Revista Setor Agro&Negócios

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ANO 55//N˚Nº1211 ANO 2021 2021

Das granjas às agroindústrias, o país tornou-se exemplo em progresso tecnológico e evolução competitiva. Os recordes anuais nas exportações são a prova de que a cadeia produtiva já está em um nível acima.



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SUMÁRIO

MARÇO DE 2021

12 CAPA

GRANJAS DE VALOR

BRASIL NO TOPO DA SUINOCULTURA

A suinocultura brasileira vem atingindo recordes surpreendentes e promete crescer ainda mais neste ano. Entenda como a cadeia produtiva tornou-se um player mundial que se destaca com o emprego das melhores tecnologias, genética, sanidade, nutrição, manejo, bem-estar e muito mais

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38

PECUÁRIA 4.0 FAZENDA CONECTADA

Cada vez mais são criadas novas ferramentas para diminuir erros na produção e gerar mais lucro e produtividade

ESPECIAL

20

GRANJAS DE VALOR Os avanços na redução do uso de antimicrobianos

ESPECIAL 50 A SAÍDA PARA EVITAR EPIDEMIAS E PANDEMIAS HUMANAS O investimento alto em pesquisas é um caminho necessário para aplicar o conceito One Health

GRÃOS 52 COMBUSTÍVEL QUE VEIO PARA FICAR Sustentável, a produção de etanol de milho pode ser uma alternativa para o agronegócio no futuro

24 GRANJAS DE VALOR “É preciso manter-se competitivo para seguir no jogo”

58 GESTÃO NO AGRO Créditos de PIS/PASEP e Cofins com grandes discussões no agronegócio

AVES

MERCADO

34 ARTIGO TÉCNICO O impacto da salmonella nos consumidores e na indústria avícola global

60 BRASIL DE OLHO NA ÍNDIA País asiático tem grande potencial para ser um grande parceiro comercial nos próximos anos

BOVINOS

PERFIL

32

44 CONQUISTADAS PELO AGRO Mulheres se destacam cada vez mais como lideranças em empresas do setor

BRASIL BLINDADO - Mesmo com surtos frequentes por todo o globo, país é referência na prevenção à doença

42 SENSOR IDENTIFICA ADULTERANTES NO LEITE Projeto foi premiado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) de Goiás

ANÁLISE DE MERCADO 64 RAZOÁVEL 2020, MAS 2021 INCERTO Os números da agroindústria em 2020 e projeções para 2021

EMPRESA 68 CRÉDITO NO AGRO Conheça a empresa que construiu sua história levando crédito justo e seguro ao segmento do agro

OPINIÃO 70 PROJETO ENERGY 2030 Iniciativa visa atender as constantes demandas do equilíbrio entre meio ambiente e crescimento sustentável

INFLUENZA AVIÁRIA

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EDITORIAL

GRANJAS DE VALOR: BRASIL NO TOPO Q

uarto maior produtor de suínos, o Brasil consolidou-se como um player mundial, destacando-se pelo desempenho expressivo quando comparado à média dos demais países. Para se ter uma ideia, de acordo com as últimas projeções divulgadas pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), somente no primeiro bimestre deste ano, as vendas de carne suína alcançaram 144,2 mil toneladas, volume 6,12% superior ao obtido no mesmo período do ano passado. Isso é motivo de orgulho para todos nós! Afinal, o Brasil não poupa esforços quando o assunto é investimento nas melhores tecnologias e práticas inovadoras em todos os elos da cadeia produtiva, o que resulta em alta produtividade, sustentabilidade e conquista de novos mercados. Na reportagem especial desta edição você entenderá como o setor inovou nos últimos anos e porque o país ocupa lugar tão privilegiado no mercado mundial. O conteúdo apresenta exemplos de granjas que implementam o que há de mais avançado para garantir alta produtividade, mostra o que a agroindústria está fazendo para fortalecer cada vez mais o setor, além de destacar como as grandes empresas do segmento contribuem com soluções inovadoras para garantir a melhor genética, sanidade, nutrição, manejo, bem-estar animal, entre outros aspectos.

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Da granja ao frigorífico, você terá uma resposta sobre a superação de desafios para a conquista de uma suinocultura eficiente e sustentável, que tornou-se reconhecida pela excelência em todo o processo da cadeia produtiva. E o conteúdo especial desta edição vai além e traz outros destaques do agro. A publicação também mostra porque o Brasil é referência na prevenção à Influenza Aviária e ressalta o fortalecimento da produção de etanol de milho ao abordar o tema "Combustível que veio para ficar". One Health, Pecuária 4.0, mulheres que se sobressaem como lideranças no agronegócio, Brasil de olho na Índia são outros temas em ênfase. Estamos felizes por começar 2021 trazendo alguns dos temas mais discutidos atualmente e que são estratégicos para o movimento da nossa economia. Queremos convidá-lo a continuar conosco neste ano que, sem dúvidas, será marcado por muitos desafios, grandes projetos e novas conquistas. Nossa equipe está preparada para fortalecer ainda mais a atuação na produção de conteúdos sobre este setor que tanto nos orgulha com inovação e desenvolvimento. Um grande abraço e excelente leitura! Silvania Cuochinski - Editora

EXPEDIENTE ADMINISTRAÇÃO E REDAÇÃO RUA RUI BARBOSA, 1284-E CENTRO | CHAPECÓ (SC) CEP: 89.801-148 (49) 99975-2025 (49) 98418-9478 www.setoragroenegocios.com.br DIRETORA DE REDAÇÃO PAULA CANOVA MTB 02111 JP paula@santacomunicacao.com DIRETORA COMERCIAL RAFAELA MUNARETTO MTB 05726 JP rafaela@santacomunicacao.com EDITORA SILVANIA CUOCHINSKI MTB SC 02293-JP redacao@setoragroenegocios.com.br REPORTAGENS GABRIELA DE TONI DE ALMEIDA SILVANIA CUOCHINSKI SUELEN SANTIN DIRETORA DE ARTE BIA GOMES CAPA ANDERSON FREIRE COLABORADORES DESTA EDIÇÃO ELDEMAR NEITZKE, FELIPPE SERIGATI , MELISSA BAUNGARTNER, MB COMUNICAÇÃO, ROBERTA POSSAMAI A Revista Setor Agro&Negócios é uma publicação quadrimestral, destinada ao segmento do agronegócio e abrange a cadeia produtiva desde as propriedades, instituições, universidades, entidades, até a indústria. Os artigos assinados e materiais publicitários não representam, necessariamente a opinião da editora. Não é permitida a reprodução total ou parcial dos conteúdos, sem prévia autorização.


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VIRALIZOU

Pelas contribuições ao meio ambiente e à sociedade, Alysson Paolinelli, ex-Ministro da Agricultura, foi indicado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP/Esalq), ao Prêmio Nobel da Paz 2021. A nomeação foi protocolada no dia 22 de janeiro, no The Norwegian Nobel Committee, pelo professor Durval Dourado Neto, diretor da Esalq. “Trata-se de um líder brasileiro provedor da paz em nível mundial, tanto no passado com o desenvolvimento da Agricultura Sustentável no Cerrado preservando a Amazônia, como no presente e no futuro liderando o Projeto Biomas na Academia como terceiro titular da Cátedra Luiz de Queiroz”, destacou o diretor da Esalq. Dourado ressaltou, ainda, o legado de Paolinelli em transformar o Brasil de importador de alimentos, em 1970, em potência mundial do agronegócio que viabilizou ao Brasil alimentar cerca de 1 bilhão e duzentos milhões de pessoas de um total de 7 bilhões, em 2016, no mundo todo. O ex-Ministro é praticante da agricultura de baixo carbono e, atualmente, é presidente do Instituto Fórum do Futuro. Com informações Imprensa USP/ESALQ

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FOTO: GERHARD WALLER

POR QUE ALYSSON PAOLINELLI FOI INDICADO AO PRÊMIO NOBEL DA PAZ 2021?


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AGRO&NEGÓCIOS

DVA

KORIN

FOTO: DIVULGAÇÃO KORIN

Letícia Guarnieri assumiu a Diretoria de Novos Negócios

A Korin, fundada em 1994 com visão empresarial baseada na filosofia e no método de Agricultura Natural de Mokiti Okada, pioneira na criação do frango Antibiotic Free (AF) sem antibióticos e promotores artificiais de crescimento, anuncia a criação da Diretoria de Novos Negócios e a contratação da profissional Letícia Guarnieri para assumir a pasta. Formada em Publicidade e Propaganda pela PUC Campinas e MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, Guarnieri tem passagens por empresas como a Cargill, Grupo Boticário, DIA, Leroy Merlin e Nestlé.

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A multinacional alemã DVA Agro (Parte do Grupo Alemão DVA GmbH), sediada em Hamburgo, especialista na proteção de cultivos, nutrição vegetal e adjuvantes especiais para a agricultura sustentável, acaba de anunciar o retorno de suas atividades no Brasil. A empresa com mais de 50 anos de experiência presente na Europa, América Latina, Ásia e África, e que há cinco não operava no território brasileiro, está investindo mais de US$ 100 milhões na retomada. Na estratégia, além da construção de um laboratório próprio de pesquisa e a contratação de novos profissionais, a companhia lançará um portfólio completo e ainda planeja a instalação de fábrica própria até 2023. A expectativa do grupo no mercado brasileiro é grande, e a projeção é que o país até 2026 seja responsável sozinho por 50% do faturamento global da companhia. “O Brasil é um dos pilares da estratégia global da marca além de ter grande potencial. Estamos retornando de maneira estruturada e tecnificada. Além disso, aprendemos como fazer negócio aqui, entendemos quais são as

FOTO: DIVULGAÇÃO DVA

US$ 100 milhões em retorno ao Brasil

Novo departamento estratégico

Sede da multinacional em Hamburgo na Alemanha

necessidades do agro em todos os níveis da cadeia e definimos nossa estratégia de acesso de acordo com cada particularidade do mercado, diz o diretor executivo global de agro da companhia", João Aleixo.

BIOGÉNESIS BAGÓ

Reconhecida com o Animal Health Awards 2020 A Biogénesis Bagó, empresa de biotecnologia especializada no desenvolvimento, produção e comercialização de produtos para saúde e produtividade animal, foi reconhecida com o Animal Health Awards 2020 na categoria “Melhor Empresa LatinoAmericana 2020”, concedido pela IHS Markit, serviço líder de inteligência de negócios para a indústria de saúde animal. A notável atuação da empresa no último ano e a internacionalização dos negócios na América, Ásia e, mais recentemente, no Oriente Médio, junto à sua constante excelência operacional, valeram-lhe mais uma vez o Animal Health Awards, reconhecimento que a Biogenesis Bagó já ganhou em quatro edições nos últimos sete anos. A assinatura do contrato com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos para fornecimento da vacina contra a febre aftosa em caso de emergência e a renovação do serviço do Banco Norte-Americano de Antígenos e Vacinas da Febre Aftosa foram marcos que consolidaram a posição da empresa como referência mundial no combate à doença de grande impacto econômico nos países produtores.


VETANCO

Reforço no time

FOTOS: AGROSTOCK E FREEPIK

A Vetanco contratou o assistente técnico Alison Turcatel para atuação junto ao Setor Técnico Comercial Aves Sul. Turcatel tem formação em Técnico em Agropecuária pelo IFC Campus Concórdia/SC e está cursando Medicina Veterinária na UCEFF – Chapecó/ SC. Alison vem da agroindústria, onde atuava no setor de avicultura.

LFDA-SP

O novo laboratório do LFDA-SP destinado à realização de ensaios para o diagnóstico da influenza aviária e da doença de Newcastle já está em funcionamento. A estrutura tem uma área superior a 2.000 m², dos quais 374 m² são de alto nível de bioconteção (NBA-3). Em relação à biossegurança, o novo laboratório é um dos mais modernos do mundo, sendo uma das poucas unidades NBA-3 com dedicação exclusiva para o diagnóstico de doenças aviárias. A área de alta biocontenção dispõe de sistemas e equipamentos com capacidade de detectar, identificar, propagar e manipular microrganismos de alto risco biológico sem oferecer risco à segurança da comunidade e do meio ambiente. O LFDA-SP é o segundo laboratório brasileiro a ser classificado como de alto nível de biocontenção pela Organização para Alimentação e Agricultura (FAO). O primeiro foi o laboratório do LFDA-MG.

FOTO: DIVULGAÇÃO

Novo laboratório é um dos mais modernos do mundo

MINERVA FOODS

FOTO: FREEPIK

2º lugar no Ranking Forest 500 A Minerva Foods, líder em exportação de carne bovina na América do Sul e uma das maiores empresas na produção e comercialização de carne in natura e seus derivados na região, foi avaliada pelo Ranking Forest 500 como uma das empresas do setor de proteínas que apresenta os menores riscos de vínculo com o desmatamento ou de potencial exposição a cadeias de fornecimento de commodities de risco florestal. A avaliação é realizada anualmente pela Global Canopy, uma organização ambiental criada em 2001 no Reino Unido, que busca acelerar o progresso em direção a uma economia global sem desmatamento - por meio de maior transparência, finanças inovadoras e comunicações estratégicas.

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FOTO MONTAGEM: ANDERSON FREIRE

ESPECIAL | GRANJA DE VALOR

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Das granjas às agroindústrias, a suinocultura brasileira conquistou um papel de protagonismo mundial e, ano a ano, vem obtendo recordes surpreendentes. Por Gabriela De Toni de Almeida e Silvania Cuochinski

O

Brasil vem se tornando um grande player na suinocultura mundial. Quarto principal produtor e exportador de carne suína, o país ocupa posição privilegiada, resultado de investimentos em tecnologias e práticas produtivas eficientes que geram alta produtividade. O trabalho focado em tecnologia empregada no melhoramento genético, nutrição e bem-estar animal se une a um sistema eficiente e engajado em demandas de mercado e de consumo, pautado pela sustentabilidade, pela preservação do status sanitário e qualidade dos produtos. Prova do sucesso do setor são as exportações. O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, destaca a elevação nas vendas internacionais, mesmo em um período de pandemia. "Com um produto diferenciado, disputamos e ganhamos espaço em um mercado internacional altamente competitivo. Incrementamos nossas vendas para Ásia, África e América do Sul, enquanto mantemos de forma sustentável, nosso consumo no mercado interno". No primeiro bimestre deste ano, as vendas de carne suína alcançaram 144,2 mil toneladas, volume 6,12% superior ao obtido no mesmo período do ano passado. A receita dos dois primeiros meses de 2021 totalizou US$ 332,3 milhões, número 4,1% superior ao registrado no mesmo período de 2020. As projeções até o final do ano indicam alta de até 10% nas exportações.

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José Antonio Ribas, presidente do SINDICARNE

é fruto desse trabalho sanitário e da eficiência das empresas em abrir mercados”.

SELEÇÃO GENÔMICA, O GRANDE MARCO DA DÉCADA

O progresso genético também é fundamental para a performance zootécnica dos plantéis. A seleção genômica foi um dos maiores avanços na área. O diretor técnico da Topigs Norsvin no Brasil, Marcos Lopes, ressalta que um dos grandes marcos do melhoramento genético foi a implementação, na década de 90, do BLUP (melhor preditor linear não-viesado),

Losivanio de Lorenzi, presidente da ACCS

FOTO: DIVULGAÇÃO

Entre os estados brasileiros em evidência na suinocultura está Santa Catarina. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado de SC (SINDICARNE), José Antonio Ribas Júnior, que assume o comando da entidade em abril, são mais de 30.000 suínos abatidos por dia, mais de 3.900.000 animais alojados em campo, além do Estado ser o primeiro produtor e exportador de carne suína no Brasil. “Em 2020 tivemos um crescimento superior aos 35% em comparação com 2019, atingindo um volume exportado superior aos US$ 1.3 bilhões. Sem dúvida, o crescimento decorre de três fatores: sanidade, nutrição e genética”, afirma. O presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio de Lorenzi, também enfatiza a importância de Santa Catarina para o desenvolvimento da suinocultura brasileira. “SC é o principal estado quando se fala em sanidade, pois é o único livre de febre aftosa sem vacinação, um trabalho de décadas que colhemos os frutos com a certificação da Organização Mundial para Saúde Animal (OIE), em 2007. Nos últimos anos também tivemos a felicidade de exportar para o Japão que já é o quinto maior importador de carne suína catarinense e os EUA, que ocupa a décima colocação”. Segundo o presidente, a contribuição de Santa Catarina ao Brasil tem sido muito grande tanto na produção quanto na exportação. “A cada ano a produção melhora cerca de 2 a 3%, mas o impacto é ainda maior quando se fala em produtividade, em ganho dentro da propriedade rural, porque cada vez mais, temos tecnologias para serem usufruídas. A participação do Estado com mais de 50% nas exportações

FOTO: UQ DESIGN

ESPECIAL | GRANJA DE VALOR

que permitiu a estimação de valores genéticos individuais (mérito do animal como reprodutor) utilizando informações de parentes. Isso possibilitou acelerar o progresso genético para características de baixa herdabilidade como tamanho de leitegada. “A seleção genômica foi, sem dúvida, o grande marco da última década. Com ela, marcadores moleculares são utilizados para estimar de maneira mais acurada os valores genéticos dos candidatos à seleção, o que resulta em um maior progresso genético da população”. Lopes destaca, ainda, que a genética leva alguns anos para ser aplicada. Outros fatores como nutrição e sanidade são igualmente importantes para o desenvolvimento da suinocultura brasileira. “A genética é sem dúvida a base para o sucesso da suinocultura, mas também precisamos contar com excelente nutrição, sanidade e manejo.

SANTA CATARINA, ESTADO QUE MAIS EXPORTA CARNE SUÍNA, REGISTROU UM CRESCIMENTO DE 35% NAS VENDAS, ATINGINDO UM VOLUME EXPORTADO SUPERIOR AOS US$ 1.3 BILHÕES. 14 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | MARÇO 2021


CONDIÇÕES SANITÁRIAS PRIVILEGIADAS

Quando se fala em segurança sanitária é impossível separar de biossegurança. Nos últimos anos, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a Associação Brasileira das Empresas de Genética de Suínos (ABEGS) vêm atuando por meio de uma iniciativa público-privada implementada na estação quarentenária de Cananéia (SP). Todos os animais importados para o Brasil passam obrigatoriamente por um período de quarentena em Cananéia para assegurar o alto padrão sanitário e evitar a entrada de doenças exóticas no país. A gerente de sanidade LATAM da Topigs Norsvin, Heloiza Irtes explica que animais saudáveis conseguem expressar seu máximo potencial genético traduzido em maior eficiência alimentar, maior ganho de peso diário, peso de abate atingido em menor tempo e maior número de leitões produzidos por fêmea ou por instalação. “Além dos ganhos zootécnicos, a sanidade é fundamental para produzir animais com uso prudente e consciente de antimicrobianos”. Ela avalia o Brasil em um patamar superior em relação a outros países na área. “O Brasil tem condição sanitária privilegiada em relação aos demais países. Somos livres de várias doenças como a Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (PRRS), a Gastroenterite Transmissível (TGE), a Peste Suína Africana (PSA), entre outras. Temos a maior parte do território livre de Peste Suína Clássica e estamos bem próximos de conseguir da OIE a condição de livre de febre aftosa sem vacinação em alguns estados, além de Santa Catarina”.

TECNOLOGIA EM NUTRIÇÃO

Exportações em alta de toneladas de carne suína comercializadas no mercado internacional em 2020, volume 36,1% a mais que em 2019 Chegou a a receita cambial das vendas, resultado 42,2% maior que o alcançado em 2019

SANTA CATARINA

1º produtor e exportador de carne suína no Brasil Mais de abatidos por dia

suínos

Mais de animais alojados em campo de crescimento em comparação com 1019

em volume exportado

Outro pilar importante na profissionalização da suinocultura brasileira é a nutrição. A pesquisa na área tem sido importante para otimizar a criação de animais e alavancar a produção. O líder de negócios de Suínos da Cargill, João Fausto, destaca que é importante buscar efetividade na conversão de proteína vegetal e animal, pois as matérias-primas estão cada vez mais caras. “A tecnologia que a Cargill trabalha é um facilitador dessa conversão. Quanto mais tecnologia para melhorar a conversão do milho e farelo de soja em carne, melhor a rentabilidade para o produtor. Ter uma capacidade de analisar e investigar os níveis nutricionais é fator crucial para uma boa nutrição. Para isso, temos equipe especializada, tecnologia de ponta, software e uma série de ferramentas que permitem aos produtores tomar a melhor decisão”.

BEM-ESTAR ANIMAL

O bem-estar animal é um elemento inseparável dos modernos sistemas de produção e exerce papel importantíssimo na melhoria da produtividade no campo e na qualidade dos alimentos que chegam à mesa do consumidor. O pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Osmar Antonio Dalla Costa, e o médico veterinário e consultor da Maneja, Filipe Antonio Dalla Costa, observam que o Brasil ocupa posição de destaque quando o assunto é bem-estar animal, tanto no campo quanto na ciência. Segundo eles, o Brasil vem realizando uma série de treinamentos e capacitações para os técnicos do campo, o que contribui para a conscientização, monitoramento e melhoria contínua da forma como os animais são criados. No campo da pesquisa, há diversos centros especializados que estão avançando cada dia mais e despertando o interesse de outros países.

ÁSIA

80% do total

das exportações

PRINCIPAIS DESTINOS DA CARNE SUÍNA BRASILEIRA EM 2020

CHINA

50,7% de participação nas exportações totais do Brasil VIETNÃ BRASIL

+ 198%

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ESPECIAL | GRANJA DE VALOR

GRANJAS DE VALOR

ELEVADO PADRÃO TECNOLÓGICO E SANITÁRIO Instalada recentemente em Rio Verde de Mato Grosso (MS) com investimentos de R$ 55 milhões, a Granja Rio Verde, da Cooperativa Agropecuária São Gabriel do Oeste (COOASGO), é uma das mais modernas unidades de produção de suínos do País. Com capacidade para alojar 5 mil fêmeas, operando com o uso de sistemas de alta eficiência em biossegurança e com tecnologias de ponta para a multiplicação de material genético Agroceres PIC, a granja iniciou o alojamento das matrizes em janeiro de 2021 e a produção mensal está estimada em aproximadamente 14.000 leitões/mês. O presidente da COOASGO, Sérgio Luiz Marcon, ressalta que a granja é um modelo de referência por contemplar a melhor tecnologia disponível no mercado. Entre os investimentos destacam-se a climatização total das instalações computadorizadas, além do sistema de distribuição de ração com tecnologia importada da Alemanha para atender com precisão e rapidez todos os animais. A granja também é contemplada com barreira sanitária dupla, buscando manter a unidade livre de doenças, além de outras ações diárias, que buscam a obtenção do melhor desempenho dos animais.

GRANJA RIO VERDE OPERA COM O USO DE SISTEMAS DE ALTA EFICIÊNCIA EM BIOSSEGURANÇA E COM TECNOLOGIAS DE PONTA PARA A MULTIPLICAÇÃO DE MATERIAL GENÉTICO AGROCERES PIC. 16 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | MARÇO 2021

FOTOS: DIVULGAÇÃO GRANJA LAR

Granja Rio Verde é uma das mais modernas unidades de produção de suínos do País


Com 10 mil matrizes, a Unidade Produtora de Desmamados (UPD), da Lar Cooperativa Agroindustrial, se sobressai quando o assunto é alta tecnologia. Situada em Santa Helena (PR), o povoamento foi concluído no final de 2020 e, em janeiro de 2021, a granja começou a desmamar na plenitude. Trata-se de uma granja de alta reposição que conta com avós e bisavós e, por isso, precisa de creche e recria apenas para os animais de reprodução. Segundo o coordenador de suinocultura da cooperativa, Evandro Cezar Beraldin, a granja possui creche, recria, gestação e maternidade. “Todas as instalações são climatizadas. O setor de gestação é formado 100% por calha de inox para as fêmeas tomarem água e o sistema de ração e toda a sequência do abastecimento são feitos de forma automática”. A granja conta, ainda, com reaproveitamento de água pluvial e possui geradores a diesel e a biogás. “Temos também um triturador de carcaças. Todas as carcaças e placentas são trituradas, descontaminadas e lançadas em um biodigestor para melhorar o aproveitamento e melhorar a produção do biogás, entre outras tecnologias”, enfatiza Beraldin.

FOTO: DIVULGAÇÃO GRANJA LAR

BEM-ESTAR E SUSTENTABILIDADE

Com 10 mil matrizes, Granja Lar é dotada das mais modernas tecnologias

INVESTIMENTOS QUE GERAM RESULTADOS

FOTO: DIVULGAÇÃO

Situada em Quatro Pontes (PR), a Granja Becker conta com quase 5 mil matrizes. Referência no país, a propriedade lançou neste ano o projeto Becker 36 em parceria com a Topigs Norsvin, a Cargill Nutrição Animal e a Agriness. O objetivo é aumentar ainda mais a produtividade dos leitões desmamados. Segundo o proprietário, Milton Becker, a projeção é que a produtividade conquiste a marca de 36 leitões desmamados/fêmea/ano (DFA) neste ano, o que significa entregar mais de 180 mil leitões produzidos no ano, um indicador 8,3% a mais que a média produzida no país. “Para atingir o objetivo criamos, junto com as empresas parceiras, uma estratégia para manter a marca de 36 DFA até o final do ano. Com isso, além da melhoria na produtividade, alcançamos melhores resultados financeiros”, salienta Becker ao comentar que a granja vem trabalhando para aumentar um DFA por ano e vêm obtendo êxito na conquista da meta. Becker conta que em seis anos a granja conquistou quatro primeiros lugares e dois segundos lugares no concurso da Agriness que avalia o desempenho das granjas no país. "A satisfação pelas premiações é grande, mas o que mais nos motiva são os excelentes resultados”.

A PROJEÇÃO É QUE A PRODUTIVIDADE DA GRANJA BECKER CONQUISTE A MARCA DE 36 LEITÕES DESMAMADOS/ FÊMEA/ANO EM 2021 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | MARÇO 2021 17


FOTO: DIVULGAÇÃO AURORA ALIMENTOS

ESPECIAL | GRANJA DE VALOR

A EXCELÊNCIA DA SUINOCULTURA INDUSTRIAL A suinocultura industrial vem atingindo recordes surpreendentes nos últimos anos. Somente no ano passado, mesmo com os desafios impostos pela pandemia e pelo encarecimento dos insumos (milho e farelo de soja), a Cooperativa Central Aurora Alimentos aumentou em 15,6% o abate total do período, totalizando quase 6,1 milhões de suínos (6.080.944).

A produção in natura de carnes suínas deu um salto de 72,9% e atingiu 774.826 toneladas. A industrialização expandiu 4,3%. “Em suínos, houve um incremento de 11,78% no abate diário das plantas da Aurora e, com isso, conseguimos atender a alta demanda de exportação”, destaca o gerente de suinocultura da Aurora, Luiz Carlos Giongo.

Destaques da suinocultura na Aurora Alimentos 2020

de aumento no abate total em 2020, totalizando quase 6,1 milhões de suínos (6.080.944).

de expansão na industrialização de carne, conquistando 381.073 toneladas.

de incremento na produção in natura de carnes suínas, atingindo 774.826 toneladas.

a mais que em 2019 na exportação de carne suína, totalizando 192 mil toneladas.

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Segundo ele, a cooperativa central exportou 192 mil toneladas de carne suína, 57% mais que em 2019, para 36 países, tendo como principais destinos a China, Hong Kong, Estados Unidos, Chile e Japão. Para manter o setor em crescimento, o sistema Aurora Alimentos investe constantemente no fortalecimento da cadeia produtiva da suinocultura. “Investimos na modernização de nossas estruturas de produção. Os cooperados investem em instalações cada vez mais modernas com tecnologia de ponta, as filiadas em silos para armazenagem e fábricas de rações, a Aurora em indústrias, abatedouros e genética e nossos parceiros transportadores investem em modernização das frotas”. O vice-presidente e diretor de agropecuária da Aurora Alimentos, Marcos Antonio Zordan, complementa que somente nos últimos 5 anos, a cooperativa central investiu mais 900 milhões na suinocultura em diversos projetos, objetivando aumento de produção, agregação de valor e genética. “Esses investimentos consolidaram a Aurora no mercado nacional e internacional como cooperativa produtora de carnes e industrializados de suínos”.


SOLUÇÕES DA INDÚSTRIA PARA UMA SUINOCULTURA DE VALOR Oligo Basics A Oligo Basics se destaca no mercado de aditivos com uma linha a base de blends de óleos funcionais e blends de ácidos orgânicos livres, in feed e via água de bebida, os quais possuem reconhecidos benefícios. O uso dos óleos funcionais promove – entre outras atividades – a visível melhoria na biodiversidade da microbiota, obtendo assim, aumento da produtividade garantindo também a ausência de resíduos na carcaça e ausência da resistência bacteriana nos sistemas de produções. Alinhados com as necessidades do mercado em uma fase desafiadora do sistema de produção (a 1ª semana pós nascimento) a qual considera-se uma das mais críticas na vida dos leitões, a Oligo Basics lançou o Oligo Pig™, um suplemento energético. O Oligo Pig™ age potencializando a saúde intestinal, sua administração é realizada no 3º ou no 3º e 5º dia de vida do leitão, com sistema doser. Testes com o Oligo Pig™ em granjas comerciais, constataram uma excelente melhoria na qualidade e uniformidade do lote com um maior ganho de peso da leitegada”. NELSON BORBA GARCEZ, gerente de suínos Oligo Basics

FOTOS: DIVULGAÇÃO

De Heus Nutrição Animal A De Heus desenvolve um conceito avançado e integrado de nutrição para suínos, padronizando os fatores que realmente importam para a competitividade do suinocultor, ajudando-o a maximizar a eficiência nutricional, otimizar resultados e progredir. O impacto da nutrição de alta performance apresenta uma excelente resposta produtiva na granja e depende de vários fatores, como a genética do rebanho, a sanidade, as instalações (ambiência) e a nutrição. No caso da nutrição, o impacto é alto e muito importante. A adequada alimentação permite que o animal demonstre o seu potencial genético, desde que esteja sadio e numa condição de conforto ambiental. O bicampeonato na categoria Leitão Black, do Prêmio Melhores da Suinocultura, por um suinocultor cliente da De Heus é uma forma concreta de mostrar ao mercado que trabalhamos com tecnologias que atendem a todas as demandas do setor, independentemente do perfil de produtividade do produtor. Em todos os mercados estamos desenvolvendo projetos de crescimento sustentável e com visão de longo prazo. No Brasil e na América Latina não é diferente, acreditamos muito no potencial de produção do Brasil tanto em volume quanto em qualidade das proteínas animais. Nosso trabalho de parceria está focado no desenvolvimento tecnológico e resultado financeiro, porém sem deixar de lado a visão de sustentabilidade da produção animal”. ÉRIKA ALMEIDA, gerente de Produtos Suínos da De Heus Nutrição Animal

Ceva Saúde Animal A Ceva é parceira da suinocultura. Investimos constantemente no desenvolvimento de soluções que proporcionem mais eficiência para as granjas, como o Check-list de Vacinação, programa que avalia o procedimento de imunização de forma detalhada e tem como objetivo identificar possíveis falhas que podem gerar perdas produtivas. Diante dos desafios da pandemia mantivemos nossa conexão com o campo tendo a tecnologia como aliada para levar informação técnica aos produtores, para isso realizamos uma série de encontros online com o objetivo de estimular o debate sobre os desafios e oportunidades do setor. Nossa missão é estar ao lado do produtor, entendendo seus anseios e os transformando prontamente em soluções que geram mais produtividade, bem-estar e rentabilidade, essa é a grande proposta de valor da Ceva” MARINA MORENO, gerente de linha da Unidade de Suínos da Ceva Saúde Animal

BASF A BASF, empresa com mais de 150 anos de existência, está na vanguarda no desenvolvimento de tecnologias para uma criação sustentável não apenas de suínos mas também de outras espécies animais. Pioneira na produção de vitamina A sintética já nos meados dos anos 50 do século passado, assim como a primeira empresa a desenvolver e oferecer a enzima fitase comercialmente em 1990, o Natuphos, além de carboidrase e mais recentemente a linha de minerais orgânicos, os glicinatos. A fitase por exemplo, é uma tecnologia amplamente usada. Atualmente mais de 90% das rações produzidas no mundo tem a inclusão de fitase, mas o que muitos produtores não sabem é que além da redução dos custos das rações, ela traz benefícios para o meio ambiente. De maneira resumida, com a inclusão da fitase Natuphos, ocorrerá uma maior liberação de nutrientes não disponíveis na dieta para o suíno, principalmente o fósforo, sendo possível diminuir a adição de fontes externas de fósforo à dieta, o que gera uma economia financeira ,e por consequência uma menor excreção de fósforo via fezes, para o meio ambiente, sem afetar o desenvolvimento e performance do suíno. A grosso modo, a cada 50 grs de fitase adicionada numa tonelada de ração, o produtor poderá ter uma redução de custos de até 10% dessa mesma tonelada, dependendo do tipo de ração”. BRUNO WERNICK, coordenador de serviços técnicos para nutrição animal Brasil da BASF

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FOTO: SHUTTERSTOCK

ESPECIAL | GRANJA DE VALOR

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OS AVANÇOS NA REDUÇÃO DO USO DE

ANTI

MICRO

BIANOS O MÉDICO VETERINÁRIO, ESPECIALISTA EM SANIDADE E MANEJO NA SUINOCULTURA, MESTRANDO EM SANIDADE SUÍNA PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR) E GERENTE DE ORIGINAÇÃO NA PRIMATO COOPERATIVA AGROINDUSTRIAL, MÁRCIO JOSÉ BACH, FALA SOBRE A ATUAL SITUAÇÃO SANITÁRIA DO REBANHO DE SUÍNOS NO BRASIL E DESTACA OS AVANÇOS NA REDUÇÃO DO USO DE ANTIMICROBIANOS. Por Silvania Cuochinski

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ESPECIAL | GRANJA DE VALOR

Qual é o atual contexto global em relação ao uso de antimicrobianos na suinocultura? O uso de antimicrobianos tem sido cada dia mais racionalizado, especialmente pelo entendimento de toda a cadeia, inclusive do consumidor e do contexto da saúde única. Porém, no Brasil ainda estamos com média de consumo bastante acima de outros países. Estudo realizado por Dutra em 2018 que pesquisou 25 sistemas de produção revelou o uso médio de 358,0 mg de antimicrobianos/kg de suíno produzido, valor considerado elevado, quando comparado à tendência global de 172,0 mg. O período médio de exposição foi de 66,3% da vida dos animais e até 11 diferentes princípios ativos. O uso racional de medicamentos e outras tecnologias para controle das enfermidades em plantéis de suínos e as boas práticas de criação são assuntos muito discutidos nos últimos anos. Quais foram os avanços desde o início dos debates até o momento? Várias ações vêm sendo tomadas pela cadeia produtiva, desde a melhoria nas instalações para atender melhor a ambiência e o bem-estar dos animais e diminuir o desafio passando por melhorias na biosseguridade, limpeza e desinfecção até o desenvolvimento de novos produtos biológicos, sejam óleos essências, ácidos, DFMs (Direct Fed Microbial), antigamente chamados de probióticos ou fitoterápicos. Estes produtos visam melhorar a integridade intestinal e, consequentemente, a imunidade dos animais, além de alguns terem capacidade bactericida. Eles tiveram um aumento na utilização com resultados satisfatórios.

ciativas de produtores, empresas e autoridades para ter maior união na busca de programas eficientes de biosseguridade e controles para melhorar o status sanitário. Um exemplo disso é a normativa 265/2018 da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), que estabelece a biosseguridade mínima para granjas comerciais de suínos, mas a situação ainda está longe do ideal e é preciso maior união entre todos os elos da cadeia na busca de soluções. Em 2018, a OIE reforçou o compromisso deixando claro a importância de que o uso de antimicrobianos deve ser prescrito por veterinários e não deve substituir as boas práticas. Como a vacinação, higiene, manejo, medidas de biossegurança e o fornecimento de alimentação balanceada contribuem para a redução do consumo de antimicrobianos? Para a suinocultura colher resultados melhores e atender a demanda do consumidor e com sustentabilidade, a palavra-chave é equilíbrio. A saúde única deve ser pensada e também o bem-estar animal e tudo isso nada mais é do que o equilíbrio entre o meio ambiente, saúde humana e saúde animal. A saúde animal é contemplada com o atendimento do bem-estar dos animais. Na prática, o equilíbrio entre satisfação alimentar, provimento de água e nutrição; satisfação ambiental, temperatura ideal para a fase, espaço e manejo adequado; liberdade para expressar o comportamento da espécie trarão o resultado que é a ausência de fome, sede, dor, medo, debilidade, ansiedade, etc. Assim, os animais poderão imprimir todo o potencial genético, sem adoecer e sem necessidade de uso de medicamentos.

“VÁRIAS AÇÕES VÊM SENDO TOMADAS PELA CADEIA PRODUTIVA, DESDE A MELHORIA NAS INSTALAÇÕES PARA ATENDER MELHOR A AMBIÊNCIA E O BEM-ESTAR DOS ANIMAIS E DIMINUIR O DESAFIO PASSANDO POR MELHORIAS NA BIOSSEGURIDADE, LIMPEZA E DESINFECÇÃO ATÉ O DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS BIOLÓGICOS”.

Qual é a atual situação sanitária do rebanho suíno no Brasil? Hoje, as regiões com suinocultura comercial desenvolvida do Brasil têm os rebanhos livres das doenças de maior impacto comercial, como PRRS, PED, PSA e Febre Aftosa, porém, com o aumento da população de suínos em algumas regiões, as doenças de produção têm desafiado produtores, veterinários, empresas e autoridades, visto que os rebanhos precisam ser protegidos para proteger o mercado nacional e a rentabilidade da cadeia produtiva e, ao mesmo tempo, a necessidade de reduzir a utilização de antimicrobianos. Neste sentido, existem ini-

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Quais são os maiores desafios em relação ao uso adequado de antimicrobianos? A suinocultura evoluiu muito nas últimas décadas em eficiência nutricional e mortalidade. Entre outros fatores, a antibioticoterapia colaborou e ainda tem um papel importante para estes resultados, porém, reduzir a sua utilização é um caminho sem volta e todos temos que buscar alternativas. Grandes desafios serão enfrentados, entre eles, a reemergência da Lawsonia intracelulares, Brachyspira sp. e o controle da Salmonelose, quando se fala em trato digestório, além do complexo de doenças respiratórias.


SAÚD EA NI M A

SAÚDE H UM AN

SAÚD EA

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A

One Health

ou Saúde Única em português, trata da integração entre a saúde humana, a saúde animal, o meio-ambiente e da adoção de políticas públicas efetivas para prevenção e controle de enfermidades, trabalhando nos níveis local, regional, nacional e global. A Vetanco acredita e defende esse conceito, por isso desenvolve, produz e comercializa há mais de 30 anos, produtos seguros para alimentos seguros.

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ESPECIAL | GRANJA DE VALOR

É PRECISO MANTER-SE COMPETITIVO PARA SEGUIR NO JOGO Alexandre Furtado da Rosa, diretor superintendente da Agroceres PIC, empresa líder no mercado brasileiro de genética suína, aponta os pilares para manutenção do privilegiado status sanitário e comercial da suinocultura brasileira.

O

crescimento da suinocultura brasileira no mercado interno e no cenário mundial eleva cada vez mais a posição privilegiada do país no segmento, tanto que hoje, o Brasil é um dos principais exportadores mundiais da carne suína. E nada acontece por acaso. Afinal, não são poupados esforços na implementação das tecnologias e técnicas mais avançadas existentes no mercado para garantir a melhor produtividade e sustentabilidade. Genética, sanidade e bem-estar animal são alguns dos quesitos que colocam a suinocultura brasileira no topo. O diretor superintendente da Agroceres PIC, Alexandre Furtado da Rosa, ressalta o papel da genética como principal indutora dos avanços de eficiência e qualidade na produção de suínos. “Sem os enormes avanços no melhoramento genético de suínos das últimas décadas, a cadeia produtiva não teria conseguido atingir tamanha evolução nos índices de produtividade. Costumo exemplificar que a genética representa a locomotiva do trem. Como elemento tecnológico de maior peso, é ela quem, historicamente, lidera as grandes transformações na suinocultura”. Segundo o executivo, o intensivo avanço da tecnologia e o consequente desenvolvimento de novas ferramentas de melhoramento genético, – com o advento da genômica, da edição genética, a evolução da bioinformática e o surgimento de novas metodologias reprodutivas - reforça a influência da genética como o principal pilar do incremento da produtividade na suinocultu-

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ra e tem aberto novos e promissores horizontes para a atividade. “São tecnologias disruptivas, que nos permitem oferecer o melhor material genético disponível aos produtores, com impactos expressivos sobre a eficiência dos sistemas de produção e a qualidade final do produto”.

SANIDADE: PATRIMÔNIO DA SUINOCULTURA BRASILEIRA

De acordo com Furtado, outro pilar da competitividade na produção de suínos e, certamente, um dos maiores patrimônios da suinocultura no Brasil, é a sanidade. “Somos livres das principais doenças de impacto econômico, como PRRS, PED e Peste Suína Africana, o que faz do Brasil o país com o melhor status sanitário entre os principais players do mercado internacional de carne suína. Os riscos sanitários emergentes no mundo todo, no entanto, reforçam a necessidade estratégica de desenvolvermos rigorosas medidas de biossegurança, planos de contingência sanitária e uma integração plena entre o setor privado e os serviços veterinários oficiais”. Furtado menciona que, para garantir a manutenção do privilegiado status sanitário, o setor realiza um trabalho colaborativo e coordenado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Secretarias Estaduais de Agricultura, que envolve diferentes entidades representativas como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Associação Brasileira dos Produtores de Suínos e Associação Brasileira das Empresas de


FOTO: DIVULGAÇÃO

“A genética representa a locomotiva do trem. Como elemento tecnológico de maior peso, é ela quem, historicamente, lidera as grandes transformações na suinocultura”.

Genética de Suínos (ABCS e ABEGS) para a execução de programas de monitoria e vigilância sanitária no País. “Esse trabalho tem sido muito bem feito e, uma mostra disso, é que temos conseguido manter nosso rebanho de suínos livre de doenças exóticas de grande impacto econômico e comercial”. Paralelamente, segundo ele, no âmbito privado, as empresas do setor têm investido na implementação de medidas e programas de controle sanitário e na formação da “cultura da biossegurança” entre seus colaboradores. “A Agroceres PIC, por exemplo, mantém em sua estrutura de produção, rigorosas normas, protocolos e procedimentos de biossegurança, que combinados a eficientes programas de monitoria e auditoria sanitária, minimizam o risco de introdução de agentes infecciosos, garantindo a manutenção do elevado status sanitário dos animais de seu sistema de produção e multiplicação. Ainda conforme Furtado, embora seja relativamente novo, o bem-estar animal é um tema central para a produção de suínos. “Trata-se de uma exigência da sociedade. É cada vez maior o número de pessoas interessadas em conhecer como os alimentos são produzidos, em adotar uma dieta balanceada, por meio do consumo de alimentos saudáveis e éticos, cuja produção é feita em consonância com o meio ambiente e o bem-estar animal”. Segundo o executivo, como grande produtor e exportador, o Brasil, mais recentemente, registrou avanços importantes na discussão proativa do tema, assim como na normatização de processos e definição de um cronograma de implantação detalhado. “Uma mostra disso é a publicação, no final do ano passado, pelo Ministério da Agricultura, da Instrução Normativa nº 113, que determina as boas práticas de manejo e bem-estar animal preconizadas para sistemas de produção comercial. Ou seja, agora contamos com uma legislação específica para o tema no Brasil. Isso significa que o bem-estar animal é hoje um elemento inseparável dos modernos sistemas de produção de suínos”. A Agroceres PIC detém uma política clara e rígida para garantia do bem-estar dos suínos em sua estrutura de produção. “Trata-se de um compromisso indissociável de nossos valores e que faz parte da missão, do propósito e da estratégia de negócio da empresa. Para isso, contamos com profissionais especializados e adotamos normas, processos e protocolos que atendem requisitos internacionais. Entendemos que a execução de boas práticas de produção nessa área, se reflete não apenas no bem-estar dos animais, mas também na satisfação de nossos colaboradores e, por extensão, na harmonia do ambiente de trabalho. Por isso, trata-

mos o tema com prioridade”. No ano passado, a Agroceres PIC tornou-se a primeira companhia de genética no Brasil a contar com um departamento integralmente dedicado à área de bem-estar animal na produção de suínos, área esta que reporta-se diretamente à Diretoria do negócio.

DESAFIOS E UM CENÁRIO DE MÚLTIPLAS OPORTUNIDADES

Para Furtado, a suinocultura brasileira, como qualquer setor, tem desafios, mas também múltiplas oportunidades em seu horizonte. “Vivemos num mundo dinâmico, no qual as mudanças são permanentes e cada vez mais rápidas. O produtor precisa estar atento e manter-se competitivo para seguir no jogo”. De acordo com o executivo, um dos grandes desafios da suinocultura brasileira é desenvolver o mercado interno. “Para isso, precisamos ampliar a presença de produtos resfriados e frescos no mercado doméstico, enfatizando a versatilidade, a praticidade e a qualidade da carne suína para o consumidor brasileiro. Temos plenas condições de elevar o consumo per capita no país nos próximos anos, saltando de 16 kg por habitante ao ano para cerca de 23-25 kg. Além de investir na apresentação de nossos produtos, podemos ganhar terreno sobre a carne bovina, uma proteína cada vez mais nobre, escassa e cara de produzir. Essa é uma oportunidade que existe e precisa ser aproveitada pelas empresas”. Outra frente que precisa ser trabalhada é a diversificação dos mercados para a carne suína brasileira. “Atualmente, 24% de nossa produção é direcionada à exportação, com forte concentração em um só cliente, a China. Já temos maturidade e qualidade para ampliar nosso leque de compradores, incluindo em nossos destinos países grandes importadores como o Japão e a Coreia do Sul, considerados mercados premium”. No mais, conforme Furtado, o produtor precisa zelar por sua eficiência. “Tem que estar sempre aberto à inovação, investir continuamente em tecnologia, na gestão de custos e de riscos, na capacitação dos colaboradores, estabelecer boas parcerias e alianças estratégicas. Como em qualquer atividade, o tempo vai passando e é necessário se reinventar”. Para Furtado, o produtor precisa estar ligado e ser movido pela busca da máxima eficiência produtiva. “Diante desse ambiente de acelerada transformação, a inovação tecnológica tem exercido um papel crucial, e a genética, em particular, tem se mostrado um importante aliado do produtor, possibilitando novos saltos de produtividade”.

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FOTO: DIVULGAÇÃO AVIAGEM

AGRO&NEGÓCIOS

AVIAGEN®

Novo gerente geral O médico veterinário Leandro München é o novo gerente geral da Aviagen® no Brasil 01.

02.

Com quase duas décadas de experiência, Leandro München agregará à Aviagen® seu know how na gestão de processos, gerenciamento de áreas de produção, qualidade, manutenção e logística. Na empresa, será responsável pelas áreas de Produção (granjas, incubatórios, laboratórios e fábrica de ração), Comercial, Marketing, Serviços Técnicos, Suporte Técnico, Qualidade e Serviços Veterinários no Brasil. Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade do Paraná (UNIPAR) em 2003, Leandro München trabalhou em empresas como Cooperativa Lar, CVale, Rigor e Globoaves. “Espero trabalhar lado a lado com a equipe da Aviagen® e nossos clientes. Minha missão será auxiliar os produtores a continuamente fortalecerem seus negócios através de um produto de alta qualidade e

dicas de manejo para melhoria da saúde, bem-estar e performance das aves, o que é uma marca da empresa”, comentou Leandro. 03.

04.

Desde 1923, a Aviagen® tem sido a empresa global preferida em genética avícola. Aplicando seus valores corporativos de “Breeding Sustainability”, a Aviagen implementa ferramentas que promovem a produção comercial de frangos com foco no meio ambiente e na responsabilidade social, além do benefício econômico dos produtores, ao mesmo tempo em que promove o rendimento, a saúde e o bem-estar das aves. A sede da Aviagen® fica em Huntsville, no estado americano do Alabama, e detém operações no Reino Unido, Europa, Turquia, América Latina, Índia, Austrália, Nova Zelândia, África e Estados Unidos, além de joint ventures na Ásia.

"A INOVAÇÃO É IMPRESCINDÍVEL PARA ADEQUAR A AGROPECUÁRIA À REALIDADE GLOBAL E É O ÚNICO VETOR CAPAZ DE CONCILIAR SEGURANÇA ALIMENTAR E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL". TEREZA CRISTINA, ministra da agricultura, ao comentar que o agronegócio deve estar inserido no contexto de rápida transformação digital.

CEVA E AGTECH

TRATORITO GRANJA

A Ceva, empresa especializada em saúde animal e uma das maiores do mundo, anunciou em janeiro a parceria com a AgTech Garage (Piracicaba/SP), hub de inovação, cuja missão é alimentar o empreendedorismo do agronegócio. Todos os setores da empresa estarão envolvidos no processo e, para dar vazão, a multinacional francesa criou um comitê de inovação com a participação de representantes das respectivas áreas de negócio.

A Branco, referência no segmento de força e energia, além de líder em motores a combustão, apresenta ao mercado o Tratorito Granja, que faz parte do portfólio de produtos da linha de motocultivadores da companhia. Foi desenvolvido para manutenção da cama de aviário. Seu diferencial está no sistema duo garra que confere mais funcionalidade e melhor eficiência na trituração.

Nova parceria

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Mais eficiência


DEIXE A CAMBOROUGH SURPREENDER VOCÊ.

A Camborough é uma matriz que tem história, excelência genética e qualidade mundial. Altamente prolífica, produz leitões robustos, em maior número, com melhor peso e saúde de sobra.

Sua progênie tem crescimento rápido, vigoroso e com ótimo ganho de peso diário. Sem contar a excepcional qualidade de carcaça.

Os leitões da Camborough são os mais procurados do mercado e isso faz diferença para seu retorno e competitividade. Afinal, Camborough é Agroceres PIC, uma referência em tecnologia e resultado na produção de suínos.

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EMPRESA

Royal DSM

EMPRESA ANUNCIA NOVOS VICE-PRESIDENTES

Luiz Magalhães assumiu o cargo de vice-presidente de Nutrição Animal e Giovanni Saggioro é o novo vice-presidente de Nutrição Humana, ambos para América Latina.

A

Royal DSM, empresa global baseada em ciência para Nutrição, Saúde e Vida Sustentável, anuncia mudanças na liderança das suas áreas de negócios na América Latina. No início de março, Luiz Magalhães, que era vice-presidente de Nutrição Humana para América Latina, sucedeu Augusto Adami, que saiu da companhia. "Esta é uma mudança de extrema importância para minha carreira dentro da DSM, vou dar continuidade ao trabalho que vinha sendo executado focando no desenvolvimento de clientes, novos negócios, soluções e tecnologias, além da gestão de pessoas", comenta Magalhães.

O executivo, que está na DSM desde 2017, construiu uma carreira internacional de sucesso em multinacionais como Reynolds Packaging Group, Tetra Pak, Amcor Pet Packaging e Owens Illinois, atuando nos EUA e diferentes países da América Latina. Com essa movimentação, Giovani Saggioro assumiu a vice-presidência de Nutrição Humana para América Latina. O executivo ingressou na DSM em 2007 e atuou em diferentes áreas de liderança, como diretor de Marketing Latam, gerente de Vendas Brasil e gerente global de Marketing, na Suíça. No início de 2020 Saggioro assumiu o cargo de diretor de Marketing de Nutrição Hu-

mana Latam, onde desenvolveu e executou uma nova estratégia de Nutrição Especializada e projetos especiais para expandir a atuação da área em toda América Latina. "Nutrição Humana é uma área que ainda tem muito potencial de crescimento em toda a região, especialmente no cenário atual de pandemia, onde a nutrição e o bem-estar são fatores chaves para a imunidade. Dando continuidade ao trabalho iniciado pelo Luiz, a área manterá foco na expansão dos negócios e no desenvolvimento de soluções inovadoras para melhorar a vida das pessoas, que trarão oportunidades aos nossos clientes para expandir os seus negócios", ressalta Saggioro.

DSM - BRIGHT SCIENCE. BRIGHTER LIVING.™

Luiz Magalhães é o novo vice-presidente de Nutrição Animal para a América Latina

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FOTOS: DIVULGAÇÃO DSM

A Royal DSM é uma empresa global, baseada em ciência, movida por propósitos, atuante em Nutrição, Saúde e Vida Sustentável. Junto com suas empresas associadas, gera vendas líquidas anuais de cerca de € 10 bilhões, com aproximadamente 23 mil funcionários. A empresa foi fundada em 1902 e está listada na Euronext Amsterdam. Giovanni Saggioro assumiu o cargo de vice-presidente de Nutrição Humana para a América Latina


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AVES

Influenza Aviária

BRASIL BLINDADO

O país, apesar de ser um dos maiores exportadores de frango do mundo, não registra surtos do vírus devido ao forte trabalho em âmbitos público e privado para combater a doença. Por Gabriela De Toni de Almeida

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FOTO: BANCO DE IMAGEM

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Influenza Aviária é razão de constante preocupação entre criadores de aves no mundo. Só no último ano, surtos foram detectados em praticamente todo o globo, como em países da Ásia (Japão, China, Vietnã, Índia, Coreia do Sul), Europa (França, Alemanha, Bulgária, Itália), Oriente Médio e África (Argélia e Arábia Saudita) e América (Estados Unidos). O Brasil, mesmo sendo um dos maiores exportadores de frango no mundo, figura como referência e não relata casos no país. O status de prestígio tem razão de ser, pois existe uma estratégia muito firme de preservar o status sanitário nacional. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) trabalha junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) com ações previstas no Plano Nacional de Prevenção à Influenza Aviária. De acordo com a diretora técnica do ABPA, Sulivan Alves, são realizadas reuniões frequentes no Grupo Especial de Prevenção de Influenza Aviária para dar andamento a estratégias no âmbito produtivo, como ações de


ESTRATÉGIAS DE ÂMBITO PRIVADO

O gerente executivo da Associação Catarinense de Avicultura (ACAV), Jorge Luiz de Lima, destaca outras iniciativas de prevenção da Influenza Aviária no país. "O Brasil possui um Plano de Contingência público e privado. No âmbito privado, de maneira preventiva, tem se intensificado os controles de propriedades com o isolamento por telas, monitoramento das aves e rastreabilidade dos animais, bem com a intensificação das medidas regulares de sanidade. Para o critério consequencial, as entidades de âmbito privado como a ACAV possuem um Fundo Sanitário Privado que é formado pela contribuição de seus associados, com o fim de serem tomadas as medidas emergenciais em caso de qualquer evento". Empresa de genética de aves que comercializa matrizes por toda a América Latina, a Aviagen implementa medidas constantes, sendo, desde outubro de 2019, certificada pelo MAPA como compartimento livre de Influenza Aviária e Doença de Newcastle. Além de investir em estrutura nas unidades de produção, a empresa adota procedimentos operacionais como controle de fluxo de

veículos e pessoas, desinfecção de todo e qualquer material que entra (e sai) das granjas, limpeza e desinfecção de instalações e equipamentos, entre outros, visando a saúde animal. Para o gerente de suporte técnico da Aviagen, Mário Sérgio Assayag, a indústria farmacêutica tem desempenhado um excelente papel no controle das doenças com impacto econômico e que afetam o bem-estar animal. De acordo com Assayag, o combate à Influenza Aviária está relacionado com o forte investimento em pesquisa e desenvolvimento da área. “Esse é o caminho natural para um mercado que precisa garantir a saúde dos plantéis. Os modelos construtivos de granjas, incubatórios, fábricas de rações etc, têm evoluído muito ao longo dos anos e têm garantido uma ótima biossegurança, reduzindo muito o risco para entrada de doenças nos plantéis. Assim, associado à modernização das estruturas produtivas no Brasil, houve uma grande evolução nas diversas barreiras físicas em todos os processos de produção avícola, impedindo a entrada de agentes infecciosos como a Influenza Aviária e esse é um caminho de evolução constante, mitigando os novos riscos

O BRASIL, MESMO SENDO UM DOS MAIORES EXPORTADORES DE FRANGO NO MUNDO, FIGURA COMO REFERÊNCIA E NÃO RELATA CASOS DE INFLUENZA AVIÁRIA NO PAÍS. O STATUS DE PRESTÍGIO TEM RAZÃO DE SER, POIS EXISTE UMA ESTRATÉGIA MUITO FIRME DE PRESERVAR O STATUS SANITÁRIO. MÁRIO SÉRGIO ASSAYAG, Gerente de suporte técnico da Aviagen

futuros. Produtos e investimentos em estruturas não têm sucesso se não houver a garantia real de todos os procedimentos de biosseguridade sob gestão e execução das pessoas envolvidas", afirma. É de extrema importância que sejam acompanhados de perto quaisquer avanços que a Influenza Aviária possa ter no país, pois caso o vírus chegue no Brasil, poderão ser detectados prejuízos na faixa de US $5 bilhões de dólares. Eles se dariam pelo questionamento de clientes externos quanto ao produto, o que poderia gerar retração nas compras e, no pior dos cenários, desativação de alguns mercados.

FOTO: SHUTTERSTOCK

comunicação, campanhas e fundos de emergência. Os órgãos reguladores brasileiros se utilizam tanto de estratégias de grande alcance, como o controle do trânsito de aves e resíduos e a vigilância ativa para a doença, como táticas mais pontuais, que promovem o desenvolvimento de programas de biosseguridade que visam evitar a entrada e a propagação da doença nos plantéis nacionais.

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ARTIGO TÉCNICO Por Equipe Elanco

O IMPACTO DA SALMONELLA NOS CONSUMIDORES E NA INDÚSTRIA AVÍCOLA GLOBAL SALMONELLA: UM PROBLEMA MUNDIAL

Segundo a Comissão Europeia e a Organização Mundial para Saúde Animal (OIE), 60% dos patógenos humanos são de origem animal. Isso inclui Salmonella, um grupo de bactérias com potencial zoonótico. Ovos e produtos à base de carne são uma fonte significativa de infecção por Salmonella em humanos.

PREVALÊNCIA E CUSTO DA DOENÇA:

Globalmente, estima-se que a Salmonella cause 94 milhões de infecções humanas e 155.000 mortes anualmente. Dentre o sorovares de Salmonella, a Salmonella Typhimurium (ST) e a Salmonella Enteritidis (SE) são os dois mais importantes no que diz respeito à segurança alimentar. As bactérias zoonóticas que são resistentes a antimicrobianos são particularmente preocupantes, pois podem comprometer o tratamento eficaz de infecções em humanos.

SURTOS DE SALMONELOSE HUMANA

PAPEL NA RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA

A OMS publicou uma lista de 12 grupos de “patógenos prioritários”, que representam o maior perigo à saúde humana, incluindo Salmonella. As diretrizes incluem o uso responsável e estratégias de vacinação para a prevenção de Salmonella na produção de aves e ovos. (Para mais informações, consulte https:// www.who.int/foodsafety/ areas_work/ antimicrobial-resistance/amrfoodchain/en/.)

SALMONELLA: EFICÁCIA DA PREVENÇÃO: VACINAÇÕES

A vacinação de lotes de reprodutoras leves e pesadas é um dos principais pilares para diminuir a prevalência de Salmonella em aves domésticas. A escolha da vacina correta aliada às melhores práticas de vacinação das aves ajudam a proteger a saúde de todos na cadeia, do produtor ao consumidor. As vacinas vivas: • Podem ser administradas por spray ou água de bebida e não requerem aplicação parenteral, facilitando seu manejo na produção. • Oferecem melhor proteção por meio de mecanismos de proteção triplos (mediação celular, inibição humoral e da colonização) para uma estimulação imunológica forte, rápida, precoce e duradoura. • Há uma vacina viva bivalente que protege contra os sorovares SE e ST (AviPro™ Salmonella Duo, Elanco).

ONE HEALTH: GARANTINDO A SEGURANÇA E PROTEÇÃO DA CADEIA ALIMENTAR

Casos de salmonelose

Mortes

Globalmente, estima-se que a Salmonella cause 94 milhões de infecções por salmonelose e 155.000 mortes anualmente.

A Comissão Europeia e a Organização Mundial de Saúde Animal estabeleceram o conceito One Health para proteger a saúde de animais e humanos. Isso inclui recomendações para todas as etapas da produção de alimentos, desde a produção até o processamento e o varejo, mantendo a higiene adequada e a integridade da cadeia de frio. O conceito One Health da Comissão Europeia para proteger a saúde de animais e humanos inclui recomendações para todas as etapas da produção de alimentos.

Embora as diretrizes governamentais para a vacinação contra Salmonella variem em todo o mundo, a implementação das melhores práticas em toda a cadeia de produção, incluindo vacinas, pode trazer consistência à supervisão de Salmonella no setor avícola.

CONCLUSÕES: • A Salmonella causa 155.000 mortes e é a

fonte de 94 milhões de doenças de origem alimentar em todo o mundo, a cada ano. Uma parcela significativa dos casos de Salmonella está relacionada às aves, principalmente ovos e produtos à base de carne. •S almonella Enteritidis e Salmonella Typhimurium são ameaças globais à saúde pública e ambos os sorovares precisam ser abordados. Juntas, Salmonella Enteritidis e Salmonella Typhimurium são responsáveis por mais de 60% dos casos humanos de salmoneloses em todo o mundo. • Além do número de vítimas humanas, os surtos de salmoneloses podem levar à destruição de lotes de reprodutoras, bem como ocasionar danos às marcas envolvidas. • Agências governamentais, inclusive na UE e nos EUA, estabeleceram programas de supervisão de Salmonella para proteger a cadeia alimentar de aves. • Os produtores de ovos e aves estão implementando medidas de controle de Salmonella, incluindo programas completos de vacinação. A vacinação contra Salmonella Enteritidis e Salmonella Typhimurium é uma parte importante do fornecimento de ovos e produtos avícolas mais seguros aos consumidores. • Uma abordagem holística, como o modelo One Health da UE, é boa para humanos, animais, produtores de alimentos e para o planeta.

ABORDAR AS PREOCUPAÇÕES DE RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS (RAM) EM PATÓGENOS DE ORIGEM ALIMENTAR, INCLUINDO SALMONELLA, É DE RESPONSABILIDADE DE TODOS AO LONGO DA CADEIA ALIMENTAR.

AviPro™️ Salmonella Duo é marca da Elanco ou suas afiliadas. PM-BR-19-0480 34 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | MARÇO 2021


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InoBram tem novo slogan incorporado à marca

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O novo slogan foi pensado, estruturado e construído, a partir de toda a bagagem que a InoBram tem e representa hoje

evando em conta o posicionamento em que a InoBram encontra-se atualmente, suas características, sua marca já consolidada no mercado, sua gama de soluções em tecnologia e automação para granjas de produção animal, foi desenvolvido um novo slogan e este por sua vez, incorporado junto à marca InoBram. O novo slogan foi pensado, estruturado e construído, a partir de toda a bagagem que a InoBram tem e representa hoje, alinhado com o seu posicionamento, seu propósito, sua missão e visão, seus valores, como atende ao cliente, como se porta diante do mercado e do seu público, clientes e parceiros. Partindo de toda esta análise criteriosa e bem trabalhada, chegou ao seu novo slogan: InoBram. Conectando inovação à produtividade. Para explicar melhor este conceito, vamos esclarecer da seguinte forma: toda CONEXÃO une, interliga, relaciona dois ou mais dispositivos; a INOVAÇÃO está no nosso DNA, no nosso dia a dia, pois estamos sempre desenvolvendo soluções tecnológicas que facilitam a vida do produtor; e então, fechamos com o resultado de tudo isso, que é a PRODUTIVIDADE, ou seja, é a relação entre os meios, os recursos utilizados e a produção final. Para nós, ser produtivo é ser eficiente, em qualquer tipo de negócio!

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AQUI NA INOBRAM, A GENTE SABE QUE O TRABALHO NO CAMPO É DESAFIADOR! E “CONECTANDO INOVAÇÃO À PRODUTIVIDADE”, PODEMOS EVOLUIR CADA VEZ MAIS E TORNAR O DIA A DIA NO CAMPO MAIS PRAZEROSO!

FOTOS: DIVULGAÇÃO INOBRAM

EMPRESA


Construindo juntos a história da agroindústria catarinense O Sindicarne e Acav fomentam a excelência em sanidade animal, bioseguridade e qualidade. Apoiam o desenvolvimento tecnológico do setor, e a ampliação do setor produtivo nos mercados interno e internacional.

Florianópolis - (48) 3222-8734 secretaria@sindicarne.org.br SETOR AGRO&NEGÓCIOS | MARÇO 2021 37


BOVINOS

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PECUÁRIA 4.0

FAZENDA CONECTADA Novas ferramentas são criadas constantemente para diminuir erros e aumentar a produtividade Por Gabriela De Toni de Almeida

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om o avanço da tecnologia em diversos setores da economia, cada vez mais tem-se desenvolvido soluções criativas para gerar mais produtividade no agronegócio. O conceito da Pecuária 4.0 chega em um contexto de evolução do modo como as tecnologias se inserem no dia a dia, tanto do produtor de pequena escala quanto da multinacional que domina o mercado. São anos de pesquisa e desenvolvimento para chegar no patamar de poder afirmar que o Brasil tem posição de destaque no cenário mundial. O conceito da Pecuária 4.0 vem ao encontro do termo “Revolução 4.0", criado por alemães em 2012 para definir a "quarta era industrial" do mundo. Ele nada mais é que a inserção de novas tecnologias na pecuária, como o uso da Internet das Coisas (IoT), a Tecnologia da Informação, a internet, a big data e a robótica, por exemplo. Ao alinhar essas inteligências estão sendo desenvolvidos desde aplicativos a novos produtos ou mesmo softwares que possibilitam redução de falhas e erros na produção, maior lucro e mais produtividade. A Pecuária 4.0 é o presente e o futuro de uma nova era no setor. Conheça alguns exemplos de empresas inovadoras.

PRODAP

Há mais de 40 anos no mercado, a Prodap investe em inovação e, ainda em 1992, iniciou o desenvolvimento do 1º Software para gestão pecuária do Brasil. Até 2017, a Prodap se definia como uma empresa de nutrição e consultoria que também desenvolvia software, mas, desse ano para cá, a tecnologia passou a ser o eixo central da estratégia da empresa. "Foi necessária uma mudança de cultura, pois para sermos reconhecidos como uma empresa de tecnologia no mercado, realmente tínhamos que ser dentro de casa uma empresa ágil, tecnológica e focada na experiência do cliente de forma a sustentar a tecnologia como carro-chefe da companhia", explica o CEO Leonardo Sá. "Essa mudança cultural definiu uma nova forma de fazer tecnologia, de um jeito mais profissional e de maneira que a gente tem hoje ferramentas de alta usabilidade, um suporte de atendimento ao cliente com alta eficiência, métodos de design sprint, desenvolvimento ágil para que a gente consiga sustentar realmente a operação de uma empresa grande de tecnologia".


BOVINOS

A Prodap tem o objetivo de medir cada vez mais operações da micro rotina, incentivando cada trabalhador a tomar decisões em tempo real como, por exemplo, medir se há sal no cocho ou não. A empresa está lançando a primeira camada de Inteligência Artificial para pecuária do mundo, a Lore, que são motores de inteligência artificial através de uma interface de assistente virtual para pecuária. "É o primeiro software de inteligência artificial do mundo sendo lançado pela Prodap, algo extremamente inovador, usando tecnologia de ponta", explica Leonardo. Para o CEO, a aposta em deixar a nutrição e a consultoria de lado e investir no desenvolvimento de tecnologias está dando muito certo. "Trouxe a Prodap para uma posição de vanguarda, de inovação nesse setor da pecuária. Estamos sendo reconhecidos como a empresa que está liderando a transformação digital na pecuária".

JETBOV

A empresa catarinense JetBov também tem destaque no cenário da Pecuária 4.0, sendo uma plataforma completa para gestão de fazendas para bovinocultura de corte. Desenvolvido com o objetivo de ajudar o produtor a gerenciar a fazenda como uma empresa, o aplicativo coleta dados e funciona off-line, além de dialogar com outros dispositivos, como balanças eletrônicas e sensores. "O sistema calcula todo o custeio da produção, de forma que o pecuarista tenha em mãos, a qualquer momento, qual o custo que teve com cada animal e dessa forma projetar melhor o desempenho do gado, lotação para otimização do uso da terra buscando o melhor resultado econômico e financeiro. Na prática, implantamos em nossos clientes o que chamamos de pecuária de precisão, derivando dos conceitos da Agricultura 4.0", explica o diretor executivo Xis-

A TECNOLOGIA ESTÁ PERMITINDO AO PRODUTOR TER NAS MÃOS INFORMAÇÕES QUE SÃO MUITO VALIOSAS E QUE ELE NUNCA PENSOU QUE PODERIA TER ANTES. XISTO ALVES, Diretor Executivo da JetBov

FOTO: DIVULGAÇÃO DSM

Na fazenda Caçadinha, em Rio Brilhante (MS), a DSM mantém um polo de pesquisa e desenvolvimento onde é aplicado o que há de mais moderno em termos de produção (Divulgação DSM)

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to Alves. A JetBov atua em todos os estados do Brasil e em outros países como Bolívia, Angola, Moçambique, Portugal e México. Para Xisto, a Pecuária 4.0 chega como um fator de mudança de patamar no setor, aumentando o lucro e fazendo com que a área receba um olhar mais favorável do mercado. "Se analisarmos a média de produtividade nacional, que é de 4@/ha/ano (...), onde 5% das fazendas chegam a 60@/ha/ano, segundo a consultoria, a diferença de mais 15x mais lucro/ha/ano está muito além da genética, do pasto ou da raça do rebanho, e cada vez mais relacionada ao manejo, processos e práticas de gestão onde as decisões são mais baseadas em dados e menos baseadas em percepções e análises generalistas. A partir do ponto que se chega nesse patamar, onde seus riscos estão muito mais controlados e o produtor entende melhor qual a relação entre cada R$ investido x retorno, o pecuarista começa a enxergar a fazenda como sendo um investimento com retorno muito melhor que do mercado financeiro. Em resumo, o nosso propósito é ajudar o produtor a organizar suas informações para buscar este resultado".

DSM

Na fazenda Caçadinha, em Rio Brilhante (MS), a DSM mantém um polo de pesquisa e desenvolvimento onde o que há de mais moderno em termos de produção está sendo aplicado. "O Centro de Inovação de Ruminantes (Fazenda Caçadinha) conta com equipamentos e tecnologias digitais de última geração para suportar as pesquisas que envolvem as soluções nutricionais da DSM, além de contribuir para o desenvolvimento de soluções digitais inovadoras para a pecuária de corte", explica Juliano Acedo, diretor de marketing para Ruminantes da DSM no Brasil. "O uso dessas tecnologias viabiliza o monitoramento em tempo real, gerando um potencial gigantesco de big data para ser utilizado no desenvolvimento de ferramentas de predição e inteligência, viabilizando uma atividade com estratégias mais assertivas". Na Fazenda Caçadinha existem dois projetos inovadores: um de câmeras 3D, em que é possível estimar o peso e o crescimento do animal por meio de fotos, algoritmos e inteligência artificial, conduzido junto à Universidade de Wisconsin (EUA); e outro focado no manejo de cocho, onde câmeras são posicionadas estrategicamente na linha de cocho e identificam a quanti-

dade disponível de alimento e o comportamento do animal. Além disso, tendo como foco a ciência e a inovação, a DSM desenvolve tecnologias próprias para ajudar no desenvolvimento sustentável social, econômico e ambiental. Um exemplo disso é o Bovaer®, um aditivo tecnológico que, adicionado à dieta regular de bovinos (corte e leite) e de outros ruminantes, como ovelhas e cabras, permite a redução das emissões de gases metano pelos animais. Um estudo recente realizado pela UNESP constatou que, em ambientes tropicais, como o Brasil e o México, o uso da solução reduz em até 54% as emissões de metano. O Bovaer® foi considerado uma das dez tecnologias inovadoras que podem ajudar a alimentar o mundo de forma sustentável, de acordo com o World Resources Institute.

O BRASIL COM PAPEL CENTRAL NA PECUÁRIA 4.0: REALIDADE OU EXAGERO?

Para Xisto Alves, a afirmação é verdadeira. "Primeiro, pelo fato do Brasil ser um dos maiores produtores de proteína animal e, segundo, por já possuirmos muito boas agtechs em operação. Uma desvantagem que temos aqui está relacionada principalmente no acesso à capital, comparativamente a outros ecossistemas que estão desenvolvendo tecnologia no agro, mas é uma realidade que vem mudando ano a ano. O ano de 2020 demonstrou que as agtechs brasileiras são muito resilientes, apresentando crescimento mais acelerado em plena pandemia". Juliano Acedo concorda com a visão de que o país já tem posição de destaque na produção pecuária mundial. "Somos os maiores exportadores de carne do mundo, temos o maior rebanho bovino comercial e a melhor pecuária tropical do planeta. No nosso sistema de produção, baseado em pastagens, conseguimos produzir carne de qualidade, o Boi Verde, com um custo imbatível. Isso é fruto do trabalho de instituições de pesquisa, universidades, empresas e claro dos pecuaristas, que investiram muito no desenvolvimento de tecnologias de pastagens, genética, sanidade e nutrição". A Pecuária 4.0 já é realidade, com seus equipamentos inteligentes, sejam eles físicos, como sensores, chips e câmeras, ou digitais, como aplicativos e softwares. O Brasil pode ser o principal nome dessa revolução na maneira de lidar com a tecnologia no campo.

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BOVINOS

SENSOR IDENTIFICA ADULTERANTES EM LEITE Com apenas uma gota de amostra, sensor consegue detectar até três tipos de adulterantes

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remiado em 1° lugar pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) do estado de Goiás, o projeto da pesquisadora Bárbara Guinati e sua equipe do Instituto de Química da Universidade Federal de Goiás (IQ/UFG), denominado “Detecção simultânea de adulterantes em leite utilizando dispositivos microfluídicos fabricados em papel”, tem por objetivo fazer uma triagem rápida do leite para identificação de peróxido, uréia e pH, utilizando dispositivos de baixo custo. Para identificar os adulterantes, Guinati explica que é utilizado uma laminadora de escritório para plastificar um dos lados do papel e em seguida esse papel laminado é levado a um plotter onde são recortados os dispositivos no formato desejado. A detecção é feita por meio de uma reação colorimétrica. Quando os adulterantes estão presentes na amostra, eles entram em contato com os reagentes específicos para cada adulterante colocados em cada uma das zonas de detecção e, assim, após a reação, há a formação de um produto com coloração diferente da inicial.

ANÁLISE DO RESULTADO

FOTO: FREEPIK

A análise do resultado pode ser feita de forma qualitativa por meio de uma resposta sim ou não apenas pela percepção visual da mudança de cor ou, de maneira quantitativa, onde a intensidade da coloração formada pode ser relacionada com a concentração do adulterante no leite. Por enquanto os sensores foram testados apenas para a identificação de adulterantes em leite bovino. Por ser de manuseio fácil, rápido e barato, até mesmo pessoas que não são qualificadas conseguem realizar o procedimento. Entretanto, a manipulação e o uso de reagentes químicos para preparar e aplicar os reagentes que promovem a cor no dispositivo devem ser realizados por uma mão-de-obra especializada. A pesquisadora explica que o produto deve passar por algumas validações para atender às necessidades do mercado e dos seus potenciais consumidores, principalmente no que diz respeito à comercialização.

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PERFIL

PARA O SUCESSO DO AGRO, É FUNDAMENTAL TERMOS TALENTOS DIVERSOS EM TODOS OS NÍVEIS.

FOTO: DIVULGAÇÃO BAYER

MALU NACHREINER, líder da divisão Crop Science da Bayer no Brasil

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CONQUISTADAS PELO

AGRO

Que as mulheres estão dominando espaços que eram considerados essencialmente masculinos não é novidade há muito tempo. O fato é que elas estão fortalecendo cada vez mais sua atuação no mercado e tornando-se protagonistas em diversos segmentos. Elas ocupam posições de destaque no governo, universidades, organizações de pesquisas, grandes corporações e não poderia ser diferente no cenário do agronegócio.

Por Silvania Cuochinski

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ão é à toa que elas estão ocupando cada vez mais cargos estratégicos e estão no topo de grandes corporações. As mulheres são detalhistas, determinadas, transmitem segurança, se destacam em diversas funções e têm grandes habilidades para atuarem como líderes. No mês da mulher, a revista AGRO&NEGÓCIOS não poderia deixar de prestigiar esse público que está dando um show no agro. A presença delas no segmento vem crescendo expressivamente. Para se ter uma ideia, atualmente, as mulheres representam 42% do setor, com crescimento significativo nos cargos de liderança, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nesta edição você vai conhecer algumas líderes que se destacam no cenário do agro em diferentes cargos em empresas renomadas.

