Enquanto tiver saúde e estiver fazendo o que gosto — anunciar o reino do Senhor — ela pode demorar a chegar... É bom viver? A. Elias — Sim, para mim tem sido bom viver, seguindo os passos daquele que disse: “Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28.20). É bom morrer? A. Elias — Não sei. Ainda não tive essa experiência... Porém creio que despretensiosamente posso dizer com o apóstolo Paulo: “Para mim o viver é Cristo e o morrer é ganho” (Fp 1.21). Em seu caso pessoal, quais os maiores transtornos físicos ou emocionais causados pela idade avançada? A. Elias — Encaro com naturalidade o declínio das forças físicas. E, sem cessar, louvo o Senhor por ter vivido bem até agora, ultrapassando os 91 anos... Qual a sua rotina diária? A. Elias — Normalmente começo o dia com um período devocional de comunhão com o Senhor e leitura da Bíblia. Leio jornais, livros e revistas. Participo das atividades normais da casa. Atendo os compromissos que surgem e vou trabalhando nas mensagens que tenho de pregar aqui em Niterói (duas ou três vezes por semana normalmente), e nas viagens por aí afora...
O pescador analfabeto que virou assessor de segurança do porto de Paranaguá Se Dom Ático Eusébio da Rocha, celebrante da Páscoa dos militares, tivesse conclamado a multidão a se ajoelhar diante de Jesus Cristo, o jovem soldado paranaense Ismael teria obedecido. Mas como era para rezar de joelhos em sinal de adoração à Santa Virgem, o rapaz permaneceu de pé, não por provocação, mas por convicção. Então, ele olhou para trás e para os lados para ver se havia mais alguém não ajoelhado e encontrou um sargento e outro pracinha tão em pé quanto ele. Hoje o antigo soldado tem 91 anos. Apesar de não ter freqüentado escola alguma, Ismael galgou posições de destaque em sua vida profissional (chegou a ser chefe da Divisão de Tráfego e assessor de Segurança e Informações do Porto de Paranaguá, no Paraná) e publicou alguns livros (Sob os Céus do Cruzeiro, Fatos e Bênçãos, O Varão preeminente e Inspirações de um Matuto). No momento está escrevendo um livro de memórias que terá como título Pepitas do Meu Bornal. Ismael é um dos muitos brasileiros que aprenderam a ler com a Bíblia e que alcançaram alguma facilidade para falar e escrever por causa da escola dominical — aquela reunião informal de estudo bíblico
Arquivo pessoal
A espera da morte é tranqüila? Antonio Elias — Absolutamente tranqüila.
Ismael Alves Pires aprendeu a ler com a Bíblia
que se faz em quase todas as denominações evangélicas aos domingos pela manhã, em classes divididas pela faixa etária, desde a idade mais tenra. O antigo pescador e vendedor de peixes (sua primeira profissão) diz com orgulho que nunca esteve numa escola primária, “somente na universidade que se chama escola bíblica dominical”. Viúvo há sete anos e pai de cinco filhos (dois dos quais são pastores) e de uma filha, Ismael Alves Pires vive em Paranaguá e conserva aquela tradição peculiar à sua denominação: “Sou batista roxo”. Março-Abril, 2008
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Que vida boba!
A vida deixa de ser boba quando é vivida em sua plenitude acima e abaixo do sol, no plano físico e metafísico, no plano religioso e secular, no plano da fé e da razão
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ão se sabe ao certo quem é o autor do livro de Eclesiastes. Poderia ser Salomão, todavia é mais provável que seja outro sábio bem posterior, que se valeu de sua história, fama e nome. Parece que foi o reformador Martinho Lutero o primeiro a negar a autoria de Salomão. Um dos comentadores de Eclesiastes diz simplesmente que o autor empregou um artifício literário muito comum e colocou suas palavras na boca de Salomão. Nesse caso, o livro teria sido escrito no período pós-exílio, entre 400 e 200 antes de Cristo. Mas uma coisa é certa: o autor de Eclesiastes é um homem muito sábio, vivido, conhecedor da natureza humana, sensível, observador, inconformado, realista, prático e muito religioso. O livro discorre sobre a vida humana “debaixo do sol” (29 citações) ou “debaixo do céu” (3 citações), isto é, aqui embaixo, na terra, neste mundo. Essa expressão diz respeito à vida no plano físico e não no plano metafísico, no plano secular e não no plano religioso, no plano material e não no plano espiritual, no plano da razão e não no plano da fé, no plano humano e não no plano divino. Não se discute a existência de Deus — ele não é considerado, exista ou não. Essa completa e concreta alienação sobre Deus gera um tédio insuportável, que leva o autor a dizer repetidas vezes desde o início: “Vaidade de vaidades, tudo é vaidade” (Ec 1.2). Outras versões preferem termos sinônimos: “Tudo é inútil” (NVI), “Tudo é ilusão” (NTLH), “Tudo é fugaz” (EP), “Tudo é terrivelmente frustrante” (BH). Na paráfrase da Bíblia Viva, o autor escreve que a vida é uma
“vida boba” (2.23). A expressão “vaidade de vaidades”, que aparece 37 vezes em apenas doze capítulos, funciona como um superlativo, a maneira hebraica de reforçar ou aumentar a intensidade do fato. Porém, o sábio não se satisfaz e usa outras expressões para deixar o leitor o mais ressabiado, intrigado, possível. Numa delas, afirma que a vida é um eterno “correr atrás do vento” (1.14), “uma caça ao vento” (BP), “uma perseguição ao vento” (TEB) ou simplesmente um “vento que passa” (EPC). Como o vento é o ar em movimento e, quando pára, não mais existe, o ser humano, “debaixo do sol”, nunca se realiza, nunca se acha, nunca pára de correr.
O pessimismo toma conta das pessoas que desconsideram Deus e vivem às suas próprias custas e a seu bel-prazer
Na tradução da CNBB, “correr atrás do vento” é “aflição de espírito”. Em palavras menos simbólicas, “correr atrás do vento” nada mais é que esforço inútil, tempo perdido, quimera. A frase aparece dez vezes em Eclesiastes. Em outra expressão, o sábio parece mais melancólico ainda e afirma sem acanhamento algum que a vida “não faz sentido” (2.19; 4.16; 5.10; 8.10 e 14; 9.9; 11.8). Em outra passagem, ele diz que é “tudo sem sentido” ou, “nada faz sentido” (12.8). Também diz que a vida “é um absurdo e uma grande
injustiça” (2.21, NVI). A Bíblia do Peregrino, a Bíblia de Jerusalém e a Edição Pastoral Catequética usam uma expressão muito mais forte: “[A vida] é uma grande desgraça”! O livro de Eclesiastes pode parecer um pavoroso manual de pessimismo. Veja, por exemplo, os seguintes pronunciamentos: “Quanto maior a sabedoria, maior o sofrimento” (1.18); “Os mortos [são] mais felizes do que os vivos, pois estes ainda têm que viver!” (4.2) e “É melhor ir a uma casa onde há luto do que a uma casa em festa” (7.2). Mas, na verdade, o propósito do livro é mostrar a causa e a cura para o pessimismo. Este aparece e cresce quando as pessoas pensam somente em si mesmas, de forma egoísta e não altruísta. O pessimismo acaba tomando conta das pessoas que desconsideram Deus e vivem às suas próprias custas e a seu belprazer. O pessimismo torna-se insuportável quando as pessoas se espremem entre o nascimento e a morte e rejeitam qualquer idéia de vida após a morte. Para ensinar que a vida é boba, o Sábio gasta muito tempo contando suas experiências equivocadas que a tornaram boba. Para ensinar que a vida pode deixar de ser boba, o Sábio aponta o equívoco-mor: “Separado de Deus, quem pode alegrar-se?” (2.29, RA). Na verdade, todas as belezas da vida perdem sua fragrância e significado quando o homem coloca Deus de lado e não mais cogita sobre ele. Definitivamente a vida deixa de ser boba quando é vivida em sua plenitude acima e abaixo do sol, no plano metafísico e no plano físico, no plano religioso e no plano secular, no plano da fé e no plano da razão! Março-Abril, 2008
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“Tudo é vaidade e corre Tudo? A beleza das flores? O perfume do jasmim? As cores da rosa? Tudo? O campo de neve? As florestas da Amazônia? O cume dos montes? Tudo? O passeio na praia? O banho do mar? A areia incontável? Tudo? O luar do sertão? A sanfona da roça? O frango com quiabo? Tudo? O som da harpa? A doçura da flauta? As filhas da música? Tudo? O tamanho da baleia? A altura da girafa? As cores do camaleão? O mel das abelhas? O trabalho das formigas? O vôo do beija-flor? A força do leão? A bolsa do canguru? A longevidade da tartaruga? A viagem das andorinhas? Os dentes da cascavel? A velocidade do falcão?
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Tudo? O aperto de mão? O abraço apertado? O beijo na face? O afago da criança?
Tudo? A revelação natural de Deus? A consolação das Escrituras? O ministério do Espírito?
Tudo? O primeiro amor? A primeira carícia? A primeira noite? A primeira gravidez? O primeiro filho? O primeiro sorriso? O primeiro beicinho? A primeira palavra? O primeiro passinho? Tudo? O presente que se dá? O presente que se recebe? O amor fraternal? Tudo? A dor de dente que passou? A biópsia que nada revelou? A doença curada?
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rer atrás do vento” Tudo? O riso depois do choro? A noite depois do dia? O dia depois da noite? O verão depois do inverno? O inverno depois do verão? O sol depois da chuva? O aguaceiro depois da seca? A calma depois do furacão? A paz depois da guerra? O amor depois da briga? O perdão depois do pecado? A morte depois da vida? A vida depois da morte? Deus depois de tudo?
Tudo? O amor de Deus? A misericórdia de Deus? A graça de Deus? A soberania de Deus? A glória de Deus? A onipotência de Deus? A onipresença de Deus? A onisciência de Deus? Tudo? A graça comum? A graça especial? O Verbo que se fez carne? O Cordeiro de Deus? O Alfa e o Ômega? Tudo? O véu do templo que se rasgou? O triunfo da cruz? A vitória do bem sobre o mal? O esmagamento da serpente? A morte da morte? A ressurreição dos mortos? O novo corpo? Os novos céus e nova terra? O Apocalipse?
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Tudo? Os que fazem ciência? Os que escrevem livros? Os que compõem música? Os que curam o corpo? Os que ouvem a lamúria? Os que promovem a paz? Os que fazem rir? Os que anunciam as boas novas?
(Ec 2.17)
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muro mais antigo, mais intransponível e mais humilhante não é o “longo muro” (a Muralha da China, construída três séculos antes de Cristo) nem o “muro da vergonha” (o Muro de Berlim, construído em 1961); mas é o muro da desintegração somatopsíquica que reduz o corpo humano sucessivamente à inércia, à cor e à rigidez cadavéricas, à decomposição, ao esqueleto e, por último, ao pó. O muro da morte foi construído por Deus, logo após a queda, para impedir que o homem tivesse acesso à árvore da vida (Gn 3.24). A morte é o acontecimento mais absurdo possível. Um dos amigos de Jó dizia que o ser humano “é arrancado da segurança de sua tenda e levado à força ao rei dos terrores” (Jó 18.14). Naquele tempo, os cananeus comparavam a morte a um monstro cujo lábio inferior toca a superfície, e o superior, o mais alto céu. A boca enorme e sempre escancarada desse monstro engole tudo e nunca se fecha e nem se satisfaz. Ninguém escapa à sua gula feroz e descontrolada. Não escapam nem os bons, nem os maus, nem os cheios de vida, nem os doentios, nem as criancinhas de colo, nem os deficientes físicos em cadeiras de rodas, nem a mulher bonita, nem o homem feio, nem os ricos nem os pobres, nem os recém-nascidos cobertos de sangue, nem Lázaros cobertos de chagas. A morte é tudo isto: faminta, 28 ULTIMATO
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gulosa, insolente, cruel, implacável e o pior de todos os desmancha-prazeres. O rei Ezequias (701 a.C.), que, por volta dos 37 anos de idade, foi desenganado pelo próprio Deus, mas pela graça do mesmo Deus, conseguiu recuperar-se de sua enfermidade terminal, explica que na morte a vida é acabada, arrancada, cortada, desfeita, reduzida a nada, removida e roubada “como uma barraca de pastores que é desmontada e levada para longe, ou como um pedaço de pano que o
Sem as boas novas da salvação, sem a esperança da ressurreição, sem a promessa de novos céus e nova terra, sem a certeza da morte da morte pela vitória de Jesus, tudo começa mal, caminha mal e termina mal tecelão corta de uma peça de tecido” (Is 38.12, NTLH). Esse corte pode acontecer à noite ou antes do despertar da manhã. Um livro tão realista como o de Eclesiastes não poderia jamais deixar a morte de lado. Uma das razões pelas quais a vida é boba é a existência implacável da morte. Para o autor do livro, a morte é um muro, pois todos os sonhos, todos os desejos, todos os
empreendimentos esbarram nela e ali acabam. Nesse sentido, o ser humano não leva vantagem alguma sobre o animal, nem o animal leva vantagem sobre o ser humano, “pois a sorte de homens e animais é uma só: morre um e morre o outro” (Ec 3.19, BP). As palavras mais irredutíveis sobre a “cessação definitiva de todos os atos cujo conjunto constitui a vida dos seres organizados” estão em Eclesiastes: “[Assim] como ninguém pode dominar o vento, nem segurá-lo, também ninguém pode evitar a morte, nem deixá-la para outro dia. Nós temos de enfrentar essa batalha, e não há jeito de escapar” (8.7, NTLH). A rigor, sem as boas-novas da salvação, sem a esperança da ressurreição, sem a promessa de novos céus e nova terra, sem a certeza da morte da morte pela vitória de Jesus, tudo começa mal, caminha mal e termina mal. O muro da morte não nos deixa passar, não nos dá tempo para gozar o que foi feito do lado de cá, obriga-nos a trabalhar para aqueles que não trabalham (Ec 2.17-23). Isso pode levar o ser humano ao desencanto, ao mais profundo pessimismo e até à vontade de antecipar a própria morte. Trata-se de uma angústia perturbadora e sem solução apenas para aquele que está e vive “debaixo do sol” ou “debaixo do céu” e, portanto, desconsidera, na teoria ou na prática, a existência de Deus.
