Novembro 2014

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edição 161 | NOVEMBRO | R$ 12,00

Especial: Água. Especialista fala sobre o nosso Aquífero Guarani Marcelo Buainain Reconhecido internacionalmente, fotógrafo ganha prêmio do Salão de Artes de MS com a série “Ebola”. Um editorial de moda feliz, requebrando o esqueleto na ‘pixta’ As comemorações dos 40 anos da escola que é o berço da dança na cidade

NEIDE GARRIDO




Nos últimos meses, a temperatura aumentou. E isso não apenas no que se refere ao calor da estação, mas, principalmente, a uma ebulição que vem da rua, das redes sociais, das pessoas: fim das eleições, a crise de água em São Paulo... O que queremos? Ou, onde queremos chegar? Por aqui, a ebulição também repercute. A Gente conversou com a engenheira civil, doutora em Desenvolvimento Sustentável, professora da UFMS, Synara Olendzki Broch, uma das maiores especialistas na área de recursos hídricos, que explicou tintim por tintim as questões pertinentes ao assunto no nosso Estado e afirmou que há água, mas temos que cuidar: “Afinal, quando é que vamos deixar de usar mangueira para varrer uma folhinha?”. No que diz respeito à mudança de cultura, não perca a reportagem com Marcelo Buainain, fotógrafo premiado que foi selecionado para o Salão de Arte de MS. Marcelo tem um trabalho forte e poético, em que trata a miséria humana e faz pensar: “Por um lado chegamos a um nível de desenvolvimento tecnológico que nos surpreende; por outro, em proporção muito desleal, avançamos muito pouco em direção ao bem-estar do planeta e da humanidade. O que mais pode se alastrar numa sociedade cada vez mais incubadora de doenças que molestam não apenas o corpo físico, mas também a mente, a alma...?”. O remédio? A Gente aposta no questionamento, na politização, na educação, na arte. Não por acaso Neide Garrido é a capa deste mês: mulher que despertou o Mato Grosso do Sul para a dança. São 40 anos de trajetória que se confunde com a história da dança em MS, de luta pela profissionalização dessa arte por aqui. E ainda: em homenagem à comemoração da Independência do Líbano, traçamos um pedacinho dele aqui, na nossa cidade; e a festa do esporte e da natureza em Corumbá, com o Pantanal Extremo. Pra você, uma boa leitura! Equipe revista A Gente

DIRETORA EXECUTIVA Rosane Maia

Julia de Miranda Ana Laura Azevedo

DIRETORA COMERCIAL Elaine Atala

REVISÃO Fernanda Giglio

EDITORA DE ARTE E PROJETO GRÁFICO Marisa de Sena Nachif

FOTOGRAFIA E TRATAMENTO DE IMAGEM Lucas Possiede

EDITORA DE TEXTO E CONTEÚDO Thais Pompêo - DRT 0001030/MS

estagiáriOS Tatyane Cance (texto) Flávio Gutierrez (imagem)

EDITOR DE MODA E BELEZA Luiz Gugliatto

ASSINATURA E DISTRIBUIÇÃO Janaina Correa

REDAÇÃO Thais Pompêo Natália Charbel

FINANCEIRO Sonia Croda

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ATITUDE ∆ LIFESTYLE 20 | CASA 68 | PERFIL 100

LANÇAMENTOS ∆ SHOPPING 34

TENDÊNCIA ∆ BELEZA 52 | NÉCESSAIRE 54

COMPORTAMENTO ∆ ARTIGOS 102, 103, 104 | MEMÓRIA 105

GENTE

FALE COM A GENTE R. Doutor Zerbine, 37 CEP 79040-040 Chácara Cachoeira 67 3322 7400 redacao@revistaagente.com.br www.revistaagente.com.br

∆ ESPECIAL 16 | ACONTECEU 108

ASSINATURA assinatura@revistaagente.com.br 67 3322 7400

BEM-ESTAR

ANUNCIE comercial@revistaagente.com.br

∆ SAÚDE 58 | NUTRIÇÃO 60

ELA | NEIDE GARRIDO ∆ CAPA | 30

EDITORIAL

BANCAS Aeroporto Itanhangá Park Letras du Café - Jd. dos Estados Pão e Tal Shopping Campo Grande Santa Fé (Av. Mato Grosso - Loja Anita

∆ MODA 42

CULTURA ∆ FOTOGRAFIA 92 | AGENDA 96 | DICAS 24, 26, 28

DELÍCIAS ∆ GASTRONOMIA 66 | KIDS 74 | TEEN 76

PRAZER ∆ VIAGEM 86

Fotografia | Lucas Possiede

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LEITOR Amei!!!

Manoela Maymone Contar, sobre o editorial de moda da edição de outubro, via facebook.

“Na edição de outubro da Revista A Gente tem uma matéria sobre o PúrPura. Obrigada, Thais Pompêo e equipe!”

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GENTE ON

Que produção hein! Parabéns!

Erika Espíndola, integrante da banda Púrpura, via facebook.

AQUI

Muito legal. Muito ótimo. Parabéns a todos!

Bom demais ver tanta gente da terrinha fazendo sucesso mundo afora. Campo Grande é massa!

Curta a Revista A Gente no facebook e siga no Instagram @revistaagente e twitter @agenterevista para ficar por dentro das matérias mais comentadas, conteúdos exclusivos, agenda cultural e nossas promoções.

Vanessa Pereira, sobre o editorial de moda do mês passado, via instagram.

Jeferson Antonio Martinelli, sobre matéria do Púrpura na edição de outubro, via facebook.

Massa!!! To indo nas bancas pegar a minha amanhã cedinho! Daniela Teófilo Longo, sobre a edição de outubro, via facebook.

Geraldo Castro, via facebook.

Sou fã da coluna A Gente em Casa. Pego várias dicas para aplicar no meu próprio lar. Suzane Clara, via facebook

A Gente errou: na edição de outubro, na Agenda de Cultura, a data certa da peça Meu Passado Não Me Condena era 25 de outubro (e não 21).

+ DE VOCÊ Participe da nossa revista e dê sua opinião. Comente as reportagens e mande suas sugestões de pauta. redacao@revistaagente.com.br

COLABORADORES Wellington Furtado Mestre em Estudos de Linguagens pela UFMS, Ton, como é conhecido, é professor de graduação e pós-graduação em Letras e dj nas horas vagas. O rapaz é daqueles que vai do erudito ao popular sem desafinar. A partir deste mês, ele faz parte da equipe, assinando a coluna Para Ler da revista.

Winie Lourenço Winie é uma garota cosmopolita. Já morou em várias partes do globo modelando - inclusive passou meses em um templo na Tailândia, meditando. Extrovertida, a modelo carioca já trabalhou para marcas como Maria Filó, Cantão e Redley. A Gente trouxe ela pra CG exclusivamente para estrelar no editorial dançante deste mês, clicado por Alexis Prappas.

Lucas Possiede Lucas Possiede é prata da casa. Começou n’A Gente em 2009 e de lá pra cá tem mostrado a que veio. Ele, que sempre foi louco por moda, além de ser o fotógrafo oficial da revista, tem mostrado talento também nas produções dos editoriais de moda desde outubro, ao lado de Luiz Gugliatto.

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Usando a hashtag #revistaagente no seu pr贸ximo post, sua foto pode vir parar aqui.

A Gente est谩 de olho no Instagram!



MAKING OF 10 | NOVEMBRO 2014



REGIONAL ∆ Jazz e Blues em Bonito Vai ter segunda edição do Bonito Blues & Jazz Festival em novembro. O evento, que ano passado atraiu muita gente de fora do Estado e movimentou a economia local, acontece este mês entre os dias 13 e 15, no espaço Madeiral, no centro de Bonito e conta com um line-up bem bacana: o americano Greg Wilson que cantará junto com Tiffany Harp e a banda de apoio Blues de Prima; o jazz da fronteira com o grupo Jazz Trincado; a banda da terra Big Band Blues, Zé Pretim além de muitos outros. Vai ter também workshops e apresentação de documentários que contam a origem do Jazz e do Blues. Último MS Canta do Puccinelli Vai ser grande, e vai ser bom. A última edição do MS Canta Brasil do atual governo do Estado vai ter três bandas nacionais e ótimas: o tecnobrega de Gaby Amarantos (antes tarde do que nunca...), a banda paulistana Ira (um clássico) e Dani Black (nossa capa da edição de maio, lembra?). Pra abrir a noite, o autêntico blues do Zé Pretim Trio. Costurando os shows, DJ Renato Tulux. Imperdível, hein? O MS Canta Brasil é dia 23 de novembro, a partir das 16h, no Parque das Nações Indígenas, com entrada franca.

A Derradeira de Julio Iglesias O espanhol mais romântico de todos prepara-se para se aposentar dos palcos e faz sua última turnê internacional, passando por Campo Grande. No show Derradeira, Iglesias apresenta seus maiores sucessos, como Crazy, To All The Girls I've Loved Before e Me Olvidé de Vivir, em um show nostálgico. Mas aqui vai uma ressalva: esse é um adeus às turnês, mas não um adeus à música, já que o cantor tem discos inéditos prontos para o lançamento. O show é dia 7 de novembro, às 22h, no Diamond Hall.

EXTRAS Fotos | Divulgação

Inspirado na Terceira Margem do Rio A matriz sertaneja de Guimarães Rosa, no conto A Terceira Margem do Rio, é o ponto de partida para a peça Seu Bonfim. Nele, o personagem reflete a cultura nordestina e expõe aspectos políticos, éticos e filosóficos em um belíssimo monólogo. Seu Bomfim é uma peça que tem sido muito aplaudida por onde passa, dirigida e atuada pelo ator baiano Fábio Vidal. É no Espaço Teatral Grupo de Risco, na Rua José Antônio, 2170, nos dias 17 e 18 de novembro, às 20h.

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NACIONAL ∆ Morcheeba e Arctic Monkeys Duas bandas inglesas aportam no Brasil este mês: Morcheeba e Arctic Monkeys. O trio Morcheeba volta ao Brasil para divulgar seu mais novo álbum “Head Up High”, no Rio de Janeiro e em São Paulo, dias 11 e 12 de novembro, respectivamente. Arctic Monkeys também se apresenta nas duas capitais brasileiras. Em São Paulo os caras tocam no dia 14 de novembro na Arena Anhembi e no Rio, no dia 15 de novembro, no HSBC Arena. Anima?

SP Fashion Week Apesar da semana de moda do Rio de Janeiro não acontecer neste segundo semestre, a de São Paulo aguenta firme a tão falada crise da moda e apresenta, agora, em novembro, a clássica São Paulo Fashion Week. Ano que vem o evento completa 20 anos e, em ritmo de comemoração, as próximas três edições celebrarão o legado da principal semana de moda do Hemisfério Sul. A programação começa com a pré-estreia do aguardado filme Saint Laurent; na passarela, Pedro Lourenço, Alexandre Herchcovitch, Uma Raquel Davidowicz, Osklen, Juliana Jabour, Colcci e outras. De 3 a 7 de novembro, no Parque Cândido Portinari, em São Paulo.

Transarquitetônica A super comentada exposição/instalação Transarquitetônica, do arquiteto Henrique Oliveira, convida o visitante a entrar na obra. Reconhecido internacionalmente por seus trabalhos que despertam as mais distintas sensações nos visitantes, ele propõe uma discussão poética sobre a história da arquitetura, do racionalismo das últimas décadas aos abrigos e cavernas do passado. Esta é sua ultima chance: a exposição termina dia 30 de novembro, no Museu de Arte Contemporânea da USP. Entrada gratuita.

Hiper-realismo em SP Depois do sucesso no MAM-Rio, a exposição do artista australiano Ron Mueck chega à Pinacoteca de São Paulo no dia 20 de novembro. A exposição traz nove obras de Mueck e exibe o documentário "Still Life: Ron Mueck At Work" (2011-2013), que apresenta o artista trabalhando em seu ateliê e mostra o trabalho que ele faz com as mãos, sem utilizar recursos de computadores. As esculturas impressionam por suas enormes proporções e também por seu hiper-realismo. Segundo a curadora Grazia Quaroni, Mueck apresenta suas esculturas como cenas do cotidiano, sem grandes dramas, apenas a vida como ela é.

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Afinal, quando ĂŠ que vamos deixar de usar mangueira para varrer uma folhinha?

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ESPECIAL ∆

Aquífero Guarani Tem muita água aqui, mas é preciso cuidar Texto | Theresa Hilcar Foto | Lucas Possiede

O País ficou chocado quando a água sumiu das torneiras da capital econômica do país, São Paulo, mês passado. Uma desgraça anunciada. Isso lembra o que há muito tempo alguém já disse: “No futuro as guerras não serão motivadas pelo petróleo, mas pela água”. Este recurso ambiental, tão importante e vital quanto o ar que respiramos, e indispensável no desenvolvimento socioeconômico, no entanto, é pouco conhecido e nem sempre preservado. Para falar deste assunto, conversamos com a engenheira civil, doutora em Desenvolvimento Sustentável, professora da UFMS, Synara Olendzki Broch, uma das maiores especialistas na área de recursos hídricos. Nesta entrevista, ela explica o papel dos aquíferos, a importância do Guarani, o mais conhecido, cuja maior parte se encontra dentro da fronteira do nosso Estado, e fala da necessidade de planejamento dos nossos recursos hídricos. A Gente - Para começar, vamos esclarecer o que é um Aquífero. Synara Olendzki Broch - Aquífero é toda formação geológica capaz de armazenar água, em espaços vazios ou poros das rochas, e que possua permeabilidade suficiente para permitir que esta se movimente. São rochas com características porosas e permeáveis que retêm a água das chuvas que se infiltram pelo solo e que por pressão hidrostática abastecem nascentes, rios, lagos, fontes, poços artesianos. AG - Qual a importância do Aquífero Guarani para Mato Grosso do Sul? SB - A água potável é um bem cada vez mais escasso e, tendo em vista a crescente demanda por água e o constante aumento da exploração de águas subterrâneas para o abastecimento público, o Aquífero Guarani torna-se um reservatório estratégico de água doce, bem precioso, essencial à vida e que possibilita o desenvolvimento social e econômico. Temos aqui oito unidades que são importantes fontes para o abastecimento humano: Aquífero Cenozóico; Bauru; Serra Geral; Guarani; Aquidauana-Ponta Grossa; Furnas; Pré-cambriano Calcários; Pré-cambriano. O Aquífero Guarani é o mais conhecido por ser considerado o maior manancial de água doce subterrânea transfronteiriço do mundo, cujo volume acumulado de água é estimado em 45.000 km3 e por ocupar uma área aproximada de 1,2 milhões de Km².

