Revista da Madeira - Edição nº 150

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No caso da indústria de base florestal, que inclui madeira, moveis, papel e celulose, os efeitos foram abrandados, em grande parte, pelo incentivo á exportação. Mesmo com valor semelhante ao ano anterior em vendas externas, o setor chegou a US$ 10,26 bilhões. O setor ainda é muito dependente do segmento papel e celulose, o agora deve ser produto de valor agregado , quer seja em madeira e ou móvel. A competitividade no mercado internacional é intensa, mas os produtos brasileiros tem qualidade, a produção já atingiu um alto grau de tecnologia e o consumo é muito forte em muitos países. Alguns limitante entretanto ainda tornam nossos produtos menos presentes. Um deles é a própria passividade do empresário brasileiro na busca de novos mercados ou no desenvolvimento de novos produtos para mercados específicos. Temos que estar na frente. Os atuais problemas políticos, sociais ou econômicos do País são transitórios e devemos estar adiante. Não deixando de lado, é lógico, a retomada gradual do mercado interno, que teve na construção civil um grande impulsionador setorial por vários anos. Mas o importante é estamos preparados.

O

ano de 2016 foi marcado por muitas incertezas na economia brasileira. A crise, que atingiu todos o setores, provocou estragos que levarão anos para recompor. Além do fechamento de muitas empresas, aumento no endividamento, retração do mercado interno e queda nos investimentos, o país ainda sofreu com o desemprego, que reduziu 12 milhões de postos de trabalho. Alguns segmentos foram mais atingidos, outros menos.

Clóvis Rech Editor Responsável/ Editor in Chief

Sumário / Summary

Expediente

04 12 16 23 26 28

30 34 36 42 46 48

Exportações / Export Construção / Construction Madeira / Wood Móveis & Tecnologia / Furniture & Technology Sistemas de pintura / Paint Systems Paineis / Panels

Secagem / Drying Setor Florestal / Forest Sector Plantios Nobres / Noble Forest Trincas na Madeira / Growth in Wood Preservantes / Wood Preservatives Amazonia / Amazon

EXPEDIENTE Editor: Clóvis Rech Capa: Conceyção Rodriguez Edição de Arte e Produção www.crdesign.com.br crdesign@crdesign.com.br

A Revista da Madeira é uma publicação da Lettech Editora e Gráfica Ltda, que também publica outras publicações. A reprodução total ou parcial de artigos ou matérias citados nesta edição é proibida, exceto em caso de autorização do editor.

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Edição 150

Editorial

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cionais. Nesse cenário, a indústria de base florestal fechou o ano de 2016 com um faturamento similar ao ano anterior, apesar de um aumento no volume exportado. “Registramos uma evidente diminuição de lucratividade nas empresas e maior pressão comercial nos mercados compradores”, avalia o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), José Carlos Januário. O foco continua sendo em produtos de maior valor agregado, que se tornam mais atrativo para as indústrias exportadoras, que encontram mercados favoráveis em países da Europa, Asia e Estados Unidos. No Brasil o setor de base florestal é responsável por cerca de 3,5 milhões de empregos de forma direta e indireta. As florestas plantadas ocupam 7,8 milhões de hectares, menos de 1% da área produtiva do país, mas fica em terceiro lugar no saldo da balança comercial, atrás dos complexos soja e carne. As exportações de madeira chegaram a US$ 2,36 bilhões em 2016, volume muito próximo ao mesmo período de 2015, quando atingiu US$ 2,27 bilhões. O setor, entretanto, já chegou a exportar bem mais antes da crise, como em 2007, quando atingiu US$ 3,3 bilhões. Os itens de móveis também se mantiveram está-

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m um ano de forte retração no mercado interno as exportações brasileiras de produtos de base florestal garantiram a manutenção de indicadores positivos. Em 2016 os setores de madeira, móveis, papel e celulose exportaram em conjunto US$ 10,26 bilhões, valor semelhante ao ano anterior, em que atin-

veis. Em 2016 totalizaram US$ 461 milhões, e em 2015, foram de US$ 462 milhões. Já o setor de papel e celulose teve uma leve queda. As exportações totalizam US$ 7,44 bilhões em 2016, o que representou uma queda de 2,5% em relação ao volume exportado no ano anterior. No setor de madeira alguns itens se destacaram. No compensado de pinus o volume exportado em 2016 atingiu 1.730,467 m³, maior volume nos últimos 10 anos, com 16,2% de aumento em relação ao volume embarcado em 2015. A média mensal foi de 144.206 m³, o que representou 24 mil m³ a mais por mês exportados pelo Brasil quando comparado ao ano anterior. Os números revelam, segundo a Abimci, uma tendência de alta que iniciou em 2015 impulsionada pela queda de consumo do mercado interno, aliado à paralisia da economia e o acesso caro e restrito ao crédito, que fez com que muitas empresas do segmento migrassem sua produção para o mercado externo. Entre os principais destinos desse produto em 2016

g i u US$ 10,35 bilhões . Como um todo, o ano foi marcado por incertezas na economia e na política do Brasil, aumento nos custos de produção e queda nos preços interna-

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estão Estados Unidos com 28,3%, Reino Unido com 15,9%, Bélgica, 11%, Alema-

nha, 9,67%, e México, 4,9%. Já em madeira serrada de pinus o

volume embarcado em 2016 foi de 2.166.555 m³, o que mostra a evolução das exportações nacionais de madeira serrada de pinus, com média mensal de 180.546 m³. Nesse volume também aparecem as exportações de molduras, que têm como principal destino o mercado americano. De acordo com a Abimci, os aumentos percentuais foram expressivos quando se avalia o volume exportado, mas, como nos demais segmentos, ainda em cima de uma base menor de faturamento por metro cúbico. O maior volume da produção nacional de madeira serrada de pinus é consumido no mercado interno, principalmente na construção civil. Entre os países compradores aparecem: Estados Unidos com 42,3%, China, 12,8% e Arábia Saudita, 6,77%. O segmento de lâminas de pinus registrou um crescimento de 30% no volume embarcado quando comparado a 2015, atingindo 70.514 m³ em 2016, com média mensal de 5.876 m³. O volume, no entanto, permanece baixo

Exportações

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Exportações

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diante das possibilidades brasileiras nesse segmento. Os principais destinos são Malásia com 40%, Coreia do Sul, 23,6%, e China, 11,5%. O volume de compensado tropical tem aumentado nos últimos três anos, revelando a recuperação no mercado de empresas situadas nas regiões Norte e Centro-Oeste e progressos com as barreiras de abastecimento de matéria-prima. Em 2016, foram exportados 62.803 m³, com média mensal de 5.233 m³. Os cinco maiores mercados foram a Argentina com 25,8%, Estados Unidos, 16,6%, Reino Único, 11,9%, Itália, 5,3% e República Dominicana, 5%. Já em madeira serrada tropical o volume embarcado em 2016 atingiu 657.576 m³, com média mensal de embarques de 54.798 m³, mostrando crescimento parecido com o ocorrido no compensado tropical nos últimos três anos, reforçando a recuperação da posição brasileira como fornecedor de madeira tropical, mas ainda distante dos volumes embarcados há oito anos quando chegava a 1 milhão de m³/ano. Os principais destinos foram Estados Unidos com 21,1%, Índia, 8,7%, Holanda, 8,4%, China, 8,1%, Vietnã, 5,6%. As lâminas tropicais foi um dos únicos a registrar queda no volume exportado em 2016 quando a 2015. No total foram embarcados 12.405 m³, com mé-

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Exportações zou 9.254.205 kg, com média mensal de 771.183 kg, um aumento de 18,8 % no volume exportado em relação a 2015. Comparada à média de volume que vinha sendo embarcada nos últimos três anos, em torno de 7.500.000 kg, o ano de 2016 mostrou um crescimento mais expressivo das exportações nacionais desse produto. Os cinco principais mercados foram Estados Unidos com 71%, Reino Unido, 5,9%, Canadá, 4,7%, Panamá, 2,3%, e Porto Rico, 2,2%.

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MAIS VOLUME

dia mensal de 1.033 m³. Uma diminuição de 27%. Os embarques de pisos maciços, nas suas diversas especificações, totalizaram 63.317.489 kg, com média mensal de embarques de 5.276.457 kg, com crescimento em torno de 20% comparado

aos embarques realizados em 2015. Os destinos principais foram Estados Unidos com 61,2%, França, 6,2%, Bélgica, 5,7%, Canadá, 5,3%, e Cuba, 4,2%. Um grande salto deram as exportações de portas, onde o volume embarcado de portas maciças em 2016 totali-

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No segmento de móveis as exportações não reagiram. Em 2016 as vendas externas do setor atingiram US$ 461 milhões, valor semelhante aos US$ 462 milhões conquistados no ano anterior. O estado de Santa Catarina voltou a ser o maior exportador, totalizando US$ 195 milhões vendidos ao exterior. Rio Grande do Sul, fechou negócios em US$ 154 milhões e Paraná, com US$ 58 milhões. Móveis de madeira para quarto é o maior item exportadoo O maior mercado comprador foi os Estados Unidos, chegando a US$ 124 milhões em 2016, aumentando em 6,6% em relação ao ano anterior. O Reino Unido é o segundo maior importador, com US$ 75 milhões, e o Peru, importou US$ 36 milhões no último ano. Outros países como Uruguai, Chile também se destacaram nas importações. O setor de papel e celulose é o mais expressivo e registrou crescimento no volume de exportações em 2016, embora o valor tenha reduzido. Neste período o resultado alcançado foi de 12,9 milhões de toneladas de celulose (+12%); 2,1 mi-



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lhões de toneladas de papel. Em 2016, o setor registrou exportações no valor de US$ 7,44 bilhões (- 2,5%); a celulose alcançou 5,5 bilhões (-0,5%), o papel US$ 1,8 bilhão (-7,4%). O saldo da balança comercial do setor de janeiro a dezembro de 2016 é de US$ 6,6 bilhões,

o que corresponde a um crescimento de 2,4% em relação ao saldo. O mercado chinês se consolidou no ano como o principal destino das exportações de celulose, atingindo 38,9% de participação (US$ 2,1 milhões), seguido pela Europa com 33,1% (US$ 1,8 milhão).

A América Latina foi o principal mercado consumidor dos segmentos de papel e painéis de madeira, cujas exportações para a região representaram 60,6% (US$ 1,1 bilhão) e 54,4% (US$ 136 milhões), respectivamente. Nas exportações de celulose a Bahia é a maior exportadora, com US$ 1,08 bilhão, e o Mato Groso do Sul exportou US$ 955 milhões e o Espírito Santo chegou a US$ 922 bilhão. Já em papel e papelão São Paulo exportou US$ 868 milhões, e o Paraná US$ 563 milhões. Como países importadores de celulose a China continua sendo a maior importadora, com US$ 2.16 bilhão comprados em 2016. Os Estados Unidos importaram US$ 871 milhões e a Holanda US$ 757 milhões. Já nos países importadores de papel e celulose a Argentina continua sendo a mais importante com US$ 358 milhões em 2016 (queda de 10%), vindo a seguir os Estados Unidos, com US$ 167 milhões e o Chile com US$ 120 milhões. RM

Exports remain steady in year of uncertainty

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n a year of sharp downturn in the domestic market, Brazilian exports of forestry products ensured positive indicators. In 2016, exports from wood, furniture, paper, and cellulose sectors totaled US$ 10.26 billion, a figure similar to that from last year, when they hit US$ 10.35 billion. Economic and political uncertainty, increased production costs, and declining international prices marked year 2016 in Brazil. Forest-based industry’s 2016 revenues were similar to those from the previous year, despite a rise in exports. “We have recorded evident decreased profitability in companies and higher trade pressure on importer markets,” claimed the head of the Brazilian Association for Mechanically Processed Timber (Abimci), José Carlos Januário. Focus remains on higher value-added products, which have become more attractive to export-oriented industries that find favorable markets in Europe, Asia, and the United States. In Brazil, the forestry sector is responsible for nearly 3.5 million direct and indirect jobs. Although planted forests take

up 7.8 million hectares (less than 1% of the country’s productive area), forestry ranks third in the trade balance, behind soy and meat sectors. Timber exports hit US$ 2.36 billion in 2016, a figure similar to that from 2015, when they stood at US$ 2.27 billion. However, the forestry sector’s exports were higher before the crisis and in 2007, when they hit US$ 3.3 billion. Exported furniture pieces also remained steady, totaling US$ 462 million and US$ 461 million in 2015 and 2016, respectively. Exports in the paper and cellulose sector slightly declined. They totaled US$ 7.44 billion in 2016, a 2.5% decrease from last year. Some products stood out in the wood sector. Exported pine plywood hit 1,730.467 m3 in 2016, a record high over the last 10 years, with a 16.2 % rise from last year. The monthly average was 144.206 m³, up 24,000 m³ per month exported by Brazil as compared to last year’s exports. According to Abimci, these figures show an upward trend that began in 2015 as boosted by decreased domestic market’s consumption, as well as to halted economy

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and expensive and limited credit access, which compelled many companies to take production to foreign markets. Major wood importers in 2016 were the United States (28.3%), the United Kingdom (28.3%), Belgium (11%), Germany (9.67%), and Mexico (4.9%). Exports in the furniture sector were not significant in numbers. In 2016, they hit US$ 461 million, similar to the US$ 462 million from last year. The state of Santa Catarina became the major exporter once again, with exports totaling US$ 195 million. The states of Rio Grande do Sul and Paraná exported US$ 154 and US$ 58 million, respectively. The paper and cellulose sector recorded a rise in exports in 2016, yet that amount has dropped. Back then, exports stood at 12.9 million tons of cellulose (+12%) and 2.1 million tons of paper. In 2016, this sector recorded exports at US$ 7.44 billion (-2.5%); cellulose and paper hit US$ 5.5 billion (-0.5%) and US$ 1.8 billion (-7.4%), respectively. Trade balance figures in January-December 2016 were US$ 6.6 billion, up 2.4% from last years’ figures. . RM



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é da ordem de até 15 kWh/(m²a), enquanto as construções convencionais consomem de 200 a 400 kWh/(m²a). Com esse desempenho, a Europa mostra em números que construir com madeira é uma realidade. Na Inglaterra, por exemplo, em 1998 as construções residenciais em madeira representavam apenas 2% das construções novas. Em 2007, eram 15% e, nesse ano de 2017, a expectativa é que atinjam 27%. Na Itália, onde em 1998 essas construções mal apareciam nas estatísticas, em 2009 atingiram praticamente 10% e em 2015, a expectativa era de que 15% das construções residenciais novas fossem em madeira. Na Alemanha, Áustria e Suíça, países que desenvolveram intensamente as tecnologias de industrialização das construções em madeira nos últimos 30 anos, as construções em madeira atingem patamares próximos a 35%. Até mesmo países com pouca tradição nas construções em madeira, como Portugal e Espanha, atualmente apresentam fortes movimentos nesse sentido, aplicando as mais modernas técnicas de fabricação e montagem de edifícios em madeira. Não resta dúvida de que essa não é só uma tendência, é uma evolução significativa dos métodos de construção, que tem mudado inclusive o setor imobiliário, com novos conceitos de vendas de imóveis sendo aplicado nos showrooms de fábricas, bem como no surgimento de “vilas” de casas pré-fabricadas.

