Revista Setor Agro&Negócios

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EDITORIAL ELES SÃO GIGANTES!

Q

ue o agronegócio é o pilar da economia brasileira, todo mundo já sabe. As carnes produzidas aqui são consumidas no mundo todo. Os grãos atravessam fronteiras e a pauta das exportações torna-se cada vez mais robusta. Com um mercado competitivo e ascendente, o Brasil está na vitrine e tornou-se foco de grandes investidores. Depois de envolver potências mundiais, as fusões e aquisições se consolidam em solo nacional. São os gigantes querendo usufruir da expertise, tecnologia e soberania local. A reportagem de capa da edição 07 da Setor Agro&Negócios revela as transformações no agronegócio promovidas por estes acordos bilionários. Grandes marcas tornam-se ainda maiores. Pequenas desaparecem. Uma corrida acirrada para consolidação e expansão de mercado. Os números impressionam e revelam transações que geram temor e críticas, mas que também fortalecem a competividade e dão condições para que as companhias invistam alto em tecnologia, aumento de produtividade e ampliação de portfolio. E por falar em negócios exitosos, lan-

çamos nesta edição o Projeto Indústria Forte. Temos a honra de ser a Mídia Oficial da Mercoagro 2020 e para retribuir este importante título, durante os 365 dias que antecedem a realização da feira, utilizamos as ferramentas de nossa plataforma multimídia para apresentar as tendências do setor de processamento e industrialização da carne. Com larga experiência no agronegócio, conhecemos bem nossa audiência e nos especializamos em produzir conteúdo para atender as necessidades de clientes que buscam soluções para seus negócios. Através deste projeto fazemos a ponte entre empresas e seus clientes no segmento B2B. Ao entregarmos mais uma edição, toda nossa equipe compartilha de um sentimento nobre de dever cumprido, com muito zelo e dedicação. Agradecemos a você querido leitor e em especial aos nossos parceiros que permitem realizarmos nosso trabalho com amor e maestria. Lhe desejo uma excelente leitura.

Paula Canova . Editora

EXPEDIENTE ADMINISTRAÇÃO E REDAÇÃO RUA RUI BARBOSA, 1284-E CENTRO | CHAPECÓ (SC) CEP: 89.801-148 (49) 99975-2025 (49) 98418-9478 www.setoragroenegocios.com.br DIRETORA DE REDAÇÃO PAULA CANOVA MTB 02111 JP redacao@setoragroenegocios.com.br DIRETORA COMERCIAL RAFAELA MUNARETTO MTB 05726 JP comercial@ setoragroenegocios.com.br REPORTAGENS BRUNO PACE DORI TAÍS TEIXEIRA TUANNY DE PAULA DIRETORA DE ARTE BIA GOMES PROJETO GRÁFICO DOGLISMAR MONTEIRO CAPA GERSON NASCIMENTO COLABORADORES DESTA EDIÇÃO ALEXANDRE BARBOSA DE BRITO, ALEXANDRE VALISE SIQUEIRA, ARTHUR RODRIGO RIBEIRO, BRUNO SALDIVIA, EDUARDO MACHADO COSTA LIMA, ELDEMAR NEITZKE, DAYANE RIVAROLI, FABRÍZIO MATTÉ, FELIPPE SERIGATI, JOSÉ ZEFERINO PEDROZO, JULIANA RIBAS, MB COMUNICAÇÃO E ROBERTA POSSAMAI

FOTO: PIXABAY

A Revista Setor Agro&Negócios s é uma publicação quadrimestral, destinada ao segmento do agronegócio e abrange a cadeia produtiva desde as propriedades, instituições, universidades, entidades, até a indústria. Os artigos assinados e materiais publicitários não representam, necessariamente a opinião da editora. Não é permitida a reprodução total ou parcial dos conteúdos, sem prévia autorização.

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SETEMBRO DE 2019

ILUSTRAÇÃO: GERSON NASCIMENTO

SUMÁRIO

CAPA

TERRA DE GIGANTES

Para aumentar lucros, atingir novos mercados ou dominar segmentos, as maiores empresas do mundo se unem. Assim nascem gigantes que se consolidam em um cenário de riscos, mas também de oportunidades.

SUÍNOS 24 SUÍNO DO FUTURO Genética e gestão formam a equação que projetará o mercado 28 ARTIGO TÉCNICO Ácidos orgânicos como ferramenta estratégica aos novos desafios da suinocultura moderna 30 EVENTO Cobertura do Simpósio Brasil Sul de Suinocultura

38 ARTIGO TÉCNICO A era da eficiência produtiva na avicultura

BOVINOCULTURA 42 2019 E A RETOMADA DA PECUÁRIA DE CORTE: SERÁ? Números positivos são suficientes para equilibrar o mercado?

MERCADO 60 PLANO SAFRA Siga os especialistas e invista com segurança

AVES

64 SAÚDE ANIMAL Setor deve faturar mais de R$ 6 bilhões

34 SUPER AVES Aprimoramento de material genético amplia negócios

68 ANÁLISE O que esperar até o final do ano

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OPINIÃO 70 ESPECIALISTA Revolução tecnológica no agro 74 GLOBALIZAÇÃO Quais os reflexos para o agronegócio

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Confira a partir desta edição o especial Indústria Forte


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FEEDBACK ESTAMOS NO LINKEDIN

Acompanhe artigos e conteúdos inéditos semanalmente.

MÍDIA OFICIAL MERCOAGRO 2020

ACESSE A VERSÃO DIGITAL EM WWW.SETORAGROENEGOCIOS.COM.BR

A partir desta edição, iniciamos o Projeto Indústria Forte, em forma de retribuição ao título de Mídia Oficial da Mercoagro 2020. Nos sentimos honrados em participar da maior feira de industrialização e processamento da carne da América Latina. Acompanhe os trabalhos através das ferramentas que compõem nossa plataforma.

I FÓRUM INTERNACIONAL AGRO SEM FRONTEIRAS

O VÍDEO QUE BOMBOU A reportagem Menos é Mais que abordou a redução do uso de antibióticos na pecuária leiteira chamou a atenção de nossos leitores. O médico veterinário e gerente do laboratório espanhol da Hipra Saúde Animal, Daniel Zalduendo concedeu entrevista exclusiva a nossa equipe.

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EXPOINTER 2019

SUCESSO NO FACEBOOK

FOTO: DIVULGAÇÃO

Chapecó (SC) receberá nos dias 11 e 12 de novembro, o I Fórum Internacional Agro Sem Fronteiras, que debate a conexão entre Brasil, Paraguai e Argentina no Agronegócio. O evento reunirá cerca de 400 participantes que entre os assuntos, debaterão desafios da logística, harmonização de impostos no Mercosul e participação das cooperativas na evolução do agronegócio. O evento também contará com Sessão de Negócios coordenada pelo Sebrae, Reunião Extraordinária do BRIPAEM e lançamento da Frente Parlamentar da Rota do Milho. O Fórum é promovido pelo Bloco Regional de Prefeitos, Intendentes, Alcaides e Empresários do Mercosul (BRIPAEM) e Fórum de Desenvolvimento do Grande Oeste, com co-realização do Sebrae e Unoesc Chapecó, idealização e organização da Revista Setor Agro&Negócios e Patrocínio do BRDE. Na foto, a editora da Revista e coordenadora do Fórum, Paula Canova e o coordenador Flávio Berte, reunidos com a Bancada do Oeste da Alesc para divulgação e levantamento de demandas para o evento.

O colunista Eldemar Nietzke participou da 42ª Expointer e registrou alguns momentos do evento. Mais de 340 mil pessoas passaram pelo Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio (RS). A tradicional exposição gaúcha gera grande volume em negócios e reúne animais premiados internacionalmente.

JUNTOS PARA TRANSFORMAR O projeto que mostrou a participação das cooperativas na evolução do agronegócio foi um sucesso. Para valorizar a iniciativa, oferecemos aos nossos leitores um porta copos em papel semente, que ao serem plantados, transformaram-se em lindas flores. É um grande prazer liderar iniciativas de preservação ao Meio Ambiente. Estamos fazendo nossa parte. E você?

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PRODUTOS

CARGILL

Nova Linha NutronMilk

PROBIÓTICOS

Parceria Evonik e a Vland Evonik e a Vland assinaram um acordo de desenvolvimento conjunto (JDA) no campo dos probióticos para nutrição animal e enzimas para aplicações industriais. A iniciativa faz parte da parceria que vigora desde 2018. A combinação da tecnologia de produção da Vland com a forte presença global da Evonik – além do foco comum em tecnologia e aplicação de probióticos – deve resultar em benefícios mútuos aos parceiros, incluindo novos desenvolvimentos de produtos. “O JDA deve estimular a inovação e as atividades conjuntas de P&D nos campos de seleção, produção, formulação e aplicação de probióticos”, disse Dr. Emmanuel Auer, responsável pela linha de negócios Animal Nutrition na Evonik.

BIOVET VAXXINOVA

Vacina bivalente inativada contra salmonelas

A nova vacina inativada da Biovet Vaxxinova contra a S. Enteritidis e S. Typhimurium é voltada ao mercado de reprodutoras e poedeiras comerciais. “Com o lançamento de Bio-Enteritidis ST pretendemos ampliar os bons resultados de controle destas salmonelas no campo, tendo em vista que a vacinação, juntamente com outras medidas de biossegurança, tem grande eficiência e aceitação na Europa e nas Américas e, até mesmo, é obrigatória em vários países a vacinação de aves de postura”, comenta o gerente de produtos saúde intestinal, Mauro Galetti Prata.

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FOTO: PIXABAY

A Nutron, marca de Nutrição Animal da Cargill, lança sua nova linha de núcleos para vacas em lactação: a NutronMilk - que já está disponível no mercado. Com um portfólio completo, a linha propõe uma revisão do atendimento das necessidades de macro e micro minerais, além de aditivos diferenciados no mercado, buscando sustentabilidade, bem-estar animal e ainda mais performance para o rebanho leiteiro. “A NutronMilk traz uma visão mais consciente da produção de alimentos de origem animal, o que vem de encontro com a estratégia da Cargill Nutrição Animal para os próximos anos, afinal conseguimos reunir em um portfólio enxuto, núcleos focados no aumento do potencial produtivo para entregar uma maior rentabilidade aos nossos clientes”, conta Diego Langwinksi, Consultor Técnico Nacional de Bovinos de leite.

MSD SAÚDE ANIMAL

Dispositivo livre de agulha e intradérmico para vacinação A MSD Saúde Animal acaba de anunciar a chegada de IDAL® 3G Twin. Trata-se de um dispositivo sem agulha e intradérmico com duas cabeças injetoras, que combina os benefícios da vacinação sem agulha e da aplicação intradérmica de vacinas. O equipamento está disponível para aplicação das exclusivas vacinas inativadas contra a infecção por circovírus suíno tipo 2 (Porcilis® PCV ID) e contra a enfermidade Mycoplasma hyopneumoniae (Porcilis® M1 ID). “Como o dispositivo IDAL® 3G Twin não utiliza agulhas, ele regula a dose da vacina e a pressão de aplicação eletronicamente, evita os erros de volume da dose aplicada e também possíveis lesões teciduais, que podem ocorrer no local da vacinação com agulha, são minimizadas ou inexistentes”, explica Robson Gomes, gerente de produtos da MSD Saúde Animal.


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PRODUTOS

ICC BRAZIL

StarYeast® Alta concentração de vitaminas A ICC Brazil, empresa pioneira na produção de soluções inovadoras para a nutrição animal à base de aditivos de levedura de cana-de-açúcar, possui uma série de produtos que contribuem para agregar valor à cadeia de nutrição, com foco em ganhos de produtividade, biossegurança e bem-estar. Um deles é o StarYeast®, levedura seca inativa, derivada da fermentação de melaço de cana-de-açúcar. Além da alta palatabilidade, o StarYeast® apresenta excelente perfil nutricional, é fonte de proteínas e possui alta concentração de vitaminas do complexo B. Dentre essas vitaminas, está presente a B2, necessária para alimentação e exigências nutricionais dos animais.

AGROCERES MULTIMIX

Mais leite, mais resultados

A equação é simples: com aumento da produção de leite das matrizes, a leitegada chega ao desmame mais pesada e pronta para continuar seu desenvolvimento na creche e terminação. O ponto crítico dessa conta é a matriz que, ao enfrentar a hiperprolificidade – grande número de leitões nascidos – acaba sendo mais exigida e sofrendo desgastes, portanto, um problema pontual dentro da granja. Pensando nesse gargalo da suinocultura, o time de especialistas da Agroceres Multimix investiu pesado em pesquisas focadas na produção de leite das matrizes suínas. E o resultado foi o Flavolac. Com ele, a matriz sofre menos desgaste e se recupera mais rápido para voltar ao ciclo reprodutivo o quanto antes. Além disso, a leitegada também é beneficiada, pois a matriz ao produzir mais leite, contribui com um ganho de cerca de meio quilo a mais para cada leitão.

ROBOAGRO

Suinocultura de precisão

O Roboagro é um sistema criado para fazer a distribuição automática de ração por toda a extensão da baia de maneira precisa quanto à quantidade de ração e aos horários. O acionamento e o carregamento são feitos de forma automática no silo, garantindo autonomia ao equipamento e dispensando o trabalho do tratador. O equipamento é acionado através de baterias que são recarregadas automaticamente após os tratos, evitando picos de energia e reduzindo o custo com instalação elétrica e com o consumo. Ao utilizar esse sistema o produtor consegue ter mais precisão nos horários de trato e distribuição de ração, salvar os registros e controles do que foi oferecido aos animais e maior retorno financeiro para a cadeia produtiva.

SANPHAR

A implementação de um programa de biosseguridade torna-se cada vez mais importante nas propriedades rurais. A Sanphar tem uma linha completa de produtos para desinfecção das granjas, como o pó higienizante Stalosan® F. Recentes experimentos de campo comprovam que o produto da Sanphar é uma eficiente ferramenta para manutenção da saúde e bem-estar dos suínos. A aplicação do produto proporciona redução da pressão de infecção ambiental, pela diminuição da umidade e redução do pH, criando um meio desfavorável para manutenção de microrganismos patogênicos e contribuindo para melhorar as condições de bem-estar animal a partir da redução de gases nocivos, como amônia e odores de ureia.

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FOTOS:DIVULGAÇÃO

Biosseguridade nas granjas com Stalosan® F


LINHA MATRIZES

LINHA INCUBAÇÃO

CURVAS

COMEDOURO PARA MACHOS

BALANÇA DIGITAL EMENDA

GRADES DE RESTRIÇÃO

CAIXA E DEPÓSITO DE RAÇÃO

CORRENTE

CALHA

- Capacidade de 96 ovos; - Dimensões: 590x325x23mm;

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LINHA LINHA SUÍNOS SUÍNOS

TERMINAÇÃO

COMED. TERMINAÇÃO INOX 2 BOCAS DUPLO

TERMINAÇÃO COMED. TERMINAÇÃO INOX 4 BOCAS DUPLO

CRECHÁRIO

GESTAÇÃO

LINHA LINHA FRANGOS FRANGOS

BEBEDOURO ZIGGITY

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CAPA

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TERRA DE GIGANTES

ILUSTRAÇÃO: GERSON NASCIENTO

EM UM RITMO FRENÉTICO DE COMPRA E VENDA, GRANDES MARCAS TORNAM-SE ÚNICAS. PEQUENOS DESAPARECEM E AQUELES QUE JÁ ESTAVAM EM EVIDÊNCIA TRANSFORMAM-SE EM GIGANTES. SÃO AS FUSÕES E AQUISIÇÕES MUDANDO A FORMA DE FAZER NEGÓCIOS NO AGRO.

Negociações bilionárias e um boom de grandes acordos que na última década tem transformado o agronegócio. Para permanecerem ativas e com alta lucratividade, atingir novos mercados ou dominar segmentos, as maiores empresas do mundo unem-se através de fusões e aquisições. Assim nascem gigantes que se consolidam em um cenário de riscos, mas também de oportunidades. Marcas consagradas desaparecem, ao passo, que megacorporações dominam o mercado. As negociações são tão rápidas, que frequentemente somos surpreendidos por novos conglomerados, frutos de um setor onde a concorrência torna-se cada vez mais acirrada. Nos últimos anos, 5 das 12 maiores fusões aconteceram no ramo alimentar. De acordo com a Consultoria PCW, o setor quí-

mico, formado por indústrias de defensivos e fertilizantes registrou 41 operações de fusão e aquisição em 2017, 7 % do total das negociações. Antes liderado por sete grandes grupos internacionais - Bayer, Basf, Dow, Dupont, ChemChina, Monsanto e Syngenta, o segmento protagoniza os maiores acordos que originaram quatro megacorporações: Bayer/Monsanto, Dow/ Dupont, Syngenta/ChemChina e Basf. A aquisição da Monsanto pela Bayer exigiu investimentos de R$24 bilhões, a maior transação realizada pela empresa alemã no exterior. Unidas, tornaram-se líder mundial em sementes e pesticidas. Gerhard Bohne, líder da divisão Crop Science da Bayer no Brasil explica que a aquisição fortaleceu a capacidade de inovação da indústria, reunindo recursos de Pesquisa & Desenvolvimento sob o

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Nos últimos anos, 5 das 12 maiores fusões aconteceram no ramo alimentar

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA

CAPA

mesmo teto. “Graças às nossas posições de liderança em todos os negócios, estamos posicionados de forma única para desenvolver soluções adequadas às tendências de longo prazo, tais como crescimento populacional e alterações demográficas. No total, somente em P&D, contamos com mais de 35 centros de pesquisa e mais de 175 unidades de breeding ao redor do mundo. No ano fiscal de 2018, com cerca de 117 mil colaboradores, a Bayer obteve vendas

GIGANTES QUE DOMINAM O MERCADO

TRANSGÊNICOS E SEMENTES HÍBRIDAS

3 empresas controlam mais de 70% do mercado mundial

FERTILIZANTES

10 maiores corporações dominam 60% do mercado

MÁQUINAS AGRÍCOLAS

4 companhias respondem por mais da metade das operações

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Gerhard Bohne, líder da divisão Crop Science da Bayer no Brasil explica que a aquisição fortaleceu a capacidade de inovação da indústria

de € 39,6 bilhões. Os investimentos em Pesquisa & Desenvolvimento totalizam € 5,2 bilhões, sendo € 1,9 bilhão destinado à agricultura”, revela.

OS GRANDES NA SAÚDE ANIMAL

No setor de saúde animal, Elanco e Bayer protagonizam a mais recente aquisição. O acordo de US$ 7,6 bilhões, anunciado no final de agosto, cria a segunda maior empresa do mundo no setor de saúde animal. Com a aquisição, a Elanco duplica a sua divisão de produtos para animais de companhia, promovendo uma transformação no mix de portfólio da empresa, que terá um maior equilíbrio entre os segmentos de animais de companhia e animais de produção. A Elanco espera que a aquisição permita manter o elevado ritmo de crescimento em receita, além de acelerar a conquista de metas de margem bruta ajustada e a entrega de crescimento de margem de EBITDA ajustado de dois dígitos. "Em nossos primeiros quatro trimestres ope-

rando como empresa independente, validamos o significativo potencial de criação de valor de um foco dedicado à saúde animal e uma estratégia direcionada", afirma Jeffrey N. Simmons, presidente e diretor executivo da Elanco. "Unir a Elanco à Bayer fortalece e acelera nossa estratégia IPP, transforma nosso portfólio com o acréscimo de marcas conhecidas, traz uma presença crescente nos principais mercados emergentes, fortalece a inovação e acelera nossa jornada de expansão de margem, explica." A Elanco financiará a transação tanto em dinheiro quanto em ações. A Bayer AG receberá US$ 5,32 bilhões em dinheiro, sujeito a ajustes de preço de compra habituais, e aproximadamente 68 milhões de ações ordinárias da Elanco Animal Health, avaliadas em US$ 2,28 bilhões - 30% do valor total da operação. A Elanco garantiu um compromisso de ponte para a parte em dinheiro da contrapartida. Pretende financiar a contrapartida em dinheiro através de uma combinação de nova dívida e capital próprio.


OPERAÇÕES BILIONÁRIAS E OS NOVOS LÍDERES DE MERCADO

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA

De um lado aqueles que apostam no fortalecimento de marcas, maiores investimentos em biotecnologia e produtos que melhoram a produtividade. Do outro, há quem diga que as megafusões diminuem a concorrência e elevam valores pagos pelo produtor. Entre medos, críticas e otimismo, uma situação é inquestionável. No agro, as fusões vieram para ficar. E estas corporações já experimentam os resultados da nova forma de fazer negócio. VALOR DA NEGOCIAÇÃO

O QUE MUDOU

US$ 66 bilhões

Tornaram-se a maior empresa de sementes e defensivos do mundo.

R$43 bilhões

Operação uniu líder mundial de sementes e produtos fitossanitários com o maior fornecedor de fitossanitários genéricos da Europa.

US$ 7 bilhões

Considerada atualmente a maior fabricante de químicos da Europa.

US$ 1,2 bilhão

Juntas, posicionam-se como uma das principais fornecedoras mundiais de ingredientes alimentares.

US$ 400 milhões

A MSD, através de uma subsidiária, adquiriu cerca de 93% das ações da Vallée S.

Valores não revelados

Transação fortaleceu a atuação das empresas nas áreas de grãos, oleaginosas e açúcar.

Valores não revelados

No agro, deram origem a marca Corteva.

Para Jeffrey N. Simmons, a união de Elanco e Bayer em um acordo de US$ 7,6 bilhões, fortalece o processo de inovação da indústria

+ AQUISIÇÕES Neste ano, o setor de saúde animal também registrou outras importantes negociações. A Vetscience, companhia brasileira de nutrição e saúde animal, realizou a aquisição da Fortmix, sediada em Maringá (PR). Os valores não foram anunciados. Já a francesa Vetoquinol, companhia farmacêutica do segmento veterinário, formalizou a aquisição da goiana Clarion Saúde Animal, com produtos voltados para bovinos e também não divulgou investimentos. Fonte: PCW Brasil

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CAPA

DE OLHO NO BRASIL

O agronegócio brasileiro é referência mundial. Por anos consecutivos, é o setor que mantém a economia do país. Pujante e responsável pela abertura de novos mercados, o setor também desperta a atenção de investidores estrangeiros, que encontram aqui um ambiente seguro para investimentos. Para um país que tem nas commodities agrícolas os principais produtos de exportação, a taxa de câmbio também tornou-se um grande atrativo.

Fertilizantes

Insumos

Defensivos

Medicamentos

Rações

Genética

Considerada a maior empresa do mundo de capital fechado, a Cargill está entre as multinacionais que decidiram investir em território verde e amarelo. Em 2018, a companhia adquiriu 100% dos ativos da Integral Nutrição Animal, que tem receita líquida anual de aproximadamente R$ 80 milhões. A compra incluiu a fábrica localizada em Goianira, nas proximidades de Goiânia. Os termos específicos do negócio não são divulgados pela companhia. A Integral tem mais de 30 anos de experiência no mercado e forte presença na região Centro-Oeste, com uma vasta carteira de clientes que criam gado a pasto e confinamento. A aquisição forneceu à Cargill Nutrição Animal um conhecimento mais profundo do mercado regional, uma fábrica em uma localização geográfica estratégica para o gado de corte, com maior acesso a grãos, logística e capacidade de vendas complementares. Para Celso Mello, diretor da Cargill Nutrição Animal, a aquisição representou o acesso a uma força de vendas altamente treinada, uma planta de produção de última

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FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA

PRODUTOS NACIONAIS QUE ATRAEM INVESTIDORES

Celso Mello, diretor da Cargill Nutrição Animal, ressalta as mudanças ocorridas com a aquisição de 100% dos ativos da Integral Nutrição Animal

geração e uma capacidade logística altamente eficiente na região Centro-Oeste do Brasil, onde a produção de carne bovina é predominante. “As capacidades da Integral em minerais e premixes Free Choice Minerals (FCM) ajudam a acelerar o crescimento da companhia no país. Hoje, a maioria dos rebanhos de gado no Brasil é criada em pastagens, representando um grande pool de lucros e muitas oportunidades. Então, é uma estratégia que reforça e complementa o que já desenvolvemos por aqui”, revela. A Cargill Nutrição Animal e Integral unificaram suas equipes de vendas, suas marcas e seu portfólios de produtos e serviços, buscando somar o melhor das duas empresas em soluções de alto valor para seus

clientes. O novo portfólio foi lançado em março deste ano e tem uma aceitação muito alta. Os processos e sistemas foram 100% integrados.

POR QUE ALGUMAS EMPRESAS ESCOLHEM A FUSÃO?

Essa pergunta é norteadora e apresenta os principais motivos que conduzem a essa tomada de decisão. Pesquisas indicam uma antecipação em relação aos concorrentes. “A razão mais citada para uma empresa buscar um processo de fusão ou aquisição foi à reação ou a antecipação a um movimento dos concorrentes. A segunda razão foi o surgimento de novos entrantes ou pro-

Em 2018, foram aplicados R$ 225 bilhões em transações de fusões e aquisições e R$ 5 bilhões em movimentações globais no Brasil


dutos e serviços substitutos. A terceira relacionava-se à necessidade de gerar economias de escala. É importante observar que esses três fatores constituem razões estratégicas. Um grupo secundário de razões refere-se a motivos que denominamos políticos e institucionais. A quarta, quinta e sexta razões mais citadas foram, respectivamente, a influência dos acionistas, parceiros governamentais ou de negócios, motivos políticos dentro da organização e o exemplo de outras companhias tidas como modelos” (do livro Fusões Aquisições: Modelando o Processo de Análise)

DIFERENÇAS ENTRE FUSÃO E INCORPORAÇÃO FUSÃO

INCORPORAÇÃO

• Empresas se unem, deixam de existir e nasce uma nova;

• A empresa maior compra a menor;

• As gestões das empresas anteriores podem trabalhar juntas.

• A incorporada entrega aos novos sócios ações representativas de seus capitais; • A menor desaparece juridicamente; • Somente a empresa maior existe.

VANTAGENS DA FUSÃO: » Redução de custos operacionais; » Otimização na produção.

DESAFIOS: FOTO: FREEPIK

» Integrar cultura organizacional; » Conquistar adesão dos colaboradores aos novos programas; » Mostrar aos executivos benefícios do processo;

O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS

INCORPORAÇÃO: A maior “engole” a menor Assim como diz um provérbio português, “a cobra maior engole a menor”, a incorporação segue essa linha. Na incorporação há uma empresa com menor capacidade financeira e produtiva que tem o seu patrimônio absorvido por outra com melhores condições econômicas. Em compensação, esse grupo que ‘engoliu’ a marca repassa aos novos sócios ações representativas do seu capital. Neste caso, não há o instrumento jurídico da incorporação, a empresa comprada permanece existindo, mas sob novo controle acionário.

Alcides Torres, analista de mercado, avalia que essa nova estrutura de capital é positiva para a indústria e para a economia como, por exemplo, o setor de carnes. “Acompanhamos um cenário de muitas fusões de frigoríficos assim como frigoríficos comprando unidades produtivas em outros países. Isso torna esses frigoríficos em indústrias e alimentos, que atuam na pecuária de carne, carne de ovelha, suínos, frango e pescado, ou seja, entram numa gama de todos os tipos de proteínas. Várias unidades, por exemplo, JBS, Minerva e Marfrigue, têm operação em outros países, o que é positivo já que sofrem menos restrições protecionistas e sanitárias, além de tornar as empresas mais seguras frente aos desequilíbrios de mercado”, esclarece. Já Bruno Saldivia, consultor da Nello Investimentos, enfatiza que esses modelos operacionais entre marcas brasileiras e es-

trangeiras aumentam a competitividade e não impactam no consumidor. “O Brasil passa por uma constante crise. As empresas internacionais estão cientes dos altos e baixos, mas vão continuar investindo porque o câmbio compensa o risco”. Esta confiança é percebida nos registros do ano anterior.“ Em 2018, foram aplicados R$ 225 bilhões em transações de fusões e aquisições e R$ 5 bilhões em movimentações globais no Brasil. O Brasil é o celeiro do mundo e o mundo quer comer. Somos interessantes e lucrativos para a comunidade internacional que deve seguir adepta a implementação de fusões e aquisições com as empresas brasileiras ”. Com a mudança de governo em 2019, os números podem ter sofrido acréscimos ou reduções, conforme as implicações políticas nos mercados. Todavia, operações financeiras que otimizem produção, tecnologia, lucratividade já são e devem firmar-se cada vez mais como tendência nos negócios mundiais.

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PRODUTOS

ENERGIS 8 AGROQUÍMICA APRESENTA

NOVIDADES EM AGRONEGÓCIO

A

Energis 8 Agroquímica lançou novidades nas suas linhas de agronegócio e lubrificantes. A empresa, com sede em Mauá - SP, produz e comercializa óleos minerais e adjuvantes agrícolas, bem como lubrificantes para veículos pesados como tratores e caminhões, tendo importante participação em seus mercados de atuação. No evento de apresentação, os participantes puderam conferir o novo conceito de comunicação implementado pela empresa nas linhas de produtos. Foram lançadas embalagens e rótulos para todos os lubrificantes produzidos pela empresa. Produtos já consagrados no mercado como o lubrificante Maxi, destinado aos veículos pesados, tiveram completa atualização de design e comunicação.

cadas nos produtos, com matéria-prima importada e formulações que atendem à legislação. Além disso, a Energis 8 Agroquímica atua com um time de profissionais altamente conhecedor do segmento do agronegócio e também do setor de lubrificantes", explicou o presidente da empresa, Clóvis Gimenes. Nesse sentido, o presidente ainda destacou a região Sul do país como fundamental para os negócios da Energis 8 Agroquímica. "Aproximadamente 70% do consumo do Agefix é do Paraná, um dos celeiros do agronegócio no país", detalha. Novos produtos para o agronegócio Entre os lançamentos está o óleo mineral emulsionável Agefix E8, novo adjuvante agrícola da marca. Seu grande diferencial é a certificação do produto para o uso em agricultura orgânica através do selo IBD (Instituto Biodinâmico). Desse modo, DE OLHO NO é possível que a ferramenta atenda AGRONEGÓCIO a mais culturas. "Ele traz uma A empresa promoveu ainda o série de vantagens como a lançamento do novo Agefix facilidade para recomenE8, óleo mineral de pulvedações, manuseio e arEntre em contato com a mazenagem do produrização agrícola. O Sul do Energis 8 Agroquímica no t o ", e x p l i c o u o país já era amplo consutelefone (11) 2149-8900 ou midor do Agefix, justaengenheiro agrônomo no e-mail comercial@ mente por ser um produda Energis 8 Agroquíenergis8brasil.com e saiba to de alta qualidade. mica, Paulo Rodrigues. mais sobre a linha de "Nosso diferencial é a Ademais, o diretor coprodutos da empresa. qualidade e tecnologia aplimercial da empresa, Maurí-

cio de Oliveira Júnior, adianta que está previsto o lançamento de quatro novos produtos para o segmento do agronegócio. Em resumo são: um óleo vegetal e três adjuvantes. A expectativa é que eles comecem a ser comercializados ainda esse ano.

NOVAS EMBALAGENS COM PEAD

As novas embalagens de lubrificantes são feitas com PEAD (Polietileno de Alta Densidade). Dessa maneira evitam problema de vazamento por microfuros e melhoram a conservação do produto. As embalagens também facilitam a administração do produto no motor. Além disso, Oliveira Júnior destacou o uso de óleos básicos grupo 2 na composição dos lubrificantes da Energis 8 Agroquímica. O resultado é um produto mais nobre e purificado, trazendo ganho para os automotivos.

SAIBA MAIS

Nosso diferencial é a qualidade e tecnologia aplicadas nos produtos, com matériaprima importada e formulações que atendem à legislação

Entre os produtos lançados está o Agefix E8, óleo mineral de pulverização agrícola

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FOTO: SHUTTERSTOCK

CLÓVIS GIMENES, presidente da Energis 8 Agroquímica


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VITRINE

NOVIDADE

Yes amplia estrutura comercial

Seguindo o propósito de oferecer qualidade e atendimento especializado para seus clientes, a Yes, empresa que desenvolve soluções biotecnológicas para uma nutrição animal eficaz, amplia sua equipe comercial para atender o Norte e Nordeste brasileiro. No setor de nutrição animal há mais de 18 anos, o zootecnista Marco Tulio de Lima Cabral, passa a ocupar a função de gerente técnico comercial, com o objetivo de ampliar a participação da empresa nas regiões. “A Yes tem uma atuação forte no setor de avicultura, principalmente no Nordeste. Nosso desafio agora é fortalecer essa presença e ampliar a participação em outros mercados que apresentam potencial de crescimento”. PECUÁRIA

Sanidade e nutrição em prol da produtividade da pecuária brasileira. É com esse foco que a multinacional argentina Biogénesis Bagó e a multinacional canadense Lallemand pretendem trabalhar em parceria para ajudar o produtor do Brasil a alcançar as suas fronteiras produtivas. Nesse primeiro momento a Biogénesis Bagó passará a distribuir com exclusividade no Brasil os produtos Sil-All 4x4, Actionguard Bezerro Pasta e Actionguard Bezerro Pó. O Sil-All 4x4 é um inoculante de silagem que contém quatro cepas de bactérias e quatro enzimas para melhorar a preservação da forragem durante a ensilagem. Já o Actionguard Bezerro Pasta é uma bisnaga contendo probióticos, MOS e vitaminas. O terceiro (Actionguard Bezerro pó) é o mesmo produto na apresentação pó, que pode ser diluído no leite ou administrado via ração. Na foto, Sebastian Perreta - Diretor de Novos Negócios Corporativos Biogénesis Bagó, Esteban Turic - CEO Biogénesis Bagó, Marcelo Bulman - Country Manager Biogénesis Bagó Brasil e Paulo Soeiro (Lallemand).

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA

Parceria Biogénesis Bagó e Lallemand

EVENTO

Com mais de 25 anos de história, o Seminário Internacional de Suinocultura Agroceres PIC é considerado uma referência por apontar tendências, desvendar cenários futuros, atuando como catalizador de novas ideias; fortalecendo a integração do setor e contribuindo para uma suinocultura cada vez mais sustentável, eficiente e produtiva. O seminário acontece entre os dias 26 e 28 de agosto de 2020, no Club Med. Lake Paradise, em Mogi das Cruzes (SP). “Nossa suinocultura está cada vez mais profissionalizada, mais competitiva, mas vivemos uma era de frequentes e rápidas transformações que nos impõe desafios e nos obriga a buscar, continuamente, soluções inovadoras que nos permitam promover melhorias de produtividade e maior eficiência nos negócios”, afirma Alexandre Furtado da Rosa, Diretor Superintendente da Agroceres PIC.

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

14º Seminário Internacional de Suinocultura Agroceres PIC


COAMO

Joel Makohin entre os mais admirados do país

O gerente Financeiro da Coamo, Joel Makohin, recebeu recentemente premiação em São Paulo, como um dos mais admirados financeiros do Brasil, no ranking dos Executivos Financeiros Mais Admirados 2019. No perfil do Anuário, ele está na 22ª colocação entre 1.211 profissionais da área Financeira participantes do ranking do Anuário. A premiação é resultado de levantamento da edição do Anuário Análise Executivos Jurídicos e Financeiros 2019, onde foram pesquisados executivos jurídicos e financeiros de 2.326 companhias. Entre os 23 premiados na área Financeira, além da Coamo estão profissionais de outras importantes companhias do país, como Petrobrás Distribuidora, Vale, CVC, BRF, grupo Carrefour, Votorantin e Embraer. YES POLINUTRI

Novo presidente executivo

FOTOS: ASSESSORIA DE IMPRENSA

Com um faturamento anual de mais R$ 320 milhões e 30 anos de atuação no mercado de nutrição e saúde para animais de produção e pet, a Polinutri anunciou seu novo presidente, o executivo Paulo Roberto de Oliveira Andrade, engenheiro químico de formação e com 32 anos de carreira no mercado. Sob olhar da performance econômica financeira, o novo presidente reforça a busca por alternativas tecnológicas bem como a apresentação de novas soluções para o mercado. "Tornaremos a companhia ainda mais rentável e progressista, mantendo todo seu arcabouço de seriedade, comprometimento e confiança por meio do desenvolvimento de novos produtos, aproveitamento de estruturas e pessoas".

Área de ruminantes com gerência renovada Seguindo com o projeto de expansão da marca, a Yes, investe na área de ruminantes com a contratação de um novo gerente técnico comercial, que responderá pelas regiões Centro-Oeste e Norte do país. Com 15 anos de atuação em bovinos, o médico-veterinário Rogério Zillesg Tavares possui conhecimento de mercado nas áreas de nutrição e saúde animal. Segundo o novo gerente, a chegada à empresa vai ao encontro de sua busca profissional por soluções que ofereçam maior precisão e segurança alimentar.

Renovação na BV Science Maria Arendt-Dashek passa a integrar a equipe como Gerente Técnica de Vendas. A BV Science, empresa norte-americana, possui uma linha de produtos já comercializados em 37 países. Maria é doutora em Medicina Veterinária e PhD pela Universidade de Wisconsin, EUA, fez estágios e trabalhou em várias empresas avícolas. Ela obteve seu diploma com qualificações Summa Cum Laude e suas publicações foram vencedores do Alltech 2019 Student Research Award concedido pela Poultry Science Association. A gerente técnica será encarregada de promover e desenvolver testes de campo para linha de produtos produzidos pela Vetanco e pela Dr. Bata Ltd. e comercializados nos EUA pela BV Science.

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SUÍNOS

Suíno do

FUTURO 24 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019

Gestão e genética formam a equação que projetará o mercado brasileiro. por Taís Teixeira


dados são da Topigs Norsvin, líder mundial em pesquisa e desenvolvimento de genética de ponta em suinocultura, que desempenha um trabalho minucioso para uma criação de mais qualidade, eficiência e menos custos. A programação genética permite projetar um animal dentro dos padrões de cada mercado. Esse mecanismo viabiliza conforto e bem-estar para os animais, menos interferência de antibióticos e redução de mão de obra porque a tecnologia garante cálculos quase exatos que ajudam em um planejamento mais seguro.

PARA TODOS OS GOSTOS

MAIS VALOR AO BOLSO DO CRIADOR

Um fato é certo. Os mercados têm preferências distintas. Características culturais, econômicas e sociais interferem no perfil de consumo de uma região, o que indica a necessidade de especialização de quem oferta o produto. Um caso típico é a preferência dos Estados Unidos por determinados cortes de carne de porco. A barriga (bacon) é o mais valorizado, seguido da costela. Diante desse favoritismo, o preço do lombo tem diminuído de 15% a 27%, enquanto o valor da barriga aumentou este ano entre 5% e 15%. Esses

Tendência mostra produção baseada no conforto e bem-estar animal, com uso reduzido de antibióticos e carcaças adaptadas as exigências de mercado.

De acordo com a empresa, a demanda por carne suína deve aumentar 45% até 2035. Essa interferência tecnológica implicará em fatores que impactam a atividade, como o custo da alimentação e mão de obra profissional, a necessidade crescente de aperfeiçoamento gerencial, associação e integração nos diferentes níveis e a necessidade de cortes e carne de melhor sabor e qualidade. No Brasil, embora esteja cada vez mais tecnificada e competitiva, a suinocultura tem

TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA PARA UM SUÍNO SOB MEDIDA A Topigs Norsvin investe anualmente mais de R$ 80 milhões em pesquisa e desenvolvimento para atender as tendências de mercado. A companhia foi pioneira universal no uso de tomografia computadorizada (TC) em larga escala para avançar na estrutura de carcaça (percentagem e rendimento de carne magra). A tomografia permite o mapeamento do animal e também o acesso e uso da base de dados de imagens e sua aplicação para o desenvolvimento de carcaças geneticamente melhoradas. Através da TC, é possível avaliar:

variação expressiva em seus níveis de resultado. Investimentos nas áreas zootécnica, de gestão de custos e de riscos podem ser um caminho de expansão e um diferencial determinante frente aos demais mercados. Seguindo a tendência de mercado, quando falamos em suíno do futuro, projetam-se criações em granjas onde conforto e bem-estar são primordiais, não esquecendo da redução do uso de antibióticos.

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA

M

ais do que nunca, o significado da palavra conexão está presente na cadeia de negócios da carne suína. Trabalhar evolução genética e soluções tecnológicas de gerenciamento dentro do padrão sanitário permite atuar de forma direcionada, com otimização de tempo e menor risco. Agir de forma harmônica garante capacidade para atender aos mercados mais rigorosos, unindo instrumentos eficazes de gestão e melhoramento de carcaças com desenvolvimento genético adequado para agradar as preferências de cada país.

Dimensão da densidade (gordura, carne magra, osso); Anatomia (fígado, pulmões, músculos)

ILUSTRAÇÃO: FREEPIK

Diferentes cortes de carne (barriga, lombo, pernil, paleta etc.) Em 2018, a empresa investiu quase R$ 50 milhões na nova central de testes, a Delta Canadá, que representa um passo importante como fornecedor global de genética suína. Segundo o diretor da Topigs Brasil, André Costa, esse empreendimento - com capacidade de alojar 2600 suínos - aumentou o progresso nas linhas genéticas. “Isso torna mais fácil e rápido o fornecimento de animais com altíssimo potencial genético para clientes nos EUA, Canadá, Brasil e todos os demais países em que atua”, comenta.

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SUÍNOS

TRANSFORMAÇÃO E AS RELAÇÕES COMERCIAIS BRASILEIRAS

Para se manter competitivo, o mercado está em constante aprimoramento. A cada ano, produtores e indústria adotam novos modelos administrativos, integrando os avanços da tecnologia com os conceitos, técnicas e ferramentas de gestão. Um exemplo deste movimento foi observado no Brasil após a perda de 77 compradores internacionais devido a crise provocada pela Operação Carne Fraca, em 2017. O setor uniu forças, demonstrou seu potencial e qualidade e hoje 74 mercados já foram recuperados. Na contramão desse entrave, o Brasil ainda teve o aval para exportar suínos pela primeira vez para a Coreia do Sul.

RANKING DA PRODUÇÃO MUNDIAL DE SUÍNOS 20%

União Europeia

51%

Estados Unidos

16% Fonte: Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA)

O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) Francisco Turra considera essa situação como um marco contra as irregularidades. “Quem é global, não pode Santa Catarina segue como o 4º maior produtor errar”. Essa adversie exportador de carne suína do Brasil. Representa dade exigiu superamais da metade das vendas do país para o exterior. ção do produtor e Grande parte se deve ao status sanitário de zona livre de atingiu mercados febre aftosa sem vacinação, concedido pela Organização que estavam fora Mundial de Saúde Animal (OEA). Essa referência da rota como Chitorna a produção catarinense de suínos altamente na, Hong Kong, Cocompetitiva e com capacidade para atender a reia do Sul, Peru e mercados exigentes devido ao controle sanitário África do Sul, reitera. e cuidados rigorosos seguidos pelos criadores. Enquanto a China Países como Estados Unidos, Japão e amarga uma grave crise Coreia do Norte são clientes da carne provocada pela Peste Suína

STATUS SANITÁRIO DE SC: DIFERENCIAL COMPETITIVO PARA O MUNDO

Outros

3%

Brasil

Africana que dizimou entre 150 e 200 milhões de suínos, o Brasil comprova novamente que está apto as demandas deste mercado e eleva as exportações para o maior produtor de suínos do mundo. Em maio, as exportações brasileiras de suínos para o gigante asiático atingiram US$ 35,8 milhões, número que supera o valor histórico mensal de 1997, que até então era o mais alto. “A tendência é de aumento contínuo das exportações brasileiras de suínos para os chineses”, afirma Turra. Se a produção suína seguir nesse ritmo, continuará com um dos principais itens de interesse internacional, garantindo lucratividade para toda a cadeia, incluindo bem-estar animal e mediações tecnológicas para promover o avanço da qualidade e da precisão de ofertas específicas para os mercados mundiais.

FOTO: FREEPIK

suína do estado.

10%

China

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ARTIGO TÉCNICO

SUÍNOS

ÁCIDOS ORGÂNICOS COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA

AOS NOVOS DESAFIOS DA SUINOCULTURA MODERNA FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA

S Por Eduardo Machado Costa Lima Zootecnista, PhD. em Nutrição de Monogástricos. Coordenador de Produto da M. Cassab

eja a melhora de digestibilidade dos nutrientes, redução do pH da água ou ação antimicrobiana, os ácidos orgânicos são hoje uma ferramenta indispensável para a suinocultura e os novos desafios frente ao novo consumidor. Em 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou o ‘Plano Global’ para a contenção da resistência antimicrobiana, que engloba ações desde a monitoria hospitalar até a produção animal - setor que tem a atenção da sociedade pelas práticas atuais de uso de antibióticos. Barreiras comerciais - exportação - ou a preocupação do consumidor - exportação e Brasil -, implicam que o suinocultor deverá se adaptar à nova forma de se produzir carne, e uma das alternativas é a utilização de eubióticos como promotores do equilíbrio da microbiota dos animais. Recentemente, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) abriu para consulta popular uma nova lista de antibióticos usados como Aditivos Melhoradores de Desempenho (AMD), e a realidade é que poucos escaparão do impedimento para uso como AMD. Os ácidos orgânicos ou seus sais são utilizados como aditivos acidificantes há décadas, porém, pesquisas evidenciam benefícios adicionais de alguns ácidos em específico,

comprovando a importância da utilização para diferentes funções. É importante mencionar que quando falamos de ácidos orgânicos, tratamos principalmente dos Short Chain Fat Acids (SCFAs) ou Ácidos graxos de cadeia curta, moléculas naturalmente encontradas nos alimentos e produzidas também por microrganismo. A fermentação anaeróbica de compostos orgânicos pelas bactérias para gerar energia tem como resultado, principalmente, gases e os SCFAs e, no caso de muitos

MECANISMO DE AÇÃO DOS SCFAS Os ácidos de maneira geral são doadores de H+ e por isso alteram o pH do meio em que se encontram solubilizados. Porém, segundo Mroz (2005), o modo de ação dos ácidos orgânicos de cadeia curta não é uniforme entre os diferentes ácidos e seus sais, porém é consenso que:

1

Ácidos não dissociados são difundidos pela membrana celular de bactérias patogênicas, destruindo o citoplasma ou inibindo o crescimento bacteriano. Podem inativar enzimas bacterianas, impedindo a proliferação e a alteração do pH interno da bactéria. Faz ela exaurir a energia tentando reestabelecer o pH interno.

2

A dissociação de ácidos a nível intestinal faz com

que a alteração de pH no lúmen reduza a fixação de bactérias na borda do epitélio.

5

Fonte de energia para células do epitélio do intestino, desde que protegidos ou esterificados.

3

6

4

7

Acidificam o estômago de forma complementar ao HCl endógeno. Melhor ativação de pepsinogênio, consequentemente melhor digestão da proteína. A dissociação no estômago provoca efeitos bactericidas e bacteriostáticos.

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Precursor para síntese de aminoácidos não-essenciais, DNA e alto requerimento de lipídeos para o crescimento intestinal.

Aumento da circulação sanguínea e efeito hipocolesterolêmico.

Dentro da maior aplicabilidade de SCFAs como substitutos aos promotores de crescimento, é o efeito antimicrobiano principalmente em bactérias Gran –. Na fase pós-absortiva dos SCFAs, várias rotas bioregulatórias podem justificar o efeito no crescimento de mucosa, na proliferação celular, na regulação da apoptose e proteínas transcricionais, modulação de expressão de genes e também no metabolismo de energia.


Além disso, a capacidade antimicrobiana de ácidos orgânicos como o lático, fórmico e propiônico por exemplo, auxiliam na menor contagem de enterobactérias no intestino de animais suplementados com a mistura destes ácidos via ração ou água, pois atuam como antimicrobianos no estômago. Os SCFAs via ração ou água, quando não protegidos ou esterificados, serão dissociados no estômago do suíno, podendo até ali cumprir seu papel como antimicrobiano ou regulador do pH. Para que cheguem até o duodeno e jejuno dos animais, os ácidos orgânicos devem ser protegidos ou esterificados, podendo assim acidificar o lúmen intestinal, agir sobre bactérias patogênicas ou servir de nutriente para os enterócitos do epitélio intestinal. O ácido butírico hoje é o principal SCFAs utilizado com foco de nutrição de enterócitos e a forma mais íntegra de se fornecer o ácido butírico a nível de duodeno e jejuno é na forma esterificada . Guilloteau et al. 2010 em revisão bibliográfica destaca a importância do ácido butírico para a integridade intestinal e vários benefícios com a suplementação deste SCFA via ração.

FOTO: RAW PIXEL

PRINCIPAIS BENEFÍCIOS DA UTILIZAÇÃO DE ÁCIDO BUTÍRICO PARA NUTRIÇÃO DE ENTERÓCITOS.

animais, os principais produtos desta fermentação bacteriana são o acetato>propionato>butirato (Cummings et al., 1987; Topping and Clifton, 2001). O efeito primário dos SCFAs nas funções do cólon está diretamente relacionado com a absorção e metabolismo destes compostos pelos colonócitos, mas os SCFAs ali absorvidos também irão ser metabolizados em outros tecidos dos animais (Roberfroid, 2005). A produção de SCFAs é determinada por diferentes fatores, incluindo o número e tipos da microbiota (Roberfroid, 2005), o substrato disponível (Cook & Sellin, 1998) e o tempo de passagem da digesta. Podemos perceber então que um animal sadio no cólon alimenta bactérias benéficas que irão por meio da produção de certos SCFAs alterar o pH do ambiente (exclusão competitiva de bactérias patogênicas), nutrir os colonócitos - os SCFAs são fontes de energia-, mas também poderão atravessar a membrana da célula da bactéria e assim ter um efeito antimicrobiano sobre bactérias patogênicas, principalmente gran negativas.

APLICAÇÃO DOS ÁCIDOS ORGÂNICOS DE CADEIA CURTA:

O primeiro ponto a ser levantado é qual o intuito de se utilizar a tecnologia. Diversas opções de blends disponíveis prontos para auxiliar na criação de suínos em seus desafios específicos, e dentro das possibilidades das diferentes granjas, trazem benefícios frente a utilização de um tipo somente de ácido. Para leitões, por exemplo, a separação da mãe, a mistura de leitegadas e a troca de alimento trazem alterações fisiológicas que irão interferir desde a digestibilidade e absorção de nutrientes - como na resposta imune destes leitões, o que abre oportunidade para a desbiose -, e outras doenças. A acidificação do trato digestório imaturo do leitão irá proporcionar maior aproveitamento em sua dieta (principalmente a proteína), e assim reduzir o impacto no desempenho destes animais.

Reduz inflamação dos enterócitos

Energia para colonócitos

Síntese de muco

Modulador da microbióta

Motilidade intestinal ÁCIDO BUTÍRICO

Controle de patógenos

Absorção de nutrientes Diferenciação e proliferação dos enterócitos

Controla a barreira intestinal

Regula a Apoptose

Fonte: Adaptado de Guilloteau et al., 2010.

O impacto sobre a produção de suínos pela redução da utilização de AMD e também a preocupação com a utilização de antibióticos terapêuticos, tem como ponto crucial a garantia da manutenção da integridade intestinal e controle de patógenos com a utilização de aditivos alternativos. Os acidificantes de forma geral são uma boa ferramenta para auxiliar momentos de desafio sanitário, pois a maioria das bactérias patogênicas não sobrevivem em pH abaixo de 4,5. Porém, a utilização de blends de ácidos orgânicos de cadeia curta, bem como a associação deles com diferentes produtos alternativos como óleos essenciais, pré e probióticos, é a maneira mais eficaz para auxiliar nos desafios atuais dos novos modelos de produção.

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COBERTURA

SBSS REFORÇA CENÁRIO POSITIVO DA

SUINOCULTURA

por Tuanny de Paula

O mercado de suinocultura entrou em debate durante os dias 06 e 08 de agosto. O Simpósio Brasil Sul de Suinocultura apresentou especialistas e empresas renomadas para discutir temas conjunturais para o crescimento do setor

30 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019


A

carne suína é um dos principais produtos exportados pelo Brasil. Apesar disso, em 2018 os suinocultores brasileiros e as agroindústrias tiveram diversas dificuldades devido a elevação do custo de produção e o reflexo das operações Carne Fraca e Trapaça, que fizeram com que países compradores das carnes brasileiras suspendessem as importações. Para 2019, a expectativa é positiva. Um bom exemplo para essa expectativa é Santa Catarina, que de janeiro a julho deste ano já embarcou 236,6 mil toneladas – 58% do total nacional – gerando um faturamento de US$ 467,6 milhões. Tendo em vista esse cenário, o 12º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura e a 11ª Pig Fair, promovidos pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet) trouxe para Chapecó/SC especialistas renomados para promover discussões sobre os principais temas do mercado.

O evento aconteceu no Centro de Eventos Plínio Arlindo de Nes, durante os dias 06 e 08 de agosto. Empresas do setor apresentaram novidades, estudantes conheceram os principais assuntos do mercado atual e especialistas dividiram conhecimento para a melhora e crescimento da suinocultura brasileira. O presidente do Nucleovet, médico veterinário Rodrigo Toledo, comenta que nesta edição o status sanitário foi um dos principais temas debatidos durante o simpósio. “A grande importância do evento é manter os profissionais do mercado atualizados sobre as novidades e problemas, criando um ambiente para apresentar oportunidades e também para preparar o setor para problemas futuros”, complementa Toledo.

Aliada ao congresso técnico, a 11ª Pig Fair reuniu mais de 70 empresas, apresentando lançamentos e tecnologias para o setor.

O QUE OS PROFISSIONAIS FALAM SOBRE O EVENTO WISIUM

PONTO DE REFERÊNCIA

“A Wisium considera o Simpósio um dos eventos mais importantes da área para o Brasil. Primeiro por acontecer em Chapecó, uma região com fortes agroindústrias e, segundo, pela característica técnica que ele tem, de trazer profissionais para discutir os principais temas do mercado”. TELMO LUIZ KITZIG, gerente regional de vendas da Wisium na região Sul e São Paulo

OLMIX

FOTOS: NUCLEOVET

PONTO DE ENCONTRO DA CADEIA SUÍNA

“A Olmix é uma empresa francesa especializada em produtos a base de algas marinhas. Quando chegamos no Brasil, em 2014, elegemos alguns eventos estratégicos e técnicos para participar. Dentro deste contexto, desde 2015 participamos do Simpósio Brasil Sul de Suinocultura, e temos muito retorno. É um ponto de encontro muito interessante da cadeia, com profissionais altamente capacitados e aproveitamos este espaço para apresentar as nossas tecnologias”. MURILO PIVA, gerente comercial da Olmix na América do Sul

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COBERTURA

DEHEUS

ESTIVERAM PRESENTES NO SBSS E NA 11ª PIG FAIR

KNOW-HOW PARA O MERCADO

“A Deheus é uma empresa que está há 100 anos no mercado, presente em mais de 75 países. Participar do Simpósio Brasil Sul de Suinocultura agrega muito para a equipe técnica e comercial, que pôde participar das palestras e conversar com outros profissionais da área. Estamos atravessando um bom momento para o mercado, apesar das notícias sobre os problemas sanitários, mas percebemos que durante eventos como esse, que reúnem pessoas, empresas e estudantes, a cadeia produtiva de suínos ganha uma nova visão”. ANDRÉ COSER, gerente comercial da Deheus no Sul do Brasil

ADISSEO

NOVIDADE PARA OS CLIENTES

“O evento é um dos mais importantes da área, onde você une assuntos técnicos e uma feira. Aqui estão presentes as principais empresas do país e os principais profissionais também, em uma programação muito bem elaborada. A Adisseo este ano trouxe como novidade para o evento a união com a Nutriad Nutrição Animal. A partir disso, nosso catálogo de produtos se expandiu e conseguimos atender os nossos clientes com mais qualidade”.

VETANCO “Estamos presentes no Simpósio há 10 edições e não ficamos de fora de maneira alguma. O evento reúne as principais pessoas do mercado de suínos e são apresentadas novas tecnologias”. LUCAS PIROCA, gerente comercial da Vetanco

MARCELO MANJABOSCO NUNES, gerente executivo de vendas da Adisseo no Norte do Brasil.

SUIAVES

PRINCIPAL EVENTO DO SETOR

“Participamos desde a primeira edição e acreditamos que o Simpósio Brasil Sul de Suinocultura é o principal evento do setor. Nós valorizamos e acreditamos muito no espaço que nos é oferecido. Aqui encontramos clientes e parceiros para conversar sobre as novidades”. JOÃO MARUJO, técnico comercial da Suiaves

32 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019

ALLTECH “O Simpósio é um evento que engloba várias áreas e é um momento que conseguimos ter um bom contato com nossos clientes, divulgando novas tecnologias e novas oportunidades. Esse ano a Alltech está focando na linha de saúde intestinal, que tem como objetivo trabalhar o animal a nível intestinal com algumas soluções que promovam melhor digestibilidade, melhora na imunidade e que prepare esse animal para os possíveis desafios”. SARAH BIF ANTUNES, gerente de vendas de suínos na região Sul do país da Alltech


OUROFINO

ESPAÇO DE DISCUSSÕES

“Eu classifico o Simpósio Brasil Sul de Suinocultura como um dos eventos mais importantes do país, por reunir um grande números de pesquisadores, empresas, cooperativas e órgãos públicos. São pessoas conversando sobre os desafios do mercado e propondo soluções que sejam iguais para todos. Para a Ourofino é muito importante estar presente para ouvir os clientes e saber que soluções podemos trazer para eles nos próximos anos”. THIAGO BLANCO BENEDITO, gerente de aves e suínos da Ourofino na região Sul do Brasil

SAUVET “A Sauvet tem participado do evento há cinco anos, convidando clientes para adquirir conhecimento. O evento é importante para estreitar laços com parceiros e também para se atualizar sobre as novidades do setor”. BRUNO VEIGA, diretor comercial na América Latina da Sauvet

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AVICULTURA

AVES

1957 34 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019

1978

por Taís Teixeira

FOTOS: SHUTTERSTOCK

SUPER

Cadeia produtiva investe em aprimoramento do material genético para atender as demandas de mercado e oferecer produtos diferenciados.


produto da Cobb-Vantress Brasil, três tópicos de seleção genética, economicamente, oferecem ganhos reais e anuais ao mercado: eficiência alimentar, taxa de crescimento diário e índice de rendimento de carcaça. “Há uma evolução genética de 0,3 a 0,4% ao ano no percentual de rendimento de abatedouro. Estes “pequenos” 0,4% de melhoria em rendimento ao ano, se calculado sobre um abatedouro médio, no Brasil, com abate de 140.000 aves ao dia, representaria uma quantidade extra de carne a ser comercializada de 30 toneladas ao mês”, afirma Terra. A Cobb-Vantress é líder mundial no fornecimento de aves reprodutoras para frangos de corte e em especialização técnica no setor avícola. É também a companhia mais antiga de genética avícola do mundo.

Rodrigo Terra, gerente de produto da Cobb-Vantress Brasil

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA

A

ves mais saudáveis, baixo custo e facilidade de produção, resultados mais seguros. Essa soma de fatores é possível graças ao progresso genético. Na disputa por mercados, o investimento em pesquisas é um instrumento fundamental que se converte em lucratividade. O retorno financeiro atinge não apenas o produtor, mas também a indústria e as empresas de genética. Ao consumidor final, o principal benefício desta evolução é a aquisição do conceito de biossegurança. Os avanços são consequência de um trabalho intenso e constante em seleção genética de mais de 90 anos. O resultado é um frango adaptado às necessidades globais de mercado. Mais de 50 itens podem ser incrementados com interferência genética. De acordo com Rodrigo Terra, gerente de

E POR QUE ESSES TRÊS PARÂMETROS? EFICIÊNCIA ALIMENTAR:

mede o índice de conversão alimentar que garante um ganho genético, mínimo, de 2 a 3 pontos a cada ano. Ou seja, cada frango consome de 20 a 30 gramas a menos de alimento para produzir 1 quilo de carne a cada ano que evolui. Essa redução já passou de 2 quilos de ração para produzir 1 quilo, para 1,5 quilos. Na linguagem do produtor, menor gasto com alimentação para produzir a mesma carcaça.

TAXA DE CRESCIMENTO:

é responsável pelo índice de GPD (Ganho de Peso Diário), que apresenta avanços a cada ano e representa 1 dia a menos na idade de abate. Processa-se o frango com peso idêntico ao do ano anterior, mas com 1 dia a menos.

ÍNDICE DE RENDIMENTO DE CARCAÇA:

2019

focado no cálculo do percentual de carne de primeira ao final do abate, em comparação ao peso de chegada do frango ao abatedouro, excluindo sangue, penas e vísceras.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019 35


AVICULTURA O frango do futuro seguirá a evolução pelos ganhos genéticos adquiridos por programas de seleção e aprimoramento das linhagens. GRANDES AVANÇOS

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA

to representa o maior custo para o produtor de aves, e fator Na opinião do vice-presiNa visão da Aviagen, dente de Pesquisa e Dechave para reduzir o imo frango do futuro terá pacto ambiental. Melhor senvolvimento da Aviaas seguintes características: conversão alimentar siggen, companhia que • 26 dias de idade nifica necessidade de também destaca-se para atingir 2 kg; mundialmente em gemenos alimento para • Conversão alimentar produzir o mesmo volunética de aves, Eduarde 1,270; me de carne – e menos do Souza, o melhoraalimento significa que a mento genético é o • Alto rendimento de carne: 76% de carcaça e terra e água utilizadas na grande responsável pelo 29% de peito. produção podem ser conconceito da ave moderna. servadas ou utilizadas para “Não podemos esquecer da contribuição proporcionada peoutras finalidades, tornando a los avanços em áreas como nutrição, produção de aves mais sustentável”, salienta Souza. A Aviagen desenvolve linhamanejo, equipamentos, sanidade e biossegens para a produção de frangos sob as margurança”, ressalta. Para apontar como será o frango do futucas Arbor Acres, Indian River e Ross. ro, Souza relembra os avanços obtidos no setor nas últimas décadas, especialmente no RECEITA PARA O que diz respeito à conversão alimentar. “Em SUPER FRANGO 1957, foram necessários 28,2 kg de ração Parece assunto de culinária, mas trata-se da para produzir 1 kg de carne de peito. Em 1977, transformação do frango em um produto caiu para 17 kg e, em 2005, para 9,4 kg. É um avanço fantástico!”, destaca Souza. cada vez mais competitivo em conversão alimentar, ganho de peso e rendimento de “A eficiência alimentar é de extrema imcarnes nobres, incluindo atributos de bemportância econômica, uma vez que o alimen-estar animal, como mortalidade, rusticidade, adaptabilidade e capacidade de resposta às principais enfermidades. Uma análise conjunta dos três fatores mostra que, em termos de sustentabilidade, a avicultura local está no caminho correto. Se o frango brasileiro prospera em melhoria genética e conversão alimentar, ele vai comer menos, tomar menos água, e, consequentemente, estercar menos. Esse trabalho de apuração genética permite a criação de linhagens puras de frango, resultando no aumento da exportação de material genético avícola. O gerente de Planejamento e Comércio Exterior da Aviagen América Latina, Ailton

“A biossegurança é um dos fatores chave dessa evolução. A alta segurança e confiabilidade no setor avícola brasileiro acaba sendo uma excelente ferramenta de marketing para o país”, Ailton Locateli, gerente de Planejamento e Comércio Exterior da Aviagen América Latina.

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EXPORTAÇÕES EM ALTA Em 2018, os brasileiros aumentaram em

29% a exportação de pintos de um dia e em

35

% a de ovos férteis, em relação ao primeiro semestre de 2017.

Locateli informa que as exportações de material genético aumentaram 20% de 2017 para 2018 e no acumulado de 2019 registram 40% em relação ao mesmo período de 2018. O país tem um trabalho sólido e consistente no desenvolvimento de linhas puras. O Brasil é o segundo maior produtor de carne de frango e o maior exportador mundial, mas o único, entre os grandes produtores, que nunca foi afetado pela gripe aviária. Esse cenário permite que as grandes empresas externas reservem as linhagens de origem no Brasil, pois caso ocorra algum imprevisto no país, a linhagem está garantida nas empresas brasileiras, o que impede que se perca um processo que demora de quatro a cinco anos para chegar no ponto de seleção ideal. Atentas a esse mercado internacional, que tem muito a crescer já que o país é zona livre da influenza aviária, as granjas brasileiras estão preparadas para a produção de bisavós, avós, matrizes e produtores comerciais de frango de corte. “O Brasil tem todas as condições favoráveis à produção avícola, desde a disponibilidade de grãos até a qualidade de mão de obra. É o principal exportador global de carne de frango e segundo maior produtor. Um país realmente importante para as estratégias globais da empresa”, afirma o presidente da Aviagen América Latina, Ivan Pupo Lauandos.

GENÉTICA DENTRO DA CASCA

Além da qualidade da carne e do padrão de linhagens, os ovos também estão na lista de produtos de exportação. A avicultura de postura tem sido beneficiada com o avanço da genética, que aumenta a produção por animal e proporciona maior rusticidade às aves, com redução de perdas por doenças ou estresse ambiental. Isso ocasiona diminuição do impacto sobre o meio ambiente com a criação mais consciente das aves e com valor agregado ao resultado final.


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ARTIGO TÉCNICO

AVES

A ERA DA EFICIÊNCIA

PRODUTIVA

NA AVICULTURA

FOTO: ARQUIVO PESSOAL

O Alexandre Barbosa de Brito Médico Veterinário, PhD em Nutrição Animal

progresso da tecnologia na produção de dietas durante os últimos anos representou um ganho no desenvolvimento da criação e no desempenho de aves, fator importante no caminho que temos que percorrer frente a um consumo cada vez mais alto de proteína e energia. Em um estudo realizado pela FAO (2014), o crescimento populacional mundial entre 1990 e 2014 foi de 36%, passando de 5,3 milhões para 7,2 milhões de pessoas. Neste mesmo período, houve uma redução de 10% na população rural, demonstrando que o êxodo rural ainda continua presente nos dias de hoje. Porém, em taxas cada vez menores. Para acrescentar ainda mais pressão nesta equação, durante o mesmo período, o consumo mundial de energia per capita elevou-se em 12%, passando de 2.597 kcal/ habitante/dia para 2.903, ou seja, estamos comendo cada vez mais e melhor! Estes dois fatores demonstram que estamos vivendo um momento importante na pressão por nutrientes, onde necessitaremos

de um volume crescente de alimentos sendo produzidos por uma população rural cada vez menor. Esta equação só pode ser completada com investimento em tecnologia e ganhos em produtividade por trabalhador rural. Por consequência, este processo possui seu custo! Ainda de acordo com FAO (2018), existe um processo inflacionário no preço mundial de alimentos, como determinado pelo conjunto de dados do Food Price Index resultando em um index já corrigido pela inflação e possível de ser comparado em um espaço de tempo indeterminado. De acordo com esta entidade, se compararmos o index dos últimos 10 anos (Jan 2008 até Jan 2018) com os 10 anos anteriores (Dez 1997 até Dez 2007), houve uma inflação no preço mundial de alimentos na ordem de 74% (Gráfico 01). Desta forma, se faz necessário sempre trabalharmos para uma utilização máxima dos nutrientes presentes nos alimentos. A busca por um balanço de nutriente positivo (aproveitar mais dos alimentos gastando menos recursos) fará cada vez mais sentido.

Gráfico 01. Índice de preços globais de alimentos (Food Price Index), do período de Janeiro de 1990 até Janeiro de 2018, onde nos últimos 20 anos houve uma inflação mundial no preço de alimentos na ordem de 74%.

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FOTO: AGROSTOCK

Esta eficiência pode ser traduzida por uma busca por índices de conversão alimentar (ICA) mais reduzidos. Para se ter uma ideia, fazendo uma comparação entre o uso de 20% de sorgo grão com um preço 11% inferior ao milho grão em dieta de frangos de corte, teremos uma redução de 1% no custo alimentar total dos animais, se mantidos os resultados de desempenho zootécnico. Isso representa uma redução no custo de produção do frango em algo como R$ 0,032/ave, o que é bastante! Se, por outro lado, realizarmos uma estratégia de investimento em níveis nutricionais (ex.: elevação de níveis de lisina e energia) na dieta 100% milho, incrementando o custo médio do programa nutricional em R$ 5,00/ton, e com isso buscar uma redução de 2 pontos no ICA, o custo alimentar da dieta 100% milho com níveis otimizados resultará na mesma redução de custo de produção do frango destacado anteriormente. Em outras palavras, dois pontos de conversão alimentar geram a mesma vantagem para uma indústria produtora de carnes que 20% de sorgo na dieta a 89% do preço do milho. Esta estratégia pode ainda ser melhor utilizada se trabalharmos em conjunto com algum aditivo enzimático e/ou ingrediente alternativo para reduzirmos o custo de formulação e utilizarmos parte deste benefício em estratégias de melhoria do ICA. Devido ao efeito atual do alto potencial genético e pela inflação planetária do preço dos alimentos, várias pesquisas estão sendo produzidas sobre o tema com objetivo de servir como orientação aos produtores na busca por reduzir o ICA em frangos de corte. Reyer et al. (2015) elaborarou um estudo sobre este tema, usando uma população comercial de frangos de corte (n=859) durante o período de final de vida do animal (39 a 46 dias de idade). O objetivo deste estudo foi de avaliar qual a participação genética neste índice. Estes animais foram submetidos a avaliações estatísticas modernas para detectar genes associados à variabilidade no ICA. As análises separadas revelaram 22 locais de característica quantitativa distintas em 13 cromossomos diferentes, o que determina que ainda existe um espaço de ganho genético importante para a influência deste índice. Porém, os autores ainda relatam que os processos biológicos relacionados a este assunto são complexos e influenciados não apenas pela predisposição genética individual, mas também por fatores tão diversos quanto o clima, propriedades de alimentação e microbiota intestinal. Este é um ponto que assumirá cada vez mais importância, pois a busca por eficiência individual de conversão alimentar é uma característica importante que influencia o uso da energia, recursos, insumos, reduzindo o impacto ecológico no sistema de produção de frangos de corte.

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ARTIGO TÉCNICO

AVES

EFEITO DOS PRODUTOS HERBANOPLEX® CP E UNIWALL® MOS 25

NA PERMEABILIDADE INTESTINAL DE GALINHAS HISEX BROWN EM SISTEMA DE PRODUÇÃO CAGE-FREE Por Fabrízio Matté, Consultor Técnico, Vetanco Brasil

INTRODUÇÃO

A redução ou, preferencialmente, eliminação do uso de melhoradores de desempenho com atividade antimicrobiana é uma tendência internacional, fortemente recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), devido a sua associação direta ou indireta à diversos problemas de saúde pública, humana e animal. A eliminação completa ou diminuição do uso de antimicrobianos na indústria de proteína animal pode causar efeitos no bem-estar animal e rendimentos na produção. Com o objetivo de mitigar estes efeitos, há interesse crescente no uso de produtos alternativos aos antimicrobianos, principalmente aqueles derivados de extratos naturais, com menor probabilidade de apresentar efeitos negativos associados aos antimicrobianos clássicos. Neste trabalho, foram utilizados dois aditivos alimentares associados: HERBANO-

PLEX® CP, que contém a combinação de extratos herbais e excipientes ativos do lúpulo e gérmen de trigo, e UNIWALL® MOS 25, composto por ácidos orgânicos (acético, fórmico e propiônico) e parede de levedura purificada (MOS e Betaglucanos), inseridos em uma partícula mineral protetora, tornando-os capazes de agir nos diferentes segmentos do trato intestinal das aves. Patógenos entéricos, classicamente controlados com uso de subdoses de antimicrobianos, podem produzir toxinas que induzem lesões na barreira intestinal. A barreira intestinal é constituída de uma monocamada contínua de células epiteliais fortemente unidas por complexos de junções intercelulares, que quando saudáveis e íntegras, previnem a translocação paracelular de compostos indesejados, incluindo grandes moléculas, toxinas e micro-organismos do lúmen do intestino para a lâmina própria e posteriormente para a corrente sanguínea (Awad et

Figura 1. Representação esquemática do epitélio intestinal e rotas de translocação de nutrientes e componentes da dieta. A via paracelular deve ser normalmente impermeável para grandes moléculas, como o Dextran-FITC, usado no presente estudo.

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al.2017). Desta forma, a medida da integridade intestinal é um forte indicador da saúde intestinal em aves de produção.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram utilizados dois aviários com 9.000 aves cada, entre 74 e 75 semanas de idade. O aviário Tratado recebeu inclusão de 1kg/ton de HERBANOPLEX® CP e 1,5 kg/ton de UNIWALL® MOS 25 no alimento das aves, enquanto o aviário Controle não recebeu nenhum prebiótico ou antimicrobiano. O tratamento ocorreu por um período de 23 dias. Foram realizadas duas coletas de sangue periférico para análise da integridade intestinal. A determinação da integridade intestinal foi realizada utilizando metodologia previamente descrita por Vicuña et al. (2015). Primeiramente, moléculas fluorescentes grandes (FITC-dextran 4000 kDA) são administradas pela via oral nas aves e, passado o tempo necessário para trânsito intestinal (2h30min), são coletadas amostras de sangue periférico, e o soro é analisado em um leitor de fluorescência. A existência de lesões intestinais com danos nas junções intercelulares pode permitir a passagem de moléculas tóxicas da luz intestinal para circulação sanguínea. Desta forma, lesões ou processos inflamatórios na mucosa intestinal, também permitem a passagem pela via paracelular do corante fluorescente FITC - dextran, que poderá ser detectado na corrente sanguínea e quantificado (Figura1).


FOTO: PEXELS

Os principais componentes encontrados no lúpulo, são os α-ácidos (Humulonas), responsáveis pelo característico sabor amargo do vegetal, e os β-ácidos (Lupulonas), o qual possuem uma excelente atividade bactericida frente a bactérias Gram-positivas (Kolar et al.2018). Por outro lado, o uso de uma associação de ácidos orgânicos e parede de levedura protegidos por um carrier mineral, atua favorecendo a multiplicação e colonização dos segmentos intestinais por bactérias acidófilas (ácido-tolerantes e produtoras de ácidos) no intestino de aves (Saeed et al.2017). O uso associado de HERBANOPLEX® CP e UNIWALL® MOS 25 em aves apresentou um efeito significativo na proteção da integridade intestinal.

AWAD, W. A., HESS, C. and HESS, M.2017. Enteric Pathogens and Their Toxin-Induced Disruption of the Intestinal Barrier through Alteration of Tight Junctions in Chickens.

RESULTADOS

Antes do período de tratamento, na primeira coleta, não foi possível identificar diferença significativa na integridade intestinal entre os grupos Controle e Tratado (Gráfico 1).