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Depois de muitos anos, muitos diplomas, muitos bens e muitas incursões no submundo, a vida continua sem sentido
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m qualquer tempo e em qualquer cultura, o ser humano quer se livrar da vida boba, isto é, da falta de sentido da vida. O autor de Eclesiastes tenta resolver o problema da “triste maneira de viver” (Ec 4.8, NTLH), da eterna e desagradável rotina da vida e da não-realização dos sonhos. Ele caminha por algumas vias na tentativa de ser bem-sucedido.
Quem sabe o caminho da sabedoria daria certo? Então ele se dedica a investigar e a usar a sabedoria para explorar tudo o que existe. Ele pensa, estuda, pesquisa, viaja, observa e anota. Mal termina a graduação passa para a pós-graduação; mal termina a pós-graduação, passa para o doutorado; mal termina o doutorado, passa para o pós-doutorado. Depois de muitos anos e muitos diplomas, ele escreve: “Cheguei à conclusão de que a sabedoria é melhor do que a tolice, assim como a luz é melhor do que a escuridão. Os sábios podem ver para
onde estão indo, mas os tolos andam na escuridão. Porém eu sei que o mesmo que acontece com os sábios acontece também com os tolos. Aí eu pensei assim: ‘O que acontece com os tolos vai acontecer comigo também. Então, o que é que eu ganhei sendo tão sábio?’ E respondi: ‘Não ganhei nada!’ Ninguém lembra para sempre dos sábios, como ninguém lembra dos tolos. No futuro todos nós seremos esquecidos. Todos morreremos, tanto os sábios como os tolos. Por isso, a vida começou a não valer nada para mim; ela só me havia trazido aborrecimentos. Tudo havia sido ilusão; eu apenas havia corrido atrás do vento”. (Ec 2.13-17, NTLH).
“Resolvi me divertir e gozar os prazeres da vida. Mas descobri que isso também é ilusão. Cheguei à conclusão de que o riso é tolice e de que o prazer não serve para nada”
Quem sabe o caminho do sucesso daria certo? Então ele arregaça as mangas e põe as mãos no arado. Não olha para trás nem uma vez. Não desanima, não desiste, não pára de perseguir o alvo proposto. Segue todas as instruções, sua em bicas, trabalha dia e noite. Paga todos os dízimos e faz doações enormes para receber o dobro ou mais que o dobro do que havia contribuído. Depois de muitos anos e de muitos bens, ele escreve: “Realizei grandes coisas. Construí casas para mim e fiz plantações de uvas. Plantei jardins e pomares, com todos os tipos de árvores frutíferas. Também construí açudes para regar as plantações. Comprei muitos escravos e além desses tive outros, nascidos na minha casa. Tive mais gado e mais ovelhas do que todas as pessoas que moraram em Jerusalém antes de mim. Também ajuntei para mim prata e ouro dos tesouros dos reis e das terras que governei. Homens e mulheres cantaram para me divertir, e tive todas as mulheres que um homem pode Março-Abril, 2008
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Quem sabe o caminho da permissividade daria certo? Então ele se solta, sai da tutela do pai e da mãe, rompe com o passado, desiste dos padrões bíblicos de comportamento, encosta num canto os Dez Mandamentos da Lei de Deus, abre mão de alguns escrúpulos adquiridos na infância, torna-se dono de si mesmo e de seus desejos. Considera-se livre, inteiramente livre para fazer o que bem entende e satisfazer qualquer desejo, contanto que seja da carne e não do antigo Espírito. Depois de muitos anos e de muitas incursões no submundo, ele escreve: “Resolvi me divertir e gozar os prazeres da vida. Mas descobri que isso também é ilusão. Cheguei à conclusão de que o riso é tolice e de que o prazer não serve para nada. Procurei ainda descobrir qual a melhor maneira de viver e então resolvi me alegrar com vinho e me divertir. Pensei que talvez fosse essa a melhor coisa que uma pessoa pode fazer durante a sua curta vida aqui na terra” (Ec 2.1-3, NTLH). O sábio tenta outros caminhos. Todos vão para o mesmo lugar, todos o levam para a mesma sensação de desapontamento, todos o fazem correr sem parar atrás do vento! 30 ULTIMATO
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á uma praga pior do que as pragas do Egito. É a praga do fastio. Ela causa decepção, tédio, repugnância, aversão, enfartamento e outras complicações. É melhor ter piolhos no corpo, na casa e no campo do que sentir-se entediado. É preferível enfrentar moscas e rãs por toda parte do que aturar o desgosto provocado pelo excesso de alguma coisa antes fortemente desejada. Não foi sobre o Egito que Deus enviou a praga do fastio. Foi sobre o povo eleito, quando Israel estava acampado no deserto de Parã. Ali os israelitas e os estrangeiros que estavam no meio deles tiveram saudades do Egito, dos peixes que “comiam de graça”, dos pepinos, dos melões, dos alhos e das cebolas. Vítima da terrível doença da memória curta e esquecido de que nada era de graça no Egito, o povo de Israel queixou-se amargamente do pão que de graça descia do céu em quantidade suficiente dia após dia: “Não há mais nada para comer, e a única coisa que vemos é esse maná!” (Nm 11.6, NTLH). Eles queriam outra comida e Deus lhes deu uma enxurrada de carne para comer. Um enorme bando de
codornizes invadiu o arraial voando a menos de um metro de altura e foram apanhadas pelo povo numa extensão de trinta quilômetros durante dois dias e uma noite. O que menos “colheu” teve no mínimo mil quilos, o suficiente para encher 2.200 latas de um litro! E o povo comeu aquela carne um dia, dois dias, cinco dias, dez dias, vinte dias, um mês inteiro, até sair pelos narizes, até não agüentar mais, até não poder ouvir falar de carne, muito menos de codornizes. Era a praga do fastio, o castigo do fastio, o tormento do fastio (Nm 11.1-35). Há outros exemplos de fastio na Bíblia. Fastio de ouro e de prata, de possessões e riquezas, de servos e servas, de sabedoria e cultura, de trabalho e realizações, de fama e glória. É o caso do desesperado autor de Eclesiastes, para quem, no auge do fastio, “tudo é vaidade”, “correr atrás do vento” e uma eterna mesmice (Ec 1.1-5, 20). É provável que no último carnaval muitos brasileiros tenham sido atingidos não pela praga do fastio de codornizes, mas pela praga do fastio de sexo. Ou de camisinhas, tendo em vista os 19,5 milhões de preservativos que o governo distribuiu ao povo. (Veja Quão verdadeiros somos?, p. 52.)
A praga do fastio Charlie Balch
desejar. Sim! Fui grande. Fui mais rico do que todos os que viveram em Jerusalém antes de mim, e nunca me faltou sabedoria. Consegui tudo o que desejei. Não neguei a mim mesmo nenhum tipo de prazer. Eu me sentia feliz com o meu trabalho, e essa era a minha recompensa. Mas, quando pensei em todas as coisas que havia feito e no trabalho que tinha tido para conseguir fazê-las, compreendi que tudo aquilo era ilusão, não tinha nenhum proveito. Era como se eu estivesse correndo atrás do vento” (Ec 2.4-11, NTLH).
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É preciso parar de correr atrás do vento e de cavar cisternas que não retêm água!
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ara você saber lidar com o muro da morte e passar para o outro lado dele... Para você ficar livre da eterna mesmice da vida (a intolerável rotina de sempre) e experimentar coisas novas e surpreendentes... Para você não ser obrigado a confessar, já velho e acabado, que sua vida foi uma vida boba, sem sentido e terrivelmente frustrante... Para você não correr atrás do vento como um bobo... Para você não repetir no final de cada dia, no final de cada semana, no final de cada mês, no final de cada ano, no final de cada aniversário, que “tudo é vaidade”... Para você se libertar de sua continuada depressão... Para você não cometer, em algum momento da vida, suicídio... “Lembre-se do seu Criador enquanto você ainda é jovem, antes que venham os dias maus e cheguem os anos em que você dirá: ‘Não tenho mais prazer na vida’” (Ec 12.1, NTLH). Substitua o Memento Morti (lembre que deve morrer) pelo Memento Creatoris (lembre-se do seu Criador). Desde que você busque a Deus em primeiro lugar e tenha o devido temor ao Senhor, não é necessário que você desapareça deste mundo (Jo 17.15) e construa um barraco no meio da floresta para se isolar de tudo e de todos. Não é necessário que você
abra mão da sabedoria, do sucesso, dos prazeres da vida, do trabalho, da ascensão econômica, dos exercícios físicos, da alegria da música, da beleza, do amor, da família, da sociedade e dos sonhos. O livro de Eclesiastes ensina isso: “Jovem, aproveite a sua mocidade e seja feliz enquanto é moço. Faça tudo o que quiser e siga os desejos do seu coração. Mas lembre-se de uma coisa: Deus o julgará por tudo o que você fizer. Não deixe que nada o preocupe
Chega da “vida boba”, da “triste maneira de viver”, chega de nostalgia (a saudade escondida de Deus), chega de arrogância, chega de teimosia, chega de incredulidade, chega de “correr atrás do vento” ou faça sofrer, pois a mocidade dura pouco” (Ec 11.9-10, NTLH). O Sábio usa três vezes uma palavrinha mágica no último capítulo de Eclesiastes. É preciso lembrar-se do tédio “antes que venham os dias maus” (Ec 12.1), antes do processo irreversível da decrepitude (Ec 12.2-6), antes da morte (Ec 12.6-8). Quanto mais tarde se toma essa decisão inteligente, maior vai se tornando o desperdício da vida e o consumo da amargura. É muito
mais sábio acabar com a alienação de Deus no início da vida do que no final, quando a “lamparina de ouro cai e quebra”, quando a “corrente de prata se arrebenta”, quando o “pote de barro se despedaça e a corda do poço se parte” (Ec 12.6-7). O Eclesiastes é muito prático. Bastam as duas últimas frases do livro: “De tudo o que foi dito, a conclusão é esta: tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos porque foi para isso que fomos criados. Nós teremos de prestar contas a Deus de tudo o que fizemos e até daquilo que fizemos em segredo, seja o bem ou o mal” (Ec 12.13- 14, NTLH). A mensagem de Eclesiastes pode ser reencontrada em um versículo do profeta Jeremias: “O meu povo cometeu dois crimes: eles me abandonaram, a mim, a fonte de água viva; e cavaram as suas próprias cisternas, cisternas rachadas que não retêm água” (Jr 2.13). Correr atrás do vento e cavar cisternas rachadas a vida inteira são metáforas diferentes com mensagens iguais. As duas denunciam a falta de Deus na mente, no coração e na vida de qualquer ser humano que rodopia em torno de si mesmo. Chega da “vida boba”, “da triste maneira de viver”, chega de nostalgia (a saudade escondida de Deus), chega de arrogância, chega de teimosia, chega de incredulidade, chega de “correr atrás do vento”! Março-Abril, 2008
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capa Pai nosso que estás em todo lugar... Oséas Heckert Pai, penitente promitente quero (de)votar-te exclusiva dedicação: nada tomará teu lugar em meu coração; nem imagem de escultura, nem figura ou representação de qualquer criatura ou perversa estrutura receberá minha adoração; nem qualquer ocupação, ou sequer preocupação, terá maior atenção.
Dá-me o prazer do sexo conexo a seu contexto devido para eu não ficar de olho comprido e lascivo no flerte solerte, a pretexto da grama mais verde do outro lado da cerca.
Prometo santificar o teu nome e não usá-lo em futilidade; prometo buscar a santidade, a cada dia satisfazer tua vontade, para que teu reino se realize e concretize em minha vida.
Perdoa minha omissão: fiz-me negligente e mudo ante a exploração dos sem-nada: cada pobre, órfão, viúva, estrangeiro. Requeiro, dá-me prontidão para erguer a voz e me colocar em defesa dos desprovidos de tudo. Faze-me, contudo, moroso pra maldizer e fofocar...
Prometo honrar minha família, para vivermos sem quizília1 e desfrutarmos em santa paz o pão cotidiano que nos dás. Perdoa as minhas dívidas, desculpa minhas dúvidas, aumenta-me a fé e o amor pra ser clemente ao devedor, e o meu zelo para fazê-lo quantas vezes preciso for. Não me deixes cair em tentação; protege-me do círculo vicioso de ouvir a lorota do impiedoso, deter-me na rota dos pecadores, e sentar-me à roda com zombadores.
Livra-me de ficar de olho grande nas pequenas coisas de alguém, ou cobiçoso das grandes, também. Não peço redoma ou regalia, mas a tua companhia, todavia, em toda via. Livra-me do mal de retribuir mal com mal. Ensina-me a amar, meus amigos e inimigos, e a exalar o teu aroma. No pleroma2 de tua luz, conduz meu caminhar imperfeito, brilhando cada vez mais até ser um dia perfeito. Notas 1. Conflito de interesses; briga, rixa 2. Plenitude Oséas Elias Heckert é engenheiro. Participa do Ministério com Casais da Igreja Presbiteriana de Vila Mariana, em São Paulo. stockxpert
Ensina-me a não prejulgar o próximo, não proferir fortes palavras de morte, nem agir como algoz ou juiz. Ao contrário de arbitrário, permite-me fazer por ele o máximo para que tenha vida longa e feliz.
Acerca da grana que engana, perdoa-me a gana e a ansiedade; dá-me o necessário suficiente pra viver com dignidade e acudir o mais carente; não demais, para que farto te renegue, nem de menos, para que sonegue ou que no furto alguém me pegue.