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Vale lembrar que o coletivo é fruto do individual. As instituições mudam se as pessoas mudam. Cada ser humano que se transforma, transforma o mundo ao seu redor. AG - Estamos cuidando bem das nossas águas? SB - Aproximadamente 85% da população sul-mato-grossense é abastecida por água subterrânea devido ao menor custo das obras de captação, comparado com o das obras de captação das águas superficiais, e da qualidade adequada para o consumo humano. Contudo, é preciso prevenir problemas resultantes da excessiva exploração e da contaminação das águas subterrâneas. Este é um grave problema que não tem recebido a devida atenção por parte do poder público, nem do setor privado e da sociedade. Talvez seja por acontecer no subsolo e não ficar a olhos vistos, como diz o ditado: “o que os olhos não veem, o coração não sente”. AG - O que é preciso fazer para evitar o desabastecimento no Estado? SB - Justamente por determos farta disponibilidade hídrica, é preciso cuidar. O planejamento para o uso das águas, sejam estas subterrâneas ou superficiais, é fundamental, e melhor ainda quando realizado no tempo de abundância para evitar os tempos de escassez. A Constituição Federal brasileira aponta as águas subterrâneas como bens de domínio dos estados, mas isso não transforma o poder público estadual em “proprietário” da água, mas sim em gestor deste bem, em benefício e no interesse de todos, e sendo assim, as águas subterrâneas são bens que devem ser gerenciados pelos respectivos estados que os tenham sob o domínio dos seus respectivos territórios. AG - Fala-se muito em poluição de águas subterrâneas, como isto acontece? SB - A poluição das águas subterrâneas pode se dar por transporte de poluentes pelas águas de chuva, que se infiltrem até alcançar os níveis de águas subterrâneas, ou por poluentes que já atingiram o aquífero e se locomovem lateralmente. Acontecem principalmente por atividades domésticas, industriais, agrícolas e de extração mineral. Os aquíferos são ameaçados em locais onde não há rede de esgoto, onde dejetos são lançados em fossas ou latrinas de diversos tipos. Também pelo lançamento de efluentes industriais que contenham metais pesados e compostos tóxicos, na infiltração de nutrientes utilizados em práticas agrícolas, de chorume dos lixões e de todo lançamento de líquidos tóxicos no solo que possam chegar até a água subterrânea. Na prática, um aquífero contaminado está condenado ao uso. Até mesmo

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os poços artesianos são possíveis pontos de contaminação quando construídos sem as devidas técnicas de localização e de proteção das águas subterrâneas. AG - Mato Grosso do Sul corre o risco de escassez? SB - Corre, sim. Costumo fazer a seguinte analogia: em geral, quem é financeiramente rico, sabe quanto tem e quanto pode usufruir em gastos e investimentos para que tenha a possibilidade de continuar e ser cada vez mais rico, pois ao gastar sem saber o que pode gastar, e/ou ao ser perdulário, corre o risco de ficar pobre e sem dinheiro. Ao usarmos excessivamente a água que temos, sem saber de quanto podemos usufruir, de forma a garantir o acesso a todos hoje e sempre, estaremos rumo à escassez hídrica, tanto em quantidade, quanto em qualidade. Faz-se necessário o planejamento e a gestão dos recursos hídricos, desenvolver ações para a conservação e recuperação das micro bacias em MS e juntos, poder público, setor privado e sociedade, encararmos a água como um recurso estratégico ao desenvolvimento sustentável. Há muitos desafios a serem enfrentados, especialmente, no que se refere às águas subterrâneas. AG - Qual o papel do cidadão na preservação dos recursos hídricos? SB - O cidadão tem papel importante nesse processo que nos conduz à mudança de alguns padrões culturais de utilização da água, que pode ser efetivada em diversas oportunidades do seu cotidiano, nas diferentes escolhas feitas em diferentes situações de compras, desde a marca do sabonete até a quantidade de água utilizada durante o banho, da opção entre os alimentos que ingere até a embalagem utilizada nos mesmos, dentre outras. Vale lembrar que o coletivo é fruto do individual. As instituições mudam se as pessoas mudam. Cada ser humano que se transforma, transforma o mundo ao seu redor. É comum vermos caixas d´água eliminando o excesso de água por estarem com defeito na boia que controla o nível da água de sua entrada e saída, cujo descaso, não poucas vezes, é erroneamente justificado por ser água de poço e por isso não vai faltar. Isso é um engano. Precisamos saber e conhecer mais sobre a água que se vê e a água que não se vê. Ainda é preciso muita informação, educação e mobilização para a mudança de comportamento da prática cidadã no cuidado com as águas. Afinal, quando é que vamos deixar de usar mangueira para varrer uma folhinha? ∆



Camila Tenuta

Texto | Tatyane Cance Fotos | Lucas Possiede e arquivo pessoal

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LIFESTYLE ∆ Prática e direta, Camila Tenuta é dona de uma personalidade e tanto. Formada em moda pela universidade Anhembi Morumbi e consultora de imagem pelo Senac de São Paulo desde 1999, ela é do tipo de profissional de moda nada afetado. Na La Dame, por exemplo, loja que abriu em dezembro de 2009, Camila aposta não somente em peças com cortes perfeitos, mas também em estilistas de peso, como Pedro Lourenço e Ricardo Almeida. “Fui percebendo que Campo Grande precisava de algo diferente. Meu público é mais seguro na hora de escolher uma roupa, não segue modismos”. Dessa forma, conseguiu conciliar suas duas especialidades: além da La Dame, também trabalha como consultora de imagem. “Normalmente as pessoas acham que a consultoria de imagem se limita a sair comprando roupas para uma pessoa, mas não é isso. O meu trabalho tem sempre em foco o objetivo que essa pessoa quer alcançar lá na frente como um todo”.

Profissão: Consultora de Imagem. Férias inesquecíveis: Londres/ Paris. Em alta: Ser você mesmo. O que está lendo: E-mail. Um filme: Dama de Ferro. Não vivo sem: Amigos e famíla. Projeto do momento: Ser feliz. Um sabor: Café. Esporte: Academia. Refúgio: Fazenda

A rotina é agitada. Camila pula da cama às 5h30 e volta pra casa depois das 19h. Para relaxar? Ela prepara o jantar. A moda em casa é usar um avental de cozinha. “Depois que fecho a loja vou pra casa preparar um jantar e relaxar”. E quando questionada sobre seu passatempo preferido, ela surpreende: “cozinhar, cozinhar e cozinhar na companhia dos meus amigos”. NOVEMBRO 2014 | 21


Marcelo

NATUREZA Texto | Tatyane Cance Fotos | Lucas Possiede

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LIFESTYLE ∆ Marcelo Natureza é na verdade Marcelo Goston e Figueiredo. Nascido no Espírito Santo, e criado a maior parte de sua vida no Rio de Janeiro, Brasília e Manaus, aprendeu nesses lugares os esportes que hoje pratica: caça submarina, mergulho, natação, jiu-jitsu e triatletismo. “Minha família sempre incentivou esportes. Lá em casa todo mundo gosta”, conta ele, que vive em CG há 14 anos. Viajar e estar em contato com a natureza é definitivamente seu passa tempo favorito. Não é à toa que é conhecido como Marcelo Natureza. “Recentemente fiz uma viagem para Bonito, eu e minha cachorra Noah, onde aluguei uma casinha no meio do mato, a 600 metros do rio. Eu realmente gosto disso”.

Profissão: Empresário, DJ e Personal Trainer. Férias inesquecíveis: Acampar em Ilha Grande, em Angra dos Reis. Em alta: Ser feliz. O que está lendo: Manual da Roda da Saúde, escrito pelo meu grande amigo que se formou comigo, Marcus Vinicius. Música que não sai do seu playlist: Mochileira, de Geraldo Roca cantada pelo Filho dos Livres. Um filme: Corrente do Bem, é antigo mas vale a pena. Não vivo sem: Esportes e mato. Projeto do momento: Atender da melhor forma possível meus clientes de personal e os clientes da minha empresa de eventos, a ENJOY. Um sabor: Suco de melancia com gengibre e limão. Esporte: Gosto de variar pra não enjoar, os preferidos: triathlon, jiu-jitsu, mergulho e escalada. Refúgio: Bonito, MS.

Formado em Educação Física, ele trabalha como personal trainer na Via Olímpica e na Qualidade Física, mas é uma atividade que fazia como hobby que tem lhe dado mais trabalho: DJ. Hoje, possui a Enjoy, uma empresa de eventos de som, imagem e iluminação profissional. “Isso foi uma brincadeira que começou há sete anos e hoje a empresa possui toda uma estrutura e chega a fazer quatro festas por dia”, conta orgulhoso. Haja fôlego! NOVEMBRO 2014 | 23


Leonard Cohen – Popular Problems (2014) Que o Leonard Cohen é um excelente artista e possui uma voz absurdamente linda, todo mundo já sabe. Agora a pergunta que não quer calar é a seguinte: com tanto tempo de carreira, inúmeros livros e discos lançados, esse senhor de 80 anos de idade nunca se apresentou no Brasil. E agora? Bom, talvez esse tão aguardado dia chegue em 2015, pois Cohen está em turnê com seu mais novo trabalho “Popular Problems”. O 13o disco de estúdio chega carregado de poesia e melancolia. Amor, ódio e tragédias são temas comuns em seu repertório, mas dessa vez o artista faz um bem-humorado ensaio sobre o tempo pelas 9 faixas do álbum. Judeu de nascimento e budista convertido, o músico celebra a vida, em um ritmo lento e irônico consigo próprio. Disco para ter na coleção. Destaque para a levada country de “Did I ever love you”, a soturna “Street”, a pop “Nevermind” e a triste “Samson in New Orleans”. A voz de barítono inconfundível de Cohen o torna único. Um verdadeiro monstro da música e das palavras.

para ouvir

Júlia de Miranda

Morrisey – World peace is none of your business (2014) Há um mês Morrisay anunciou sofrer de câncer: “Se eu morrer, eu morri”, declarou à imprensa para a tristeza dos fãs. O cantor e frontman do genial e aclamado Smiths lançou em julho deste ano seu décimo álbum solo “World peace is none of your business” e mais uma vez acertou a mão no trabalho e agradou muitos ouvidos. Dançante e ao mesmo tempo suave sem perder a intensidade, Morrisey vibra com sua voz que sobressai em todas as canções. Um disco familiar e muito bom para quem já acompanha o trabalho do músico. Morrisey mantém aqui a mesma fórmula de seus discos anteriores, mesmo assim surge com algumas novidades sonoras como o violão flamenco, apenas um tempero para um disco bem “Morrisseyano”. Temas políticos e sociais, amor, confusão, drama e resignação estão presentes nas 12 faixas que registram mais uma vez o talento raro do homem. A versão de luxo do disco traz seis faixas extras. Destacamos: “Kiss me a lot”, "Earth is the Loneliest Planet", "Kick the Bride Down the Aisle" e "Mountjoy" . Pink Floyd - The Endless River (2014) Mais uma grande estreia esquentou o mundo musical este ano. Eis que após 20 anos de um longo intervalo, o grupo inglês Pink Floyd (sim, eles mesmos) lança um disco de inéditas. O álbum sai este mês, 10 de novembro, e conta com a participação do cientista Stephen Hawking, que doou sua voz artificial a uma das faixas do novo álbum (intitulada “Talkin’ Hawkin”). Praticamente todo instrumental, o álbum é baseado em gravações feitas em 1993 — que inspirariam o disco "The division bell". A banda anunciou que o trabalho é um tributo ao tecladista Rick Wright, que faleceu em 2008. Sem a participação do baixista Roger Waters, "The Endless River" é o 15o álbum de estúdio do Pink Floyd e foi produzido por David Gilmour. Pela importância da banda, decidimos que não indicaríamos algumas faixas, e sim o disco inteiro para audição. Como o próprio nome do disco já diz, "o rio interminável”.∆

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Wellington Furtado

para ler

A Contradição Humana, de Afonso Cruz, 2014, pela Editora Peirópolis, R$ 40,00. O livro chama atenção pelas cores e expressividade das ilustrações, mas vale a recomendação pela contradição que carrega além do título: apesar de ser um livro classificado para um público infantojuvenil, a leitura não seria mais acertada para um adulto. Ao expor dados cotidianos, como o de um músico que só se sente feliz ao tocar músicas tristes, o autor explora pequenas oposições que fazem de nós tão humanos, detalhes mínimos que nascem de uma desarmonia mas que, em sua simplicidade, nos tornam seres complexos e, por vezes, até mesmo um pouco estranhos ao olhar do outro. Com uma linguagem leve a partir da figura do narrador infantil que observa a vizinhança, o autor, também ilustrador, conseguiu escrever um texto breve e ao mesmo tempo profundo (contradição apenas aparente) que serve aos leitores mais jovens e também aos mais maduros e experientes ou, por que não, a uma leitura conjunta entre pais e filhos, tios e sobrinhos etc. É duro ser cabra na Etiópia, organizado por Maitê Proença, 2013, e publicado pela Editora Agir, R$ 39,90, não é bem um romance, não é bem um conto, não é bem um poema, mas é tudo isso ao mesmo tempo, pois congrega textos díspares em estilo e conteúdo. O projeto ambicioso de Maitê consistiu em criar um site para receber textos de autores anônimos até então com apenas dois critérios prévios: terem no máximo 1.500 caracteres e algum tom de comicidade. O resultado é

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uma belíssima edição em que a organizadora fez o trabalho de seleção num hall de mais de 1.600 colaborações que vão desde poemas e contos breves a ilustrações e confissões. A edição chama atenção pelo projeto arrojado, composta de cores neon, de um título nada convencional e de uma belíssima capa com o desenho de um avestruz, também enviado por meio do site da iniciativa. Como o livro é composto de inúmeras narrativas, serve de leitura leve e descompromissada, que pode ser interrompida e retomada aleatoriamente. Mas não se engane com essa leveza, a contradição é só aparente, pois há muito conteúdo denso e fundamental disfarçado pelo riso e pela brevidade. De repente, nas profundezas do bosque, de Amós Oz, 2007, editado pela Companhia das Letras, R$ 35,50, é daqueles livros fundamentais. Repleto de passagens poéticas, o romance narra uma fábula de um mundo onde já não existem mais animais e no qual tudo o que é diferente acaba sendo visto como estranho ou sem serventia. Amós Oz, que é israelense, parece traduzir nessa obra um desejo de sua literatura para o mundo: o desejo de paz. Sem tocar diretamente em questões relacionadas ao conflito vivido nas terras de sua origem, o autor não está preocupado com a pacificação do mundo, imposta, regulada, que vem de fora para dentro, mas com aquela paz advinda das profundezas do bosque interno de cada um, centelha conciliadora da paz entre os homens. ∆



Marcelo Veloso

para ver Ida (Ida), de Pawel Pawlikowski Este maravilhoso filme em preto-e-branco de Pawlikowski, que soa mais como um clássico restaurado e redescoberto do que um novo filme, tem algo da escola polonesa clássica do cinema, como os filmes de Béla Tarr. Agata Trzebuchowska está extremamente misteriosa no papel de Anna, uma noviça de 17 anos que vive em um convento remoto onde sua impassibilidade juvenil será colocada em cheque; alguém a quem, literalmente, nada aconteceu em vida. E agora vamos vê-la reagir, ou tentar esconder sua reação, perante um ataque de acontecimentos. É 1962 e Anna está prestes a perpetuar seus votos católicos no convento onde ela foi deixada como um bebê órfão em 1945. Mas ela descobre que seu nome era originalmente Ida Lebenstein. Ela é judia. Segue-se uma viagem ao coração da Igreja e do Estado da Polônia, em seu catolicismo e anti-semitismo. Ida é um filme incrivelmente envolvente. Poderia ser obra-prima de Pawlikowski, mas este diretor ainda tem mais a dizer, me parece. Matar um Homem (To Kill a Man), de Alejandro Fernández Almendras Abrindo com uma paisagem florestal deliberadamente perturbadora e adornado com uma pontuação igualmente intrigante, este, que é o terceiro longa do diretor chileno Alejandro Fernandez Almendras, é um estudo de personagem feito em silêncio que medita sobre as ramificações da escolha de um homem ao defender os seus. Constantemente assediado por bandidos, sem demonstrar qualquer intenção visível de retaliar, Jorge (Daniel Candia) é um homem trabalhador cuja única

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prioridade é o bem-estar da família. Mas há um limite na sua passividade. E ao escolher combater fogo com fogo, Jorge incorpora a fragilidade de um homem transformado tanto pela necessidade emocional de não ser humilhado como pela vontade predominante de sobreviver. Através de implicações não ditas, Jorge forma um improvável vínculo com seu opressor. "Matar um homem" conclui-se com a dualidade perturbadora onde o assassino e sua vítima existem em estados intercambiáveis​. E mais, é uma história real. Ela Perdeu o Controle (She's Lost Control), de Anja Marquardt O filme acompanha a degradação contínua de Ronah (Brooke Bloom), uma estudante de psicologia que trabalha como substituta sexual. Começa com uma descrição simples do seu processo de interação com vários clientes, o que dá às cenas iniciais do filme a aura de um documentário. Então ela conhece Johnny (Marc Menchaca), um médico alcoólatra crivado de ansiedade cujo comportamento comedido ecoa fortemente, e então as coisas ficam complicadas. Pouco a pouco, os problemas de Ronah se somam: questões familiares, sua preocupação com o futuro e o cliente por quem ela pode estar desenvolvendo sentimentos. Essa atmosfera produz um olhar sedutor no cruzamento da intimidade física e psicológica. Certo é dizer que o estado de auto-confiança de Ronah é um disfarce dela mesma, suas respostas ao tentar ajudar os outros a enfrentar suas inseguranças refletem um estado de negação sobre seus próprios problemas. Neste filme, a terapia sexual reside em "um lugar seguro", mas acaba por sugerir, com assombro, que esse santuário não existe. ∆



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CAPA ∆

A festa dos quarenta anos do Ballet Isadora Duncan uma trajetória que se confunde com a história da dança na cidade.