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uso da madeira na construção é cada vez maior em todo o mundo, mas de forma mais acentuada na Europa, onde o wood frame industrializado e principalmente o Cross Laminated Timber (CLT ou X-Lam) vêm crescendo fortemente. Vários são os fatores para isso, entre eles o melhor desempenho térmico, o aumento da eficiência dos métodos de produção e construção e o ganho para o meio ambiente em substituir os materiais de construção convencionais por madeira. De forma geral, esses três fatores somados resultam em uma contribuição muito maior para a sustentabilidade do planeta, pois as edificações são construídas com materiais renováveis, não poluentes e que sequestram carbono, com pouco desperdício de material e de mão de obra, gerando poucos resíduos. Além disso, a eficiência térmica permite a redução do consumo de energia para a manutenção das temperaturas confortáveis na edificação, seja no verão ou no inverno, atingindo os requisitos das chamadas casas “Passivas” (Passivhaus), nas quais o consumo de energia para a subsistência da casa

Custo menor Em 2006, a cidade de Ontário, no Canadá, recebeu o projeto e construiu o primeiro Microtel Inn & Suites. A estrutura do edifício de três andares foi concluída em seis semanas e, depois do projeto finalizado, o arquiteto concluiu que os custos com terreno, estrutura de madeira, acabamentos e mão de obra foram 20% mais baratos do que se tivessem sido usados materiais

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estruturais derivados de combustível fóssil. Os produtos de madeira usados na construção representaram aproximadamente 12% do custo total. Um dos fatores de sucesso para a construção ter sido tão eficaz em relação ao tempo foi o uso de grades estruturais com padrão 12’-0. O padrão com

repetição ajudou com o planejamento e fabricação dos painéis, assim como o uso dos materiais de acabamento. O sistema de paredes em painéis levou à conclusão da estrutura do prédio em 60 dias, com qualidade, consistência e ótimo custo-benefício. Além da estrutura, das paredes e do

piso, o telhado também foi feito em madeira, utilizando-se vigas triangulares pré-fabricadas, que são fortes, possuem um bom custo-benefício e são fáceis de isolar e manter. O prédio do Microtel Inn & Suites é um bom exemplo de como a madeira pode ser usada com ótimo custo-benefício em edifícios comerciais, com prazos de conclusão reduzidos. A madeira é benéfica não apenas na parte estrutural, como na parte térmica da construção. O material é 400 vezes melhor que o aço e 10 vezes melhor que o concreto na resistência ao fluxo de calor, ou seja, o aço e concreto precisam de maior isolamento para obter o mesmo desempenho termal que a estrutura de madeira. Escolher a madeira para a construção deste hotel foi resultado da conjunção da ciência da construção e das necessidades do cliente a um custo mais baixo. A economia foi de 30%. Além disso, o uso de um tempo menor, custo de operação mais baixo e facilidade de adaptação para futuras modificações encorajaram o arquiteto do projeto a usar madeira novamente.


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Prêmio mundial Apelidado de Patch22, o prédio de madeira mais alto da Holanda ganhou recentemente um importante prêmio internacional. Ele foi eleito o melhor edifício de 2016 no “World Architecture News Residential award”, que avalia projetos residenciais de diversas partes do mundo.

O prédio holandês possui seis andares e pouco mais de 30 metros de altura. Todo o seu desenho foi pensado para que ele fosse flexível para uso residencial e também comercial e o mais sustentável possível. Por causa dessas premissas, os arquitetos criaram apartamentos abertos, quase sem paredes, e com o pé direito de quatro metros de altura.

A madeira foi o principal material usado na construção, mas não o único. Para melhorar a usabilidade do edifício, os arquitetos optaram por usar uma estrutura de aço e concreto nos pisos. Tirando isso, a base foi realmente a madeira. O prédio ainda tem outros cuidados que o tornam sustentável, como um sistema de captação da água da chuva, uso de placas fotovoltaicas e aquecedores solar, além de um sistema de aquecimento movido a biomassa, que usa como fonte pallets que seriam descartados. A própria escolha do local para a aplicação do projeto tem um toque de sustentabilidade. A região em que está instalado o edifício é conhecida por ser um bairro industrial de Amsterdã. No entanto, com o passar do tempo, muitos galpões e terrenos foram abandonados. Construir um prédio com tantos diferenciais e possibilidades diversas de uso é uma forma de aproveitar áreas ociosas e colaborar para uma reestruturação do bairro, tornado-o mais agradável e atrativo. RM

Wooden constructions: A growing trend in the world The use of wood for constructions is ever increasing worldwide, particularly in Europe, where industrialized wood frame, and mainly Cross Laminated Timber (CLT or X-Lam), are playing a leading role. Key factors to decide to work with wood frame include better thermal performance, increased efficiency in production and construction methods, and environmental gains from traditional construction materials being replaced with wood. Generally, these three factors as a whole are even more helpful to the planet’s sustainability, for buildings are constructed with renewable, non-polluting, carbon-sequestration materials. Add to this, thermal efficiency helps reduce power consumption for moderate temperatures in buildings, in either summer or winter. In that connection, Europe’s figures show that wooden constructions are a reality. For instance, in 1998 in England,

wooden residential constructions stood for only 2% of new constructions, and 15% in 2007. This year, such constructions are expected to hit 27%. In 1998 in Italy, residential constructions were rarely statistically recorded, but they virtually hit 10% in 2009. In 2015, 15% of these constructions were expected to be wooden-built. Wooden constructions hover around 35% in Germany, Austria, and Switzerland, countries that deeply developed technologies related to industrialized wooden constructions over the last 30 years. Even Portugal and Spain, countries with scarce wooden constructions, have largely made progress in that regard by applying manufacturing techniques and putting up wooden buildings. Undoubtedly, this is not only a trend, but also a meaningful evolution of construction methods. This trend has

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even modified real estate, including new property sale-related concepts applied both in showrooms of industries and emerging “towns” of prefabricated houses. In 2006, Ontario, Canada, welcomed a wooden constructions project and built the first Microtel Inn & Suites. The structure of the three-floor building was completed in six weeks. Once the construction was finished, the architect claimed that costs relating area, wooden structure finishes, and labor were 20% cheaper than if fossil fuel-derived structure materials had been used instead. Wooden materials used for this construction were nearly 12% of overall cost. The Microtel Inn & Suites sets a good example of how wooden constructions can result in positive cost-benefit in business buildings, with reduced completion deadlines. RM



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40 m3. Uma diversificação nos diferentes setores proporciona uma maior competitividade, agregação de valores e um mercado mais amplo para o escoamento de produção. O gênero Eucalyptus, principal monocultura exótica explorada no Brasil principalmente para segmentos da indústria de celulose, e de produtos sólidos, com excelente oportunidade de investimento e suprimento de madeira para múltiplos usos. O gênero é bem adaptado ao clima brasileiro e responde bem aos tratos silviculturais seguido das tecnologias associadas ao melhoramento genético. Este gênero se apresenta como um dos mais importantes quando se pensa em árvores de rápido crescimento uma vez que pode alcançar incrementos superiores a 45 m³/ha/ano para período inferior a 7 anos de cultivo, em algumas regiões do Brasil Cada vez mais o setor florestal se destaca por oferecer ao mercado consumidor produtos ecologicamente corretos, adquirindo madeiras oriundas de florestas plantadas, pois estas proporcionam maior competitividade devido a sua característica sustentável e certificada. No âmbito comercial o gênero Eucalyptus se destaca por ter uma grande diversidade de espécies, capazes de atender a requisitos tecnológicos dos mais diferentes segmentos da produção industrial, com alto padrão de qualidade, e de fácil adaptabilidade a diversos ambientes.

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madeira é uma matéria prima versátil muito apreciada pelo homem desde os primórdios da humanidade, contribuindo no crescimento dos mais variados segmentos industriais, desempenhando importante papel nos vários setores da economia, gerando riquezas e desenvolvimento. Ao longo dos anos, a maneira de trabalhar a madeira foi evoluindo e novas perspectivas para esta matéria prima foram desenvolvidas, seja através de edificações, artesanato, ou mesmo em indústrias de transformação (papel, carvão vegetal e painéis). O aproveitamento máximo da madeira requer altos níveis

tecnológicos aplicados, tanto nos produtos gerados quanto nos subprodutos oriundos de resíduos madeireiros aproveitáveis. Para se ter uma idéia, em processos de laminação de pinus, aproximadamente 58% da madeira é aproveitada ; por outro lado, o rendimento em madeira serrada no desdobro primário, varia muito com o porte da empresa (nível tecnológico) e da espécie, sobretudo em relação ao diâmetro das peças. O rendimento em madeira serrada aumenta com o tamanho da empresa, sendo que em média, o índice de aproveitamento é de 56% para empresas que processam até 10 m3, e de 53,8% para aquelas com processamento superior a

Inúmeros produtos novos vêm substituindo os produtos tradicionalmente usados em virtude da melhor relação preço/ desempenho e da crescente conscientização ecológica. Apenas a exploração extrativista não é mais viável, assim como a convivência com processos que utilizam os recursos florestais de forma improdutiva. Os maciços nativos têm grande potencial de exploração, sobretudo para os produtos manufaturados de maior valor agregado (MCT, 2001), com planos de manejo bem eficientes. Uma das etapas da silvicultura que há uma significativa

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Revista da Madeira geração de resíduos florestais é a colheita da madeira. A partir daí, os resíduos podem ser classificados em diversos tipos de categorias. O conceito de resíduos, de uma forma geral, pode ser entendido como qualquer material considerado sem valor, inútil, gerado pela atividade antrópica, havendo a necessidade de ser eliminado. Os resíduos do setor florestal são os que sobram da colheita e do beneficiamento da madeira, sendo os principais a serragem, o cepilho e a lenha . Há de se destacar que a denominação resíduos se encerra a partir da agregação de valor em uma segunda etapa produtiva, isto é, a partir do momento que o mesmo é utilizado, passando a ser considerado como produto principal ou matéria-prima para confecção de um novo produto.

importante, pois os mesmos podem ser convertidos em ativos ao invés de passivos. A falta de planejamento gera um risco potencial ao meio ambiente, afetando a qualidade ambiental. Visando à compreensão das múltiplas viabilidades dos recursos florestais aplicadas na prática, sobretudo com a utilização da madeira de eucalipto, foram realizadas visitas em estabelecimentos privados no entorno dos municípios de São João Evangelista e Guanhães, ambos localizados na região do Alto e Médio Rio Doce, MG, a fim de analisar o uso dado à madeira de eucalipto, comum na região. Buscou-se uma abordagem sistemática e observativa nos locais visitados; havendo a necessidade de questionamentos, estes foram realizados

tas de toras de madeiras unidas por sistemas de encaixe mediante fechamento de fendas com serragem misturada com adesivo comercial. Pela falta de conhecimento do artesão, a madeira utilizada em um chalé, bem como em dois quiosques não receberam tratamento prévio, o que favoreceu sua degradação por cupins (Figura 2 - A e B). Já para os brinquedos expostos às intempéries do tempo, foram realizados tratamentos na madeira mediante a técnica de substituição de seiva (Figura 1B), o que aumenta a durabilidade do brinquedo. Os cupins ou térmitas, estão entre os insetos xilófagos com maior índice de degradabilidade da madeira. Nos chalés em especial, seu ataque é favorecido pelo baixo teor de umidade e

O setor florestal brasileiro gera um volume significativo de resíduos durante as fases operacionais, desde a exploração florestal até o produto final. Uma parte considerável de resíduos gerados do processamento mecânico da madeira é utilizada para geração de energia para fins industriais e domésticos. Entretanto, apesar dos benefícios sociais, esta forma de reaproveitamento agrega muito pouco valor ao produto final, sendo necessário a busca de novas alternativas empreendedoras para este fim. O que pode ser conseguido com a geração de briquetes e pellets. É válido ressaltar que o planejamento correto do destino dos resíduos gerados por uma indústria é muito

sem nenhum critério pré-estabelecido, tomando-se o cuidado de apenas não interferir nos processos ora instalados ou em operação. No município de Guanhães, especificamente na localidade conhecida como Cachoeira das Pombas, localizada a 6 km da sede do município, foram visitados trabalhos artesanais confeccionados com madeira em toras de Eucalyptus grandis idealizados para fins de lazer, tais como quiosques, chalés e brinquedos infantis (Figura 1). As técnicas utilizadas no uso da madeira permitiram maior agregação de valor estético e seu melhor aproveitamento. Na construção dos chalés, as paredes e benfeitorias internas são fei-

pela ausência da preservação na madeira utilizada nos mesmos. Medidas que pudessem levar a um tratamento, mesmo que superficialmente poderiam aumentar a vida útil da madeira. Na cidade de São João Evangelista, MG, foram visitados dois locais bem distintos, sendo o uso da madeira de eucalipto predominante: uma madeireira e uma pequena propriedade rural. Na primeira, foram observados a estocagem e beneficiamento inicial da madeira recebida. Esta é comercializada e utilizada para construção de cercas em propriedades rurais e construção civil em geral. O aproveitamento dos resíduos gerados no processamento é destinado à formação de cama de pequenos e grandes

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D), sendo o desdobro inicial e o preparo das diferentes peças realizadas com auxílio de motosserra (Figura 4), o que necessita de habilidade e treino, além de adaptação no equipamento – ajuste e correção da corrente. Na região, é comum a utilização de motosserras como ferramenta de trabalho no desdobro da madeira em peças com menores dimensões. Esta ação gera uma quantidade de resíduo significativa, e um menor aproveitamento da madeira.

Em todas as situações expostas na Figura 3, nenhuma madeira recebeu tratamento preservativo específico contra agentes deterioradores. O único produto utilizado foi aplicação de verniz para melhorar a estética e apresentação dos objetos. As espécies utilizadas na confecção de todas as obras foram Eucalyptus grandis, E. torelliana, Corymbia citriodora, com predominância do E. cloeziana. A utilização da madeira de eucalip-

me de resíduos. Na propriedade rural em que foi realizada a visita, o principal fim dado para o uso da madeira reflorestada foi a construção da casa sede da fazenda, além de fornecimento da madeira para uma indústria de celulose. Na propriedade, a madeira foi empregada na confecção de portas, janelas, varandas, cama, forro, vigas, caibo, ripas, corrimão, armários, bancos dentre outros (Figura 3 A, B, C e

Peças obtidas desta maneira são em sua maioria destinadas à fabricação de estruturas de casas, porteiras e cercas para equinos. Esta forma de uso predomina nas propriedades rurais em que o transporte até unidades processadoras, além de ser oneroso, muita das vezes encarece a madeira in natura, além da própria dificuldade de regularização junto aos órgãos licenciadores e ou fiscalizadores.

to em móveis, lambris, assoalho, estruturas de telhados, dentre outras é uma realidade em muitos pontos do Brasil. A propriedade rural visitada também procurou trabalhar com madeiras de qualidade superior ao exigido pelo mercado local. A partir dos levantamentos de campo pode-se observar: i) há possibilidades para o uso do eucalipto como matéria-prima para alguns fins comerciais,

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animais (frango, equino e gado) além da geração de energia térmica na indústria de cerâmica, existente no município. Em indústrias de móveis, a geração de resíduos no beneficiamento de madeira maciça gera algo em torno de 28% de resíduos totais, sendo algo em torno de 60% reaproveitado por outras indústrias. Na empresa visitada, as principais espécies de eucalipto comercializadas são o Eucalyptus cloeziana e o Eucalyptus grandis, geradoras de grande volu-

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Face A*

Face B*

Face C+*

Face C*

“Our product quality, honesty and commitment with the customer: this is our slogan, so we make the difference.” Paricá “Only products identified with * in this document are FSC® certified.”

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no mercado, sendo que as atividades e produtos de forma mais sustentável, permite uma maior contribuição para a conservação da biodiversidade; iv) a potencialidade de utilização múltipla e variada da madeira de eucalipto possui um crescimento elevado, devido a versatilidade do gênero. No entanto, tornase necessário rever conceitos, já divulgados e consolidados, principalmente em relação às espécies e os usos a elas atribuídos; v) a inexistência de uma política específica para aproveitamento dos resíduos oriundos do processamento mecânico da madeira. Isto permitiria sua adequada utilização, formando novos produtos de qualidade satisfatória e que atenda ao mercado. RM Kéver Bruno Paradelo com uma perspectiva de utilização promissora. Isto se deve ao fato do conhecimento já acumulado sobre sua silvicultura e manejo, o que o torna aplicável em um grande espectro de usos; ii) a aplicabilidade de medidas de conservação mais duradouras para o gênero do

eucalipto deve ser avaliado de acordo com o fim ao qual se destina, considerando as condições climáticas do local e a viabilidade econômica do empreendimento; iii) a crescente percepção socioambiental dos consumidores é um fenômeno que tem influenciado

Inst. Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília – IFB, Campus Gama Praça II

Carla Vieira Gomes

Prefeitura Municipal de São José do Jacuri

Vitor Alves Machado Filho

ArcelorMittal Jequitinhonha-Energética

Fabricio Gomes Gonçalves

Departamento de Engenharia Florestal, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Espírito Santo - UFES

Use of reforested wood in rural lands

W

ood, a very valued versatile raw material by men since humankind’s origins, has been helpful to develop varied industry segments, playing a leading role in the various economy sectors, and bringing riches and development. Over the years, woodworking evolved and new wood-related perspectives were adopted: buildings, crafts, transformation industries (paper, charcoal, and panels). Maximum wood exploitation requires advanced technology applied both in final products and by-products obtained from usable wood waste. To have an idea, nearly 58% of wood is used in laminated pinewood. Also, the output of timber sawn in primary pitsaw largely varies depending on the company’s assets (technological level) and on wood species, particularly in relation to the diameter of pieces. Sawn wood output grows in tandem with the company’s size. Exploitation rate averages 56% and 58% in companies that treat up to 10 m3 of wood and above 40 m3, respectively. Diversification in the different sectors provides more competitiveness, adding value, and a wider market for output flow.

