Outubro 2014

Page 1

edição 160 | OUTUBRO | R$ 12,00

Os alimentos funcionais e a reinvenção da cozinha Mais do que bonita, uma casa pode ser saudável, com Carlos Solano Um editorial de moda inspirado no calor tórrido que faz na nossa terra Uma artista incansável em busca de um mundo mais inspirador, tocado pela arte e pela sensibilidade do olhar

ANA RUAS




Vamos pensar em um mundo ideal onde a comida que nos alimenta seja saudável, nutritiva e deliciosa; onde a casa seja muito mais que bonita, tenha alma; onde a arte seja democrática e possibilite olhares sensíveis e atentos capazes de mudar o mundo. Que as pessoas buscassem o ser ao invés do ter. É exatamente assim que esta edição está. Na capa, Ana Ruas - uma gaúcha que tem trabalhado incansavelmente pela sensibilização do olhar, não apenas para as suas telas, mas para toda uma sociedade e o mundo ao redor. Uma trajetória incrível que há quase 20 anos tem transformado um pouquinho a cidade. Indo em direção ao microcosmo, pense no conceito saúde da casa. É esse o tema da entrevista com Carlos Solano, arquiteto, expert em feng shui e tradições populares para deixar a casa mais feliz. Segundo Solano: Tudo que faz bem para o corpo faz bem para a alma. Mas, o que estamos ingerindo? A Gente levanta os conceitos da cozinha funcional, ela que tem reinventado receitas e nos deixado tinindo de energia. Inclusive, traçamos uma rota saudável com os melhores lugares onde você encontra alimentos orgânicos e saudáveis na cidade. E outubro, claro, tem dia das crianças. Pensando nos pequenos, preparamos uma reportagem especial: jardinagem para crianças, um retorno à terra e ao tempo natural das coisas. E ainda, uma reflexão sobre tradição e marginalidade na cultura sul-mato-grossense, nesse mês em que nosso Estado faz 35 anos de idade. Pra você, uma boa leitura! Equipe revista A Gente

DIRETORA EXECUTIVA Rosane Maia

Julia de Miranda Ana Laura Azevedo

DIRETORA COMERCIAL Elaine Atala

REVISÃO Fernanda Giglio

EDITORA DE ARTE E PROJETO GRÁFICO Marisa de Sena Nachif

FOTOGRAFIA E TRATAMENTO DE IMAGEM Lucas Possiede

EDITORA DE TEXTO E CONTEÚDO Thais Pompêo - DRT 0001030/MS

estagiáriOS Tatyane Cance (texto) Flávio Gutierrez (imagem)

EDITOR DE MODA E BELEZA Luiz Gugliatto

ASSINATURA E DISTRIBUIÇÃO Janaina Correa

REDAÇÃO Thais Pompêo Natália Charbel

FINANCEIRO Sonia Croda

4 | OUTUBRO 2014


ATITUDE ∆ LIFESTYLE 20 | CASA 66 | PERFIL 100

LANÇAMENTOS ∆ SHOPPING 36

TENDÊNCIA ∆ BELEZA 52 | NÉCESSAIRE 54

COMPORTAMENTO ∆ ARTIGOS 72, 102, 103, 104 | MEMÓRIA 105

GENTE ∆ ESPECIAL 16 | ACONTECEU 106, 108

BEM-ESTAR ∆ SAÚDE 58 | NUTRIÇÃO 60

ELA | ANA RUAS ∆ CAPA | 30

EDITORIAL

FALE COM A GENTE R. Doutor Zerbine, 37 CEP 79040-040 Chácara Cachoeira 67 3322 7400 redacao@revistaagente.com.br www.revistaagente.com.br ASSINATURA assinatura@revistaagente.com.br 67 3322 7400 ANUNCIE comercial@revistaagente.com.br BANCAS Aeroporto Itanhangá Park Letras du Café - Jd. dos Estados Pão e Tal Shopping Campo Grande Santa Fé (Av. Mato Grosso - Loja Anita

∆ MODA 42

CULTURA ∆ Música 88 | AGENDA 94 | DICAS 24, 26, 28

DELÍCIAS ∆ GASTRONOMIA 64 | KIDS 74 | TEEN 76

PRAZER ∆ VIAGEM 84 Fotografia | Lucas Possiede Direção de fotografia | Marisa Nachif

OUTUBRO 2014 | 5


LEITOR Vi a capa da revista. Que linda, adorei, muito obrigada pelo convite! Maria Fernanda Brum, capa revista A Gente de outubro, via email

A revista A Gente simplesmente arraaaaasa! Fran Zamora, via facebook

Linda capa! Parabéns! Quando for a Campo Grande, vou comprar a revista. Flavio Benites, via facebook

Sou fã da Glória Coelho e adorei vê-la na revista. Tudo de bom! Carla Pedreira, via facebook.

Quem tem filho sabe como é difícil arrumar o que fazer com as crianças. Agradeço as dicas que a revista A Gente sempre dá na coluna Kids.

@

GENTE ON

AQUI

Amanda Rezende, via facebook.

Parabenizo a revista pela Sala de Leitura na Casa Cor MS. O espaço ficou lindíssimo, e as imagens penduradas na parede mostram quão longo é o caminho que a A Gente já percorreu. Fotos belíssimas de matérias muito interessantes. Vida longa a essa publicação tão importante para a nossa Capital! Thiago Tales, via email.

Adorei a receita do Bolo de Frutas - super natural e nutritivo. Uma delícia! Rosane Graça, via facebook.

Curta a Revista A Gente no facebook e siga no Instagram @revistaagente e twitter @agenterevista para ficar por dentro das matérias mais comentadas, conteúdos exclusivos, agenda cultural e nossas promoções.

+ DE VOCÊ Participe da nossa revista e dê sua opinião. Comente as reportagens e mande suas sugestões de pauta. redacao@revistaagente.com.br

COLABORADORES Rosana Cristina Zanelatto Santos

Rosana é Doutora em Letras pela USP, pesquisadora do CNPq e da FUNDECT e um dos grandes nomes da Academia de Letras e Literatura da UFMS. Nos últimos anos, a paulista, que vive há mais de duas décadas em Mato Grosso do Sul, tem dedicado cada vez mais seus estudos à literatura e cultura da região. No mês em que comemoramos a divisão do Estado, ela levanta o debate super pertinente sobre tradição e marginalidade.

Fernando Filho

fotógrafa Katya Niranjana Nova

Descendente de uma família tradicional quando o assunto é salão de beleza, Fernandinho, como é mais conhecido, é maquiador e cabeleireiro de muito talento. Um garoto antenado de 24 anos que trabalha no salão da Wanessa Simonetti, adora música e ama café. Neste mês assina a beleza do editorial de moda, que está um arraso.

6 | OUTUBRO 2014

Tapasvini Angela

Angela encontrou o yoga há 10 anos, e junto com ele uma oportunidade de esperança, força e alegria. Em 2008/09 fez seus primeiros estudos avançados em Barcelona, Espanha e então começou a compartilhar essa experiência com seus alunos. De volta ao Brasil, fundou o Yoga Mandiram em 2011. Lá ela criou uma aula linda que mistura jardinagem e yoga para as crianças. Um trabalho que você conhece nesta edição.



8 | OUTUBRO 2014

Usando a hashtag #revistaagente no seu pr贸ximo post, sua foto pode vir parar aqui.

A Gente est谩 de olho no Instagram!



MAKING OF 10 | OUTUBRO 2014



Banda do Mar em Dourados A sensação do momento, a Banda do Mar - formada por Marcelo Camelo, Malu Magalhães e Fred Ferreira vai tocar em Dourados este mês. E em Campo Grande? Você deve estar se perguntando... Não, aqui, não... Uma pena. Mas voltando a Dourados, o show rola dia 17 de outubro, logo na primeira semana da estreia nacional da turnê, no Parque do Lago. Mais legal ainda: o show organizado pela UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) terá entrada gratuita. Na playlist: a viciante ‘Mais Ninguém’ e ‘Hey Nana’, além de algumas canções dos trabalhos solo do casal. #partiudourados

From Campo Grande to Chicago Whisky de Segunda saiu da terrinha para cantar e gravar seu novo álbum na terra do blues. O novo trabalho da banda,com 10 músicas, sendo quatro composições autorais e seis reinterpretações, foi produzido por Breezy Rodio, guitarrista de Chicago. A parceria rendeu bons frutos e já está na agenda até uma possível turnê da banda pelos Estados Unidos no final do ano que vem. O disco está repleto de participações especiais, como Bill Overton (saxofonista da Orquestra de Chicago), Lurrie Bell (grande guitarrista e vocalista), Carl Weatherby, Jen Willians e muito mais.

Mostra de Cinema Sul-mato-grossense No mês em que se comemora a divisão do Estado, o CineMis realiza uma mostra especial reunindo vários filmes para contar a história de MS no cinema ao longo dos anos. O diretor e curador Airton Raes selecionou obras das décadas de 60, 70, 80 e de agora. Na lista estão: “Selva Trágica” (1963) de Roberto Farias, “Caçada Sangrenta” (1974) de Ozualdo Candeias, “Comitiva Esperança” (1985) de Wagner Carvalho e os recentes “500 Almas” (2004) de Joel Pizzini, “A Academia” (2013) de Daniele Girelli, “Smile” (2013) de Camila Machado e Steffany Santos, “Redhookers” (2013) de Larissa Anzoategui entre outros. De segunda a sexta (13 a 17 de outubro), sempre às 19 h, no Museu da Imagem e do Som. Imperdível!

EXTRAS Fotos | Divulgação

Toca Mais Lulu Ele é um clássico. E depois de passar por Bonito, no Festival de Inverno, Lulu Santos volta para o cerrado em um clima mais intimista para apresentar seu show Toca Mais Lulu em Campo Grande, no início de novembro. No setlist, seus maiores sucessos, como Tempos Modernos, Toda Forma de Amor e Um Certo Alguém. O show acontece no sábado, dia 1º de novembro, às 22h no Diamond Hall.

12 | OUTUBRO 2014

REGIONAL ∆



NACIONAL ∆ No Ar Coquetel Molotov A 11ª edição do No Ar Coquetel Molotov que acontece em Recife terá shows como Russian Red, Flora Matos, Phil Veras, Bok Bok, Karina Buhr e mais. Pra quem não conhece, o festival surgiu da iniciativa de estudantes da cidade de Recife que, insatisfeitos com a cena cultural local, resolveram criar seu próprio evento e levar para a cidade as bandas que, se não fosse pela iniciativa deles, jamais tocariam por aquelas bandas. Agora, depois de 10 anos no ar, o festival já é referência quando o assunto é música alternativa. Dia 11 de outubro na Coudelaria Souza Leão. Dá bobeira não! Ingressos à venda através do site www.eventick.com.br/noarcm. Conversas de Graciliano Ramos O Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo preparou uma excelente exposição sobre um dos grandes escritores brasileiros: Graciliano Ramos - eternizado pelo seu grande romance Vidas Secas. Conversas de Graciliano Ramos revela a trajetória e as opiniões do escritor sobre temas como política, desníveis sociais e econômicos do povo, o cangaço, o comunismo, o capitalismo, o modernismo, a literatura e as artes. A mostra é totalmente audiovisual e apresenta 12 peças produzidas especialmente para o MIS. A exposição segue até o dia 9 de novembro e é altamente recomendada.

Salvador Dalí em SP São Paulo recebe este mês a mostra que deu o que falar no Rio de Janeiro, quebrando recorde de público: a retrospectiva do pintor surrealista Salvador Dalí. Na capital paulista a exposição entra em cartaz no dia 19 de outubro, no Instituto Tomie Ohtake. A mostra contará com cerca de 150 itens do artista, entre pinturas, gravuras, desenhos e filmes. Coisa linda!

Show Kings of Leon no Brasil A banda americana Kings Of Leon desembarca no Brasil em novembro. Eles tocam em São Paulo e no Rio de Janeiro, nos dias 1º e oito de novembro, respectivamente. No setlist, o último álbum da banda, intitulado Mechanical Bull, lançado em 2013, além dos sucessos como Use Somebody, claro. O festival ainda conta com a presença de bandas como Paramore e as nacionais Titãs e Nação Zumbi.

14 | OUTUBRO 2014



16 | OUTUBRO 2014


ESPECIAL ∆

Para a casa ficar mais feliz

Mais do que bonita, mais do que sustentável, uma casa pode ser saudável. É o que diz o arquiteto, escritor, especialista em Feng Shui e colunista da revista Bons Fluidos, Carlos Solano.

Nascido em Bela Vista, Solano foi para Minas Gerais com apenas seis meses de idade, mas confessa que a cada vez que visita o Estado, a sensação é de muita alegria e ternura. “Adoro esta cidade”, disse, referindo-se a Campo Grande, onde cumpriu extensa agenda de trabalho em sua última visita. Convidado para dar palestra na Casa Cor MS, o arquiteto aproveitou a ocasião para lançar o livro “Casa Natural” (coletânea de textos com receitas populares para harmonização da casa), participou de oficinas sobre ervas e plantas e ministrou um curso sobre Feng Shui. Em sua opinião, o lugar onde se mora precisa ser significativo e não apenas funcional: “Temos que olhar a morada além das paredes e do design”. Cheio de energia, histórias e muita alegria, Carlos Solano recebeu a revista A Gente para um bate-papo no espaço On Namastê, marca que é parceira na elaboração do seu novo livro. A seguir, trechos da nossa agradável conversa.

De onde surgiram as receitas que você coloca na coluna e estão no seu livro “Casa Natural”? Quando me pediram para escrever uma coluna sobre lendas, viajei para o interior e fui conversar com as pessoas antigas, benzedeiras, parteiras. Descobri que existe um universo imenso, inesgotável de conhecimentos que estão se perdendo com o tempo. As receitas, experiências, orações, poesias, os cuidados com a casa que eram feitos antigamente, até hoje fazem muito sentido. Limpar a casa, ou tomar banho, com chá de alecrim, por exemplo, traz alegria para o ambiente e para a pessoa. São coisas muito simples que pouca gente sabe.

O que levou você a optar por este caminho ecológico? Desde a faculdade, na UFMG, eu era insatisfeito com a abordagem da arquitetura comercial. Antes mesmo de me formar, montei um grupo para estudar bioarquitetura, algo sobre o qual na época ninguém falava. Com a arquiteta chinesa Ping Xu, doutora em Feng Shui nos Estados Unidos, descobri um novo caminho, uma nova abordagem, diferente da nossa, que é muito cartesiana. Inspirado por ela, viajei até a China para estudar o Feng com professores locais. Foi um aprendizado emocionante. Na volta escrevi meu primeiro livro sobre o assunto. Através dele fui convidado pela revista Bons Fluidos para fazer uma coluna sobre cuidados com a casa.

Texto | Theresa Hilcar Foto | Lucas Possiede

Estas coisas não são consideradas crendices? Na verdade, muita gente acha. E até desconsidera. Mas temos duas vertentes: uma é o resgate ecológico, que é fundamental. Estas receitas carregam esse viés ecológico, porque não agridem a pele, a casa ou a natureza. Elas não poluem o ambiente. Na época atual vivemos numa crise ambiental, então faz sentido. É uma forma de cuidar da casa mais sustentável e agradável. O outro viés é através das orações, que não têm nada a ver com superstição, mas com intenção. A intenção é a base de todo o trabalho. Jogamos com a intenção o tempo todo. Quando você arruma uma cama com carinho, você está colocando uma intenção lá. Do mesmo modo quando você arruma de qualquer jeito. As pessoas fazem isto inconscientemente. Então é preciso aprender a prestar atenção na intenção (risos). Simplicidade rima com felicidade. O simples é um grande desafio diante da vida agitada e corrida, mas esse caminho de resgate é fundamental.