Gráfico 1. Avaliação da permeabilidade intestinal ao marcador fluorescente de alto peso molecular antes do início do tratamento. Cada ponto representa um animal. Também estão indicadas as médias. Não há diferença significativa entre os grupos Tratado (n=18) e Controle (n=18).

Entretanto, após os 23 dias de tratamento combinado com HERBANOPLEX® CP e UNIWALL MOS® 25, uma segunda coleta foi realizada (44 dias depois do início do tratamento). Nesta segunda coleta, foi possível identificar aumento significativo (Teste T de Student, P < 0,05) na permeabilidade intestinal no grupo Controle (n=14), quando comparado ao grupo Tratado (n=12), conforme observado no Gráfico 2.

REFERÊNCIAS

KARAVOLIAS, J., SALOIS, M. J., BAKER, K. T. and WATKINS, K.2018. Raised without antibiotics: Impact on animal welfare and implications for food policy. Translational Animal Science2: 337–348.

Gráfico 2. Avaliação da permeabilidade intestinal ao marcador fluorescente de alto peso molecular após tratamento combinado com HERBANOPLEX® CP e UNIWALL® MOS 25. Valores mais altos indicam maior permeabilidade, o que é indicativo de menor integridade da barreira intestinal. Cada ponto representa um animal. Também estão indicadas as médias. Há diferença significativamente estatística entre os grupos Tratado (n=12) e Controle (n=14) pelo teste t de Student (P < 0,05).

DISCUSSÃO

O uso de compostos naturais, como exemplo os extratos naturais ricos em humulonas e lupulonas, assim como a parede de levedura (ricas em oligossacarídeos de manana – MOS) e os ácidos orgânicos, apresentam alto potencial para controle de Clostridium Perfringens, Salmonella spp. e outros patógenos entéricos (Wise et al.2008, Roto et al.2015), altamente prejudiciais à saúde intestinal.

KOLAR, M., BOSTIK, P., MIKYSKA, A., BOSTIKOVA, V., LANGOVA, K., OLSOVSKA, J., DUSEK, M. and BOGDANOVA, K.2018. Inhibitory effect of hop fractions against Gram-positive multi-resistant bacteria. A pilot study. Biomedical Papers162: 276–283. ROTO, S. M., RUBINELLI, P. M. and RICKE, S. C.2015. An Introduction to the Avian Gut Microbiota and the Effects of Yeast-Based Prebiotic-Type Compounds as Potential Feed Additives. Frontiers in Veterinary Science2. SAEED, M., AHMAD, F., ARAIN, M. A., EL-HACK, M. E. A., EMAM, M., BHUTTO, Z. A. and MOSHAVERI, A.2017. Use of Mannan- Oligosaccharides (MOS) As a Feed Additive in Poultry Nutrition. J. World Poult.7: 94–104. VICUÑA, E. A., KUTTAPPAN, V. A., TELLEZ, G., HERNANDEZ-VELASCO, X., SEEBER-GALARZA, R., LATORRE, J. D., FAULKNER, O. B., WOLFENDEN, A. D., HARGIS, B. M. and BIELKE, L. R.2015. Dose titration of FITC-D for optimal measurement of enteric inflammation in broiler chicks. Poultry Science94: 1353–1359. WISE, M. G., SMITH, R. J., SIRAGUSA, G. R., MATTHEWS, P. D., BUHR, R. J., HAAS, G. J. and DALE, N. M.2008. Antimicrobial activity of lupulone against Clostridium perfringens in the chicken intestinal tract jejunum and caecum. Journal of Antimicrobial Chemotherapy61: 853–858.

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BOVINOCULTURA

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2019 E A RETOMADA DA PECUÁRIA DE CORTE:

SERÁ? O novo ciclo é de alta. O preço pago ao pecuarista sobe, assim como as exportações. Mas estes índices são suficientes para equilibrar o mercado?

por Taís Teixeira

A

FOTO: AGROSTOCK

exemplo dos demais setores do agronegócio, a bovinocultura de corte vem reagindo a nova conjuntura de mercado com a indicação de um ciclo de alta. Foram dois anos de crise, caracterizados por uma redução significativa do poder de compra do consumidor. A postura comedida do brasileiro afetado financeiramente pelas turbulências econômicas e políticas impactou na queda das vendas internas e no reajuste do preço dos animais. Em 2016 e 2017, biênio de ápice da crise, o mercado internacional “salvou” a lavoura. Ou melhor, salvou a pecuária de corte. O Brasil responde por 20% das exportações de carne bovina do mundo. Essa dependência mundial segurou a bovinocultura, impedindo uma decadência expressiva para o segmento. De acordo com o ciclo do boi gordo, esse ano é de transição de baixa para alta valorização. Em 2015, foi a alta histórica,

com valor de R$177 a arroba. Em 2018, alcançou R$ 144, valor positivo que deu continuidade a dois anos fracos.

ALTA DO BOI NÃO É SINÔNIMO DE GANHOS

De acordo com Rafael Ribeiro de Lima, consultor da Scot Consultoria, há um cenário com oferta melhor e maior consumo para o confinamento. “O mercado indica um aumento de 5% no número de cabeças confinadas em relação a 2018, uma valorização na expectativa”. Outro ponto destacado é que as regiões Sudeste e Centro-Sul, com boas pastagens, garantiram a retenção do gado. “Agora com essa alta, é hora do descarte do boi da safra por um preço mais atrativo para o pecuarista”. Ivan Wedekin, da Wedekin Consultoria, afirma que para o pecuarista que engorda

Para o pecuarista que engorda boi ou que faz confinamento a alta não equilibra IVAN WEDEKIN

boi ou que faz confinamento a alta não equilibra. “Ele vai comprar bezerro mais caro, garrote mais caro, boi magro mais caro. Terá um aperto de margem que não necessariamente vai ser compensado pela alta de preço que poderemos ter”. Wedekin ainda alerta para os aspectos ruins que essa alta do preço do ciclo do boi representa. “Coincidirá com uma certa recuperação da economia e o boi gordo vai continuar perdendo mercado. Essa alta pode parecer boa para o produtor, mas do ponto de vista de mercado continuará uma substituição do boi gordo por carne de frango e suína”, complementa. Wedekin acredita que o incremento tecnológico para ganhar eficiência e reduzir os custos de produção é a alternativa adequada para o produtor enfrentar esse mercado. “Há quase 15 anos o preço do boi vem crescendo acima da inflação, é preciso mudar essa situação”, avalia Wedekin.

CICLO REVERSO PARA FRIGORÍFICOS

A alta que atinge os pecuaristas, preocupa os frigoríficos, principalmente os de médio porte. Muitos conglomerados esperavam

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BOVINOCULTURA

CRESCIMENTO NOS VOLUMES EMBARCADOS

ocupar a fatia de mercado deixada pela JBS, em função dos escândalos envolvendo a líder de mercado. A expectativa de mercado, e também a esperança de plantas menores, foram frustradas. Em pouco tempo, a JBS voltou ao topo. A alta do preço do boi gordo manifesta-se quando a cotação do animal pronto para o abate está acima da inflação. A situação pode ser negativa para os frigoríficos, pois os criadores retêm mais fêmeas para aumentar o rebanho futuro. Nos últimos dois anos, o momento era favorável aos frigoríficos, fase em que o preço do bezerro foi menos rentável para os criadores, o que estimulou as vendas de vacas. O que ameniza a situação, são as exportações que devem registrar recordes em 2019. No primeiro quadrimestre do ano, de acordo com os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), as vendas para o mercado externo fecharam em alta. Boa parte dessa alta foi puxada pelo desempenho das exportações na categoria

76%

carne in natura, que tiveram o melhor resultado para um mês de abril desde 1997, quando foi iniciada a série histórica. Em abril de 2019, as exportações dessa categoria somaram 109,8 mil toneladas, alta de 56,7% em relação ao mesmo mês de 2018. Em relação aos principais destinos da carne bovina brasileira no acumulado de janeiro a abril de 2019, os destaques são os crescimentos nos volumes embarcados para a Rússia (+1.335,61%), EUA (+349,76%) e Irã (+47,58%).

VOLUME DE EMBARQUES 538.523 toneladas

482.114

2019

toneladas

2018

Crescimento de 11,7%

RECEITA

2018

US$ 2,01 bilhão 2019 Alta de

3,1%

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FOTO: MB COMUNICAÇÃO

US$ 1,9 bilhões

48%

61%

CONSUMO INTERNO

Outro ponto a destacar é que de 1995 a 2019, o mercado de carnes sofreu uma mudança drástica. Na Década de 1990, a carne suína era 18% mais cara em relação a bovina. Hoje, a carne suína é 32% mais barata do que a carne de gado. “Por isso, o aumento do consumo também dita os preços da carne bovina, pois com a carne de gado cara, mesmo com a alta dos preços, o consumidor vai comprar essas carnes mais acessíveis”, finaliza Rafael Ribeiro de Lima.


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FALE COM O ESPECIALISTA Você tem dúvidas sobre manejo, nutrição ou sanidade em sua propriedade? Profissionais altamente capacitados podem lhe ajudar. Envie sua pergunta através de nossas redes sociais e ela poderá ser respondida neste espaço.

AVES ESPECIALISTA

Quero iniciar a criação de galinhas poedeiras. Gostaria de saber por onde começar e quais os cuidados que essas aves exigem quanto a sanidade e nutrição?

DAYANE RIVAROLI Analista de Marketing e Pesquisa da Alltech Brasil. Zootecnista formada pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), mestrado em Produção Animal pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP) e doutorado em Produção e Nutrição Animal com ênfase em qualidade da carne pela Universidade Estadual de Maringá (Brasil). Possui doutorado sanduíche no Institut National de la Recherche Agronomique (INRA) (Clermont Ferrand – França).

Para iniciar uma produção, o local da granja deve ser escolhido cuidadosamente pois deve ser afastado da presença de outros animais, livre de plantas invasoras e com a limpeza dos arredores impecável, afinal um aviário contaminado pode trazer consequências irreversíveis à produção. Soma-se a esses cuidados a eliminação de insetos e ectoparasitas, que podem proliferar a partir do acúmulo de esterco, sobras de ração, etc., causando doenças. Dentro da granja, a limpeza deve ser realizada periodicamente com água sob pressão e desinfetantes. Para que a sua criação de galinhas poedeiras alcance a produtividade e rentabilidade desejada, o produtor deve se atentar a alguns pontos fundamentais. Um deles é a temperatura ambiente. Especialmente a partir da quarta semana de vida, faz-se necessário manter a temperatura entre 18º e 28ºC, evitando mortalidade por estresse calórico. Caso a temperatura esteja alta, é preciso investir em um sistema de ventilação adequado e sem esquecer o controle da umidade, evitando assim a incidência de fungos que podem impactar na saúde animal. É preciso também calcular a quantidade de galinhas poedeiras que a granja pretende abrigar, uma vez que a superlotação pode causar estresse fisiológico, gerando impacto no desempenho animal. Ainda sobre a granja, o comedouro deve ser espaçoso e com acesso à água de qualidade. Para criar poedeiras, os cuidados com a iluminação são essenciais para o sucesso da empreitada, uma vez que má iluminação pode influenciar na redução das taxas de postura e até mesmo na formação da casca e em ovos pequenos. Com a estrutura pronta, chegou a hora de pensar na equipe que cuidará da granja de perto. É preciso investir em treinamento e captação de profissionais que já tenham experiência nestes cuidados ou que tenham vontade em atuar no setor avícola. É preciso que eles se conscientizem do quanto esses cuidados podem impactar na saúde das aves e na manutenção e estabilidade do negócio. Com a granja pronta, equipe formada, chegou a hora de povoar a sua granja! Seja com pintainhas ou galinhas na fase de recria, é preciso investir em uma ração balanceada e de boa quantidade. Se isso não for levado a sério, a produção pode ser diretamente impactada, colocando todo o investimento anterior a perder.

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FOTO: PIXABAY

Cleiton Davi Henchen - Arroio do Tigre (RS)

Existem aditivos alimentares disponíveis no mercado que auxiliam na qualidade dos ovos, desde uma casca mais resistente, até o enriquecimento com selênio, agregando valor ao produto final e possibilitando que o produtor possa ampliar o investimento em seu novo negócio. Para uma boa produção e para garantir o retorno ideal do investimento, consulte um especialista na criação das aves e produção de ovos.


SUÍNOS ESPECIALISTA

Por que o suíno é abatido por meio da insensibilização e não através de pistola pneumática? Marcio Vinicio Bem - Chapecó/SC

JULIANA RIBAS Médica veterinária e coordenadora de produção da Agroceres PIC. Graduada pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp). É mestre em Produção Animal pela Universidade Federal do Mato Grosso.

Os principais métodos de insensibilização para o abate humanitário de suínos, utilizados pela indústria brasileira, são a eletronarcose, a eletrocussão e a exposição à atmosfera controlada. Todos esses métodos são validados cientificamente, obedecem às regras preconizadas pelas legislações internacionais e são regidos pela Instrução Normativa (IN) nº 03, do Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (Riispoa), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que estabelece os requisitos mínimos para proteção dos animais antes e durante o abate. Cada método possui limitações, vantagens e desvantagens inerentes aos seus princípios; deve existir, portanto, uma avaliação para a escolha da metodologia a ser aplicada. A eletronarcose consiste na aplicação de corrente elétrica no cérebro do animal levando à perda imediata da consciência, a partir da despolarização neural desorganizada, onde há parada da atividade cerebral. O método é reversível depois de um tempo, devendo ser executada a sangria com a maior brevidade possível. Nesse método, o animal apresenta fase clônica mais intensa, após a aplicação da insensibilização. Já a eletrocussão obedece ao mesmo princípio - utilização de corrente elétrica no cérebro para causar perda de consciência imediata no animal a partir da despolarização neuronal desorganizada – só que seguido de aplicação de corrente elétrica no coração, causando a

fibrilação ventricular, o que reduz a duração e intensidade da fase clônica. O método da exposição à atmosfera controlada no Brasil, pode ser executado pela exposição dos suideos a altas concentrações de gás carbônico, nitrogênio, argônio, ou uma mistura destes. A inalação do gás leva à acidificação do líquido cefalorraquidiano, que culmina com a inconsciência do animal e subsequente parada cardíaca. Nesse método, os animais saem do insensibilizador, com a musculatura relaxada, não havendo fase clônica. Para fins de abate, todos os métodos devem, obrigatoriamente, ser seguidos de sangria dos indivíduos. Esta deve ser executada em um intervalo de até 15 segundos após a insensibilização. A sangria é importante não só para assegurar a morte do animal por hipovolemia, mas também, para garantir os atributos de qualidade da carne esperados. Embora seja um método listado pela legislação, a pistola de dardo cativo, método mecânico, percussivo penetrativo, não é utilizado comumente em frigoríficos de suínos porque pode provocar impactos negativos na qualidade final da carne, devido à fase clônica exacerbada manifestada pelo indivíduo, após o disparo, o que dificulta o manejo de contenção e sangria em escala. Por isso, a pistola de dardo cativo para suínos é comumente direcionada para o abate de animais de emergência, ou como método suplementar. Informações mais detalhadas sobre os métodos humanitários de insensibilização dos animais de açougue para o abate podem ser encontradas na IN nº 03, do Mapa”.

BOVINOS ESPECIALISTA

Uma vaca que consome água suja pode sofrer aborto? Donizete Marmentini Pomagerski - São Domingos/SC

ALEXANDRE VALISE SIQUEIRA Zootecnista e Gerente da Unidade de Negócios Bovinos Polinutri

A água é de suma importância para os seres vivos, pois o corpo é composto de 55 a 70% de água, podendo chegar a 80%. Para vacas lactantes essa importância aumenta significativamente, pois além da água do corpo, 87% do leite é água. Fornecer água limpa e de qualidade faz com que os animais consumam mais e pode aumentar a produção de leite. Vacas de alta produção podem consumir 190 litros de água por dia e sua composição é de suma importância para as funções metabólicas e qualidade do leite. Água suja pode deprimir o consumo, isso aliado à baixa qualidade da água pode deprimir a função imunológica e aumentar os problemas reprodutivos podendo

chegar ao aborto, isto pensando apenas em consumo, sem pensar em poluentes e elementos tóxicos na água, que podem agravar os problemas. A instrução normativa (IN) 62 determina que a propriedade rural deve fornecer 100 litros de água por animal, mais 6 litros de água para cada litro de leite produzido. Também devemos oferecer aos animais o espaçamento de 20 cm de cocho de água por animal, ou seja, em um lote de 100 animais precisamos de 20 metros de cocho de água disponível. Fornecer água potável aos animais só traz benefícios, portanto, limpar bem os cochos de água e renovar a água diariamente pode aumentar o consumo, aumenta a produção de leite e melhora a saúde dos animais.

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PROJETO ESPECIAL

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EU FAÇO

PARTE!

om projeções de negócios que chegam a US$ 200 milhões, a Mercoagro 2020 deverá registrar novos recordes. A 13a Feira Internacional de Negócios, Processamento e Industrialização da Carne reunirá mais de 200 empresas do setor e receberá cerca de 20 mil visitantes. Para fortalecer a divulgação do evento e das marcas presentes na maior feira da indústria da carne da América Latina, apresentamos o PROJETO INDÚSTRIA FORTE, veiculado em todos os canais da plataforma multimídia Setor Agro&Negócios. O que mostraremos através de nossa plataforma é o minucioso processo de produção da indústria da carne que eleva o país as primeiras colocações no ranking das exportações. A iniciativa revela o que tem por trás deste reconhecimento internacional e dos volumes extraordinários de vendas, apontando as tendências do setor de processamento e industrialização da carne, panorama mundial do segmento, novas tecnologias, serviços, equipamentos e a participação da indústria no processo de evolução do agronegócio brasileiro.

COMO FUNCIONA

Com larga experiência no segmento, conhecemos bem nossa audiência e nos especializamos em produzir conteúdo para atender as necessidades de clientes que buscam soluções para seus negócios. Através do PROJETO INDÚSTRIA FORTE, durante 365 dias do ano, fazemos a ponte entre sua empresa e seus clientes no segmento B2B.

FERRAMENTAS EXCLUSIVAS

REVISTA IMPRESSA E DIGITAL Caderno especial com a primeira circulação nesta edição. PORTAL DE NOTÍCIAS Divulgação de reportagens, vídeos e banners. REDES SOCIAIS Facebook,LinkedIn e WhatsApp. AGROPLAY Canal no Youtube criado exclusivamente para cobertura da feira.

PRODUÇÃO DE CONTEÚDO ON DEMAND Produção de conteúdo técnico, exclusivo e relevante para ajudar na decisão de compra. Divulgação em todos os canais da plataforma.

