Revista Alt #5

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KARIN FELLER | RAFINHA BASTOS | LANA DEL REY Carlos Simon

UMA REVISTA PLURAL LARULP ATSIVER AMU

“O Brasil tem condições de realizar uma boa Copa do Mundo”

Jovem quarentão

Distribuição gratuita - Venda Proibida

Como as mais raras espécimes encontradas na natureza, Tamara de Césaro carrega em sua essência algo a mais: um doce veneno capaz de hipnotizar

No 005

Doce Veneno

UMA REVISTA PLURAL LARULP ATSIVER AMU

Entre no mundo do Boka Lanches, o bar mais famoso de Passo Fundo




índice

Múcio de Castro 1915

1981

Diretor Presidente: Múcio de Castro Filho Diretor Executivo: Múcio de Castro Neto Editora-Chefe: Zulmara Colussi Conselho Editorial Múcio de Castro Filho Clarice Martins da Fonseca de Castro Milton Valdomiro Roos Antero Camisa Junior Dárcio Vieira Marques Paulo Sérgio Osório Valentina de Los Angeles Baigorria Múcio de Castro Neto

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Contra a parede – carlos simon - Página 8 ESPECIAL – boka lanches – Página 14 COLUNA – JULIANA SCCHNEIDER – Página 22 Estilo S/A - eduardo rech – Página 24 Estilo S/A - caroline ranghetti – Página 26 Ensaio + Alt – tamara de césaro – Página 28 Coluna – ADRIANA SCHNEIDER – Página 40 PERFIL - karin feller – Página 42 guia alt – Página 47 Alt + Arte – Paulinho Tscherniak – Página 50

MC- Rede Passo Fundo de Jornalismo Ltda Rua Silva Jardim, 325 A - Bairro Annes CEP 99010-240 – Caixa postal 651 Fone: (54) 3045-8300 - Passo Fundo RS www.onacional.com.br Fones Geral: (54) 3045.8300 Redação: (54) 3045.8328 Assinaturas: (54) 3045.8335 Classificados: (54) 3045.8334 Circulação: (54) 3045.8333 Contatos Assinaturas: assinatura@onacional.com.br Circulação: circulacao@onacional.com.br Comercial: comercial@onacional.com.br Redação: onacional@onacional.com.br Administrativo: adm@onacional.com.br Sucursal em Porto Alegre: GRUPO DE DIÁRIOS Rua Garibaldi, 659, conj. 102 – Porto Alegre-RS. Representante para Brasília: CENTRAL COMUNICAÇÃO. Representante para São Paulo e Rio de Janeiro: TRÁFEGO PUBLICIDADE E MARKETING LTDA Avenida Treze de Maio, sala 428 Rio de Janeiro – RJ. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, copiada, transcrita ou mesmo transmitida por meios eletrônicos ou gravações sem a referida citação de autoria.

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editorial

tudo se transforma O refrão da música Todo se transforma, do cantor uruguaio Jorge Drexler, é mais ou menos assim: Cada um dá o que recebe, e logo recebe o que dá. Nada é mais simples, não há outra norma. Nada se perde, tudo se transforma. Pois é. Tudo se transforma, se renova. E, como diriam os Titãs, “os bons meninos de hoje, eram os rebeldes da outra estação; músico desconhecido, é o novo ídolo do próximo verão...”. Bem, tudo isso é para dizer que a Alt, essa mesma que está em suas mãos ou na tela de seu computador, passou por algumas mudanças. Pequenas transformações visando o melhor para nosso público-alvo. Sim, você mesmo.

ches, um resgate definitivo da história do bar quarentão de Passo Fundo e de como ele se mantém até hoje como um ponto turístico da cidade; e Marcus Freitas, que já de cara abre com estilo o Guia Alt. O Guia Alt é basicamente uma evolução da coluna Alt+Tab, da Marina de Campos, que agora é mais abrangente, e contempla tudo o que vale a pena na cultura pop. Nosso entrevistado é o ex-árbitro e agora comentarista Carlos Simon, que trocou o apito pelos microfones da TV. Transformação? Já no ensaio, nossa capa, temos a Tamara de Césaro, clicada pela fotógrafa Ana Löhr na H I J A, a mais nova casa noturna da city. Bom, acho que já me estendi demais. Bem-vindos Amanda e Marcus, é um imenso prazer trabalhar com vocês, como diria Robertão (Carlão).

Agora a revista é bimestral, para que você possa ir degustando a Alt aos poucos, com toda a destreza e atenção que ela merece, essa mesma destreza e atenção que usamos para preparar ela para você. Sim, para você.

E aproveite a sua Alt. Deguste-a como um bom vinho, ou devore-a como se fosse o último copo d’água do deserto. Você não vai se arrepender em nenhum modo, já que nada se perde, tudo se transforma.

E, como não podia deixar de ser, a Alt tem algumas novidades. Ganhamos o reforço de mais dois jornalistas: Amanda SchArr, que assina a matéria sobre o Boka Lan-

Boa leitura. Pablo Tavares – co-editor.


Colaboradores

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Luiz Carlos Schneider

ANA LÖHR

Jornalista, trabalhou em O Nacional no Segundo Milênio d.C.

Adriana Schneider

É fotógrafa. Curte Madonna, Kings Of Leon e Foo Fighters, além de Pablo Picasso e o filme Clube da Luta. E deu show no ensaio da Tamara de Césaro!

Paulinho Tscherniak

É mochileira, alto astral, gosta de viagens marcantes é completamente pé no chão e atrai, com irresistível poder, tudo aquilo que é dela por direito Divino. Pontos de distribuição UMA REVISTA PLURAL LARULP ATSIVER AMU

Editora: Zulmara Colussi CO-EDITOR: Pablo Tavares Projeto Gráfico: Diego Rigo – Two Think More Diagramação: Pablo Tavares Conteúdo: Amanda SchArr Marcus Freitas Juliana Scchneider Marcelo Alexandre Becker Pablo Lauxen Pablo Tavares Foto de capa: Ana Löhr Impressão: Tapejarense

Anglo Americano Anhanguera Bar Brasil Beehive Beta Vídeo Boka Bokinha Carolinas Confeitaria FGV Grano Café Bourbon Shopping Imagem Vídeo locadora IMED Le Petit Café Bourbon Shopping London Manno Escobar Moinho Lounge Natus Drive Padaria Cruzeiro Revisteira Ramires Riviera Café Simbiose Siri Cascudo Sweet Swiss Potatoes UPF TV Velvet

27 anos, desenhista, diretor de arte, guitarrista e vocalista da Flanders 72, fanático por Simpsons, Chaves e desenhos animados antigos em geral. Fone: (51) 9189.9232 E-mail: tscherniak@gmail.com Site: www.paulinho72. wordpress.com

sonido

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foi fechada ao som de...

El Último Concierto - Soda Stereo (1997) Registro emocionante do último show do Soda Stereo, gravado no Monumental de Nuñez, em Buenos Aires. Após um hiato de 10 anos, eles gravaram o Gira Me Veras Volver, no mesmo lugar. Nota: 10

Jagged Little Pill Alanis Morissette (1995) No seu terceiro disco (o primeiro pelo selo Maverick, da Madonna), a canadense conquistou o mundo. Escoltada por músicos do calibre de Flea (RHCP) e do seu então baterista Taylor Hawkins (hoje no Foo Fighters), Alanis criou uma das obras primas dos anos 1990. Nota: 10

Come Around Sundown Kings Of Leon (2011) O disco não é lá essas coisas, mas tem algumas músicas muito boas, como Back Down South. Nota: 7

O - Damien Rice (2002) O debut do cantor irlandês. Triste, triste, triste, triste... Mas ótimo! E vai muito além do The Blower’s Daughter. Destaque para a faixa Cannonball. Nota: 9

Vale o registro: Heart Of Mine, do Dylan, na versão maravilhosa da Norah Jones com o The Peter Malick Group. Está no disco New York City. Nota: 10


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O momento é de renovação Carlos Simon, o árbitro gaúcho que apitou em três Copas do Mundo, conversa com a Alt sobre a sua carreira nos gramados, sobre a Copa do Mundo de 2014, o que sentia quando errava um lance no jogo e sobre a renovação da arbitragem brasileira e mundial. E ainda, sobre a sua renovação: a troca do apito pelos microfones...

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Por: Fotos:

Marcelo Alexandre Becker e Pablo Tavares Divulgação

ão é raro vermos ex-árbitros virarem comentaristas no Brasil. Arnaldo Cezar Coelho é quase a “sombra” de Galvão Bueno nas transmissões de futebol. Renato Marsiglia, José Roberto Wright e Leonardo Gaciba também trocaram as quatro linhas do campo pela cabine de imprensa, a parte mais alta do estádio. O último a integrar esse plantel é Carlos Simon. Carlos Eugênio Simon, gaúcho da cidade de Braga, no noroeste do estado, é jornalista pósgraduado em Ciência do Esporte pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Morou um tempo em Passo Fundo, onde trabalhou com o professor Renato Justi na organização de campeonatos amadores. Simon é o único árbitro brasileiro a apitar três Copas do Mundo (Japão e Coreia, em 2002; Alemanha, em 2006; e África do Sul em 2010). No final do

Campeonato Brasileiro de 2010, aposentou-se dos gramados, mas continuou envolvido com o futebol, assumindo o cargo de Coordenador Executivo do Comitê da Copa no Rio Grande do Sul. Mas acabou deixando a função para assumir um novo desafio: integrar o time de jornalistas do canal Fox Sports, o novo canal de esportes da TV fechada, que entrou no ar em fevereiro. Simon conversou conosco sobre vários assuntos, desde a nova empreitada de comentarista, da “escola gaúcha de arbitragem”, o momento de Ricardo Teixeira na CBF, da turbulência na FIFA, o órgão máximo do esporte bretão mundial, além do momento de extremas críticas na arbitragem tanto no Brasil como na Europa. E sentenciou: “o Brasil tem condições de realizar uma boa Copa do Mundo”.


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Como está o trabalho de comentarista? O senhor é formando em jornalismo, sempre foi um desejo atuar na mídia? Como surgiu o convite do Fox Sports? Eu sou formado em Jornalismo pela PUC, e recebi esse convite para trabalhar no Fox Sports. Foi uma proposta muito interessante no ponto de vista profissional, e desde então exerço a função de comentarista.

A arbitragem passa por período de renovação, não só no Brasil, mas na América Latina toda. Nós não temos um grande árbitro, uma referência, prova de que está havendo uma renovação. Mas eu acho que a arbitragem passa por duas questões básicas: acabar com os sorteios e profissionalizar o árbitro de futebol. Não é possível mais o árbitro ser cobrado como profissional, mas ser amador ainda. Tem que ser tudo profissionalizado.

Você deixou de trabalhar como Secretário da Copa no Rio Grande do Sul para ir para o Fox Sports, como você avalia essa indefinição quanto ao Beira-Rio? Eu fui Coordenador Executivo do Comitê da Copa no Rio Grande do Sul, a convite do governador Tarso Genro, cargo que deixei quando recebi a proposta da Fox Sports. O que está realmente complicando (na questão da reforma do Beira-Rio) é a questão da empreiteira, a Andrade Gutierrez. O Internacional está fazendo a parte dele, mas agora com a influência inclusive da presidente Dilma Rousseff, eu acho que teremos o fim dessa novela e a assinatura do contrato.

Críticas com árbitros não é exclusividade do Brasil. Na Europa os árbitros são bastante criticados. Ser árbitro é difícil? É difícil, mas o árbitro faz parte do contexto do futebol. Como tu falaste, no mundo todo o árbitro recebe críticas, mas não é só ele quem erra. Técnicos que substituem mal, jogador que erra gol, goleiro que leva frango... O elo mais fraco no futebol é o árbitro, então acaba sendo muito criticado. Mas evidente que a arbitragem tem que evoluir. E a única saída para que isso aconteça é com a profissionalização da arbitragem.

Acho que faremos a Copa do povo brasileiro, com suas dificuldades, suas limitações, mas não tem como comparar. Acho que será uma Copa daqui do Brasil, por conta das dificuldades que nós temos.

Então, na sua opinião, o Rio Grande do Sul não corre o risco de perder a Copa do Mundo, ou de até mesmo ocorrer uma troca de estádio? Não não, o Rio Grande do Sul não vai perder de jeito nenhum a Copa do Mundo, o governo está empenhado pra isso. O Rio Grande do Sul é um estado que sempre forneceu jogadores, treinadores, árbitros para o Brasil todo, muitos jogadores gaúchos já vestiram a camisa da Seleção Brasileira, o RS é a terceira potência do futebol nacional... Então, cremos que Porto Alegre é uma das únicas cidades que tem reais condições para receber a Copa do Mundo, eu tenho certeza que a Copa será realizada no nosso estado.

A arbitragem segue sendo muito criticada. Como o senhor avalia o nível dos árbitros no Brasil?

Como é a noite de um árbitro após chegar em casa e ver que errou em um lance capital de uma partida? Bah, o cara não dorme né? Você marca o lance em uma fração de segundo, e depois vê na televisão que errou, você sofre com aquilo. Mas graças a Deus aconteceram poucas vezes. Era hábito seu acompanhar as partidas que o senhor apitava, ou isso era só em alguma partida mais polêmica? Todos! E isso eu aprendi com o professor Renato (Justi). Todo jogo que você apitar, grava e depois assiste. Aí tenta se corrigir pelo vídeo. Eu fiz muito isso, gravava os jogos e depois, no outro dia ia tomar um chimarrão e analisava os jogos.

O Rio Grande do Sul sempre teve grandes árbitros. Teve o senhor, teve o Renato Marsiglia, o Leonardo Gaciba, e agora o Leandro Vuaden, um árbitro que vem sendo bastante premiado. Qual é o motivo dos árbitros daqui terem tanto destaque? Foi um processo. Levando a arbitragem com muita seriedade, muito trabalho fora de campo. E aí cul-


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Simon em campo (e fora dele):

Apitando um Gre-Nal (1), e com o uniforme preto FIFA (2). Simon como Coordenador Executivo do Comitê da Copa no RS, recebendo o Rei Pelé (3).

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minou com o Marsiglia apitando a Copa de 1994, eu sendo árbitro de três Copas do Mundo, o Vuaden com a possibilidade de apitar na Copa de 2014... E não só árbitros, mas também assistentes, como o Altemir Hausmann. O trabalho é feito com muita seriedade. O senhor falou das três Copas que o senhor esteve. Qual foi a mais marcante? É uma honra ter participado de três Copas. Até então nenhum brasileiro tinha conseguido isso, e na de 2010 na África do Sul estivemos cotados para apitar a final da competição. Acabamos não apitando, mas tivemos um trabalho impecável durante as Copas. Esse momento turbulento do Ricardo Teixeira na CBF, a pressão por uma renúncia, um licenciamento, pode atrapalhar a Copa de 2014? É fato, né? Eu acho que o ideal seria um relacionamento extraordinário entre o presidente da CBF e a presidência da república, isso seria o normal. Mas não é o que está acontecendo. A FIFA também passa por uma série de denúncias. Como a gente pode falar desse momento? Chega a ser surpreendente. Eu fui ár-

...não é só o árbitro quem erra. Técnicos que substituem mal, jogador que erra gol, goleiro que leva frango...

bitro da Federação Gaúcha de Futebol, da CBF, da Conmebol e da FIFA. De fato o que está acontecendo, o que tenho visto, tem que ser comprovado. Mas é triste né? O futebol é um fator de transformação da sociedade, você conhece o cidadão muitas vezes dentro de um campo de futebol: a rivalidade, a transparência, que são coisas que a gente prega. Então torçamos para que essas denúncias sejam comprovadas, pois se ficar apenas na denúncia, fica difícil de fazer uma análise profunda.

Das três Copas que o senhor esteve, qual foi a melhor em organização? A da Alemanha, em 2006. Foi a Copa quase perfeita, pois a perfeição não existe, mas tudo funcionava, as cidades limpas. A do Japão e da Coreia também, mas a melhor foi a da Alemanha. E você acha que o Brasil conseguiria chegar nesse patamar? Não tem como né? Na Alemanha é outra estrutura. Foi construído um estádio, alguns foram reformados, e no Brasil ainda tem muita coisa a se fazer. Acho que faremos a Copa do povo brasileiro, com suas dificuldades, suas limitações, mas não tem como comparar. Acho que será uma Copa daqui do Brasil, por conta das dificuldades que nós temos. Não adianta querer dizer que “fizemos a melhor Copa do Mundo de todos os tempos”, querer competir com a Alemanha. É difícil né? Mas acho que o Brasil tem condições de realizar uma boa Copa do Mundo. UMA REVISTA PLURAL LARULP ATSIVER AMU



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500 Independência,

Uma casa quarentona reina na noite passo-fundense incólume às dezenas de bares, restaurantes, lanchonetes, boates, muquifos e outros atrativos de vida inconstante que abriram e fecharam suas portas ao longo de quatro décadas de muita história e algum teor etílico. Eis o Boka Lanches, o bar mais famoso de Passo Fundo Por: Fotos:

Amanda SchArr Amanda SchArr


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ma vitrine. Espaço para mulheres curvilíneas, maquiadas e bem vestidas. Homens boa pinta, com cabelos indefectivelmente organizados e suas camisas polo. Famílias com jeito daquelas em que as crianças comem sucrilhos no café da manhã. Amigos coroas bem sucedidos, degustando um uísque. Não é um baile, uma festa, um evento da alta sociedade. É uma lanchonete onde há 40 anos o pedido preferido do cardápio se resume a xis, o hambúrguer gaúcho, acompanhado de cerveja ou refrigerante. O endereço noturno mais tradicional de Passo Fundo é um fenômeno de longevidade e público. Não qualquer público, como o próprio responsável pelo lugar deixa claro, “é uma clientela selecionada”. Boka. Eis o nome do insigne estabelecimento que iniciou bem diferente do que é hoje e se manteve no mesmo local durante 21 anos, até 1993. O endereço original ficava do outro lado da mesma rua que é atual refúgio boêmio, a Independência. O bar tinha uma (única) janela circular, oito mesas com banquinhos tipo pufes, uma cozinha minúscula e um banheiro unissex. “Era uma garagem onde havia uma camionete. Nós escavamos ali pra aumentar um pouquinho, fazer um banheiro, uma cozinha”, conta o ex-cabeludo e atual empresário, que depois de 40 anos continua à frente do negócio. Formalmente chamado Eduardo Otto Wentz, o Edu do Boka tinha 22 anos quando juntou-se com outros três jovens: Jairo Menegaz, Odaglas Salgado, apelidado de Barracão, e Daltro Bonatto. “Éramos quatro, mas logo que começamos a trabalhar ficamos em dois, eu e o Jairo. No início a gente atendia praticamente só a nossa turma de futebol e colegas de aula, depois que a casa foi se solidificando e conquistamos um público maior. Demorou um tempo”, conta. Aliás, a necessidade fez com que surgisse uma estratégia para cativar a freguesia e evitar a concorrência de outros estabelecimentos que já eram famosos na época. “Tinha tão pouco movimento quando eu comecei que pensei o seguinte: vou ter que trabalhar em um horário diferenciado. Então quando todo mundo estava abrindo às 8h da manhã, eu estava fechando. Quando todos fechavam, às seis da tarde eu estava abrindo. Ficava só eu aberto”. Edu relembra que havia outras duas casas que eram referência (e concorrência) na época. O bar Roda Viva, na esquina das ruas Independência e Bento Gonçalves, e o Red’s Burger na Avenida Brasil, ao lado da Prefeitura Velha, onde hoje fica o museu. A casa de lanches da avenida era oponente direto porque tinha no cardápio aquele que também viria a ser o carro-chefe do Boka, o xis (mas na época era o único prato mesmo). O segredo para o sucesso do cheeseburger alheio estava no pão que vinha direto de Curitiba e cuja padaria deveria ser de fato divina: “era tão boa que eles faziam hóstia para as igrejas”. Para competir, Edu e o amigo procuraram um aliado. “Buscamos um parceiro naquela época que era o seu Bruno Justi, da Padaria Cruzeiro, um senhor de idade, muito bom padeiro. Com ele procuramos fazer um pão parecido com este de Curitiba”. Horário diferenciado e bons ingredientes, o negócio começava a engrenar. “O Roda Viva era dos irmãos Brezolin. Um bar ótimo, que a nata de Passo Fundo frequentava e a gente pegava a rebarba, pegava a sobra, o fim de noite. Eles fechavam às 2h da manhã e a gente ficava aberto até às 8h atendendo o pessoal. Acho que por falta de opção até muita gente vinha para o Boka”.


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1 A estratégia para angariar público transformou a casa em referência. O lugar que já tinha tamanho reduzido ficou minúsculo para a demanda e o atendimento passou a ser feito também nos automóveis que estacionavam na rua. “A gente atendia no carro porque começou a ter um fluxo grande de pessoas e não tinha espaço pra todos, então eles ficavam fora. De repente a rua ficou pequena para que os carros estacionassem. Naquela época a Independência era duas mãos e as pessoas também estacionavam no meio do canteiro”. O xis do Boka... e outros iguarias Ele poderia ser considerado patrimônio cultural e gastronômico de Passo Fundo. Sim, o pão com hambúrguer que o Boka serve é emblemático. Icônico. Você que nasceu no Passinho ou adotou a cidade, em passeios por outras bandas, começa a conversar com um sujeito e ele pergunta de onde você é. Ao receber a resposta, diz “Sim, sim... Terra do Teixeirinha e do xis do Boka”. Claro o quitute, não chega a ser consenso entre os conterrâneos, mas que é um clássico – gostos à parte –, isso não se discute. Tão pouco que ganhou notoriedade além destas fronteiras pampeanas. E o que este tal pão com carne tem de diferente, pergunta o cricri? O Edu conta que hambúrguer sempre foi feito no Boka. Nada de comprar ele pronto ou fazer com guisado. As carnes são compradas – cortes como coxão de fora, patinho e tatu – e moídas para o preparo dos hambúrgueres. Qualidade é palavra de ordem ao adquirir os ingredientes. Mas embora seja o carrochefe, nem só de xis vive o Boka. Há um incremento fundamental na degustação de qualquer coisa na casa: a maionese. A receita privativa é sonho de muita gente, mas acessível a um círculo bem pequeno, e entrou para rol oficial de condimentos pelas mãos do proprietário. “A maionese eu aprendi com um rapaz de Porto Alegre que veio pra cá. Depois a gente desenvolveu, mudou um pouquinho, mas até hoje é a gente que faz. Teve uma época que se passou a usar uma industrial, mas não foi uma coisa legal, o público não gostou muito e voltamos com a maionese fabricada por nós”, diz o Edu. Com o passar do tempo a receita foi adaptada por uma questão de segurança alimentar. A maionese deixou de contar com os ovos e passou a ser feita à base de leite, mas sem perder o sabor. “Como a casa estava durando muito, bom, o cara vir aqui comer lanche todo dia en-

che o saco. Então, como tinha gente que no final da noite já tinha bebido demais, pensamos ‘bom, vamos inventar uma sopinha’ (eis o capeletti!). Depois tinha gente que dizia, ‘pô, um filézinho também vai bem’. Mais tarde fizemos uma massa”... Depois entraram para o cardápio salada, pizza e outras opções. O lance era não deixar o cliente ir embora por falta de diversidade. Clientes que fizeram história De acordo com Edu a casa já está atendendo a terceira e a quarta geração. “Temos famílias com clientes que iniciam nos avós, depois vieram os filhos e agora netos. O público que frequenta hoje é de todas as idades, desde nenê de colo até pessoas com mais de 80 anos”. O Boka é eclético no atendimento de diferentes faixas etárias, dependendo do horário. Final da tarde é hora do happy hour entre amigos e colegas, passeio das famílias. Com o caminhar do relógio o perfil vai mudando. Quem vai para as festas, antes chega para jantar, encontrar a turma de balada. Tem quem vire a noite entre copos de cerveja, petiscos e conversas e há aqueles que voltam para encerrar a madrugada com uma sopa e um refrigerante, ou partam pra saideira... E quem é o freguês mais antigo? “O apelido deste cliente que é advogado, o Carlos Preto Martins, é Balão. Ele sempre diz o se-

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Fotos: Arquivo Pessoal Daltro Bonatto (1); Arquivo Pessoal Eduardo Otto Wentz (2 e 3).


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O começo de tudo:

Fotos feitas no dia em que o Boka nasceu em um longínquo 1972. A mobília e a fachada permaneceram praticamente inalteradas até o fim do prédio (1). Alguns dos ilustres frequentadores do Boka (2). A garagem que guardava uma camionete e compotas depois de escavação feita pelos cabeludos se transformou em Boka. Na foto, Bonatto, Barracão, Edu e outro cabeludo não identificado durante a empreitada (2).

guinte: ‘eu sou o único cliente daquela época que ainda está em atividade’. Atividade ele quer dizer bebendo, porque eu tenho clientes daquela época, mas que não bebem mais, só tomam refrigerantes”. O doutor Carlos Preto Martins proclama com orgulho sua fidelidade. Uma dupla memorável eram os inseparáveis Pedro Alexandre, exímio alfaiate, e Vává, motorista de ônibus interurbano. “Seu Pedro Alexandre era um senhor de idade que tinha sido ator de teatro. Era uma pessoa que se comunicava bem e tinha muitas histórias para contar. Este era um cliente de todo o dia. Ele ficava até algumas horas no café do Turis Hotel e depois descia aqui pro Boka. Ele tinha um amigo inseparável que era o Vává, gordinho e baixinho. E o seu Pedro era magrinho e alto, então eles faziam uma dupla que parecia ‘O Gordo e o Magro’”. Desde a fundação até a proximidade dos anos 90 os amigos eram frequentadores assíduos da casa, amigos de outros clientes e de funcionários. Vavá era dono de um Chevette branco e gremista. Quando em 1983 o Grêmio foi campeão do mundo seu possante estava estacionado em frente à lanchonete e foi alvo de uma brincadeira. “Nós tiramos o Chevette dele da frente do Boka e escondemos na outra rua. No fim da noite, já bêbado, ele era italiano e falava com sotaque: ‘o campeón do mundo tá cansado. O Campeón do mundo vai embora’”, conta Edu reproduzindo a pronúncia e os gestos do cliente. Quando saiu e deu por falta do seu carro, Vavá anunciou para gargalhada geral: “roubaram o campeón do mundo!”. Episódios Períodos de disputas políticas ou futebolísticas eram

terreno fértil para o florescimento de episódios interessantes. “Época de política se reuniam pessoas aqui. Teve uma época que O Nacional publicava pesquisa nas eleições para prefeito e ficava no Boka o pessoal interessado em saber o resultado das pesquisas. O jornal ia sair no outro dia, mas eles ficavam esperando porque o jornal rodava de noite e o Schneider (ex-editor) vinha de lá. Quando chegava eu escondia ele na cozinha, dizia ‘fica aí e come alguma coisa que o pessoal tá te esperando para saber o que vai sair no jornal’. E aí, eu atrasando o Schneider para aparecer o pessoal ficava comendo e bebendo, gastando. Então eu segurava o Schneider escondido para que o pessoal ficasse mais tempo e consumisse mais. Depois, aí pelas 4h da manhã, o Schneider aparecia e os caras todos sedentos por informação”. Também houve épocas em que júris terminavam de madrugada. Findo o julgamento todos partiam para o único lugar aberto aquele horário. Juiz, promotor, advogados e, eventualmente, até as partes envolvidas tinham o mesmo destino, independentemente do veredito. “A gente ficava aguardando porque tem que haver algum lugar pra atender. Antigamente fechavam todas as casas e o Boka se caracterizou por ser um local bem familiar que as pessoas podem vir mesmo às 6h da manhã”, explica. Clientes ilustres São 50 funcionários que se revezam para atender 20 mil pessoas por mês. São praticamente 24 horas de funcionamento. Enquanto garçons e cozinheiros descansam, outros profissionais se revezam na limpeza e na prepara-


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ção de produtos, acondicionamento de mercadorias, compras e pagamentos. E quando as portas abrem, a partir do final da tarde, volta e meia algum cliente ilustre aparece. São artistas, políticos, atletas, pessoas públicas de diversas áreas. Os irmãos cartunistas Paulo e Chico Caruso tem passagem confirmada no Boka quando estão em Passo Fundo, o que costuma acontecer com certa regularidade durante as Jornadas Nacionais de Literatura. “O Múcio (de Castro Filho, Diretor Presidente de O Nacional) trouxe eles aqui no início e depois eles aprenderam o caminho”. Outro homem das tirinhas também é freguês. Carlos Henrique Iotti, o criador do gringo Radicci, lançou livro na casa e quando em uma das visitas não encontrou Edu deixou um recado, com desenho do seu personagem. O músico da terrinha Yamandú Costa, o historiador e escritor Tau Golin, a ex-governadora Yeda Crusius, estão entre os nomes da extensa lista de visitantes notórios. E o músico passo-fundense Alegre Correa, que vive em Viena, além de cliente é ex-garçon. Um capítulo à parte Quando depois de 21 anos, em 1993, o novo prédio situado no número 500 da Independência passou a sede, o outro lado da rua com suas oito mesas e banquinhos redondos sem encosto virou refúgio do “lado B” da noite passo-fundense. Quem tem mais de 20 e alguns anos possivelmente recorde de um ambiente constantemente impregnado pelo aroma de fritura e cigarro (sim, para os clientes, já acostumados, não havia nada de desagradável no cheiro) e uma freguesia bem diferente do descrito no início deste texto. Um boteco com alcunha no diminutivo e o gerente mal-humorado mais querido da cidade: o Leandro Garcia, vulgo Alemão do Bokinha. Depois que o Boka atravessou a rua, o Bokinha se tornou uma espécie de reduto remanescente do espírito dos amigos cabeludos que resolveram abrir uma lanchonete em 1972, na garagem de um velho sobrado. Assim foi até 2007, enquanto o lugar permaneceu praticamente inalterado. Refúgio de charme decadente para pés massivamente calçados por tênis all star e cabeças cheias de ideias (ou outras coisas...) pouco convencionais. Depois o antigo prédio foi abaixo porque não haveria condições de manter a estrutura condenada. Cedeu lugar a um novo ambiente: amplo, saudável, climatizado e semelhante aquele em frente. Em suma, o oposto da atmosfera

insalubre que atraía os antigos frequentadores. O dono do nome Boka era o apelido de um dos fundadores, o Daltro Bonatto. “Ele era o Boka. Depois, ele logo saiu da sociedade, então o Boka passou a ser eu por ter ficado o dono, mas na verdade o Boka era o Daltro”, conta Edu. Pra recuperar a gênese do bar quarentão fomos atrás do “seu Boka”, hoje professor universitário das “ogias” como ele sintetizou. Geólogo, geógrafo, mestre em Geologia Ambiental, Bonatto era o garoto de uns 16 anos que queria abrir uma loja de discos na garagem da casa da sua família. “Comecei a tirar a terra com a ideia de fazer uma loja de discos. Nem minha mãe, nem meu pai acreditavam que eu fosse fazer alguma coisa, mas enquanto era só terra (ele) deixou”. Bonatto pensou melhor sobre a ideia e começou a ficar em dúvida sobre o sucesso do negócio. “Uma das nossas conversas era que não passava ninguém ali, até hoje passa pouca gente a pé”. Quem conversava com Boka era o Barracão (Odaglas Salgado), “um colega com muitas ideias”, daí o projeto começou a amadurecer, mas ainda faltava algum dinheiro. “Aí entrou um terceiro cara, o (Jairo) Menegaz que – era o mais inteligente da turma, ou pelo menos o mais esforçado – já fazia agronomia na época, então botou um pouco de dinheiro”. “Eu tirava terra e pedimos auxílio para um engenheiro, o Dilermando (Leal) que foi olhar pra ver se não ia cair a casa. Eram todas prateleiras comuns (na parede que foi escavada) que a mãe fazia compotas de pêssego”. O engenheiro não cobrou nada e a obra seguiu com a orientação de um pedreiro, dos sócios e amigos-colaboradores eventuais. Em alguma altura inexata desta empreitada, Edu, o quarto sócio, entrou em cena. De acordo com as memórias do professor, o Boka já nasceu com a ideia de ser um drive-in. Nas visitas que fazia aos parentes moradores da maior metrópole do país, ele estava atento à moda. “Esses bares tipo drive-in já eram xodó em São Paulo. O cara ia fazer um lanche, levava a namorada e poupava o motel. Eram espaços de, às vezes, até um quarteirão e os carros ficavam ali, em um lugar relativamente seguro”. Assim, a Independência virou paradouro da juventude, o Boka deixou o apelido de herança – para a lanchonete que, mal sabia, ainda viria a ser cultuada – e foi virar mestre em “ogias” para alegria da família. “Minha mãe achava que eu ia ser um bêbado”.

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Simplesmente Boka:

O “seu Boka” guardou as fotos da inauguração, mas deixou o bar para os colegas e foi virar mestre em “ogias” (4). Em 1993 o Boka ganhou nova sede e a Independência número 500 passou a ser o endereço oficial do bar mais badalado da cidade (5). Edu e a famosa maionese (6).

A receita Existe uma receita do Boka que é a mais cobiçada. Não é o xis, a batata frita ou a maionese. Em suma, nada que se encontre no cardápio. O que muita gente quer saber é a receita da longevidade. Como manter um negócio próspero por 40 anos? Edu começa a explicação por um conselho que recebeu. “Uma vez eu aprendi com um antigo comerciante de Passo Fundo seu Teodoro Lago, que era dono de uma churrascaria, o seguinte: ‘se um passarinho está habituado a todo dia tomar água em uma mesma fonte, se um dia ele chegar e não houver água ele vai procurar outra fonte e talvez não volte mais lá. Então você tem que estar aberto todo dia’”. Durante muito tempo o Boka só fechava uma vez a cada ano, no dia 31 de dezembro. “Foram 37 anos assim. Agora, nos últimos três anos que começamos a fechar nos dias 24 e 31 de dezembro. Fechamos dois dias (por ano) mais em função dos funcionários para passarem com seus familiares”. São 363 dias (exceto os anos bissextos) com fogões, fornos, panelas em funcionamento. Além de garçons, cozinheiras e outros funcionários atuando de segunda a segunda-feira. Outro ingrediente indispensável para o empresário é a qualidade de clientes. “Uma boa casa tem que ter qualidade de clientes. Este é o fundamental. O Boka hoje é uma casa bem sucedida porque tem bons clientes. Conseguimos isso porque durante este período nós selecionamos. A gente aprendeu qual o cliente que traz problema, que não é bom a gente atender, qual cliente é bom evitar. Em 40 anos selecionamos com quem nós gostaríamos de trabalhar e hoje temos bons clientes”. Edu não tem firulas para explicar como selecionar o público. “Uma das maneiras é pelo preço”. Astúcia e discrição também são complementares. “À

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noite é preciso ter muita perspicácia, você tem que fazer que não vê e não houve muita coisa”, ensina. “Se eu tiver um bom cliente e saudável a gente vai ter longevidade. Tendo boa casa, bom produto, uma boa equipe de trabalho, basta ter um bom cliente. Não tem como dar errado”. O veludo entre os cristais Em quatro décadas, não foram poucas as pessoas e acontecimentos que tiveram como palco as mesas e cadeiras da lanchonete quarentona. “Histórias de clientes tem de tudo que é tipo. A namorada procurando o namorado, a esposa querendo saber do marido, entrando braba...”, comenta genericamente. Certamente há casamentos que começaram e outros que terminaram no Boka. Edu não nega, mas é bastante cuidadoso com as palavras. “Aqui se ocorreu alguma coisa, foi tudo muito discretamente”. Quando conta sobre fatos “delicados”, prefere focar na camaradagem que existe com os fregueses. “A gente esconde o cara se não é pra ver, ou avisa (no caso dos telefonemas) que a pessoa está aqui e não é para se preocupar”. A cumplicidade e a diplomacia ele explica como uma forma de proteger quem está ali. “É preciso ter uma maneira de sempre salvaguardar o cliente. É preciso ser o veludo entre os cristais, nunca criar atritos e sempre proteger”. Não é à toa que muitos fregueses se tornaram amigos e como confrades estabeleceram lá seus rituais. “Aqui nós temos uma roda de amigos que se encontra na mesa 60. Onde um ajuda o outro, se conta histórias, se escuta os problemas do outro e tenta resolver. Então a gente se automedica”. O Schneider, jornalistaconfrade-freguês e autor da crônica que você lê em seguida, resume a função psicossocial do encontro: “ali se resolvem todos os problemas do mundo”.

Fotos: Amanda SchArr (4); Arquivo Pessoal Eduardo Otto Wentz/Amanda SchArr (5); Amanda SchArr (6).

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Róseas noites de domingo Por: Ilustração:

Luiz Carlos Schneider Leandro Dóro

Chegava ao final 1979, ditava o último dos generais e vivíamos sob censura. Terminava o bipartidarismo, Brizola voltou e vislumbrávamos a silhueta da democracia. Fomos campeões gaúchos (e eles brasileiros). A UPF moldava um novo ambiente em Passo Fundo, mesclando do mundo acadêmico às reminiscências de Woodstock. Rolava da sisuda gravata ao despretensioso macacão. Rádio só em AM, onde despontava a Planalto com nossa intrépida equipe do Padre Farina. Havia receptores de FM. Faltavam apenas as emissoras. Nas ruas rodavam os pequenos Fusca e Chevette, os médios Opala, Corcel, Passat e Polara e os enormes Landau e Dodge. Arcondicionado seria luxo e asfalto raridade, mas era o maior barato. Em raros momentos com grana no bolso eu participava de incursões gastronômicas ao Butterfly doTuris Hotel, Cantina Nápoli do parmegiana na caçarola ou Churrascaria do Magro. Porém, seguindo o Sistema Monetário Nacional, as papilas gustativas me direcionaram para os acessíveis lanches, aquilo que hoje chamam de fast food. Traçava cachorro-quente no RU, croquete na Lancheria Fittipaldi, torrada no Café do Turis ou pastel no Bar do Adão. Também deixei de lado alguns pudores ideológicos e abri uma exceção

em relação ao american way of life: o cheesburger. Neste item Passo Fundo vislumbrava uma peleia de qualidade entre o Boka da Independência e o Red’s Burger da Avenida Brasil. O cativante estilo underground e a agradável faixa de frequentadores do Boka determinaram a minha escolha. As prendas mais lindas do mundo encantavam nossas jovens tardes de domingo. O trânsito na área central tinha duplo sentido na Independência e na Bento. Na Moron o fluxo era inverso. Isso permitia que os carros circulassem ao redor da Praça Marechal Floriano no sentido horário. De carro ou a pé, não importa, era para ver e ser visto. Assim funcionava o nosso ‘bobódromo’, onde queimei alguns tanques de gasolina. Tantos desfiles e o centro era um cruzamento de passarelas. Chimarrão e pipoca na praça, chá na Tia Vina ou sorvete no Bar Oriente. Os carros passavam e todos acompanhavam a Grande Parada. Depois de o José Ernani anunciar o primeiro lugar, Supertramp ecoava nas quadras centrais com o hit ‘The Logical Song’. Os domingos eram diferentes, porque nós éramos diferentes. Diferentes mesmo eram minhas noites de domingo. Eram róseas. Convidei a namorada para


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darmos uma volta e comermos algo. A resposta foi duplamente satisfatória: boa por aceitar e excelente pela ausência da sua irmãzinha xarope. Ah, certamente meu sorriso não disfarçou a alegria. E muito menos as intenções. Ela era linda, elegante e exuberante, mas sua postura e inteligência seriam um desafio para minhas habilidades. Em época em que até as eleições eram indiretas, imaginem as sutilezas necessárias. E lá fomos para o Boka. Estacionei o Dodginho na subida, uns 10 metros acima da porta. Atendimento no carro, bandeja, com suas indissociáveis bisnagas, apoiada no vidro da porta. Na Rádio Jornal do Brasil ouvíamos ‘O Bêbado e a Equilibrista’, com Elis cantando o hino da anistia. Foi nosso momento papo cabeça, uma espécie de hiato entre o lanche e aquilo que a ansiedade anunciava. Levaram as bisnagas e trouxeram mais refri, representando o fechar e abrir das cortinas na troca de atos. A iluminação pública na Independência já era um tango e, felizes, vivíamos à média luz. Tanto que as lâmpadas remanescentes eram amaldiçoadas, quando não depredadas. Tudo em nome do amor. O amasso foi impulsivo. Beijos suaves, beijos calientes, suspiros e graus Celsius em cotação elevada. Minha mão esquerda - a mais rebelde e independente - iniciou uma série de tentativas nos níveis intermediário e inferior, logo re-

chaçadas. Suor aumentou. A estratégia indicou que não seriam mais permitidos voos à baixa altitude e o objetivo seria apenas a conquista da América Central. Interrupção: alguém do Boka, piscando, pergunta se queremos mais alguma coisa. Tudo bem, estamos acostumados com intervalos comerciais. De volta ao que interessa e duplamente gastando saliva, estava determinado em desvendar os mistérios daqueles seios. E eis que o sonho tornou-se realidade. A permissão foi um instante de cumplicidade, obtida pela liberação da minha mão. Era como se ela me dissesse “vai, siga em frente”. Pelo menos foi o que eu entendi. E cumpri. Em seguida o momento mágico de ver aqueles lindos seios. Eram róseos. Tonalidade única e exclusiva. Olhei por outro ângulo com mais luz e contemplei a maravilha. Os róseos foram deliciosamente reconhecidos e apreciados através de quatro sentidos, enquanto o quinto ouvia tudo. Mas nossas jovens noites de domingo terminavam mais cedo. Faltava muito para conquistar o continente, porém a área central já tinha dono. Era o sabor de uma batalha vencida. Deixei os róseos, digo, a namorada em casa. Beijos e sorrisos. Voltei ao Boka, pois os rins doloridos clamavam por uma diurética cervejinha. Mas não consegui pensar em outra coisa. Ah, os róseos... Os róseos...


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cabide Por Juliana Scchneider

A moda parou?

Neste mês começam a chegar as coleções de inverno nas araras das lojas. E fica a expectativa e a pergunta que não quer calar: O que vou usar? O que a indústria da moda irá me oferecer para cobrir meu corpo na estação que está por vir? Pois sim, tudo é imposto. De forma sutil. Mas nossas escolhas dependem diretamente das decisões de outros. Passadas as semanas de moda do planeta, uma conclusão é unânime: nada de novo ou surpreendente nas passarelas. Parece que a moda parou. Décadas passadas são revividas, revisitadas e repaginadas. Mas onde está o novo? Onde está o ponto crucial que faz com que descartemos o que já temos para adquirir algo diferente e assim pensarmos que usamos algo que seja o último grito da moda? Vivemos uma espécie de tempo nostalgia. O filósofo francês Gilles Lipovetsky já afirmava isso em seus livros. Queremos reviver coisas do passado. Nos remeter a tempos

idos. E assim acontece com os criadores da moda, que revivem seus passados em suas criações. Anos 60, 70 e 80, exaustivamente reinventados. Até quando? Onde estão escondidos os grandes criadores? Ou será que é o mercado que engole as grandes criações? Claro, não se pode negar que existem novidades em todas as estações. Os tecidos estão diferentes, as texturas, as cores. Mas nada é super inovador como um desfile de Hussein Chalayan, por exemplo, onde as roupas se transformam em outras, e que de certa forma, acompanha a tecnologia e os movimentos sociais. Enfim. Já inventaram a mini-saia. Já vestiram as mulheres com peças do guarda-roupas masculino. Já ajustaram, encurtaram, alargaram. E, esperamos algo novo, sempre. Será que teremos algo inovador no próximo verão? *Acompanhe a coluna Cabide, todos os finais de semana, no caderno Mix do Jornal O Nacional.



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Eduardo Rech

Moda+música= muito estilo Como algumas pessoas são regidas pelas fases da lua, Eduardo Rech é pela música. O professor universitário de 26 anos, carrega as notas musicais por todos os âmbitos da sua vida. E, a forma que se apresenta para o mundo tem muita influência dos acordes de sua guitarra. Professor de marketing e comportamento do consumidor da faculdade Imed e administrador de negócios da família em Tapejara, Eduardo vive lá e cá. Sua rotina, segundo ele próprio é de trabalho durante a semana e suas paixões no sábado e no domingo: o rugby e a música. Aliás, fortes influências no seu estilo pessoal. Logo de cara, percebe-se que o moço tem um cuidado todo especial com a sua imagem. E, ele não nega que cuida muito bem de sua imagem. Ele sabe o quanto uma roupa pode comunicar, e abusa deste artifício na hora de escolher seus looks. Além disso, Eduardo não se rende a padrões. Seu estilo é uma mistura de inúmeras referências de sua vida e, a maneira que está vestido reflete o seu estado de espírito naquele determinado momento. Inclusive ele compara seu humor com os gêneros musicais: deprimido ele se veste de um jeito mais grunge, mais alto astral ele se inspira em um blues, se é um dia mais chuvoso ele bebe da fonte de Johnny Cash. Segundo ele, a forma como quer se mostrar para as pessoas depende do seu humor. A moda é super presente na vida de Eduardo. Para ele uma marca representa muita coisa. Optar por um par de óculos Ray Ban, por exemplo, é trazer todo o conceito rock’n’roll para o seu look. A roupa precisa dizer algo sobre ele, e as marcas participam desta comunicação. O professor não vive sem uma camiseta, preferencialmente de decote V, um bom jeans e um tênis. Camisas xadrez também estão super presentes nos looks do seu dia a dia. UMA REVISTA PLURAL LARULP ATSIVER AMU

Texto: Fotos:

Juliana Scchneider Pablo Lauxen


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Eduardo não dispensa a calça jeans. Sua preferência são pelas mais escuras

As calças de alfaiataria, com cortes modernos, também fazem parte de seus looks

As camisas xadrez são como uma “marca registrada” de Eduardo

Do Rugby Eduardo traz as camisetas para o seu dia-a-dia

Os óculos dão o toque final aos seus looks, além de encher seu visual de estilo

Camisetas básicas, com decote V e tecidos bem “podrinhos” são as suas preferidas

Tênis super moderno que dá um ar descolado aos seus looks

Para os finais de semana: Bermudas!

A bota não pode faltar

Quando perguntei a Eduardo o que ele não poderia viver sem, ele respondeu: A minha guita!


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Caroline Ranghetti

Definitivamente uma “It Girl” Quem está antenado no mundo da moda, provavelmente já ouviu a expressão “It Girl”. Ela define as mulheres super descoladas e que de alguma forma, ditam as tendências e inventam moda. Caroline é assim. A empresária de 34 anos desfila jovialidade e muito estilo pelas ruas de Passo Fundo. Se você seguir Carol pelo Instagram (aplicativo para compartilhar fotos), todos os dias vai se deparar com looks lindos que ela posta religiosamente. Sim, todos os dias a moça fotografa a roupa que escolheu para sair de casa e compartilha com quem a seguir. E muita gente acompanha e curte seu visual. Aliás, Caroline é tão ligada na moda, que essas fotos que caem na rede diariamente são o começo de um blog que está em seus projetos pessoais. Afinal, ela entende de moda. É leitora assídua de revistas e blogs mais conceituais do assunto, e segundo ela, muitas das suas referências na hora de compor seu visual vêm dessas fontes. Sua relação com a moda mudou com o passar do tempo. Carol não vê mais a moda como algo fútil. Claro que existe uma relação de consumo, mas ela passou a admirar o mundo fashion e a entender melhor o significado tão vasto da palavra moda. Carol se preocupa com a sua imagem pessoal. Para ela, o cuidado com a aparência significa respeito pelo próximo. Segundo ela, ninguém é obrigado a se deparar diariamente com uma pessoa mal cuidada. Mesmo com a correria do dia-a-dia, com uma sapatilha nos pés (ela adoraria andar de salto todos os dias), ela procura estar atual e bem vestida, sempre com a sua cara. O seu estilo HiLow, que mistura peças mais elaboradas com básicas, não dispensa uma bermuda boyfriend e uma calça larga. Vestidos não podem faltar, assim como as saias. Sapatos são a sua paixão. E, hoje, a moça não dispensa os acessórios. UMA REVISTA PLURAL LARULP ATSIVER AMU

Texto: Fotos:

Juliana Scchneider Juliana Scchneider


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As blusas para compor seus looks são cheias de estilo Se pudesse, Carol usaria vestidos todos os dias

A bermuda boyfriend é peça-chave do seu guarda-roupas

A moça não vive sem perfumes As clutches dão o toque final nos seus looks

Os acessórios são o novo vício de Carol. Ela não sai de casa sem um colar, ou uma pulseira, ou anéis

O blazer de linho é um coringa da suas produções

Carol é completamente louca por sapatos Óculos escuros são indispensáveis


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Doce Veneno Uma espécime rara. Assim é Tamara de Césaro, uma gata que traz consigo um segredo. Um doce veneno, capaz de hipnotizar Texto: Fotos: Edição de moda:

Pablo Lauxen e Pablo Tavares Ana Löhr

Juliana Scchneider


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Quem vê assim, à primeira impressão, pode acabar se confundindo ao buscar uma ligação do fruto com o ser. Tamara de Césaro não traz consigo somente o doce das tâmaras, Tamara carrega algo a mais em sua essência. Ela traz consigo um veneno muito raro, encontrado em apenas algumas espécimes, até então nunca catalogadas. O veneno de Tamara é forte, pode hipnotizar, causar dependência, fazer você perder a noção de tempo e esquecer a hora de voltar para a realidade. Sinta-se à vontade para conhecer o doce veneno de Tamara. Mas cuidado, muitos de lá não voltaram. UMA REVISTA PLURAL LARULP ATSIVER AMU


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Beleza: Juliana Bortolom para Roberta Westphalen Designer de Cabelo Agradecimentos: H I J A, Marthinna Rouparia, Casa Gaia e Datelli Assistente de Produção de moda: Emanuelle Canal Assistente de fotografia: Mykaél Lemos

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Confira no site e no Facebook fotos exclusivas do ensaio com a Tamara.

www.revistaalt.com.br

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Segue o Rumo

Por Adriana Schneider

Liverpool Desculpem-me os fãs do esporte, não desconsidero o fato de que o Liverpool Football Club disputa a Premier League e é o clube mais vitorioso da história do futebol Inglês. Mas cá entre nós, foi por causa deles, dos Beatles (na época os nomeados “quatro cabeludos de Liverpool”), que a pequena cidade inglesa se transformou em um lugar nostálgico, estimulante e essencial para fãs veteranos da banda ou, até mesmo, dos recém convertidos. Sim, sou fã dos “quatro cabeludos”! Essa talvez tenha sido a única razão de ter dado uma passada pela cidade que virou mito. Não que eu tenha atravessado o oceano especialmente para ir até lá, em realidade já estava morando na Inglaterra. Mas como iria me despedir do país sem conhecer a cidade que foi o berço de uma das principais bandas da história do rock e, para mim, talvez a principal? Liverpool, no início do século 13, era um pequeno lugar

habitado por meia dúzia de pescadores e que ficava às margens do rio Mersey. Lá pelos anos de 1960 era um pouco mais que uma cinzenta cidade inglesa sem nenhuma graça maior. E em pleno século 21, a cidade é associada, pelos quatro cantos do mundo, a uma palavra que mudou a história da música: Beatles. Passar pelo lugar onde foi composta a maior revolução musical e comportamental do mundo dos últimos cem anos foi, de certo modo, estimulante. Pessoas de inúmeros países andam por Penny Lane, tomam um café no Lucy in The Sky With Diamonds à energia dos Beatles, e eu fui mais uma nesse bolo. Sem dúvida, um lugar para os fãs do grupo revolucionário. Acredito que é por conta desses meninos que depois de Londres, esta seja a cidade inglesa onde mais ouvi línguas diferentes. A energia do The Beatles Story não sai da minha mente. Foi no museu onde vivi passo a passo e compreendi mais da história dos garotos de Liverpool. Não é sempre que vemos a primeira guitarra de George Harrison e os óculos laranja de John Lennon, assim, ao vivo e


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a cores. Porém, a Mathew Street é o lugar mágico da cidade. Com sorte estava lá em uma quinta-feira para tomar uma Pint no The Grapes e passar para assistir um show cover no The Cavern Club – o show cover acontece todas as quintas-feiras. Esse percurso “The Grapes – The Cavern Club” me remeteu ao período de março de 1961 a agosto de 1963, onde os Beatles fizeram em torno de 290 shows. Por fim, embora nenhum dos “quatro cabeludos” ainda viva em Liverpool encontrei nessa cidade o sonho que insiste em não terminar. Enquanto alguém, em algum lugar do mundo, estiver escutando Beatles, o espírito daquela época, naquela pequena cidade acolhedora, permanece vivo. Fica a dica...! Reviva! Viaje!


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A cara da moda Karin Feller é a mais nova aposta e traz novos ares para a moda do Brasil Por: Fotos:

Juliana Scchneider Divulgação


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arin Feller nem era formada em moda quando seu nome despontou para o mundo, literalmente. A moça, com seus vinte e poucos anos é a nova aposta da moda no Brasil. Suas coleções são exportadas para vários países do globo. E seu nome é um dos principais num dos maiores eventos de moda do país. Além de talentosa, Karin tem sorte. A então estudante de moda estava à beira de se formar quando se inscreveu para a primeira edição de

um projeto que prometia lançar jovens talentos da moda para o mercado. O Projeto Ponto Zero, idealizado pela Casa de Criadores, que por si, já tem como tradição ser o lugar de estreia de grandes nomes da moda, surgiu em 2008, e Karin sim, foi a primeira grande vencedora. Como prêmio: Participar do calendário de desfiles do evento, que tem nomes como Valério Araújo em seu Line UP. E a jovem estilista agarrou a oportunidade e não a deixou escapar.


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As várias faces de Karin:

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Karin em ação: A estilista e ilustradora no momento que criava um painel para um evento de moda (1). Desfile inverno 2012 da estilista Karin Feller na Casa de Criadores (2). A estilista na entrada de agradecimento de seu último desfile (3). Ilustrações: O começo de tudo (4).

A história da Karin com a moda nasceu de sua paixão por desenhar. Ilustradora, ela sempre soube que trabalhar com desenho era seu futuro, e, criar roupas veio como consequência do seu talento. Observadora, a estilista busca suas inspirações nas pessoas, nos amigos, de uma música, em alguma paisagem que viu, em uma viagem. Enfim, de uma ideia que é uma “semente”, depois nascem raízes e rabiscos, como ela mesma diz. Seu processo de criação não acontece por etapas. Ele simplesmente explode. E a cartela de cores e o tema acontecem, dando o início de todo o processo. E estilista é reconhecida por criar uma moda feminina, jovem e super atual. Uma moda que fala a respeito de toda uma geração.

Afinal, sua grande preocupação é criar roupas que comuniquem algo de quem as veste. Para ela a moda é comunicação. E, da mesma forma uma ferramenta para que as pessoas transmitam para o mundo aquilo que são ou que querem ser, da maneira que acharem por bem fazer. Hoje, Karin exporta grande parte de sua produção. De acordo com a estilista, o mercado internacional é mais aberto a coisas novas. Eles têm preocupação com qualidade e design, diferente do mercado consumidor do Brasil, que quer consumir uma marca, um nome forte que venha com uma história agregada, em primeiro lugar. Para isso, Karin precisa de mais tempo por aqui. Precisa provar por A+B a que veio. Precisa mostrar que suas peças, que invadiram as lo-

1 jas do Japão, são o espelho de uma moda contemporânea. E, ela quer sim, ser sucesso por aqui. Além disso, o Brasil ainda “oferece” para seus pequenos criadores um mercado super burocrático. Há vários talentos por aqui, mas todo o processo de abrir uma empresa acaba desestimulando muita gente, em um mercado super promissor no país que é a moda. Enfim, Karin é pé no chão. Sabe que cresce, mas não se deslumbra com o sucesso. Para ela, saber que é a grande aposta da moda no Brasil é delicioso. Além de ser uma responsabilidade enorme para a marca, que ainda é pequena, a jovem estilista sabe o quanto quer crescer e aonde quer chegar. “ Isso tudo é só o início da história, eu cuido disso tudo com muito carinho”- Karin Feller. UMA REVISTA PLURAL LARULP ATSIVER AMU


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O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE Em resumo, Batman: Arkham City ultrapassa o predecessor, tornando-se a adaptação definitiva de super-heróis Por:

COTAções

Já saiu, e é quentuxo

Marcus Freitas

de Arkham City. Sentir-se de verdade na pele do Batman é a melhor experiência que Arkham City traz ao jogador. Planar entre os bairros, dependurar-se nas gárgulas ou nos prédios mais altos para analisar o terreno, sair das sombras para surpreender um grupo de criminosos, tudo isto dá a sensação de realmente estar naquela situação, vestindo a capa, a máscara e o fardo. Alias, planar está muito mais divertido; você pode cruzar o cenário inteiro sem colocar os pés no chão. O sistema de combate foi incrementado com novos combos e a possibilidade de usar equipamentos durante os golpes. MesAinda vai ser lançado

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?

O cavaleiro das trevas ressurgiu nos games em 2009 com o lançamento de Batman: Arkham Asylum. Desenvolvido pela Rocksteady Studios, Asylum foi o primeiro jogo digno e à altura do ícone que Batman representa na mitologia dos super-heróis e no universo da cultura pop em geral. Quase no final de 2011, Batman: Arkham City saiu para Xbox 360, PS3 e PCs – sairá também para WiiU – melhorando o que já era ótimo. Você inicia como Bruce Wayne, preso por Hugo Strange no Arkham Asylum. Na trama, vários bairros foram isolados do resto de Gotham pelo prefeito, dando forma a uma prisão gigante chamada

Incógnita

mo contra vários inimigos, a luta fica cadenciada com a sequência certa de botões, sem ficar demasiadamente fácil ou difícil. O modo detetive segue essencial para os momentos stealth para calcular os passos contra hordas de inimigos e especialmente eficaz no confronto contra os chefes. 2011 foi repleto de grandes jogos, mas nenhum ficou a altura de Batman. Ampliando o cenário, os modos de jogo, o tempo de gameplay, os desafios e principalmente, aumentando a diversão, Batman: Arkham City é a obra suprema de um super-herói nos videogames e o melhor jogo de 2011. UMA REVISTA PLURAL LARULP ATSIVER AMU

Fuja. É fria!

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Assassinos na Revolução Americana

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///DVDs

Depois de Jerusalém, Veneza, Constantinopla e outras locações históricas, o próximo capítulo da franquia Assassin’s Creed será ambientado na revolução norte-americana. Os rumores foram confirmados no dia 2 de março, quando a Ubisoft divulgou as capas oficiais de Assassin’s Creed 3 para PS3, Xbox 360 e PC. Nas imagens, é possível percerber a antiga bandeira colonial utilizada durante a luta pela independência. AC3 chega às lojas dia 30 de outubro. (M.F.)

De volta à guerra

Já saiu, e é quentuxo

A arte da polêmica

A arte do insulto, de Rafinha Bastos, foi recolhido das lojas. Mas não deveria ser levado tão a sério assim Quase no final do show que dá origem ao DVD A arte do insulto, Rafinha Bastos conta que usou uma camisinha com “efeito retardante”, que retardou tanto que seu pênis foi internado na Apae. Achou graça? Pois é, muita gente não achou e entrou na Justiça, que determinou que o comediante retirasse das lojas o DVD. Com todo esse imbróglio, a verdade é que A arte do insulto não deveria ser levado tão a sério assim. Ainda vai ser lançado

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COTAções

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A Eletronic Arts começa a divulgar as primeiras informações de Medal of Honor: Warfighter, que estará disponível para PC, Xbox 360, e PS3. A produtora revelou que o jogo de tiro em primeira pessoa contará com um modo cooperativo. A modalidade “one shoot one kill” promete um grau de dificuldade maior. Também foi confirmado o retorno de alguns personagens, como Mother, Voodoo e Preacher. Já nos cenários, até agora as Filipinas foram divulgadas. O Lançamento de MoH: Warfighter está agendado para 23 de outubro. (M.F.)

Incógnita

Tirando a piada infeliz que citei no começo, o show, no contexto geral, rende gargalhadas. Claro, os 60 minutos da apresentação muitas vezes beiram o limite entre o humor negro e o intolerável, mas o gaúcho sai de cena com a plateia ganha. Acredito que a decisão da Justiça não volte atrás, e o DVD continue proibido. Então, quem tem, possui uma certa raridade em mãos. Ou apenas um “efeito retardante”. (Pablo Tavares)

Fuja. É fria!

Fotos: Divulgação,


O Q U E V A L E A P E N A N A C U LT U R A P O P.

///LIVROS

49 UMA REVISTA PLURAL LARULP ATSIVER AMU

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A estrada escura, de Dennis Lehane

A visita cruel do tempo, de Jennifer Egan

É verdade o que diz a citação do Los Angeles Times logo na capa: este é o melhor livro que você terá nas mãos. Vencedor do Pulitzer, o título acaba de ser publicado pela Intrínseca, editora que fez um excelente trabalho oferecendo uma edição de qualidade, preço acessível, boa tradução e criativa capa do quadrinista Rafael Coutinho. Dotado de uma genialidade difícil de explicar, o livro da norte-americana convidada da Flip Jennifer Egan conta com 13 histórias amarradas por uma infinidade de personagens que se cruzam e os efeitos que o tempo causa na vida, nos sonhos e nas desilusões de cada um. Com uma narrativa ousada, que varia vozes e estilos sem jamais cansar o leitor, a obra se trata de um daqueles livros que, ao chegar ao final, você gostaria que tivesse continuação – como não há, o desejo é voltar à primeira página e simplesmente recomeçar. (Marina de Campos)

///CDs

Provavelmente o escritor contemporâneo que mais honra o gênero policial imortalizado por mestres como Dashiell Hammett e Raymond Chandler, Dennis Lehane retorna às prateleiras brasileiras com A estrada escura, livro que traz de volta os personagens do romance Gone, baby, gone passados mais de dez anos. Autor de livros que ficaram famosos após serem adaptados para o cinema - como os excelentes Sobre Meninos e Lobos e A Ilha do Medo – ele afirma ter ficado curioso com o paradeiro de Amanda McCready, personagem chave do primeiro romance, o que o fez trazer de volta o casal de detetives Patrick Kenzie e Angie Gennaro para um nova e inesperada investigação. (M.C.)

Born to die, de Lana Del Rey

Um dos discos mais comentados – e bem sucedidos – de 2012, Born to die é a estreia da indecifrável cantora Lana Del Rey, recém-premiada como Revelação no Brit Awards. Tachada por alguns de ‘artista inventada’ e por outros de brilhante e inovadora, ela desperta a curiosidade de todos por seu estilo excêntrico e os milhares de boatos que surgiram desde que apareceu no youtube na metade do ano passado. Independente disso, o disco se destaca pelas composições profundas, sarcásticas e morbidamente sedutoras, os arranjos orquestrais de algumas faixas em contraste com a influência do hip hop e da música eletrônica em outras, e pelo modo insolente e despretensioso como Lana se move pela música pop contemporânea como se mal desse importância para o fato de ser a grande aposta do ano. (M.C.)


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+ arte paulinho tscherniak carlos simon

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UMA REVISTA PLURAL LARULP ATSIVER AMU




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