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Mais crédito para investimentos em inovação

GARGALOS NA PRODUÇÃO Mais crédito para investimentos em inovação

A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) aponta dois gargalos na produção que precisam ser sanados com urgência. O primeiro deles é o envelhecimento dos equipamentos usados pelos produtores rurais. Segundo a entidade, 50% do maquinário usado na agropecuária nacional têm mais de 15 anos de idade e precisa ser trocado. Soma-se a isso a necessidade de investimento em armazenagem, já que o país teria, segundo a mesma associação, um déficit logístico de 100 milhões de toneladas de grãos, deixando o Brasil “à beira de um caos”.

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Desta forma, avaliar as alternativas de crédito disponíveis e entender a melhor forma de utilizá-las é necessário, alerta o advogado especialista em Direito do Agronegócio, Rafael Guazelli. O oferecimento de linhas de crédito é uma das soluções mais efetivas para o produtor rural, que recorre com frequência aos bancos públicos e privados e às cooperativas de crédito para garantir recursos que lhe permitirão incrementar a produção.

“A prática é comum, faz parte do dia a dia dos agricultores de todos os portes e, como qualquer tipo de negociação, envolve riscos na contratação. Por isso, é importante que o produtor rural tenha o suporte de especialistas que lhe darão a segurança necessária para celebrar acordos vantajosos e que lhe permitirão crescer – e não arrumar mais uma dor de cabeça, com o endividamento e a falta de capacidade de pagamento a curto, médio e longo prazo”, explica Guazelli.

BOLSA DE VALORES Marfrig integra o Índice de Sustentabilidade Empresarial

FOTO: DIVULGAÇÃO

Pelo segundo ano consecutivo, a Marfrig, líder global em produção de hambúrgueres e uma das maiores empresas de carne bovina do mundo, integra a carteira do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). A integração na carteira - referência em práticas ESG - foi anunciada pela B3, a bolsa de valores do país. O ISE é uma ferramenta de análise comparativa da performance das empresas de capital aberto, sob o aspecto das práticas de governança ambiental, social e corporativa. A Marfrig passou a fazer parte do indicador de desempenho em dezembro de 2020.

“Manter a nossa posição em um índice tão representativo como o ISE revela que os nossos esforços são efetivos e trazem resultados para todos os nossos stakeholders”, afirma Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade e Comunicação Corporativa da Marfrig. “Fazer parte do ISE é também uma grande responsabilidade. Estamos em um processo contínuo e crescente, cuja meta é aliar produção e conservação de nossa biodiversidade visando um desenvolvimento social e econômico responsável."

A manutenção da Marfrig na carteira do ISE é resultado da consistência de suas políticas e práticas ESG, sobretudo na frente ambiental. A principal iniciativa nessa área é o Plano Marfrig Verde+, lançado em 2020, e que tem como objetivo o estabelecimento de uma cadeia de produção 100% rastreada e livre de desmatamento. Há avanços importantes também nas metas de redução das emissões de metano, principal gás de efeito estufa na pecuária em função da fermentação entérica dos animais.

MERCADO DE CARBONO

SUSTENTABILIDADE ALIADA AOS INCENTIVOS ECONÔMICOS

As consequências das mudanças climáticas e o avanço dos mercados de carbono têm impulsionado as ações em prol da diminuição do efeito estufa, e vice-versa: agir contra os Gases de Efeito Estufa (GEEs) tem gerado ideias de sustentabilidade e de incentivos econômicos, por meio dos créditos de carbono. No Brasil, um decreto publicado em maio começa a regulamentar o mercado no país.* Por Rafaela Menin

Odebate sobre como conter o aquecimento global têm sido intenso há vários anos e tem se intensificado em eventos e documentos internacionais - como na Conferência do Clima das Nações Unidas (COP26), realizada em 2021, e no Acordo de Paris, que entrou em vigor em 2016, após ser aprovado por 195 países. No caso do Brasil, que também se comprometeu com a agenda global de diminuição dos Gases de Efeito Estufa (GEEs), o governo federal publicou, em maio, o decreto 11.075/2022, com o intuito de regulamentar regras do mercado de carbono no país.

O documento cumpre uma determinação da Política Nacional sobre Mudança do Clima - PNMC (lei 12.187/2009) e estabelece dois pontos: os procedimentos para a elaboração dos Planos Setoriais de Mitigação das Mudanças Climáticas; e institui o Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Sinare).

“A regulamentação deste decreto, mostra um passo importante para o Brasil assumir um posicionamento mundial de seriedade com relação às mudanças climáticas. Com esse decreto, o governo “convidou” os setores a participarem de uma meta de redução de gases. Essas metas devem ser estipuladas em conjunto pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Economia, e cada setor terá a sua específica”, relata a advogada Luiza de Araujo Furiatti, mestre em Direito Socioambiental e Sustentabilidade e sócia do escritório de advocacia Pineda & Krahn.

DECRETO 11.075/2022

No caso do primeiro ponto, o decreto prevê que os planos setoriais estabelecerão metas gradativas de “redução de emissões antrópicas” (aquelas produzidas como resultado da ação humana) e também “remoções por sumidouros de gases de efeito estufa” (com opções como florestas e solos), “mensuráveis e verificáveis, consideradas as especificidades dos agentes setoriais.” Em outras palavras, os planos poderão definir tratamento diferenciado por setor da economia, levando em consideração os seguintes critérios: categoria determinada de empresas e propriedades rurais; faturamento; níveis de emissão; características do setor econômico (como a agropecuária); e região de localização.

Já o segundo ponto do decreto trata da criação do Sistema Nacional de Redução de

CRÉDITO DE CARBONO

• Um crédito de carbono = uma tonelada de carbono que deixou de ser emitida para a atmosfera

• Crédito de carbono = “moeda” utilizada no mercado de carbono, que faz com que haja um incentivo econômico para a conservação e proteção do meio ambiente • Esse incentivo se traduz em títulos que podem ser comprados ou vendidos

Emissões de Gases de Efeito Estufa (Sinare), que tem como finalidade servir de central única de registro de emissões, remoções, reduções e compensações de gases de efeito estufa e de atos de comércio, de transferências, de transações e de aposentadoria de créditos certificados de redução de emissões. Caberá a dois Ministérios (Economia e Meio Ambiente) elaborar regras sobre o registro, padrão de certificação, credenciamento de certificadoras e centrais de custódia e a implementação, a operacionalização e a gestão do Sistema.

Os setores envolvidos terão um prazo de 180 dias, a partir da publicação do decreto, para indicar “proposições para o estabelecimento de curvas de redução de emissões de gases de efeito estufa, considerado o objetivo de longo prazo de neutralidade climática”. O prazo poderá ser prorrogado em igual período. Então, espera-se que até maio de 2023 cada setor - como a agropecuária - tenha proposições mais explícitas para a redução dos gases.

*Com informações da Agência Brasil, Agência Câmara e Congresso Mercado Global de Carbono

ENTENDA MELHOR: CRÉDITO DE CARBONO

Estão em tramitação na Câmara dos Deputados projetos focados no mercado de carbono brasileiro. Um deles propõe a regulamentação do mercado do crédito de carbono no Brasil (PL 528/2021), outro cria um Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (PL 2148/15) e um terceiro projeto prevê a certificação de créditos de carbono para empreendimentos de geração de energia por fontes alternativas (PL 290/20).

Os projetos adentram no espaço do “crédito de carbono”, criado a partir do Protocolo de Kyoto, em 1997, e já sendo mais utilizado em outros países. Um crédito de carbono é a forma encontrada para representar uma tonelada de carbono que deixou de ser emitida para a atmosfera. É a “moeda” utilizada no mercado de carbono, que faz com que haja um incentivo econômico para a conservação e proteção do meio ambiente, sendo que esse incentivo se traduz em títulos (os créditos de carbono) que podem ser comprados ou vendidos. Para conquistá-los, como no caso da agropecuária, por exemplo, podem ser executadas ações como o manejo sustentável do solo, o reflorestamento, troca de matriz energética, gestão de resíduos, entre outros.

A Consultoria Sustainable Carbon, por exemplo, desenvolve projetos de reduções de emissões e de soluções, como do metano produzido nas propriedades rurais. A empresa explica que, através da compostagem de esterco suíno, as emissões são evitadas, favorecendo a biodiversidade aquática e trazendo outros benefícios.

Outro incentivo vem da Bolsa de Valores brasileira (B3), que possui o Índice Carbono Eficiente da B3 (ICO2 B3). Em 2022 são 67 ações de 64 companhias de capital aberto, sendo quase 30% do agro.

Por Dênis Cristiano Rech

UM OLHAR SOBRE A SUINOCULTURA

DÊNIS CRISTIANO RECH

Sales Manager na DSM Produtos Nutricionais Brasil S.A. A Suinocultura brasileira vem crescendo fortemente nas últimas decadas, fruto de fortes investimentos em ampliações e substancial profissionalização dos sistemas produtivos com excelentes ganhos em produtividade. Este incremento de produtividade tem trazido aos sistemas de produção novos e grandes desafios, fazendo com que os profissionais desta área busquem constantemente por informações que auxiliem na tomada de decisão.

Devido ao novo cenário de custos de produção, onde os principais insumos (milho e soja) tiveram valorização significativa nos ultimos anos, a atividade vem sofrendo um estreitamento de margens, ficando ainda mais evidente a necessidade de busca constante por melhorar ainda mais os índices zootecnicos das granjas e com isso minimizar as perdas economicas que o setor tem enfrentado.

Neste sentido, fica claro que não conseguimos controlar o mercado da carne suína. No entanto, cabe mais uma vez refletirmos sobre quais são os pontos críticos de controle que podemos agir, dentro do sistema ao qual estamos envolvidos, seja este, uma granja ou uma integração de suínos.

As estratégias de reduzir custos, buscando sempre melhorar o retorno econômico da atividade, têm forçado a tomada de decisões, fazendo com que a cadeia da suinocultura tivesse uma forte injeção de novas e eficientes tecnologias, que buscam tornar este sistema de produção ainda mais sustentável.

O entendimento deste novo momento e a necessidade de alcançarmos ainda mais consumidores para esta excelente fonte proteica são as chaves para seguirmos evoluindo nesta cadeia produtiva. Estar aberto a inovações, buscando sempre surpreender nossos consumidores com novas apresentações de produtos e promoções que buscam o fortalecimento deste mercado, são estratégias que contribuem para o aumento do consumo per capita e também para a abertura de novos mercados importadores. É importante ressaltar que os desafios não irão terminar por aqui, teremos sempre a missão de nos manter atualizados, fazendo network, buscando inovações e assim seguindo sempre na evolução e no entendimento das oportunidades de melhorias.

Nosso país já é um celeiro na produção de alimentos para o mundo e na suinocultura isso não será diferente. No entanto, precisamos reaprender a construir novos caminhos, que nos trazem ainda mais segurança e que fortaleça esta importante cadeia produtiva.

ESTAR ABERTO A INOVAÇÕES, BUSCANDO SEMPRE SURPREENDER NOSSOS CONSUMIDORES COM NOVAS APRESENTAÇÕES DE PRODUTOS E PROMOÇÕES QUE BUSCAM O FORTALECIMENTO DESTE MERCADO, SÃO ESTRATÉGIAS QUE CONTRIBUEM PARA O AUMENTO DO CONSUMO PER CAPITA E TAMBÉM PARA A ABERTURA DE NOVOS MERCADOS IMPORTADORES.

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