Mercedes Baptista

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Mercedes Baptista - criação da identidade negra na dança 38

Capítulo 5 Ensinando, Divulgando, Organizando

A

ssim que chegou dos EUA, Mercedes começou a desenvolver seu estilo pessoal de dança. Sua proposta de trabalho era uma fusão entre diversas linguagens de dança, desde a clássica à moderna, passando pelos rituais religiosos afro-brasileiros. Porém, para lograr tal intuito, foi necessário criar uma escola, oferecendo cursos que possibilitasse desenvolver uma técnica, aplicar a técnica Dunham e principalmente criar um celeiro de novos artistas que pudessem atuar em seu grupo. Nessa perspectiva, nasceu em 1952 a Academia de Danças Mercedes Baptista. O primeiro local a abrigar a escola foi, como já dito, a Gafieira Estudantina, onde, apesar das instalações precárias, a professora ensinava aos seus alunos as técnicas de balé clássico, moderno e afro-brasileiro, combinadas com a técnica da escola de Katherine Dunham. O corpo discente era formado basicamente por alunos negros e mestiços de origem humilde, para os quais essa nova escola abriu grandes perspectivas profissionais, culturais e artísticas. Com o sucesso do trabalho desenvolvido por Mercedes, que pôde ser comprovado nas viagens, revistas, carnaval, entre outros, a escola foi ganhando novos espaços e recebendo novos alunos de diversas classes sociais e culturais. Sobre esse período podemos ler no jornal O Globo de 21/08/89:

“No início de sua carreira a bailarina dava aulas grátis na gafieira Estudantina. As cadeiras serviam como barras para os exercícios e esse trabalhou lhe rendeu frutos...”


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