ALGUNS TEMAS QUE FAZEM PARTE DO PROJETO

» Transporte e logística: como manter a qualidade da carne até chegar às prateleiras » Embalagens: novas tecnologias e tendências » Como economizar energia nos frigoríficos: fontes alternativas de abastecimento » Financiamentos para frigoríficos e abatedouros » Como os equipamentos influenciam na qualidade da carne » Segurança sanitária: o grande desafio para frigoríficos brasileiros » Está na hora de trocar os equipamentos do seu frigorífico » Construção de frigoríficos: tendências na infraestrutura » Vantagens de um sistema térmico eficiente CONFIRA OS PRIMEIROS CONTEÚDOS NAS PRÓXIMAS PÁGINAS!

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019 51


ESPECIAL INDÚSTRIA FORTE

U

NADIR JOSÉ CERVELIN, gerente geral da Mercoagro 2020 acredita que a situação de mercado estimula a ampliação e a construção de novas plantas industriais de processamento de carne

m ambiente internacional de exportações crescentes garantirá transações superiores a 200 milhões de dólares durante a Feira Internacional de Negócios, Processamento e Industrialização da Carne (Mercoagro 2020), programada para o período de 15 e 18 de setembro de 2020 no Parque de Exposições Tancredo Neves, em Chapecó (SC). A previsão é de Nadir José Cervelin, gerente geral dessa que é a maior feira do setor na América Latina e uma das maiores feiras técnicas da indústria mundial de alimentos, com 26 anos de edições bienais ininterruptas. Ele observa que as perspectivas para o mercado mundial de carnes são positivas. “O crescimento populacional mundial assegura elevada e crescente demanda por proteínas nobres”. Lembra que no período de 2015 a 2025, o aumento populacional totalizará 780 milhões de pessoas, atingindo 8,1 bilhões de seres humanos no Planeta Terra. Para fundamentar seu otimismo, o dirigente mostra que o consumo per capita de carnes (bovina, suína e de aves) no mundo chegou a 41 kg/habitante/ano. O nível de

MERCOAGRO 2020

US$ 200

MILHÕES

Feira ocorre em um momento positivo do agronegócio, em um cenário de expansão das exportações mundiais de carnes.

52 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019

FOTO: MB COMUNICAÇÃO

EM NEGÓCIOS


ingestão de proteínas de alComercial e Industrial de guns países demonstra, Chapecó (ACIC). com clareza, a extensão e Participarão da exas possibilidades desse posição empresas mercado. dos setores de refriO credenciamento “O surgimento de dogeração, sistema de para a feira é gratuito enças nos planteis de automação induse está disponível pelo site oficial: trial, ingredientes e suínos da China levou www.mercoagro.com.br esse país a intensificar as aditivos, embalagens e tripas, transporte e compras de carne no mercado mundial, alavancando as armazenagem, equipaexportações brasileiras. Não há mentos industriais e acesdúvidas de que a demanda global por sórios, projetos de engenharia e consultorias especializadas, entre outros carnes vai acelerar até 2025, com crescimento anual sustentado de 1,4% em produtos e serviços para atender a inbovino, 1,1% em suíno, 1,6% em aves e dústria da carne. 2,0% em ovino, de acordo com projeções A realização, promoção e organização do Rabobank.” são da ACIC, com patrocínio da Aurora Na previsão de Cervelin, esse mercado Alimentos, Unimed Chapecó e Sicredi, estará ainda mais aquecido em setembro parceria da Prefeitura de Chapecó e apoio de 2020 – durante a 13ª edição da Merdo BRDE, Nucleovet, Abrafrigo, Facisc, coagro – estimulando a ampliação e a Unoesc, Embrapa, Sincravesc, Asgav/ construção de novas plantas industriais Ovos RS, Chapecó e Região Convention & Visitors Bureau, ABPA, Sihrbasc, Fiesc, de processamento de carne. “Isso sinaliza excelentes vendas de máquinas e Senai, Sesi, Unochapecó, Safetrading e equipamentos no próximo ano”, assinala. Sebrae. A comercialização é da Enterprise A feira é uma iniciativa da Associação Feiras e Eventos.

NÚMEROS DA MERCOAGRO

205 estantes 350 marcas representadas 20 mil visitantes/compradores Previsão de negócios de

US$ 200 milhões

3 mil

Criação de empregos temporários

R$ 15 milhões

Injeção de na economia local e regional

15 mil m de feira 2

PAÍSES PRESENTES

Rússia

Islândia

Canadá

Holanda Bélgica França

Estados Unidos

Alemanha Áustria

Itália Espanha

China

Colômbia Equador Bolívia Paraguai Chile

Uruguai

Austrália

Argentina

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019 53


ESPECIAL INDÚSTRIA FORTE

QUAL É A

?

CARNE QUE O

CONSUMIDOR QUER

FOTO: PIXABAY

Consumidores exigentes, mercados cada vez mais disputados e severos processos de rastreabilidade transformam o setor de processamento de carne e estimulam a produção cada vez mais customizada.

54 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019

por Taís Teixeira


o sucesso dos negócios. Com a atualização das exigências e das necessidades desse cliente, o próximo passo é buscar nos atributos tecnológicos como satisfazer aos interesses desse público e manter a eficiência e a importância econômica desse mercado.

DE OLHO NO NOVO CONSUMIDOR

Um levantamento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) aponta que oito em cada dez brasileiros fazem um esforço para ter uma alimentação saudável e 71% dos entrevistados preferem produtos mais saudáveis, mesmo que tenham que pagar caro por eles. É nesta maioria que a indústria processadora de carnes deve se concentrar. Segundo a doutora em Tecnologia e Ciência de Alimentos, Rodicler Bortoluzzi, existe um grande movimento no Brasil para se alinhar às tendências globais, que preza por menos aditivos químicos e mais praticidade. “A indústria da carne tem recursos tecnológicos como ingredientes naturais que podem substituir

Segundo a Organização das Nações para Agricultura e Alimentação (FAO) haverá um aumento de 10,94% no consumo mundial de carnes de origem animal até 2027.

FOTO: DIVULGAÇÃO

FOTO: DIVULGAÇÃO

C

arne, um alimento controverso. Desperta amor e ódio. Defensores fervorosos levantam a bandeira de que as carnes concentram alto valor proteico, substância que é fundamental para adquirir uma condição saudável. Em contrapartida, há um movimento crescente dividido em várias linhas (vegetarianos, veganos) de adeptos ao “menu verde”, que considera que alimentos de origem animal devam ser restritos ou completamente eliminados. Isso porque se acredita que existem outros alimentos capazes de suprir a proteína presente nas carnes. Ainda nessa mesma linha, há um grupo que mudou para uma alimentação mais natural, porém ainda preserva carnes no seu cardápio. A indústria da carne processada deve estar atenta a essas mudanças de comportamento, que atribui à alimentação um valor social que interfere diretamente nas escolhas de consumo. Esse novo padrão está mais atento à saúde e à consciência ambiental. Por isso, focar o entendimento da indústria processadora de carnes a inovações tecnológicas é uma posição reducionista. A compreensão deste novo cenário é fundamental para

corantes, conservantes e antioxidantes. O uso destes ingredientes com processos adequados resulta em produtos com “rótulos mais limpos”, destaca. Muitas vezes, o futuro está associado somente a novidades tecnológicas. É uma prerrogativa certa. Porém, antes de aplicar essas ferramentas, é preciso acompanhar as mudanças do consumidor para atendê-lo com excelência e assertividade dentro do vigor da lei. “A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), preocupada com saudabilidade, definiu um plano para redução de sódio em alimentos. A indústria da carne já vem fazendo adequações em seus produtos. Essa medida vai ajudar a população no controle de pressão arterial, doenças coronarianas, renais, entre outras”, explica a doutora. O diretor-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, também descreve que as novas propensões alimentares norteiam as decisões da indústria “Os hábitos da população exigem cada vez mais facilidade, com menos tempo para preparo, ao mesmo tempo em que demanda produtos mais saudáveis. Esta é uma equação constantemente aprimorada pelo setor produtivo, com foco na somatória de propriedades como saudabilidade, qualidade e praticidade”, afirma.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019 55


ESPECIAL INDÚSTRIA FORTE

Para servir a um consumidor mais exigente, a indústria segue parâmetros oficiais. As carnes passam pelo processo de industrialização como defumação, adição de sal e conservantes, fermentação e secagem. “Quando se fala de carnes in natura, já existe uma grande oferta de carne de frango e bovina com sistema de produção que utilizam um manejo diferenciado, ração vegetal, sem antibiótico, melhoradores de desempenho e orgânico. Estes produtos atendem aos clientes que buscam saudabilidade, preocupação com meio ambiente e bem-estar animal’, diz a pesquisadora. A indústria de processados tem fundamental importância para o setor produtivo nacional. Importante geradora de valor agregado, tem forte participação não apenas no mercado interno, como também na pauta exportadora – embora, em menor representatividade.

SEGUE O LÍDER

O consumo de carnes é um hábito que vai continuar ascendente. Segundo a Organização das Nações para Agricultura e Alimentação (FAO) haverá um aumento de 10,94% no consumo mundial de carnes de origem animal até 2027. Esse indicativo é favorável para todos os elos da cadeia produtiva. No caso do rebanho bovino, o Brasil é o maior exportador e tem o maior rebanho

do mundo, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) . Atende a uma demanda exigente, como a chinesa. O país mais populoso do mundo tem uma determinação: compra animais para abate com até 30 meses de idade. Metade da exportação brasileira vai para o mercado chinês, o que é motivo suficiente para perceber que vender ao país asiático é estratégico e lucrativo. Desta forma, o Brasil investiu em um sistema de produção interna que busca esse bovino. O mote hoje de tecnologia é acelerar o processo de terminação. Com toda essa representatividade, a indústria processadora de carnes tem dentro do país um rebanho forte e consistente para atender a sua produção, o que é uma referência para ampliar a sua atuação e fortalecer ainda mais essa liderança. O setor está desempenhando com eficiência e dentro dos rigores da Anvisa e do Ministério da Agricultura (MAPA). Os resultados são uma demonstração clara de que o país está atendendo tanto em volume quanto às exigências específicas de cada país. A indústria processadora de carnes brasileira está em aprimoramento constante para oferecer ao mundo um produto de qualidade e que atenda as necessidades e, principalmente, as expectativas dos consumidores de todo o planeta.

EXPORTAÇÕES DE CARNE BOVINA IN NATURA E PROCESSADA 694.314 590.013 toneladas Primeiro trimestre de 2018

toneladas Primeiro trimestre de 2019

Crescimento de

18%

Metade da produção brasileira é

vendida para China

56 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019

FOTO: FREEPIK

Maior mercado consumidor Alimenta 1 bilhão e 380 milhões de pessoas.

BRASIL NO TOPO DAS EXPORTAÇÕES BOVINOS

Maior rebanho e maior exportador do mundo Acumulado de janeiro a maio de 2019 - 694,3 mil toneladas Aumento de 25,5 % em relação ao primeiro semestre de 2018

FRANGO

Segundo lugar nas exportações Acumulado de janeiro a maio de 2019 - 1,659 milhão de toneladas Aumento de 11% em relação ao primeiro semestre de 2018

SUÍNOS

Quarto lugar nas exportações Acumulado de janeiro a abril de 2019 - 215,7 mil toneladas Aumento de 16,3% em relação ao primeiro semestre de 2018


FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019 57


ESPECIAL INDÚSTRIA FORTE

HALAL

UM MERCADO COM MILHÕES DE OPORTUNIDADES

A Diversos estudos apontam para uma consolidada curva de crescimento do setor em uma ampla gama de segmentos, dos alimentos, passando pelas bebidas até o turismo. Por Arthur Rodrigo Ribeiro

58 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019

crescente que rege os dados relacionados ao mercado Halal é algo espantoso que movimenta US$ 2,5 trilhões por ano. Uma série de pesquisas ao redor do mundo revelam o quão promissor é o mercado, sejam elas estimativas factuais, de médio ou de longo prazo. Isso ocorre por dois fatores. O primeiro está relacionado à taxa de natalidade e o segundo ao crescimento da religião ao redor do mundo. A Pew Research Center (Estados Unidos), em sua mais recente pesquisa divulgada em maio deste ano apontou a presença de 2,3 bilhões de cristãos no mundo e 1,8 bilhão de


PRODUTOS E SERVIÇOS QUE MOVIMENTAM O MERCADO HALAL Farmacêuticos Cuidados pessoais Cosméticos Vestuário Bancos/finanças Logística Armazenamento e distribuição Movimentação de US$ 2,5 tri/ano. Somente a alimentação representa US$ 1,24 trilhões anuais. Com previsão de chegar a

US$ 1,93 trilhões em 2022

Chaiboun Darwiche, da Siil Halal, destaca que o Brasil é o maior exportador de carne halal do mundo

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA

mulçumanos. Contudo, esta diferença que hoje é acentuada poderá reduzir até 2060 quando o mundo contará com 3 bilhões de cristãos e 3 bi de mulçumanos. A pesquisa reflete que há uma maior quantidade de jovens e filhos nas populações mulçumanas, em média. Em países da África, por exemplo, região com acentuada presença do islamismo, cada mulher tem de 4 a 6 filhos, acelerando o crescimento da população vigente e apontado como uma das explicações para este crescimento. De acordo com o CEO da Siil Halal, certificadora Halal do Brasil sediada em Chapecó (SC), Chaiboun Darwiche, os dados de longo prazo apresentados no estudo abrem janelas de oportunidades para o empresariado brasileiro interessado em manter relação comercial com estes países. Contudo, salienta o empresário, “para que haja o acesso a comunidade islâmica os segmentos industriais interessados devem respeitar princípios e

normas a fim de assegurar aos consumidores higiene, rastreabilidade e conformidade às leis islâmicas vigentes por meio da certificação Halal. Documento fiel de garantia emitido por uma instituição certificadora Halal reconhecida por países islâmicos, para atestar que a empresa, processo e produtos seguem os requisitos legais e critérios determinados pela jurisprudência islâmica (Sharia)”, informa Chaiboun Darwiche. O Brasil, por exemplo, é um país na ponta entre os exportadores de produtos com certificação Halal. Em 2017 o Brasil movimentou próximo de US$ 4,5 bilhões em carnes Halal e há expectativa de um acréscimo de 10%. “Atualmente o país é o maior exportador de carnes Halal do mundo. Um bom exemplo é o parque agroindustrial ligado à produção de proteína animal com 80% das plantas frigoríficas aptas para comercializar carne bovina e de frango para países que requerem a exigência”, salienta Chaiboun. Na avaliação de Chaiboun, o turismo Halal é um bom exemplo para estas constatações de crescimento do mercado e das exigências necessárias. Mercado que, de acordo com ele, prevê gerar US$ 233 bi até 2020. Ele lembra que no mundo há 130 destinos para o turismo, sendo 48 de origem islâmicas e 82 não-islâmicas.

Em 2017 o Brasil movimentou próximo de US$ 4,5 bilhões em carnes Halal e há expectativa de um acréscimo de 10%. Ele lembra que as empresas japonesas estão cada vez mais conscientes do potencial global do mercado e estilo de vida dessas populações e por isso “desenvolvem programas de aprendizagem visando a educação sobre as necessidades dos consumidores da comunidade islâmica”, comenta Chaiboun. Basta olhar para a rede de restaurantes japoneses. Atualmente, 800 delas se autopromovem “amigos dos mulçumanos”, no entanto, apenas 150 contam com certificação Halal. Em suma, na avaliação de Chaiboun, “o empresariado brasileiro tem na certificação Halal uma grande oportunidade para acessar um mercado de milhões de oportunidades”.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019 59


FOTO: SHUTTERSTOCK

GUIA DE INVESTIMENTO

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PLANO SAFRA

Siga os especialistas e invista com segurança

Este conteúdo também está disponível em um e-book que pode ser baixado em nosso portal de notícias: www. setoragroenegocios. com.br

Os recursos do Plano Safra oferecem ao pequeno, médio e grande produtor novas oportunidades de crescimento. Para que isso aconteça, é preciso saber quando e como investir. Acompanhe o Guia de Investimento Plano Safra, elaborado com o auxílio de especialistas. por Tuanny de Paula

L

ançado anualmente, o Plano Safra é a principal fonte de incentivo ao produtor rural brasileiro. Com vigência entre os meses de julho e junho do ano seguinte, foi elaborado estrategicamente por representar o período de safra do país. O anúncio dos valores é esperado ansiosamente por produtores e instituições financeiras, movimentando o mercado agro nacional. E neste ano não foi diferente. Com a liberação dos R$ 225,59 bilhões, produtores rurais já acessam linhas que permitem desde a aquisição de máquinas até a construção ou reforma de residências. Mas não basta ter acesso ao recurso. É preciso planejar o investimento. Para auxiliar no direcionamento destes valores, conversamos com especialistas em crédito rural, que a partir desta edição esclarecem todas as dúvidas e aconselham sobre o melhor caminho para aplicar o montante.

INVISTA COM SEGURANÇA

Investir com segurança é primordial para o sucesso de qualquer negócio. Se você pretende acessar os recursos, o primeiro passo é identificar as prioridades e áreas que realmente precisam de atenção e como a sua produção irá lhe ajudar a pagar essa aplicação. “Por exemplo, a safra de soja e milho são culturas que duram quatro meses, ou seja, tem um prazo curto. O produtor irá fazer um financiamento de custeio, vai plantar, colher, vender o grão e pagar o incentivo. Todo ano ele tem esse ciclo”, explica o especialista em crédito rural do Sicoob MaxiCrédito, Luiz Miguel Dal Piva. E complementa: “Por exemplo, um produtor que precisa ampliar

sua pocilga e necessita de R$ 1 milhão para adequar as normas que a empresa integradora exige, deve se perguntar se esse valor é economicamente viável e se precisará direcionar o investimento de outras atividades da propriedade para pagá-lo”. São vários fatores que devem ser considerados pelo produtor na hora de procurar um crédito rural, principalmente quando os valores são altos. Entre os pontos a serem priorizados estão a questão econômica do país, a ascendência da atividade a ser investida e a sucessão familiar. “Este último ponto precisa de cuidado. Ao realizar um financiamento de alto valor a longo prazo, o produtor deve se perguntar até que ponto é viável, analisar a sustentabilidade de seu negócio, seja a curto, médio ou longo prazo”, ressalta Dal Piva. O campo é uma atividade muita cíclica, de altas e baixas em diversas produções. “Quando o produtor procurar um crédito rural ele deve observar principalmente se os recursos que ele está tomando são oportunos, adequados e suficientes para a finalidade que ele necessita”, comenta Cléber Chini, responsável pela área de crédito do Sicredi Região da Produção Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais.

Antes de procurar um investimento, o produtor deve ponderar os seguintes pontos: A economia do país; ascendência da atividade a A ser investida; A sucessão familiar.