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Especial Especial
não quer fazer o papelão de deixar Jesus de lado
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m certo sentido, não temos nada de novo para apresentar ao leitor. Propagamos a velha história, a velha mensagem, a velha esperança, em uma embalagem nova. Relacionamos os fatos de hoje com a verdade de ontem. Partimos das coisas que acontecem e daquilo que se diz para chegar a Jesus Cristo, a última instância. Não usamos a mesma linguagem dos astrólogos, economistas, sociólogos ou futurólogos para nos referir ao que vem depois do presente. Os cientistas falam de suas especialidades. Ultimato dá a sua colaboração abrindo as páginas da Bíblia, pois as Escrituras começam com a criação dos céus e da terra e terminam com a criação de novos céus e nova terra. Daquele princípio viemos e para esse fim estamos indo. Tudo aquilo que ainda não se realizou nessa longa trajetória, nesse extraordinário enredo, é escatologia. Estamos entre a história e a escatologia. A história diz respeito ao passado e a escatologia, ao futuro. Com o correr dos séculos, a escatologia passa para o âmbito da história. Esta é cada vez maior e aquela, cada vez menor. “Quando vier o que é perfeito” (1Co 13.10), então a escatologia deixará de existir. Embora cada um de nós da redação sejamos membros ativos de alguma igreja evangélica, desde o primeiro número (janeiro de 1968) temos nos esforçado para não fazer propaganda de denominação alguma, pela simples razão de não sermos um veículo denominacional. Já há
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número suficiente de periódicos denominacionais. Embora sejamos protestantes que se orgulham da Reforma Religiosa, acontecida na Europa no século 16, e que se deixam orientar por ela, Ultimato faz questão de proclamar que O reino de Deus é maior que a igreja católica, que as igrejas ortodoxas, que a igreja protestante (matéria de capa da edição de julho de 1996). No final do quinto século, Agostinho explicou que, “se na pregação não há Jesus, ele não é a Palavra, é apenas uma voz”. Em meados do século passado, Adauto Araújo Dourado, professor de homilética do Seminário Presbiteriano de Campinas, ensinou aos seus alunos: “Você pode fazer o melhor sermão. Escreva-o. Leia-o. Se Jesus não é o
centro dele, rasgue-o em mil pedaços e jogue fora”. Ultimato não quer fazer o papelão de deixar Jesus de lado. Explicamos esse compromisso na matéria de capa da edição comemorativa de nosso 30º aniversário (janeiro/fevereiro 1998). O título da matéria era Jesus na capa e no miolo, isto é, nosso tema mais insistente é Jesus. Tamanho entusiasmo pelo Jesus das Escrituras nos levou a publicar várias matérias de capa sobre a riqueza da pessoa e da obra de Jesus Cristo. Entre elas, citam-se: A morte de Jesus foi proposital? (abril de 1980), Proposições sobre Jesus Cristo libertador (maio de 1980), A última tentação de Cristo (setembro/outubro de 1988), As brigas de Jesus por causa das crianças (novembro de 1997), A divindade e a humanidade de Jesus (julho de 2001), O grande desafio do terceiro milênio depois de Cristo é a lembrança contínua do Jesus do Novo Testamento até que ele venha (janeiro de 2003) e Jesus é imatável (março de 2007). A data exata do 40º aniversário de Ultimato foi no dia 13 de janeiro. As comemorações, no entanto, serão realizadas aqui em Viçosa, de 31 de julho a 2 de agosto de 2008, com a presença de quase todos os articulistas fixos e dos autores de livros publicados pela Editora Ultimato. Enquanto isso, todos nós, redatores e leitores, vamos pôr as mãos no arado e apresentar a mensagem do cristianismo à nossa geração. Com zelo e urgência! Março-Abril, 2008
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e enfermidades entre o povo” (Mt 4.23). Para o comentarista da Bíblia de Genebra, “ensinar envolvia a comunicação da natureza e propósito do reino de Deus, como é visto no sermão do monte (caps. 4-7) e nas parábolas do reino (cap. 13). Pregar era anunciar as boas novas de que o reino de Deus estava próximo, e que seus soberanos propósitos na história estavam sendo finalmente realizados. Curar, bem como ensinar e pregar, era sinal de que o reino já tinha vindo” (Mt 11.5). Ele recrutou seus discípulos de diversos segmentos sociais e demonstrou que o reino de Deus não se identificava com nenhum dos partidos do seu tempo. O Messias era a Palavra viva, herdeira das palavras de Javé, libertando o seu povo da servidão do Egito, outorgando-lhe a Lei, falando pelos profetas. Na sinagoga de Nazaré, assumiu o seu messiado e a realização da profecia de Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar
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odos os seres e instituições existem com um propósito, construtivo ou destrutivo. Chamemos esse objetivo de missão. Muitas vezes, pessoas e instituições se afastam de seu objetivo original, ou o implementam por métodos inadequados ou ilegítimos. O pensador anglicano Michael Greene afirmou: “A Igreja ou é missionária, ou não é Igreja”. Jesus Cristo, se esvaziou, encarnou em uma cultura e uma conjuntura, rompeu barreiras sociais, exortou, realizou sinais e prodígios. Ele é o exemplo para a Igreja: o Messias prometido, que transformou água em vinho e bebeu fel na cruz — da festa ao martírio. Foi ele quem disse: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20.21b). A Palavra nos mostra o modelo da missão de Cristo, bem como da nossa: “Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças
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libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para por em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor” (Lc 4.18-19). Esse texto não deve ser “espiritualizado”, ou “materializado”, pois nos lembra o ideal de Deus para uma ética social superior, no Ano Sabático e no Ano do Jubileu, a realização plena escatológica (o “ainda não”) e as possibilidades de fazer avançar na história os valores do reino (o “já”). A missão da Igreja deveria ultrapassar a tentação localista de uma mera seita judaica, e se expandir por todo o mundo. O cristianismo é intrinsecamente expansionista, porque o evangelho deve ser levado “até os confins da terra” (At 1.8). O Espírito Santo no Pentecostes foi derramamento de poder e outorga de dons, para tornar possível o cumprimento dessa missão, que não é opcional, mas imperativa: “Ide”. Foi essa a obediência dos mártires, e a Igreja pagou um preço quando foi coerente, mas envergonhou o seu Senhor em tantos episódios pouco dignos, que, periodicamente, a chama para reforma e avivamento; para coerência e obediência. Evangélicos, continuamos a crer que a prioridade da missão é a evangelização, entendida como “... a apresentação de Jesus Cristo no poder do Espírito Santo, de tal maneira que os homens possam conhecê-lo como Salvador e servi-lo como Senhor, na comunhão da Igreja e na vocação da vida comum”.
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ão integral É a missão Na Idade integral, que, Contemporânea, Somente um grande na resolução da o malabarismo desconhecimento histórico Conferência de mental de ou uma grande má-fé Lambeth, de teólogos liberais podem ser responsáveis 1988, dos bispos forjou um por se procurar identificar anglicanos, deve universalismo incluir e integrar salvífico, que a Teologia da Missão da as dimensões: descolou o Jesus Igreja, evangélica, com a a) proclamar as histórico do Teologia da Libertação, boas novas do Cristo de Deus, e de premissas e história reino; b) ensinar, terminou vendo liberais. No meio de batizar e instruir “a face escondida antigas e novas distorções, os convertidos; de Cristo atrás reafirmemos a mui bíblica c) responder dos orixás...”. No missão integral às necessidades final do século humanas 19 e início do por serviço século 20, nos em amor; d) Estados Unidos, procurar transformar as estruturas a missão da Igreja foi dilacerada iníquas da sociedade; e) defender a entre um “evangelho social” e um vida e a integridade da criação. Na “evangelho individual”, unilaterais e América Latina destacamos o papel parcializadores. A missão, tantas vezes da Fraternidade Teológica Latinoatrelada a culturas, impérios e sistemas Americana (FTL). políticos ou econômicos, foi violentada Somente um grande e empobrecida. Aos extremismos liberal desconhecimento histórico ou uma e fundamentalista, o evangelicalismo grande má-fé podem ser responsáveis — com toda a sua história de piedade por se procurar identificar a Teologia engajada, de um Wilbeforce ou um da Missão da Igreja, evangélica, com a Lord Shaftsbury, herdeiro da préTeologia da Libertação, de premissas reforma, da reforma, do puritanismo, e história liberais. No meio de antigas do pietismo, do avivalismo e do e novas distorções, reafirmemos a mui movimento missionário, com seu bíblica missão integral. conteúdo de uma teologia bíblica e histórica, foi capaz de, principalmente Dom Robinson Cavalcanti é bispo anglicano da Diocese com o Congresso e o Pacto de do Recife e autor de, entre outros, Cristianismo e Política Lausanne, devolver à Igreja a sua missão – teoria bíblica e prática histórica e A Igreja, o País e o recomposta: “o Evangelho todo, para o Mundo – desafios a uma fé engajada. <www.dar.org.br> homem todo e para todos os homens”. Março-Abril, 2008
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Proposta de espiritualidade Ricardo Gondim
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ão é preciso muita perspicácia para perceber que o movimento evangélico ocidental passa por uma grande crise. As incursões do neofundamentalismo da direita religiosa na política estadunidense não ajudaram muito. Os reclames para que a sociedade preservasse “valores morais” caíram por terra porque não encontraram respaldo nas próprias igrejas, que se revezaram em escândalos. Para agravar a crise, grandes segmentos evangélicos se apressaram em legitimar a invasão do Iraque, argumentando que a Bíblia respaldava uma “guerra justa”. Na América Latina, principalmente no Brasil, a rápida expansão do pentecostalismo produziu um grave desvio ético na compreensão do evangelho. Surgiu um novo fenômeno religioso, mais comumente identificado como “teologia da prosperidade”. O que se ouve como “pregação” pelos teleevangelistas e nas megaigrejas dificilmente poderia ser associado ao protestantismo histórico ou ao pentecostalismo clássico. Como não há mais nenhuma novidade em afirmar que mudanças 40 ULTIMATO
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radicais precisam acontecer no movimento evangélico, a questão agora é perguntar: “O que deve mudar?” Eis algumas propostas: Proponho uma espiritualidade menos eficiente. Que os pastores desistam de associar a aprovação de Deus a seus ministérios com projetos bemsucedidos. A fé cristã não se propõe a refletir o mundo corporativo em que competência se prova com resultados. Na espiritualidade de Jesus, os atos de alguns servos de Deus podem ser anônimos, despercebidos e pequenos. A urgência de comunidades crescerem, de pastores provarem como Deus os abençoou com “ministérios aprovados” acabou produzindo essa excrescência: igrejas que mais se parecem com balcões de serviços religiosos do que com comunidades de fé. Proponho uma espiritualidade menos cognitiva e mais vivenciada. A priorização da “reta doutrina” sobre a experiência da fé acabou produzindo crentes argutos em “provar” a sua fé, mas frágeis no testemunho. A obsessão pela verdade como uma construção racional faz com que os catecismos se tornem belas elaborações conceituais,
enquanto os testemunhos pessoais se mantêm questionáveis. O evangelho precisa ser escrito em tábuas de carne; mostrar-se nos atos daqueles que se propõem a brilhar como luz do mundo. Proponho uma espiritualidade menos mágica e mais responsável. A idéia de um Deus intervencionista que invade a todo instante a história para resgatar seus filhos, dando-lhes alívio, abrindo portas de emprego e resolvendo querelas jurídicas, acabou produzindo crentes alienados, sem responsabilidade histórica e sem iniciativa profética. Com esse comodismo, as igrejas se distanciaram da arena da vida. Passaram a acreditar que bastaria amarrar os demônios territoriais para acabar com a violência e com a miséria. O evangelho não propõe que a história seja transformada por encanto, mas com ações políticas que defendam a justiça. Proponho uma espiritualidade menos intolerante. A idéia de um mundo perdidamente hostil a Deus gera igrejas intransigentes, que se enxergam privilegiadas. A radicalização da doutrina da queda faz com que se perceba o mundo condenado, irremediavelmente perdido. Com essa
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visão, a igreja se fecha, só encara o mundo como um campo de batalha, e é incapaz de acolher os moribundos que jazem às margens das estradas. A espiritualidade evangélica precisa resgatar doutrinas conhecidas nos primeiros anos da Reforma, como a imago Dei (a imagem de Deus em todos) e a graça comum (o favor de Deus capacitando a todos). Proponho uma espiritualidade que promova a vida. Os evangélicos pregaram a salvação da alma por anos a fio e, muitas vezes, esqueceram que Deus deseja que experimentemos vida abundante antes da morte. Aliás, o céu deveria ser uma conseqüência das escolhas que as pessoas fazem na terra e não uma promessa distante. Com essa ênfase exagerada na salvação da alma, alguns se contentam com uma existência sofrível, mal resolvida, e acreditam que um dia, no além, tudo ficará bem. Proponho uma espiritualidade que não contemple a santidade como apuro legal, mas como integridade. Com cobranças legalistas, os ambientes se tornam exigentes. É inócuo estabelecer o alvo da vida cristã como uma
perfeição exagerada, que para alcançá-la seria necessário transformar as pessoas em anjos. Hipocrisia nasce com esse tipo de exigência. É preciso dialogar com as imperfeições, com as sombras e luzes da alma; sem culpas e sem fobias. Só em ambientes assim, existe liberdade para amadurecer. Proponho uma espiritualidade que estabeleça como objetivo gerar homens e mulheres gentis, leais, misericordiosos. Antes de almejar aparecer como a instituição religiosa detentora da melhor compreensão da verdade, que procuremos amar com singeleza; antes de nos tornar uma força política, que saibamos caminhar entre os mais necessitados; antes de alcançar o mundo inteiro, que trabalhemos ao lado daqueles que constroem um mundo melhor. Estou consciente de que minhas propostas não têm muita chance de se realizarem, mas vou mantê-las como um horizonte utópico e vocação. Soli Deo Gloria. Ricardo Gondim é pastor da Assembléia de Deus Betesda no Brasil e mora em São Paulo. É autor de, entre outros, Eu Creio, mas Tenho Dúvidas. <www.ricardogondim.com.br> Março-Abril, 2008
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R edescobrindo a Palavra de Deus Valdir Steuernagel
Deus se M importa com a gestante
aria aparece de surpresa. “Ó de casa!”, chama, batendo palmas e pousando no chão o peso da sacola. O cachorro late e Isabel volta-se para Zacarias. “Quem será a esta hora?” As palmas voltam e o cachorro torna a latir. Num esforço desajeitado, ela se ergue da cadeira e, acariciando a estranha barriga de seis meses, no corpo já bem mais andado, diz ao marido: “Vá ver quem é”. Ele segue devagar e ela balbucia, espiando pela janela: “Eu conheço essa menina...”. Lá fora o cachorro silencia e uma conversa parece querer ganhar forma. “Eu sou Maria”, diz a moça. “Somos meio parentes. O senhor conhece a minha família; esteve lá em casa quando eu era pequena.” Então cai a ficha. Zacarias volta-se para a mulher, como que pedindo socorro, e ela percebe que foi um erro pedir que ele abrisse o portão. Da janela, a cena é de dar risada: Maria, sem jeito, fita a sacola no chão; o cachorro late e o velho mudo segura o portão, gesticulando algo que nem ele mesmo entende... E assim as duas mulheres se encontram. Toda a cena é ocupada por estas duas mulheres,que se abraçam chorando. Um choro que parece não existir. A moça chora uma gravidez contida e um mistério que cresce em seu ventre. Isabel deixa as lágrimas correrem pelo rosto, como a lavar anos de uma difícil, silenciosa e conturbada convivência com a ausência de filhos. Mas suas lágrimas têm também o sabor da revelação, e por isso um sorriso se abre em seu rosto – e com ele Maria é recebida. O momento é sagrado. O tempo parece ter parado. O que acontece é muito mais do que se vê. Duas grávidas se abraçam e são os seus ventres que falam. Quando as palavras saem da boca de Isabel, já os ventres pronunciaram os seus “aleluias”. “Ouvindo esta a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre; Então Isabel ficou possuída do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre. E de onde me provém que me venha visitar a mãe do meu Senhor? Pois, logo que me chegou aos ouvidos a voz da tua saudação, a criança estremeceu de alegria dentro em mim.” (Lc 1.41-44)
Bianca de Blok
A Bíblia está cheia de textos grávidos. Grávidos de significado e ternura. Eles nos alcançam em diferentes momentos, trazendo mistério e significado à nossa vida. Assim é com Maria e Isabel. Uma é jovem ainda. A gravidez, em si, não lhe é problema, mas tem um sentido profundo e difícil; ela está grávida por revelação de Deus e carrega no ventre a revelação maior de Deus na pessoa de seu filho. A outra já tem o ventre murcho e a gravidez lhe pesa, mas ela a vive numa felicidade adolescente, celebrando a bênção de ser mãe. 42 ULTIMATO
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Assim são as coisas. Gravidez em menina-moça e gravidez em mulher madura. Gravidez que desliza pelos meses como a água desliza com graça no leito do rio. Gravidez que parece um mar revolto, requerendo cuidado e acompanhamento. Deus as conhece todas, com todas se ocupa e a todas trata como gestoras de vida. O Objetivo do Milênio para o qual olhamos neste artigo coloca em pauta a melhoria da saúde das gestantes: reduzir em três quartos, entre 1990 e 2015, a taxa de mortalidade materna. Diante deste objetivo, volto à palavra de Deus e me pergunto: como Deus se relaciona com a mulher grávida? Então me vejo diante do abraço de Maria e Isabel. É claro que a Bíblia não é um manual de cuidado da gestante, mas nela se vê claramente um Deus com um sentido de santidade para com a vida e, portanto, para com a gestante. Aliás, é interessante notar como na Bíblia, em diferentes ocasiões, a vida nasce do encontro da fertilidade de Deus com a esterilidade humana. A própria
Quando a futura mãe é cercada de cuidados e afetos e a gravidez se desenvolve com saudável expectativa e normalidade, Deus sorri satisfeito. Quando o feto não cresce porque a mãe passa fome, Deus sente fome com ela Isabel, como relata Lucas, é estéril e Deus lhe promete uma gravidez especial. É assim que ela dá a luz João. Deus, sendo o autor da vida, acompanha a gravidez com zelo e carinho. Isso se manifesta, ora em pessoas como Isabel, carregando com dificuldade uma gravidez inesperada mas bem-vinda, ora em pessoas como Maria, que, grávida em plena adolescência, busca sentido para essa gravidez em sua vida.
Objetivos do Milênio Acabar com a fome e a miséria Educação básica e de qualidade para todos Igualdade entre sexos e valorização da mulher Reduzir a mortalidade infantil Melhorar a saúde das gestantes Combater a aids, a malária e outras doenças Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente Todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento
A gravidez pode acontecer em circunstâncias diversas e variadas; algumas são felizes e outras, trágicas e dramáticas. Diante de algumas Deus sorri, diante de outras ele chora. Quando a futura mãe é cercada de cuidados e afetos e a gravidez se desenvolve com saudável expectativa e normalidade, Deus sorri satisfeito. Quando o feto não cresce porque a mãe passa fome, Deus sente fome com ela. Quando o bebê se desenvolve de forma anormal porque a mãe não recebeu os cuidados médicos necessários, Deus balança a cabeça em desaprovação. Quando a mãe morre no parto porque foi abandonada na maca de um hospital superlotado ou acometida de uma infecção hospitalar, então Deus deixa claro que não é isso que ele deseja. Ele busca homens e mulheres que queiram expressar um outro compromisso de vida com as gestantes e seus filhos. É por isso que, como parte da comunidade de Deus, nós celebramos e afirmamos as metas deste Objetivo do Milênio buscando formas pelas quais mulheres grávidas se abracem e celebrem a gestação da vida. Valdir Steuernagel é pastor luterano e trabalha com a Visão Mundial Internacional e com o Centro de Pastoral e Missão, em Curitiba, PR. É autor de, entre outros, Para Falar das Flores... e Outras Crônicas. Março-Abril, 2008
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história
O ceticismo religioso e seus arautos Alderi Souza de Matos
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Hugo Humberto Plácido da Silva
á vários séculos a visão de mundo materialista e irreligiosa tem sido aceita de modo crescente como uma postura legítima ao lado de outras cosmovisões. Todavia, em anos recentes vem ocorrendo um desdobramento novo e preocupante: a afirmação cada vez mais insistente de que a perspectiva ateísta é a única defensável do ponto de vista científico e filosófico, e que, portanto, a religião, em qualquer de suas
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manifestações, deve ser banida para sempre e completamente do cenário humano. Hoje, cada vez mais a incredulidade religiosa é saudada como racional e esclarecida, ao passo que a fé é rotulada como retrógrada e obscurantista.
O impacto do Iluminismo A atitude anti-religiosa não é nova na história da humanidade — e do Ocidente em particular. Ela vicejou em algumas correntes filosóficas da Grécia antiga, tais como os céticos (Pirro, Tímon, Arcesilau e Carnéades), descritos como os primeiros relativistas da filosofia, e os epicureus (Epicuro, Lucrécio), tidos como os primeiros humanistas liberais. Todavia, foi o Iluminismo do século 18 que lançou as bases para uma ampla aceitação da perspectiva materialista da vida no mundo moderno, ao fazer da razão e da experiência
os árbitros da verdade, em detrimento da fé e da revelação. Os iluministas podiam até ser religiosos, como foi o caso de Descartes, Locke e Newton, mas as posturas racionalista e empirista prepararam o caminho para questionamentos cada vez mais ousados na esfera religiosa. Foi curiosa a posição dos deístas, os iluministas que ainda queriam preservar um espaço para a religião. Sua solução foi postular um Deus absolutamente transcendente, que não tinha nenhum relacionamento com o mundo e a humanidade. Immanuel Kant (1724-1804), um dos filósofos mais brilhantes da modernidade, foi mais além. Ele colocou Deus e as realidades transcendentes na categoria dos “númenos”, ou seja, entidades que escapam à percepção sensorial e, portanto, não podem ser conhecidas em seu ser. Kant e os deístas tiveram em comum o fato de reduzirem a religião à ética. O único valor da religião seria auxiliar a moralidade. Certas doutrinas, como a existência de Deus, deviam ser consideradas verdadeiras porque são o fundamento da vida moral.
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A ofensiva da incredulidade O século 19 testemunhou o surgimento de filosofias explicitamente secularistas e anticristãs. Essa tendência havia começado com o filósofo empirista inglês Thomas Hobbes (†1679), considerado o primeiro materialista moderno, e se fortaleceu com David Hume (†1776), defensor da idéia de que não se pode ter certeza de nada (ceticismo). Na França, Voltaire e os enciclopedistas também se destacaram por seu questionamento da religião. Finalmente, o alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860) foi o primeiro grande filósofo ocidental a ser abertamente ateu e o seu compatriota Ludwig Feuerbach (1804-1872) descreveu a religião como uma projeção dos ideais, anseios e temores do ser humano. Eles foram seguidos por três grandes pensadores anti-religiosos que se tornaram ícones da cultura contemporânea, exercendo poderosa influência desde o final do século 19: Karl Marx (1818-1883), Friedrich Nietzsche (1844-1900) e Sigmund Freud (1856-1939). Outro enorme desafio à cosmovisão cristã foi a teoria da evolução das espécies, proposta pelo naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882), que propôs uma alternativa radical para a doutrina bíblica da criação. O impacto dessa mentalidade secularizante tem sido devastador em alguns países de formação cristã. Na Espanha, Alemanha e Inglaterra, menos da metade da população acredita em um Ser Supremo. Na França, os que crêem não chegam a 30%.
Popularização do ateísmo De uns anos para cá, a mídia vem divulgando entusiasticamente o ideário secularista. Dessa maneira, conceitos que anteriormente se limitavam aos círculos acadêmicos e filosóficos vão se tornando familiares
Os cristãos não devem descartar tão rapidamente os ataques dos autores que defendem a mentalidade cética, mas exercer uma necessária autocrítica, reconhecendo que muitas de suas alegações contra os religiosos são legítimas
ao público mais amplo. Isso ocorre principalmente através de periódicos de grande circulação, como é o caso, no Brasil, da conceituada revista Veja. Essa publicação, tão valiosa em diversos aspectos, tem articulistas, como André Petry, que freqüentemente se referem à religiosidade e à fé em Deus em termos depreciativos e irônicos. A religião é caracterizada como algo fantasioso e anticientífico, que mais prejudica do que beneficia o ser humano. Alguns argumentos favoritos são as guerras e a intolerância religiosas, os conflitos entre fé e ciência, e a resistência dos
O cristianismo e a crença em Deus são intelectualmente defensáveis, como já demonstraram muitos autores ao longo da história, desde os apologistas do segundo século, passando pelos escolásticos medievais, até pensadores do século 20
religiosos a determinados valores e comportamentos da cultura moderna (aborto, homossexualismo, pesquisas com embriões etc.). Outra maneira como essa e outras publicações ajudam a difundir a mentalidade cética consiste no grande espaço dado a autores que pregam abertamente o ateísmo. Os exemplos mais conhecidos são o filósofo francês Michel Onfray (Tratado de Ateologia), o biólogo inglês Richard Dawkins (Deus, Um Delírio), o jornalista inglês Christopher Hitchens (Deus não é Grande) e o filósofo americano Sam Harris (Carta a Uma Nação Cristã). As conhecidas “páginas amarelas” com freqüência apresentam entrevistas com alguns desses intelectuais, que defendem abertamente o fim da religião. Tais revistas também publicam regularmente matérias que mostram a aplicação da teoria evolutiva aos mais diferentes aspectos da vida pessoal e social. Um exemplo recente é a entrevista com o primatologista Frans de Waal, segundo o qual a moralidade, que muitos julgavam o último refúgio da religião, não tem origem religiosa nem é exclusiva do ser humano (Veja, 22/08/2007).
Onde ficamos? Essas considerações nos levam de volta à expressão do título deste artigo, extraída do Salmo 14.1. Hoje aqueles que negam a Deus não o fazem somente no seu íntimo, mas proclamam de modo explícito a sua incredulidade, buscando ativamente simpatizantes para a sua causa. Quais devem ser as respostas dos cristãos a esse desafio? Em primeiro lugar, eles não devem descartar tão rapidamente os ataques desses autores, mas exercer uma necessária autocrítica, reconhecendo que muitas de suas alegações contra os religiosos são legítimas. De fato, a história demonstra que muitas vezes os adeptos Março-Abril, 2008
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de diferentes religiões, inclusive o cristianismo, têm se portado de maneira presunçosa e intolerante. A religião com freqüência tem sido culpada de comportamentos negativos, como violência, discriminação e hipocrisia. Muita maldade tem sido cometida em nome de Deus e da fé, e isso não só entre os fundamentalistas islâmicos.
Em segundo lugar, o desafio desses críticos aponta para a necessidade de um criterioso trabalho apologético. Os cristãos não são obrigados a ficar numa atitude passiva, como se fossem cordeirinhos, achando que não têm como oferecer respostas convincentes aos inimigos da fé. O cristianismo e a crença em Deus são intelectualmente
Hoje, cada vez mais a incredulidade religiosa é saudada como racional e esclarecida, ao passo que a fé é rotulada como retrógrada e obscurantista
defensáveis, como já demonstraram muitos autores ao longo da história, desde os apologistas do segundo século, passando pelos escolásticos medievais (Anselmo de Cantuária e Tomás de Aquino, entre outros), até pensadores do século 20, como C. S. Lewis, Francis Schaeffer e Cornelius Van Til. Um exemplo atual na comunidade científica é o geneticista cristão Francis Collins (Veja, 24/01/2007). Por último, essas manifestações de antipatia à religião são reveladoras do estado de ânimo do homem contemporâneo, com todas as angustiosas perplexidades do tempo presente. Existem questões para as quais simplesmente não há uma explicação naturalista, como a origem da vida. Outra área crucial em que a ciência e a filosofia têm falhado em dar respostas satisfatórias são as grandes questões existenciais, aquelas que dizem respeito ao sentido da vida e da pessoa humana. Por mais que os materialistas neguem, sua concepção do homem tende a trivializar o significado e a importância da vida, abrindo as portas para horríveis violações da dignidade humana. Esse estado de coisas oferece aos cristãos valiosas oportunidades de testemunho sobre a esperança que neles há. Alderi Souza de Matos é doutor em história da igreja pela Universidade de Boston e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil. É autor de A Caminhada Cristã na História e Os Pioneiros Presbiterianos do Brasil. <asdm@mackenzie.com.br>
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Informe
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Arquivo pessoal
Entrevista: Viv Grigg
O inverso da cultura: é preciso viver com simplicidade para que os outros simplesmente vivam Missiólogo dos pobres afirma que as igrejas históricas precisam ouvir a voz das igrejas entre os pobres, quase todas pentecostais, porque elas não falam sobre missão integral, mas fazem missão integral 48 ULTIMATO
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ascido em Auckland, a maior cidade da Nova Zelândia, há 58 anos, de etnia européia, Viviam Lawrence Grigg, mais conhecido como Viv Grigg, é uma das maiores autoridades do mundo na área de missão entre os pobres. Ele é mestre em missiologia pelo Fuller Teological Seminary (Califórnia) e doutor em teologia pela Auckland University (Nova Zelândia), mas o que lhe dá essa autoridade é a experiência vivida numa miserável favela na cidade de Manila, nas Filipinas, recordando o que o japonês Toyohiko Kagawa havia feito muitos anos antes, quando encheu um carrinho de mão com seus pertences e se mudou para a favela Shinkawa, nas proximidades de Kobe. Curiosamente, Viv Grigg é batista na Nova Zelândia, membro de uma comunidade carismática nas Filipinas e assembleiano no Brasil. Apesar de haver mais mulheres do que homens no país natal do autor de Servos entre os Pobres e O Grito pelos Pobres, ele casou-se aos 38 anos com a missionária brasileira Ieda, da Igreja Metodista Livre. Nos dois últimos anos, Grigg treinou cerca de 2 mil pessoas em dezenove cidades na América e na Ásia para anunciar as boas novas de forma contextualizada entre os pobres. Esta entrevista foi feita em Belo Horizonte e São Paulo, aproveitando alguns dias das férias de Grigg, que mora com a família em Auckland. A Editora Ultimato vai lançar ainda este ano a segunda edição de Servos entre os Pobres. Ultimato — Quem é você? Teólogo? Profeta? Pastor? Missionário? Grigg — Se é para economizar palavras, eu diria que estou desenvolvendo um ministério entre os pobres. Poderia acrescentar que sou avô do trabalho
entre os pobres. E, como tal, recolho informações daqui e dali, e sempre dou idéias de liderança. Da multiplicação das primeiras sementes, eu conduzi uma aliança dos movimentos de igrejas entre os pobres ao redor do mundo. Ultimato — Qual a sua análise da teologia da libertação, ventilada primeiramente por protestantes e depois, com mais intensidade, por católicos? Grigg — A teologia da libertação é uma teologia da classe média sobre os pobres e para os pobres, enquanto a prática pentecostal é dos pobres e para os pobres. A segunda está transformando
O celibato voluntário é positivo quando se escolhe essa opção para exercer um determinado tipo de ministério. Não deve ser uma obrigação
a sociedade; a primeira não funcionou muito bem. O fundamento da teologia da libertação é marxista e essa análise da pobreza humana é parcial e não totalmente correta. A exegese das Escrituras, especialmente do livro de Êxodo, é feita sob a ótica do marxismo. No entanto, nós os evangélicos temos o que aprender com eles. Além de chamar a atenção de todos para o sofrimento dos pobres, eles ressaltaram algo muito importante, que é o pecado estrutural da sociedade. Ultimato — O que o senhor chama de missão integral?
Grigg — A missão integral também é uma teologia da classe média. As igrejas históricas precisam ouvir a voz das igrejas entre os pobres, pentecostais em sua maioria. Elas não falam sobre missão integral, mas fazem missão integral. Aos poucos ajudam cada pessoa em suas necessidades e restauram a sua dignidade e seu papel na vida cotidiana da igreja. Elas falam sobre o Espírito Santo e seu poder de produzir reavivamento. E reavivamento tem efeitos econômicos, pois é uma força transformadora. A proclamação do evangelho no poder do Espírito é o que causa a transformação. A transformação deve acontecer nos âmbitos político, econômico e social. É preciso fazer conexão entre o capítulo dois (a descida do Espírito) e o capítulo quatro (a partilha dos bens) do livro de Atos. Quando o Espírito vem, todos se juntam economicamente falando. Aí está o fundamento da economia cooperativa: os mais ricos ajudando os mais pobres para todos terem uma vida digna. Ultimato — A teologia da prosperidade seria um recuo no esforço para nos tornarmos cada vez mais desprendidos do amor ao dinheiro e dispostos a sermos servos entre os pobres? Grigg — O problema da teologia da prosperidade não é exclusivamente brasileiro, mas global. É bom falar com os pobres sobre prosperidade, mas não prosperidade na base de mágicas. A prosperidade não resulta de orações mágicas, de sonhos ou de trocas com Deus pelo que ele vai fazer. Ela resulta da implantação de princípios da Palavra de Deus sobre criatividade, produtividade, descanso, economia comunitária e redistribuição. Repito: é bom falar isso aos pobres. Ao mesmo tempo, Jesus adverte que a riqueza é perigosa. Precisamos aprender a viver Março-Abril, 2008
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com simplicidade. O desafio de todos nós deveria ser “viver simplesmente para os outros simplesmente viverem”. Ultimato — Com a multiplicação do número de crentes e o surgimento dos primeiros casos de injustiça social, a igreja primitiva procedeu à eleição de diáconos. O que é diaconia? Grigg — O diácono é uma espécie de Robin Hood, digamos, aquele que leva dinheiro dos ricos para os pobres... O trabalho social do desenvolvimento comunitário não pode se dar fora da igreja, deve fazer parte da vida da igreja. Cada crente tem de pensar como pode fazer isso e cada ONG deve pensar como ajudar a igreja. Ultimato — Você abriu mão do casamento para não submeter a esposa ao estilo de vida que adotou ao se mudar para a favela de Tatalon, na proximidades de Manila, nas Filipinas, há pouco menos de 30 anos. Quanto tempo durou o seu jejum celibatário? Grigg — Fiquei solteiro até os 38 anos. O celibato voluntário é positivo quando alguém escolhe essa opção para exercer um determinado tipo de ministério. Mas não deve ser uma obrigação nem uma opção para a vida toda. Depois de meu casamento com Ieda, fomos morar entre os pobres em Calcutá, na Índia. Um ano depois, tivemos de retornar à cidade porque minha esposa adoeceu gravemente. Ainda hoje moramos num lugar pobre, mas não na favela. Acho possível morar como família na favela, desde que se tome uma série de cuidados. Conheço várias famílias missionárias, inclusive brasileiras, que vivem entre os pobres. Ultimato — Onde e quando você conheceu e se casou com a missionária brasileira Ieda? Grigg — Conheci Ieda numa conferência para solteiros, aqui no Brasil, mais 50 ULTIMATO
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precisamente em Atibaia, SP. Fiquei surpreso ao ouvi-la falar sobre a Índia. Mais ainda ao saber que ela tinha sido uma das primeiras missionárias brasileiras a ir para aquele distante campo missionário. Eu não pensava em ter uma esposa brasileira, mas já estava pensando em me casar porque meu trabalho seria outro: liderança de casais para missão entre os pobres. Ouvi a palestra dela e depois fomos conversar. Lá pelas tantas, Ieda me perguntou como poderia voltar à Índia. Respondi sem pestanejar: “Casando-se comigo...”.
É bom falar com os pobres sobre prosperidade, mas não a prosperidade que resulte de orações mágicas, de sonhos ou de trocas com Deus pelo que ele vai fazer, e sim aquela que resulta da implantação de princípios da Palavra de Deus sobre criatividade, produtividade economia comunitária e redistribuição
Hoje, vinte anos depois, temos três filhos: Monique (18), Leonardo (15) e Bianca (12). Vivemos na Nova Zelândia, minha terra natal. Ieda trabalha como capelã, dando assistência a pessoas em situações de luto e perda. É uma pregadora eloqüente e muito usada por Deus em nosso país. Quanto a mim, continuo a viajar muito para
encorajar e preparar missionários de vários países na missão entre os pobres. Ultimato — As favelas da Ásia, da África e da América Latina têm características próprias, são diferentes entre si? Grigg — Geralmente as favelas têm características comuns. As diferenças se devem às cidades. Aqui na América Latina as favelas não são tão pobres como na Índia. A pobreza na Índia parece ser dez vezes mais grave do que no Brasil. Nas favelas africanas, o problema maior é a aids. Tanto no Rio de Janeiro como em Nova Guiné, há muita violência. Eu diria que a corrupção governamental gera a situação de violência no Brasil. Já em Nova Guiné, o maior problema é o desemprego, pois a maioria da população favelada é masculina e sem trabalho. Ultimato — Você tem boas lembranças do COMIBAM I (Congresso Missionário IberoAmericano), realizado exatamente há vinte anos no Brasil? Grigg — Lembro-me de 5 mil jovens de todos os países da América Latina, com muito barulho, muita disposição, muitos sonhos, e sem recursos. Pensei como Deus poderia fazer alguma coisa para aproveitar todo esse entusiasmo. Mais tarde, a estabilização do real e o crescimento econômico das igrejas favoreceram o envio de mais missionários brasileiros para o exterior. Tenho a impressão de que agora o problema é o arrefecimento dos sonhos missionários das igrejas. Muitas estão pregando a prosperidade e não falam sobre o sofrimento humano. O missionário tem de aprender a conviver com o sofrimento e, às vezes, com a pobreza.
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Quão verdadeiros somos?
Uma festa normal em que amigos se encontram para conversar, ouvir boa música e se divertir não satisfaz mais; os jovens precisam de uma rave que comece na sexta à noite e termine no domingo, com música eletrônica ininterrupta e ensurdecedora, muito ecstasy e álcool 52 ULTIMATO
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Ricardo Barbosa de Sousa
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ssisti ao filme Meu nome não é Johnny, a história da triste trajetória de João Guilherme Estrela, jovem de classe média alta, preso por tráfico de drogas nos anos 90. O filme chega numa hora em que a sociedade acompanha, assustada, o crescimento do tráfico e do consumo de drogas entre jovens que freqüentam boas faculdades, criados em famílias com recursos financeiros e em ambientes sociais aparentemente protegidos do submundo do crime. A pergunta que todos se fazem, diante de um drama assim, é a mesma: o que leva um jovem que, aparentemente, tem tudo a chegar onde João Estrela chegou? Bem, certamente existem muitas respostas, teses e opiniões a respeito, mas, fica uma pergunta que tem me levado a refletir nestes últimos dias: Quão verdadeiros somos? Parece-me que a sociedade, particularmente a juventude, enfrenta uma enorme resistência a tudo aquilo que é normal. A normalidade que, no passado era o que todos desejavam, não agrada mais ao ser humano. Uma festa normal em que amigos se encontram para conversar, ouvir boa música e se divertir não satisfaz mais; os jovens precisam de uma rave que comece na sexta à noite e termine no domingo, com música eletrônica ininterrupta e ensurdecedora, muito ecstasy e álcool. Ter um namorado ou namorada para conversar, sair, construir uma boa amizade e crescer afetivamente pensando na família que possivelmente irão formar, também não é o bastante; é preciso ficar com o maior número de parceiros possível, beijar e transar com todos. Ter um emprego com salário no fim do mês para pagar as contas e, quem sabe, sobrar algum trocado para o lazer não é suficiente; é preciso ganhar muito dinheiro, não importa sua origem, para comprar tudo que desejamos. A lista poderia prosseguir, mas o que tenho observado é que a normalidade não satisfaz mais. No meio evangélico, o cenário não difere muito. Não basta louvar a Deus com cânticos, leitura bíblica e orações; precisamos de um “louvor extravagante” (esta foi a expressão que ouvi), repetir a mesma música até entrar em algum transe. Não basta ser alegre e grato, é preciso pular e gritar freneticamente. Não basta crer em Deus e em suas promessas, precisamos decretar, reivindicar, exigir. Uma fé normal, ou uma vida cristã normal, não é mais suficiente. Quando o normal não atende mais às necessidades, a realidade torna-se insuportável. Um culto normal, um casamento normal com família normal e sexo normal, um
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namoro normal, um lazer normal ou um trabalho normal são insuportáveis. A própria normalidade da existência humana, com suas fases, emoções, ciclos e estações, acaba tornando-se intolerável. Um dia de 24 horas ou o envelhecimento são inaceitáveis. Criamos então uma indústria voltada para alimentar a anormalidade; são os sex-shops com toda a parafernália para “incrementar” sua vida sexual, as diversas “terapias” incentivando a experimentar todas as novidades, plásticas, drogas, propagandas e o estímulo para comprar e fazer tudo o que dá prazer. Perdemos o contato com a realidade e, para viver esta hiperrealidade, precisamos negar a Deus, nossa humanidade limitada e mortal, o próximo e tudo mais. O chamado de Cristo para segui-lo é um chamado para ser real, ou um chamado à humildade. Ser humilde é reconhecer e aceitar a realidade como ela é. É aceitar Deus como ele é, aceitar a nós como somos e aceitar o mundo como ele é. Esta capacidade de reconhecer a realidade nos liberta das armadilhas e artifícios que a ilusão ou a falsa realidade criam. “Humilhaivos na presença do Senhor, e ele vos exaltará” – é assim que Tiago inverte o caminho da humanidade. A liberdade e dignidade humanas dependem da sua postura humilde diante de Deus, de si mesmo e do próximo. A humildade é o caminho de volta à realidade e à normalidade. Como diria meu amigo Carlos Queiroz no título de seu livro sobre o Sermão do Monte, para o humilde de espírito “ser é o bastante”. Não precisamos de drogas, nem de sexo selvagem, nem de muito dinheiro ou frenesi. Precisamos apenas ser humildes, que encontraremos a verdadeira alegria. (Veja A praga do fastio, p. 30.) Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de Janelas para a Vida e O Caminho do Coração.
N o v o s Ac o r d e s
Por Carlinhos Veiga cveiga@terra.com.br
Expressão, Diego Venâncio Diego Venâncio é um músico e tanto! Tem formação popular e erudita em violão e estudou com grandes mestres como Fábio Ramazzina, Marco Pereira, Paulo Bellinati, Mozart Mello, entre outros. Na sua caminhada musical atuou por dois anos em Vencedores por Cristo. Participou como instrumentista e produziu alguns CDs. Expressão é o seu primeiro trabalho, revelando o seu lado compositor. Destaque para as canções “É tempo” e a instrumental “Lumaréu” (ambas de sua autoria), “Redes” (Rogério Azevedo) e a regravação de “Fonte” (Sérgio Pimenta). Esse trabalho tem a produção musical e executiva do próprio Diego em parceria com Vagner Roberto. O CD traz o playback das canções. Pedidos pelo tel. 11 4472-5729 ou pelo site www.diegovenancio.com.br
Sem Fronteiras, Vencedores por Cristo (DVD) Esse é o primeiro DVD de Vencedores Por Cristo. Nele vemos um grupo musical com uma pegada bem “pop”, diferente daquele estilo conhecido e que fez escola nos anos 70 e 80. O repertório de 20 músicas traz os clássicos de todos os tempos: das antigas “Nas estrelas” e “Deus é real” (ambas de Ralph Carmichael) às mais recentes “Digno de Louvor” (Jorge Redher) e “Proclamai” (Cláudio Rocha). É um trabalho muito bem produzido, com uma banda madura e de qualidade, amparada por uma equipe técnica de 36 profissionais que cuidou dos detalhes da iluminação, cenografia, câmeras, som e tudo mais que envolve um DVD de alto nível. Jaide Menezes assina a direção geral. O show em vários momentos emociona aqueles que acompanham a trajetória do grupo nesses anos de ministério. Pedidos pelo site www.vpc.com.br
Tehillim 2: A Oração dos Salmos, Rubem Amorese e Toninho Zemuner A dupla Amorese e Zemuner lança mais um trabalho. É a segunda edição do Tehillim. Rubem explica o termo: “significa, originalmente, cânticos, mas transformouse em sinônimo de salmos. Ao mesmo tempo em que se expressa poeticamente, ensina-nos sobre relacionamentos.”. A dupla compõe, canta e executa todas as canções. Como se não bastasse, eles ainda são os responsáveis pela gravação, mixagem, masterização e arte gráfica. E o resultado é muito bom! As canções são belíssimas, com destaque para “Quem subirá” (Salmo 24), “Novo alento” (Salmo 30) e “À sombra de tuas asas” (Salmo 63). Não são apenas textos bíblicos musicados; são orações pessoais baseadas nos salmos, vestidas de brasilidade, “ornadas com nosso ritmo, nossa harmonia e nosso jeito de poetizar”. Pedidos pelo site www.amorese.com.br Março-Abril, 2008
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da linha de frente
No essencial, unidade; nas diferenças, liberdade; e em ambas as coisas, o amor
Bráulia Ribeiro
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Brano Hudak
utro dia ouvi na rádio local um programa que imitava os crentes. Até demorou para que os humoristas achassem o filão de clichês ridículos do meio evangélico, que deve ser mesmo muito engraçado para os de fora. Poucos dias depois, um irmão veio me visitar e me mostrou os programas de “humor” que tinha produzido para o rádio. Não é que o programa que eu havia escutado, com todo o sarcasmo cruel anti-crente, era dele mesmo? Doeu-me, mas, infelizmente, não me surpreendeu tanto assim. Esta é a nossa postura mais comum. Um contra todos e todos contra um. Peter Meiderlin, teólogo luterano da cidade de Augsburg, na Alemanha, escreveu, em 1627, um livrete, descrevendo um sonho em que Cristo lhe aparece pedindo que vigie pois será tentado. Logo depois o diabo, vestido de anjo de luz, aparece dizendo que vem da parte de Deus e começa a profetizar a respeito da necessidade de os eleitos se manterem puros na sã doutrina. A verdade que eles herdaram deve ser preservada numa nova denominação
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nos mutuamente, com ironias e doutrinária, livre da contaminação de sarcasmo. heresias. Quando o teólogo ora sobre o Apesar de termos certeza de que nossa que deverá fazer, imediatamente o diabo doutrina é pura, esta pureza é muito some e Cristo reaparece, encorajando-o difícil de ser definida. Na crença de certas a permanecer fiel à simplicidade e culturas indígenas que categorizamos de humildade de coração. Ele acorda do animistas, se define sonho e escreve vida humana o tratado que Só consideramos pela “perfeição termina com genética”. cristãos aqueles que esta frase: “Si Qualquer tipo nos servaremus se encaixam em nossa de “anomalia” — In necessariis definição do que seja desde a concepção Unitatem, In uma doutrina perfeita de gêmeos, até non-necessariis e sadia. As anomalias más-formações Libertatem, podem ser desprezadas, mais graves como In utrisque abandonadas, e até síndrome de Charitatem, cruelmente assassinadas Down, paralisia optimo certe loco por nossas palavras cerebral etc. — essent res nostrae” contradiz a suposta (No essencial, “perfeição” que unidade; no definiria o que é um “ser humano” não essencial, liberdade; e em ambas as real. Do alto de nosso conhecimento coisas, a caridade). ocidental, criticamos estas crenças Parece-me que o cenário cristão animistas. Uma criança gêmea não da Europa do século 17 não é muito é encarnação do demônio só porque diferente do cristianismo de hoje. nasceu mais magrinha. A outra, O diabo continua usando a mesma deficiente, pode ser fonte de muita estratégia para impedir que a oração de Jesus por nós (João 17) seja respondida. alegria para os pais, apesar de seus problemas. A vida humana é preciosa, Ele se especializou em nos manter não importa a forma. Ao comparar afastados uns dos outros, em nome estas crenças e nossa definição de da própria verdade que deveria nos cristianismo, percebemos que somos unir. Distanciamo-nos por causa da pureza doutrinária. Acreditamos teologicamente tão animistas quanto eles. Só consideramos cristãos aqueles que nosso “logos” é melhor que que se encaixam em nossa definição do o dos outros, esquecendo que o que seja uma doutrina perfeita e sadia. logos é a encarnação do perdão e As anomalias podem ser desprezadas, da humildade e a razão principal abandonadas, e até cruelmente por que deveríamos buscar assassinadas por nossas palavras. a unidade e não a exclusão. Rotulamos pastores, igrejas, Bráulia Ribeiro, missionária em Porto Velho, RO, é autora correntes doutrinárias, grupos de Chamado Radical (Ed. Ultimato). <braulia_ribeiro@yahoo.com> inteiros de cristãos, desprezando-
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deixem que elas mesmas falem
Na arena com Perpétua e Felicidade Délnia Bastos
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ra o início do terceiro século. O Império Romano tinha se fortificado em toda a região do Mediterrâneo. A sociedade gozava de estabilidade e privilégios — entre eles o de assistir aos jogos realizados no anfiteatro. Este compunha-se de uma estrutura oval, com algumas jaulas laterais para as feras, a arena no centro e um pequeno templo debaixo da arena. Ali, os gladiadores pediam as bênçãos dos deuses romanos para suas lutas, ao mesmo tempo em que os condenados pelo rei aguardavam sua sentença. Ao redor da arena, havia uma espécie de arquibancada para o público assistir confortavelmente aos espetáculos. Naquela época, o imperador Sétimo Severo baixou um edito segundo o qual todos deveriam oferecer sacrifícios aos deuses romanos e ao próprio imperador. O infrator era sentenciado, juntamente com outros criminosos. Vívia Perpétua, uma jovem senhora da nobreza, e sua empregada Felicidade eram cristãs. Aos 20 anos, grávida, Perpétua foi condenada, juntamente com Felicidade e mais três cristãos, por desobedecerem ao edito imperial. Em vão o pai de Perpétua tentou várias vezes convencê-la de desistir da fé e sacrificar aos deuses. “O que será do seu filho?”, o pai a advertiu, sem sucesso. Assim, em 7 de março de 203, foi dado o veredicto final: “Perpétua, Felicidade, Revocato, Secúndulo, Saturnino e Saturo são condenados às bestas no Anfiteatro de Cartago”. Segundo a história, Saturo não estava entre os condenados, mas voluntariamente compartilhou do martírio de seus irmãos em Cristo. Perpétua havia feito um pedido especial a Deus, e foi atendida: deu à luz no dia anterior à sua morte e uma amiga cristã adotou seu pequeno filho. 56 ULTIMATO
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Os condenados deveriam usar uma roupa designada para o espetáculo. Cada roupa fazia menção a um deus romano, de modo que o sentenciado era oferecido como sacrifício àquele deus. Perpétua e Felicidade, e depois seus companheiros, se negaram a usar a “roupa festiva”, como que num último fôlego de testemunho — nem mesmo sua morte se tornaria oferenda para os deuses. Eles entraram na arena com pouquíssima roupa, mas com um brilho e uma alegria de espírito humanamente inexplicáveis. Todos eles tinham consciência de que sua morte seria um testemunho público importante para o avanço da fé cristã. Felicidade dizia que
O sangue de Perpétua, Felicidade e de seus irmãos em Cristo foi a semente da igreja no Norte da África seu martírio significava para ela não a morte, mas um segundo batismo. Os homens foram os primeiros a entrar na arena. Dois deles deveriam passar por uma ponte com uma série de obstáculos, entre os quais algumas feras, como leões e tigres, até que chegassem aos gladiadores. Secúndulo morreu na prisão, antes mesmo de chegar à arena. Saturnino foi decapitado e os outros dois morreram durante o espetáculo. Por último, entraram a jovem senhora e sua companheira. Para elas, foi designada uma bezerra, que investiu primeiramente em Perpétua e em seguida avançou para Felicidade. Perpétua, após recobrar a consciência, ajudou Felicidade a se levantar. Contase que escorria leite daquela que
amamentara apenas um dia seu filhinho recém-nascido. Elas foram retiradas da arena feridas, para serem mortas pelos gladiadores. A platéia estava exaltada. Queria mais, e exigiu que a morte fosse pública. Elas então morreram na arena, pelas espadas dos gladiadores. Esta história comovente certamente nos lembra a passagem bíblica que diz: “Eles, pois, venceram [Satanás] por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida” (Ap 12.11). Segundo Tertuliano, o sangue dos mártires é a semente da igreja. Com efeito, o sangue de Perpétua, Felicidade e de seus irmãos em Cristo foi a semente da igreja no Norte da África. Sua morte deveria ser um presente do imperador Severo para seu filho César Geta. Mas foi muito mais um presente para a igreja. Os poucos cristãos que vivem naquela região felizmente não estão mais sob o jugo opressor romano. Mas precisam da mesma ousadia e fé para “enxergar além do véu” e enfrentar os obstáculos de oposição e perseguição a que ainda estão sujeitos hoje. Délnia Bastos, casada, três, filhos, recentemente esteve no local onde Perpétua e Felicidade foram executadas, hoje Tunísia.
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meio ambiente e fé cristã
Aquecimento global: refletir para agir Solange C. Mazzoni-Viveiros
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Fotomontagem
forma como o ser humano tem se relacionado com o ambiente bem como seus reflexos — por exemplo, a poluição, o desmatamento, a destruição da camada de ozônio, o efeito estufa, o aquecimento global — têm sido exaustivamente discutidos e publicados em diferentes meios de comunicação, acadêmicos e populares. Nota-se, porém, que o esforço do meio científico e da mídia em esclarecer os mecanismos envolvidos nessa crise e alertar sobre possíveis desastres, embora gere conscientização, resulta em poucas ações por parte de cada indivíduo que demonstrem real convicção de que é preciso mudar de estilo de vida. A emissão de gases de efeito estufa, que retêm o calor do sol junto à superfície terrestre e, quando em grande quantidade na atmosfera, causam o aquecimento global, é um exemplo dessa consciência desvinculada da prática. Poucas pessoas estão dispostas a abrir mão de facilidades e confortos para reduzir tais emissões e minimizar seus efeitos sobre o clima do planeta, seja do carro à base de petróleo como meio particular de transporte, do alto consumo de energia não renovável, da utilização de produtos descartáveis não biodegradáveis, entre outros.