Texto | Thais Pompêo Fotos | Lucas Possiede e arquivo pessoal

Na sala de espera, no descompasso do calor selvagem de outubro, notas do piano da Opus 64 de Chopin trazem súbita harmonia à realidade. Uma melodia que faz imaginar meninas de corpos lindos, se movimentando como se não existisse força de gravidade. O ballet, a dança, o movimento têm sido, há exatas quatro décadas, o trabalho de Neide Garrido – gaúcha por trás da tradicional escola Ballet Isadora Duncan, o berço da dança na cidade. Já são quatro gerações sob a batuta encantada de Neide. Apesar da expressão firme, concentrada, ela tem a fala suave, senta como uma bailarina, gesticula como uma bailarina. “Hoje em dia, sinto que eu estou com um olhar muito mais lapidado, enxergo o corpo mais rápido: o que cada um pode dentro das suas especificidades, das suas habilidades, expressão e temperamento. Uma leitura do exterior e do interior. Eu estou te olhando e sei onde eu poderia mexer no teu corpo pra você passar o seu melhor em movimento, em expressão, e isso através da dança”, diz a mestra, conquistando mais uma seguidora.

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“Falar de Neide Garrido é falar da história da dança em nosso Estado. Com seu pioneirismo contribuiu de forma significativa na formação da dança profissional de Mato Grosso do Sul, disseminando conhecimento técnico e artístico a seus bailarinos. Acredito que grande parte dos profissionais da dança que aqui vive já teve ligação com a história da escola Isadora Duncan ou com Neide Garrido, usufruindo do seu conhecimento e sabedoria. A Dança no Estado tem muito o que agradecer a ela.” Chico Neller

Se em 1975 tínhamos Humberto Espíndola na pintura, a música começava a dar seus primeiros acordes em direção ao que a gente conhece hoje como Almir Sater, Paulinho Simões, Guilherme Rondon. Nessa mesma época, a dançapraticamente não existia no cerrado. Foi nesse ano que Neide, gaúcha de Cruz Alta, recém-casada, chegava à cidade. Ela tinha a energia dos 20 e poucos anos, e estava louca para manter o ritmo que tinha deixado para trás em Porto Alegre. Queria dançar. Procurou, procurou e não achou uma escola dedicada ao ballet ou ao moderno. Já que a cena não existia, ela mesma resolveu criar a primeira turma de dança na MACE. No ano seguinte, abriu uma portinha e colocou uma placa: Ballet Isadora Duncan. Mal sabia ela que estava inaugurando a cena da dança. Em uma terra onde tudo estava na iminência de acontecer, em 1976, outras três escolas de dança surgiram ao mesmo tempo. “O que eu acho que aconteceu foi que com a minha chegada a coisa deu uma acordada, floresceu. Aquilo (a concorrência) mexeu muito comigo, me desafiou. Tudo foi tão intenso, fazíamos apresentação no Glauce Rocha e era aquela rixa entre os bailarinos, um querendo ser melhor que o outro. Pra mim foi bárbaro”, relembra Neide. Das quatro escolas, apenas o Ballet Isadora Duncan resistiu ao tempo e permaneceu. “Esses dias eu encontrei a Marilu (Guimarães, dona de uma daquelas escolas) e ela me disse: 'Que persistência'. E eu respondi: 'Não é mérito nenhum, eu não sei fazer outra coisa'". Ano a ano as aulas dadas por Neide foram sendo aperfeiçoadas, se profissionalizando e conquistando seu lugar ao sol. Sabe aquela história da pessoa certa, no lugar certo, na hora certa? Foi mais ou menos isso que aconteceu – sem tirar o mérito da sua enorme seriedade e força de vontade. O começo da escola coincidiu com os tempos áureos da dança no país, na década de 80/90 – um período em que chegou a ter

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600 alunos. “Eu abri a escola porque queria dançar. Eu dedicava metade do meu tempo às aulas e outra metade ao meu treino. Mas chegou um momento em que eu tive que optar: ou a dança ou a pedagogia. E eu optei pela última”, relembra, frisando que aquela não foi uma escolha difícil. O período de formação profissional de Neide no balé foi simultâneo à consagração da escola – viajava muito, inclusive para fora do país, sempre em busca de conhecimento, de aperfeiçoamento. Um trabalho tão dedicado e tão disciplinado que semeou praticamente toda a próxima, e atual, safra de grandes bailarinos que brotou nesta terra: Chico Neller (Ginga Cia de Dança), Gisela Dória e Flávia Abreu (Escola de Ballet Gisela Dória), Selma Azambuja (Espaço de Dança Selma Azambuja), Maria Helena Pettengill (Cia de Artes Embrujos de España) e tantos outros. No final da década de 90, início dos anos 2000, o excepcional nível técnico das bailarinas formadas pela escola, juntamente com o patrocínio da Brasil Telecom, resultou em uma das primeiras companhias de dança profissional da cidade, a Cia de Dança Isadora Duncan. “Nessa época a escola era nossa segunda casa. Saíamos do colégio e ficávamos o dia todo lá, ensaiando e fazendo aula. Todo mundo queria impressionar, agradar a Neide. Era sinônimo de status ser da companhia dela”, relembra Fernanda Giglio, bailarina que fez parte do grupo. “Eu gosto de me ver em todas essas fases porque vejo o quanto vou mudando também. Naquela época, tínhamos valores e padrões rigorosos, elas tinham que ter tal peso. Se elas engordassem um quilo, fugiam dos meus olhos, e depois nos matávamos queimando calorias. Quando chegavam os coreógrafos de fora para os laboratórios, ninguém acreditava naqueles corpos. Eles elogiavam e nessa hora a gente se olhava – só eu e elas sabíamos o quanto tudo aquilo tinha custado”, conta Neide em tom de confidência.


“Estou fechando ciclos, faz parte da evolução, um descortina o outro”, fala se referindo aos 40 anos de carreira que completa em 2014. Momento que será celebrado com um grande evento chamado “A dança no tempo além do tempo”, patrocinado pelo FIC, Fundo de Investimento em Cultura do Estado de MS, e pelo Ministério da Cultura via Lei Rouanet. “Este ano estou especialmente emocionada e feliz, por mexer nessa história e abrir os baús. No início, eu fiquei um pouco angustiada porque a minha vida pessoal está muito ligada à profissional: a cada ano, a cada coreografia ou aula que eu mexia vinha na memória um pedaço da minha vida: quando minha filha nasceu, quando eu me separei, casei de novo, quando meu pai faleceu... Mas, depois de um tempo, vi que eu queria, que era uma coisa maior”.

“Neide Garrido é uma mulher especial e de muita importância em minha vida. Foi com ela que aprendi a amar a dança e fazer dela minha profissão. De grande professora se tornou uma parceira em muitos trabalhos que realizamos juntas. Desejo a ela sempre muito sucesso e grandes realizações neste caminho que ela percorre há tantos anos, com tanta dedicação e amor!” Selma Azambuja

Serão três noites com participações especialíssimas. Nos dois primeiros dias (28 e 29 de novembro) serão apresentadas releituras de apresentações históricas da escola. No domingo (30) a noite será ilustre e promete saciar os carentes apreciadores da dança na cidade: Ana Botafogo se apresentará com Carlinhos de Jesus e também com Marcelo Misailidis (bailarino do Teatro Municipal do Rio). Misailidis fará duo, também, com Ana Lúcia El Daher, bailarina de Neide que chegou a dançar na Alemanha e que hoje está de volta e dá aula no Ballet Isadora Duncan. E ainda, Raça Cia de Dança de São Paulo com a peça Tangos sob Dois Olhares de Roseli Rodrigues. Toda as três noites terão a rara presença de Neide no palco. A coreógrafa usará o movimento para narrar e fazer as conecções entre uma dança e outra.

“Posso dizer que me profissionalizei na dança ainda muito jovem, quando estudava no Balet Isadora Duncan. Para Neide tudo aquilo era muito sério, e para mim também. Respeitar os horários, fazer aulas, ensaiar, tudo nos foi transmitido por ela e por sua paixão pela dança, que me contaminou. Minha primeira mestra.” Gisela Dória Depois dessa longa história, quem acha que Neide pretende pendurar as sapatilhas, realmente não conhece essa gaúcha-sul-mato-grossense. “Eu preciso de momentos de pausas pra me abastecer, pra me renovar. Quando um projeto não dá certo a minha frustração impulsiona a minha vontade de superação”, referindo-se ao fim da Cia de Dança. Quando a Brasil Telecom encerrou seu projeto de patrocínio, em 2005, Neide iniciou um processo de implementação do Balé da Cidade de Campo Grande. Segundo a coreógrafa, de todos os estados do Brasil que tem alguma representatividade na cultura, o Mato Grosso do Sul é o único que não tem uma

companhia. “Eu tenho um sonho, um projeto que está engavetado: a criação da Companhia Municipal de Dança. E eu sempre digo que ele não tem nada a ver com o Ballet Isadora Duncan, é projeto para a cidade que irá envolver todas as escolas de Campo Grande, pinçar seus melhores bailarinos. Infelizmente ele ainda não saiu do papel por desinteresse ‘das prefeituras’ da capital. É preocupante constatar que alguns projetos de segmentos da Cultura perdem a continuidade por desinteresse e falta de vontade política. Mas não desisti, ano que vem eu volto a batalhar esse projeto”, desabafa a incansável coreógrafa. ∆

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Campanha Burberry

ESCOLHA DO MÊS ∆

Hot Stamp

A estampa artsy ou artsy print está entre as grandes apostas para o verão. A deliciosa tendência lembra o estilo abstrato visto em obras de arte onde uma profusão de rabiscos e pinceladas coloridas de tintas dão vida às telas. Esse tipo de estampa fresh é ideal para dar um up no look. Por que não usar a arte não só como forma de expressão, mas como diversão também?

Regata Piscina/Farfetch R$ 213; Saia MSGM/Farfetch R$ 2.250; Saia MSGM/ Farfetch R$ 2.810; Bolsa Marni/Farfetch R$ 1.360; Vestido MSGM/Farfetch R$ 4.970; Sapatilha Masqué/Farfetch R$ 790.

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Fotos | Divulgação

Por | Luiz Gugliatto



Campanha Água de Coco

EM ALTA ∆

Marítimo

O universo marítimo é a grande aposta para inovar no visual. Pérolas, conchas, estrelas do mar e arraias estampam coleções que têm tudo a ver com os dias mais ensolarados. Aposte nas texturas e cores. Azul, toques de laranja e coral são elementos necessários para elaborar tais roupas que parecem ter saído da beira da praia.

Brincos Dolores Iguacel R$ 145; Maiô Água de Coco R$ 369; Pulseira Dolores Iguacel R$ 349; Brincos Lool R$ 498; Colar San Sebastian R$ 270; Saia Victor Dezenk - Preço sob consulta

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Fotos | Divulgação

Por | Luiz Gugliatto



Desfile Ellus

ACHADOS DE MODA ∆

Novo jeans

O jeans é e sempre será o tecido mais democrático da moda. Para o verão 2015, o velho e bom denin promete vestir da cabeça aos pés. A novidade vem nas modelagens e lavagens específicas com a cara do jeanswear luxo! Presente em calçados, acessórios e em peças de alfaiataria, deixa o look elegante e despretensioso. A aposta é tão certeira, que grifes como Dior e Lilly Sarti se renderam ao índigo desejo.

Óculos Diesel; Blusa Marques Almeida; Saia Dolce&Gabbana; Relógio Watch, Calça Dolce&Gabbana; Bolsa Chanel/Portero; Short Dimy; Anabela Wedges Shoes; Sandália Schutz - Preços sob consulta.

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Fotos | Divulgação

Por | Luiz Gugliatto


Foto | Lucas Possiede

LĂ VEM O SOL.

Shopping Norte Sul Plaza Loja 165 | 67 3056 1280


Campanha You Know

TRENDY ∆

Conforto

Conhecidas como alpargatas, as espadrilles são o novo hit da estação. Muito usadas nas últimas temporadas, firmam-se como peça-chave do verão. Versáteis e atemporais, combinam com tudo: shorts, saias, macaquinhos e até com calças de alfaiataria. A fibra tipo juta usada no solado e o tecido de algodão conferem o frescor oportuno para os dias mais quentes.

John John R$ 338; Michael Kors $ 79; John John R$ 338; Michael Kors $ 132; Superdry Preço sob consulta; Cravo & Canela R$ 139,99; Jimmy Choo $ 396; Arezzo R$ 189,90; Ralph Lauren $ 140.

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Fotos | Divulgação

Por | Luiz Gugliatto


PUBLIEDITORIAL ∆

TREND ALERT: AS NOVAS COLEÇÕES DE ÓCULOS IMPORTADOS

O verão está chegando, e com ele os óculos de sol são mais que um acessório de beleza, eles protegem os olhos dos raios ultravioletas. Já que a estação é propícia, abusar das armações e estilos torna-se uma diversão e um prazer. A Ansa Importados, uma empresa revendedora de produtos importados das melhores marcas, já está com os lançamentos de óculos de sol das marcas queridinhas. As novidades chegaram para conquistar muitos olhares, óculos das marcas Rayban, Prada, Michael Kors, Dolce & Gabanna, Tom Ford, Chloé, Versace e Roberto Cavalli vão te encantar. A Ansa Importados fez uma sessão de fotos com as novidades que deixam qualquer mulher curiosa para ver mais e desejar vários modelos. São diversos estilos, modelos e tamanhos. Já dá pra notar que as cores e os florais vão ser a grande tendência das armações. Mas, não falta estilo também em linhas mais clássicas, que vão do vintage ao moderno sem perder a elegância. E pra quem está se perguntando, sim, todos os produtos da Ansa Importados são originais e você sempre encontra os últimos lançamentos.

