Revista Setor Agro&Negócios

Page 1

ANO 5 / Nº 13 2021

PSA

Esforços para impedir que o vírus chegue ao Brasil

VETANCO REVOLUCIONA

IMUNIZAÇÃO CONTRA SALMONELLA A Biotech Vac Salmonella é a primeira vacina avícola do mundo com tecnologia de subunidade que combate os principais grupos de salmonellas paratíficas ao mesmo tempo, aplicada via água de bebida. É segura no manejo, traz proteção a longo prazo e controla os patógenos em toda a cadeia. Da granja ao prato!



SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2020 3


SUMÁRIO

NOVEMBRO DE 2021

18

CAPA

VETANCO REVOLUCIONA IMUNIZAÇÃO CONTRA SALMONELLA A Biotech Vac Salmonella é a primeira vacina avícola do mundo com tecnologia de subunidade que combate os principais grupos de salmonellas paratíficas ao mesmo tempo.

58 ESPECIAL

CONECTIVIDADE QUE TRANSFORMA Acesso à tecnologia 4G conecta pessoas, melhora os processos de produção e aumenta a produtividade do homem do campo.

4 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021


42

BOVINOS

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL 11 milhões de doses em 6 meses

ENTREVISTA

BOVINOS

COOPERATIVAS

14 BAYER Maurício Rodrigues assume liderança na América Latina

46 MANEJO Estratégia para recuperação dos animais

62 SANTA CATARINA Empresários são homenageados

EVENTO

EMPRESA

44 SBSBL Performance e gestão no agro

26 INOBRAM Qualidade do ar da granja interfere nos ganhos 28 DE HEUS R$75 milhões de investimentos no Brasil

64 GESTÃ0 Incentivos fiscais e os impactos da reforma tributária

48 YES Aditivos na nutrição para melhorar desempenho

66 ANÁLISE DE MERCADO Caos logístico: mais um desequilíbrio do quase pós-pandemia

52 ECOFLUI Conforto térmico na agroindústria

AVES FOTOS: DIVULGAÇÃO, ISTOCK E ADOBE STOCK

ARTIGO

38 COBBVANTRESS Incubação de alta performance 40 OVOS Exportações crescem mais de 137%

30

TECNOLOGIA

SUÍNOS

68 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL Plataforma detecta surtos de doenças em animais

Esforços para impedir que a doença chegue ao país

72 MARKETPLACE Avanços tecnológicos auxiliam na sucessão familiar

PSA

GRÃOS 54 SOJA TRANSGÊNICA Grandes players se unem para reconhecimento de royaltes

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 5




EDITORIAL

D

e janeiro a junho de 2021, a avicultura brasileira foi responsável pela exportação de 352.143 mil toneladas de carne de frango, configurando um dos mais importantes setores do agronegócio do Brasil. Porém, o segmento enfrenta há anos o desafio de controlar a Salmonella, que pode liquidar um plantel inteiro rapidamente. Na reportagem de capa desta edição contamos como a Vetanco assume papel de protagonista para suprir as necessidades da indústria avícola brasileira ao imunizar de forma segura e eficaz todos os elos da produção. A empresa lançou a Biotech Vac Salmonella, a primeira vacina do mundo para avicultura com tecnologia inativada de subunidade aplicada via água de bebida. É a única que fornece proteção contra várias estirpes e sorotipos de salmonellas paratíficas, induzindo imunidade de mucosa e sistêmica, com amplo nível de proteção quanto aos diferentes sorotipos da salmonella. A intenção é ofertar ao mercado produtos que realmente diminuam o uso de químicos ou antibióticos. Desde 2008 a empresa trabalha no desenvolvimento de aditivos pensando na substituição dos promotores de crescimento e também no controle de enteropatógenos, em especial a salmonella, que, atualmente, configura como a principal preocupação do mercado avícola nacional. Outro grande desafio da agroindústria é a Peste Suína Africana. Com casos da doença em alguns países da América, o setor fica em alerta e redobra os

8 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

cuidados sanitários necessários para evitar um novo surto no Brasil. A PSA é altamente contagiosa e uma doença viral de alta patogenicidade. O alerta é para evitar que o país enfrente o desgaste econômico de um novo surto e as autoridades já tomaram medidas necessárias para responder ao problema. É também destaque na Revista Setor Agro & Negócios a conectividade rural, possível graças a inserção da operadora TIM no campo através do fornecimento da tecnologia 4G. O acesso à internet possibilita uma gestão em tempo real conectando pessoas e processos e potencializando a produção. Desta forma, o setor avança ainda mais em lucratividade. Trazemos, ainda, uma importante entrevista com o Maurício Rodrigues que assumiu em 2021 o comando de Finanças na área de Crop Science da Bayer na América Latina. Merece evidência também a iniciativa de grandes players que se uniram para regulamentar o reconhecimento de royalties da soja transgênica criando a Cultive Biotec. Percebe-se através destes grandes temas como e os motivos pelos quais o agronegócio se mantém em evidência econômica no país. Amparado pela ciência, tecnologia e inovação, o agro responde às demandas impostas e se reinventa sempre em busca do melhor resultado. Desejamos a todos uma excelente leitura! Bruna Deitos - Editora

FOTO: PEXELS

UM GRANDE PASSO PARA A AVICULTURA EXPEDIENTE ADMINISTRAÇÃO E REDAÇÃO RUA RUI BARBOSA, 1284-E CENTRO | CHAPECÓ (SC) CEP: 89.801-148 (49) 99975-2025 (49) 98418-9478 www.setoragroenegocios.com.br DIRETORA DE REDAÇÃO PAULA CANOVA MTB 02111 JP paula@santacomunicacao.com DIRETORA COMERCIAL RAFAELA MUNARETTO MTB 05726 JP rafaela@santacomunicacao.com EDITORA BRUNA DEITOS MTB 4144 SC redacao@setoragroenegocios.com.br REPORTAGENS BRUNA DEITOS GLAUCIA BEZERRA SILVANIA CUOCHINSKI DIRETORA DE ARTE BIA GOMES COLABORADORES DESTA EDIÇÃO ELDEMAR NEITZKE, FELIPPE SERIGATI, GUSTAVO VENDRUSCOLO, JONATAN AMORIM PINHEIRO , MB COMUNICAÇÃO, ROBERTA POSSAMAI

A Revista Setor Agro&Negócios é uma publicação quadrimestral, destinada ao segmento do agronegócio e abrange a cadeia produtiva desde as propriedades, instituições, universidades, entidades, até a indústria. Os artigos assinados e materiais publicitários não representam, necessariamente a opinião da editora. Não é permitida a reprodução total ou parcial dos conteúdos, sem prévia autorização.


SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 9


VIRALIZOU

A Forbes Brasil elegeu as 100 mulheres poderosas do agro em uma lista que evidencia os importantes espaços que as mulheres têm ocupado na sociedade e no setor. Na lista, a Forbes procurou selecionar representantes do movimento de mudança no campo. Por meio delas, o objetivo é homenagear as demais mulheres que atuam no agronegócio – mesmo que o trabalho seja realizado a partir das cidades. São profissionais que se destacam em diferentes setores do agronegócio: produção de alimentos de origem vegetal e animal, na academia, na pesquisa, nas empresas, em foodtechs, em consultorias, em instituições financeiras, na política, nas entidades e nos grupos de classe e nas redes sociais. Entre elas, a engenheira agrônoma catarinense Edilene Steinwandter. Filha de agricultores e indicada ao atual cargo pelos próprios colegas de trabalho, é a primeira mulher a assumir a presidência da Epagri/SC (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), criada em 1991 e vinculada ao governo do estado. A posse ocorreu em fevereiro de 2019. Mestre em zootecnia e especialista em produção de ruminantes, está na instituição desde 2002 quando foi concursada como extensionista.

10 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

FOTO: AIRES MARIGA

As mulheres destaque do agro


SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 11


AGRO&NEGÓCIOS

Parceira na Argentina e no México, a startup Sima é integrante da iniciativa Carbono Bayer no Brasil, desenvolvida juntamente com a Embrapa e produtores rurais por todo o país

A startup Sima (Sistema Integrado de Monitoramento Agrícola) tem ido além da coleta de dados no campo. A ferramenta possibilita que os produtores e empresas criem um grande banco de dados no qual se pode guardar todo o histórico de produção e produtividade das áreas mapeadas e acessá-las a qualquer momento de qualquer lugar. 01.

A expertise em Big Data e Data Science já consolidada em diversos países da América Latina também está focada 02.

em contribuir com uma agricultura sustentável, especialmente na iniciativa Carbono Bayer, projeto pioneiro que busca intensificar a adoção de práticas sustentáveis de manejo e o sequestro de carbono na agricultura junto com produtores, com a Embrapa e outros parceiros. As práticas de manejo 03. estimuladas pela Bayer visam um aumento de produtividade com maior sequestro de carbono dentro das áreas produtivas das propriedades rurais. Outro benefício é que, no futuro, essa

FOTO: DIVULGAÇÃO

Agricultura mais sustentável visando baixa emissão de carbono atividade poderá ajudar na geração de créditos de carbono quando esse mercado estiver consolidado na agricultura. Os créditos poderão ser vendidos pelo agricultor para empresas que desejam neutralizar suas emissões de CO2 (gás carbônico). O volume de informações em um projeto dessa grandeza é vasto e esses dados podem facilmente ser perdidos se não forem organizados numa formatação adequada. Nesse sentido a plataforma da Sima tem sido fundamental. 04.

“A TRAJETÓRIA DE CONSOLIDAÇÃO NO COMÉRCIO AGROPECUÁRIO MUNDIAL QUE VEM SENDO ESTABELECIDA PELO BRASIL TAMBÉM IMPLICA NA CONTINUIDADE DA MODERNIZAÇÃO DO SETOR, QUE PASSA PELA EVOLUÇÃO DE ABORDAGENS DIGITAIS, INCLUINDO A SOFISTICAÇÃO NO USO DE ANÁLISE AVANÇADA DE DADOS.” RAPHAEL DOMINGUES, diretor de desenvolvimento de negócios do SAS, líder global em analytics e a maior empresa de software de capital fechado do mundo.

PESQUISA IPC MAPS

BOA SAFRA SEMENTES

O agronegócio continua ampliando sua presença no mercado, respondendo atualmente por um total de 720.435 empresas instaladas no país — 9,6% a mais que em 2019. É o que aponta a Pesquisa IPC Maps. O levantamento aponta, ainda, que esse incremento do perfil empresarial no agronegócio deve-se principalmente às regiões Sudeste, que concentra 642.693 empresas no setor, a Sul com 25.859 unidades, seguida pela Centro-Oeste e seus 23.792 estabelecimentos.

A Boa Safra Sementes, líder na produção de sementes de soja no Brasil, acaba de inaugurar sua primeira usina de energia solar fotovoltaica em uma unidade de beneficiamento. A instalação na planta de Cabeceiras (GO) substituirá o uso de energia elétrica. Com capacidade para gerar 158,6 MW/mês, o equivalente ao consumo médio suficiente para iluminar uma cidade de mais de 3 mil habitantes, a usina responderá por 94% do total da energia utilizada pela unidade.

Agro segue avançando

12 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

Usina fotovoltaica


KORIN

FOTO: DIVULGAÇÃO

Korin Agricultura avança 50% em 2021

ELANCO

Elanco Saúde Animal anuncia nova Diretora Geral no Brasil

A Elanco Saúde Animal, segunda maior empresa do setor no mundo e terceira no Brasil, acaba de promover Fernanda Hoe ao cargo de Diretora Geral da Elanco no país. Fernanda assume a posição após liderar por quase dois anos o time de marketing da empresa em toda a América Latina, e torna-se, assim, a primeira executiva a comandar uma multinacional em saúde animal no país. Com formação em medicina veterinária pela Universidade do Estado de São Paulo (Unesp – Botucatu), mestrado na University of Wisconsin (EUA) e MBA na Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fernanda está na Elanco desde 2013, com passagens por diferentes cargos, dentre os quais estão, além da diretoria de Marketing para a América Latina, a diretoria Técnica e de Marketing no Brasil, a gerência de Marketing LATAM do portfólio da divisão de Ruminantes da empresa e a liderança do setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).

O mercado de bioinsumos no Brasil já ultrapassou a marca dos R$ 1 bilhão e estima-se que mais de 20 milhões de hectares de áreas cultivadas no país já receberam pelo menos uma aplicação de insumo desta categoria. Nesta esteira, a empresa Korin Agricultura e Meio Ambiente, uma das pioneiras no desenvolvimento e produção de bioinsumos, ampliou em 50% seu mercado na safra 20/21. O desempenho da empresa é puxado pelo crescimento apresentado pela sua linha agrícola e ambiental, baseado em produtos biotecnológicos para melhoramento de solos e tratamento inteligente de resíduos orgânicos para uso agrícola. A empresa também lançou recentemente a sua linha para uso animal.

NOVUS

FOTO: DIVULGAÇÃO

Sergio Schuler é novo presidente GTPS Atual vice-presidente da DSM Produtos Nutricionais, Sergio Schuler, é eleito novo presidente do GTPS, a Mesa Brasileira de Pecuária Sustentável. Desenvolver uma base para remuneração por serviços ambientais, bem como as formas de monetização está entre os desafios do novo presidente, assim como fazer da entidade referência nas pautas ligadas à emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE), Bem-Estar Animal (BEA) e Rastreabilidade. Defensor do BEA, o novo presidente do GTPS acredita nas boas práticas e no conceito de prevenção, como aplicabilidade da sustentabilidade, e busca em sua trajetória o fortalecimento dos 3Ps: de pessoas, produtividade e planeta. Bioquímico, Schuler iniciou sua carreira profissional na Roche, que teve parte das operações compradas pela Bayer. Também foi presidente da Elanco e diretor do Sindan - Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 13


ENTREVISTA

CARREIRA GLOBAL:

EXECUTIVO ASSUME LIDERANÇA NA AMÉRICA LATINA

M

aurício Rodrigues assumiu em 2021 o comando em posição estratégica da alemã Bayer: passou da vice-presidência de Finanças na área de Crop Science da Bayer do Brasil para assumir a liderança da operação na América Latina. Engenheiro civil com MBA em Finanças e especializações no IMD Business School e The Wharton School, o profissional soma mais de 20 anos de experiência no setor e passagens pela Monsanto e pelo banco BBA. É o patrocinador do BayAfro, grupo que trata de temas de afinidade étnico-raciais e é responsável por desenvolver e discutir políticas de inclusão e diversidade dentro da companhia em todos os níveis hierárquicos. Além disso, possui experiência de trabalho nos EUA e México. Nesta entrevista, Mauricio fala sobre o novo desafio para sua carreira, suas responsabilidades como líder e o futuro do agronegócio nacional e internacional.

Por Bruna Deitos

14 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

extraí muito aprendizado e suporte também. Outro ponto importante é o empoderamento das pessoas. E isso vem sempre por meio de uma boa estruturação, resultando também em desenvolvimento para as nossas pessoas. Poderia nos falar sobre sua formação educacional e experiência de carreira até chegar aqui? Sou formado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica de Engenharia da USP, possuo MBA em Finanças pelo IBMEC, pós-graduação em Controladoria pela Fundação Getúlio Vargas e extensões no exterior pela Wharton School e Washington University. No exterior, tenho passagens pelos Estados Unidos e México. São mais de 20 anos de experiência, especialmente no agronegócio, gerenciamento de riscos e liderança de grandes grupos em diversas regiões. Anteriormente à Bayer, trabalhei para o Banco BBA e tive uma extensa carreira na Monsanto. Sempre que sou questionado sobre a minha carreira faço questão de ressaltar o papel dos meus pais na minha educação e do privilégio de ter a oportunidade de estudar em boas escolas, o que garantiu uma boa base para construir

FOTO: DIVULGAÇÃO BAYER

Você trabalha na empresa desde 1999 e passou da vice-presidência de Finanças na área de Crop Science da Bayer na América Latina para assumir a liderança da operação na região. Como enxerga o plano de sucessão da empresa? Os processos de desenvolvimento e formação de líderes e de sucessão na Bayer são bastante estruturados e estão em curso há muitos anos. Neles nos apoiamos muito para propor e implementar movimentações como as que tivemos recentemente, de mudanças na liderança de operações global e aqui na América Latina. Nesse processo levamos em conta, além do potencial identificado nos profissionais, as ambições e possibilidades que eles também verbalizam. E isso nos traz muitas possibilidades interessantes e, até um tempo atrás, não consideradas. Para mim, pessoalmente, as mentorias também contribuíram muito para o desenvolvimento na carreira, e ter tido pessoas na empresa com esse papel foi essencial para que eu considerasse um movimento não tão óbvio na minha carreira. Eu tive o privilégio de ter alguns mentores globais nos últimos anos e dessas conversas


AS MENTORIAS CONTRIBUÍRAM MUITO PARA O MEU DESENVOLVIMENTO E TER PESSOAS NA EMPRESA COM ESSE PAPEL FOI ESSENCIAL PARA QUE EU CONSIDERASSE UM MOVIMENTO NÃO TÃO ÓBVIO NA MINHA CARREIRA.”

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 15


ENTREVISTA a minha carreira. Sabemos que, especialmente para a população negra, essa não é a regra, infelizmente.

mais de 370%, enquanto a área destinada a cultivo cresceu cerca de 80%, um desempenho possível graças a uma revolução baseada em ciência e tecnologia. A busca constante do produtor rural por soluções que tragam maior produtividade e sustentabilidade tem trazido bons resultados ao agronegócio brasileiro, mesmo

Ao assumir o comando em posição estratégica da alemã Bayer na América Latina, quais são os principais desafios da transição? A expectativa e a responsabilidade aumentam? Sim, aumentam, mas a transição tem acontecido de forma organizada. Nosso foco principal tem sido dar continuidade a um trabalho muito bom que já vinha sendo feito. Estamos vivendo um momento de muitas oportunidades e pretendo alavancar e acelerar esse cenário. Evidentemente, em todo negócio, é preciso também ajustar-se conforme a evolução do contexto, e isso não é diferente no agro.