OUTUBRO 2014 | 17


A casa pode influenciar no comportamento das pessoas? Com certeza! Não só a casa, mas as ruas, avenidas, cidades, enfim, dialogamos com o ambiente. As pessoas não ficam atentas para isso. Estão vivendo em ambientes que não combinam mais, carregando um peso que pertence ao passado. Por isto que a gente sugere a terapia do destralhamento. É um excelente trabalho (veja o box). Este trabalho é uma eliminação de toxinas da casa, coisas que não funcionam mais intoxicam a nossa vida e só ocupam espaço. Segundo o Feng, somos ligados aos objetos que possuímos (coisas que foram da nossa avó, que ganhamos de pessoas queridas, objetos de viagem, etc) e cada peça fala de um momento da sua vida. Mas se as histórias passaram, não justifica permanecer com essas coisas. A menos que seja algo com que você tem grande ligação de afeto. Mas é importante dar espaço ao novo, e fazer o destralhamento é simples, só depende da vontade. É um coringa que todo mundo pode fazer. Se você está com problemas de saúde, relacionamento, faça isso e veja como as coisas melhoram. Você falou em sua palestra sobre os cinco pilares de uma casa. Quais são eles? Este é um conceito de um arquiteto austríaco, Hunsdertwasser, em quem me inspiro. São eles: a casa/corpo, casa/vestuário, casa/morada, casa/cidade e casa/planeta. A casa/corpo é nossa casa mais próxima, fundamental. Não conseguimos pensar na casa planeta, se nós não olharmos antes para nossas casas menores. Quem não cuida da casa/corpo minimamente, não consegue levar essa consciência para outras casas. A casa/vestuário é uma expressão da nossa pessoa

consciente ou não. As imagens que colocamos no corpo nos transformam. As cores no vestuário, por exemplo, são muito importantes e podem ser usadas de forma terapêutica. Vários cientistas já comprovaram os efeitos das cores em nossa saúde. A casa/cidade é o que você também chama de casa natural? A casa/cidade tem a ver com a qualidade de vida, poluição, degradação visual. Temos que olhar nossas cidades. Campo Grande, por exemplo, ainda tem boa qualidade de vida; o ar não é poluído, como nas grandes capitais. A degradação visual é muito séria. A degradação ambiental está diretamente ligada à degradação moral. Quando as pessoas vivem num ambiente degradável – ruas sujas, quebradas – acontece uma degradação nas pessoas. Esse é um cuidado que deve ser feito pelos governos e também por cada pessoa. Por exemplo: não jogar o lixo nas ruas, plantar uma árvore para criar um clima mais agradável e embelezar a paisagem. A casa/ morada é o espelho da nossa alma e diz muito sobre as pessoas que a habitam. Ela é o lugar da nossa regeneração e precisamos dela como porto seguro, por isso temos que cuidar bem dela. A casa/planeta, na sua visão, é a mais importante. Por quê? É a casa com a qual menos nos relacionamos no cotidiano (nem lembramos que estamos sobre essa bola que flutua no espaço), mas dela dependemos em todos os sentidos: o ar, a água, a terra (o alimento), os materiais com os quais construímos os objetos e as outras casas... Tudo provém dela. Por isso o cuidado com a natureza é essencial.

Já ouviu falar em toxinas da casa? Pois elas são: objetos que você não usa, roupas que você não gosta ou não usa há um ano, coisas feias, coisas quebradas, lascadas ou rachadas, velhas cartas, bilhetes, plantas mortas ou doentes, recibos/jornais/revistas antigos, remédios vencidos, meias velhas, furadas, sapatos estragados… O ‘destralhamento’ é a forma mais rápida de transformar a vida e ajuda as outras eventuais terapias. Perguntinhas úteis na hora de destralhar-se: ? Por que estou guardando isso? …e vá fazendo pilhas separadas… ! Para doar!

“DESTRALHE-SE”

! Para vender! ! Para JOGAR fora! E depois de destralhar-se:

Com o destralhamento: • A saúde melhora;

• Jogue sal grosso nos ralos, • Ponha um prato com carvão no quarto (tira os cheiros e as energias ruins);

• A criatividade cresce; • Os relacionamentos se aprimoram.

18 | OUTUBRO 2014

• Deixe um ramo de boldo em um copo d’água para purificar. ∆



Raquel Genta

Texto | Tatyane Cance Fotos | Lucas Possiede e arquivo pessoal

20 | OUTUBRO 2014


LIFESTYLE ∆ Raquel Genta tem feito o que muita gente gostaria de conseguir: unir duas áreas distintas em sua vida. Formada em Direito e especialista em Direito pela Escola Paulista, ela conta que foi justamente durante a ponte área CG-SP, nos tempos de especialização, que, com seu olhar atento, descobriu inúmeras peças diferentes e uma variedade de objetos de decoração disponíveis para locação que existiam por lá. “Eu entrava nas lojas de locação de itens pra festa e reparava em quantas coisas lindas e diferentes que, infelizmente, eu não conseguia encontrar por aqui”, conta. Faz quatro meses que ela abriu a RG, sua empresa de locação de itens para festa com peças super especiais, como suqueira de cristal e objetos em cobre, sem deixar de advogar. “Eu costumo dizer que a locação me trouxe uma paixão a mais, que misturada com o Direito me proporcionou um equilíbrio”.

Profissão: Advogada e proprietária da empresa RG Locação para eventos. Férias inesquecíveis: Rússia, Suécia e Letônia - julho/2013 - para comemorar os 50 anos da minha mãe. Em alta: Receber bem e com charme! O que está lendo: Queda de Gigantes (Ken Follett) e Acontece nas Melhores Famílias - Repensando a Empresa Familiar (Paulo Lucena de Menezes e Marcelo Melo). Música que não sai do seu playlist: Clean Bandit Rather be. Um filme: Adoro filmes mas estou na fase dos seriados, como Breaking Bad e Band of Brothers. Não vivo sem: Fé! Um sabor: Sorvete feito pelo meu namorado. Orgânico, artesanal, sem gordura vegetal. Esporte: Wakeboard, Ski e SUP. Refúgio: Casa no lago com as pessoas que amo.

Longe da correria entre os dois negócios, a parada obrigatória é na casa do lago da família. “Fica em uma fazenda bem pertinho daqui, e é um momento muito bom, sempre reunimos família e amigos lá para passarmos um tempo juntos e praticar esportes como SUP e wakeboard”. OUTUBRO 2014 | 21


Leonardo Merjan

Texto | Tatyane Cance Fotos | Lucas Possiede e arquivo pessoal

22 | OUTUBRO 2014


LIFESTYLE ∆ Leonardo Merjan pertence àquele grupo de pessoas que podemos chamar de ousadas. Em 2012 trancou a faculdade de Engenharia Civil no terceiro ano para se dedicar a alguns projetos, que vêm dando muito certo, obrigado. Sócio proprietário do 21 Bar, já clássico na cidade, ele conta que inicialmente o projeto, ideia de seu pai, era para ser um bilhar. “Com o decorrer dos anos, o 21 foi se tornando uma casa de shows sempre voltada ao pop, rock, reggae e MPB, tanto que já chegamos à marca de 500 mil clientes e mais de duas mil bandas já se apresentaram no nosso palco”, conta ele. Apaixonado também pela culinária japonesa, em 2013 abriu, em parceira com o chef Eduardo Rejala, o Madame Japô, restaurante japonês que vem conquistando corações na cidade. Mas não para por aí: o mais novo projeto é um restaurante que vai misturar a culinária japonesa com a, pouco conhecida, culinária peruana. O nome? Imakay, que na língua Inca quer dizer conceito.

Profissão: Empresário. Férias inesquecíveis: Turquia. Em alta: Gastronomia. O que está lendo: Mentes Geniais. Música que não sai do seu playlist: Matisyahu – One Day. Um filme: À procura da felicidade. Não vivo sem: Amigos e família. Projeto do momento: Inaugurar o mais novo restaurante. Um sabor: Bem temperado. Esporte: Futebol e Tênis. Refúgio: Casa dos meus pais em Balneário Camboriú, SC.

“Ele terá o melhor das duas gastronomias num só lugar e ficará localizado no Shopping Campo Grande como parte do novo projeto da casa chamado Vila Gourmet”, adianta ele. Antenado e ligado na cena musical, Leonardo curte ouvir um bom som nas horas livres, além de se aventurar no skate longboard e estar sempre acompanhado da família e dos amigos. Vida longa! OUTUBRO 2014 | 23


Mayra Andrade – Lovely Difficult (2013) Nascida em Cuba, Mayra passou a infância em Cabo Verde. De lá pra cá já viveu no Senegal, Angola, Alemanha e hoje reside na França. Linda, a morena de voz doce e um swing charmoso define seu som como pop tropical. Em seu quarto álbum “Lovely Difficult” a cantora canta em inglês, francês, português e crioulo. Figura conhecida aqui no Brasil, a artista que já colaborou com diversos artistas nacionais traz nesse trabalho uma sonoridade mais pop, sem perder o toque cabo-verdiano. Recebido muito bem pelo público, o disco deixou mais uma vez a artista sob os holofotes dos festivais internacionais de música e a consolidou como a musa promissora de Cabo Verde. Com treze faixas, o álbum é gostoso e fácil de ouvir, com certeza você vai se encantar com a jovem. Destacamos a balada “Weused to call it love”, “Rosa”, “Les mots d'amour”, “Ténpu Ki bai” e “Meu farol”. Para não tirar do fone nos momentos de relax.

para ouvir

Júlia de Miranda

24 | OUTUBRO 2014

Lou Doillon – Places (2013) Filha da Jane Birkin com o diretor Jacques Doillon, a meia-irmã da atriz Charlotte Gainsbourg não carrega apenas a semelhança física da família: o talento também é genético. Modelo (foi musa da grife Givenchy) e atriz, Lou não se sentia muito confortável nesse meio, até que em meados de 2010 resolveu meter as caras nos palcos, agora como cantora. “Places” é o début da moça que, com sua voz rouca misturada a melodias suaves, ora faz um som que lembra Patti Smith, ora Cat Power. Com letras autobiográficas em inglês (Lou é francesa) que falam de conflitos amorosos, a artista mostra personalidade e talento próprio. Sensível, o disco contém onze faixas, discretas, porém intensas. Destacamos: “ICU”, “Devil or Angel”, “Make a sound”, “One day after another” e “Same old game”. Bonito e disponível também no itunes. Elo da Corrente – Cruz (2014) Trio paulistano que mescla rap com sonoridades made in Brasil e África, o Elo da Corrente é composto pelos MC’s Caio Neri, Pitzan Oliveira e Dj PG. Bem conhecidos em São Paulo e nas capitais que se ligam no que de melhor está sendo produzido na cena nacional, apresentam agora “Cruz”, terceiro disco da carreira. Preciso e impactante, é considerado por muitos críticos como um dos melhores lançamentos de 2014. Com rimas quase que literárias e batidas feitas por um time de classe como Arthur Verocai, Maurício Takara e Lúcio Maia, o álbum ainda tem uma lista de convidados de peso, do nível de Rodrigo Brandão e a cantora Célia. Muito bem produzido, “Cruz” contém 10 faixas e é um disco sobre as experiências da vida. Denso e excelente. Abre com “Sobre o infinito e outras coisas” e segue com as boas “Ave liberdade”, “Naja”, “Koan”, “Memórias” e “Batucada fantástica”. Disponível também em LP. ∆



Márcio Ribas

para ler

Toda obra literária leva uma pessoa dentro, que é o autor. O autor é um pequeno mundo entre pequenos mundos. Saramago Um pouco antes do lançamento no Brasil de O chamado do cuco, primeiro livro de Robert Galbraith (pseudônimo de J. K. Rowling, escritora de Harry Potter), falamos sobre o sucesso literário que o detetive Cormoran Strike havia se tornado na Europa. Agora, surge a sequência. Robert Galbraith (ou J. K. Rowling, como queiram) lançou The Silkworm, ainda sem tradução para o português, mas provavelmente será O bicho-da-seda (Rocco, sem preço definido). O lançamento é esperado para o próximo mês. Agora Cormoran é um detetive famoso e muito procurado, e Robin é oficialmente a sua assistente. Ele aceita um caso no qual a esposa procura pelo marido, um escritor desaparecido (Owen Quine). Em suas investigações, descobre que o autor escreveu um livro bombástico chamado Bombyx Mori (você descobrirá o que isso significa lendo o suspense), que envolve negativamente vários conhecidos de Quine. A leitura do livro anterior não é pré-requisito, mas será muito útil para que você possa compreender a riqueza de todos os personagens. Nenhum deles está lá apenas para preencher vazios, porque J. K. Rowling sabe muito bem construí-los. Acredito que "J. K. Rowling Galbraith" poderá muito bem ser considerada uma nova Agatha Christie. Outro livro que vale ser lido é o recém-lançado A casa cai (Cia das Letras, R$ 56), de Marcelo Backes, um dos mais respeitados tradutores do Brasil. A casa cai aborda o boom imobiliário

26 | OUTUBRO 2014

que ocorre no Rio de Janeiro (como em praticamente todo o Brasil), levando os mais pobres para as periferias ou para as ruas, criando várias cidades dentro de uma cidade: um Leblon e uma Copacabana onde se bebe champanhe em interiores climatizados projetados pelos arquitetos mais modernos do Brasil e os morros com casas amontoadas e pagodes nas lajes com calor de 40 graus. O enredo envolve um ex-padre que vai ao Rio para administrar a herança que herdou, porém não está preparado para essa tarefa. O texto é uma narrativa que flui, muito marcante dos novos escritores brasileiros. A terceira sugestão fica por conta do meu escritor preferido, José Saramago. A morte não quis esperar - não se interrompeu como em seu livro As intermitências da morte - e ele se foi em 2010, com 87 anos. Não teve chance de terminar o seu último livro, aquele que dizia estar dando mais trabalho. Alabardas Alabardas Espingardas Espingardas (Cia. Da Letras, R$ 27,50) não ficou pronto, mas, mesmo inconcluso, tem unidade. O texto, que fala sobre o tráfico de armas, virá acompanhado de ensaios de grandes nomes da literatura (Fernando Gómez Aguilera, Roberto Saviano e Luiz Eduardo Soares) homenageando Saramago. Boa leitura. ∆



Marcelo Veloso

para ver Goodnight Mommy, de Severin Fiala e Veronika Franz Franz faz sua estreia, co-dirigindo com Fiala esse frio e violento filme que foi exibido no festival de Veneza. O resultado é uma história que acontece em uma elegante casa de lago onde dois irmãos gêmeos passam os dias com a mãe que está se recuperando de uma cirurgia plástica. Seu rosto está coberto de ataduras, dando-lhe, na primeira aparição, a aparência de um esqueleto. Um dos irmãos é cauteloso e tem um pouco de medo da mãe. A cada minuto que passa o mistério e a inquietação avançam. Nós testemunhamos o resultado de um pensamento paranoico dentro da cabeça dos filhos. Ela não é a mesma mãe - e os médicos removeram uma marca de nascença que era a prova definitiva da sua identidade. Tudo será coroado com uma enorme reviravolta psicológica e isso parece ter sido influenciado por um diretor muito específico e um filme muito específico como “Violência Gratuita” de Michael Haneke ou “Hotel”, de Jessica Hausner. Um filme nervoso. Homem Comum, de Carlos Nader O paulista Carlos Nader é o primeiro diretor brasileiro a vencer duas vezes o Festival É Tudo Verdade. Ele havia recebido o mesmo prêmio em 2008, com “Pan-Cinema Permanente”. Este novo filme é o registro de duas décadas do cotidiano e das transformações na vida do caminhoneiro Nilson de Paula, que transporta porcos vivos pelo Brasil. Durante esse período, a vida de Nilson se transforma quando ele adoece. Este filme

28 | OUTUBRO 2014

tem a estrutura de uma ficção, mas é composto por imagens reais que mostram que nenhuma vida pode ser considerada comum, o que permite diferentes interpretações. Uma delas é a de que um encontro que se produz ao acaso entre o cineasta e o caminhoneiro pode criar uma experiência existencial que deixará marcas na vida desses dois homens. Uma tentativa quase desesperada de, nas palavras de Nader, “enfiar metafísica goela abaixo do homem simples”. Um filme lindo. The Cut, de Fatih Akin "Quem, afinal, fala hoje do extermínio dos armênios?", perguntou certa vez Adolf Hitler. Este assassinato (1915) em massa da população armênia pelos otomanos ainda é um assunto extremamente polêmico, especialmente na Turquia, onde há resistência para assumir um fardo retrospectivo de uma vergonha genocida. Akin faz desse seu primeiro filme em língua inglesa; dirige, produz e co-escreve com Mardik Martin, o roteirista veterano que trabalhou com Scorsese em “Touro Indomável”. Tahar Rahim interpreta um herói em apuros, um ferreiro e armênio cristão que é arrancado de sua esposa e filhas gêmeas pelas autoridades otomanas para um suposto recrutamento militar que nada mais é do que o trabalho escravo em uma marcha forçada em direção à aniquilação racial. Mas um fabricante de sabão o salva: e a metáfora ambígua aí - o sabonete que realmente limpa, ou simplesmente algo com que as pessoas poderosas lavam as mãos da responsabilidade. Um filme ambicioso. ∆



Avessa à imagem do artista romântico isolado em seu ateliê, Ana Ruas põe a mão na massa. Pinta muros, educa - ou desengessa - o olhar de crianças e de adultos. Um trabalho incansável em busca de um mundo mais inspirador, tocado pela arte e pela sensibilidade do olhar. Um trabalho que tem levado pequenas multidões para seu ateliê - hoje um ponto de referência das artes visuais da região - e a uma grande evolução de sua própria obra.

