Revista Setor Agro&Negócios

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ANO 5 / Nº 12 2021

GRANJAS DO FUTURO

Melhoramento genético resulta em maior bem-estar às aves e aumenta produtividade

SUÍNO 5.0

Mais conforto para os animais, maior eficiência e lucro para o mercado

Karl Mila, vencedor do Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja em 2021

SAFRA DE ALTA PERFORMANCE

Em um mercado onde a indústria investe alto em pesquisa e tecnologia e os produtores aliam a experiência de gerações com a profissionalização das operações, o resultado não poderia ser diferente: máxima produtividade, qualidade incomparável e reconhecimento internacional.



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SUMÁRIO

JULHO DE 2021

Karl Mila, vencedor do Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja em 2021.

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SAFRA DE ALTA PERFORMANCE: O SEGREDO DOS CAMPEÕES O setor, mais uma vez, driblou as adversidades e registra recordes surpreendentes na colheita de grãos. Diante de tantos desafios, como é possível conquistar desempenho tão expressivo? Na reportagem de capa desta edição você vai entender qual é o caminho para atingir máxima produtividade, qualidade incomparável e reconhecimento internacional.

FOTO: DANIELE LELLA

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CAPA


SUÍNOS 30 SUÍNO 5.0 Conheça as novas técnicas e tecnologias que garantem mais eficiência produtiva e economia

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AVES 36 GRANJAS DO FUTURO: SAÚDE E EFICIÊNCIA PRODUTIVA Entenda como o melhoramento genético pode ser essencial para o bem-estar e produtividade das aves

BOVINOS

PECUARISTAS UNIDOS NO “SEQUESTRO” DE CARBONO Produtores de gado apostam em uma pecuária mais sustentável

40 TECNOLOGIAS SUSTENTAM QUALIDADE DA VACINAÇÃO VIA SPRAY A escolha da vacina é um dos pilares para o sucesso sanitário dos incubatórios

PLANO SAFRA

MERCADO

GESTÃO NO AGRO

64 R$ 251,2 BILHÕES PARA O AGRO Volume de recursos aumentou 6,3% em relação à safra anterior

70 E-COMMERCE: A JANELA PARA O FUTURO NO AGRONEGÓCIO Pandemia aquece transformação digital e potencializa crescimento econômico do setor

60 LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS Uma breve análise sobre o contexto, ônus e benefícios originados pela LGPD para as organizações

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ANÁLISE DE MERCADO 68 HUMORES MELHORANDO AO LONGO DE 2021 Saiba por que o PIB surpreendeu as expectativas mesmo com a 2ª onda de Covid-19

AVICULTURA ALIADA NO COMBATE À COVID-19

Parceria permite a criação da vacina a partir de ovos férteis FOTO: ADOBE STOCK E DIVULGAÇÃO BASF

OPINIÃO 74 BRASIL: PRODUZINDO GRÃOS COM COMPETÊNCIA

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ENTREVISTA

O diretor de Marketing da BASF Agro Brasil, Eduardo Novaes, fala sobre o novo marketing

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EDITORIAL

agronegócio é tão imponente que foi capaz de atingir recordes históricos de crescimento em um momento que muitos setores foram drasticamente penalizados. A safra de grãos, por exemplo, mesmo em meio a problemas de estiagem e atraso no plantio, prevê atingir 260,8 milhões de toneladas, um aumento que pode chegar a 5% em relação a colheita anterior, segundo a Conab. Mas, como isso é possível? Na reportagem de capa desta edição você vai conhecer o segredo dos campões e entenderá como o setor vem conquistando tamanha produtividade, alta performance e reconhecimento internacional. Considerada uma prática que enriquece a sociedade, a cooperação vem sendo cada vez mais valorizada no mundo corporativo. Para comemorar o Dia Internacional do Cooperativismo, a Revista Setor Agro&Negócios e a Aurora Alimentos lançaram, em uma parceria inédita, a cartilha Ciranda do Cooperativismo. A publicação, entregue em escolas rurais do Oeste de SC, traz lições de cooperação, justamente para que desde cedo, as crianças assimilem valores que reforçam o quanto o trabalho em equipe é valioso para a conquista dos melhores resultados. Nesta edição você vai saber mais sobre essa parceria e conhecerá a cartilha, anexa à revista. Outro destaque da Agro&Negócios é a entrevista especial com o diretor de Marketing da BASF Agro Brasil, Eduardo Novaes, que fala sobre o novo marketing e como a empresa repensou suas rotinas de forma ágil para manter a excelência no atendimento aos clientes. A publicação traz, ainda, uma reportagem sobre Suinocultura 5.0 que apresenta as novas técnicas e tecnolo-

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gias que garantem mais eficiência produtiva e economia. Ciência e inovação também estão em evidência nas páginas desta edição. Na reportagem “Avicultura aliada no combate à Covid-19” será possível entender como parceria entre o Instituto Butantan e a Globoaves permitirá a criação da vacina a partir de ovos férteis. A união de pecuaristas em ações para minimizar os impactos da criação de bovinos no meio ambiente foi outro tema que ganhou ênfase na Setor Agro&Negócios. Também destacamos assuntos como: Granjas do futuro que aborda a eficiência produtiva da avicultura; Tecnologias que sustentam qualidade da vacinação via spray para aves; E-commerce que enfatiza o aquecimento da transformação digital no agronegócio; entre outros. Queremos ressaltar que, mais uma vez, estamos felizes pela oportunidade de repercutir alguns dos temas em alta no universo do agro. Estamos cientes de que ainda existem desafios para chegarmos ao fim de mais um ano com sucesso. O maior deles, sem dúvida, é vencer a batalha contra a pandemia e garantir saúde à população. Aliado a isso, é preciso fortalecer a economia e, neste aspecto, o agro está no topo. Temos a certeza de que o Brasil continuará sendo referência no cenário mundial do agronegócio. Afinal, temos tecnologia, profissionais altamente capacitados e competência para produzir alimentos com a mais elevada qualidade, cumprindo todas as regras estabelecidas pelos mercados mais exigentes do mundo. Um abraço e excelente leitura!

Silvania Cuochinski - Editora

FOTO: FREEPIK

O SEGREDO DOS CAMPEÕES O

EXPEDIENTE ADMINISTRAÇÃO E REDAÇÃO RUA RUI BARBOSA, 1284-E CENTRO | CHAPECÓ (SC) CEP: 89.801-148 (49) 99975-2025 (49) 98418-9478 www.setoragroenegocios.com.br DIRETORA DE REDAÇÃO PAULA CANOVA MTB 02111 JP paula@santacomunicacao.com DIRETORA COMERCIAL RAFAELA MUNARETTO MTB 05726 JP rafaela@santacomunicacao.com EDITORA SILVANIA CUOCHINSKI MTB SC 02293-JP redacao@setoragroenegocios.com.br REPORTAGENS SILVANIA CUOCHINSKI BRUNA DEITOS DIRETORA DE ARTE BIA GOMES FOTO DE CAPA DANIELE LELLA COLABORADORES DESTA EDIÇÃO ELDEMAR NEITZKE, FELIPPE SERIGATI, MELISSA BAUNGARTNER, MB COMUNICAÇÃO, ROBERTA POSSAMAI

A Revista Setor Agro&Negócios é uma publicação quadrimestral, destinada ao segmento do agronegócio e abrange a cadeia produtiva desde as propriedades, instituições, universidades, entidades, até a indústria. Os artigos assinados e materiais publicitários não representam, necessariamente a opinião da editora. Não é permitida a reprodução total ou parcial dos conteúdos, sem prévia autorização.


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VIRALIZOU

“Não podemos deixar que as preocupações com o meio ambiente se transformem em barreiras ao comércio. A existência de um comércio livre e desimpedido é, na minha visão, um importante elemento para o fortalecimento de uma agricultura sustentável”. A afirmação é da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, ao secretário da Agricultura dos Estados Unidos, Tom Vilsack, em recente reunião virtual sobre a cooperação entre os dois países na área agrícola. A ministra lembrou que Brasil e EUA têm similaridades, como o fato de serem grandes produtores e exportadores de produtos agrícolas e reafirmou o interesse do Ministério da Agricultura em fortalecer os laços históricos de colaboração com o Departamento de Agricultura dos EUA. Ela destacou que 2021 deverá ser marcante para a definição do caminho rumo ao desenvolvimento sustentável. Tereza Cristina ressaltou, ainda, a necessidade de os países do AG-5 (EUA, Brasil, Canadá, Argentina e México) discutirem questões baseadas na ciência, para desmistificar dúvidas ligadas à agricultura mundial. O secretário americano também reforçou o compromisso dos EUA para tratar adequadamente as mudanças climáticas, por meio de pesquisas e inovação.

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FOTO: GUILHERME MARTIMO/MAPA

BRASIL E EUA Cooperação na área agrícola


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FOTO: DIVULGAÇÃO VETANCO

AGRO&NEGÓCIOS

VETANCO

Nova gerência de Marketing Para reforçar o time, a Vetanco Brasil anuncia a recente contratação do médico-veterinário Thiago Moreira Tejkowski para a gerência de Marketing. Saiba mais sobre o novo profissional e sobre a Vetanco! 01.

02.

Thiago Moreira Tejkowski tem mestrado em Ciências Veterinárias, com especialidade em Sanidade Avícola pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); e MBA Executivo em Desenvolvimento do Potencial Humano pela Vital Smarts/SP. Atualmente, cursa MBA em Gestão de Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, de Campinas/SP.

03.

Thiago atuava como gerente de Marketing e Produtos em âmbito nacional gerindo toda a linha de produtos da unidade de negócio.

04.

A Vetanco é um laboratório veterinário internacional que desenvolve, fabrica e comercializa produtos inovadores para a saúde e produção animal há 30 anos. Presente em mais de 40 países, a empresa oferece produtos internacionalmente comprovados, controlados e seguros para a melhoria da produtividade e segurança agroalimentar, dentro dos padrões de qualidade necessários para alcançar os mercados mais exigentes. Saiba mais: www.vetanco.com.br

Na carreira, Tejkowski reúne mais de oito anos de experiência com foco em desenvolvimento de negócios, coordenação de produtos, administração e planejamento estratégico de vendas, gerenciamento de projetos e estratégias de prospecção.

“APENAS UMA GESTÃO PROFISSIONALIZADA DE CUSTOS E RECEITAS PODE PREPARAR OS PRODUTORES PARA TODO TIPO DE CENÁRIO, INCLUSIVE EM UMA EVENTUAL VALORIZAÇÃO DO REAL FRENTE AO DÓLAR”. ERNANI CARVALHO DA COSTA NETO, professor do Master em Gestão e Marketing do Agronegócio da ESPM Porto Alegre ao destacar que a volatilidade é uma característica importante dos preços das commodities agropecuárias e que os produtores devem se preparar para eventuais mudanças.

FRIGOL

Novo conselheiro A Frigol, um dos principais frigoríficos do país, contratou Britaldo Soares como conselheiro independente. A chegada do executivo ao conselho faz parte do processo de consolidação da gestão administrativa da empresa, fundada pela família Gonzaga Oliveira. O executivo, escolhido por sua trajetória em multinacionais de capital aberto, chega como parte do avanço do plano de governança e compliance da Frigol.

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DE HEUS BRASIL

Eleita entre as melhores A De Heus Brasil recebeu recentemente um dos mais importantes selos de reconhecimento às empresas que valorizam as pessoas, o Great Place To Work (GPTW). Com índice de satisfação de 92%, a certificação reforça a credibilidade, respeito, igualdade, cooperação e o trabalho em equipe – valores que compõem a cultura da empresa e foram reconhecidos em pesquisa de clima, pela ótica dos colaboradores.


Novas dimensões na bovinocultura leiteira

Com o suporte de uma equipe altamente qualificada e com soluções que fazem a diferença no campo, a Wisium alia sustentabilidade, bem-estar animal e produtividade, destacando-se no mercado de bovinocultura leiteira, no qual obtém, ano a ano, forte crescimento. Esse posicionamento estratégico da Wisium ganha novas dimensões com a apresentação de Daniel Campos Escarce como gerente técnico Comercial – Bovinos de Leite da Wisium. Formado em Medicina Veterinária pela UFMG e com ampla atuação em consultoria em fazendas de leite, Escarce tem intensa vivência em propriedades, de pequenas a grandes fazendas. “Terei como principais objetivos contribuir para a expansão da Wisium no mercado de bovinos de leite, fazer a diferença no segmento por meio de modernas tecnologias e criar identidade de relacionamento cada vez mais forte com nossos clientes", pontua o novo gerente técnico.

RAYFLEX

Soluções anticontaminação A Rayflex, líder no mercado nacional de portas industriais, oferece soluções que ajudam a redobrar os cuidados na linha de produção da indústria do frio. Segundo a diretora executiva da Rayflex, Giordania R. Tavares, as indústrias, principalmente os armazéns frigoríficos, têm algo em comum: a necessidade de controlar a temperatura da carga durante o transporte e armazenamento. “Manter a qualidade no armazenamento é imprescindível, tanto para o consumidor quanto para a indústria”. A porta Frigoiso oferece vedação total em todo perímetro e lona com isolamento térmico, abertura e fechamento ultra rápidos e automáticos, que independem da ação humana para acionar, evitando que alguém esqueça a porta aberta. Já, a porta AL01 foi especialmente pensada para as chamadas ‘salas limpas’, pois evita contaminação em lugares que necessariamente precisam seguir padrões de controle ambiental. São fáceis de higienizar e reduzem o índice de contaminação.

NOVUS

FOTO: DIVULGAÇÃO

FOTO: FREEPIK

WISIUM

Além dos minerais orgânicos Contar com soluções nutricionais capazes de agir de maneira estratégica na formulação de dietas voltadas para a avicultura industrial faz parte do modelo de negócio do Programa Balance. E inserido neste projeto que visa o equilíbrio entre os fatores internos intrínsecos às aves e os externos que possam interferir na performance zootécnica e econômica das granjas, o mercado pode contar com inúmeras tecnologias exclusivas, entre elas o Mintrex®, uma nova classe de minerais orgânicos. "A linha Mintrex® é definida pela organização americana Association of American Feed Control Officials (AAFCO) como uma classe diferenciada de minerais: Quelato Metal Metionina Hidroxi Análoga. Classificação especial suportada por vários anos de pesquisa, conhecimento e comprovações sobre a estrutura da molécula de Mintrex® que garante biodisponibilidade e resultados produtivos superiores", destaca a especialista sênior de Serviços Técnicos da NOVUS®, Raquel Araujo.

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ENTREVISTA

SEGURANÇA: O VALOR INEGOCIÁVEL DO NOVO MARKETING NO AGRO

O MUNDO DOS NEGÓCIOS NUNCA PASSOU POR TRANSFORMAÇÕES TÃO EXPRESSIVAS EM TÃO POUCO TEMPO. COM A PANDEMIA FOI PRECISO AGIR RÁPIDO, REPENSAR ROTINAS E SE REINVENTAR. E, MESMO EM MEIO A TANTOS DESAFIOS, O AGRO VAI BEM. MAS, AFINAL, COMO AS EMPRESAS DO SETOR ESTÃO LIDANDO COM ESTE NOVO CENÁRIO PARA MANTER A COMPETITIVIDADE? NESTA ENTREVISTA, O DIRETOR DE MARKETING DA BASF AGRO BRASIL, EDUARDO NOVAES, FALA SOBRE O NOVO MARKETING E DESTACA COMO A EMPRESA REPENSOU SUAS ROTINAS PARA SEGUIR CONTRIBUINDO COM O SUCESSO DE SEUS CLIENTES. Por Silvania Cuochinski

De que forma a BASF buscou estratégias para se reinventar e se adaptar a esta nova realidade gerada pela pandemia? Segurança é um valor inegociável para BASF. Nossa prioridade tem sido assegurar o bem-estar dos colaboradores e contribuir para a segurança de clientes e parceiros e, naturalmente, colaborar para a continuidade dos negócios. Acredito que a pandemia gerou aprendizados fundamentais para o futuro dos negócios e das relações humanas. Todos fomos impactados em nossas vidas particulares, no trabalho, como cidadãos. Com todas as limitações e incertezas que enfrentamos, tivemos que superar vários desafios para seguir. O agro não parou de produzir e a importância das fer-

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ramentas digitais é cada vez mais evidente. Não mudamos a essência da nossa comunicação e da relação com os agricultores. Mas, como toda a indústria, nos adaptamos à necessidade de isolamento social. Por isso, dias de campo que antes eram realizados nas propriedades rurais, lançamentos de produtos que fazíamos em grandes feiras e até o atendimento técnico na fazenda – tudo isso se tornou mais digital. Essa mudança de atitude acelerou a implantação de projetos digitais. Gostaria de compartilhar duas iniciativas. Desburocratizamos o processo de emissão da CPR (Cédula de Produto Rural). O processo digital já estava em implantação antes da pandemia, mas tornou-se realidade num momento em que precisamos evitar o con-

tato social. Sem a necessidade de ir até o cartório, a e-CPR permite a troca de insumos por produção agrícola na metade do tempo que seria preciso para a emissão da CPR padrão. A viabilização da CPR eletrônica inclui a parceria com uma startup, mostrando a importância da cocriação. Algumas iniciativas acontecem da “porteira pra dentro”, como dizemos no agro. É o caso do chatbot via WhatsApp para auxiliar os representantes técnicos de vendas. Esses profissionais trabalham junto ao agricultor no campo e precisam de suporte rápido para suas dúvidas. As respostas agora chegam imediatamente com a ajuda de um robô. Ganho de tempo e eficiência que se reverte em melhor experiência para o cliente.


