ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PILOTOS DE HELICÓPTERO
1ª EDIÇÃO | JULHO - AGOSTO 2011
VOANDO NO TOPO DO MUNDO abraphe.org.br
O Helicidade é o primeiro heliporto do Brasil a neutralizar e compensar a emissão de CO2 .
Tanto nos pousos e decolagens das aeronaves quanto em suas instalações. Esse é mais um exemplo do respeito da nossa empresa com a natureza e com as pessoas, desde que foi criada há 10 anos. No balanço social do Helicidade, você poderá ver essa e todas as outras ações.
Tratamento VIP para você, sua tripulação e seu helicóptero: Estacionamento coberto com manobristas. Sala VIP e de reuniões. Loja de conveniência, banco 24 horas e revistaria. Restaurante, sala de ginástica e suítes para pernoite. Sala de pilotos com TV, DVD e internet. Hangaragem. Serviços pré e pós-voo. Abastecimento. E muito mais.
VHF - 130,37 Av. Onófrio Milano, 186 - Jaguaré - www.helicidade.com.br - (11) 3767-3500 23o32’48”S / 046o44’13”W
©TINO DIETSCHE AVIATION PHOTOGRAPHY
ÍNDICE Editorial A PALAVRA DO PRESIDENTE HOT PRODUCTS
CURTAS HELICÓPTEROS
03 04 05 06 07
Projeto XX9 aparece
CAPA
HISTÓRIAS DA AVIAÇÃO
09 13
O triste fim de um maravilhoso Bell 47
HELIPONTOS
16
Burj Al Arab
SETOR
17
FAA endurece
PILOTOS
18
Pilotos do Offshore
09 Voando no topo do mundo “(...) um grande desafio para pilotos e operadores que trabalham no extremo norte dos serviços aéreos.”
NOTÍCIAS
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A reinvenção do autogiro
ENTREVISTA
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Antonio Amaral, engenheiro responsável pela Oficina da Helibras no Campo de Marte
Editorial Caro Associado, DIRETORIA:
A ABRAPHE está se modernizando.
Presidente: Rodrigo Duarte Vice - Presidente: Hoel Carvalho
Estamos buscando novas formas de comunicação com nossos associados e um
Secretária - Geral: Vera Berthault
caminho mais eficiente de divulgação de nossas mensagens e realizações.
Diretor Administrativo Financeiro:
A nossa revista é a primeira etapa dessas alterações. Criada de um jeito moderno,
Luciano de Oliveira Diretor de Associados: Eduardo Seehagen
com nova diagramação e escritas atuais, estamos caminhando em linha com as
Diretor de Comunicação: Divaldo de Oliveira
mais importantes publicações mundiais.
Diretor Técnico, Operações e Segurança de Vôo: Walter Laurino
As mensagens transmitidas aqui serão sempre úteis para nós pilotos como também para os proprietários e aficcionados em aviação. Utilize nossa revista como uma referência ao nosso trabalho e tenham a certeza de que nunca nos esqueceremos de nosso maior objetivo, a Segurança de Vôo.
Diretor de Instrução e Disciplina: Domingos de Souza Diretor de Relações Públicas: Ruy Flemming 1° Suplente: Isidoro Mekler 2° Suplente: Marco antonio Adami
Boa Leitura.
CONSELHO FISCAL: Presidente: Geoci Leonar Barbosa 1° Conselheiro: Marco A. A. Infante 2° Conselheiro: André Danita Suplente: André Barão EQUIPE: Felipe Diniz Rita Santos
apraphe.org.br
Capa REDAÇÃO E PRODUÇÃO: Rodrigo Duarte
Fotografia: Tino Dietsche Aviation Photography
Felipe Diniz ASSISTENTE EDITORIAL: Cmte. Vera Berthault
Contato / Assinatura
DESIGN GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Lecode Studio - lecode.com.br
ABRAPHE - Assossiação Brasileira de pilotos de Helicóptero Avenida Olavo Fontoura, 1078 - St. C - Lt. 07 Hangar da Go Air - Santana - São Paulo - SP - CEP 02012-021 Tel.: +55 11 2221-2681 | FAX: +55 11 2221-1348
03
IMPRESSÃO: Gráfica Josemar - graficajosemar.com.br
A PALAVRA DO PRESIDENTE “Há tempos que a ABRAPHE busca conscientizar os pilotos para que NÃO sobrevoem o Alto da Lapa e se mantenham estritamente na REH Marte(...)”
RODRIGO DUARTE PRESIDENTE DA ABRAPHE
Dizer que estamos passando por um momento difícil e que
Num passado não muito distante de 15 anos atrás, essa
tudo vai melhorar considero “chover no molhado!”. O ponto
REH apesar de não ser oficial era oficiosa e muitos pilotos
principal é o que faremos para desviar desse CB? As frentes
passavam por lá. Pensem comigo, um ruído de helicóptero há
de trabalho em atuação (que não são poucas) estão focadas
15 anos atrás não era uma coisa muito comum de se ouvir....
em solucionar os grandes gargalos que estão impedindo
Imaginem hoje, com mais que o dobro de helicópteros e com
nossa aviação de crescer e de exercermos nossa atividade. As
o aumento da quantidade de vôos o que esses moradores
principais frentes são: ANAC no que diz respeito às licenças
não passam... Realmente é desconfortável e existem pilotos
e voos de cheque; Prefeitura de São Paulo na questão das
de helicópteros que lá moram e que se sentem incomodados
mudanças de legislação para os Helipontos; DECEA na
da mesma forma.
questão de sobrevôos do Alto da Lapa e locais sensíveis a ruído; Câmara dos Deputados onde tramita o projeto de reforma do CBAER prevendo a contratação de pilotos estrangeiros. Existem também diversos outros assuntos que não são de menor importância e são tratados com a mesma seriedade que os demais. Citei aqui esses quatro pontos pois
Há tempos que a ABRAPHE busca conscientizar os pilotos para que NÃO sobrevoem o Alto da Lapa e se mantenham estritamente na REH Marte, ou seja, sobre o Rio Tietê e sobre sobre o trilho do trem que passa pelo marco inicial da Rodovia dos Bandeirantes e segue até a Estação da Luz.
demandam ações imediatas das quais a ABRAPHE não mede
Os moradores dessa região se organizaram e conseguiram o
esforços para tê-los resolvidos da forma mais coerente para
apoio do Ministério Público para ingressar com uma Ação Civil
a manutenção da Segurança de Vôo.
Pública com o objetivo de se proibir voos naquela região.
A ABRAPHE por si só não consegue resolver estes pontos,
Nós, pilotos, podemos evitar que esse tipo de mobilização
a união e colaboração de todos é fundamental. Falarei aqui
gere algum novo problema para nós, basta se manter na
especificamente do problema que estamos tendo há pelo
devida rota e não fora dela. O aumento de tempo de vôo
menos 04 anos com o Alto da Lapa.
é irrisório e dessa forma conseguiremos evitar mais um
Em 2004, quando houve a criação da área controlada de helicópteros, foi criado um corredor que seguia da Ponte
problema para nós mesmos. É hora de cada um mostrar seu profissionalismo e comprometimento com nossa aviação.
do Jaguaré até o Parque Antártica denominado REH
Tenham em mente que se essa demanda for levada adiante
Externo. Quando esse corredor foi criado, não foi levado
e for considerada procedente, abrirá um precedente
em consideração que o Alto da Lapa “sobe” para uma
perigoso para que outras associações consigam o mesmo
altitude próxima à nossa altitude de vôo por estar em um
resultado e se isso ocorrer o futuro dos helicópteros em
morro causando muito incômodo aos moradores da região.
São Paulo será incerto.
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HOT PRODUCTS
NOVO DISPOSITIVO para gerenciamento de frota Desenvolvido com o auxílio de uma das maiores operadoras de helicópteros do mundo, a Bristow, esse aparelho pode diminuir o tempo entre os vôos e o recebimento dos pagamentos, já que fatura imediatamente após a operação. Com a diminuição do ciclo é reduzido o volume de capital de giro no negócio, principalmente nas empresas de médio porte. O dispositivo gerencia o uso da frota, manutenções programadas, escala da tripulação e até ajuda no planejamento de vôo, diminuindo a necessidade de papel a bordo e padronizando a coleta de informações na companhia. O equipamento facilita a análise dos dados para melhorar a eficiência da empresa. O FMD, Flight Management Device, possui tela sensível ao toque e menus intuitivos. No site do fabricante é possível ver dois estudo de casos em que o FMD diminuiu consideravelmente custos. Para mais informações: http://www.appareo.com
NA INTERNET Vídeo mostra testes de resistência ao calor, baixas temperaturas, umidades e outras situações do EFIS Cobhan.
http://www.youtube.com/ watch?v=rDvkZUjBJRw
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©ROB NEIL
CURTAS Robinson aumenta vendas
Capital estrangeiro Deve ser colocado em votação nas próximas semanas o projeto que aumenta o limite de capital externo nas empresas aéreas nacionais de 20% para 49%. Já há consenso entre os partidos e não deverá haver problemas para a aprovação do texto.
Curiosidade A palavra “piloto” tem feminino? Tem sim. Segundo o Vocabulário Ortográfico da Academia Brasileira de Letras, é “a pilota”, com “a” no fim. Portanto, “Bia Figueiredo é a primeira pilota brasileira na Fórmula Indy”.
Sucata removida Até o final deste mês os aviões da Vasp abandonados em Congonhas serão removidos de lá. O processo de “limpeza” começa em Congonhas e será expandido para os outros aeroportos do país; estima-se que mais de cem aeronaves de todos os tipos serão removidas.
Ligação com o Metrô O governo de São Paulo pretende começar em 2012 a construção da Linha Ouro do Metrô. Com uma estação no aeroporto de Congonhas, a linha sairá da Estação Jabaquara até a futura Estação São Paulo - Morumbi, passando também pelo Brooklin. O sistema será o de monotrilho, que circula pela superfície tendo a construção mais rápida e barata.
FAB recebe novos Black Hawk A companhia de Torrance na Califórnia teve um aumento na produção de aeronaves durante o terceiro e quarto trimestre de 2010. A produção total do ano foi de 162 aeronaves, sendo 112 R44s, 40 R22s e 10 R66s. No final do ano a empresa já tinha mais 169 ordem de compra de helicópteros. A Robinson está focada em desenvolver sua produção e seus produtos em 2011.
Chegaram dois novos Sikorsky H-60L Black Hawk comprados pela Força Aérea Brasileira. Os dois aparelhos serão incorporados ao Esquadrão Pantera, em Santa Maria-RS. O traslado das aeronaves partiu de Elmira, no estado de Nova York, nos EUA, onde fica a fábrica da Sikorsky. Esse esquadrão operava o Bell UH1H (designativo militar para utility helicopter, helicóptero utilitário em português), conhecido como Sapão. Até o final do ano a FAB irá receber um total de seis Black Hawk.
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HELICÓPTEROS
Projeto XX9 aparece A AgustaWestland tem demonstrado inte-resse em fundar uma unidade de produção no Reino Unido para o recentemente revelado helicóptero. A companhia exibiu um uma maquete de 4.5 toneladas, o bi-turbina AW 169 em uma cerimônia no dia de abertura do Farnborough International Airshow, com o CEO da AgustaWestland Giuseppe Orsi dizendo aos convidados, entre eles o secretário de estado para negócios do Reino Unido Vince Cable, que a aeronave oferece um potencial realmente promissor para o país. A empresa acredita que a aeronave pode ser a principal na estrutura da frota parapública britânica, combinando as necessidades das forças policiais, resgate e outras agências. Graham Cole, diretor da AgustaWestland, acredita que o país precisa de helicópteros, principalmente para a segurança dos grandes eventos que serão realizados no país, o que geraria os pedidos necessários para se criar uma linha de produção na região. “Serão muitos usos para o helicóptero, polícia, resgate e com certeza empresas privadas que farão a substituição ou incrementarão a frota com o AW 169, quando se tornar disponível em 2015” diz Graham Cole. “Os AW 169 que forem adquiridos no Reino Unido, serão construídos e terão as manutenções feitas aqui e isso é razão de construirmos uma linha de produção logo” acrescenta.
Fábrica de Yeovil A companhia não falou quanto de investimento ela quer do governo britânico para construir a produção doméstica.Alguns observadores sug-
07
“Serão muitos usos para o
Navegação do Futuro
helicóptero, polícia, resgate e com
O helicóptero será motorizado por duas turbinas
certeza empresas privadas que farão
das por FADEC. A tripulação será ajudada por
a substituição ou incrementarão
loto automático digital de quatro eixos com um
a frota com o AW 169, quando se tornar disponível em 2015.”
Pratt & Whitney PW210 de 1000 SHP controlaum moderno conjunto de aviônicos, como um pisistema de gerenciamento de voo duplo para diminuir a carga de trabalho para os pilotos. O cockpit possuirá três telas de 8x10 polegadas mostrando informações de navegação, comunicação e sistemas de vigilância. O modelo também tem a capacidade de fornecer navegação para
erem que a oferta da AgustaWestland de criar uma linha de montagem no país é uma tentativa de manter em de-
aproximação IFR / LPV (localiser performance with vertical guidance) baseada em satélite.
senvolvimento o projeto do helicóptero militar AW159 Lynx Wildcat, que como outros projetos está sob avaliação de viabilidade da Comissão de Defesa e Segurança do governo, devido a atrasos. Apesar das dificuldades o fabricante não vai desistir fácil da nova fábrica. A empresa acredita que pode vender mais de 1000 exemplares do AW 169 nos próximos 20 anos, e além de produzir helicópteros para o mercado doméstico, a linha de produção pode destinar um grande número de aeronaves a clientes estrangeiros. Isso certamente manteria muitos empregos na fábrica de Yeovil, no sul da Inglaterra, que depende principalmente dos pedidos militares, fabricando o AW 101, AW 159 e o Lynx, além de programas de modificação ligados às operações militares britânicas no Afeganistão. O último helicóptero civil a ser fabricado em Yeovil foi o WG 30 em 1987 depois de 40 anos de produção. O AW 169 é uma maquina muito diferente. Apelidada de XX9 durante o desenvolvimento, a aeronave é projetada para concorrer com o Dauphin e o EC 155, da Eurocopter e o S-76 D da Sikorsky, e se encaixar na linha de produtos da AgustaWestland entre o Grand e o AW 139. O estilo dele copia muita coisa do desenho do AW 139, incluindo o piso
Lançamento previsto para 2015 A AgustaWestland não deu uma data para o voo inaugural, mas disse a previsão é que a certificação seja em 2015. A aeronave foi lançada na Heli-Expo 2011 em Orlando, Estados Unidos.
completamente plano da cabine, com capacidade para oito a dez passageiros ou duas macas na configuração EMS. A cabine é acessada através de duas portas deslizantes.
08
CAPA
Voando no topo do mundo Isso não é por pouco o “fim do mundo” , mas representa um grande desafio para pilotos e operadores que trabalham no extremo norte dos serviços aéreos. No caso da Air Greenland que opera na base aérea de Thule, perto de Pituffik, localizada a 1130 km ao norte do círculo Ártico. Dirigindo da base para o escritório, a placa de boas vindas
De acordo com o gerente da Air Greeland desse escritório
mostra a localização como Latitude 76º 32N e Longitude
Jens Ole Nielsen, o hub mantém vôos para as pequenas
68º 42W e elevação de 76,5 m. O escritório é anexo a um
aglomerações como Savissivik, Moriusaq e Siorapaluk.
grande hangar onde um gancho está ligando uma carga em um Bell 212 preparado para a operação da manhã para Qaanaaq, que está a 30 minutos de vôo ao Norte.
“A demanda é muito pequena para viabilizar uma linha comercial para esses locais“, explica Nielsen. “Então nós precisamos de dinheiro do governo para continuar com
Com uma população de aproximadamente 600 pessoas,
esse serviço. É o que estamos fazendo aqui. Siorapaluk
Qaanaaq (anteriormente chamada de Thule) foi estabe-
é provavelmente a comunidade mais ao Norte em todo
lecida na década de 1950 quando a base aérea foi criada.
o mundo.“
Isso levou pessoas de áreas próximas se deslocarem para lá. Essa é uma das maiores comunidade do município de Qaasuitsup, criado em 1 de janeiro de 2009, e a o centro administrativo é na costa Oeste de Ililissat.
09
Plano cuidadoso Sentado no seu escritório, Nielsen aponta para o mapa
Semanalmente um avião Dash 7 voa para Qaanaap e daí
do lugar e fala: “Está bonito aqui em Thule essa manhã
o local serve como hub para as atividades de helicópte-
mas está nevando sobre toda a região. Algumas vezes
ros, que atendem a vários assentamentos fora do local.
temos muita neblina perto da baía de Pituffik e a visibili-
©JUSTIN MILLER PANORÂMICA DE THULE
dade fica tão ruim que o helicóptero tem que pousar nas montanhas que cercam a área, aí vamos lá em cima pegar ele. É assim que operamos.” Com condições meteorológicas tão incertas, calcular o combustível cuidadosamente é essencial. “Apenas para ir para Qaaanaaq essa manhã o piloto
“Nós voamos de A para B e se alguma coisa acontece em B nós temos que ter combustível suficiente para voltar.”
usará aproximadamente 200 kg de combustível”, explica Nielsen. “Se ele precisa ir ele precisa mais acima até Siorapaluk ele vai reabastecer em Qaanaaq e aí sim voa para
cóptero agora inclui algumas caixas de pele de foca,
Siorapaluk e depois de volta para Qaanaaq. Nós voamos
de Savissivik. Nós compramos na sexta-feira e va-
de A para B e se alguma coisa acontece em B nós temos
mos mantê-las no freezer. Depois elas embarcam no
que ter combustível suficiente para voltar.”
avião Dash 7 até encontrarem a única ligação de vôo
As cargas transportadas são variadas. “Podem ser todo tipo de coisas - a maior parte são frutas e vegetais da Base Aérea de Thule, mas nós também transportamos pão de
comercial da região.”
Tão longe quanto você pode
cachorro-quente, macarrão de sopa, roupas, peças sobressalentes, cachorros para puxar trenós, e mais coisas.” Tam-
Expandindo os planos de logística, ele acrescenta “Sempre
bém estão inclusos, passageiros e correspondências. “Ano
que temos um helicóptero quase vazio, eu envio as coisas
passado nós transportamos aproximadamente 40 mil kg
para o mais longe que posso. Do mesmo jeito que voam os
de carga e 8500 kg de correspondências” completa.
passageiros, sempre vão o mais longe que puderem. Não diga ‘vou ficar aqui e vou amanhã.’ Vá até o ponto mais
Assim que o helicóptero decolou pela manhã para
próximo do seu destino porque amanhã a meteorologia
Qaanaaq, Nielsen disse “o que nós temos no heli-
pode não está boa entre aqui e uma parte do caminho.”
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CAPA Com reportes de rádio indicando a meteorologia no Leste, Nielsen ex-
AEROPORTO QAANAAQ
pressa otimismo de que o vôo da tarde vá ocorrer. O preço das passagens é confuso, com tarifas de Savissivik para Pituffik / Thule aparentemente custam o mesmo preço que Savissivik para Qaanaaq. Porém a distância é 2,5 vezes maior. “E algumas vezes ao mesmo tempo, temos resgates para fazer” acrescenta Nielsen. Depois de pegar o último malote do serviço postal dinamarquês, o Bell 212 decola e após cruzar uma paisagem congelada pousa em 45 minutos em um iceberg ocupado por 20 ou 25 habitações escuras que formam
BASE AÉREA DE THULE
Savissivik. O helicóptero é recebidos por uma dúzia de crianças e logo depois por todo o vilarejo, alguns adultos arrastam trenós que estão com correspondências, doces e imensos sacos de ração para cachorro. Um passageiro de última hora aumenta a ocupação do helicóptero e o piloto o acomoda a bordo com a eficiência e educação de uma experiente chefe de cabine. Vinte minutos depois o Bell 212 estava voando, após cruzar o oceano congelado, sobrevoou ursos polares. Depois de algum tempo o comandante lamentou: “Provavelmente é melhor que eles não tenham sido vistos, afinal temos um helicóptero cheio de caçadores e se vêem algum eles pegam o celular e ligam para um irmão ou tio, descrevendo precisamente o local. Em 48 horas, bang!”
Assentamentos Isolados Transformando uma viagem de três dias em um trenó puxado por cachorros em uma hora de vôo de helicóptero, os passageiros de Savissivik desembarcam no pequeno escritório da Greenland Air em Pituffik / Thule, onde os suprimentos são transferidos e os passageiros reembarcados para o vôo para o norte até Qaanaaq. Após o pouso o piloto falou rindo: “o operador de rádio quase
Algumas vezes isso não leva nem 48 horas. Uma das 15
chorou quando entreguei a ele os vegetais frescos que
polar que cometeu o erro de tentar andar pelo centro
pediu pelo rádio ao pessoal da empresa em Thule”.
de Savissivik, mesmo depois de cortado e embalado isso impressiona.
A viagem continua, Siorapaluk é descrito como a comunidade mais ao norte do mundo, como os outros lugares da região ocupada quase em totalidade por indígenas. Porém ao voarmos sobre um fiorde, o piloto apontou e falou “ali há um vilarejo, após o fiorde mas não voamos até lá. Tem apenas quatro ou cinco famílias, acredito que eles sejam muito independentes”.
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DESEMBARQUE
O helicóptero é recebidos por uma dúzia de crianças e logo depois por todo o vilarejo, alguns adultos arrastam trenós que estão com correspondências, doces e imensos sacos de ração para cachorro. Pituffik
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HISTÓRIAS DA AVIAÇÃO No final dos anos 80 colocaram no Aeroclube de São Paulo um cartaz com as informações: “precisa-se de piloto de helicóptero Bell 47 com 1,60 m, 60 kg.”
À primeira vista achei que fosse algum tipo de brincadeira dos meus amigos do aeroclube já que a descrição correspondia às minhas medidas. Após dois meses o cartaz continuava lá, mesmo ainda desconfiado resolvi ligar para o número que havia no anúncio. Atendeu o comandante e proprietário de uma empresa de vôos panorâmicos em Foz do Iguaçu, Paraná. Perguntei se era verdade os requisitos do cartaz e ele me confirmou e me solicitou que fosse para Foz do Iguaçu no mesmo dia. Fiz a minha mala e fui.
O triste fim de um ma
Bell 47
CMTE. DINIZ CAPUTO
13
Chegando ao aeroporto encontrei o dono da empresa que me levou para conhecer a “estrutura”, o helicóptero que eu
©FRÉDÉRIC ROLLAND WWW.AIRSERVICE.ORG
iria voar que era um Bell 47 que vazava muito óleo e estava coberto com lona por não haver hangar e um mecânico uruguaio de ultraleve. Fiquei apreensivo, principalmente pela minha inexperiência na época. Fizemos alguns vôos de treinamento com a aeronave,
Após alguns dias de treino comecei a operar a aeronave, sempre
acompanhado pelo piloto e dono. A operação se-
me sentindo inseguro. Não confiava na qualificação do mecânico,
ria um vôo panorâmico sobre as cataratas do Iguaçu
não tive acesso aos manuais, já que não sabia nem como avaliar
acompanhado por dois turistas.
através deles as condições da aeronave. O espaço aéreo era dividido entre Argentina e Brasil, o que necessitava contato constante com os órgãos de controle. Os vôos dentro da Garganta do Diabo, área restrita e sempre com lotação máxima para serem lucrativos, eram perigosos. A dificuldade de adaptação também se deveu ao frio, já que o chuveiro quente não funcionava bem e eu ficava isolado sozinho na base. O inverno estava tão rigoroso que certo dia para evitar o contato com o vento e insetos, dormi dentro de um freezer
“O inverno estava tão rigoroso que certo dia para evitar o contato com o vento e insetos, dormi dentro de um freezer desligado.”
aravilhoso
desligado. Após perceber que a empresa tinha poucos recursos financeiros, o que refletia nas manutenções, por medo resolvi sair do emprego. Porém quando um amigo soube que eu sairia, pediu que o indicasse para a vaga, expliquei as condições da aeronave, mesmo assim ele insistiu para que eu o ajudasse a entrar nesse trabalho. Depois de alguns meses voando, o meu amigo perdeu o rotor de cauda em vôo, o que fez o helicóptero girar várias vezes em torno do eixo vertical, mesmo assim conseguiu pousar e salvar os ocupantes de um acidente grave. Apesar do choque com a mata e oito horas até conseguir ser resgatado em uma estrada, o comandante escapou junto com os dois turistas estrangeiros. Esso foi o destino daquele maravilhoso Bell 47, que teve esse triste fim. Isso é uma grande lição para todos os pilotos recém formados, que como eu na época, no primeiro emprego, devem se preocupar com a procedência da aeronave e saber interpretar os manuais, acompanhar bem a manutenção e saber os próprios limites.
