Capítulo 3 A identidade negra na criação de um estilo
O
movimento negro nasceu no Rio de Janeiro, no período da Segunda Guerra Mundial, começando se firmar a partir de 1945, quando diversos grupos se reuniam para discutir e buscar caminhos para a valorização e reconhecimento da identidade cultural e social do negro brasileiro. Existiam na cidade diversos pontos de encontro dos grupos de negros. No Vermelhinho1reunia-se um grupo de negros liderados pelo poeta pernambucano Solano Trindade2 (1908-1974). Dessas reuniões nasceu o Teatro Popular Brasileiro. Na mesma rua, mais precisamente na ABI (Associação Brasileira de Imprensa), o maestro Abigail Moura fundou a Orquestra Afro-Brasileira, que compunha e interpretava música afro, uma inovação neste campo. No primitivo Café Lamas (Largo do Machado) reunia-se um outro grupo de artistas negros, oriundos do teatro experimental do Negro, tendo Wanderley Batista e Haroldo Costa como líderes, que começaram a ensaiar e promover diversos encontros na gafieira Flor do Abacate (no Catete), com o objetivo de agrupar os diversos negros da região, para não ficar nos bares à toa a noite toda; eles ensaiavam de 20 às 22 horas. Em 1949, o grupo deixou de se encontrar no Catete e passou a ensaiar nos fundos de uma loja de livros raros na Travessa do Ouvidor. Seu proprietário era Miecio Askanassy (1911-1981), um polonês radicado no Rio de Janeiro. Nesse período, nasceu o Teatro Folclórico Brasileiro, que mais tarde conquistou o mundo com o nome de Brasiliana. Ainda neste período, o antropólgo Edison Carneiro (1912-1972), com sua obra e pesquisas sobre a cultura negra, em muito influenciou diversos artistas a desenvolverem seus trabalhos. Porém, um dos negros mais influentes dessa época e um dos precursores da luta em favor da queda da barreira racial no país foi Abdias Nascimento.3 Ele fundou, em 1944, o