# C O M P O R TA M E N T O / # E S T I L O / # S O C I A L / # C O LU N A S / # E N T R E T E N I M E N T O
#23 MARÇO 2015 DISTRIBUIÇÃO G R AT U I TA
Informação de A a Z
UMA LIÇÃO DE
ESPERANÇA Portador de uma doença neurológica, o radialista Fabiano Fernandes se adapta à nova vida e dá um exemplo de otimismo ao contar como está renovando sua conexão com a natureza e também com o próximo
PODEROSAS
IMPUNIDADE
POR UM FIO
Mulheres modernas mostram que empreender é a moda atual
Dois anos depois, crimes contra os cães de Tibiriçá seguem sem punições
Entidade que atende soropositivos, Sapab está perto de fechar as portas
TAMBÉM NESTA EDIÇÃO: AZ! TEM NOVO TIMAÇO DE COLUNISTAS · PADRE BETO DIZ: “NÃO VÃO ME CALAR” · O ADEUS AO CHEF QUE ENCANTOU BAURU
#EDITORIAL
Revista Az! | ano 05 / número 23 Diretor Geral: Rodrigo Chiquito
NOVA APROVEITE!
Jornalista responsável: Bruno Mestrinelli Direção de Arte e Design: Leila Antonelli Logística/Finanças: C&D Soluções Equipe comercial: Andréa Subitoni e Amélia Silva Conselho Editorial: Bruno Mestrinelli e Rodrigo Chiquito Fotografia: Cristiano Zanardi, Thaís Augusto
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arço marca o lançamento das edições mensais da sua revista preferida, a Revista Az!. São 84 páginas de conteúdo com qualidade, informação e diversão. Aproveite para apreciar nossos conteúdos diferenciados, únicos no mercado editorial bauruense. Aliás, é importante lembrar que são cinco anos ininterruptos de publicações, que já colocam a Az! entre as principais publicações de Bauru. Em números únicos de tiragem por edição, a Az! já é líder de mercado e comprova a sua tiragem. É uma maneira de presentear Bauru com um produto de qualidade todo mês. Desde sua fundação, a Az! circulou com edições bimestrais. Falando em aproveitar e vivenciar os momentos, esta revista tem uma matéria mais que especial com o radialista e jornalista Fabiano Fernandes. Portador da ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica), uma doença degenerativa, que ficou conhecida no mundo todo com o desafio do balde de gelo. O recado dele para os leitores foi simples:
Ferreira, Narjara Lousano, Lauro Neto,
aproveitem a vida, o momento. Fica a lição de bom humor e de esperança que ele passa para todos nesta fase muito difícil de sua vida. Esta edição tem matérias das mais variadas, com conteúdo diferenciado. Falamos de padre Beto e suas missas, futebol americano, sobre os cães de Tibiriçá. Também uma matéria que mostra os apuros pelos quais a Sapab, que ajuda pessoas infectadas com Aids, está passando. Ela precisa de ajuda! Por estarmos no mês da Mulher, quando é comemorado o Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, também trazemos uma matéria especial com mulheres empreendedoras. E, agora, temos um time de colunista imbatível, trazendo os mais diferentes pontos de discussão e pensamento para você, leitor da Az! ter ainda mais conteúdo de qualidade todos os meses!
Aproveite este presente!
Bruno Mestrinelli e Diogo Yudi (capa) Jornalistas: Fernanda Villas Bôas, Bruno Mestrinelli, Amanda Rocha, Daiany Ferreira e Lauro Neto
AzTV por muvfilms.com.br
IMPRESSÃO E ACABAMENTO: Grafilar TIRAGEM: 10.000 exemplares
* As colunas assinadas não representam a opinião desta revista. Ela está expressa exclusivamente no editorial
Az! é uma publicação da Publici On&Off Comunicação R. Bartolomeu de Gusmão, 10-72 - Jd. América Bauru/SP - F.: 14 3879 0348
APROVEITE A VIDA!
Boa leitura a todos!
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ÍNDICE 32
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A HORA DO RECOMEÇO
DIVAS MODERNAS
Fabiano Fernandes conta sua lição de vida após descobrir ser portador da ELA, doença degenerativa que ficou conhecida recentemente no mundo por conta de desafio na internet
Mãe, namorada, modelo, administradora, diva e muito mais: Az! traz exclusivo editorial de moda assinado por Carla Costa com looks maravilhosos das mulheres multitarefas
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PRÊMIO LITERÁRIO
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IMPUNIDADE
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SAUDADE
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NA REDE
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DEZ. NOTA DEZ!
Bauruense de coração, escritora Jacqueline Salgado fatura concurso de livraria centenária
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FUTEBOL COM A MÃO
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MISSAS ALTERNATIVAS
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SUPER-MULHERES
Lençóis Paulista Readers representam a região em esporte que cresce no Brasil
Excomungado, Padre Beto ignora Igreja Católica e diz que só será calado quando morrer
No mês internacional da mulher, Az! traz histórias de duas batalhadoras do dia a dia
R E V I S TA A Z ! | M A R Ç O 2 0 1 5
Dois anos após crimes contra cachorros de Tibiriçá, responsável ainda não foi punido
Az! homenageia chef Gigio, que conquistou os bauruenses com suas receitas exclusivas
Conheça os Podcasts, programas que unem rádio e internet e estão a um clique de distância
Confira os cliques do Carnaval com todas as escolas e blocos que passaram pelo Sambódromo
EXPEDIENTE
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#ENTRETENIMENTO NOROESTE, 104 ANOS DE UM TEIMOSO Logo no início do mês de dezembro, na noite da terça-feira,
PAINEL
LITERÁRIO
dia 2, o polivalente radialista, jornalista, professor e autor Paulo Sérgio Simonetti promoveu o lançamento de seu mais novo trabalho em livro. A obra “Noroeste, 104 Anos de um Teimoso” (Editora: Estúdio Teca; 160 páginas; R$ 30) conta, por meio de uma narrativa mais livre e desprendida, tal como são os textos jornalísticos produzidos pelo autor, a história do Esporte Clube Noroeste desde antes do seu surgimento até o atual panorama do time de futebol que é paixão na cidade. A obra oferece passa-
Texto e fotos Lauro Neto
gens do interesse geral dos alvirrubros, bem como episódios de várias naturezas que ocorreram no mais que centenário clube
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esmo com as celebrações de Natal e Ano-Novo, somando-se, também, a toda enorme festa que movimenta o período do Carnaval e que envolve as pessoas de uma ponta a outra do nosso país, os lançamentos literários na cidade não pararam de acontecer. E, como era de se esperar, onde existem trabalhos na área da cultura, há o registro da Revista Az!. Com o intuito de valorizar a produção de autores e intelectuais locais, a busca é sempre valorizar e abrir espaços no meio jornalístico para que as penas e suas belas palavras escritas produzam em todos nós belezas, crescimento, aumento de repertório e de conhecimento de mundo.
bauruense. Nesses 104 anos do clube, Paulo Sérgio traz desde as famosas campanhas noroestinas, como as dos anos de 1960, 1987 e 2006 no Campeonato Paulista, como títulos, rebaixamentos, crises, bastidores e episódios curiosos. O evento se deu no Espaço Cultural ‘Leônidas Simonetti’, no interior da rádio 94 FM com grande público presente.
Veja aqui, em nosso Painel Literário, as obras e trabalhos em livro, além seus respectivos autores, lançados nestes últimos meses em nossa cidade.
DN PONTOCOM – A VIDA SECRETA DE UM EX-HACKER Em uma noite de casa cheia, ao lado de personalidades conhecidas da cidade e num bonito ambiente, repleto de amantes da leitura, foi lançado o livro “DN Pontocom – A Vida Secreta de Um Ex-Hacker” (Idea Editora; 176 páginas; R$ 32). A obra, que é fruto de uma parceria entre a autora Sandra Rossi e o co-autor e, também, personagem Daniel Nascimento (o DN do nome), agitou a semana que antecedeu o Natal de 2014. O trabalho da dupla traz até o conhecimento do público a história de Daniel Nascimento contando toda a sua trajetória enquanto hacker, em meados dos anos 2000. De acordo com a publicação, Daniel pertencia a um grupo que atuava no submundo da Internet e, segundo consta, este grupo foi responsável pelo desvio de altas quantias em dinheiro em algumas contas bancárias. No ano de 2005, Daniel acabou sendo preso pela Polícia Federal e condenado na operação que ficou conhecida como “Ponto Com”. Sandra, que é, também, jornalista e pedagoga, e Daniel, empresário e apaixonado por tecnologia, promoveram o coquetel de lançamento do livro nas dependências do Bistrô Vila Graziella.
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RIO BATALHA – DA NASCENTE À FOZ O Atelier Sueli Dabus recebeu, na noite de 10 de dezembro, o lançamento de um belo livro trabalhado, para além das mãos: feito pelos olhos e contorno dos olhares. “Rio Batalha – Da Nascente à Foz” (Editora: Bru[Image]Point; 180 páginas; custo médio de R$ 80) é uma obra que exibe as belezas, que não são poucas, daquela que é apontada como sendo uma das maiores belezas naturais não apenas da cidade, mas, antes, de toda a região: o Rio Batalha. Com um trabalho que busca retratar as mais belas passagens do famoso rio, permeadas pelos caprichos, cores e curvas de seu trajeto extenso, os realizadores do livro capturaram cenas que trazem aos olhos dos leitores, imagens mais poéticas com o intuito de apresentar um lado nem tão conhecido do Batalha. Elaborado por oito diferentes pessoas, o livro conta com o olhar aguçado de sete fotógrafos e um par de mãos. São eles, Olício Pelosi, Silvio Serrano, Denise Joaquim, Nílton Scudeller, Edward Albiero Jr., Telles Nunes, Celso Mellani e Osmar Cavassan, respectivamente. A obra contempla desde o manancial do Batalha, percorre seus 167 quilômetros de extensão e mostra detalhes desde seu nascimento, Serra da Jacutinga, em Agudos, passando pelas cidades de Piratininga, Bauru, Avaí, Pirajuí e Reginópolis, terminando sua trajetória na foz do Rio Tietê. Além das fotos, os textos do professor Cavassan trazem informações acerca da história, biologia, relevância econômica do rio para a região, além de informações científicas no que diz respeito ao rio.
PÓLVORA A cidade de Bauru tem entrado, cada vez mais, na rota de lançamentos literários e eventos relacionados ao universo dos livros, como noite de autógrafos, debates com autores e atividades afins. A livraria Empório Cultural recebeu na sexta-feira, 6 de fevereiro, o lançamento de mais um trabalho escrito pelo vocalista e compositor do grupo de rock carioca Detonautas Roque Clube e, agora, também autor, Tico Santa Cruz. “Pólvora” (Editora: Belas Letras; 168 páginas; R$ 29,90), é uma novela policial que foi, originalmente, publicada na Internet pelo autor Tico. Com mais de 300 mil leitores quando postado no blog do escritor, o livro é considerado uma espécie de “obra proibida” do músico e polemista. Nos dizeres do próprio, a obra soa como uma narrativa “psicótica, suja e violenta”. Este que é o terceiro livro de Tico, que já lançou “Clube da Insônia”, em 2012 e “Tesão”, que apareceu para o público no ano de 2013. “Pólvora” surgiu, em um primeiro instante, por meio de capítulos curtos publicados na Internet, lembrando os antigos folhetins que vinham nos jornais do século XIX. De forma inesperada, a história de Tico se transformou em um verdadeiro fenômeno de leitores. Composto por cenas que trazem à tona assuntos como o caos, terror, hipocrisia, preconceito, política entre outras variações da violência, “presente em cada um de nós”, como lembra ele nas páginas explosivas da obra.
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#ENTRETENIMENTO
DO PÃO DE QUEIJO AO LANCHE EM PEQUENINAS LETRINHAS MIÚDAS Escritora com prêmio e uma de suas obras
Escritora Jacqueline Salgado, bauruense de coração, ganha prêmio de tradicional casa de livros brasileira
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Texto e Foto Lauro Neto
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manhã do dia 6 de novembro de 2014 começou com uma postagem que agitou, e muito, a vida cultural da cidade entre as terras e ondas da Internet. Vale lembrar aqui que as palavras “terras” e “ondas” foram postas não por acaso, mas em razão dos gostos com passos pisados ora na infância, ora nos dias atuais marcados pelas viagens e cheganças, sempre até lugares que guardam um filete - mínimo que seja - de água que corre, um riacho doce que desce calmamente seu curso entre sulcos e curvinhas, ou ainda por lugares que contenham areia e mar salgado, tal qual carrega no nome a premiada autora. Com a apresentação de seu trabalho inédito “Trocadilho”, a escritora Jacqueline Salgado, mineira natural de Viçosa, mas bauruense de coração, venceu a primeira edição do Prêmio Saraiva de Literatura Infantil categoria poesia no ano que marcou o centenário da tradicional casa de livros brasileira Nas palavras do também poeta, escritor e fotógrafo José Carlos Mendes Brandão, carinhosamente escritas em um uma rede social, tão logo foi dado o anúncio oficial da premiação, daquela que é, agora, uma centenária editora brasileira, lar de grandes vozes da nossa cultura posta em páginas de livros: “Atenção, Bauru: a cidade precisa festejar! Ela (Jacqueline) é a nossa autora mais premiada atualmente. Tem já dois livros de literatura infantojuvenil editados e, agora, o seu livro de poesia infantil ‘Trocadilho’ será publicado com destaque, na qualidade de vencedora de um concurso realizado como promoção de aniversário da Editora Saraiva, um prêmio de âmbito nacional”, afirmou o escritor que fez questão de enfatizar que “sim, nossa cidade conta com uma ‘estrela’ literária em sua constelação de autores”, concluiu o premiado autor e personagem cultural de Bauru. Jacqueline Salgado, a mineirinha com ar de moleca, sempre teve uma vida de inquietudes: “Nunca me vi muito como uma pessoa normal não, viu. Sabe, uma vez um amigo me perguntou por que eu me achava uma mulher diferente. Respondi que me sentia uma mulher diferente porque fui uma criança diferente”, diz sobre seus comportamentos e maneira distinta de enxergar as coisas do mundo. Premiada em mais de 30 concursos literários e com publicações que surgem nas páginas de mais de 50 antologias dispersas por cidades de todo o território nacional, sua casa, que está repletas de livros, já está com uma das prateleiras quase completa por livros que trazem textos de sua autoria. Dentre os principais prêmios conquistados por Jacqueline, estão o 1o. Concurso Viçosense de Literatura promovido pela Universidade Federal de Viçosa, o Prêmio Florestan Fernandes, de Ribeirão Preto, o 10o. Prêmio Maximiniano Campos, entregue na capital pernambucana de Recife, um dos mais expressivos prêmios literários do país, além de ter um projeto de incentivo à cultura premiado pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil do Rio de Janeiro (FNLIJ) com o trabalho “Leitura Partilhada: Uma Experiência Interdisciplinar” que se preocupa com o estímulo e o desenvolvimento da leitura pelos mais jovens. “Esse prêmio foi tão ou mais importante para mim porque acredito que todo autor deve se preocupar com a formação de seu público leitor”, ressalta a autora que tem como grandes apreciadores os olhinhos encantados dos pequenos em fase escolar.
AS FAMOSAS 5 INFÂNCIAS: AUTOBIOGRÁFICO Com grande destaque, entre os vários textos brincados, estão os famosos “Relatos Autobiográficos de Infância” em que Jacqueline Salgado nos transporta para cada uma de suas cinco moradas. Segundo a própria conta em seu blog “A Gavetinha”: “Tive cinco infâncias, uma para cada casa que morei, por isso escrevi cinco relatos autobiográficos, sendo que o primeiro deles, o ‘Relatos Autobiográficos: A primeira infância’, tornou-se famoso por ter sido publicado no Caderno do Aluno I de Português do 7° ano, o livro didático usado pelas escolas públicas do estado de São Paulo”, lembra a autora. “Muitos alunos me escrevem pedindo um resumo desses meus relatos, para entenderem um pouco mais do desenrolar da minha infância e recolher elementos que caracterizam um relato autobiográfico”, salienta Jacqueline que, em virtude da adoção de seus Relatos no Caderno do Aluno, recebe muitos e-mails, mensagens e pedidos de alunos que necessitam de auxílio para desenvolverem as perguntas postas à prova.
PRÊMIO SARAIVA FOI DIFÍCIL DISPUTA Ter se tornado uma das vitoriosas entre os mais de 4 mil inscritos - dentre os quais apenas 12, no total, estiveram entre os finalistas - nesta primeira edição do Prêmio Saraiva não foi das tarefas mais fáceis na estrada da viçosense. Dispostos entre 4 categorias, Literatura Infantil – Poesia, Literatura Infantil – Crônica, Literatura Adulta – Romance e Música, os participantes enfrentaram concorrentes de muito bom nível artístico e trabalhos interessantíssimos. “Só de ter estado entre os finalistas, para mim, já foi muito mais que uma realização”, lembra a autora que recebeu seu troféu das mãos do jornalista Zeca Camargo nas dependências do Instituto Tomie Othake com os olhos cheios de surpresas e gratidão. Além do prêmio a que foi oferecido aos finalistas interessante quantia em dinheiro, o melhor, segundo Jacqueline, ficou a cargo da publicação da obra vencedora “Trocadilho” pela própria editora Saraiva, assim como a divulgação, distribuição pelas livrarias pelo país entre outras preocupações editoriais que envolvem o autor. Conforme ela mesma descreveu na sinopse obrigatória pedida pelos organizadores do evento: “Trocadilhos é uma brincadeira na forma de versos. Os poemas são orgânicos, leves, bem-humorados, revelam uma espécie autobiografia do poeta, que através de sua arte, pode cativar tanto pela emoção, quanto pela esperteza de jogos de palavras e sons, verdadeiros trocadilhos. Num mesmo livro, poemas que nos fazem dançar, outros, refletir, mas todos nos levam a múltiplas imagens, algumas quase improváveis, presente que muitas vezes, só o texto lírico pode oferecer!”. Logo mais, a editora anuncia a data escolhida para o lançamento desta nova publicação da escritora que já conta com dois outros trabalhos voltados para o público infantil e juvenil: “A menina, a pedra e o ribeirão”, trabalho lançado pela Editora UFV (Universidade Federal de Viçosa de Minas Gerais) e “Tio Francisco”, livro preparado pela Editora Adonis, localizada na cidade paulista de Americana.
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#ENTRETENIMENTO Texto Lauro Neto Imagens Banco de Imagens
VIAJAR PARA
PORTUGAL. QUEM QUER ORA, POIS?!
Ao escolher o embarque para o país europeu, o que o turista pode encontrar de bonito neste local de onde partiram os desbravadores navegantes em suas caravelas destemidas? Muitíssimos tesouros arquitetônicos, culinários eculturais como um todo
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vida em Portugal, país que não tem toda a extensão continental do Brasil, por exemplo, compreende-se no espaço de seus quase 1.000 km de norte a sul, praticamente a mesma distância em linha reta existente entra a cidade do interior paulista Araraquara até a capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Entre todos os destinos que a terra lusa pode oferecer, há inúmeros tipos de lugares que o turista pode escolher passar seus dias de descanso após vários meses de trabalho intenso. Dentre eles, alguns que fogem à regra dos guias e sites de dicas mais conhecidos. De Lisboa ao Piódão, é preciso conhecer os extremos de Portugal para que se possa ter a real noção da essência portuguesa, da alma lusa. As duas cidades representam, e muito bem, a cultura do país, seja pelo conjunto arquitetônico de suas centenárias construções, pelo traçado das ruelas, ou ainda por sua variada oferta de pratos da gastronomia que foge – e muito, se assim lhe convier – às conhecidas receitas com postas de bacalhau. O fato de passar ou de simplesmente estar envolto na cultura lusitana é, por si só, uma das grandes experiências que se pode fazer. Portugal valoriza e cativa a experiência de conhecer seus segredos mais íntimos. Um dos verbos que se pode sugerir é o “observar”, aplicável tanto a um monumento de mais de 400 anos, até o ir e vir de seus habitantes, que transitam em meio a povos de toda parte do mundo. Às vezes se dança aos passos do fado, da força poética de Amália e da delícia das guitarras, outras do mais autêntico “pimba português”, da rebeldia dos Xutos & Pontapés, dos passinhos trêmulos de um recém-nascido desbravando as pedras postas num chão de séculos atrás pisado por tantas solas logo à frente. Portugal também é diversidade, discurso múltiplo de vozes que não cessam! Há que se buscar suas dualidades, sua forma barroca e paradoxal, complementar – por vezes – ao
que há de mais novo nas novidades, para que, então, quem sabe, se possa reconhecer a Portugal que nos habita desde o instante em que se desembarca no Aeroporto da Portela, nome que claramente batiza e dá origem à tradicional escola de samba da capital carioca do Rio de Janeiro. Nessas dicas, iremos conhecer a Aldeia do Piódão, local que está situado na porção mais ao centro do país. Um lugar aconchegante e muito antigo, tradicional capaz de oferecer ao turista uma visão que contrapõe a cosmopolita Lisboa, ou ainda a desbravadora e introspectiva Coimbra, ou até mesmo das terras mais ao norte da nação, tais como a movimentada cidade do Porto, Guimarães e mais cidades dadas ao recebimento de olhares curiosos.
PIÓDÃO A Aldeia de Piódão é apontada como uma das mais bonitas do país, reconhecida como “Aldeia Histórica de Portugal”. Localizada na porção central do país, integra o conselho de Arganil na encosta da formosa Serra do Açor. Rodeada por suas tradicionais casas de xisto encontradas pela região mesmo, com suas janelas em madeira antiga pintadas em azul cor clara, que descem graciosamente por toda a encosta da serra, compondo uma espécie de anfiteatro na estrutura do local. Segundo dizem, o lugar leva a alcunha de “aldeia presépio”, mas poderia, também, ser apelidada com qualquer nomenclatura que ressaltasse as delícias de se estar por ali. O Piódão é uma aldeia nascida na pedra erguida na região serrana de Portugal, que carrega uma feição de aspecto mais rural, com seus difíceis acessos por conta do terreno. As formas da natureza envolvem tudo o que está acerca na aldeia. Ali se percebe que quase tudo se encontra em estado de pureza, se fazendo tudo isso observar em meio à vasta fauna e flora típicas do local.
Piódão é uma aldeia na região serrana
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#ENTRETENIMENTO
ORIGEM DO LOCAL Existem algumas histórias quanto ao que se sabe da criação da tal aldeia. O que se conta é que a ela surgiu a partir de vestígios arqueológicos encontrados no local. Historiadores lembram que casas de pedra eram erguidas no alto de colinas e morros, cobertas com colmo e organizadas em forma de aldeias batizadas de castros. A partir do século XX, o estilo de vida que era habitual aos moradores da aldeia passou por grandes alterações, em virtude das emigrações que o povo fazia em bisca de melhores de condições de vida. Neste momento, o Piódão renasce aos olhos de todos trazendo uma grande força de potencial turístico, preservando sua essência e, ainda, suas tradições. Com vastidão de riquezas geográficas e arquitetônicas, a aldeia traz como destaque locais de interesse como a Igreja Matriz do século XVII ou ainda o Núcleo Museológico do Piódão, local onde estão expostos os costumes, as tradições e modo de vida destas antigas paragens e de seus moradores de antes. A boa oferta turística do Piódão oferece aos interessados alojamento, restauração, pequenos comércios com lojas que oferecem aquilo que de mais tradicional se produz na aldeia, tal como artesanato, licores, mel, variedades de pães ou outros
deliciosos produtos da gastronomia local. Certamente, vale a pena conferir. Em viagem recente até a freguesia portuguesa, o funcionário do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) Reinaldo Resende conta que: “o Piodão é uma das aldeias mais belas de Portugal, com um conjunto arquitetônico bastante peculiar, com suas casas de parede de xisto e telhado de louça, que de tão raro feitio, tornou-se salvaguardado, sendo local de interesse público desde 1978. Localiza-se na Serra do Açor, de constituição bastante montanhosa e com uma vegetação típica de altitude, onde é fácil encontrar castanheiras, loureiros, carvalhos, medronheiros, azereiros, entre outras árvores fascinantes. A quantidade de ribeiras e arroios impressionam”, ressalta ele. “As águas vertem por todos os lados, límpidas, geladas, transparentes, mas que no verão tornam-se balneário dos melhores que já conheci. Recomendo uma visita à Serra do Açor, e ao menos uma pernoite na aldeia do Piodão, onde é possível encontrar hospedagem a preços acessíveis nas casas mais típicas da região”, conclui o homem que disse já fazer planos para seu retorno, agora, para a parte norte do território luso.
Local é pequeno, mas traz belezas únicas
Rústico, mas com estrutura
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PEQUENO
a história de piratininga na marcha do café
Censo realizado em 2013 aponta Portugal com cerca de 10,5 milhões de habitantes
Um livro de produção sofisticada. Um instrumento de informação e de conservação da História de Piratininga.
LETRADO 1 O nosso “país-irmão” tem pouco mais de 5% de pessoas analfabetas, índice muito bom.
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Saiba mais em: facebook.com/boca-do-sertao ué comunicação
O acesso aos cursos superiores chega a 15% da população portuguesa.
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LETRADO 2
Lançamento em Abril de 2015.
CRISE Com problemas econômicos enfrentados nos últimos anos, a renda per capita dos portugueses caiu de 16.600 euros em 2011 para 16 mil em 2013.
Fonte: Pordata - Base de Dados Portugal Contemporâneo.
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#ENTRETENIMENTO
FUTEBOL COM AS MÃOS
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esmo com as celebrações de Natal e AnoNovo, somando-se, também, a toda a enorme festa que movimenta o período do Carnaval e que envolve as pessoas de uma ponta a outra do nosso país, os lançamentos literários na cidade não pararam de acontecer. E, como era de se esperar, onde existem trabalhos na área da cultura, há o registro da Revista Az!. Com o intuito de valorizar a produção de autores e intelectuais locais, a busca é sempre valorizar e abrir espaços no meio jornalístico para que as penas e suas belas palavras escritas produzam em todos nós belezas, crescimento, aumento de repertório e de conhecimento de mundo. Veja aqui, em nosso Painel Literário, as obras e trabalhos em livro, além seus respectivos autores, lançados nestes últimos meses em nossa cidade.
Treino especial do Lençóis Paulista Readers
Com o crescimento do número de assinantes de planos de tv’s pagos e noticiamento em larga escala feitos pela Internet, o futebol americano, até então nem tão habitual aos olhos do grande público brasileiro, vem ganhando adeptos e praticantes por todo o país, como é o caso dos atletas do Lençóis Paulista Readers
Texto Lauro Neto Imagens Divulgação/Murilo Pascuotte
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ais um fim de semana se aproxima. As pessoas todas ficam alvoroçadas com a possibilidade de um pouco de descanso, um tico de paz e, quem sabe, um momento para dedicar-se às próprias atividades tais como a leitura, uma saída com os amigos, algum filme que passa nos cinemas. Neste calor que faz o verão brasileiro, sair para um sorvete é uma opção das melhores que há. Todas estas possibilidades estão entre as preferidas de parte significativa das pessoas. No entanto, tem aqueles que dedicam seu tempo de lazer para a prática esportiva. Entre eles, há os que pedalam, os nadadores, os que batem um vôlei, rebatem a bolinha de tênis, skatistas, pernas que correm. Apesar do sonoro “7 a 1”, o futebol ainda é o esporte mais praticado pelos brasileiros em todo o território nacional. Porém, a cada ano que passa, o “esporte das massas” tem divido seu espaço com a aparição de modalidades desportivas até, então, não tão populares em nosso país. A “pátria de chuteiras”, como chamou o ilustre cronista e escritor Nelson Rodrigues está, aparentemente, trocando os pés pelas mãos. Segundo estudo desenvolvido pelos doutorandos Thiago Hérick de Sá e Leandro Martin Totaro Garcia e pelo pós-doutorando Rafael Moreira Claro, com dados colhidos entre os anos de 2006 e 2012, o número de praticantes do futebol teve uma ligeira queda numérica, tendo sido ultrapassado pela musculação/ginástica e caindo para a terceira posição entre as atividades
físicas mais praticadas nas horas de folga dos brasileiros. De acordo com o pesquisador Thiago Hérick de Sá: “Não podemos ser taxativos de que está havendo uma substituição”, lembra ele ao analisar os resultados da pesquisa. Estima-se que próximo de 265 milhões de pessoas ao redor do globo sejam adeptos da modalidade esportiva do futebol sendo que o Brasil conta com mais de 30, 4 milhões desses praticantes. Mas o fato é que existe uma mudança de ares que se faz perceber em nosso atual cenário. O crescimento no número de adeptos de atividades como o MMA (Mixed Martial Arts), badminton, basquete, basebol e praticantes de esportes radicais vem sendo cada vez mais frequentes. Com todos estes deslocamentos e mudanças de perspectivas, surge forte uma prática esportiva muito cultuada nos nosso vizinho de continente os Estados Unidos da América: o futebol americano.
TIME EM CAMPO Com grito de guerra e tudo o mais a que se tem direito, o time do Lençóis Paulista Readers tem se preparado para enfrentar todos os desafios a qual se está exposto uma equipe esportiva numa cidade de interior. Com 52 atletas cadastrados, os Readers se reúnem no Complexo Esportivo Zéfiro Orsi, vulgo “Ubirama”, na cidade de Lençóis Paulista, nas calorosas e ensolaradas tardes dos sábados das 14 às 18 horas. O coach e manager, palavras nem tão habituais ao vocabulário comum dos que querem não têm tanta afinidade assim com este esporte de bola oval, Murilo Gaspar Pascuotte, nos contou que a história da equipe é recente, com seu surgimento no início do mês de janeiro de 2014. Dado o número de pessoas que manifestaram seu apreço pela nova prática, alguns interessados das cidades de Bauru e Lençóis Paulista “tiveram a iniciativa de se reunir nas praças de Bauru para praticar o esporte”, lembra o coach, palavra empregada para o treinador e articulador dos passos que deve tomar a equipe dos Readers. “Com o tempo, vimos que era necessário apoio de algum órgão público para que pudéssemos desenvolver melhor o esporte e chamar mais interessados. Foi quando surgiu a proposta da Diretoria de Esportes de Lençóis Paulista, que nos deu uma casa e plena liberdade para treinarmos e sediarmos jogos na cidade”, recorda Pascuotte que já teve outras experiências com a criação de equipes que tinham como prática o futebol americano.
Time em campo: na disputa do Campeonato Paulista de Flag FACEBOOK .COM/AZBAURU
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#ENTRETENIMENTO
Segundo lembra o responsável, a cidade de Lençóis, num passado não muito distante, contou com uma equipe de futebol americano “que estava se desenvolvendo bem até acontecerem alguns problemas estruturais e deixarem de existir”, disse Pascuotte. “Por conta disso e pela mentalidade aberta dos Diretores e da população, o apoio surgiu mais fácil e, consequentemente, o interesse pelo ‘novo esporte’ cresceu não só na cidade, mas na região”, enfatiza o coach. Atualmente, com campo para realização dos treinos e local seguro onde se pode guardar toda sorte de materiais que os atletas necessitam para os treinos – e não são poucos materiais, como pudemos conferir – os Readers se sentem gratos pelo apoio do poder público e, sobretudo, da população que tem comparecido aos jogos que a equipe sediou em sua famosa casa, o ‘Ubirama’ no último ano. O time é plural quanto aos talentos, pesos tamanhos, distinções e qualquer outro fator que seja levado em consideração. “O que importa é a vontade de jogar pela equipe e representar bem o Lençóis Paulista Readers”, afirma o atleta Raphael Gregório que atua na posição de Tight-end – jogador que pode compor a linha defensiva, mas também pode receber passes. Com membros que vêm de ‘longe’ para treinar, “os Readers contam com jogadores residentes em Bauru, Agudos, Botucatu e até mesmo Jaú”, ressalta o coach. Competições Neste momento, os Readers participam da disputa do Campeonato Paulista de Flag da APFA (Associação Pró-Futebol Americano), que, nas palavras do coach Murilo e do Tight-end Rapahel, “é vista como a mais importante e difícil da modalidade no país”. Entre outras coisas, uma das dificuldades apontadas pelos membros da equipe diz respeito aos gastos e distâncias que têm que ser percorridos para os confrontos e disputadas de jogos entre as equipes. Quanto aos treinos, o time baseia seu calendário no calendário das competições. “Como somos fanáticos pelo esporte, só deixamos de treinar nos sábado entre o Natal e o Ano-Novo. Sendo assim, praticamente todo fim de semana tem bola oval voando no Ubirama”, ressalta o entusiasmado coach Pascuotte.
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Torcida animada do Lençóis Paulista Readers
SURGIMENTO O início da equipe aponta para os idos de 2013. Nesta época, alguns dos atletas do antigo Bauru Hunters tentavam se reunir no espaço de praças para manter o esporte vivo na cidade de Bauru. Todavia, com a falta de apoio e equipamentos adequados se tornou insustentável dar prosseguimento à prática. “Então, a partir da iniciativa de alguns atletas de Bauru e também de Lençóis, resolveram mudar para a modalidade flag e procurar apoio em outra cidade”, recorda Murilo. “Lençóis Paulista nos acolheu da melhor forma possível, oferecendo um campo para treinamentos e um dos melhores estádios da cidade para sediarmos a rodada do Campeonato Paulista. Como forma de retribuição e também para criarmos uma identidade maior com a cidade, resolvemos, em janeiro de 2014, fazer uma pesquisa no centro da cidade para que a população escolhesse o nome da nossa equipe”, disse o coach de forma singela. O chamamento ‘Readers’ foi o mais votado pela população lençoense “numa clara menção à fama maior da cidade, conhecida como a Cidade dos Livros”, lembra.
TREINOS DE
FUTEBOL AMERICANO ONDE: Complexo Esportivo Zéfiro Orsi, o Ubirama, Lençóis Paulista (R. Papa Pio XII, 920, Jardim Ubirama) QUANDO: Todos os sábados, das 14, às 18h
# C O LU NA S
AMANTINI E O ESTÁDIO
U
H.P.A. Henrique Perazzi de Aquino, jornalista e
m espaço novo, ou um novo espaço? O fato é que a Revista Az! abre as portas para meus escritos. Penso numa sugestiva coluna mensal. Algo despertando interesses variados e múltiplos. Pronto! Quero ir revendo aqui histórias de pessoas conhecidas por todos nós. Bauruenses sobreviventes deste póscentenário. As boas histórias permeiam nossas vidas, rimos delas e com elas. Algumas bem simples, até por isso boas e cheias de encantos mil. Vida na sua essência. Começo com uma do empresário Cláudio Amantini, o melhor presidente que o glorioso Esporte Clube Noroeste teve em toda sua trajetória. Amantini é uma rara pessoa. Fez parte de uma época de ouro do futebol interiorano paulista. Ele aqui em Bauru, Alfredo Metidieri em Sorocaba, Romeu Italo Ripoli em Piracicaba e Benedito Teixeira, o Birigui, do América de Rio Preto. Formavam o pé de ferro do interior. Junto deles, outros como Valdemar Bauab do XV de Jaú, Pedro Pavão do Marília e José Ferreira Pinto Filho do Juventus, o único da capital do estado. Tinham algo em comum: folclóricos por natureza, caipiras assumidos e fervorosos torcedores de seus times. Igual a eles só Vicente Matheus do Corinthians. Todos rendiam belas histórias no entorno do que faziam e do como faziam para tocar seus times, dignos representantes de suas cidades. Imagine a história de cada um sobre como foram conseguidos os respectivos estádios! No caso de Claudio Amantini, a estória trata do momento no qual o estádio de Bauru estava em vias de ser perdido. Foi construído por
ferroviários, era propriedade federal, porém relegada a interesses dispersos. Conta que: “Na ocasião, Orestes Quércia era o governador. Pedi o estádio para ele. Disse que se fosse paulista já seria do Noroeste, mas era federal. Insisti. Ligava sempre e o cercava nas visitas. Levava dossiês, papéis de tudo quanto é tipo. Ganhou não sei quantas camisas do Noroeste.” O desfecho foi emocionante. “Um dia ele falou na TV que iria conseguir o estádio. E conseguiu. Mas não foi fácil. A compra foi assinada na casa do Galli (Reinaldo Galli, ex-presidente e juiz de direito em Bauru). Dois empresários deram a entrada e depois tinham as parcelas mensais. Nunca ninguém pagou. Arquei com tudo. Meu filho Claudinho assinava os cheques. Até que um dia o Jornal da Cidade deu em manchete, ‘Tudo Pago!’. Foi uma brincadeira caríssima, mas não me arrependo”, confessa. Hoje, aos 85 anos, presidente de honra da FPF – Federação Paulista de Futebol – Interior, relembra isso com emoção. Consegue rir ao ler no prefácio do livro “Noroeste – 104 anos de um Teimoso”, do jornalista Paulo Sérgio Simonetti, a frase escrita pelo também jornalista e amigo Zarcillo Barbosa: “Se a família soubesse o quanto gastou do bolso, há muito estaria interditado”. Fez exatamente isto e por puro amor. E faria novamente se o permitissem. Claudio Amantini sofre com os tempos atuais. Mas, não se verga! É do tipo Quixote com sua lança, esgrimando contra moinhos e até dragões. Aroeira pura, de uma estirpe de dirigentes praticamente extinta. Os tempos são outros. Infelizmente. Amantini continua o mesmo, irredutível e com um único foco diante de si: Noroeste, sua vida.
professor de História
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#ESTILO
MULHER: MÃE,
NAMORADA, MODELO, ADMINISTRADORA...
E DIVA!
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ma mulher, moderna, que exerce todas as funções necessárias e encontra tempo para se cuidar. Esse é o perfil de mulher que está em voga no momento. Uma vida corrida, atividades intensas e ainda muitas preocupações em manter-se sempre bela, cuidar da alimentação e do bem-estar. Pode parecer impossível, mas muitas mulheres conseguem desempenhar essas múltiplas funções e, ao mesmo tempo, serem vistas como DIVAS MODERNAS. Para esta edição, a Revista Az!, aliada às tendências atuais da moda, revelou os perfis dessas mulheres superpoderosas que encantam os dias e a vida das pessoas com quem convivem. Foram trabalhados os perfis de três mulheres diferentes em superproduções para evidenciar a importância das mulheres e embelezar esta edição de março, que marca o mês da mulher e seu Dia Internacional, comemorado dia 8!
Simples e elegante
Carla Costa
Produtora de moda e consultora de imagem e estilo
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Mulheres da atualidade não se esquecem da mo da no dia a dia. É simples compor um loo k para fazer qualquer ativ idade diária. Para ocasiões ma is descontraídas, utiliza r das tendências da moda e coo rdena-las com os seus atr ibu tos de beleza é a chave da fem inilidade e estilo. Macaquinhos, vestidos e outras peças compos tas por estampas e trabalhos étn icos ou artesanais como patchwork, crochê, rendas de algodão auxiliam na hor a da correria pelo simples art ifício de tornarem o loo k descontraído e ao mesmo tem po elegante. Look: Lojas XOX
High fashion
suas origens... rdade não nega ve de a div a um Como ion”! Abusa dos e há de “high fash qu o do tu a us e Ousa de seda e o look o as franjas de fio m co to en om m hits do rbicachos, cinto estilo saco com ba em s lsa Bo r. olo monoc ado no vestido ndo bege empoeir fu um e s ha din de moe ha” que muitas zinho” e “setentin tro “re ar o em garant s adoram! mulheres moderna e babados bem sino entre rendas ga an m s, ce e do Tons lidade mais doce iam uma persona nc ide ev s do ra lha traba até mesmo na ho perder a elegância simplificada sem mpras e passeios. de fazer simples co X Look: Lojas XO
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#ESTILO
Pink é o poder! Ent re a aud ácia da cor pink e o pod er da rend a! As mul here s glam oros as esco lhem as dua s opç ões! Para noite ou ocasiões especiais, pink é a cor da estação. Da renda nem se fala! Esta veio para ficar e “endeusar” com uma sutil delicadeza e toques de sensu alidade o que tem de mais feminino em uma mulher... Não importa a situação! Manter-se mulher e linda é poss ível sempre em qualquer lugar, a qualquer hora! Look: Lojas XOX / Calçados: Atelier Mix / Acessórios: Livia Kerr
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Black is beautiful & muito chique!
de ter em seu Uma linda mulher que se preze não deixa foi que disse quem acervo pessoal um vestido preto. E que o pretinho precisa ser básico? nte!!! A moda é ser bordado, trabalhado e brilha interessantes mais Momentos especiais se tornam da vez são ta apos a com pedrarias e paetês. Por isso, como assim am brilh os vestidos de noite curtos e que as nossas mulheres atuais. luz aliados às Na noite ou na balada, com os efeitos de detalhados os vestid curvas das “Mulheres Divas”, os momento. do have” t deixam de ser “over” para ser o “mus
Mulher da vez Gabriela Baraldi tem 21 anos, é modelo, cursa jornalismo na Unesp e faz estágio na TV Unesp. Natural de Piracicaba, tornou-se bauruense por intermédio dos estudos; tem como paixão o ballet e além de bailarina é pianista.
s: Livia Kerr
Look: Vest ido - Lojas XOX / Acessório
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#ESTILO
Mulher da vez Ana Carolina Correa tem 25 anos e é mãe da Bruna. Cursa administração, mãe em tempo integral, namora, frequenta bares, cinemas e baladas, além de ter uma paixão antiga pela moda.
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Mamães na moda! O mercado fashion tem sido muito generoso e criativo com as mães e mulheres modernas. O maior espelho de mulher para uma filha é a sua mãe. Desta forma, nada melhor do que aderir às propostas de look mãe e filha que estão em alta e apresentam peças em miniatura para tornar os momentos de lazer mais divertidos e encantadores. Para uma mulher, que além de tudo é mãe e jovem, utilizar os itens de tendência como a estampa Paisley e cores vibrantes para compor os looks para mãe e filha é a melhor pedida para garantir a irreverência e beleza para as mamães da atualidade. Afinal, não há nada mais gracioso do que ter uma miniatura fashion de mulher à imagem da mamãe. Look: Lojas XOX / Acessórios – Livia Kerr Locação: XOX – Bauru Shopping
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Poderosa e elegan
te
uma gânc ia, dotadas de res com muita ele lhe mu o os, sã ss mi ém mb ta de compro As empresarias ta uma agenda reple de ém mb ta e l ra sensualidade natu ividades. do es entre outras at çõ cia go ne r da mulher é revela s, iõe reun creto! Todo o pode dis e s ple da sim , e nt liso bie ho bém é o am Foi a época do ternin nte de trabalho tam bie am O e . es int rm Pr ifo al im para tornar un pela tendência An conspira à favor ion sh a fa ton rso à ive m o un eis e que traga moda, aliás onde ssantes, confortáv ere int is ma z ve da ca roupas de trabalho e . res lhe mu s ais com estampas da a a belez de lagens tradic ion mo m co as up ro ra A aposta fica pa . as rn de mo s core a Kerr Ac essórios – Livi Lo ok: Lojas XOX/ a Centro de Estétic Lo cação: Seven
Mulher da vez Mayra Rocha Ungaro tem 25 anos e é bancária. Administra o seu tempo corrido para frequentar a academia todos os dias para se manter bela e com o corpo definido. Cuida com atenção da alimentação e gosta de viajar quando possível.
Fotografia: Luis Paulo Ribeiro Produção e Styling: Carla Costa Beleza: João Di Carvalho Modelos: Gabriela Baraldi (págs. 18 a 21) / Ana Carolina Correa e Bruna Moraes (pág. 22) / Mayra Rocha Ungaro (pág. 23) Looks: Lojas XOX / Livia Kerr / Atelier Mix Locações: XOX – Bauru Shopping / Seven Centro de Estética
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# C O LU NA S
QUAIS CUIDADOS DEVO TER AO REALIZAR MINHA
CIRURGIA PLÁSTICA? A
preocupação com a beleza e o corpo é algo comum entre as mulheres e está cada vez mais frequente entre os homens. Em 2013, o Brasil superou pela primeira vez os Estados Unidos da América e se tornou líder mundial na realização de procedimentos cirúrgicos estéticos. Apesar de ser visto por muitos como algo desnecessário ou excesso de vaidade, grande parte dos que a realizam possuem algo que realmente os incomodam: um trauma de infância, alterações no corpo decorrente de uma gravidez ou avanço da idade. Antes de realizar o sonho de uma cirurgia plástica, porém, é importante se atentar a alguns pontos que serão decisivos para a realização de um procedimento seguro e obtenção do resultado desejado. Veja a seguir:
1. PROCURE REFERÊNCIAS SOBRE SEU CIRURGIÃO PLÁSTICO
Marlon Barbosa
Cirurgião plástico da Clínica Plexus
Antes de definir o cirurgião, é de extrema importância pesquisar se o mesmo faz parte da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. (acesse: www2.cirurgiaplastica.org.br/encontreum-cirurgiao). Além disso, procure referências sobre o mesmo em sua cidade, com amigos ou parentes. A satisfação de outros pacientes é um ótimo indício de um trabalho bem realizado.
2. PERGUNTE TODOS OS DETALHES O lugar onde será feita a cirurgia também determina o nível de risco. Hospitais oferecem mais segurança do que as clínicas. Quem pretende aumentar os seios também precisa se informar sobre a marca da prótese. Pesquise o site do fabricante, verifique se é certificado pela Anvisa.
3. CUIDE DE SUA SAÚDE É preciso estar com a saúde em dia. Você precisará realizar exames que serão pedidos pelo seu médico e ter sob controle doenças crônicas como hipertensão e diabetes. Fumantes também demandam cuidados, pois a nicotina prejudica a circulação de sangue nos tecidos, favorecendo a má cicatrização.
4. RESPEITE O PÓS-OPERATÓRIO Seguir as orientações médicas depois da cirurgia é parte importante do processo. Siga corretamente as recomendações sobre repouso, atividade física, exposição ao sol, direção de veículos, alimentação, uso da medicação e de cintas cirúrgicas e fisioterapia quando indicado. Só assim você estará seguro para não ter complicações com sua cirurgia e obter o melhor resultado do procedimento.
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# C O M P O R TA M E N T O Beto durante sermão em celebração católico-alternativa
‘NINGUÉM PODE
ME CALAR’ Excomungado, Roberto Francisco Daniel, o padre Beto, reúne milhares de pessoas para ministrar missas em clube. Celebração tem hóstia, ofertas e John Lennon Texto e fotos Bruno Mestrinelli
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omingo de calor. Fim de tarde em um clube de Bauru. Cadeiras de bar espalhadas pela quadra, som sendo testado, pessoas chegando ansiosas pelo evento da noite. Por ser fevereiro, poderíamos achar que se trata de um ensaio de escola de samba. Mas, não. É toda a preparação para uma missa. Uma missa alternativa como gosta de falar responsável pelo evento, Roberto Francisco Daniel, o padre Beto. Excomungado pela Igreja Católica por seu pensamento progressista e defesa de direitos como a união homossexual, Beto voltou a unir fiéis – em sua maioria católicos que frequentavam suas antigas missas tradicionais – para falar de Deus, amor e, como de costume, alfinetar alguns costumes antigos da Igreja Católica. Essas celebrações tiveram início em janeiro e atraem todo tipo de fiel. Desde jovens, até os mais idosos. É o caso da aposentada Maria Jupira, 80 anos, “católica desde que nasceu”. Ela chegou cedo para a celebração, para pegar um
bom lugar e ficar de olho na celebração com a maior atenção possível. Beto admite que sentiu saudades da evangelização, e afirma ter sido cobrado por fiéis e por ele mesmo para voltar. Porém, não queria vínculo com nenhuma instituição religiosa. “O que nos une é acreditar em Deus. A nossa doutrina é só o amor, o querer bem, a capacidade de amar. Cada um faz sua escolha individual, seu estilo, sua maneira de ser, respeitando a diversidade que a humanidade tem”, explica. O ex-padre, ou padre, como preferirem, afirmou em entrevista à Revista Az!, pouco antes de uma celebração no Greb (Grêmio Recreativo Energético de Bauru), que a Igreja Católica não vai conseguir calá-lo. “Só se me matarem”, brinca. “Hoje, as pessoas só se calam se quiserem se vender, ou se dependerem (de uma instituição). O que não foi o meu caso”, emenda. A primeira missa foi em um salão do Greb. Faltou espaço. A missa acompanhada pela Az! foi na quadra de esportes do grêmio, com mais de 700 pessoas.
AS MISSAS
Missa lotada na quadra de esportes do Greb, em fevereiro
NA QUADRA A primeira missa foi realizada em um salão e ficou apertado. A quadra foi o local escolhido para a segunda celebração.
UM A UM Padre Beto espera os fiéis ainda sem a batina e cumprimenta os fiéis um a um antes do início da missa no Greb.
A estrutura das celebrações tem algumas semelhanças com as tradicionais missas católicas. Tem um altar, tem ajudantes, tem hóstia, tem ofertas (o dinheiro é usado, segundo Beto, para pagar as despesas com o salão e investir em equipamentos como mesa de som e caixas de som), tem leitura da bíblia. E tem também as tradicionais alfinetadas e críticas à tradicional igreja e à “hipocrisia” dessa instituição, como diz Beto. “Conheço muita carola que não é transparente como uma prostituta. Ela (a prostituta) não entra no jogo da hipocrisia, ela é transparente, por que todo mundo sabe o que ela faz”, afirmou durante a missa acompanhada pela Az! O resto é inovador: além das cadeiras de bar e da informalidade, as músicas não ficam apenas no tradicional cântico católico. Durante a eucaristia, por exemplo, a música que tocou foi Imagine, de John Lennon. Outras músicas como Skank tocaram durante a celebração. Mas, apesar dessas diferenças, para a católica desde criancinha Maria Jupira Beto ainda é padre. “Não é porque ele
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# C O M P O R TA M E N T O
foi excomungado que deixou de ser padre. Uma pessoa quedeixa de trabalhar como advogado nunca deixa de ser advogado”, comenta ela. A aposentada deixa claro que dificilmente voltará a frequentar bancos tradicionais da Igreja Católica. “Eu acho que essa é a missa que tenho que frequentar. Ele é o verdadeiro padre. O Beto é alma caridosa, bondoso”, elogia.
SEM DIFERENÇA Beto afirmou à Revista Az! que, apesar de estar celebrando missas, não vai retirar o processo que move contra a Igreja Católica, por conta de seu processo de excomunhão. O religioso ressalta que quer “justiça” e que quer ter o direito de se defender no processo, algo que, segundo ele, não foi permitido pela Igreja Católica. “Quero justiça, que eles reconheçam que erraram ao não me ouvir”, explica. No entanto, Beto deixa claro que não quer voltar às fileiras da
Igreja. “Não penso em voltar. Que me excomunguem, mas da maneira correta.” Procurada pela Revista Az!, a Igreja Católica informou por meio de sua assessoria que, desde que o juiz da causa (processo), delegado pela Santa Sé, declarou a excomunhão de Roberto Daniel por cisma e heresia (pregar uma doutrina contrária à católica), o caso saiu do nível diocesano e a Diocese de Bauru não se pronuncia sobre o assunto. Sobre as missas, a diocese afirma que Roberto Daniel deixou a Igreja Católica e a liberdade de culto, garantida por lei, permite que ele e seus seguidores expressem a fé como desejarem. Apesar disso, em novembro do ano passado, logo após a confirmação excomunhão, a Igreja Católica divulgou nota desaconselhando fiéis a irem em cultos celebrados “pelo referido padre”. Além disso, ressaltam que atos de matrimônio celebrados por Beto após o comunicado serão declarados inválidos.
SEM PARAÍSO ‘Imagine’ foi a música que tocou durante a Eucaristia.
NA HORA Beto troca de roupa na hora da missa, colocando a batina por cima da roupa, na frente de todos.
RECLAMAÇÃO Beto reclamou do calor e deu uma “bronca” na equipe por conta da forte iluminação.
FATURAMENTO Quem está gostando das missas, além do Greb, que ganha pelo aluguel, é o dono da cantina do local. Vende muita água e refrigerante durante a missa do Beto.
MISSAS
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PADRE B O ETO
Padre Beto: simpatia ao conversar com fiéis
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ONDE: G reb (Grêm io Recreativ o Energé ti c o de Bauru , Rua Ben e d it o Eleutério , quadra 2 , perto do N oroeste) QUANDO : Todos o s domingo s, 19h30
# C O LU NA S
O BURACO NEGRO DA
POLÍTICA SEM ÉTICA
V
ocê tem a impressão de que o povo é frequentemente enganado pelos políticos? Tem a sensação de que fazem exatamente o oposto daquilo que prometeram? Por que o povo em geral sempre acaba como vítima? Por outro lado, raro é encontrar um brasileiro votando por ideal ligado ao interesse comum. A maioria parece visar apenas seus próprios interesses particulares ou familiares. Essa é a isca que o político velhaco lança aos eleitores. Enquanto essa cultura burra não mudar, continuarão nos fazendo de trouxas. É necessário gerar uma nova cultura, educar o cidadão para o exercício pleno de sua cidadania. Do contrário, continuaremos todos com a sensação frustrante de que todos são “farinha do mesmo saco podre”. O pior é que, a partir daí, deduzimos que é inútil fiscalizar, lutar pela democracia ou pela melhoria da qualidade de nossas instituições políticas. Fica desmoralizada a democracia. Mas, esse fenômeno tem alguma
coisa a ver com a forma como votamos? Num país onde o cidadão se dá ao luxo de jogar seu voto na lata de lixo, de usá-lo para protestos inócuos, para fazer piada ou obter alguma vantagem pessoal, nada vai mudar para a melhor. Aos poucos, a nação vai sendo sugada pelo magnetismo irresistível do “buraco-negroda-ausência-de-ética”. Os apagões de energia, a escassez de água não são mais graves do que o apagão de ética que destrói tudo que é bom com seu magnetismo. Tal “buraco-negro” distorce a democracia e cria um ambiente fértil para mais corruptos. A solução está na mudança da cultura. Precisamos decidir que estamos fartos disso e migrar do individualismo para focalizar no interesse coletivo. Enquanto pensarmos que somos incapazes, continuaremos vítimas dessa classe de políticos. O que você pode fazer pela limpeza ética de sua cidade? Como você pode contribuir para melhorar o mundo que deixará para seus filhos e netos? Pense nisso!
Silvio Maximino Vice-presidente da Batra, Bauru Transparente
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# VA R I E D A D E S
#NÚMEROS BAURU EM
Texto Bruno Mestrinelli Imagens Banco de Imagens
127.412
RESIDÊNCIAS Até o momento, entre casas e apartamentos.
A partir desta edição, a Revista Az! traz uma seção
257.745 VEÍCULOS Segundo dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), é a quantidade da frota de Bauru, que possui:
161.541 CARROS
45.625 MOTOS
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TRICICLOS
1
QUADRICICLO
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com curiosidades sobre a nossa cidade de Bauru. São números que nem sempre temos conhecimento sobre a grandeza de onde moramos.
1.000 QUADRAS DE TERRA
65.000 ÁRVORES
Existem na cidade, de acordo com a Semma
Existem em ruas habitadas da cidade. Sendo que destas,
700 PAC PAVIMENTAÇÃO estão no
e outras
100 PAVIMENTADAS COM RECURSOS PRÓPRIOS
serão
5.883 FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS A Secretaria da Administração de Bauru informa que é o número de cargos efetivos preenchidos.
132
CARGOS EM COMISSÃO
128
CARGOS EM COMISSÃO OCUPADOS
41.700 125.952 LIGAÇÕES DE ÁGUA E ESGOTO
530 LITROS DE ÁGUA/SEG São produzidos pela Estação de Tratamento do DAE em Bauru.
PONTOS DE ILUMINAÇÃO A cidade possui, sob responsabilidade da CPFL.
3.600
POSTES ORNAMENTAIS Possuem 12m de altura e estão instalados em praças e avenidas. São de responsabilidade da Prefeitura.
SUGESTÕES
Se tiver sugestões para Bauru em númer os, entre em contat o com a gente pelo e-m ail: contato@azbauru. com.br, ou por meio de no ssa página no facebo ok: AZBauru.
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# P E R S O NA Z
UMA VIDA REINVENTADA Texto Fernanda Villas Bôas Fotos MUV Films e Reprodução/Internet
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O radialista Fabiano Fernandes é portador de uma doença rara, a esclerose lateral amiotrófica, que causa paralisia progressiva e pode comprometer a fala, a capacidade de engolir e até mesmo de respirar. Apesar das adversidades, ele mantém acesa a chama da esperança e conta que reaprendeu a exercitar seu olhar no dia a dia: “Comecei a ver, de verdade, o movimento das árvores, admirar o pôr-do-sol, o balançar das folhas”
H
á cinco anos, o radialista e jornalista Fabiano Fernandes, 38 anos, começou a notar que seu pé direito não se ajeitava mais no chinelo que ele costumava usar diariamente. Quando ele estava caminhando, o par direito caía sem razão aparente. Como o problema persistia, decidiu procurar um médico. Foi submetido a exames, que não acusaram nada. Passou por outros ortopedistas e neurologistas, que fizeram outros exames e chegaram a sugerir um comprometimento neurológico, porém sem fechar o diagnóstico. Foi em 2011, em Ribeirão Preto, que Fabiano descobriu que era portador de ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica), uma doença degenerativa severa, que atinge os neurônios do cérebro e da medula, atrofiando os músculos e levando o paciente a uma paralisia progressiva. Fabiano começou a usar bengala meses depois de receber o diagnóstico. Mas a degeneração continuou e ele perdeu a capacidade de andar, além do movimento dos braços. Hoje, está numa cadeira de rodas e está paralisado do pescoço para baixo. Consegue ainda mexer levemente os polegares e acessar, com alguma dificuldade, o computador. Aos poucos, vem se adaptando a uma câmera de vídeo, que lhe permite controlar comandos ao abrir a boca ou mexer a cabeça. Seu próximo passo será testar um equipamento importado, conectado ao computador, que vai captar o movimento dos seus olhos para permitir acesso à internet e a um teclado virtual para se comunicar. Toda essa tecnologia é essencial para enfrentar os desafios da ELA, a doença que, futuramente, poderá comprometer sua fala (que já está arrastada), sua deglutição e até mesmo, sua respiração – alguns pacientes precisam de ventilação mecânica. O radialista tem consciência da gravidade da sua nova condição, mas não perde a esperança
de que a ciência encontrará uma cura. Enquanto isso não acontece, procura cultivar o otimismo e apostar na sua capacidade de trabalho: apesar das limitações físicas, Fabiano faz, eventualmente, a programação para a rádio 94 FM, emissora em que trabalhava como locutor antes do aparecimento dos estágios intermediários da ELA, que também o afastaram da rede Record, onde atuava como editor de pós-produção. Nessa entrevista, ele conta como é sua nova vida e revela um sonho: conseguir um carro adaptado com elevador ou piso rebaixado e rampa de acesso para a rolagem da cadeira de rodas. O veículo adaptado custa cerca de R$ 70 mil e a família de Fabiano vem juntando dinheiro para fazer a aquisição. Amigos e parentes também se mobilizam na realização de jantares para engordar a poupança – o último foi em janeiro, no salão Roccaporena, e reuniu 500 pessoas.
PERFIL Nome – Luiz Fabiano Fernandes Cruz Idade – 38 anos Natural de – Jaú, mas passou a infância e a adolescência na Barra Bonita, de onde saiu em 1998 para trabalhar em Bauru como radialista. Formação - Radialista e jornalista com graduação em marketing Atividade profissional – Até a doença começar a se manifestar, era editor de pós-produção da TV Record e locutor da rádio 94 FM. Era dele a voz padrão da Record paulista. Está afastado da TV, mas é programador eventual da 94 FM. Família – É casado com a operadora comercial Ellen Regina. Eles têm uma filha, Ana Gabriela, de 8 anos.
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Depois do diagnóstico, quando você sente que o mundo caiu e um buraco negro se formou, eu tentei viver. Tentei acordar todo dia e dar valor ao que eu tinha naquele dia
Revista Az! - Quais foram os primeiros sintomas da doença e quando eles começaram? Fabiano Fernandes – Em 2010, comecei a sentir meu pé direito mais caído em relação ao esquerdo. Eu costumava andar de chinelo e comecei a perceber que meu chinelo direito caía do pé. Na época, não imaginei que fosse uma patologia. Imaginei que fosse um chinelo com as tiras gastas. Conversando com a minha esposa, disse a ela para comprar outro chinelo, porque aquele estava largo. Mas isso não passava e eu comecei a pensar em procurar um médico. Em dezembro de 2010, procurei um ortopedista especializado em pé. Imaginei que fosse um problema no pé ou no tornozelo. O médico pediu exame de raios-X e constatou que não havia nada com os nervos, músculos ou a parte óssea do pé. Ele me passou para um ortopedista especialista em coluna e a um neurologista. Eu fui ao ortopedista e tentei marcar com o neurologista que ele havia indicado, mas não consegui marcar imediatamente, demorou 40 ou 50 dias. O ortopedista de coluna também pediu exames e não identificou nenhum problema nas vértebras. Fui a outro neurologista e ele me pediu exames, mas não me deu um diagnóstico. Fez uma carta para que eu fosse atendido em Ribeirão Preto por outro neurologista,
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Wilson Marques Júnior, que é professor da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto. O problema é que eu estava sendo atendido através do meu plano médico particular e seria difícil passar para o SUS de Ribeirão Preto. Então, não fui e esperei para me consultar com um neurocirurgião. Ele também não conseguiu diagnosticar o que eu tinha. Nesse período todo, eu já sentia uma maior deficiência no pé: ele ficava mais caído. O neurocirurgião não conseguiu achar nada na ressonância e me encaminhou para outro neurologista, que é o doutor Guilherme Junqueira - até hoje sou atendido por ele. Mas ele nunca fez um diagnóstico de ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica). Ele falava, com os exames que tinha em mãos, de doença do neurônio
motor. A gente queria saber o que era aquilo e procurei na internet. A primeira coisa que li foi ELA. Essa sigla se tornou uma sombra. Porque a doença tem um prognóstico muito limitante, sombrio mesmo. Eu não queria acreditar que pudesse ter essa doença. Conversando com o doutor Guilherme, ele meu deu força para que eu fosse para Ribeirão Preto para ser atendido pelo doutor Wilson. Fui atendido na USP pelo doutor Wilson. Ele fez os exames e me deu o diagnóstico de ELA no começo de 2011. Az! – Emocionalmente, como você recebeu essa notícia e como vem lidando com o fato de ser portador de ELA? Fabiano – A gente acaba sentindo a mesma coisa que muitas pessoas que descobrem uma doença dizem: abre-
Fabiano ao lado da esposa Ellen: companheira de todos os dias
Ana Gabriela ajuda o pai todos os dias nas tarefas da casa
NO BRASIL, 12 MIL TÊM ELA A ciência não sabe explicar o que causa ELA. É uma patologia rara, que atinge 1 a cada 50 mil pessoas em todo o mundo. No Brasil, há 12 mil notificações da doença, segundo a Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica. Em geral, a ELA atinge pessoas entre 45 e 50 anos, preferencialmente do sexo masculino. Não há cura conhecida, mas um tratamento multidisciplinar, envolvendo médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas e psicólogos, pode melhorar a qualidade de vida do paciente.
se o chão. Eu fiquei perdido. Não sei nem como eu e minha esposa voltamos de carro de Ribeirão Preto para Bauru naquele dia. Foi um dia muito ruim. Na verdade, quando recebi o diagnóstico de ELA, eu ainda tinha os movimentos todos, só minha perna arrastava um pouco. Mas eu comecei a conviver com esse diagnóstico e a lembrar do prognóstico da doença, que fala de dois a cinco anos de vida. Alguns casos passam desse tempo, mas a média é de dois a cinco anos. Depois do diagnóstico, quando você sente que o mundo caiu e um buraco negro se formou, eu tentei viver. Tentei acordar todo dia e dar valor ao que eu tinha naquele dia. Comecei a ver, de verdade, o movimento das árvores, olhar para o sol e sentir o que ele representa para a gente, admirar o pôrdo-sol, o movimento dele, o balançar das folhas. Eu comecei a dar valor a pequenas coisas que, com o dia a dia corrido que eu tinha, não costumava olhar. Hoje, eu consigo fazer isso. Voltei o meu pensamento para as coisas boas da vida. É claro que não consigo manter esse foco o tempo todo. Tem dias em que eu acordo triste, ou com uma notícia ruim em relação a outras pessoas que têm a doença, ou porque, de repente, acordei mais
Entendo que a doença veio não por um castigo. É um defeito do organismo, que fez com que eu desenvolvesse essa patologia. Meu relacionamento com Deus hoje é o melhor possível angustiado. Não consigo estar bem todos os dias, mas, na maioria dos meus dias, estou bem. Eu comecei a questionar até a divindade no começo. “Por que eu?”. “Por que está acontecendo isso comigo?”. E cheguei à conclusão de que eu tinha que partir para dentro de mim mesmo. Az! – Você frequenta a Igreja Católica. Sua fé se transformou após receber esse diagnóstico? Fabiano – No começo, cheguei a pensar que estaria sendo castigado, algo nesse sentido. Mas cheguei a
uma conclusão e até fiz as pazes com a minha criação. A gente é criado, doutrinado para acreditar que há um Deus dentro da gente que nos castiga. Comecei a conversar comigo e com Deus e cheguei à conclusão de que Deus não me castigou. Eu sou pai, jamais castigaria a minha filha de uma forma que a machucasse. Entendo que a doença veio não por um castigo. É um defeito do organismo, que fez com que eu desenvolvesse essa patologia. Meu relacionamento com Deus hoje é o melhor possível. Eu não teria me encontrado com Deus se não tivesse essa doença. Deus me dá força para continuar e sabedoria para explicar o que estou tentando explicar para você. Eu acredito na santidade: Deus pode pôr a mão na minha cabeça e me curar. Mas eu tenho no meu coração que eu seria muito egoísta em pedir isso. Ele vai me curar e vai deixar outras pessoas que têm essa doença morrerem, sofrerem? As pessoas que sofrem com outras doenças neurológicas, como Parkinson e Alzheimer, também precisam de uma mão santa curando. Imagine quem tem câncer, quem tem Aids, e outras doenças terríveis. Será que foi Deus que colocou o dedo em cima de cada uma e disse: “- Você vai sofrer”? Não, Deus não fez isso. Ele age me dando forças para acreditar que virá uma cura. FACEBOOK .COM/AZBAURU
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# P E R S O NA Z
Fabiano e Jefferson Ralado, no antigo prédio da 94FM
Ele age na mente dos cientistas para que eles consigam achar essa cura. Acredito que essa cura está próxima e que vou viver para conseguir chegar até onde a medicina está avançando. Az! – Como é sua rotina hoje? Fabiano – Com toda a minha debilidade, acordo numa parte avançada da manhã, às 11 horas, perto da hora em que minha esposa chega do trabalho para o almoço, que é meio-dia. Minha filha de 8 anos fica comigo de manhã e me ajuda a me mover na cama, virar, pegar água. Quando minha esposa chega, também chega a Lucila, minha cuidadora, que fica comigo 6 horas por dia. Eu fico no computador um pouco, assisto TV, tomo banho, daí eu venho para a sala e fico aqui até a hora de dormir, por volta de meianoite ou 1 hora da manhã. Já consigo dormir um pouco mais cedo – antes, eu dormia mais tarde. Quando preciso fazer o acompanhamento na Sorri (Centro Especializado em Reabilitação), vou às quintas-feiras e fico das 13 às 17 horas lá. O serviço de transporte é da Emdurb (Empresa Municipal de
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Desenvolvimento Urbano e Rural de Bauru). Há um agendamento feito uma semana antes do evento de que você precisa participar. Os agendamentos das quintas-feiras são para médicos e serviços de saúde. Às sextas-feiras, são agendamentos que sobraram da quinta-feira e são para o lazer. Você pode marcar para ir à missa, a uma chácara, ao mercado, ao shopping. Mas só dá para conseguir isso se sobrou algum horário. O serviço é eficiente, não posso reclamar. Claro que, como usuário, quero sempre o melhor. Gostaria que houvesse mais veículos e horários à disposição. A gente costuma ter vontades imediatas. Mas hoje, se eu tiver uma vontade, preciso aguardar, segurar essa vontade até a semana que vem. Se eu quiser tomar um sorvete na sorveteria, preciso esperar até a semana que vem. Az! – Como o desafio do balde de gelo (idealizado nos Estados Unidos, trazido para o Brasil e difundido por famosos como o jogador Neymar para arrecadar fundos para pesquisas sobre ELA), que bombou nas redes sociais no ano passado, ajudou você a
O que é simples para uma pessoa que não tem deficiência, como levantar a mão para coçar o nariz, para mim é muito difícil. Eu não tenho como coçar o nariz sem pedir auxílio. Ou tirar o cabelo do olho
conscientizar as pessoas sobre a doença? Fabiano – Deu uma visibilidade irrestrita num primeiro momento, porque as pessoas não sabiam o que era essa doença. Chegou num momento dessa campanha que eu tive a oportunidade de dizer o que eu tinha. Não que eu tenha sido oportunista com relação à campanha, mas achei o momento oportuno para que as pessoas entendessem o que era a doença. A partir da campanha, a doença teve uma visibilidade muito maior. Políticos começaram a falar sobre a doença, principalmente o Romário, que é senador pelo Rio de Janeiro, e a deputada federal Mara Gabrilli, que é cadeirante também. Hoje, por consequência da visibilidade, ficou mais fácil saber sobre as pesquisas que estão acontecendo em torno da ELA. Em São Paulo, começou um projeto chamado Projeto ELA Brasil, chefiado pelo professor Gérson Chadi. Será o primeiro centro no Brasil autorizado a fazer pesquisas com células-tronco. Mas não se tem uma data para as pesquisarem começarem. Ao que parece, o procedimento com célulastronco caminha para um possível tratamento da doença.
Az! – O que seria necessário hoje para melhorar sua qualidade de vida? Fabiano – Um paciente de ELA vai perdendo os movimentos por completo. No meu caso, eu fui perdendo o movimento das pernas, mas hoje tenho pernas e braços comprometidos. Tenho pouco movimento no tronco e a cabeça já começa a ficar pesada. Então, o que é simples para uma pessoa que não tem deficiência, como levantar a mão para coçar o nariz, para mim é muito difícil. Eu não tenho como coçar o nariz sem pedir auxílio. Ou tirar o cabelo do olho. Hoje, preciso de tudo. Além do auxílio físico, preciso de auxílio mecânico, como um carro acessível para que eu possa tomar um sorvete na hora que eu tiver vontade, por exemplo. Mas é tudo muito caro. Quando se fala de deficiência, é tudo muito caro. Uma órtese é cara para colocar o pé ou a mão numa posição funcional. Graças a Deus existe a Sorri, onde eu posso ter essas órteses e todo o atendimento multidisciplinar, como fisioterapeuta, fonoaudióloga, psicóloga, nutricionista e neurologista. Além disso, por conta do meu plano de saúde, tenho fisioterapeuta na minha casa três vezes por semana e duas voluntárias, uma fonoaudióloga e uma psicóloga, que me atendem uma vez por semana. Az! – O que você espera do futuro? Fabiano – Tenho uma certa dificuldade de pensar no futuro. Tenho medo do futuro. Quando fui à
perícia do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) para saber o que seria feito, se eu iria aposentar por invalidez ou teria algum auxílio para o tratamento, o médico perito me deu uma licença de seis meses. Daí, eu voltei lá com mais uma bateria de exames, mostrei para ele e ele me deu uma licença de dois anos. Quando ele me deu essa licença de dois anos, fiquei com medo. Eu pensei: é muito tempo! Eu não sei se chego até lá. Se ele me desse a aposentadoria, parece que o tempo correria solto. Com a licença, parece que foi me dado um tempo, um prazo. E, se você analisar o prognóstico da doença, de dois a cinco anos, já estou no quarto ano. Estou no lucro (risos). Em janeiro de 2016, vou voltar para a perícia de novo. Daí, com certeza, o médico vai me aposentar.
lúdica, espero que as pessoas consigam também. Que consigam ver o sol se pondo, a beleza da lua, a paisagem na hora de pegar a estrada para viajar. É possível viver melhor. Como dizia o saudoso Flávio de Angelis (jornalista com vasta atuação em Bauru, falecido em 2007), se você tiver um copo à sua frente com metade de água, você pode dizer que ele está meio cheio ou meio vazio. Eu prefiro acreditar que ele está meio cheio.
Az! – O que você diria para uma pessoa que vive adversidades, talvez muito menores do que a sua? Fabiano – Eu diria o seguinte para a pessoa que vive adversidades: tenha ou não uma doença, você deve olhar sempre para o lado bom da vida. Olhe para a pessoa que estiver à sua frente e veja o que ela tem de bom, não aguce o que ela tem de ruim. Depende de cada um de nós fazer com que o mundo seja diferente. Esse é um discurso político? Não, é um sonho. Como eu consigo ver o balançar de uma folha de uma forma
Como eu consigo ver o balançar de uma folha de uma forma lúdica,espero que as pessoas consigam também. Que consigam ver o sol se pondo, a beleza da lua, a paisagem na hora de pegar a estrada para viajar
FÍSICO INGLÊS TAMBÉM É PORTADOR DA DOENÇA O físico inglês mais famoso do mundo, Stephen Hawking, convive com a doença ELA desde os 21 anos – ele tem 73. O físico é autor do livro que ajudou a elucidar a origem do mundo para os leigos: “Uma Breve História do Tempo”, lançado em 1988. O livro já vendeu mais de 10 milhões de cópias. Hawking perdeu todos os movimentos do corpo e se movimenta numa cadeira de rodas. Ele também parou de falar por conta da doença e se comunica com a ajuda de um sintetizador de voz. Continua fazendo palestras pelo mundo. O filme “A Teoria de Tudo”, com Eddie Redmayne no papel principal, é baseado na biografia de Hawking. O ator ganhou o Oscar de melhor ator.
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# P E R S O NA Z
FAMOSOS AJUDAM A DIVULGAR ELA EM TODO O MUNDO Como a Az! perguntou para Fabiano Fernandes sobre o desafio do balde de gelo, não poderíamos deixar de mostrar alguns dos milhares de famosos que toparam o desafio em prol dos portadores da ELA. Podemos citar o fundador do facebook, Mark Zuckerberg, mas também podemos citar um bauruense. O fotografo Vinicius Fernandes entrou na brincadeira, participou do desafio e ajudou entidades que auxiliam os portadores desta doença. Cerca de US$ 100 milhões, mais de R$ 280 milhões foram arrecadados com a brincadeira. Confira abaixo, alguns cliques de quem passou pelo desafio:
1 Mark Zuckerberg, criador do Facebook
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AZ! E SOCIAL BAURU FAZEM PARCERIA PARA AUXILIAR FABIANO FERNANDES
Bill Gates,
Quando o assunto é solidariedade,
criador do Windows
a Revista Az! e o site Social Bauru caminham de mãos dadas. Os dois órgãos de comunicação de nos-
3 Ana Maria Braga, apresentadora da Globo
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sa cidade fecharam uma parceria para divulgar a história de Fabiano Fernandes e ajuda-lo a conseguir recursos para, por exemplo, conseguir acertar a compra um carro adaptado para que ele possa se locomover sem depender da Emdurb.
CONTATO
Ivete Sangalo
O contato pode ser feito pelo e-mail:
cantora
pelo telefone (14) 3879-0348, ou ain-
ajudeofabiano@azbauru.com.br ou da pelo facebook da Az! Revista Az! In-
5 Vinicius Fernandes, Fotógrafo e diretor do Social Bauru
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formação de A a Z, facebook do Social Bauru, ou www.socialbauru.com.br .
# C O LU NA S
FILHOS DO CORAÇÃO
N
E du a r d o B o r g o
Advogado
o dia 13 de junho de 2013, uma quinta-feira, após cinco anos de espera no cadastro de adoção, recebi o melhor telefonema da minha vida. Era a assistente social do Fórum dizendo que nossos filhos estavam chegando. Um misto de felicidade e medo foi tomando conta do meu corpo com reações físicas aparentes. Não parava de tremer. Em seguida, telefonei para minha esposa e a emoção tomou conta. Com certeza, o espírito santo estava entre nós. Na sexta-feira, conhecemos nossos filhos, porém tivemos que aguardar até a segunda para tê-los definitivamente em nossos braços. Descrevo esse momento como uma gestação de quatro dias. Como é incrível a sensação de ser pai, servir de espelho e saber que aquele ser depende e se inspirará em você. Nunca passou pela nossa cabeça que poderia existir diferença entre a adoção e a paternidade/
maternidade biológica. São nossos filhos e Deus nos mandou. Sempre digo que não posso comparar a adoção com a gestação, pois não temos filhos biológicos, mas acredito que não exista diferença, pois o amor que sentimos pelas crianças é maior que tudo. Não tem como existir um amor mais puro. Muitas pessoas nos procuram para tirar dúvidas sobre o processo de adoção, alguns pretendentes e outras que foram adotadas. É uma troca de experiência, pois expomos o que sentimos como pais adotivos e eles como filhos adotados. Hoje, após 20 meses de convivência, sentimos que nossos filhos estão cada dia mais parecidos conosco. As manias, as caras, as reações são visíveis ao ponto de poder dizer com toda certeza: esses são nossos filhos! De coração. Às pessoas que sofrem com a dificuldade em gerar uma criança, deixo nosso testemunho e um conselho: entrem no cadastro de adoção sem medo, pois a mão de Deus irá cobrir sua casa e sua vida de alegria.
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# C O M P O R TA M E N T O
Bruna Novelli divide-se entre o jornalismo e os cupcakes
AGORA É QUE
SÃO ELAS De salto alto: mulheres bauruenses destacam-se na área profissional e ainda conciliam graciosidade e ousadia. Responsabilidade é a palavra-chave para assumirem papéis importantes no atual cenário familiar
Texto Daiany Ferreira Fotos Cristiano Zanardi
J
ornalista, fotógrafa, confeiteira e mãe. São tantas tarefas e profissões que, ao longo do tempo, a modernidade permitiu encontrar inúmeras mulheres dentro de uma. Bruna Novelli, 28 anos, sabe bem o que é ser uma espécie de mulher maravilha. “Assim como a maioria das mulheres do nosso tempo que conheço, acostumei fazer mil coisas ao mesmo tempo. Aprendi conciliar minhas atividades e administra-las da melhor maneira possível. Não vou negar que há dias em que me descabelo entre maternidade, encomendas de doces e obrigações, mas depois da tempestade, vem a calmaria, e eu também gosto de aproveitá-la”, comenta Bruna. Ela e tantas outras mulheres têm, atualmente, um perfil que não existia há décadas. Aquele perfil de batalhar fora de casa, buscando empreender para ganhar a vida e, claro, encantar a todos. No mês internacional da Mulher (dia 8 de março é comemorado o Dia da Mulher), a Az! traz uma matéria com bons (ótimos) exemplos de mulheres empreendedoras, que colocam salto alto, batom, e vão à luta.
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CHEIRINHO DE CUPCAKE! Como diz o ditado popular: “O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário”. Na contramão das lojas físicas tradicionais, a loja virtual Confeitaria da Nonna está no ar desde 2013. A inspiração para chegar nos famosos cupcakes, surgiu da oportunidade de explorar seus desejos profissionais. “Quando terminei a faculdade de jornalismo, planejava me mudar para São Paulo para dar início a minha carreira, porém, no mesmo ano engravidei e resolvi ficar em Bauru. Embora trabalhar com jornalismo era um sonho a se realizar, sentia que ainda me faltava algo pra chamar de meu”, lembra a jornalista, mãe, confeiteira... Então, ela resolveu fazer doces. Em 2012, procurou um curso e lá aprendeu a cozinhar. Contente com o resultado, Bruna foi até uma agência de comunicação, criou uma identidade visual, distribuiu cartões e botou a mão na massa. “Eu me sinto feliz por chegar onde cheguei, mas não estou satisfeita. Tenho algumas missões para cumprir profissionalmente. Quero abrir a loja física da Confeitaria da Nonna. O jornalismo e a fotografia também continuam sendo minha paixão e pretendo continuar atuando. Estou sempre investindo em minhas profissões, acredito que conhecimento nunca é demais, não pesa e nem ocupa espaço. Leve como um cupcake”, brinca ela.
HEI HO, LET´S GO!
Jana Goto manda bem em área antes dominada pelos homens
Assim como antigamente engenharia era curso de homem e não existiam quase caminhoneiras, num espaço até então predominantemente ocupado por homens, Janaina Goto, 28 anos, é professora de japonês e há um ano se tornou a primeira mulher tatuadora a abrir um estúdio de tatuagem em Bauru. Ela conta que o preconceito com a profissão foi um pequeno obstáculo em virtude do tamanho do apoio que recebeu. “Desde minha adolescência estivesse envolvida nesse universo masculino. Gostava de esportes radicais, tive bandas de rock, enfim, nunca me senti uma estranha ou que não era o meu lugar. Não tive dificuldades, pelo contrário, tive sorte de ter encontrado grandes mestres e bastante apoio, claro que como mulher ainda tenho minhas fragilidades, mas em relação a arte, tive sorte de ter meus pais e irmãos que sempre me apoiaram em tudo que eu arriscava a fazer por paixão”, avalia Jana. Desde que fez sua primeira tatuagem, ao longo dos últimos dez anos a tatuadora já contabilizou nove desenhos pelo corpo. O gosto pela arte transformou seu sonho em realidade. “A Elegance Tattoo é uma realização profissional graças a força que recebi do meu amigo Fernando Paz. Não é fácil conciliar estudos e dois trabalhos, mas no fundo, gosto dessa correria e de me manter ocupada com o que eu amo”, avalia a professora e tatuadora.
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# C O M P O R TA M E N T O
JUSTIÇA AOS
CÃES DE
TIBIRIÇÁ Caso de extremo maus tratos a animais que mobilizou Bauru completa dois anos e segue na Justiça aguardando desfecho
Texto Amanda Rocha Fotos Cristiano Zanardi
Leandra Marquezini e Nick, seu basset hound adotivo
A
o chegar na sala do delegado Dinair José da Silva, quadros em 3D com imagens de cachorros olham de todos os ângulos para quem entra como se fosse um aviso de proteção aos animais. O delegado titular do 3º Distrito Policial foi o responsável pela investigação do maior crime de maus tratos na cidade, caso que ficou conhecido como Canil de Tibiriçá. “O relatório circunstanciado que se verá a seguir reflete uma das maiores atrocidades contra animais jamais vista, cometida não na China mas em Bauru”, assim Dinair inicia a entrevista para a Revista Az! enquanto lê as primeiras linhas do inquérito de número 10/2013. Impossível não se comover e se questionar até onde vai a crueldade contra animais enquanto ele cita trechos do relatório de 800 páginas. Algumas partes mais lembravam trilhas de filmes de terror. Há dois anos, um cenário entristecedor e chocante mobilizou a população bauruense, envolvendo organizações não-governamentais (ONGs), voluntários, ativistas da causa animal e policiais civis, ganhando repercussão internacional. Setenta cães de raças nobres e de grande porte foram encontrados em estado de calamidade em uma chácara do distrito de Tibiriçá, na zona rural da cidade. Mal tratados, sem alimentação e em estado de total abandono por mais de duas semanas, basset hounds, akitas, rottweilers, dálmatas, são bernardos - só para listar alguma das raças - estavam à espera
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da morte, ou de um milagre - no local onde “funcionava” o Canil Infinity. O espaço alugado era um centro de reprodução e comércio de pets ilegal. A situação só veio a tona devido a uma ordem de despejo contra o proprietário do canil, Fabiano Patrício de Lima. Ele ainda não foi julgado e é reincidente no crime de maus tratos contra animais. Em 2011, denúncias de maus tratos e de situação irregular já haviam sido feitas pela ONG Naturae Vitae, o que resultou em um mandado de busca e apreensão. Na época, 49 animais, entre cães e papagaios foram encontrados em péssimas condições. Sem alvará de funcionamento, que deveria ter sido emitido pela Vigilância Sanitária do município, e em precárias condições de higiene e instalações, o local permaneceu em atividade eclodindo neste episódio de 2012/2013. Assim que a ocorrência sobre os cães se tornou pública, um mutirão de voluntários uniu força, dedicação e dinheiro, e investiu na recuperação dos “gigantes” (como os cães são carinhosamente lembrados). Havia troca de turno e muita corrida contra o tempo. Cerca de duas toneladas de alimentos e remédios foram arrecadados, fora os produtos de limpeza e atendimento médico veterinário. O caso ganhou repercussão até fora do país: pessoas da Itália, Estados Unidos, França entraram em contato para ajudar. Muitos cães não aguentaram as complicações advindas do tempo em que ficaram à própria sorte no canil e morreram. Dos 70 encontrados, 13 morreram em uma semana.
S.O.S. TIBIRIÇÁ
Os cães que estão comigo são muito dóceis mas demoraram bastante para se recuperarem. Houve um trauma psicológico e por mais que hoje eles sejam amados ainda são assustados e receosos com humanos Leandra Marquezini, ativista independente da causa animal
Cerca de 50 voluntários se organizaram pelas redes sociais e lutaram pela vida dos animais. Mobilizados e extremamente dedicados, eles passaram janeiro de 2013 todo em revezamento nas tarefas diárias como alimentação, banho, curativos, passeio e limpeza das baias. À frente do grupo de resgate estava Leandra Marquezini, esteticista canina e ativista independente da causa animal. Com mais de 24 anos trabalhando nessa área, ela diz que nunca tinha participado de um caso tão grande e grave como este. “Os cachorros estavam caquéticos, doentes, com feridas e bicheira por todo o corpo, morrendo de fome e por falta de atendimento médico veterinário. Formamos uma força tarefa para arrecadar ração, remédios, ajuda veterinária e foi isso que salvou a vida de muitos dos cães”, recorda.
Nathália Viana com Charlote e Valentina
Leandra organizou um mutirão, o S.O.S. Tibiriçá, e começou os trabalhos de resgate para evitar o pior pois muitos já se encontravam em inanição (estado de extrema fraqueza por falta de alimentos). Desta forma, os cães eram internados e depois doados provisoriamente a famílias da região. Assim, triagens eram feitas com as famílias que se candidatavam comprovando a condição financeira e psicológica para lidar com a situação. “Todos eram de grande porte e gigantes e deram muitos gastos para as famílias que adotaram...vários morreram nesse meio tempo por doenças já adquiridas no canil por negligência do dono dos cães”, enfatiza a ativista. O tratamento veterinário, a mobilização da sociedade e a adoção desses animais, além de ato de amor, foi o que os salvou e amenizou os problemas adquiridos nos tempos de prolongado abandono. Não eram só graves problemas fisiológicos como a leishmaniose e a erliquiose (doença do carrapato) que os acometiam. Os cães de Tibiriçá estavam depressivos e estressados. Neste ínterim, Nick (basset hound de 7 anos), Felix e Gaya (dogs alemães com 3 e 5 anos) ganharam o coração de Leandra e foram adotados. “Os cães que estão comigo são muito dóceis mas demoraram bastante para se recuperarem. Houve um trauma psicológico e por mais que hoje eles sejam amados ainda são assustados e receosos com humanos”, pontua. Quando ficou sabendo do episódio em Tibiriçá por meio de uma amiga, a psicóloga Nathália Perfumo Munhoz Viana não pensou duas vezes em correr para lá. A princípio, ela não pensava em adotar mas sim auxiliar no que fosse necessário: “Fazia menos de um mês que havia perdido a minha cachorra Dominique. Estava de luto e queria apenas ajudar. Quando avaliouse que alguns cães que permanecessem mais um dia lá morreriam, foi autorizada a liberação desses casos mais urgentes”. Foi assim que “Charlote”, uma golden retriever de 9 anos e “Valentina”, uma basset hound de 7 anos ganharam nova casa, aconchego e família. O quadro de saúde delas não era nada favorável: depressivas, desnutridas, com anemia profunda, doença
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# C O M P O R TA M E N T O do carrapato e otite (inflamação e dor no ouvido). A psicóloga garante que isto não foi empecilho: “Eu pensei apenas no sofrimento que estavam passando, a Charlote, por exemplo, pesava menos de 20 quilos e estava muito judiada, não dava pra ir embora e deixá-las ali”, frisa. Ela lembra também que no canil os bassets hound não tinham casinha ou cobertura e ficavam ao relento tomando sol e chuva e, ainda hoje, Valentina tem muito medo de chuva. Ao chegar em sua nova casa, a basset hound adotou rapidinho o sofá, e até almofada tem; afinal, ela merece todo conforto e carinho depois de enfrentar uma batalha pela vida. Com tratamento adequado, alimentação e muito amor as cachorras se recuperaram e, segundo Nathália, “estão precisando até fazer uma dieta”. As duas foram castradas e têm acompanhamento veterinário. Para Leandra Marquezini, que é tutora na justiça e depositária fiel dos cães até que o processo termine, foi um aprendizado marcante e uma difícil missão que acompanha até hoje: “Tudo o que acontece com eles passa por mim, choro emocionada a cada foto que recebo dos cães e vejo que o amor, a dedicação e a perseverança salvaram aqueles Gigantes”, diz.
CENAS FORTES O ambiente era desolador: uma piscina tomada por larvas de mosquitos, sujeira e cheiro insuportáveis, canis sem proteção alguma contra o tempo, carne que era servida de alimento aos cães em estado de putrefação na geladeira e muitas moscas. Nesta altura, animais já estavam cegos, mortos, subnutridos, infestados de pulgas e carrapatos. Uma cachorra dálmata teve filhotes e, faminta, chegou a comer sua própria cria. “O cenário parecia um campo de concentração”, relembra o delegado. A chácara onde funcionava o canil Infinity era de propriedade da zoóloga Ana Maria Vieira, que havia alugado o local para Fabiano de Lima. O delegado informa que Ana Maria
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não autorizou a construção dos canis em momento algum e que encontrou o local totalmente destruído. No final de 2012, através de uma ação de despejo, Ana Maria tomou conhecimento da situação dos animais e foi a primeira a cuidar deles. O CCZ (Centro de Controle da Zoonoses) realizou uma vistoria na data e constatou o extremo abandono e maus tratos. Segundo o delegado, o CCZ “nada poderia fazer, pois não tinham onde abrigá-los”. Para isto, seria necessário um hospital público veterinário na cidade, assunto que, infelizmente, está longe de ser planejado. No período, a zoóloga ficou como fiel depositária dos cães antes de
Leandra, a Ong Naturae Vitae e a S.O.S. Gatinhos assumirem o “canil”. Ana Maria declarou na época que gastou mais de R$ 5 mil reais em uma semana entre tratamento, internação e alimentação. “A atuação humanitária da Ana Maria e a dedicação dela - que nem pensou no aluguel atrasado e encontrou um caos em sua chácara, somada ao apoio e eficiência das ONGs foram decisivas para mobilização - foi o que salvou os animais. Só tenho que agradecê-las”, afirma o titular do 3º Distrito Policial. A reportagem da Revista Az! não conseguiu contato com Ana Maria, que não mora mais em Bauru.
Delegado Dinair da Silva: caso chocou até policiais
A lei é branda porque é pena restritiva de direito com multa, prestação e serviços à comunidade, o que incentiva a pessoa a reiterar o crime. A pessoa deveria ser presa ou pagar fiança, é necessário uma mudança na legislação e penalidades Dinair José da Silva, Delegado de polícia
PENAS BRANDAS Reformas urgentes no Código Penal do Meio Ambiente e leis mais severas são reivindicações antigas dos protetores de animais. “O poder público precisa acordar para essa triste realidade, pois animais são seres com consciência e merecem o respeito e a proteção de toda a sociedade. As pessoas têm que se conscientizar e começar a denunciar à polícia casos de maus tratos”, diz Leandra. Denúncias devem ser feitas na Delegacia de Polícia, munido de fotos ou vídeos que comprovem o ocorrido. A pena prevista para crime de maus tratos a animais, incluindo o abandono, é de três meses a um ano de detenção,
segundo o artigo 32 da Lei de crimes ambientais. Por ser leve, colabora para casos de reincidência, como ocorreu no canil Tibiriçá. “A lei é branda porque é pena restritiva de direito com multa, prestação e serviços à comunidade, o que incentiva a pessoa a reiterar o crime. A pessoa deveria ser presa ou pagar fiança, é necessário uma mudança na legislação e penalidades”, salienta o delegado. Na ótica da Justiça, o ex-dono do canil será julgado pelo código 32 porém, se condenado, deverá responder a pena para cada cachorro. Fabiano também responde pelo artigo 132 do Código Penal por crime de periclitação da vida, pois colocou em risco a vida humana, já que os animais
negligenciados adquiriram zoonoses, e doenças como a leishmaniose podem ser transmitidas aos homens. “Laudo elaborado por uma bióloga, constatou que o solo da chácara estava infectado e inadequado para o manejo saudável dos cachorros” informa Dinair, incluindo no processo o artigo 61 de crimes ambientais ao “disseminar doenças, pragas ou espécies que possam causar danos a agricultura, fauna, flora e ao ecossistema”. A reclusão é de um a quatro anos. Ao ser ouvido na época, e ex-dono dos “Gigantes” alegou que estava em viagem, desconhecia o estado dos animais e negou todas as acusações. E, nas palavras do delegado, o mesmo mostrava-se “insensível e parecia rir da situação de maus tratos e sociedade mobilizada”. Em 2011, o ex-criador de cães chegou a pedir um prazo de tempo a Vigilância Sanitária para regularizar a documentação FACEBOOK .COM/AZBAURU
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do canil, o que nunca foi feito. Por ser reincidente, os dois termos circunstanciados contra Fabiano se fundiram em um só inquérito policial. “O inquérito foi concluído em 2013 e mandamos ao judiciário. Agora depende do juiz resolver, ele pode denunciar, arquivar ou enviar a delegacia para novas diligências”, conclui Dinair. A Az! apurou que o caso está na 3ª Vara Criminal e corre em segredo de justiça. Segundo informações extra-oficiais, o acusado está sendo procurado para ser ouvido. “Já passados quatro anos desde o que ocorreu na primeira vez e dois anos após a retirada dos cães do canil em Tibiriçá, a minha sensação é de tristeza,
revolta e indignação pela demora da Justiça” desabafa Leandra. Ela e tantos outros voluntários e ativistas cobram agilidade no julgamento. Todo este quadro reflete a problemática da compra e venda de pets. Muitas vezes não sabemos as reais condições em que o cachorro foi criado até chegar a uma loja ou site. “Por trás de um animal comprado há muita exploração e condições insalubres de vida, enquanto houver a indústria dos cães de raça haverá animais sofrendo”, aponta Leandra. A ativista independente sabe o que fala, até hoje enfrenta com toda dedicação e carinho os resquícios dos dramas enfrentados pelos caninos.
O poder público precisa acordar para essa triste realidade, pois animais são seres com consciência e merecem o respeito e a proteção de toda a sociedade. As pessoas têm que se conscientizar ecomeçar a denunciar à polícia casos de maus tratos Leandra Marquezini
Leandra e seu marido Cacá, com os dog alemães: ‘gigantes’
Félix antes da adoção
Foto Rose Munhoz
DENÚNCIAS Denúncias de maus tratos de animais devem ser feitas na Delegacia de Polícia, munido de fotos ou vídeos que comprovem o ocorrido.
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Fachada antiga da Sapab: entidade está de mudança
MÃOS, CORAÇÃO
E UNIÃO A Sapab é a única entidade no atendimento a portadores de HIV em Bauru e está a ponto de encerrar as atividades por crise financeira. Apoio a infectados pelo vírus é de fundamental importância Texto e fotos Amanda Rocha
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magine-se ao receber o diagnóstico soropositivo na família. Pode ser você, seu irmão ou o seu pai. Nunca imaginamos que poderia acontecer com a gente, ou alguém tão próximo de nós. Em 2010, a escritora Renata (nome fictício, a pedido da entrevistada) descobriu que o pai dela, Antônio (nome fictício a pedido da entrevistada), era uma dessas pessoas. O apoio familiar e a ajuda psicológica fazem toda diferença e são necessários para que a pessoa se sinta acolhida para enfrentar a mudança de estilo de vida e o dia a dia de tratamento até se adaptar. As rotinas são transformadas com nova realidade que vai desde o uso de medicamentos antirretrovirais, os chamados coquetéis, à quebra de mitos e preconceitos que estão arraigados na sociedade como um todo. “Uma família que recebe este diagnóstico, recebe com ele diversos estereótipos e estigmas que circundam a sociedade por décadas. É necessário vivenciar a desconstrução de muitos mitos, conosco não foi diferente”, declara a escritora. Segundo Márcia Pereira da Silva, coordenadora administrativa da Sapab (Sociedade de Apoio a Pessoa com AIDS de Bauru), a maioria das pessoas descobre que está com Aids ou ao ficar doente, ou ao fazer o teste porque se colocou em risco ou, no caso de muitas mulheres, durante o prénatal na gestação. A situação de Antônio, pai de Renata, não foi diferente. “Meu pai ficou doente, começou a ter febre alta, e acreditávamos que fosse desgaste devido ao excesso de trabalho. Os médicos tinham diversas suspeitas, como a dengue. Ele foi internado e, durante uma bateria de exames, o HIV positivo foi detectado, estava com baixa imunidade devido ao vírus e contraiu várias doenças oportunistas, como pneumonia”, diz Renata. Esses sintomas ocorrem porque o HIV (sigla em inglês para Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) destrói os glóbulos brancos - as células de defesa do corpo - enfraquecendo o organismo. A Aids pode levar até dez anos para se manifestar.