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Agradecemos a todas as empresas participantes que, a cada ano, consolidam a Labace como o maior evento de aviação executiva da América Latina e o segundo no mundo.
LABACE 2011 OFFICIALLY
SOLD OUT
Agora, a organização prepara os locais e a infraestrutura para colocar a sua empresa em destaque no que será, o maior de todos os eventos já realizados. Acesse www.abag.org.br, clique sobre o ícone da Labace 2011 e seja, como sempre, bem-vindo a bordo. Master Sponsor:
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ariel.severino@artestudio.com.br
LABACE 2011 já é um sucesso, e a sua parceria faz isso possível!
HELIPONTOS Tão famoso quanto a construção mais famosa de Dubai é o seu heliponto.
Burj Al Arab Além de servir para pousos e decolagens de aeronaves a plataforma já foi palco para exibições dos tenistas Roger Federer e Andre Agassi e tacadas do golfista norteamericano Tiger Woods. Para hóspedes o preço para traslados em um Agusta 109 de/para o Aeroporto Int. de Dubai, por trecho, custa US$ 2800, com direito a tour panorâmico US$ 3650. Para não hóspedes os valores são US$ 3650 e US$ 4480 respectivamente. Maiores informações http://www.jumeirah.com
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SETOR
FAA endurece “Nós queremos que todo mundo perceba que isso é sério”, disse o diretor da FAA Randy Babbitt, que junto com o secretário do Departamento de Transporte Ray LaHood divulgou em nota a interpretação legal do problema, que entra em “Interferência à tripulação via laser, 14 CFR 91.11”, em 1º de junho. “Isso não é uma brincadeira” conti-
Em contínuo esforço para aumentar a atenção aos perigos dos lasers portáteis aos helicópteros e outras aeronaves que voam baixo, a FAA, autoridade de aviação civil norteamericana irá multar em US$ 11 mil qualquer um que usar isso contra as aeronaves, além da responsabilidade criminal.
nua Babbit, acrescentando que os lasers causam distração nos pilotos e em casos extremos podem resultar em um dano permanente ao olho. LaHood falou que o governo “não vai hesitar em tomar medidas mais duras” contra
Reclamações de lasers sendo usados contra aero-
qualquer um que ameace a segurança dos passageiros ou
naves tem crescido nos últimos anos, com mais de 1100
da tripulação.
incidentes nos EUA até maio de 2011, sendo em 2010 um
“Isso não é um brinquedo e é perigoso. O que alguns pensam que é uma brincadeira inocente, pode ser algo mortal. Sofrer uma perda de visão a baixas altitudes pode ter sérias consequências para ambos os pilotos e para os passageiros a bordo de um avião comercial” diz Babbit. A interpretação legal mostra que a FAA “está atenta ao número crescente de incidentes com lasers sendo apontados para aeronaves, um cenário que não era contemplado pela legislação inicial,” que foi colocada em vigor em 1961 e modificada em 1999.
total de 2836 casos registrados e 1527 em 2009. Esses números contrastam com os 300 casos oficialmente relatados em 2005, quando a agência criou um sistema para que se reporte incidentes com lasers. Michael Franz, da comissão de segurança da FAA, disse que os incidentes só irão diminuir através de medidas educativas e programas de alerta. “Muitos dos incidentes são causados por crianças e adolescentes em momentos de brincadeira e certamente esses jovens não precisam ser criminalizados, mas eles precisam estar cientes e educados sobre o perigo que isso representa para os pilotos” disse Michael Franz e completou “os adultos que apontarem intencionalmente devem ser processados.”
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PILOTOS
Pilotos do Offshore Mais facilidade de acesso para os pilotos das plataformas de Campos dos Goytacazes e Macaé. Os pilotos de helicóptero que trabalham nas plataformas de Campos dos Goytacazes e Macaé agora têm mais facilidade de acesso. Desde o dia 16 de maio, a TRIP Linhas Aéreas está operando três vôos diários partindo das duas cidades do norte fluminense para municípios do interior de Minas Gerais e São Paulo, além das capitais Rio de Janeiro e Vitória, do Espírito Santo. A primeira rota atende Rio, Macaé, Campos dos Goytacazes, Vitória e Ipatinga. Já a segunda começa em Campos seguindo para Macaé, Rio de Janeiro, São José dos Campos e Varginha. As passagens para os vôos de Campos ou Macaé para o Rio de Janeiro, se compradas com antecedência custam a partir de R$ 79,00. Cada vôo tem duração média de 20 minutos contra as três horas e meias que normalmente leva de ônibus. As novas rotas são operadas por aeronaves ATR 42, com capacidade para 50 passageiros.
SAÍDAS DE CAMPOS 08:25 Macaé - Rio de Janeiro - São José dos Campos 11:30 Vitória - Ipatinga 18:30 Macaé - Rio de Janeiro - Juiz de Fora
SAÍDAS DE MACAÉ 09:15 Rio de Janeiro - São José dos Campos - Varginha 10:40 Campos - Vitória - Ipatinga 19:25 Rio de Janeiro - Juiz de Fora
NOTÍCIAS
A reinvenção do
AUTOGIRO Uma companhia britânica está promovendo o autogiro como uma ferramenta com potencial de vigilância para militares e instituições parapúblicas.
Por Tony Osborne, da Rotor Hub. A Gyrojet, empresa baseada em Derbyshire, tem trabalhado em um design radical para o seu autogiro, que poderá substituir
helicópteros
em
algumas
missões
de
observação. A companhia diz que o futurista Scorpion S3 pode voar em missões similares aos helicópteros com 20% do custo operacional e de compra de uma tradicional aeronave de asas rotativas.
Protótipo
Scorpion é a menina dos olhos do diretor da Gyrojet Barry Jones, quem tem estudado métodos alternativos de vigilância aérea. “Esse tipo de missão exige uma aeronave que permite aos tripulantes olharem para baixo em áreas urbanas, particularmente ruas estreitas e o único jeito de fazer isso é olhar diretamente para baixo” fala Jones.
Protótipo
19
“Se você faz isso em um helicóptero é obrigado a ficar no pairado. Nosso autogiro precisa de apenas 25 kts de vento(...)” O diretor de vendas e marketing da empresa, James Robb, fala que uma das dificuldadesdas aeronaves de asas fixas é
tárias convertidas para a operação de observação. O trem de pouso retrátil dá ao tripulante uma visão desobstruída abaixo da fuselagem. O motor frontal - incomum em autogiros - significa um melhor desempenho por funcionar com ar “limpo”, não turbilhonado. A exótica cauda do Scorpion foi posicionada de forma a manter o rotor principal no centro de gravidade e melhorar as características de guinada.
conseguir voar fazendo muitas curvas fechadas: “Se você
Robb disse que tem tido muita procura pelo modelo e a
faz isso em um helicóptero é obrigado a ficar no pairado.
companhia foi visitada por muitas delegações durante a
Nosso autogiro precisa de apenas 25 kts de vento para
feira de Farnborough Airshow 2010, no Reino Unido.
manter o voo - se esse é o vento, nós conseguimos fazer um voo geoestacionário ou pode voar com curvas mais fechadas que aviões” completa.
O uso do autogiro por forças policiais é incomum, porém há precedentes. A polícia de Brandenburg na Alemanha já testou o potencial de um autogiro, enquanto no Irã eles
O design chamativo do Scorpion é resultado de essa ser
são regularmente usados para o policiamento de tráfego
uma máquina projetada para ser uma aeronave de vigilân-
e patrulha em áreas remotas.
cia diferentemente da maioria que são aeronaves utili-
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ENTREVISTA
Antonio Amaral O engenheiro responsável pela Oficina da Helibras no Campo de Marte fala sobre a manutenção de aeronaves em Oficinas Homologadas.
aeronave.
Quais os riscos que a realização de manutenções em oficinas
dos componentes.
não homologadas ou reconhecidas pelos fabricantes podem causar? AA: O problema é colocar em risco a vida do piloto, proprietário, ocupantes da aeronave e possíveis terceiros. Isto porque os helicópteros estarão voando em condições não aeronavegáveis, ou seja, sem segurança. Os componentes obtidos de forma não-oficial não apresentam garantia de que cumprirão sua função podendo falhar abruptamente ou se deteriorar mais facilmente. Além disso, como não temos os registros e documentos aeronáuticos das partes substituídas corre-se o grande risco de estar voando com componentes alem dos limites de sua vida útil projetada. Outro ponto relevante é que a pessoa que realiza a manutenção de forma clandestina pode não ter a formação e as qualificações necessárias tanto para realizar o serviço como para identificar alguma eventual
subir os custos de manutenção com o passar do tempo. Uma vez executadas fora dos padrões estabelecidos pelos fabricantes, podem provocar falhas inesperadas e a deterioração mais rápida
Em geral, os proprietários e pilotos têm consciência que o serviço não é homologado ? AA: Os pilotos e os proprietários têm a obrigação legal de realizar as manutenções em oficinas homologadas pela ANAC. Esta é uma informação passada desde os cursos de formação profissional (no caso dos pilotos) e os proprietários também recebem essa orientação dos fabricantes. Os proprietários
podem até desconhecer
alguns detalhes, mas, devem exigir dos pilotos que mantenham seus helicópteros dentro dos regulamentos aeronáuticos e de segurança de vôo. Concluindo, ambos (Pilotos e Proprietários) são responsáveis, pois quando optam pelo preço inferior em oficinas ou pessoas não homologadas / certificadas têm consciência de que estão fora da lei e, portanto, assumem este risco.
anomalia. Isto normalmente acontece pois um mecânico necessita
Têm sido encontradas Bogus Parts com frequência? Quais os
de ter a formação específica para cada tipo de helicópteros e,
riscos que elas oferecem?
portanto, não está qualificado a trabalhar no reparo de qualquer
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É importante lembrar que os serviços ”piratas” também fazem
AA: Não temos estatísticas sobre a realização desta prática nas
aeronaves nas quais trabalhamos. Mas, já encontramos
peças
proprietário não realizava manutenções em oficinas homologadas.