A Ansa Importados fica em Pedro Juan Caballero, mas isso não é problema, você pode reservar seus óculos e até verificar quais modelos ainda estão disponíveis pelo telefone (67) 3431-1386 ou pelo whatsapp +595 986 401 139. E sempre que for fazer suas compras no Paraguai, não se esqueça, a Ansa Importados fica na Avenida Doutor Francia, 374 (em frente à Receita Federal). ∆

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Please don't stop the music Fotografia e design | Alexis Prappas Styling | Luiz Gugliatto


Vestido usado como blusa Osklen/Saga Saia Vitor Zerbinato/La Dame Scarpin Forum Bolsa Arezzo Brincos e anel Denise Carvalho/Saga Pulseiras acervo


T-Shirt Juliana Jabour e calรงa Herchcovictch Alexandre/Saga Brincos Vitor Zerbinato/ La Dame Bracelete acervo Scarpin Arezzo


Top e calรงa Coven/La Dame Brincos e braceletes acervo Scarpin Arezzo



Vestido Forum Brincos acervo Bolsa e anel Arezzo


Top cropped Coven/La Dame Calça Forum Cinto La Dame Colar e tênis Arezzo Brincos acervo


Camisa Forum Saia Herchcovictch Alexandre/Saga Sandรกlia Arezzo Colar Osklen/Saga Brincos acervo



Vestido Carol Arbex/ Saga Casaqueto Ricardo Almeida/La Dame Brincos, colar e bracelete acervo Tênis Arezzo Ficha técnica Fotografia e design | Alexis Prappas Styling | Luiz Gugliatto Produção moda | Lucas Possiede Beleza | Fernando Filho Modelo | Winie Lourenço / Ford Models Direção de cena | Melissa Tamaciro Coordenação | Thais Pompêo


beleza ∆

Preenchimento 3D. A ciência a favor da beleza! Texto | Natália Charbel

O mundo da beleza não para. Os avanços da medicina a cada dia nos oferecem técnicas mais modernas e resultados mais naturais. Os queridinhos preenchimentos faciais estão no hall dos procedimentos que não param de evoluir. Melhorando os contornos, eles garantem respostas incríveis, e o mais procurado do momento é o preenchimento 3D. Conhece? A técnica consiste em um preenchimento com o paciente examinado tridimensionalmente, ou seja, investiga-se o que precisa ser preenchido em mais de uma área para deixar a face mais harmônica como um todo. A intenção é repor o que o rosto perde – volume ósseo e gorduroso - em seis zonas estratégicas (e na mesma aplicação), dando ênfase ao contorno facial. Não é um preenchimento local, o objetivo é harmonizar as expressões. “As características esteticamente agradáveis incluem simetria, contornos suaves, e até mesmo tom e textura homogênea da face. Com o envelhecimento, as pessoas vão perdendo não só o colágeno da derme, o sulco do bigode chinês fica mais exacerbado, existe também a perda da gordura subcutânea, perda óssea. O preenchimento 3D tenta restaurar tanto esse colágeno que fica na derme, como substituir a gordura subcutânea e massa óssea decorrente do processo dinâmico que é o envelhecimento” explica Dra Elza Gracia da Silva, presidente da Regional MS da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Cuidados pré-procedimentos: É preciso que seja feito um bom histórico do paciente. Alguns medicamentos como aspirina, anti-inflamatórios não hormonais, vitamina E, fitoterápicos como Gingko Biloba e Arnica montana devem ser suspensos

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7 dias antes do procedimento. É essencial também verificar o uso de anticoagulantes e se o mesmo não tem preenchimentos definitivos à base de polimetilmetacrilato. Orienta-se não ingerir bebida alcoólica nas vésperas da aplicação. Deve-se contraindicar o processo caso o paciente esteja com uma doença do colágeno ou reumatológica em atividade, doenças infecciosas, ou estar com quadros alérgicos. A indicação geral é para pessoas acima dos 40 anos, quando já podemos notar perda de volume e contorno facial. Os melhores resultados, em geral, são em sulco nasogeniano, lábio mentoniano (bigode chinês), sulco nasojulgal (goteira lacrimal), malar (maçãs da face), temporal, contorno da face (mandíbulas). Os resultados são imediatos, dependendo apenas do tipo de preenchedor usado: alguns precisam de mais tempo para o resultado final. Mas a dermatologista faz questão de enfatizar: “Tudo depende de fatores individuais”. Depois... É aconselhável realizar compressas frias ou de gelo que reduzem o edema e a sensibilidade causadas pelas múltiplas injeções. “E o mais importante: não criar grandes expectativas no paciente, uns vão ter resultados espetaculares, outros nem tanto”, finaliza Dra Elza. ∆



HITS DE BELEZA ∆

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Não que a gente deixe de lado outras partes do corpo, mas vamos confessar, são sempre para o rosto nossos cuidados mais especiais. Por isso, A Gente escolheu para vocês, produtinhos preciosos que valem o investimento na luta contra o envelhecimento precoce! Texto | Natália Charbel

1- Água de Limpeza Pureness Refreshing Cleansing Water, Shiseido:

água de limpeza facial refrescante e não oleosa. Remove impurezas, maquiagem e a oleosidade que obstrui os poros e pode causar imperfeições na pele. R$ 157

2- Anti-envelhecimento Benefiance, Shiseido: com uma revolucio-

nária tecnologia, proporciona além da suavização das rugas já existentes, a prevenção de novos sinais. Indicado para peles secas e muito secas, possui extrato de tomilho selvagem, que também protege a pele da destruição do DNA causada pelos raios UV. R$ 407

3- Abeille Royale Sérum Jeunesse Lift Fermeté Correction Rides, Gueirlan: a partir das primeiras aplicações já é possível perceber melhoras. As rugas se preenchem e a pele recupera sua firmeza. Aplique o sérum antes do seu hidratante pela manhã e à noite com a pele limpa. R$ 545

4- Anti-envelhecimento Acyl-Glutathione, Perricone MD: a Glutationa é o mais importante antioxidante que o corpo produz. Abundantemente encontrado em células jovens, diminui com o envelhecimento. Essa fórmula ajuda a reverter esses sintomas, é fabuloso! R$ 839 5- Sérum Liftactiv 10, Vichy: sua fórmula contém 10% de Rhamnose, que atua diretamente na estrutura da pele. Estimula a renovação cutânea, intensificando a produção de colágeno e elastina. Possui também Ácido Hialurônico para atrair e reter água nas regiões com depressões, o que melhora visivelmente a hidratação e o aspeto das rugas. R$ 210

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PUBLIEDITORIAL ∆

Semi-joia Maria Bandeira, o presente ideal

Já são 15 anos dedicando o olhar ao design de pequenas e encantadoras peças – as semi-joias. Na loja Maria Bandeira, a semi-joia é arte e é tratada como tal. “Mesmo antes de me dedicar inteiramente a esse ramo, sempre enxerguei a semi-joia como um objeto artístico. O design, as cores, o brilho... É a beleza materializada em pequenos objetos”, conta a empresária Maria Bandeira. Todas as mulheres gostam de adorno, das mais discretas às mais extravagantes. Para cada uma delas, a Maria Bandeira faz uma curadoria cuidadosa para agradar os mais variados gostos. "Eu invisto na diversidade de estilo, entretanto mantenho a exclusividade, pois a maioria das peças são únicas ou contam com apenas duas unidades", explica a empresária, que continua: “A semi-joia é uma peça mais democrática. É mais acessível e tem excelente qualidade e durabilidade. Não dá para dizer que não são joias, pois contam, na maioria das vezes, com pedras semi preciosas, pérolas cultivadas e com

@Mariabandeirasemijoias

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banho em ouro 18 quilates”, explica a empresária. Esses são os principais motivos pelos quais a semi-joia tem conquistado muitos adeptos. E não apenas como autopremiação, mas também quando a ideia é presentear o outro - ela torna momentos comuns em ocasiões super especiais. Toda a qualidade também está presente na experiência da compra, com atendimento exclusivo e hora marcada. “Nós nos dedicamos a entender o que o cliente quer, ajudamos na escolha, damos dicas, nos envolvemos em cada atendimento para que a pessoa saia daqui tendo vivido uma ótima experiência”. ∆

Mariabandeirasemijoia

Atendimento personalizado (67) 9981-7198



SAÚDE ∆

Que me queima por dentro.... Texto | Natália Charbel

Doença do refluxo gastrOesofágico é seu caso?

A doença do refluxo em crianças e adultos é a mesma, porém tem origens e resultados diferentes. Na criança está relacionado ao esfíncter do esôfago que ainda não está amadurecido, com o passar do tempo o esfíncter começa a funcionar normalmente. No adulto a alteração do esfíncter é considerada permanente.

Quem já acordou no meio da noite com a sensação de estar com o estômago em chamas? Queimação, azia, mal estar... E quem foi ao médico depois disso? Mascarar os sintomas com antiácidos, pastilhas ou um pouquinho de bicarbonato de sódio é a saída de quase todo mundo, e esta automedicação pode esconder uma doença que traz consequências bem chatas, o Refluxo Gastroesofágico.

obesos são um grupo que, devido ao aumento da pressão intra-abdominal e aos hábitos alimentares, têm maior incidência de refluxo, portanto é melhor ficar de olho no peso.

Basicamente, o refluxo acontece quando o ácido (HCl) produzido pelo estômago retorna pelo esôfago. Em condição de equilíbrio, esse ácido tem ação restrita e quando sai pelo fluxo normal é anulado pela secreção do pâncreas que contém bicarbonato de sódio. Porém, se existe uma fraqueza no esfíncter esofágico (a boca do estômago) ele reflui para o esôfago que não tem nenhuma defesa contra o ácido. Aquela queimação horrível, bem no meio peito que pode chegar até a garganta é o sintoma mais comum. “Outros sintomas são: dor no peito, náuseas, dor na garganta, tosse seca, frequente e de longa data, sensação de pigarro e mau hálito. No geral o paciente apresenta somente um ou dois destes sintomas e não todos juntos. Crises de asma podem ser desencadeadas por aqueles que tenham as duas enfermidades”, explica o Dr. Carlos Marcelo Dotti. Essa frouxidão no esfíncter do esôfago inferior, o músculo que fecha a entrada do estômago, acontece em situações como a hérnia de hiato ou é desencadeada por alguns alimentos, entre eles café, tereré, chimarrão, energético, refrigerante, bebida alcoólica, frituras, hortelã, chocolate, além do cigarro. Os

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“O ideal é que assim que os sintomas comecem a causar desconforto o paciente procure um médico que fará o diagnóstico baseado na queixa do paciente. Em alguns casos, a endoscopia digestiva consegue checar se existe algum grau de esofagite, hérnia de hiato, ou qualquer outa complicação do refluxo. Exames mais sofisticados, em situações pontuais, podem fazer parte do diagnóstico, e até mesmo o teste da halitose com um halímetro pode auxiliar a investigação”, orienta o médico. O tratamento não é complicado, mas exige disciplina. O tripé medicamento, medidas comportamentais e dieta é a solução mais comum. É possível anular os sintomas se o o paciente mudar alguns hábitos. Casos mais severos pedem intervenção cirúrgica. “O refluxo não tratado pode evoluir para inflamações no esôfago, que quando frequentes causam um fechamento parcial do esôfago dificultando a passagem da alimentação (estenose). Outra complicação é a evolução do tecido do esôfago para uma alteração chamada esôfago de Barrett, que tem um pequeno potencial maligno”, alerta Marcelo. Então, é bom ficar de olho, mascarar os sintomas com remédios sem orientação médica é o pior que você faz pela sua saúde. ∆



NUTRIÇÃO ∆

Nutrologia esportiva

A medicina fitness! Texto | Natália Charbel

Você treina direitinho, não falta, cumpre suas séries, mas não está satisfeita com os resultados. E agora? Conversamos com Dra Samira Devecchi Daige, médica, endocrinologista e nutróloga esportiva, que explicou para A Gente como a nutrologia esportiva nos ajuda a melhorar a performance e garantir respostas surpreendentes.

O que é nutrologia esportiva? É a especialidade médica que estuda e aplica a relação entre hormônios, alimentos e a utilização dos nutrientes na melhora do desempenho físico dos esportistas. O nutrólogo esportivo também cuida da composição corporal dos seus pacientes e irá auxiliar na melhora do padrão físico (ganho de massa muscular e/ou perda de gordura corporal) de acordo com o biotipo e a exigência para determinada modalidade esportiva. Apenas atletas devem procurar um nutrólogo esportista? Não, todos aqueles que praticam qualquer tipo de atividade física, por lazer ou a nível profissional, e que querem melhorar sua performance corporal e esportiva, devem procurar a ajuda. O especialista estabelecerá estratégias alimentares, de suplementação ou até mesmo medicamentosa se necessário. Suplementação é um assunto que está em voga. Alguns são contra, outros a favor. Qual a sua opinião? É um erro julgar o uso de suplementos sem conhecer o assunto, pior ainda é fazer uso indiscriminado. Sou a favor, desde que com orientação de um profissional. Com um dia a dia corrido deixamos de ingerir quantidades ideais de vitaminas, minerais, aminoácidos; os suplementos servem para completar essas deficiências. Então qualquer pessoa pode fazer uso? Quando orientado por um profissional, sim. Um exemplo é o suplemento BCAA, que prescrevo até para idosos, a fim de evitar a perda de massa muscular típica da idade. Não estou fazendo apologia ao uso sem orientação, é necessária uma avaliação individual. Como qualquer medicação, os suplementos exigem doses e horários de ingestão individualizados. Para quem precisa melhorar a composição corporal e o rendimento físico, existe uma regrinha de ouro? Acho que todos já sabem o básico: alimentação correta, muita água e exercícios físicos. Além disso, vou dar uma dica preciosa: sempre que pensarmos em emagrecimento ou melhora de desempenho, temos que lembrar que tudo só é possível com um bom condicionamento cardiovascular e melhora da quantidade de massa muscular. Músculos são capazes de aumentar nosso gasto calórico diário. A regrinha de ouro é manter ou aumentar a massa muscular. Dietas muito restritivas ou longos períodos sem se alimentar prejudicam ou causam perda de massa magra, diminuindo o metabolismo basal e auxiliando o paciente a ganhar gordura corporal. Os conceitos atuais apontam que os músculos também são considerados órgãos endócrinos, capazes de produzir substâncias que auxiliam no emagrecimento e melhora da performance atlética. ∆

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ATUALIDADE ∆

No mês em que se comemora a Independência do Líbano, a revista A Gente faz uma homenagem às raízes libanesas que correm pelas ruas de Campo Grande e resgata pessoas, lugares e memórias que mantêm viva a tradição árabe na cidade. Texto | Juliana Comparin Colaborou | Edson Contar Fotos | Lucas Possiede e divulgação

Quibe cru com mandioca os traços do Líbano na cidade morena

Foram os libaneses, em 1905, os primeiros árabes a chegar na capital. Empreendedores, eles logo mostraram seu dom para o comércio abrindo portas numa região ainda sem asfalto onde hoje é a movimentada 7 de Setembro. O reduto libanês se expandiu pela cidade e hoje espalha tradição em vários pontos do mapa. Para percorrer essa rota, que propõe ser um pedacinho do Líbano em CG, fomos recebidos em cada parada com esfirras, famosos doces árabes e muita conversa – eles são bons de papo!

Thomaz Lanches: José Thomaz

A família Thomaz foi uma das pioneiras a desbravar o comércio de Campo Grande. Vindo do Líbano em 1934 aos nove anos de idade, José Thomaz é hoje o libanês mais antigo em atividade na capital. Aos 89 anos, viu a cidade mudar. É ele o personagem carismático da logo do Thomaz Lanches, um senhor sorridente que ao invés de um coração tem uma esfirra no peito. Se você for lá pela manhã encontrará seu Thomaz no balcão fazendo as contas de cabeça, mesmo com os filhos e netos tendo assumido as atividades do negócio. “Além de oferecer um produto bom, é preciso atender cada cliente com carinho, conversar. O atendimento é o fator número um do comércio!”, afirma com a experiência de quem tem muito do que se orgulhar.

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Na década de 80, existiam apenas dois restaurantes árabes na cidade: Manura e Tita. O último fechou suas portas há um bom tempo, já o Manura está fixado na Av. Mato Grosso há mais de 25 anos. O proprietário, Munir Saad, chegou em terras brasileiras com seus pais e três dos seus quatro irmãos em 1952. Queria encontrar familiares e “ter uma vida de mais conforto na América, como queria minha mãe”, diz. Chegou em CG em 1986 e, junto com sua esposa, abriu o restaurante. Com alguns meses de atividade, percebeu que poderia ser positivo adaptar o cardápio para o paladar do sul-mato-grossense: incluiu rodízio de carnes no buffet. Resultado? Um verdadeiro banquete, sem perder o genuíno sabor árabe. “No começo achávamos que misturar ‘quibe cru com mandioca’ e ‘tabule com farofa’ não seria uma boa combinação, mas com o tempo vimos que os fregueses queriam isso e hoje eles representam 60% da nossa clientela”, conta.

Armazém da Sete: Claude Mouniergi Chamoun (proprietária) Roudaina Mnayarji (esposa do outro proprietário - Ammar Mnayarji)

Na mesma rua, próximo ao Mercadão, mais um ponto chave no comércio de especiarias e condimentos árabes que atiça os sentidos: o Armazém da Sete. Claude Mouniergi Chamoun, junto com seu primo Ammar Mnayarji, assumiu há poucos meses o estabelecimento e fala com charmoso sotaque. No armazém, além das castanhas, temperos e frutas secas vendidas a granel, a parede de fotos do Líbano e as estantes de arguile remetem ao colorido da cultura árabe. O arguile, aliás, virou tradição entre os jovens campo-grandenses, visto muitas vezes lado a lado com o tereré, inclusive nas rodas de amigos no parque.

Restaurante Manura: Munir Saad

De volta à 7 de Setembro, a sorridente e vaidosa libanesa Bibiane Michel Ibrahim toca a Confeitaria Árabe junto com seus irmãos Zuhair e Jean Pierre. Uma vitrine de kaftas, coalhada e outras delícias árabes enchem os olhos de quem passa pela rua. Lá tem até o Chiclets Adams sabor Miski, com gostinho das arábias! O pai deles, que também foi comerciante de outros setores na cidade, era uma figura afetiva na rua 7 de Setembro por suas conversas e sonecas em frente à loja. Ariche: Katiuscy Bortoleto (dançarina do ventre)

Na lista dos contemporâneos, dois restaurantes já têm reconhecimento do público: Saj – com sua esfirra de zatar e quibe excepcionais – e Ariche. No Ariche, a celebração pela cultura árabe vai ainda mais longe! A batida marcada do derbake tocado ao vivo, os tapetes persa, os arguiles a todo vapor e dançarinas do ventre dão cor e energia ao ambiente, abrindo a programação que segue com um farto jantar.

Confeitaria Árabe: Bibiane Michel Ibrahim - Jean Pierre Michel (irmão)

É incrível pensar que as peculiaridades da cultura de um povo tão distante estejam tão intrinsicamente ligadas e, hoje, misturadas à cultura sul-mato-grossense. Vindos de longe, eles, assim como a maioria de nós – paulistas, gaúchos, paraguaios e muitos outros –, afirmam que já possuem corações libaneses-sul-mato-grossenses. Viva! ∆

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Listamos alguns endereços libaneses para você entrar no clima. Dá uma olhada! ARMAZÉM DA SETE Rua 7 de Setembro, 116 CONFEITARIA ÁRABE Rua 7 de Setembro, 458 ESFIRRA DA SETE Rua 7 de Setembro, 510 THOMAZ LANCHES Rua 7 de setembro, 744 MANURA Av. Mato Grosso, 579 SAJ COMIDA ÁRABE Rua 25 de Dezembro, 494 ARICHE Av. Ceará, 1067 FRAIHA Rua Antonio M. Coelho, 2.148 HARE KEBABERIA Av. Arquiteto Rubens Gil de Camilo, 118 AL BARI’AH Rua Marquês do Lavradio, 306 SANTA CEIA Rua Espirito Santo, 429 SNOUBAR Rua Arthur Jorge, 1833 bl 14 CANTINHO ÁRABE Rua Barão Rio Branco, 1140 DIBABAH Rua Padre João Cripa, 893 SHAWARMA DA BRIMA Rua Candido Mariano, 2222 - Rua Bom Pastor, 546 ALBARIH COZINHA ÁRABE Rua Marquês do Lavradio, 306 VARIEDADES ÁRABES Rua Calarge, 489 - Vila Glória EMPÓRIO ORIENTE Rua Vitório Zeola, 524

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hortelã e OLIVA “Desde pequeno eu ajudava minha avó. Foi ali que aprendi a cozinhar”.

Texto | Tatyane Cance Fotos | Lucas Possiede

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Ingredientes PARA O QUIBE

Joseph Georges Sleiman, carinhosamente conhecido como Zuzão, traz consigo uma boa parte da história de Campo Grande. Seu tio-avô foi o primeiro libanês a se estabelecer por aqui, na década de 50. Já ele, desembarcou em Santos com os pais em 1964 e seguiu com a família para Campo Grande. Foram eles os proprietários da clássica Frutaria Califórnia. Zuzão formou-se em Direito, mas sempre continuou exercendo seu talento na cozinha. Foi na infância, ajudando a avó em casa, que ele adquiriu a destreza culinária. “Desde pequeno eu ajudava minha avó. Foi ali que aprendi a cozinhar. Foi de lavar uma louça, cortar uma cebola e vê-la cozinhando”, conta ele. Ele sabe preparar de tudo (e muito bem, diga-se de passagem), mas a comida árabe definitivamente é a preferida de todos. Difícil achar na cidade alguém que faça um carneiro recheado melhor que Zuzão, ou um quibe mais gostoso. “Eu aprendi o princípio com minha avó, mas depois que você pega gosto sua mente se abre e você passa a ter facilidade de entender e aprender mais sobre o assunto”, afirma ele, que brinca: “É igual àqueles bandeirantes que saem para sua primeira viagem, pegam gosto e nunca mais param”.

Para A Gente, Zuzão conta os segredos da sua famosa receita de Quibe Cru, prato típico da cultura das arábias.

1 kg de carne bovina (patinho) bem limpa e em tiras ½ kg de trigo para kibe 1 cebola média cortada em 4 gomos 1 colher (sopa) cheia de sal 1 colher (sobremesa) de pimenta síria ½ litro de água bem gelada 50 ml de azeite de oliva para finalizar Ramos de hortelã para decorar Tempo de preparo: 40 minutos Rendimento: 10 porções

GASTRONOMIA ∆

Quibe Cru Libanês Do Zuzão

Ingredientes para o acompanhamento 4 cebolas médias cortadas em gomos e imersas em água com gelo 1 maço de hortelã fresca higienizada Pão sírio Pão francês Azeite de oliva

MODO DE PREPARO Lave bem o trigo em uma bacia pequena (cobrir com água fria e mexer para que a sujeira flutue – escorrer a água e repetir a operação por 3 ou 4 vezes até perceber que não há mais sujeira). Cubra novamente o trigo com água e deixe de molho por 20 minutos. Esprema bem o trigo com as mãos para retirar a água e então, em uma máquina de moer, moa o trigo junto com a cebola. Após, passe a carne e coloque por cima do trigo já processado com a cebola. Tempere com o sal e a pimenta síria. Misture bem com as mãos e passe essa mistura pela máquina de moer. Após passar pela máquina de moer, acrescente a água gelada e misture bem com as mãos. Finalize com o azeite e misture bem. Está pronto para servir. Coloque em uma travessa de porcelana e enfeite com gomos de cebola. Segredinho: coloque a cebola em água com gelo antes de servir para ficar crocante e não ficar tão forte. Para dar melhor acabamento, molhe as mãos em água fria e alise o kibe na travessa. Sirva com hortelã fresca, pão sírio, pão francês e azeite.

Bom apetite. Obs.: Receita de comida é igual letra de música. Cada um canta de um jeito a mesma letra, nunca um canta ou interpreta igual ao outro. A receita também é assim, cada um que faz a receita tem um resultado diferente do outro. O importante mesmo é cada um fazer do seu jeito e curtir aquele momento de prazer na elaboração de um prato e não ficar comparando com o do outro. No final, todos são bons à sua maneira.

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A GENTE EM CASA ∆

VÍCIO EM DECORAR

Mariana Nogueira nasceu e cresceu na casa que, hoje, divide com o marido, Rodrigo Scardini. Foi quase um ano de reforma para deixar o lugar com a cara deles. Na fachada a alteração foi apenas no jardim, assinado por Leila Derzi. A arquitetura é de Mariana Scardini e a decoração, da própria dona. “A casa tem que parecer com quem mora nela. Pra mim, quando ela é decorada somente por um profissional não fica uma casa com personalidade própria”, conta Mariana. Texto | Tatyane Cance Fotos | Lucas Possiede

Por isso mesmo, nesta casa, tudo, cada detalhe, é a cara da dona. O lugar encanta com tantas peças exclusivas, como a poltrona laranja que fica na sala de entrada, e o sofá assinado por Guilherme Torres. “O sofá sempre foi meu sonho de consumo. Eu gosto de móveis de designers, móveis diferentes”, explica. Aliás, a mistura do clássico com o contemporâneo é notória. Peças de família, como a mesa palito da bisavó de Mariana, os tapetes persas e as peças de cristais fazem toda a diferença. “Para decorar a casa é preciso ter paciência. A gente nunca encontra tudo de uma vez só, por isso sempre que viajo trago um ‘presente’ para compor o ambiente”.

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A arquitetura é toda integrada, desde a sala de estar até o espaço gourmet. Nas paredes, inúmeros quadros e fotografias. Nas mesinhas, as famosas caveiras mexicanas (aquelas coloridas). Uma delas é peça de decoração na sala de TV, trazida de Los Cabos.

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Pra lá de antenada e com uma personalidade bem marcante, Mariana, que é proprietária de duas lojas, uma de moda e a outra de artigos para festa, conta que decorar a própria casa vira vício, passatempo. “Após um ano de casa nova, ainda não me cansei de pesquisar sobre o assunto em livros, revistas e na internet, ainda mais agora que esperamos nosso primeiro filho”, e continua: “Nunca buscamos um ponto final na decoração. Estamos em eterna mutação”. ∆

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achados de casa ∆

RECEBER EM DIA DE CALOR Por | Priscilla Marques Foto | Lucas Possiede

Para momentos na piscina ou ao ar livre nada melhor do que uma água refrescante e frutas. Uma pequena arrumação com toques de cor e de rusticidade são a cara dos dias de sol. Para eles, uma mesa ou aparador são o apoio ideal para montar um cantinho ao ar livre.

Santa Graça - copo bolinha R$ 124 (jogo com 6 unidades); suqueira R$ 146; balde de gelo bambu R$ 377,79; bandeja bambu para frutas R$ 155 • Madre Santa - pratos sobremesa R$ 219 (conjunto com 6); bowl R$ 77 (unidade) • Fornari - orquídeas artificiais - preço sob consulta; bandeja de palha usada como apoio da suqueira - preço sob consulta • Matiz Enxoval (matizenxoval@ gmail.com); guardanapos de coquetel - preço sob consulta vasos de lata preço sob consulta

Priscilla Marques é especialista na arte de receber, decorações de festas e autora do blog Anfitriã: www.anfitria.com.br

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ids Texto | Ana Laura Azevedo

BOAS IDEIAS Wokamon Bichinho virtual é um negócio que não sai de moda. Dos Tamagochis ao Pow, as crianças se rendem ao charme deles. A proposta do Wokamon vai além do pet que chora por comida de hora em hora. Para manter a saúde do bichinho em dia a criança precisa fazer caminhadas. Um app saudável. (Apenas para iphone) Top-Toy É uma cadeia de lojas de brinquedo europeia que está inovando ao fazer um catálogo neutro de brinquedos. Sim, chega de sexismo. Nada de brinquedo para menino ou para menina. O importante é que a criança escolha com o que ela quer brincar. Um ótimo exemplo. TECNOLOGIA Filip Que tal saber onde seu filho está e poder se comunicar com ele sem precisar dar um smartphone pra uma criança? O relógio inteligente Filip promete ajudar os papais mais preocupados. Colorido, divertido e super útil, o reloginho permite que os adultos liguem para a criança, além emitir um alerta quando o pequeno estiver fora da zona de conforto. Interessante. www.myfilip.com Sproutling Monitorar as atividades do bebê sempre foi o fantasma de todas as mamães. Não é novidade que as pulseirinhas fitness versão baby têm ajudado. Mas em breve será a vez do Sproutling, que promete monitorar dados de saúde e segurança para confortar os pais com informações seguras sobre o estado do pequeno. Torcemos pela chegada. www.sproutling.com ALIMENTAÇÃO A gelatina é uma vilã preferida. Favorita para o menu das crianças desde os anos 80, na verdade tem quilos de açúcares disfarçados… Até o chocolate tem mais nutrientes que ela. Mas pra salvar o mundo das mamães saudosistas - e das sobremesas lindamente coloridas - a Dr Oetker desenvolveu uma linha chamada Minha Gelatina, que quer mudar o panorama. Com polpas mistas, corantes naturais e açúcar orgânico, podemos dar mais uma chance pra gelatina? Pais, mães e educadores sempre procuram proteger e orientar as crianças rumo à vida adulta, guiando por caminhos que consideram corretos. O apoio a quem cria alguém está em tudo. Um objeto, um gesto, uma palavra… Qualquer coisa simples pode solucionar os problemas, ou dilemas, que enfrentamos diariamente com as crianças. Este mês diquinhas quentes pra pensar e inspirar todos os envolvidos.

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Para as mamães que não têm tempo de fazer papinhas sempre e queiram evitar os potinhos fast food, a dica é procurar os produtos da marca Jasmine. A linha Beaba tem menos variedades que a concorrência, mas todos os produtos são orgânicos e integrais.



Moda. Porque "falem bem, falem mal, mas falem de mim" é um conceito #oldbutgold. Este mês produtinhos pra você ficar por dentro das tendências sem desgastar o planeta. Meninas e meninos, vamos consumir com consciência!

Modinha - Nada discretos, porém colecionáveis. Os sapatos da Louloux têm personalidade e podem trazer para o seu look o it que faltava! Além de hype os sapatos são ecológicos, uma vez que são manufaturados apenas com excedente de couro. Sustentabilidade e combinações únicas são parte do que acredita a marca gaúcha. www.louloux.com.br Fique de olho - Freitag! Por enquanto não significa nada pra você, mas pode ser sua mochila favorita daqui a muito pouco tempo. A marca suiça faz bolsas de lona há mais de dez anos. Mas ultimamente tem sido alvo de fashionistas e famosos pelo simples motivo de serem “verdes” (além de impermeáveis e descoladas, claro): toda lona é reutilizada. www.freitag.ch Pegadas - Os tênis Vert são modernos, ecológicos e nacionalistas. Os designers são franceses, mas os produtos e processos são todos criados no Brasil. Pisante com direito a algodão orgânico, couro não poluente e situações de trabalho que respeitam os direitos humanos. E tudo brazuca pra gente morrer de orgulho! www.vert-shoes.com.br

Texto | Ana Laura Azevedo

Onda verde, let’s vamos.

Todos queremos saber a última da última moda, afinal, até mesmo a rebeldia tem seu estilo. Mas nos dias de hoje não dá pra simplesmente procurar qualquer hit do verão. Existe uma consciência de que o que é bom pra nós precisa ser bom pro nosso planeta. Seguem algumas marcas que estão bombando sem desrespeitar a natureza:

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Pé com pé - Melissa One é uma iniciativa da marca de sapatos plásticos (que já são recicláveis e podemos amar) para que as meninas possam ter mais opções de pares com menos pés. Oi? Isso mesmo. Cada calçado cabe nos dois lados dos nossos pés e forma vários pares. São nove modelos que possibilitam 81 combinações. Tudo em preto e “branco” pra garantir a classe do look. Tendência - A Timberland, marca conhecida por levantar a bandeira da responsabilidade socioambiental (além de promover atividades relacionadas à aventura e natureza), está bombando nas redes sociais em perfis de queridinhos com suas novas boots, o modelo tradicional de botinha repaginado para esta estação.



PUBLIEDITORIAL ∆

Engana-se quem pensa que o Kumon é um método utilizado apenas para crianças que têm dificuldades na escola. Longe disso. O método é, antes de mais nada, indicado para estimular o raciocínio.

Kumon Dom Bosco: pronto para mais 25 anos de resultados Segundo Alice Ishioka, franqueada da unidade Dom Bosco, cada vez mais pais têm procurado o Kumon, não porque seus filhos têm apresentado dificuldade de aprendizagem, mas sim porque querem estimular o raciocínio rápido e lógico.

e escrevia. Eu tinha um receio que ela perdesse o interesse nas matérias da escola por ela ser adiantada, mas muito pelo contrário, ela gosta ainda mais pela facilidade que tem”.

Para Cristina Katayama de Souza, mãe de Regis, 5 anos, e de Laís, 9, o Kumon foi um grande aprendizado na vida dos filhos. “O Regis entrou com quatro anos e a Laís com cinco. A aprendizagem do método acabou sendo valiosíssima para eles, haja vista, o Kumon não é apenas um auxílio para a escola, serve como um aprendizado para a vida”, comenta.

Vilane faz questão de ressaltar que com o Kumon a filha tem mais tempo para ser criança, já que não precisa se preocupar tanto com a escola, estuda com autonomia e é tão independente que arruma a mochila sozinha. “Tenho certeza de que a Serena só alcançou todos esses resultados porque a Alice e equipe se dedicam para acompanhar os alunos. São profissionais comprometidos”, finaliza.

Vilane Mastroyannis é mãe de uma das alunas mais jovens a entrar no Kumon, na América Latina. Hoje, Serena tem sete anos e na visão da mãe, ter colocado a filha tão cedo no Kumon trouxe inúmeros benefícios: ela se tornou uma menina independente, livre e confiante, sem deixar de ser criança. “A Serena entrou com 1 ano e 10 meses e com 3 anos já lia

O Kumon Dom Bosco atua na área desde 1989 e é referência na América do Sul. Recebeu prêmios de Excelência Brasil e Excelência América do Sul, além de participar em todas as gestões do seleto grupo “Clube Ouro” pelos índices qualitativos e quantitativos estipulados, sendo a única unidade da América do Sul a conseguir tal feito. ∆

Rua Pernambuco, 137, - Centro - 67 30276881

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PUBLIEDITORIAL ∆

UM PEQUENO PASSO EM CASA, UM GRANDE SALTO PARA O MUNDO

Joel Jogi Miyasato, diretor administrativo

Os jovens de hoje estão maduros sexualmente e imaturos no lado mental, psicológico e espiritual, pela disponibilidade de ócio em suas vidas. A geração das crianças que nasceram de 1980 para cá carece de itens de formação pessoal tais como responsabilidade, honestidade, iniciativa, consistência, obediência e empenho, grande parte em consequência da ausência dos pais em casa, do nível financeiro melhor hoje em dia e do modo parlamentar de educar. A criança nasce com uma arma poderosa que é o choro, e por instinto já usa isso para dominar os pais, fazendo um cabo de guerra. Mas a educação tem que começar no berço: quando o bebê chora para mamar ou ter a presença da mãe, esta não precisa atendê-lo com pressa e sim no seu tempo, mostrando quem controla. A hierarquia é o início da educação. E o pequeno passo em casa é fazer essa criança tornar-se independente o quanto antes. Fazê-lo comer sozinho, fazer as necessidades fisiológicas sozinho, escovar os dentes, vestir

as roupas, usar sapatos, tomar banho, dormir e acordar na hora certa e, na idade escolar, ter uma rotina para estudar em casa. Etapa importantíssima é quando colocamos as obrigações de casa, isso muda as crianças . É lógico que eles não devem se sentir como escravos. Os filhos devem arrumar a sua cama, o seu guarda roupa e o seu quarto. Para ajudar em casa eles podem lavar a louça, varrer a casa, varrer o quintal, cuidar do cachorro, dar a ração e levar o lixo para fora. Fazer eles cumprirem essa rotina é um pequeno passo mas tenha certeza que o efeito é mágico, por que um dia eles vão romper a barreira da preguiça e caminhar para serem homens trabalhadores, responsáveis e de caráter, e essa mudança é o grande salto do seu filho para ganhar o mundo. ∆

Rua 13 de Maio, 4059 • 67 3026 2336 • Campo Grande - MS

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EDITOR CONVIDADO ∆

atleta high-tech

Roque Storion Domingos

Texto | Juliana Comparin Fotos | Acervo pessoal e divulgação

O publicitário e empresário Roque Storion Domingos fala com propriedade quando o assunto é tecnologia. Desde pequeno foi ligado em eletrônicos e vive envolvido nesse universo, que nunca deixou de fazer parte da sua rotina. Há pouco mais de um ano despertou para um novo interesse, o esporte, e desde então passou a combinar o melhor dos seus dois mundos em busca de um novo estilo de vida. Com apoio dos amigos, Roque tomou gosto pela academia. O que antes era sinônimo de perda de tempo virou vício – dos mais saudáveis, por sinal. Hoje, ele sua a camisa diariamente, inclusive nos fins de semana, quando deixa o ambiente fechado e sai para pedalar. Como boa aliada dos exercícios físicos, a alimentação controlada também não escapou de entrar para os hábitos da sua nova versão fitness. Para se transformar nesse atleta disciplinado, além de muita força de vontade Roque contou com uma mãozinha da sua companheira de sempre, a tecnologia. Nos aplicativos para smartphone ele topou com treinos, dietas e motivação para

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manter o foco. Nas redes sociais, encontrou outros atletas para servir de inspiração. Longe da tela do celular, descobriu roupas de compressão, acessórios e outras invenções feitas especialmente para fanáticos por esporte para otimizar resultados. Com um olho no mundo digital e outro nos ganhos do seu esforço, Roque tem gabarito de sobra para falar das tecnologias que mais motivam a prática de esportes e, por isso, ele é o nosso editor convidado desta edição para sugerir algumas de suas preferidas. Quem sabe ele até instigue você a entrar para a turma dos atletas high-tech?


Aplicativos para smartphone Os apps são uma ótima maneira de começar a se envolver com tecnologia para esporte. O Swarm (nova versão para check-in do Foursquare) cria um ranking entre você e seus amigos e premia quem frequenta mais a academia, por exemplo. Rola uma competição bem legal! Outro aplicativo que gosto muito é o Bodybuilding, que ensina a tirar medidas e fornece séries de exercícios, entre outras funções.

Música Para mim música é essencial para fazer esporte! Ela não deixa você ficar parado e ainda ajuda a dar ritmo a exercícios de cardio, como corrida ou bike. Para a academia prefiro levar um reprodutor de áudio, como iPod, ao invés do celular por causa do tamanho. Bons fones de ouvido, como os da Bose, também fazem a diferença!

Balança de análise corporal Essa balança digital mede peso, porcentagem de gordura, massa magra e outros dados da sua forma física. Quando conectada ao aplicativo iHealth num smartphone ou tablet, envia gráficos para que você acompanhe a sua evolução. Essa tecnologia permite ver se o trabalho está tendo rendimento ou não.

Roupa inteligente A Polo Tech é uma camiseta da Ralph Lauren que deve ser lançada nos Estados Unidos no primeiro semestre de 2015. Ela vai ter sensores digitais costurados junto aos fios do tecido que vão ler dados do corpo, como batimentos cardíacos, respiração, nível de estresse e produção de energia. As informações ficam gravadas num aparelho embutido à camiseta e podem ser lidas num aplicativo. Essa eu vou querer com certeza.

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PANTANAL ∆

Mais do que um evento esportivo, o Pantanal Extremo promove uma nova forma de fazer turismo na região.

Pantanal Extremo Texto | Juliana Comparin Fotos | Divulgação

Atletas da terra, da água e do ar já estão em ritmo de preparação total para a segunda edição do Pantanal Extremo. O evento rola entre os dias 13 e 16 de novembro com cerca de 900 atletas profissionais e amadores para competições que na verdade são uma grande celebração do esporte de aventura. Uma newsletter da Confederação Brasileira de Stand Up Paddle (ABSUP) falava do Pantanal Extremo como o evento mais aguardado do ano. Sete modalidades darão cor e movimento às paisagens da cidade branca: além do SUP, canoagem, maratona aquática, vôo livre, mountain bike, corrida de orientação e corrida de trilha – esta última entrando como novidade na programação deste ano como forma de incentivar a participação do público não profissional no evento, especialmente a comunidade corumbaense. Esportistas de elite brasileiros e estrangeiros disputarão os melhores tempos e performances em busca de troféus e prêmios em dinheiro. Independente da colocação, todos sairão ganhando no quesito contemplação. “Corumbá tem o privilégio de contar com as belezas naturais do Pantanal no quintal de casa”. É com essa ideia em mente que Rodrigo Terra, idealizador e organizador do evento, defende que a cidade tem tudo para entrar na rota dos destinos de aventura do país. “Os morros, o Rio Paraguai e a mata fechada formam um cenário propício para a prática de esportes radicais e, melhor, num só lugar”, explica Rodrigo. “O Pantanal ninguém mais tem e cabe a nós saber aproveitá-lo”. ∆

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CADERNO DE VIAGEM ∆

Montevidéu

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A capital do Uruguai é a maior cidade do país e está cada dia mais charmosa, limpa e organizada, com suas construções em estilo art déco e neoclássico, às margens do Rio de La Plata. Texto e fotos | Regina Almeidinha

A cidade, que antes era apenas considerada como ponto de chegada ao Uruguai para os que iam visitar as famosas Punta del Este e Colonia del Sacramento, é ótima dica para um final de semana romântico; há uma grande variedade de horários de voos saindo de Campo Grande, com rápidas conexões em Guarulhos.

A lista de bons hotéis é vasta, principalmente agora, após a reinauguração do imponente Sofitel Montevideo Casino Carrasco & Spa, que conservou todo o glamour de sua bela construção de 1921 e que chama a atenção de todos que passam pelo bairro de Carrasco, um dos mais tradicionais da cidade. O hotel é lindo, não só o seu exterior, mas o que me encantou realmente foram os detalhes: seus lustres, os vitrais originais no teto da recepção, as flores lindas e frescas enfeitando o elegante salão do restaurante 1921, onde era servido o delicioso café da manhã ao som de música clássica, o conforto das suítes com vista para o Rio de La Plata, enfim, um local diferenciado pelo seu conforto e atendimento.

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Outra dica que vale a pena é a visita com almoço e degustação de vinhos da Bodega Bouza, muito próxima à cidade. O tour inicia-se às 11h e encerra-se 14h30. Destaque para um motorista que o busca e o leva de volta ao seu hotel para que se possa desfrutar plenamente dos maravilhosos vinhos produzidos pela Bouza, em local agradável, com atendimento muito atencioso e culinária bem elaborada. E falando em culinária, o que não falta em Montevidéu são bons restaurantes, como o UMI (fusão da culinária japonesa/ francesa e latino-americana), La Perdiz (espanhol), Francis (um dos mais conhecidos da cidade, agora com o novo Francis Carrasco - cardápio mediterrâneo, porém com opções da cozinha japonesa) e o meu preferido, o sensacional Tandory, com cardápio indiano, com ingredientes orgânicos, uma profusão de sabores, aromas e texturas que encantam da entrada à sobremesa. Me dá água na boca lembrar de tudo o que experimentei por lá... Para dar um toque cultural à sua estadia pela cidade, acrescente uma visita aos museus Blanes e Torres Garcia; confira também a programação de concertos e espetáculos agendados a serem apresentados no Teatro Solis (um dos ícones arquitetônicos do Uruguai) ou mesmo no Auditório Nacional del Sodre, ambos sempre com excelentes opções, além de toda a beleza e conforto da arquitetura interior, o que torna o programa ainda mais agradável. Para compras, Montevidéu não é realmente uma referência, não há lojas de grifes famosas, mas você encontrará as melhores lojas da cidade no Punta Carretas Shopping, considerado o mais completo. Tem ainda o tradicional Montevideo Shopping e o Tres Cruces, mais popular. Para finalizar, não poderia deixar de mencionar as caminhadas ao pôr-do-sol nas amplas calçadas que contornam a praia do Rio de La Plata, em toda a extensão da cidade, conhecidas como “Ramblas”, onde todos se encontram para apreciar a beleza desta orla, que faz com que Montevidéu fique ainda mais encantadora. Uma viagem muito agradável em qualquer época do ano! ∆

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Zé Pretim ∆

A banda do Ze Pretim chegou Zé Pretim sobe ao palco vestido de camisa, paletó e chapéu. Na nova formação, está acompanhado dos ótimos músicos Rodrigo Teixeira (baixo) e Ju Souc (bateria). Canta de olhos fechados, a voz forte, rouca, autêntica. Um canto que reverbera a essência do blues. Emociona vê-lo cantar Trem do Pantanal em versão ‘blueseira’. Essa é uma das principais características que fazem o som de Zé ser tão especial: ele transforma músicas populares, como Asa Branca e Juazeiro, em blues. Foi justamente por essa pegada que foi convidado do Jô Soares para uma entrevista em 2005. Autodidata, Zé Pretim começou cedo em Minas. Em CG, tocou no Rádio Clube; no Surian com a banda Zutrique; e depois pela cidade com Bosco, na banda Euphoria. “Depois disso comecei a tocar sozinho pelo Brasil afora. Se encontrava

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Texto | Thais Pompêo Foto | Divulgação

um parceiro tocava junto, se não, tocava sozinho. O negócio da música é encontrar um parceiro que seja leal”, conta. No repertório releituras de clássicos da música regional, repertório de blues, standarts, MPB, soul que vêm da tradição dos bailes, que ele fez muito. Desde 2004 tem se dedicado fielmente ao blues, e nesse estilo, virou mestre. “Sempre vivi da música. É muito difícil, só que eu sou teimoso”, fala fazendo graça. Este mês, a banda Zé Pretim Trio abre dois grandes eventos: o Festival de Jazz e Blues de Bonito (14) e o último e grandioso MS Canta Brasil (dia 23). “Vou fazer um puta show pra abertura do Ira”, confessa, com uma energia e animação de menino. Um ícone, uma lenda da nossa música. ∆


ATUALIDADE ∆

Festival de cinema movimenta cena

A segunda edição do Fest Cine Vídeo América do Sul rola entre os dias 30 de novembro e 7 de dezembro. Após algum tempo abandonado, fato interligado ao fim do Cine Cultura, o festival de cinema renasce na Capital, ganha ibope e traz novo fôlego para os cineastas do Estado. A presença ilustre do diretor-presidente da Ancine, Manoel Rangel, na abertura do evento denota a proporção que o festival vem tomando. Este ano serão exibidos longas produzidos no Paraguai, na Argentina e no Chile - valorizando a cultura do Mato Grosso do Sul, o intercâmbio com a América Latina e crescendo no cenário dos festivais audiovisuais. Texto | Ana Laura Azevedo Fotos | Maurício Copetti e divulgação