O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, em seu relatório de 2007, afirma que 90% das alterações ocorridas no meio ambiente são resultado da ação humana. Ressalta, ainda, que aquecimento global não significa apenas alteração na temperatura atmosférica e troposférica, com efeitos no clima e no padrão de distribuição das chuvas e ventos, causando desertificação, derretimento de geleiras, aumento de ciclones tropicais. O aquecimento global resulta, também, em alterações significativas no funcionamento dos sistemas terrestres, com previsão de perda de biodiversidade e aumento na ocorrência de doenças e catástrofes. A palavra de Deus alerta que a fé sem obras é morta (Tg 2.17-26), que a convicção não pode estar desvinculada da prática. Seria muito mais fácil se pudéssemos ficar somente com a primeira! Porém, o Deus em quem cremos é Jesus Cristo (Hb 1.3a), o Verbo encarnado, que se humanizou para salvação do ser humano e de toda a criação (Jo 1.14; Rm 8.1-2), que partiu para a ação visando à restauração integral do homem e da natureza. A igreja, por ser o corpo de Cristo, deve se parecer com ele e, como ele, transformar o caos atual através do amor e da misericórdia. Como filhos de Deus, devemos refletir o seu caráter,
como novas criaturas que acreditam na ressurreição integral, por meio de Jesus Cristo. Devemos fazer diferença hoje e, assim, anunciar nossa esperança no futuro (1Pe 1.3). Isso é missão integral, boas novas que envolvem ação e restauração do relacionamento com Deus, com o próximo e com a criação. Deus confiou sua criação ao homem, para que ele a guardasse e cuidasse (Gn 2.15); cumpre ao novo homem retomar seu projeto original (2Co 5.17-20). Discorrer sobre aquecimento global ou qualquer assunto relativo aos impactos ambientais no meio cristão é necessário. No entanto esse conhecimento desvinculado da consciência de que há uma dívida de amor com o próximo (Rm 13.8) e uma responsabilidade com a criação (Rm 8.19-23) não trará resultado algum. Somente o amor a Deus, ao próximo e à criação pode transformar nosso egoísmo em ações de misericórdia, que mudam condutas e costumes para a glória de Deus e para a garantia de vida em abundância desta e de futuras gerações (Cl 3.12-17). A igreja só cumprirá sua missão integral quando refletir e agir, cumprindo o papel de mordomo (Gn 1.27- 2.1; Gn 2.15) e de sacerdote (1Pe 2.9) para que o mundo conheça o verdadeiro Deus a quem servimos (Jo 17.22-23; Ef 5.1-2; Sl 19.1-4). “E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando a Ele graças a Deus Pai” (Cl 3.17). Solange C. Mazzoni-Viveiros, casada, dois filhos, é botânica, pesquisadora científica do Instituto de Botânica de São Paulo e vice-presidente d’A Rocha Brasil. Março-Abril, 2008
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Billy Alexander
Desejo de reparação
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omo editor de livros, lido constantemente com as esperanças e expectativas de escritores. Alguns são veteranos da casa. Outros publicaram livros por outras editoras antes de estrearem pela Mundo Cristão. Há também os inéditos prestes a se tornarem autores publicados. Todos sustentam opiniões sobre como devem ser os processos e os resultados da publicação. Freqüentemente essas expectativas são minuciosas, similares às ansiedades dos pais durante a gestação, nascimento e primeiros cuidados dos filhos. Qualquer desvio do seu conceito de perfeição pode gerar stress e frustração. Embora a maioria dos relacionamentos com nossos autores seja tranqüila e gratificante, nem sempre é assim. Às vezes as expectativas não condizem com a realidade da edição, distribuição e marketing de livros no Brasil. Investimos em cada uma dessas áreas de acordo com a projeção de receita gerada pela comercialização do livro. Gastar quantias desproporcionais em editoração e comunicação pode gerar prejuízo; repetir este erro em dezenas de livros leva a editora à falência. Nossa familiaridade com o mercado nos força a tomar decisões difíceis, 58 ULTIMATO
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com variados graus de fundamentação para as justificativas. Essas escolhas podem ser um tanto arbitrárias, baseadas em intuição. A experiência nos ajuda a acertar cada vez mais, mas às vezes erramos, e os erros podem ser espetaculares e constrangedores. Na busca pelo equilíbrio entre servir os leitores, os escritores e garantir a sobrevivência da editora, trabalhamos com uma margem de erro considerável. É assim para todos os editores que conheço, no Brasil e no exterior. Parte da condição humana envolve errar. Quem de nós já não disse, fez ou deixou de fazer algo que nos trouxe, logo depois, sentimentos de profundo arrependimento e um desejo intenso de voltar o relógio? É desse tema que trata o filme Desejo e Reparação, brilhante adaptação do romance Reparação, de Ian McEwan. Ambientado na Segunda Guerra Mundial, a obra trata de um caso de amor destruído por uma falsa acusação. As tentativas de reparar o passado provocam reflexões sobre a natureza do perdão, do destino e das relações humanas num mundo imperfeito, onde até o silêncio pode transformar-se numa força destruidora. A leitura que o diretor Joe
Mark Carpenter
Wright faz é bela e verdadeira, assim como as atuações de Keira Knightley, Saoirse Ronan e James McAvoy. A cinematografia épica e a trilha sonora de Dario Marianelli em staccato datilografado consolidam esta obraprima do cinema contemporâneo. Ian McEwan disse que havia “um milhão de maneiras de estragar este livro para o cinema, e pouquíssimas maneiras de vertê-lo num bom filme”. Ele se valeu do perdão — ou da provável necessidade de exercê-lo — quando entregou seu belo romance para que um roteirista o reinventasse para as telas. Felizmente o desfecho foi excepcional, mas a história poderia ter sido diferente. O perdão é o azeite que dá longevidade e sabor às relações humanas. Ele pode transformar a propensão para o ódio numa mera ruga na topografia da boa vontade. Permite que antigos males se desfaçam, e que a sede de vingança se dissipe e se sacie de forma mais duradoura. Permite que sejamos acolhidos por um Deus que temos o hábito de magoar. Permite até que editores perdoem escritores, e viceversa. Mark Carpenter é diretor-presidente da Editora Mundo Cristão e mestre em letras modernas pela USP.
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Mateusz danko
prateleira
Marcos Bontempo mbontempo@ultimato.com.br
Deu no NYTimes No final do ano passado, entre os lançamentos no Brasil de Deus, Um Delírio, de Richard Dawkins (Companhia das Letras), e Deus não é Grande, de Christopher Hitchens (Ediouro), a revista dominical do jornal The New York Times perguntava, não sem constrangimento, se Freud era um defensor da fé. Claro, a resposta óbvia é não. No entanto, existe mais sobre a, digamos, “religiosidade” de Freud. Para Mark Edmundson, autor da matéria, Freud sugere que a fé em Deus “possibilitou um retorno à vida interior, tornando-a rica”, além de reconhecer “poesia” e “promessa” na religião. O que parece novidade para o NYTimes não o é para os leitores de obras como Cartas entre Freud e Pfister (Ultimato). A correspondência entre o pastor protestante Oskar Pfister e Freud, entre 1909 e 1938, é, nas palavras do psicanalista Joel Birman, “talvez o arquivo mais importante para balizarmos a relação entre os discursos psicanalítico e religioso”. Aliás, Anna Freud, filha do pai da psicanálise e que prefacia a obra, disse a Armand Nicholi, psiquiatra e professor da Escola de Medicina de Harvard, algo que precisa ser lembrado sobre o mais conhecido dos ateus do século passado: “Se você quiser conhecer o meu pai, não leia a sua biografia: leia a
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suas cartas”. O autor de Deus em Questão (Ultimato) seguiu o conselho e não deixa por menos: “Freud cita frequentemente a Bíblia [...]. As cartas são repletas de ‘se Deus quiser’; ‘o bom Senhor’; ‘a vontade de Deus’; ‘pela graça de Deus’; ‘minha oração secreta’ [...]”. Não tenho maldade o suficiente para afirmar que o reavivamento do ateísmo está construindo uma igreja ou uma seita, mas que o seu proselitismo é capenga, isso é. Graças a Deus.
“Diga-me com quem andas” é markentig pessoal O ditado é conhecido. As pessoas, nem tanto. Preconceito, desinformação ou incompetência em lidar com o que não conhecemos revelam como são frágeis e pretensiosas nossas avaliações. Um exemplo clássico: Jó. Ele tinha amigos. Três amigos especiais, não muito recomendáveis: Bildade, Zofar e Naamá. No entanto, é quase um exagero o que o próprio Deus afirma sobre Jó: “Não há ninguém na terra como ele”. Definitivamente, não é possível conhecer alguém pelos que o rodeiam. Eliú, outro amigo, como que acusandose, sugeriu que Jó andava em más companhias (Jó 34.8). Moisés é outro bom exemplo. Quando Deus o chamou e disse que via o sofrimento daqueles que o rodeavam e que o
havia escolhido para libertá-los, sua reação foi patética: “Quem sou eu?”. Também reagimos assim. Quase sempre “medimos as coisas de acordo com o nosso tamanho”. Para a psicanalista Karin Wondracek, em Caminhos da Graça (Ultimato), a resposta de Deus “não afirma nada sobre Moisés, nem procura infundir nele uma autoimagem confiante”. Quem sabe um investimento em “marketing pessoal” ou “networking”. O que Deus faz é afirmar o essencial a respeito dele mesmo: “Eu estarei contigo” (Êx 3.12). O fator decisivo na história de Moisés não é quem ele é, mas o fato de estar junto de um Deus que é. Enfim, Jesus também foi cercado por “um bando de homens maus” (Sl 22.16). Aliás, não estamos cercados apenas pelos amigos, nem é nossa competência separar o joio do trigo. No entanto, é comum nas igrejas a tentativa de blindar a imagem dos irmãos com a repetição insistente das primeiras palavras do Salmo primeiro. Não basta. É preciso mais do que as “boas companhias”. E o salmista sabia disso: “Embora as cordas dos ímpios queiram prender-me, eu não me esqueço da tua lei” (Sl 119.61). Para ler mais textos da “Prateleira”, acesse www.ultimato.com.br
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Agenda
21 a 23 de março
O Ministério com Surdos Mãos Ungidas realizará o seu 6º Congresso, em Curitiba, PR. Telefone: 41 3338-6836 Site:www.maosungidas.com.br
21 a 24 de maio Acontecerá o Encontro Tribal Global Generation, em Uberlândia, MG. Telefone: 34 3215-8108 Site: www.tribalgeneration.org
22 a 24 de maio Será realizado o II Congresso Evangélico Nacional de Profissionais da Saúde (II CENPS), em Belo Horizonte, MG. Telefone: 31 3324-9555 Site:www.cenps.com
Lidório, em Belo Horizonte, MG. Telefone: 31 3489-1800 E-mail: info@amem.org.br Site: www.amem.org.br
4 a 28 de julho A Missão JUVEP realizará o seu 49º Projeto Missionário, um projeto evangelístico, na cidade sertaneja de Miguel Alves, PI. E convida: “Passe ao sertão, ajuda-nos”. João Pessoa, PB Telefones: (84) 222-4430; 222-3482 E-mail: projetomissionario@juvep.com.br
21 a 23 de agosto A Rede Evangélica Nacional realizará o III Encontro RENAS, em Curitiba, PR. Telefone: 11 4136-1253 E-mail: renas@renas.org.br Site: www.renas.org.br
16 a 20 de junho A Missão AMEM oferecerá o curso Capacitação Antropológica, sob a coordenação do pr. Ronaldo
Espaço de oportunidades site • intercâmbios • aluguel de imóveis • relacionamentos necessidades e oferecimentos de voluntários ou estagiários • empregos • prestação de missões serviços • cursos • eventos • ONG’s livros, filmes, cd’s • redes e
Revista Mãos Dadas
É uma publicação destinada a inspirar, motivar e capacitar pessoas envolvidas no trabalho cristão com crianças e adolescentes em situação de risco e contribuir para a mobilização de igrejas e comunidades para este trabalho.uma revista de apoio aos que trabalham com crianças (www.maosdadas.net). Você pode recebê-la gratuitamente. Basta enviar um e-mail para <cartas@maosdadas.net> explicando seu envolvimento com ação social.
Oração
De 6 a 8 de junho mobilize sua igreja e organização para o 13º Mutirão Mundial de Oração por Crianças e Adolescentes em Situação de Risco. Acesse o Material de Apoio para Mobilização no site da revista Mãos Dadas 62 ULTIMATO
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Acesse www.ultimato.com.br, saiba de outros eventos e divulgue o seu
<www.maosdadas.org>, ou peça-o por e-mail <cartas@maosdadas.net> ou carta (Caixa Postal 88, Viçosa, MG 36570-000).
Revista Passo a Passo
É uma publicação trimestral que procura aproximar pessoas em todo o mundo envolvidas nas áreas de saúde e desenvolvimento, produzida pela Tearfund. Ela é gratuita para aqueles que atuam na promoção do desenvolvimento social. Pode ser solicitada a <circulacao@ultimato.com.br>.
Jejum de 40 dias
O pastor batista Edison Queiroz quer que as igrejas evangélicas brasileiras convoquem os crentes para um jejum de 40 dias (de 30 de março a 10 de maio de 2008) em favor do Brasil. Segundo ele, o ideal seria um jejum completo, só com água. Mas Edison admite que todo esforço nesse sentido será válido (fazer apenas uma refeição por dia ou a abster-se de alguma guloseima ou de alguma distração). O pastor pode estar exagerando nos métodos, mas não na motivação. O prolongado jejum visa quebrar a apatia dos crentes com a situação do país: “Parece que a igreja tem aceitado a corrupção, imoralidade, criminalidade, idolatria, feitiçaria e tantas outras maldições como normais (...). A política brasileira está contaminada pela corrupção. A mentira tem sido aceita com naturalidade. A distribuição da riqueza é injusta e cruel. Para mais informações, acesse <www.jejum40dias.com.br>.
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América Latina em Fotos A reportagem O perigo mora ao lado, de oito páginas, sobre a intensa presença de minas terrestres na América Latina, publicada na revista Rolling Stone de janeiro de 2007, é um desdobramento do livro e do documentário América Minada, feitos
Equipe de desminagem entra em ação nos terrenos ao redor das torres de energia minados pelo exército peruano. O custo aproximado de uma mina terrestre vai de 1 a 3 dólares americanos e sua retirada pode custar até 3 mil dólares.
por Maria Eugênia Sá e Vinícius Souza. Eles mostram que nessa região doze nações possuem campos minados. A Colômbia é, no mundo, o país que mais apresenta novas vítimas dessas armadilhas explosivas. (A reportagem O perigo mora ao lado dentre outras podem ser lidas em <http://mediaquatro.sites.uol.com.br>.) O casal Maria Eugênia e Vinícius, que tem uma filhinha de quatro meses (Maya), tem viajado por vários países com o objetivo de alertar as pessoas a olharem para os problemas criados pela própria humanidade, de modo a trazer mais justiça e paz para o mundo em que vivemos. Eles são evangélicos, e este objetivo provém de seu desejo de servir a Deus. Por conta desse misto de missão humanitária e cristã, em várias de suas viagens eles têm conseguido o apoio de igrejas evangélicas locais e missões internacionais. Foi assim, por exemplo, em Angola (que resultou no projeto Angola: A Esperanca de Um Povo), na Índia (Caxemira: Ocupada, Dividida e Disputada), Colômbia (Colômbia: Que Guerra Civil? e América Minada), e mesmo no Brasil, com o trabalho sobre hanseníase publicado como matéria de capa da Revista da Folha.