“A BASF APRESENTARÁ AO MERCADO UMA PLATAFORMA ONLINE ONDE O AGRICULTOR E DEMAIS PROFISSIONAIS DO SETOR PODERÃO TROCAR EXPERIÊNCIAS E CONHECER MAIS SOBRE AS NOSSAS TECNOLOGIAS”. Que outras ações vêm sendo feitas para estar mais próximo do cliente já que as visitas às propriedades reduziram muito? Desenvolvemos várias ações para mantermos este contato com os agricultores. Um exemplo são os drive-thrus para ações de trade marketing. São eventos realizados para que o cliente permaneça dentro do seu veículo, mas que possa interagir com a nossa equipe. Já fizemos lives abertas e eventos virtuais fechados para diversos públicos com grande participação. Além disso, nossa equipe de campo segue em contato virtual diário com os agricultores.

FOTOS: DIVULGAÇÃO BASF

Os eventos virtuais estão atendendo as expectativas? Acredito que sim porque estamos nos esforçando para atender as necessidades dos clientes. Além das iniciativas já citadas, gostaria de compartilhar uma novidade. Em breve, a BASF apresentará ao mercado uma plataforma online onde o agricultor e demais profissionais do setor poderão trocar experiências e conhecer mais sobre as nossas tecnologias. Vamos lançar a Fazenda BASF, espaço virtual para mantermos este contato próximo com o agricultor. A Fazenda BASF será um hub de conteúdo com eventos técnicos, dias de campo, palestras, lançamentos de produtos e tudo mais para o nosso cliente se sentir em casa, ou melhor, em uma feira. Trouxemos o campo para o mundo virtual com a possibilidade de interação verdadeira sem perder o nosso propósito de marca. O crescente uso da tecnologia no campo contribuiu para que o agro continuasse crescendo mesmo em tempos difíceis que penalizaram fortemente outros setores? Sem dúvida, o crescente uso de tecnologia é um fator importante para que o

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ENTREVISTA setor continue tendo bons resultados. O agricultor brasileiro tem investido cada vez mais em inovações que fazem a diferença para produzir mais e melhor. Acredito que outros fatores também são importantes para entender este bom momento, como a desvalorização cambial que deixa as commodities brasileiras ainda mais atrativas no mercado internacional. O câmbio favorável tem sido um estímulo para a produção brasileira. Mais um ponto importante é a resiliência característica do agricultor. Quem lida com o campo já está acostumado a lidar com adversidades. Por isso, o setor costuma resistir mais a momentos ruins e consegue se adaptar para seguir em frente.

até 7% ao ano a oferta de soluções ainda mais sustentáveis. Além disso, a BASF disponibilizará tecnologias digitais para mais de 400 milhões de hectares de terras cultivadas até 2030. Com nossas ofertas conectadas, apoiamos os agricultores a perpetuarem o seu legado para que, juntos, possamos gerar um impacto positivo no sistema produtivo. A BASF tem como objetivo aumentar o número de soluções sustentáveis que disponibiliza aos agricultores ano após ano. Assim, a empresa investe continuamente em seu forte pipeline de Pesquisa & Desenvolvimento orientado cada vez mais por critérios de sustentabilidade. Ainda com foco em sustentabilidade, a BASF inovou e se

Com o surgimento da pandemia a empresa criou novas funcionalidades para as tecnologias já existentes? A pandemia também fortaleceu a comunicação e os negócios por meio das ferramentas digitais. Nesse contexto, o aplicativo BASF Agro ganhou novas funcionalidades, como o rastreamento de pedidos e a integração do portfólio de sementes de soja e algodão, proteção de cultivos e controle de pragas urbanas. A adoção de tecnologias digitais permite que os agricultores produzam mais com menos recursos para tornar os processos mais eficientes do campo até a mesa do consumidor. As soluções de xarvio™, marca de agricultura digital da BASF, oferecem uma aplicação mais precisa de produtos de proteção de cultivos e recomendação de uso de nutrientes. As ferramentas digitais vêm sendo utilizadas por um número cada vez maior de agricultores, aumentando o conhecimento e a conscientização sobre a sustentabilidade agrícola.

“NOSSA PRIORIDADE TEM SIDO ASSEGURAR O BEM-ESTAR DOS COLABORADORES E CONTRIBUIR PARA A SEGURANÇA DE CLIENTES E PARCEIROS E, NATURALMENTE, COLABORAR PARA A CONTINUIDADE DOS NEGÓCIOS.”

A BASF é referência em sustentabilidade. De que forma a empresa trabalha para alcançar o campo com ações sustentáveis? A BASF está comprometida com o legado da agricultura brasileira, que está diretamente ligado com a longevidade e sustentabilidade dos cultivos. A empresa estabeleceu metas para promover uma agricultura cada vez mais sustentável. Vamos ajudar os agricultores a reduzirem em 30% as emissões de CO2 por tonelada de cultivo produzido e a aumentarem em

tornou a primeira empresa do agro a aceitar uma nova moeda de troca para o barter – operação tradicional no mercado agrícola. Neste ano, a BASF e a 3tentos, grupo gaúcho do agronegócio, desenvolveram novo modelo de negócio com emissão de créditos de descarbonização (CBIOs) em troca de insumos. A BASF começou a desenvolver este modelo de barter no ano passado, com base na Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio). O ingresso no mercado de carbono, envolvendo “títulos verdes”,

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permite que a empresa atenda às necessidades dos clientes e incentive atividades voltadas à produção de energia renovável no país. Acreditamos que o legado da agricultura depende do equilíbrio entre a sustentabilidade econômica e ambiental dos negócios. Além do barter de CBIOs gerados pela produção de biodiesel, a BASF pretende ampliar este modelo de negócio para atender o setor sucroenergético. Na sua visão o forte investimento em pesquisas é um caminho seguro para a longevidade e o equilíbrio dos negócios do agricultor? O investimento anual em Pesquisa & Desenvolvimento é de aproximadamente R$ 900 milhões de euros. Estamos cada vez mais próximos do agricultor para desenvolver soluções que atendam às suas necessidades e contribuam com o seu legado. A BASF é empresa líder em inovação. As nossas soluções proporcionam benefícios para os agricultores e para toda a sociedade com base no conhecimento científico e em resultados práticos. Temos a previsão de mais de 30 lançamentos no Brasil até 2030 (traits + proteção de cultivos), além dos lançamentos de variedades de soja, algodão, arroz, ferramentas digitais e sementes de frutas e hortaliças. Em breve, lançaremos um fungicida para o controle de doenças na soja. Este novo produto tem a vantagem de controlar dois alvos ao mesmo tempo: a ferrugem e a mancha alvo. Além disso, temos a previsão de lançamento de diversas cultivares de sementes de soja, algodão e arroz. Um dos destaques para a safra 2021/22 é o lançamento de mais de 10 variedades de sementes de soja com a tecnologia Intacta2 Xtend para o controle de lagartas e plantas daninhas, mais a genética diferenciada de alta produtividade desenvolvida pela BASF. Neste ano, nós já lançamos a marca de sementes de arroz Lidero™ com foco no desenvolvimento de híbridos de alta performance. Quais foram os principais desafios do agro superados neste período de pandemia e quais são as perspectivas para o futuro? Com a crise percebemos que podemos agir e dar respostas ainda mais rápidas por meios virtuais de trabalho. Outro aprendizado que veio para ficar é a impor-


tância das ferramentas digitais para atender as necessidades dos agricultores. Várias mudanças vão continuar após a pandemia porque nossas relações de trabalho e a forma como atendemos os clientes foram aprimoradas durante este período. Apesar dos desafios apresentados pelo contexto da Covid-19, conseguimos nos adaptar a este momento de adversidade para continuar atendendo os agricultores. As perspectivas são positivas, tanto para a empresa, como para o agro brasileiro como um todo. O país vem tendo resultados de produção expressivos nos últimos anos, resultado do investimento em inovação e tecnologia por parte da indústria e dos agricultores. Sabemos

que o agro tem a grande missão de alimentar uma população em crescimento. Em 2050, os agricultores terão o desafio de alimentar cerca de 9,7 bilhões de pessoas e será preciso aumentar em 50% a produção agrícola. A digitalização tem o potencial de contribuir de maneira significativa para atingir este desafio. Por isso, acredito em uma produção agrícola cada vez mais moderna e eficiente. A empresa está avançando no desenvolvimento de tecnologias digitais e de outras inovações em todo o seu portfólio. Essa combinação permite que os agricultores alcancem uma melhor produtividade nas áreas em que já existe a atividade agrícola enquanto apoia a preservação da biodiversidade.

“O AGRICULTOR BRASILEIRO TEM INVESTIDO CADA VEZ MAIS EM INOVAÇÕES QUE FAZEM A DIFERENÇA PARA PRODUZIR MAIS E MELHOR.” SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2021 17


EMPRESA

O FOCO É ATENDER O MERCADO DE PRECISÃO Considerada a maior indústria veterinária de origem brasileira, a Ouro Fino firma parceria com Neogen, empresa líder mundial no mercado de genômica.

P

rodutividade é a palavra que norteia a atividade pecuária no mundo. Os pecuaristas que buscam a rentabilidade do negócio sabem que três fatores precisam ser constantemente analisados: risco, tempo e dinheiro. A assertividade é essencial em uma pecuária de precisão, pois a informação e os dados são fundamentais para a tomada de decisão dentro da propriedade. Neste cenário, a genômica tem crescido mundialmente como ferramenta para avaliação genética do rebanho, permitindo analisar o DNA de animais jovens, tanto fêmeas quanto machos, para identificar seu potencial produtivo. Para atender o mercado de precisão, a Ourofino Saúde Animal firmou parceria com a empresa americana Neogen para promover a linha Igenity nas fazendas brasileiras. "Nós estamos sempre conectados às oportunidades de mercado que promovam a evolução de nosso setor. Por isso, juntamos as expertises de ambas empresas para promover essa tecnologia no campo. Nossos consultores técnicos serão responsáveis pela coleta da amostra do pelo do animal para avaliação de DNA pelo laboratório da Neogen", explica o médico-veterinário e gerente de portfólio para bovinos da Ourofino Saúde Animal, Evandro Davanço.

18 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | MARÇO JULHO 2021 2021

Depois da análise da Neogen, o pecuarista terá uma série de informações para nortear seus investimentos. "A genômica faz o rebanho progredir mais rápido, por gerenciar os riscos de investimento, sendo importante realizar ainda em animais jovens. Um ponto importante da avaliação genômica é que pode ser utilizada em gado de corte e de leite, independente do volume de cabeças, seja um rebanho de 10 ou 10 mil cabeças", complementa o gerente comercial de genômica da Neogen, Thiago Biscegli. No leite, a Linha Igenity atende as raças Jersey, Holandês e Pardo Suíço. Na pecuária de corte a genotipagem pode ser feita no Nelore, Angus, além de outras raças taurinas como Hereford, Simental, Limousin e Senepol.

OUROFINO

Com 34 anos de atuação, a Ourofino Saúde Animal é um grupo brasileiro de capital aberto e com atuação internacional. É composta por diferentes empresas, que atuam na fabricação e distribuição de produtos veterinários, e tem seu complexo industrial instalado em Cravinhos (SP). Também possui operações no México e na Colômbia, além de parcerias estratégicas que levam os produtos da marca para vários países.

“NÓS ESTAMOS SEMPRE CONECTADOS ÀS OPORTUNIDADES DE MERCADO QUE PROMOVAM A EVOLUÇÃO DE NOSSO SETOR. POR ISSO, JUNTAMOS AS EXPERTISES DE AMBAS EMPRESAS.” EVANDRO DAVANÇO, médico-veterinário e gerente de portfólio para bovinos da Ourofino Saúde Animal.


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CAPA

SAFRA DE ALTA PERFORMANCE:

O SEGREDO DOS CAMPEÕES

Setor dribla as adversidades e mais uma vez registra recordes na colheita.

A

falta de chuvas e o atraso no plantio da safrinha foram motivos de preocupação para o mercado brasileiro de grãos. Resiliente, o setor driblou as adversidades e mais uma vez registra recordes na colheita. Para 2020/2021, a previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é atingir de 260,8 milhões de toneladas, um aumento que pode chegar a 5% em relação à colheita anterior. Diante de tantos desafios, qual o segredo da cadeia produtiva para mais uma safra de alta performance? A cada ano, a indústria apresenta novos produtos e soluções, investe em pesquisa e tecnologia. O produtor também faz sua parte. Traz a experiência de gerações, profissionaliza as operações e aposta nas novidades ofertadas pelas marcas. O resultado não poderia ser diferente: máxima produtividade, qualidade incomparável e reconhecimento internacional. Karl Milla está entre este seleto grupo de produtores de alta performance. Os resultados obtidos com a soja compro-

20 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2021

vam que o conhecimento herdado de gerações aliado à inovação da indústria formam uma combinação perfeita. O produtor paranaense é o campeão nacional do Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja 2021, realizado pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB), prêmio dedicado ao seu pai Ernest Milla (in memorian). Na propriedade Fundo Grande, em Pinhão (PR), a família Milla registrou produtividade de 129,16 sacas por hectare. O desempenho obtido pelo campeão nacional se deve a vários fatores. "Com uma produção estratégica e amplamente sustentável, o produtor beneficiou o meio

ambiente, aproveitou ao máximo os recursos do solo e investiu no crescimento de uma produção de forma vertical, obtendo elevado índice produtivo", destaca o presidente do Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB), Leonardo Sologuren. Karl Milla revela que seu pai, Ernest Milla, sempre adotou sólidas técnicas de manejo e também soluções tecnológicas extremamente eficazes. "Meu pai se dedicou à agricultura por mais de 65 anos. Só nessa área em questão do CESB já são mais de 50 anos de cultivo, respeitando a terra, o meio ambiente e utilizando os melhores recursos de forma responsável. Como resultado,

DESAFIO DO CESB O Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja do Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB) tem o objetivo de oferecer um ambiente regional e nacional que estimule sojicultores e consultores técnicos a desafiar seus conhecimentos incentivando o desenvolvimento de práticas de cultivo inovadoras.


SER CAMPEÃO ESTÁ NOS DETALHES.”

FOTO: DANIELE LELLA

KARL MILA, vencedor do Desafio Nacional de Máxima Produtividade de Soja em 2021.

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tivemos uma produção ecoeficiente, elevando ao máximo os índices produtivos", pontua. Para Karl, ser campeão está nos detalhes. “Você não consegue resolver de uma forma rápida, imediata, de um ano para o outro. O pensamento de longo prazo é o grande segredo. Estamos em constante reavaliação percebendo o que foi feito certo e errado. “Tentamos puxar a responsabilidade para nós mesmos, não nos contentando com respostas simples como seca ou geada antes de analisar os possíveis erros cometidos no planejamento e execução.”

SOJA COM NOVOS RECORDES

A soja que rendeu para a família Milla o título de grande campeã também eleva o Brasil ao primeiro lugar no ranking dos maiores produtores mundiais. De acordo com a Conab, em 2021 serão colhidas 135,9 milhões de toneladas, um aumento de 8,9% em relação à safra anterior. Atualmente, o país participa com 50% do comércio mundial de soja, resultado de um consistente trabalho de pesquisadores, indústria e produtores. O presidente do CESB afirma que o bom desempenho do país coloca o produtor brasileiro no compromisso de alimentar o mundo. “Precisamos crescer em vertical, em uma menor área possível. Por isso, é tão importante crescer em produtividade”.

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DRIBLANDO AS ADVERSIDADES

O plantio tardio de milho segunda safra impactou o desenvolvimento das lavouras. Com a semeadura realizada fora da janela ideal, o grão ficou mais vulnerável às condições climáticas. O clima adverso em algumas regiões produtoras influenciou de maneira negativa a produtividade estimada do cereal e a colheita da segunda safra do grão deve chegar a 66,97 milhões de toneladas, queda de 10,8% se comparada com o período anterior. A produtividade do milho 2ª safra pode chegar a 4.502 quilos colhidos por hectare na atual safra – queda de 17,5% em relação à 2019/2020. Já a área plantada do cereal no período registra aumento de aproximadamente 8,1%, chegando a 14,88 milhões de hectares. Mesmo com os problemas enfrentados, a estimativa de produção total do cereal é superior a 93 milhões de toneladas. Para o diretor de política agrícola e informações da Conab, Sérgio De Zen, mesmo Leonardo Sologuren, presidente do CESB afirma que o bom desempenho do país coloca o produtor brasileiro no compromisso de alimentar o mundo

FOTO: DIVULGAÇÃO

FOTO: ADOBE STOCK

CAPA

com as condições que reduziram os volumes, a colheita atende as demandas do país, já que houve investimento, expansão da área e bons traços culturais. “Além disso, gera excedentes exportáveis. Isso mostra como o país evoluiu em capacidade produtiva e estrutura comercial”, pontua.


MARCIELI MACCARI, doutora e engenheira agrônoma.

FOTO: DANIELE LELLA

A PRODUTIVIDADE É O RESULTADO FINAL DE UM LONGO PROCESSO DE OBSERVAÇÃO, PESQUISA E APLICAÇÃO QUE OCORRE POR TODA A CADEIA DO AGRONEGÓCIO E ESTE PROCESSO TORNA CADA ELO DA CADEIA MAIS FORTE E COMPETITIVO.”

DESEMPENHO DA SAFRA ARROZ Produção de

11,8 milhões de

INOVAÇÃO: ESSENCIAL NA PRODUÇÃO DE GRÃOS

Os números comprovam que mesmo em condições adversas, o Brasil segue como uma das maiores potências agrícolas do mundo. A pesquisa e a tecnologia têm grande participação nestes resultados. Para a doutora e engenheira agrônoma, Marcieli Maccari, que é coordenadora do curso de Agronomia da Unoesc Xanxerê (SC), em sua grande maioria, o Brasil está localizado em uma zona tropical e possui grandes áreas com relevo que favorece a mecanização. “Além das condições naturais, emprego da tecnologia, pesquisa, formação qualificada de grande número de técnicos, engenheiros agrônomos, veterinários e zootecnistas, a disponibilidade e o acesso à informação tem impulsionado o setor para que cada dia se torne mais competitivo no mercado internacional”, explica. Para o diretor de Soja e Algodão da Bayer, Marcelo Neves, o investimento em pesquisa e desenvolvimento é um dos principais fatores que proporcionam esses bons resultados que os agricultores brasileiros têm alcançado. Nos últimos 30 anos, a produção de grãos aumentou quase 370%, segundo dados da Conab, enquanto a área utilizada cresceu apenas 81%. Já o diretor de marketing para clientes da Bayer, Fábio Prata afirma que esse incremento só foi possível graças ao empreendedorismo dos agricultores

brasileiros, associados à incorporação de tecnologias mais avançadas, boas práticas de manejo e, sem dúvidas, à revolução biotecnológica que proporcionou saltos de produtividade em culturas como soja, milho e algodão.

DESAFIOS DO CLIMA

De acordo com a 8ª Pesquisa Hábitos do Produtor Rural da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA), um dos maiores desafios do agricultor brasileiro hoje é o impacto das variáveis do clima. A pesquisa tem trabalhado na busca de materiais genéticos que consigam produzir melhor em condições de estresse hídrico. “Além de materiais genéticos com maior tolerância e mais eficientes no uso da água, também precisamos melhorar a nossa eficiência quanto ao armazenamento e uso da água nas propriedades rurais, considerando que água é o insumo de maior necessidade para a produção agropecuária. Assim, a utilização de técnicas de manejo e conservação de solo aliada a materiais mais tolerantes ao estresse hídrico são fundamentais para que o produtor seja menos suscetível às intempéries climáticas”, comenta Marcieli. Para evitar perdas significativas na safra, é preciso que o agricultor aposte em ferramentas inovadoras durante todo o manejo e faça o monitoramento constante do cultivo. São práticas agrí-

toneladas

Aumento de 5,2% em relação à safra anterior

MILHO Produção de

93,4 milhões de toneladas

Redução de 9% em relação à safra anterior

SOJA Produção de

135,9 milhões

de toneladas

Aumento de 8,9% em relação à safra anterior *Dados do 10º Boletim de Safra de Grãos 2020/2021 da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)

colas essenciais que precisam estar inseridas dentro do planejamento da safra. “Na BASF são investidos mais de € 900 milhões por ano em pesquisa e desenvolvimento para trazer ferramentas ainda mais inovadoras e solucionar os principais problemas do agricultor no campo”, defende o gerente Sênior de Desenvolvimento Técnico de Produtos da Divisão de Soluções para Agricultura da BASF, Sérgio Zambon.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2021 23


CAPA

SUSTENTABILIDADE PARA O FUTURO

Os agricultores estão em uma posição única para contribuir cada vez mais com a mitigação dos impactos gerados por causa do aquecimento do planeta. As práticas agrícolas sustentáveis podem reduzir as emissões por meio de um solo com qualidade, do uso eficiente da terra e da redução de carbono da atmosfera. “Ao evitar a liberação de gases de efeito estufa e reduzir a emissão do carbono, os agricultores podem ajudar a controlar a mudança climática”, defende a doutora. A indústria também tem contribuído para uma produção mais sustentável. “Temos o dever e a responsabilidade de colaborar com a criação de um futuro melhor ao enfrentarmos mudanças climáticas, perda de biodiversidade e segurança alimentar”, argu-

menta o diretor de marketing para clientes da Bayer, Fábio Prata. “Além de oferecer soluções cada vez mais sustentáveis, que possibilitam a otimização de recursos naturais, a redução do número de aplicações ou pulverizações mais precisas, temos incentivado os produtores a intensificarem a adoção de práticas sustentáveis através de iniciativas como o programa PRO Carbono, que oferece vantagens para os agricultores dispostos a ampliar sua produtividade e a aumentar o sequestro de carbono no solo a partir da adoção de práticas agronômicas sustentáveis”, defende. A Divisão de Soluções para Agricultura da BASF se comprometeu com metas claras e mensuráveis a promover uma agricultura cada vez mais sustentável até 2030. Utilizando-se de sua capacidade de inovação, a empresa ajudará os agriculto-

FOTO: ADOBE STOCK

Investimentos em tecnologia e práticas sustentáveis refletem diretamente no desempenho das safras

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res a reduzirem em 30% as emissões de CO2 por tonelada de cultivo produzido, assim como se compromete a aumentar em até 7% ao ano a oferta de soluções ainda mais sustentáveis. “A BASF ajudará os agricultores a reduzir a pegada de carbono e a serem mais resilientes às mudanças climáticas, com tecnologias para aumentar a produtividade, tornar o manejo agrícola mais eficiente, além de reduzir os impactos ambientais”, comenta o gerente Sênior da BASF, Sérgio Zambon. Recentemente, a BASF e a 3tentos, grupo gaúcho do agronegócio, desenvolveram novo modelo de operação com emissão de créditos de descarbonização (CBIOs) em troca de insumos. Pela primeira vez, uma operação de barter, como é conhecida essa troca, é feita com foco em sustentabilidade ambiental.


FOTO: DIVULGAÇÃO

CONHECIMENTO, O MELHOR INSUMO PARA GRANDES RESULTADOS

Exemplos no campo, de que esta combinação de tecnologia, sustentabilidade e inovação são a chave para o sucesso, também são registrados nas lavouras de milho. Mesmo com a queda geral de produção, na propriedade do produtor Maurício de Bortoli, em Cruz Alta (RS), os números impressionam. “Eu atribuo o aumento gradativo da produtividade ano após ano na agricultura brasileira ao uso do conhecimento como principal insumo para a obtenção de melhores resultados. Vivemos a era dos dados e se faz cada vez mais necessário a especialização profissional para que se alcance novos patamares produtivos”, comenta. Para obter bons resultados, Bortoli defende a pesquisa, o conhecimento agronômico e as boas práticas agrícolas. “Na minha propriedade não existe o chamado ‘segredo’, mas sim a substituição do fácil pelo certo. Entendemos que a agronomia pura e simplesmente aplicada dará resultado e

EU ATRIBUO O AUMENTO GRADATIVO DA PRODUTIVIDADE ANO APÓS ANO NA AGRICULTURA BRASILEIRA AO USO DO CONHECIMENTO COMO PRINCIPAL INSUMO PARA A OBTENÇÃO DE MELHORES RESULTADOS.” MAURÍCIO DE BORTOLI, produtor em Cruz Alta (RS).

que em nossa atividade se faz cada vez mais necessário o básico bem-feito mais 10% a cada ano. As tecnologias proporcionaram à agricultura brasileira alcançar números absolutos e se tornar líder mundial na produção de grãos, fibras e energia ao passo que quanto mais investimos neste setor nosso produto fica mais lucrativo e sustentável”. O engenheiro agrônomo Roberto Jaeger, com propriedade em Camaquã (RS), produz arroz em rotação com a soja e concorda sobre os recordes de produção serem resultados da utilização maior de tecnologia, observação das regras de manejo, época de plantio, controle de ervas daninhas e doenças e fertilidade ajustadas dentro da agricultura de precisão. “Os produtores estão amadurecendo. Aqui no Rio Grande do Sul, a produção de soja já é tradicional e nos últimos anos a implantação de processos tecnológicos e a preocupação com a resistência e umidade do solo fez com que houvesse uma área de expansão para a região”. A tecnologia é uma das aliadas. O Posicionamento Cinemático em Tempo-Real (RTK, em inglês) colabora na drenagem correta, por exemplo. “Com isso, há uma estabilidade do processo produtivo”, explica. O engenheiro afirma ainda que a produção de arroz bateu o teto de produtividade com 12 mil quilos e a expectativa é que os números aumentem ainda mais em dois ou três anos. Todo o setor está otimista. Máxima produtividade, qualidade e reconhecimento internacional estão entre os objetivos de toda cadeia produtiva. “Certamente a cada ano a produtividade e a produção agrícola brasileira bate e baterá muitos recordes. O Brasil possui ainda grandes oportunidades para aumentar a sua produtividade e a sua produção por área sem prejudicar o meio ambiente, atuando principalmente em áreas degradadas e utilizando tecnologias para gerir melhor as suas áreas produtivas. Assim, nossa expectativa é a obtenção de maiores produtividades ano após ano”, finaliza a professora Marcieli.

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EMPRESA

DSM ABRE CAMINHO PARA PRODUÇÕES SUSTENTÁVEIS DE PROTEÍNA ANIMAL Melhorar o desempenho dos animais, a qualidade dos produtos e fazer o uso consciente dos recursos naturais estão entre os compromissos de um movimento de transformação liderado pela companhia. Por Bruna Deitos

D

ados da Organização das Nações Unidas apontam que o mundo deve alcançar a marca de 9,7 bilhões de pessoas até 2050. Ao encontro disso, um estudo da World Bank afirma que a procura por proteína animal aumentará mais de duas vezes em comparação com os volumes atuais devido ao crescimento populacional e ao aumento das classes médias. Ainda segundo o estudo, a quantidade de alimento que deverá ser produzida para atender a demanda nas próximas décadas é maior do que o total de produção de alimentos dos últimos 8 mil anos. De acordo com o Líder de Sustentabilidade do negócio de Nutrição e Saúde Animal da DSM na América Latina, José Fran-

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cisco Miranda Jr, é essencial que se encontre uma maneira sustentável de suprir esse aumento de consumo. “Os desafios que a indústria de proteína animal terá que enfrentar vão muito além de apenas emissões de gases. O desperdício de alimentos, a preocupação com o bem-estar animal, o uso de antibióticos e a crescente resistência microbiana são outros desafios que terão que ser endereçados”, pontua. A DSM é uma empresa global baseada em ciência para Nutrição, Saúde e Vida Sustentável. “Estamos comprometidos, através da ciência e inovação, em liderar o caminho para uma produção de alimentos mais sustentável”. Miranda Jr afirma que a DSM está “trabalhando tanto com cientistas e parceiros de

negócios quanto com o Programa Mundial de Alimentos da ONU e a África Improved Foods para que isso aconteça e para atingir as metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Isso envolve, entre outras coisas, aumentar a qualidade e o conteúdo nutricional dos alimentos, incluindo a ração animal”.

NÓS TORNAMOS ISSO POSSÍVEL

Por isso, a empresa lançou a iniciativa estratégica Nós Tornamos Isso Possível (We Make It Possible, em inglês) com o propósito de liderar uma transformação viável em todo o mundo para produções mais sus-


tentáveis de proteína animal. Alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, a iniciativa é impulsionada por seis plataformas que abordam os principais desafios da indústria. • Melhorar o desempenho ao longo da vida dos animais; • Melhorar a qualidade da carne, leite, peixe e ovos, reduzindo a perda e o desperdício de alimentos; • Reduzir as emissões na produção animal; • Fazer uso eficiente dos recursos naturais; • Reduzir a dependência dos recursos marinhos; • Ajudar a combater a resistência antimicrobiana.

SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA E AMBIENTAL

FOTO: DIVULGAÇÃO

Ser mais sustentável em relação ao ambiente é também ser em relação à economia. Um dos exemplos é o ProAct 360TM.

A enzima produzida pela DSM melhora a digestibilidade da proteína adicionada na ração, principalmente do farelo de soja, possibilitando redução de custos ao produtor e integridade gastrointestinal ao animal, ao mesmo tempo que possibilita uma produção mais sustentável. Ela age mais rápido, tem um efeito maior sobre os inibidores de tripsina — fatores que impactam negativamente a produção — e não possui um substrato específico, ou seja, age sobre qualquer fonte proteica adicionada na ração graças à sua eficácia.

MAIS LUCRATIVIDADE PARA O SETOR

Outra novidade da DSM neste aspecto é o Sustell™, um serviço inteligente de sustentabilidade para impulsionar a pegada ambiental e a lucratividade da produção de proteína animal. Por meio de um software robusto, o Sustell™ combina dados reais da indústria de proteína animal, com conhecimento especializado, soluções personalizadas, práticas e sob medida, e projetos de desenvolvimento de negócios para destravar o valor da sustentabilidade. Ele analisa, por exemplo, o impacto ambiental de 19 categorias diferentes como mudanças climáticas, uso de recursos, es-

NA DSM, SUSTENTABILIDADE É O NOSSO PRINCIPAL VALOR E ESTÁ NA BASE DA ESTRATÉGIA DE TODOS OS NOSSOS NEGÓCIOS.” JOSÉ FRANCISCO MIRANDA JR. Líder de Sustentabilidade do negócio de Nutrição e Saúde Animal da DSM na América Latina.

BENEFÍCIOS ECONÔMICOS DA PROACT 360TM PARA A INDÚSTRIA: FARELO DE SOJA: reduz a quantidade em até 8%.

ÓLEO: reduz a quantidade em até 10%.

L-TREONINA: reduz em até 60% a quantidade do aminoácido. DL-METIONINA: reduz em até 10% a quantidade do aminoácido.

cassez de água, eutrofização marinha e de água doce, esgotamento da camada de ozônio, entre outros, equivalendo-se a ferramenta Pegada Ambiental 2.0 de avaliação de Análise de Ciclo de Vida (ACV) do SimaPro®, proporcionando reconhecimento global para os resultados. Sustell™ fornece, entre outras informações, insights profundos sobre emissões na produção. “Abre novas possibilidades para a cadeia de valor mais ampla, incluindo a capacidade de incentivar práticas sustentáveis desde a produção de ração até a finalização dos animais na produção”, explica o líder. Miranda Jr reitera a necessidade de aplicar novas maneiras de pensar, novas tecnologias e novos modelos de negócios. “Acreditamos firmemente que o mundo precisa melhorar a sustentabilidade dos seus sistemas alimentares e é por este motivo que aplicamos a nossa expertise em ciência e inovação para atender com excelência à demanda da produção de alimentos, objetivando produções melhores, de forma tangível e mensurável por meio de tecnologias que contribuam para os maiores desafios do planeta”.

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EVENTO

DEFINIDA PROGRAMAÇÃO CIENTÍFICA DO 13º SIMPÓSIO DE SUINOCULTURA

A

programação científica do 13º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS) – um dos principais fóruns de discussão do setor na América Latina – foi anunciada pela entidade promotora, o Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet). O Simpósio ocorrerá nos dias 10, 11 e 12 de agosto. Paralelamente ocorrerá a 12ª Brasil Sul Pig Fair virtual. Em face da persistência da crise sanitária decorrente da pandemia do novo coronavírus, os dois eventos serão realizados totalmente on-line, com geração e transmissão a partir de Chapecó (SC). A abertura oficial do Simpósio ocorrerá no dia 10 de agosto às 13h30 e a palestra de abertura às 14h24. O engenheiro agrônomo e doutor em economia aplicada pela ESALQ/ USP, Alexandre Mendonça de Barros, explanará sobre “Mercado de carnes e grãos: tendências e perspectivas”. A palestra tem patrocínio da Farmabase. O evento está dividido em cinco módulos: tendências de futuro, biosseguridade, uso prudente de antimicrobianos, nutrição e sanidade. O presidente da Comissão Científica do SBSS, Paulo Bennemann, ressalta que os temas foram definidos com base no momento atual da suinocultura e seus desafios. “Buscamos profissionais com alta expertise nos temas que abordarão tendências, inovações e o futuro da suinocultura, sem esquecer do que é importante no dia a dia do setor, para garantir a qualidade e a sanidade na produção. Serão três tardes de conhecimento e trocas de experiência, trazendo forte conexão com o cenário mundial do setor”, sublinha.

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O SUCESSO DO EVENTO TEM SIDO BASEADO EM UMA ABORDAGEM PRÁTICA DE ASSUNTOS DO DIA A DIA E QUE POSSAM AGREGAR CONHECIMENTO TÉCNICO”. LUIZ CARLOS GIONGO, presidente do Nucleovet.

O presidente do Nucleovet, Luiz Carlos Giongo, frisa que desde a primeira edição do evento, o objetivo é promover o aprimoramento dos médicos veterinários, zootecnistas, consultores, pesquisadores, profissionais da agroindústria, produtores e demais profissionais envolvidos com a ampla e complexa cadeia da suinocultura. “O sucesso do evento tem sido baseado em uma abordagem prática de assuntos do dia a dia e que possam agregar conhecimento técnico”, realça. O 13º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura tem apoio da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), do Conselho Regional de Medicina Veterinária de SC (CRMV/SC), da Embrapa, da Prefeitura de Chapecó, da Unochapecó e da Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária (Somevesc). Programação completa e inscrições no site https://nucleovet.com.br/.

FOTOS: MB COMUNICAÇÃO E ADOBE STOCK

Evento 100% online, promovido pelo Nucleovet, contará com 12 palestras ministradas por profissionais renomados no período de 10 a 12 de agosto.


SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2021 29


SUÍNOS

SUINO

CULTURA 30 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2021

5.0


U

m robô que alimenta os suínos enquanto toca música clássica. Ao operar de forma silenciosa e tranquila, o robô leva conforto aos animais reduzindo situações de estresse. Com um sistema inteligente oferece o alimento no horário adequado, na quantia exata para aquela fase, para aquela baia, para aquela demanda. Serve uma ração sem contaminantes ao redor ou no ambiente proporcionando conforto e bem-estar animal, bem como uma melhor conversão alimentar, ou seja, uma carne suína de melhor qualidade com uniformidade dos lotes, dos cortes dos animais e da carcaça. Tudo isso pode ser acompanhado pelo produtor, que monitora os resultados pelas câmeras e aplicativos. A tecnologia patenteada pertence à Roboagro, uma empresa do Grupo C3 Equipamentos. De acordo com o diretor, Giovani Molin, é comprovadamente um investimento que permite uma economia para o produtor e para a agroindústria.

FOTO: AGROCERES PIC

MERCADO OTIMISTA

Aplicação de novas técnicas e tecnologias oferece conforto e reduz situações de estresse, o que garante eficiência produtiva e economia ao produtor. Por Bruna Deitos

O robô é apenas uma das tecnologias que o setor criou para potencializar a produção. Nossa suinocultura é reconhecida mundialmente: o país ocupa a 4ª posição tanto na produção quanto na exportação. O pesquisador na área de bem-estar e sistema de produção de suínos da Embrapa, Osmar Dalla Costa, afirma que o Brasil nas últimas duas décadas tem atendido as exigências do mercado externo no que tange ao sistema de produção. “Práticas que antes eram comuns, como matrizes em box de gestação, por exemplo, foram abolidas. As boas práticas na produção com vistas ao bem-estar animal, têm contribuído significativamente na redução do uso de medicamentos, bem como na qualificação de mão de obra e melhoria das condições ambientais. Tudo isso gera um otimismo para o setor e as empresas têm expandido a capacidade de produção”. O gerente de Produção da Agroceres PIC, Nevton Hector Brun, concorda: “os projetos construtivos na suinocultura vêm s e s ofisticando, incorporando cada vez mais inovações e tecnologias. As unidades de produção estão maiores, com galpões mais

largos, concentrados em bloco e com o ambiente totalmente controlado”, explica. “São granjas desenhadas e construídas para responder aos crescentes desafios da atividade, como otimizar o uso da mão de obra, intensificar o controle sanitário, promover um melhor manejo de resíduos e elevar o bem-estar animal. Características que se refletem no desempenho zootécnico dos animais e nos resultados econômicos da unidade de produção. Esse arrojo tecnológico torna a suinocultura brasileira altamente competitiva e projeta o Brasil como um dos líderes globais em eficiência de produção suinícola, condição que vem ampliando a participação do setor no mercado internacional de carne suína. Segundo Nevton Brun, as perspectivas são favoráveis para a suinocultura nacional nos próximos anos. “A oferta brasileira de carne suína está ajustada e deve crescer, moderadamente, no próximo biênio. Ao mesmo tempo, as exportações tendem a continuar firmes, sobretudo pelos efeitos causados pela Peste Suína Africana (PSA) na Ásia, especialmente na China, o que deve manter a demanda internacional firme até pelo menos o primeiro semestre de 2022”. Outro fator de destaque para o setor é o preço da carne bovina, que deve se manter em alta, potencializando a competitividade da carne suína no mercado doméstico e sua presença na mesa dos brasileiros.

SUINOCULTURA 5.0

O cenário otimista revela a necessidade de manter o mercado aquecido com a ampliação da capacidade de produção. De acordo com Brun, os Núcleos Genéticos, por serem unidades de produção de excelência e alto nível tecnológico, contribuem para o desenvolvimento e popularização de muitas tecnologias posteriormente usadas nas granjas comerciais de suínos. Segundo ele, diferentes tecnologias preditivas já vêm sendo amplamente utilizadas em granjas de melhoramento genético e tendem a ganhar espaço nas unidades de produção comerciais no futuro. “Nos Núcleos Genéticos já é possível realizar, por exemplo, por meio de sensores e câmeras, a seleção física dos animais e analisar o comportamen-

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2021 31


FOTO: DIVULGAÇÃO/AGROCERES PIC

SUÍNOS

As granjas são desenhadas e construídas para otimizar o uso da mão de obra, intensificar o controle sanitário, promover um melhor manejo de resíduos e elevar o bem-estar animal.

to das fêmeas para detecção de cio”, conta. “A automação de processos nos Núcleos Genéticos também já permite promover a contagem dos suínos durante as transferências entre setores, controlar o consumo de água, o estoque de ração nos silos e realizar o manejo de lavação das instalações, de forma automática”, destaca. Dado o papel precursor da genética sobre a definição e popularização de novas tecnologias na produção de suínos, consultar o fornecedor de material genético durante a elaboração de um novo projeto tem sido uma prática cada vez mais recomendável. Afinal, a genética é o fator tecnológico de maior peso e que, historicamente, lidera as transformações na produção de suínos. “Entender como o progresso genético se dará e que reflexos esses avanços terão sobre as instalações e o manejo dos animais, é fundamental não apenas para orientar a concepção do projeto, como para estender a funcionalidade e atualidade da unidade de produção”, comenta Brun.

32 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2021

A FUSÃO E INTERAÇÃO DE TECNOLOGIAS ENTRE OS DOMÍNIOS FÍSICOS, DIGITAIS E BIOLÓGICOS PERMITIRÃO AO SETOR EXPERIMENTAR GRANDES SALTOS DE EFICIÊNCIA E PRODUTIVIDADE. NEVTON HECTOR BRUN , Gerente de Produção da Agroceres PIC.


EMPRESAS OFERECEM SOLUÇÕES INTELIGENTES INOBRAM

EDEGE

A Inobram, empresa de automação e tecnologia para granjas, tem como propósito impulsionar a produtividade com tecnologia, conforto e segurança para as pessoas e os animais. “Sempre trabalhamos em soluções e linhas de produtos que possam atender desde a mais simples necessidade de pequenas granjas, como abertura e fechamento das cortinas laterais de um galpão por tempo ou temperatura, indo até granjas mais tecnológicas com sistemas que podem monitorar consumo de água, ração, temperatura da água, temperatura, umidade e nível de CO2 dentro da granja”, destaca o coordenador comercial da Inobram, Edson Marangoni. Tudo isso focado em facilidade e segurança, com transmissão dos dados e variáveis em tempo real, o que proporciona melhor gestão e controle, tanto do produtor quanto da integração. “Acredito que um diferencial na suinocultura foi o controle do nível de CO2 nas instalações de creche e de terminação, pois era feito controle manual e em muitos momentos não era dada a devida atenção. Nosso sistema automaticamente interpreta as condições internas da granja, determinando se estão favoráveis ou não e, caso não estejam satisfatórios, o sistema entra em ação, atuando automaticamente de forma a propiciar ao animal a melhor condição de ambiente possível para o seu melhor desenvolvimento”, explica. Os resultados econômicos são claros: “animais criados em ambiente favorável com temperatura, umidade, CO2 e aquecimento ideais, aliados a boa alimentação, genética e cuidados sanitários adequados, tem o desenvolvimento favorecido, fazendo com que cheguem ao peso ideal antes que o previsto”.

A Edege possui uma gama de equipamentos com tecnologia em alimentação para os criadores de suínos, ou seja, o produtor se preocupa em fazer a construção civil e a Edege fornece os equipamentos completos para alimentação, climatização, pisos, entre outros. “O sistema de automação e climatização é uma das técnicas que mais ajuda ao produtor, pois além de diminuir drasticamente a mão de obra, melhora o bem-estar do plantel e contribui para o melhor aproveitamento da ração retornando em forma de melhor conversão alimentar e, consequentemente, melhores ganhos ao produtor”, explica o diretor-geral da empresa, Bento Zanoni. Os investimentos influenciam positivamente na rentabilidade do setor através dos resultados de conversão alimentar. “A pandemia trouxe em sua bagagem um grande desafio às agroindústrias, pois a construção civil e os equipamentos praticamente dobraram de preços enquanto o preço da carne praticamente continuou o mesmo, porém tudo tem que se enquadrar e se adaptar às novas realidades. Sem tecnologia ninguém consegue ir em frente e a Edege está aí para contribuir”. Zanoni está otimista em relação ao futuro do mercado agro: “as perspectivas são de manter em uma vantagem muito boa para o produtor brasileiro, tendo em vista os problemas de peste suína na China, grande comprador de carnes do Brasil e outros mercados que irão se abrir. A humanidade precisa se alimentar e o Brasil é favorável à produção pela nossa extensão agrícola e tecnologia na criação e plantação de grãos, como milho, soja e outros produtos para a criação dos suínos”.

MSD Na MSD Saúde Animal a linha de produtos da unidade de negócios é voltada para o mercado de biológicos, tendo como foco a prevenção. “Junto ao nosso portfólio, oferecemos serviços em gestão de produtividade de granjas, a fim de acompanhar os suinocultores em todos os passos de sua produção, oferecendo o suporte necessário com plataformas de identificação de perfil de agentes infecciosos nas granjas e produtos que se encaixam nas necessidades específicas de diferentes sistemas de produção”, explica o diretor de negócios de Suinocultura da MSD Saúde Animal, Rudy Claure. Um dos produtos é o Idal 3G Twin: o dispositivo regula a dose da vacina e a pressão de aplicação eletronicamente, evitando erros de volume da dose aplicada e possíveis lesões teciduais, que podem ocorrer no local da vacinação com agulha, sendo estas minimizadas

ou inexistentes. Outro exemplo é a Porcilis Ileitis, a primeira vacina injetável do mundo para o combate a Lawsonia intracellularis, causadora da Enteropatia Proliferativa Suína, ou Ileíte. “Uma doença que afeta os animais e impacta negativamente os resultados econômicos em granjas de suínos”. O resultado disso é a maior rentabilidade nas granjas. Claure afirma que um produtor que atua em congruência com boas práticas no campo, têm animais capazes de atingir maior produtividade, menos incidência de doenças – pois prezam pela prevenção – e uma resposta melhor aos medicamentos quando é necessário utilizá-los. Animais mais saudáveis, proteínas confiáveis, com garantia de alimento de qualidade e uma cadeia que preza pela sanidade e pelo bem-estar ao mesmo tempo é o que abre portas de mercados internos e externos.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2021 33


SUÍNOS

AGROCERES PIC LANÇA NOVA VERSÃO DO

GUIA DE CRESCIMENTO

E

laborado para ajudar o produtor a extrair o máximo desempenho produtivo dos suínos nas fases de recria e terminação, o Guia de Crescimento Agroceres PIC já está disponível no site da empresa. Em momentos de forte pressão sobre os custos de alimentação, otimizar a eficiência do sistema produtivo é primordial para manter-se competitivo. Isso envolve o aprimoramento da gestão em todas as etapas de produção, mas, em especial, na fase de crescimento dos suínos, que concentra 80% dos animais de uma granja e na qual aspectos como conversão alimentar, ganho de peso diário e rendimento de carcaça têm um peso estratégico sobre os resultados. Atenta a esse cenário e, frente ao maior potencial de desenvolvimento dos animais nessa fase gerado pela evolução genética, a Agroceres PIC acaba de lançar uma nova

versão de seu Guia de Crescimento. Elaborado pelo corpo técnico da empresa, com o apoio de várias equipes da PIC com atuação em diferentes partes do mundo, o guia traz uma visão global e ampliada sobre as estratégias e práticas de manejo nas fases de recria e terminação dos suínos. “O Guia traz orientações técnicas, procedimentos e processos cuidadosamente organizados para oferecer ao produtor um amplo suporte de recomendações para o dia a dia das granjas, úteis para otimizar a eficiência, a qualidade e a rentabilidade do plantel”, afirma Gustavo Lima, dos Serviços Técnicos e de Validação de Produtos da Agroceres PIC. “São orientações técnicas resultantes de anos de pesquisas e da experiência de campo, que podem gerar ganhos econômicos expressivos aos nossos clientes”, conclui.

Estão compiladas na publicação desde as metas de desempenho para a etapa de crescimento, passando pelo manejo nutricional e ajustes dos equipamentos de alimentação, planejamento e densidade dos lotes, configuração dos sistemas de ambiência, cuidados iniciais com os leitões, até os manejos de rotina e recomendações de transporte. São orientações técnicas atualizadas e totalmente alinhadas à Instrução Normativa nº 113, que determina as boas práticas de manejo e bem-estar animal preconizadas para sistemas de produção comercial. O Guia de Crescimento Agroceres PIC já está disponível na seção Canal Técnico, no site da empresa. Clientes e profissionais do setor suinícola precisam apenas fazer um rápido cadastro para ter acesso à publicação. Acesse: www.agrocerespic.com.br/canaltecnico

FOTO: DIVULGAÇÃO AGROCERES PIC

“O GUIA TRAZ ORIENTAÇÕES TÉCNICAS, PROCEDIMENTOS E PROCESSOS CUIDADOSAMENTE ORGANIZADOS PARA OFERECER AO PRODUTOR UM AMPLO SUPORTE DE RECOMENDAÇÕES PARA O DIA A DIA DAS GRANJAS.” GUSTAVO LIMA, dos Serviços Técnicos e de Validação de Produtos da Agroceres PIC.

34 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2021


LINHA MATRIZES

LINHA INCUBAÇÃO

SISTEMA DE SUSPENSÃO COM PÉS E SISTEMA DE LEVANTAMENTO AUTOMÁTICO CURVAS

COMEDOURO PARA MACHOS

BALANÇA DIGITAL EMENDA

GRADES DE RESTRIÇÃO

CAIXA E DEPÓSITO DE RAÇÃO

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TERMINAÇÃO

COMED. TERMINAÇÃO INOX 2 BOCAS DUPLO

TERMINAÇÃO COMED. TERMINAÇÃO INOX 4 BOCAS DUPLO

CRECHÁRIO

GESTAÇÃO

LINHA LINHA FRANGOS FRANGOS

BEBEDOURO ZIGGITY

WWW.EDEGE.COM.BR SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2021 35


AVES

GRANJAS DO FUTURO:

SAÚDE E EFICIÊNCIA PRODUTIVA

Melhoramento genético resulta em maior bem-estar às aves e aumenta produtividade. Por Bruna Deitos

O

melhoramento genético possibilitou, ao longo dos anos, maior eficiência produtiva e mais saúde às aves, sempre mantendo como foco a rentabilidade do produtor. Aprimorar geneticamente a produção se baseia na seleção das melhores aves para compor uma nova geração. Isto ocorre de maneira contínua e proporciona a transferência dos melhores genes. Por herança, será melhor que a geração de seus pais e, assim, sucessivamente. São mais de 50 características ou atributos levados em consideração para a seleção de aves. O principal benefício está na produtividade. De acordo com o diretor Associado de Produto da Cobb-Vantress, Rodrigo Terra Celidonio, com saúde plena, as aves conseguem expressar todo potencial genético e transformar menos ração em mais carne.

SAÚDE DO FRANGO = SAÚDE DO CONSUMIDOR

Os frangos do futuro sempre atenderão a demanda e as preferências do mercado. Serão saudáveis e tornarão cada vez mais sustentável seu processo de produção, com melhorias não apenas na seleção em si, mas também em relação às tecnologias aplicadas no processo de produção, como inovações na construção de galões e controles ambientais.

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Terra argumenta ainda que transformar proteína vegetal, de difícil absorção para humanos, como milho e soja, em proteína de fácil absorção, faz com que a carne de frango tenha um grande valor no dia a dia. “A importância da proteína animal de alto valor nutricional e custo acessível permitirá que uma população maior tenha acesso a essa proteína”. Além disso, a inclusão nos programas de melhoramento de atributos relacionados à saúde e bem-estar das aves, bem como a ausência de antibióticos no processo de seleção, trouxeram melhorias ainda mais contundentes na produtividade. Os resultados são melhores taxas de viabilidade e ao mesmo tempo melhoras no ganho de peso e conversão alimentar. As estruturas de produção são elaboradas para acomodar as aves e proporcionar um ambiente de conforto, que se traduz em menos enfermidades, saúde e produtividade, seja de ovos ou de crescimento dos frangos com eficiência.

EFICIÊNCIA PRODUTIVA

A melhoria na eficiência proporciona menor custo por quilo produzido e melhor relação de preço ao consumidor final. O diretor exemplifica: nos últimos 10 anos é possível

oferecer um frango que se desenvolve mais rápido, na mesma idade de referência. Por exemplo, um frango de 42 dias que acumulou ao redor de 500g no peso final, consome menos ração para produzir 1 kg de peso vivo (conversão alimentar) e representa uma economia ao redor de 0,020kg/1kg de peso vivo. “Parece pouco para um indivíduo, mas na escala de produção de nossas empresas, significa muito. Ainda tem mais carne vendável em sua carcaça, efeito mais notado para as gerações que hoje estão acima dos 50 anos”, explica. Os ganhos em velocidade de crescimento e conversão alimentar estão diretamente conectados à sustentabilidade do processo de produção do frango de corte, pois acompanha a demanda crescente por esta proteína, com pequenos ajustes no parque produtivo e menor “pegada de carbono”, proporcionada pela melhor eficiência alimentar e menor produção de dejetos. O CobbMale, por exemplo, o frango mais eficiente do mundo, é um produto da Cobb-Vantress, a mais antiga empresa de melhoramento genético de frangos de corte com 105 anos. O produto possui alta eficiência alimentar e ganho de peso em seu desenvolvimento, dentre outros, que atendem a saúde e o bem-estar animal, como sua qualidade de carcaça. “É um produto


FOTOS: DIVULGAÇÃO COBB

OS FRANGOS DO FUTURO SEMPRE ATENDERÃO A DEMANDA E AS PREFERÊNCIAS DO MERCADO.

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Estudos apontam que o melhoramento genético foi responsável por 85 a 90% da evolução na avicultura nas últimas décadas. Fonte: avicultura.info

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excepcional no que se propõe: ótima taxa de empenamento e pigmentação, que expressa a qualidade saudável da carne do frango de corte”, explica Terra.

AVES DO FUTURO

A avicultura conta com a inovação como aliada para uma produção cada vez mais sustentável economicamente. As novas tecnologias proporcionam a possibilidade de seguir evoluindo com maior eficiência e precisão. “A evolução no conhecimento da pesquisa genômica nos trará grandes benefícios futuros. É importante dizer que se trata de conhecer o mapa genético das aves e identificar genes positivos e negativos em uma população de aves e selecionarmos sua frequência de expressão”, explica. O diretor comenta ainda que a introdução desta tecnologia no processo proporcionará a eleição de aves, combinadas com o modelo tradicional de

PRODUZIR A AVE SAUDÁVEL E COM EFICIÊNCIA É A BASE PARA QUE TENHAMOS UM PRODUTO NESTAS CONDIÇÕES: ALTA QUALIDADE COM GRANDE ACESSO DO CONSUMIDOR.” RODRIGO TERRA CELIDONIO, diretor Associado de Produto da Cobb-Vantress.

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seleção, com aves geneticamente selecionadas, não geneticamente modificadas. A Cobb-Vantress se manteve competente para manter-se no mercado. “Não deixamos de investir e de pesquisar. É uma norma na empresa: buscar novas alternativas de fazer melhor o que já faz muito bem. Desenvolvemos produtos de qualidade, competitivos, confiáveis e consistentes para mais de um segmento do mercado de frangos de corte”.


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AVES

Tecnologias sustentam qualidade da

VACINAÇÃO VIA SPRAY

A TECNOLOGIA ESTÁ PERMITINDO AO PRODUTOR TER NAS MÃOS INFORMAÇÕES QUE SÃO MUITO VALIOSAS E QUE ELE NUNCA PENSOU QUE PODERIA TER ANTES. THARLEY CARVALHO, gerente de marketing aves de ciclo curto da CEVA.

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FOTOS: DIVULGAÇÃO CEVA

A escolha da vacina, do equipamento, o controle e o monitoramento da vacinação formam os pilares para o sucesso sanitário dos incubatórios.


A

Bronquite Infecciosa (BI) é uma das doenças de maior impacto econômico na avicultura de corte nacional. Isso porque a inadequada imunização tem um efeito negativo direto na produtividade. "Lotes comerciais inadequadamente imunizados e desafiados tem sua produtividade reduzida com distúrbios clínicos que incluem quadros respiratórios e renais, aumento da mortalidade, intensificação do uso de antibióticos e aumento das condenações, sejam parciais ou totais por aerossaculite e colibacilose", aponta o gerente de marketing aves de ciclo curto da CEVA, Tharley Carvalho. Segundo Tharley, o setor avícola deve levar em conta que a manifestação clínica pode se agravar com infecções relacionadas a fatores externos e, em função das razões que afetam o desempenho zootécnico e econômico dos incubatórios, a multinacional francesa coloca à disposição do mercado diversas tecnologias para apoiar os desafios supracitados. “A primeira delas é a escolha da vacina. Um bom exemplo é a Cevac Ibras, vacina presente há quatro anos no dia a dia da avicultura industrial, fruto de oito anos de intensos estudos com diversos e extensos trabalhos epidemiológicos e moleculares que identificaram o genótipo viral BR (variante brasileira). A tecnologia contida na vacina trouxe diversos benefícios produtivos em poedeiras, matrizes e frangos de corte", insere Tharley. Adicionalmente, o gerente nacional de serviços técnicos da multinacional francesa, Jorge Luís Chacón, lembra que trabalhos posteriores confirmaram a patogenicidade do vírus em solo nacional e que era ineficientemente controlado pela cepa vacinal Massachusetts. "Finalmente, as empresas conseguiram quantificar as milionárias perdas causadas por este vírus variante, o que serviu para obter o registro da primeira vacina de BI contendo a cepa variante BR", salienta. Aliado a vacina, é importante ter em mãos outras tecnologias para dar suporte a ação efetiva da vacinação via spray nos incubatórios. "Dados mundiais apontam que 90% dos incubatórios usam vacinação por pulverização regularmente", inclui Tharley. No entanto, para que esta empreitada tenha efetividade outros fatores devem ser levados em consideração para garantir a qualidade da vacinação via spray, tais como a escolha do equipamento e a mensuração da aplicação.

Jorge Luís Chacón, gerente nacional de serviços técnicos da multinacional francesa

Denis Ferreira, gerente de serviços de vacinação da CEVA

Com vistas para o que tem de melhor em equipamentos disponíveis no mercado, o gerente de serviços de vacinação da CEVA, Denis Ferreira destaca o pulverizador Ceva Desvac In Line. "Contamos com uma série de equipamentos, contudo os pulverizadores in line oferecem melhor qualidade de vacinação. Presente em incubatórios de médio e grande porte, eles são instalados sobre a linha de transporte logo após o contador de pintinhos ou como equipamento independente fazendo com que a caixa pare, evitando perda de tempo, além de não impactar na distribuição dos pintinhos no interior das caixas", salienta. Outra vantagem se dá pelo movimento contínuo da caixa que, ao passar pelos bicos planos (em leque), realiza uma cobertura de 100% da superfície e perfeita homogeneidade das gotas. Somado a isso, a Desvac In Line Spray consegue pulverizar

duas linhas transportadoras de forma simultânea devido ao seu sistema independente de braço duplo. E por fim, Tharley destaca a importância do monitoramento da vacinação em incubatórios. "Oferecemos para o mercado o C.H.I.C.K. Program. Programa que completa dez anos e que consiste em um pacote completo de serviços voltados para os incubatórios", alinha. Nele, os incubatórios passam a ter cinco grandes áreas assistidas: vacinas; equipamentos; técnica de vacinação; monitoramento e diagnóstico; experiência e formação. "Para cada pilar agimos com objetivo de mitigar as não conformidades durante todo o processo de vacinação via spray nos incubatórios", acrescenta Tharley ao concluir que todo este conjunto de ações referendam o compromisso da CEVA de ir além da saúde animal.

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AVES

AVICULTURA ALIADA

NO COMBATE À COVID-19 Parceria entre Instituto Butantan e Globoaves permite a criação da vacina a partir de ovos férteis. Por Bruna Deitos

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FOTOS: ALYSSON BORGES/DIVULGAÇÃO GLOBOAVES


AVES

FOTO: ALYSSON BORGES/DIVULGAÇÃO GLOBOAVES

Para desenvolver a imunização a partir de um ovo embrionário, o Instituto Butantan conta com a ciência e a inovação

CONTROLE SANITÁRIO NAS GRANJAS

As granjas que fornecem embriões para a produção de vacinas são exclusivas, totalmente isoladas e obedecem a um rígido controle sanitário. Kaefer explica que as terras são escolhidas se cumprirem alguns critérios: não pode haver vizinhança, nenhum tipo de tráfego, e os aviários devem contar com um alto padrão tecnológico. Há controle de ventilação, condições climáticas e iluminação. “O aviário é quase um laboratório: tem um telhado isotérmico e as aves ficam a 1 metro de altura do chão, protegidas por um piso plástico. Além disso, o processo de coleta de ovos é totalmente automatizado, sem acesso humano”. Todos esses cuidados são executados sem deixar de cuidar do bem-estar animal.

Teste de um imunizante a partir de ovos férteis está em fase de desenvolvimento

As aves são alimentadas com ração de formulação exclusiva composta por nutrientes de origem vegetal que garantem excelente qualidade de vida, saúde e produção. Outra diferença em relação às outras granjas é a medicação: nem todas as vacinas podem ser usadas nas matrizes. Depois da coleta, os ovos passam por uma seleção: são pesados e separados por

categorias. Nem todos vão gerar embriões e, por isso, são descartados. “Os ovos permanecem na incubadora de 10 a 11 dias, depois eles são avaliados e os que estiverem embrionados são encaminhados para o laboratório em um transporte próprio para essa finalidade, uma incubadora ambulante que conta com controle de oxigenação, umidade, clima”, explica o diretor.

OS OVOS POSSUEM UMA GENÉTICA ESCOLHIDA A DEDO. SOMOS MONITORADOS E AVALIADOS PELO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E SECRETARIA DO ESTADO DE SÃO PAULO”. Roberto Kaefer, diretor da Globoaves e GloboBiotech

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FOTO: DIVULGAÇÃO GLOBOAVES

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agronegócio é peça fundamental no desenvolvimento da vacina brasileira contra a Covid-19. A Fundação Butantan está em fase de desenvolvimento e teste de um imunizante a partir de ovos férteis. Para isso, conta com empresas especializadas na produção avícola. Uma delas: a Globoaves. O diretor da Globoaves e GloboBiotech, Roberto Kaefer, explica que essa parceria já existe há 15 anos. “Nós fornecemos ovos para a produção da vacina contra o vírus da gripe, a Influenza, e agora os testes estão sendo realizados para a nova cepa”. Para desenvolver a imunização a partir de um ovo embrionário, a Fundação Butantan conta com a ciência e a inovação. A tecnologia da Butanvac utiliza um vetor viral que contém a proteína Spike do coronavírus de forma íntegra. Neste caso, o vírus utilizado como vetor é o de uma infecção que afeta as aves, a Doença de Newcastle. Por isso, se desenvolve em ovos férteis, mas não causa sintomas em seres humanos. Para fazer a vacina, o vírus é inativado, ficando estável e o imunizante ainda mais seguro.


O desafio de desenvolver todo o sistema para o fornecimento de ovos embrionados destinados à produção de vacinas teve início em 2007, com a parceria da Globoaves e do Instituto Butantan. Foi, então, criada a Globobiotech, braço de Biotecnologia da Globoaves. O diretor conta que a empresa realizou uma extensa pesquisa em países europeus avaliando experiências similares e desenvolveu seu próprio sistema de produção, ainda mais tecnológico. “A genética das aves utilizadas no processo é das melhores linhagens mundiais, focadas em rendimento e qualidade”. Outro passo importante da Globobiotech foi a parceria com a empresa norte-americana Charles River para a importação de Ovos SPF – Ovos Livres de Patógenos Específicos. Essa especificidade é que permite que o ovo seja utilizado, entre outras coisas, no processo de desenvolvimento dos bancos cepas de vírus Influenza (gripe) do Instituto Butantan.

As granjas que fornecem embriões para a produção de vacinas são exclusivas, totalmente isoladas e obedecem a um rígido controle sanitário

FOTO: ALYSSON BORGES/DIVULGAÇÃO GLOBOAVES

GLOBOBIOTECH

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BOVINOS

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FOTOS: DIVULGAÇÃO INSTITUTO AGROAMBIENTAL ARAGUAIA

PECUARISTAS UNIDOS NO

“SEQUESTRO” DE CARBONO Produtores de gado apostam em uma pecuária mais sustentável com ações para minimizar os impactos ambientais.

Por Bruna Deitos

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BOVINOS

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Liga do Araguaia reúne 62 fazendas, representando um total de 150 mil hectares de pastagens em processo de intensificação e 180 mil cabeças de gado

ma pecuária mais sustentável. Este é o lema de criadores do Mato Grosso que desde 2014 promovem campanhas para minimizar os impactos da criação de bovinos no meio ambiente. Juntos, eles formam a Liga do Araguaia que reúne 62 fazendas, representando um total de 150 mil hectares de pastagens em processo de intensificação e 180 mil cabeças de gado. As propriedades concentram-se na região do Médio Araguaia englobando 11 municípios do Estado. Uma das iniciativas é denominada Carbono Araguaia, que promove a redução da emissão de carbono nas fazendas de criação de gado. A ação foi realizada entre 2016 e 2020 em parceria com a DOW Brasil. A pecuária que se pratica no Brasil pode ser uma importante ferramenta para mitigar as emissões de gases de efeito estufa provenientes da atividade, se adotadas práticas de intensificação sustentável e integração. Um dos participantes do movimento e fundador do Instituto Agroambiental Araguaia, Raul Almeida

Moraes Neto, explica que é uma iniciativa pioneira de monitoramento da redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) na pecuária, resultante da adoção e disseminação de práticas de manejo e intensificação sustentável.

COMO FUNCIONA

Dentre tais práticas, destacam-se a restauração de pastagens e a integração lavoura-pecuária. As pastagens passam por assistência técnica e monitoramento no campo, auxilia-

Aumento do rebanho

73.127

da por um processo de acompanhamento técnico remoto da equipe da Pangeia Capital, buscando identificar qual pacote tecnológico é ideal para a recuperação sustentável. O grupo identificou como resposta a migração para sistemas de integração lavoura-pecuária. “Então, as três principais ações implementadas foram a recuperação, a reforma e a integração lavoura-pecuária”, explica. A adesão ao Carbono Araguaia é de 24 fazendas situadas no Vale do Araguaia, no Mato Grosso,

107.048 cab. em 2019/20

cabeças em 2016

Aumento na lotação

0,89

cabeças/hectare em 2016

1,4

cabeças/ hectare em 2019/20

= +64%

*Dados da Liga do Araguaia

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responsáveis por uma área de 79.905 hectares de pastagens. Moraes Neto é engenheiro agrônomo e pecuarista desde 2000 e realizou o ciclo completo na Fazenda Santa Rita, em Torixoréu/MT.

BONS RESULTADOS

De acordo com o pecuarista, ao longo dos cinco anos, o projeto Carbono Araguaia mitigou o equivalente a 113.928 toneladas de CO2. “Resultados alcançados a partir de metodologia adotada e reconhecida internacionalmente, que está em processo final de verificação/ validação através de auditorias internacionais independentes”.

A LIGA DO ARAGUAIA A Liga do Araguaia existe desde 2014 com o objetivo de promover o desenvolvimento econômico e social da região por meio do aumento da produtividade e renda, respeitando a legislação vigente e os limites dos sistemas naturais. A iniciativa se fundamenta nos pilares da produtividade, conservação, redução de emissões e turismo, e se materializa na forma da implantação de diferentes projetos.

Ele explica ainda que além do benefício de mitigação de carbono, o projeto contribuiu também para o desenvolvimento sustentável daquela região do Vale do Araguaia Matogrossense, já que as fazendas participantes mostram grande progresso em alguns indicadores como 43 mil hectares de pastos recuperados e redução da idade de abate de 28 meses para 22 a 24 meses.

PECUÁRIA SUSTENTÁVEL

Os produtores que participam do movimento acreditam que uma fazenda não é constituída apenas por suas pastagens, os animais e os currais ou apenas por sua área de preservação ou grupo de pessoas. “É a soma de tudo isso funcionando organicamente rumo às suas metas, respeitando, cada vez mais, a consciência de que a produção só será sustentável se levar em conta simultaneamente as dimensões econômicas, ambientais e sociais”, defende Moraes Neto. Por isso, a Liga do Araguaia quer replicar práticas de pecuária sustentável com a realização de atividades de fomento e capacitação, além de

estimular que outros pecuaristas da região adotem e monitorem práticas que contribuam para a redução de emissões de Gases de Efeito Estufa. “Também é nossa intenção estimular a conservação e restauração de áreas florestais (APPs e RLs), proporcionando sua valorização e a interligação de fragmentos florestais e agregar valor aos produtos e serviços das atividades pecuárias da região, assegurando viabilidade econômico-financeira da prática sustentável”, defende.

Carbono Araguaia promove a redução da emissão de carbono nas fazendas de criação de gado

Raul Almeida Moraes Neto é um dos participantes do movimento e fundador do Instituto Agroambiental Araguaia

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FOTO: DIVULGAÇÃO BIOGÉNESIS BAGÓ BRASIL

BOVINOS

OS DESAFIOS DO CONFINAMENTO Manejo sanitário deve ter início de 21 a 30 dias antes do confinamento.

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O manejo sanitário deve ter início de 21 a 30 dias antes da entrada dos animais no confinamento

momentos próximos ao início do confinamento para prevenir problemas e garantir o máximo desempenho nas operações e na produtividade animal. Isso porque a intensificação traz riscos sanitários, que se não forem tratados de maneira estratégica podem comprometer os ganhos. “Dentre os principais desafios dos animais de terminação estão os metabólicos, sanitários e de manejo, que podem influenciar na mortalidade e morbidade do rebanho. As principais causas de mortalidade no confinamento são pneumonia, clostridioses, fraturas, acidentes e as enterotoxemias”, explica o médico veterinário e coordenador de Serviços Técnicos da Biogénesis Bagó, João Paulo Lollato. “As doenças respiratórias dos bovinos (DRB) ganham destaque nos desafios do confinamento porque decorrem dos desequilíbrios entre as defesas naturais dos animais e os fatores ambientais externos e estresse. As DRBs têm causas multifatoriais, como estresse, deficiência nutricional ou mudanças na dieta, exposição a agentes infecciosos, agrupamento de animais de diferentes origens e o transporte. Elas afetam índices produtivos e sanitários dos confinamentos, impactando diretamente na lucratividade do sistema”, ressalta Lollato.

“Os estudos sobre bem-estar animal revelam que o bovino gosta de rotina, de forma que qualquer mudança se torna um fator que catalisa a oxidação celular devido ao mecanismo de estresse. Alteração ambiental, nutricional, dominância, variação climática, transporte e poeira são situações muito presentes na rotina do dia a dia de um sistema de confinamento. Por isso, a suplementação injetável diminui os prejuízos do manejo e potencializa o metabolismo do animal para o período de confinamento”, pontua o médico veterinário.

MANEJO NO DIA DO CONFINAMENTO E RONDAS SANITÁRIAS

No dia em que os animais entram no confinamento eles devem passar pelo curral de manejo para receber a segunda dose da vacinação contra as principais doenças respiratórias e clostridiais. Nesse manejo recomenda-se uma dose de anti-helmíntico de amplo espectro à base de levamisol concentrado e mais uma dose da suplementação mineral e vitamínica injetável. Um aspecto de vital importância no confinamento são as chamadas rondas sanitárias, procedimentos padronizados de vistoria e avaliação dos animais nos lotes que visam detectar os principais problemas nos estágios iniciais.

OS ESTUDOS SOBRE BEM-ESTAR ANIMAL REVELAM QUE O BOVINO GOSTA DE ROTINA, DE FORMA QUE QUALQUER MUDANÇA SE TORNA UM FATOR QUE CATALISA A OXIDAÇÃO CELULAR DEVIDO AO MECANISMO DE ESTRESSE. JOÃO PAULO LOLLATO, médico veterinário e coordenador de Serviços Técnicos da Biogénesis Bagó.

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onfinar animais para terminação é uma ferramenta imprescindível em qualquer projeto de intensificação pecuária. O que antes era uma simples estratégia de entressafra para explorar o “repique” do valor pago pela arroba se tornou um caminho para a evolução na pecuária para otimizar o modelo de produção. Estima-se que atualmente o sistema de confinamento representa cerca de 18% do volume de animais abatidos no Brasil. Além do acompanhamento do peso dos animais, outras ações são importantes nos

Outra doença que representa um desafio nos animais de terminação é a clostridiose, que pode ser causada por mudança alimentar, manejos de curral ou concentração de animais. Dessa forma, de 21 a 30 dias antes do início do confinamento os animais devem receber a primeira vacinação contra as principais doenças respiratórias e clostridioses. Além da vacinação, uma estratégia diferenciada que vem sendo aplicada em confinamentos de referência no Brasil é o uso de suplementação injetável contendo vitaminas (A e E) e micro minerais (Cobre, Zinco, Manganês e Selênio) para combater o estresse oxidativo.

“A frequência das vistorias depende do desafio momentâneo na operação: nos primeiros 20 dias de confinamento, quando a chance de ocorrência de problemas é grande, devem ser realizadas pelo menos duas vistorias por dia, uma de manhã e outra à tarde. Já entre o 21º e 40º dia, quando a chance de ocorrência é média, pode ser feita uma vistoria diária preferencialmente pela manhã. Se caso for detectado algum surto em algum momento deve-se adotar a prática inicial de duas vistorias por dia. A partir do 41º dia basta uma vistoria a cada dois dias de manhã”, orienta Lollato.

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BOVINOS

PROGRAMA TOURO ZERO:

ALTA LUCRATIVIDADE E LIQUIDEZ NA PECUÁRIA Sistema de produção criado pelo médico veterinário Ademir Ribeiro potencializa a rentabilidade do produtor e oferece Carne Premium ao mercado.

U

m manejo moderno e pioneiro da carne bovina em fazendas de Rondônia está ganhando as propriedades do Brasil. Idealizado pelo médico veterinário Ademir Ribeiro, o Programa Touro Zero gera alta lucratividade e liquidez nas propriedades, além de oferecer uma carne de ótima qualidade à indústria. A prática iniciou em 2012 na fazenda do próprio pecuarista, a Estância Espora de Prata. Após três anos de análises e resultados, o sistema de produção foi levado a outras fazen-

das, que implementaram o manejo e já colhem excelentes resultados. Todo o trabalho é realizado com base técnica, planejamento e gestão de qualidade. Além do manejo que visa a produção de alimento com qualidade, todo o programa é executado com fundamentos e técnicas que tratam do bem-estar animal.

PRODUÇÃO SUPERPRECOCE

O programa tem como objetivo o abate de animais com 19@ em apenas 15 meses de idade, ou seja, a produção do superprecoce. O ciclo começa com a inseminação das vacas entre maio e junho (estação de monta de outono) ou setembro a dezembro (estação de monta entre primavera-verão), parição e, logo em seguida, os machos recém-nascidos castrados logo ao nascimento ou seja, Carne Premium o ano todo.

Para ajudar pecuaristas de todo Brasil a alavancar os lucros de suas fazendas, Ademir Ribeiro também ministra o curso Aprenda a produzir 19@ em 15 meses. Mais informações no www.pecuariapremium.com.br

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O MÉDICO VETERINÁRIO ADEMIR RIBEIRO CONTA QUE DECIDIU TRABALHAR COM ANIMAIS MEIO-SANGUE ANGUS MOTIVADO PELO GANHO DE PESO MAIOR DO GADO E POTENCIAL DE RECEITA COM PROGRAMAS DE CARNE DE QUALIDADE. A castração ao nascimento é o ponto-chave de seu sistema produtivo de carne de qualidade, pois faz com que o bezerro se desenvolva em alta velocidade e valoriza o produto final. O procedimento é feito logo após o nascimento, aproveitando os serviços obrigatórios de cura do umbigo e o picote na orelha para identificação. A desmama acontece em uma única vez ao final de abril e eles seguem para o confinamento a pasto. Com isso, é possível engordá-los e entregar os animais a partir de setembro na casa de 13 para 16 meses na janela da entressafra. O veterinário conta que decidiu trabalhar com animais meio-sangue Angus motivado pelo ganho de peso maior do gado e potencial de receita com programas de carne de qualidade. “Com esta raça eu consigo ter um maior poder de barganha. Peguei a genética, a sanidade, o manejo e nutrição, o clima e coloquei o sexto ponto: a estratégia comercial”, revelou Ademir Ribeiro, referindo-se a reforçar os abates destes animais na entressafra rondoniense, entre setembro e dezembro.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

CARNE PREMIUM

Ribeiro afirma que o ponto mais importante para o sucesso do sistema de engorda do Programa Touro Zero é a nutrição. Os machos castrados são abatidos dentro de um programa de remuneração por Carne Premium, o Protocolo 1953, da Friboi. “Não tem erro buscar um animal jovem, de 14 para 15 meses com 17@ na balança da fazenda. Ele vai chegar no frigorífico com um rendimento de 56% a 58%. E além disso, pegando o preço do boi mais o (bônus pelo protocolo) Sinal Verde, mais o protocolo 1953, você chega em um benefício que o amigo pecuarista vai gostar”, defende.

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ESPECIAL COOPERATIVISMO

PRIMEIRAS LIÇÕES SOBRE

COOPERATIVISMO

Em uma iniciativa inédita, a Revista Setor Agro&Negócios e a Aurora Alimentos lançam a cartilha Ciranda do Cooperativismo, entregue em escolas rurais do Oeste de Santa Catarina.

N

inguém cresce sozinho. Esta é a prova de que unidos podemos ir além. Para uma sociedade mais justa e solidária, este princípio deve ser fomentado ainda na infância. É neste período que aprendemos a importância de compartilhar, do respeito e da honestidade. Os valores que são a base para formação humana, também caracterizam o cooperativismo, um movimento de colaboração para um mundo mais justo, inclusivo e fraterno. Para marcar o Dia Internacional do Cooperativismo que em 2021 foi comemorado no dia 03 de julho, a Revista Setor Agro&Negócios e a Aurora Alimentos uniram-se para idealizar a cartilha educativa Ciranda do Coooperativismo. A iniciativa inédita, beneficia mais de 3 mil estudantes de escolas rurais do Oeste de Santa Catarina. O conteúdo lúdico e educa-

tivo é direcionado para estudantes na faixa etária entre 6 e 9 anos. A diretora de redação da Revista Setor Agro&Negócios, Paula Canova revela que o principal objetivo do projeto é mostrar para as crianças, a maioria delas filhos de produtores rurais, que o cooperativismo está em todo lugar. ˝No alimento que elas consomem, no trabalho dos pais que destinam sua produção às cooperativas e até naquele valor economizado mensalmente para garantir o ingresso das crianças na universidade”, explica. Na cartilha, Zequinha e seus amigos ensinam valores, reforçam a importância da colaboração, do trabalho em equipe, do cuidado com os

A Cartilha Ciranda do Cooperativismo é uma publicação da Revista Setor Agro&Negócios Produção e Redação: Setor Agro&Negócios Projeto Gráfico, diagramação e finalização: Gustavo Fagundes Ilustração: Shutterstock Revisão: Grazielli Canalle - Coordenadoria Regional de Educação – Governo do Estado de Santa Catarina Distribuição: Escolas Rurais do Oeste de Santa Catarina e em anexo a 12ª edição da revista Setor Agro&Negócios.

REALIZAÇÃO:

Apoio: 4ª Coordenadoria Regional de Educação – Secretaria Estadual de Educação

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animais e ainda alertam para a preservação do meio ambiente. Além de uma história super divertida, as crianças também podem soltar a imaginação através de jogos educativos e ilustrações para colorir.


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ESPECIAL COOPERATIVISMO

A INFÂNCIA PODE SER MAIS COOPERATIVA Em casa ou na escola, atitudes e práticas pedagógicas ajudam a formar a cultura da cooperação.

M

uito além de um modelo de negócio que dá certo, o cooperativismo é considerado uma doutrina que, em linhas gerais, sugere a harmonia entre as pessoas em sociedade. Essa conquista se dá quando cada um entende seu papel como cidadão e faz a sua parte para obter ganhos coletivos. Muitos conhecem essa filosofia e seus benefícios apenas quando adultos, o que é natural considerando que crescemos numa cultura em que prevalece o espírito da competição. Esse saber que valoriza a criança com mais habilidades e alcança o primeiro lugar do pódio, está enraizado e molda o nosso comportamento enquanto crescemos e nos tornamos adultos. É possível mudar essa cultura e evoluir em qualquer fase da vida, mas se pudermos explorar a importância de cooperar desde cedo, com as crianças do nosso círculo social, teremos ganhos ainda maiores. Incentivar atividades e comportamentos que promovem a empatia, a confiança e o espírito de equipe ajuda a criar uma cultura de parceria, em que as crianças não participam para ganhar, mas sim por todo o processo que leva à meta comum. Hoje, no ambiente escolar e até mesmo em casa existem modelos pedagógicos que trabalham dinâmicas de grupo e promovem a cooperação. São os chamados jogos cooperativos, capazes de desenvolver uma série de habilidades cognitivas e socioemocionais nas crianças. O intuito é fazer com que os colegas se vejam como aliados, não adversários, e entendam que o papel de todos é essencial para a vitória. Nesse sentido, muitos desses jogos funcionam com base no coletivo ou sequer têm como resultado final

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uma pessoa ou equipe vencedora. É comum que apenas o processo do jogo seja o foco. Brincadeiras e atividades lúdicas podem ser ressignificadas dessa forma, estimulando a inclusão, a criatividade, a paciência e o respeito mútuo. Alguns exemplos de jogos são o lençol bol - em que o objetivo principal é a interação do grupo para controlar a bola dentro do lençol e arremessá-la no cesto e o desenho sem fio - que assim como o telefone sem fio, cada criança com um papel e uma caneta em mãos, deve desenhar uma parte, interagindo entre si até dar forma à imagem. Por fim, é bom relembrar que as crianças replicam o comportamento dos pais. Viver e estimular essas práticas diariamente significa valorizar uma educação capaz de gerar adultos mais conscientes e humanos. A Cooperativa Central Aurora Alimentos entende a importância de educar seguindo os princípios cooperativistas, por isso incentiva as famílias que integram o Sistema Aurora a aplicar essa filosofia com suas crianças e adolescentes.


SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2021 57


COOPERATIVISMO

AURORA ALIMENTOS ASSUME QUATRO NOVAS UNIDADES NO RS promisso dos nossos dirigentes é fazer com que seus cooperados tenham vez e voz nas cooperativas e compartilhar os resultados. Nos sentimos orgulhosos em contribuirmos, a partir de agora, para o desenvolvimento da região e temos planos para crescer ainda mais”, salienta ao complementar que o programa de investimentos da Aurora Alimentos contempla modernização das indústrias, aperfeiçoamento de processos e melhoria contínua das condições de produção e trabalho.

1abatidas milhão de cabeças de aves são diariamente. 20% é o percentual de aumento no processamento industrial de aves gerado pelo investimento.

1,2 milhão de cabeças

Serão de aves abatidas por dia.

EXPRESSÃO

Atualmente, a Aurora Alimentos abate cerca de 1 milhão de cabeças de aves por dia. Os investimentos aumentarão de imediato em 20% o processamento industrial de aves, passando para 1,2 milhão/dia. Fundada em abril de 1969, a Aurora é reconhecida como o terceiro maior conglomerado industrial do setor de carnes. É formada pela união de 11 cooperativas filiadas e atua na industrialização e comercialização de carnes suínas, aves, lácteos, peixes, massas, vegetais e suplementos para nutrição animal. Possui um mix com mais de 850 produtos e exporta para mais de 80 países. No ano passado obteve uma receita operacional bruta de R$ 14,6 bilhões.

“O COMPROMISSO DOS NOSSOS DIRIGENTES É FAZER COM QUE SEUS COOPERADOS TENHAM VEZ E VOZ NAS COOPERATIVAS E COMPARTILHAR OS RESULTADOS.” NEIVOR CANTON, presidente da Aurora Alimentos.

58 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2021

AVICULTURA AURORA EM NÚMEROS

FOTO: DIVULGAÇÃO

A

Cooperativa Central Aurora Alimentos vive um momento histórico. Após o fim das negociações com o Grupo Agrodanieli tiveram início as atividades nos dois Frigoríficos de aves, na Fábrica de Rações e no Incubatório, recém-adquiridos pela cooperativa, em Tapejara e Ibiaçá (RS). As duas unidades frigoríficas abatem 205 mil frangos por dia e a expectativa é que esse volume chegue a 310 mil nos próximos anos. Segundo o gerente dos frigoríficos Aurora Tapejara I e II, André Miotto, as novas plantas frigoríficas atendem aos requisitos para o mercado interno e o Frigorífico Aurora Tapejara II está apto para atender vários mercados mundiais. “Com 455 empregados, o Frigorífico Aurora Tapejara I tem capacidade para abater 50 mil aves e já estamos trabalhando no projeto de ampliação de capacidade e extensão para o segundo turno. No Frigorífico Aurora Tapejara II, iniciamos as operações com 1.539 empregados e abrimos mais 420 vagas para elaborarmos o nosso mix de produção que é diferenciado e voltado para a exportação”. O presidente Neivor Canton enfatiza que a Aurora prepara um plano de investimentos nas unidades incorporadas para execução em médio prazo. “A cooperativa reinveste onde a riqueza é gerada. O com-


Construindo juntos a história da agroindústria catarinense O Sindicarne e Acav fomentam a excelência em sanidade animal, bioseguridade e qualidade. Apoiam o desenvolvimento tecnológico do setor, e a ampliação do setor produtivo nos mercados interno e internacional.

Florianópolis - (48) 3222-8734 secretaria@sindicarne.org.br SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2021 59


GESTÃO NO AGRO Por Melissa Baungartner

LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS: uma breve análise sobre o contexto, ônus e benefícios originados pela LGPD para as organizações.

C Melissa Baungartner Contadora, CRC/SC 042996/O-1. Assessora de Inteligência do Negócio na Dome

om a transformação digital dos mercados, os dados pessoais ganharam grande importância na economia. A partir de algoritmos e inteligência artificial, é possível analisar o perfil dos consumidores, fazer predições sobre novas compras e coletar diversos dados relacionados aos interesses das pessoas. Em diversos países, assim, como no Brasil, esse foi o cenário que impulsionou a criação de normas que protejam os dados pessoais e resguardem os direitos dos titulares. A Lei Geral de Proteção de Dados afeta toda e qualquer empresa, organização ou instituição que trata, de alguma forma, dados de pessoas físicas. A Lei visa proteger o dado pessoal, que é toda e qualquer informação que identifique ou possa identificar uma pessoa, como nome, CPF, RG, endereço, tipo sanguíneo, filiação, entre outros. A LGPD dá proteção especial aos dados sensíveis, que são os dados que tratam sobre origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política, filiação a sindicato ou a organização de caráter religioso, filosófico ou político, dado referente à saúde ou à vida sexual, dado genético ou biométrico, quando vinculado a uma pessoa natural. É importante destacar que a LGPD não está condicionada apenas a dados em ambientes digitais, mas também confere proteção ao tratamento de dados físicos. Apesar de vedar o tratamento deliberado dos dados pessoais, a lei prevê uma série de bases legais que permitem esse tratamento, como é o caso daqueles que recebem o con-

60 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2021

sentimento do titular dos dados, no qual é necessário ter autorização expressa, permitindo o manuseio para toda operação realizada com as informações do titular. Esse consentimento deve ser claro e específico sobre quais são as finalidades para o uso dos dados. Esse é o caso, por exemplo, das permissões de uso de cookies que vemos em inúmeros sites da internet. Outra base legal que permite o uso de dados é o cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo controlador, ou seja, o detentor dos dados. Nesse caso a LGPD permite o tratamento de dados para cumprir a normas as quais o controlador está obrigado. Um exemplo é a entrega do e-Social, onde as empresas apresentam à Administração Pública os dados relativos aos seus colaboradores. Além desses dois casos, a execução de contratos também é uma base legal que permite o uso de dados, nesse caso o tratamento é permitido nas relações contratuais em que o titular faz parte das negociações.

PENALIDADES

Uma dúvida frequente acerca da LGPD é se a Lei vai, de fato, começar a aplicar as penalidades estipuladas ou se ela vai ser postergada por mais um tempo. O que se tem até o momento sobre esse ponto é que a lei está em vigor desde setembro de 2020 e prevê a aplicação de penalidades a partir de 01 de agosto de 2021 e, embora tenham projetos de lei tramitando no Congresso Nacional para prorrogar a aplicação das penalidades, a perspectiva é que a lei não seja alterada, visto que além de diversos

países já estarem com a legislação em vigor, a população demanda por mais segurança na circulação de seus dados. Os diversos casos de vazamento de dados vinculados na mídia nos últimos meses, confirmam a necessidade de vigência completa da Lei no prazo previsto. Com a entrada em vigor da Lei, a expectativa é que a Autoridade Nacional de Proteção de Dados - ANPD, que tem a função de fiscalizar, advertir ou punir os agentes de tratamento de dados, inicie seus trabalhos conscientizando e advertindo as empresas. Assim, o que se entende é que não há uma intenção de penalização deliberada neste momento, a não ser em casos de flagrante afronta à legislação, de modo que a ANPD pretende focar mais em conscientização e aculturamento em proteção de dados, aplicando quando for o caso, advertências e instruções, principalmente àqueles que já se atentaram à norma e estejam em processo de adequação.


Entretanto não se pode deixar de observar que as multas dispostas na legislação podem chegar a R$ 50.000.000,00, entre outras penalidades que podem ser aplicadas, como a vedação para efetuar o tratamento de dados. Além das penalidades aplicáveis pela ANPD, o titular dos dados que se sentir prejudicado pode buscar o poder judiciário e requerer indenização por danos morais ou materiais, assim como órgão de representação e defesa do cidadão, como Procon e Ministério Público. A exemplo disso, recentemente uma construtora foi condenada a indenizar em R$ 10 mil um cliente que teve seus dados compartilhados com outras emp r e s as ( P ro ce ss o n º 1 0 8 02 3 3 94.2019.8.26.0100).