A vida como obra de arte

30 | OUTUBRO 2014


CAPA ∆

Texto | Thais Pompêo Fotos | Lucas Possiede e arquivo pessoal

Que tal encarar a vida como obra de arte? Era esta a sugestão do filósofo Friedrich Nietzsche. Uma-vida-como-obra-de-arte. Olhar vivo e atento às coisas do mundo, entrega, um estado faminto de alma: faminto por novas possibilidades, pela passagem do não-ser ao ser. Um movimento contrário à apatia, ao senso comum. Como seria esse mundo? Ana Luisa Ruas encara sua vida assim. Uma artista plástica, para ironia da metáfora.

Para desmonumentalizar a ideia de obra de arte, como Nietzsche propõe, usaremos uma explicação que ela mesma dava para crianças no seu ateliê: "Sabe por que eu pintei um monte de formiguinhas? Porque a formiguinha é persistente. Se ela está vindo e você coloca o pé na frente, ela dá a volta e continua. Ela tem objetivos; vive coletivamente...." Simples, mas explica o jeito Ana Ruas de encarar a vida. Uma mulher pequena, magrinha que tem o olhar e a habilidade para realizar coisas que ainda não existem. Serve um café, procurando o telefone, o controle do ar. Fala corrido, deixando claro que a cabeça anda a milhão. Ela nos recebeu entre um compromisso e outro. Foram necessários três encontros para que essa entrevista fosse feita. No fim de cada conversa, ela dizia: "Agora tenho que ir, eles estão me esperando." Com um sorriso no rosto e a bolsa pendurada no ombro.

OUTUBRO 2014 | 31


A gaúcha chegou a Campo Grande em 1996, aos 29 anos, para ficar alguns meses com uma amiga, depois de voltar de uma temporada nos Estados Unidos. Foi nessa época que começou a fazer intervenções pela cidade, transformando muros brancos em telas coloridas a céu aberto; viadutos em instalações. "Três coisas me impressionavam muito quando eu cheguei na cidade: o fato de não ter pessoas caminhando na rua; o céu monumental na paisagem da cidade; e me impressionavam demais também os muros brancos: eles me incomodavam." Foi pintando muros da cidade que ela teve sua primeira repercussão como artista no centro e na periferia. Em muitos desses momentos reunia meninos em situação de exclusão social e saia colorindo os muros e as vidas deles. Atualmente a criançada continua na mira de Ana com os workshops de desenho e pintura, o Educando o Olhar. Um projeto que busca fazer com que o olhar dos pequenos enxergue o extraordinário

32 | OUTUBRO 2014

das coisas no mundo. "A casinha com chaminé, a margarida continuam sendo ensinadas na escola, e isso é uma grande sacanagem, não provoca reflexão ou a criatividade das crianças. Aqui, se a gente vai desenhar uma flor, eu pego 20 tipos de flores, as mais diferentes possíveis, para que eles olhem de verdade, reflitam e se encantem", conta, gesticulando. Um trabalho que é um primor. Sempre tem fila de espera. O ateliê é enorme e nem um pouco intimidador. Na verdade, ele pode ser caracterizado como sonho de consumo de todos os que queiram um oásis para criar, para congregar. A riqueza por lá são os detalhes, a afetividade, tudo é tão simbólico... Fotos e objetos de uma infância vivida no interior do Rio Grande do Sul, quadros pintados por ela, um móvel feito pelo marido, uma máquina de costura. Peças do artesanato indígena, cadeiras com cara de bem de família, muitas obras pintadas pelas crianças. Uma foto de sua mãe e um crochê feito por ela. Na parte dos fundos, duas

redes coloridas decoram um gramado verdinho. Um lugar que emociona pela força e pela aura. Pelo ateliê já passaram mais de três mil pessoas, somando crianças e adultos. Muita gente boa já esteve por lá em palestras: Humberto Espíndola, Leda Catunda, Maria Adélia Menegazzo, só para falar dos mais conhecidos, fora biólogos, botânicos, e outros artistas. Alguns deles chegaram a reunir 180 pessoas. O ateliê tem se transformado em um ponto de referência das artes visuais na região. Rafael Maldonado é curador e professor no curso de Artes Visuais da UFMS e acompanha o trabalho de Ana de perto: “Uma das qualidades da artista Ana Ruas está no fato de estar o tempo todo querendo compartilhar experiências e conhecimento. É uma artista dinâmica e comprometida com seu trabalho. Suas ações são essenciais e contribuem significativamente para os processos da arte e da cultura em MS”.


Parece que a energia de Ana Ruas vem de algum lugar plugado no 220V, um mundo das ideias que precisam ser materializadas urgentemente. Colado na parede de seu ateliê está uma pista do que a norteia: O que faz de um lugar, o nosso lugar? O que faz da cidade, a nossa cidade? O que é um lugar e o que é uma cidade? Que espaço eu ocupo? Que lugar, no mundo, Campo Grande ocupa? E eu, como habitante deste lugar, o que faço para merecer minha ocupação? "Faz algum tempo que tenho trabalhado com os conceitos de espaço e lugar. Meus temas têm surgido das coisas que estão ao meu redor. Sempre fui muito honesta comigo mesma, e uma vez, convidada para expor no museu, pensei: não quero ficar impressionando, falando sobre o que está acontecendo em SP, não é a minha realidade... E me inspirei em Manoel de Barros: se ele usa a formiga por que eu não posso usar o crochê da minha mãe, se o crochê é importante pra mim?" Foi desse raciocínio que surgiu uma das séries mais aplaudidas de Ana Ruas: Redes. Pergunto: será que esse é um desejo inconsciente de descanso depois de tanta ação? “Nada a ver com descanso... Estava à procura de uma ideia para uma obra e dei de cara com as redes do seu José. O jeito que ele as coloca na esquina, fazendo uma mistura de cores, é uma intervenção na cidade, embora ele não saiba. Fotografei durante 30 dias as redes do seu José e a partir daí surgiu a série Redes. Eu não estou falando de descanso, estou falando de uma intervenção. Agora, a obra é aberta e isso é o que é legal. Quando existe o olhar do outro a obra de arte se completa. E isso é lindo." Ana é incansável tanto na mobilização de pessoas para seus eventos quanto na persistência para dominar a técnica da pintura - quanto melhor, mais fácil é o canal de comunicação entre o vedor e as metáforas criadas por ela. Talvez, um de seus melhores momentos seja o uso de sombras. "É um recurso de que eu me apossei e não consigo me desvencilhar. A sombra cria uma ilusão que me encanta. Existe um termo em francês, trompe l'oeil, que significa: acredita-se, por uns instantes, que aquela sombra é real." Foi com essa técnica somada a de construção de dobraduras que ela foi convidada para pintar toda a fachada do Museu de Arte e Cultura Popular de Cuiabá (MACP).

Parece pouco tempo, mas de 1996 até hoje a cidade mudou vertiginosamente. Embora os muros brancos ainda prevaleçam, o céu mudou bastante em sua horizontalidade monumental. Embora a artista continue investindo seu interesse e sua energia em aprimorar e sensibilizar o olhar das futuras gerações, ela também tem trabalhado o solo para a formação de público para a arte contemporânea: um problema comum em todas as formas de arte na cidade. Se eu não formo público, daqui a uns 20 anos eu não vou ter quem veja o meu trabalho. Se ninguém faz, eu tento fazer um pouquinho. Hoje em dia as pessoas não têm apenas fome de comida, elas têm fome de informação, e isso da classe D à classe A. Naquela manhã, o ateliê estava em silêncio, mas era possível sentir sua vibração. Nos fundos, ao lado das redes, tem um portãozinho, que deixa ver um arbusto com florzinhas brancas do lado de dentro circulando a entrada. Ele vive aberto. É a casa de Ana. Uma imagem que deixa clara a ligação umbilical que a artista tem com a arte, dia a dia. Você tem que vir tomar um café aqui em casa com mais calma. Mas agora eu realmente tenho que ir! E vai me levando para o portão mais uma vez. Eu não me incomodo porque ela faz isso com um sorriso no rosto e deixando implícito que ali é um lugar para voltar sempre. ∆

OUTUBRO 2014 | 33




EM ALTA ∆

1

Desfile Pedro Lourenço

2

3

ESTAÇÃO VOLUME 4

Os maxi-acessórios são destaque para as melhores produções. Entre eles o maxi-colar continua super em alta e nessa estação a peça desejo mostra sua força fashion no hall da fama. Não importa o look, o volume no colo é quesito importante para transformar o visual. Apesar de eles aparecerem em vários materiais, aposte no metal pois ele já está sendo considerado a grande tendência da estação.

1- Colar Animale R$ 298; 2- Colar Aramez/Shop2Gether R$ 372; 3- Colar Eleonor Hsiung/Farfetch R$ 648; 4- Colar Isabella Blanco Preço sob consulta; 5Colar Bitri R$ 350

36 | OUTUBRO 2014

5

Fotos | Divulgação

Por | Luiz Gugliatto



Desfile Osklen

ESCOLHA DO MÊS ∆

GIRLIE

O rosa volta a atacar com tudo nessa primavera e vai além do closet, o estilo girlie de ser. Com a chegada da estação açucarada, está na hora de selecionar os mais interessantes acessórios, roupas, sandálias e bolsas que vão do rosa pálido ao fúcsia e pontuar com outras cores inclusive o preto.

Óculos Dolce&Gabbana/Sunclockusa R$ 1.239; Brincos e anel Brumani Preços sob consulta; Vestido Skazi R$ 1.071; Clutch Miu Miu Preço sob consulta; Clutch Saint Laurent R$ 4.350; Relógio Piaget Preço sob consulta; Sandália Jimmy Choo/Farfetch R$ 2.430

38 | OUTUBRO 2014

Fotos | Divulgação

Por | Luiz Gugliatto


Campanha Camu Camu

TRENDY ∆

MINI LADIES Por | Luiz Gugliatto

Fotos | Divulgação

O universo infantil está de amores com o charme da primavera. Aposte em flores, cores diferenciadas para o guarda-roupa das mini ladies fashionistas. Dias ensolarados pedem roupas leves, e nos acessórios a sutileza do design moderno completa os looks super frescos das coleções.

Chapéu Renner R$ 29,90; Colar Dryzum R$ 2.457; Blusa Fábula R$ 49; Pulseiras Fábula R$ 64; Vestido Green R$ 149; Óculo Sun John Cleveland R$ 159,90; Tiara Bebê Facial/Twenga R$ 49,90; Short Fuzarka/Renner R$ 39,90; Espadrille Fuzarka/Renner R$ 55,90; Bolsa Fábula R$ 319; Sandália Ortopasso Preço sob consulta

OUTUBRO 2014 | 39


Campanha Cobra D'Agua

HOMEM ∆

ESTAÇÃO CALOR

Para 2015, a moda beach investe fortemente nos detalhes que conferem um toque fashion importante às peças. O armário masculino ganha diversos modelos de sungas, shorts e bermudas com tonalidades fortes e alegres. As bermudas também estão super estilosas e deixam o visual despojado e leve, ideal para curtir as tardes quentes do verão. O colorido também deve fazer diferença na hora de ir para a caminhada ou academia! Óculos Carrera/Ótica Lunettes Preço sob consulta; Boné Oaklen/ Alma de Praia R$129; Bermuda Hollister/Muamiaqui R$ 229; Sunga Água de Coco R$159 Tênis Newton/Track&Field R$ 499; Bike Lapierre Cyclo Cross Carbon R$ 2.015; Sunga Blue Man Preço sob consulta; Sandálias Rider/ Renner R$ 34,90

40 | OUTUBRO 2014

Fotos | Divulgação

Por | Luiz Gugliatto



sem frescura

Fotografia | Alexis Prappas Styling | Luiz Gugliatto


Body Juliana Silveira/Bossa Colar Bossa Pulseiras Canal Short Animale Sandรกlias Schutz


Vestido Tufi Duek テ田ulos Spektre/Maria Pitanga Bracelete Canal Colar Osklen Sandテ。lias Animale


Biquíni Cia Marítima/Maria Pitanga Óculos Fendi/Óttica Capri Colar Canal Bolsa Dress to / Maria Pitanga Colete Bossa Short John John/ Maria Pitanga



Body Osklen Óculos Celine/Óttica Capri Brincos Hector Albertazzi / Heru Ponce Lenço Bonequinha de Luxo/ Bossa Pulseiras e Short Canal Tênis acervo


T-Shirt Tufi Duek Óculos Christian Dior/Óttica Capri Pulseiras, colar usado como pulseira e saia Canal Tênis Osklen


Cropped top Cia Marítima/Maria Pitanga Brincos acervo Bracelete Canal Short Osklen Ficha técnica Fotos: Alexis Prappas Styling: Luiz Gugliatto Produção de moda: Lucas Possiede Beleza: Fernando Filho Modelo: Thaysse Ricci Colaborou: Melissa Tamaciro Coordenação: Thais Pompêo




beleza ∆

BB, CC & DD Cream O alfabeto da beleza.

Texto | Natália Charbel

O BB Cream (Blemish Balm Cream), o primeiro e mais conhecido. Como um primer, ele vai preparar a pele, além disso, protege, hidrata, e possui fator de proteção solar. Para completar tem uma corzinha que dá uma leve uniformizada no rosto. Funciona bem em quase todos os tipos de pele e já é possível encontrá-lo em vários tons, só ver com qual você se adapta melhor e pronto. O CC Cream (Color Control Cream) surgiu logo depois, e além de fazer tudo que seu irmão mais velho faz, ele ainda contém antioxidantes, antiaging e agentes clareadores que darão uma bela melhorada nas manchas. Portanto mais que um simples cosmético é um creme de tratamento, é legal pesquisar bem antes de comprar e falar com seu dermato. A indicação geralmente é para peles um pouco mais maduras, com linhas de expressão e manchas leves. Também é bem bacana para ser usado por quem acabou de passar por pequenos procedimentos estéticos, como botox ou lifiting, por exemplo. O DD Cream (Daily Defense Cream) é o mais novo integrante da família. Acumula as funções dos outros dois e ainda atua como autobronzeador. Como a fórmula é bem mais pesada, normalmente ele é usado no corpo. É super hidratante e perfeito para esconder estrias, cicatrizes e aqueles "defeitinhos" que só a gente percebe, mas detesta. Para completar ele atua como regenerador celular.

Diquinhas preciosas: O BB Cream é perfeito para peles mais jovens e que ainda não apresentam muitas imperfeições.

Funcional - essa é sem dúvida uma das palavras do momento. Alimentos, decoração, exercício, parece que tudo que é bacana, é funcional, então por que com os produtos de beleza seria diferente? Os BB, CC e DD Creams são cosméticos com múltiplas funções, além de deixarem a gente mais bonita, eles tratam, reparam e melhoram a pele. Não é à toa que esses são os queridinhos das mulheres. Mas será que eles possuem mesmo toda essa eficácia? E mais, como a gente sabe qual é o melhor para a gente? Para isso é preciso conhecêlos e saber quem é quem. 52 | OUTUBRO 2014

Se você usar qualquer um deles com fator de proteção solar alto, vai poder dispensar o uso de outro protetor. Mas atenção, se a exposição ao sol for grande, como um dia na praia ou piscina ou para praticar atividades ao ar livre, é melhor optar pelos bloqueadores tradicionais. Em ambientes fechados eles funcionam bem, mas não se esqueça de reaplicá-los como você faz com o filtro normal. Todos eles são perfeitos para o dia a dia, pois são práticos e fazem o papel de um monte de outros produtos de uma só vez, mas para festas ou ocasiões especiais, maquiadores aconselham que você opte pela make tradicional, que deixa a pele perfeita e serve melhor de base para maquiagens pesadas. Preste sempre atenção em quais as funções do produto, e compre realmente o que precisar. Se você tiver 30 anos, um creme para quem passou dos 50 não terá um super poder. Leia, releia e obedeça os rótulos. Um produto com apenas uma função específica, como por exemplo, um clareador de pele, normalmente será muito mais eficaz do que um que promete cobrir, hidratar e clarear a pele. Decida com seu médico qual o melhor para você. ∆



HITS DE BELEZA ∆

2

1 3 Para facilitar o dia a dia, vale muito a pena investir em cosméticos multifuncionais, que fazem as vezes de vários outros em um único passo. Esses são os nossos preferidos:

4

Texto | Natália Charbel

1- BB Base, Natura: possui na fórmula a tecnologia antissinais, que estimula a renovação celular, a produção de colágeno e regula a formação de elastina, melhorando a elasticidade da pele. Sistema de filtros fotoestáveis UVA e UVB com FPS 30. Em quatro cores: Clara, Média, Castanha e Escura. R$ 55 2- BB Cream, Dermage: Sua fórmula multifuncional protege, hi-

drata, controla a oleosidade e previne os sinais da idade. Na cor bege, traz efeito mate e uma cobertura suave, que disfarça manchas e imperfeições. Possui fator de proteção UVA e UVB com FPS 35. R$ 93

3- CC Cream, Make B, O Boticário: O produto 7 em 1 corrige e deixa o tom da pele uniforme, além de possuir efeito anti-aging e longa duração. Possui fórmula oil free, FPS 20/ UVA ++ e antioxidantes. O CC Cream ainda hidrata por até 24 horas. R$ 54

5

4- CC Cream, Chanel: Combina 5 ações em um único passo: Acalma, hidrata, protege (FPS 30 e PA + + +), rejuvenesce e proporciona o melhor escudo contra as agressões externas. Além disso, uniformiza a vermelhidão; manchas escuras e poros são visivelmente diminuídos. R$ 181,50 5- DD Cream, Julep: Combate os sinais de envelhecimento diminuindo linhas finas, o que equilibra o tom desigual e protege áreas delicadas do rosto e corpo. Proteção solar com fator 25. Promete não só disfarçar, mas diminuir o aparecimento de olheiras, vermelhidão, manchas e outras imperfeições da pele. Disponível em três tons. U$ 36

54 | OUTUBRO 2014



PUBLIEDITORIAL ∆

Lentes de Contato Dentais

Dr Victor Anache Ferzeli - CRO /MS 753

As lentes de contato dentais são um dos recursos mais modernos no conceito da odontologia cosmética atualmente. Usadas para regularizar o sorriso, a oclusão dental ou o encaixe dos dentes na mordida e para o clareamento, as lentes são peças muito finas que são cimentadas nos dentes e duram, se bem cuidadas, para o resto da vida.

As lentes são indicadas para resolver vários problemas simples, como arrumar uma pequena falha na mordida ou preencher o espaço entre um dente e outro, ou até mostrar dentes quando se fala ou sorri, rejuvenescendo um sorriso.

Segundo Dr. Victor Ferzeli, o que faz muitos pacientes apostarem nas lentes de contato é o destaque que acontece no sorriso, rejuvenescendo-o. “O clareamento tradicional, em si, pode causar sensibilidade nos dentes, e isso faz com que os pacientes se desestimulem um pouco com o procedimento”, conta ele. Mas essa não é a única vantagem do tratamento.

Os benefícios do procedimento são garantidos. “Depois de aplicadas, a pessoa pode tomar café, refrigerante, vinho tinto, levar uma vida normal, que os dentes não ficarão manchados”. O resultado positivo, é lógico, vem associado a encontrar um profissional de qualidade e especializado para a realização do procedimento. ∆

Outra vantagem do tratamento é o pouco desgaste nos dentes para confeccionar as lentes, e a possibilidade de teste antes de decidir-se pelas mesmas. “Primeiro fazemos uma amostra e colocamos no paciente antes mesmo de mexer em seus dentes. Esse processo permite que ele possa ir para casa, conversar, ver se acostuma-se com a nova estética, para então, depois, decidir-se pelas lentes definitivas de porcelana”, afirma.

Rua Pedro Celestino, 2130 • 67 33256292 www.victorferzeli.com.br

56 | OUTUBRO 2014



O detetive da saĂşde!

58 | OUTUBRO 2014


SAÚDE ∆

Conheça o Food Detective, o exame que conta quem são os vilões da sua alimentação!

Queremos viver mais e melhor, e hoje, o bem-estar e a vida longa e produtiva são metas possíveis. Depois de décadas nos jogando em comidas prontas (que pareciam a solução para um dia a dia cada vez mais corrido), estamos resgatando velhos costumes. Mas, e quando o que você mais ama é seu veneno?

Rinites, enxaquecas, diarreias, constipações, insônia, ansiedade e até depressões leves podem ser causados por uma dieta inadequada. E pior, não estamos falando de junk foods e similares, alimentos como limão, laranja, couve, feijão, ervilha, melancia, ovos e leite, podem ser seus carrascos.

inconscientemente desenvolvemos uma atração quase que irresistível por aquilo que nos causa problemas... Ah, esse nosso corpo tão complexo...

A boa notícia é que uma simples gotinha de sangue pode nos dar todas essas respostas. Desenvolvido em Cambridge, na Inglaterra, o Food Detective é capaz de detectar intolerância a 59 tipos de alimentos. “A intolerância alimentar ocorre quando seu corpo não reconhece determinado alimento ingerido”, explica Andréa Santa Rosa Garcia, nutricionista funcional e uma das primeiras a trazer o exame para o Brasil. Precisamos entender que intolerância alimentar é diferente de alergia alimentar. A alergia é uma reação pontual e aguda, os sintomas acontecem no momento em que nosso corpo tem contato com o alimento que nos agride. Já a intolerância alimentar traz com ela sintomas crônicos que atrapalham, e muito, nossa qualidade de vida, além dos supracitados (enxaquecas, rinites e diarreias), a obesidade está aí pelo meio. Na maioria dos casos, os sintomas demoram anos para se manifestar, mesmo que o alimento tenha sido ingerido durante toda a vida. Para deixar tudo mais difícil, a intolerância possui uma característica bastante curiosa (e até um pouco cruel):

Texto | Natália Charbel

“Cada organismo tem uma individualidade bioquímica. Uma pessoa ansiosa, por exemplo, precisa ingerir mais zinco; outra, com carência de selênio, pode desenvolver problemas na tireóide”, detalha Andrea. O Food Detective é preciso nesses detalhes, e aponta quais alimentos devem ser excluídos e quais devem ser adicionados à nossa alimentação. Pacientes que se descobrem intolerantes a ovos, por exemplo, em um mês sem o alimento relatam o desaparecimento de crises de enxaquecas, fim da TPM e de desarranjos intestinais. No caso da obesidade, a resposta também é rápida: “Os resultados são impressionantes. Tenho pacientes que em dois meses diminuíram 15 centímetros no quadril”, conta a nutricionista. O exame ainda é novidade no Brasil, mas os profissionais que conhecem são categóricos: pacientes de todas as idades e sexo deveriam fazê-lo, conhecer o que nos faz mal é de extrema importância e quando precisamos elaborar uma dieta, saber o que deve ser deixado de fora faz muita diferença no resultado. E aí, quem está afim de conhecer esse detetive? ∆

OUTUBRO 2014 | 59


NUTRIÇÃO ∆

A reinvenção da cozinha... Texto | Natália Charbel

60 | OUTUBRO 2014


Queremos comer saudável, mas queremos comer gostoso. Tem como?

Quem deu uma passadinha, aqui, pelo planeta Terra nos últimos meses, ouviu falar muito em um tipo de alimento, os funcionais. Isso sem falar dos orgânicos, claro, nossos velhos conhecidos. E com certeza percebeu um movimento, que não sabemos bem de onde veio e como começou, em direção à alimentação saudável. Na verdade, olhando para as nossas próprias vidas, podemos chegar a algumas conclusões: as pessoas estão vivendo mais, mas também estão adoecendo mais – talvez porque a comida industrial, que propôs a modernidade, não seja, exatamente, a melhor pr’a gente; a vida está cada vez mais acelerada e precisamos de mais energia para aguentar o tranco; e, claro, temos cada vez mais acesso a informações e pesquisas que mostram o que nos nutre, o que não... Se os conceitos orgânicos e funcionais ainda não claros para você, a gente te dá uma ajudinha: alimentos funcionais são, de acordo com a ANVISA, aqueles que possuem propriedades além das funções nutricionais básicas, e desencadeiam efeitos benéficos à saúde; além disso, devem ser seguros para o consumo sem supervisão médica. Orgânicos são os que utilizam em todos seus processos de produção, técnicas que respeitam o meio ambiente e visam a qualidade do alimento. Não contêm agrotóxicos nem qualquer outro tipo de produto que possa vir a causar algum dano à nossa saúde. E você sabe exatamente o que os agrotóxicos fazem no nosso corpo? A nutricionista Luciana Santana enfatiza que a escolha pelos orgânicos não é modismo. “É fundamental optar esses alimentos. Os agrotóxicos provocam uma espécie de intoxicação e esse acúmulo de toxinas, uma série de doenças”. Cansaço extremo, insônia, baixa concentração, mau funcionamento intestinal, inchaço e até o temido câncer. Quando entendemos de verdade que nosso corpo é reflexo do que ingerimos e que industrializados, agrotóxicos, excesso de gordura são venenos, a mudança na alimentação não fica difícil, pois vira uma vontade maior, nasce um desejo de comer limpo. A velha frase "você é o que você come" é muito bem fundamentada, e mais, seus filhos são o que você oferece a eles. Por isso, pense muito bem: no que você está se transformando? Se tudo isso parece distante demais, calma, estamos aqui pra te ajudar. Comece fazendo trocas simples, receitas fáceis e escolhas inteligentes, nada radical, nem muito demorado e sem tirar a graça da vida. Ninguém está sugerindo que você se alimente de clara de ovos, frango e batata doce. Não tem nada a ver com isso. Estamos falando de pratos deliciosos e cheirosos, que você vai incluir no seu dia a dia e perceber a

melhora em todos os aspectos da sua vida. Você pode e deve se jogar naquela lasanha da sua avó em um almoço especial, mas para sua rotina, que tal uma lasanha de berinjela? Pra provar que esse movimento pode ser incorporado a sua vida sem sofrimento, listamos trocas simples e que podem ser feitas a partir de já. Dá uma olhada: Pra começar: Adoçantes naturais no lugar do açúcar refinado: O açúcar refinado, junto com o sal e a cocaína (não, você não leu errado) são chamados de pós brancos que matam. Então, para que abusar? Troque por mel orgânico, açúcar demerara ou adoçantes naturais, como a estévia (açúcar verde ou capim doce). Ao invés de sal, ervas aromáticas: Acredite, seu paladar não precisa de tanto sal. Basta caprichar nos temperos (os naturais, nada daqueles veneninhos industrializados). Capriche no alho, salsinha, cebolinha e ervas. Procure uma receita de sal de ervas. Tirar o saleiro da mesa é uma ideia que também funciona. Quinoa em grãos no lugar ou misturado ao arroz branco: Os benefícios desta troca são imensuráveis. A quinoa tem o dobro de fibras, é rica em ferro, magnésio, vitaminas e minerais essenciais. Outra dica é trocar o trigo do kibe e do tabule pela quinoa, fica divino e muito mais leve. Substitua o pão branco! O pão 100% integral é uma opção e você encontra vários sabores deliciosos! Outra sugestão é a tapioca, que pode ser feita só com a goma ou batida com um ovo, que a transforma em um crepe divino (procurem no google por crepioca), o recheio fica por conta da sua imaginação. Como já dissemos, optar sempre que possível por alimentos orgânicos: Sabemos que eles ainda são mais caros e mais difíceis de encontrar. Mas se você pensar que eles evitam graves problemas de saúde causados pela ingestão de substâncias químicas tóxicas, com certeza, repensará esse gasto. Pra mudar de hábito, precisamos de informação. Selecionamos alguns instagrams de dar água na boca que têm de fato ajudado a reinventar nosso conceito de alimentação, e com dicas que valem ouro: viversemtrigo; sejaleve_light; puramesa; saudavelcomcaradejaca; dupain_paes_e_dietas; monamaorganicos; detoxcleanease; fitfood_ideas; belagil; aboaterra; nosdetox; cozinha_ecologica ;nossomundoorganico; slowfoodcerrado; naturedoctors (em inglês). ∆

OUTUBRO 2014 | 61


Lojinhas lindas, coloridas, cheirosas, com produtos deliciosos têm pipocado aqui, em Campo Grande. Também já estão acontecendo cursos bem bacanas para nos ajudar a ajustar o caderno de receitas. A Gente saiu à caça e fez uma lista incrível desses oásis de saúde.

Rota saudável Mel Zen: Loja caprichada que que oferece os mais variados produtos vindos de colmeias próprias, além de produtos orgânicos, biodinâmicos, integrais, sem lactose e sem glúten trazidos de fornecedores escolhidos a dedo. As mães têm adorado comprar lanchinhos saudáveis para as crianças lá. Na fanpage, eles disponibilizam algumas receitas simples, deliciosas e saudáveis. Rua Bahia, 561 / 3325 0019 facebook.com/lojamelzen Seja Leve & Light: Neste espaço rola o Empório Orgânico e Funcional, você encontra uma quantidade incrível de alimentos orgânicos de todos os tipos. No sábado rola uma feirinha especial, sem falar na lanchonete que funciona todos os dias. No Espaço Gourmet, acontecem cursos de gastronomia saudável e orgânica. Rua Manoel Inácio de Souza nº 2153 / 3042 4725 www.facebook.com/sejalevelight Mundo Verde: A loja conhecida no Brasil todo tem duas filiais em Campo Grande, vale a pena dar uma olhadinha. Rua Maracajú, 1427 3044 1111 Recanto das Ervas: Um cantinho especial para tomar um chá e saborear uma salada ou sanduíches exclusivos com verduras recém-colhidas da horta. Toda terça-feira a partir das 11h acontece uma feirinha orgânica. Rua 13 de Junho, 1592 3027 2080 Grão & Grão Empório Light: Loja especializada em produtos naturais, integrais, veganos e grãos a granel. Vale conferir! Rua Rio Grande Do Sul, 1602 3222 6701 Feira de orgânicos: Quartas-feiras, das 6h às 10h, na Praça do Rádio; e aos sábados, das 7h às 10h, no estacionamento da prefeitura. Pequenos produtores de alimentos orgânicos em Mato Grosso do Sul negociando diretamente com o consumidor. Os preços são bem bacanas. Must go! Mercados e Supermercados: Carrefour, Extra e Comper, Ki Frutas, Campos (Carandá): Têm oferecido ovos orgânicos e frango Korin (sem hormônios). A sessão de verduras e legumes também começa a receber exemplares orgânicos. ∆

62 | OUTUBRO 2014



canela e cHIA “A cozinha funcional é a cozinha do futuro”.

Texto | Tatyane Cance Fotos | Lucas Possiede

64 | OUTUBRO 2014


GASTRONOMIA ∆

Crepioca com recheio de banana, mel, canela e chia Ingredientes

A cozinha funcional entrou no curriculum do chef Almir dos Santos quase que por acaso, e hoje já virou filosofia de vida. Responsável pelas delícias que saem da lanchonete do Empório Seja Leve e Light, Almir garante: “A cozinha funcional é a cozinha do futuro”. No cardápio, bolos feitos sem glúten e sem farinha branca. Risotos de arroz integral e salgados. Verdadeiras delícias que deixam claro: a cozinha funcional é saudável e também muito saborosa. “O que mais me encanta nesse movimento funcional é que não é apenas técnica, é uma questão ideológica. É preciso estudar todos os dias um alimento diferente, conhecer suas funcionalidades e assim aplicar na hora de preparar os pratos”.

Pr’A Gente ele preparou um café da manhã delicioso e super nutritivo para começar bem o dia:

1 colher de sopa de chia 1 banana madura e firme 1 colher de mel 1 colher de café de canela em pó 1 colher de sopa de massa pronta de tapioca 1 ovo caipira Óleo de coco para pincelar a frigideira

MODO DE PREPARO Pique a banana em rodelas e reserve. Pincele a panquequeira com o óleo de coco e deixe em fogo baixo. Em um bowl pequeno, quebre o ovo e junte uma colher de sopa de massa de tapioca pronta e mexa com um fouet, despejando a preparação na panquequeira. Quando secar de um lado, vire-a na frigideira e acrescente a banana, o mel, a canela e a chia. Feche-a e sirva em seguida. A massa de crepioca vai muito bem com recheios salgados também.

Chá de hibisco gelado com morango, maçã e gengibre. Ingredientes ½ litro de água 2 colheres de sopa de hibisco seco 1 maçã cortada ao meio e sem semente 1 rodela de gengibre (5 g) 2 morangos

Modo de preparo Ferva ½ litro de água e acrescente 2 colheres cheias de hibisco seco. Faça a infusão por 5 minutos, depois coe e deixe esfriar. Corte uma maçã ao meio, tire a semente e corte-a em pedaços menores. Corte 2 morangos ao meio e corte uma rodela de gengibre. Em um liquidificador, coloque o hibisco, a maçã, os morangos e o gengibre, acrescente algumas pedras de gelo e bata bem. Sirva em seguida.

OUTUBRO 2014 | 65


A GENTE EM CASA ∆

Toque colonial

Texto | Tatyane Cance Fotos | Lucas Possiede

Marister Veronezi mudou-se para Campo Grande há mais de 25 anos, deixando o interior de São Paulo. Há 14, construiu essa casa super clara com um toque colonial, como vê-se nas janelas e no telhado de quatro abas.

A arquiteta foi Sônia Mata, mas a decoração ficou por conta da própria Marister. “Cada peça eu trouxe de uma viagem ou outra que fiz. E na verdade, ainda a estou decorando a cada dia”, conta ela. O melhor exemplo disso é o lustre que fica na sala de estar da casa, trazido da feira de antiguidade do MASP, em São Paulo -uma feira que funciona sempre aos domingos, e que é parada obrigatória para Marister.

66 | OUTUBRO 2014


Na sala de jantar, a cristaleira que abriga sua coleção de xícaras foi herança da tia avó, assim como o móvel de madeira, que dá um perfume delicioso de história vivida. “Essas duas peças são de família, e eu fiz questão que ficassem comigo”, diz orgulhosa.

OUTUBRO 2014 | 67


Outro xodó é a coleção de pratos que fica na parede da cozinha. “Uns eu trouxe de algumas viagens e outros eu ganhei porque todo mundo sabe da minha paixão por pratos”.

O living da casa é integrado com o espaço gourmet e com a área de lazer. As duas peças acabam sendo as mais utilizadas pela família que, apesar de pequena, adora receber os amigos. ∆

68 | OUTUBRO 2014



achados de casa ∆

RENOVAR E DIVERTIR Por | Priscilla Marques Foto | Lucas Possiede

Pensando no dia das crianças, fizemos uma seleção de peças para o quarto que agrada mamães e crianças. Brinquedos, objetos de uso diário; muita cor para alegrar o dia a dia dos pequenos. ∆

70 | OUTUBRO 2014

Casa Tua - naninha urso R$ 98; moringa de louça com bolinha azul R$ 99 Madre Santa - placa welcome baby R$ 122; carruagem cofre de prata R$ 391 Fornari - menina R$ 74,90; caixa branca de laço R$ 88,90 Alameda - cofre porquinho branco R$ 20 Priscilla Marques é especialista na arte de receber, decorações de festas e autora do blog Anfitriã: www.anfitria.com.br



Jardinagem para crianças, muito além de uma simples plantação! Texto | Natalia Charbel Fotos | Maria Valéria Toniazzo

Integração, respeito às forças da natureza e às outras formas de vida. O descobrir de um novo mundo que está tão perto da gente. Muitas vezes, nós pais nos preocupamos muito em colocar os filhotes no inglês, aulas de reforço disso e daquilo e deixamos em segundo plano atividades lúdicas, sensoriais e imaginativas. Que não se enganem, são tão importantes quanto. 72 | OUTUBRO 2014


COMPORTAMENTO ∆

“A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.” Uma opção deliciosa é a jardinagem, que vai muito além de apenas plantar e colher. “As atividades no jardim são realizadas como uma aprendizagem para a vida, ampliando a prática do yoga, onde integramos a vivência interna com o mundo que nos cerca”, nos conta Ângela Maragno do espaço Yoga Mandiram. Perceber o mundo à sua volta e conhecer vida além da humana são, sem dúvidas, as partes mais interessantes da história. E mais, as crianças conseguem entender que nem tudo está sob o controle delas. Quem tem filhos pequenos sabe como é difícil fazer os pequenos assimilarem essa ideia. Como é impossível controlar a natureza, o processo acontece como um despertar, eles percebem que ‘desta vez’ as sementes germinaram e se maravilham observando que as cenouras gostam deste ou daquele lugar. Os pais, em sua maioria, buscam a integração de seus filhos e se encantam ao ver os pequenos absorvidos no meio em que vivem: e para isso, a professora garante, a natureza é fundamental. O contato com os elementos – o sol, a terra, a água, as forças naturais – é capaz de abrir os olhos das crianças. E para quem ainda tem um pé atrás, a jardinagem vai muito além de um simples hobby: “A enfermidade permeia nossa existência. Através da experiência no jardim é possível entrar em contato com a dificuldade em relacionar-se com o planeta e tudo que faz parte dele, lidar com os coleguinhas, com o bullying, questões familiares, controlar a agressividade com a família e com si mesmo, entendendo melhor sua mente e corpo. Perceber o quanto se está ‘doente’, e então modificar os padrões para uma vida mais plena, cheia de luz e alegria”, explica a professora. Para as crianças que gostarem o ideal é a prática contínua. Em uma aula avulsa a criança tem uma pequena amostra do bem-estar que pode ser desenvolvido, e Ângela faz uma comparação linda: “É como tomar um copo de água quando se está com sede, e isso é bom! A prática constante é como instalar-se ao lado de uma fonte de água pura e cristalina... Você sabe que SEMPRE que tiver sede, terá água ao alcance”, finaliza. ∆

OUTUBRO 2014 | 73


ids Texto | Ana Laura Azevedo

Transmitir às crianças nossas tradições é permitir que a cultura nacional se mantenha viva. Os livros são uma ótima ferramenta para manter isso à flor da pele no universo dos pequenos. Seguem alguns títulos bacanas relacionados às nossas lendas regionais, e nacionais:

Lançamento Livro: O que é, o que é? O pajé e as crianças numa aldeia Guarani Editora: Moderna • Autor: Luís Grupioni O livro trata das rotinas de uma aldeia e como as crianças vivem em comunidades indígenas. A Mbaravija, um exercício de adivinhação composto de perguntas e respostas baseadas na experiência de cada um, tradicional na cultura Guarani, dá o tom da obra. Atual Livro: Pindorama de Sucupira Editora: Pennina Edições • Autor: Nara Vidal A obra aborda as diferenças culturais entre os portugueses recém-chegados e os índios da beira-mar da descoberta do Brasil. Tudo sob o ponto de vista de uma criança indígena que se encanta pela língua portuguesa e pelos livros onde os "turistas" anotam suas histórias. Raro Livro: A Lenda da Erva-Mate Editora: Projeto Mãos Livres • Autor: Melânia Casarin A história da erva-mate faz parte do nosso folclore cotidiano, e esse livro conta de maneira bem ilustrada e lúdica essa lenda Guarani. O mais legal é que a edição é bilíngue, em português e em libras. Coleção Livro: A Iara Editora: Studio Nobel • Autor: Toni Brandão O livro da sereia Iara conta a antiga lenda nacional da índia que virou sereia, tornando-se "mãe das águas". E esta é apenas uma parte de uma ótima coleção que conta as histórias populares do folclore brasileiro para os pequenos.

74 | OUTUBRO 2014



Outubro é mês de Halloween! Tchau pra quem torce o nariz dizendo que é uma festa americanizada. Porque A Gente gosta de morcegos e abóboras. Entregue-se em um bom livro, filme, ou festa aterrorizante.

Texto | Ana Laura Azevedo

Peek-a-boo! Verdade seja dita: os personagens fantásticos do mundo do terror são uma temática super bacana (e os celtas, verdadeiros donos da festa, já sabiam disso!). Algumas dicas para entrar no clima do mês do macabro mergulhando no mundo da ficção. Na poltrona. Este ano a editora Rocco lançou o selo Fantástica, que promete focar em terror, ficção científica e fantasia. Uma ótima iniciativa, né? Os dois primeiros títulos lançados pelo selo são brasileiros e prometem ser a febre desta temporada

Na telona. Drácula - A história nunca contada. O filme conta a história de Príncipe Vlad III, interpretado por Luke Evans. Vlad luta contra um sultão que ameaça sua família, mas para vencer compromete sua alma pela eternidade. Com estreia prevista para o dia 30.

O Reino das vozes que não se calam, de Carolina Munhóz e Sophia Abrahão. Escrito a quatro mãos, o livro conta a história de Sophie, uma garota que sofre com o desprezo dos outros e descobre um mundo mágico.

Top top. Você sabia que as fantasias de Halloween mais usadas estão ligadas aos ícones da cultura pop do momento? Em 2013 a fantasia mais procurada foi a de Twerkin Teddy, relacionada àquela performance bizarra da Miley Cyrus. Em 2012 os Avengers foram recordistas de público. Em 2014 a previsão é que os Guardiões da Galáxia sejam os campeões. Mas o que nunca sai de moda é: Bruxa, Vampiro, Capeta, Múmia, Cleópatra

Cemitério de Dragões, de Raphael Draccon. Cinco desconhecidos acordam juntos em outra realidade. Em meio a uma guerra de seres fantásticos e metal vivo precisam entender o que se passa e combater o mal.

76 | OUTUBRO 2014


PUBLIEDITORIAL ∆

Kumon Dom Bosco: 25 anos de resultados Que o Kumon tem sido uma ferramenta aprovada por pais e educadores/alfabetizadores nos dias atuais, já sabemos. Muito se ouve falar dos benefícios a longo e curto prazo que esse método de estudo oferece. Alice Ishioka, proprietária do Kumon mais antigo da cidade, a unidade Dom Bosco, explica que antigamente o método somente era usado para alunos que tinham alguma dificuldade de aprendizagem, mas que hoje é cada vez mais comum crianças serem alfabetizadas pelo Kumon. Marizeth Sardinha, por exemplo, colocou as duas filhas Thalita e Thatiane desde muito pequenas no Kumon. Thatiane foi alfabetizada lá e hoje, com seis anos, já está em um alto nível de estudo tanto em matemática, quando em inglês e português. “A Thalita entrou no Kumon com quatro anos porque ela sempre foi muito desatenta. A Thati iniciou pelo inglês com dois anos e meio e, depois de alguns meses, pediu para fazer também matemática e português”, conta a mãe. Marizeth ainda confessa: “Eu me denomino ‘mãe Kumon’. Achei na Alice não só uma orientadora, mas uma parceira na educação dos meus filhos e, no final, o Kumon é como uma filosofia de vida”. Márcia Sakai, que é mãe do Fernando de sete anos e da Isabela de 12, conta que seu maior arrependimento foi de não ter colocado seus filhos para estudarem na unidade mais cedo. “Eu sou daquelas mães que sempre indicam o curso de

Kumon para qualquer um que tenha filhos. Depois que os meus começaram a estudar lá, eles adquiriram o hábito da leitura e as notas na escola melhoraram 100%”, conta Márcia. Outro ponto importante do método é que ele é feito para qualquer perfil de pessoa. Para Marizeth, esse é um dos melhores lados: “A Tathi sempre foi muito competitiva e no Kumon ela aprende todos os dias que temos dificuldades e que o caminho é saber superá-las. Aprende que a gente sempre cai, mas sempre se levanta”, finaliza. O Kumon Dom Bosco é referência na área desde 1989 e já recebeu prêmios de Excelência Brasil e Excelência América do Sul, além de ser a única unidade na América do Sul a participar, em todas as gestões, do seleto grupo “Clube Ouro” pelos índices qualitativos e quantitativos estipulados. ∆

Rua Pernambuco, 137, - Centro - 67 30276881

OUTUBRO 2014 | 77


PUBLIEDITORIAL ∆

SERÁ QUE CRIANÇAS DE TODAS AS IDADES ESTÃO PREPARADAS PARA ABSORVER UMA SEGUNDA LÍNGUA? Especialistas afirmam que o aprendizado de dois idiomas na primeira infância (de 0 a 6 anos) exerce uma influência positiva sobre a habilidade cognitiva, amplia a capacidade de raciocínio, de encontrar soluções e de ser mais criativo. Além disso, a criança cresce sabendo que existem outros códigos além do seu, o que ajuda na sua socialização e ensina a lidar melhor com as diferenças. A melhor idade para se familiarizar com o inglês é próxima aos cinco anos, porém a introdução da parte escrita de uma segunda língua deve acontecer somente depois que a criança já estiver alfabetizada em sua língua materna, por volta dos seis ou sete anos. Um recurso muito importante para este aprendizado é a repetição. Crianças na primeira infância testam o mundo, precisam da repetição para se convencerem de que a nova informação é confiável. Os pais devem estar atentos ao selecionar uma escola de inglês para seus filhos. Os métodos devem ser relacionados ao universo infantil, com aulas dinâmicas e bem elaboradas para que não se perca o ciclo de atenção de cada um. Para envol-

ver a turma nas aulas de inglês, uma boa dose de diversão é sempre bem-vinda. Trabalhar o ensino da língua inglesa para crianças requer um professor atualizado e que elabora aulas ricas em atividades, brincadeiras, jogos, histórias e música. O objetivo mais importante é despertar nos alunos a certeza de que têm capacidade de interagir com o idioma, ainda que não o dominem na pré-escola. É preciso tomar cuidado, no entanto, para não valorizarmos excessivamente os recursos lúdicos e nos esquecermos do objetivo principal: ensinar conteúdos. Quer uma maneira divertida de ensinar e aprender? Venha conhecer a Let's Talk Kids. Temos um projeto divertido e eficiente esperando por você! ∆

Rua 15 de novembro, 1434 Centro - Campo Grande/MS - Telefones: (67) 3383-1634/ 3383-1434

78 | OUTUBRO 2014



PUBLIEDITORIAL ∆

Conhecendo o Invisalign - o aparelho invisível Esqueça toda e qualquer imagem que você tenha de um aparelho ortodôntico. A nova onda, quando o assunto é aparelho, são os alinhadores transparentes feitos sob medida chamados Invisalign. O método, existente há mais de 15 anos e presente em 45 países, não traz incômodos ao paciente e nem mesmo dificuldade para higienização, tão comuns nos aparelhos convencionais.

