Revista Auê #47

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CAPA


DANIELE


E KYMIO


ASE


ENG


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08 12 16 18 24 28 30 34 38 ECONOMIA

SOCIEDADE

NA CAPA

SAÚDE

ESPORTE

CRÍTICA

HISTÓRIA

EDUCAÇÃO

COMPORTAMENTO

Projeto gráfico: Douglas Augusto/ Rodrigo Holtermann Fotografia: Guilherme Bays Unhas: Studio +Bella Esmalteria e Cuidados Make-up: Anne Kevillyn

Kleber José Editor chefe

Atendimento: Kleber José - 61 9 9975 0607 Circulação: Formosa GO e região

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ORTOBOM


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ECONOMIA

Uma nova cultura empreendedora? O Brasil foi contaminado por um surto de empreendedorismo. Nos últimos anos, com a crise econômica, milhões de brasileiros optaram por ter seus próprios negócios, movidos por necessidade e falta de alternativas, mas o fenômeno começou muito antes e por outras razões. De acordo com a OCDE, de 2005 a 2014 — antes da crise — enquanto o número de empresas em atividade em Portugal caiu 1,3% a.a., na Espanha caiu 1% a.a., nos EUA cresceu apenas 0,4% a.a., no Brasil ele cresceu 5% a.a. Só em 2018, cerca de 2,5 milhões de novas empresas devem ser abertas aqui. No Brasil, 35% das empresas existentes têm menos de dois anos. Considerando-se o ambiente de negócios desafiador no Brasil, com muita burocracia, impostos elevados, baixa disponibilidade e alto custo de financiamento, esses dados surpreendem. Ocorreu uma mudança comportamental da população brasileira que está reconfigurando o mercado de trabalho. Mais novas empresas serão criadas do que novos empregos formais e informais, que devem ser de cerca de 2 milhões. Deles, dois de cada três novos empregos, cerca de 1,3 milhão no total devem ser de novos empregadores, trabalhadores por conta própria e em micro e pequenas empresas. No ano passado, foi parecido. Enquanto o número de empregadores, funcionários por conta própria e trabalhadores sem carteira cresceu mais de 5%, o número de trabalhadores com carteira caiu 2%. O Brasil juntou-se aos países desenvolvidos, onde há algum tempo tem aumentado o trabalho por conta própria, em função de novas tecnologias e contratos de trabalho mais flexíveis. Aqui, a Reforma Trabalhista deve impulsionar ainda mais essa tendência. Por outro lado, se a vontade e coragem de empreender no Brasil cresceram, as ambições são, em geral, ainda baixas. De acordo com o Global Entrepreneurship Monitor, no Brasil só 4% dos empreendedores esperam criar 6 ou mais empregos nos próximos 5 anos. No México 10% deles têm essa ambição, nos EUA 34% e na Romênia, 40%. Para piorar, nosso empreendedorismo é pouco inovador. Só 12% dos empreendedores brasileiros oferecem um produto ou serviço novos a seus clientes, contra 18% dos mexicanos, 37% dos americanos e 41% dos canadenses. O crescimento do empreendedorismo no Brasil é uma boa notícia, mas a qualidade dos novos empreendimentos precisa melhorar. Nas próximas eleições, seria ótimo elegermos candidatos com projetos para qualificar a força de trabalho, que invistam mais em P&D, reduzam a burocracia — em particular a regulamentação ambiental e trabalhista e o código do consumidor — que aperfeiçoem a segurança jurídica e as leis de propriedade intelectual, de concorrência e falências, que reduzam a complexidade e a carga tributária e que facilitem o acesso a novos mercados, abrindo a economia brasileira. Aí, ninguém segura o Brasil.

Por Ricardo Amorim

Colunista ISTOÉ - Economista, apresentador do “Manhattan Connection” (Globo News) e presidente da Ricam Consultoria





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SOCIEDADE

Por que não falar sobre suicídio? Um fantasma ronda a imprensa desde os seus primórdios: o temor de reportar casos de suicídio. As razões desse receio são perfeitamente compreensíveis. O tema é envolto por um véu de sofrimento e perplexidade. Para familiares de suicidas, o sentimento de culpa é inescapável. Como em todo luto, há negação, raiva e tristeza. E há mais: no suicídio é preciso tentar entender e aceitar as razões de quem decidiu abreviar a vida, contrariando o instinto de sobrevivência comum a todas as espécies. Falar sobre quem morreu é sempre uma tarefa delicada para a mídia, mas mesmo nas maiores tragédias humanas o sentimento que prevalece é o da consternação com a morte.

Morrer é uma certeza sobre a qual as dúvidas prevalecem: exceto alguns pacientes desenganados, quase ninguém sabe como, quando, onde ou de quê irá morrer. Matar a si próprio é impor uma certeza sobre todas as dúvidas, exceto uma: como seria o restante da vida se a escolha de morrer não triunfasse. O suicídio, em muitos casos, pode ser um ato extremo de comunicação: uma busca sem volta de expor sentimentos antes represados. Segundo o alerta “Prevenir suicídio — um imperativo global” (2014), da Organização Mundial de Saúde, uma prevenção eficaz depende de inúmeros fatores — entre eles, informação de qualidade. Negligenciar as ocorrências pode aumentar o risco de novas tentativas. A mídia tem o dever de dar à sociedade a melhor informação para evitar que as pessoas se desencantem com a vida. E talvez estejamos falhando em ajudar quem sofre com a perda de um ente querido a lidar com essa angústia. “Os Sofrimentos do Jovem Werther”, obra do poeta alemão Goethe lançada em 1774, narra como uma desilusão amorosa levou o personagem do título ao suicídio. A publicação do romance, embora ficcional, provocou uma onda de suicídios pelo mesmo motivo, no que ficou conhecido com “Efeito Werther” — uma das razões pelas quais criou-se o tabu de que a divulgação de um suicídio pode estimular novos casos. Tal crença poderia ser válida no século 18 de Goethe, mas não sobrevive aos tempos atuais de comunicação instantânea, em que tais atos são cometidos ao vivo diante de câmeras de tevê ou transmitidos em tempo real por redes sociais. Negar a existência dessas ocorrências é um equívoco tão grande quanto acreditar que torná-las públicas são decisivas para que outros escolham o mesmo destino. Um dos princípios do jornalismo é buscar a verdade.

Por Celso Masson Colunista ISTOÉ





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CRÍTICA

O lado bom dos desastres Seria viável dizer que existe um lado bom nos infortúnios? Para Nietzsche, sim. Segundo Alain de Botton, ele “viu nas dificuldades um pré-requisito decisivo de satisfação e concluiu que as formas açucaradas de consolação eram, em sua essência, mais cruéis do que úteis”. Seria a velha máxima das academias de ginástica: “No pain, no gain”? Os infortúnios do Brasil são positivos. Não que eu seja masoquista ou sádico. O sofrimento faz parte do crescimento das pessoas e das nações. Para nascer, o pinto faz um esforço sobre-humano para quebrar a casca do ovo. O bebê também sofre ao sair do útero da mãe. O mundo não cresce por meio de cesarianas facilitadoras. O Brasil sofre como parte natural do amadurecimento das nações. E as nações fortes, assim como os pitares de navio, aprendem com as dificuldades. Coreia do Sul e Japão floresceram após guerras trágicas. A Europa pós-Segunda Guerra Mundial se uniu. Os desastres do mundo foram pedagógicos para as nações. O Brasil foi poupado pelas circunstâncias dos desastres que assolaram outras grandes nações. Não temos desastres naturais recorrentes, como terremotos e furacões. Nem temos vizinhos hostis com projetos de expansão à nossa custa. Não temos nazistas nem norte-coreanos por perto. A maioria esmagadora dos desastres em nosso meio são de produção nacional. De nossa própria autoria. Nesse ponto, somos muito parecidos com os argentinos. O Rio de Janeiro está como está por conta das decisões de suas elites, onde se incluem a mídia, os intelectuais e os empresários que restaram.

São Paulo teria todas as condições para estar em situação pior que a do Rio de Janeiro. Não está porque as decisões tomadas pelos paulistas foram bem melhores que as decisões dos cariocas e dos fluminenses nos campos político, cultural e enconômico. Simples assim. O Rio de Janeiro vai renascer lindo e forte. Como um Japão pós-explosão nuclear. Mas não agora. Terá de sofrer muito ainda para fazer a sociedade tomar pé da situação e se organizar. Não a partir de velhos chavões de uma esquerda conservardora ou de uma direita corrupta — ambas clientelistas. Novas forças devem emergir. Mas melhor do que crescer com os desastres é escapar deles. Na linha do que disse o genial Gustavo Cerati: “Electrizado le escapé (…) De que desastre me salvé (…) En buena hora me solté.” Meus filhos me deram essa música de presente em uma situação difícil. Foi uma lição “nietzschiana” de filho para pai que muito me serviu.

Por Murillo de Aragão Colunista ISTOÉ


+ BELLA ESMALTERIA


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SAÚDE

O SUS e as terapias alternativas A polêmica é inevitável na mesma dose em que se faz desnecessária. Ao disponibilizar no SUS vinte e nove terapias alternativas, o Ministério da Saúde acertou ou errou? Quer se defenda uma posição ou outra, o fato é que cada uma delas tem a sua ponta de razão. O CFM julga que o ministério comete um equívoco, sobretudo porque as terapias alternativas não se adequam à eficácia e à segurança, fatores imprescindíveis ao exercício da medicina. Isso ocorre porque tais métodos (à exceção da acupuntura e homeopatia) não trazem consigo comprovação científica. Em decorrência da auto sugestão, um paciente até pode apresentar sinais de melhora em seu quadro de enfermidade, mas essa situação é efêmera e está longe de se traduzir em tratamento. O CFM considera um absurdo as autoridades terem colocado sob a guarda do SUS as práticas que geram apenas efeito placebo, e isso no momento em que o nosso sistema público de saúde está falido e sem verba para os procedimentos mais elementares. Aqueles que defendem a iniciativa do governo federal afirmam que a medida do ministério está de acordo com todos os protocolos da OMS: o conforto emocional do paciente tem sempre de ser levado em conta, ou seja, ele tem o direito de seguir o tratamento no qual acredita — até porque o efeito placebo, em alguns casos, ajuda na recuperação. Assim, cabe ao profissional da saúde explicar claramente em que consiste o tratamento comprovado pela ciência e também o caminho da terapia alternativa, até porque as duas possibilidades não são conflitantes nem excludentes. Se as crenças do enfermo o beneficiam no tratamento científico, tanto melhor. Há em todo o mundo diversas publicações sobre abordagens não convencionais, como, por exemplo, o “European Journal of Integrative Medicine” e o “American Journal of Chinese Medicine”. No Brasil, o próprio Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) financia estudos e pesquisas nesse campo. Em relação à falência do SUS, que é pública e notória em todo o País, a argumentação dos que se opõem ao CFM segue a seguinte linha de raciocínio: não será a introdução de terapias integrativas que quebrará ainda mais o sistema. A mazela que o faliu por inteiro tem outro nome: é a corrupção generalizada em todos os setores da vida pública. Concluindo: se alguém crê nesses métodos não convencionais e quer se tratar por meio deles, tem todo o direito, democraticamente, de encontrá-los no SUS. A questão é republicana. Como se disse, há razão nas duas pontas. O importante, repita-se, é o médico que assistir o paciente expor, com clareza, as consequências, resultados e efeitos (desejados e colaterais) dos tratamentos heterodoxos e dos tratamentos já comprovados em amplas pesquisas pela ciência.

Por Antonio Carlos Prado Editor executivo ISTOÉ





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HISTÓRIA

Os 130 anos da abolição

O Brasil novamente vai ignorar uma importante efeméride: os 130 anos da abolição da escravatura. O 13 de maio de 1888 foi uma ruptura revolucionária em um País marcado pelo conservadorismo, pela conciliação entre as elites, pela enorme dificuldade de enfrentar as graves contradições sociais. Não é possível falar da abolição sem recordar o primeiro movimento de massas da nossa história: o abolicionismo. A mobilização popular nos anos 1880 foi fantástica. Jornais, panfletos, livros — o célebre “O Abolicionismo”, de Joaquim Nabuco, foi um marco —, reuniões, músicas, peças teatrais, passeatas, transformaram a última década do Império em um momento especial. O abolicionismo entusiasmou o Brasil. Três províncias — como eram chamados os estados durante o período imperial – aboliram a escravidão muito antes da Lei Áurea (denominação dada por José do Patrocínio): Amazonas, Ceará e Rio Grande do Sul. No Ceará — a primeira província a abolir a escravidão —, a grande figura foi Francisco José do Nascimento, o dragão do mar. Liderou os jangadeiros que se recusaram transportar escravos para os navios que se dirigiam ao sul do País. Nas principais cidades foram formadas associações que lutaram pelo fim da escravidão. Em São Paulo marcou época a Sociedade dos Caifazes, liderada por Antônio Bento, que, com o apoio dos ferroviários, transportou milhares de escravos fugitivos para o quilombo do Jabaquara, em Santos. Raul Pompeia e mais 80 colegas abolicionistas foram obrigados a terminar o curso de Direito em Recife, tendo em vista a perseguição que sofreram por parte de professores escravocratas das Arcadas. Com a República, o 13 de maio acabou entrando no calendário dos feriados cívicos. Foi passando o tempo e a data acabou sendo esquecida. Mais que a data, o acontecimento, seu significado para a nossa história — não custa recordar que o Brasil foi o último país a abolir a escravidão no continente americano — foi apagado, como se não tivesse importância. Como se a abolição fosse uma concessão da elite dominante e não produto da maior mobilização popular que o País tinha assistido até então. Hoje, com o domínio da (medíocre) sociologia produzida nos EUA, falar no 13 de maio é considerado démodé. Os ventríloquos do novo imperialismo cultural querem fomentar uma guerra racial. Até os negros não são mais brasileiros; agora são afrodescendentes.

Por Marco Antonio Villa

Colunista ISTOÉ - historiador, escritor e comentarista da Jovem Pan e TV Cultura. Professor da Universidade Federal de São Carlos (1993-2013) e da Universidade Federal de Ouro Preto (1985-1993). É Bacharel (USP) e Licenciado em História (USP), Mestre em Sociologia (USP) e Doutor em História (USP).


MERCATTO


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EDUCAÇÃO

Acesso ao ensino superior O maior objeto de desejo para a larga maioria dos jovens é obter um diploma universitário, não só pelo status social que isso traz, mas também porque representa maiores oportunidades de emprego qualificado no mundo do trabalho. Estudos do economista Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas/RJ, mostram que, para cada ano de estudo, há um impacto médio de 12% na renda do trabalhador. Mas, se essa pessoa tem ensino superior, o impacto é de 36%. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontam que, no período de janeiro a maio do ano passado, havia menos 102.483 vagas voltadas para trabalhadores com ensino fundamental completo ou incompleto – ou seja, os postos de trabalho “encolheram” para aqueles com menos instrução; por outro lado, para trabalhadores com ensino médio e/ou ensino superior, mesmo que incompleto, o saldo foi positivo, com 85 mil novas vagas disponíveis! Na perspectiva do aumento da produtividade de uma nação, o impacto mais significativo ocorre a partir dos onze anos de escolaridade. Ou seja, o impacto médio dos anos associados ao ensino superior na produtividade do trabalho é de 25%. Apesar do reconhecimento do valor do ensino superior, o percentual de jovens de 18 a 24 anos (faixa etária esperada para cursá-lo) com acesso a ele ainda é muito baixo no Brasil, não obstante o crescimento verificado na última década. Atualmente, para cada 100 jovens nessa faixa etária, apenas 18 estão no ensino superior, número bem inferior aos verificados em países vizinhos, como Argentina, Chile e Uruguai. Para acelerar esse crescimento, a Meta 12 do Plano Nacional de Educação (PNE), que se encerra em 2024, se refere especificamente à expansão do ensino superior no Brasil. De acordo com ela, pretende-se chegar a um percentual de 33% de jovens de 18 a 24 anos nesse nível de ensino. Se considerarmos o crescimento verificado nos últimos cinco anos (2011 a 2015), o país não alcançará essa meta, que já foi a mesma colocada no PNE anterior, de 2001 a 2010. Contribuem para isso pelo menos dois importantes fatores: o crescimento do número de desempregados jovens e a redução do financiamento público de estudos nas instituições particulares de ensino superior via Fies – importante instrumento de financiamento do ensino superior para jovens de baixa renda, que, no entanto, atende apenas a uma pequena parte do contingente jovem nessa situação. Adicionalmente, e não menos relevante, há outro fator que, se não resolvido, será o impeditivo determinante para o alcance dessa meta do ponto de vista não do ingresso na universidade, mas da permanência e da conclusão dos estudos: a baixa qualidade da educação básica em nosso país. Muitos jovens até conseguem entrar na universidade, mas não alcançam o êxito esperado, em função dos significativos déficits de aprendizagem que trazem consigo. Por exemplo, de cada 100 alunos que concluem o ensino médio – e que estariam a priori aptos a tentar uma vaga na universidade –, apenas sete aprenderam o que seria esperado em matemática; em língua portuguesa, esse número é um pouco maior – 28, mas nada animador. Portanto, para que o sonho do acesso ao ensino superior se realize, é preciso fazer dois grandes movimentos: melhorar a qualidade da educação básica e ampliar as fontes de financiamento para os jovens de baixa renda. Isso requer que o país, de fato, priorize a educação e a veja como o novo nome do desenvolvimento, como diz o movimento Santa Catarina pela Educação. Se para alguns isso pode parecer custo, para outros significa investimento. Como diz Derek Bok, ex-presidente da Universidade de Harvard: se você acha a educação cara, experimente a ignorância.

Por Mozart Neves

Colunista ISTOÉ - Diretor de Articulação e Inovação do Instituto Ayrton Senna. Foi reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), secretário de Educação de Pernambuco (2003-2006) e presidente do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação). Foi presidente executivo do Todos Pela Educação (2007-2010)





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ESPORTE

A corrida de rua é sinônimo de saúde

É crescente a busca por melhor qualidade de vida na sociedade moderna, que apesar das mudanças comportamentais diretamente ligadas a escassez de tempo, má alimentação e falta de uma atividade física regular, modelam o indivíduo a um perfil sedentário e com possibilidades de adquirir doenças graves. Dentro desse contexto, as atividades físicas praticadas ao ar livre tem ganhado força promovendo potencialmente a melhora da qualidade de vida. Entre essas práticas podemos destacar a corrida de rua que vem sendo ator principal nesse cenário cotidiano da sociedade moderna, na busca por melhor saúde física e psíquica, aprimorando as relações interpessoais e permitindo que vejamos os ambientes por onde passamos para correr por outro prisma. O Grupo Top Run, Ases do Asfalto, um dos precursores em corrida de rua na nossa cidade, tem desempenhado esse papel, promovendo encontros de amigos para correr pelas ruas de Formosa. No dia 02 de abril de 2018 teve inicio mais um evento promovido pelo grupo: 3º Desafio Top Run, cujo objetivo primário era promover saúde através da corrida, motivar os corredores iniciantes e mais inexperientes e interagir os participantes. Foram formadas 7 equipes com 12 integrantes cada; disputando diariamente, quilômetro a quilômetro, metro a metro até o dia 28 de abril. No domingo (13/05/2018), no Laguinho do Vovô, ponto de encontro do grupo, aconteceu o fechamento do desafio tendo como última etapa uma corrida de 6km e em seguida os festejos com um café da manhã para os atletas e uma homenagem ao dia das mães finalizando com a premiação das equipes campeãs. Agradecemos aos administradores do grupo que muito se empenharam em realizar esse que foi o maior evento já promovido pelo Top Run; agradecemos aos Órgãos de Segurança Pública e ao empresariado de Formosa que apoiaram essa festa.

Por Karla Dias Montalvão Equipe Top Run





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COMPORTAMENTO

Mãe é mãe! O politicamente correto e o movimento feminista têm atacado o conceito de maternidade, o que demanda uma reação de quem compreende a função insubstituível de uma mãe. Vemos até iniciativas para trocar o Dia das Mães por um vago “Dia da Família”, sendo que por família se entende qualquer coisa atualmente. Huxley, em seu “Admirável Mundo Novo”, imagina um mundo em que a simples ideia de mãe produz aversão nas pessoas, e só o “selvagem” preserva esse apego maternal. Estamos quase lá? A naturalidade com que se fala em aborto, como se fosse análogo a cortar o cabelo, ou o ódio que feministas radicais sentem da mulher que escolhe cuidar dos filhos, assim como o casamento tido como uma “luta de classes”, mostram que sim. Pai e mãe deixaram de ser complementares e se tornaram inimigos no imaginário “progressista”. Li esses dias “Presente do Mar”, de Anne Morrow Lindbergh. São belas reflexões de uma mulher de meia-idade escritas há meio século. A autora tenta se equilibrar entre suas diferentes funções: mulher de uma figura pública, mãe de cinco e aviadora, além de escritora, podemos imaginar que suas tarefas eram mesmo hercúleas. O livro mostra com delicadeza os desafios da mulher moderna, sem cair na conversa fiada do feminismo radical. Ao contrário, ela admite que, na tentativa de se emancipar, de se provar igual aos homens, a mulher foi levada a competir com o homem em suas atividades externas, negligenciando suas fontes interiores. Para Anne, a mulher deve ser como o eixo da roda, que permite, com sua força estável, que o mundo continue a girar. Sem essa característica, ela acha que a família, a sociedade e talvez a própria civilização corram perigo. Difícil discordar quando vemos tantas famílias desestruturadas hoje em dia, como reflexo dos anos 1960. Pessoas com bom senso entendem que o feminino e o masculino não são iguais, tampouco inimigos. Jordan Peterson, em “12 regras para a vida”, alega que a emasculação geral representa uma ameaça às nossas liberdades: “Quando a suavidade e ser inofensivo se tornam as únicas virtudes conscientemente aceitáveis, então a dureza e o domínio começarão a exercer uma fascinação inconsciente. Em parte, o que isso significa para o futuro é que, se os homens são pressionados demais para se feminilizarem, ficarão cada vez mais interessados em uma ideologia política dura e fascista”. É a mãe que, normalmente, traz mais doçura e amor para dentro de casa, que representa a estabilidade do lar, que garante a estrutura familiar. O pai é a Lei, o limite, a ordem. Houve uma época em que se entendia no Ocidente a importância dessa distinção e combinação. Será que ainda há tempo para se lembrar de que mãe é mãe, figura essencial para a sobrevivência de nossa civilização?

Por Rodrigo Constantino

Colunista ISTOÉ - economista, escritor e um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.




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