“Um festival local é de suma importância porque se não existe um evento desses, o diretor não tem onde exibir. A cadeia se completa a partir do momento em que você tem espaço na sua própria terra. É um espelho pra quem é daqui, ver o filme da terra, um termômetro pra saber o que o público está achando. Algo que me inspirou muito foi saber que o filme passaria aqui”, conta Maurício Copetti, diretor do filme que abre a mostra, Planuras. O filme, que demorou cinco anos para ser produzido, retrata peculiaridades do Pantanal sob um olhar questionador que afasta os espectadores dos estereótipos regionalistas. Um documentário “auto-retrato” que traz à tona o homem do Pantanal, seus aspectos míticos e sua paisagem líquida. Até o fechamento desta edição a programação estava sendo definida. "Os festivais são uma chance única de assistir a filmes que não entram na programação normal dos cinemas. Abrem o horizonte, fazem você perceber que cinema não precisa ser só um super-herói salvando o mundo de um vilão megalomaníaco. Ao ver na tela filmes latino-americanos, brasileiros, sul-mato-grossenses, com temas do cotidiano, que se relacionam com a vida de quem assiste, o cinema deixa de ser um espetáculo distante para se tornar um sonho possível", diz Essi Rafael, diretor que leva a sigla MS para vários festivais fora do Estado e está inscrito no FestCine com o curta "A TV está ligada". Este ano, o FestCine rola no UCI do Shopping Bosque dos Ipês. Até o fechamento dessa edição a programação nacional não havia sido fechada. ∆

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Lisboa, Série Reflexão


CULTURA ∆

Reconhecido e premiado internacionalmente, o fotógrafo e documentarista Marcelo Buainain ganha prêmio do Salão de Artes de MS com a série “Ebola”. Texto | Theresa Hilcar Fotos | Marcelo Buainain

Assim na arte como na vida

O fotógrafo Marcelo Buainain costuma arrebatar olhares emocionados dos espectadores, que reconhecem na sua arte muito mais que uma narrativa visual, mas a própria poesia do mundo traduzida em imagens inspiradoras e inquietantes. Ganhador de diversos prêmios, no Brasil e exterior, e com quatro livros de fotografias editados, o fotógrafo que deixou a medicina para retratar a humanidade faz da sua obra uma espécie de retrato social da nossa época e de várias culturas. Nas fotos em preto e branco, temas como a morte, o sexo, a promiscuidade, a insegurança, a perversão, o egoísmo, o sacrifício, o abandono, enfim, a degradação humana, são para ele uma oportunidade de reflexão sobre um assunto ao qual estamos todos vulneráveis. Depois de ter passado 10 anos na Europa, e há 12 morando no Rio Grande do Norte, Marcelo diz que ser reconhecido na própria terra é sinal de que “santo de casa também faz milagres”. Mas o trabalho deste artista sensível e ser humano excepcional não é apenas um milagre, mas a síntese de um documentarista capaz de revelar a alma do universo e transformá-la em uma forma de poesia. A Gente - Como foi seu primeiro contato com a fotografia? O momento em que você decidiu deixar a medicina para fotografar a humanidade? Marcelo Buainain - Meu primeiro contato com a fotografia é provável que tenha sido através das publicações da Geográfica Universal. Posteriormente, por intermédio do meu irmão mais velho, Nelson, recebi as primeiras orientações técnicas, inclusive herdando o seu laboratório que funcionava em uma pequena despensa de um apartamento no Rio de Janeiro. Deixei a medicina porque entendi que não tinha vocação para o exercício desta nobre profissão. A vida deve prevalecer! Por outro lado a humanidade deve ser documentada. Optei por este último, considero uma escolha sensata.

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AG - Muitas pessoas descrevem seu trabalho como sendo “pura poesia traduzida em imagens inspiradoras e inquietantes”. Com você percebe estes comentários? MB - É natural que diferentes pessoas e grupos sociais tenham percepções distintas sobre a vida no que diz respeito à ética, à política, à religião, à arte, entre tantos outros. Na realidade quando fotografo não intenciono inspirar e tampouco inquietar os diferentes públicos. O meu papel é documentar o que vejo, ou às vezes reconstituir momentos que observei mas por alguma razão não consegui captar. Acredito que seja mesmo o olhar individual que permita cada pessoa captar diferentes emoções. Esta leitura do público sobre o meu trabalho recebo honrado, sobretudo porque está em sintonia com os valores que acredito e defendo. AG - Sua fotografia tem sempre um aspecto social. Isto é uma escolha deliberada ou subjetiva?

Bahia - Série Ebola, premiada no Salão de Arte do MS.

MB - Mesmo optando por temas de cunho social, normalmente procuro realizá-los por meio de uma abordagem mais humanista, com um olhar que valorize o ser humano e não oprima-o ainda mais. Por vezes, no ato de fotografar, escapa-me esta auto censura, porém na fase de edição - que se traduz na seleção do que será apresentado ao público - evito revelar o que considero dramático ou imagens de cunho sensacionalista. O trabalho sobre a Índia é um bom exemplo deste aspecto, uma vez que ele foge do estereótipo da miséria, buscando essencialmente enfatizar a beleza espiritual de uma cultura milenar que tem os ensinamentos religiosos como prática filosófica. AG - Você disse que a série premiada no Salão de Artes de MS – Ebola – tem uma carga dramática, digamos assim, que normalmente não existe na sua obra. Por que você escolheu esse tema?

"Por um lado chegamos a um nível de desenvolvimento tecnológico que nos surpreende; por outro, em proporção muito desleal, avançamos muito pouco em direção ao bem-estar do planeta e da humanidade. O que mais pode se alastrar numa sociedade cada vez mais incubadora de doenças que molestam não apenas o corpo físico, mas também a mente, a alma...?"

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MB - A série Ebola Iconográfico é uma narrativa subjetiva, dramática, realizada ao longo dos dois últimos anos e agora alinhavada como uma espécie de auto catarse. Ano passado, num espaço de dois meses, em diferentes cidades e situações, fui vítima de dois assaltos à mão armada, sendo que o segundo ocorreu em Salvador dentro de um hotel boutique precisamente no dia da abertura de uma exposição escolhida para inaugurar a Galeria de Arte Alma. Uma experiência horrível, fui agredido com uma coronhada que implicou em alguns pontos na boca, e sem alternativas acabei abrindo a mostra com a cara inchada e os lábios costurados. Esse atual quadro de violência que se agravou nos últimos anos não é novidade. Há décadas o conteúdo das principais manchetes dos noticiários do mundo nos causa indigestão, tristeza, revolta e falta de esperança. Por um lado chegamos a um nível de desenvolvimento tecnológico que nos surpreende; por outro, em proporção muito desleal, avançamos muito pouco em direção ao bem-estar do planeta e da humanidade. O que mais pode se alastrar numa sociedade cada vez mais incubadora de doenças que molestam não apenas o corpo físico, mas também a mente, a alma...?


AG - A opção por morar num local mais isolado, no Rio Grande do Norte, tem algo a ver com seu trabalho? Você precisa de sossego para desenvolver seus projetos? MB - A opção de viver numa chácara foi determinada por uma necessidade de mudança de estilo de vida, diretamente influenciada pelas cinco viagens realizadas à Índia. Após dez anos fora do Brasil, já cansado do padrão de vida ocidental, do meu entorno profissional e de tudo que pudesse aprisionar o meu ego, precisava buscar um retiro para comungar com as nossas naturezas, a externa e a interna que está dentro de cada um de nós. Entre o barulho e o sossego não há dúvida de que prefiro o silêncio para a minha produção. Aliás, não suporto barulho, nem mesmo de televisão, restaurante e grandes aglomerados. AG - Como você recebeu a premiação no Salão de Artes de MS? Tem sabor especial o reconhecimento de sua obra na própria terra? MB - Recebo com alegria os resultados positivos de um concurso, embora eles sejam uma espécie de armadilha para o ego. Já os resultados negativos são mais indigestos, em especial quando abortam as possibilidades de se continuar um projeto quando o prêmio envolve verbas. Ser reconhecido na própria terra é bom, afinal “santo de casa” também pode fazer milagre.

AG - Aliás, por que você se inscreveu no Salão, mesmo sendo um artista tão premiado e reconhecido internacionalmente? MB - Estou fora do Mato Grosso do Sul há quase 25 anos. A maior parte da minha família vive no Estado. Nos últimos anos com a doença e morte do meu pai tenho procurado estreitar os laços com a minha família. Participar deste Salão, assim como realizar a exposição Mi Amas Vin, no MARCO em 2012, foram subterfúgios para estar mais próximo da família e dos amigos. AG - O que lhe chama mais atenção na hora de fotografar: a bondade do ser humano ou a sua degradação? A alegria ou o sofrimento? MB - Por uma questão ideológica tenho inclinação para o olhar sobre a degradação e o sofrimento humano. Documentar as condições da nossa espécie é uma forma de me posicionar na sociedade como autor. A fotografia, entre tantas funções na sociedade, é um instrumento de informação, denúncia e principalmente capaz de materializar a nossa história. ∆ O Salão de Arte de MS rola de 4 de novembro a 20 de fevereiro no Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul (MARCO). Acre - Série MI AMAS VIN, Menção Honrosa "Melhor Livro de 2012" no concurso internacional POY LATIN

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AGENDA ∆

CAMPO GRANDE ARTES PLÁSTICAS 04 de novembro a 20 de fevereiro Salão de Arte O Salão de Arte de MS é a mostra de artes plásticas mais disputada do Estado. Na edição 2014 destaque para os premiados Priscilla Pessoa (veja nossa última pagina) e Marcelo Buainain (nossa reportagem na editoria de cultura). É no MARCO, até dia 20 de fevereiro.

CINEMA 01 de novembro a 03 de dezembro Clássicos do Cinema – Cinemark O Cinermak traz de volta às telonas neste mês, grandes clássicos dos cinemas. Já é a quarta temporada de filmes antigos e marcantes que a rede apresenta. Desta vez, estarão em cartaz: Footlose – Ritmo Louco; Bonnie e Clyde: uma Rajada de Balas; Uma História de Amor; Scarface; e Uma Linda Mulher. A programação completa você confere no site do Cinemark. 04, 11, 18 e 25 de novembro Mostra Max Ophuls Max Ophuls já dirigiu cerca de 30 filmes e é considerado um importante estilista e mestre do cinema. Nesta mostra serão exibidos os quatros filmes tidos como os mais importantes da carreira do diretor. Carta de uma Desconhecida, Na Teia do Destino, Desejos Proibidos e Lola Montes. Na sala Audiovisual do Sesc Horto, às 19h30. 10 a 14 de novembro CineMis – Mostra de Cinema Italiano O CineMis deste mês apresenta a mostra de cinema italiano. Serão cinco filmes exibidos durante toda a semana. Baaria - A Porta do Vento, Cidade das Mulheres, Caros F... Amigos, Que Horas São?

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e A Comilança, respectivamente. De segunda a sexta, sempre às 19h.

SHOWS 15 de novembro Uma Noite em Las Vegas – Cover Elvis Presley O Hangar Live Music juntamente com a Augusta Life Store apresentam um show com um dos melhores covers do Elvis Presley do mundo. O evento ainda conta com a participação de Joaquim Seabra e a Orquestra Maravilhosa. Além de oferecer premiações para as melhores fantasias dos anos 60. É sábado, no Hangar Live Music, às 23h. 16 de novembro Almir Sater O artista volta às origens e sobe ao palco de CG neste mês de novembro. Com mais de 30 anos de carreira e 10 discos solo lançados, o cantor e compositor é considerado um dos maiores instrumentistas do país. Domingo, no Palácio Popular da Cultura. TEATRO 08 de novembro Falando a Veras O show do humorista Marcos Veras (Encontro com Fátima Bernardes e Porta dos Fundos) é um stand-up comedy no qual o comediante faz graça com simples acontecimentos do nosso cotidiano, com direito a números de dança. Com supervisão de Fábio Porchat (Porta dos Fundos), a peça chega na cidade para uma única apresentação. Sábado às 21h30, no Teatro Glauce e Rocha. 14, 15 e 16 de novembro Improváveis   A peça comandada pelo grupo teatral Barbixas de Humor volta a Campo Grande para mais três apre-

sentações. A peça, que é feita no improviso total e é interativa com o público, já atraiu mais de milhões aos teatros de todo o país. É sexta às 20h, sábado às 19h e domingo às 18h, no teatro Glauce e Rocha.

17 e 18 de novembro Seu Bomfim Monólogo baseado livremente na obra A Terceira Margem do Rio, de Guimarães Rosa. Mais informações no Extra Regional 29 de novembro Eduardo Sterblitch – Poderoso Castiga O comediante que faz parte do elenco do Pânico da Band, Eduardo Sterblich, apresenta a peça Poderoso Castiga. No enredo, o ator encarna um carismático pastor que tem o objetivo de exorcizar o mau-humor do mundo. É sábado às 22h30, no Diamond Hall. MODA 12 a 15 de novembro Feira Bocaiúva Moda Criativa e Design Artesanal O evento irá reunir marcas e coletivos de criadores, artistas, estilistas e profissionais ligados à arte e criatividade, e o mais legal: tudo produzido por artistas e estilistas do cerrado. Roupas, acessórios, objetos e móveis serão disponibilizados na feira, que conta com a participação de lojas como Touché Pop, Maloca Querida, Brechó Gaveta e mais. É de quarta a domingo, no Complexo Cultural da Estação Ferroviária – Esplanada NOB.



Os outdoors fazem parte da estratégia da nossa empresa por ser uma mídia impactante e muito abrangente; com pontos estratégicos conseguimos atingir nosso objetivo e nos comunicar com nossos clientes." CNS Calçados Depoimento: Renata Facioli

Utilizamos o outdoor por ser uma mídia de forte impacto visual. Na Zoom sempre encontramos bons pontos e assim conseguimos mostrar para nossos clientes que estamos com promoções e novidades. Cliente : Terno & Cia Depoimento: Valério Encina

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OUTDOOR

OUTDOOR & REVISTA A GENTE

ZOOM


O outdoor é uma peça chave para qualquer campanha em Campo Grande. Optamos por essa mídia para divulgar a campanha da La Dame e todas as marcas que ela representa com exclusividade pois sabemos que trata-se de uma mídia eficiente e que tem impacto imediato junto ao público alvo. Atrelado ao outdoor utilizamos também a Revista A Gente, porque o seu público leitor é formado por consumidores altamente qualificados e que se tornam propagadores da marca La Dame. A Zoom é parceira em todos os projetos desenvolvidos pela agência, pois possui ótimos produtos a serem oferecidos para os clientes e também conta com um atendimento excelente. Agência: Bmix - Cliente: La Dame Depoimento: Maria Braga

OUTDOOR

OUTDOOR & REVISTA A GENTE

no mercado

Para comemorar a chegada da Recco Lingerie no Shopping Campo Grande, utilizamos várias ações de marketing. Dentre elas, a veiculação de outdoors em pontos estratégicos na cidade para alcançar nosso público alvo. E nesse aspecto, optamos pela Zoom que correspondeu perfeitamente aos nosso objetivos. Além disso, o atendimento é impecável e a forma de pagamento flexível. Tudo sem burocracia para atender de forma satisfatória e dinâmica os empresários da capital. Cliente : Recco Lingerie Depoimento: Juliana Pierin.

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PERFIL ∆

Família EngelSOUZA Muito antes da onda de vida saudável surgir, já existiam pessoas interessadas em alternativas equilibradas de alimentação. Em Campo Grande, uma das primeiras opções foi o restaurante Viva a Vida, com um cardápio ovo-lacto-vegetariano. Conheça um pouco da história dessa família. Texto | Ana Laura Azevedo Foto | Lucas Possiede

Na esquina a casa de tijolinho com janelas verdes já é um ponto tradicional. Desde o Parque dos Poderes até a Barão de Melgaço são trinta anos de história e dedicação. “E trinta anos, não são trinta dias”, frisa Alfredo com um sorriso plácido no rosto. À frente do restaurante Viva a Vida, uma família. Não basta dizer que as sócias Mariana e Tatiana assumiram o negócio do pai e fundador, Alfredo. Aqui cada um tem em seu papel uma presença marcante e uma função a desempenhar. Sempre em família. Alfredo é formado em comunicação pela USP, trabalhava na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, quando surgiu uma oportunidade de abrir um restaurante para atender a academia de polícia, no clube dos servidores. Alfredo e um sócio resolveram encarar o desafio. Ao optar por um restaurante de orientação vegetariana, foram até mesmo questionados. “Na terra da carne?”, lembra ele. A escolha que surpreendeu no início, se deu por filosofia de vida. A receita funcionou por muitos anos, mas hoje quem almoça lá encontra carne. “Abrimos o cardápio para poder atender aos casais. Porque notamos que havia esta necessidade e deu muito certo”, explica Alfredo. As filhas Mariana, nutricionista, e Tatiana, arquiteta, são as atuais responsáveis pelo restaurante, mas, mesmo aposentado, o pai não para. “Nossos clientes tem uma história conosco

e quem vem aqui quer vê-lo. E se ele não vem todo mundo pergunta”, conta Mariana, que desde a infância interage com o restaurante. Desde a recepção até a cozinha, ela sempre teve paixão por penetrar nesse universo. Acabou escolhendo uma formação que possibilitasse um retorno às suas origens. A organização deles é como um relógio, sempre com dois deles em rodízios funcionais. Os empregados são prata da casa e normalmente se aposentam por lá. A prioridade pelo padrão de qualidade é notável em cada detalhe. Tudo isso explica o marketing boca a boca que há anos vem sendo o carro chefe da casa. Familiar sim, caseiro não. E a experiência tem peso: “Já tive outros estabelecimentos concomitantes, trabalhamos freneticamente e ganhamos dinheiro. Hoje, queremos a tranquilidade de ser dono do próprio negócio, sem perder nossa qualidade de vida”, diz Alfredo. Além do restaurante, que só fecha aos sábados, existem as opções de marmita e kits alimentares baseados em calorias, serviços com mais de dez anos de funcionamento. Algumas tradições são valorosas. Campo Grande ganha quando famílias se unem para enriquecer a prestação de serviços da cidade. Quem entra pela porta do Viva a Vida sempre pode ter a certeza de que além do alimento de excelência, a tradicional balinha de banana de brinde estará lá, como tem sido desde o primeiro dia nos últimos trinta anos. ∆

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ECONOMIA ∆

Texto | Marcelo Karmouche Administrador e Consultor de Investimentos

Mitigar riscos O êxito em qualquer desafio ou problema depende, primordialmente, do nosso estado de espírito. Este, por sua vez, é alimentado pelas decisões que escolhemos, em razão do livre-arbítrio que confere liberdade para fazermos as nossas escolhas. No mundo dos investimentos financeiros, risco é a chance de você não ganhar, no futuro, aquilo que esperava no momento em que decidiu fazer sua aplicação. O risco é avaliado por cinco perspectivas diferentes: Mercado, Crédito, Liquidez, Operacional e Legal. O risco de mercado é medido pela oscilação dos preços dos ativos e é chamado de volatilidade. Quanto maior a volatilidade, mais risco tem a aplicação. De uma forma geral, títulos de renda variável são mais arriscados do que títulos de renda fixa. Como o prazo da aplicação também é um fator de incerteza, quanto mais longo for o vencimento de um título, maior o seu risco de mercado. O risco de crédito é a possibilidade de você não receber de volta sua aplicação porque o emissor do título ou a contraparte da sua aplicação não teve como pagar. Esse tipo de risco é difícil de ser estimado e envolve uma série de fatores subjetivos. Por exemplo, as agências de classificação de risco Moody’s, Fitch, Standard and Poor’s geram uma classificação que mede o grau de risco do país ou empresa saldar sua dívida: o AAA é o de menor risco e CCC é de maior risco retorno. O risco de liquidez é a chance de você ter que se desfazer de seus investimentos em um mau momento. Considere, por exemplo, um imóvel. Como as transações são raras, demora-

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das e dispendiosas, se você precisar vender rapidamente um imóvel você pode ser obrigado a aceitar um grande desconto ou valor abaixo do mercado. O risco operacional está relacionado com os erros de execução das suas ordens de investimento. Por exemplo, você pode dar uma ordem de compra de uma determinada ação para sua corretora a um determinado preço e constatar, mais tarde, que ela não foi executada por algum problema ou na liberação de um pagamento. E, finamente, existe o risco legal que decorre da falta da formalização correta dos seus investimentos ou mesmo o descumprimento contratual. Assumir o risco significa aceitar as consequências dos seus investimentos sem desconforto emocional ou medo. Isso significa que você deve aprender como pensar sobre o seu investimento, e como se relaciona com os mercados de tal modo que a possibilidade de estar errado, de perder, de deixar passar uma oportunidade não acione os mecanismos de defesa mental que tirem seu equilíbrio. Não lhe fará nenhum bem investir com medo das consequências porque seus medos irão influenciar na sua percepção das informações, e em seu comportamento, de forma a levá-lo a criar a experiência que você mais teme, aquela que você está tentando evitar. A perda. ∆


ARTIGO ∆ Texto | Elenara Baís, Personal e Professional Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching, Psicóloga, Consultora de Recursos Humanos do Instituto Vitória Humana

Nos Des...Envolvendo. Mulheres empreendendo. O privilégio de ser avó, a mim generosamente concedido pela existência, me comove a cada dia de convívio com netos e netas. Pela condição de mulher, a relação com as netas se torna especial entre perguntas e respostas, roupinhas de boneca e encantos de olhares e palavras que dimensionam instâncias novas e mais bonitas de meu espírito que com elas tanto se alegra. Também me remete a antigas memórias e renovadas riquezas da relação com minha avó, quando eu também tinha por volta de cinco anos. Ela fazia crochê e eu sentava ao seu lado, pelo simples prazer de sua companhia. E ela me oferecia a incrível e desafiadora tarefa de desenlear, com a ajuda de uma agulha de crochê e a sua supervisão, emaranhados enormes de linhas coloridas. Ali, ao seu lado, o tempo passava sem que eu notasse enquanto procurava identificar as diferentes texturas, cores e as inúmeras voltas de cada fio que entrava e saía na relação maluca com os demais fios que lhe envolviam, alem dos nós a serem desfeitos com paciência e cuidado para entregar-lhe meadas organizadas em pequenos novelos que ela me ensinava a fazer entre os dedos. Hoje, em diferentes momentos da vida pessoal e profissional, me deparo com a necessidade de encontrar em mim os mesmos recursos que a partir daqueles momentos passei a buscar e treinar e, porque são úteis, continuo ainda buscando e treinando. Um propósito claro e definido, foco, alguma habilidade e vontade de desenvolvê-la, alguém próximo para pedir ajuda e perguntar quando preciso, paciência, constância e perseverança, que são os elementos constitutivos da

disciplina, somados à disposição e vontade de conseguir para comemorar o desafio superado. Há um tempo próximo de duas décadas trabalhando com desenvolvimento humano e organizacional, percebo no escopo deste trabalho que é tanto interior quanto formal e externo a mim, a constante necessidade de des...envolver o que está envolto, de alguma forma por fios às vezes quase imperceptíveis num primeiro olhar. Acho mesmo que minha avó, ao entregar-me os emaranhados de fios de fato me presenteou com algo de uma disposição empreendedora que vem me fortalecendo numa caminhada de buscas e descobertas, e nestas, a renovação do encanto ao que possa ser de fato, empreender, desde as pequenas ações até as mais ousadas realizações. Um proposto bem definido, identificação dos recursos necessários, a busca e reunião de informações úteis a este propósito, o foco e a disciplina que juntos transformam os inicialmente abstratos propósitos em concretos resultados ao final de cada etapa. E, na gestão dos recursos humanos... Novamente o emaranhado de fios coloridos a ser desenleado com algum conhecimento, selecionados recursos tecnológicos e indispensável amor, porque sem este elemento não há como se obter o movimento necessário ao longo do tempo. Por mais incríveis que possam ser os resultados, talvez o mais encantador e divertido seja o fato de que desta forma, independente da idade que tivermos, desenvolvemo-nos. ∆

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ARTIGO ∆ Texto | Ariadne de Fátima Cantu da Silva, Procuradora de Justiça e escritora.

O Táxi é um Divã (uma história com a cara do Brasil) Taxista é um tipo sempre curioso. Se quer ouvir a voz do povo de um lugar, escute um deles. Um falante, claro, pois taxista conheço apenas dois tipos: os que não falam, e os que falam. Treinados pela escuta atenta da voz da rua, conhecem e entendem um pouco de tudo, e são o termômetro para muitos assuntos. Aliás, acho que o INMETRO deveria sempre consultá-los para o controle de qualidade das coisas. Qualquer coisa, pois pela convicção e fluência verbal dos tipos falantes, tenho a sensação de que sabem mesmo de tudo. Com os olhos à deriva do trânsito, formam -se na universidade da vida, e parecem enxergar o que ninguém mais vê. Como nunca ouvi nenhuma criança dizer que vai ser taxista quando crescer, acho que se tornam taxistas por uma confluência de fatores e ausência de outros. Isso parece ser uma regra mundial. Para os colecionadores de histórias, são sempre um prato cheio. Em Nova York, por exemplo, em meia dúzia de táxis, pode-se encontrar mais histórias do que no livro das mil e uma noites. Sua casa é a rua, e os clientes sua família extensa. Os mais carentes vão conversando mesmo sem se importar se estamos ou não interessados na conversa. E em verdade, nunca estamos. Para estes, a corrida é praticamente uma sessão de terapia. Sem ver o rosto do interlocutor, o falante sente-se como se estivesse no divã, e sem constrangimento, confidencia traumas e desejos.

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Outro dia peguei um táxi de manhã cedinho, e no trajeto dos 15 km entre minha casa e o aeroporto, o taxista me contou sua vida inteira, o que foi providencial, pois me fez despertar do estado quase catatônico que me acomete na meia hora seguinte ao acordar. Um pedaço da vida nos Estados Unidos, um filho americano, uma filha brasileira formada em biologia com mestrado na Inglaterra desempregada, e um desejo frustrado por nunca ter chamado alguém de pai. Indignado com o governo como todos, falou mal de gregos e troianos, queixou-se que a filha estudada não tem lugar neste País, e finalizou afirmando que perdeu tudo na América quando foi deportado, mas espera ansioso o filho completar 18 anos para ter direito à cidadania americana e voltar. – Aqui não somos tratados com respeito. – Fui adotado e depois abandonado. Minha mãe me trocou na maternidade por um pacote de cigarros. – Quero poder dar a meus filhos o que eu não tive: respeito. Não ressente-se da vida, acha mesmo que quando chegar na América com 63 anos, “meio gasto” como disse, estará vivendo um presente, e emendou: – Somos um milagre da biologia. Minha filha me explicou: uma luta de tantos espermatozoides! – Vencemos e estamos aqui. Sou grato por isso, mesmo que eu morra sem poder chamar alguém de pai. A sessão de terapia dele acabou na chegada ao aeroporto, e ainda fui eu quem pagou a conta. Mas não saí de mãos vazias. Ganhei a história, e não precisei comprar revista. ∆


MEMÓRIA ∆

Texto | Eddson C. Contar Jornalista/pesquisador/escritor

Rastros seculares de dominação grega, romana, bizantina, turca...

LÍBANO UMA INDEPENDÊNCIA QUE NUNCA SE CONSOLIDOU

País que tanto sofreu com a passagem dos sumérios, assírios, caldeus e mais recentemente os franceses. Ao completar 70 anos de sua declaração de independência, ainda pena em mãos estranhas, ocupado ou invadido por vizinhos, manipulado por nações que fomentam a desunião entre irmãos, buscando nas diferenças religiosas os motivos para confrontos fraternos, com objetivos que vão desde os interesses de suas indústrias bélicas à conquista do seu solo sagrado, além do radicalismo sionista e fundamentalista que tantas feridas causam em seu solo e que constantemente ameaçam sua segurança. E, também, a interferência política de seus vizinhos e irmãos árabes, cujas desavenças acabam por envolver o pequeno e lindo país dos cedros. Acolheu sírios, armênios, mardins, palestinos, e muitos outros povos que vinham sendo massacrados por inimigos, cujas lembranças ainda guarda em seu solo. E sempre, o espírito fenício tem sido mais forte e persistente. E a cada agressão, destruição e sofrimento, reage como uma Fênix, fazendo ressurgir sua beleza, reconstituindo sua fé e redobrando sua vontade de manter-se como uma ilha de paz em meio às desavenças vizinhas. No entanto, atravessando um momento delicado em sua história, urge que governo e oposição dialoguem sem pré-condições para formação de um governo de união nacional, elaborando uma política de defesa que abrigue uma só bandeira, cujas cores envolvam, acima de tudo, o bem-estar sócio econômico do país e a verdadeira independência do seu povo. E assim, na imagem do seu cedro milenar, ele fincará raízes cada vez mais fortes, buscando sua liberdade e a felicidade do seu povo, e será sempre a joia do oriente médio, pronta a acolher os que nele buscarem o ombro amigo, o teto e a mesa farta que abrigue, alimente e reanime suas almas, desde que venham em paz! Que Deus abençoe sua gente e ajude que o Líbano possa realmente festejar sua liberdade e paz em seu solo sagrado! INSHALA!!!! ALHMDULILÁH!!!! ∆

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ACONTECEU ∆ Para comemorar a chegada da Recco Lingerie, a marca do amor, no Shopping Campo Grande, o casal Juliana e Júlio Pierin receberam os amigos e convidados para um coquetel de lançamento no dia 18 de outubro. A marca, que está no mercado há 35 anos, é uma referência no segmento e está em plena expansão pelo país, chegando ao Estado para oferecer um mix de produtos diferenciados e com qualidade a toda família. A loja está localizada no térreo do Shopping Campo Grande. 1- Casal Juliana e Júlio Pierin; 2- Equipe Recco Lingerie: Sueli, Juliana, Denise, Ruth, Vivian e Cristiane; 3- Vera e Nádia Eidt; 4- Ana Ruas e Alexandra Camilo; 5- Mariana Vechiato e Carol Lúcio; 6- Isabela e Caroline Cavalli; 7- Patrícia Albuquerque. Fotos | Gabriela Bernardes

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Priscilla Pessoa www.atelieppp.blogspot.com

Crédito da foto: Ado Biagi

Pelo terceiro ano consecutivo, Priscilla Pessoa foi premiada pelo Salão de Arte de MS – o mais disputado da região. A obra acima, João, faz parte da série Ikon, selecionada pelo Salão. Cenas do cotidiano feitas com a tradicional técnica óleo sobre tela salpicadas de iconografia cristã. No MARCO.

Sua foto ou ilustração pode estar aqui! Envie para redacao@revistaagente.com.br

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