EXPERIÊNCIA E DESAFIO INÉDITO

A

líder da Divisão Crop Science da Bayer no Brasil, Malu Nachreiner, conta que entrou na empresa como estagiária no último ano do curso de Engenharia Agronômica, há cerca de 18 anos, em um programa para formar RTVs (Representantes Técnicos de Vendas). “Minha primeira posição nessa função foi em Santo Ângelo (RS), uma experiência e um desafio totalmente inéditos. Ao longo da minha carreira, sempre atuei muito próxima à área comercial com responsabilidades no Brasil e América Latina. Nesse período, tive a oportunidade de liderar projetos e negócios de grande impacto na organização como é o caso do modelo que temos para sementes de soja”. A executiva ressalta que antes de assumir o cargo atual teve o desafio de atuar como líder de marketing da Divisão Agrícola da Bayer para a América Latina, onde viu de perto a evolução do setor e dos negócios da empresa rumo a um agronegócio mais sus-

tentável, inovador e digital. “A experiência como um todo tem sido um presente. Se por um lado ainda não é comum vermos mulheres ocupando posições de liderança no mercado, nos mais diversos segmentos, por outro temos visto um avanço importante desde que comecei, com uma presença feminina crescente no nosso setor”, observa Malu. Ela afirma que tem orgulho em representar a força de tantas mulheres que fazem a diferença no agro e é grata ao apoio que recebeu nessa caminhada. “Grande parte de qualquer conquista é fruto do esforço coletivo e do trabalho com colegas, líderes, clientes e, no meu caso, da importância que a empresa dá ao tema da diversidade, não só por ter mulheres na liderança, mas por agregar todo tipo de diversidade – racial, diferentes idades, crenças, orientação sexual”. Ao reconhecer a importância do crescimento da participação feminina no mercado do agronegócio, Malu menciona uma pesquisa feita pela Bayer em 2019. Entre outros

pontos, o estudo apontou que a mulher do campo reconhece que possui uma visão holística na hora de liderar, que tem uma preocupação especial com sustentabilidade, tecnologia e com a sucessão familiar - aspectos importantíssimos para o agro. “Sabemos que há obstáculos para a maior participação feminina, como o fato de quase metade (45%) das mulheres terem declarado que já sofreram preconceito motivado por questões de gênero, segundo levantamento da Abag, porém, ter um ambiente mais diverso é benéfico em qualquer setor”, enfatiza Malu”. Para ela, o agro é apaixonante. “Não consigo enxergar um setor que tenha mais oportunidades em nosso país. É um setor que se transforma a cada dia, tanto do lado do consumidor - preocupado com alimentação, origem dos alimentos e sustentabilidade -, como do lado dos produtores rurais, cada vez mais conscientes, interessados em inovação, transformação digital e sustentabilidade. Por isso, para o sucesso do agro, é fundamental termos talentos diversos em todos os níveis”, conclui.

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PERFIL

EMPODERAMENTO FEMININO

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FOTO: DIVULGAÇÃO NORTÈNE

gestora comercial da Silox, fabricante de silos-bolsas do grupo Nortène, Dayana Caroba, representa muito bem o perfil de líder no agronegócio. Ela conta que cursava faculdade de Administração quando entrou no grupo Nortène, há 11 anos, para trabalhar em sua área. Mas, a admiração pelo segmento AGRO e pela rotina comercial das mulheres da Nortène, tornou-se uma inspiração e fez com que a jovem profissional ficasse encantada pelo segmento. “Meu interesse pelo setor só crescia. Quando a empresa me ofereceu a primeira oportunidade de entrar no coração do comercial agarrei e comecei com o desenvolvimento de algumas regiões potenciais, onde consegui ganhar grandes contas para a empresa e formar uma ótima equipe que me ajudou e ajuda com este trabalho”. Segundo Dayana, desde que assumiu essas regiões até o momento, o crescimento nas vendas praticamente dobrou, atingindo aumento de 90%. “Fiz cursos, estudei bastante, mas o que gera maior aprendizado é

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o contato com o público-alvo e as visitas a campo. Já rodei praticamente o Brasil todo e, antes da pandemia, costumava visitar pelo menos dois estados por mês”, destaca a gestora comercial que fez sua primeira visita

A NORTÈNE, QUE HOJE É LÍDER DE MERCADO EM SUAS LINHAS, INCENTIVA NOSSA PRESENÇA NO CAMPO E DÁ TODO SUPORTE PARA ISSO. DAYANA CAROBA, Gestora Comercial da Silox, fabricante de silos-bolsas do Grupo Nortène

em um cliente com apenas 22 anos. A valorização às mulheres está no DNA do grupo Nortène e isso não é de hoje. “Quando entrei na empresa, 70% dos gestores já eram mulheres”, lembra Dayana, que é responsável por uma equipe formada por 30 representantes espalhados pelo Brasil, duas coordenadoras que lhe dão suporte e dois RTVs (responsáveis técnicos de vendas). Atualmente, 90% da área comercial do grupo Nortène conta com gestão feminina e a empresa está sempre antenada, buscando inovação. “A Nortène, que hoje é líder de mercado em suas linhas, incentiva nossa presença no campo e dá todo suporte para isso”. Para finalizar, a líder observa que as mulheres sempre tiveram papel essencial em diversas atividades e sempre estiveram presentes, de alguma forma, nas principais tomadas de decisão. “Nos últimos anos houve um posicionamento, aliado à valorização das empresas e o tema está em alta. Quero ser inspiração para outras mulheres, e para minha família, assim como fui inspirada anos atrás quando iniciei”.


FOTO: DIVULGAÇÃO NOVUS

NO AGRO POR ACASO

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ormada em Administração, a analista de Marketing da Novus International, Manara Facchini Marciano, conta que o agronegócio entrou em sua vida por um especial acaso. “Não tenho formação na área, mas tive uma grande oportunidade de iniciar a minha carreira dentro da Novus, onde estou há quatro anos”. Para Manara, a presença feminina cresce cada vez mais no agronegócio e em todos os níveis hierárquicos, pois sua visão detalhista e esforço trazem ao setor maior engajamento e personalidade. “A presença da mulher no segmento é essencial. Conheço grandes especialistas, professoras e consultoras que têm uma infinidade de conhecimentos que são cruciais para o desenvolvimento do agronegócio. O empoderamento feminino mostra cada vez mais que somos totalmente preparadas para assumirmos quaisquer papeis de liderança”.

Sobre sua trajetória neste início de carreira, Manara enfatiza que é marcada por ampliar sua visão de capacidade e por contemplar grandes mulheres reconhecidas na Novus e em outras empresas do setor. Ela sente-se orgulhosa em pertencer a uma empresa que não faz distinção de gêneros. “Muito pelo contrário, somos diariamente recompensadas e temos inúmeras oportunidades”. Manara conta ainda que sente orgulho de cada mulher que luta pelo seu espaço e reconhecimento. “Nós somos fortes! Mulheres conseguem ser/fazer multitarefas com excelência. O nosso trabalho e dedicação são de extrema importância para juntas levarmos o alimento para as famílias. Estou no começo da minha carreira, mas me sinto muito preparada para avançar cada vez mais”.

O EMPODERAMENTO FEMININO MOSTRA CADA VEZ MAIS QUE SOMOS TOTALMENTE PREPARADAS PARA ASSUMIRMOS QUAISQUER PAPÉIS DE LIDERANÇA. MANARA FACCHINI MARCIANO, Analista de Marketing da Novus International

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FOTO: DIVULGAÇÃO POLINUTRI

PERFIL

“FOI NO AGRO QUE ME ENCONTREI”

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ublicitária com pós-graduação em gestão empresarial com mais de 10 anos de atuação na área de marketing e com passagens por empresas nos segmentos de mídia exterior, logística, instituto de pesquisa de mercado e nutrição animal, a gestora de marketing da Polinutri, Marley Avanzi, conta que embora esteja em uma posição mais interna, trabalha com um público formado 90% por homens que estão no campo, no dia a dia: o produtor. “E quando vou para o campo, estou 100% com eles. Conquistar um espaço nesse meio não é fácil. Acredito que conquistei parte do meu espaço e também aprendi a não dar tanta importância para certas situações”. Marley analisa que ainda são poucas mulheres em lugares de destaque nesse meio, mas acredita que o cenário mudou muito e vai mudar ainda mais. “As mulheres possuem habilidades para atuar em qualquer

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área. Temos um olhar mais aguçado, somos mais sensitivas, pensamos, analisamos tudo com cautela e avaliamos uma situação por vários ângulos. Conseguimos atender a diversas demandas, somos resilientes, detalhistas e buscamos o aprimoramento constante, o que faz com que os negócios tenham sucesso e prosperem”, observa. A profissional conta que passou por empresas nos segmentos de logística, instituto de pesquisa de mercado, mídia exterior e nos últimos cinco anos em nutrição animal. “São mercados com desafios muito diferentes e foi no agro que me encontrei, que vi a importância e a força do segmento no mundo. O agro faz a diferença na vida de bilhões de pessoas e saber que o Brasil se desenvolveu de tal forma e que será o grande fornecedor de alimentos do futuro, me faz realizada por fazer parte deste processo”.

O AGRO FAZ A DIFERENÇA NA VIDA DE BILHÕES DE PESSOAS E SABER QUE O BRASIL SERÁ O GRANDE FORNECEDOR DE ALIMENTOS DO FUTURO, ME FAZ REALIZADA POR FAZER PARTE DESTE PROCESSO. MARLEY AVANZIO, Gestora de Marketing da Polinutri


INÍCIO DE CARREIRA DESAFIADOR Na visão de Polyana não existe diferença entre o profissional homem e mulher, a não ser as características dos gêneros. “É necessário ter equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, dá para ser mãe, esposa e uma profissional de sucesso. Temos que ter mais confiança e segurança em nós mesmas e não podemos ter receio de escolher entre uma promoção ou engravidar. Podemos ser o que quisermos e temos a liberdade de vivermos o nosso sonho e isso só depende de nós”, conclui.

PODEMOS SER O QUE QUISERMOS E TEMOS A LIBERDADE DE VIVERMOS O NOSSO SONHO E ISSO SÓ DEPENDE DE NÓS. POLYANA ARRUDA, Gerente Nacional de Vendas da Ceva Saúde Animal

FOTO: DIVULGAÇÃO CEVA

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gerente Nacional de Vendas da Ceva Saúde Animal, Polyana Arruda, conta que atua na Avicultura desde que se formou em Medicina Veterinária, há 21 anos. “Comecei como sanitarista de campo e depois fui para a área comercial, na qual estou há 19 anos. Trabalhei em diferentes regiões do país, o que me proporcionou conhecer a avicultura nacional nas suas diferentes faces”. Mestre em Nutrição de Monogástricos, com pós em Avicultura Industrial e em Marketing e Inteligência Competitiva, já passou por empresas como Asa Alimentos, Formil, Pfizer até chegar na Ceva, onde está há 10 anos. Entre os principais desafios enfrentados ao longo dos anos por Polyana esteve o fato de firmar-se em um mercado, na época, ainda muito masculino. “Tive que mostrar que não existe diferença entre homens e mulheres em relação à competência e outras qualidades profissionais. As constantes viagens e ter que conciliar a vida pessoal e profissional também foram desafios enfrentados”. Para a líder, as mulheres têm habilidades diferenciadas, são dedicadas, cuidadosas, comprometidas e atenciosas com os clientes e até mesmo com as espécies animais em que trabalham. “Colocamos AMOR no que fazemos”, observa ao reforçar que na avicultura a representatividade feminina vem aumentando com o passar dos anos. “As profissionais estão em diferentes áreas e exercem as mesmas funções que os homens, mas ainda existe uma baixa porcentagem de mulheres em cargos de alta gestão. Temos um largo caminho a ser trilhado para equalizar essa representatividade”. Polyana também conta que teve muitos momentos marcantes, como por exemplo, morar em diferentes regiões do país a trabalho e atender pessoas com diferentes culturas, filosofias e diferentes problemas sanitários. “Finalizar meu mestrado trabalhando e com inúmeras viagens foi desafiador também. E por último, com a pandemia me reinventei como profissional, pois estávamos acostumados a estar presencialmente com nossos clientes todo o tempo. Percebi que dá para estar perto mesmo longe e que viagens podem ser economizadas, o tempo pode ser bem aproveitado com uma reunião on-line bem feita. Tivemos na tecnologia um bom aliado nesses tempos diferentes”, afirma.

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ESPECIAL ONE HEALTH

A SAÍDA PARA O investimento alto em pesquisas é um caminho necessário para aplicar o conceito One Health, aliando saúde animal, saúde humana e meio ambiente para impedir zoonoses. Por Gabriela De Toni de Almeida

E

stá comprovado cada dia mais a importância de utilizar o conceito One Health para prevenir doenças animais e, consequentemente, evitar epidemias ou pandemias humanas. Ao integrar saúde animal, saúde humana e o meio-ambiente, diminui-se a possibilidade de que um vírus se alastre por uma espécie animal e chegue no ser humano, como aconteceu com a Covid-19. Para prevenir que surjam novas zoonoses, ou seja, doenças transmitidas entre animais e pessoas, é muito importante que haja alto investimento em pesquisas para gerar resultados que melhorem a área da saúde animal. Uma instituição que investe alto utilizando as diretrizes do One Health é a Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Segundo a pesquisadora da Embrapa, Aiesca Oliveira Pellegrin, a pandemia da Covid-19 ressalta como é importante não negligenciar aspectos relacionados à saúde única. "Gerar conhecimento na interface homem-animal-ambiente demanda mobilizar conhecimento e colaboração efetiva de várias especialidades, das ciências ambientais, da ecologia básica e aplicada, de ciências veterinárias e médicas, só para citar algumas. E arranjos institucionais totalmente novos, bem como políticas públicas construídas com

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esse olhar, de gestão dessa interface. Podemos pegar como exemplo a Covid19. Em menos de um ano temos uma vacina. Um vírus que até então não havia infectado o ser humano, um vírus que estava restrito a um animal silvestre e que ainda não sabemos por quais outros hospedeiros ele passou até chegar ao homem. Não conhecemos a história natural dessa doença, ela é nova. Todo esse conhecimento teve que ser produzido em um ritmo alucinante e só pudemos ter essa vacina porque tínhamos, em alguns países, equipes capacitadas, meios e métodos disponíveis para gerar o conhecimento necessário sobre o vírus. A ciência, muitas vezes, mostra seus resultados somente a longo prazo e é um equívoco não darmos atenção para a ciência básica, porque dela é que emana o conhecimento que deve ser mobilizado em momentos de crise, aquelas que não prevíamos". Números da OIE, a Organização Mundial da Saúde Animal (em português), indicam que 60% das doenças humanas são zoonoses. Das doenças emergentes, 75% são de origem animal e, de cinco novos agentes de doenças humanas ao ano, três são de origem animal e 80% dos agentes com potencial de bioterrorismo são zoonóticos (por exemplo, a Brucella abortus - conhecida como Febre de Malta). Segundo a pesquisadora da

Embrapa, "diante desses dados, a conclusão é de que o caminho mais efetivo e econômico para proteger as pessoas é controlar as enfermidades animais em suas populações de origem e essa gestão deve ser feita na interface meio ambiente-animal-homem, o que mostra a urgência de internalizarmos em planos, programas e políticas essa perspectiva, que representa a saúde única em sua essência. O caminho para a implantação de políticas de saúde única é longo e, antes de necessário, urgente, uma questão de sobrevivência das espécies, incluindo a nossa". Em relação a projetos desenvolvidos pela Embrapa focando o combate às zoonoses, alguns importantes são contra a Brucelose, a Tuberculose e a Salmonelose. O portfólio de sanidade animal da Embrapa é constituído de 14 desafios de inovação e o conceito One Health perpassa vários deles. De acordo com Pellegrin, um exemplo de projeto que a Embrapa está desenvolvendo atualmente com foco na perspectiva de saúde única trata da resistência aos antimicrobianos, considerada pela Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO), Organização Mundial da Saúde (OMS) e OIE como um dos tópicos que atualmente mais merecem atenção, "pois compromete a saúde humana e animal, afetando a capacidade do uso dos tratamentos para doenças infecciosas, tanto no âmbito da medicina humana quanto veterinária, sendo inclusive objeto de um convênio tripartite (FAO,OIE,OMS) com a elaboração, em 2015, de um Plano de Ação Global para a resistência aos antimicrobianos, visto que a resistência aos antimicrobianos não reconhece fronteiras tanto geo-

FOTO: SHUTTERSTOCK

EVITAR EPIDEMIAS E PANDEMIAS HUMANAS


60% 75% das doenças humanas são zoonoses

das doenças emergentes são de origem animal

3

de cada 5 novos agentes de doenças humanas ao ano são de origem animal

80%

dos agentes com potencial de bioterrorismo são zoonóticos

Fonte: Organização Mundial da Saúde Animal (OIE)

gráficas quanto de espécies. O Brasil acompanha os esforços globais sobre o tema e tem trabalhado na perspectiva de saúde única, por meio do ‘Plano de Ação Nacional de Prevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos no Âmbito da Saúde Única’ 2018-2022 (PAN-BR), de forma integrada e holística, envolvendo diferentes ministérios e agências governamentais", explica. A tendência é que pesquisas focadas na saúde única sejam cada vez mais relevantes dado o cenário de desenvolvimento do agronegócio mundial. Por isso, o aporte de recursos da área deve aumentar e permitir que os pesquisadores façam seu trabalho de salvaguardar a espécie humana.

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GRÃOS

COMBUSTÍVEL

QUE VEIO PARA FICAR

N

a última década, a produção de etanol de milho no Brasil ganhou um novo status. O tema, que tinha pouca relevância, passou a chamar a atenção no mercado de grãos. O projeto para a criação da primeira usina de etanol no país baseada 100% em milho aconteceu há pouquíssimo tempo, em 2014, e os resultados estão vindo rápido para as empresas que estão investindo no combustível. A cada ano, os números de

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produção evoluem em ótimas estatísticas e indicam que o etanol de milho chega para garantir seu espaço no agronegócio. Apenas na safra 2020/2021, números do Conab, o Conselho Nacional de Abastecimento, indicam que o país deve produzir 2,7 bilhões de litros de etanol de milho, um avanço de mais de 60% em relação à temporada anterior. O presidente da União Nacional do Etanol de Milho (Unem), Guilherme Nolasco, mostra em

números o avanço surpreendente. "Saímos de uma produção de 141 milhões de litros de etanol de milho na safra 2015/16 para aproximadamente 2,65 bilhões na safra 2020/21. Ou seja, atualmente, em 18 dias, produzimos o mesmo volume de toda safra de 2015. De janeiro a dezembro de 2020, produzimos 1,141 bilhão de litros a mais que no mesmo período de 2019, mesmo com toda a adversidade decorrente da pandemia". A tendência de alta


A produção de etanol de milho ganhou relevância no Brasil na última década. Sustentável, ele pode ser uma alternativa para o agronegócio no futuro. Por Gabriela De Toni de Almeida

zas quanto ao preços do milho, além de suposições de que era mais caro produzir etanol de milho que de cana-de-açúcar.

RENOVABIO

segue para esta e para as próximas temporadas. "Na safra 2021/22, deveremos crescer 650 milhões de litros, totalizando 3,3 bilhões de litros. Daqui em diante, esperamos manter o crescimento entre 800 milhões e 1 bilhão de litros a cada ano safra", explica o presidente. O levantamento da Conab ainda indica que, pela primeira vez na história, na safra 2020/2021, o Mato Grosso deve produzir mais etanol proveniente de milho (2,4 bilhões de

litros) do que o da cana-de-açúcar (1,1 bilhão de litros). O etanol de cana-de-açúcar deve reduzir sua produção em aproximadamente 20%. É um avanço sólido para um projeto que era visto com desconfiança em 2014, quando um grupo de investidores decidiu apostar na primeira usina full - ou seja, de produção exclusiva - de etanol de milho, no momento em que se projetavam riscos associados a um mercado instável para o combustível e com incerte-

A tendência de alta na produção também é alavancada pela implementação do RenovaBio, um programa do Governo Federal que tem como objetivos expandir a produção de biocombustíveis no Brasil, cumprir com compromissos firmados no Acordo de Paris e incentivar a redução de emissões de gases causadores do efeito estufa. De maneira prática, a adesão nacional ao programa ampliará ainda mais a utilização de biocombustíveis, categoria onde o etanol de milho se encaixa. Ele tende a ter papel ainda mais estratégico nas ações brasileiras de descarbonização a médio prazo. Para Guilherme Nolasco, o programa, mesmo no início de sua implementação, já está incentivando o aumento do interesse em relação ao etanol de milho. "O setor acredita muito no RenovaBio como estratégia de geração de ativos ambientais por meio dos certificados de descarbonização (Cbios). Temos influência na captação de 'ativos ambientais' através do biocombustível (etanol) que mitiga mais de 70% dos gases de efeito estufa (GGE), além da ativação de outras cadeias de produção animal (bovinos, suínos, aves, peixes) e florestas plantadas para geração de energia própria e cogeração ao mercado". Ele, ainda, reforça como o próprio processamento do combustível é sustentável e que vale investir também por essa razão. "A cada tonelada de milho processado para etanol, se produz 300 kg de farelos de milho na base seca (WDG, DDG, DDGs) com aplicação na dieta de

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bovinos, promovendo a intensificação pecuária, com a diminuição do ciclo produtivo, reduzindo a idade do abate com aumento do peso das carcaças, possibilitando a disponibilidade de áreas de pastagem de baixa produtividade ao cultivo de grãos, evitando o avanço sobre novas áreas de exploração. A perspectiva é muito boa para o crescimento do setor, a cada dia mais fundos de investimentos que buscam setores sustentáveis se aproximam da cadeia do etanol de milho". Hoje, o Brasil conta com 18 usinas de etanol de milho em funcionamento, incluindo a maior produtora de etanol de milho do continente e a maior usina da América Latina. No total, estima-se que podem ser produzidos até 3,4 bilhões de litros a cada safra a partir de 2021. O crescimento da produção de etanol de milho é grande, mas não existe a perspectiva de que isso anule por completo a produção de etanol de cana-de-açúcar. Na verdade, elas podem se complementar. Existe a perspectiva de que surjam mais usinas flex, que podem produzir etanol com as duas matérias-primas, como explica o presidente Guilherme Nolasco. "O etanol de milho terá seu papel e fatia do mercado, com uma visão clara de complementaridade à cana-de-açúcar. É uma grande oportunidade para as usinas de cana se tornarem flex (cana e milho), aproveitando a sinergia dos dois modelos de produção, eliminando a longa entressafra dos canaviais, otimizando a disponibilidade de biomassa (bagaço) e a diminuição dos inves-

FOTO: DIVULGAÇÃO

GRÃOS

A perspectiva é muito boa para o crescimento do setor. A cada dia mais fundos de investimentos que buscam setores sustentáveis se aproximam da cadeia do etanol de milho". GUILHERME NOLASCO, presidente da União Nacional do Etanol de Milho

timentos em equipamentos para poder produzir etanol de milho no modelo flex. Crescemos organizados e com sólida estratégia para dar sustentação à continuidade dos investimentos. Não temos pretensão de sermos protagonistas em um mercado tão tradicional e consolidado que é o etanol de canade-açúcar no Brasil".

POR OUTRO LADO...

Ao mesmo tempo em que o crescimento da produção de etanol de milho é positivo, há quem acredite que outras áreas do agronegócio possam ser afetadas. Os criadores de suínos, por exemplo, se preocupam com a possível falta de milho para alimentar os animais. As recomendações de associações já são voltadas para planeSafra Brasil deve 60% de jar a compra de safras com produzir 2020/2021 crescimento até uma temporada de an2,7 bilhões em relação tecedência para que não se de litros à temporada corra o risco de não ter made etanol anterior téria-prima para todos. de milho O diretor executivo da Acrismat, a Associação de 141 milhões de 2,65 bilhões Criadores de Suínos do litros de etanol de litros de Mato Grosso, Custódio Rode milho na safra etanol de milho drigues, explica essa ques2015/16 na safra 2020/21 tão. "No Mato Grosso, especificamente, há um volume muito grande de Na safra totalizando 650 milhões empresas de etanol de mi3,3 bilhões 2021/22 de litros é a lho se colocando. Até o fim de litros previsão de do ano, o Estado deve escrescimento magar em torno de 6,5 a 7 Fonte: CONAB/UNEM milhões de toneladas só de etanol de milho. Para o ano

CRESCIMENTO EXPRESSIVO =

=

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que vem esse número deve chegar a 8,9 milhões e, com as expectativas do governo do Mato Grosso, que incentivam essa questão do milho, temos uma produção que deve crescer, e até 2022 deve estar esmagando quase 15 milhões de toneladas. É um volume muito grande. Todos sabemos que o DDG se usa para boi, uma infinidade de coisas, mas para a suinocultura o número destinado é muito pequeno, de 20 a 30%, segundo as próprias indústrias das rações nos passaram. Então, é muito preocupante essa questão. Nossa recomendação para os produtores é que a gente possa antecipar essa compra de milho. Esse milho safrinha que temos lá e que foi colhido em julho já está praticamente todo comercializado (92%). A safrinha de julho do ano que vem já está praticamente 60% comercializada". Para Custódio Rodrigues, as associações terão que desempenhar um papel de guia com os produtores, encontrando alternativas para que ninguém tenha que encerrar suas atividades. "É uma grande preocupação que precisamos ter. Temos que buscar, no nosso ponto de vista, alternativas políticas, principalmente junto ao Governo Federal. Que haja algum prêmio, algo assim, alternativas para o produtor buscar esse milho antecipado, onde ele possa assegurar isso. Se nós não trabalharmos também enquanto associações com pequenos e médios produtores, eles com certeza vão sucumbir, ter que se profissionalizar na questão. Temos que realmente ser empresários no setor da suinocultura porque senão vamos ter problemas de praticamente alguns produtores saírem da atividade. Não só os terminadores, como produtores de suíno, o ciclo completo", esclarece.


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GRÃOS

AGROCONSULT

A irregularidade climática resultou no plantio mais tardio da história e trouxe uma marca forte à safra de soja 2020/21. A falta de chuvas regulares atrasou a implantação das lavouras no Centro-Oeste e no Sul, afetando também o planejamento da segunda safra de algodão e de milho. Em resumo, a safra começou atribulada, em especial no Mato Grosso, principal produtor de soja no Brasil. Apesar disso, a Agroconsult, organizadora do Rally da Safra, aponta para um recorde de produção de soja. A estimativa pré-Rally é de 132,4 milhões de toneladas, 5,5% acima da safra passada. A projeção decorre de dois fatores. O primeiro deles é a expansão da soja, impulsionada pelo momento de boa rentabilidade. Em relação à safra 2019/20, a área plantada cresceu 4%, chegando a 38,4 milhões de hectares. É um crescimento de 1,47 milhão de hectares – quase equivalente ao que se cultiva num estado como a Bahia. O segundo ponto é a produtividade brasileira, que deverá alcançar 57,4 sacas por hectare, 1,5% acima das 56,6 sacas por hectare da safra passada.

“ENTRE OS MAIORES PRODUTORES, O PAÍS TEM CONDIÇÃO ÚNICA NO MUNDO PARA SUSTENTAR O CRESCIMENTO DE PRODUÇÃO NECESSÁRIO NO MÉDIO PRAZO PARA ATENDER A DEMANDA GLOBAL POR ALIMENTOS. COM A ADOÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS, MELHOR USO DAS ÁREAS DISPONÍVEIS E COM O CLIMA AJUDANDO, O INCREMENTO DE PRODUÇÃO SERÁ FORTE ATÉ 2030”. ERNANI CARVALHO DA COSTA NETO, coordenador do Núcleo de Agronegócios da ESPM sobre o ritmo de crescimento de grãos na próxima década no Brasil.

PLUGFIELD

FOTO: DIVULGAÇÃO CLEVERSON BRAUN

Soluções tecnológicas para o agro A agricultura brasileira está cada vez mais “hightech”. Nesta onda digital, os produtores já estão inseridos no conceito de Agricultura 4.0, que tem revolucionado o agronegócio.

on-line, por exemplo, quando começa a chover, é possível monitorar de forma virtual os índices pluviométricos.

E quando se fala em agricultura uma questão determinante para produção é o clima. Não é à toa que os produtores rurais buscam ferramentas e softwares para a medição de dados climáticos.

A estação meteorológica Plugfield WS18, produzida em Curitiba (PR), possui um conjunto de sensores para medição de dados climáticos e módulo de coleta e transmissão de dados. Um aplicativo para smartphone e uma plataforma web também estão disponíveis gratuitamente para quem adquire a solução e quer acessar estes dados de qualquer lugar do mundo.

Segundo Márcio Malewschik, consultor comercial da Plugfield, que oferece soluções para produtores rurais, empresas e cidades inteligentes, contando com a expertise da Pumatronix, a primeira coisa que o agricultor quer saber é se choveu e o quanto choveu. Com estações metereológicas

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FOTO: FREEPIK

Produção de soja deve chegar a 132,4 milhões de toneladas


Tecnologia inédita dá acesso às imagens precisas da Biomassa

A BASF Digital Farming GmbH e a VanderSat serão as primeiras empresas a oferecer comercialmente para os agricultores o acesso a imagens diárias e escaláveis da biomassa, sem interferência da cobertura de nuvem. As duas empresas assinaram um acordo comercial, que prevê a integração do produto ‘Cloud-free Biomass’ da VanderSat, com a solução xarvio™ FIELD MANAGER da BASF Digital Farming. A previsão é que esteja disponível na América do Norte e na América Latina ainda em 2021. ENTENDA MELHOR 1. IMAGENS DE ALTA QUALIDADE Os agricultores terão acesso diário a imagens de alta qualidade da biomassa das plantações, o que permite o monitoramento contínuo do desenvolvimento do cultivo. Com isso, a produção é otimizada, economizando tempo e dinheiro, além de promover sustentabilidade. 2. B ONS RESULTADOS O Cloud-free Biomass é resultado da estreita parceria e dos testes desenvolvidos pelas equipes xarvio e VanderSat nos últimos dois anos.

novo produto obteve bons O resultados nos testes na Alemanha, Ucrânia, Reino Unido, Canadá e Brasil na safra 2019/20. 3. NO BRASIL O gerente técnico digital do xarvio, Ricardo Arruda, explica que algumas áreas brasileiras ficam constantemente cobertas por nuvens durante a safra e, em algumas regiões, as nuvens impediam a coleta das imagens. egundo ele, a partir de agora S será possível fornecer imagens de altíssima qualidade dos campos, mesmo em dias muito nublados.

SYNGENTA

NK sementes de soja e milho A marca NK de sementes de soja e milho da Syngenta completou um ano desde o seu relançamento. A decisão para a retomada veio após pesquisa realizada com cerca de 400 agricultores de todo o país, que mostrou um alto percentual de lembrança da marca e intenção de compra com o relançamento, mesmo após 10 anos fora do mercado.

AGRISTAR

Linha Superseed sob nova gerência A Superseed, linha de sementes de alta tecnologia da Agristar do Brasil, está com um novo gerente nacional de vendas. O cargo passa a ser ocupado pelo engenheiro agrônomo Douglas Machado, que possui amplo conhecimento técnico e tem atuação focada no mercado de hortaliças. Com MBA em Gestão de Negócios na instituição USP/ESALQ, Douglas Machado está na empresa há sete anos, atuando como Representante Técnico de Vendas na regional Cerrado, da linha Topseed Premium. Na gerência nacional da linha Superseed, Douglas pretende dar continuidade ao trabalho de levar até o produtor variedades e tecnologias que façam a diferença no campo, bem como a busca e consolidação de parcerias comerciais em todo o país. “Seguirei com o meu trabalho de oferecer aos clientes da linha Superseed as melhores opções tecnológicas, aproveitando o que o time de Pesquisa e Desenvolvimento da Agristar tem de melhor a oferecer, assim garantindo maior produtividade e lucratividade no campo”, finaliza Machado. FOTOS: DIVULGAÇÃO AGRISTAR

FOTOS: DIVULGAÇÃO

BASF

Douglas Machado, novo gerente nacional da linha Superseed

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GESTÃO NO AGRO FOTO: SHUTTERSTOCK

Por Melissa Baungartner

CRÉDITOS DE PIS/PASEP E COFINS COM GRANDES DISCUSSÕES NO

AGRONEGÓCIO C Melissa Baungartner Contadora, CRC/ SC - 042996/O-1. Responsável pela Inteligência do Negócio na Dome

om a 15ª carga tributária mais alta do mundo, o Brasil arrecadou mais de dois trilhões de reais em tributos no ano de 2020. Nos últimos 10 anos a arrecadação vem representando em média 32,5% do PIB brasileiro. Estudos demonstram que o sistema tributário brasileiro é o mais complexo do mundo. A diversidade das espécies tributárias, a alta quantidade de normas que regem o sistema, os incontáveis critérios de cálculo, somados com as mais variadas formas de benefícios fiscais, fazem com que as empresas fiquem inseguras quanto ao recolhimento

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dos tributos e, consequentemente, paguem mais do que deveriam. Tal turbulência tributária não poderia ser diferente para as empresas do agronegócio, mas aqui a situação é agravada pelas inúmeras possibilidades de recuperações tributárias repassadas ao setor com o intuito de fomentar a atividade, o que inicialmente é visto como um grande benefício, mas que causa grandes dores de cabeça caso a operacionalização não seja bem realizada. Entre as recuperações tributárias permitidas para o agronegócio, com diversas legislações regendo as possibilidades de aproveitamento de

créditos, a recuperação da Contribuição ao PIS/Pasep e da Cofins não cumulativos é um dos temas mais debatidos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, visto sua representatividade e diversidade de matérias controvertidas. Diante desse conturbado cenário, destacamos as principais possibilidades de recuperações tributárias disponíveis para o agronegócio, mas que, apesar dos indícios que levam ao aproveitamento de crédito, ainda não têm definição consolidada entre os órgãos administrativos, o que causa dúvida e insegurança entre as empresas.


APROVEITAMENTO DE CRÉDITO SOBRE A COMPRA DE INSUMOS DESTINADOS À ALIMENTAÇÃO DE AVES E SUÍNOS

Instituída com o objetivo de desonerar a cadeia produtiva de aves e suínos, a Lei nº 12.350/2010 suspendeu o pagamento do PIS/Pasep e da Cofins sobre as vendas de insumos destinados à alimentação desses animais. Além da suspensão, a lei trouxe a possibilidade de os frigoríficos que produzem cortes de aves e suínos, destinados à exportação, aproveitarem créditos presumidos sobre as aquisições de alguns insumos específicos, utilizados na produção desses cortes. No entanto, apesar da suspensão e da previsão do aproveitamento de créditos presumidos, a legislação deixou algumas dúvidas acerca do direito ao aproveitamento de créditos ordinários sobre os demais insumos utilizados na cadeia produtiva de Aves e Suínos. Exemplo disso é a exigência de estorno dos créditos ordinários, quando os produtos produzidos forem vendidos para frigoríficos. Nesse caso, embora a Receita Federal do Brasil venha entendendo que o estorno é devido sobre a totalidade das referidas

É importante que as empresas fiquem atentas aos créditos que estão sendo apropriados, visto que um entendimento equivocado ou um cálculo feito indevidamente, pode onerar drasticamente o custo do processo produtivo.

aquisições, em instâncias superiores, os contribuintes estão obtendo êxito quanto ao aproveitamento de tais créditos. É importante que as empresas fiquem atentas aos créditos que estão sendo apropriados, visto que um entendimento equivocado e um cálculo feito indevidamente, sem observar todos os créditos permitidos, pode onerar drasticamente o custo do processo produtivo, prejudicando a competitividade da empresa no mercado.

INSUMOS ESSENCIAIS E RELEVANTES PARA O PROCESSO PRODUTIVO

Outra questão que causa grande impacto no aproveitamento de créditos de PIS/Pasep e de Cofins no agronegócio, são as aquisições de insumos utilizados no processo produtivo. Essa matéria foi amplamente debatida na esfera administrativa e judicial, sendo que o STJ, no julgamento do REsp nº 1.221.170, definiu que é permitido o aproveitamento de crédito sobre a aquisição de todos os insumos que são essenciais e relevantes para o processo produtivo das indústrias. Posteriormente, a Receita Federal do Brasil publicou o Parecer COSIT nº 05/2018 e a Instrução Normativa nº 1.911/2019, esclarecendo quais são os insumos que se enquadram no conceito de “essencial e relevante”. Contudo, as empresas do agronegócio ainda sofrem para garantir o aproveitamento de créditos sobre alguns insumos específicos, como é o caso dos materiais de embalagem utilizados em seus processos produtivos. A título exemplificativo dessas aquisições, há o caso das caixas, fitas, big bag, lacres, chapas de papelão, filme strech e pallets. A Receita Federal do Brasil argumenta que sobre esses insumos não é permitido o aproveitamento de créditos, em virtude de esses bens serem utilizados no acondicionamento para transporte. Entretanto, o CARF vem se manifestando positivamente em relação ao aproveitamento desse crédito quando as embalagens são essenciais para o processo produtivo, isto é, quando elas garantem que os bens produzidos mantenham suas condições de consumo, proteção e integridade.

Além das embalagens, o aproveitamento de créditos sobre os serviços de transportes que transferiram produtos acabados entre unidades de uma mesma empresa também é uma matéria que causa grande impacto financeiro para as empresas do agronegócio. Historicamente o contribuinte vem discutindo o aproveitamento desse crédito, sendo uma matéria controvertida tanto na relação fisco x contribuinte, quanto nas decisões do CARF que, embora tivesse um posicionamento dividido no decorrer dos anos, passou a permitir, majoritariamente, o aproveitamento do crédito depois da decisão do STJ no REsp nº 1.221.170. Contudo, recentemente, após a decisão do processo nº 10925.901891/2011-14, o colegiado voltou a ficar dividido em relação à matéria. Há ainda a discussão relativa ao aproveitamento de créditos sobre a aquisição dos materiais de uso e consumo (assim chamados pelo fisco), como os equipamentos de proteção individual, materiais elétricos e eletrônicos e peças utilizadas nas máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo, bem como os bens adquiridos para utilização em viveiros de animais. Esses materiais têm grande representatividade no agronegócio. Nesse caso, embora a Receita Federal do Brasil venha negando o aproveitamento de créditos, alegando que não são essenciais para o processo produtivo, o CARF vem revertendo as decisões e permitindo o crédito, seja pelo fato de que os bens são utilizados por imposição legal, seja por se tratar de insumos empregados diretamente no parque fabril das indústrias. Essas são apenas algumas das situações controversas que as empresas do agronegócio vêm enfrentando para garantir o aproveitamento de créditos de PIS/Pasep e de Cofins, há inúmeras outras com grande representatividade que ainda precisam ser definidas e o direito ao aproveitamento de crédito do contribuinte garantido. São matérias complexas e de longos debates que estão por vir, por isso é essencial que os cálculos dos créditos aproveitados sejam realizados com perícia, pleiteando todos os valores devidos, e os recursos tenham rigor técnico para demonstrar o direito previsto na legislação, amarrado às provas contábeis que evidenciam a veracidade do crédito em questão. Assim, a empresa poderá perceber o retorno desses valores no seu caixa e a carga tributária refletindo, de fato, o que está previsto na legislação tributária. Conte com a Dome para lhe ajudar nas recuperações tributárias da sua empresa.

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MERCADO

Brasil de olho na

Índia País asiático, com média de crescimento econômico entre 5 e 7% nas últimas décadas, tem potencial para ser um parceiro comercial tão bom quanto a China nos próximos anos. por Gabriela De Toni de Almeida e Suelen Santin

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MERCADO

A

Índia tem potencial para ser o equivalente a China para o mercado brasileiro no futuro. O país asiático vem apresentando crescimento econômico expressivo nas últimas décadas, beirando margens de 5 a 7% ao ano, processo semelhante ao chinês. À medida em que a população passa a ter poder aquisitivo maior, migrando de estágios de pobreza para classe média ou acima, passa a consumir mais, e o Brasil está de olho nesse aumento de busca de produtos. Professor da Unochapecó (Universidade Comunitária da Região de Chapecó) e doutor em Economia Aplicada pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Cristian Rafael Pelizza acredita que há boa possibilidade da Índia ter cada vez mais posição de destaque na exportação de produtos brasileiros do agronegócio. "Esse consumo, em partes, é direcionado ao setor de alimentos e é onde o Brasil possui um bom destaque no cenário internacional. Além disso, em países com uma população tão elevada, é comum que haja uma política de estoques garantindo algum grau de segurança alimentar. Então, é um caminho natural, na medida em que a Índia se torna mais rica, deve demandar mais nossos produtos de exportação e nisso entra a soja e o milho de maneira mais significativa". Em 2020, a Índia figurou como 11º principal parceiro comercial do Brasil. No início do ano, ainda em janeiro, o presidente Jair Bolsonaro fez visita ao país e, junto ao primeiro-ministro Narendra Modi, assinou 15 acordos bilaterais, sendo seis deles voltados para a agropecuária. Os governos discutiram dobrar o intercâmbio comercial entre os países até 2022, passando de US$ 7 bilhões para cerca de US$ 15 bilhões. Tudo indica que haja avanço na posição indiana como parceira comercial brasileira, não apenas no agronegócio como em outros setores da economia. "A Índia possui perspectiva de tornar-se o país com crescimento mais acelerado no mundo (antes da pandemia apresentava AO ANO É O CRESCIMENTO taxas maiores que as da ECONÔMICO QUE O PAÍS China), e possui uma base ASIÁTICO VEM APRESENTANDO NAS de produção bastante ÚLTIMAS DÉCADAS grande. Por exemplo, o setor de tecnologia é particularmente representaDE US$ 7 BILHÕES PARA tivo, centrado na cidade de Bangalore, e muito do que é produzido lá pode tornar-se absorvido pelo BILHÕES: OS GOVERNOS Brasil. A Índia possui um BRASILEIRO E INDIANO SE setor siderúrgico forte, e COMPROMETERAM EM o Brasil produz muito da DOBRAR O INTERCÂMBIO matéria prima (minério de COMERCIAL ATÉ 2022 ferro) que abriria um campo para parcerias. Além, é claro, da importância do nosso setor agrícola no abastecimento da população indiana MILHÕES DE TONELADAS que hoje é de aproximaPOR ANO ATÉ 2030 É O QUE damente 1.3 bilhão de APONTAM AS PROJEÇÕES habitantes", afirma o proPARA O CONSUMO INDIANO DE GRÃOS SECOS fessor Pelizza.

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"O campo para a inserção de produtos agrícolas brasileiros na Índia é enorme. Vale lembrar que mantendo a taxa de crescimento acima de 7% ao ano, a renda média indiana deve dobrar a cada década, o que significa um aumento expressivo nas taxas de consumo, aos moldes do que ocorreu com a China em períodos recentes". CRISTIAN RAFAEL PELIZZA, Professor e doutor em Economia Aplicada.

Em relação aos produtos com potencial de aumento de consumo pelo país asiático, o professor avalia de maneira positiva o setor de grãos em geral. No encontro de janeiro de 2020, por exemplo, o Brasil já conseguiu abrir mercado para o gergelim que, apesar de produzir pouco (cerca de 25 mil toneladas), é um grão que pode ser cultivado após a safra da soja. "Acredito que na nossa produção agrícola, o setor de grãos seria particularmente beneficiado. Também há um espaço para a produção de proteína animal (em particular o frango). Na produção de boi, por exemplo, as vantagens são menores, já que existe uma restrição religiosa ao consumo por parte dos hindus (que respondem por aproximadamente 80% da população do país). Produtos industrializados de origem animal e vegetal, como farinhas e gorduras, por exemplo, também podem ter seu consumo aumentado. O campo para a inserção de produtos agrícolas brasileiros na Índia é enorme. Vale lembrar que mantendo a taxa de crescimento acima de 7% ao ano, a renda média indiana deve dobrar a cada década, o que significa um aumento expressivo nas taxas de consumo, aos moldes do que ocorreu com a China em períodos recentes".

COOPERAÇÃO TAMBÉM NA PESQUISA

A relação Brasil - Índia, estreitada com acordos bilaterais assinados em janeiro de 2020, promete também evoluir na pesquisa agrícola. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e o instituto indiano Icrisat (International Crops Research Institute for the Semi-arid Tropics - Instituto Internacional de Pesquisa de Plantações e Trópicos Semi-Áridos - tradução livre) assinaram memorando de entendimento. Segundo o presidente da Embrapa, Celso Moretti, "o objetivo da parceria da Embrapa com o Icrisat é estabelecer cooperação em ciência e tecnologia por meio da realização de projetos conjuntos nas áreas de agricultura e de recursos naturais, em especial projetos com potencial para ampliar a base de conhecimentos em desenvolvimento sustentável da agricultura e fortalecimento institucional". No momento, as instituições estão em fase de definição das estratégias que antecedem o início efetivo das ações. Apesar do projeto estar em fases iniciais, já se tem noção de quais áreas do agronegócio as instituições pretendem trabalhar juntas. "Existe a intenção de desenvolver projetos específicos em áreas portadoras de futuro da ciência, como mudanças climáticas, biotecnologia, nanotecnologia, geotecnologia, automação, agricultura de precisão, agricultura digital, segurança zoofitossanitária e química verde, em temas e cadeias produtivas de comum interesse para o agronegócio do Brasil e da Índia", afirma o presidente Moretti.


EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS PARA A ÍNDIA Vendas movimentaram US$ 841,2 milhões em 2019

Fonte: Ministério da Agricultura

AÇÚCAR

ALGODÃO

FEIJÕES SECOS

ESPECIARIAS

US$ 268 milhões

US$ 229 milhões

US$ 65 milhões

US$ 53 milhões

US$ 10 milhões

FOTOS: FREEPIK

ÓLEO DE SOJA

O presidente vê familiaridade entre os países no sentido de ambos estarem localizados no cinturão tropical do globo e, por isso, tecnologias desenvolvidas no Brasil podem ser adaptadas e utilizadas em território indiano. "As raças de gado zebu criadas no Brasil têm a Índia como origem. Importamos e melhoramos, geneticamente, o gado indiano. A cooperação com a Índia pode contribuir para o melhoramento genético dos animais produzidos nos dois países". Este avanço na parceria científica entre os países pode indicar ainda a melhora na relação comercial entre eles. "A Índia tem grande interesse nos grãos de leguminosas com grãos secos (como feijão-caupi, feijão-mungo, lentilha e grão-de-bico), que tem um potencial expressivo de produção principalmente no Cerrado. O Brasil representa um mercado exportador garantido para atender a população indiana, cujo consumo desse tipo de produto faz parte da tradicional cultura local. Projeções apontam para que o consumo indiano por esses produtos chegue a 30 milhões de toneladas por ano até 2030", explica o presidente. "Materiais de grão-de-bico indianos estão

sendo testados pela Embrapa em parceria com empresas privadas indianas, o que abre a porta para a exportação deste grão do Brasil para a Índia". Esse é apenas um exemplo de parceria que pode ser desenvolvida, mas a Embrapa enxerga voos mais altos. "No que diz respeito a normas e requisitos de qualidade de laboratórios e casas de vegetação, campos experimentais e bancos e coleções de plantas, animais e microrganismos, o próprio Icrisat já manifestou interesse em conhecer melhor a experiência da Embrapa", informa o presidente Moretti. Iniciativas como a parceria entre Embrapa e Icrisat podem colaborar para ampliar oportunidades de negócio com o país asiático. O continente representa mais de 60% do mercado mundial, com destaque, além da Índia, para China, Indonésia, Japão e Coreia do Sul. "Por isso é tão importante estar sintonizado com as movimentações e demandas que vêm de lá. A pesquisa agropecuária brasileira tem capacidade de contribuir com a abertura desses mercados para beneficiar a economia do país", finaliza Celso Moretti.

SETOR AGRO&NEGÓCIOS | MARÇO 2021 63


ANÁLISE DE MERCADO Por Felippe Serigati e Roberta Possamai

RAZOÁVEL 2020, MAS 2021 INCERTO

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PRODUTOS ALIMENTÍCIOS EM EXPANSÃO

Dez-20

Nov-20

Out-20

Set-20

Ago-20

Jul-20

Jun-20

Mai-20

Abr-20

Acum. 2020

Fonte: FGV Agro

Mar-20

Fev-20

11,1% 12% 9,2% 9,6% 10% 8% 6,0% 6% 4,9% 4,2% 4% 3,1% 3,1% 2% 1,2% 0,3% 0,1% 0% -2% -0,5% -4% -1,7% Jan-20

F

inalmente, já estão disponíveis os números finais da agroindústria brasileira em 2020. Embora o setor não tenha conseguido fechar o ano em campo positivo, apesar de todo o esforço de recuperação realizado principalmente ao longo do semestre, a agroindústria registrou leve contração: -1.1%. A despeito de ser um número negativo, dado todo o contexto gerado pela pandemia, é necessário reconhecer que esse número tem muitos méritos. Por exemplo, de acordo com o IBGE, a indústria geral brasileira, registrou queda de 4.5% em 2020 e a contração da agroindústria foi a menor dentre todos os principais segmentos da indústria nacional. Uma vez com os números de 2020 completos, o FGV Agro atualizou as suas proje-


tícios — pior ano desde 2015. A forma como todos os desdobramentos da pandemia atingiram cada um desses segmentos explica essas diferentes dinâmicas. Enquanto as transferências do Auxílio Financeiro Emergencial e as exportações aqueceram a demanda por Produtos Alimentícios e, no segundo semestre, para Bebidas, infelizmente, o mesmo não foi observado para Produtos Não-Alimentícios em magnitude sequer próxima.

PROJEÇÕES PARA 2021: CUIDADO COM O CARREGAMENTO ESTATÍSTICO

A partir dos dados completos de 2020, o FGV Agro reavaliou suas projeções para a Agroindústria em 2021. Assumindo no cenário base:

• Suposição de que o controle da pandemia será razoavelmente efetivo ao longo do ano e que não ocorra nenhum evento político severamente adverso; • Perspectiva de uma alta no PIB em linha com a Pesquisa Focus do Banco Central; • Menor depreciação do real frente ao dólar; • Manutenção da confiança do empresário industrial no mesmo patamar observado em dezembro de 2020; • Expansão das exportações de Produtos Alimentícios e Bebidas e das importações de Produtos Não-Alimentícios. O FGV Agro projeta para 2021 uma expansão de 5.0% para a Agroindústria, de 3.1% para o setor de Produtos Alimentícios e Bebidas e de 7.0% para o setor de Produtos Não-Alimentícios.

PROJEÇÕES (% A.A.) DO FGV AGRO PARA A AGROINDÚSTRIA EM 2021 SEGMENTO

PESSIMISTA

BASE

OTIMISTA

Agroindústria

1.6

5.0

6.8

Produtos Alimentícios e Bebidas

0.9

3.1

4.2

Produtos Não-Alimentícios

2.3

7.0

9.7

FOTO: ADOBE STOCK

Fonte: FGV Agro

ções para o setor em 2021. No cenário base, assumindo que (i) a 2º onda da Covid-19 aqui no Brasil já esteja razoavelmente "controlada" ao final do 1º trimestre; (ii) a vacinação ganhe fôlego no segundo semestre; (iii) o real deprecie apenas levemente frente ao dólar; (iv) e que a confiança do empresário industrial permaneça pelo menos no mesmo nível que estava em dezembro de 2020, o FGV Agro projeta uma expansão de 5.0% para a agroindústria em 2021. Como sempre, por trás desses números, há dinâmicas bastante particulares entre os dois principais segmentos da agroindústria. A leve contração da agroindústria em 2020 (-1.1%) foi composta por uma razoável expansão de Produtos Alimentícios e Bebidas (3.3%) e uma forte queda (-6.1%) de Produtos Não-Alimen-

Certamente, a magnitude desses números chama atenção. No entanto, é fundamental lembrar que a base de comparação é estreita; como houve vários meses em 2020 que a agroindústria registrou contração, vários meses de 2021 apresentarão taxas de crescimento expressivas. Uma forma de tentar controlar esse efeito é descontar o chamado carregamento estatístico, que busca avaliar quanto a agroindústria cresceria se permanecesse em 2021 no mesmo patamar que estava ao longo do 2º semestre de 2020. Ao calcular o carregamento estatístico para a Agroindústria, fica claro que, dessa expansão projetada de 5.0%, 3.0% deriva da estreita base de 2020; ou seja, a produção re-

almente nova da agroindústria deverá crescer 2.0%. De forma análoga, o crescimento de 3.1% projetado para o setor de Produtos Alimentícios e Bebidas, 1.5% é carregamento estatístico e 1.6% é a projeção de crescimento efetivo de 2021. Por fim, como o carregamento estatístico para o setor de Produtos Não-Alimentícios é de 5.6%, do crescimento projetado de 7.0%, 1.4% deve-se realmente ao desempenho do ano corrente. Enfim, a agroindústria teve um ano de 2020 melhor do que os demais segmentos da indústria brasileira. O cenário para 2021 é semelhante, porém, é importante manter expectativas moderadas com relação aos números que serão divulgados ao longo do ano; a base de comparação é muito estreita.

FELIPPE SERIGATI Doutor em Economia pela Escola de Economia de São Paulo (EESP/FGV), professor e pesquisador do Centro de Agronegócios da FGV (FGV Agro). felippe.serigati@fgv.br ROBERTA POSSAMAI Mestre em Economia Agrícola pela Escola de Economia de São Paulo (EESP/FGV) e pesquisadora do Centro de Agronegócios da FGV (FGV Agro). roberta.possamai@fgv.br

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COOPERATIVAS

INSTITUCIONAL

“Orgulho de ser Aurora” A Aurora Alimentos – terceiro grupo agroindustrial do setor de carnes do País – lançou uma nova campanha institucional. Ao longo de 2021, a cooperativa trabalhará o tema “Orgulho de ser Aurora”. A iniciativa acompanha o trabalho de comunicação institucional desenvolvido nos últimos anos, em que a Aurora dá destaque à essência da cooperativa: as pessoas. No “Orgulho de ser Aurora”, a cooperativa une as mais de 100 mil famílias que fazem parte do seu universo. Empresários rurais cooperados, consumidores e empregados da Aurora e de suas cooperativas filiadas foram convidados a dar vida e voz ao projeto. Isso porque, além de serem os rostos da campanha, eles ainda compartilham, por meio de áudio, depoimentos sobre o sentimento de orgulho em fazer parte da cooperativa. Além das mídias e materiais impressos, todo o trabalho está disponível no hotsite especial, criado para conectar as histórias da campanha. No www. auroraalimentos.com.br/orgulhodeseraurora é possível conferir relatos sobre a cooperativa e conhecer diferentes públicos. Outro grande destaque é o filme promocional desenvolvido a partir do jingle da campanha, que evidencia as pessoas que compõem a Aurora, enaltecendo a diversidade de perfis e culturas presentes na cooperativa. Para conferir, é só acessar o canal oficial da Aurora no YouTube (www.youtube.com/auroraalimentos).

SUPERCAMPO

Cooperativas do agro se unem e criam plataforma digital Doze grandes cooperativas agropecuárias lançam a Supercampo, plataforma de comércio virtual que atenderá inicialmente 80 mil cooperados no Brasil. O marketplace conecta os cooperados a diversas empresas cadastradas para atender as demandas do campo com qualidade, agilidade e segurança. A plataforma beneficiará milhares de cooperados com preços competitivos, ampla oferta de produtos de fornecedores selecionados criteriosamente, bom atendimento, conveniência, agilidade na entrega e retorno (cashback) a cada compra realizada.

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Inicialmente, o marketplace atenderá os cooperados das seguintes sócias: Agrária, com sede em Guarapuava (PR)

Frísia, de Carambeí (PR)

Capal, sediada em Arapoti (PR)

Integrada, de Londrina (PR)

Castrolanda, de Castro (PR)

Lar, de Medianeira (PR)

Cooperalfa, de Chapecó (SC) Coopertradição, de Pato Branco (PR) Copacol, de Cafelândia (PR) Copercampos, de Campos Novos (SC) Coplacana, de Piracicaba (SP) Cotrijal, de Não-Me-Toque (RS)


FOTO: ANDRÍSIO BET

Obras tiveram início em janeiro deste ano

NOVA INDÚSTRIA DE ÓLEO

A maior obra da história da Cooperalfa Em janeiro de 2020 teve início a execução da maior obra da história da Cooperalfa, a nova indústria de extração de óleo de soja, localizada na Linha Tomazelli, em Chapecó-SC. Os trabalhos no local estão a “todo vapor” e a previsão para entrar em funcionamento é março de 2022.

O maior empreendimento industrial da Cooperalfa, de R$ 256 milhões, ocupará uma área total de 206.000 m2, incluindo os 11.000 m2 de estrutura já existentes no local. A nova indústria terá capacidade de processar duas mil toneladas de soja por dia, com estrutura preparada para ampliar até 2.500 toneladas/dia, triplicando praticamente a sua capacidade atual, que é de 700 toneladas diárias de extração de óleo vegetal e subprodutos como farelo e casquinha. O engenheiro civil Andrísio Bet, coordenador geral da obra, informou que a nova indústria irá processar 33.300 sacas de soja por dia, o que representa hoje (01/10/2020 = 120,00 a saca de soja) um total de R$ 4 milhões movimentados por dia, funcionando 24 horas ininterruptas. Além da indústria de esmagamento de soja, o projeto contempla também a construção de estrutura para armazenagem a granel para 1250 milhões de sacas de soja, além do silo já existente com capacidade para 1.213 milhões de sacas.

LAR COOPERATIVA OCB E IFFCO

Maior cooperativa indiana tem interesse no Brasil O presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, se reuniu com o CEO da IFFCO, a Cooperativa de Fertilizantes dos Agricultores Indianos. A IFFCO é a maior cooperativa da Índia e maior do mundo no segmento de fertilizantes. O faturamento do empreendimento cooperativista chegou a US$ 32 bilhões em 2020. Formada por 36 mil cooperativas associadas, a IFFCO é uma central que atua no setor de fornecimento de insumos. O número total de produtores rurais associados às cooperativas filiadas ultrapassa os 50 milhões de indianos. A IFFCO foi classificada pelo Monitor Global de Cooperativas 2020 (www.monitor.coop) como maior do mundo no quesito faturamento per capita. U S Awasthi, CEO da IFFCO, manifestou o interesse de sua cooperativa em estreitar a cooperação com o movimento cooperativista brasileiro, especialmente no segmento agrícola. OCB e IFFCO acordaram em manter um grupo de trabalho para levantar as potenciais áreas de cooperação entre as cooperativas no Brasil e na Índia.

55,14%

de crescimento

R$ 10,78 bilhões

de faturamento

Mesmo em meio a um ano desafiador, a Lar Cooperativa Agroindustrial superou suas metas e apresentou números surpreendentes em 2020. “Foi um ano de duas grandes safras, ampliação da produção pecuária e de quatro novos complexos industriais: indústria de aves em Rolândia (PR), indústria de Caarapó (MS), agora o complexo para industrialização de aves em Marechal Cândido Rondon e a implantação do complexo industrial em Bom Jesus, Medianeira (PR)”, relatou o diretor-presidente Irineo da Costa Rodrigues. A Cooperativa encerrou 2020 com faturamento de R$10,78 bilhões e o melhor resultado de sua história: R$ 783 milhões, além de 4,8 milhões de toneladas de grãos recebidas, crescimento de 20,5% na avicultura, diversas ações de responsabilidade social no combate ao coronavírus e planejamento consolidado com conhecimento e inovação. Os frutos são resultados da dedicação de 11.762 associados e 18.889 funcionários. A Lar é a Cooperativa singular que mais emprega no país e encerrou o mês de janeiro de 2021 com 20.500 colaboradores em seu quadro funcional.

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AGRO&TECH

CRÉDITO NO AGRO

INOVAÇÃO E TECNOLOGIA QUE GERAM SEGURANÇA Sediada em São José dos Campos (SP), a TerraMagna construiu sua história levando crédito justo e seguro ao segmento do agro. por Silvania Cuochinski

FOTO: DIVULGAÇÃO TERRAMAGNA

A

68 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | MARÇO 2021

constante inovação e o crescimento expressivo em tão pouco tempo de história são aspectos que chamam a atenção na TerraMagna – empresa com tecnologia em constante atualização e que trouxe para o agro o seu insumo mais importante: o crédito. Com poder de análise e monitoramento de lavouras que aumenta cada vez mais, somente no ano passado, os números foram surpreendentes. “Em 2020 monitoramos 8,3 milhões de hectares e antecipamos um total de R$ 53,5 milhões. Para este ano, a projeção é que nossa área monitorada seja de 33,2 milhões de hectares e que a antecipação cresça mais de 800%, chegando aos R$500 milhões”, destaca o diretor executivo da empresa, Bernardo Fabiani. Mas, afinal, como a solução é colocada em prática? “Fazemos isso medindo os riscos e garantindo a segurança das operações financeiras do agronegócio com análise e monitoramento das lavouras, com nossa tecnologia que utiliza satélites, inteligência artificial e dados complementares, e através da antecipação de recebíveis, onde ‘compramos’ vendas


a prazo de distribuidores de insumos para que eles transformem seus contratos em dinheiro em caixa, saindo do risco e aproveitando mais oportunidades de negócio”, explica Fabiani. Situada em São José dos Campos (SP), a TerraMagna foi fundada em 2017 por engenheiros formados pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), vinculado ao Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial do Brasil. “Quando começamos éramos engenheiros em busca de um sonho: revolucionar a forma que o crédito é trabalhado no agro. Hoje, somos uma empresa com mais de 70 especialistas, atendendo uma carteira de 50 importantes empresas do agronegócio e que, no final de 2020, passou por uma importante rodada de investimento de 2 milhões de dólares”, destaca o diretor executivo. A avaliação dos títulos dos distribuidores (CPRs e duplicatas) é feita com o uso da tecnologia. “Com essa avaliação, conseguimos atrair a atenção de investidores especializados em antecipar o recebimento de vendas a prazo (de FIDCs - Fundos de Investimento em Direitos Creditórios), que “compram” esses documentos, pagando o distribuidor à vista. Assim, o distribuidor sai do risco e tem um fluxo de caixa melhor, o investidor tem um ativo de alto rendimento para investir e o produtor tem acesso a mais crédito, rápido e com melhores taxas”, salienta Fabiani. Fabiani complementa que a tecnologia da empresa utiliza satélites, inteligência artificial e dados complementares em uma plataforma exclusiva para fazer a análise e acompanhamento de lavouras, desde antes da liberação de crédito para o produtor (conhecendo seu histórico pessoal e a capacidade real de produção de sua terra) até o momento da colheita, para que as empresas que financiam o agro (distribuidores de insumos, agroindústria, cooperativas, entre outras) possam trabalhar com operações seguras. De acordo com Fabiani, o crédito tradicional no Brasil, seja de subsídio governamental ou dos grandes bancos, além de não ser suficiente para suprir a demanda do mercado, é burocrático e demorado. “Com opções mais sofisticadas, como conseguir com uma fintech, o produtor trabalha com um processo simples (não por ser menos criterioso, mas por ter o apoio da tecnologia na avaliação e concessão do crédito) e mais rápido”.

“Quando começamos éramos engenheiros em busca de um sonho: revolucionar a forma que o crédito é trabalhado no agro. Hoje, somos uma empresa com mais de 70 especialistas, atendendo uma carteira de 50 importantes empresas do agronegócio e que, no final de 2020, passou por uma importante rodada de investimento de 2 milhões de dólares”. BERNARDO FABIANI, Diretor executivo da empresa

O diretor executivo ressalta ainda que a tecnologia oferecida pela TerraMagna ajuda a reduzir riscos e trazer mais segurança para o agronegócio. Isso porque com as análises do monitoramento, as empresas do agro conseguem saber exa-

RECONHECIMENTOS A TerraMagna foi uma das empresas selecionadas para participar do programa de aceleração do Facebook/Baita. Além disso, ganhou a etapa nacional da Startup World Cup 2020 e representará o Brasil no mundial que será realizado nos Estados Unidos. Também foi selecionada, por dois anos consecutivos, entre as dez startups mais promissoras do agronegócio pela Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios.

tamente a capacidade produtiva de uma fazenda e fazer acordos que sabem que o produtor poderá cumprir. “Essa mesma tecnologia é utilizada até o momento da colheita, para garantir um recebimento tranquilo no final da safra, sem surpresas durante o seu desenvolvimento”. Por outro lado, com a antecipação de recebíveis, as empresas que financiam a produção agrícola saem totalmente do risco de quebra ou inadimplência, traba-

lhando com dinheiro em caixa e aproveitando mais oportunidades que beneficiam também o produtor.

ESTRUTURA TECNOLÓGICA

A TerraMagna Startup de Crédito trabalha com uma constelação de mais de 15 satélites, com processamento em nuvem e análises feitas pela nossa inteligência artificial exclusiva. “Toda essa base foi desenvolvida e é administrada e constantemente aprimorada por uma equipe de engenheiros, cartógrafos e agrônomos. Tudo isso, acessado por uma plataforma online de simples visualização, onde os usuários acompanham de perto o que acontece no campo, de dentro de seus escritórios”, destaca Fabiani. Para Fabiani, a tecnologia aliada ao momento atual são fatores que vêm atraindo cada vez mais investidores no agro. “Com a Selic e os investimentos em renda fixa com baixa rentabilidade, os investidores estão cada vez mais procurando novas opções, principalmente na economia real”. Ele ressalta ainda que o agro sempre esteve distante dos investidores devido à sua complexidade e grande quantidade de riscos intrínsecos. “Mas com a tecnologia conseguindo não apenas mensurar os riscos de uma operação financeira no agro, como acompanhar todo o desenvolvimento da lavoura, esses investidores começaram a se sentir mais seguros em investir neste setor com alto rendimento, sem correlação com o mercado tradicional e em pleno crescimento”, conclui Fabiani.

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AGRO&TECH

PLATAFORMA DE NEGÓCIOS

Negócios de Nutrição e Saúde Animal na China

FOTOS: FREEPIK E SHUTTERSTOCK

A Kemin Industries, um fabricante global de ingredientes que se esforça para transformar de forma sustentável a qualidade de vida todos os dias para 80% do mundo com seus produtos e serviços, fez parceria com o Zhuyi Mall para lançar seu negócio de comércio eletrônico para milhões de criadores de suínos na China. A introdução de uma plataforma de negócios online é uma parte crítica da transformação digital geral da Kemin para suas operações de nutrição e saúde animal na China. A união com o Zhuyi Mall é o primeiro passo para a unidade de negócios do fabricante global de ingredientes na China para começar a cooperar com plataformas de comércio eletrônico de terceiros. "Esperamos trabalhar com nossos parceiros em uma plataforma que traga sucesso para os criadores de suínos da China, bem como Kemin", disse o Dr. Zhilin Gan, presidente da Kemin Animal Nutrition and Health - China.

13% SCHMERSAL

é a projeção de crescimento Multinacional que desenvolve e fabrica soluções para elevadores, automação e segurança para máquinas industriais, a Schmersal espera crescer 13% no Brasil em 2021. O foco da companhia para 2021 é desenvolver ainda mais a atuação no segmento de agronegócio, bem como nos mercados Ex, isto é, setores que têm ambientes com risco de explosão, conhecidos como áreas classificadas, que incluem o próprio agronegócio e óleo e gás, por exemplo.

CASE

Tecnologia de ordenha robotizada O Paraná é o segundo maior produtor de leite do Brasil e é nesse cenário, que a Fazenda 2M, de Munhoz de Melo (PR), comemora o bom momento e os números atingidos em produtividade. O leite é proveniente do rebanho de vacas Jersey, que, segundo o engenheiro agrônomo e gerente da Fazenda 2M, Rodrigo Henrique Moreto, é a escolha certa para a região. “Hoje, com o apoio da automação, estamos produzindo 30 litros por animal/dia. Essa era uma meta prevista para alcançarmos apenas em três anos, mas o

70 SETOR AGRO&NEGÓCIOS | MARÇO 2021

atingimos em oito meses, isso por causa da quantidade de informação e qualidade da ordenha proporcionada pela tecnologia Lely”, comenta Moreto. A nova fase de produção já contou com a introdução de dois robôs Lely Astronaut. “Imediatamente notamos a melhora da qualidade do leite, agilidade operacional e uma antecipação aos desafios sanitários, como, por exemplo, a mastite”, explica o gerente.


PIB DO AGRO

R$ 3,2 bilhões movimentados via e-CPRs na agtech Bart Digital Em 2020, mais de R$ 3,2 bilhões em financiamento agrícola foram movimentados via e-CPRs na agtech Bart Digital. A alta do PIB é evidenciada por dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). "Com a pandemia, a necessidade de modernizar processos até então analógicos foi um dos grandes obstáculos do mercado agro. Para contribuir com a continuidade das operações de financiamento ao produtor rural, e garantir que os insumos chegassem ao campo, a agtech Bart Digital antecipou o lançamento da plataforma Ativus, que viabiliza emissão e registros de recebíveis completamente eletrônicos", explica A fundadora da agtech Bart Digital, Mariana Bonora.

foi o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do agronegócio brasileiro nos primeiros dez meses de 2020, em comparação com igual período do ano anterior.

bilhões em financiamento agrícola foram movimentados pela a agtech Bart Digital em 2020, correspondentes aos ciclos de soja, milho, algodão e café, fomentando o financiamento agrícola na pandemia.

estados brasileiros tiveram emissão digital de CPRs (Cédulas do Produto Rural).

AGROCERES PIC

Mais uma tecnologia que oferece suporte ao suinocultor

Com foco voltado à gestão zootécnica e operacional na produção de suínos, a Agroceres PIC inova mais uma vez e lança o Canal Técnico da Suinocultura, um serviço exclusivo de informações técnicas elaboradas por especialistas da suinocultura brasileira e mundial. Organizado para funcionar como uma central de conteúdo e apoio aos clientes, o Canal Técnico apresenta vídeos, podcast, treinamentos, guias informativos, cases de sucesso e muito mais. Acesse no site agrocerespic.com.br/canaltecnico ou no APP da Agroceres PIC, gratuito para download no Google Play ou Apple Store.

INOBRAM

Aplicativos auxiliam em orçamento e otimização de tarefas A InoBram, sempre pensando em melhor atender seus clientes e parceiros, para facilitar ainda mais sua comunicação e tendo em vista sempre agilizar seus processos, coloca à disposição dois aplicativos que atribuem mais dinamismo em seus orçamentos, sendo possível otimizar até mesmo o prazo de produção e entrega. Trata-se dos aplicativos: Orçamento de Painel Elétrico InoBram, desenvolvido para auxiliar no pedido de orçamento de painéis elétricos InoBram, detalhando com mais precisão, dando autonomia e oportunizando um atendimento mais personalizado; e Cálculo de Inlets InoBram, aplicativo exclusivo para calcular a quantidade ideal de Inlets InoBram por galpão, economizando tempo e oferecendo mais segurança das informações. Os dois aplicativos estão disponíveis tanto para Android (na Google Play) quanto para IOS (na App Store).

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AGRO&TECH

TECNOLOGIA

STARTUPS APOIAM AUMENTO DA PRODUÇÃO E RENDA NO CAMPO Iniciativa, que leva soluções mais inovadoras e tecnológicas ao produtor rural, é apoiada pela Sicredi Região da Produção RS/SC/MG.

T

ecnologia e agronegócio estão cada vez mais interligados na produção das lavouras Brasil afora. Muito além do uso de máquinas e equipamentos, as inovações tecnológicas permitem resolver problemas cotidianos do produtor rural e encurtar o caminho para maior produtividade e renda. Rastreabilidade, combate a doenças, dinamização dos processos e redução de custos são alguns dos exemplos de soluções técnicas já aplicadas no campo. Para apoiar os produtores rurais na busca por maior produtividade e rentabilidade, a Sicredi Região da Produção RS/SC/MG - cooperativa de crédito com 60 mil associados em 25 agências nos três estados – firmou parceria com duas startups para o desenvolvimento de projetos e soluções de necessidades

ALCIONE KINCHTNER, assessor de segmentos Agro da Sicredi Região da Produção.

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MONITORAMENTO E GESTÃO

O assessor de segmentos Agro da Sicredi Região da Produção, Alcione Kinchtner, detalha o funcionamento do projeto. “A Topview é uma solução que utiliza drones e a tecnologia da fotogrametria para diagnosticar se há pragas ou doenças atingindo as lavouras, além de analisar o solo, a qualidade do plantio e propor técnicas para melhorar a produtividade. A empresa identifica pontos que precisam ser tratados nas culturas e direciona o tratamento pontual e

FOTO: WENDERSON ARAUJO/SISTEMA CNA

“A Sicredi quer entregar soluções que vão além de serviços financeiros. Esse projeto traz novas soluções que impactam na propriedade rural e na comunidade, com redução de custo, ampliação do plantio e melhoria da gestão”.

enfrentadas diariamente pelos produtores. As startups são a Topview – voltada ao planejamento técnico e operacional da lavoura – e Farm – voltada à gestão e ao planejamento financeiro e tributário do agricultor.

específico, sem a necessidade de usar defensivos em toda a plantação, o que reduz custos e melhora a eficiência no plantio. Já a Farm é focada na gestão da propriedade. Sabemos que os agricultores têm bastante dificuldade no controle financeiro de seus gastos, das suas receitas e emissão de notas eletrônicas. A startup apresenta um sistema completo que ajuda o produtor nesta gestão dos recursos”, explica.

SOLUÇÕES

O assessor explica que o objetivo da parceria é agregar renda e melhorar a qualidade de vida dos associados ligados ao agronegócio. “A Sicredi quer entregar soluções que vão além de serviços financeiros. Esse projeto traz novas soluções que impactam na propriedade rural e na comunidade, com redução de custo, ampliação do plantio e melhoria da gestão”, ressalta. Alcione destaca que todos os associados ligados ao agro podem participar da parceria junto às startups. “Basta buscar informações na sua agência, que faremos uma visita na propriedade e conversaremos com as empresas parceiras para apresentarmos soluções que melhor atendem à necessidade do nosso associado”, finalizou. O produtor rural interessado deve procurar seu gestor de conta, caso já seja associado, ou a agência mais próxima, caso ainda não seja. O associado também pode entrar em contato pelo WhatsApp, através do número (51) 3358-4770.



OPINIÃO Por Eldemar Neitzke

PROJETO ENERGY 2030

A

Eldemar Neitzke É formado em Administração, com mestrado em Gestão Estratégica, MBA em Marketing Estratégico e pós-graduado em Gestão Empresarial, Diretor da N & N Gestão de Estratégias Comerciais.

tecnologia vem trazendo modernidade e maior comodidade para o dia a dia da sociedade que exige mudanças e adaptações em busca do equilíbrio entre: • Geração de emprego; • Produção de bens de consumo; • Alimentação saudável. Em consequência a essas mudanças, temos a geração de renda e o crescimento econômico dos países. Assim, a sociedade evolui, bem como suas necessidades e desejos, que com o aumento da geração de renda, impacta diretamente na geração de lixos orgânicos e inorgânicos, que precisam ser destinados a locais adequados para evitar as contaminações do meio ambiente. A Energy 2030, focada em atender as constantes demandas do equilíbrio meio ambiente e crescimento sustentável, desenvolveu projeto procurando resolver os seguintes aspectos: • Trazer uma solução definitiva para a eliminação do passivo ambiental gerado pelos resíduos orgânicos, ainda lançados em aterros sanitários e lavouras, que geram gases do efeito estufa e comprometem mananciais hídricos com o chorume resultante; • Fazer o cumprimento da Legislação Federal - 12.305/2010, que estabeleceu que somente os rejeitos

O projeto Energy 2030 está presente no Parque Científico e Tecnológico de Chapecó para fomentar as soluções inovadoras e viáveis aos acionistas e meio ambiente

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Inorgânicos devem ser enviados aos aterros sanitários, proibindo o envio de material orgânico; • Promover a Saúde Pública e Ambiental; • Desenvolver a consciência ambiental na prática do dia a dia pelo reconhecimento do Valor do Resíduo Orgânico como um recurso; • Implantar a Geração Distribuída de Energia usando os restos de alimentos como uma Fonte Renovável, Permanente e Crescente; • Produzir Combustível Veicular, o Biometano; • Produzir Fertilizante Organomineral Granulado. Com esses objetivos nasce a Energy 2030, formada por um corpo técnico de profissionais das áreas de Engenharia, Marketing, Contábil/Administrativa, Direito, Financeiro e Comercial. Está presente no Parque Científico e Tecnológico de Chapecó para fomentar as soluções inovadoras e viáveis aos acionistas e meio ambiente. O projeto precisa ainda vencer algumas etapas importantes que são: • A necessidade de subsistência econômica das empresas acima da Proteção Ambiental; • A falta de uma Cultura no Cumprimento da Legislação Ambiental; • A permissão da legislação e da fiscalização, na prática, das atividades de disposição final dos Resíduos

Orgânicos em aterros sanitários e em lavouras; • A desinformação do mercado consumidor desta prática deletéria ao meio ambiente pelas empresas produtoras de alimentos; • A resistência das empresas em ser pioneiras na implantação das primeiras plantas; • O retorno de investimento acima de 5 anos é muito longo para a atual realidade econômica do Brasil; • A falta de Incentivos Governamentais para a compra dos ativos produzidos: Biogás, Energia, Combustível Veicular e Fertilizantes Organomineral Granulado. O projeto ainda tem como destaque especial: • A Geração de Crédito de Carbono e • O Selo Verde na produção de Alimentos. A equipe da Energy 2030 vem trabalhando na busca de implantar esse projeto junto aos empresários, indústrias e poderes Público e Privado. Importante destacar que o projeto Energy 2030 atende à Agenda da ONU 2030, que tem 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, dos quais podemos elencar: • A conservação de recursos naturais; • O combate às mudanças climáticas; • A adoção de práticas de produção e consumo mais sustentáveis. É um projeto que colocará o Brasil e as empresas a ele ligadas em outro cenário mundial e econômico, além de minimizar os riscos ambientais em prol da vida saudável do planeta e seus habitantes.


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