FAÇO QUESTÃO DE RESSALTAR O PAPEL DOS MEUS PAIS NA MINHA EDUCAÇÃO E DO PRIVILÉGIO DE TER TIDO A OPORTUNIDADE DE ESTUDAR EM BOAS ESCOLAS.”

Como avalia o cenário da agroindústria nesse momento em que estamos saindo de uma pandemia que causou impacto econômico e social no país? O triste episódio da pandemia impactou fortemente o Brasil e muitos países ao redor do continente latino-americano também. Mas, no que diz respeito ao agronegócio, o setor tem se mostrado bastante resiliente. Dados comprovam essa evolução: nos últimos 30 anos, segundo dados da Conab, o Brasil aumentou sua produção de grãos em

16 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

FOTO: DIVULGAÇÃO BAYER

E quais os projetos que estarão em destaque no próximo ano sob sua gestão? Nossa prioridade é desenvolver projetos com base em três frentes principais: inovação, sustentabilidade e transformação digital. Essas são as três prioridades estratégicas que adotamos até aqui e que seguirão conduzindo a forma como a Bayer atua globalmente e na América Latina. Nosso negócio na região seguirá guiado por uma combinação de sementes e biotecnologias, produtos de proteção de cultivos e ferramentas digitais que atendam às necessidades específicas de cada agricultor, seja lançando novas soluções, seja consolidando lançamentos realizados nas últimas safras. Alguns exemplos são a expansão de nossa plataforma de agricultura digital, Climate FieldView, em todo o continente; o avanço no trabalho feito ao lado de agricultores e parceiros na iniciativa Carbono Bayer, em andamento no Brasil e na Argentina; e a consolidação de nossa oferta de soluções inovadoras que tragam ganhos reais de produtividade, rentabilidade e sustentabilidade aos produtores latino-americanos.

com aspectos desafiadores como condições climáticas adversas e questões conjunturais ligadas ao câmbio, logística e economia de modo geral. Há uma série de desafios pela frente, mas o agricultor brasileiro está preparado e tem à sua disposição as ferramentas necessárias para seguir desempenhando um grande papel na produção mundial de alimentos. Tratando-se diretamente do cenário agro mundial, como você projeta os próximos anos? Assim como no Brasil, o agro mundial foi bastante afetado por questões climáticas, conjunturais e particulares de cada mercado. Os próximos anos devem continuar impondo uma série de obstáculos aos agricultores, o que os obriga a continuar atentos a fatores que podem tornar o crescimento e a viabilidade da agricultura cada vez mais desafiadores. Além da busca por inovação, há um movimento irreversível — por parte dos produtores, consumidores e todos os atores da cadeia de abastecimento — rumo a uma produção mais sustentável, que permita otimizar o uso de recursos. Nesse contexto, a coleta e análise de dados, tecnologias digitais disruptivas e soluções personalizadas serão essenciais para que o agro mundial consiga garantir a segurança alimentar para uma população crescente sem exaurirmos os recursos do planeta.


SETOR SETOR AGRO&NEGÓCIOS AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO | JULHO 2021 17


CAPA

18 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021


O FUTURO É AGORA!

COM TECNOLOGIA DE SUBUNIDADE, VETANCO ABRE NOVAS PORTAS PARA A IMUNIZAÇÃO CONTRA A SALMONELLA

Por Glaucia Bezerra

A

s projeções são desafiadoras para o Brasil, afinal, o país precisará aumentar em 40% a produção de alimentos até 2025. O desafio é elevado, uma vez que a indústria de alimentos deverá manter os patamares de crescimento alinhados com a alta qualidade dos produtos ofertados. Nesse cenário, a Vetanco assume um papel de protagonismo para suprir as necessidades da indústria avícola brasileira que, de janeiro a junho de 2021, exportou 352.143 mil toneladas de carne de frango, configurando um dos mais importantes setores do agronegócio do Brasil. A cadeia da avicultura está organizada de forma que o controle da salmonella é feito de maneira vertical e deve englobar todos os elos da produção, da incubação ao abate. Quando se fala em salmonella é preciso avaliar os riscos e considerar todo o ciclo de vida da ave, bem como do ambiente em que ela está inserida, para que não ocorra transmissão. Para levar imunização segura e eficaz atendendo a todos os elos da produção, a Vetanco, que em 2021 completa 20 anos de Brasil, lançou em setembro a Biotech Vac Salmonella, a primeira vacina do mundo para avicultura com tecnologia inativada de subunidade aplicada via água de bebida. É a única que fornece proteção contra várias estirpes e sorotipos de salmonellas paratíficas, induzindo imunidade de mucosa e sistêmica, com amplo nível de proteção quanto aos diferentes sorotipos da salmonella.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 19

FOTO: DANIELE LELLA

Única no mercado brasileiro, a Biotech Vac Salmonella promete controle dos patógenos nas aves e no ambiente, proteção a longo prazo e segurança no manejo.


CAPA

FOTOS: DIVULGAÇÃO E SHUTTERSTOCK

Para Tiago Urbano, diretor Comercial da Vetanco, o lançamento da Biotech Vac Salmonella representa os resultados da busca, realizada pela empresa, em ofertar ao mercado produtos que realmente diminuam o uso de químicos ou antibióticos. “Pesquisamos e trabalhamos fortemente para virar essa chave e encontrar alternativas para o uso de antibióticos, principalmente, em detrimento da segurança alimentar que envolve diretamente o tema da salmonella. O principal objetivo da Vetanco é a saúde animal e a segurança dos alimentos, criar animais saudáveis e garantir que o produto final chegue à mesa do consumidor com bastante segurança. A empresa contribui com a produtividade do agronegócio por meio de produtos e serviços inovadores. E nesses 20

anos, todo esse esforço nos tornou referência em várias áreas da avicultura”. Desde 2008 a empresa trabalha no desenvolvimento de aditivos pensando na substituição dos promotores de crescimento e também no controle de enteropatógenos, em especial a salmonella, que, atualmente, configura como a principal preocupação do mercado avícola nacional. “A companhia sempre preza pela inovação, pela qualidade e por valores. Implantamos diversos serviços para que junto com o time técnico da Vetanco possamos levar as melhores soluções, para o cliente produzir mais e melhor, com menor custo e mais qualidade”, acrescenta Urbano. Com alta tecnologia de biologia molecular, a Biotech Vac Salmonella age na imunização ativa de aves nos sorogrupos B, C e D, sendo: Salmonella B (Typhimurium e

20 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

Heldelberg), Salmonella C (Infantis) e Salmonella D (Enteritidis). A vacina também apresenta a estratégia DIVA (Differentiating Infected from Vaccinated Animals ou, em tradução livre, “Diferenciando animais infectados de animais vacinados”), alto grau de imunidade de mucosas e limita a excreção e multiplicação do patógeno. A infecção das galinhas por salmonellas paratíficas pode causar doença clínica em aves jovens e normalmente não é vista em galinhas adultas. Porém, os lotes infectados são portadores de Salmonella ssp e imprimem um grande prejuízo econômico, pelo caráter zoonótico desta bactéria. Alberto Back, médico-veterinário, mestre, doutor e pós-doutor em Microbiologia Ve te r i n á r ia pela University of Minnesota, EUA e diretor Técnico do Mercolab, explica que as infecções paratifóides, dentre elas, as causadas pelas Salmonellas Enteritidis, Typhimurium, Infantis e Heidelberg causam significativas perdas econômicas, podendo provocar doença clínica em aves jovens e infecção sem doença em galinhas adultas, com destaque por sua importância em saúde pública. “Os animais domésticos e os silvestres podem ser portadores dos diversos sorotipos destas salmonellas, disseminando-as no ambiente em que vivem. Seu controle é difícil devido a sua complexa epidemiologia, envolvendo transmissão vertical, excreção fecal, transmissão horizontal, contaminação do ambiente e existência de reservatórios de diferentes espécies”.

COM A BIOTECH VAC SALMONELLA A PROBLEMÁTICA É TRATADA NA AVE E TAMBÉM NO AMBIENTE


Carlos Dalle Mole, gerente Técnico de Biológicos da Vetanco, relembra que as pesquisas com vacinas de subunidade começaram há mais de 10 anos, na Universidade de Arkansas, nos EUA, e se dão a partir do mapeamento do genoma da salmonella. “A vacina de subunidade é algo novo em avicultura e a Biotech Vac Salmonella é a primeira que chega ao mercado, e, em primeira mão, o Brasil já tem disponível essa vacina e pode ajudar a indústria a controlar o patógeno”.

BIOTECH VAC SALMONELLA: UM GRANDE PASSO PARA A AVICULTURA

A tecnologia de subunidade antigênica da Biotech Vac Salmonella corresponde a uma proteína presente no genoma dos sorovares paratíficos. Ela é retirada e incorporada a um plasmídeo de expressão, no qual é introduzida em uma cepa de Bacillus subtilis para que atue como multiplicador natural dessa subunidade. Após a multiplicação, as subunidades são segregadas, purificadas e

concentradas, na sequência ocorre à inativação do Bacillus subtilis, com a finalidade de proteger as subunidades para que estas tenham uma adequada passagem pelo trato gastrointestinal, depois são incorporadas em micropartículas de polissacarídeos que ajudam a reter o antígeno na superfície intestinal até o momento em que o sistema imunológico se torna ativo e responsivo. “Um pequeno fragmento de DNA da Salmonella foi introduzido no Bacillus subtilis através do plasmídeo, que foi cortado e introduzido à subunidade da proteína. Em nível industrial, esse Bacillus se multiplica exponencialmente nos tanques de fermentação, depois de multiplicado é morto, caracterizando a Biotech Vac Salmonella como uma vacina inativada de subunidade”, detalha Dalle Mole. Em seguida essa subunidade é filtrada e extraída e, a partir desse processo, ela é micro encapsulada com biopolímero, que irá proteger a vacina. “Ou seja, quando a ave ingerir a vacina por via oral essa subunidade não será destruída”, complementa o gerente de biológicos.

“O LANÇAMENTO DA BIOTECH VAC SALMONELLA REPRESENTA OS RESULTADOS DA BUSCA, REALIZADA PELA EMPRESA, EM OFERTAR AO MERCADO PRODUTOS QUE REALMENTE DIMINUAM O USO DE QUÍMICOS OU ANTIBIÓTICOS.” TIAGO URBANO, diretor Comercial da Vetanco.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 21


CAPA

UMA NOVA GERAÇÃO DE VACINAS QUE GARANTE SEGURANÇA PARA O MANIPULADOR, AS AVES E O AMBIENTE

“Quando pensamos em vacinas o primeiro ponto analisado é que ela precisa ser imunogênica, e esse grau de imunidade deve ser levado para a ave de uma forma segura. Diferente da vacina viva - que pode sofrer atenuação - a Biotech garante que apenas a porção do DNA seja levada para a ave, não existindo, portanto, nenhum organismo vivo envolvido, trazendo para a produção maior segurança”, explica Carlos Dalle Mole. A Biotech Vac Salmonella proporciona proteção amplamente conhecida e agrega maior segurança na produção. Além da estratégia DIVA, que aplicada no plantel traz a segurança de diferenciar o que é a vacina e o que é um animal infectado. A vacina não apresenta risco de interferência nas monitorias sanitárias, como interferências sorológicas ou moleculares, diferentemente das vacinas vivas. A vacina de subunidade da Vetanco tem como foco a imunidade de mucosa, diminuindo a colonização de salmonella na ave e, consequentemente, diminuindo a excreção

22 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

e levando um alimento mais seguro para a mesa do consumidor. As subunidades da Biotech Vac Salmonella foram escolhidas para alcançar a máxima resposta imunológica e proteção contra diferentes sorotipos, sendo facilmente administradas via água. Chegando ao trato gastrointestinal a subunidade antigênica é reconhecida, incorporada na lâmina própria da mucosa intestinal e apresentada ao sistema imune por três vias simultâneas: os Enterócitos, as Células M e as Células Dendríticas. Os antígenos da Biotech Vac Salmonella são apresentados perante as moléculas complexo principal de histocompatibilidade 1 e 2, aos linfócitos T nativos que são ativados a linfócitos T efetores, essas células efetoras interagem com os linfócitos B e depois os ativam e os transformam em plasmócitos. A vacina da Vetanco previne a colonização e a multiplicação da bactéria a nível intestinal, reduzindo, significativamente, a quantidade de patógenos excretados no ambiente, portanto, diminui o desafio horizontal das aves no mesmo lote e nos sucessivos que irão repovoar o aviário. “Nós estamos vacinando a ave e também o ambiente. Uma vez que a excreção da salmonella quando controlada via água é me-

QUANDO PENSAMOS EM VACINAS O PRIMEIRO PONTO ANALISADO É QUE ELA PRECISA SER IMUNOGÊNICA, E ESSE GRAU DE IMUNIDADE DEVE SER LEVADO PARA A AVE DE UMA FORMA SEGURA.” CARLOS DALLE MOLE, gerente Técnico de Biológicos da Vetanco.


FOTOS: DIVULGAÇÃO E ADOBE STOCK

A BIOTECH VAC SALMONELLA LIMITA A MULTIPLICAÇÃO E A EXCREÇÃO DO PATÓGENO, PROTEGENDO AS AVES POR ATÉ 110 SEMANAS.

nor, e, consequentemente, a tendência é cada vez mais diminuir a pressão de infecção, o resultado é a produção de um alimento com menos carga bacteriana sendo levada para dentro do frigorifico”, diz Dalle Mole. Em resultados, a vacina já foi validada por inúmeras avaliações laboratoriais e a campo, clientes Vetanco já implementaram a Biotech Vac Salmonella em seu programa. Em aves de ciclo longo foi possível comprovar que a vacina, além de ter uma proteção de mucosa efetiva, também é duradoura, promovendo a proteção por até 110 semanas. Para as aves desafiadas nessa idade os resultados também foram efetivos, mesmo em uma idade extremamente elevada. Todos os trabalhos foram realizados no Instituto Nacional de Tecnología Agropecuaria (INTA/Argentina) em parceria com instituições internacionais. “A nossa vacina tem um diferencial entre as vivas, que é o tempo de consumo, além de ser uma vacina inativada de subunidade ela dá mais segurança e tranquilidade na aplicação. O tempo de consumo é de 6 a 8 horas, diferente de uma vacina viva que, em geral, é de até 2 horas”, pontua o gerente.

MAIS SEGURANÇA ALIMENTAR A Biotech Vac Salmonella é inovadora no mercado porque é a primeira vacina que combate os principais grupos de salmonellas pa-

ratíficas ao mesmo tempo. Junto aos programas de biosseguridade amplia a segurança alimentar humana, possibilitando um consumo de carnes e ovos, que saem da granja diretamente para a mesa dos consumidores, com a garantia de qualidade e segurança. “O que queremos trazer é algo diferente, que proporcione a imunidade com menos riscos. Através das vacinas de subunidade

MAIS VANTAGENS NO CAMPO A Biotech Vac Salmonella apresenta inúmeras vantagens na produção de aves, entre elas: • Alto grau de proteção contra as infecções intestinais, é efetiva contra salmonellas paratíficas; • É uma vacina inativada de subunidade fácil de administrar que garante a segurança do manipulador e das aves; • Utiliza a estratégia DIVA não interferindo nos métodos de detecção;

• Limita a multiplicação e a excreção do patógeno e protege por até 110 semanas.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 23


SOLUÇÕES INTEGRADAS VETANCO: GUARDIAN PROGRAM São inúmeros produtos e serviços que precisam atuar sinergicamente para garantir o controle eficaz da salmonella. Dentro dessa realidade, a biosseguridade surge como a base da pirâmide. Com isso, a Vetanco anuncia a implementação do Guardian Program, um portfólio completo de soluções que, em conjunto com as medidas de biosseguridade, levará para o produtor maior segurança contra a salmonella. A função do Guardian é fortalecer ainda mais a base de biosseguridade, unindo o portfólio de produtos aos serviços da empresa, seus consultores, investigação epidemiológica, oficinas para o controle de salmonellas, um programa de saúde intestinal e um software de controle do patógeno. “São produtos e serviços exclusivos para o controle de salmonella, e a Biotech é a nossa última inovação, mas, sozinha, sem a biosseguridade, o controle de Salmonellas pode ser comprometido. Por isso, precisamos ter uma visão ampla e ajudar os nossos clientes, em todas as etapas da produção para ter a máxima eficiência no controle da salmonella”, finaliza Thiago Tejkowski.

QUANDO FALAMOS DE CONTROLE DE SALMONELLA NA AVE PARA DIMINUIR A EXCREÇÃO NO AMBIENTE E GARANTIR UM ALIMENTO SEGURO, FALAMOS TAMBÉM EM PROTEÇÃO DA AVE, DO PLANETA E DOS SERES HUMANOS, PODEMOS AFIRMAR QUE A BIOTECH VAC SALMONELLA TEM POR TRAZ DE SEU DESENVOLVIMENTO O CONCEITO DE ONE HEALTH, SENDO CERTAMENTE UMAS DAS VACINAS MAIS INOVADORAS DISPONÍVEIS NO MERCADO AVÍCOLA MUNDIAL.” THIAGO TEJKOWSKI, gerente de Marketing da Vetanco.

24 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

FOTO: DIVULGAÇÃO

nós vamos induzir um alto grau de imunidade de mucosa e ampliar o leque de produção, diferente do que se tem no mercado (que é a proteção para alguns grupos específicos), nós trouxemos uma vacina que atende aos grupos B, C e D, ou seja, as principais salmonellas paratíficas estão cobertas pela nossa vacina”, comenta o gerente de biológicos. Sendo possível trabalhar dentro do conceito de limitar a multiplicação e a excreção, aliado a uma proteção de longo prazo é possível atender toda a cadeia de matrizes, frango de corte e postura comercial, para que o produto final apresente sempre uma melhor inocuidade e qualidade. Ainda, sobre a importância da vacina para o mercado brasileiro, Thiago Tejkowski, gerente de Marketing da Vetanco, lembrou que a Biotech Vac Salmonella teve seu registro aprovado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA/Brasília) de forma bastante rápida. Um processo que geralmente leva dois anos para ter todas as etapas concluídas. “Porém, quando a tecnologia é um diferencial e tem potencial para contribuir para o crescimento do segmento, o registro pode ser feito de forma mais rápida”.


SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 25


EMPRESA

QUALIDADE DO AR DA GRANJA

INTERFERE NOS GANHOS Principalmente na produção de aves e suínos está conectada à produtividade e aos ganhos no seu empreendimento Edson Marangoni - Coordenador Comercial e Gustavo Jaeger Vendruscolo - Coordenador de Comunicação & Marketing

26 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021


FOTOS: ADOBE STOCK E DIVULGAÇÃO

E

xistem diversos fatores contraproducentes que interferem na vida diária dos produtores de qualquer ramo do agronegócio. As condições climáticas, ambientais, econômicas, tecnológicas, entre tantas outras, fazem parte deste cenário. Junto a isso, a má qualidade do ar, prejudica fortemente os resultados de granjas de aves, suínos e de outros animais, pois o contato direto de gases nocivos com o plantel, pode causar perdas irreversíveis no desempenho dos lotes, impactando na produtividade da granja. Diariamente, presenciamos granjas novas e antigas passando por reformas e modernizações na busca de inovações que facilitem o trabalho cotidiano. A implantação de tecnologias possibilita o gerenciamento e o controle de variáveis de climatização, alimentação e consumo, pesagem e iluminação. Logo, a granja torna-se um ambiente favorável ao bem-estar dos animais, proporcionando melhor desempenho da produção e mais qualidade de vida para as pessoas que nela trabalham direta e indiretamente. Novas soluções em tecnologia e automatização possibilitam colocar mais animais na granja, melhorar os índices de conversão alimentar, apurar com mais precisão o ganho de peso, a idade do abate, entre outros, garantindo assim, melhor eficiência e mais rendimento na produção. Existem elementos primordiais para o bom funcionamento da granja, pois com a modernização e a climatização, torna-se um ambiente mais suscetível ao acúmulo de gases dentro de suas instalações. Antes, os manejos de cortinas eram feitos manualmente, a renovação do ar acontecia nos momentos em que era fornecida a ração aos animais, hora em que também era feita a limpeza e o processo de movimentação de cama, no caso dos avíários. Atualmente, estes processos tornaram-se obsoletos. Na produção de suínos, a qualidade do ar é um risco de atenção constante e está diretamente relacionada ao metabolismo dos animais. Estes liberam calor, umidade e dióxido de carbono, provenientes de sua respiração, gases oriundos da sua digestão e poeira, além de outros gases provenientes de dejetos. Desta forma, a exposição constante a altos níveis de concentração de substâncias tóxicas pode reduzir consideravelmente o desempenho zootécnico dos animais.

QUALIDADE DO AR

Uma solução indispensável para amenizar este fator de risco é ter um sistema de ventilação e troca de ar que mantenha

ESTUDOS REALIZADOS EM CAMPO COMPROVAM QUE A ALTA CONCENTRAÇÃO DE CO2 É PREJUDICIAL AO DESEMPENHO DOS ANIMAIS a concentração de partículas suspensas em níveis adequados para não prejudicar os animais. Segundo Schmidt et al (2002), “os gases mais presentes nas instalações para suínos são amônia, sulfeto de hidrogênio (ou ácido sulfídrico) e dióxido de carbono. No inverno, quando a ventilação é reduzida para manter o calor, a concentração desses gases aumenta dentro das instalações”. Na produção de aves, a atenção aos riscos com gases nocivos, principalmente, o dióxido de carbono (CO2) também deve ser contínua. Seus níveis devem ser monitorados com frequência, pois muitos são inodoros e incolores, dificultando a sua percepção no ambiente. Estudos realizados em campo comprovam que a alta concentração de CO2 é prejudicial ao desempenho dos animais. Com a saúde debilitada, o rebanho não consegue expressar seu máximo potencial de desenvolvimento, o que resulta em carne de má qualidade e até mesmo no aumento do índice de mortalidade. Executar práticas de manejo conforme as orientações sugeridas pelo departamento técnico que atende a granja e principalmente, estar atento às novas tecnologias ofertadas no mercado para fazer a troca do ar e uniformizar a ventilação dentro dos galpões, são medidas que podem ser tomadas para evitar que o CO2 afete e prejudique o desempenho biológico dos animais.

Sonda de medição de gás carbônico (CO2) que pode ser instalada dentro do galpão de criação de animais.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 27


EMPRESA

DE HEUS ANUNCIA INVESTIMENTOS DE R$ 75 MI NO BRASIL

A

De Heus, uma das maiores indússuportar o crescimento robusto dos últimos trias de nutrição animal do mundo, anos. E, por fim, aumenta em várias vezes anuncia investimentos de R$ 75 a capacidade das fábricas, o que permitirá a milhões em dois anos para a modernização De Heus continuar na sua pujante trajetória de crescimento nos próximos anos”, afirmou do seu parque fabril no país. A medida cono executivo. templa as unidades de Rio Claro, no interior de São Paulo, além de Toledo, no Paraná, e Itaberaí, em Goiás. Deste valor, R$ 35 FUTURO OTIMISTA milhões foram anunciados no ano passado A empresa familiar de origem holandesa e incluem a inauguração da nova linha de viu seu faturamento no Brasil quintuplicar produção para premixes na unidade de Rio desde que chegou ao país, em 2012. Neste ano, a companhia projeta uma receita de Claro, que teve aporte de R$24 mi. Ainda para este ano, quando a R$ 750 milhões, o que a coloca empresa celebra nove anos de entre as oito maiores emprepresença no mercado brasisas de nutrição animal Neste ano, a leiro, o presidente da De do Brasil. No mundo, o companhia projeta Heus no Brasil, Rinus grupo fatura mais de uma receita de Donkers, divulga mais € 3 bilhões. A produR$ 40 milhões para ção também expandiu R$ 750 milhões, e atualmente tem melhorias nas unidao que a coloca entre des de Toledo e Itabeuma capacidade de as oito maiores raí, que serão concluífabricação de 320 mil empresas de das em 2022. “Este toneladas por ano, disse o diretor de Operaaporte vai aumentar a nutrição animal nossa capacidade de proções da De Heus no Brado Brasil sil, Henrique Fernandes, dução e armazenagem para destacando a expectativa de crescimento ainda maior. “Estamos em franca ascensão e com objetivos desafiadores para os próximos dez anos. Nossos investimentos atendem

Empresa holandesa moderniza parque fabril no país com objetivo de ampliar sua capacidade de produção para suportar expectativas de crescimento nos próximos anos

as demandas das unidades de negócios de ruminantes, aves, suínos, aquacultura, pet food e revenda de matérias-primas”.

SOBRE A DE HEUS

Organização internacional de origem holandesa, com posição de liderança na indústria de nutrição animal, desenvolvendo todos os grupos de produtos nutricionais – de premixes e núcleos a concentrados e rações completas. Fundada em 1911, a Royal De Heus acumula experiência de mais de 100 anos, está presente em mais de 20 países, possui mais de 80 unidades fabris, distribuição de produtos em 75 países e emprega 8 mil colaboradores. Atualmente é considerada uma das 11 principais empresas de alimentação animal no mundo. No Brasil, possui seis unidades industriais: Rio Claro/SP (2), Apucarana/PR, Toledo/PR, Guararapes/SP e Itaberaí/GO; uma unidade administrativa em Campinas/SP e dois centros de distribuição, em Caruaru/ PE e Contagem/MG.

FOTO: DIVULGAÇÃO

A DE HEUS ACREDITA NO BRASIL E TEM PLANOS AUDACIOSOS DE INVESTIMENTOS EM NOVAS AQUISIÇÕES, ALÉM DE PLANOS MUITO BEM ESTRUTURADOS DE CRESCIMENTO ORGÂNICO ATRAVÉS DE MAIOR PARTICIPAÇÃO NOS MERCADOS EM QUE ATUAMOS.” RINUS DONKERS, presidente da De Heus no Brasil.

28 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021


LLINHA INHA M ATRIZES MATRIZES

LLINHA INHA IINCUBAÇÃO NCUBAÇÃO

SISTEMA DE SUSPENSÃO COM PÉS E SISTEMA DE LEVANTAMENTO AUTOMÁTICO CURVAS

COMEDOURO PARA MACHOS

BALANÇA DIGITAL EMENDA

GRADES DE RESTRIÇÃO

CAIXA E DEPÓSITO DE RAÇÃO

CORRENTE

CALHA

- Capacidade de 96 ovos; - Dimensões: 590x325x23mm;

Rua Reinaldo Pinhat, 300E | Bairro Quedas do Palmital Chapecó-SC | (49) 3319.6700 | edege@edege.com.br

LINHA LINHA SUÍNOS SUÍNOS

TERMINAÇÃO

COMED. TERMINAÇÃO INOX 2 BOCAS DUPLO

TERMINAÇÃO COMED. TERMINAÇÃO INOX 4 BOCAS DUPLO

CRECHÁRIO

GESTAÇÃO

LINHA LINHA FRANGOS FRANGOS

BEBEDOURO ZIGGITY

WWW.EDEGE.COM.BR SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 29


SUÍNOS

PESTE SUÍNA

AFRICANA

Casos da doença foram confirmados em países da América e agora as entidades reforçam, ainda mais, a biosseguridade dos rebanhos brasileiros Por Bruna Deitos

30 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

FOTO: FREEPIK

ESFORÇOS PARA IMPEDIR QUE O VÍRUS CHEGUE AO BRASIL


O

Brasil enfrenta um enorme desafio para manter a Peste Suína Africana (PSA) longe do plantel nacional. Há 40 anos a enfermidade não circulava nas Américas, porém, em julho deste ano foram confirmados problemas sanitários na República Dominicana e no Haiti. É importante lembrar que a PSA é altamente contagiosa e é uma doença viral de alta patogenicidade, ou seja, alta capacidade de produzir doença nos suínos infectados, mas não acomete humanos. De acordo com o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Luizinho Caron, estudos epidemiológicos estão em andamento para determinar a extensão do surto e medidas para a contenção já têm sido adotadas para eliminar os focos da doença. “Assim, como o vírus chegou a esta ilha das Américas, também pode ter chegado a outros países. E realmente, recentemente a PSA foi confirmada no Haiti. O importante neste momento é auxiliar os países com a infecção a eliminar a doença e melhorar as medidas de biosseguridade para evitar a entrada e eventuais pontos frágeis, bem como estar preparado para reconhecer e diagnosticar a enfermidade com a maior rapidez possível, caso chegue ao nosso país, uma vez que é virtualmente impossível ter medidas mitigatórias que garantam risco zero para a entrada da enfermidade”.

CONTROLE SANITÁRIO NO BRASIL

As exportações brasileiras de carne suína (in natura e processada) alcançaram 351,8 mil toneladas de janeiro a abril de 2021, uma alta de 25,3% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Os números positivos são graças ao rigoroso controle sanitário da carne no país. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) controla, atualmente, a biosseguridade da importação de animais ou produtos derivados. Também há sistemas de vigilância e controle da saúde animal em granjas de todo país. “Uma prova da eficiência dos nossos serviços de vigilância e defesa da saúde animal é a ocorrência de enfermidades dos suínos como a Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (PRRS) e Diarreia Epidêmica dos Suínos (PEDV) em vários países vizinhos do Brasil e aqui estas doenças nunca foram diagnosticadas em nossos rebanhos”, argumenta o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves. Muitas medidas estão em vigor e visam a segurança sanitária da carne suína brasileira. Recentemente foi implementado o Plano Integrado de Vigilância de Doenças dos Suínos, o que inclui monitoramento para PRRS e PSA. “O controle e monitoramento de suídeos as-

PESTE SUÍNA (PSA) É ALTAMENTE CONTAGIOSA E É UMA DOENÇA VIRAL DE ALTA PATOGENICIDADE. selvajados também é uma importante medida de biosseguridade para PSA e outras enfermidades. A rede de laboratórios oficiais garante a realização do diagnóstico contra enfermidades de notificação obrigatória como a PSA”. O gerente de Serviços Veterinários da Agroceres PIC, Gustavo Simão, lembra ainda que as autoridades brasileiras vêm reforçando o sistema de vigilância sanitária, principalmente nos aeroportos e lançaram o Plano Integrado de Vigilância de Doenças dos Suínos, o qual intensifica os mecanismos para conseguir detecção precoce de casos da doença e assim conseguir conter o foco. Já nas granjas o único caminho seguro é o fortalecimento dos procedimentos de biosseguridade, especialmente no que se refere à entrada de visitantes, insumos, suínos de

A PESTE SUÍNA AFRICANA NO MUNDO - 2021 Os países destacados em vermelho registram casos em suídeos domésticos ou selvagens

A República Dominicana é o único país das Américas com casos ativos de PSA

Fonte: Organização Mundial da Saúde Animal (OIE)

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 31


SUÍNOS

SUINOCULTURA EM SANTA CATARINA

Faturamento de

US$ 133,5 milhões,

29%

em Crescimento de relação ao mesmo período de 2020 *Dados de julho 2021

“Hoje não existe um fundo de sanidade para indenizar os produtores que perdem o plantel caso seja acometida a doença. Por isso, nós produtores precisamos fazer a nossa parte e controlar a sanidade do nosso rebanho. Nós enquanto entidade orientamos os produtores rurais de Santa Catarina: é necessário não deixar ninguém entrar na propriedade e obedecer todas as medidas sanitárias. O estado de Santa Catarina é pequeno, mas temos muitas fronteiras secas, com uma movimentação muito grande. Precisamos minimizar ao máximo os riscos”, pondera Lorenzi. Para a pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, Janice Zanella, não é possível ‘blindar’ completamente um estado ou país de doença, sem tornar a produção inviável devido ao

SC É O ESTADO QUE MAIS EXPORTA

O presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Lorenzi, concorda. Santa Catarina é o principal estado produtor e exportador de carne suína do Brasil e segue ampliando a presença no mercado internacional. Em julho deste ano, alcançou o faturamento de US$ 133,5 milhões, com 53,2 mil toneladas embarcadas. O resultado demonstra um crescimento de 29% em relação ao mesmo período de 2020. Os números são divulgados pelo Ministério da Economia e analisados pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa).

32 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

É NECESSÁRIO NÃO DEIXAR NINGUÉM ENTRAR NA PROPRIEDADE E OBEDECER TODAS AS MEDIDAS SANITÁRIAS.” LOSIVANIO LORENZI, presidente da ACCS

elevado custo. Assim, a biosseguridade busca um equilíbrio entre manter as margens de lucro e segurança sanitária dos rebanhos. “No entanto, é possível reforçar medidas de biosseguridade das granjas, logística de transporte, fábricas de ração e frigoríficos de suínos, além de redobrar a vigilância com relação ao transporte ilegal de animais, uso de alimentos ou restos de alimentação humana que possam conter derivados de carne suína na alimentação de suínos sem prévio tratamento térmico. Temos também que conscientizar a

FOTO: ACCS/DIVULGAÇÃO

reposição, veículos, além do sistema de desinfecção, destinação correta de animais mortos e reforço da cerca perimetral. Importante salientar que esse esforço exige uma ação coordenada e colaborativa entre o serviço oficial e o setor privado. Várias entidades do setor, como a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), a Associação Brasileira das Empresas de Genética de Suínos (ABEGS), a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estão unidas e em contato direto com o Ministério da Agricultura para a adoção de medidas cada vez mais rígidas de prevenção e também realizando conferências online para disseminar conhecimento sobre o assunto em todas as regiões do país.

FOTO: BANCO DE IMAGEM

com 53,2 mil toneladas embarcadas


sociedade para que não visitem granjas de suínos no exterior ou tragam produtos de origem animal nas bagagens, pois podem carregar agentes patogênicos”. O gerente de Serviços Veterinários da Agroceres PIC concorda: “Entendo que precisamos redobrar nossos cuidados e passar a considerar a biossegurança como mais um pilar fundamental para o produtor conseguir se manter na atividade. O engajamento de todos para a manutenção de nosso privilegiado status sanitário, neste momento, é crucial”.

IMPACTO NA ECONOMIA

FOTO: AGROCERES PIC/DIVULGAÇÃO

Caso a doença volte ao território brasileiro, a projeção é que haja fechamento dos mercados internacionais para a carne suína brasileira, queda dos preços do mercado interno, abate de rebanhos e perda de plantel e alta dos preços. O impacto estimado para o Brasil seria de mais de 5,5 bilhões de dólares no primeiro ano da ocorrência. “A PSA é uma doença grave para os suínos e pode causar elevada mortalidade. Não existem vacinas comerciais. É difícil de erradicar e o vírus é extremamente resistente. As carnes brasileiras trazem aproximadamente 15 bilhões de dólares de divisas para o país e o Brasil exporta hoje 23% da carne suína produzida.

FOTO: EMBRAPA/DIVULGAÇÃO

“Não é possível ‘blindar’ completamente um estado ou país de doença, sem tornar a produção inviável devido ao elevado custo.” JANICE ZANELLA, pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves

Pela lei da oferta e procura, toda essa carne iria “sobrar” e causar uma grande queda dos preços levando a prejuízos para os produtores e desemprego tanto dos empregos diretos como indiretos da cadeia da carne suína no Brasil”, explica a pesquisadora da Embrapa. Simão afirma que quando há perda do controle e contaminações de granjas comerciais e javalis, os impactos são bastante severos, sobretudo para os produtores. Altamente contagiosa, a PSA é frequentemente fatal aos suínos. A mortalidade dos planteis atingidos pode chegar a 100%, em qualquer idade. Assim que a doença é oficialmente notificada, as exportações são automaticamente suspensas e a perda destes mercados gera excedentes no mercado interno e derruba os preços. “Para um país com perfil exportador como o Brasil isso seria desastroso. Só para se ter uma ideia, a suinocultura brasileira produziu no ano passado 4,436 milhões de toneladas de carne suína e exportou 1.024 mil toneladas, aproximadamente 23% da produção nacional, para cerca de 100 países. Com estes números podemos ter ideia do impacto socioeconômico que o Brasil poderá sofrer frente a uma contaminação por PSA”. A Agroceres PIC sempre tratou a biossegurança como um pilar vital para o seu negócio.