Memória
“Muitos desses órfãos devem ter alcançado a Holanda depois da capitulação. Nós encontramos alguns deles no livro da diaconia de Amsterdã, em que se vê o reflexo de suas lágrimas de órfãos nas anotações secas sobre transferências de lar em lar, até que entrassem no orfanato da capital holandesa”.
“
Francisco Leonardo Schalkwijk, Igreja e Estado no Brasil Holandês (1630-1654), p. 163
[No encontro com a mulher samaritana], por três vezes, Jesus fez o que não era aceitável. Rompeu deliberadamente convenções sociais de seu tempo. Ele esteve inteiramente livre da discriminação de gênero, do preconceito étnico e do pedantismo moral. Ele amava e respeitava todas as pessoas e não se esquivava de ninguém.
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”
John Stott, A Bíblia toda, o ano todo, pág. 174
Brasil melhora 27 posições no ranking de mortalidade na infância
Brasil recebeu 775 mil crianças escravas
O Brasil melhorou 27 posições no ranking da taxa de mortalidade na infância, isto é, mortes registradas entre crianças menores de 5 anos. Em 16 anos, a taxa caiu de 57 para 20 mortes para cada mil nascidos vivos. Contudo, o número absoluto de óbitos ainda é alto: em 2006, 74 mil crianças morreram no Brasil antes do quinto aniversário. (Relatório Situação Mundial da Infância 2008/ UNICEF)
O Brasil melhorou 27 posições no ranking da taxa de mortalidade na infância, isto é, mortes registradas entre crianças menores de 5 anos. Em 16 anos, a taxa caiu de 57 para 20 mortes para cada mil nascidos vivos. Contudo, o número absoluto de óbitos ainda é alto: em 2006, 74 mil crianças morreram no Brasil antes do quinto aniversário. (Relatório Situação Mundial da Infância 2008/ UNICEF)
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vamos ler!
O conta-gotas de John Stott O que você está perdendo por não ler A Bíblia Toda, O Ano Todo Elben M. Lenz César
O
mês de fevereiro ainda não terminou e eu já fui muito abençoado com as leituras do mais recente livro de John Stott lançado no Brasil. Há muitos anos eu não lia devocionário algum. Ficava só com a leitura demorada e proveitosa da Bíblia. Neste ano, tomei uma decisão: não substituir a leitura bíblica pela leitura de devocionários, mas fazer ambas as leituras, lembrando-me do bem enorme que me fez o antigo devocionário Ouro, Incenso e Mirra, da missionária americana Rosely Appleby, no início da minha juventude. O devocionário A Bíblia Toda, O Ano Todo, como o próprio nome indica, é sui generis. Ele é ao mesmo tempo devocionário e manual bíblico. Traz à tona ensinos bíblicos que já sabemos, outros que estavam no esquecimento e mais alguns que nunca antes tínhamos percebido. As 365 meditações diárias misturam conhecimento bíblico e piedade cristã, que devem ser inseparáveis, em benefício mútuo. Em menos de dois meses, selecionei e anotei 67 frases de Stott, retiradas de A Bíblia Toda, O Ano Todo, para memorizar e distribuir com outras pessoas, como costumo fazer. Compartilho com o leitor pelo menos oito dessas frases: “Satanás fez com que aquilo que era permitido se tornasse insatisfatório e o que era proibido se tornasse desejável” (p. 31). “Todo o nosso senso de desorientação se origina de nossa alienação de Deus” (p. 34). “Noé se destacava em meio à depravação generalizada como uma flor perfumada sobre um monte de esterco” (p. 41). “Deus nos obriga a fazer o que deveríamos ter feito voluntariamente” (p. 44). “Há quem confia mais em sua astúcia do que na providência de Deus” (p. 51). “Deus luta conosco para derrubar nossa obstinação; nós lutamos com ele para buscar suas promessas” (p. 51). “Só é possível fazer a vontade de Deus do jeito dele” (p. 54). “Deus só endurece aqueles que endurecem a si mesmo” (p. 56). O devocionário de John Stott não é apenas um depósito de coisas bonitas e agradáveis. A Bíblia Toda, O Ano Todo tem o valor de arrancar os crentes sinceros da confusão atual frente à ética cristã. Veja os seguintes exemplos: Quanto à questão ambiental: “Estamos vivendo além dos recursos de que dispomos, consumindo rapidamente, esgotando, poluindo e destruindo os recursos naturais dos 64 ULTIMATO
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quais depende a nossa própria sobrevivência” (p. 24). Quanto à questão do machismo e feminismo: “Não existe nenhuma base bíblica para posições extremas, quer da supremacia masculina (homens dominando as mulheres) quer do feminismo radical (mulheres prescindindo dos homens)” (p. 24). Quanto ao “casamento” John Stott gay: “O casamento é a união entre um homem e uma mulher. Uma parceria homossexual jamais poderia ser vista como uma alternativa legítima” (p. 28). Quanto ao aborto e experiências científicas com embriões humanos: “O embrião é, em última análise, um ser humano em formação e, portanto, deve ser protegido. Por esta razão, a maioria dos cristãos é favorável à vida e não ao direito de escolha. Para os cristãos, a destruição do embrião por meio do aborto é uma forma de assassinato, exceto em situações especiais, cuidadosamente definidas. Eles rejeitam também o uso de embriões humanos em experimentos e defendem a sua proibição por lei” (p. 65). Quanto ao sexo solto: “Deus instituiu o casamento como o contexto adequado para a satisfação sexual, e é por isso que o relacionamento sexual é proibido em todos os outros contextos (...). Tanto as relações sexuais antes do casamento como o sexo sem casamento são experiências que envolvem uma relação sem compromisso” (p. 66). Se dermos oportunidade ao conta-gotas de A Bíblia Toda, O Ano Todo — apenas uma gota por dia — e nos deixar persuadir por esse devocionário, faremos uma leitura da Bíblia com o coração (a parte devocional) e com a mente (a parte doutrinária). Não se tenha dúvida do resultado final — para nós, para nossa família e para a igreja brasileira! Leia mais em www.ultimato.com.br • Frases selecionadas de A Bíblia Toda, O Ano Todo
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vamos ler!
O amor no Novo Testamento Ricardo Quadros Gouvêa
É
Em sua vasta obra, Kierkegaard produziu diferentes tipos uma pena que nossa atenção esteja, muitas de livros. Quem esperar encontrar aqui o filósofo de Temor vezes, tão voltada para os novos autores que, e Tremor (1843) ou de O Conceito de Angústia (1844), irá esquecemos de dar a devida atenção aos textos se decepcionar, bem como quem procurar o romancista de consagrados pelo tempo. E, no entanto, é Diário de Um Sedutor (1843), parte do primeiro volume entre os clássicos do pensamento cristão que geralmente de uma complexa obra chamada A Alternativa (Entenencontramos o alimento espiritual sólido e nutritivo Eller, 1843). O que encontramos aqui é o Kierkegaard que percebemos escasso nas novidades. Talvez seja um pregador. As Obras do Amor pode ser descrito como uma exagero chamar Søren Kierkegaard (1813-1855) de um coleção de sermões sobre o amor autor clássico. As Obras do Amor (em no Novo Testamento. Kierkegaard dinamarquês, Kjerlighedens Gjerninger, sempre quis ser ordenado ministro 1847), que aqui recomendamos, do evangelho, e sempre escreveu por exemplo, foi publicado em dois sermões, mas como nunca conseguiu volumes há apenas 161 anos. As a ordenação (primeiramente por obras de Kierkegaard, entretanto, causa de um noivado rompido, e impressionam tanto pela quantidade depois pelos mal-entendidos com a (ele morreu aos 42 anos de idade) igreja, que o via como um pensador quanto pela qualidade. A produção herético e perigoso), dizia não ter kierkegaardiana é consistentemente autoridade para compô-los ou pregáde alto nível. Não é exagero afirmar los, e chamava seus sermões escritos que Kierkegaard é visto hoje como um de “discursos edificantes”. Assim é dos mais profundos e mais influentes As Obras do Amor. Cada capítulo autores cristãos de todos os tempos. tem a forma exata de um sermão. Poucas vezes encontramos Além disso, é obra verônima, isto livros cristãos que discorram com é, assinada por Kierkegaard, que profundidade teológica sobre o amor. sempre usava pseudônimos para As teologias sistemáticas raramente seus livros filosóficos e literários. Os abordam o assunto em separado, ainda textos verônimos de Kierkegaard que este tema seja central no Novo supostamente trazem as idéias e Testamento. As confissões de fé do As Obras do Amor opiniões mais sinceras do autor, e o século 17 quase nada falam sobre o Søren Kierkegaard autor assina todos os seus livros de amor. Poucos foram os pensadores Editora Vozes/ Editora Universitária São Francisco, 2005 discursos edificantes. cristãos que se debruçaram sobre O impacto da obra de o tema. Há um excelente tratado Kierkegaard ainda está para ser sentido em sua inteireza. de Agostinho de Hipona (354-430), pouco conhecido, Na segunda metade do século 19, o livro As Obras do intitulado Manual a Lourenço Acerca das Virtudes Teologais: Amor foi responsável pelo avivamento pietista na Noruega Fé, Esperança e Amor (Enchiridion – De Fide, Spe et Caritate: liderado por Niels Hauge. Houve, entre os raros leitores de Manuale ad Laurentium, 421). Poderíamos pinçar ainda Kierkegaard no Brasil, quem acreditasse que a publicação o opúsculo místico de Bernardo de Claraval (Bernard de do livro em português poderia ter efeito semelhante. Clairvaux, 1091-1153), cujo título é Da Necessidade de Amar Infelizmente, não é o que presenciamos até agora, e a Deus (De Diligendo Deo, 1126), talvez o mais profundo e provavelmente não será assim. Todavia, é certo que esta belo tratado sobre o amor já composto. E vale lembrar ainda leitura poderá levar muitos a uma edificação pessoal as obras do sueco Anders Nygren (1890-1978), Eros e Agape poucas vezes obtida. (1930-1936, 2 vols.), e de C. S. Lewis (1898-1963), Os Quatro Amores (1960). Pouco pode ser acrescentado a esta Ricardo Quadros Gouvêa é ministro presbiteriano e professor de teologia e de filosofia. lista. Março-Abril, 2008
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Roberto Tostes
À
Pílulas e cinzas
Rubem Amorese
mais em prevenção do que no conceito de saúde. Por ser s vésperas do Carnaval, a Igreja Católica representa pragmático, talvez ele tenha trocado o importante pelo judicialmente contra a distribuição da “pílula do urgente. E o urgente, imagino, é evitar que o índice de dia seguinte”, e o ministro da saúde vai à televisão abortos clandestinos fuja ao controle; que o número de para dizer que “a igreja errou mais uma vez, pois recém-nascidos achados nos lixos, esgotos, ou córregos seja a prevenção da gravidez não é uma questão religiosa, mas de de proporções epidêmicas; que as famílias das meninas saúde pública”. A Igreja reage, dizendo que a Lei de Deus é que sairão grávidas ou infectadas dessa “festa popular” para todos. Desfecho: a juíza determina que a distribuição empobreçam, e até que o governo tenha de gastar em seja feita, por entender que o método não é abortivo. penitenciárias para receber os “filhos enjeitados do Carnaval” Se o ministro tivesse tempo para pensar um pouco mais, de 2008. talvez escolhesse melhor as palavras. Porém, o afogadilho O ministro tem estatísticas em mãos e sabe que, precipita os fatos. Por um lado, o arcebispo de Recife e diferentemente da Cultura ou do Turismo, para sua pasta, Olinda leva uma questão que acredita ser matéria de fé Carnaval é sinônimo de tragédia. para um tribunal secular; por outro, o E como ele enfrenta essa ameaça? ministro manda-o recolher-se aos seus Distribui, gratuitamente, pílulas e domínios, sem precisar quais seriam Distribuir gratuitamente camisinhas aos foliões. E resolve? eles. pílulas e camisinhas no Bem, concordo que evita o pior, Penso que o ministro está certo Carnaval pode evitar o momentaneamente, mas não resolve, ao dizer que a orgia carnavalesca é pior, momentaneamente, pois não existe camisinha para alma questão de saúde pública. Mas também mas não resolve, pois promíscua (nem mesmo as cinzas concordo com o arcebispo quando ele não existe camisinha da quarta-feira, sem verdadeiro sustenta que o assunto tem a ver com para a alma promíscua arrependimento). Deus, pois envolve a alma humana. Senhor ministro, deixe a Palavra Talvez ainda venhamos a saber por que de Deus ajudar. Ouça-a. Se aborto, razão ele levou a questão à Justiça. Mas gravidez indesejada, aids, evasão escolar, desconfio dos pressupostos ocultos do desemprego etc. não são problemas religiosos, então o que ministro que, certamente, fala por um governo de orientação será? As providências de vossa excelência são tão eficazes ativa e passivamente liberal. quanto tratar catapora com esparadrapo. E não pensemos apenas em moral sexual, pois aprendemos Já imaginando o que ele me responderia, deixo-lhe um com o apóstolo Paulo que a degradação humana nunca vem respeitoso alerta: “Tens feito estas coisas, e eu me calei; por um pecado só (Rm 1.21-27), embora sempre bata ponto pensavas que eu era teu igual; mas eu te argüirei e porei tudo numa cama. A propósito, pesquisa revela que, na novela à tua vista” (Sl 50.21). global Sete Pecados, a luxúria ultrapassa, em número de cenas, todos os outros seis pecados juntos. Por quê? Palpite: Rubem Amorese é consultor legislativo no Senado Federal e presbítero na Igreja predileção. Presbiteriana do Planalto, em Brasília. É autor de, entre outros, Louvor, Adoração e Acho que, ao classificar a promiscuidade no Carnaval Liturgia e Icabode — da mente de Cristo à consciência moderna. <ruben@amorese.com.br> como caso de saúde pública, o ministro Temporão pensou 66 ULTIMATO
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