SAPAB: DUAS DÉCADAS DE LUTA E ACOLHIMENTO
Uma família que recebe este diagnóstico, recebe com ele diversos estereótipos e estigmas que circundam a sociedade por décadas. É necessário vivenciar a desconstrução de muitos mitos, conosco não foi diferente *Renata, Escritora
Em Bauru, conforme dados de 2013 da Secretaria Municipal da Saúde, há aproximadamente 2.107 pessoas diagnosticadas com HIV, sendo que 1.200 estão em tratamento. Destes, 70% dos pacientes são homens casados ou com parceiras fixas. Entre os jovens, 40% dos abordados em ações preventivas e de diagnóstico afirmaram não usar preservativos. Em 17 anos de atendimento clínico, Katia Villanova, psicóloga analista junguiana, enxerga uma mudança muito grande no comportamento dos adolescentes ao lidar com a Aids: “Por não terem presenciado o surgimento da doença, assim como as consequências da mesma, que levava as pessoas ficarem dilaceradas tanto fisicamente quanto emocionalmente, hoje eles não tomam os cuidados necessários e vivem uma sexualidade desregrada se expondo a várias formas de contágio, que vão desde as DST (doenças sexualmente transmissíveis) ao HIV”. Fundada em 1992, a Sapab é referência e única ONG na região que presta serviços e desenvolve programas sociais gratuitos de apoio a pessoas doentes. Nos anos 1990, auge da doença na cidade, a entidade passou por várias situações até que conseguisse o espaço onde funciona a Casa de Apoio Adulto do Núcleo de Apoio PositHIVo (NAP). “No início tivemos dificuldade em alugar a primeira casa por conta de preconceito
e discriminação. Nessa época podíamos chamar até de preconceito, hoje temos uma situação maior de discriminação. Porque preconceito você tem aquele conceito sem ter o conhecimento de fato das coisas, a partir do momento que a informação está aí esse nome não cabe mais pra explicar esse sentimento das pessoas”, expõe Márcia. A Casa de Apoio foi doação do “Seo” Paiva, ícone da cidade por ter transformado a história da assistência social, e é o único local próprio da entidade. No espaço, são acolhidas até 12 pessoas de ambos os sexos e é oferecido atendimento 24 horas com alimentação, ajuda psicossocial, tratamento médico, entre outros. Márcia explica que a Sapab surgiu em decorrência das pessoas com HIV em vulnerabilidade, que ao receberem alta, não tinham família para dar respaldo na recuperação. Aliado ao problema clínico, estava o problema social. Além da “Casa”, outros dois serviços estão ativos: o Lar Social Cori, que acolhe crianças e adolescentes soropositivas e grupos de irmãos sem o vírus, e o Seid (Serviço de Proteção Social Especial para pessoas com deficiência, idosos e suas famílias e pessoas convivendo com HIV/ AIDS). “Hoje não convivemos somente com pessoas com HIV, e para quebrar esse estigma abrimos outra situação de serviços e atividades para que as pessoas convivam de forma mais social”, informa Márcia.
Diretoria da Sapab reunida: amor pelo trabalho voluntário, mas dificuldades atrapalham
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Márcia da Silva não esconde preocupação com situação
CRISE FINANCEIRA PODERÁ FECHAR A ENTIDADE A partir de 2010, há uma diminuição significativa de crianças com Aids no município devido a medidas preventivas na área da saúde voltados às gestantes HIV, como fazer cesáreas, a não-amamentação e a combinação do uso de antirretrovirais na mãe e no recém-nascido. Mas o que era para ser comemorado pela Sapab se tornou uma dificuldade devido ao corte de verbas. Desta forma, a entidade firma novo convênio com a Sebes (Secretaria Municipal do Bem-Estar Social) e passa a abrigar adolescentes soropositivos e grupos de irmãos sem o vírus para se adaptar a nova realidade de assistência social. “Mudou um pouco o perfil da entidade, mas sempre reservamos vaga pra crianças soropositivas, é a nossa missão”, reitera a coordenadora. No momento, 85 famílias são atendidas, dessas, 20 tem portadores de HIV; além de 20 crianças e adolescentes no abrigo e oito adultos no NAP. Atualmente, a Sapab passa por séria crise financeira e está a ponto de fechar o serviço. De acordo com coordenadora, o custo mensal da Sapab é de R$ 52 mil,
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sendo que R$ 38 mil vêm de convênio firmado com a Sebes. Para conseguir o restante do valor, é necessário um corpo de voluntários para captação de recursos através de doações e campanhas da comunidade. Essas medidas ajudam a manter a área administrativa e o pagamento de alguns funcionários, além de contribuir para o fechamento do caixa. Todos os diretores da entidade são voluntários. “O ano passado foi muito difícil, não conseguimos fechar o caixa e fazer a prestação de contas ainda, então não há previsão do repasse do município. Há muita burocracia”, diz Márcia. Os 30 funcionários estão com o salário de fevereiro atrasado, e alguns não receberam nem o de janeiro. O momento é crítico e a coordenadora informa que as doações de alimentos recebidas no início do ano estão se esgotando pois o consumo é muito alto. “Precisamos de ajuda, ainda que não seja de grande doação em dinheiro mas de ideias e mão de obra, voluntários. Então peço para que venham se sentar com a gente e falar sobre um evento, uma campanha...” clama.
O prejuízo, que chega a R$ 14 mil mensais na Sapab, já gerou um rombo de R$ 106 mil aos cofres da entidade. Se esse valor não for quitado, a prefeitura é obrigada a cancelar os convênios por falta de certificados de regularidade fiscal
GRUPOS DE APOIO TÊM IMPORTÂNCIA Márcia ressalta que no início existem fases de negação e por isso muitos fogem do tratamento por não acreditarem no diagnóstico. Outros momentos de “fuga” se dão no meio da vida pós-contaminação: não aderem mais ao tratamento, dormem demais ou de menos e procuram drogas e álcool. Neste processo, os grupos de apoio e a ajuda psicológica são fundamentais. “Nos grupos de apoio eles podem partilhar suas experiências, dúvidas e sentir um nos outros o apoio necessário para
enfrentamento da doença e enxergar que a vida dele vai além do fato de ter Aids” reforça Katia Villanova. Por ser uma doença onde ainda não há um tratamento com estabelecimento de cura, as melhoras nos quadros de saúde vêm com medicação, alimentação, ajuda psicológica, grupos de apoio, e principalmente no abraço da família e da sociedade. As ações preventivas continuam sendo a solução, como o uso de preservativos e não se expor a situações de risco.
PONTO DE VISTA FAMILIAR Depoimento de *Renata sobre o pai com HIV Para a família foi muito pesado, não serei hipócrita ao ponto de dizer que recebemos a notícia de um familiar que está Aids com o mesmo peso de quem está com diabetes. Os pesos são dife-
Nos grupos de apoio eles podem partilhar suas experiências, dúvidas e sentir um nos outros o apoio necessário para enfrentamento da doença e enxergar que a vida dele vai além do fato de ter Aids
rentes porque os estigmas também o são. As pessoas quando
Katia Villanova,
recebem a notícia estigmatizam além do portador do vírus, a
Psicóloga analista
família. Num primeiro momento não sabíamos como enfrentar
junguiana
a situação, não se falava muito sobre o assunto, e vamos descobrindo como nos portar e criando formas de se enfrentar. Meu pai ficou bem depressivo e doente, era o provedor da família e foi complicado. A ajuda psicológica foi muito importante, é fundamental para que o indivíduo retorne ao seu cotidiano. Porém, ele tinha resistência no começo em ir a terapia em grupo, depois foi construindo redes de afetividade o que ampliou seu interesse. Depois de 4 anos, a relação dele com minha mãe terminou, não por falta de aceitação da família mas por outras questões particulares. Hoje ele tem outra parceira, que por acaso é soropositiva. Na medida do possível todos apoiamos, principalmente a minha mãe. Hoje ele leva uma vida como qualquer outra pessoa, voltou a trabalhar e com os coquetéis consegue controlar a imunidade.
SERVIÇO Para ser voluntário da Sapab ligue para: (14) 3226-2006 ou vá direto ao novo ender eço da sede: rua Inconfid ência, 2-27 (em frente ao Cip s). Para fazer uma doaçã o vá ao Banco Santander e deposite na conta: 130053066, agência: 000 4.
* nome fictício
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Chef Gigio chamando o leitor para um brinde enquanto posava para fotos em material da Az! de dezembro de 2013: receitas exclusivas e inesquecĂveis
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UM BRINDE À
CRIATIVIDADE E AO CARISMA DO
CHEF GIGIO Texto Fernanda Villas Bôas Foto Arquivo Az!
U
ma vez, pedi ao chef Gigio a receita do seu panforte (panforte é um bolo típico da Toscana à base de frutas secas, laranja e especiarias). Ele me olhou daquele jeito divertido e comentou assim: “Você conta os seus segredos do jornalismo por aí? Não, né? Pois eu também não conto os meus!”. Ainda tentei argumentar: “É curiosidade jornalística, Gigio...”. Mas ele encerrou o assunto daquele jeito definitivo e perguntou se eu iria viajar no Réveillon. Panforte era minha sobremesa preferida na Teodora Osteria, um restaurante charmoso da cidade, que foi idealizado e construído há pouco mais de três anos pelo chef Gigio, o nome artístico do paulistano Luís Eduardo Roger de Andrada Coelho. Mestre da gastronomia, Gigio morreu no último dia 9 de fevereiro, no Hospital Beneficência Portuguesa de Bauru, vítima de complicações decorrentes de uma infecção renal. Ele tinha 48 anos e uma porção de projetos pela frente. Cheguei a ouvir muitos deles. No final do ano passado, Gigio decidiu ampliar seu negócio. Alugou uma casa nos Altos da Cidade e passou a oferecer o salão e seus cardápios personalizados para encontros, festas e reuniões. O estabelecimento, que fica a poucas quadras da Teodora Osteria, tem uma área anexa, que o chef planejava transformar numa casa de massas frescas, patês, molhos, vinhos e gostosuras afins. “Sabe aquelas lojinhas do Bixiga? Acho que Bauru tem potencial para comportar uma dessas”, ele dizia. Bixiga, aliás, era uma referência sempre presente no currículo do chef Gigio: fica nesse bairro a cantina onde ele trabalhou por um tempo, a C... que Sabe!, uma das mais
tradicionais de São Paulo. Em quase 30 anos de carreira, ele fez uma porção de coisas: administrou outros restaurantes, cozinhou profissionalmente na Itália, prestou consultoria para padarias, expandiu mix de produtos de empresas alimentícias, treinou equipes, deu cursos de gastronomia, ensinou seu ofício em programa de TV... Era um empreendedor nato, sempre atento às tendências do mercado e às movimentações dos consumidores. Não por acaso, a Teodora Osteria jamais se restringia ao cardápio. Uma vez a cada 40 dias, chef Gigio imaginava uma atração gastronômica diferente para conquistar novos clientes: camarão gigante, fondues especiais, entrecôtes com molho secreto, carnes do cerrado, festival da lagosta. Por conta do seu carisma e da qualidade das suas iguarias, acabava ganhando mais amigos, que divulgavam o restaurante para outros amigos – e a cadeia estava formada. Sua especialidade era a cozinha italiana, mas ele também mandava bem na mexicana, na brasileira, na oriental. Era um artista. Uma de suas manias era fotografar os pratos servidos nos eventos em que pilotava o fogão: festas de empresas, aniversários, casamentos, batizados, confraternizações. Mostrava as fotos tiradas no celular e se entusiasmava com as novidades que temperavam suas criações: “Essa é uma paella diferente, uma paella caipira - e sabe que todo mundo adorou?”. Gigio deixou a mãe, dona Danuta, a noiva Cibele, as irmãs Mônica e Luciana, os sobrinhos Eric e Sam, e os cunhados Thiago e Márcio. Também deixou uma legião de amigos e admiradores, que enxergavam no seu trabalho um tributo à arte da culinária e uma consagração aos momentos inesquecíveis.
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O UNIVERSO DOS
PODCASTS Arquivo de áudio digital lançado em 2004 ficou conhecido como programa de rádio na internet por carregar características comuns: vinhetas, músicas e bate papo Texto Daiany Ferreira Fotos Banco de Imagens e Arquivo Pessoal
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raças às tecnologias e aos métodos para comunicação surgidas desde a segunda metade da década de 1970 e, principalmente, com o boom nos anos de 1990, hoje em dia torna-se difícil imaginar vivermos sem internet, não é mesmo? De modo geral, as novas tecnologias estão associadas à interatividade que nos levam a um mundo de comunicação e vasto alcance. E, por falar em interatividade, há mais de dez anos o podcast disponibiliza aos usuários episódios de programa na internet que geralmente são gravações de áudio e vídeo. Por tanto, definindo-o como um blog falado. Só no Brasil, existem mais de 700 podcasts sendo produzidos atualmente. Normalmente, esses arquivos são elaborados em formato mp3, e os usuários podem ouvir online ou baixar
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o arquivo para ouvi-lo mais tarde. Para o produtor e editor do Na Porteira Cast, Randal Bergamasco, a mídia podcast assim como o YouTube, possui características que dominam os outros meios de comunicação. “A principal característica deste tipo de conteúdo é que ele pode ser consumido quando, onde e da maneira que o usuário quiser. Ele pode ouvir um podcast pelo smartphone, computador, tablet ou no rádio do carro”, avalia Randal, lembrando também que outra característica marcante dessa mídia é a interação dos produtores com os ouvintes. Produzindo conteúdos diversos e humorados desde 2011, o Na Porteira Cast nasceu em Pederneiras. Em média, são 3 mil downloads por episódio. Ainda segundo Randal Bergamasco, a interação entre os
usuários chega a quebrar barreiras quando a comunicação alcança o outro lado do mundo. “No Japão, por exemplo, há um número impressionante de pessoas que acompanham o podcast e interagem conosco. No Brasil, a gente percebe que as maiores audiências são de grandes centros urbanos, como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte e Recife. Nos arredores de Pederneiras, nossa audiência se concentra em Bauru, mas é muito abaixo da média das outras localidades. Aqui na região, a mídia podcast tem muito o que crescer”. De acordo com o PodPesquisa 2014, questionário nacional sobre a audiência de podcasts, cerca de 86% dos usuários procuram ouvir temas de humor e entretenimento, seguido de assuntos como televisão, séries e cinema com quase 69%.
A principal característica deste tipo de conteúdo é que ele pode ser consumido quando, onde e da maneira que o usuário quiser. Ele pode ouvir um podcast pelo smartphone, computador, tablet ou no rádio do carro
Randal Bergamasco está na área desde 2011
Randal Bergamasco, Produtor e editor do Na Porteira Cast
APAIXONANTE Nascido em Bauru, Guilherme Bald, o Guizaum, é publicitário, e tem 27 anos. Atualmente morando em Brasília, comanda quinzenalmente o podcast Grande Coisa com temas do mundo POP, cinema, TV, quadrinhos, séries, games e até as mais variadas situações do dia-a-dia. “Podcast é uma mídia apaixonante, quem começa a ouvir quer produzir seu próprio conteúdo. Em 2009 iniciei com Nerdrops, site pioneiro de notícias que semanalmente comentava com humor um resumo dos assuntos mais falados na mídia”, explica. Apesar de receber mais de 20 mil acessos por mês, um dos desafios de quem produz podcast é a divulgação em massa. As agências de comunicação ainda preferem investir
nas visualizações de campanhas em banner ou anúncios em TV. Porém, Guilherme Baldi explica que se o podcast tiver conteúdos voltados para um público-alvo específico, o retorno e a visibilidade pode ser melhor. “Um cast que fala de literatura por exemplo, tem ouvintes que gostam do tema e estão muito mais suscetíveis a esse tipo de anúncio, além do mais, não é um anúncio invasivo, já que normalmente vem com conteúdo relevante”, avalia. Para o ex- editor do Jovem Nerd, Allan Pollar e atual participante do Grande Coisa, a mídia ainda é baseada no boca a boca. “No Brasil funciona assim, alguém ouve, acha legal e recomenda para os outros, mas ainda falta um instrumento de divulgação em massa realmente eficiente para a mídia”, afirma Allan.
Podcast é uma mídia apaixonante, quem começa a ouvir quer produzir seu próprio conteúdo. Guilherme Bald (Guizaum), Publicitário que comanda o podcast Grande Coisa Bauruense Guilherme Baldi edita podcast sobre mundo Pop
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Uma coisa que eu gostaria de um dia escrever é sobre a falta que Bauru tem de um “norte”. Depois que as ferrovias foram abandonadas no final dos anos 60, a cidade perdeu o rumo. Luciano Pires, Escritor e diretor do Café Brasil Luciano Pires é veterano na veiculação dos podcasts
SEMEANDO PENSAMENTOS Considerado um dos destaques desse segmento no país, o Café Brasil é dirigido pelo escritor bauruense Luciano Pires. Foi a partir de um programa apresentado em uma rádio local que decidiu criar seu podcast em setembro de 2006. De lá pra cá soma-se em média 200 mil downloads por mês. Não é uma tarefa fácil. Provocar e instigar reflexões nas pessoas sobre o cotidiano leva tempo e dedicação na produção de um podcast. “Se pego um assunto que vem sendo muito discutido pela sociedade, vou procurar um ângulo de abordagem diferente, uma posição original, algo que abra uma nova perspectiva para quem estará ouvindo”, observa Luciano, citando polêmicas como possíveis casts mais ouvidos e debatidos.
Praticando uma espécie de “fitness intelectual” desde seu primeiro podcast, Luciano também falou sobre seus desejos de ver sua cidade natal em uma posição mais confortável de se viver. “Uma coisa que eu gostaria de um dia escrever é sobre a falta que Bauru tem de um “norte”. Depois que as ferrovias foram abandonadas no final dos anos 60, a cidade perdeu o rumo. É uma cidade do agronegócio? Da indústria? Da educação? Não se sabe. Essa falta de foco e de perspectiva, aliada às administrações desastrosas que a cidade experimentou ao longo dos anos 90, fizeram com que perdêssemos a oportunidade de investir em planos de longo prazo”, finaliza o escritor apostando em uma sociedade mais pensativa.
VOCÊ SABIA? Dia 21 de outubro é comemorado o dia do podcast no Brasil. Essa data foi escolhida porque foi lançado o primeiro episódio de um cast brasileiro, em 2004, chamado Digital Minds – já extinto. Cerca de 73% dos podcasts ouvidos são brasileiros. A palavra podcast vem dá junção das palavras “Pod” – uma referência ao dispositivo iPod da Apple - Com a palavra “Broadcast” – que significa transmissão, em inglês. O principal podcast do Brasil na atualidade é o Nerdcast que, segundo informações do Mídia Kit, chega a 350 mil downloads por semana. No entanto, esse número ainda está longe de alcançar os Estados Unidos. Um levantamento feito em 2014, apontou que a podosfera norte-americana conta hoje com cerca de 75 milhões de ouvintes.
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# C O LU NA S
CAPTAÇÃO DE RECURSOS PARA PROJETOS CULTURAIS:
LEI ROUANET
A
gradeço à Revista Az! a oportunidade de publicar artigos sobre mecanismos de captação de recursos para projetos. A Lei Rouanet (Lei 8.313/1991) instituiu o Programa Nacional de Apoio à Cultura (PRONAC), cuja finalidade é a captação e canalização de recursos para os diversos setores culturais buscando essencialmente facilitar à população o acesso às fontes de cultura. O mecanismo de incentivos fiscais da Lei Rouanet é uma forma de estimular o apoio da iniciativa privada ao setor cultural. Ou seja, o Governo abre mão de parte dos impostos (que recebe de pessoas físicas ou jurídicas), para que esses valores sejam investidos em projetos culturais que ajudam a mudar e até transformar o cenário da comunidade. O proponente (pessoa física ou instituição cultural) apresenta uma proposta cultural ao Ministério da Cultura (MinC) e, depois de aprovada, o proponente é autorizado a captar recursos junto a pessoas físicas pagadoras de Imposto de Renda (IR), que apresentam declaração completa, ou empresas tributadas com base no lucro real visando a execução do projeto. Os patrocinadores poderão ter o total do valor desembolsado deduzido do imposto devido (artigo 18), dentro dos percentuais permitidos pela
legislação tributária. • Empresas, até 4% do imposto devido; • Pessoas físicas, até 6% do imposto devido. O incentivo não altera o valor a pagar ou a restituir do seu Imposto de Renda, apenas redireciona parte do imposto para o projeto escolhido, contribuindo para a cultura e promovendo o desenvolvimento do cidadão. Benefícios para quem apoia Para as empresas: • Possibilidade de agregar valor à marca por meio do apoio a uma iniciativa que valoriza a cultura na cidade, promove o desenvolvimento cultural e gera aproximação com a comunidade; • Possibilidade de aproximar o relacionamento com clientes e atrair novos clientes por meio do vínculo da sua marca com projetos de valor; • Projeção da marca da empresa nos materiais de divulgação dos projetos. Para a pessoa física: • Protagonismo individual: o doador fazendo a diferença na prática, contribuindo para a disseminação da cultura e promovendo o fácil acesso à comunidade. • Custo zero: incentivos 100% dedutíveis do Imposto de Renda, dentro do limite de 6% do imposto devido.
Para ser um agente incentivador da cultura e obter a dedução fiscal do valor do incentivo, você deverá fazer a sua próxima declaração de IR (2015 ano base 2014) no formato COMPLETO. IMPORTANTE: Você deverá fazer o depósito do valor patrocinado até 27/12/2015.
Chico Maia
Especialista em projetos e secretário municipal da Agricultura
(*) Observe que a diferença na dedução do IR deverá ser restituída pelo doador ao banco antecipador após o processamento de sua declaração do IR.
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POLÊMICA DOS
CARTEIROS Inquérito do Ministério Público Federal questiona motivos de os Correios não entregarem casa a casa as correspondências em condomínios fechados horizontais Texto Bruno Mestrinelli Fotos Reprodução/Internet
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oradores de condomínios fechados horizontais de Bauru têm uma rotina diferente quando precisam coletar suas correspondências. Eles não recebem as cartas e outras encomendas enviadas via Correios na porta de suas residências da mão dos carteiros. Essa segregação de serviço é admitida e justificada pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. E, agora, alvo de investigação do Ministério Público Federal por meio de um Inquérito Civil Público. Essa polêmica pode ir parar nos tribunais. O procurador da República Fabrício Carrer é o responsável pela investigação, que está em curso desde dezembro do ano passado. Ele afirma que, inicialmente, os Correios não entregam nos condomínios porque os mesmos não permitem a entrada direta de pessoas nos locais. Carrer ressalta, porém, que o inquérito pode culminar com uma ação para que os Correios façam essa entrega. “Há precedentes judiciais determinando a entrega porta a porta em outros locais do país”, explica o procurador, que já determinou a entrega casa a casa em um dos condomínios de Bauru, mas sem cumprimento até o momento. O procurador ressalta também que não vê dúvidas da necessidade dos Correios entregarem porta a porta, desde que haja o pedido dos condomínios. Ou seja: há obrigação formal se os moradores expressarem à empresa federal o desejo que os carteiros andem pelas ruas do conjunto.
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Imagine se um empresário perde uma licitação de R$ 1 milhão por não receber sua carta-convite em mãos. Os Correios entregam na portaria. Mas, e se acontecer algum problema e a carta ficar lá? Quem vai arcar com o prejuízo? Ivan Goffi, advogado
ORIGEM O processo de investigação foi originado em um pedido de informações do advogado Ivan Goffi, colunista da Az!. Ele, que mora em um condomínio fechado horizontal em Bauru, explica a sua intenção com a ida à procuradoria. “Imagine se um empresário perde uma licitação de R$ 1 milhão por não receber sua carta-convite em mãos. Os Correios entregam na portaria. Mas, e se acontecer algum problema e a carta ficar lá? Quem vai arcar com o prejuízo”, argumenta. Goffi ressalta que a ação de investigação do MPF vai ajudar a resolver o assunto.
OUTRO LADO De acordo com a assessoria de imprensa dos Correios, em nota enviada à redação da Az!, a não entrega dessas correspondências casa a casa é baseada no artigo 5º da portaria 567/2011 do Ministério das Comunicações.
“Ela prevê que as entregas de objetos postais em condomínios e edifícios residenciais, com restrições de acesso e trânsito de pessoas, sejam feitas por meio de uma caixa receptora única de correspondências, instalada na área térrea de acesso aos moradores, ou entregue a pessoa designada para receber os objetos (porteiro, zelador, administrador etc)”, informou a nota enviada à Revista Az! A empresa informou também por meio de sua assessoria que não pretende modificar o esquema atual devido a essa norma que baseia a definição do serviço. Ainda de acordo com os Correios, caso o condomínio (ou edifício) não possua caixa receptora única de correspondências, nem de pessoa designada para receber os objetos, havendo solicitação por parte dos moradores, os Correios poderão efetuar a entrega postal em caixas
receptoras individuais, instaladas na entrada da coletividade, desde que haja acesso público para depósito das correspondências. No caso de impossibilidade de entrega ao destinatário, o objeto é devolvido ao remetente.
SEGURANÇA Em Bauru e em outros locais do Brasil, os Correios também não entregam correspondências em alguns locais específicos, como locais sem número, sem nome de rua, e que não ofereçam segurança aos funcionários da empresa. Recentemente, emissoras de televisão mostraram que consumidores têm que buscar seus produtos na sede dos Correios em capitais porque moram em comunidades tomadas pelo crime. Com isso, as entregas ficariam perigosas para os carteiros e há roubos de cargas registrados.
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# C O LU NA S
POR AMOR AO PAPEL
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Ivan Goffi
Advogado
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desenvolvimento da escrita foi um marco importante para o registro da história humana. Desde os primórdios, perpetuamos a memória dos acontecimentos. Todavia, a nova ordem mundial decretou que toda informação deve ser digital. Regozijam-se pelos feitos cada vez mais audaciosos, pela velocidade cada vez mais impressionante de transmissão de dados, pela capacidade cada vez mais ampliada para armazenamento. Por outro lado, o uso de livros está em declínio. Jornais em off set, com os dias contados. Qualquer tema pode ser acessado a partir de um provedor! Mas, seria isso um avanço para a humanidade? Tecnologicamente, sim, mas representa a morte para a memória pessoal, íntima, que tanto prazer proporcionou ao Homem, especialmente aos amantes. Num passado recente, cartas de amor e paixão eram trocadas pela via postal. Dias de espera e expectativa pela visita do carteiro, isso sem falar nos bilhetinhos trocados no local de trabalho, salas de aula, bares ou simplesmente deixados sobre o travesseiro, porta da geladeira... Tudo dependente do bom e velho papel, aquela fina camada de pasta de celulose. Recentemente, encontrei uma sacola com cartas e bilhetes que
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troquei com minha então namorada, há 22 anos! Papéis amarelados pelo tempo. Eu tinha ali o registro histórico do passado em minhas mãos, como no dia exato em que foram escritos! Revi e revivi aqueles momentos. Ironicamente, na era da informação eletrônica, nenhum recado mais é deixado… em papel. São torpedos, e-mails, posts de facebook, whatsapp ou messenger (até que os próximos meios de comunicação instantânea venham substituí-los), condenando a história instantânea a perder-se no tempo. Meus filhos jamais sentirão o mesmo prazer que pude sentir ao encontrar as cartas e bilhetes de 22 anos atrás! Não haverá “torpedo” arquivado por tanto tempo. Não haverá acesso a posts históricos. Não haverá mensagens de whatsapp registrando um chamego virtual, um convite, um “bom dia” carinhoso. Triste sina para uma humanidade que se esforçou pelo aprimoramento da escrita e dos meios de impressão. Das tábuas dos assírios aos papiros egípcios, dos livros feitos à mão pelos monges a Gutemberg e mais modernas prensas, tudo que ficaria registrado em papel estará confinado aos bites de algum e-mail ou torpedo, e fadado a perder-se no tempo. A criatura engoliu o criador.
vendemos resultados a curto prazo. COMUNICAÇÃO DESIGN MÍDIAS SOCIAIS whatsapp 11 99333 9046 facebook.com/uecomunicacao
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CARNAVAL
NOTA 10! Texto Bruno Mestrinelli Fotos Bruno Mestrinelli/ Narjara Lousano/Thaís Augusto Ferreira - Estúdio Glass Photo e Art
CLASSIFICAÇÃO DO CARNAVAL ESCOLAS DE SAMBA 1º Acadêmicos da Cartola 2º Mocidade Unida da Vila Falcão 3º Águia de Ouro 4º Coroa Imperial 5º Tradição da Zona Leste 6º Tradição da Bela Vista ***Imperatriz da Grande Bauru foi desclassificada por não apresentar o número mínimo exigido de integrantes
BLOCOS CATEGORIA ESPECIAL 1º Império Lagoa do Sapo 2º Pé de Varsa 3º Estrela de Tibiriçá 4º Ouro Verde 100% Arte 5º Bonde do Consulado Unidos do Jardim Petrópolis, Esquadra da Indepa e Só Vai Quem Bébi desfilaram na categoria Originalidade, sem classificação e notas.
O
Carnaval em Bauru está com força total. Depois de anos de muita luta de quem gosta da principal festa popular do país, já dá para dizer que a folia do Momo é uma realidade em nossa cidade. A Cartola, pelo quarto ano seguido, levou o título do desfile das escolas de samba de Bauru. Está cada vez mais bonita, deixando os bauruenses boquiabertos. Porém, mais uma concorrente ao título está chegando. A Mocidade Unida da Vila Falcão, em seu ano de retorno, sem a verba de ajuda da prefeitura, conseguiu incomodar os atuais tetracampeões e ficou com o vice-campeonato. Imaginem ano que vem! Os blocos também deram um show em nosso sambódromo. O Império Lagoa do Sapo parecia mais uma escola de samba e venceu. Outro bloco que deu show foi o Pé de Varsa, que ficou com o vice-campeonato entre os blocos. O Carnaval bauruense também teve bons momentos fora da nossa passarela do samba. O desfile dos irreverentes “tomateiros” do Bauru Sem Tomate é Mixto abriu o festejo no sábado de Carnaval, no Calçadão da Batista de Carvalho. Também trazemos cliques do concorridíssimo baile promovido pelo Rotary Terra Branca, que deu um verdadeiro show no quesito fantasias! Nota dez! Agora é esperar pela folia do ano que vem e que essa linda festa continue gerando empregos para quem vive o dia a dia das escolas e, mais do que isso, trazendo alegria de ano e em ano nessa festa mais do que tradicional. Confiram as fotos do desfile e mais nas próximas páginas. Parabéns a todos que fizeram a sua parte!
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#SOCIAL ESCOLAS DE SAMBA
CARTOLA: A GRANDE CAMPEÃ
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MOCIDADE UNIDA DA VILA FALCテグ: A VICE
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#SOCIAL
ÁGUIA DE OURO
COROA IMPERIAL
AZULÃO DO MORRO
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TRADIÇÃO DA ZONA LESTE
TRADIÇÃO DA BELA VISTA
IMPERATRIZ DA GRANDE BAURU
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#SOCIAL
BLOCOS DE CARNAVAL
IMPÉRIO DA LAGOA DO SAPO
PÉ DE VARSA
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ESTRELA DE TIBIRIÇÁ
OURO VERDE 100% ARTE
BONDE DO CONSULADO
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ESQUADRÃO DA INDEPA
SÓ VAI QUEM BÉBI
UNIDOS DO JARDIM PETRÓPOLIS
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BASTIDORES DOS DESFILES
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