Eucalyptus, main exotic monoculture exploited in Brazil, mainly for cellulose, bulk solids industries, provides excellent opportunity to invest and supply multipurpose wood products. Eucalyptus is well adapted to Brazil’s weather conditions and responds well to both forestry and technologies related to genetic improvement. These species are one of the most important when it comes to rapid growth trees once they can exceed 45 m³/ha/year for less than 7 years of planting in some Brazilian regions. Forestry industry stands out for offering consumers environmentally-friendly products, using timber from planted woods, as these provide more competitiveness due to their certified sustainability. In the trade sector, Eucalyptus stands out for its large species diversity, able to meet technological needs from different industrial output segments, including top-rated standards and adaptability to the various environments. Many products have replaced traditional products to get better price/performance ratio and increasing green awareness. Neither extractive exploitation is more viable nor is the

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unproductive use of forest resources. Brazilian massifs have a high exploitation potential, especially for higher value-added products (MCT, 2001), including efficient management plans. Wood harvesting is one of forestry’s stages where a lot of wood waste is produced. There are three types of waste, which is, to put it simple, any valueless, useless man-made material needed to be eliminated. Forestry waste is that left from wood harvesting and processing, mainly, sawdust, scraps, and firewood. The so-called waste comes from adding value to a second production stage, that is to say, by the time waste is used and then seen as a main product or raw material to manufacture another new product. Brazil’s forestry sector produces a considerable volume of waste during operating stages, from forest exploitation to the final product. A large amount of waste resulted from mechanical wood processing is used to generate power for industrial and household purposes. Meanwhile, in spite of social benefits, this reuse method adds little value to final product. Thus, it is necessary to look for new dynamic alternatives like pelleting. RM



Revista da Madeira

A

produção mundial dos diferentes tipos de madeira cresceu no último ano, pelo sexto ano consecutivo pela construção e as energias verdes, conforme indicou a Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO). A agência das Nações Unidas precisou em uma nota que a produção de produtos madeireiros cresceu entre 1% e 8% anual, dependendo dos casos, enquanto seu valor no comércio global se reduziu. A madeira e o papel movimentaram US$ 235 bilhões em 2015, frente aos US$ 267 bilhões do ano anterior, devido à redução dos preços. A produção florestal se concentrou na região da ÁsiaPacífico impulsionada pelo crescimento econômico sem interrupções e na América do Norte pela recuperação de seu mercado imobiliário, segundo a FAO. Além disso, a maior demanda de biocombustíveis, fomentada pelas políticas a favor das energias renováveis na Europa, levou ao auge da produção de serragem prensada, que somou 28 milhões de toneladas em 2015 e se multiplicou por dez na última década. O mercado mundial deste produto está dominado pela Europa e América do Norte, com os Estados Unidos e Canadá como responsáveis de mais de um terço da produção, enquanto o Reino Unido, Dinamarca e Itália somam 80%

das importações. “A indústria florestal está se adaptando às mudanças e tem um enorme potencial para desempenhar um papel-chave nas bioeconomias emergentes. O maior uso de materiais de construção modernos e da oferta energética procedentes da madeira podem contribuir para reduzir as emissões líquidas de dióxido de carbono”, afirmou o especialista da organização Mats Nordberg. Frente ao rápido crescimento na produção e comércio de produtos relativamente novos, como os tábuas de madeira e a serragem prensada, outros setores se contraíram. A FAO destacou que a imprensa digital e a tecnologia reduziram a demanda de papel gráfico, cuja produção caiu 2,3% anual alcançando seu nível mais baixo desde 1999. Dita tendência já tinha sido observada na América do Norte e Europa, mas agora foi replicada em outras partes do mundo. O papel recuperado representa 55% de toda a fibra usada para produzir papel, uma parcela que foi aumentando nas últimas décadas até se situar em 225 milhões de toneladas. Enquanto isso, o comércio de polpa de celulose e papel recuperado subiu 3% no último ano perante o início da produção de novas fábricas de celulose orientadas à exportação no Brasil e Uruguai, segundo os dados da FAO. RM

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Tecnologia melhora processo de fabricação do móvel

T

er em casa um móvel de madeira é muito prazeroso e gratificante, mas muitas pessoas nem imaginam como é a fabricação dele, todo o trabalho e todo o processo que ele passou para chegar até a sua casa. Você já parou para pensar nisso? Se você é curioso e tem vontade de saber como os móveis planejados foram parar na sua casa e por qual processo de fabricação passaram, nós vamos explicar. A matéria prima básica na construção de móveis é a madeira, no geral são usadas madeiras de pinus e de eucalipto reflorestados. Essa madeira é usada para a produção de MDF. As fibras encontradas nessas madeiras proporcionam a produção de uma boa chapa que é muito valorizada no mercado. Esse é o primeiro passo no processo de fabricação de um móvel, a madeira é retirada de árvores como eucalipto e é transformada em placas de MDF.

etapa ele é cortado para ficar do tamanho exato que o cliente precisa. Nessa fase os painéis também são selecionados de acordo com o processo de fabricação e objetivo final do projeto. A segunda etapa é a pintura, é feita a pintura da parte interna e externa do produto. Ele passa pelo processo de pintura impressão especial, dessa forma as cores ficam uniformizadas e no padrão. Esse processo é feito na fábrica, em empresas menores a madeira não passa por uma pintura, o processo é bem diferente e tudo vai depender do móvel que está sendo produzido. A próxima etapa é a colagem das bordas, esse é também um processo de acabamento do móvel, a madeira é revestida e todo esse processo é feito por máquinas. Muitas dessas máquinas usadas no processo de fabricação de um móvel são de tecnologia européia, não importa o tipo de móvel planejado, móveis modulares ou móveis sob medida, todos passam por esse processo na fábrica. A próxima etapa é a furação, é ela que vai permitir a futura fixação das partes e montagem do móvel. Para finalizar o móvel, há o processo de

O MDF é um painel com boas características, que pode ser pintado, torneado, entalhado, revestido e perfurado. É uma madeira que não possui imperfeições, é natural e tem muitas vantagens. Depois que a madeira chega na fábrica ou na marcenaria ela passa por vários processos até chegar na sua casa, O processo pode ser diferenciado de lugar para lugar. Quando a madeira chega na fábrica ela é cortada, os móveis são produzidos a partir de painéis de madeira, nessa

pintura, esse processo garante o brilho e a beleza do

produto. Por fim é só embalar e mandar para sua casa, em pouco tempo os armários planejados que você tanto sonhou já estarão na sua casa. No

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Setor

Revista da Madeira


Móveis garantida. Nesse caso o móvel é totalmente projetado, o profissional pensa em todos os detalhes e produz tudo sob medida. Se você está procurando algo único e que realmente irá suprir sua necessidade a melhor opção é o móvel sob medida, eles são personalizados em todos os aspectos como cor, tamanho, quantidade de portas, gavetas, modelo e estilo.

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Móveis planejados

caso da marcenaria a maioria do processo é artesanal e por isso é necessário mais tempo para finalização. Para conhecer um pouco mais o processo voce tem várias opções: Os móveis planejados são os mais usuais. A produção dessas peças geralmente tem um custo elevado, são diferentes e feitas sob medida.. A produção é seriada, mas fica exatamente como o planejado. Para encontrar esse produto você precisa ir em lojas especializadas, eles estão preparados para fazer o projeto dos armários e produzir da forma que você pensou e planejou. No geral eles só desenvolvem peças retas, os armários não têm muito estilo ou recortes diferentes e ousados. O interessante dos móveis planejados é que o cliente tem uma maior opção de acabamentos, materiais e cores, ele pode escolher e deixar do jeito dele e como imaginou. No móveis modulados o trabalho é feito com módulos pré-estabelecidos, o projetista cria os armários e une os módulos para conseguir compor e traduzir o desejo do cliente. Os móveis modulados são mais populares, eles geralmente são mais baratos e muitas vezes se adéquam no bolso do consumidor com mais facilidade. O problema são suas limitações referente as medidas dos módulos que geralmente são pré-estabelecidos e isso pode reduzir a pos-

sibilidade de otimização do espaço. É possível encontrar o produto pronto nas lojas e por esse motivo também fica mais restrito a escolha de cores, brilhos e textura. No geral o móvel sob medida é o mais caro, a sua produção é mais elaborada e detalhada. Com os móveis sob medida você tem a opção de escolher muitas cores, madeiras, tipo de pintura, tudo personalizado. As peças sob medida são especiais, são feitas especialmente para o cliente, a produção não é seriada e a otimização do ambiente do cliente é

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Ao mobiliar a casa, os principais pontos que buscamos são durabilidade, funcionalidade e beleza. Por isso, atualmente, a melhor opção para atender a todos esses requisitos com o melhor custo benefício são os móveis planejados. Produzidos sob medida para sua casa, estes móveis se encaixam milimetricamente nos cômodos que você quer. Esse tipo de móvel traz praticidade, organização e modernidade a qualquer cômodo. Para os arquitetos, por exemplo, além do acabamento impecável, a variedade de cores e acessórios também são vantagens que valem a pena serem destacadas, já que dão personalidade ao projeto e possibilitam a criação de uma identidade própria, que condiz com as necessidades e


Móveis

Revista da Madeira

características pessoais do dono do imóvel. Além de você conseguir fazer uma composição harmônica entre todos os ambientes da casa, a variedade de cores e acessórios, muitas vezes exclusivos, torna tudo muito elegante. Outra vantagem é a valorização do imóvel que possui móveis planejados, garantindo um valor maior na vendo do imóvel futuramente. A manutenção e reposição de peças é bem mais facilitada no futuro, além das ferragens e corrediças que são de melhor qualidade, coisa que não ocorre nos móveis prontos. Tido por muitos como o ponto mais forte dos móveis planejados, seu trabalho pós-venda também agrega credibilidade e novos clientes a esse nicho. Garantia qualificada, assistência técnica rápida e resolução de algum problema mesmo quando o móvel já está instalado são alguns dos principais atrativos deste mercado. A qualidade e o suporte dado ao cliente fazem toda a diferença na hora de optar

por este tipo de móvel. Investir em móveis planejados é uma maneira de agregar charme, conforto e contar com soluções inteligentes para o ambiente. A tecnologia agregada ao mobiliário o torna mais prático e seguro, e é uma ótima opção para quem tem crianças em casa. Com movimentos suaves, o abrir e fechar das portas dos armários da cozinha, closet ou planejados de qualquer ambiente, torna-se confortável e, para isso o uso de algumas tecnologias é essencial. Um desses sistemas é o de elevação de portas. As portas basculantes dos armários são abertas sem qualquer esforço e ainda permanecem na posição de abertura e altura desejadas. Outro sistema muito utilizado é o de amortecimento, que evita que as portas batam, dando maior durabilidade aos móveis. Seguindo a mesma proposta, as portas de correr e gavetas dos armários também possuem uma tecno-

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logia precisa de freios, que aplicadas aos trilhos evitam o fechamento bruto das mesmas. O sistema pode evitar, por exemplo, que crianças ou bebês fiquem com o dedo preso na porta. A iluminação de LED é outra novidade em ambiente planejado moderno. Este tipo de luz é perfeito para o uso em espaços pequenos, como roupeiros e gavetas. Os sensores de LED permitem que as luzes se acendam assim que as portas são abertas, facilitando a visualização e o acesso ao interior completo dos móveis. Na decoração, os móveis planejados possibilitam criar um espaço único e confortável, um exemplo são as gavetas com luzes de led, com apenas um toque elas se abrem automaticamente as luzes se ligam. Já na hora de fechar é só empurrar a gaveta, com um sistema tecnológico, elas se fecham automaticamente. RM :Status Marcenaria


custo e prazo de entrega de seu produto; 3. Poderia comentar sobre as diferentes cabines de pintura? As Cabines de Pintura disponíveis no mercado destinadas a aplicação de tinta liquida podem ser divididas em dois grupos Cabines Via Seca e Cabines Via Úmida. As Cabines via seca exigem um investimento de implantação menor, porém tem um custo de manutenção superior, sendo que normalmente indicamos para processos de tinjimento e selador; A Cabine de Pintura via úmida diminuem o risco de contaminação das peças, pois nas Cabines via seca utiliza-se filtro de contato na face sendo que o mesmo pode provocar desprendimento de contaminante e ocasionar a contaminação do ambiente de pintura e da peça pintada, já nas cabines com água temos a absorção total das partículas contaminantes, não ocorrendo a possibilidade de retorno da peça indicamos as Cabines via Úmidas para processos de acabamento; 4. Qual a sua sugestão de equipamentos para as empresas que procuram um acabamento ideal? Quando se fala em setor de pintura não se podemos equalizar os equipamentos, sendo necessário avaliar as condições e objetivos de cada cliente criando para o mesmo um layout de acordo com suas necessidades, porém para pintura de alto acabamento temos convicção de que se faz necessário o controle da qualidade do ar, pensando nisso o grupo Arpi/Aspersul lançou recentemente no mercado o modulo Pressurizador Modelo MPI um equipamento desenvolvido para controlar a qualidade do ar no setor de pintura para os clientes que já tem Cabine de Pintura. RM

N

os últimos anos, as linhas de pintura, especialmente para madeira e móveis, tiveram evoluções principalmente na questão de produtividade, com a utilização de equipamentos mais modernos e dimensionados de acordo com o perfil do cliente, proporcionando um acabamento de alta qualidade, alem de o processo estar dentro das mais rígidas normas ambientais, preservando assim nosso meio ambiente. Alguns questionamentos, entretanto, ainda podem ser feitos e abaixo respondemos alguns: 1. Quais as tendências do mercado atualmente? Poderia falar sobre o alto acabamento? Mais uma vez o alto brilho entra no mercado com grande força entre os arquitetos e designers se tornando um diferencial de qualidade entre os fabricantes, mas para o fabricante atingir o nível de qualidade que uma peça em alto brilho exige para isso se faz necessário uma a adequação do processo iniciando na lixação passando pelos processos de tinjimento, selador e culminando no acabamento final. Cada um dessas etapas do processo requerem equipamentos específicos capazes de proporcionar o controle da qualidade do ar necessárias. Neste aspecto p grupo ARPI/ASPERSUL vem aprimorando-se a mais de 10 anos, todos os equipamentos e acessórios envolvidos, proporcionando condições para que nossos clientes atinjam o acabamento desejado; 2. Quais as vantagens das cabines pressurizadas? As Cabines Pressurizadas Arpi/Aspersul proporcionam uma seria de vantagens aos clientes, fabricadas com os mais altos padrões de qualidade mundial, onde pensamos criteriosamente nas necessidades e dificuldades que nossos clientes encontram, proporcionando maiores índices de qualidade reduzindo ou ate mesmo eliminando o retrabalho, assim como maior controle sobre o

Equipe Técnica da Arpi/Aspersul

Paint systems evolution • Over the last years, paint lines, particularly those prepared for wood items and pieces of furniture, evolved mainly in efficiency following the use of more modern equipment designed as requested by costumers. High-quality finishes along with observance of strict environmental regulations are among the requests. However, some have cast doubts about this and we will clear them up below: • As a trend, high gloss paints strongly hit the market among architects and designers, becoming a quality differential for manufacturers. Yet for manufacturers to reach the quality level of a high-gloss piece, they must complete a number of stages that include sanding, then painting, sealing and, finally, finishing. • Each stage must be completed using specific equipment able to provide the required air quality control. In that sense, the ARPI/ASPERSUL group has enhanced for 10 years all the necessary equipment or accessories, thus providing conditions for customers to obtain the desired finish. • The pressurized Arpi/Aspersul cabins give customers a series of advantages: they are manufactured with the highest quality standards worldwide as we carefully think of our customers’ needs and difficulties, guaranteeing higher quality rates. We even reduce rework and take more control over your product’s cost and delivery deadline. RM

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MDF / MDP

Avaliação das propriedades físicas e mecânicas de MDF e MDP

- painéis de média densidade produzidos a partir de fibras de madeira com a adição de adesivo sintético, submetidos à ação do calor e pressão. • MDP (Medium Density Particleboard ou Painel de Partículas de Média Densidade) são: - painéis de média densidade produzidos a partir de partículas de madeira com a adição de adesivo sintético, submetidos à ação do calor e pressão. Os painéis de madeira surgiram da necessidade de amenizar a anisotropia e a instabilidade dimensional da madeira maciça, diminuir seu custo e melhorar as propriedades isolantes, térmicas e acústicas. Adicionalmente, suprem uma necessidade reconhecida no uso da madeira serrada e ampliam a sua superfície útil, através da expansão de uma de suas dimensões (a largura), para, assim, otimizar a sua aplicação . A partir dos diversos elementos de madeira, com formas e dimensões variadas, podem-se gerar novos produtos de madeira através da sua reconstituição, utilizando métodos e processos adequados para cada tipo de produto e finalidade de uso. As utilizações dos painéis de madeira estão diretamente associadas às propriedades físicas e mecânicas dos mesmos. As restrições técnicas para o uso e a aplicação de diferentes tipos de painéis de madeira envolvem características como resistência, uso interior ou exterior, uniformidade da superfície, tolerância à usinagem, resistência à fixação de parafusos, entre outros. Diferentes tipos de painéis de madeira podem sobrepor tais restrições técnicas . Dentre propriedades físico-mecânicas pode-se destacar o MOE (Módulo Elástico) e o MOR (Módulo de Ruptura) como essenciais para determinação da qualidade da madeira, sendo que, em consideração ao ponto de vista tecnológico o conhecimento do MOE é a de maior importância. Os painéis de madeira reconstituída, seja ele produzido a partir de fibras ou partículas, possuem suas características físicas mecânicas individuais, conforme sua utilização seja ela cru ou acabado. O painel MDF possui consistência e algumas características mecânicas que o aproximam da madeira maciça e difere do painel de madeira aglomerada basicamente por apresentar parâmetros físicos de resistência superiores, boa estabilidade dimensional e excelente

Revista da Madeira

O

s painéis reconstituídos de madeira surgem como alternativa ao uso de madeiras maciças, que entraram em regime de restrição na metade do século passado por esgotamento ou limitações ambientais. Existem duas famílias de painéis de madeira, que são classificados segundo seu uso: os painéis destinados a funções estruturais para a construção (OSB); e a família de painéis de uso interno, para móveis e acabamentos em construções de todo o tipo. O MDF e MDP são painéis de uso interno, utilizados para móveis e decoração, oferecendo uma ampla gama de produtos básicos e com aplicações decorativas de melamina e lâminas, que permitem seu uso em todo tipo de móveis residenciais, para escritórios, lojas e acabamentos. Este artigo tem como objetivo constatar quais os principais fatores que determinam a baixa resistência física e mecânica de MDF e MDP a partir de testes laboratoriais baseados nas Normas Regulamentadoras Brasileiras NBR 15316:2009 e 14810:2006. Os painéis de madeira podem ser destinados a uma ampla gama de aplicações, de acordo com a necessidade dos clientes, que são obtidas a partir de suas características físicas e mecânicas, o que garantirá um produto de qualidade, sem defeitos e principalmente resistente. Segundo ABNT NBR 15316-1:2009 e ABNT NBR 14810-1:2006, os painéis de MDF e MDP são definidos como: • MDF (Medium Density Fiberboad ou Painel de Fibras de Média Densidade) são:

MDF

MDP

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capacidade de usinagem. Os testes laboratoriais que garantem aprovação do produto de MDF e MDP são Tração Perpendicular (TP), Módulo de Elasticidade (MOE e MOR) e Flexão estática (FE). Estes asseguram que o produto obteve resultado mínimo exigido pela NBR e é considerado produto de primeira qualidade. Estando um processo sob controle estatístico, pode-se dar significado quanto à sua capacidade em relação ao processo em obedecer às especificações, estabelecendo que na sua ausência não se faz alguma previsão . O processo de melhoria pode ser descrito como a implantação de uma metodologia de trabalho, capaz de gerar dados confiáveis para

que sejam tomadas decisões com o objetivo de aumento de lucro para uma empresa através de procedimentos. Para estudar capacidade do processo é preciso conhecer as especificações. Especificações são parâmetros técnicos definidos pela Engenharia de processos ou de produto. Três técnicas fundamentais são utilizadas na análise da capacidade do processo: histogramas ou gráficos de probabilidade, gráficos de controle e experimentos planejados. A análise da capabilidade (capacidade) do processo produtivo é um procedimento para avaliar a condição de um processo em atender as especificações de determinada característica da qualidade do produto . Os índices de capacidade fazem a junção de todos os dados de maneira que permita avaliar se um processo é capaz de gerar produtos possam atender as especificações provenientes de seus clientes. Quatro são os índices de capacidade para dados normalmente distribuídos. Estes índices são núme-

Reconstituted wood panels: Physical and mechanical properties Reconstituted wood panels emerge as an alternative to the use of hardwoods that have been restricted in the last half century by depletion or environmental constraints. Due to the great demand for products with high quality in the furniture market and the like, besides the great competition in this field, it is necessary to know the physical and mechanical properties of reconstituted wood panels to enhance their qualities in the finished product. This work aims to evaluate the physical and mechanical characteristics of mdf and mdp. To evaluate these properties, a common thickness was selected for the mdf and mdp of fifteen mm. According to this characteristic, three production batches of mdf and mdp panels were segregated. From each batch of production were performed one hundred repetitions of perpendicular traction, static flexion and

modulus of elasticity. The analysis of variance - anova in the obtained results was applied, Tukey test to verify the existence of significant difference and also analysis of process ability through the tool Minitab. Statistically the results show a significant difference between the results of each type of panel, on the capability of the process, all the tests are close to the achievement of the CPK of the unit, that is, very close to the stability of the process with three standard deviations for Each side of the media in almost all of the data presented considering their production specificities, one being from the fiber and another from the particle. Thus, the mdf has physical and mechanical characteristics superior to the mdp, becoming a nobler product in terms of workability and machinability in the finished product. RM

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ros adimensionais que permitem uma quantificação do desempenho de processos, sendo eles: Cp, Cpk, Cpm e Cpmk. O índice Cp, chamado de índice de capacidade potencial do processo, considera que o processo está centrado no valor nominal da especificação. O índice de desempenho Cpk, que leva em consideração a distância da média do processo em relação aos limites de especificação. Conclusão Estatisticamente os resultados obtidos, demonstram uma diferença significativa entre os resultados de cada tipo de painel, entretanto os dois produtos apresentaram em sua maioria valores considerados conformes pela norma devido suas especificidades produtivas, sendo um a partir da fibra e outro de partícula. De acordo com os gráficos gerados pelo Minitab sobre a capabilidade do processo, todos os ensaios estão próximo ao atingimento do CPK da unidade, ou seja, muito próximo a estabilidade do processo com 3 desvios padrão para cada lado da média em quase a totalidade dos dados apresentados. Apesar de possuírem especificações físicas e mecânicas diferentes, a resistência física do painel é um fator de grande relevância para o uso no seu produto acabado, fator que determina sua qualidade em termos de empregabilidade e durabilidade, além da flexibilidade. Assim, o MDF apresenta características físicas e mecânicas superiores quando comparado ao MDP, pois apresenta maior estabilidade dimensional, o que torna seu produto mais nobre no mercado em termos de trabalhabilidade e usinabilidade no produto acabado. RM Carlos Henrique Pinheiro,

Especialista MBA em Gestão Ambiental e Controle de Qualidade pela IESSA; Engenheiro Florestal pela ULT FAJAR - carlinhoshp@gmail.com

Orientador prof. Ricardo Blauth

MSc , Mestre em administração pela UFPR. Especialista em administração em telecomunicações pela FESP; Engenheiro eletricista pela UFPR. ricardo@eqpconsultoria.com.br

MDF / MDP

Revista da Madeira


Revista da Madeira

O primeiro diz respeito à escolha do pátio de secagem. Deve ser um local alto e plano, com boa drenagem do solo. A madeira deve ser empilhada com espaçamento entre as peças feito por meio de tabiques de alta durabilidade natural ou, então, adequadamente tratados. Este espaçamento proporcionará a livre circulação do ar que permitirá a remoção da água. As pilhas devem ser dispostas perpendicularmente aos ventos dominantes da região, permanecendo de 30 cm a 40 cm do solo, sem a proximidade de vegetação capaz de facilitar a propagação de microorganismos. As diversas pilhas de madeira devem ser colocadas no pátio, formando um arruamento que facilite a operação de empilhadeiras e caminhões de carga e descarga. Nas fotos que se seguem, são apresentados exemplos de formas corretas e incorretas de empilhamento num pátio de secagem. A secagem artificial é realizada em câmaras fechadas onde são controladas as condições de temperatura, circulação e umidade relativa do ar. Esses controles fazem com que a secagem da madeira ocorra com mais rapidez e precisão do que sob condições ambientais. Pode-se promover a secagem até um teor de umidade pré-determinado em alguns dias ou semanas. Os secadores variam dependendo dos materiais cons-

A

s principais razões para secagem da madeira estão diretamente associadas ao aumento na estabilidade dimensional da madeira, que sofre contração com a perda de água. Por isso ela deve ser seca antes de chegar às suas dimensões finais; reduzir o peso gerando economia no transporte, e reduzir o apodrecimento ou fungos manchadores, pois quando o teor de umidade fica abaixo de 20% a madeira não é atacada por esses microorganismos;

trutivos empregados, formas de aquecimento, tipos de umidificação, circulação do ar, etc. Há dois tipos de secadores: contínuos, muito usados para a secagem de lâminas de compensados, e estacionários que são os mais usados na indústria madeireira de9xando a matéria-prima confinada numa câmara de secagem. A secagem artificial ou forçada também tem vantagens e desvantagens. Por exemplo, não necessita de grandes espaços, como na secagem natural, mas exige maior investimento inicial.

Outros fatores também importantes é aumentar as propriedades mecânicas da madeira, dar maior eficiência na impregnação com preservativo em processos industriais, melhorar as propriedades de isolamento térmico e elétrico do material, e melhorar as condições de colagem. Há dois tipos de secagem: secagem natural ou feita ao ar livre e secagem artificial ou forçada, realizada em secadores projetados para otimizar o processo. O processo de secagem natural é mais simples e visa retirada de água da madeira, expondo-a às condições atmosféricas. Baseia-se na circulação natural de ar entre as peças. Como não há controle sobre as condições atmosféricas, é um processo lento que pode durar vários meses. Não há necessidade de mão-de-obra especializada, mas demanda grandes espaços. Dependendo da espécie de madeira que está sendo seca, poderá ser necessário um pré-tratamento, para garantir a sanidade biológica das peças até que elas atinjam um equilíbrio em torno de 20% de umidade. Alguns cuidados devem ser tomados para sua execução.

Tipos de secadores Existem no mercado, basicamente, dois tipos de secadores: os de baixa temperatura e os convencionais. Os de baixa temperatura operam na faixa de 30ºC a 50°C. Ventiladores fazem a circulação e mantêm a velocidade do ar em torno de 2,5 m/s. Encontram-se secadores por desumidificação e solares. Nos secadores por desumidificação a água é removida por condensação em serpentinas. Esse sistema apre-

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Revista da Madeira senta bom controle, baixa ocorrência de defeitos na madeira, porém seu custo é elevado. Os secadores solares são simples, baratos e com um nível de complexidade que os tornam indicados para operações de pequeno porte. Sua principal vantagem é o aproveitamento da energia solar, abundante em países como o Brasil. Sua temperatura de operação é da ordem de 55ºC a 60°C e serve para operações de pré-secagem. Esquema de um secador solar. Para maior eficiência o ângulo de inclinação do coletor solar deve ser igual ao da latitude do local de secagem. Os secadores convencionais operam em temperaturas que podem chegar a 90°C, com velocidades de ar entre 1,4m/s e 2,3m/s. É o tipo mais comum de secador usado pela indústria madeireira. A operação deste tipo de secador exige conhecimento teórico e prático sobre as características das madeiras sob secagem, para evitar o aparecimen-

to de defeitos e depreciação econômica do lote que está sendo seco.O processo deve ser conduzido com cuidado e em etapas que se sucedem, com o aumento

gradativo da temperatura e diminuição da umidade relativa do ar no interior da câmara. Esse conjunto de etapas constitui o que se chama programa de secagem. A maioria dos fornecedores de equipamento deste tipo entrega aos seus clien-

tes programas de secagem compatíveis com as principais madeiras brasileiras. Programas similares também estão acessíveis na literatura técnica e na Internet. Ponto final da secagem: Segundo o Manual de Secagem do IPT , as madeiras devem ser secas até um teor de umidade final em função do tipo de aplicação a que se destinam. Teor de Umidade Final recomendado para certos produtos de Madeira Defeitos de secagem Podem ocorrer devido às tensões na madeira durante o processo de secagem quando conduzido de maneira inadequada. Os empenamentos são distorções das peças de madeira quando tomados como referência os planos de suas faces. As rachaduras são consequência da maior contração da madeira na direção tangencial, superando a contração radial. Segundo Jankowsky, I. (Fundamentos de Secagem de Madeira – ESALQ


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– 1990) outros defeitos menos comuns que os empenamentos, mas também importantes e decorrentes do emprego de temperaturas elevadas e de processos rápidos de secagem, são o encruamento, o colapso e as rachaduras em

favo: • Encruamento: Causado por secagem rápida e não uniforme. Se as camadas externas da madeira secarem antes da parte central, elas são impedidas de contrair e permanecem num estado de tensão. Quando a parte central seca, a tensão das camadas internas impede sua contração. Se a madeira for usada nestas condições o encruamento não é um problema sério. Entretanto, se a madeira for serrada novamente, as tensões serão aliviadas e poderão ocorrer distorções. • Colapso: Segundo Jankowsky, “o colapso caracteriza-se por ondulações nas superfícies da madeira, que pode apresentar-se bastante distorcida. O colapso é basicamente ocasionado por forças geradas durante a movimentação da água livre, que deformam as células. O colapso aparece quando a tensão desenvolvida, durante a saída de água livre, supera a resistência da madeira à compressão”. • Rachaduras em Favo: Ainda,

segundo Jankowsky: “esse é um defeito típico da secagem artificial que se caracteriza por rachaduras no interior da peça. Exteriormente, a peça pode apresentar-se sem alterações. Esse tipo de defeito aparece normalmente associado ao colapso e ao encruamento, como consequência das tensões de tração, no interior das peças, terem excedido a resistência da madeira no sentido perpendicular às fibras. Previne-se o seu aparecimento evitando-se altas temperaturas até a remoção de água livre do interior das peças em secagem.” Embora secagem e preservação de madeiras sejam processos inversos, duas regras são comuns a ambas: 1ª) Sempre devem ser processadas madeiras da mesma espécie; 2ª) As peças processadas devem ter as mesmas dimensões ou, pelo menos, próximas RM

Reasons for wood drying

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he main reasons to dry wood are directly connected with the increased dimensional stability of wood, which shrinks when it loses moisture. Having this in mind, wood must be dried before it reaches its final dimensions. Its weight must be reduced to cut down transport costs and reduce rotting or wood-staining fungi. When moisture content is below 20%, these microorganisms do not attack wood. Other important factors include increasing wood mechanical properties, enhancing preservative effect in industrial processes, improving properties of thermal and electric insulation, and improving gluing conditions. There are two drying methods: natural or open-air drying, and artificial or forced drying, which is carried out with dryers to optimize the process. Natural wood drying is easier and seeks to remove moisture from wood, exposing it to weather conditions. It is based on natural airflow among pieces. As weather conditions are

not controlled, natural drying is a slow process that could take months. Skilled workforce is not required, yet the process must take place in large spaces. Depending on the wood species being dried, pre-treatment could be necessary to guarantee biological health of pieces until they reach balance around 20% moisture. Precaution is advised as to the drying location, which must be a high and flat area; wood pieces must be piled up leaving a space in between using high natural durability or properly treated wood partitions. Woodpiles must be arranged at the drying location to facilitate forklifting, and truck loading and unloading. The following pictures show right and wrong piling at a drying location. Artificial drying is carried out in shut rooms where temperature, airflow, and relative air moisture are controlled. Such control helps wood drying occur more quickly and accurately than under weather conditions. In artificial wood

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drying, predetermined moisture content may be set for some days or weeks. Dryers varied depending on construction materials used, heating and moisturizing methods, airflow, etc. There are two types of dryers: continuous dryers, widely used in plywood drying, and stationary dryers, which are the most used in timber industry. Raw material is placed into a drying chamber. Artificial or forced drying has both advantages and disadvantages. For example, large spaces are not needed, like in natural drying, yet more investment is required. The market basically offers two models of dryers: low-temperature and conventional dryers. After drying, defects may appear due to wood tensions during wrong drying. Warping refers to distortions in wood pieces when their sides are taken as a reference. Cracks result from higher tangential shrinkage, exceeding radial shrinkage. RM



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Ou dos Estados de Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Sergipe. Para especialistas, o compromisso é visto como importante e possível de ser alcançado. Mas o ideal seria que pudéssemos superar essa meta. “É uma meta extremamente ousada, mas factível. Se olharmos o que país já fez em agricultura e o que é hoje, veremos que há capacidade de partir de patamares iniciais como esse e alcançar níveis que surpreendem o mundo”, diz o ambientalista Sérgio Leitão, diretor do Instituto Escolhas. Já para Cristiane Mazzetti, coordenadora da campanha de florestas do Greenpeace, a meta de reflorestamento é essencial, mas não o suficiente. “[Os 12 milhões] representam um pouco mais que a metade do passivo ambiental advindo do Código Florestal. Temos cerca de 21 milhões de hectares que precisariam ser reflorestados”. O Código Florestal, modificado em 2012, estabelece o mínimo da cobertura vegetal que deve ser preservado nas propriedades rurais em cada bioma. Em Áreas de Preservação Permanente, como aquelas nas margens de rios, não pode haver desmatamento algum. Já nas áreas de Reserva Legal, uma cota do terreno que precisa ser mantido como floresta, pode haver obtenção de receita com o manejo e venda de madeira. A estimativa é de que 21 milhões de hectares tenham sido derrubados em propriedades particulares de maneira ilegal e precisam ser replantados. O número só não é maior porque a revisão do Código Florestal reduziu a exigência de preservação, fazendo com que passivo ambiental dos imóveis rurais no Brasil caísse mais de 50%. A alta de 29% do desmatamento na Amazônia no último ano (798 mil hectares entre 2015 e 2016) acende sinal de alerta. “Foi o maior aumento dos últimos 8 anos”, diz Mazzetti. “Ficamos mais distantes de cumprir metas, um resultado da falta de ambição do Brasil para proteger e restaurar suas florestas”, completa a ambientalista do Greenpeace. Um novo mercado de recuperação de florestas tropicais po-

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Brasil se comprometeu, na Cúpula do Clima de Paris, a reflorestar 12 milhões de hectares de florestas até 2030. Isso significa plantar árvores em área equivalente a quase o território da Inglaterra. Serão necessárias 8 bilhões de mudas – é mais árvore do que pessoas habitando o planeta. Mas se compararmos todo esse espaço com as dimensões continentais do país, podemos ter a impressão de que não é tanto assim. A área a ser reflorestada nos próximos 13 anos é equivalente aos Estados de Pernambuco e Alagoas juntos. Não parece tanto se imaginarmos que nossas áreas de florestas são bem mais colossais, com a Amazônia ocupando vastos territórios do Pará, Acre, Roraima, Rondônia, Amapá e Amazonas - são 400 milhões de hectares. Já o bioma da Mata Atlântica, que possui hoje apenas 12,5% de sua cobertura vegetal original, abarca área equivalente a 130 milhões de hectares. Isso tudo sem falarmos do Cerrado. É preciso lembrar ainda que o desmatamento não para --mesmo com o comprometimento do país em reduzir a derrubada de vegetação. Em um cenário otimista o país perderá 20 milhões de hectares de floresta até 2030, levando em consideração a meta de derrubada de vegetação para 2020. Isso significa que até lá devem ser desmatadas as áreas da Inglaterra e da Escócia juntas.

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Revista da Madeira deria ocupar espaço dominado pelo comércio ilegal de madeira Reflorestamento O reflorestamento auxilia na redução de emissões de gases de efeito estufa, que contribuem para o agravamento do aquecimento global. As florestas em crescimento funcionam como sumidouros de carbono, transformando as moléculas que captam da atmosfera em biomassa. Segundo o Observatório do Clima, o desmatamento é a principal fonte de emissão de gases estufas do Brasil – 45% das emissões em 2015, seguida pela energia e agropecuária. No ano passado, enquanto a derrubada de florestas despejou na atmosfera 884 milhões de toneladas brutas de CO2 equivalente (CO2e, a soma de todos os gases de efeito estufa convertidos em dióxido de carbono), mudanças no uso do solo que incluem o manejo florestal removeu 525 milhões de CO2e. De acordo com estudo realizado pelo Instituto Escolhas, recuperar 12 milhões de hectares de floresta requer o investimento de até R$ 52 bilhões (R$ 3,7 bilhões por ano durante 14 anos). A empreitada, segundo o instituto, geraria 215 mil em-

pregos e possibilitaria arrecadação de R$ 6,5 bilhões em impostos pelo governo. A ideia é que surja uma indústria de recuperação de florestas tropicais com novas atividades econômicas, como a venda de madeira e a exploração de produtos da floresta – frutas, essências, óleos,

etc. “Quem for plantar árvore vai ter condição de recuperar valor investido. Além de ficar de bem com a legislação, vai ter condição de ter retorno econômico”, diz Leitão. Assim, a lei ambiental pode ser vista não como inibidora, mas como estimuladora da atividade econômica. A falta de incentivos ao reflorestamento deixa florescer a indústria do desmatamento, que expõe comunidades indígenas a ação de medeireiros Para Mazzetti, a atividade econômica não deve ser o único parâmetro para a re-

cuperação. “A falta de vegetação pode gerar crise hídrica”, diz, lembrando um motivo suficiente para deixarmos as matas em pé e plantarmos mais mudas. E Leitão lembra efeitos sociais da ausência de um mercado que proteja as florestas, ao invés de devastá-las. “Comunidades amazônicas que poderiam estar protegidas ficam à mercê de invasores madeireiros”. Outros países de dimensões continentais possuem metas mais ambiciosas. Os Estados Unidos se comprometeram a reflorestar 15 milhões de hectares até 2020 no Desafio de Bonn, que congrega iniciativas de diversos países com o objetivo de recuperar 350 milhões de hectares de florestas até 2030. A Índia quer reflorestar 21 milhões de hectares até essa data. O Brasil participa do desafio com seus 12 milhões. No Acordo de Paris, que entrou em vigor neste ano, o Brasil se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% abaixo dos níveis de 2005 até 2030. Parte dessa tarefa é desempenhada pelas florestas – com o desmatamento ilegal zero na Amazônia e o reflorestamento de 12 milhões de hectares até 2030. RM


como os mognos africanos, cuja a genética introduzida tem base muito restrita e a obtenção dos materiais na origem é quase inviável, a Austrália possuía um banco genético já pronto, visando a conservação no continente. O início do processo de importação de sementes de Cedro Australiano ocorreu em 2006, com a ajuda da Universidade Federal de Lavras, buscando a qualidade do material selecionado pelo Australian Tree Seed Center, do CSIRO. O órgão de pesquisa federal já trabalhava na costa leste australiana desde 1980 gerando informações sobre a diversidade genética das populações do cedro. O objetivo era criar um banco de sementes que caracterizasse a espécie para fins de conservação genética em todo o continente. Espécie amplamente explorada na Austrália, o cedro ainda é uma das espécies arbóreas mais ameaçadas de extinção do mundo. Estudos moleculares embasaram a seleção das matrizes, e sementes de árvores superiores selecionadas ao longo de quase 3000 km do continente foram identificadas e armazenadas na instituição. Considerado um dos maiores trabalhos de conservação genética de espécies arbóreas realizados no mundo, esta foi a base da reintrodução do cedro australiano no Brasil. A pesquisa criteriosa do CSIRO, criou a oportunidade de acesso a um material genético de qualidade superior e que viria a ser testado no Brasil posteriormente. Com uma base genética bem diversificada e potencial para se adaptar ao Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Bahia, São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná, as matrizes importadas estavam em locais que variavam entre 40 m (beira mar) a 1.100 m de altitude, e regiões com precipitação entre 900 mm e 2.500 mm, além de diferentes climas e biomas australianos. Enfim,

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sucesso de um empreendimento florestal está diretamente ligado à tecnologia nele empregada. Neste contexto a história do Cedro Australiano no Brasil, é um ótimo exemplo do que a pesquisa pode fazer por uma cultura. Introduzido no país pela antiga Aracruz Celulose há mais de 30 anos, o Cedro Australiano (Toona ciliata) foi plantado no norte do Espírito Santo e disseminado por produtores locais. A falta de critério e regulação nesta etapa levou a uma redução drástica da qualidade da espécie. A reintrodução da diversidade, a pesquisa aplicada e a correta orientação dos produtores revolucionaram o cultivo da espécie no país, trazendo-a para um nível tecnológico e produtivo superior e aumentando a segurança dos produtores de espécies florestais alternativas. Em 2005, em função da falta de material genético e de sementes de qualidade no Brasil, a empresa mineira Bela Vista Florestal decidiu reintroduzir o cedro australiano para iniciar seu programa de melhoramento genético. Interessada em trabalhar com espécies de alto valor agregado para serraria, selecionou o cedro pela excelente adaptação no sudeste e por um diferencial que as outras espécies até hoje não possuem: acesso à variabilidade genética. Diferentemente de espécies

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uma grande amplitude bioclimática. A implantação de dois testes genéticos com as origens e famílias importadas (testes de procedência/ progênies) em regiões biogeográficas bem distintas iniciou a etapa de testes genéticos no Brasil. Um teste foi implantado no bioma cerrado em João Pinheiro (noroeste de Minas), a 670 metros de altitude, com déficit hídrico e solo arenoso de baixa fertilidade; o outro foi implantado em área de transição cerrado/ mata atlântica em Campo Belo (sudoeste de Minas), a 850 m de altitude, em latossolo vermelho de média fertilidade, com 1500 mm de chuva por ano e sem déficit hídrico. Dos estudos e análises desses dois testes, a Bela Vista Florestal iniciou a seleção dos materiais que se tornariam cultivares (clones), iniciando com 1.600 plantas e obtendo no final 39 materiais genéticos promissores. Após esta fase, testes clonais genéticos foram instalados em quatro municípios mineiros: Jequitaí, João Pinheiro, Piumhi e Campo Belo. Após seis anos de pesquisas, o estreitamento da seleção chegou a 6 cultivares, ou clones, com boa adaptação em todas as áreas testadas e ganho de produtividade de até 200% sobre a variedade de cedro australiano existente no Brasil. A produtividade média das florestas oriundas das sementes nacionais fica em torno de 12 m³/ ha/ano, enquanto os materiais selecionados chegam a ter em média 30 m³/ha/ano, sendo que clones testados apresentaram mais de 37 m³/ha/ano. A seleção também levou em conta a resistência às principais pragas e doenças do cedro, como o psilídeo branco, o fungo filácora e alguns ácaros. Os estudos levaram ao domínio do manejo da espécie, com uma série de ganhos. A poda de galhos foi facilitada A necessidade de plantio foi reduzida de 1.660 árvores por hectare para 816 (3,5m x 3,5 m), pois a exigência de seleção é mínima devido à uniformidade entre as plantas. Já são mais de 10 anos de investimento em pesquisas, com apoio

da Universidade Federal de Lavras (UFLA), e em alguns momentos com o IEF/MG Instituto estadual de Florestas e o Sebrae/MG. A participação da UFLA, hoje referência na pesquisa com a espécie, gerou dezenas de trabalhos acadêmicos e científicos, entre monografias, dissertações, teses e artigos. Outras instituições de pesquisa também se interessaram pela cultura e iniciaram linhas próprias de pesquisa. Atualmente esta extensa base bibliográfica é disponível a todos e fundamenta tudo que é realizado na cultura. Seja na nutrição, produção de plantas, fitopatologia, tecnologia e qualidade da madeira, melhoramento genético, entomologia e fisiologia vegetal, os resultados obtidos trazem segurança tecnológica aos investidores do cedro australiano. A produção e disponibilidade de informações para que produtores, consultores e pesquisadores tenham acesso ao conhecimento gerado é um dos grandes diferenciais do cedro australiano frente às outras espécies alternativas, que ainda possuem baixo nível tecnológico. Esse diferencial, a atratividade econômica aliada à segurança tecnológica, despertam também o interesse de grandes empresas, e não somente de produtores rurais. Atualmente várias linhas de pesquisas estão em andamento, principalmente visando melhoramento genético e qualidade e usos da madeira, já disponível e comercializada no Brasil. Uma nova seleção de cultivares está em processo acelerado de desenvolvimento e a pesquisa atual contempla a hibridação de materiais superiores, buscando clones ainda mais produtivos e adaptados. O trabalho visa desenvolver materiais ainda mais adaptados para déficit hídrico e que contemplem também a região sul do país, que hoje já planta cedro australiano devido à sua boa performance em condições de frio e geadas leves. Dessa forma, o Cedro Australiano, uma espécie que chegou ao Brasil com enorme potencial, vem superando cada obstáculo que encontra, e reescrevendo sua história.

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A comercialização da madeira de cedro australiano no Brasil já é uma realidade. Desde 2015 a Bela Vista Florestal faz contatos e negócios com empresas de várias partes do Brasil. Empresas atuantes em diversos setores como movelaria, instrumentos musicais, indústria naval, alimentos, fabricantes de esquadrias (portas e janelas), de objetos e utensílios, representantes comerciais de diversos estados e polos madeireiros, comércio exterior, designers, etc. A indústria consumidora de madeira já mostrou que existe um forte interesse e grandes oportunidades para o uso das espécies alternativas no Brasil e no mundo. O mercado demanda volumes muito superiores à quantidade de madeira disponível. O ideal é comercializar o produto seco e processado em bitolas comerciais, com padrão, regularidade e origem. Hoje no Brasil falta muito investimento em plantios com a espécie. O uso das madeiras alternativas é o futuro do setor madeireiro e isto é estratégico para o Brasil. RM Eduardo Stehling

Consultor e Gestor de melhoramento e produção da Bela Vista Florestal



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Gênero cultivado. Na região sul predomina o cultivo de Pinus, enquanto nas demais regiões o Eucalyptus é predominante, quando não representa a totalidade da área plantada. Sendo o Eucalyptus destinado, quase que exclusivamente, a produção de celulose, carvão vegetal e biomassa os regimes de manejo adotados para sua produção contemplam ciclo curto e focado no volume total, desconsiderando classes decamétricas de toras. Por outro lado, o Pinus mesmo quando cultivado para abastecimento de plantas de celulose onde o consumo é de toras de menor diâmetro, é manejado em ciclos mais longos, geralmente entre 15 e 25 anos, e deste modo produz toras de maior diâmetro que são adquiridas pelos segmentos de serrado e laminados por preços muito superiores aos praticados pelos toretes destinados a energia e processo (celulose, MDF, OSB, outros). Esta produção adiciona um valor significativamente maior às florestas de Pinus, mesmo que demande mais tempo para atingir seu ponto de colheita, de modo que representando apenas 23% do total de área total plantada, corresponde a cerca de 43% do valor total doa ativos biológicos (mais de 28 Bilhões). Segundo os dados levantados pela Consufor, as 20 empresas com ativos mais valiosos somavam ao final de 2015 aproximadamente 21 bilhões, ou

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área plantada no Brasil já virou clichê nos artigos, apresentações e teses sobre o setor florestal. Cerca de 9 milhões de hectares, sendo a maior parte destes ocupados com Eucalyptus para fins energéticos. Contudo este número não expressa, para além do corpo técnico que administra este patrimônio, a grandeza do setor. De acordo com estudo realizado pela Consufor no segundo trimestre desde ano, o Brasil atualmente conta um ativo florestal, considerando apenas os gêneros Pinus e Eucalyptus, da ordem de R$65 Bilhões. Deste montante, certa de 53% (35 bilhões) e 26% correspondem a florestas cultivadas na região sul e sudeste do País, respectivamente, apesar da colocação inversa na área plantada (da área total plantada no Brasil cerca de 41% no sudeste e 25% no sul). O principal fator explicativo desta concentração de valor dos ativos é o

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5 - Suzano, Fibria, Klabin, CMPC e Eldorado). Assim, enquanto nos últimos 3 anos o conjunto das 20 maiores empresas teve seus ativos valorizados em cerca de 29%, as Top 5 tiveram seus ativos valorizados por volta de 32% .

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seja, respondem por 32% do total investido em ativos biológicos dos Gêneros Pinus e Eucalyptus no Brasil. Contudo, grande parte do valor dos ativos (Cerca de 16 Bilhões) está concentrada em apenas 5 empresas ( Top

Outro aspecto de destaque é a participação dos fundos de investimento na propriedade dos ativos biológicos. Apenas de ainda modesta em relação ao todo (apenas 7%), sendo a maior parte dos investimentos realizados em cultivos de Eucalyptus. A possibilidade de minimização de riscos através da distribuição geográfica dos ativos é dos fatores que são considerados como de grande relevância pelos Fundos e isto justifica a distribuição do aportes pelas diversas regiões do País. Apenas no Gênero Pinus essa possibilidade é limitada, uma vez que a apenas Região Sul e parte das condições Sudeste e Centro Oeste apresentam condições edafoclimáticas apropriadas para seu desenvolvimento (Figura 5). O setor florestal está acostumado a ser visto através de sua área plantada, porém com a exigência do padrão IFRS, que demanda anualmente uma avaliação a valor justo dos ativos, muitas empresas descobriram em seus ativos biológicos valores antes não imaginados, o que possibilitou muitas delas levantar capital de logo prazo e baixos custos no mercado financeiro, maximizando assim seus resultados. Não é possível afirmar ainda o quanto o setor vai valorizar seus ativos em 2016, mas considerando os investimentos em marcha e anunciados em expansões das grandes unidades fabris do setor de celulose, especialmente na região Centro Oeste, não é de se descartar que até 2021 o setor florestal acumule ativos biológicos de valor superior a 100 bilhões. Ou seja, um potencial de valorização da ordem de mais de 50% nos próximos 5 anos.

Eugênio Pitzahn Jr gerente de projetos da Consufor

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madeira pelas suas características higroscópicas (perde e absorve umidade), em consequência, quer seja na forma de toras ou em produtos serrados, em razão do fenômeno da retratibilidade, está sujeita à incidência de defeitos os quais comprometem consideravelmente a sua qualidade. A retratibilidade é o resultado de uma manifestação física da madeira, decorrente de seu caráter higroscópico que resulta na adsorção ou na desorção de umidade em função das condições ambientes sob as quais ela se encontra exposta. Para os produtores de madeira serrada, dispor de informações concernentes aos índices de retratibilidade (volumétrica total, longitudinal tangencial e longitudinal radial) para as espécies lenhosas processadas em suas respectivas produtiva, constitui uma prática de boa gestão empresarial. O dimensionamento prévio dos produtos serrados que antecede a secagem convencional depende essencialmente dessas informações. Ainda que a temperatura, a umidade relativa e a velocidade de circulação do vento constituem os principais fatores externos associados à retratibilidade, à esses, é preciso adicionar a influência das características anatômicas de cada espécie submetida à secagem. Foi a partir da associação e combinação desses conhecimentos que foi possível, o desenvolvimento de programas de secagem cada vez mais adequados à uma ou mais espécies. Mesmo no caso de uma pré-secagem da madeira seja na sua forma tradicional (toras) ou serrada, pelo fato de que praticamente não é possível fazer o controle adequado das condições ambientais nas quais se inserem os fatores físicos da secagem (temperatura, umidade relativa e velocidade de circulação das massas de ar) essas, estão associadas à cada região geográfica. Em consequência, minimizar os efeitos da retratibilidade é praticamente impossível, quando comparado à secagem no interior de um secador industrial, onde o controle das variáveis da secagem é completamente factível. Todavia, no caso da pré-

secagem existem procedimentos adequados que poderão atenuá-las. Inúmeras publicações demonstram que a qualidade final da madeira serrada tem início na gestão adequada do pátio de toras. Um dos mais antigos desses procedimentos concerne à orientação das pilhas de toras em um pátio. Assim, a orientação longitudinal das mesmas na direção Leste-Oeste favorecerá uma maior incidência de trincas de topo e essa incidência, será proporcional ao tempo de exposição. Em efeito, dependendo da região o fotoperíodo, poderá ultrapassar 8 horas e, em consequência, com maiores efeitos de retratibilidade. Assim, recomenda-se preferencialmente a orientação Norte-Sul. Nessa, o topo das toras estaria protegido da incidência dos direta dos raios solares e quem estaria mais susceptível aos mesmos seria o eixo longitudinal das toras, cuja casca iria protege -las da excessiva, considerando que a perda de água na direção perpendicular (radial) do tronco é 10 vezes menor se comparada com a direção longitudinal. A água, à medida que se evapora da madeira, provocará de imediato um gradiente de teor de umidade entre a madeira da superfície e aquela situada em seu interior. Em consequência, a parte lenhosa mais externa será submetida ao efeito direto da retratibilidade, enquanto que a parte interna em função dessa diferença de teor de umidade (gradiente de umidade), constituirá por um determinado tempo, uma barreira natural contra a retratibilidade das camadas de células da superfície. A tensão provocada por esse fenômeno, provocará a incidência de trincas as quais, ao persistir esse o fenômeno, essas trincas poderão evoluir para fendas e/ ou rachaduras. Causas Muito se tem questionado porque essas trincas e/ou rachaduras se formam. Elas são fissuras abertas ou produzidas nos pontos fracos da madeira, resultantes de contrações decorrentes da retratibilidade diferencial da madeira. A sua origem é conforme considerações precedentes, atribuído à perde de água ligada às fibras lenhosas (tecido de sustentação das madeiras) cujas células recebem o nome de fibras na madeira de folhosas e de traqueídos nas madeiras de coníferas e também, em menor escala em outros tecidos anatômicos da madeira. Em geral, o efeito da retratibilidade é mais intenso no tecido fibroso (fibras e traqueídos) em razão de suas maiores proporções nas espécies lenhosas. A retratibilidade tem início no domínio de teor umidade correspondente ao Ponto de Saturação das Fibras (PSF), o qual é considerado para todas as espécies lenhosas como sendo da ordem de 25 a 30%. Assim, a partir desse valor é possível quantificar a retratibilidade total para cada espécie (ex. retratibilidade volumétrica total) a partir de ensaios realizados em corpos-de-prova para o intervalo PSF-0% de umidade conforme especificações de Normas Técnicas. As madeiras quando expostas ao ambiente mesmo para alcançar o domínio do PSF requer um



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tempo relativamente elevado. Para se ter uma ideia, a madeira (lenha) empilhada e que será destinada à produção de bioredutor, requer um prévio período de secagem o qual além de assegurar um rendimento médio na produção do bioredutor assim como também visando obter um teor de carbono fixo apropriado para a redução do minério nos altos-fornos siderúrgicos e finalmente, assegurar para esse, uma qualidade apropriada. Na Região do Vale do Jequitinhonha e Mucuri, esse período é da ordem de 90 a 120 dias, para que se possa atingir teores de umidade da ordem de 25 a 27%. Para cavacos de madeira, armazenados sob um galpão, o tempo requerido de secagem poderá atingir 24 meses para um teor de umidade médio de 14%. No interior de um secador de madeira, para se atingir o PSF o tempo de secagem poderá dependendo da espécie e do Programa de Secagem utilizado poderá ser da ordem de 4-5 dias. Em um contexto mais acadêmico, existem três mecanismos que constituem a base da retratibilidade diferencial da madeira e todas elas, estão entre outros, associados aos planos ou seções anatômicas da madeira, ou seja, direção longitudinal (no sentido do eixo natural da árvore), direção longitudinal tangencial que aquela tangente aos anéis de crescimento ou camadas anuais da madeira e finalmente, a direção longitudinal radial da madeira.

nada antes do que a água ligada à madeira no interior da peça. Em decorrência disso, a madeira das camadas externas se contrai, enquanto aquela do interior se man-

tém estável, provocando assim entre essas duas regiões a retratibilidade, uma vez que ela surge em razão do gradiente de umidade formado o que é, a propósito, o que

Mecanismos propostos para explicar Entre algumas das hipóteses que buscam elucidar a origem desses defeitos tão comuns da madeira pode-se citar os seguintes: 1º) Durante a secagem ou o armazenamento, a madeira seca no sentido do exterior para o interior. Em consequência, a água ligada na madeira exterior é elimi-

ocorreu. Essa retratibilidade assim formada, gera em consequência, tensões que se acumulam e para que as mesmas sejam liberadas, ocorrerá em resposta, fissuras ao longo da superfície da madeira (ou toras), as quais recebem o nome de “trincas”.

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O Manual de Regras de Classificação para a Madeira de Construção Canadense, publicado pela Comissão Nacional de Classificação de Serrados (NLGA, 2010), fornece um conceito mais apropriado para essas trincas que diz o seguinte: por trinca, se entende: « uma separação da madeira localizada nas camadas anuais de crescimento, resultando tensões durante a secagem ». De acordo com um outro manual de classificação intitulado “Regras para a medição e inspeção das madeiras duras e do cipreste”, publicado pelo National Hardwood Lumber Association od USA (NHLA, 2011), uma trinca se define como sendo um « pequeno fendilhamento na direção do comprimento que se estende geralmente através dos anéis ou camadas anuais de crescimento e que resultará frequentemente em tensões dentro da madeira durante a secagem. Assim, como as trincas surgem e se desenvolvem na madeira durante a secagem elas são chamadas com frequência de trincas de secagem. 2º) Retratibilidade diferencial da madeira, esse fenômeno também muito comum durante o processo de secagem ou armazenamento da madeira, ocorre também entre as direções radial e tangencial da madeira. Vale ressaltar, que a retratibilidade é mais pronunciada na direção longitudinal tangencial que na homóloga radial. Em efeito, inúmeros resultados de pesquisas, são unânimes em demonstrar que a retratibilidade no sentido longitudinal tangencial é cerca de 1,5 vezes maior do que a retratibilidade longitudinal radial. A título ilustrativo, por exemplo, as espécies murici, oiti e guariúba apresentam valores de retratibilidade longitudinal tangencial iguais à, 11,5%; 11,0% e 4,4% respectivamente e, para a retratibilidade longitudinal radial iguais à 5,7%; 6,5% e 2,2% respectivamente.


Revista da Madeira 3º) É praticamente impossível encontrar uma espécie, que não possua em sua estrutura anatômica, um tipo de madeira considerada “anormal” por razões diversas tais como, excentricidade de cerne, árvores expostas à condições de declividade, ventos dominantes, copas assimétricas, rápido crescimento e a própria posição do tecido lenhoso no caso de troncos tortuosos e também na parte inferior ou superior dos galhos entre outros. Assim, todos esses fatores conjugados ou não, vão induzir a formação de lenho anormal no interior da árvore. Em consequência, em qualquer vegetal lenhoso onde ocorrer gradiente de teor de umidade, ocorrerá seguramente a retratibilidade. A retratibilidade na madeira é diferenciada se essa madeira é a que se denomina madeira normal ou se trata daquela referida como “madeira de reação”. Inúmeros estudos, demonstraram que a retratibilidade da madeira de reação (madeira de compressão e de tensão) na direção longitudinal é maior do que a retratibilidade longitudinal da madeira normal. Uma outra consideração a ser feita é que no caso das espécies lenhosas que apresentam raios medulares mais largos, estão são mais susceptíveis à retratibilidade e por consequência, mais vulneráveis à formação de trincas. A propósito, os raios medulares ou parênquima radial, são agre-

gados de células parenquimatosas dispostas no sentido radial em relação ao eixo longitudinal da árvore. Na superfície de topo ou seção transversal de uma amostra de madeira, os raios aparecem como sendo numerosas linhas, retilíneas, aproxima-

das, geralmente mais claras. Na superfície tangencial, assumem a forma lenticular, e na maioria dos casos são irregularmente dispersos. Em algumas madeiras são indistintos mesmo sob lente e na superfície radial, são vistos como linhas ou fitas horizontais formando, às vezes, configurações distintas a olho nu. Por apresentarem raios largos e por isso, mais susceptíveis à incidência de trincas, tem-se o carvalho vermelho, o carvalho branco e o carvalho europeu e a faia. No Brasil, pode-se citar as espécies, achichá, envira–branca, carne-de-vaca, carvalho brasileiro, farinha seca, freijó e a

balsa, todas essas madeiras, com alta susceptibilidade à incidência de trincas. Ressalta-se que as células parenquimatosas, possuem a função de armazenamento de substâncias ergástricas e outras; elas apresentam formas geométricas bem definidas, ou seja, quadradas e/ou retangulares e apresentam paredes celulares delgadas e se ligam umas às outras via pontuações simples. A presença dessas paredes delgadas é uma consequência de seus lúmens amplos para que possam exercer as suas respectivas funções de armazenamento. Adicionalmente, elas colaboram no transporte radial de líquidos e gases no interior da madeira. Assim, do ponto de vista mecânico (resistência), as células dos raios são mais fragilizadas sob a ação da retratibilidade do que, por exemplo, às fibras e os traqueídos. Supõese igualmente que a presença de bactérias e/ou fungos, acúmulo de substâncias de natureza diversas (resinas, óleos, gomas) e até mesmo a presença de matérias minerais podem ser fatores de pré-disposição e/ou condicionantes, no processo de formação de trincas. RM Luiz Carlos Couto coutoluizc@gmail.com. - Ph.D. DEF/UFVJM

Laércio Couto

laercio.couto45@gmail.com - Ph.D. Tecflora

Fernando Paiva Scárdua

scardua@Unb.br Dr. UnB

Growth of splits and cracks in wood

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ecause of being hygroscopic (gaining or losing moisture), either in the form of logs or sawn products, and due to shrinkage, wood is subject to defects which considerably compromise its quality. Shrinkage is a natural physical phenomenon related to wood hygroscopic characteristics: moisture gain or loss according to weather conditions wood is exposed to. For sawn wood producers, getting informed on shrinkage rates is a practice of proper business management. Dimensions of sawn wood products before conventional drying depends highly on that information. Temperature, relative moisture, and airflow speed are the main shrinkage-related external factors, as well as the influence of anatomical characteristics of every wood species being dried. Combined knowledge was helpful to develop increasingly more adequate

drying programs for one or more wood species. Wood species are associated with every geographical region, even if wood is pre-dried in the traditional way (logs) or sawn, for controlling weather conditions (temperature, relative moisture, airflow speed) is virtually impossible. So reducing shrinkage effects is virtually impossible when compared to drying from an industrial dryer, where drying variable control is completely feasible. However, regarding pre-drying, there are proper methods able to smooth such variables. Many publications prove that wood final quality begins in the right placement of logs in the drying location. One of the oldest methods is related to orientation of log piles. Longitudinal orientation of piles placed east-west will grow more splits, an effect that will be proportional to exposure time. Depending on the geographical region, photoperiodism could exceed

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8 hours, thus causing higher shrinkage effects. So north-south orientation is recommended: logs would be protected from direct sunrays, while their longitudinal axis would not. The logs’ bark could protect the pieces from excessive moisture, upon considering that water loss in the perpendicular direction (radial) of the trunk e 10 times fewer as compared with longitudinal direction. Water evaporates from wood, immediately producing a moisture content gradient between the wood’s surface and moisture inside of it. Consequently, the outer woody part will experience direct shrinkage, while the inner part, because of moisture content differential (moisture gradient), will work as a natural barrier against shrinkage of surface cell layers for some time. Tension caused by shrinkage will grow splits, which will be able to evolve into clefts or cracks. RM


Revista da Madeira

co para agentes biodegradadores da madeira, não se volatiza, e também não corrói os metais, apresentando resistência à lixiviação. No Brasil o Pentaclorofenol é usado na forma de sais como preservativo de peças de madeira com ação fungicida e inseticida. • O tribromofenol (TBP) nos países da Ásia vem apresentando excelentes resultados contra os fungos manchadores. Mas no Brasil tem sua eficiência reduzida devido a problemas climáticos não favoráveis ao preservativo, os quais aumentam a exaustão do preservativo na peça de madeira ou o degradam, facilitando o desenvolvimento de agentes xilófagos. Este preservativo vem sendo usado para tentar substituir o pentaclorofenato de sódio, por ser economicamente mais viável e sofrer menor restrição ambiental, embora apresente menor eficiência contra os agentes biológicos. Geralmente os preservativos hidrossolúveis são formados de um ou mais componentes tóxicos. Em teoria, quanto mais compostos químicos em um só produto, maior será sua eficiência e abrangerá maior quantidade de espécies de fungos e insetos. Os preservantes químicos hidrossolúveis são compostos à base de água. Os sais presentes nos preservativos hidrossolúveis têm uma grande vantagem de ordem prática e econômica: a sua comercialização em pó ou pasta, de forma concentrada, sendo sua diluição feita apenas antes do uso. • O Arseniato de Cobre Cromatado (CCA) é um produto preservante que tem grande aceitação no mercado mundial, sendo que 80% de toda madeira tratada no mundo sofre tratamento com CCA (arseniato de cobre cromatado). O CCA é um preservativo utilizado em várias formulações, se diferenciando por suas concentrações de cobre, cromo e arsênio. O cobre e o arsênio são muito tóxicos aos agentes biodegradadores, aumentando, assim, a durabilidade do produto, sendo, portanto, recomendado para diversas finalidades. A formulação do Borato de Cobre Cromatado (CCB) vem sendo utilizada como um produto alternativo ao CCA, que em sua formulação utiliza o boro ao invés do arsênio. Em relação às diferenças ao se utilizar esses produtos, o

E

ssencialmente o que deve ser observado em um produto preservante de madeira é a característica de apresentar baixa toxicidade aos seres vivos, além do efeito protetor dessa substância contra os organismos xilófagos. Ainda é importante observar os custos do produto, que não devem ultrapassar os gastos com a madeira preservada. As formulações preservativas são divididas conforme suas características físicas e químicas, podendo ser classificadas em 2 grupos; preservativos oleossolúveis e preservativos hidrossolúveis. De forma generalizada os produtos preservativos ditos oleossolúveis são aqueles que são formados por um solvente que contém uma mistura de óleo. Os preservativos oleossolúveis naturais têm como características a cor escura e um odor característico além de uma viscosidade alta em temperatura ambiente. A maioria é resistente à lixiviação e ótimos inseticidas e fungicidas. Entre alguns dos principais preservativos oleossolúveis estão: • O Creosoto é um preservativo com características oleosas, advindo da destilação do alcatrão da hulha, normalmente utilizados na preservação de postes e dormentes. • As principais características do Óxido de bis (tributil -estanho) (TBTO) são: a baixa toxidez contra os mamíferos, não causa irritações respiratórias, tem apresentado resultados 7,5 vezes maiores que o conhecido preservativo CCA no combate das podridões. O TBTO aumenta sua eficiência contra a podridão parda quando misturado com o Pentaclorofenol, Ortofenifenol, e os boratos. • O preservativo Pentaclorofenol (PCP) é altamente tóxi-

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CCB apresenta maior perda por lixiviação e sua toxidez não é tão elevada para insetos, sobretudo para madeira que ficará exposta por extenso período. Se o preservativo CCB for utilizado nas condições climáticas e de solo normais do Brasil, sua duração pode ultrapassar 30 anos. • O Arseniato de Cobre Amoniacal (ACA) é conhecido também, de Chemonite. Depois que ocorre a secagem da madeira, a amônia evapora, proporcionando assim a precipitação do Arseniato de cobre. A adição de amônia causa maior permeabilidade, e porque gera abertura na estrutura da parede celular, forma um complexo de cobre, diminuindo os efeitos da corrosão nos metais e retarda a formação de precipitados de Arseniato de Cobre. • O Cromato de Cobre Ácido (ACC

– Celsure) em sua formulação contém sulfato de cobre, dicromato de sódio e trióxido de cromo e não apresenta função inseticida. O cromo tem efeito

na redução da corrosão causada pelo sulfato de cobre e precipita o cobre na forma de cromato de cobre insolúvel (ROCHA, 2001). O cromato de cobre ácido também é conhecido pelo nome Celcure, que é utilizado em tra-

tamentos de preservação da madeira que usam pressão ou não, proporcionando ótima proteção. • O desenvolvimento do cloreto de zinco cromatado (CZC) se deu com o intuito de diminuir a lixiviação e o efeito de corrosão em metais do cloreto de zinco puro, sendo usado em larga escala, em decorrência da escassez de creosoto, depois da Primeira Guerra Mundial.. • Já os Compostos de Boro são preservativos incolores, sem odor, possuem baixa toxidez para o homem e sua penetração é alta em peças de madeira verde. Porém, sua utilização é restrita, sendo que as peças tratadas não devem ser expostas à chuva e a outras formas de umidade. RM Roger Ravasi Elio José Santini Daniela Lilge UFSM. - Univ. Federal de Santa Maria

Characteristics of wood preservatives

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hat we must take into account concerning wood preservatives is their low toxicity to human beings, as well as protection against wood-eating insects. Also, it is important to have in mind product costs, which should not exceed preserved wood costs. Preservative formulations are divided according to their physical and chemical characteristics into 2 large groups: oilsoluble preservatives and water-soluble preservatives. The so-called oil-soluble preservatives are composed of a solvent containing an oil mixture. Natural oil-soluble preservatives are characteristically dark and highly viscous at room temperature. In theory, the more chemical compounds a single product contains, the higher its efficiency will be and the more species of fungi and insects it will repel. Water-soluble preservatives are water-based compounds. The salts they contain mean a big practical and economic advantage: sold as

concentrated powder or paste, whose dilution occurs before use. The chromated copper arsenate (CCA) is a very successful preservative in timber market worldwide. Besides being used in 80% of timber worldwide for treatment and in several formulations, CCA is a product that stands out for its copper, chromium, and arsenic concentrations. The chromated copper borate (CCB) formulation, which is used as an alternative product to CCA, contains boron rather than arsenic. Relating differences in use, CCB has higher leaching loss and toxicity is not so high against insects, particularly in timber to be exposed to weather conditions for a long time. The ammoniacal copper arsenic (ACA) is also known as Chemonite. After timber is dried, ammonium evaporates and so copper arsenate precipitates. Adding ammonium provides more permeability and, as it

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makes a hole in the wall cell structure. Then, a copper complex is formed, thus reducing corrosive effects in metals and precipitates formation of copper arseni is delayed. The acid copper chromate (ACC – Celsure) formulation contains copper sulfate, sodium dichromate, and chromium trioxide, and is not insectrepellent. Chromium reduces corrosion caused by copper sulfate and makes copper precipitates into insoluble copper chromate. The chromated zinc chlorate (CZC) was developed to reduce leaching and raw zinc chlorate’s corrosive effect in metals. It began to be widely used due to lack of creosote, after the First World War. Boron constituents are colorless, odorless, low-toxic preservatives to humans and deeply permeate green timber pieces. However, their use is limited, as treated pieces must not be brought into contact with rain or any other forms of moisture. RM

Preservante

Revista da Madeira


formigas guardam nelas seus ovos e larvas. Elas contam ainda com um armário de mantimentos: se alimentam do líquido doce de outros pequenos insetos. A oferta de hospedagem também beneficia a árvore nessa curiosa simbiose, uma vez que as formigas oferecem um serviço valioso: protegê-la de

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Revista da Madeira

m meio à densidade da Floresta Amazônica existem clareiras misteriosas que contrastam com a diversidade da vegetação, pois neles só cresce praticamente uma única espécie de árvore.

São os chamados “jardins do diabo”, onde, segundo reza a lenda na região, habitariam espíritos malignos da floresta. A árvore em questão é a duroia (Duroia hirsuta), considerada a favorita dos seres sobrenaturais, de acordo com os nativos. À noite, segundo as lendas, eles limpariam as ervas daninhas do jardim e evitariam que qualquer outra planta no local cresça. Assim, ninguém se atreve a entrar nessas áreas após o pôr-do-sol. Os cientistas encontraram, no entanto, outra explicação para o fenômeno inusitado, quase tão fascinante quanto a versão dos habitantes da floresta.

As hastes das folhas das árvores têm inchaços por onde entram e saem pequenas formigas Myrmelachista schumanni. Essas câmaras são seu habitat, desenvolvido especialmente para elas pelas árvores. A salvo de predadores, as

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Revista da Madeira seus inimigos. Os insetos se alimentam de maneira geral de folhas de plantas, se têm oportunidade, mas no caso das duroias, protegidas por um exército peculiar, eles não têm vez. Isso também vale para os insetos de grande porte – alguns chegam a ser milhares de vezes maior do que as formigas. Diante do ‘invasor’, esses soldados minúsculos adotam uma estratégia: identificam seu ponto fraco e atacam, até que ele se renda. Mas as formigas não se encarregam apenas de repelir animais que podem trazer danos à árvore. Talvez o mais surpreendente é que mantêm afastadas também plantas que competem com ela. Guerra química Regularmente, pelotões de formigas deixam seus quartéis para patrulhar a vizinhança. Quando se deparam com um broto novo, fazem uma inspeção. Se descobrem que é da família de seu hospedeiro, deixamno em paz. Se é um intruso, o ataque começa mordendo seus ramos. Mas a mordida não é a única arma das formigas. Elas também injetam ácido fórmico nas feridas da vítima. O veneno se espalha por meio dos tecidos, acelerando a morte. O ácido fórmico é um herbicida orgânico que os seres humanos usam para conservar alimentos, enquanto as urtigas e formigas o utilizam como urticante. O sabor deste ácido inspirou o nome popular das aguerridas Myrmelachista schumanni: formigas-limão. Em questão de dias, com a morte dos intrusos, as formigas ampliam seu jardim. Essa técnica drástica de jardinagem traz benefícios tanto para a árvore quanto para as formigas. Ao assegurar a seu anfitrião mais espaço para expandir sem competição, as formigas garantem também mais moradias para que possam se reproduzir e aumentar seus exércitos. Para se ter uma ideia das dimensões, vale resgatar um depoimento que Megan Elizabeth Frederickson, um dos cientistas que estavam investigando o mistério dos ‘jardins do diabo’, deu à imprensa. “A maior colônia no campo que eu estou estudando, que acredito datar de 807 anos atrás, tem 1.300 metros quadrados”, escreveu o especialista.“E é formada por cerca de três milhões de formigas operárias e 15.000 rainhas”. RM BBC

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Revista da Madeira

rias, inclusive de produtos de origem vegetal, em especial em portos e aeroportos”, explica o pesquisador Edson Tadeu Iede, da Embrapa Florestas. Com isso, segundo ele, aumentou o risco de introdução de novas pragas florestais no País. Prejuízo A entrada de pragas florestais vindas de outros países exige constante alerta e gerenciamento de riscos por parte do setor florestal e de autoridades fitossanitárias, pois podem causar sérios danos econômicos e ambientais. “Uma praga como a vespa-da-madeira (principal praga dos plantios de pínus), por exemplo, que entrou no Brasil em 1988, poderia trazer prejuízos estimados em até U$ 53 milhões anuais, considerando também os custos da colheita, e de U$ 25 milhões anuais, quando considerada a madeira em pé”, explica a pesquisadora da Embrapa Susete Chiarello Penteado. A praga foi introduzida possivelmente por meio de embalagens de comércio internacional e causou sérios prejuízos até o estabelecimento de um programa de manejo integrado de pragas com forte ênfase no controle biológico. Outro exemplo é o pulgão-gigante-do-pínus, praga norte-americana introduzida no Brasil na década de 1990 e que causou, à época, perdas da ordem de R$ 10,7 milhões anuais. Mas essas pragas não atingem somente o setor produtivo. O besouro asiático, por exemplo, é uma praga que não está presente no Brasil, mas já causou danos à arborização urbana nos Estados Unidos. Devido às galerias larvais, a estrutura da árvore enfraquece, de modo que os troncos, e mesmo a árvore inteira, podem tombar, colocando em perigo pedestres e veículos. Essa preocupação não é exclusividade brasileira. Com o aumento deste risco de introdução de pragas florestais exóticas por meio do comércio internacional, o assunto passou a ser uma grande preocupação mundial. Vários registros de introdução de pragas têm sido realizados em plantios florestais, áreas urbanas e mesmo em florestas nativas, causando impactos econômicos, sociais e ambientais negativos ao redor do mundo. Outro inseto que vem causando danos é o percevejo -bronzeado, praga que veio da Austrália e, embora não seja considerada quarentenária, causa prejuízos aos plantios de eucalipto. Levantamento realizado por empresas florestais estimam que, no Estado de São Paulo, entre 2010 e 2014, o prejuízo pelo ataque da praga foi próximo a R$ 280 milhões, considerando-se apenas as perdas diretas em incremento anual de madeira e produção final. RM

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ara auxiliar na tarefa de monitoramento e prevenção à entrada de novas pragas, pesquisadores da Embrapa Florestas (PR) publicaram uma ampla revisão sobre os principais insetos exóticos que ameaçam o setor de florestas plantadas no Brasil . O estudo abordou tanto os insetos exóticos já presentes no País quanto os ausentes que merecem monitoramento constante. Ao todo, são abordadas 57 espécies de insetos, com projeções sobre o risco atual e prioridades de monitoramento, em especial para eucalipto e pínus, responsáveis por 92% dos plantios florestais brasileiros com fins produtivos. Plantações de eucaliptos requerem atenção quanto aos insetos das famílias Eulophidae e Psyllidae. Da família Eulophidae, destaque aos insetos dos gêneros Leptocybe (neste caso em especial a vespa-da-galha) e Ophelimus, gênero ao qual o eucalipto é bastante suscetível, mas sobre o qual existem poucas informações referentes à taxonomia. Já para pinus, as maiores preocupações são Monochamus (que é hospedeiro de um nematoide que causa uma doença chamada murchidão-do-pinheiro), Rhyacionia frustrana (um tipo de traça) e Dendroctonus frontalis (um besouro). Entre essas pragas exóticas, constam quarentenárias e não quarentenárias. Quarentenárias são aquelas que, ao serem introduzidas, têm um alto potencial de causar prejuízos aos plantios, podendo também ter impacto nas relações comerciais entre países. Elas são classificadas como “ausente” em uma área ou região , mas com risco de serem introduzidas. Já as pragas quarentenárias A2 são aquelas já presentes, com distribuição restrita e sob controle oficial . “A abertura econômica brasileira para as importações, no início da década de 1990, aliada à globalização, causou um aumento substancial na movimentação de mercado-

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Notas

Revista da Madeira

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Roraima autorizar desmatamentos digitalmente ção Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), Rogério Martins O presidente reforçou ainda que o produtor rural que detém quatro módulos fiscais, cerca de 400 hectares, ainda não será integrado ao novo sistema. “A lei permite que o produtor tem direito a utilizar três hectares todo ano sem precisar de projeto. Solicitando a licença junto à Femarh apenas”, revelou.

Estado de Roraima será a primeira unidade federativa no país a operar o Sistema Nacional de Controle da Origem e dos Produtos Florestais (SINAFLOR), ferramenta que visa à digitalização de todos os processos referentes à gestão ambiental, como transporte de madeira e o desmatamento. O SINAFLOR é uma ferramenta de responsabilidade do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), que está sendo tratado como o substituto ao Sistema Integrado de Monitoramento e Controle dos Recursos e Produtos Florestais (SISPROF), utilizado atualmente pelos órgãos ambientais. O objetivo da mudança é acelerar o andamento das liberações dos processos e diminuir o desmatamento em Roraima. “Todo processo hoje que é físico, que é papel, ele vai ser passado digitalmente, online. Então, todo o trabalho de solicitação de autorização, de supressão vegetal também conhecido como desmatamento, o transporte da madeira, seja ela em tora, cerrada, para qualquer lugar do país, vai passar para esse sistema”, revelou o presidente da Funda-

Árvore leguminosa pode ser alternativa ao eucalipto Tecnicos da Prefeitura Regional Vila Mariana, em São Paulo, analisaram, por meio de tomografias, a fitossanidade de 40 árvores que estão localizadas ao longo da Avenida República do Líbano, na região do Ibirapuera. Foi utilizada pela primeira vez na cidade a tecnologia do equipamento chamado Arboradix. O serviço foi oferecido gratuitamente pela empresa AMG Ecologia Aplicada, não gerando

nenhum custo aos cofres públicos. A tomografia é capaz de mostrar o tamanho e a posição de possíveis lesões nas árvores, além de analisar as raízes e permitir a localização precisa dos defeitos, através de método pouco invasivo (apenas uma parte da sonda é inserida na árvore). Com um notebook, os resultados são imediatos. As regiões fracas e as áreas com menores espessuras de paredes residuais das árvores são detectadas com auxílio de sensores. Com essas informações em mãos, a empresa emite um laudo para cada indivíduo arbóreo com a recomendação do que deve ser feito: remoção/ substituição, poda, adubação, tratamento, etc. Segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) da Prefeitura de São Paulo, a capital paulista registrou, somente em janeiro, queda de 132 árvores, em diversas regiões. “A tomografia é a melhor e mais eficaz maneira de evitar a queda das árvores que, por vezes, causa prejuízo e incômodo à cidade. Esse é um projeto piloto, vamos avaliar o resultado e tentar levar para outras regiões de São Paulo”, disse o Secretário Gilberto Natalini.

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Notas

Diretor da ArpiAspersul assume presidência da Affemaq

Revista da Madeira

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enato Valcarengh, diretor do Grupo Asper-Aspersul, assumiu a presidência da nova diretoria da associação integrada por 15 empresas associadas estabelecidas na região da serra e grande Porto Alegre, Affemaq. O novo presidente Renato Valcarengh Nunes conta com o vice presidente Ivânio Ângelo Arioli (Akeo), o diretor financeiro Vitor Hugo Polo (Dzainer) e o diretor de marketing Giovanni Cechin Rodrigues (PCR). O novo presidente ressalta que o foco da associação para o próximo biênio é de se projetar com maior intensidade para o mercado, pois somente desta forma será possível entender as suas reais necessidades. Algumas das ações planejadas são as Missões Internacionais, o compartilhamento de informações e a construção de novas parcerias. Cumprindo o calendário já estabelecido, serão realizadas em 2017 a Mostra Affemaq no polo moveleiro de Mirassol em São – FIMMA. Paulo e no polo de Minas Gerais em Ubá. Ainda para este ano já As empresas que compõe a Affemaq são a Reval, Piva, Lufaestá confirmada a presença de 100% das empresas participantes ti, Wirutex, Basso, Akeo, Projepack, Tecbrill, Lidear, SBMI, D´Zainer, da Affemaq com stands próprios na Feira Internacional de Má- PCR, Artecola, ArpiAspersul, Focco. RM quinas, Matérias-Primas e Acessórios para a Indústria Moveleira

Araupel projeta aumento na produção de pellets

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om a sustentabilidade como princípio, a Araupel, especializada em reflorestamento e beneficiamento de madeira, aproveita os 17 tipos de subprodutos resultantes da industrialização da matéria-prima. A maior parte torna-se biomassa

para a geração de energia em grandes indústrias. Entre todos, os pellets, pequenos cilindros de madeira prensados, vêm ganhando destaque na geração de energia. A partir de modelos existentes na Europa, a Araupel começou há três anos pesquisas para desenvolver os Araupellets. A largada na produção ocorreu em janeiro de 2015, na unidade de Quedas do Iguaçu (PR). Agora, a empresa elabora projeto para expandir a produção em até cinco vezes. “Buscamos agregar valor aos nossos produtos de forma sustentável e com respeito ao ambiente. Nada é descartado na natureza aqui na empresa e, com os pellets, reforçamos mais essa vocação ao dar um aproveitamento ainda melhor para aparas de madeira“ afirma Norton

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Fabris, diretor de Operações da Araupel. Os pellets servem para gerar energia em usinas termelétricas, ter uso comercial, nos fornos de pizzarias e aquecimento de água de hotéis, e também uso doméstico, como em lareiras. A substituição na matriz energética pode ser vantajosa. Como comparação, são necessários 2 kg de pellets para se obter a mesma quantidade de energia gerada por 1 kg de óleo diesel. Apesar do maior volume do subproduto de madeira, o custo fica pela metade na comparação com o combustível mineral. Outro benefício é a baixa produção de cinza – cerca de 0,5% do peso total, bem abaixo dos 10% do bagaço de cana-de-açúcar, 2% a 3% da lenha e 1,5% do cavaco. Um quilo de pellet resulta em apenas 50 gramas de cinzas. O processo de produção de pellets se dá por extrusão da maravalha seca, que é uma apara de madeira. Ensacado em embalagens de 30 kg, é transportado, estocado e manuseado com mais facilidade do que a lenha, por exemplo. RM



Notas

MS chega a 1 milhão de hectares de florestas plantadas

Indústria de madeira sólida oferece 9% dos empregos formais do Brasil

Revista da Madeira

O

setor florestal espera crescimento médio de 10% em área plantada de eucalipto neste ano e, com isso, chegar à marca de um milhão de hectares de florestas. O volume deve superar o desempenho registrado no ano passado, quando foram plantados aproximadamente 50 mil hectares de florestas por todo o Estado. Segundo Benedito Mário Lázaro, diretor-executivo da Associação Sul-Mato-Grossense de produtores e Consumidores de florestas Plantadas (Reflore MS), o setor fechou com média entre 910 mil a 920 mil hectares de florestas plantadas, 50 mil hectares a mais em comparação à 2015. “Para este ano, a nossa expectativa é chegar a um milhão [de hectares], mas isso depende de uma série de fatores”. O avanço no setor florestal também foi impactado pela crise econômica. Até então, o setor vinha registrando média de 100 mil hectares/ano de floresta de eucalipto plantadas. Hoje, 60% de toda a floresta plantada no Estado é para abastecer as duas fábricas de celulose instaladas no município de Três Lagoas, Fibria e Eldorado Brasil, sendo que a primeira deverá inaugurar, no segundo semestre deste ano, a sua segunda linha de produção. Já os 40% restantes

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indústria madeireira tem sido um dos destaques da economia brasileira Com 57% (369 mil) dos empregos diretos da cadeia de base florestal brasileira, a indústria de madeira sólida – que contempla produtos como painel de compensado, madeira serrada, pisos, portas e molduras – foi responsável por 9% do total de empregos formais do país. Esse resultado, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), mostra a relevância do setor para a economia brasileira, mesmo diante de um período de desaceleração. Enquanto no início de 2015, o saldo total de empregos no Brasil já estava negativo, com menos um milhão de vagas, a indústria da madeira gerou mil novas vagas, mostram os dados divulgados pelo novo Estudo Setorial da Abimci. Mesmo diante do pico de menos 7 milhões de postos de trabalho no país entre novembro e dezembro de 2015 mostrou que o setor de madeira teve uma participação menor nesse número negativo, com cerca de 5 mil vagas a menos. No início do ano passado, a indústria de madeira chegou a equilibrar o saldo, sem novas demissões. Ao longo de 2016, o setor manteve-se ligeiramente acima do total nacional em saldos de empregos. Apesar de a indústria apontar uma série de fatores que comprometeram o avanço do setor produtivo no país como flutuação cambial, inflação elevada, alta taxas de juros, aumento nos custos de produção e transação, inadimplência e redução de investimentos, principalmente, na construção civil, o segmento fechou 2016 com uma pequena variação no número de empregados, chegando a 360 mil. “Os impactos causados pela conjuntura de 2015 e 2016 reduziram o otimismo do empresário e, com isso, as indústrias diminuíram o contingente de funcionários para tentar melhorar os custos de produção. Apesar disso, as empresas que estavam voltadas à exportação contribuíram para equilibrar esses números”, afirma o presidente da Abimci, José Carlos Januário. Para 2017, a expectativa do setor é de que as medidas anunciadas pelo governo federal prevendo corte nos gastos públicos e as reformas possam contribuir para a retomada da economia e, consequentemente, dos investimentos e da confiança do empresário. RM

que indicam a necessidade de diversificação da atividade fim dessa madeira. “Com a duplicação da Fibria, vai dobrar a produção de celulose do Estado. A ampliação da Eldorado também vai acontecer, mas não agora, neste ano. Com certeza elas já tem estruturadas as áreas que vão precisar. Então, o setor vai crescer dentro da expectativa já existente. Hoje temos um excedente de floresta plantada. Por isso temos que buscar alternativas para a madeira”, completou. Por questão de logística, as indústrias de celulose trabalham com raio próximo a elas. Quanto menor o raio, menor maior a competitividade. De acordo com o diretor da Reflore, hoje, as empresas ainda consomem madeira municípios distantes, mas a meta é chegar a um raio aproximado de até 120 quilômetros, explicou Lázaro. Atualmente, as duas fábricas de celulose produzem 3 milhões de toneladas de celulose por ano, aproximadamente. Para isso, explicou o diretor da Reflore, são necessários 10,8 milhões de metros cúbicos de madeira (315 mil hectares de florestas plantadas). RM

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Notas

Um novo conceito: tecido de madeira!

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Em 2015, quando participou do Milan Design Week, na Itália, ela descreveu os tecidos de madeira como “uma nova experiência tátil. É um material meio madeira e meio tecido, entre duro e mole, desafiando o que se pode esperar. É familiar e tem cheiro familiar, mas é estranho porque você pode mover e assumir formas inesperadas”. As possibilidades para a inovação de materiais considerados “tradicionais” depende da superfície do material, as suas características. E se for um material resistente com o qual você pode trabalhar, então tudo bem. Todos se combinam para provar algo, novas técnicas, materiais e técnicas mistas. A escolha, segundo ela, foi porque a madeira é uma substância que tem boas qualidades, melhores do que materiais sintéticos, como plástico e outros, que não suportam bem a passagem do tempo. Além disso, a madeira tem embelezamento no final. Para o trabalho com tecidos, tentou vários materiais duros como metal ou vidro, mas a madeira era o melhor. Quando viu a combinação, começou com os primeiros trabalhos, que eram os tapetes. O processo de trabalho de Elisa Strozyc mistura tecnologia com a busca de detalhes de um artesão. O designer cria uma geométricas – geralmente triângulos – e deixa uma máquina de laser dirigida por computador cuidar do tribunal. O que se segue é tradicional: Strozyk leva cada uma das figuras e distribuí em um linho ou algodão, criando padrões com as cores da mesma madeira, ou tingindo algumas partes. RM

Revista da Madeira

om o uso de alta tecnologia e com foco na sustentabilidade a desenhista alemã, Elisa Strozyk desenvolveu tecidos de madeira e vem difundindo seu trabalho em todo o mundo. A madeira é versátil, ideal para trabalhos que vão

desde o tradicional até os produtos que exigem uma boa dose de inovação e tecnologia. De acordo com ela, a madeira “é um material que temos sempre em torno de nós, e isso dá muita confiança. A madeira está em nossas casas, nossos móveis, e por isso tem muito valor emocional. É também um material que pode ser utilizado para decoração porque tem boa plasticidade e uma superfície ideal de trabalho”.

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Floresta vertical As Torres Nanjing devem fornecer cerca de 132 quilos de oxigênio diariamente. O escritório de arquitetura Stefano Boeri Architetti está trazendo o conceito de floresta vertical, popularizado em Milão para Nanjing, na China, com as Torres Nanjing. As duas torres verdes terão 1.100 árvores de 23 espécies locais, além de 2.500 arbustos e plantas pendentes em cascata cobrindo 6.000 metros quadrados dos edifícios. Além de fornecer diariamente cerca de 132 quilos de oxigênio pela absorção do dióxido de carbono, o empreendimento deve ajudar a desenvolver uma zona econômica do rio Yangtze, no sul da província chinesa de Jiangsu. Com 119 metros de altura, a torre mais alta terá escritórios, um museu, uma escola de arquitetura verde e um clube no último piso. Já a segunda torre, que possui 107 metros, irá acolher um hotel de 247 quartos e piscina no último piso. Mata Atlântica No período de 30 anos (1985 a 2015), 23.021 hectares (ha) de Mata Atlântica foram recuperados nos 645 municípios paulistas, área superior à extensão das cidades de Santo André e São Caetano do Sul. A parte recuperada ainda está abaixo do total devastado no período (183,1 mil ha), mas desde 2013, o desmatamento no estado é considerado zero (inferior a 100 ha). Entre 2014 e 2015, foram registrados apenas 45 ha de desflorestamento. Os dados fazem parte do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, estudo elaborado em conjunto pela Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Sustentabilidade O selo internacional na LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), uma das principais certificações para construções sustentáveis, passa a exigir informações sobre a cadeia produtiva de toda a edificação, passando a ser necessária a realização de uma Declaração Ambiental dos Produtos (DAP) que integram a construção. A DAP possibilita uma análise e comparação entre produtos de funções similares, baseada em seu desempenho ambiental durante todo o ciclo de vida. Para obter uma DAP, os fornecedores da construção civil terão que desenvolver uma Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) de acordo com a regra de sua categoria. Google Após anos investindo em opções alternativas para abastecer energeticamente suas estruturas, o Google anunciou recentemente que rodará apenas a partir de fontes renováveis já em 2017. Para alcançar o objetivo, a empresa tem investido em produção própria, fornecedores de energia limpa e, principalmente, na eficiência energética em todas as suas áreas de atuação. A primeira vez que o Google mostrou interesse e compromisso com as renováveis foi em 2010, quando procurou pela energia eólica. Em 2014 a companhia já tinha 37%

de sua demanda proveniente de fontes limpas e o percentual subiu para 44% em 2015.

bidos pelos exportadores do setor recuaram 1,8% (IPE-Agro/Cepea).

Eólica A empresa francesa R&D New Wind desenvolveu uma turbina eólica ideal para ser usada em espaços urbanos e também rurais. Com o formato de uma árvore, no lugar das folhas tradicionais estão mini turbinas que se movimentam e geram energia a partir de uma quantidade muito pequena de vento. De acordo com a fabricante, a L’éolien 2.0 pode operar em qualquer tipo de vento, vindo de qualquer direção. Além disso, toda a tecnologia envolvida no sistema, como cabos e geradores, está dentro da estrutura, mantendo totalmente a beleza do design exterior. O sistema possui capacidade instalada de 3,1 quilowatts.

Horto Florestal A Estação Experimental de Piracicaba (SP), no interior paulista, conhecida como Horto Florestal de Tupi está à venda. Sem verba, o governo de São Paulo publicou chamada pública de concessão de uso ou aquisição de áreas no Diário Oficial do estado. Com a negociação das unidades, o governo tem como objetivo angariar recursos para enfrentar a crise financeira e fazer caixa. Pesquisadores e ativistas repudiam a medida. Junto a outras 33 áreas de florestas e de produção de madeira, o local deve ser comercializado ainda em 2017. Fundado em setembro de 1922, o Horto Florestal de Tupi tem 198 hectares de ar puro e muito verde, que cumpre importante função socioambiental e educacional na região.

Pragas Após 17 anos pesquisadores divulgam resultados dos estudos apresentando alternativas naturais aos defensivos agrícolas sintéticos, proporcionando benefícios ao meio ambiente e à sociedade. Segundo o coordenador do Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, Silvio Fávero, a praga impacta principalmente, a perda de peso, de valor comercial e a capacidade nutritiva do alimento “O Sitophilus zeamais está entre os insetos que causam grandes prejuízos para produções estocadas. Para controlar os insetos e proteger a produção, a alternativa dos agricultores é o uso de inseticidas sintéticos, o que, segundo o engenheiro agrônomo, provoca desequilíbrios ecológicos e prejudica o meio ambiente, bem como a saúde humana. Emprego Um investimento de R$ 7,7 bilhões feito pela indústria de celulose Fibria, para a implantação de uma nova linha de produção, ajudou a cidade de Três Lagoas (MS), a ser a capital nacional do emprego em 2016. Segundo dados Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a cidade sul-mato-grossense foi o município entre todos os 5.570 do país, que registou o maior saldo de empregos, com carteira assinada, no ano passado. Conforme o Caged, o saldo de Três Lagoas no acumulado dos 12 meses de 2016, foi 3.569 postos de trabalho. Desse total, 2.389 vagas foram da construção civil, alavancadas pela expansão da planta de produção de celulose. Exportações Depois de iniciar 2016 com exportações em volumes recordes, o agronegócio brasileiro encerrou o ano com redução nos embarques, em relação a 2015, refletindo a valorização do Real frente ao dólar e a queda na produção agrícola nacional, principalmente de grãos, decorrente do clima adverso. Cálculos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostram que, entre janeiro e dezembro de 2016, comparativamente ao mesmo período de 2015, o volume exportado pelo agronegócio brasileiro (IVE-Agro/ Cepea) caiu 2,6% e os preços em dólares rece-

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Pinus Um bloco de Pinus está exposto no campus da UFSC, na cidade de Curitibanos. O professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), doutor Mário Dobner Jr. teve uma ideia criativa para demonstrar o potencial florestal catarinense. Com o apoio da Florestal Gateados, ele fez um bloco de 1 metro cúbico (0,5m x 0,5m x 4,0m) com Pinus taeda. De acordo com o professor, este é o volume de Pinus que cresce a cada segundo nos plantios de Santa Catarina. “Construí este bloco, com a ajuda de alunos, para que as pessoas pudessem visualizar o que é um metro cúbico de madeira, e terem a percepção do enorme potencial produtivo dos povoamentos de Pinus de Santa Catarina”, explica ele. Expobiomasa Tecnologia procedente de 23 países engrossa o avanço de expositores da Expobiomasa 2017, que abrirá quatro dias pela primeira vez. O evento, que acontece em setembro, na Espanha, conta já com mais de 400 referências procedentes de 23 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Brasil, Canadá, Croácia, Dinamarca, Eslovénia, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Itália, Liechtenstein, Lituânia, Países Baixos, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça. SIF O Brasil conta com mais de sete milhões de hectares de florestas plantadas, principalmente de eucalipto e pinus, sendo a sexta maior área reflorestada do mundo. A indústria de celulose e papel consome 70% da produção de eucalipto e 76% da de pinus. A siderurgia consome 21% e 9% da madeira de eucalipto e pinus, respectivamente. A Sociedade de Investigações Florestais e o Departamento de Engenharia Florestal da UFV, promovem nos dias 21,22 e 23 de junho de 2017, em Viçosa –MG, a Semana de Atualização Florestal. O evento visa estimular o desenvolvimento e gestão da cadeia produtiva de florestas plantadas, incentivando a busca de novos conceitos e tecnologias. RM




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