Dra. Gabriela Melke CRO - 4219 MS

Segundo nos explicou a Dra. Gabriela Sobral de Figueiredo Melke (especialista e mestra em ortodontia), o paciente deve procurar um profissional credenciado na técnica. No consultório, após uma minuciosa avaliação clínica e estudo da documentação ortodôntica, são realizadas moldagens dos dentes que são enviadas para a Align-EUA. A Invisalign usa uma avançada tecnologia de imagem de computador 3D para transformar as moldagens em um plano de tratamento virtual, onde o paciente e o profissional conseguem avaliar passo a passo a movimentação dentária inicial, até a finalização do caso. Depois de aprovado, a central americana devolve uma sequência de moldeiras transparentes, que o paciente irá usar e trocar a cada 15 dias. De acordo com a doutora Gabriela Melke, as vantagens da técnica Invisalign são incontáveis. O método pode ser usado em adultos e adolescentes para tratamento de diversas má oclusões, desde pequenos movimentos dentários, como apinhamentos, espaçamentos, até um tratamento mais complexo envolvendo extrações. Além da eficiência na hora de alinhar os dentes, o Invisalign é esteticamente mais aceitável, já que é quase imperceptível (transparente), e mais higiênico, por não ser fixo, permitindo assim que o paciente possa retirar para se alimentar, escovar os dentes e passar fio dental. Outro ponto favorável é a possibilidade de dizer adeus aos bráquetes ou fios de aço dos aparelhos, que muitas vezes machucam a boca. Os resultados aparecem entre 6 meses e 1 ano de tratamento, e talvez seja por isso que mais de 2 milhões de pacientes já tenham se rendido ao método. É a evolução em cada detalhe da odontologia. ∆

80 | OUTUBRO 2014

Clinica Odonto Art Rua Bahia, 22 • 67 3325-8081



Alexandra Rodi

EDITORA CONVIDADA ∆

Esmero nos detalhes Texto | Ana Laura Azevedo Fotos | Lucas Possiede

Todos que falam de Alexandra Rodi já adiantam que ela é um doce. Verdade, e mesmo que você tenha isso em mente quando encontrá-la vai se surpreender com o tom de voz açucarado acompanhado de uma feição de paz incrível. A decoradora se reinventou aos 40 anos em busca de felicidade e acertou em cheio. 82 | OUTUBRO 2014

Casada e mãe de 3 filhos, mas descontente com o jornalismo, decidiu que era hora de mudar de profissão. O ponto de partida foi a decoração da festa de um ano do caçula. Foi ali que ela percebeu que “o que era um hobbie, poderia se tornar algo profissional”. Dito e feito: foram inúmeras festinhas infantis e agora, passados três anos, Alê aposta em um novo desafio ao começar a trabalhar com decoração de casamentos. O envolvimento e a paixão que ela dedica ao trabalho refletem no modo como ela cria cada detalhe. Hoje, depois do 4º casamento produzido, avalia: “Saber que de certa forma participo de momentos tão especiais da vida das pessoas me deixa muito feliz''. Cada festa tem suas particularidades. “Além disso, eu me entrego mesmo. A cada projeto durmo e acordo tendo ideias, pensando em detalhes criativos.” Algumas dessas soluções e detalhes que fazem as festas decoradas pela Alê tirarem suspiros dos convidados, ela conta pra gente este mês. Pra se inspirar.


Memórias dão personalidade. Uso um quadro negro daqueles comuns, que depois de emoldurado fica lindo. Serve pra contar a história dos noivos, dos pais, por fotos, enfim, é um toque sensacional. Simples e emocionante. Fotos que contem a história da família também dão um toque super pessoal e intimista à festa.

Esmero nos detalhes. Está na moda o varal de fotos, ou objetos. Que tal dar um toque no pregador? Aqui colamos um tecido que esteja de acordo com as cores gerais do evento. Pronto. Um mimo. Uma fofura extra.

Olhos para o reaproveitamento. Uso muitos vidros. Sabe vidro de conserva, de coisas que todo mundo usa em casa? Corte uma renda, cole, passe uma fita, ou um cordãozinho. Fica lindo. Muda completamente o objeto. Depois costumo colocar a vela aqui dentro e damos um toque a mais.

Objetos de família. Sabe aquela pilha de livros, vinis e coisas que encontramos na casa da avó, da mãe, da tia e que todo mundo vai dando fim? Tudo isso pode ser reaplicado. Alguns livros que sejam relacionados à história da sua família, posicionados com outros objetos, dão um up em determinadas ocasiões.

OUTUBRO 2014 | 83


CADERNO DE VIAGEM ∆

Croácia, o destino do momento

84 | OUTUBRO 2014


Depois de invadida e dominada por gregos, húngaros e romanos, agora, o resto do mundo já foi, está lá, ou planeja ir conhecê-la em breve... Texto e fotos | Regina Almeidinha

Independente desde 1991 e fazendo parte do Mercado Comum Europeu a partir de julho 2013, a Croácia ressurge poderosa após tantos conflitos e crises que em nada ofuscaram o que ela tem de melhor: a beleza de suas praias banhadas pelo cristalino Mar Adriático em toda sua intensidade de tons que vão do esmeralda ao turquesa. Difícil mesmo é querer conhecer tudo em uma única viagem. Melhor começar pelas principais cidades e reservar no mínimo sete dias, como eu fiz, iniciando pela bela Dubrovnik, depois passando pela efervescência de Hvar e finalizando em Split para conhecer a praia sensação do verão europeu: Zlatni Rat.

O famoso Parque Nacional dos Lagos de Plitvice, com suas cachoeiras e lagos tão comentados, não fui, nem quero ir, achei a região muito parecida com a nossa vizinha Bonito e decidi conhecer algo diferente do que estamos acostumados. Mas para quem quiser chegar até lá, aconselho incluir a cidade de Zadar em seu roteiro, como base para explorar o parque que está próximo, além de poder conhecer de perto o “órgão do mar”, a escadaria de pedras à beira-mar que emana um som produzido pela combinação da passagem do ar com o bater das ondas, um dos maiores atrativos da cidade. Outra região que não visitei, mas que pretendo conhecer em minha próxima estadia na Croácia, é a Ístria, que possui cidades com forte influência italiana como Pula. Quem tiver mais tempo disponível deve com certeza incluir esta região em seu roteiro.

OUTUBRO 2014 | 85


Para chegarmos à Dubrovnik, pegamos um voo em Roma e alugamos um carro para continuar nossa viagem pelo litoral até Split. Porém o ideal é alugar o carro ao sair da cidade, porque em Dubrovnik não é necessário carro para nada, principalmente se ficar hospedado em um hotel bem localizado como o nosso, o Excelsior, próximo à cidade antiga e com ótima estrutura à beira-mar. Só saíamos de lá para caminhar pelo centro histórico, por cima das muralhas que o contornam ou subir de bondinho para assistir ao por do sol com uma das melhores vistas da cidade. À noite durante o verão a cidade antiga fica repleta de jovens e a programação é intensa, com baladas comandadas pelos DJs mais famosos na atualidade, enfim, agrada a todos. A próxima parada foi em Hvar: saímos de Dubrovnik para pegar o ferry em Drvenik, chegando pelo porto de Sucuraj, que fica um pouco distante do centrinho, mas é uma viagem rápida e agradável. A dica aqui é alugar um barco e ficar o dia todo conhecendo as belas ilhas da região (PakleniIslands- destaque para a disputada Palmizana) e se o vento estiver calmo, passe para conhecer a Green e a Blue Cave. As paradas para os mergulhos frente às ilhas são simplesmente maravilhosas, a cor do mar é fantástica. Na minha opinião, sem o barco, você irá perder o melhor de Hvar! No dia seguinte, se não quiser passar navegando, vá conhecer algumas praias famosas como a Zarace e a Dubovica; para os que gostam do agito, a dica é ver o sol se por no HulaHula Beach Bar e dançar até o dia amanhecer na Carpe Diem da ilha ou na boate Veneranda, que fica em um castelo, no alto da cidade.

Após alguns dias neste paraíso, saímos de carro em outro ferry, do porto de Stari Grad, em direção à Split, onde ficamos hospedados dentro do Palácio de Diocleciano, na cidade histórica, no Villa Split Luxury Rooms - ótima escolha, próximo a bons restaurantes, como o Uje Oil Bar e a alguns passos do calçadão às margens do porto, conhecido como Riva. Estando hospedado em Split, você pode pegar um barco para a ilha de Brac e ir conhecer de perto a cor idílica das praias de Bol, onde está a aclamada Zlatni Rat, atual sensação dos jovens europeus. Muito importante para quem quer curtir as praias da Croácia é levar aqueles sapatinhos de neoprene, para poder caminhar tranquilo pelas pedras e se proteger dos ouriços, que aparecem em alguns locais. Vá, conheça e aproveite tudo o que de melhor a Croácia tem a oferecer, inclusive boa gastronomia e excelentes vinhos. É um roteiro indicado para todas as idades e, sem dúvida, durante o verão! ∆

86 | OUTUBRO 2014



Encorpando a cena 88 | OUTUBRO 2014


CULTURA ∆

Erika Espindola e Julio Queiroz andam experimentando novos caminhos pela música. No Púrpura, ela cantando baixinho e ele se aventurando por melodias inesperadas. Texto | Thais Pompêo Foto | Paula Cayres

No palco, ela rouba a cena. A atitude é rock, a voz, de diva do jazz. Não seria muito afirmar que ela é, hoje, a nossa principal voz feminina. Pode o leitor supor que Erika represente uma nova geração da família mais tradicional nas artes da região. Mas, não, o Espíndola e o talento dela vieram de outra genética. Por influência da Letz Spindola, do saudoso Voodoo Bar, resolveu montar a banda Black Tie para fazer covers da Amy Winehouse. Foi assim que conheceu Julio Queiroz. Precisava de um guitarrista e um amigo indicou o rapaz. “Ele nem queria tocar com a gente, ficou fazendo doce”, lembra Erika, e Julio interrompe: “Eu tinha acabado de entrar na Universidade Federal para estudar música, queria me dedicar e a noite exige muito de quem toca”. Mas deu no que deu: cedeu apenas para tocar nos três shows que Erika já tinha vendido, e acabou ficando na banda até hoje. De covers da Amy, a Black Tie partiu para uma pluralidade musical que conquistou muita gente, tocam Elis Regina, Creedence, Tim Maia, James Brown e Janis Joplin... Animada, noturna, pra dançar em shows frequentes no Blues Bar e no Lendas Pub. Depois de dois anos de banda, a dupla resolveu alçar voo para um novo, e experimental, projeto paralelo, bem diferente da Black Tie. “Até conhecer o Julio, eu tinha uma ideia da música, ouvia com outros ‘olhos’, porque a vivência que eu tenho é no palco, na noite. E ele me mostrou um lado mais silencioso, mais minimalista das canções”, reflete Erika, e Julio completa: “A música na noite é barulhenta, tem que ser

tocada alta, pra ser cantada alta, o baterista bate forte. Até as músicas mais lentas têm de ser tocadas alto”. E é justamente o oposto que eles buscaram nesse no novo projeto. O nome é poético: Púrpura. Nele o guitarrista se mostra como letrista, compositor, produtor e ainda dá uma palhinha como cantor. “Eu queria fazer uma música que tivesse mais alcance, que não ficasse só no underground da noite. Queria flertar um pouco com a Tropicália no quesito não ter regras, pra termos liberdade pra tocar, por exemplo, de uma citação de samba ao blues”, explica Julio. O reggae estiloso de “Canto Mix” lembra o som de Céu; já “Volta e Ida” flerta com o violão e metais de canções de Marcelo Camelo (uma admiração assumida por Julio); o bom e fino arranjo de “Blues da Solidão”, única canção que não foi escrita pelo duo, é uma homenagem ao grande compositor e cantor Renato Fernandes, da lendária banda Bêbados Habilidosos. O Púrpura mostra a coragem de seus participantes pra mostrar um desejo artístico: Erika aprendendo a cantar baixinho, quase sussurrando, e Julio nas experiências com efeitos e misturas de sonoridades. Uma ótima experiência pela cena autoral da cidade. O lançamento do clipe, do site (purpurabrasil.com) e do CD virtual é dia 10 de outubro nas redes sociais. E o grande momento, o show, rola dia 23 de outubro na Morada dos Baís. Promete! ∆

OUTUBRO 2014 | 89




ATUALIDADE ∆

DESMARGINALIZANDO AS MARGENS PARA TRADUZIR A TRADIÇÃO

Texto | Rosana Cristina Zanelatto Santos Foto | Reprodução pintura de Martha Barros

melhor no saber cuantos años bocê tem / esquecer la data de su aniversário / livrar-se de los caprichos otários / un dia todos terão de ir além Douglas Diegues

Chega outubro em Mato Grosso do Sul e com ele as comemorações pela criação deste Estado em 1979. Nas paisagens que se desnudam pelas terras sul-mato-grossenses, meu olhar vislumbra os mais diversos retratos: o descampado da região do Bolsão; os campos no entorno da Grande Dourados; o Cerrado ao norte, rumo ao Mato Grosso; o Pantanal de Corumbá e de Ladário, na divisa com a Bolívia; o aniversário do portunhol salvaje de Douglas Diegues; as fotografias poéticas de Manoel de Barros. Todos esses retratos são contornados por margens geográficas e culturais, estas últimas movediças. Elas se esfacelam a cada toque das tentativas malfadadas de construção de uma tradição fechada e tributária de si mesma, mas que funcionam como miragem de uma extensão plena de homogeneidade onde há oásis de crítica ao tradicionalismo. Não me importo com o estado de esfacelamento, pois ele age em para a conjunção entre margem e tradição. Me importo sim com as miragens sustentadas pelas mais variadas falas e como os oásis resistem.

92 | OUTUBRO 2014

Em um lugar de aparências como o mundo contemporâneo, o que salta aos olhos são as várias culturas regionalistas e suas (falsas) conexões com um mundo globalizado e massificado, sustentado por projetos de desumanização e de consumo. Em entrevista para a revista Bamboo (set. 2014), a especialista em antecipar tendências (e eu que nem sabia que isso existia...) Li Edelkoort fala sobre o artesanato como “... a repetição de ações que identificamos num passado comum e que trazem com elas sentimentos de pertencimento e continuidade.” Penso aqui, de modo análogo a Edelkoort, no que seja a tradição como repetição e agregada ao esquecimento: é preciso repetir para não esquecer e não esquecer significa reelaborar, reinterpretar sempre, num processo de transformação, de tradução e de traição. Só nessa ordem enxergo a tradição: ela está, por exemplo, para além de um novo nome para o estado de Mato Grosso do Sul, ou seja, um projeto de comércio travestido em “tradição e cultura pantaneira”. A fim de desvestir esse e outros engodos de uma dita tradição e poder felicitar Mato Grosso do Sul pelos tempos afora, sem os ranços dos tradicionalismos, é preciso pensar por si próprio, como disse Kant, e clamar pelo cuidado com este nosso mundo, como disse Hannah Arendt, afinal, os lugares, como "As palavras se sujam de nós na viagem. / Mas desembarcam no poema escorreitas: como que filtradas. / E livres das tripas do nosso espírito". Manoel de Barros ∆


CAPIVARA ∆

Touché • Rua Espírito Santo, 984, Jardim dos Estados

www.facebook.com/ToucheCamisetas

Capivara Blasé • apenas durante o caranval Massas Capivara • Rua 13 de Maio, 4551, São Francisco

www.facebook.com/capivarablase

www.facebook.com/massascapivara

Bar Baraúna • Avenida Monte Castelo, 190, Monte Castelo

www.facebook.com/baraunabar

A capivara agora é pop Texto | Thais Pompêo

E de repente elas deixaram a paisagem do mundo real para entrar, sorrateiramente, no universo simbólico. Assim como nas ruas, foi uma invasão em bando: penetraram marcas de camiseta, de massas caseiras, de um bar, chegando até a virar bloco de carnaval. De bicho sertanejo, a capivara agora alçou uma nova posição - agora ela é pop. Na Touché Camisetas, o paulista Fábio Castro deu o nome de “Capivara Mística” à linha infantil da loja. A ideia surgiu das brincadeiras dos seus filhos com os amiguinhos, que chamavam um ao outro de capivara mística. “Entramos no embalo deles; curtimos a ideia pra fazer referência à cidade”. A ilustração super graciosa da marca - uma capivarinha olhando pra um céu estrelado - foi feita por Paola Oliveira, filha do artista plástico Isaac de Oliveira. Tem também a “Massas Capivara”, da chef e poeta Kite Santana. “No Sul, o pessoal vê a capivara como a cara do Pantanal. Quando eu passei uma temporada por lá, eles me chamavam de capivara: ‘Você é tão fofinha, parece uma capivara’. Na minha volta, precisava criar uma marca pra minha empresa e resolvi me juntar a elas”, explica Kite.

