11 minute read

SOJA TRANSGÊNICA

Next Article
COBB VANTRESS

COBB VANTRESS

SOJA

Advertisement

TRANSGÊNICA

GRANDES PLAYERS SE UNEM PARA RECONHECIMENTO DE ROYALTIES

Projeto Cultive Biotec é um sistema para regularizar e gerenciar a propriedade intelectual de sementes biotecnológicas

Por Bruna Deitos

Plantas mais resistentes às pragas, doenças, condições de estresse ambiental e aos herbicidas. Grandes empresas, como Bayer, Basf, Syngenta e Corteva Agrisciense, investem em pesquisa e inovação para oferecer ao mercado sementes biotecnológicas. Recentemente, as quatro gigantes se uniram para lançar no Brasil um sistema para reconhecimento da propriedade intelectual destas sementes com tecnologia pelo produtor. O projeto se chama Cultive Biotec e é dirigido pela executiva Silvia Fagnani.

As biotecnologias são protegidas pela legislação brasileira por meio da Lei de Propriedade Industrial (nº 9.279/96), que resguarda o direito de recolhimento de royalties pelo uso das sementes que possuem propriedade intelectual válida. Para incentivar os avanços relacionados à genética vegetal na agricultura, o instrumento jurídico disponível é, ainda, a Lei de Proteção de Cultivares (‘‘LPC’’), Lei n.º 9.456/1997.

Esses dois instrumentos, e os direitos de Propriedade Intelectual garantidos por eles, são fundamentais para estimular a criação de novas tecnologias para a agricultura. A LPC protege e estimula o desenvolvimento de novas cultivares. A LPI, por sua vez, estimula o uso da engenharia genética e da biotecnologia avançada que incorporam novas características às cultivares.

GERENCIAMENTO DOS PAGAMENTOS

Havia, até então, duas formas de regularizar o pagamento. Uma delas era no ato da compra da semente quando o valor embutido é pago. O outro formato é quando o produtor já possui a semente, salva e planta novamente. Diante deste cenário, é necessário reportar ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e, com base na expectativa de produção, realizar o pagamento quando entrega o produto para comercialização.

O problema, porém, aponta Silvia Fagnani, é a dificuldade que os players têm para gerenciar o pagamento dos royalties. Por conta disso, elas se uniram para reconfigurar o processo e garantir o pagamento correto pelo valor do produto. Agora, quando as sementes chegam no ponto de recebimento, caso seja detectada a biotecnologia, o produtor paga o uso ao projeto. Importante lembrar que isso só ocorre se o agricultor não fez a compra regular da semente (certificada ou reservada legal) ou se o volume da carga com biotecnologia confirmada for superior ao volume de isenção que possui. Neste último caso, paga pelo excedente e, se necessário, pode abrir um chamado pelos canais de atendimento e solicitar para rever o volume de isenção antes de seguir para o pagamento. “Não existe como identificar qual biotecnologia foi usada, se da empresa x ou y. Por isso, para que o produtor não pague duas vezes pela mesma semente, ele pagará apenas uma vez ao Cultive Biotec”, explica Silvia. O projeto, segundo a executiva, garante a concorrência tendo em vista que mais empresas vão aderir e participar por causa do gerenciamento da propriedade intelectual, e garante o retorno correto às empresas.

NOVAS TECNOLOGIAS

O diretor de Assuntos Regulatórios da divisão agrícola da Bayer para a América Latina, Geraldo Berger, garante que as pesquisas têm o objetivo de colaborar no enfrentamento dos grandes desafios globais impostos à agricultura. “A Bayer entende que o respeito à propriedade intelectual é fator essencial para que a companhia intensifique investimentos em pesquisa e desenvolvimento e em inovação na agricultura. Acreditamos que inovação seja o principal caminho para endereçar problemas, resolver questões e gerar crescimento nos mais diversos setores”.

O projeto defende que, assim, será possível oferecer mais opções ao

Brasil é o maior produtor de grãos de soja do mundo com 135,4 milhões de toneladas produzidas na última safra (05/2021). Destes, 97% do grão plantado é transgênico.

produtor, já que haverá incentivo às novas tecnologias e estudos. “Os grãos transgênicos aumentam o rendimento, qualidade dos alimentos, fibras e matérias-primas renováveis de uma forma amigável com o meio ambiente. E atendem às necessidades dos produtores: melhorar a produtividade da colheita, reduzindo o impacto para o meio ambiente, promovendo a sustentabilidade do agronegócio”, garante Berger.

BIOTECNOLOGIA

O diretor de Biotecnologia da Croplife Brasil, Othon Abrão, explica que sementes biotecnológicas são plantas que tiveram seu material genético (DNA/RNA) alterado por técnicas de engenharia genética. “Em resumo, é uma planta que recebeu um ou mais genes prove-

FREEPIK FOTOS:

SEMENTES BIOTECNOLÓGICAS SÃO PLANTAS QUE TIVERAM SEU MATERIAL GENÉTICO (DNA/RNA) ALTERADO POR TÉCNICAS DE ENGENHARIA GENÉTICA.”

OTHON ABRÃO, diretor de Biotecnologia da Croplife Brasi

nientes de um outro organismo, podendo assim, ter uma característica nova”, ensina.

Neste sentido, uma planta geneticamente modificada tolerante a herbicidas é aquela na qual foi introduzido um gene que confere característica de tolerância a herbicidas de largo espectro, como o glifosato e o glufosinato de amônio. Essa tecnologia permitiu o emprego de defensivos químicos mais eficientes e também intensificou a prática do plantio direto – prática conservacionista que permite o plantio de nova safra sobre a palha da anterior. “Com isso é garantido uma melhor sanidade do solo e o melhor controle e manejo de plantas daninhas”, argumenta o diretor.

MAIS SUSTENTÁVEL

Além disso, uma semente biotecnológica pode apresentar outras características como qualidade de óleo melhorada, aumento na produção de celulose, tolerância à seca, resistência a vírus, ou resistência a diferentes insetos. Com isso, a biotecnologia tem entregado para os agricultores sementes que exigem menos insumos e recursos naturais, como plantas que precisam de menos água e menos defensivos, mantendo bons índices de produtividade.

SOJA TRANSGÊNICA ALIMENTA O MUNDO

Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil é o maior produtor de grãos de soja do mundo com 135,4 milhões de toneladas produzidas na última safra (05/2021). Destes, 97% do grão plantado é transgênico.

A líder do mercado, Bayer, está na terceira geração de biotecnologia. A segunda geração, por exemplo, é comprovadamente eficaz na redução de danos ao meio ambiente. De acordo com um estudo, a Intacta contribui para a redução no consumo de combustível em propriedades rurais e, consequentemente, para a menor emissão de gases de efeito estufa. “A tecnologia propiciou uma redução de 6,8 bilhões de quilos de emissões de CO2, o equivalente a remover 3,3 milhões de carros das ruas, desde seu lançamento. Isso só foi possível, pois a tecnologia é resistente às principais lagartas que atacam a lavoura de soja e permite um melhor controle de plantas daninhas, o que faz com que os agricultores reduzam o tempo no uso de tratores e favoreçam o uso de plantio direto, um dos sistemas mais conservacionistas da agricultura moderna”, explica o diretor.

A Corteva, por sua vez, apresenta ao mercado uma concorrente: a Enlist. O plantio das sementes Enlist® se dará já na safra 2021/2022 com 14 variedades. A safra 22/23 terá um total de 33 variedades. “A produtividade alcançada ficou entre 2% e 5% acima das variedades comerciais que estão no mercado – em alguns lugares do país, esse número chegou a 8% a mais", destaca o líder da Tecnologia Enlist da Corteva Agriscience para Brasil e Paraguai, Christian Pflug.

DIVULGAÇÃO FOTO:

CONECTIVIDADE

QUE TRANSFORMA

Acesso à tecnologia 4G conecta pessoas, melhora os processos de produção e aumenta a produtividade do homem do campo

Elevar o agronegócio a novos patamares de inovação e competitividade através da conectividade. Um estudo da Associação Brasileira de Marketing Rural (ABMRA) de 2020 identificou que 94% dos produtores rurais têm celulares e, desses, 68% possuem smartphones. Os números mostram que o produtor rural está pronto para receber tecnologias, mas o grande desafio ainda é a conectividade. Atualmente, cerca de 70% das propriedades rurais não possuem acesso à internet.

Para mudar essa realidade, governo e iniciativa privada aceleraram iniciativas para a ampliação da conectividade. A empresa de telefonia TIM deu um importante passo para promover a revolução digital rural. Há 4 anos, iniciou a instalação de antenas com a tecnologia 4G em área rurais, atendendo à demanda do agronegócio.

Além disso, percorreu regiões produtivas do país para conhecer a realidade do produtor brasileiro e entender os desafios enfrentados com conectividade e digitalização dos processos de trabalho. E deste esforço, nasceu o projeto 4G TIM No Campo

MAIOR ABRANGÊNCIA E EFICIÊNCIA

O diretor de Soluções Corporativas da TIM Brasil, Paulo Humberto Gouvêa, explica que a tecnologia 4G de 700 MHz tem como principal vantagem a boa velocidade de conexão e baixa latência, com a facilidade de carregar e enviar dados em um tempo curto de transmissão. O benefício da tecnologia está, ainda, em oferecer maior abrangência, pois quanto menor a frequência, maior a distância alcançada.

“Grandes produtores do agronegócio aderiram rapidamente à oferta já que era uma

EM 11 ANOS, O NÍVEL DE CONECTIVIDADE NO CAMPO AUMENTOU

1900% (2006 A 2017)

85%

DOS PEQUENOS E MÉDIOS PRODUTORES JÁ ESTÃO USANDO ALGUM TIPO DE TECNOLOGIA DIGITAL PARA O GERENCIAMENTO DAS SUAS PROPRIEDADES

94%

DOS PRODUTORES RURAIS TÊM CELULARES E, DESSES, 68% POSSUEM SMARTPHONES

MAIS DE 70%

DAS PROPRIEDADES RURAIS NO BRASIL NÃO TÊM ACESSO À INTERNET

FOTOS: DIVULGAÇÃO TIM

É UM PROCESSO: NINGUÉM SAI DO ANALÓGICO E MUDA 100% PARA O DIGITAL. TODOS OS SERVIÇOS ESTÃO SE ADAPTANDO E COM O AGRO NÃO É DIFERENTE.”

PAULO HUMBERTO GOUVÊA, Head de Soluções Corporativas da TIM Brasil.

4G TIM NO CAMPO

EM NÚMEROS

»Mais de 6 milhões de hectares conectados

» 600 mil pessoas beneficiadas

» 8 Estados diferentes

» 218 cidades em território rural

»Mais de 25 mil quilômetros de estradas e rodovias.

»A meta é chegar em 13 milhões de hectares até o final de 2022

demanda reprimida. Houve a inserção de máquinas modernas, robôs e demais maquinários, mas não havia a possibilidade de acessar imediatamente. A Solução 4G TIM no Campo teve o objetivo, em um primeiro momento, de conectar a operação agrícola”, pontuou.

Mas os ganhos foram além. Ao optar pela cobertura, os grandes produtores acabaram possibilitando a conectividade a toda a comunidade. “Estamos conectando as pessoas. A digitalização da região permite atender a área produtiva e também as outras propriedades no entorno deste espaço. É uma cobertura completa, o feedback está sendo muito positivo”, comenta.

CONEXÃO POTENCIALIZA A LUCRATIVIDADE

Um estudo desenvolvido pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP) e apresentado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em maio deste ano apresenta os desafios brasileiros a serem superados. A pesquisa, chamada de Cenários e Perspectivas da Conectividade para o Agro, afirma que, se o Brasil atingir 50% de cobertura de conectividade no setor, haverá um aumento de 4,5% no valor bruto da produção agropecuária brasileira, gerando um adicional de cerca de R$ 47 bilhões na economia do país.

“A tecnologia transforma o agronegócio. Antes a tomada de decisões não podia ser em tempo real, agora o grande produtor passa a ter acesso aos dados, cruzamento de informações e poder de decisões de forma mais eficiente e rápida. Estamos conectando processos e pessoas”, defende o Head de Marketing e ioT da TIM Brasil, Alexandre Dal Forno.

O NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO DE UM POVO MUDA QUANDO A GENTE POSSIBILITA O ACESSO À INTERNET.”

ALEXANDRE DAL FORNO, Head de Marketing e ioT da TIM Brasil.

A internet impõe uma mudança de mindset. Se antes os sistemas pessoais e profissionais eram totalmente analógicos, hoje parece pouco possível sobreviver sem ter acesso ao mundo virtual. “É uma mudança muito grande. Acontece a digitalização de toda operação agrícola. Isso altera o dia a dia e também o resultado final”, informa.

REVOLUÇÃO DIGITAL JÁ COMEÇOU

Criar um ecossistema de soluções para a conectividade no campo. A TIM e outras grandes empresas tecnológicas se uniram e fundaram o ConectarAgro, associação sem fins lucrativos com o objetivo de viabilizar o acesso à internet pelos pequenos, médios e grandes produtores rurais, em que cada uma contribui com sua expertise para facilitar a revolução digital.

“Todos tivemos que nos adaptar a um maior grau de conectividade com a pandemia e no agro não é diferente. A digitalização já estava acontecendo, mas deu um impulso quando fomos obrigados a trabalhar de forma mais online. Nesse sentido, a agroindústria acelerou a necessidade de estar também conectada”, comenta Gouvêa.

OS BENEFÍCIOS DA CONECTIVIDADE

Facilidade para o campo se comunicar com clientes e fornecedores.

Acesso maior às novas tecnologias.

Soluções para processar e monitorar os dados do campo.

Ganho de tempo e produtividade.

Acesso aos principais recursos tecnológicos da agricultura de precisão e automação.

Gerenciamento integrado de toda a cadeia produtiva com monitoramento de dados.

Redução de custos e aumento da qualidade das safras e dos produtos agropecuários.

Aumento da própria competitividade no mercado agrícola e melhores oportunidades de fechar negócios.

DESENVOLVIMENTO

DE SOLUÇÕES

A TIM desenvolve alianças estratégicas e parcerias com hubs de negócios e aceleradoras de startups para fomentar o desenvolvimento de soluções e promover, por meio do uso das tecnologias móveis e IoT, a digitalização e automação do campo. Uma delas é em parceria com AgTech Garage em que buscam startups inovadoras e abrem uma chamada para projetos voltados para a próxima geração de redes móveis, o 5G. Agora, na segunda edição, a busca é por startups interessadas em testar as aplicações no laboratório da TIM no Rio de Janeiro, em formato de Prova de Conceito (POC).

A TIM é pioneira em iniciativas com 5G no país, tendo quatro projetos piloto em andamento, inclusive para o agronegócio. Todos são relacionados a redes 5G SA, ou Stand Alone, o padrão definido pelo governo federal para implementação de rede, após o leilão de frequências realizado no início de novembro. Em abril, a TIM realizou um teste que atingiu a maior velocidade registrada no país, com equipamentos de rede comercial.

This article is from: