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Pesquisadores da Uepa estudam uso de madeira em embarcações
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Pesquisadores da Uepa estudam uso de madeira
em embarcações Para realizar a pesquisa, os estudantes conversaram com produtores das embarcações em oficinas da cidade, coletaram materiais nos esGrupo estudou as propriedades das madeiras taleiros e realizaram análise no laboratório de Ciência e Tecnologia da Madeira do Campus mais comumente utilizadas nas oficinas locais VIII. A experiência trouxe aprendizados para os estudou as propriedades das madeiras mais comumente utilizadas nas oficinas locais.
Sob a orientação do professor do curso de Engenharia Florestal, Luiz Eduardo Melo, os engenheiros florestais e ex-alunos da Uepa, Marcelo Mendes Braga Júnior, Tharyne Silva Matos, Gabriele Melo de Andrade e Pâmela da Silva Ferreira escreveram os resultados da pesquisa em forma de artigo. Intitulado Technological properties of woods used in boat’s production in the Southeast of Pará, Brazil, o trabalho foi publicado, em língua inglesa, no periódico “Rodriguésia” – revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, classificado como A3 no sistema de avaliação de periódicos, mantido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). alunos que participaram da pesquisa. “Durante Texto *Marília Jardim Fotos Nailana Thiely/Ascom Uepa e Marcelo Mendes Braga Júnior o desenvolvimento do trabalho, evoluímos de forma multidisciplinar. O nosso estudo busca fornecer informações para que a qualidade do produto seja cada vez mais superior, e que a atividade siga gerando emprego e renda no município” - Marcelo Mendes, formado recentemente pela Uepa em Marabá, onde desempenhou as atividades de iniciação científica e de extensão. O estudo caracterizou anatomicamente e determinou as propriedades físicas de espécies de madeira típicas da Amazônia. Ao todo, foram caracterizadas tecnologicamente oito espécies, pertencentes a quatro famílias botânicas diferentes. Os resultados apresentam similaridades Asinuosidade dos rios é característica marcante da região amazônica, além de ser importante e, em alguns casos, principal via de transO começo da pesquisa estava voltado para entender os diversos usos de madeira na cidade Marabá, entre eles, a construção das embarcações. Para o professor Luiz, o uso contribuir para compor um banco de dados em anatomia de madeira das espécies utilizadas na produção das embarcações na Amazônia. “Caracterizamos madeiras de Castanheira (Bertholletia excelsa), Amarelão (Apuleia leioporte. A cidade de Marabá, no sudeste do Pará, desse material na região tem “importância carpa), Jatobá (Dinizia excelsa) e mais algumas não é exceção. O município é banhado pelos rios ímpar, pois está associado ao conhecimento espécies que são tradicionalmente utilizadas Tocantins e Itacaiunas, e parte do cenário da ci- tradicional da população da cidade, e tem pa- para produção dos barcos. Para caracterização dade é formado por canoas, barcos e navios que pel importante também na própria construção dessas espécies, utilizamos as normas como o circulam pela região, transportando mercadorias histórica da região, seja comercial ou cultural, Manual de Identificação de Madeira do IPT e e passageiros. E foi pensando na matéria-prima pois eram em embarcações de madeira que para confirmação da identificação feita, a comdas embarcações – os diversos tipos de madeiras se faziam o transporte da castanha do Pará, paração das espécies com amostras padrão de da região amazônica –, que uma equipe de pes- na época de ouro da extração de castanha, e, uma xiloteca pertencente ao Instituto Agronôquisadores da Liga de Ciência e Tecnologia da ainda é a partir de embarcações de madeira de mico do Norte – Oriental Embrapa” - Tharyne Madeira (LCTM), do Campus VIII da Univer- pequeno e médio porte que a população local Matos, mestranda pela Universidade Federal de sidade do Estado do Pará (Uepa), em Marabá, percorre os rios da região”. Lavras (Ufla) e egressa da Uepa, em Marabá.
anatômicas e físicas nas madeiras, que podem
Resultados
Analisar profundamente as espécies tornou possível listar aquelas que são utilizadas com maior frequência nos estaleiros, já que as madeiras podem ter aparências similares, ser confundidas e utilizadas erroneamente na produção das embarcações. A produção de um banco de dados com informações atualizadas permite que sejam utilizados outros tipos de vegetais, pouco explorados na floresta, evitando que sejam usadas espécies protegidas ou com risco de extinção.“Em nossa pesquisa, constatamos que uma das madeiras empregadas pelos produtores era comprada do fornecedor inicial com o nome popular de “piquiá”, nome que corretamente na região deveria designar a espécie Caryocar villosum. No entanto, esse único nome foi designado para duas amostras de madeira que, na realidade, eram espécies diferentes. Esse erro pode trazer impacto negativo ao meio ambiente já que cada espécie na floresta tem sua característica ecológica que deve ser respeitada para a exploração sustentável”, considera o professor Luiz Mello.
A identificação correta também evita prejuízos tecnológicos na produção de barcos, conforme explica Tharyne: “se por acaso um estaleiro utiliza uma madeira errada para a produção de seus barcos, sem ter conhecimento de que está errada, o uso das embarcações pode apresentar riscos aos navegantes”.
Marcelo ressalta que a pesquisa também procura fornecer informações de qualidade e auxilia, de forma direta, os produtores de embarcações e, de forma indireta, os pescadores e turistas, que utilizam os barcos. “Vale ressaltar também, que derivado dos resultados publicados, fizemos um mini curso com os produtores de embarcações de madeira, por meio do projeto Campus Avançado”. A atividade de extensão da Uepa ensinou técnicas de identificação macroscópica, com uso de lupas e estiletes, para que a população saiba diferenciar os tipos de madeira que podem ou não ser comercializadas, difundindo conhecimento e beneficiando a população local.
Durante o desenvolvimento do trabalho
Grapia/Garapa/Garapeira - Apuleia leiocarpa
Oito espécies foram identificadas como matéria-prima para a produção de barcos na região de Marabá-Pará (Dinizia excelsa, Bertholletia excelsa, Cedrelinga cateniformis, Bagassa guianensis, Enterolobium schomburgkii, Apuleia leiocarpa, Alexa grandiflora, Caryocar villosum ). As espécies mais utilizadas foram Caryocar villosum e Apuleia leiocarpa, cada uma delas foi utilizada em quase 30% das estruturas construtivas dos barcos. Chama a atenção a utilização da madeira de Bertholletia excelsa para esse fim, principalmente devido ao comércio ilegal de madeira na região e à proibição do corte desta espécie.
A maior parte da madeira utilizada na produção de barcos possui algumas semelhanças anatômicas e físicas, tais como, vasos que variam de poucos a poucos numerosos (3-7 por mm²) com diâmetro médio ≥ 200 µm; fibras de comprimento médio (900-1600 µm) e espessura de parede da fibra fina a espessa. Para densidade básica, 87,5% apresentaram densidade média (0,40 a 0,75 g.cm -3 ) e 62,5% apresentaram coeficiente anisotrópico de médio a normal (1,2 a 2). Portanto, sugere que esses valores indicam a qualidade da madeira para utilização na construção naval. Os resultados indicam semelhanças anatômicas e físicas nas madeiras utilizadas para a produção de barcos. Além disso, os resultados obtidos podem contribuir como componentes para um banco de dados da anatomia de espécies madeireiras utilizadas para a produção de barcos na região amazônica, além de subsidiar práticas que contribuam para um controle mais eficaz do mercado madeireiro da região, bem como promover melhor aproveitamento da matéria-prima.
(*) UEPA
Pequiá - Caryocar villosum
Governo publica a Lei que destina recursos da mineração para ciência e tecnologia
Dispositivo determina pelo menos 20% (vinte por cento) dos recursos da CFEM para aplicação em atividades relativas à diversificação econômica
Texto *Fernanda Graim Fotos Arquivo / Ag. Pará, Ricardo Amanajás/ Ag. Pará
Em fevereiro de 2020 (foto) o governador assinou o projeto da lei publicada na segunda-feira 09/11/2020, no Diário Oficial do Estado (DOE)
ODiário Oficial do Estado (DOE) de 09/11/2020, trouxe uma notícia há muito aguardada por toda a comunidade acadêmica, científica e tecnológica do Pará: a publicação da Lei Complementar no 133, de 6 de novembro de 2020. A Lei determina que pelo menos 20% (vinte por cento) dos recursos da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) destinados ao estado sejam reservados para aplicação em atividades relativas à diversificação econômica, ao desenvolvimento mineral sustentável e ao desenvolvimento científico e tecnológico.
A aplicação dos recursos de que trata a Lei Complementar deverá estar em consonância com os planos plurianuais e os orçamentos anuais do estado. Tais recursos ficarão sob a responsabilidade da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet).
O titular da Sectet, Carlos Maneschy, ressalta que a publicação da Lei resgata um compromisso do Governo do Pará com a área de ciência, tecnologia e inovação.
“O governador Helder Barbalho e todo o seu governo entendem claramente a importância estratégica deste investimento pelo estado, na medida em que nós queremos também proporcionar base para o desenvolvimento de áreas da economia onde o conhecimento, a ciência e a tecnologia são insumos prevalentes”, destaca Carlos Maneschy.
Ele lembra que este compromisso já ficou bastante claro quando o Governo do Pará, ainda em 2020, triplicou o orçamento destinado à Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), também presidida pelo Secretário, elevando de pouco mais R$ 20 milhões para quase R$ 70 milhões. Algo que também já está previsto para o orçamento de 2021 da Sectet.
Carlos Maneschy pontuou que com os recursos da CFEM as áreas de ciência, tecnologia, inovação e educação profissional e tecnológica terão uma nova perspectiva, já que tais recursos representam cerca de cinco vezes mais o atual orçamento da Sectet, que é de menos de R$ 20 milhões.
“Tem sido assim já ao longo de muitos anos e, se você observa que esta Lei trabalha para incorporar cerca de 80 a 100 milhões de reais naquilo que a Secretaria já faz, isso seriam cinco vezes mais. É uma variação imensa realmente. Aí vamos manter certamente o que já fizemos até agora e vamos expandir a expectativa de atuação”, afirma o Secretário.
A Lei Complementar prevê que 75% desses recursos sejam destinados para o desenvolvimento da Ciência, da Tecnologia e da Inovação Tecnológica, bem como para apoiar a formação profissional no estado, estando vedada a utilização dos recursos para pagamento de pessoal.
Já os outros 25% devem ser destinados para promoção e apoio a startups e micro e pequenas empresas inovadoras e/ou de base tecnológica. “É importante dizer que o Governo não está apenas fazendo investimentos em projetos, pesquisas e em desenvolvimento de práticas e teorias, mas está também fazendo investimento nas pessoas, na sua gente, que é aquilo que o governo entende que é o que o estado tem de maior valor.
De novo é a tentativa de abrir aqui um horizonte de exploração econômica que usa a base tecnológica, a inovação, as empresas inovadoras, empreendedores inovadores de tal maneira que se consiga mudar também a base produtiva do estado”, explica Maneschy.
Quanto à aplicação detalhada dos novos recursos, o Secretário esclarece que será discutida em reunião, a ser realizada em dezembro, com o Conselho Estadual de Ciência, Tecnologia e Educação Técnica e Tecnológica (Consectet). Ele destaca também que a responsabilidade pelo recebimento e aplicação dos recursos é da Secretaria, mas a Lei prevê
O governador Helder Barbalho ano passado no Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, visitando laboratórios e negócios inovadores nas áreas da ciência, da tecnologia, inovação e da biodiversidade regional a possibilidade de fazer destaques orçamentários para outras secretarias, caso se entenda que algumas ações desenvolvidas tenham mais adequação à missão daquele órgão em particular. Para Carlos Maneschy, a publicação da Lei Complementar 133 pelo Governo do Pará resgata a importância de fazer com que a ciência, a tecnologia, a inovação e formação profissional sejam vetores importantes de um desenvolvimento mais inclusivo e com muito maior sustentabilidade no estado.
(*) SECTET
Escola Indústria do Chocolate em Igarapé-Miri
Recentemente 03/11/2020, o Governo do Pará entregou à população de Igarapé-Miri, no nordeste do Estado, a Escola Indústria de Chocolate. Além de fomentar a geração de emprego e renda na região, a iniciativa do Estado visa alavancar a verticalização da cadeia produtiva de cacau, ampliando seus benefícios socioeconômicos, através da geração de conhecimento agregando valor ao cultivo do fruto no Pará.
No ato de entrega, o governador Helder Barbalho, acompanhado da deputada federal, Elcione Barbalho; do líder do governo na atual legislatura, o deputado estadual Chicão e do secretário, Hugo Suenaga, da Secretaria de Estado e Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), destacou a importância de mais uma unidade de incentivo à produção local e a sua verticalização“.
O que nós estamos fazendo nesta parceria é fazer com o que o estado do Pará não seja meramente o maior produtor de cacau. E sim, fazer do cacau e da amêndoa, a produção do chocolate, que possamos fazer a manteiga, a polpa e possamos garantir que todos os produtos advindos do cacau possam, aqui no nosso Estado, gerar riqueza.
Texto *Lilian Guedes Fotos Marco Santos / Ag. Pará
Com esta escola, nós estamos garantindo com que o pequeno produtor possa saber da potencialidade da sua produção, que ele possa conhecer o produto e saber como fazer”, ressaltou o chefe do executivo.
Como o maior produtor de cacau do Brasil, o estado do Pará, tem com esta entrega, a sua 2ª escola indústria em pleno funcionamento, com a primeira entregue para o município de Altamira, em 2019. Em parceria com a Faepa e o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem), este projeto do Governo vai implantar um total de seis escolas de beneficiamento de cacau, sendo uma móvel e cinco fixas que serão construídas nos municípios de Igarapé-Miri, Altamira Medicilândia, Castanhal e Tomé-Açu.
Para o titular da Secretaria de Estado e Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), Hugo Suenaga, a escola indústria reforça o compromisso do governo do Estado na atuação do setor produtivo, principalmente na cacauicultura, com o alinhamento dos setores para que possa ter bons frutos no futuro e gerar emprego e renda e reverter à exportação do cacau como matéria-prima “Esse projeto através da transferência de tecnologia e assistência técnica que o Senar vem desenvolvendo e vai contribuir com a verticalização do cacau e capacitar a comunidade e a região para que possam cada vez mais transformar as amêndoas e o cacau em chocolate”, afirmou o secretário, que acrescentou “a nossa meta em cada unidade dessa é capacitar cerca de 5 mil pessoas por ano e cada vez mais qualificar a nossa mão de obra de uma forma que eles se tornem grandes empreendedores do futuro”, finalizou.
Agricultor da região há 20 anos, Cláudio Portilho, diz que a capacitação, através da escola-indústria vem para trazer a valorização do produto e capacitar o produtor
“Através desta capacitação, a gente pode fazer nossa produção local e nós mesmos industrializarmos e valorizarmos o nosso produto, algo que era bem difícil antes desta iniciativa, porque através desta parceria ficou mais fácil para conseguirmos uma linha de crédito do Banpará para poder produzir e empreender”, frisou o agricultor.
Projeto Escola-Indústria
A proposta é promover palestras técnicas sobre o manejo do cacau ao chocolate com aulas práticas, onde os participantes terão a oportunidade de compartilhar de aulas práticas e vivenciar o contato com o maquinário para o aprendizado da produção de chocolate.
A apreciação da beleza pode promover o aprendizado perceptivo
Texto *Ingrid Fadelli Fotos Sarasso et al., Sebastian Gabriel, Unsplash
P“ uando o navio de pesquisas alemão “Polarstern” retornar ao seu porto de origem, Bremerhaven, na segunda-feira (12 de outubro), após um ano no Ártico, o líder da expedição Markus Rex também estará a bordo.
“Parar” e “ver” são componentes cruciais de muitos tipos de práticas meditativas, incluindo a meditação Zen budista. Na verdade, essas práticas normalmente envolvem a cessação de todas as atividades para observar os pensamentos, sentimentos e sensações que surgem em um determinado momento, bem como sons ou outros estímulos sensoriais no ambiente circundante.
Na meditação budista, “parar e ver” refere-se essencialmente ao processo de não se envolver com desejos ou delírios da mente e ver a “verdade”, ou seja, perceber as coisas exatamente como são, sem interpretá-las ou tentar mudá-las. Combinados, esses dois conceitos resumem a antiga crença e noção filosófica de que a inibição da ação e a observação / sintonização com estímulos sensoriais podem aumentar a consciência e a apreciação, ajudando a estabelecer uma conexão espiritual com o que nos cerca.
O estado contemplativo e consciente que pode ser experimentado durante a meditação é comparável ao que uma pessoa pode sentir ao observar um espetáculo natural de tirar o fôlego (por exemplo, um pôr do sol, uma cachoeira, as estrelas no céu noturno, etc.), uma obra de arte criativa (ou seja, , uma pintura, um filme, etc.) ou qualquer outro fenômeno, coisa ou pessoa que ele / ela considere esteticamente agradável. Em outras palavras, a beleza parece nos encorajar a parar e abraçar o momento presente. Fascinado pelos efeitos que a observação de algo que achamos belo pode ter em nosso cérebro e percepções, pesquisadores da Universidade de Torino revisaram recentemente a literatura anterior focada neste tópico e enraizada em diferentes disciplinas (por exemplo, neurociência, psicologia, ciência da computação e filosofia). Eles então apresentaram um resumo das descobertas coletadas até agora, junto com suas considerações, em um artigo publicado na revista Neuroscience and Biobehavioral Reviews da Elsevier .
No geral, os resultados dos estudos que esses pesquisadores revisaram em seu artigo sugerem que as emoções decorrentes da observação de elementos esteticamente agradáveis desempenham um papel crucial na forma como as pessoas adquirem novos conhecimentos e se adaptam ao ambiente circundante. Essa ideia está ligada a teorias introduzidas no passado, como a noção romântica de “primazia da estética sobre a razão” ou a filosofia grega clássica.