E nem os blocos de carnaval escaparam da invasão desses doces bárbaros. Vitor Samudio, diretor do grupo de teatro Mercado Cênico criou o bloco, com genial nome, de Capivara Blasé. É ele quem explica essa história: “A capivara é super blasé, atravessa a rua e nem olha pro lado. Uma atitude que tem tudo a ver com a cidade - os campograndenses são muito blasé (fala com sorriso de canto de boca). E não é que no dia de colocar o bloco na rua, choveu!? Ai nós falamos: ‘A gente é tão blasé, mas tão blasé, que só fica na concentração’. Mas, brincadeiras à parte, a capivara tem essa relação de afeto que acabou virando uma identidade da cidade. Ela é simpática, apesar de ser super… blasé (risos)”. E virou obsessão: sábado à noite, em um bar da cidade, eis que ela surge como imagem de fundo no cardápio, malandra, segurando um caneco de chop. Dessa vez, depois de uns pileques, muito mais simpática, na logo do Bar Baraúna. Um brinde a elas e a nós, capivaras do cerrado! ∆

OUTUBRO 2014 | 93


AGENDA ∆

CAMPO GRANDE CINEMA

6 a 17 de outubro Mostra Encontro com Cinema Alemão Na Mostra, 10 obras cinematográficas produzidas na Alemanha no final do século passado e começo deste serão apresentadas e discutidas levando em conta a questão: arte no cinema. Entre os filmes estão: Adeus Lenin, de 2003; Sonnenallee, de 1999; Bem-Vindo à Alemanha, de 2010 e outros. É de segunda a sexta, às 19h, na Sala Audiovisual do Sesc Horto. 13 a 17 de outubro CineMis – Mostra de Cinema Sul-Mato-Grossense Mais informações no extra regional. SHOWS 1º de novembro Toca Mais Lulu Ele é um clássico. Lulu Santos faz show em CG no início de novembro: Toca Mais Lulu; sem esquecer, claro, os grandes sucessos de sua carreira. Confira mais no Extra Regional. 4 de outubro Hip Hop Fantasy A Hip Hop Fantasy é a primeira festa à fantasia promovida pela Move Club. O som fica por conta dos Dj’s André Heat e Kauê, que prometem muito Hip Hop. Vale ressaltar que o traje é obrigatório. É sábado, a partir das 23h. TEATRO 4 e 5 de outubro Azul Resplendor Teatro é o tema do espetáculo Azul Resplendor, que traz a grande atriz Eva Wilma para Campo Grande este

94 | OUTUBRO 2014

mês. Uma comédia que expõe, através de uma rara combinação entre humor ácido e delicadeza, a vida de um ator, com as ironias, jogos de poder, ambições e vaidades. O texto é do peruano Eduardo Adrianzén. No elenco: Eva Wilma, Genézio de Barros e Guilherme Weber. Dia 4, sábado, às 21h; e dia 5, domingo, às 19h, no teatro Glauce Rocha.

11 de outubro Ary Toledo 5.0 O humorista Ary Toledo comemora seus 50 anos de carreira com muito humor. O artista é detentor do recorde de público no teatro brasileiro. Levou 2 milhões de expectadores ao teatro nos anos 80 com o espetáculo “Ary Toledo com a Corda Toda”. O novo show vem dividido em quatro etapas: Política, Sogra, Crianças e as piadas de português. É sábado, às 21h. 21 de outubro Meu Passado Não Me Condena A global Fernanda Souza chega por aqui para apresentar sua comédia Meu Passado Não Me Condena em uma única apresentação. A peça é um monólogo numa espécie de stand-up moderno que relembra seus personagens de sucesso nas novelas ao longo de seus vinte e cinco anos de profissão, usando a plateia como se estivesse em um confessionário. É no Palácio Popular da Cultura, às 22h. FESTIVAL 4 de outubro The Indie Music Festival As bandas Vivendo do Ócio, Winchester e Facas Voadoras se apresentam no The Indie Music Festival que acontece no Hangar Live Music neste mês de outubro. Os ingressos

já estão disponíveis na Augusta Life Store e na OldDogDogueria. É sábado, a partir das 23h.

15 a 18 de outubro Festival de Violão O Festival de Violão em Campo Grande vai reunir os principais expoentes do instrumento no Brasil, com participação de artistas latino-americanos. Serão realizados concertos e oficinas para estudantes e os eventos terão entrada gratuita. No Sesc Horto, de quarta a sábado, às 20h. 19 a 26 de outubro 11º Festival de Cinema de Ivinhema A 11a edição do Festival de Cinema de Ivinhema traz o tema “O Brasil que foi Paraguai”. Uma reflexão aos 150 anos do início do conflito entre a tríplice aliança e o Paraguai, com curadoria do diretor Joel Pizzini (Olho Nu e 500 Almas), destacando o cinema produzido na região. A programação conta com oficina de fotografia com Elis Regina Nogueira; de linguagens e imagens com Douglas Diegues; e cinema em várias mídias com Helton Perez. De domingo a domingo, no Cinelito em Ivinhema. CURSOS De 21 a 23 de outubro Workshop de Montagem com Natara Ney A montadora, diretora e roteirista do Rio de Janeiro Natara Ney chega a Campo Grande para apresentar um workshop gratuito sobre montagem. Natara trabalhou no cinema com filmes como "Tainá - a origem", "O Guerreiro Didi e a Ninja Lili" e "O Mistério do Samba". Já na TV montou "Ó Paí, ó" (série), "Todas as mulheres do mundo" e "Sexo Frágil" (especial Fantástico). De terça a quinta, às 19h, no Museu da Imagem e do Som.



PUBLIEDITORIAL ∆

Propaganda faz a Diferença

Da esquerda pra direita: Miguel Pontes, Fernanda Rodrigues, Cristiane Gonçalves e Rodrigo Corrêa

As relações humanas fazem de nós, de alguma forma, todos publicitários. Anunciar é preciso em todos os sentidos, uma necessidade tangente nos dias atuais e uma arma poderosa quando utilizada com sabedoria, planejamento e foco. O negócio da Agência RESULTADO é fazer propaganda com alma, diferente, tal qual cada um dos seus quatro sócios. Uma empresa com mais de 10 anos de experiência e outros tantos de história, pois, mesmo sem saber, a parceria que deu início à empresa começou nos tempos de adolescência. Cris e Fernanda são amigas de longa data e justamente por alguns pontos em comum: são comunicativas natas e respiram publicidade, fatores que geraram um fruto promissor: a Agência RESULTADO. Os anos acrescentaram cases de sucesso, parceiros e sócios que trouxeram na bagagem conhecimento, disposição, organização e ainda mais personalidade. Miguel Pontes, experiente publicitário, foi o primeiro que o destino uniu às duas empresárias, fazendo dele o novo sócio da RESULTADO. Anos mais tarde, Rodrigo Corrêa entrou para a casa mais criativa de Campo Grande. Pautados no conceito de que a vida é empreender e que para vencer é necessário aparecer, com coragem e ousadia, inteligência e conhecimento, a RESULTADO continuou crescendo junto com os parceiros, com força e talento. Acreditamos que nunca houve um momento mais espetacular para empreender como hoje, o agora é a nossa hora, o desenvolvimento e a Rua Júpiter 497, Alto Sumaré 67 3056 2222 AgenciaResultado

96 | OUTUBRO 2014

criatividade estão em nosso DNA, no coração da criação e de toda a inspirada equipe que luta pela valorização de cada cliente como se fosse o primeiro e o último. Propaganda é isso: encarar de frente, olhar nos olhos dos desafios e partir pra cima na base da habilidade, andar armado com ideias e felicidade, amor e coragem, sempre na cola de RESULTADOS. #propagandafazadiferença. Fazemos tudo e mais um pouco, do que for preciso, pois no mundo da comunicação não existe o impossível, tudo, absolutamente tudo, é possível, é agora, é pra ontem e o hoje é o que importa. Uma agência de publicidade projetada para quem não tem tempo a perder, feita de grandes ideias, pronta para atrair o sucesso, pois ele nunca anda sozinho. Os quatro sócios, Cris, Fernanda, Miguel e Rodrigo, são um exemplo disso. Nossa agência fica pertinho da Orla Morena, uma garantia de que os clientes podem respirar novos ares, mostrarem-se sem medo, em um local agradável. A RESULTADO tem o espírito jovem, além de entender como boas ideias são o diferencial que fazem o bom negócio acontecer. ∆



TRIFACE

ZOOM

OUTDOOR

Como parte da estratégia de comunicação, a Domino’s usou dois veículos de mídia exterior: o outdoor e o triface. Com o outdoor foram utilizados pontos estratégicos próximos da loja, gerando assim impacto e visibilidade. Já com o triface a localização foi fundamental para ganhar destaque e posicionamento. Dessa forma conseguimos uma comunicação eficaz. Cliente: Domino’s Pizzaria Depoimento: proprietário

98 | OUTUBRO 2014


no mercado OUTDOOR

Cantão está em um ótimo momento, com Camila Pitanga mostrando sua beleza leve, seu jeito de viver bem, como é próprio da marca. Em setembro, a Cantão Campo Grande lançou a nova coleção "Origem - os 4 elementos", utilizando várias ferramentas, tendo o outdoor como peça-chave.

OUTDOOR

Cliente: Cantão Jadyna Aparecida Manica Pires - Sócia-proprietária

Além de ter bons produtos, uma das premissas da Capodarte é ter também boas mídias para atingir seus resultados. Em Campo Grande, o outdoor se tornou um meio fundamental para nossas campanhas, e para isso contamos sempre com a parceria da Zoom. Antes de estar com as consumidoras mais exigentes, nossos produtos tomam as ruas e atraem olhares e o bom gosto através de cartazes de alto impacto. Agência: Criatrix - Cliente: Capodarte Rose e Ricardo Kuninari

OUTUBRO 2014 | 99


100 | OUTUBRO 2014


PERFIL ∆

Corujices Aconchego e inspiração resultaram num espaço mágico escondido em plena Euclides da Cunha. À frente disso duas irmãs que mergulharam no universo infantil para a viagem de suas vidas. Entrem com A Gente na Corujices Kids e preparem-se para o encanto imediato. Texto | Ana Laura Azevedo Foto | Lucas Possiede

As irmãs Fortti sempre tiveram uma quedinha por objetos do mercado infantil, mas com a chegada dos filhos de Vanessa, elas descobriram que tinham mais do que apenas apreço. A paixão resultou numa sociedade. Fabiane era fisioterapeuta ativa e Vanessa, publicitária que trabalhava com lembranças e convites, quando decidiram embarcar no projeto de ter uma loja infantil. Inspiradas pela falta de opção e pela frustração ao procurar objetos para decorar o quarto da caçula de Vanessa, as irmãs começaram a ir a feiras nacionais relacionadas e decidiram investir no sonho. No começo já com alguns produtos e sem o espaço físico, as meninas apostaram nas redes sociais. O retorno do Instagram foi um sucesso. Elas foram as primeiras a vender a marca Lé com Cré no Estado. Outro detalhe é que decidiram mandar produtos para todo o Brasil. Depois de seis meses abriram as portas da loja. A Corujices vai além do vestuário: são fantasias, brinquedos, objetos de decoração e mimos de diversos tipos. As roupas são lindas e divertidas, por vezes retrô também. O espaço físico é um aconchego que reflete todo o carinho e dedicação das meninas. Os produtos multimarcas navegam entre nomes como: Forrozinho, La Condesita, Corporação de Ofícios, Rice, La Marelle. Entre marcas importadas e nacionais revela-se o bom gosto e o insight para tendências da afinada dupla. O nome da multimarcas surgiu de uma conversa das irmãs com uma amiga, Luciana, cujo apelido é coruja. Por todas elas adorarem o pássaro e pelo significado informal que o termo tem em português - corujar significa zelar por alguém mãe e tia se identificaram prontamente com a ideia. O nome coroou a proposta delas e fecha a identidade caprichada da loja. Exemplo de empreendedorismo, as irmãs Fabiane e Vanessa Fortti continuam a sonhar alto. Após quase um ano de loja, elas garantem querer mais e contam que os planos de expansão existem. Por enquanto, elas surpreendem mamães que descobrem este oásis. ∆

OUTUBRO 2014 | 101


ECONOMIA ∆

Texto | Marcelo Karmouche Administrador e Consultor de Investimentos

Daqui pra frente, tudo vai ser diferente Desde as manifestações de junho de 2013, que começaram despretensiosamente por causa de 20 centavos por uma classe de estudantes, a população levantou suas insatisfações com a microeconomia, transporte público, segurança, saúde e educação, problemas causados pela ineficiência do Estado, que cobra e não proporciona uma boa qualidade de seus serviços. Isso sem falar da impunidade nos casos de corrupção. Este mês, nas eleições 2014, é o momento para identificarmos e elegermos aquele(a) que vai minimizar essas deficiências, melhorando o que estava errado e, principalmente, fazendo um trabalho a longo prazo, sem ideias imediatistas ou paliativas, mas sim éticas, sensatas e sólidas. Algo novo que venha romper as amarras do passado. Mas afinal, qual a mudança que realmente queremos? A maioria são as de sempre: saúde melhor, educação de qualidade, segurança eficiente, mais emprego, melhor transporte, menos corrupção, impostos mais justos, economia mais pujante e corrente, e que faça cumprir todos os nossos direitos da Constituição Federal. Todos nós temos em nosso DNA um caráter político ideológico, aquilo que nos incomoda identificamos como um problema que precisa ser resolvido, e nos expressamos a favor de uma solução, mas para uma presidência da república ou governador se faz necessário um diálogo com as partes interessadas, entender as minorias, mas pensar num todo, pois mesmo tendo suas opiniões contrárias e políticas adversas, terá que ceder em algumas decisões. As propostas sempre se igualam no que tange a melhorias aos setores mais deficitários, mas sempre que assumem temas como transporte, saúde e educação, vão ficando para o segundo plano, pois os doadores das campanhas costumam cobrar os investimentos feitos nos candidatos vencedores, e talvez esse seja o principal entrave de governança política atual.