MUDANÇAS NA CULTURA EMPRESARIAL

Observado todos os pontos acima destacados, pode-se imaginar que as obrigações promovidas pela legislação devem gerar uma mudança não só nos processos internos, mas principalmente na cultura empresarial do nosso país, no modo de ver e de tratar

dados, pois toda a operação que envolva dados pessoais está sujeita à LGPD. As adequações vão desde um eventual controle de aferição de temperatura até contratos firmados, inclusive em negócios B2B, ou ainda em processos seletivos para a contratação de novos colaboradores. Isso traz a necessidade de revisão de uma infinidade de processos internos das empresas. Considerando a obrigatoriedade premente de adequação à LGPD, bem como a importância de adotar isso como mudança cultural, é importante que as organizações vejam a adequação da proteção de dados, não como um ônus empresarial, mas como um diferencial competitivo. O propósito da lei é a proteção dos direitos fundamentais da pessoa natural, por consequência, adequar-se a LGPD contribui não apenas para processo de humanização das organizações, que é um imperativo para se manter na economia do futuro, frente à transformação digital, mas também com o respeito e cuidado com o cliente. No ano de 2020 a Cisco News The Americas Network publicou estudo feito com 800 organizações em 13 países diferentes para

identificar as vantagens geradas pela adoção de práticas de proteção de dados. A pesquisa identificou que 70% das organizações analisadas obtiveram vantagens comerciais significativas ao fazer a adequação no tratamento de dados. As organizações relatam ter recebido, em média, benefícios 2,7 vezes maiores que o valor investido na proteção de dados, sendo que menores custos com violações de dados, redução de atrasos nas vendas e retornos financeiros mais altos estão entre os principais motivos dos benefícios alcançados. Veja-se, portanto, que, em uma primeira análise, pode-se acreditar que a lei irá trazer ônus para as organizações, mas analisando os exemplos de quem já se adequou e usou a mudança em benefício do seu negócio, os resultados obtidos em relação ao investimento realizado são perceptíveis. Como mencionado, a Lei já está em vigor desde setembro de 2020 e as sanções começam a ser aplicadas a partir de agosto de 2021, por isso, não espere a fiscalização bater na sua porta para se adequar ao que a LGPD regulamenta. Conte conosco para essa transição acontecer.

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FOTO: SHUTTERSTOCK

A LGPD NÃO ESTÁ CONDICIONADA APENAS A DADOS EM AMBIENTES DIGITAIS, MAS TAMBÉM CONFERE PROTEÇÃO AO TRATAMENTO DE DADOS FÍSICOS.


EMPRESA

BRDE: 60 ANOS COM MAIS DE R$ 200 BILHÕES EM CRÉDITO Historicamente, o agronegócio é o principal setor de atuação do BRDE e, juntamente com o apoio aos micro e pequenos produtores rurais, o setor representa mais de 50% dos financiamentos em Santa Catarina. porte. Analisamos individualmente cada projeto e visitamos os locais onde serão implantados. Para os projetos de menor porte, utilizamos convênios operacionais que possuímos, principalmente, com cooperativas de crédito, para que o recurso seja disponibilizado o mais rápido possível e para que atenda as demandas dos produtores”. Além de oferecer crédito para projetos, o banco desenvolve sua política de responsabilidade socioambiental. Uma das iniciativas que vêm conquistando protagonismo é o Programa ABC que atende diversas demandas. Outras ações de destaque são os projetos relativos à produção de energia limpa como o financiamento de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs), energia fotovoltaica e biodigestores.

+ de 33

mil clientes ativos

1.088 municípios 91,4% das cidades da

região Sul

R$ 16,7 bilhões

é o ativo total do banco

R$ 3,12 bilhões

em patrimônio líquido

PROJEÇÕES

Em Santa Catarina, no ano passado, foram realizados financiamentos na ordem de R$ 1 bilhão. Para 2021 a projeção é de que seja atingido o montante de R$ 1,2 bilhão, sendo que destes, R$ 600 milhões deverão ser aplicados no agronegócio e para micro e pequenos produtores rurais.

ATUAMOS DE MANEIRA DIRETA PARA ATENDER AGROINDÚSTRIAS, COOPERATIVAS E PRODUTORES DE MAIOR PORTE.” MARCONE SOUZA MELO, superintendente da Agência Santa Catarina BRDE.

62 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2021

EXPRESSÃO

FOTO: DIVULGAÇÃO BRDE

C

onsolidada entre as maiores instituições financeiras em dimensão de carteira de crédito do Brasil, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) chegou aos 60 anos, em junho, com a marca de R$ 200 bilhões em operações de crédito. Somente no ano passado foram mais de R$ 3,3 bilhões em financiamento para investimentos e capital de giro aos empreendedores dos três estados acionistas (RS, SC e PR), além da parceria com o MS. Historicamente, o agronegócio é o principal setor de atuação do BRDE. Juntamente com o apoio aos micro e pequenos produtores rurais, o setor representa mais de 50% dos financiamentos em Santa Catarina. Além do número de empregos, geração de impostos e de divisas, o aspecto mais visível é verificar in loco os projetos apoiados pelo banco. “Ao viajar pelo Oeste de Santa Catarina, por exemplo, e avistar um frigorífico, uma fábrica de ração, ou um painel fotovoltaico em uma propriedade rural, é bem provável que recursos do BRDE tenham sido aplicados nesses projetos. Isso retrata a atuação do banco em toda a cadeia produtiva do agronegócio”, destaca o superintendente da Agência Santa Catarina BRDE, Marcone Souza Melo. Segundo Marcone, o banco trabalha de duas formas no segmento do agro. “Atuamos de maneira direta para atender agroindústrias, cooperativas e produtores de maior


SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2021 63


PLANO SAFRA

R$ 251,2 BILHÕES

PARA O AGRO

O

Plano Safra 2020/2021 disponibilizou R$251,2 bilhões para apoiar a produção agropecuária nacional, um aumento de 6,3% em relação à safra anterior, ou seja, acréscimo de R$14,9 bilhões para os produtores rurais. Os financiamentos da atual safra poderão ser

contratados pelos agricultores de 1º de julho deste ano a 30 de junho de 2022. As informações do Plano Safra 2021/2022 estão consolidadas no Manual de Crédito Rural, no Banco Central. O recurso contribuirá para garantir a continuidade da produção no campo, o

INVESTIMENTO

CUSTEIO E COMERCIALIZAÇÃO

Programa

Recursos Programados (R$ bilhões)

Limite de Crédito / Beneficiário

Prazo Máximo (anos)

Carência (anos)

Taxa de Juros de Até (% a.a)

Moderfrota

7,53

85%

7

14 meses

8,5

Moderagro

1,89

R$ 880 mil

10

3

7,5

Proirriga

1,35

R$ 3,3/9,9* milhões

10

3

7,5

ABC

5,05

R$ 5,0/R$20* milhões

12

8

5,5 e 7,0

PCA

4,12

R$ 25 milhões 100%**

12

3

5,5 e 7,0

Inovagro

2,6

R$ 1,3/3,9* milhões

10

3

7

Prodecoop

1,65

R$ 150 milhões

10

3

8

Pronaf

17,6

R$ 200 mil

10

3

3,0 e 4,5

Pronamp

4,88

R$ 430 mil

8

3

6,5

ProcapAgro Giro

1,5

R$ 65 milhões

2

6 meses

8

Bancos Cooperativos

1,78

12

-

7,5

SUBTOTAL

49,95

-

-

-

-

Fundos Constitucionais

6,84

-

12

3

Taxas por porte

Juros livres

16,66

-

-

-

-

TOTAL

73,45

-

-

-

-

Fonte: Mapa

abastecimento de alimentos no país e atender as exportações. Do total, R$177,78 bilhões serão destinados ao custeio, industrialização e comercialização e R$73,4 bilhões serão para investimentos. Os recursos destinados a investimentos tiveram aumento de 29%.

Recursos Programados (R$ bilhões)

Prazo Máximo

Taxa de Juros de Até (%)

Pronaf

21,74

12 meses

3,0 e 4,5

Pronamp

29,18

12 meses

5,5

Demais produtores

126,86

12 meses

7,5

TOTAL

177,78

Programa


Marcelo Haendchen Dutra, diretor de Acompanhamento e Recuperação de Créditos do BRDE destaca as novas formas de acessar o crédito, por site ou aplicativo

No total, 12 instituições operam com recursos equalizáveis no atual Plano Safra. Entre elas, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). O produtor deve acessar o site do banco para formalizar o pedido: será necessário anexar a documentação e é possível acompanhar o processo. “O acesso pelo site ou aplicativo é uma dinâmica nova, que agiliza a operação. O BRDE já vinha investindo muito em tecnologia, mas aceleramos muito nos últimos dois anos em função da pandemia”, comenta o diretor de Acompanhamento e Recuperação de Créditos do BRDE, Marcelo Haendchen Dutra. Além disso, o BRDE mantém convênio com cooperativas de crédito para facilitar o acesso a financiamentos abaixo de R$1 milhão. O BRDE disponibiliza recursos para dez linhas de investimento. Serão aproximadamente R$500 milhões em Santa Catarina. “Temos um diferencial que é a assessoria técnica e financeira que apoia o empreendedor durante todo o processo, ajudando a reduzir riscos nas operações. E isso não é exclusivo para o Plano Safra ou demais financiamentos do setor agrícola: é um procedimento padrão que adotamos em todas nossas operações”, explica Dutra.

ASSOCIATIVISMO

Outra opção para o produtor rural é acessar o recurso através do Sicoob. O subgerente de Crédito Rural do Sicoob Maxicredito, Luiz Miguel Folster Dal Piva, explica que o primeiro passo é ter o bloco de notas de produtor ativo, ou seja, estar no sistema integrado de informações sobre operações interestaduais com mercadorias e serviços (Sintegra). Depois, é necessário abrir uma conta corrente e formalizar a associação para, então, aderir às linhas de crédito disponíveis. “O Sicoob é uma das cooperativas financeiras com maior apoio ao produtor rural e também uma instituição com total credibilidade e solidez. Fazer um crédito rural com

o Sicoob, além do contato próximo de nossas agências, apoio consultivo e de orientação, contribuirá para o desenvolvimento social de sua região, já que somos uma instituição com fortes princípios sociais”, reforça Dal Piva.

FORTALECIMENTO DO AGRONEGÓCIO

O diretor do BRDE defende a importância do recurso para o agronegócio. “Além de auxiliar os grandes produtores que produzem em escala, ajuda a estruturar a pequena propriedade permitindo otimizar o plantio, manejo, colheita e armazenagem dos grãos. Isso permite, por exemplo, que a safra seja colhida e armazenada na propriedade e que o produtor aguarde um bom preço de comercialização”, argumenta Dutra. O subgerente do Sicoob Maxicrédito concorda: “O crédito rural contribui para o fortalecimento do agronegócio, pois com o subsídio é possível dar sequência às atividades econômicas com maior segurança e organização financeira. São linhas com taxas de juros fixas e pré-estabelecidas, ou seja, em uma, cinco ou dez o valor da parcela não muda”.

FOTO: FREEPIK

FOTOS: DIVULGAÇÃO

COMO ACESSAR O CRÉDITO

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2021 65


FOTO: DIVULGAÇÃO

CRÉDITO RURAL

MEU PAI IDEALIZOU UM SONHO E

EU COLOQUEI EM PRÁTICA Ana Tosatti enfrentou os desafios de ser uma empreendedora rural para realizar o sonho do pai.

66 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2021

A

na Tosatti, 34 anos, graduada em Zootecnia, mãe, esposa e empreendedora rural. Atualmente gere uma propriedade em Cordilheira Alta, a 20 km de Chapecó-SC, que produz cerca de 24 mil litros de leite mensal. Mas, para conquistar esse espaço, Ana venceu muitos desafios principalmente pelo fato de ser uma mulher, jovem, no comando de uma propriedade rural. “Foi difícil, mas consegui. Às vezes chegava em casa e tinha vontade de chorar em função das pessoas não acreditarem em mim. Parece que, por ser mulher, você não entende, mas o que sempre me deu força foi a vontade de dar orgulho ao meu pai. Ele idealizou um sonho e eu coloquei em prática”, revela Ana com os olhos marejados.

Com vocação familiar para o campo, Ana cresceu ouvindo histórias que fizeram despertar o amor pelo trabalho rural. “Ouvi histórias desde criança e sempre tive esse sonho. Então, quando surgiu a oportunidade assumi a propriedade”, recorda. O avô foi quem deu início ao projeto ao comprar um pequeno pedaço de terra. Depois outro e mais outro. Quando Ana tinha 16 para 17 anos o avô pediu se ela queria assumir a propriedade. “Respondi que sim, era o que eu sabia fazer.” Com apenas 10 vacas e uma produção de 100 litros por mês, Ana foi em busca de conhecimento teórico para auxiliar no desenvolvimento do negócio. “Me formei em Zootecnia e fui aprimorando. Antes, as vacas ficavam no pasto, hoje estão confinadas e produzem 800 litros de leite por dia. A gente está sempre buscando melhorar a genética e a produção. Fui fazer Zootecnia porque queria voltar para o campo com um saber a mais. Precisamos ter a prática e a teoria andando juntas.”

APOIO DO COOPERATIVISMO

Com a ambição de ver os negócios evoluírem, Ana encontrou no cooperativismo financeiro um grande parceiro. “Quando fiz 16 anos o meu pai abriu uma conta em um Banco e foi tudo muito frio. Depois disso, eu falei que queria algo diferente para a minha vida. Então,


cheguei no Sicoob MaxiCrédito. Ali nunca encontrei dificuldade. Quando fui abrir uma conta não me questionaram ‘ah é só você?’ Acreditaram em mim. Quando chego na agência sinto uma segurança. É como se estivesse chegando em casa. Você é acolhida. É diferente”, afirma.

AMOR PELO CAMPO

Ana foi na contramão dos números, já que a partir do Censo Agropecuário de 2017, o IBGE identificou 947 mil mulheres responsáveis pela gestão de propriedades rurais, de um universo de 5,07 milhões, o que corres-

COM UMA VOCAÇÃO FAMILIAR PARA O CAMPO, ANA CRESCEU OUVINDO HISTÓRIAS QUE FIZERAM DESPERTAR O AMOR PELO TRABALHO RURAL.

GESTÃO DE PROPRIEDADES RURAIS

19% 947mil

mulheres

5,07

milhões

81%

homens

ponde a apenas 19%, enquanto os homens detêm 81%. O que fez Ana Tosatti prosperar, segunda ela, foi o amor e identificação com a vida no campo. “Aqui tenho a disponibilidade de estar auxiliando meus pais, de estar mais tempo com a minha família. Além dis-

so, tem o espaço que a gente vive. Escutar os passarinhos, sentir o sol nascer. Até a questão da alimentação, toda a carne consumida por nós é a gente que produz, o leite fresco pra tomar... Nunca me imaginei trabalhando fora daqui”, finaliza Ana.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2021 67


ANÁLISE DE MERCADO Por Felippe Serigati e Roberta Possamai

N

o primeiro trimestre de 2021, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 1,0% frente ao mesmo período do ano anterior. Essa expansão foi bem superior à mediana das projeções sistematizadas no Boletim Focus do Banco Central: 0,47%. Diante desse desempenho, vale destacar, que a economia brasileira voltou a operar no nível pré-pandemia, embora ainda de forma heterogênea entre seus principais setores. O desempenho positivo da economia, no início de 2021, ocorreu mesmo com o país enfrentando a segunda onda de Covid-19, ainda mais forte do que a primeira, e sem as transferências do Auxílio Financeiro Emergencial – que voltou a ser pago somente no 2º trimestre. Apesar disso, alguns fatores contribuíram positivamente para o PIB no período, tais como as medidas de isolamento social menos intensas e o bom momento do cenário internacional.

68 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | JULHO 2021

Com o PIB superando as expectativas, o mercado revisou as estimativas de crescimento da economia para o ano. De acordo com a mediana das projeções sistematizadas pelo Boletim Focus (no momento em que esse texto é escrito), espera-se que o PIB cresça 5,0% frente a 2020. Do lado do universo agro, essa expansão tem grande participação das atividades agropecuárias e deve trazer fôlegos adicionais para a agroindústria que, por sua vez, tem desacelerado desde fevereiro. Apesar do otimismo que esses números trouxeram, ainda há importantes incertezas e riscos que podem comprometer esse desempenho.

POR QUE O PIB SURPREENDEU AS EXPECTATIVAS MESMO COM A 2º ONDA?

No primeiro trimestre de 2021, a expansão do PIB (de 1,0%) frente ao mesmo período

do ano anterior foi puxada, essencialmente, pela agropecuária e pela indústria, que registraram um crescimento de, respectivamente, 5,2% e 3,0%. Diversos fatores explicam o desempenho desses setores e, consequentemente, do PIB nesse período do ano, mas pode-se destacar, principalmente, as medidas menos intensas de isolamento social e o bom momento da demanda externa por produtos brasileiros. O setor de serviços, por sua vez, registrou uma queda de 0,8% esse setor é o mais sensível às medidas de restrição de circulação, mesmo que adotadas de forma mais suave. A segunda onda de Covid-19, principalmente a partir de fevereiro/2021, atingiu fortemente o Brasil, gerando inéditos picos de casos e óbitos pela doença. Isso fez com que novas medidas de isolamento fossem adotadas, no entanto, o impacto nas atividades econômicas (sobretudo, na agrope-

FOTO: WENDERSON ARAUJO/TRILUX/CNA

HUMORES MELHORANDO AO LONGO DE 2021


ESTÁ GARANTIDO O CRESCIMENTO MAIS ACELERADO DO BRASIL EM 2021?

Apesar do crescimento econômico no primeiro trimestre e da revisão das estimativas para 2021, ainda há importantes incertezas e riscos que podem comprometer a expansão do PIB no ano: • Incertezas sobre a vacinação e o efeito de uma terceira onda de Covid-19 no Brasil: a despeito da expectativa de avanço da vacinação, sobretudo, no segundo semestre

EVOLUÇÃO DAS EXPECTATIVAS PARA O PIB DE 2021, AO LONGO DO ANO (% a.a.)