351,8 mil ton. de carne suína exportada de janeiro a abril de 2021

25,3 %

Alta de em relação ao mesmo período do a no passado Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)

Há anos a empresa vem fortalecendo suas ações de mitigação de risco em sua Rede de Multiplicação e Unidades de Disseminação de Genes e compartilhando os conhecimentos com o serviço oficial e com o produtor e as indústrias. Um dos frutos desse trabalho é o desenvolvimento de ferramentas de auditorias, gestão de dados e treinamentos. Também são produzidos continuamente diferentes materiais técnicos não apenas para dar suporte aos clientes, como para a criação da cultura da biossegurança entre nossos colaboradores e parceiros. São guias, manuais, sumários técnicos, vídeos e programas de capacitação sobre biossegurança e gestão sanitária. Todos eles estão disponíveis gratuitamente no aplicativo da Agroceres PIC e no Canal Técnico de nosso site. “Essa experiência nos permite compartilhar conhecimento especializado e apoiar nossos clientes no mapeamento dos riscos sanitários, na definição de protocolos de biosseguridade e na execução de programas de biogestão bem calibrados”, comenta o gerente.

PRECISAMOS REDOBRAR NOSSOS CUIDADOS E PASSAR A CONSIDERAR A BIOSSEGURIDADE COMO MAIS UM PILAR FUNDAMENTAL PARA O PRODUTOR CONSEGUIR SE MANTER NA ATIVIDADE.” GUSTAVO SIMÃO, gerente de Serviços Veterinários da Agroceres PIC

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 33


AGRO&NEGÓCIOS POLINUTRI

FOTO: DIVULGAÇÃO

Na qualidade de líder Comercial e Marketing, Rogerio Luiz Luspa faz uma retrospectiva dos seus primeiros 100 dias nas operações. "No primeiro momento realizamos um levantamento das áreas com real potencial de crescimento comercial para assim direcionar nossas ações de vendas e em seguida aumentamos nossas equipes das Unidades de Negócios Bovinos e Aves com objetivo de ampliar o atendimento, acesso aos nossos produtos e serviços", alinha. De acordo com Rogerio, toda a estratégia durante os 100 dias foi dirigida visando ainda mais proximidade e participação com o mercado junto à área comercial bem como os demais departamentos Polinutri. "Estamos muito próximos dos nossos clientes, mas queremos mais, uma Polinutri ainda mais próxima, entendendo as diferentes realidades e o resultado disso se traduz na qualidade do nosso portfólio de serviços ainda mais alinhado às necessidades de cada cliente", salienta.

DSM

Tecnologia solúvel em águas Com o objetivo de potencializar os ganhos do suinocultor, chega ao mercado EubioStart TMS, o suplemento solúvel em água especialmente desenvolvido para os momentos de transição de fases produtivas da suinocultura. A solução, lançada no 13o Simpósio Brasil Sul de Suinocultura e desenvolvida pela DSM, empresa global baseada em ciência para Nutrição, Saúde e Vida Sustentável, visa oferecer em um único produto uma vasta gama de nutrientes e eubióticos, o que garante uma nutrição adequada aos animais e, com isso, melhor desempenho nos períodos de transição. As trocas de dieta, do desmame para início do período de creche e, posteriormente, a passagem do período de creche para as engordas, são muito importantes para garantir que a produção siga rentável. O EubioStart TMS melhora a funcionalidade gastrointestinal dos leitões nesses ciclos.

FOTO: DSM/DIVULGAÇÃO

Rogerio Luspa avalia primeiros 100 dias

INOBRAM

O Astro - Controlador de Aquecedor, inovação lançada pela Inobram, é um dispositivo que foi projetado e desenvolvido para realizar o controle da máquina de aquecimento do galpão. Ele atua para garantir o melhor em conversão alimentar do lote, pois reduz as perdas energéticas por oscilação da temperatura do animal. Principais funcionalidades: 1. Monitorar a temperatura da máquina; 2. Monitorar a temperatura de referência da granja; 3. Fazer o ciclo de queima inteligente (ciclo de queima definido pelo estado atual da máquina); 4. Funcionamento completamente autônomo ou assistido por controlador; 5. Possui saídas para alarmes de segurança térmica e funcional.

34 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

FOTO: INOBRAM/DIVULGAÇÃO

Astro garante maior eficiência energética


SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 35


SUÍNOS

A EVOLUÇÃO DA SUINOCULTURA

NA OTIMIZAÇÃO DOS PROCESSOS DA GRANJA

O

início da vida dos leitões é marcado por grandes desafios, dentre eles a coccidiose suína, que é uma doença global com alta prevalência na suinocultura brasileira, e a anemia ferropriva, causada por um conjunto de fatores fisiológicos dos suínos. Para uma cadeia produtiva de sucesso na suinocultura, a aplicação de fármacos já consagrados na medicina veterinária visando o combate às duas enfermidades foi integrada à rotina de manejo sanitário dos leitões, o que demanda uma formulação de toltrazuril a ser administrada por via oral e uma aplicação injetável de ferro já nos primeiros dias de vida da leitegada. “Essa fase, além de ser a mais dispendiosa de toda a cadeia de produção suína, promove elevado grau de estresse nos animais devido ao excesso de manipulação, interferindo diretamente no bem-estar dos neonatos”, relata Marina Moreno, gerente de produtos da Unidade de Suínos da Ceva. Com o propósito de simplificar a rotina do criador e atuar positivamente no bem-estar animal, a Ceva Saúde Animal trouxe para o setor o Forceris®, primeira e única associação injetável de gleptoferron e toltrazuril que permite, em uma única aplicação, o controle efetivo da anemia ferropriva e da coccidiose suína.

36 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

“Forceris® é uma inovação, sua forma de aplicação é mais segura para a saúde do animal, evitando desperdícios ou perdas com falhas de formulação ou da administração via oral, além de promover menos estresse durante o manejo. A solução reduz consideravelmente o tempo de aplicação, da manipulação dos leitões, contribuindo para a otimização dos recursos de mão de obra”, explica Marina. O produto pode ser aplicado na leitegada já a partir das primeiras 24 horas de vida e estudos realizados no campo mostraram que os animais tratados com Forceris® não apresentaram quadros de anemia ferropriva e a excreção de oocistos de Cystoisospora suis ocorreu em menor quantidade e por um período menor, o que contribui positivamente com a sanidade de toda a granja. “Esse é um novo momento na suinocultura brasileira. O tempo utilizado com uma leitegada de 1.000 animais tratada com Forceris® é ao menos meia hora mais rápido do que o tratamento convencional. Essa diferença otimiza os processos da granja e reduz gastos de mão-de-obra do produtor, sem perder o foco na saúde e bem-estar dos animais. E acreditamos que esse é o primeiro passo para uma suinocultura mais moderna, rentável e competitiva”, finaliza.

SANIDADE O produto pode ser aplicado na leitegada já a partir das primeiras 24 horas de vida e estudos realizados no campo mostraram que os animais tratados com Forceris® não apresentaram quadros de anemia ferropriva e a excreção de oocistos de Cystoisospora suis ocorreu em menor quantidade e por um período menor, o que contribui positivamente com a sanidade de toda a granja. “Esse é um novo momento na suinocultura brasileira. O tempo utilizado com uma leitegada de 1.000 animais tratada com Forceris® é ao menos meia hora mais rápido do que o tratamento convencional. Essa diferença otimiza os processos da granja e reduz gastos de mão-de-obra do produtor, sem perder o foco na saúde e bem-estar dos animais. E acreditamos que esse é o primeiro passo para uma suinocultura mais moderna, rentável e competitiva”, finaliza.

FOTO: BANCO DE IMAGEM

Forceris®, primeira associação injetável de gleptoferron e toltrazuril, da Ceva, marca o início de mudanças significativas no manejo dos leitões


SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 37


AVES

Incubação de ALTA Diminuir a mortalidade dos pintinhos, melhorar os índices de eclosão e conversão alimentar estão entre os benefícios dos mais modernos métodos de incubação.

38 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

FOTO: ADOBE STOCK

PERFORMANCE


MAIS GANHOS NA PRODUÇÃO

FOTO: COBB-VANTRESS/DIVULGAÇÃO

A principal diferença em relação aos métodos tradicionais está no atendimento das demandas do embrião durante todo o processo. “Alguns modelos possuem scanners que monitoram os embriões ao longo do processo de incubação, controlando e ajustando o ambiente interno da incubadora para garantir que os embriões se mantenham sempre em sua temperatura ideal, controlando também a umidade e níveis de CO2”, conta Seelent.

SE NÃO FOR BEM EXECUTADA A PRODUÇÃO DE PINTINHOS DE ALTA PERFORMANCE, TODO O PROCESSO RESTANTE SOFRERÁ PERDAS.

As máquinas de incubação modernas ajustam seu funcionamento para atender as necessidades específicas do embrião em cada fase do desenvolvimento. Outra diferença está na climatização do incubatório, que é projetado para garantir que as máquinas tenham um ambiente perfeito no interior da planta de acordo com as necessidades e não dependam do clima externo, não sofrendo, assim, com as variações climáticas ou a sazonalidade do clima.

PRINCIPAIS DESAFIOS

As plantas de incubação são concebidas com grandes volumes de produção para otimizar os custos de construção e produção. Por isso, aponta o médico veterinário, os principais desafios estão no gerenciamento e monitoramento de todos esses sistemas para garantir os melhores resultados de eclosão e uma melhor qualidade de pintinho. “Neste caso estamos colocando todos os ovos em uma ‘cesta só’ e, se houver falhas nos sistemas de controle, as perdas podem ser muito grandes”.

FOTO: PEXELS

M

elhorar a qualidade de vida dos pintinhos. A Cobb-Vantress, líder mundial no fornecimento de aves de produção para frangos de corte e em especialização técnica no setor, é referência quando o assunto é incubação de alta performance. O especialista em incubação, médico veterinário Guilherme Seelent, explica que o procedimento busca atender as demandas do embrião e deixá-lo confortável ao longo de todo o processo, que dura 21 dias até o nascimento do pintinho. “As incubadoras e nascedouros de última geração são máquinas de estágio único, no qual incubamos todos os ovos em um só momento”, explica o profissional. A incubação é a etapa que antecede o alojamento das aves nas granjas produtoras de carne de frango. Seelent lembra que a incubação ganha cada vez mais espaço na vida de um frango de 2,5 quilos, que passou de cerca de 24% na década de 1990 para 36% atualmente.

PRINCIPAIS BENEFÍCIOS DA INCUBAÇÃO

1 2 3 4

Melhores índices de eclosão, especialmente em lotes de matrizes acima de 45 semanas; Menor índice de pintos de segunda ou de qualidade inferior;

Menor mortalidade de primeira semana e consequentemente menor mortalidade final;

Otimização da mão de obra e facilidade na limpeza e desinfecção das máquinas, possibilitando uma melhor biosseguridade;

5

Melhor conversão alimentar em lotes incubados em máquinas de estágio único.

GUILHERME SEELENT, médico veterinário.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 39


AVES

EXPORTAÇÕES DE OVOS

CRESCEM 137,7% Vendas geraram receita de US$ 11,540 milhões nos primeiros nove meses do ano

A

Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) realizou levantamento que mostra que as exportações brasileiras de ovos (considerando produtos in natura e processados) totalizaram 7,329 mil toneladas entre janeiro e setembro, volume que supera em 137,7% o desempenho registrado no mesmo período do ano passado, quando foram embarcadas 3,0 83 mil toneladas . Em receita, as exportações de ovos tota-

40 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

lizaram nos nove primeiros meses de 2021 US$ 11,540 milhões, número 111,8% maior que o realizado no mesmo período de 2020. Apenas em setembro, foram exportadas 650 toneladas, volume 122,5% superior ao efetivado no mesmo período do ano passado, com 292 toneladas. As vendas do mês geraram receita de US$ 1,480 milhão, número 35,6% maior que os US$ 1,092 milhão registrados no ano passado.

OS EMIRADOS ÁRABES UNIDOS SÃO O PRINCIPAL DESTINO DAS EXPORTAÇÕES.


7,329 mil TONELADAS ENTRE JANEIRO E SETEMBRO

CRESCIMENTO DE

137,7 %

US$ 11,540 MILHÕES EM RECEITA

CRESCIMENTO DE

111,8 %

FOTOS: DIVULGAÇÃO COBB

Os Emirados Árabes Unidos seguem como principal destino das exportações, com 4,406 mil toneladas exportadas entre janeiro e setembro, volume 367,7% maior em relação ao mesmo período do ano passado, com 942 toneladas. Em seguida estão Japão, com 649 toneladas (+185,8%) e Omã, com 271 toneladas. “O setor de ovos tem intensificado sua participação no mercado internacional, ampliando estratégias de promoção internacional por meio da marca setorial Brazilian Egg. A principal aposta está nos Emirados Árabes Unidos, que é justamente onde há forte retomada das atividades. Ao mesmo tempo, o setor busca, com isto, reduzir os danosos impactos dos custos elevados de produção, que ainda penalizam toda a cadeia produtiva”, analisou o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

SETOR SETOR AGRO&NEGÓCIOS AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO | JULHO 2021 41


BOVINOS

INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL:

11 MILHÕES DE DOSES

O crescimento acontece motivado pela tecnologia de Por Bruna Deitos ponta e melhoramento genético

A

Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA) divulgou que os protocolos de inseminação têm crescido de forma grandiosa no país. Em 2020 foram vendidas quase 25 milhões de doses de sêmen. Já no primeiro semestre de 2021, os números foram ainda mais animadores. Os touros em coleta congelaram 11 milhões de doses, mais que o

42 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

dobro em comparação ao mesmo período do ano passado. O crescimento acontece motivado pela tecnologia de ponta e melhoramento genético, aponta o gerente comercial da Semex Brasil, Eduardo Alexandre Fey. “Os animais selecionados para serem touros doadores de sêmen nas centrais passam por um crivo muito grande de qualidade. São animais

de criadores renomados, tradicionais no Brasil e no exterior com anos e anos de seleção que o produtor está acessando a um preço comercial de mercado”, explica. Os animais passaram por inúmeros programas de melhoramento e se destacaram dentro deles, tanto no leite como no corte. Alguns reprodutores contratados pelas centrais quando vendidos ultrapassam a cifra de R$500 mil. “Qualquer produtor tem acesso ao sêmen deste animal e jamais conseguiriam adquirir este tipo de animal se tivessem o interesse de comprá-lo”, argumenta.

COMO FUNCIONA NA PRÁTICA

Para aderir a inseminação artificial, o produtor precisa - antes de tudo - dominar a técnica da inseminação artificial e/ou contratar uma empresa especializada parceira para efetuar o serviço em sua fazenda. Além disso, o rebanho precisa estar com a sanidade em dia (vacinas reprodutivas), boa condição corporal, ter um espaço apropriado para efetuar a técnica com uma contenção segura do animal e com segurança tanto para quem está trabalhando quanto para o próprio animal. “Cuidados mínimos


FOTO: ISTOCK

para se ter êxito e alcançar um bom resultado”, pontua Fey. O gerente explica que o comércio de sêmen funciona através das vendas das doses pelas centrais de inseminação especializadas no Brasil. “Cada central trabalha com um grupo de touros de diversas raças, tanto de leite como de corte”, explica. Em um mercado consumidor que demanda carne de qualidade, os produtores potencializam a procura por genética de ponta, de olho na valorização do bezerro e do boi gordo. “Qualquer produtor que tenha de 10 a 20 animais pode utilizar um touro provado nos EUA ou mesmo em grandes fazendas do Brasil adquirindo a dose/material genético. Todos estes reprodutores que são contratados pelas centrais possuem índices zootécnicos que na grande maioria das vezes são características econômicas relevantes que com certeza irão agregar dentro da propriedade de quem utiliza” Fey cita como características o peso maior das progênies, padronização do lote, velocidade de ganho de peso, precocidade sexual,

FOTO: SEMEX BRASIL/DIVULGAÇÃO

GANHO EM LUCRATIVIDADE

maior longevidade destes animais dentro do plantel, maior produção de leite, gordura e proteína. “Inúmeras características que o produtor pode e deve escolher na seleção do sêmen daquele reprodutor que o mesmo irá utilizar em seu rebanho”, finaliza.

O MELHORAMENTO GENÉTICO É O GRANDE SALTO DA PECUÁRIA DE LEITE E DE CORTE. ATRAVÉS DESTA FERRAMENTA O BRASIL VEM COLHENDO RESULTADOS FANTÁSTICOS EM PRODUTIVIDADE E SEM SOMBRA DE DÚVIDA A INSEMINAÇÃO PROPORCIONA ISSO PARA QUALQUER TIPO DE PRODUTOR.” EDUARDO ALEXANDRE FEY, gerente comercial da Semex Brasil

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 43


BOVINOS

Flávio Alves Damasceno trouxe ao debate as vantagens e desafios dos sistemas Free Stall e Compost Barn

PERFORMANCE E GESTÃO DO AGRO 10º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite contou com palestras técnicas de alto impacto para a cadeia produtiva

O

cenário para o agronegócio brasileiro é extremamente promissor, mas para crescer é preciso agir de forma planejada e estratégica. O professor Marcos Fava Neves, um dos maiores cientistas internacionais do agronegócio mundial, esteve presente no 10º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL), promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet). O evento contou com palestras técnicas de alto impacto para a cadeia produtiva. O especialista discutiu sobre o futuro do

44 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

agro, oportunidades, desafios das cadeias produtivas e trouxe, ainda, métodos de organização e gestão. Referência em planejamento e gestão estratégica, Neves abordou a condição atual e os potenciais do Brasil enquanto fornecedor mundial de alimentos, bioenergia e outros agroprodutos. Para o mercado de grãos, ressaltou que a demanda é constante e a expectativa é que o consumo mundial aumente. Dentro dessas perspectivas, há grandes oportunidades de expansão de área e de exportações para o país. “O Brasil terá uma

posição muito relevante nas exportações de soja, milho e algodão, com projeções de crescimento. Com um bom trabalho e uma boa estratégia, o Brasil tem condições de superar os americanos e atingir o primeiro lugar na exportação de milho e algodão, liderando o mercado mundial”, pontuou.

GESTÃO ESTRATÉGICA

O palestrante discutiu, ainda, ferramentas de gestão e pontuou características fundamentais para o produtor ser mais estratégico. Ele apresentou seu método de


FOTOS: DIVULGAÇÃO

Marcos Fava Neves abordou os cenários de mercado

TANTO A CARNE DE FRANGO, COMO A BOVINA E A SUÍNA APRESENTARAM CRESCIMENTO. ESSAS TRÊS PROTEÍNAS TÊM UMA EXCELENTE CAPACIDADE DE DESENVOLVIMENTO. MARCOS FAVA NEVES, professor e cientista do agronegócio mundial

planejamento direcionado para as cadeias produtivas do agronegócio. Segundo Neves, a maioria das empresas faz planejamento estratégico, mas falha em sua implementação. O método traz uma abordagem simplificada, com os objetivos de orientar a empresa para estar atenta às demandas do mercado, a entregar resultados de forma eficiente e contribuir com a geração de oportunidades às pessoas, levando ao crescimento da sua rede de negócios.

MAIS EFICIÊNCIA

A necessidade de aumentar a produtividade aproveitando ao máximo a área disponível e agregando eficiência tem tornado cada vez mais comum a adesão ao confinamento na pecuária leiteira. O assunto foi debatido pelo doutor em Construções Rurais e Ambiência, o professor Flávio Alves Damasceno abordando as vantagens e desafios dos sistemas Free Stall e Compost Barn nos sistemas intensivos de criação. Damasceno ressaltou que não existe o melhor sistema, mas sim o sistema que é melhor manejado. A preocupação com o animal é o que mais importa. “Não podemos pensar apenas nos recursos financeiros, temos que oferecer ao animal uma nutrição adequada, uma dieta balanceada e conforto. O produtor precisa pensar como um empresário, investindo no animal para dar a ele todas as condições de produzir mais e com maior qualidade”. Entre os sistemas intensivos, o Free Stall e o Compost Barn se destacam por proporcionarem melhores condições de saúde, conforto térmico e bem-estar aos animais. “Se eu confino, aumento a eficiência produtiva. As instalações também permitem conforto térmico, praticidade no manejo da alimentação, estabilidade da dieta ofertada e os animais têm melhores escores de limpeza. Tudo isso reflete na qualidade do leite”.

SIMPÓSIO BRASIL SUL O 10º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL) é promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet), tem apoio da Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa, do Conselho Regional de Medicina Veterinária de SC (CRMV/SC), da Embrapa Gado de Leite, do Icasa, da Prefeitura de Chapecó, do Sindicato dos Produtores Rurais de Chapecó, do Sistema FAESC/SENAR-SC, do Sindirações, da Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária (Somevesc) e da Unochapecó. O presidente do Nucleovet, Luiz Carlos Giongo, salientou que o SBSBL é um evento com longa trajetória que aborda temas relevantes para o setor leiteiro. “A programação está focada, desde a primeira edição, em temas como a qualidade do leite, tecnologia, inovação e consumo, buscando a excelência da atividade”, frisou, ao acrescentar que a cadeia produtiva do leite é essencial para a segurança alimentar, responsável pelo sustento de diversas famílias do campo e para geração de riqueza para a economia do país. “Nosso desafio é contribuir com o setor, para uma cadeia leiteira fortalecida, além de discutir os principais gargalos, apresentando tecnologias e novidades em nutrição, sanidade, manejo e cenários de futuro”, acrescentou Giongo.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 45


BOVINOS

ESTRATÉGIAS DE MANEJO

ACELERAM A

RECUPERAÇÃO

DOS ANIMAIS

N

ormalmente o final do período seco é a fase mais crítica da produção de carne. É neste momento que o pecuarista precisa manejar a estrutura das pastagens para potencializar a rebrota do capim e, consequentemente, a produção de arrobas no período chuvoso, que é a fase mais interessante para reduzir o custo de produção da arroba e conseguir diluir o investimento da reposição. A estratégia é apontada pelo zootecnista e supervisor técnico da Connan, Bruno Marson. Para ele, a preparação da estrutura do pasto nesse final de seca é crucial para que o produtor tenha um bom resultado nas águas, uma vez que a sua condição será determinante para a formação do pasto no período de chuvas. O zootecnista explica que o período seco é representado por uma pastagem com folhas secas e de baixo aproveitamento pelos animais. Chegar ao final deste período com alta oferta de massa seca pode ser prejudicial ao sistema, pois com a retomada das chuvas, a tendência é que as folhas se desprendam do talo e caiam. “O talo que permanece prejudica o acesso dos animais à pastagem recém-rebrotada no início das chuvas. Além disso, o material morto acumulado rente ao solo cria um microambiente propício para pragas principalmente cigarrinhas das pastagens e fungos, causando distúrbios nos animais”.

MANEJO

O ideal para o período de retomada das chuvas é trabalhar com as pastagens no limite inferior de altura de manejo da forrageira da fazenda. “A altura de manejo que se deve

46 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

trabalhar no final da seca para uma boa rebrota é de 30 a 40 cm para pastagens do gênero Panicum, como Mombaça e Tanzânia, e de 10 a 15 cm para as brachiárias, como a decumbens, Marandu e MG-5”, complementa. O ponto mais importante nesse período de transição é a estrutura do pasto, com cuidados direcionados para que a pastagem não fique rapada demais e nem com excesso de folhas. A estrutura desse pasto irá interferir bastante na formação do pasto de chuva, no consumo do suplemento e no desempenho do rebanho durante a época de transição e, também, no período de chuvas”, reforça o zootecnista.

CONDICIONAMENTO NA TRANSIÇÃO

O animal que sofreu restrição alimentar na seca inicia o período chuvoso com os órgãos

Aumentar o nível de suplementação dos animais é uma alternativa para garantir bons resultados

viscerais em menor tamanho e metabolismo reduzido. O fígado, rins, coração e trato gastrointestinal ficam menores para economizar energia durante a fase de restrição nutricional. “Para esse animal voltar ao normal e ganhar peso em uma qualidade satisfatória, leva um tempo. Por isso, a ideia do manejo de condicionamento é acelerar a recuperação dos animais através da intensificação nutricional por 30 a 50 dias durante o período de transição”. Desta forma, na época em que o pasto estará na melhor qualidade nutricional, o animal consegue aproveitar ao máximo. Essa recuperação do metabolismo pode ser feita com suplementos proteico-energéticos de forma adequada. “A ideia é recuperar esse animal o mais rápido possível, para que ele volte a depositar carne e o pecuarista consiga aproveitar mais a pastagem que estará mais propícia”, recomenda Marson.

O PONTO MAIS IMPORTANTE NESTE PERÍODO DE TRANSIÇÃO DE SECA PARA CHUVA É A ESTRUTURA DO PASTO FORMAR CORRETAMENTE O PASTO DE ÁGUAS. OUTRO PONTO IMPORTANTE É RECUPERAR RAPIDAMENTE OS ANIMAIS QUE SOFRERAM NA SECA ATRAVÉS DO MANEJO DE CONDICIONAMENTO.” BRUNO MARSON, zootecnista e supervisor técnico da Connan


FOTO: FREEPIK

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 47


EMPRESA

ADITIVOS NA NUTRIÇÃO PARA MELHORAR DESEMPENHO A linha de aditivos da Yes proporciona importantes e conhecidos benefícios para a cadeia produtiva de carnes

FOTO: DIVULGAÇÃO

E

xiste uma ampla gama de benefícios relacionados ao uso dos aditivos na nutrição animal, dentre os quais, é possível citar o maior ganho de peso animal, melhor conversão alimentar, maiores viabilidade e saúde intestinal, sistema imunológico fortalecido, melhor qualidade de ovos, pelos, cascos e unhas. Para atender a esse mercado em constante crescimento a Yes, empresa que desenvolve soluções biotecnológicas para uma nutrição animal eficaz, segura e sustentável, possui em seu portfólio seis linhas de aditivos naturais: Adsorvente de Micotoxinas, Minerais Orgânicos, Imunomoduladores, Blends, Prebioticos, Golf Fusion, e Derivados de Leveduras. “Nossos aditivos podem ser usados em todas as fases de vida dos animais sendo que, para cada uma, existem sugestões de doses específicas, de acordo com as necessidades identificadas no momento pelos nutricionistas e técnicos responsáveis”, explica a doutora em Nutrição Animal e Coordenadora Técnica e de Pesquisas da YesSynergy, Verônica Lisboa. Ela explica que os aditivos proporcionam importantes e conhecidos benefícios aos animais de produção, como maior ganho de peso, melhor conversão alimentar, maior viabilidade, sistema imunológico fortalecido e microbiota equilibrada. Todos estes fatores convergindo em melhores respostas produtivas e reprodutivas, desta forma, o custo versus benefício do uso dessas tecnologias é altamente positivo. “Recentemente desenvolvemos um experimento com a Universidade Federal de Viçosa – UFV/MG, envolvendo nossas fontes de zinco orgânico: Yes-Minerals Zinco e Yes-Minerals Zinco 22% (concentrações de 16 e 22%, respectivamente) comparando-os a outras fontes existentes no mercado, na nutrição de frangos de corte e obtivemos um ROI extremamente favorável, variando entre 11:1 a 15:1 em favor dos grupos que receberam os minerais Yes”, exemplifica.

48 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

“Além disso, O Yes-Minerals Zinco e Yes-Minerals Zinco 22% proporcionaram melhores conversões alimentares aos animais, além de maiores absorções e menores excreções do mineral, aliando o benefício nutricional ao menor impacto ambiental”.

A SOLUÇÃO PARA UM MERCADO MAIS EXIGENTE

A atual configuração do setor de nutrição animal apresenta significativos desafios com a alta do preço dos insumos e demais incertezas inerentes ao mercado. Estes fatos exigem do produtor a adoção de algumas alternativas na cadeia produtiva. O custo de produção é amplamente correlacionado aos custos dos insumos e matérias-primas destinadas à nutrição animal. Deste modo, os aditivos despontam como

CADA VEZ MAIS A PREOCUPAÇÃO COM A SAÚDE DOS ANIMAIS GANHA ESPAÇO E SE FORTALECE NESTE CENÁRIO. QUANDO FALAMOS EM SAÚDE, DEVEMOS CONSIDERAR O SISTEMA FISIOLÓGICO COMO UM TODO.” VERÔNICA LISBOA, doutora em Nutrição Animal e Coordenadora Técnica e de Pesquisas da YesSynergy.

ferramentas consagradas e ainda promissoras a serem utilizadas nos programas nutricionais visando o melhor aproveitamento dos produtos, de forma a ser mais uma importante ferramenta em busca do êxito da atividade em tempos de economia instável. “Proporcionamos aos animais as condições para que tenham o seu sistema de defesa preparado para responder a desafios, a saúde intestinal fortalecida (integridade intestinal, equilíbrio da microbiota), e a capacidade de aproveitar de forma mais eficiente os nutrientes da dieta, todos aspectos que fazem a diferença em termos de produtividade, saúde, bem-estar e longevidade. Em nosso portfólio, oferecemos soluções que atuam junto a todos estes fatores, de forma integrada”, salienta Verônica.


SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 49


ARTIGO TÉCNICO

EXTENSÃO TÉCNICA-ACADÊMICA AUMENTA A RENTABILIDADE DE PRODUTORES DE LEITE

Gabriela Solivo Acadêmica de Zootecnia Tainara Basso Acadêmica de Zootecnia

Wilson Zacaron Mestre em Sanidade e Produção Animal Claiton André Zotti Professor da Unoesc

Gabriela Marin Mestre em Sanidade e Produção Animal

50 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

FOTOS: ISTOCK

A

silagem de milho é o alimento mais predominante em propriedades produtoras de leite. Sabendo da importância deste ingrediente para as propriedades rurais, o curso de Zootecnia e o Mestrado em Sanidade e Produção Animal da Unoesc em parceria com a Cooperativa de produtores de leite de Faxinal dos Guedes (COMFAG), tem realizado trabalho inédito, com foco na qualidade da silagem de milho. Foram três anos (2018 a 2020) de acompanhamento técnico orientativo de professores e alunos. O primeiro – e mais importante – aspecto que determina uma silagem de qualidade é o seu teor de matéria seca (MS). O desafio inicial da equipe foi mostrar o benefício da colheita do milho no ponto correto. No início (safra 2018), apenas 25% das silagens analisadas atendiam ao teor de MS desejado para silagens de milho (entre 33 e 38%). Após duas safras 87% das silagens atendiam à MS recomendada (Figura 1), o que demonstra em números a efetividade das ações de extensão realizadas.


FIGURA 1. Teor de matéria seca das silagens em cada propriedade ao longo de três

safras. Note a grande proporção das propriedades em 2018 que possuíam teores de MS abaixo do ideal. 2018 2019 2020 Faixa ideal MS

45

FIGURA 2. Aumento médio de leite por

35

tonelada de silagem

30

25

20 1

2

3

4

5

6

7

8

9

10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

Produtor

Com o aumento do teor de nutrientes na planta no momento do corte, houve aumento significativo da fração mais digestível da planta (amido e outros carboidratos não fibrosos),

e redução na participação das fibras (Ver Tabela). A maturidade da planta no momento do corte é crucial e, esta decisão está nas mãos dos produtores e/ou prestadores de serviço.

TABELA 1. Composição química das silagens ao longo de três anos consecutivos

do projeto.

2018

2019

2020

DIFERENÇA 2020/2018

29,9

33,4

35,4

+ 18,4%

FDN (% MS)

46

42

38,6

- 16%

FDA (% MS)

27,6

24,8

22,8

- 17,4%

CNF (% MS)

42,1

47

50,2

+19,2%

Amido (% MS)

25

29,2 a

32,2

+28,8%

Densidade (m / kg MN)

516

473

477

- 7,5%

VARIÁVEL MS (%)

3

Apesar da melhora no ponto de colheita, a compactação da massa ensilada foi reduzida ao longo das safras. Os produtores mantiveram a mesma rotina de compactação, especialmente em relação ao tempo

gasto sobre a massa cortada. Como a silagem colhida na safra 2020 tinha menos umidade, a consequência foi um maior acúmulo de ar no silo, reduzindo a densidade, o que deve ser melhorado.

Produção (L/ton MS de silagem)

% MS da silagem

40

Observou-se aumento médio de 84 litros de leite por tonelada (base seca) de silagem produzida no terceiro ano de acompanhamento (Figura 2). O benefício observado é claro e, segundo o professor coordenador do projeto, o Zootecnista Claiton André Zotti, quando a melhora da qualidade da silagem é traduzida em produção de leite, fica mais fácil sensibilizarmos os produtores sobre a importância de eles executarem cada etapa da ensilagem com atenção.

1600 1400

1 276

1 336

1 360

2019 Ano safra

2020

1200 1000 800 600 400 200 0

2018

Levando em conta as características das propriedades, realizamos uma simulação simples. Considerando-se 5 ha de plantio; produção média de 40 ton massa verde/ha, 35,4 % MS (ano 2020). Assim, teríamos o total de 70,8 Ton de MS, ou seja, um acréscimo de 5.947 (70,8 x 84) litros de leite por propriedade na safra 2020 comparada a 2018. Adotando o preço médio de R$ 1,7 (valor médio pago por litro de leite aos produtores em 2020), cada propriedade teve um acréscimo de R$ 10.110,00 em sua rentabilidade. Resultados como os observados ao longo destes três anos, ilustram a oportunidade que as propriedades possuem para aumentar a rentabilidade. Isso nem sempre significa gastar mais durante o processo de produção de silagem, por exemplo. Basta estar atento a redução de perdas durante a ensilagem, finaliza o prof. Claiton. O constante acompanhamento técnico orientativo que a extensão universitária ou assistência técnica oferecem é fundamental para que o sistema de produção tenha maior eficiência produtiva e rentabilidade.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 51


AGROINDÚSTRIA

CONFORTO TÉRMICO: PRODUTIVIDADE E QUALIDADE NO PRODUTO FINAL Por Silvania Cuochinski

C

om posição privilegiada na exportação de carne suína e de aves, crescimento expressivo na produção de lácteos, entre outros destaques que envolvem a produção de alimentos, o Brasil investe cada vez mais em tecnologias para garantir produtividade, sustentabilidade e eficiência. Aliado a isso, a preocupação com as condições de trabalho é um aspecto que ganha atenção especial. Garantir um ambiente com temperatura adequada, por exemplo, é um desafio que impacta na melhoria da produtividade e qualidade de trabalho dos profissionais. Por isso, cada vez mais, as indústrias buscam investir no conforto térmico dos profissionais, sem deixar de lado a economia de energia. Soluções de ventilação, refrigeração, aquecimento e tratamento de ar impactam, ainda, na qualidade do processamento de alimentos. Segundo o diretor da Ecoflui Ventilação, Refrigeração e Climatização, Fabricio Cover, um projeto adequado melhora significativamente o conforto térmico dos funcionários de um frigorífico. “Com isso, é possível reduzir os elevados índices de afastamento em todas as áreas que não estiverem associadas às condições térmicas inerentes ao processo produtivo. Um projeto bem avaliado e dimensionado pode otimizar e equilibrar as condições térmicas de cada local, melhorando a qualidade dos alimentos processados e otimizando o consumo energético de toda a instalação”.

DESAFIOS EM TEMPOS DE PANDEMIA

FOTO: DIVULGAÇÃO

Com o surgimento da Covid-19, as indústrias

52 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

precisaram ficar ainda mais atentas à renovação do ar. “O aumento das taxas de renovação do ar e de filtração na indústria, em conjunto com outras medidas de proteção, passou a ser fundamental para a saúde dos funcionários dos frigoríficos”, realça Cover. Segundo ele, os gastos com energia elétrica podem ser significativamente reduzidos com a escolha dos materiais adequados. “Também é fundamental avaliar de forma consciente as cargas em jogo e fazer uma execução detalhada do projeto, explorando sustentabilidade com eventuais alternativas energéticas”. Além disso, essas tecnologias também auxiliam na preservação ambiental.

FISCALIZAÇÃO REFORÇADA

A Lei 13.589/2018, também conhecida como lei do PMOC, prevê a partir de janeiro de 2022 um aumento das ações de fiscalização. O setor frigorífico terá especial atenção às condições de trabalho e à qualidade do ar interior na satisfação do disposto nomeadamente nas NR 17 e NE 36. “Da conclusão de uma perícia (laudo técnico), todos os envolvidos no processo direta ou indiretamente (projetistas, fabricantes, instaladores...) poderão sofrer um processo judicial”, salienta Cover. A lei visa garantir a boa qualidade do ar e eliminar/minimizar os riscos potenciais à saúde das pessoas que ocupam esses espaços. Trata-se de um Plano de Manutenção, Operação e Controle, exigido pela Portaria 3.523/MS. Além de estipular quando as verificações e correções técnicas deverão ser executadas em cada ponto do sistema de refrigeração, especifica o número de ocupantes de cada ambiente refrigerado, a carga térmica do equipamento e o tipo de atividade desenvolvida no local.

DA PORTEIRA PARA DENTRO Além da indústria, os sistemas para conforto térmico também apresentam excelentes resultados nas propriedades rurais. Com projetos adequados para cada necessidade, é possível melhorar o ganho de peso dos animais, aumentar a produtividade e a rentabilidade para o agricultor. “Podem ser instalados em aviários, instalações de suínos, além de gado de leite e corte”, comenta o diretor da Ecoflui. Cover explica ainda que a ventilação, a renovação do ar e a manutenção das condições térmicas adequadas também refletem no bem-estar animal. Nesse caso, sempre que possível, a renovação deve acontecer com as mais elevadas taxas de ar novo, visando prever uma recuperação de energia.

ECOFLUI

Com sede em Chapecó/SC, a Ecoflui atua desde 2015 com foco no atendimento de excelência, prezando pela entrega das melhores soluções para os mais variados ramos de negócios. O processo de trabalho leva em conta o foco na eficiência de processos e no consumo de energia. A empresa oferece soluções para ventilação, renovação do ar, condicionamento térmico e recuperação energética. Também atua com soluções para exaustão, tratamento de gases e remoção de pó, particulados e odores.

COM UM PROJETO ADEQUADO É POSSÍVEL REDUZIR OS ELEVADOS ÍNDICES DE AFASTAMENTO EM TODAS AS ÁREAS QUE NÃO ESTIVEREM ASSOCIADAS ÀS CONDIÇÕES TÉRMICAS INERENTES AO PROCESSO PRODUTIVO.” FABRICIO COVER, diretor da Ecoflui.


SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 53


FOTO: FREEPIK

GRÃOS

54 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021


SOJA

TRANSGÊNICA

GRANDES PLAYERS SE UNEM PARA RECONHECIMENTO DE ROYALTIES Projeto Cultive Biotec é um sistema para regularizar e gerenciar a propriedade intelectual de sementes biotecnológicas Por Bruna Deitos

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 55


GRÃOS

GERENCIAMENTO DOS PAGAMENTOS

Havia, até então, duas formas de regularizar o pagamento. Uma delas era no ato da compra da semente quando o valor embutido é pago. O outro formato é quando o produtor já possui a semente, salva e planta novamente. Diante deste cenário, é necessário reportar ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e, com base na expectativa de produção, realizar o pagamento quando entrega o produto para comercialização. O problema, porém, aponta Silvia Fagnani, é a dificuldade que os players têm para gerenciar o pagamento dos royalties. Por conta disso, elas se uniram para reconfigurar o processo e garantir o pagamento

56 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

correto pelo valor do produto. Agora, quando as sementes chegam no ponto de recebimento, caso seja detectada a biotecnologia, o produtor paga o uso ao projeto. Importante lembrar que isso só ocorre se o agricultor não fez a compra regular da semente (certificada ou reservada legal) ou se o volume da carga com biotecnologia confirmada for superior ao volume de isenção que possui. Neste último caso, paga pelo excedente e, se necessário, pode abrir um chamado pelos canais de atendimento e solicitar para rever o volume de isenção antes de seguir para o pagamento. “Não existe como identificar qual biotecnologia foi usada, se da empresa x ou y. Por isso, para que o produtor não pague duas vezes pela mesma semente, ele pagará apenas uma vez ao Cultive Biotec”, explica Silvia. O projeto, segundo a executiva, garante a concorrência tendo em vista que mais empresas vão aderir e participar por causa do gerenciamento da propriedade intelectual, e garante o retorno correto às empresas.

NOVAS TECNOLOGIAS

O diretor de Assuntos Regulatórios da divisão agrícola da Bayer para a América Latina, Geraldo Berger, garante que as pesquisas têm o objetivo de colaborar no enfrentamento dos grandes desafios globais impostos à agricultura. “A Bayer entende que o respeito à propriedade intelectual é fator essencial para que a companhia intensifique investimentos em pesquisa e desenvolvimento e em inovação na agricultura. Acreditamos que inovação seja o principal caminho para endereçar problemas, resolver questões e gerar crescimento nos mais diversos setores”. O projeto defende que, assim, será possível oferecer mais opções ao

Brasil é o maior produtor de grãos de soja do mundo com 135,4 milhões de toneladas produzidas na última safra (05/2021). Destes, 97% do grão plantado é transgênico.

produtor, já que haverá incentivo às novas tecnologias e estudos. “Os grãos transgênicos aumentam o rendimento, qualidade dos alimentos, fibras e matérias-primas renováveis de uma forma amigável com o meio ambiente. E atendem às necessidades dos produtores: melhorar a produtividade da colheita, reduzindo o impacto para o meio ambiente, promovendo a sustentabilidade do agronegócio”, garante Berger.

BIOTECNOLOGIA

O diretor de Biotecnologia da Croplife Brasil, Othon Abrão, explica que sementes bi o te cn o l ó gi cas são plantas que tiveram seu material genético (DNA/RNA) alterado por técnicas de engenharia genética. “Em resumo, é uma planta que recebeu um ou mais genes prove-

FOTOS: DIVULGAÇÃO

P

lantas mais resistentes às pragas, doenças, condições de estresse ambiental e aos herbicidas. Grandes empresas, como Bayer, Basf, Syngenta e Corteva Agrisciense, investem em pesquisa e inovação para oferecer ao mercado sementes biotecnológicas. Recentemente, as quatro gigantes se uniram para lançar no Brasil um sistema para reconhecimento da propriedade intelectual destas sementes com tecnologia pelo produtor. O projeto se chama Cultive Biotec e é dirigido pela executiva Silvia Fagnani. As biotecnologias são protegidas pela legislação brasileira por meio da Lei de Propriedade Industrial (n º 9.279/96), que resguarda o direito de recolhimento de royalties pelo uso das sementes que possuem propriedade intelectual válida. Para incentivar os avanços relacionados à genética vegetal na agricultura, o instrumento jurídico disponível é, ainda, a Lei de Proteção de Cultivares (‘‘LPC’’), Lei n.º 9.456/1997. Esses dois instrumentos, e os direitos de Propriedade Intelectual garantidos por eles, são fundamentais para estimular a criação de novas tecnologias para a agricultura. A LPC protege e estimula o desenvolvimento de novas cultivares. A LPI, por sua vez, estimula o uso da engenharia genética e da biotecnologia avançada que incorporam novas características às cultivares.


FOTOS: FREEPIK

SOJA TRANSGÊNICA ALIMENTA O MUNDO

SEMENTES BIOTECNOLÓGICAS SÃO PLANTAS QUE TIVERAM SEU MATERIAL GENÉTICO (DNA/RNA) ALTERADO POR TÉCNICAS DE ENGENHARIA GENÉTICA.” OTHON ABRÃO, diretor de Biotecnologia da Croplife Brasi

nientes de um outro organismo, podendo assim, ter uma característica nova”, ensina. Neste sentido, uma planta geneticamente modificada tolerante a herbicidas é aquela na qual foi introduzido um gene que confere característica de tolerância a herbicidas de largo espectro, como o glifosato e o glufosinato de amônio. Essa tecnologia permitiu o emprego de defensivos químicos mais eficientes e também intensificou a prática do plantio direto – prática conservacionista que permite o plantio de nova safra sobre a palha da anterior. “Com isso é garantido uma melhor sanidade do solo e

o melhor controle e manejo de plantas daninhas”, argumenta o diretor.

MAIS SUSTENTÁVEL

Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil é o maior produtor de grãos de soja do mundo com 135,4 milhões de toneladas produzidas na última safra (05/2021). Destes, 97% do grão plantado é transgênico. A líder do mercado, Bayer, está na terceira geração de biotecnologia. A segunda geração, por exemplo, é comprovadamente eficaz na redução de danos ao meio ambiente. De acordo com um estudo, a Intacta contribui para a redução no consumo de combustível em propriedades rurais e, consequentemente, para a menor emissão de gases de efeito estufa. “A tecnologia propiciou uma redução de 6,8 bilhões de quilos de emissões de CO2, o equivalente a remover 3,3 milhões de carros das ruas, desde seu lançamento. Isso só foi possível, pois a tecnologia é resistente às principais lagartas que atacam a lavoura de soja e permite um melhor controle de plantas daninhas, o que faz com que os agricultores reduzam o tempo no uso de tratores e favoreçam o uso de plantio direto, um dos sistemas mais conservacionistas da agricultura moderna”, explica o diretor. A Corteva, por sua vez, apresenta ao mercado uma concorrente: a Enlist. O plantio das sementes Enlist® se dará já na safra 2021/2022 com 14 variedades. A safra 22/23 terá um total de 33 variedades. “A produtividade alcançada ficou entre 2% e 5% acima das variedades comerciais que estão no mercado – em alguns lugares do país, esse número chegou a 8% a mais", destaca o líder da Tecnologia Enlist da Corteva Agriscience para Brasil e Paraguai, Christian Pflug.

Além disso, uma semente biotecnológica pode apresentar outras características como qualidade de óleo melhorada, aumento na produção de celulose, tolerância à seca, resistência a vírus, ou resistência a diferentes insetos. Com isso, a biotecnologia tem entregado para os agricultores sementes que exigem menos insumos e recursos naturais, como plantas que precisam de menos água e menos defensivos, mantendo bons índices de produtividade.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 57


FOTO: DIVULGAÇÃO

ESPECIAL CAMPO CONECTADO

58 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021


CONECTIVIDADE

QUE TRANSFORMA Acesso à tecnologia 4G conecta pessoas, melhora os processos de produção e aumenta a produtividade do homem do campo

EM 11 ANOS, O NÍVEL DE CONECTIVIDADE NO CAMPO AUMENTOU

1900% 85%

(2006 A 2017)

DOS PEQUENOS E MÉDIOS PRODUTORES JÁ ESTÃO USANDO ALGUM TIPO DE TECNOLOGIA DIGITAL PARA O GERENCIAMENTO DAS SUAS PROPRIEDADES

Além disso, percorreu regiões produtivas do país para conhecer a realidade do produtor brasileiro e entender os desafios enfrentados com conectividade e digitalização dos processos de trabalho. E deste esforço, nasceu o projeto 4G TIM No Campo

MAIOR ABRANGÊNCIA E EFICIÊNCIA

O diretor de Soluções Corporativas da TIM Brasil, Paulo Humberto Gouvêa, explica que a tecnologia 4G de 700 MHz tem como principal vantagem a boa velocidade de conexão e baixa latência, com a facilidade de carregar e enviar dados em um tempo curto de transmissão. O benefício da tecnologia está, ainda, em oferecer maior abrangência, pois quanto menor a frequência, maior a distância alcançada. “Grandes produtores do agronegócio aderiram rapidamente à oferta já que era uma

94%

DOS PRODUTORES RURAIS TÊM CELULARES E, DESSES, 68% POSSUEM SMARTPHONES MAIS DE

70%

DAS PROPRIEDADES RURAIS NO BRASIL NÃO TÊM ACESSO À INTERNET

FOTO: ICTOCK

E

levar o agronegócio a novos patamares de inovação e competitividade através da conectividade. Um estudo da Associação Brasileira de Marketing Rural (ABMRA) de 2020 identificou que 94% dos produtores rurais têm celulares e, desses, 68% possuem smartphones. Os números mostram que o produtor rural está pronto para receber tecnologias, mas o grande desafio ainda é a conectividade. Atualmente, cerca de 70% das propriedades rurais não possuem acesso à internet. Para mudar essa realidade, governo e iniciativa privada aceleraram iniciativas para a ampliação da conectividade. A empresa de telefonia TIM deu um importante passo para promover a revolução digital rural. Há 4 anos, iniciou a instalação de antenas com a tecnologia 4G em área rurais, atendendo à demanda do agronegócio.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 59


ESPECIAL CAMPO CONECTADO

4G TIM NO CAMPO EM NÚMEROS » Mais de 6 milhões de hectares conectados

» 600 mil pessoas beneficiadas 8 Estados diferentes » » 218 cidades em território rural » Mais de 25 mil quilômetros de estradas e rodovias. A meta é chegar em 13 milhões » de hectares até o final de 2022

demanda reprimida. Houve a inserção de máquinas modernas, robôs e demais maquinários, mas não havia a possibilidade de acessar imediatamente. A Solução 4G TIM no Campo teve o objetivo, em um primeiro momento, de conectar a operação agrícola”, pontuou. Mas os ganhos foram além. Ao optar pela cobertura, os grandes produtores acabaram possibilitando a conectividade a toda a comunidade. “Estamos conectando as pessoas. A digitalização da região permite atender a área produtiva e também as outras propriedades no entorno deste espaço. É uma cobertura completa, o feedback está sendo muito positivo”, comenta.

FOTOS: DIVULGAÇÃO TIM

CONEXÃO POTENCIALIZA A LUCRATIVIDADE

É UM PROCESSO: NINGUÉM SAI DO ANALÓGICO E MUDA 100% PARA O DIGITAL. TODOS OS SERVIÇOS ESTÃO SE ADAPTANDO E COM O AGRO NÃO É DIFERENTE.” PAULO HUMBERTO GOUVÊA, Head de Soluções Corporativas da TIM Brasil.

60 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

Um estudo desenvolvido pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP) e apresentado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em maio deste ano apresenta os desafios brasileiros a serem superados. A pesquisa, chamada de Cenários e Perspectivas da Conectividade para o Agro, afirma que, se o Brasil atingir 50% de cobertura de conectividade no setor, haverá um aumento de 4,5% no valor bruto da produção agropecuária brasileira, gerando um adicional de cerca de R$ 47 bilhões na economia do país. “A tecnologia transforma o agronegócio. Antes a tomada de decisões não podia ser em tempo real, agora o grande produtor passa a ter acesso aos dados, cruzamento de informações e poder de decisões de forma mais eficiente e rápida. Estamos conectando processos e pessoas”, defende o Head de Marketing e ioT da TIM Brasil, Alexandre Dal Forno.


O NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO DE UM POVO MUDA QUANDO A GENTE POSSIBILITA O ACESSO À INTERNET.” ALEXANDRE DAL FORNO, Head de Marketing e ioT da TIM Brasil.

A internet impõe uma mudança de mindset. Se antes os sistemas pessoais e profissionais eram totalmente analógicos, hoje parece pouco possível sobreviver sem ter acesso ao mundo virtual. “É uma mudança muito grande. Acontece a digitalização de toda operação agrícola. Isso altera o dia a dia e também o resultado final”, informa.

REVOLUÇÃO DIGITAL JÁ COMEÇOU

Criar um ecossistema de soluções para a conectividade no campo. A TIM e outras grandes empresas tecnológicas se uniram e fundaram o ConectarAgro, associação sem fins lucrativos com o objetivo de viabilizar o acesso à internet pelos pequenos, médios e grandes produtores rurais, em que cada uma contribui com sua expertise para facilitar a revolução digital. “Todos tivemos que nos adaptar a um maior grau de conectividade com a pandemia e no agro não é diferente. A digitalização já estava acontecendo, mas deu um impulso quando fomos obrigados a trabalhar de forma mais online. Nesse sentido, a agroindústria acelerou a necessidade de estar também conectada”, comenta Gouvêa.

OS BENEFÍCIOS DA CONECTIVIDADE Facilidade para o campo se comunicar com clientes e fornecedores. Acesso maior às novas tecnologias. Soluções para processar e monitorar os dados do campo. Ganho de tempo e produtividade. Acesso aos principais recursos tecnológicos da agricultura de precisão e automação. Gerenciamento integrado de toda a cadeia produtiva com monitoramento de dados. Redução de custos e aumento da qualidade das safras e dos produtos agropecuários. Aumento da própria competitividade no mercado agrícola e melhores oportunidades de fechar negócios.

DESENVOLVIMENTO DE SOLUÇÕES

A TIM desenvolve alianças estratégicas e parcerias com hubs de negócios e aceleradoras de startups para fomentar o desenvolvimento de soluções e promover, por meio do uso das tecnologias móveis e IoT, a digitalização e automação do campo. Uma delas é em parceria com AgTech Garage em que buscam startups inovadoras e abrem uma chamada para projetos voltados para a próxima geração de redes móveis, o 5G. Agora, na segunda edição, a busca é por startups interessadas em testar as aplicações no laboratório da TIM no Rio de Janeiro, em formato de Prova de Conceito (POC). A TIM é pioneira em iniciativas com 5G no país, tendo quatro projetos piloto em andamento, inclusive para o agronegócio. Todos são relacionados a redes 5G SA, ou Stand Alone, o padrão definido pelo governo federal para implementação de rede, após o leilão de frequências realizado no início de novembro. Em abril, a TIM realizou um teste que atingiu a maior velocidade registrada no país, com equipamentos de rede comercial.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 61


COOPERATIVAS

FOTO: MB COMUNICAÇÃO/DIVULGAÇÃO

EMPRESÁRIOS RURAIS CATARINENSES Empreendedor Rural SÃO HOMENAGEADOS Prêmio Cooperativista está na 8ª edição e busca valorizar as diferentes práticas do setor

PRÊMIO GERAL: TROFÉU AURY LUIZ BODANESE

1o

Bertilo Wickert da empresa rural Família Wickert (associado à Cooperitaipu).