102 | OUTUBRO 2014

Os próximos governantes terão um desafio econômico enorme para 2015, uma inflação que ronda o limite da meta (6,5% a.a), e que só não foi rompida no ano de eleição, porque os maiores pesos do índice de inflação, que são os de preços dos combustíveis e energia elétrica, ficaram reprimidos*. Sem aumento pelo governo, que tem o controle dos preços dessas tarifas, a taxa de juro é também uma ferramenta eficaz utilizada pelo governo para controlar a inflação, mas já está bastante elevada, em 11%. Este patamar pode retardar o crescimento do país, pois o custo do dinheiro para investimentos pode ficar mais caro no longo prazo, e isso funciona como um ciclo no qual o crédito tomado fica muito caro, e isso freia o consumo, somado à falta de confiança do investidor gera recessão, como a atual economia do país, que se encontra em uma recessão técnica, isso ocorre por três baixos crescimentos consecutivos. Vamos ter que crescer assim mesmo, talvez cortando duro, com demissões voluntárias em estatais, privatizando algumas delas como estradas, portos e transportes, diminuindo os custos de frete e de gargalos de produção. Criar mecanismos que possamos desenvolver de modo sustentável, onde tudo que produzimos possa ser retornado ao meio ambiente, seja no campo social, cultural, econômico. Enfim os problemas microeconômicos são mais desafiadores, pois dependem da condução de quem governa, e até já melhoramos em alguns aspectos, mas é preciso muito mais, somos uma das maiores economias do planeta (8º), o quinto país que mais atrai investidores estrangeiros, temos uma geografia e localização hegemônica na América do Sul. O desafio do novo presidente(a) será transformar o que temos em uma máquina azeitada que faz toda a nação crescer com oportunidades, uma economia fortalecida com uma melhor qualidade dos serviços prestados e consequentemente de vida, ampliar a infraestrutura para daqui 20/30 anos, reestruturar um sistema tributário justo como um todo, combatendo sem piedade a corrupção e a miséria, além de principalmente inovar o modelo de educação atual. ∆


ARTIGO ∆ Texto | Maria Adélia Menegazzo Professora da UFMS, Doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada; membro da Academia Sul-matogrossense de Letras e da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA).

Realidade / Ficção – Sim! Não! Por favor! Dentro de um observatório, na Riviera Francesa, e diante do céu estrelado que se abre, ouvimos a afirmação: “O universo é ameaçador!” Talvez decorra daí a necessidade de encontrar explicação para todas as coisas do mundo ou, quem sabe, isso implique repetir a pergunta que levou ao debate o semiólogo italiano Umberto Eco e o cardeal Carlo Maria Martini: “No que creem os que não creem?” Entre cosmogonias, apocalipses e história, o paradoxo do tempo humano. O filme Magia ao luar (Magic in theMoonlight), de Woody Allen, dedica um olhar enviesado a qualquer resposta que se pretenda unívoca para os conflitos entre razão e paixão, magia e ciência. O que pode a razão diante da magia própria dos sentimentos? Para viver uma grande paixão não se pode abdicar da razão. Muito categórica? Muito bem, o que decidir então? Realidade? Ficção? Magia? Razão? A 31ª Bienal Internacional de São Paulo, por exemplo, joga luz no debate ao apresentar-se como uma proposta para coisas que não existem. No lugar desse vazio poderiam ser inseridas ações como: procurar, reconhecer, lutar por, ler sobre, usar, imaginar e todas as que mais quisermos. Evidentemente, não é fácil decidir sobre uma proposição tão aberta, mas a abertura também reivindica ações do observador. Diante do conhecimento rápido, fácil e insuficiente do mundo contemporâneo, como falar de coisas que não existem? O que faz a

arte para mudar nossa percepção e compreensão do mundo? Ativa a razão ou a sensibilidade? Como ir além do gosto? Duas exposições retrospectivas podem dar a dimensão do problema colocado pela arte. Na Pinacoteca de São Paulo, a artista Mira Schendel trabalha para demonstrar que a arte propicia novos enfrentamentos com a sensibilidade e com a razão. A experiência estética vai, neste sentido, muito além de quaisquer limites, tornando possível a materialização do som do silêncio, da invisibilidade do visível. Não faz figurar além do necessário e torna a palavra um gesto plástico. Do mesmo modo Leonilson, com Truth, fiction, na Estação Pinacoteca, repõe a questão. A maioria dos seus desenhos se faz acompanhar por palavras, pequenas narrativas, listas intermináveis de coisas inacreditáveis. Os desenhos ocupam um canto, um pequeno espaço no mundo, por isso não figuram as coisas como elas são, embora possam dar a conhecê-las. E perpassando tudo, a delicadeza, a necessidade de aproximação no limite do próprio corpo. Afora isso, talvez a melhor metáfora de como a razão invade a sensibilidade, ou seu contrário, esteja na obra de Henrique Oliveira, no MAC/USP, a Transarquitetônica. É ver para crer. Ou será crer para ver? ∆

OUTUBRO 2014 | 103


ARTIGO ∆ Texto | Ariadne de Fátima Cantu da Silva, Procuradora de Justiça e escritora.

Por que é tão difícil impor limites aos filhos? Como gosto de provocações, vou direto ao ponto: quem nunca se rendeu ao desespero na educação dos filhos? Saber onde está o certo e o errado na educação dos filhos, em um mundo bombardeado pela mídia que vende a felicidade instantânea e coloca em cheque valores duramente conquistados pelos pais, é tarefa para os bravos. A acelerada versão daquilo que se convencionou chamar de infância estreitou o espaço para que as crianças sejam simplesmente crianças. O mundo competitivo abocanhado pelos pais sinaliza a todo instante que o TER não dá mais espaço para o SER. Nas gerações anteriores, a motivação nascia da própria criança: hoje passa a ser a própria criança. É quase imperioso que elas não tenham tédio, e acabam sendo hiperestimuladas por um excesso de atividades que não lhes permitem florescer adequadamente. Da escola vão para o ballet, do ballet para a aula de inglês, do inglês para as tarefas, e das tarefas para a cama. Criam-se dinâmicas que não permitem que elas construam, dentro do universo infantil, ferramentas que as habilitem a serem adultos capazes de lidar com frustrações. Quando precisariam de sossego para, sozinhas, desvendarem seu mundo, são colocadas em frente à grande babá eletrônica, que nos intervalos do inocentes desenhos da Peppa Pig, vende também tendências, conceitos e produtos, altamente desejados pelos pequenos. Nos parquinhos, algumas dessas crianças têm medo de balançar muito alto, mas não temem os zumbis sangrentos do vídeo game. A chamada geração Z, nascida entre 1990 e 2010, também conhecida como sucessores dos babyboomers, parece ter nascido conectada em alguma rede wireless ou cabo de fi-

104 | OUTUBRO 2014

bra ótica. Eles têm atenção e raciocínio que se desenvolvem em flashes de segundos, e deixam desnorteados educadores que não foram capacitados para motivar-lhes o encantamento pela descoberta. A escola, antes parceira, agora é refém de seu comércio. E os pais, atônitos, assistem à adolescência se desenrolar como se tivessem o verdadeiro Thor dentro de casa, com trovões, e muita testosterona, ou drama, conforme seja menino ou menina. Como buscar o melhor para nossos filhos? Como educá-los e melhor prepará-los para o mundo? Como explicar para sua filha com seios que “ela” acha grandes ou pequenos demais, que o tamanho de seus peitos não tem nada a ver com o conceito de beleza, que ela teima em copiar das musas e modelos da mídia? Como dizer ao seu filho que ser homem é um conceito muito mais abrangente do que ficar com o maior número de meninas que puder numa noite? A busca da felicidade passou a ser mais importante do que ter direitos e deveres. O valor da modéstia, virou o divertir-se consumindo. O que antes era resolvido com a simples obediência, agora impõe que ensinemos nossos filhos a escolher com responsabilidade. A disciplina, o autocontrole, e a ética, passam a ser valores-referência, que quem quiser transmitir a seus filhos, vai ter de matar um leão por dia. O mundo é maravilhoso, todas as mudanças e avanços também são, mas infelizmente, o ambiente não faz mais parte do processo de formação do ser. O mundo mudou e as crianças mudaram com ele. Ter filhos é extremamente desafiador, mas talvez ainda seja a maneira mais eficaz de melhorarmos como indivíduos. ∆


MEMÓRIA ∆

POLÍTICA ESTUDANTIL NOS TEMPOS DA “INDEPENDÊNCIA”

Bons tempos aqueles em que os estudantes faziam a sua própria política, voltada para interesses da classe e sem interferência dos partidos políticos ou interesses outros que não fossem as conquistas de um todo, voltadas aos seus objetivos e necessidades. Era assim aqui em Campo Grande, nos anos em que vivemos a segunda guerra, até o início dos anos sessenta, época de grandes conquistas que deram rumo a transformações, cujos benefícios perduram até os dias de hoje, embora muitas delas tenham se perdido na inconsequente e desastrosa política das modernas administrações. A partir de então, o jogo de interesses, desmandos e envolvimentos escusos tornaram a política estudantil um jogo de poder, indiferente às causas e necessidades da classe, caindo em descrédito entre os próprios estudantes. Foi no início dos anos quarenta que surgiu aqui a poderosa UCE, tendo como primeiro presidente Luiz Arruda Brandão, cuja administração era voltada à criação de maior número de vagas nas escolas públicas que, à época, detinham a melhor qualidade de ensino, atraindo alunos de todas as classes sociais. De 1943 até 1945, foi a vez do jovem Antônio Mendes Canale, cuja administração foi marcada pela luta de direitos dos estudantes de menor poder aquisitivo, questionamento de autoridades, exigindo medidas definitivas em favor do ensino, promovendo atividades sociais que uniam a classe estudantil (primeiro concurso de Miss Estudantil - Jogos intercolegiais), resultando daí o seu ingresso na vida política, não sem antes abdicar do cargo que exercia, dando um exemplo de dignidade e responsabilidade perante a classe, não permitindo que se misturasse a política estudantil com a partidária. Foram seus principais auxiliares Ernesto Garcia de Araújo, Hélio Mandetta e Júlio Silva. Muitos anos depois, Canale viria a ser prefeito da cidade, e numa demonstração de carinho e respeito aos estudantes, doou o terreno para construção da sede da entidade estudantil, tendo em sua segunda gestão patrocinado a cobertura do Ginásio de Esportes da Uce. Logo depois da gestão Canale a UCE ficou desativada, sem líderes que se interessassem pela política estudantil, e só no início dos anos cinquenta foi reativada, com a maior campanha eleitoral que os estudantes da cidade realizaram em toda a história da velha UCE. Numa movimentada e disputada eleição, concorreram para a presidência os estudantes Júlio Nimer, Shiguenory Aguni, Arlei Serra e Gilberto Benites. Cada um representava um dos grandes colégios da época, tendo Júlio Nimer usado estratégia diferente, abrindo espaços para estudantes de todos os grêmios e colégios, dividindo forças dos concorrentes em seus próprios nichos eleitorais. Foi a maior campanha a que a cidade assis-

Texto | Eddson C. Contar Jornalista/pesquisador/escritor

tiu, até mesmo superior às campanhas político-partidárias da época, que envolviam o PSD, UDN, PTB, PSP, em acirradas disputas. Grandes passeatas pelo centro da cidade, bandas, fanfarras, foguetório e comícios nas proximidades das escolas, chamavam a atenção mesmo daqueles que não participavam do meio estudantil, tudo às custas de promoções que os próprios estudantes faziam, sem aceitar “ajuda” de políticos ou estranhos ao meio. Não deu outra!... A estratégia de Nimer deu a ele a vitória, e assim, a UCE reiniciava sua vida de lutas em prol do estudante, apoiada por seus antigos contendores, cumprindo aquilo que constava das propostas do grupo durante a campanha eleitoral. “Reerguimento da classe, criação da Biblioteca Estudantil, campanha pró casa do estudante, alfabetização de adultos, primeira olimpíada estadual, criação do clube de rádio-teatro estudantil, o meio-ingresso para estudantes (conseguido graças a um paredão humano em frente ao cine Alhambra, ocasionando a suspensão da seção), participação na distribuição de bolsas de estudos oferecidas pelo governo do Estado. A UCE era dos estudantes e não admitia ingerências políticas em suas atividades e manifestações. A boa administração de Júlio Nimer serviu de alicerce para novas conquistas que se seguiram nas administrações de Vicente Sarubi, que implementou grandes avanços na política estudantil, seguindo-se a exitosa gestão de Levy Dias, que construiu a sede da entidade, orgulho para os estudantes de então, cuja obra foi terminada na gestão de Pedro Pereira Dobes, último grande dirigente dos bons tempos da União Campo-grandense de Estudantes. Muitos dos antigos presidentes tornaram-se políticos, mas em consequência de seu trabalho e não às custas dele. Destacaram-se e ganharam o direito de alçar voo por suas qualidades, após trabalhos realizados nos tempos de estudante. Depois, o que se viu foram desastres que culminaram com a perda da sede, escândalos em algumas administrações irresponsáveis e a consequente deterioração da grandeza e respeito que a entidade teve nos velhos tempos, tornando-se hoje um trampolim a serviço de interesses pessoais, longe daquilo que as primeiras administrações deixaram como exemplo de luta, dinamismo e realizações em benefício do estudante. Assim acontece a níveis de cidade, estado e país, infelizmente! Agora, é esperar que surjam novos líderes independentes, que tenham consciência do poder, sem interesses outros, e possam escrever uma nova história na verdadeira política estudantil, defendendo causas que estão aí, à mercê de políticos e partidos, sem a participação efetiva da classe interessada. Que nossos estudantes reaprendam a separar o joio do trigo! ∆

OUTUBRO 2014 | 105


ACONTECEU ∆ A Alimentar Dietas organizou, no dia 8 de setembro, um jantar para o lançamento de seu vídeo institucional: Vem Ser Alimentar. O projeto é um convite a todos que buscam um estilo de vida saudável, conciliando trabalho, hobbies, atividades físicas e alimentação saudável. O filme mostra como podemos aliar hábitos saudáveis a nossa rotina diária. Uma noite de festa que culminou no bem estar de todos os presentes.

1- Natalia Trad e Stela Trad ; 2- Giulliano Gondim, Proprietário da Produtora Óia Filmes; 3Lucas Possiede, Priscila Mota, Patrícia Albuquerque; 4- Manu e Mel; 5- Leila Atalá; 6- Cintia e Priscila Santos Pereira; 7- Mariana Alves; 8- Rossana Lunardon, Sávio e Ana Paula Lunardon / Família; 9- Marcelo Natureza e Fred.

Fotos | Lucas Possiede

1

2

3

4

5

6

7

8

106 | OUTUBRO 2014

9


Foto | Lucas Possiede

SUA MELHOR ESCOLHA

Shopping Norte Sul Plaza Loja 165 | 67 3056 1280


ACONTECEU ∆ Plaenge lança Impéria Residenziale em noite festiva. A Plaenge lança mais um empreendimento em Campo Grande, ao lado da Praça Belmar Fidalgo - considerada uma das regiões mais valorizadas pelo mercado imobiliário da cidade. A festa de apresentação do Impéria Residenziale aconteceu no último dia 25 de setembro com a presença de clientes, convidados e autoridades. O Impéria, além de estar em uma região estratégica, tem diferenciais e atrativos especiais na infraestrutura de lazer, prática de esporte e festa. O apartamento decorado é um luxo, marcado pela funcionalidade e requinte. O cerimonial foi assinado por Patricia Faracco, som e iluminação da Artluz, cobertura fotográfica de Marcos Vollkopf, Valet by Jefferson de Almeida. A apresentadora Carmen Cestari foi a mestre de cerimônia do lançamento. Um projeto majestoso! Confira os flashes da festa. 1- O diretor regional da Plaenge Édison Hollzmann ao lado da esposa Ângela Hollzmann; 2- Odilon, Juliana e o casal Patrícia e o gerente regional da Plaenge Luiz Octávio Pinho; 3- A gerente regional da Plaenge Ada Lima ladeada pelos jornalistas Carmem Cestari e Jefferson de Almeida; 4- Os casais Édison Hollzmann e Ângela; Ana e Jaime Jacob; 5- Ana Paula e Heloíse Gimenes; 6- Neli Todeschini e Letícia; 7- Raul, OLga, Artur e Ubirajara; 8- Rachid Benites e Olga Higa.

1

2

3

4

7

108 | OUTUBRO 2014

5

6

8



Fotografia/Edição: Vitor Mareco Modelo: Camila Nantes www.flickr.com/photos/vitormareco

"Não tem espaço pra dor numa caneca é líquido secando líquido lágrimas se estancam no calor da cerâmica ou evaporam fez-se abraço a fumaça." (Camila Nantes)

Sua foto ou ilustração pode estar aqui! Envie para redacao@revistaagente.com.br

110 | OUTUBRO 2014




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.