(% a.a.)

5.25 5.00 4.75 4.50 4.25 4.00 3.75 3.50 3.25 3.00 2.75

5.00

3.25 04/01/2021 11/01/2021 15/01/2021 21/01/2021 27/01/2021 02/02/2021 08/02/2021 12/02/2021 22/02/2021 26/02/2021 04/03/2021 10/03/2021 16/03/2021 22/03/2021 26/03/2021 01/04/2021 08/04/2021 14/04/2021 20/04/2021 27/04/2021 03/05/2021 07/05/2021 13/05/2021 19/05/2021 25/05/2021 31/05/2021 07/06/2021 11/06/2021

cuária e na indústria) foi mais suave do que o observado no início da pandemia, em 2020. Isso demonstra, possivelmente, uma maior adaptação das empresas e pessoas ao cenário de restrição de circulação, bem como a adoção de medidas mais leves de isolamento social. Essa paralização menos intensa da atividade econômica, comparativamente ao que ocorreu no primeiro trimestre de 2020, fez com que o PIB apresentasse um pouco mais de fôlego no início de 2021. Aliado a isso, com o avanço da vacinação contra a Covid-19 e o maior controle da pandemia no mundo, diversas economias internacionais demonstraram, desde o início do ano, sinais de recuperação, tais como os Estados Unidos, a China e os países europeus – importantes parceiros comerciais do Brasil. Diante desse cenário ocorreu intenso crescimento no preço das commodities agrícolas e minerais, que são relevantes produtos na pauta de exportação brasileira. Ademais, a moeda brasileira estava fortemente desvalorizada perante o dólar, favorecendo as exportações brasileiras, notadamente, de produtos da agropecuária e de bens industriais. Como consequência, o saldo da balança comercial brasileira ficou substancialmente maior, passando de US$ 2,8 bilhões, no primeiro trimestre de 2020, para US$ 7,9 bilhões, no mesmo período de 2021 – uma expansão de mais de 180%. Isto é, o bom desempenho do comércio internacional também impactou positivamente a economia nacional nos primeiros três meses do ano. Por fim, a expansão do PIB acima das expectativas também trouxe um alívio (ou menor pressão?) sobre as contas públicas; com a economia mais aquecida, a arrecadação surpreendeu e o risco-país reduziu. Com isso, associado ao saldo comercial, o dólar passou a operar em patamares menores, diminuindo a pressão sobre alguns custos de produção e, também, sobre a inflação.

Fonte: Boletim Focus do Banco Central.

do ano, há ainda certa lentidão no ritmo da imunização e incertezas em relação ao volume de vacinas que serão disponibilizadas à população, bem como ao calendário de aplicação - tudo isso pode prejudicar a trajetória da economia nos próximos meses. Além de que, não está descartada a possibilidade de ocorrer, no país, uma terceira onda de Covid-19, o que resultaria em novas medidas de isolamento, prejudicando, mais uma vez, a economia brasileira. • Recuperação mais lenta de serviços: para que o processo de retomada do PIB brasileiro continue, é necessário que o setor de serviços entre em uma trajetória de recuperação e, para isso, é mandatório que a pandemia esteja controlada e que as medidas de restrição de circulação sejam flexibilizadas, uma vez que este é o setor mais afetado por essas ações. Além disso, sem o setor de serviços, dificilmente haverá reação significativa do mercado de trabalho.

• Alta dos preços: a inflação operou em patamares elevados ao longo do 1º semestre, corroendo o poder de compra da população que ainda sofre com o elevado desemprego e a queda da renda. Na tentativa de conter a inflação, espera-se uma alta sistemática nos juros brasileiros até o final do ano (projeção de 6.5% a.a. de acordo com o Boletim Focus), o que deve conter a possível expansão do consumo das famílias. Adicionado a isso, o país está passando por um período de escassez hídrica que deve encarecer ainda mais a energia elétrica – tudo isso impacta negativamente o PIB. Enfim, apesar das novas e positivas expectativas para a economia em 2021, é preciso ter claro que há muitas incertezas que podem prejudicar esse desempenho. De qualquer forma, a economia brasileira está iniciando o 2º semestre com melhores perspectivas que começou nos primeiros seis meses do ano.

FELIPPE SERIGATI Doutor em Economia pela Escola de Economia de São Paulo (EESP/FGV), professor e pesquisador do Centro de Agronegócios da FGV (FGV Agro). felippe.serigati@fgv.br ROBERTA POSSAMAI Mestre em Economia Agrícola pela Escola de Economia de São Paulo (EESP/FGV) e pesquisadora do Centro de Agronegócios da FGV (FGV Agro). roberta.possamai@fgv.br

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AGRO&TECH

E-COMMERCE: A JANELA PARA O FUTURO NO AGRONEGÓCIO Pandemia aquece transformação digital e potencializa crescimento econômico do setor. Por Bruna Deitos

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agro não para de crescer! É o segmento da economia brasileira que mais se desenvolve. Em 2019, respondeu por 21,4% do PIB brasileiro, aproximadamente R$1,55 trilhão. Já em 2020, mesmo em meio à pandemia, obteve crescimento de 6,75%, em relação ao ano anterior. Os números são animadores e encontram no digital um aliado.

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O e-commerce no agronegócio deu um boom. A presidente do Comitê de Líderes de e-commerce (ComEcomm), Helenice Moura, afirma que a transformação digital é indispensável ao setor. “As barreiras geográficas foram quebradas. O que antes era uma dor, agora é uma oportunidade”. Se antes todo o processo era presencial, agora, ao menos parte dele acontece no digital. “O mindset das pessoas mudou:


CULTURA PARA O DIGITAL

“O digital abre portas, transforma a cadeia, mas é importante ressaltar que para dar certo, é necessário alterar a cultura da empresa”, enfatiza Helenice. A transformação digital, pondera a especialista, deve ser da porta para dentro. O que isso significa? Ela explica que o e-commerce é apenas uma ferramenta e a mudança deve acontecer de forma estrutural na organização, da porteira para dentro. “O agronegócio tem uma série de especificidades. É preciso que haja envolvimento do setor, não é um profissional de fora que vai integrar isso. É preciso digitalizar todos os processos”. No Brasil, algumas marcas saem na frente e não faltam exemplos de como há um mercado aquecido. A MF Rural está há 16 anos no marketplace agro e, somente em 2020, a movimentação em negócios transacionados chegou a R$ 3,1 bilhões. Outro exemplo é a Genex Brasil, que atua com inseminação artificial de bovinos, e em parceria com a e-Rural, lançou um e-commerce com a expectativa de crescer de 10% a 15% no faturamento da empresa.

MERCADO ESTÁ OTIMISTA

Onde há demanda, há oportunidades. A Agrofy chegou ao Brasil e já comemora o crescimento extraordinário do marketplace. “Chegamos aqui em 2018 com 1,6 milhão de visitas no mês. Com a pandemia a taxa de evolução subiu para 38%”, afirma Maximiliano Landrein, CEO da Agrofy. A empresa atende todos os elos da cadeia produtiva: qualquer loja, empresa ou setor da agroindústria pode estar na plataforma, independentemente do tamanho. O anunciante ou usuário vendedor tem a chance de ter uma loja online ou espaço virtual exclusivo para oferecer diversos bens ou serviços ao público. Consegue, assim, realizar toda ou parte da operação e da comunicação, despertando o interesse de compradores de todos os níveis. “A nossa proposta é democratizar o contato entre o vendedor e o comprador. Toda a plataforma é feita para ser responsiva e mediar esse contato de maneira simples, segura e intuitiva, permitindo fácil navegação até mesmo para quem não está familiarizado com a internet e que ainda tem receio de comprar no digital”, explica Maximiliano.

COM A PANDEMIA A TAXA DE EVOLUÇÃO SUBIU PARA 38%”

FOTO: DIVULGAÇÃO AGROFY

antes o cliente ficava refém das informações que a empresa passava, presencialmente, com contato físico. Hoje isso mudou: primeiro o cliente pesquisa na internet, compara preços, faz suas pesquisas e considerações. A venda ainda está acontecendo off, mas a decisão de compra já aconteceu no online”.

MAXIMILIANO LANDREIN, CEO da Agrofy

Estudo “A mente do Agricultor Brasileiro na Era Digital'', da McKinsey e Company Jan/Fev 2020

dos produtores brasileiros consultados costumam realizar compras pela internet 2021

dos agricultores de insumos e maquinários estão dispostos a comprar online

Levantamento realizado pela Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico aponta que o volume de compras virtuais cresceu

de aumento no volume de compras no Brasil entre abril 19/20

em faturamento

SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA

Da mesma forma, a startup Agro2Business. com ocupa seu espaço como marketplace focado em nutrição animal neste boom do digital que vive o setor. O fundador Thiago Mateus, nascido e criado em Presidente Prudente/SP, filho de pecuarista, conta que em 2018 percebeu essa limitação que as transações offline no agro causam. “Apostamos em uma economia circular: acreditamos que é possível evoluir no agronegócio de forma mais sustentável e gerar mais valor econômico em toda a cadeia de insumos, reaproveitando os resíduos do agro de forma inteligente”. Por isso, a plataforma fomenta a conexão entre agroindústrias, indústrias de nutrição e saúde animal e produtores rurais de gado de corte e gado de leite, principalmente, os produtores que estão migrando suas criações de gado da forma extensiva para a forma intensiva, estes são os mais beneficiados com as ofertas que a plataforma traz. Thiago Mateus explica que o marketplace Agro2Business.com foi pensado para que a empresa do agronegócio chegue até o pequeno produtor rural e, por isso, oferece funcionalidades exclusivas para o mercado B2B2C. “É totalmente seguro para todas as partes, oferecemos a compra protegida e, além da digitalização do portfólio da indústria gerar mais oportunidades de venda, o vendedor não se preocupa com a logística. O vendedor anuncia FOB e o marketplace se encarrega de coletar e entregar a mercadoria até a propriedade rural do comprador, tudo de forma online, via a nossa plataforma 100% digital”. A transformação digital traz oportunidades para diferentes cadeias da economia. Todo o modelo do agronegócio está sendo reestruturado com a adesão às tecnologias digitais para comercialização e, desta forma, rompe barreiras entre o que produz e o que consome. De qualquer forma, a mudança digital veio para ficar e é primordial para a sustentabilidade do agronegócio a médio e longo prazo.

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AGRO&TECH GATEC

R$ 18 milhões em investimentos Há cinco anos a GAtec iniciou um ousado plano de crescimento que consistiu em um reinvestimento com recursos próprios em processos, tecnologias e aperfeiçoamento de suas soluções. A plataforma SimpleFarm é um software desenvolvido pela empresa, baseado nas tecnologias Microsoft, que atende em uma base única, produtores de culturas anuais, semi-perenes, perenes, florestas, bem como a atividade pecuária, possibilitando a integração Lavoura-PecuáriaFloresta (iLPF). Devido à possibilidade de hospedagem na nuvem (cloud computing), o SimpleFarm pode ser acessado de qualquer computador com acesso à internet. A GAtec S/A Gestão Agroindustrial conta com sede em Piracicaba (SP) e oferece consultoria, treinamento, desenvolvimento e integração de sistemas de gestão para o agro.

GATEC EM DESTAQUE

de crescimento em 2020

é valor do investimento na nova plataforma de planejamento e gestão agroindustrial até o fim de 2021

é a projeção de crescimento até 2026

TRANSPONDER

Sustentabilidade na pecuária A adoção de tecnologia é um ponto fundamental para a pecuária brasileira mostrar as boas práticas de sustentabilidade e bem-estar animal para os investidores, compradores internacionais e consumidores de um modo geral. Uma dessas tecnologias é o transponder sensores instalados nos brincos dos bovinos que permitem monitorar o animal quando vai ao coxo comer ou beber água. Assim, o produtor rural pode contabilizar os horários e quantidades envolvidas no processo produtivo, melhorando a gestão de toda a propriedade rural. “Existe tecnologia para todo mundo. O mais importante é colher as informações necessárias para melhorar o negócio, ou seja, reverter o investimento em renda”, afirma o engenheiro agrônomo especialista em agricultura sustentável e executivo da National Wildlife Federation (NWF), Francisco Beduschi Neto.

do total de horas na fábrica de software foram destinados para a área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)

ZF AFTERMARKET

A ZF Aftermarket inova ao implementar uma nova tecnologia de rastreamento e controle de cargas em seu Centro de Distribuição localizado em Itu (SP). Trata-se do Sistema RFID – Radio Frequency Identification, ou sistema de identificação por radiofrequência, um recurso completo que pode identificar e rastrear os produtos ao longo de toda a cadeia de reposição de peças de forma quase instantânea. Associando com a adoção de outros processos de automação e digitalização, a empresa registrou um aumento de 18% de produtividade nas operações do centro de distribuição e a perspectiva é aumentar esse percentual gradativamente.

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FOTO: DIVULGAÇÃO

Rastreamento e controle de cargas


SEEDZ E MARKESTRAT

A startup Seedz, especialista em levar inovação ao agronegócio e a Markestrat Agribusiness, empresa dedicada a consultoria de negócios, educação corporativa e inteligência de mercado firmaram nova parceria. O objetivo é unir tecnologia com conhecimento de negócios, acelerando ainda mais o processo de digitalização no ecossistema do agro, tanto para os produtores quanto para as indústrias de insumos, máquinas e implementos, serviços e a cadeia de distribuição. A parceria surgiu de sinergias encontradas em muitos clientes comuns nas duas empresas. Agora, de forma integrada, soluções e inteligência digital se aliam à estratégia de negócios e mercado trazendo força, direcionamento e velocidade aos clientes. De um lado a Seedz é uma empresa de tecnologia jovem, porém robusta e que se destaca pelo crescimento junto aos produtores rurais e empresas. Do outro, está a Markestrat Agribusiness, uma consultoria tradicional que há quase 20 anos vem promovendo o desenvolvimento das pessoas, das empresas e das cadeias do agronegócio.

FOTO: DIVULGAÇÃO

Empresas unem tecnologias

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OPINIÃO Por Eldemar Neitzke

BRASIL: produzindo grãos com competência

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FOTO: WENDERSON ARAUJO/TRILUX/CNA

Eldemar Neitzke É formado em Administração, com mestrado em Gestão Estratégica, MBA em Marketing Estratégico e pós-graduado em Gestão Empresarial, Diretor da N & N Gestão de Estratégias Comerciais.

nosso país é constantemente bombardeado por informações dos mais diversos meios de comunicação internos e externos sobre os prejuízos causados ao meio ambiente mediante a exploração do agronegócio. Vamos analisar alguns indicadores que trazem a realidade do que está acontecendo na prática e quais as influências ao meio ambiente na produção de alimentos para a população mundial. O Brasil produziu em 1980 50,8 milhões de toneladas de grãos e a taxa de urbanização era de 67,6%; em 1990 foram 58,2 milhões de toneladas e taxa de urbanização de 75,6%; em 2000, 83 milhões toneladas com taxa de urbanização 81,2%; em 2010, 149 milhões de toneladas de grãos e taxa de urbanização de 83,3%. Em 2020, a safra alcançou 256,95 milhões de toneladas com taxa de urbanização de 84,4 %. Em 40 anos aumentamos a produção de grãos em mais de 400%. Todavia a urbanização é uma

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tendência mundial e, a exemplo do que encontramos em países de primeiro mundo, as luzes das cidades atraem os jovens em busca de um novo horizonte de oportunidades. Em relação à produtividade, verificamos que na safra 1972/73, a média alcançada de milho era de apenas 1.424 kg/hectare, sendo que na safra de 2019/2020 foi de 5.577 kg por hectare. A média da soja sal-

Em 40 anos aumentamos a produção de grãos em mais de 400%. Todavia a urbanização é uma tendência mundial e as luzes das cidades atraem os jovens em busca de um novo horizonte de oportunidades.

tou de 1.748 kg/hectare na safra 1.976/77 para 3.379 kg/hectare na safra 2019/2020. Números fantásticos com aumento de 292% na produtividade de milho e de 128% de soja – fruto de pesquisas, melhoramentos genéticos, correções de solo, tecnologia, novas fronteiras agrícolas e profissionalização das atividades. Temos muito o que fazer, mas estamos num caminho promissor. Um aspecto importante é que o Brasil hoje é o 3º maior mercado pet do mundo, exigindo uma produção significativa de rações dos mais variados tipos, além do aumento expressivo da produção de peixes, que se soma aos mercados de aves, suínos e bovinos. O estudo da EMBRAPA, confirmado pela NASA, demonstra que o Brasil protege e preserva a vegetação nativa em mais de 66% de seu território e cultiva apenas 7,6% das terras. A Dinamarca cultiva 76,8%, dez vezes mais que o Brasil; a Irlanda produz 74,7%; os países baixos, 66,2%; o Reino Unido 63,9%; e a Alemanha 56,9%. Assim, o aumento da necessidade de consumo de proteínas pelo mundo, que na média já está com sua capacidade produtiva e hídrica comprometida, faz com que nosso país tenha oportunidades infinitas de ganhos de escalas para produzir em equilíbrio com o meio ambiente. Somos ainda aprendizes nesse cenário do comércio mundial, que envolve milhões de dólares, o que exige da nossa população manter-se bem-informada sobre esse contexto, pois o agronegócio é um dos principais diferencias mediante o cenário da COVID-19. O setor está mantendo o saldo positivo da balança comercial, ajudando no crescimento do nosso PIB. Por isso, devemos continuar avançando em todas as frentes de conhecimento: tecnológicas, genéticas e com mão de obra capacitada para enfrentar os desafios impostos pelo mercado. É fundamental mostrar a competência de fazer mais com menos, preservando e sendo um país comprometido com o bem-estar da humanidade.


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