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É PAVÊ OU PARA COMER?

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APESAR DE VOCÊ

APESAR DE VOCÊ

A história de Débora Gabrich, uma fotógrafa publicitária que ganha a vida produzindo imagens saborosas

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PUBLICITÁRIA DÉBORA GABRICH,

de 31 anos, começou a sua vida profissional dentro do próprio apartamento. Ela tirava fotos de pratos feitos por Rafael Perdigão, seu namorado, um cozinheiro profissional de mão cheia. Isso permitiu a ela montar um portfólio vistoso, enquanto ele podia divulgar seus dotes gastronômicos. Pequenas empresas passaram a contratá-la só por causa das imagens. Mas não demorou muito para que suas fotografias culinárias ganhassem visibilidade e atraíssem olhares também de grandes marcas, como Vigor, Aurora, UberEats, Subway, H20H e Catupiry.

Há dois anos, Débora recebeu uma proposta que gerou grande lembrança emocional: fotografar para a rede de restaurantes Outback. “Minha família sempre teve a tradição de ir ao Outback em datas especiais como forma de comemorar algo incrível. Inclusive, se os restaurantes estivessem abertos no dia em que recebi a proposta, com certeza eu teria ido comemorar no Outback”, lembra. Como o convite veio durante a pandemia, Débora voltou para o mesmo esquema de trabalho do início da carreira. A sessão de fotos iria ocorrer dentro do seu apartamento. Em questão de horas, sua casa se tornou quase uma franquia Outback, com direito a 12 costelas tradicionais do restaurante prontas para receber os flashes.

Formada em Publicidade e Propaganda pela PUC Minas, a fotógrafa sempre recorre à criatividade para achar uma solução em casos de imprevistos. Uma fatia de bolo cortada de forma errada pode gerar um certo desespero, uma vez que a empresa contratante nem sempre envia mais unidades de determinados produtos. “Nessas horas você levanta e vai dar uma chorada rápida no banheiro”, brinca a publicitária. “Normalmente eu faço o seguinte: pego o bolo, tiro uma foto de segurança e depois faço o que tiver que fazer. Se der errado, deu. Cortou o bolo torto? Vira para o outro lado e corta outra fatia. Você precisa inventar soluções criativas, porque isso acontece mesmo.”

Dentre todos os alimentos, Débora relata que o sorvete é um dos mais difíceis de fotografar, já que as luzes do estúdio aceleram o processo de derretimento. Para dar certo, ela e a equipe precisam deixar tudo pronto para que quando o protagonista – o sorvete – chegue em cena, a sessão seja extremamente rápida.

Fotografar alimentos para o ramo publicitário vai muito além de apenas produzir uma imagem bonita. Uma foto tem de convencer o consumidor de que ele vai querer provar aquela refeição. “Eu preciso que você olhe para a comida e tenha a sensação que sente ao comer, porque é isso que vai te atrair”, reforça a fotógrafa.

Algumas vezes, Débora recorre a pequenos truques para dar um toque de realidade nos alimentos. Quando ela fotografa pães de alho, por exemplo, não segue as instruções de tempo de cozimento recomendadas na embalagem. Com o prato semi-cru, recomenda ela, as imagens vão conferir maior suavidade e suculência ao produto.

Com o objetivo de ajudar ainda mais aos que sonham em entrar no ramo, a publicitária administra o “Mais que um click”, um curso fotográfico online que aborda as diversas etapas da criação de um projeto, do início ao fim. Nele, ela ensina algumas das dicas que aprendeu ao longo de dez anos de carreira. Mas nem todos os truques utilizados pela publicitária foram aprendidos de forma instantânea. A fotógrafa ensina que, antes de acertar, primeiro precisou errar, e muito. Ela incentiva a todos que têm o sonho de iniciar na profissão de se arriscar e não desistir, por mais que no começo as fotos pareçam catastróficas - e nada apetitosas. @

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