7 minute read

E-COMMERCE: A JANELA PARA O FUTURO NO AGRONEGÓCIO

Pandemia aquece transformação digital e potencializa crescimento econômico do setor.

Por Bruna Deitos

Advertisement

Oagro não para de crescer! É o segmento da economia brasileira que mais se desenvolve. Em 2019, respondeu por 21,4% do PIB brasileiro, aproximadamente R$1,55 trilhão. Já em 2020, mesmo em meio à pandemia, obteve crescimento de 6,75%, em relação ao ano anterior. Os números são animadores e encontram no digital um aliado.

O e-commerce no agronegócio deu um boom. A presidente do Comitê de Líderes de e-commerce (ComEcomm), Helenice Moura, afirma que a transformação digital é indispensável ao setor. “As barreiras geográficas foram quebradas. O que antes era uma dor, agora é uma oportunidade”. Se antes todo o processo era presencial, agora, ao menos parte dele acontece no digital. “O mindset das pessoas mudou:

antes o cliente ficava refém das informações que a empresa passava, presencialmente, com contato físico. Hoje isso mudou: primeiro o cliente pesquisa na internet, compara preços, faz suas pesquisas e considerações. A venda ainda está acontecendo off, mas a decisão de compra já aconteceu no online”.

CULTURA PARA O DIGITAL

“O digital abre portas, transforma a cadeia, mas é importante ressaltar que para dar certo, é necessário alterar a cultura da empresa”, enfatiza Helenice. A transformação digital, pondera a especialista, deve ser da porta para dentro. O que isso significa? Ela explica que o e-commerce é apenas uma ferramenta e a mudança deve acontecer de forma estrutural na organização, da porteira para dentro. “O agronegócio tem uma série de especificidades. É preciso que haja envolvimento do setor, não é um profissional de fora que vai integrar isso. É preciso digitalizar todos os processos”.

No Brasil, algumas marcas saem na frente e não faltam exemplos de como há um mercado aquecido. A MF Rural está há 16 anos no marketplace agro e, somente em 2020, a movimentação em negócios transacionados chegou a R$ 3,1 bilhões. Outro exemplo é a Genex Brasil, que atua com inseminação artificial de bovinos, e em parceria com a e-Rural, lançou um e-commerce com a expectativa de crescer de 10% a 15% no faturamento da empresa.

MERCADO ESTÁ OTIMISTA

Onde há demanda, há oportunidades. A Agrofy chegou ao Brasil e já comemora o crescimento extraordinário do marketplace. “Chegamos aqui em 2018 com 1,6 milhão de visitas no mês. Com a pandemia a taxa de evolução subiu para 38%”, afirma Maximiliano Landrein, CEO da Agrofy. A empresa atende todos os elos da cadeia produtiva: qualquer loja, empresa ou setor da agroindústria pode estar na plataforma, independentemente do tamanho.

O anunciante ou usuário vendedor tem a chance de ter uma loja online ou espaço virtual exclusivo para oferecer diversos bens ou serviços ao público. Consegue, assim, realizar toda ou parte da operação e da comunicação, despertando o interesse de compradores de todos os níveis. “A nossa proposta é democratizar o contato entre o vendedor e o comprador. Toda a plataforma é feita para ser responsiva e mediar esse contato de maneira simples, segura e intuitiva, permitindo fácil navegação até mesmo para quem não está familiarizado com a internet e que ainda tem receio de comprar no digital”, explica Maximiliano.

COM A PANDEMIA A TAXA DE EVOLUÇÃO SUBIU PARA 38%”

MAXIMILIANO LANDREIN, CEO da Agrofy

Estudo “A mente do Agricultor Brasileiro na Era Digital'', da McKinsey e Company

Jan/Fev 2020

dos produtores brasileiros consultados costumam realizar compras pela internet

dos agricultores de insumos e maquinários estão dispostos a comprar online

2021

Levantamento realizado pela Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico aponta que o volume de compras virtuais cresceu

de aumento no volume de compras no Brasil entre abril 19/20

em faturamento

SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA

Da mesma forma, a startup Agro2Business. com ocupa seu espaço como marketplace focado em nutrição animal neste boom do digital que vive o setor. O fundador Thiago Mateus, nascido e criado em Presidente Prudente/SP, filho de pecuarista, conta que em 2018 percebeu essa limitação que as transações offline no agro causam. “Apostamos em uma economia circular: acreditamos que é possível evoluir no agronegócio de forma mais sustentável e gerar mais valor econômico em toda a cadeia de insumos, reaproveitando os resíduos do agro de forma inteligente”. Por isso, a plataforma fomenta a conexão entre agroindústrias, indústrias de nutrição e saúde animal e produtores rurais de gado de corte e gado de leite, principalmente, os produtores que estão migrando suas criações de gado da forma extensiva para a forma intensiva, estes são os mais beneficiados com as ofertas que a plataforma traz.