RECURSOS DO PLANO SAFRA 2019/20 R$ 222,74 bilhões Crédito rural: custeio, comercialização, industrialização e investimentos

VALOR TOTAL:

R$

225,59

bilhões

R$ 1 bilhão Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) R$ 1,85 bilhão Apoio à comercialização

MAIS OPORTUNIDADE PARA O PEQUENO E MÉDIO PRODUTOR

Desse montante, o pequeno e o médio produtor são os maiores beneficiados. Para os agricultores que se encaixam no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), o valor disponibilizado para custeio, comercialização e investimento foi de R$ 31,33 bilhões. Já para aqueles que se encaixam no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), o valor liberado foi de R$ 26,49 bilhões.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019 61


GUIA DE INVESTIMENTO

“Isso traz tranquilidade aos agricultores familiares e, certamente, o volume destinado a custeio e investimento alavancará a produção”, ressalta o secretário da Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Fernando Schwanke. Para quem se encaixa no Pronaf, estão garantidos recursos de custeio para produção de alimentos básicos, como arroz, feijão, mandioca, trigo, leite, frutas e hortaliças e para investimento na recuperação de áreas degradadas, cultivo protegido, armazenagem, tanques de resfriamento de leite e energia renovável. Para o custeio e investimento nessas áreas, a taxa de juros é de 3% ao ano. Já para os produtores que se encaixam no Pronamp, os recursos disponibilizados podem ser aplicados para o financiamento de custeio, com juros de 6% ao ano e investimento, com juros de 7% ao ano. Cléber Chini salienta que os recursos disponibilizados são um dos fatores que podem ajudar para que os produtores consigam apresentar maior competitividade frente ao mercado. “Além disso, faz-se necessário que o produtor invista de maneira assertiva, consciente e buscando cada vez mais ser autossustentável”. E para que isso se concretize, o Plano Safra mantém taxas de juros acessíveis para o produtor. “É uma taxa subsidiada pelo Governo que é abaixo das taxas praticadas no mercado em linhas gerais, que variam de 3 a 12% ao ano, o principal diferencial do crédito rural”, explica Luiz Miguel Dal Piva.

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA

“É preciso observar se os recursos são oportunos, adequados e suficientes para a finalidade que necessita”, comenta Cléber Chini, responsável pela área de crédito do Sicredi Região da Produção Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais

62 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019

COMO FUNCIONAM AS TAXAS DE JUROS PARA CUSTEIO, COMERCIALIZAÇÃO E INDUSTRIALIZAÇÃO: • Pequenos produtores (Pronaf): 3% ao ano e 4,6% ao ano • Médios produtores (Pronamp): 6% ao ano • Demais produtores: 8% ao ano

PARA INVESTIMENTO: • De 3% ao ano a 10,5% ao ano

AGRO COMPETITIVO

O agronegócio representa 25% do PIB do país e é responsável pelo saldo positivo da balança comercial. O Brasil é o quarto maior produtor mundial de alimentos e é de conhecimento geral que a demanda alimentícia cresce ao passo que a população mundial aumenta. A liberação dos recursos para o Plano Safra só enfatiza esta realidade. Com os valores, o produtor pode investir, melhorar e aumentar a sua produção, refletindo em números positivos para o setor.

O QUE É O PRONAF? Criado em 2002, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) desenvolve-se em pequenas propriedades, com a utilização direta da mão de obra familiar. O programa financia do custeio da safra à atividade agroindustrial, passando por investimento em máquinas, serviços e equipamentos ou infraestrutura de produção. O pequeno produtor que se encaixa neste programa deve ter uma renda bruta anual de até R$ 415 mil. Para comprovar esse valor existe um documento chamado Documento de Aptidão ao Pronaf (DAP) emitido por sindicatos ou órgãos públicos.

O QUE É O PRONAMP? O Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) foi criado em 2010 para promover o acesso ao crédito para produtores classificados como da “classe média rural”. A partir do momento que o produtor rural não se enquadra mais na renda bruta de R$ 415 mil anual, ele passa a ser um médio produtor rural, ou seja, a renda dele vai até R$ 2 milhões por ano. E, a partir dos R$ 2 milhões, ele passa a ser reconhecido como grande produtor rural.


"Ao realizar um financiamento de alto valor a longo prazo, o produtor deve se perguntar até que ponto é viável", Luiz Miguel Dal Piva, especialista em crédito rural do Sicoob MaxiCrédito

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) disponibilizou para o Plano R$ 23 bilhões, destinados principalmente para financiamento de investimentos e custeio da produção agropecuária brasileira. Os recursos do BNDES serão aplicados em agricultura empresarial (R$ 19,6 bilhões, com taxas de juros anuais entre 5,25% a 10,5%) e na agricultura familiar (R$ 3,3 bilhões, com taxas entre 0,5% e 4,6% ao ano). A entidade aumentou o orçamento para as principais linhas de fomento à agropecuária empresarial. São R$ 7,5 bilhões para o financiamento à aquisição de máquinas e equipamentos agrícolas no Moderfrota. O Prodecoop, voltado ao desenvolvimento das cooperativas agropecuárias, contará com recursos na ordem de R$ 1 bilhão. O progra-

ma ABC, cujo foco são as práticas agrícolas que reduzem a emissão de gases, terá à disposição R$ 746 milhões. E R$ 750 milhões é o orçamento do BNDES para o Inovagro, que contempla iniciativas inovadoras em agropecuárias. Além disso, o recurso das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) para o crédito rural passaram para R$ 55 bilhões, um aumento de 21% em relação ao ano passado. Com isso, as cooperativas de crédito e demais bancos conseguem captar mais recursos próprios para trabalhar. “A LCA proporciona uma negociação mais livre na taxa de juros entre os bancos e os produtores rurais, ou seja, é uma taxa mais a nível de mercado e cada banco pode fazer a sua”, explica o especialista em crédito rural do Sicoob MaxiCrédito, Dal Piva.

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA

Foram liberados R$ 225,59 bilhões, que permitem desde a aquisição de máquinas até a construção ou reforma de residências As taxas oferecidas pelo Governo são normativas e correspondem aos programas do Pronaf, Pronamp e demais produtores, assim como os recursos do BNDES. Todos os bancos e cooperativas que disponibilizam essas linhas tem que praticar as mesmas taxas e prazos. Já com o LCA, isso não segue a regra. Os bancos realizam as suas próprias linhas de negociação. “Com recursos de LCA, o produtor pode tomar crédito para custeio agrícola e pecuário, comercialização e capital de giro, com prazos que vão de até 8 meses na comercialização, até 1 ano nos custeios pecuários e até 14 meses nos custeios agrícolas”, exemplifica Cléber Chini, do Sicredi.

Você tem dúvidas sobre crédito rural? Envie sua pergunta para redacao@ setoragroenegocios.com.br e nossos especialistas irão te auxiliar.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019 63


SAÚDE ANIMAL

MERCADO DEVE FATURAR MAIS DE

FOTO: SHUTTERSTOCK

R$ 6 BILHÕES

64 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019


Novamente em alta, o setor de produtos para saúde animal registra novos recordes no Brasil, com crescimento que poderá atingir 8%.

A

lenta, porém progressiva, recuperação da economia continua impactando no aumento do consumo de proteína animal. Conforme dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), a indústria de produtos para o setor cresceu 7,9% em 2018, atingindo faturamento de R$ 5,72 bilhões, enquanto em 2017 movimentou R$ 5,3 bilhões. O Sindan, entidade representativa do setor, que tem atuação nacional e conta com cerca de 90 indústrias associadas, responsáveis por mais de 90% dos negócios totais da atividade, tem expectativa que o setor cresça entre 5% e 8% em 2019, conforme seu presidente, Elcio Inhe. Além do fator econômico, Inhe diz que o crescimento da indústria de produtos para saúde animal se deve a estar respaldada em dois segmentos principais: atividades produtoras de alimentos e animais de companhia (cães e gatos), além de uma pequena participação de equinos. “O desempenho do segmento depende diretamente da produção de proteínas animais, da demanda interna e da exportação de carnes. Do outro lado, os pets representam um elo importante quando falamos em urbanização da população, longevidade e companhia”, explica.

SANIDADE ANIMAL

O Brasil exportou US$ 15,47 bilhões em carnes no ano passado, sendo líder na exportação de carne bovina e de frangos e o quarto colocado em carne suína, de acordo com Inhe. Para ele, a saúde animal é um fator essencial para todo esse sucesso. “Sem sanidade, nosso país simplesmente estaria fora do mercado internacional de proteínas animais. Temos terras, clima, empreendedores rurais capacitados, genética de qualidade e soluções nutricionais eficazes. Tudo isso, porém, seria em vão se não fôssemos competentes na prevenção, controle e tratamento das doenças em bovinos, aves, suínos e demais espécies produtivas”, comenta. Outro ponto importante é a urbanização da população global. São 7,5 bilhões de pessoas e mais de 55% vivem nas cidades. E o percentual continua aumentando. No Brasil, um dos maiores produtores de alimentos do mundo, há mais pessoas nos centros urbanos que no meio rural desde a década de 1960. Com isso, explica Inhe, entra em cena o risco das zoonoses, doenças transmitidas pelos animais aos seres humanos. É o caso da raiva, leishmaniose e H1N1. “O alerta está ligado e o controle sanitário dos animais torna-se prioridade. Estamos em constante monitoramento”, ressalta.

MAIORES MERCADOS CONSUMIDORES

1 Estados Unidos

3 Europa 2 Japão 4

*Nesta ordem são os principais mercados de produtos para saúde animal no

65%

Faturamento global US$ 32 bilhões

US$ 34 bilhões

Aumento de 6% 2016

2017 2020 Faturamento atingirá US$ 40 bilhões

Fonte: Consultoria especializada Vetnosis

Regulado por normas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o setor de produtos para saúde animal brasileiro possui uma legislação moderna. “O Mapa tem uma estrutura nacional de fiscalização, fazendo a sua parte em termos de segurança alimentar”, diz Inhe. Para o presidente do Sindan, a indústria de produtos para saúde animal é elo essencial dessa engrenagem e investe pesado em tecnologia, pesquisa e inovação, para oferecer ao mercado medicamentos (vacinas, fármacos e suplementos) de alta qualidade, necessários para o crescimento da produção de alimentos, com eficiência, segurança e também produtividade.

A PRODUÇÃO

A América Latina participa com 8% a 10% - sendo a metade o Brasil.

mundo, representando

CRESCIMENTO MUNDIAL

do total

Fonte: Consultoria Pharma Marketing

“A base do negócio deste setor está na produção de alimentos de origem animal e o Brasil é um líder mundial em produção de alimentos e também de consumo. Como o mercado mundial e o brasileiro têm demandas cada vez maiores relativas à sanidade e comida saudável, o setor de saúde animal fica cada vez mais importante”, confirma o presidente. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que em 2011 o consumo per capita global médio

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019 65


SAÚDE ANIMAL DESEMPENHO POR SEGMENTOS EM 2018

240,5 milhões/t (2010) e 262,8 milhões/t (2017). Nesse cenário, nunca a preocupação com a segurança alimentar foi tão grande.

Ruminantes sem aftosa

7,2%

PHIBRO DRIBLA DESAFIOS DO MERCADO E CRESCE 11%

Aves

5,6% Suínos Equinos Pets

6,0% 8,5% 15%

de proteínas animais (somente carnes, exceto leite e ovos) era de 59,3 kg/hab./ano, chegando a 62,7 em 2018. Essa constatação é respaldada pela FAO, instituição da ONU que cuida da alimentação mundial, que diz que o consumo global de carnes (bovina, suína e avícola) cresceu 37% desde 2000. E a produção não para de evoluir, tendo saído de 191,2 milhões de toneladas (2000) para

Apesar dos números globais positivos, algumas empresas sentiram impactos externos. Foi o caso da Phibro Saúde Animal. Segundo o presidente, Mauricio Graziani, 2018 foi um ano de muitos desafios. A Phibro cresceu 11%, porém vários fatores comprometeram o ano, como a greve dos caminhoneiros (1º semestre) e as eleições (2º semestre). As exportações de proteínas animais também enfrentaram desafios. São questões fora do controle da empresa, que impactaram o mercado como um todo e ajudaram a frear o desempenho das empresas de saúde animal. Mesmo assim, a empresa espera, pelo menos, repetir o crescimento neste ano. Graziani diz que contribuem para essa expectativa positiva a possibilidade de aumento das exportações de carnes, com a situação da Peste Suína Clássica na China, que vai exigir a compra de grandes quantidades de carne suína. “Há excelentes oportunidades para o Brasil no comércio exterior. Além disso, os preços dos grãos usados nas rações animais (soja e milho, principalmente) devem ser mais favoráveis à agroindústria”, reforça o presidente. Outro ponto é o crescimento econômico do País, que está lento, porém deve superar 2%. Com isso, espera-se aumento da demanda de alimentos, como carnes, leite e ovos, entre outros produtos.

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA CEVA

“Mesmo com o processo de fusão e aquisição, que acarreta desafios, continuamos crescendo. Para 2019, a expectativa é enorme”, Fernando De Mori, diretor regional América Latina Ceva Saúde Animal

66 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA

“Setor investe pesado em tecnologia, pesquisa e inovação, para oferecer ao mercado produtos de alta qualidade”, Elcio Inhe, presidente do Sindan

TAMANHO DOBRADO

O diretor regional América Latina da Ceva Saúde Animal, Fernando De Mori salienta que o ano passado foi de consolidação da nova estrutura desenhada e implementada desde o segundo semestre de 2017, após a aquisição das empresas Hertape e Inova. Com isso, a Ceva dobrou o seu tamanho e, mesmo com o processo de fusão e aquisição, que acarreta desafios devido à proporção nas operações, continuou crescendo. Para 2019, a expectativa é enorme. “O trabalho de construção, feito nos anos anteriores, formou uma base sólida que permitirá o crescimento em todas as unidades de negócio e a retomada da produção”, destaca ele. A previsão, conforme De Mori, é de ampliação das operações. O caso mais impactante neste momento é o que está ocorrendo no continente asiático, onde a Peste Suína Africana está dizimando os planteis de suínos de alguns países, sendo o maior impacto na China, que detém 50% do plantel mundial, e onde se aponta que a redução no número de animais pode chegar a 30% do plantel do país. “Isso significa a diminuição de 15% da disponibilidade de carne suína no mundo, com consistente impacto negativo na nutrição da população do continente e também acarretando elevada alta nos preços do mercado internacional de carne”, finaliza.


SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019 67


ANÁLISE DE MERCADO

O QUE ESPERAR ATÉ O FINAL DO ANO?

FELIPPE SERIGATI Doutor em Economia pela Escola de Economia de São Paulo (EESP/FGV), professor e pesquisador do Centro de Agronegócios da FGV (FGV Agro).

ROBERTA POSSAMAI Mestre em Economia Agrícola pela Escola de Economia de São Paulo (EESP/FGV) e pesquisadora do Centro de Agronegócios da FGV (FGV Agro).

COMO A ECONOMIA BRASILEIRA ENCERROU O 1º SEMESTRE?

Embora, no momento em que esse artigo é escrito, ainda não estejam disponíveis todos os números refe-

68 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019

rentes ao 1º semestre de 2019, já está claro que a economia brasileira "andou de lado" no período. Praticamente todos os setores registraram crescimento entre quase nulo e levemente moderado. Consequentemente, um dos principais problemas

econômicos enfrentados pela sociedade prossegue em situação bastante desconfortável: o desemprego permanece operando em patamares elevados (embora tenha registrado leve queda quando comparado com o mesmo período de 2018).

DESEMPENHO DA ECONOMIA BRASILEIRA: Variação acumulada entre janeiro e maio (% a.a.) SETOR

2018

2019

Atividade econômica (IBC-Br)¹

1.4%

0.1%

Indústria geral

2.0%

-0.7%

Agroindústria

0.4%

1.5%

Comércio varejista restrito

4.8%

5.3%

Serviços

-1.3%

1.4%

Taxa de desocupação

12.7%

12.3%

Fontes: Banco Central, IBGE, FGV Agro ¹ Variação acumulada entre janeiro e abril

COM ESSE DESEMPENHO ECONÔMICO FRUSTRANTE, O 1º SEMESTRE FOI PERDIDO?

Apesar do desempenho econômico frustrante, o primeiro semestre não foi completamente perdido. Do

lado da agenda econômica, o governo concentrou seus esforços notadamente na aprovação da reforma da previdência. Mesmo que com tropeços ao longo do caminho, há boas notícias com relação à essa reforma:

FOTO: PIXABAY

A

pesar do otimismo com que o ano de 2019 começou, ao longo do primeiro semestre, a economia brasileira ficou praticamente estagnada. Porém, se por um lado, infelizmente, o crescimento econômico não se materializou, por outro, foram realizados avanços cujos frutos serão colhidos no 2º semestre e, principalmente, em 2020. Dentre esses avanços, merece especial destaque a consistente sinalização de que a reforma da previdência será finalmente aprovada e a consequente abertura de espaço para que o governo concentre seus esforços em outras pautas da agenda de reformas. Combinado com a grande possibilidade de um novo ciclo de redução da taxa de juros pelo Banco Central, as perspectivas para o 2º semestre e, principalmente, para 2020 são bem mais animadoras do que o desempenho observado na economia até o momento.


• Nos próximos meses, essa reforma deverá estar, finalmente, aprovada. Com isso, abre-se espaço na agenda do governo e nos debates do Congresso para outras pautas fundamentais para o aquecimento da economia. Nesse ponto é importante deixar claro que, a reforma da previdência nunca foi uma condição suficiente para fazer a economia crescer. Porém, certamente, é muito necessária; sem ela, não haveria qualquer chance de desarmar a bomba fiscal. Ainda assim, mesmo quando aprovada, a reforma da previdência sozinha não colocará as finanças públicas em trajetória sustentável. Para cumprir esse objetivo a sociedade brasileira terá que discutir pelo menos outros três ajustes fundamentais: > Reforma da previdência de estados e municípios: infelizmente, esse ponto ficou de fora da reforma da previdência que está em votação; > Mudanças nas regras de contratação, remuneração, reajuste e estabilidade do funcionalismo público: nos corredores esse conjunto de mudanças tem sido chamado de a reforma do RH do setor público. Uma boa notícia adicional é que o governo federal já está trabalhando com propostas nessa direção como a MP da Reforma Administrativa; > Mudanças nas regras de reajuste do salário mínimo: como o salário mínimo é utilizado como valor de referência para diversas despesas públicas, há a necessidade de mudar sua regra de reajuste e de desvinculá-lo de algumas dessas despesas. • A reforma da previdência obteve uma votação razoavelmente expressiva no seu 1º turno na Câmara dos Deputados. Essa votação foi mais robusta do que o mercado esperava e, consequentemente, gerou a expectativa de que, ao final de todo o processo de tramitação (2º turno na Câmara dos Deputados e os dois turnos no Senado Federal), a reforma da previdência pode ser aprovada sem desidratações maiores. Uma vez encerrado todo esse processo, abre-se espaço para que novos itens da agenda de reformas entrem na pauta, com especial destaque para: > Reforma tributária: aqui há boas notícias, pois já há propostas em discussão; > Medidas voltadas para aumentar a capacidade do governo atrair investimentos privados, principalmente, para as áreas de infraestrutura e saneamento básico: nessa direção, vale mencionar (i) os programas de

privatização e concessões, (ii) as mudanças no marco regulatório de setores específicos, e (iii) a MP da liberdade econômica.

O QUE É POSSÍVEL ESPERAR PARA O 2º SEMESTRE?

Em poucas palavras, o cenário para o 2º semestre é mais favorável do que o caminho percorrido até o momento ao longo do ano. Porém, não é prudente esperar que a economia passe a crescer de forma robusta já nesse semestre. O fato é que agenda de reformas envolve fundamentalmente ajustes estruturais. Logo, mesmo aquelas pautas que já estão sendo discutidas deverão gerar frutos somente a partir de 2020. Para o que resta do ano de 2019, é possível contar com: • Melhora nas expectativas dos agentes devido à sinalização de que a agenda de reformas, com idas, vindas e tropeços, está caminhando; • Como a inflação está bem desacelerada e as projeções sugerem que ela encerrará

2019 e 2020 abaixo da meta, o Banco Central deverá dar início a um novo ciclo de redução da taxa de juros, podendo chegar a um inédito piso histórico de 5.5% a.a. Essa injeção de liquidez, certamente, trará um fôlego a mais para a economia ainda em 2019, mesmo que parte desses efeitos transbordem de forma mais substancial somente para 2020; • Por fim, talvez seja possível, contar com alguma medida de baixa potência do lado fiscal (algo como uma nova rodada de liberação de recursos no estilo daquela que foi feita em 2017 com o saldo das contas inativas do FGTS). Enfim, por mais que, até o momento, o desempenho da economia foi inferior ao que era projetado no início do ano, os sinais para o 2º semestre são melhores. Apesar disso, há claros sinais de que houve avanço na agenda de reformas e que está sendo preparado um terreno mais firme para que o ano de 2020 apresente um crescimento econômico melhor.

ESSA CONJUNTURA DEVE SER FAVORÁVEL PARA O AGRONEGÓCIO? Certamente, a melhoria do ambiente econômico é favorável para todos os setores econômicos. Porém, no curto prazo, é importante ter claro que, conforme a agenda de reformas avança, há redução no risco país e os ativos associadas à economia brasileira ficam mais atraentes. Isso atrai capital estrangeiro e torna o dólar mais barato. Logo, para aqueles setores que preferem uma taxa de câmbio mais alta, estejam preparados para operarem com um real mais valorizado. Conforme a agenda de reformas avança, a economia e a o Real se fortalecem.

RISCO-PAÍS VS. TAXA DE CÂMBIO (entre maio e julho de 2019)

Fonte: IPEADATA

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019 69


FUSÕES & AQUISIÇÕES

Por Bruno Saldivia Nello Investimentos

REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA NO AGRO

70 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019

FOTO: FREEPIK

A

revolução tecnológica obviamente é o assunto principal dentro do universo de investimentos, a tecnologia é o canal que mais favorece a multiplicação dos resultados frente a outros parâmetros dentro da economia real, justamente por sua capacidade de escala. Dentro dessa premissa básica, a cadeia de alimentos e a tecnologia não têm como estarem desassociadas em nenhum momento. O crescimento vertiginoso das empresas de tecnologia ligadas ao agronegócio, comumente chamadas de Agtechs, tem chamado a atenção de todo o mundo financeiro e grandes grupos vocacionados ao setor. A região Sul, tradicional celeiro do país, com sua produção diversificada entre lavoura, criação de animais, produção leiteira e indústria de transformação de alimentos tem se destacado também como grande nascedouro de Agtechs, e os investidores locais, empresas tradicionais e até mesmo o centro financeiro da América Latina – Faria Lima – tem timidamente aproveitado essas oportunidades. O investidor mais profissional e tradicional, os fundos de investimentos localizados na Faria Lima em São Paulo, tem certa dificuldade de conversar com o ambiente rural, até mesmo pelas dificuldades de vocabulário entre eles e as métricas não tão convencionais que o setor agrícola apresenta, gerando uma enorme oportunidade para investidores locais, e empresas já ligadas ao setor, absorverem essas inovações que são geradas e potencializarem muito sua produtividade e consequente ganho na geração de riqueza no interior do nosso país.

Em agosto foi lançado pela Embrapa, SP Ventures e Homo Ludens com o apoio do StartAgro, um mapeamento sobre startups ligadas ao agronegócio, que identificou mais de 1.100 iniciativas em todo o Brasil. O último estudo feito em 2017 havia identificado menos de 400. No relatório AgriFood Tech Investing Report, feito pelo AgFunder, identificou que em 2018 as empresas de tecnologia para o Agro captaram U$ 17 bilhões, e esse número vem crescendo acima dos 40% ano a ano. Esse movimento tem chamado a atenção inclusive de grandes grupos de mídia, que tem buscado uma comunicação cada vez mais alinhada com o setor. Uma evidência bastante expressiva é a campanha AGRO É TECH, AGRO É POP da Rede Globo, que segundo seu diretor de marketing Roberto Schmidt “o objetivo é conectar o consumidor com o produtor rural e ao mesmo tempo desmistificar a produção agrícola aos olhos da sociedade urbana”. Em todo o Sul do país temos muitos casos de empresas se desenvolvendo e se tornan-

do importantes cases de sucesso, como é o caso da Bionexus de Santa Catarina que desenvolveu uma solução para monitorar a qualidade do leite integrando produtor, indústria e consultoria rural de forma extremamente ágil, dados diversificados, grande confiabilidade e com baixo custo. Outra catarinense que tem se destacado é a chapecoense Packid, que desenvolveu uma tecnologia de controle da cadeia de frios para alimentos que foi premiada em Berlim, na Alemanha, e recebeu um aporte de R$ 1 milhão para ampliar mercado e desenvolver novas soluções tecnológicas. Grandes grupos também têm desenvolvido seus próprios programas de fomento à inovação através de startups, como é o caso da BASF em parceria com a ACE que possuem um programa de aceleração de empresas de tecnologia ligadas à agricultura de precisão. É o mundo agro cada vez mais conectado e aberto a novas soluções para melhorar sua produtividade, margens de retorno e consequente qualidade de vida dos produtores rurais.


OPINIÃO

Por José Zeferino Pedrozo

DESAFIOS E OPORTUNIDADES

A

celerar a integração do Brasil com o mercado mundial, via ampliação e celebração de novos acordos de livre comércio, é um das metas que sempre perseguimos, tanto na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), quanto na Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc). A busca por um acordo do Mercosul com a União Europeia sempre foi uma prioridade para o setor agropecuário – que agora se concretiza e deve ser comemorado. Esse acordo comercial deverá levar dois anos para aprovação interna pelos respectivos blocos, portanto, haverá tempo para que as cadeias do agronegócio se adaptem às exigências, desafios e oportunidades que se apresentam. Esse avanço nas relações multilaterais confere prestígio e credibilidade ao Brasil para conquista de mercados periféricos. A União Europeia está reduzindo a produção de leite e de carnes por questões ambientais – dejetos e gases de efeito estufa – e isso cria boas chances ao Brasil. Após duas décadas de negociações, o acordo traz benefícios para exportadores de aves, suínos e ovos processados. A cota total de exportações de carne de frango será de 180 mil toneladas no ciclo de 12 meses. O maior avanço, entretanto, será este: em 15 anos as tarifas irão zerar. Outro ponto positivo: o acordo definiu a viabilização de embarques para carne suína e ovos processados brasileiros para o Bloco Europeu. Há pelo menos meia década o Brasil realizava investidas para embarcar estes produtos para a UE. O leite, setor sensível da agroeconomia brasileira, terá atenção especial. Evidente, que aqui está embutido um desafio para toda a cadeia produtiva de elevar qualidade para igualar-se aos padrões europeus. Há várias décadas, o Brasil investe maciçamente na qualificação dos produtores, na melhoria genética dos rebanhos, no aperfeiçoamento do manejo e da nutrição para obter um produto lácteo superior, mas ainda estamos alguns pontos atrás dos países que pontificam na área de lácteos. O acordo, portanto, é uma excelente oportunida-

de para tornar ainda mais célere a modernização. Para isso, os produtores de leite terão isenção de tarifas de importação de máquinas e equipamentos, como resfriadores e robôs. No segmento de proteína animal, o Brasil é francamente superior e imbatível em fatores como qualidade, capacidade de produção e preço para abastecer qualquer mercado internacional. Nesse aspecto, Santa Catarina é francamente beneficiada com suas formidáveis cadeias produtivas de aves, suínos, lácteos, grãos e frutíferas. Acertadamente, o Mercosul negociou um tempo maior para que setores se adaptem a nova realidade. O fato relevante é que essa conquista marca 2019 como um novo momento para o setor de proteína animal do Brasil, com a possibilidade de embarcar um fluxo maior para um dos mais relevantes mercados consumidores globais. Ao mesmo tempo, o acordo pontuará critérios mais justos e transparentes nos negócios entre os dois blocos Novos desafios se impõe agora e, entre eles, desenvolver um programa de imagem e diferenciação de produtos e consolidar exportações de maior valor adicionado. Apesar de atualmente ser um dos maiores produtores em muitas cadeias do Agro, a imagem do Brasil é injusta e frequentemente associada ao desrespeito com o meio ambiente. Para o futuro, outras possibilidades poderão se viabilizar se desenvolvermos projetos nacionais de fomento às exportações adaptados às realidades locais do agronegócio, com ações de promoção comercial e competitividade. Poderemos criar programas para a sensibilização, capacitação e desenvolvimento de novas cadeias agropecuárias para o comércio internacional, por meio de parcerias entre entes públicos e privados, investir em programas de comercialização no exterior voltados para pequenos e médios produtores, bem como fomentar as exportações de produtos agropecuários de valor agregado, explorando atributos relacionados às diferenciações regionais e indicações geográficas. Enfim, uma nova era de relações se inicia.

José Zeferino Pedrozo Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Conselho de Administração do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC)

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019 71


CARREIRA

OLIVAS

da cidade para o campo

Eles chegam com disposição para prosperar no novo desafio e mais: alcançar o pioneirismo em qualidade e inovação.

72 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019

E

le é um dos protagonistas da cozinha diária à alta gastronomia. É recomendado por nutricionistas devido ao valor nutricional aliado ao sabor e aroma. É listado como um dos alimentos mais benéficos para a saúde. Estamos falando do azeite de oliva, esse produto que fascina os apreciadores da culinária e motiva pela opor-

tunidade de produzir um dos artigos mais antigos do mundo. Atualmente, Espanha, Itália e Grécia são os três maiores produtores de oliveiras do mundo respectivamente. No Brasil, o Rio Grande do Sul lidera a produção. A previsão para a safra 2019 é de 160 mil litros, a maior já registrada no país. Além dessa, outra “sa-


EQUAÇÃO DE SUCESSO

“Novos produtores + cultivo de oliveiras = rentabilidade alta”. Esse resultado é possível para quem tem o dom do empreendedorismo, atributo que se percebe nos olivicutores recentes. O número crescente sinaliza a formação de um segmento diferenciado: olivicultores vindos de outras áreas. Eles chegam com disposição para prosperar no novo desafio e mais: alcançar o pioneirismo em qualidade e inovação. É o caso de José Alberto Aued, diretor da Olivas do Sul. Engenheiro aposentado, sempre gostou da atividade agrícola. Uniu a experiência técnica da profissão ao gosto pela agricultura. Assim, nasceu a Olivas do Sul, na cidade de Cachoeira do Sul, no estado gaúcho. Cauteloso, iniciou em áreas menores. “Eu não tive nenhuma dúvida em começar numa pequena propriedade. Consegui provar que pode ser um negócio rentável. Hoje, trabalhamos com 300 plantas por hectare, colhemos 25 quilos por planta, o que totaliza 100 toneladas. Considerando oito toneladas de colheita, é um lucro bruto de R$ 26 mil por hectare”, explica o olivicultor satisfeito com o lucro obtido com o investimento.

300

25

quilos por planta

plantas por hectare

8

FOTO: RAFAELMORAES

toneladas de colheita

fra” chama a atenção: o aumento do número de novos produtores que estão investindo na cultura. Empresários, autônomos e profissionais de outras áreas, que não são produtores rurais, foram atraídos pelo mercado e decidiram não perder a possibilidade de iniciar um novo negócio e,inclusive,causar uma mudança de vida.

100

toneladas

R$ 26 mil

por hectare

REFERÊNCIA QUE ATRAI PRODUTORES PARA O SUL

O publicitário João Roberto Vieira da Costa, conhecido como Bob, é mais um apaixonado pela cultura que se rendeu à atividade. Dono da Nova/sb Comunicações tem uma fazenda produtiva em Santo Antônio do Pinhal, em São Paulo, desde 2014. Procurado pela Olivas do Sul para investir no Rio Grande do Sul, aceitou o convite ao conhecer a excelência do trabalho e dos resultados do pomar gaúcho. Teve certeza de que era um grande negócio começar a plantar no Sul. Assim, desde 2017, é dono da Fazenda Campo Alto da Vigia, em Encruzilhada do Sul, área com

PRIMEIRO AZEITE DE OLIVA EXTRAVIRGEM 100% BRASILEIRO A Olivas do Sul foi mais longe e atingiu um feito histórico: plantou, colheu, produziu e apresentou ao mercado um Olio Novello (novo óleo em italiano), o primeiro azeite de oliva extravirgem 100% brasileiro para comercialização. O produto já foi premiado internacionalmente e é aprovado por especialistas italianos. “O aroma é muito marcante, superior a produtos da Europa”, comentou consultor italiano Giuseppe Colantoni. Ele explica que apesar do calor forte, frequente no Estado na época da colheita da azeitona, os produtores gaúchos conseguem driblar esse problema com a aplicação de um manejo correto, um solo equilibrado e a utilização de maquinários adequados para a colheita e extração do azeite. “Nós entendemos que o sucesso de uma plantação passa por uma implantação bem feita. Através de colaborações científicas e experiências com o cultivo desde 2006, a Olivas do Sul desenvolveu técnicas especialmente adaptadas ao tipo de solo e clima do RS. Queremos compartilhar com o produtor e todos aqueles interessados pela cultura que é possível sim fazer uma boa colheita da fruta, praticamente, sem alternância de produtividade”, explica o proprietário da Olivas do Sul.

440 hectares, onde 100 deles já estão cobertos por oliveiras. “A nossa expectativa é ter a primeira safra em fevereiro de 2022”, esclarece Bob. Quanto ao futuro, o produtor e publicitário é otimista. “Nós apostamos e acreditamos na olivicultura como uma cultura de bom futuro no Brasil. Mas ainda deverá ter uma seleção de quem efetivamente continuará frente aos desafios de clima e exigências do manejo”, pontua Bob, o qual acredita que fôlego financeiro e fidelidade ao rigor técnico são pontos chaves para prosperar na produção.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019 73


OPINIÃO Por Eldemar Neitzke

GLOBALIZAÇÃO QUAIS OS REFLEXOS PARA O AGRONEGÓCIO? Eldemar Neitzke É formado em Administração, com Mestrado em Gestão Estratégica, MBA em Marketing Estratégico e pós-graduado em Gestão Empresarial Diretor da N & N Gestão de Estratégias Comerciais

74 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | SETEMBRO 2019

leiro, trará fortes consequências, além de criar um grupo cativo de empresas com poder suficiente para ditar e impor preços aos insumos agropecuários. O novo cenário coloca os agricultores em uma situação de dependência, já que poucos fornecedores vão dominar todas as etapas da cadeia, criando monopólios que vão do plantio à colheita. Assim, como que esse cenário afeta o Agro e como podemos nos preparar para essa tendência mundial? Pode-se afirmar que o processo de Fusão e Aquisição é irreversível, exigindo de todos as reflexões sobre seu negócio e do que está ao alcance para diminuir os impactos nas diversas áreas. O setor já possui o exemplo prático desse caminho, pois é a realidade de venda de propriedades menores para os produtores com maior poder de competitividade, estrutura e capacidade econômica. O empresário do Agro, precisa fazer a análise minuciosa do seu negócio com as seguintes reflexões: » Qual é a aptidão da minha empresa rural? » Qual a mão de obra disponível?

» Qual é a visão estratégica para os

próximos 10 anos? » Qual é o custo fixo? » Qual a capacidade de liquidez? »Q ual é a necessidade do fluxo de capital mensal? » Qual é o ponto de equilíbrio das atividades? »Q ual é o ponto de estratégia dos atendentes? Existem várias outras questões a serem analisadas, implementadas, estruturadas e colocadas em prática, para que cada empresa tenha resultados econômicos positivos, onde o fundamental será a gestão de custo do seu negócio. O importante é minimizar a dependência de poucas atividades a exemplo de monoculturas; conforme a realidade de cada empresa, pois isso torna a empresa muito dependente e principalmente de negócios os quais não se agrega valor na propriedade e a lei da oferta e procura, sendo quem define o preço do produto. As empresas do Agro precisam estar estruturadas, com gestão das atividades e gestão de custo, para sua perpetuidade e longevidade fazendo frente aos desafios da globalização.

FOTO: PIXABAY

O

processo de globalização mundial começou a ter maior impacto no Brasil na década de 90, porém, a cada ano ela se faz muito ativa e presente em nossas vidas. Hoje o impacto desse processo ocorre nos diversos setores da economia, sendo muitas vezes positiva, mas em geral exigindo novas formas de gestão e planejamentos estratégicos para garantir a competitividade dos setores. A notícia recente é a aquisição pela Elanco Animal Health, por US$7,6 bilhões, da unidade da Bayer Saúde Animal, determinando a força dos grandes players e as perspectivas dos próximos anos no mercado global. Os sete grandes grupos internacionais do mercado de defensivos (Bayer, Basf, Monsanto, Syngenta, Dupont, Dow e ChemChina) estão passando por um radical processo de consolidação que deve culminar na predominância de quatro gigantes (Bayer/Monsanto, Dow/Dupont, Syngenta/ChemChina e Basf), após a aprovação dos trâmites nos órgãos regulatórios. Essa redução de participantes em um mercado do tamanho do brasi-


É HORA DE PARTIR PARA A AÇÃO

Alexandre Schenkel, Vice-Presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa)

ALGODÃO

As vozes mais respeitadas do agronegócio brasileiro discutem a realidade das cadeias produtivas no setor.

Sylvia Coutinho, Presidente da UBS para a LATAM

A VOZ DA LIDERANÇA DAS CADEIAS PRODUTIVAS DO BRASIL

Luciola Ellen Calio Martins, Especialista Agronômico da Mosaic Fertilizantes

Stefan Mihailov,

Presidente da Trouw Nutrition para a América Latina

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