que duraram muito menos do que o previsto, como um starter
Ela havia pousado em emergência fora de um heliporto, por causa de
generator, que pode ter sido danificado pela utilização de peças
problemas nos comandos de voo. A inspeção do helicóptero, feita,
não- aeronáuticas ou de qualidade inferior.
naquela ocasião, pelos nossos técnicos, constatou que a cablagem
O prejuízo da manutenção inadequada não existe apenas quando acontece um acidente, mas, porque também há um desgaste prematuro de outras peças que compõem os sistemas. Como você avalia esta situação? AA: Quando falamos de manutenção inadequada nos referimos à montagem errada deixando um componente solto ou em posição invertida, comprometendo o correto funcionamento do componente ou de alguns sistemas. Não utilizar ferramental
de um equipamento de balanceamento estava incorretamente instalada, interferindo no acionamento de um dos atuadores do comando de voo. Após a remoção dos itens com problemas do referido equipamento de balanceamento, fizemos os cheques e voos de verificação, liberando a aeronave. Nesta ocasião também verificamos a inexistência de registros do balanceamento feito. O que os clientes devem fazer para se certificar que um serviço de manutenção é confiável?
apropriado ou não seguir as orientações dos manuais técnicos são
AA: A primeira ação é a conscientização de todos para que façam
também fatores que aumentam os riscos de problemas, pois além
parte de uma aviação profissional e engajada na segurança
de dificultar o adequado funcionamento da parte modificada, esses
operacional. Acreditamos que são os proprietários dos helicópteros
problemas acabam comprometendo o desempenho de outras
os principais agentes desse processo capazes de mudar esta
peças, numa reação em cadeia.
realidade.
Outro exemplo importante são as pás pintadas com tintas
Todos precisam entender que cada meio de transporte (moto,
automotivas. O solvente desses produtos ataca os elementos da
carro, ônibus, navio, trem, aviões, helicópteros) apresenta um risco
pá, que ficam desprotegidas contra raios ultravioletas, acelerando
inerente à suas especificidades e, no caso das aeronaves estamos
a deterioração das fibras com as quais é construída com a
constantemente atuando para vencer a força da gravidade.
conseqüente redução da vida útil dessas peças.
Projetos de aviões e helicópteros, seus
Cite alguns erros que já viu em alguma manutenção inadequada, como peças instaladas em posições erradas, peças vencidas etc.
sistemas e seus
componentes, formação e treinamento de pilotos, regras de navegação e a correta manutenção, visam minimizar este risco. Entretanto, toda vez que um proprietário ou piloto opta por
AA: Nós temos relatos de parafusos soltos, peças invertidas,
infringir as regras, ele aumenta os riscos para si no próprio vôo e
equipamentos além da vida útil sendo ainda utilizados. Mas, a
também para terceiros.
identificação de uma manutenção não homologada nem sempre
O grupo Helibras/Eurocopter, há 33 anos atuando no mercado
é fácil, o que torna a prática um verdadeiro crime, afinal, mesmo
brasileiro, tem realizado um grande trabalho de conscientização
sabendo que tais procedimentos ampliam os riscos já inerentes à
de seus clientes, e se manifestado sempre que possível sobre
atividade aeronáutica, muitas pessoas continuam a adotá-los. E, com
a importância da manutenção adequada, além de ampliar sua
um agravante: sempre sem os registros dos serviços executados ou
capacidade de atendimento, por entender que a segurança é o fator
das peças trocadas.
mais importante a ser observado em toda a indústria aeronáutica.
Dessa forma, quebra-se um dos principais elos da segurança operacional que é a rastreabilidade dos serviços e das peças. É através dessa característica que se identifica quem fabricou a peça, se o fabricante é homologado para produção do compontente, se foram utilizados métodos e obedecidas as normas adequadas e,
Na sua opinião, os problemas relacionados à manutenções irregulares têm aumentado nos últimos anos? Elas são mais comum nos grandes centros ou em localidades mais distantes, com menor número de aeronaves?
principalmente, se quem executou o serviço possui qualificação
AA: Com o aquecimento do mercado nacional (mais aeronaves
para realizá-lo, se possui as ferramentas adequadas ou também se
voando mais horas) houve um aumento da demanda por serviços
conhece as orientações constantes dos manuais dos fabricantes.
de manutenção. Este aquecimento, por um lado, é saudável, porque
Com todas as informações rastreadas, o sistema de segurança de
abre oportunidades para novas empresas, movimenta o mercado
voo evolui buscando a causa raiz dos problemas e atuando para
de técnicos qualificados e de pilotos e faz com que as empresas
impedir que eles se repitam.
estabelecidas se movimentem para superar seus concorrentes.
Gostaria que citasse alguns casos de acidentes, incidentes e ocorrências em que problemas de manutenção foram fatores contribuintes.
Entretanto, há um aspecto preocupante: o encontro de empresários e pilotos preocupados em economizar o máximo com empresas e pessoas interessadas em ganhar o máximo, resultando em práticas negligentes no momento da manutenção das aeronaves.
AA: Certa vez fomos acionados para atender uma aeronave cujo
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