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R$ 251,2 BILHÕES PARA O AGRO

OPlano Safra 2020/2021 disponibilizou R$251,2 bilhões para apoiar a produção agropecuária nacional, um aumento de 6,3% em relação à safra anterior, ou seja, acréscimo de R$14,9 bilhões para os produtores rurais. Os financiamentos da atual safra poderão ser contratados pelos agricultores de 1º de julho deste ano a 30 de junho de 2022. As informações do Plano Safra 2021/2022 estão consolidadas no Manual de Crédito Rural, no Banco Central.

O recurso contribuirá para garantir a continuidade da produção no campo, o abastecimento de alimentos no país e atender as exportações. Do total, R$177,78 bilhões serão destinados ao custeio, industrialização e comercialização e R$73,4 bilhões serão para investimentos. Os recursos destinados a investimentos tiveram aumento de 29%.

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INVESTIMENTO

Programa

Recursos Programados (R$ bilhões)

Limite de Crédito / Beneficiário Prazo Máximo (anos) Carência (anos)

Taxa de Juros de Até (% a.a)

Moderfrota 7,53 85% 7 14 meses 8,5 Moderagro 1,89 R$ 880 mil 10 3 7,5 Proirriga 1,35 R$ 3,3/9,9* milhões 10 3 7,5

ABC 5,05 R$ 5,0/R$20* milhões 12 8 5,5 e 7,0

PCA

4,12 R$ 25 milhões 100%** 12 3 5,5 e 7,0 Inovagro 2,6 R$ 1,3/3,9* milhões 10 3 7 Prodecoop 1,65 R$ 150 milhões 10 3 8 Pronaf 17,6 R$ 200 mil 10 3 3,0 e 4,5 Pronamp 4,88 R$ 430 mil 8 3 6,5 ProcapAgro Giro 1,5 R$ 65 milhões 2 6 meses 8 Bancos Cooperativos 1,78 - 12 - 7,5

SUBTOTAL 49,95 - - - -

Fundos Constitucionais 6,84 - 12 3 Taxas por porte Juros livres 16,66 - - - -

TOTAL 73,45 - - - -

Fonte: Mapa

CUSTEIO E COMERCIALIZAÇÃO

Programa

Recursos Programados (R$ bilhões) Prazo Máximo

Taxa de Juros de Até (%)

Pronaf 21,74 12 meses 3,0 e 4,5 Pronamp 29,18 12 meses 5,5 Demais produtores 126,86 12 meses 7,5

TOTAL 177,78

Marcelo Haendchen Dutra, diretor de Acompanhamento e Recuperação de Créditos do BRDE destaca as novas formas de acessar o crédito, por site ou aplicativo

COMO ACESSAR O CRÉDITO

No total, 12 instituições operam com recursos equalizáveis no atual Plano Safra. Entre elas, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). O produtor deve acessar o site do banco para formalizar o pedido: será necessário anexar a documentação e é possível acompanhar o processo. “O acesso pelo site ou aplicativo é uma dinâmica nova, que agiliza a operação. O BRDE já vinha investindo muito em tecnologia, mas aceleramos muito nos últimos dois anos em função da pandemia”, comenta o diretor de Acompanhamento e Recuperação de Créditos do BRDE, Marcelo Haendchen Dutra. Além disso, o BRDE mantém convênio com cooperativas de crédito para facilitar o acesso a financiamentos abaixo de R$1 milhão.

O BRDE disponibiliza recursos para dez linhas de investimento. Serão aproximadamente R$500 milhões em Santa Catarina. “Temos um diferencial que é a assessoria técnica e financeira que apoia o empreendedor durante todo o processo, ajudando a reduzir riscos nas operações. E isso não é exclusivo para o Plano Safra ou demais financiamentos do setor agrícola: é um procedimento padrão que adotamos em todas nossas operações”, explica Dutra.

ASSOCIATIVISMO

Outra opção para o produtor rural é acessar o recurso através do Sicoob. O subgerente de Crédito Rural do Sicoob Maxicredito, Luiz Miguel Folster Dal Piva, explica que o primeiro passo é ter o bloco de notas de produtor ativo, ou seja, estar no sistema integrado de informações sobre operações interestaduais com mercadorias e serviços (Sintegra). Depois, é necessário abrir uma conta corrente e formalizar a associação para, então, aderir às linhas de crédito disponíveis.

“O Sicoob é uma das cooperativas financeiras com maior apoio ao produtor rural e também uma instituição com total credibilidade e solidez. Fazer um crédito rural com o Sicoob, além do contato próximo de nossas agências, apoio consultivo e de orientação, contribuirá para o desenvolvimento social de sua região, já que somos uma instituição com fortes princípios sociais”, reforça Dal Piva.

FORTALECIMENTO DO AGRONEGÓCIO

O diretor do BRDE defende a importância do recurso para o agronegócio. “Além de auxiliar os grandes produtores que produzem em escala, ajuda a estruturar a pequena propriedade permitindo otimizar o plantio, manejo, colheita e armazenagem dos grãos. Isso permite, por exemplo, que a safra seja colhida e armazenada na propriedade e que o produtor aguarde um bom preço de comercialização”, argumenta Dutra.

O subgerente do Sicoob Maxicrédito concorda: “O crédito rural contribui para o fortalecimento do agronegócio, pois com o subsídio é possível dar sequência às atividades econômicas com maior segurança e organização financeira. São linhas com taxas de juros fixas e pré-estabelecidas, ou seja, em uma, cinco ou dez o valor da parcela não muda”.

MEU PAI IDEALIZOU

UM SONHO E EU COLOQUEI EM PRÁTICA

Ana Tosatti enfrentou os desafios de ser uma empreendedora rural para realizar o sonho do pai.

Ana Tosatti, 34 anos, graduada em Zootecnia, mãe, esposa e empreendedora rural. Atual- mente gere uma propriedade em Cordilheira Alta, a 20 km de Chapecó-SC, que produz cerca de 24 mil litros de leite mensal. Mas, para conquistar esse espaço, Ana venceu muitos desafios principalmente pelo fato de ser uma mulher, jovem, no comando de uma propriedade rural.

“Foi difícil, mas consegui. Às vezes chegava em casa e tinha vontade de chorar em função das pessoas não acreditarem em mim. Parece que, por ser mulher, você não entende, mas o que sempre me deu força foi a vontade de dar orgulho ao meu pai. Ele idealizou um sonho e eu coloquei em prática”, revela Ana com os olhos marejados.

Com vocação familiar para o campo, Ana cresceu ouvindo histórias que fizeram despertar o amor pelo trabalho rural. “Ouvi histórias desde criança e sempre tive esse sonho. Então, quando surgiu a oportunidade assumi a propriedade”, recorda. O avô foi quem deu início ao projeto ao comprar um pequeno pedaço de terra. Depois outro e mais outro. Quando Ana tinha 16 para 17 anos o avô pediu se ela queria assumir a propriedade.

“Respondi que sim, era o que eu sabia fazer.” Com apenas 10 vacas e uma produção de 100 litros por mês, Ana foi em busca de conhecimento teórico para auxiliar no desenvolvimento do negócio. “Me formei em Zootecnia e fui aprimorando. Antes, as vacas ficavam no pasto, hoje estão confinadas e produzem 800 litros de leite por dia. A gente está sempre buscando melhorar a genética e a produção. Fui fazer Zootecnia porque queria voltar para o campo com um saber a mais. Precisamos ter a prática e a teoria andando juntas.”

APOIO DO COOPERATIVISMO

Com a ambição de ver os negócios evoluírem, Ana encontrou no cooperativismo financeiro um grande parceiro. “Quando fiz 16 anos o meu pai abriu uma conta em um Banco e foi tudo muito frio. Depois disso, eu falei que queria algo diferente para a minha vida. Então,

cheguei no Sicoob MaxiCrédito. Ali nunca encontrei dificuldade. Quando fui abrir uma conta não me questionaram ‘ah é só você?’ Acreditaram em mim. Quando chego na agência sinto uma segurança. É como se estivesse chegando em casa. Você é acolhida. É diferente”, afirma.

AMOR PELO CAMPO

Ana foi na contramão dos números, já que a partir do Censo Agropecuário de 2017, o IBGE identificou 947 mil mulheres responsáveis pela gestão de propriedades rurais, de um universo de 5,07 milhões, o que corres-

COM UMA VOCAÇÃO FAMILIAR PARA O CAMPO, ANA CRESCEU OUVINDO HISTÓRIAS QUE FIZERAM DESPERTAR O AMOR PELO TRABALHO RURAL.

GESTÃO DE PROPRIEDADES RURAIS

19%

947mil mulheres

5,07

milhões

81%

homens

ponde a apenas 19%, enquanto os homens detêm 81%. O que fez Ana Tosatti prosperar, segunda ela, foi o amor e identificação com a vida no campo. “Aqui tenho a disponibilidade de estar auxiliando meus pais, de estar mais tempo com a minha família. Além disso, tem o espaço que a gente vive. Escutar os passarinhos, sentir o sol nascer. Até a questão da alimentação, toda a carne consumida por nós é a gente que produz, o leite fresco pra tomar... Nunca me imaginei trabalhando fora daqui”, finaliza Ana.

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