A

Cooperativa Central Aurora Alimentos, Sebrae e Excelência Santa Catarina homenageou os empresários rurais que se destacaram com práticas diferenciadas de melhoria da qualidade de vida e renda, bem como pela contribuição com a preservação do planeta. A 8ª edição do Prêmio Empreendedor Rural Cooperativista - Troféu Aury Luiz Bodanese 2021 recebeu inscrições de 149 propriedades associadas às cooperativas filiadas à Aurora Coop. Ao todo, 24 foram premiadas. Todas as famílias que concorrem à premiação integram o Programa Encadeamento Produtivo, desenvolvido pela Aurora Coop, Sebrae/SC e outros parceiros. Os empresários rurais também participam do Programa Propriedade Rural Sustentável Aurora (PRSA). O diretor vice-presidente de agronegócio Marcos Zordan agradeceu aos parceiros e destacou que as maiores cooperativas são as famílias do campo. “Um dos grandes avanços que observamos está relacionado à gestão mais organizada e ao envolvimento de todos no desenvolvimento das atividades e na tomada de decisões. Aliado a isso, as questões econômicas, sociais e ambientais estão andando juntas e, sem dúvida, vêm sendo fundamentais para promover avanços no campo.” O diretor presidente Neivor Canton completou que há 52 anos o cooperativismo se transformou em um case de sucesso com histórias contadas por mais de 100 mil famílias no campo e na cidade. “Imagino o sentido que existe para um jovem acompanhar ou representar seus pais nesse ato que reconhece a evolução nessas propriedades que são verdadeiros exemplos de gestão, eficiência e índices de produtividade. Podemos afirmar que consolidamos a metodologia e, com muito orgulho, temos os melhores empresários rurais do Brasil”.

62 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

2o

Gilberto Brancher da

Propriedade Rural

Família Brancher (associado à Cooperitaipu).

3o

André Backes, da Fazenda Vô Valdir (associado à Cooperalfa).

PREMIADOS POR COOPERATIVA COOLACER: 1º lugar: Adriano Ercidio Borsoi (Lacerdópolis) 2º lugar: Felipe Prando (Jaborá) 3º lugar: Reny de Lima (Erval Velho)

CASLO: 1º lugar: Itacir Graciolli (Campo Erê) 2º lugar: Soismar Lazzarotto (São Lourenço do Oeste) 3º lugar: Roberto Fedrigo (Novo Horizonte)

COOPERVIL: 1º lugar: Jucilei Pagliarini (Iomere) 2º lugar: Ivanize Gaio (Rio Das Antas) 3º lugar: Idovino Serafini (Videira)

COPÉRDIA: 1º lugar: Edivan Zulian (Concórdia) 2º lugar: Diego Biondo (Seara) 3º lugar: Adriana Savoldi Frigo (Concórdia)

COOPER A1: 1º lugar: Edmar Sommer (Palmitos) 2º lugar: Marciano Rohden (Itapiranga) 3º lugar: Jandir Demartini (Caibi)

COOPERITAIPU: 1º lugar: Bertilo Wickert (Saudades) 2º lugar: Gilberto Brancher (Pinhalzinho) 3º lugar: Andrei Schutz (Bom Jesus do Oeste)

AURIVERDE: 1º lugar: Mauricio Mazon (Lauro Muller) 2º Lugar: Cleiton Koch (Maravilha) 3º lugar: Ernani Neumann (Cunha Porã)

COOPERALFA: 1º Lugar: André Backes (Quilombo) 2º lugar: Alexandre Tansini (Quilombo) 3º lugar: Edivan Loch (São Carlos)


SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 63


GESTÃO NO AGRO Por Jonatan Amorim Pinheiro

AGRONEGÓCIO:

INCENTIVOS FISCAIS FEDERAIS E OS IMPACTOS DA REFORMA TRIBUTÁRIA Setor é a locomotiva da economia brasileira e as mudanças nos incentivos fiscais federais podem causar cortes de recursos financeiros

C Jonatan Amorim Pinheiro Advogado

om o crescimento exponencial da última década, o merc a d o d o a g r o n e g ó ci o nacional, mesmo em um cenário de pandemia, continua batendo recordes de produção e de faturamento. O bom resultado decorre, principalmente, das medidas adotadas pelo MAPA, do avanço da tecnologia relacionada ao melhoramento genético e empregada no cultivo, e também da política tributária adotada para o setor. Tamanha é a expectativa que, de acordo com a CONAB, a projeção de colheita para a safra de 2021/2022 é um novo recorde, ficando próximo de 290 milhões de toneladas.1

64 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

No ano de 2020, em razão da demanda externa aquecida (por efeito do receio de desabastecimento dado o fechamento de fronteiras e a recomposição do rebanho chinês após a peste suína africana), e da valorização do dólar em relação ao real, a participação do agronegócio foi essencial, sendo um dos únicos setores produtivos em que houve crescimento (2%) em relação ao ano anterior. Com isso, segundo o estudo realizado pela CNA, apesar do PIB brasileiro ter encerrado em queda (-4,1%), o agronegócio atingiu o percentual de 26,6% de participação real no ano. Em valores monetários, o PIB do agronegócio movimentou

quase R$ 2 trilhões, sendo puxado pelos ramos agrícola e pecuário2. A agricultura, já no ano de 2021, segue sendo o carro chefe do agronegócio e mantendo destaque no setor, comandada pela soja, atingiu um percentual de 14,46% de crescimento no primeiro semestre, de acordo com pesquisa publicada pelo CNA em conjunto com o CEPEA, unidade da USP3.

INCENTIVOS E BENEFÍCIOS FISCAIS QUE FOMENTAM O AGRO

Visível, então, que o agronegócio tem sido a locomotiva da economia do país, fazendo por merecer, desde


FOTO: FREEPIK

“ENTRE OS BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS ESTÁ A SISTEMÁTICA DA PRESUNÇÃO DE CRÉDITOS QUE VISA ALIVIAR A CARGA TRIBUTÁRIA DECORRENTE DE DIVERSAS OPERAÇÕES EM CADEIA NA PRODUÇÃO.”

o início de suas séries de produções históricas, o Estado vem concedendo uma gama de benefícios e incentivos fiscais para o empresariado do setor, na busca de fomentar o desenvolvimento da atividade econômica. Nesse sentido, é importante destacar os subsídios oferecidos pelo Governo Federal relacionados à contribuição ao PIS/Pasep e a Cofins, tributos que incidem sobre a receita bruta auferida pelos contribuintes. Apenas para que fique claro, de início, é importante lembrar que, atualmente, a 1

Receita Federal do Brasil compreende como insumos as matérias-primas, produtos intermediários, material de embalagem e qualquer outro produto ou serviço essencial ou relevante ao processo produtivo e, ainda, aquilo que se emprega por imposição legal4. Tratando especificamente do agronegócio, os benefícios tributários são extensos, dentre eles está a sistemática da presunção de créditos, que visa, em resumo, aliviar a carga tributária decorrente de diversas operações em cadeia na produção. Com relação à agroindústria, por exemplo, é permitido o aproveitamento de créditos presumidos do PIS/Pasep e Cofins pelos industrializadores de mercadorias de origem animal ou vegetal. Nesse contexto, são as Leis nos 10.925/2004, 12.599/2012 e 12.865/2013 que preveem o tipo de mercadoria produzida e insumo adquirido capaz de possibilitar o aproveitamento de créditos presumidos, definindo também o percentual das aquisições a ser aproveitado como crédito. Naturalmente observado o extenso rol de hipóteses de apuração e cobrança das contribuições nas operações ligadas ao agronegócio, a Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil editou a Instrução Normativa nº 1.911/2019, por meio da qual explica e sistematiza os métodos de realização dos incentivos oferecidos ao contribuinte. Outro importante benefício, também relativo às contribuições ao PIS/Pasep e à Cofins, é a venda de insumos de origem vegetal ou animal, por pessoa jurídica, para as agroindústrias no mercado interno com a suspensão do pagamento dessas contribuições. Vale dizer que para o gozo do benefício é necessário o preenchimento de vários requisitos, tanto pelo vendedor quanto pelo adquirente. A título de curiosidade, uma dessas barreiras, disposta no art. 495, §3º da Instrução Normativa, inclusive, reflete a impossibilidade do adquirente apropriar-se de créditos vinculados a essas operações. Porém, o tema ainda é bastante frágil e a vedação pode ser discutida no judiciário.

Além dos benefícios da presunção de créditos na aquisição de diversos insumos e da suspensão do pagamento da contribuição ao PIS/Pasep e da Cofins, o agronegócio tem a possibilidade, ainda, de se valer da sistemática regulada no art. 540 da IN nº 1.911/2019. O benefício, por sua vez, diz respeito às mercadorias tributadas à alíquota zero das contribuições em análise. Na prática, o produtor de adubos e fertilizantes, defensivos agropecuários, fertilizantes, sementes, além de produtos da cesta básica como óleo de soja, café, entre outros, não recolhe o PIS/ Pasep e a Cofins incidente sobre a receita decorrente da venda de tais produtos. Em síntese, considerando a importância do setor para o país, o agronegócio tem sido beneficiado pelo Governo Federal por meio de benesses fiscais que reduzem a carga tributária incidente sobre suas operações, principalmente se consideradas as alíquotas gerais do PIS/Pasep (1,65%) e da Cofins (7,6%). Não por outro motivo é que se discute tanto sobre a reforma tributária, que inicialmente estava prevista para acontecer até o fim de 2021. Na proposta apresentada pelo Governo Federal, há previsão de corte de cerca de 33,8% dos benefícios fiscais. Para o agronegócio, já se discute uma representativa redução do crédito presumido na compra de insumos. Assim, embora se perceba que a reforma possivelmente simplificará a cadeia tributária, sobretudo do PIS/Pasep e da Cofins, o projeto do Executivo trará aumento na carga fiscal e facilidade na fiscalização. Por fim, vale frisar que foram destacados apenas alguns dos benefícios tributários existentes no sistema atual, uma vez que o agronegócio possui, pelo menos, dez incentivos federais concedidos ao setor, o que demanda uma avaliação da particularidade de cada negócio e um bom planejamento tributário para que sejam aproveitados ao máximo os privilégios disponíveis e, para isso, conte conosco.

https://www.conab.gov.br/ultimas-noticias/4316-estimativa-indica-aumento-na-producao-de-graos-na-safra-2021-22-com-previsao-em-288-61-milhoes-de-toneladas

2

https://www.cnabrasil.org.br/boletins/pib-do-agronegocio-alcanca-participacao-de-26-6-no-pib-brasileiro-em-2020

3

https://www.cepea.esalq.usp.br/upload/kceditor/files/Cepea_PIB_CNA_1semestre_21(2).pdf

4

Parecer Normativo RFB COSIT nº 5 de 2018.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 65


ANÁLISE DE MERCADO Por Felippe Serigati e Roberta Possamai

CAOS LOGÍSTICO:

66 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

EVOLUÇÃO DO GLOBAL CONTAINER FREIGHT INDEX, DA FBX: valores referentes à primeira sexta-feira de cada mês 12.000 10.000 8.000 6.000

set-21 10.519

out-21 10.517

ago-21 10.380

jul-21 6.970

jun-21 6.251

mai-21 4.957

abr-21 4.442

mar-21 4.347

jan-21 3.452

fev-21 4.438

dez-20 2.652

out-20 2.250

nov-20 1.461

jul-20 1.812

ago-20 1.828

jun-20 1.456

abr-20 1.433

mai-20 1.451

mar-20 1.358

0

jan-20 1.461

2.000

set-20 2.032

4.000

fev-20 1.468

Fonte: Freightos Baltic Index (FBX). Disponível em: https://fbx.freightos.com/freight-index/FBX.

OFERTA MENOR DE TRANSPORTES E DIFICULDADES MAIORES DE OPERAÇÃO

Com a propagação da Covid-19 ao redor do mundo no início de 2020, diversas nações decretaram medidas de restrição de circulação de pessoas, gerando, dentre tantas outras consequências, uma desordem na logística marítima do planeta, cujos efeitos são sentidos ainda hoje. Naquele momento, os principais portos

do mundo paralisaram temporariamente suas atividades, fazendo com que os navios ficassem retidos e demorassem mais tempo para ir a outros destinos, prejudicando toda a cadeia de transporte marítimo e reduzindo a oferta desses serviços no mercado. Ao mesmo tempo, o comércio internacional sofria fortes retrações por conta das incertezas geradas pela pandemia. Isso fez com que as empresas de navegação adotassem medidas

FOTO: WENDERSON ARAUJO/TRILUX/CNA

A

partir do terceiro trimestre de 2020, durante a primeira onda de Covid-19 no mundo, os fretes marítimos entraram em uma trajetória contínua de expansão, mudando drasticamente de patamar ao longo do tempo. De acordo com o Global Container Freight Index, da Freightos Baltic Index (FBX), entre janeiro/2020 e outubro/2021, a média global de preços de contêineres cresceu mais de 620% (sem levar em conta eventuais ajustes sazonais). Considerando apenas o ano corrente, já há uma alta acumulada de 277% (janeiro a outubro de 2021 frente ao mesmo período do ano anterior). Essa mudança substancial nos valores dos fretes afeta diretamente os setores econômicos que têm no comércio internacional um relevante canal de compra e venda de seus produtos. Claramente, esse é o caso das atividades nacionais associadas ao universo agro, como a agropecuária e a agroindústria. Vale lembrar que, para as commodities agrícolas, que são importantes itens da pauta exportadora do país, o impacto da elevação dos preços dos fretes tende a ser ainda maior, uma vez que, de forma geral, o setor transaciona produtos de menor valor agregado. Com isso, esse choque de custos precisa ser incorporado na margem de lucro de algum elo da cadeia. O aumento nos preços dos fretes marítimos foi causado por um conjunto de elementos que geraram desequilíbrios tanto pelo lado da oferta quando pelo da demanda. É importante detalhar esses fatores em cada um desses casos logo na sequência.

FOTO: ADOBE STOCK

Mais um desequilíbrio do quase pós-pandemia


Ao longo da primeira onda de Covid-19, o agronegócio brasileiro conseguiu se beneficiar das incertezas iniciais decorrentes da crise sanitária, alcançando novos mercados e reforçando a presença naqueles em que já operava. Contudo, a partir do segundo semestre de 2020, justamente quando as principais economias começaram a demonstrar recuperação, o volume de exportação do agronegócio brasileiro entrou em trajetória de declinante, mantendo-se assim até o primeiro bimestre de 2021. Possivelmente, o aumento no preço dos fretes nesse período deve ter contribuído para essa dinâmica. Porém, mesmo com os valores de fretes atingindo picos históricos, o volume de vendas externas voltou a crescer no início de 2021 e logo as exportações voltaram para o patamar verificado em meados de 2020.

mais restritivas para tentar minimizar os prejuízos causados pela baixa demanda, cancelando algumas escalas de transporte, suspendendo a fabricação de novos contêineres e deixando, até mesmo, de realizar novos pedidos de navios. Adicionalmente, outros fatores prejudicaram o bom funcionamento da cadeia logística internacional, tais como: • Encalhamento, por seis dias, do navio Ever Given, em março/2021, que interrompeu as atividades no canal do Suez – uma das rotas comerciais mais importantes do mundo. Esse acidente fez com que, segundo a Autoridade do Canal de Suez, mais de 420 navios permanecessem bloqueados no período; • Maior lentidão na operação dos portos de diversos países devido às restrições sanitárias adotadas, fazendo com que os navios levassem mais tempo para embarcar e desembarcar seus produtos; • Fechamento parcial, em agosto/2021, do terceiro porto de contêineres mais movimentado do planeta (que fica na China), motivado por um caso de Covid-19 em um de seus funcionários; e • Congestionamento de navios recorde no complexo portuário de Los Angeles e Long Beach devido ao excesso de demanda. Todos esses aspectos, conjuntamente, causaram uma desordem na logística marí-

Volume de exportações do agronegócio brasileiro (milhões de toneladas) 30 25 20 15 10 5 0

jan-20 fev-20 mar-20 abr-20 mai-20 jun-20 jul-20 ago-20 set-20 out-20 nov-20 dez-20 jan-21 fev-21 mar-21 abr-21 mai-21 jun-21 jul-21 ago-21

MESMO COM A ALTA DO FRETE MARÍTIMO, AS EXPORTAÇÕES DO AGRONEGÓCIO FORAM SUSTENTADAS

Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

tima, resultando em uma redução na capacidade de oferta de navios e contêineres.

RECUPERAÇÃO ECONÔMICA E EXCESSO DE ESTÍMULOS ECONÔMICOS: AUMENTO DA DEMANDA POR TRANSPORTE

A demanda por fretes marítimos, após um primeiro momento de queda no início da pandemia, passou a registrar crescimento robusto. Isto é, após os iniciais efeitos adversos da primeira onda de Covid-19, que reduziram a demanda por esse tipo de transporte, houve uma intensa recuperação na procura por esses serviços. Essa retomada da demanda ocorreu, sobretudo, por conta da injeção de quantias impressionantes de capital por grandes nações, com o objetivo de recuperar rapidamente as suas economias. A consequência dessa maior liquidez foi, naturalmente, o aumento do consumo nesses países e, como grande parte dos bens tem origem no comércio internacional, houve uma maior procura por navios e contêineres.

O DESEQUILÍBRIO EXISTENTE AINDA LEVARÁ ALGUM TEMPO PARA SER RESOLVIDO

Após um período de significativa contração na disponibilidade de transportes marítimos, a demanda por esses serviços rapidamente se

aqueceu. Logo, o ajuste para esse desequilíbrio foi, naturalmente, a expansão dos valores dos fretes que, como foi visto, cresceu em quase 610%, passando de US$ 1.461, em janeiro/2020, para US$ 10.517, em outubro/2021. Essa alta dos custos de transporte tem impactado todos os setores da economia que tem alguma ligação com o mercado externo. No caso dos bens voltados para exportação, os produtos mais prejudicados são aqueles cujos preços são definidos no mercado internacional e com baixo valor agregado, tais como as comodities agrícolas – esses fretes elevados diminuem sobremaneira as margens de lucro de algum elo da cadeia de produção. Em relação aos bens importados como, por exemplo, insumos agropecuários, o alto preço do transporte marítimo encarece ainda mais esses produtos, que já tem sofrido com a desvalorização cambial. Por fim, é importante ressaltar que esse cenário de fretes elevados deve se manter no curto e médio prazos. Ou seja, apesar de o registro de encomendas de novos navios terem atingido recordes históricos, o aumento da oferta de navios porta-contêineres pode levar até três anos. Logo, espera-se que antes do fim de 2022 ou, até mesmo, do primeiro semestre de 2023, essa questão de oferta reduzida de fretes marítimos não tenha se resolvido por completo.

FELIPPE SERIGATI

ROBERTA POSSAMAI

Doutor em Economia pela Escola de Economia de São Paulo (EESP/FGV), professor e pesquisador do Centro de Agronegócios da FGV (FGV Agro). felippe.serigati@fgv.br

Mestre em Economia Agrícola pela Escola de Economia de São Paulo (EESP/FGV) e pesquisadora do Centro de Agronegócios da FGV (FGV Agro). roberta.possamai@fgv.br

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 67


AGRO&TECH

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL DETECTA SURTOS DE DOENÇAS EM ANIMAIS Parceria Boehringer Ingelheim e Lifebit vai monitorar e interpretar informações relacionadas a enfermidades em tempo real

68 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

pagação das doenças e consequentes perdas de vidas, tanto de animais, que são fontes de alimentos ricos em nutrientes, quanto de humanos. “O produtor rural, por sua vez, terá mais tranquilidade para aprimorar a sua produção, oferecendo proteína animal de qualidade, com segurança alimentar e livre de doenças causadas por surtos locais que não foram detectados a tempo de controlar”, explica.

Fábio Barone, Head da Divisão de Saúde Animal da Boehringer Ingelheim

COMO VAI FUNCIONAR

A grande quantidade de informações científicas relevantes que estão sendo produzidas em muitos níveis não podem ser coletadas e analisadas manualmente. Por isso, o sistema é construído em torno de uma arquitetura de aprendizagem ativa: com a inserção de dados mais relevantes, a sua precisão aumenta.

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA/DIVULGAÇÃO

A

Inteligência Artificial ( IA) poderá ser usada como meio para detectar e notificar antecipadamente surtos de doenças animais. A segunda maior empresa de saúde animal do mundo, a Boehringer Ingelheim Saúde Animal, e a Lifebit Biotech, companhia de bioinformática e análise de dados biomédicos, trabalham juntas usando dados coletados de publicações científicas e pesquisas de fontes abertas. A plataforma usa recursos analíticos avançados para notificar automaticamente seus usuários sobre surtos relevantes, como a disseminação de doenças com potencial de ultrapassar fronteiras ou o surgimento de novos patógenos. Cientistas e pesquisadores das duas organizações trabalharão combinando evidências e os mais recentes algoritmos de IA para identificar surtos de doenças infecciosas e responder de acordo com a necessidade. Segundo o Head da Divisão de Saúde Animal da Boehringer Ingelheim, Fábio Barone, por meio desta parceria com a Lifebit, a detecção de possíveis surtos locais de forma rápida, vai permitir que medidas sanitárias sejam tomadas, evitando a pro-


A PARTIR DESSES INSIGHTS, QUE SERÃO CADA VEZ MAIS PRECISOS COM A INSERÇÃO DE NOVOS DADOS, AS EQUIPES DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO TERÃO MAIS SUBSÍDIOS PARA PRIORIZAR OS SURTOS MAIS AMEAÇADORES.

Barone afirma que o principal benefício é proteger a humanidade. “Com a detecção precoce, é possível trabalhar de forma mais direta e organizada para a contenção do surto e evitar a sua propagação, mitigando riscos econômicos e sanitários, como abate de animais infectados, que acarreta menor oferta de proteína animal de qualidade para a população mundial”, afirma. Ele cita como exemplo a Peste Suína Africana, que dizimou milhões de suínos em mercados asiáticos nos últimos anos e resultou em uma grande redistribuição de proteína animal para alimentar a população da região, afetando diretamente na oferta deste alimento e aumentando consideravelmente os preços em todo o planeta.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 69

FOTO: ADOBE STOCK

DETECÇÃO ANTECIPADA


AGRO&TECH

ALIARE

Datacoper e Siagri lançam a Aliare

Marketplace para pequenos negócios rurais

FOTO: CAMPEAR/DIVULGAÇÃO

CAMPEAR

A startup Campear criou uma plataforma de marketplace focada no agronegócio. A ideia é reduzir os intermediários entre os produtos e serviços que são comercializados no agro, além de possibilitar mais um canal de negócios para todos os elos da cadeia, antes e depois da porteira. A plataforma terá espaço para o produtor rural, as fábricas, os distribuidores e revendas, terem a sua filial on-line oficial com um endereço virtual personalizado, campear.com/nome da loja, onde todos os seus produtos estão disponíveis para anúncio ou venda com um processo transparente e seguro. Tudo com possibilidade de venda direta entre as partes interessadas, sem intermediários. Outro diferencial da plataforma é a opção de o franqueado conquistar a posse da franquia, sem a necessidade de investir. Ao se habilitar para o Campear WAY, o parceiro ajuda a construir uma nova região do mercado, trazendo usuários e empresas para a plataforma e recebendo participação

DRONES

De acordo com o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (ANFFA Sindical), em um ano e meio de utilização dos drones em operações de fiscalização agropecuária já se percebeu mostras da eficiência nos resultados apresentados. O objetivo é ampliar a utilização desse equipamento que vem conferindo maior precisão à ação dos affas. “O drone facilita muito nosso trabalho em várias áreas, como na fiscalização das pesquisas com transgênicos, porque conseguimos fazer medições das plantas com maior assertividade, por meio das imagens feitas por ele”, explica o auditor fiscal federal agropecuário Roberto Siqueira Filho, engenheiro agrônomo, no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e coordenador do Grupo de Trabalho de Introdução ao Uso de Drones na Fiscalização.

70 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

FOTO: ALIARE/DIVULGAÇÃO

Fiscalização reforçada

O uso de sistemas integrados e de soluções digitais no campo vem comprovadamente melhorando os ganhos de produtividade, facilitando a gestão, evitando desperdício, melhorando controles e manejos. Desde a década de 1990, o Grupo Siagri, de Goiás, e a Datacoper, do Paraná, ambas desenvolvedoras de softwares para gestão agrícola, entenderam que o caminho tecnológico é a resposta para as equações dos pequenos e grandes empresários rurais, além de lojas agropecuárias, grandes negócios agrícolas, cooperativas e agroindústrias. Até agora, Siagri e Datacoper vinham trabalhando isoladamente, mas, neste ano, decidiram pela fusão de seus negócios. Nasceu, então, a Aliare, marca que tem uma missão ambiciosa: entregar o maior portfólio integrado de tecnologia e gestão do agro, para atender aos mais diversos segmentos do setor. De acordo com o presidente do conselho da Aliare, Cezar Bernardon, “as duas empresas, Grupo Siagri e Datacoper, são pioneiras em tecnologia para o agronegócio e sempre tiveram culturas e objetivos parecidos. A fusão deu início a um grande projeto de expansão do negócio para o agro brasileiro”.


SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 71


AGRO&TECH

A

agricultura familiar é um ramo de fundamental importância para a economia brasileira. O segmento responde, segundo o Censo Agro 2017, por 48% da produção de café e banana, 80% da produção de mandioca, 42% da produção de feijão, sendo assim indispensável para a produção de alimentos de consumo interno. Na opinião de Luciano Moraes, CEO do marketplace digital Agropad, a interrupção dos trabalhos desse ramo pode trazer impactos negativos para o agro em geral. “Precisamos, na verdade, gerar mais oportunidades para a agricultura familiar, garantir o seu desenvolvimento, e gerar mais negócios rentáveis para o setor”.

FOTO: ADOBE STOCK

AVANÇOS TECNOLÓGICOS AUXILIAM SUCESSÃO FAMILIAR NO AGRO Agropad é uma plataforma que possibilita que os produtores rurais realizem vendas sem atravessadores 72 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021


vancar as vendas. “É um caminho sem volta. Com a crescente atualização do mundo, as operações de vendas on-line são mais fáceis e eficientes, por isso é essencial que as empresas rurais façam a transição para o mundo digital”, frisa Luciano Moraes.

MAIS RENTABILIDADE

A plataforma possibilita que os produtores rurais realizem vendas sem atravessadores, ampliando assim o volume de clientes, a visibilidade e a rentabilidade. Com a Agropad, o produtor ainda pode administrar estoque e lavoura, ter acesso a cotações diárias para precificar seu produto, receber vendas por meio de cartão ou boleto, aces-

sar a previsão do tempo dedicada para o campo, ter logística de entrega com multiveículos e ainda possuir taxas diferenciadas por porte do produtor. Atualmente a plataforma conta com estrutura para atuar nos estados de São Paulo e Paraná, e tem mais de 300 produtores pré-cadastrados. Os planos são de expansão. “A expectativa é de que logo a Agropad tenha mais de mil produtores cadastrados, propiciando um faturamento de R$ 2 milhões. Estamos otimistas de que com isso conseguiremos abranger novos territórios”, conclui Luciano Moraes.

“A AGROPAD SE ADEQUA ÀS DEMANDAS E EXIGÊNCIAS ATUAIS DO CONSUMIDO, E ÀS NECESSIDADES DE CADA PRODUTOR.” LUCIANO MORAES, CEO do marketplace digital Agropad

FOTO: ASSESSORIA DE IMPRENSA/DIVULGAÇÃO

A Agropad, que é uma plataforma voltada para comercialização de produtos do agronegócio, propõe-se a ser alternativa para os pequenos produtores. No espaço virtual, é possível que vendam diretamente para os consumidores, ampliando assim seu leque de clientes. “Temos cada vez mais despertado o interesse da nova geração, que entende intuitivamente de tecnologia e consegue utilizá-la de forma eficiente. Quanto mais tecnologia estiver disponível, mais viável será a sucessão familiar”, diz. Luciano Moraes pontua que as inovações tecnológicas são uma necessidade e os pequenos produtores devem se familiarizar com os canais de marketing digital para ala-

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 73


OPINIÃO

O impacto da inteligência artificial no agronegócio

C Eldemar Neitzke É formado em Administração, com mestrado em Gestão Estratégica, MBA em Marketing Estratégico e pós-graduado em Gestão Empresarial, Diretor da N & N Gestão de Estratégias Comerciais.

om o surgimento da COVID-19, verificamos que esse novo normal acelerou mudanças impactantes em nossa economia, com reflexos em toda cadeia produtiva e econômica, que são efeitos de movimentos ocorridos há alguns anos. A utilização da internet iniciou na década de 60, com os primeiros ensaios do exército americano, hoje é praticamente impossível viver sem essa tecnologia, devido a sua complexidade e interligação dos sistemas a nível mundial. O telefone que teve como idealizador Alexander Graham Bell em 10 de março de 1876, permitiu uma evolução sem precedentes ao acesso à comunicação. A grande mudança e evolução das comunicações ocorreu com o invento de Martin Cooper em 1973, com a invenção do Dynu Tech Dyna Tac, da Motorola, primeiro telefone portátil. Em 2007, começou uma nova revolução tecnológica, a partir do lançamento do IPhone, que teve como seu principal desenvolvedor Steve Jobs. Esse lançamento modificou completamente a forma da comunicação e as mais diversas formas de acesso às tecnologias e informações em tempo real. Hoje, uma ferramenta muito divulgada é a utilização da Inteligência Artificial, que busca criar soluções tecnológicas com capacidade para realizar atividades de forma “inteligente”. Isso significa elaborar sistemas e máquinas que podem se assimilar à mente humana, raciocinando, aprendendo e tomando decisões. Apesar do destaque recente, a tec-

74 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021

nologia já vem se desenvolvendo desde 1955, quando o conceito de IA foi utilizado pela primeira vez pelo professor de matemática John McCarthy em uma universidade norte-americana. A grande questão é: como essa tecnologia se relaciona com a agricultura? De que forma ela vem revolucionando o campo? Vamos citar três exemplos muito impactantes:

COMO ESSA TECNOLOGIA SE RELACIONA COM A AGRICULTURA? DE QUE FORMA ELA VEM REVOLUCIONANDO O CAMPO? 1- Diagnósticos e previsibilidade: Com o avanço da mecanização de muitas usinas e fazendas foi possível instalar uma série de sensores que passaram a registrar as atividades desses equipamentos segundo a segundo, recolhendo centenas de informações sobre as operações realizadas, desde as mais simples, como velocidade da máquina e nível do combustível, até as mais complexas, como pressão hidráulica e acionamento de implementos. A tecnologia de IA atua tratando esses dados recebidos projetando cenários, antecipando situações indesejáveis e fazendo recomendações em tempo real.

FOTO: BANCO DE IMAGEM

Por Eldemar Neitzke

2- Análise de imagens para detecção de problemas: identificar uma doença ou uma praga em uma planta é algo relativamente fácil para pequenas propriedades, mas em se tratando de áreas muito extensas, como as plantações de cana-de-açúcar, lavouras de milho, soja ou de florestas, existem dificuldades na identificação manual desses problemas de forma ágil. O auxílio de drones e a Inteligência Artificial vem mudando esse cenário. Os equipamentos, com capacidade de captura de imagens de altíssima precisão, sobrevoam as grandes culturas diariamente. A tecnologia de IA, por sua vez, permite cruzar as imagens coletadas com imagens de plantas saudáveis ou doentes, analisando as condições de cada planta, emitindo relatórios que identificam possíveis ameaças, plantas daninhas, doenças fúngicas e até mesmo deficiências nutricionais, mostrando exatamente em que pontos da plantação estão os problemas. 3- Avaliação dos fenômenos climáticos: Com as constantes mudanças climáticas, a tradicional previsão do tempo que nos ajuda a programar o dia a dia é insuficiente para a realidade da agricultura. Para o sucesso da produção, os gestores agrícolas precisam estar atentos a detalhes relacionados a temperatura, incidência solar, chuva, vento e outros fenômenos climáticos. Assim, o uso da IA, que consegue analisar dados locais das propriedades em tempo real, produzindo informações mais seguras e confiáveis, ajuda, a tomada de decisões com relação ao período de cultivo, à irrigação e ao uso de fertilizantes e herbicidas, por exemplo, fica muito mais simples e certeira. Podemos afirmar que a IA é disruptiva, reforçando a sua aplicabilidade junto ao agro, com consequências sem precedentes, que bem utilizadas melhoram a qualidade de vida e de produtividade em todos os setores. Precisam ser ainda resolvidos os problemas de acesso à internet de forma segura em todos os locais e desenvolver profissionais que possam usar junto às empresas essa tecnologia transformadora.


“Tenho uma história pessoal de proximidade, carinho e respeito pelo trabalho realizado pelo Hospital Pequeno Príncipe, pois logo no início da minha vida profissional minha filha foi diagnosticada com CIA, uma anomalia cardíaca congênita. Na época morávamos na cidade de Guarapuava/PR, e a notícia foi muito dura, pois eu e minha esposa não tínhamos, nem de perto, o valor da cirurgia caso fosse feita de forma particular, e também não tínhamos plano de saúde. Mas o médico à época nos tranquilizou, dizendo que a cirurgia seria feita no Hospital Pequeno Príncipe, pelo SUS, pela mesma equipe e com os mesmos cuidados e atenção caso o procedimento fosse feito de forma particular ou por convênio. E assim foi feito: nossa filha foi curada e hoje tem 31 anos de idade. Foi desta forma que conheci, muito de perto, todo o trabalho realizado pelos profissionais do Hospital. Hoje sou muito grato em poder contribuir, de forma voluntária, para que esse trabalho continue e possa continuar atendendo tantas crianças e suas famílias.”

Paulo Fachin Empresário de Agronegócios

A Renúncia Fiscal é uma oportunidade de direcionar parte do seu Imposto de Renda Devido para projetos sociais, beneficiando os milhares de pequenos pacientes atendidos por ano no Hospital Pequeno Príncipe. No Brasil, apenas 3,15% do potencial de doação da população foi destinado para instituições filantrópicas*. Isso corresponde a mais de R$ 7,7 bilhões que deixaram, por exemplo, de impactar o cenário da saúde no Brasil.

De forma fácil e sem custos, contribua com a vida de milhares de crianças e adolescentes. Calcule 6% do valor do seu Imposto de Renda Devido, seja a pagar ou a restituir, e, por meio do site doepequenoprincipe.org.br, direcione esse recurso, até 30 de dezembro de 2021, para os projetos do maior hospital pediátrico do Brasil. Essa modalidade de apoio também é possível no momento da declaração. Para mais informações, acesse nosso site.

* Fonte: Grandes Números DIRPF 2020

236.21 | NP

Informações: 41 2108.3886 • 41 99962.4461 doepequenoprincipe@hpp.org.br www.doepequenoprincipe.org.br

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021 75


76 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | NOVEMBRO 2021


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook

Articles inside

MARKETPLACE

7min
pages 72-76

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

4min
pages 68-71

SANTA CATARINA

2min
pages 62-63

GESTÃ0

5min
pages 64-65

DE HEUS

16min
pages 28-37

ECOFLUI

4min
pages 52-53

INOBRAM

3min
pages 26-27

OVOS

4min
pages 40-43

SOJA TRANSGÊNICA

11min
pages 54-61

COBB VANTRESS

2min
pages 38-39

BAYER

17min
pages 14-25

SBSBL

3min
pages 44-45
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.