Thiago Mateus explica que o marketplace Agro2Business.com foi pensado para que a empresa do agronegócio chegue até o pequeno produtor rural e, por isso, oferece funcionalidades exclusivas para o mercado B2B2C. “É totalmente seguro para todas as partes, oferecemos a compra protegida e, além da digitalização do portfólio da indústria gerar mais oportunidades de venda, o vendedor não se preocupa com a logística. O vendedor anuncia FOB e o marketplace se encarrega de coletar e entregar a mercadoria até a propriedade rural do comprador, tudo de forma online, via a nossa plataforma 100% digital”.

A transformação digital traz oportunidades para diferentes cadeias da economia. Todo o modelo do agronegócio está sendo reestruturado com a adesão às tecnologias digitais para comercialização e, desta forma, rompe barreiras entre o que produz e o que consome. De qualquer forma, a mudança digital veio para ficar e é primordial para a sustentabilidade do agronegócio a médio e longo prazo.

GATEC R$ 18 milhões em investimentos

Há cinco anos a GAtec iniciou um ousado plano de crescimento que consistiu em um reinvestimento com recursos próprios em processos, tecnologias e aperfeiçoamento de suas soluções. A plataforma SimpleFarm é um software desenvolvido pela empresa, baseado nas tecnologias Microsoft, que atende em uma base única, produtores de culturas anuais, semi-perenes, perenes, florestas, bem como a atividade pecuária, possibilitando a integração Lavoura-PecuáriaFloresta (iLPF). Devido à possibilidade de hospedagem na nuvem (cloud computing), o SimpleFarm pode ser acessado de qualquer computador com acesso à internet.

A GAtec S/A Gestão Agroindustrial conta com sede em Piracicaba (SP) e oferece consultoria, treinamento, desenvolvimento e integração de sistemas de gestão para o agro.

A ZF Aftermarket inova ao implementar uma nova tecnologia de rastreamento e controle de cargas em seu Centro de Distribuição localizado em Itu (SP). Trata-se do Sistema RFID – Radio Frequency Identification, ou sistema de identificação por radiofrequência, um recurso completo que pode identificar e rastrear os produtos ao longo de toda a cadeia de reposição de peças de forma quase instantânea.

Associando com a adoção de outros processos de automação e digitalização, a empresa registrou um aumento de 18% de produtividade nas operações do centro de distribuição e a perspectiva é aumentar esse percentual gradativamente.

GATEC EM DESTAQUE

de crescimento em 2020

é valor do investimento na nova plataforma de planejamento e gestão agroindustrial até o fim de 2021

é a projeção de crescimento até 2026

do total de horas na fábrica de software foram destinados para a área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)

ZF AFTERMARKET Rastreamento e controle de cargas

TRANSPONDER Sustentabilidade na pecuária

A adoção de tecnologia é um ponto fundamental para a pecuária brasileira mostrar as boas práticas de sustentabilidade e bem-estar animal para os investidores, compradores internacionais e consumidores de um modo geral. Uma dessas tecnologias é o transponder - sensores instalados nos brincos dos bovinos que permitem monitorar o animal quando vai ao coxo comer ou beber água.

Assim, o produtor rural pode contabilizar os horários e quantidades envolvidas no processo produtivo, melhorando a gestão de toda a propriedade rural. “Existe tecnologia para todo mundo. O mais importante é colher as informações necessárias para melhorar o negócio, ou seja, reverter o investimento em renda”, afirma o engenheiro agrônomo especialista em agricultura sustentável e executivo da National Wildlife Federation (NWF),

Francisco Beduschi Neto.

FOTO: DIVULGAÇÃO

SEEDZ E MARKESTRAT Empresas unem tecnologias

A startup Seedz, especialista em levar inovação ao agronegócio e a Markestrat Agribusiness, empresa dedicada a consultoria de negócios, educação corporativa e inteligência de mercado firmaram nova parceria. O objetivo é unir tecnologia com conhecimento de negócios, acelerando ainda mais o processo de digitalização no ecossistema do agro, tanto para os produtores quanto para as indústrias de insumos, máquinas e implementos, serviços e a cadeia de distribuição.

A parceria surgiu de sinergias encontradas em muitos clientes comuns nas duas empresas. Agora, de forma integrada, soluções e inteligência digital se aliam à estratégia de negócios e mercado trazendo força, direcionamento e velocidade aos clientes.

De um lado a Seedz é uma empresa de tecnologia jovem, porém robusta e que se destaca pelo crescimento junto aos produtores rurais e empresas. Do outro, está a Markestrat Agribusiness, uma consultoria tradicional que há quase 20 anos vem promovendo o desenvolvimento das pessoas, das empresas e das cadeias do agronegócio.

FOTO: DIVULGAÇÃO

This article is from: