ma renovável e abundante. Cabe agora a escolas e universidades gerar maior conteúdo sobre o uso da madeira e seus benefícios. Principalmente para os novos formadores de opinião que em seus projetos tem hoje grandes limitações em conhecimento para utilização da madeira na construção. In Brazil, the method of using wood in construction is underdeveloped. It is widely believed that forests must be preserved, not destroyed. The destruction of the Amazonia region is not caused by forestry, but mainly by livestock activity and agriculture.
Wood for use in construction starts new cycle The more wood we use in civil constructions, the more forests we will preserve, as long as we do it responsibly, using proper management techniques. In that connection, continued forests preservation plays a leading role because of profitability. Technologies are being applied to planted forests in order to manufacture new wood products: engineered wood. A new cycle has started including wood frame constructions and glulam structures. Sustainability, beauty and costs are among the wood characteristics required for this new construction trend to continue developing; in that regard, renewable and abundant raw material is key. Now it is the turn for schools and universities to educate on the use and benefits of wood. This information should be provided mainly to new opinion formers whose projects show their serious knowledge limitations of use of wood in construction.
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o Brasil o uso da madeira na construção civil ainda esta muito abaixo de seu potencial. Temos um conceito, que esta se espalhando, de que a floresta precisa ser preservada, intocável. A degradação da Amazônia não está vinculada à atividade florestal, está vinculada à pecuária e agricultura, principalmente. Quanto mais madeira se usar na construção civil mais floresta teremos. Claro que uso de forma responsável, através de técnicas de manejo. Isso porque a floresta traz retorno financeiro, e por consequência sua continuidade é importante. Já nas florestas plantadas a tecnologia está sendo agregada para introduzir novos produtos em madeira. E a madeira engenheirada. Um novo ciclo esta iniciando com construções em Wood frame e uso de estruturas em madeira laminada colada. Apelos de sustentabilidade, beleza e custo são alguns dos argumentos para que este novo modelo prospere. E isso favorecido por matéria pri-
Clóvis Rech Editor Responsável/ Editor in Chief
Sumário / Summary
Expediente
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Madeira na Construção / Wood in Construction Madeira Engenheirada / Engeneered Wood Madeira Sustentável / Wood-Sustainability Biomassa / Biomass Painel Laminado Colado / Glulan Structures
Preservantes / Preservatives Painel / Engennered Panel Caldeiras / Boilers Legislação / Legislation Sensoriamento Remoto / Remote Sensing
Secagem / Drying
EXPEDIENTE Editor: Clóvis Rech Foto capa: Maraí Senkevics Capa: Conceyção Rodriguez Edição de Arte e Produção www.crdesign.com.br crdesign@crdesign.com.br
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Edição 151
Editorial
Revista da Madeira
Revista da Madeira
A madeira é um material higroscópico, sendo que várias de suas propriedades são afetadas pelo teor de umidade presente. Sua natureza biológica submete-a aos diversos mecanismos de deterioração existentes na natureza. A essas características negativas acrescenta-se sua susceptibilidade ao fogo. Essas desvantagens da madeira podem ser eliminadas ou, ao menos, minimizadas, bastando para tal o emprego de tecnologias já disponíveis e de uso consagrado nos países desenvolvidos. No entanto, o desconhecimento das propriedades da madeira por muitos de seus usuários e a insistência em métodos de construção antiquados, são as maiores causas de desempenho insatisfatório da madeira frente a outros materiais. Essa situação, aliada à tradição herdada dos colonizadores espanhóis e portugueses geraram na América Latina, um preconceito generalizado em relação ao uso mais intensivo da madeira na construção civil de edificações. A madeira é empregada na construção civil, de forma temporária, na instalação do canteiro de obras, nos andaimes, nos escoramentos e nas fôrmas. De forma definitiva, é utilizada nas esquadrias, nas estruturas de cobertura, nos forros e nos pisos. No Brasil, a madeira serrada ainda é o principal dos produtos de madeira empregados na construção civil, enquanto que em países desenvolvidos os painéis têm participação mais significativa. Em pesquisas feitas junto a empresas da construção civil se constata que a qualidade das peças de madeira é um dos principais problemas enfrentados no suprimento de madeira serrada. Neste trabalho, são apresentadas algumas orientações para minimizar essa situação. Ao utilizar madeira o usuário deve especificar e verificar na inspeção de recebimento os seguintes itens que podem afetar o bom desempenho da madeira em um determinado uso: espécie de madeira, dimensões, teor de umidade e defeitos naturais e de processamento. • Espécie de madeira As propriedades básicas da madeira variam muito entre as espécies de madeira. Se tomarmos a densidade de massa aparente a 15% de teor de umidade, como um indicador dessas propriedades, temos a madeira de
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madeira possui diversas propriedades que a tornam muito atraente frente a outros materiais. Dentre essas, são comumente citados o baixo consumo de energia para seu processamento, a alta resistência específica, as boas características de isolamento térmico e elétrico, além de ser um material muito fácil de ser trabalhado manualmente ou por máquinas. O aspecto, no entanto, que distingue a madeira dos demais materiais é a possibilidade de produção sustentada nas florestas nativas e plantadas e nas modernas técnicas silviculturais empregadas nos reflorestamentos, que permitem alterar a qualidade da matéria-prima de acordo com o uso final desejado. O fato de a madeira ser o resultado do crescimento de um ser vivo, implica em variações das suas características em função do meio ambiente em que a árvore se desenvolve. A esta variabilidade acrescenta-se que a madeira é produzida por diferentes espécies de árvores, cada qual com características anatômicas, físicas e mecânicas próprias.
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Revista da Madeira balsa com 200 kg/m³ e a de aroeira com 1100 kg/m³, ou seja, materiais com propriedades físicas e mecânicas totalmente distintas. Portanto, na escolha da madeira correta para um determinado uso, devem-se considerar quais são as propriedades e os respectivos níveis requeridos para que a madeira possa ter um desempenho satisfatório. Esse procedimento é primordial principalmente em países tropicais onde a exuberância do número de espécies de madeiras existentes na floresta é uma das expressões da sua biodiversidade. Soma-se a essa questão, a mudança das fontes de suprimento dos principais centros demandantes de madeira serrada, localizados nas Regiões Sul e Sudeste. Com a exaustão das florestas nativas dessas regiões, o suprimento de ma-
deiras nativas passou a ser realizado, em parte, a partir de países limítrofes como o Paraguai, porém, de forma mais significa-
implantados nas Regiões Sul e Sudeste, com pinus e eucalipto já começaram também a suprir a construção civil. Essas mudanças têm provocado a substituição do pinho-do-paraná e da peroba-rosa, espécies tradicionalmente utilizadas pelo setor, por outras madeiras desconhecidas dos usuários e, às vezes, inadequadas ao uso pretendido. A variedade de espécies de madeira - e a amplitude de suas propriedades existente na floresta amazônica dificulta as atividades de exploração florestal sustentada e mesmo uma comercialização mais intensa de todo potencial madeireiro da floresta.
tiva a partir da região amazônica. As madeiras disponíveis nos reflorestamentos
• Identificação de madeiras A identificação de madeiras por práti-
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tante ferramenta nas inspeções de recebimento. Já na identificação microscópica são observadas as características dos tecidos e das células constituintes do lenho, que não são distintas sem o uso de microscópio, tais como: tipos de pontoações, ornamentações da parede celular, composição celular dos raios, dimensões celulares, presença de cristais etc. Este método requer uma maior especialização e é praticado em laboratórios especializados.
cas populares é realizada levando em conta somente as características sensoriais. Por serem variáveis e também devido às semelhanças das mesmas em diferentes madeiras, essas características, em muitos casos, não levam à identificação correta da madeira. O nome popular das madeiras é reconhecidamente um dos itens importantes na sua comercialização. A utilização de vários nomes para uma dada madeira, como a existência de várias madeiras sendo comercializadas sob um mesmo nome, tem contribuído, ao lado de outros fatores, de forma negativa para uma utilização mais intensa das madeiras amazônicas. • Identificação botânica A identificação científica de uma árvore é realizada considerando principalmente os seus órgãos reprodutores (flores e frutos), como também outras características morfológicas da árvore (casca, folhas etc.). A identificação de uma árvore depende, portanto, da disponibilidade dessas características morfológicas. Ocorre que a presença dos órgãos reprodutores da árvore é efêmera, o que dificulta, por exemplo, a sua identificação nos trabalhos de inventário florestal. No processo de extração e de transformação da árvore em madeira serrada, obviamente, as características morfológicas do vegetal, necessárias para a identificação, são eliminadas. No início do século XX botânicos verificaram que o arranjo das diferentes células que formam a madeira guarda uma estreita relação com a espécie vegetal.
Nascia, assim, um método alternativo à identificação pelas flores, e que muito contribuiu para a tecnologia de madeiras e o comércio em geral. Nos estudos anatômicos de identificação de madeiras são utilizadas duas abordagens distintas, a macroscópica e a microscópica. Na identificação macroscópica são observadas características que requerem pouco ou nenhum aumento. Tais características são reunidas em dois grupos: as sensoriais e as anatômicas. As características sensoriais englobam: cor, brilho, odor, gosto, grã, textura, densidade, dureza e desenhos. As características anatômicas, como camadas de crescimento, tipos de parênquima, poros (vasos) e raios; são observadas à vista desarmada ou com auxílio de uma lupa de 10 vezes de aumento. Em conjunto, as observações dessas características permitem identificar muitas das espécies comercializadas no País e podem s e r u m a impor-
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• Grupamento de espécie A existência da variabilidade de madeiras descrita acima torna impraticável a promoção e a comercialização abrangente de todas essas espécies, sobretudo naqueles mercados abastecidos tradicionalmente por poucas espécies de madeira. Tais circunstâncias sugerem uma abordagem para redução da heterogeneidade das madeiras, através do grupamento ou reunião das mesmas em categorias de propriedades comuns. Grupamentos ou classificação das madeiras através de suas propriedades, tais como: densidade de massa, estabilidade dimensional, resistência mecânica, durabilidade natural, cor, comportamento no tratamento preservativo, no processamento mecânico e na secagem; ou ainda, através de características, como: uso final, graus de comercialização etc. No mercado brasileiro o grupamento já é praticado, porém de forma não técnica e com desconhecimento por parte do usuário final. Este autor ao analisar as madeiras e m pre-
Revista da Madeira
gadas na construção civil na cidade de São Paulo, constatou que sob o nome de cedrinho estão sendo comercializadas 15 diferentes espécies de madeira (amazônicas e de reflorestamento), que em comum tinham, além desse nome, o fim a que eram destinadas: uso temporário nas obras. O lado positivo dessa verificação é a constatação da aplicação prática do conceito de grupamento de espécies por uso final e a aceitação, portanto, de outras espécies de madeira não tradicionais. Porém, a forma como este processo está se desenvolvendo, baseado na escolha das espécies pela tentativa-e-erro e sem, pelo menos aparentemente, o conhecimento do consumidor é inapropriada e poderá aumentar o preconceito em relação a madeira como material de construção. A utilização de classes de resistência elimina a necessidade da identificação botânica da madeira, pois num projeto estrutural desenvolvido de acordo com essa norma bastará a verificação da alocação das propriedades de resistência de um lote de peças de madeira à classe de resistência especificada no projeto. • Dimensões Em pesquisa realizada na cidade de São Paulo, o autor verificou que a maior parte dos distribuidores de madeira e construtoras afirma que trabalha com medidas padronizadas. No entanto, nenhum entrevistado citou a utilização de uma norma ou especificação de entidades de classe e de instituições normatizadoras. Também foi verificado que existe uma grande quantidade de dimensões disponíveis, uma confusão com relação aos nomes das peças (caibros com pontaletes, tábuas estreitas e sarrafos etc.), o uso do sistema imperial de medidas (polegada), princi-
palmente nas espessuras das peças e que há dimensões inadequadas das peças, que acabam provocando desperdícios. É interessante constar que embora existam textos da ABNT especificando dimensões e nomes das peças, esses são ignorados pelo setores de produção e comércio de madeira serrada beneficiada. As normas disponíveis são: NBR 7203 Madeira serrada e beneficiada; NBR 9480 - Classificação de madeira serrada de folhosas; e NBR 12498 - Madeira serrada de coníferas provenientes de reflorestamento, para uso geral: dimensões e lotes. Considerando as nor-
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mas disponíveis e para evitar conflitos na inspeção de recebimento, recomenda-se especificar em projetos/pedidos de compra o seguinte: • nome da peça (viga, caibro, ripa etc.) e respectiva bitola (em mm). Ao especificar dimensões para peças aparelhadas, o usuário deve considerar que a prática comercial é a de se referir aos valores nominais da madeira serrada em bruto; • mencionar as tolerâncias positivas e negativas admitidas (variável em função do grau de processamento das peças); e • citar o teor de umidade de referência. Várias propriedades da madeira são afetadas pelo teor de umidade presente nas peças. As propriedades mecânicas são superiores e a movimentação dimensional é menor em madeiras secas, quando comparada com a madeira verde (teor de umidade acima do ponto de saturação das fibras, ao redor de 30%). A despeito disso, o comércio de madeira serrada para fins estruturais não leva em consideração essa característica e a as peças de madeira acabam secando no depósito do comprador ou, o que é mais frequente, em uso. Tal prática, pode resultar em empenamentos e rachamentos das peças após a realização da inspeção de recebimento. Devido aos custos envolvidos na secagem de peças de madeira de bitolas avantajadas (vigas e pranchas) e a prática comercial arraigada, preve-se que no médio prazo esse tipo de material não estará
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disponível no mercado. Já o mesmo não acontece com a madeira destinada aos usos em que a estabilidade dimensional é um requisito muito importante. Já não é difícil adquirir madeira para pisos, esquadrias e revestimentos, com teor de umidade adequado. No comércio, esse material é referido como madeira seca em estufa ou “madeira estufada”. A despeito disso, não é prática comum se especificar o teor de umidade médio e os respectivos valores máximo e mínimo recomendados para o local de aplicação das peças o que pode resultar em mau desempenho das mesmas. No tocante ao teor de umidade, recomenda-se: • especificar o teor de umidade médio e os valores mínimo e máximo, considerando o local de uso da madeira; • verificar o teor de umidade das peças do lote, por amostragem, empregando medidores
• Defeitos naturais A presença de defeitos naturais (nós e bolsas de resina, p. ex.) ou de processamento (empenamentos e rachas de secagem, p. ex.) afeta a qualidade e desempenho das peças de madeira serrada. Para adequar a qualidade das peças às necessidades dos consumidores, existem normas de classificação que distribuem as peças produzidas em classes de qualidade. Essa distribuição pode ser realizada de acordo com três sistemas básicos de classificação, conforme segue: • Classificação por defeitos Este sistema, que também é conhecido como classificação por aparência, é empregado largamente em madeiras de coníferas e em madeiras de folhosas classificadas para mercados especiais. A classificação por defeitos pressupõe que a peça de madeira será utilizada nas dimensões originais, portanto não sujeita a ser recortada em outras dimensões correspondentes àquelas requeridas pelo uso final. Nesse sistema é considerado o número, a importância e a distribuição dos defeitos que apareçam em uma ou
ambas as faces da peça serrada. • Classificação por rendimentos O sistema de rendimento de cortes limpos é empregado largamente nas principais regras de classificação de madeira serrada de folhosas, como por exemplo, na Regra de Medição e Classificação de Madeira Serrada de Folhosas da National Hardwood Lumber Association - NHLA, que é originária dos EUA e é utilizada por diversos países importadores e exportadores de madeira de folhosas tropicais. No Brasil, embora esteja disponível a NBR 9487 “Classificação de madeira serrada de folhosas”, a regra da NHLA ainda é empregada para classificar a madeira destinada a exportação. O uso desse sistema para classificar tábuas e pranchas, pressupõe que as mesmas serão recortadas em peças menores. Basicamente consiste em obter porções retangulares livres de defeitos em uma face da peça e relacionar a área total
baseia-se na estreita correlação entre o módulo de ruptura na flexão e o módulo de elasticidade.
dessas porções limpas com a área total da peça, obtendo, dessa forma, o rendimento. As classes são estabelecidas de acordo com: dimensões da peça; dimensões dos cortes; número de cortes; e rendimento de cortes limpos.
de defeitos. Neste caso, pedaços significativos de madeira são desprezados na serraria constituindo um sério problema de descarte e um evidente desperdício do recurso florestal. Por outro lado, o consumidor fica desprotegido pois não há uma definição do que seja madeira de primeira o que gera dúvidas no momento da inspeção de recebimento. O que se observa é que as normas disponíveis para classificação são empregadas quase que exclusivamente para o material que se destina à exportação. Para mudar isso podemos implementar algumas ações: • envolver os produtores, comerciantes e consumidores finais, com apoio de instituições tecnológicas, na elaboração e revisão periódica de textos normativos; • divulgar intensamente as normas de classificação, as características da madeira e os cuidados técnicos necessários para sua boa utilização; e • criar cursos de inspetores de recebimento de madeira. RM
• Classificação por uso final Este sistema engloba dois sub-grupos de classificação de acordo com o uso final da madeira: Classificação para uso em estruturas, onde as propriedades mecânicas são decisivas e Classificações específicas, onde as peças são fornecidas em dimensões exatas para usos bem definidos. A classificação para uso em estrutura pode ser feita pelo método visual ou pelo método mecânico. No primeiro caso, a classificação está baseada no fato que os defeitos afetam a resistência e a rigidez das peças de madeira. As regras de classificação especificam tolerâncias para os tipos de defeitos, seu tamanho, quantidade e posição, que devem ser comparados visualmente pelo classificador, peça por peça. Já na classificação mecânica, realizada automaticamente em máquinas informatizadas, o princípio de classificação
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• Situação no Brasil Apesar da série de vantagens de caráter industrial e comercial da padronização de medidas e de qualidade da madeira serrada, que beneficiam tanto os produtores quanto os consumidores, no Brasil as peças de madeira empregadas na construção civil são especificadas/comercializadas em dois extremos: • madeira não selecionada (bica corrida) que compreende todo o produto da tora exceto as peças inaproveitáveis. Esse sistema prejudica o produtor, pois peças sem defeito e que as vezes são utilizadas num uso que poderia aceitar alguns defeitos, são comercializadas sob um mesmo preço de uma peça com defeitos; • madeira de primeira qualidade em que as peças praticamente são isentas
Geraldo José Zenid,
pesquisador do IPT-USP. Divulgação Celso-Foelkel
Revista da Madeira
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Wood in civil construction
ood has many properties that have turned it into a very attractive material as compared to others. Such properties commonly include low energy consumption during processing, high specific resistance, good thermal and electric insulation, and workability, manual or by machine. However, the characteristic that distinguishes wood from other materials is sustained production in native and planted forests, applying modern forestry techniques used in afforestation. These techniques allow us to alter the raw material quality according to the desired end use. Wood results from the growth of a living being, so its characteristics vary depending on the environment where the tree grows. Add to this the fact that wood comes from different tree species, each with own anatomical, physical and mechanical characteristics. Because wood is a hygroscopic material, many of its properties are adversely affected by moisture content. Its biological nature subjects it to several natural deterioration mechanisms. Among those negative characteristics is its fire proneness. These disadvantages may be removed or, at least, reduced through technologies widely used in developed countries. However, ignoring wood properties and insisting on old construction methods are the major cause of unsatisfactory wood output compares to other materials. This situation, coupled with the tradition inherited from Spanish and Portuguese colonizers, stirred up a generalized prejudice regarding a more intensive use of wood in the civil construction of buildings. Wood is temporarily used in civil construction, including installation of building sites, scaffolding, falsework and formwork. Wood continues to be used in frames, covering structures, coatings
and floors. In Brazil, sawn wood remains the primary wood product used in civil construction, while panels play a leading role in developed countries. Research conducted along with civil construction companies showed that the quality of wooden pieces is one of the major issues relating sawn wood supply. In that connection, some guidance is provided for improvement. When using wood, the user must specify and verify, in the receiving inspection, the following items that might affect good performance of
wood for a specific use: wood species, dimensions, moisture content, and natural and processin-related defects. Wood basic properties vary among wood species. Considering apparent mass density with 15% of moisture content as an indicator of those properties, we have balsa and aroeira woods weighing 200 kg/m³ and 1100 kg/m³ respectively, that is, materials with completely different physical and mechanical properties. Therefore, when it comes to choosing the right wood for a specific purpose, consider properties and respective levels required for satisfactory performance of wood. This step is prime mainly in tropical countries where the exuberant number of wood species in forests is one of the expressions of biodiversity.
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Add to this, the change of supply sources of the main consuming centers of sawn wood in the South and Southeast regions of Brazil. With the depletion of native forests of these regions, native wood supply is now partially provided by neighboring countries like Paragua, yet more significantly by the Amazon region. Pine and eucalyptus woods afforested in these two regions are now supplying civil construction. In spite of the series of industrial and commercial advantages to standardize measures and quality of sawn wood, which favor producers and consumers, in Brazil wood pieces used in civil construction are specified/commercialized in two ways: • unsorted wood (crusher run): any product resulted from logs, except for useless pieces. This system harms producers because flawless pieces, which are sometimes used for purposes that may admit some defects, are sold at the same price as a flawed piece; • first-class wood: pieces are virtually flawless. In this case, considerable wood pieces are discarded in sawmills, which is a serious issue and clear waste of forest resources. Moreover, consumers go unprotected because there is no definition about first-class wood, which raises doubt at the time of reviewing the receiving inspection. Available classification rules are implemented almost exclusively for materials that will be exported. To change this, we can do the following: • include producers, storekeepers and end consumers, with the help of technological institutions to periodically review regulations; • spread widely the classification rules, wood characteristics and necessary technical care for good utilization; • create training courses for wood inspectors. RM
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por exemplo, de uma classificação, podemos trabalhar com seções menores e com mais segurança. Os produtos de estruturas de madeira mais fabricados no mundo hoje são: treliças industrializadas com ligações com chapas com dentes estampados, vigas I sendo a mesa formada por madeira sólida ou LVL e a alma com chapas de compensado ou OSB o CLT (Cross Laminated Timber) sendo madeiras coladas transversalmente de modo a se fabricar um painel e as vigas de Madeira Laminada Colada (MLC). Todos estes produtos são fabricados na indústria com controle de qualidade e transportados para o local de sua instalação. Estes processos já são bastante utilizados na Europa, Estados Unidos e Austrália. As treliças industrializadas são versáteis, práticas, econômi-
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resistência da madeira, baixo peso e baixo consumo energético são propriedades essenciais. Ela é capaz de suportar sobrecargas de curta duração sem efeitos deletérios. Contrário à crença popular, grandes peças de madeira têm boa resistência ao fogo e melhor que outros materiais em condições severas de exposição ao fogo. Do ponto de vista econômico, a madeira é competitiva com outros materiais com base em custos iniciais e apresenta vantagens quando comparada ao custo a longo prazo. A ideia equivocada de que a madeira possui uma pequena vida útil tem negligenciado o uso como material de construção. Embora a madeira seja susceptível ao apodrecimento e ataque de insetos sob algumas condições, é um material muito durável quando utilizado com tecnologia e tratamento químico, pois pode ser efetivamente protegido contra deterioração por período de 50 anos ou mais. Além disso, a madeira tratada com preservativos requer pouca manutenção e pintura. A utilização tecnológica da madeira só pode ser realizada com a industrialização das estruturas de madeira que no Brasil já começa a crescer com o investimento das indústrias ligadas ao setor madeireiro da construção civil. Isto porque, a madeira é um material que apresenta naturalmente uma grande variabilidade em suas propriedades de resistência e elasticidade e para a otimização na utilização deste material precisamos classificar a madeira em grupos de mesmos intervalos de propriedades. Os processos de classificação podem ser visuais e mecânicos e sua realização é muito importante para melhorar a segurança, a qualidade e a durabilidade da madeira. Desta maneira se usamos um material fornecido pela natureza temos que aceitar esta variabilidade e com isto projetar as estruturas com coeficientes de segurança que levem em consideração esta grande variabilidade. Por outro lado, se fizermos um controle de qualidade através,
cas, construídas com controle de qualidade e redundantes em seu sistema construtivo propiciando estruturas mais seguras. As vigas I estão sendo utilizadas em pisos e em forros de casas (I joist) e como vigas se suporte para formas de estruturas de concreto (H20). Os painéis de CLT são produzidos de várias camadas de madeira maciça sobrepostas entre si e coladas alternadamente o que garante um material com alta solidez e estabilidade dimensional, sendo utilizadas para paredes de casas de madeira. As vigas de MLC são fabricadas pela combinação de tábuas coladas longitudinalmente com suas fibras paralelas ao eixo da peça estrutural, até se atingir o comprimento requerido para a composição da peça final, sendo que, as lâminas são justapostas para formar a seção transversal requerida no dimensionamento da peça estrutural. As peças compostas sob a técnica da MLC podem ser retas ou curvas. Atualmente nos Estados Unidos e Europa se constroem vigas de até 40 metros de comprimento por 2 metros de altura. No Brasil esta técnica ainda está em desenvolvimento, ainda com um custo um pouco elevado devido aos poucos fabricantes no mercado, mas espera-se em um futuro próximo, uma com-
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Revista da Madeira petitividade com melhoria na qualidade, baixo custo e produtividade competitiva com a madeira sólida. A nova norma brasileira NBR 7190/2012 já contempla recomendações para processo de fabricação e de cálculo de elementos estruturais em MLC - entende-se por Madeira Laminada Colada (MLC) para fins estruturais, peças de madeira, reconstituída em processo industrializado de fabricação, composta de tábuas de dimensões relativamente reduzidas se comparadas às dimensões da peça final, coladas umas às outras e dispostas com as fibras paralelas ao eixo longitudinal da peça final. Na produção das lâminas, as tábuas são unidas longitudinalmente por ligação de extremidade com extremidade, até se atingir o comprimento necessário para a composição da peça final. Na produção das peças, as lâminas são sobrepostas até atingir a seção transversal determinada no dimensionamento da peça estrutural. As peças compostas sob a técnica da MLC podem ter formato reto ou curvo. A qualidade do produto final depende de várias etapas do processo de fabricação, devendo as características de resis-
tência e rigidez dos elementos de MLC ser garantidas pelos fabricantes através do controle de qualidade de cada componente do processo.
Deve ser evitada a composição com espécies diferentes, ou que apresentem
diferentes coeficientes de retração. Caso isto ocorra, devem ser comprovados a eficiência do comportamento mecânico e a não ocorrência de delaminação, ao longo do tempo. Preferencialmente, devem ser empregadas peças com densidade aparente (para um teor de umidade de 12 %) entre 0,40 g/cm³ e 0,75 g/cm3. No caso de peças com densidade superior a 0,75 g/cm3, deve ser feita uma avaliação criteriosa do comportamento das juntas coladas. As tábuas empregadas no processo de fabricação de peças de MLC devem ser tratadas com produtos que garantam durabilidade e proteção biológica, sem prejuízo à aderência da cola. O tratamento preservativo também pode ser realizado após a fabricação das peças de MLC, desde que não provoque alterações nas juntas coladas. No processo de secagem, deve-se procurar a homogeneização do teor de umidade do lote de tábuas. Visando evitar a ocorrência de defeitos prejudiciais à colagem, devido a alterações no teor de umidade das tábuas, o processo de composição das peças deve iniciar no menor tempo possível, após a secagem e estabilização do teor de umidade do lote a ser
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utilizado. No momento da colagem, as tábuas empregadas no processo de fabricação da MLC deverão estar secas e com no máximo 18 % de teor de umidade, não sendo permitida variação superior a 5 % entre lâminas adjacentes. Na composição longitudinal das lâminas, cada tábua deverá ter comprimento superior a 100 cm e espessura que permita uma dimensão máxima de 5 cm quando do acabamento final da lâmina. Deve-se observar ainda que a área da seção transversal de cada lâmina não exceda 60 cm2 para madeira de densidade igual ou inferior a 0,50 g/cm3 ou 40 cm2 para madeira de densidade superior a 0,50 g/cm3, evitando-se nos dois casos, largura final superior a 20 cm. As tábuas que comporão as lâminas deverão passar por uma classificação mecânica prévia, não destrutiva, para a determinação do módulo de elasticidade na flexão (EM) que deverá ser considerado como de referência para o processo de composição das peças. Essa classificação permitirá agrupar um sub-lote superior com tábuas de EM acima da média representativa das tábuas da espécie empregada e um sub-lote inferior com tábuas de EM abaixo dessa média. Esse módulo de elasticidade médio na flexão, a ser considerado como representativo do lote de tábuas da espécie a ser utilizada, deverá ser obtido do ensaio preliminar de 12 tábuas escolhidas ao acaso. A cada mudança da procedência da madeira fornecida, esse teste deverá ser repetido e sempre que houver diferença maior que 10 %, com relação ao valor médio que vinha sendo considerado para a madeira da mesma espécie, o mesmo deverá ser substituído por esse novo valor que passará a ser o módulo de elasticidade médio representativo do lote. As tábuas do sub-lote de EM superior deverão ser destinadas a compor as lâminas que farão parte das quartas partes mais afastadas da linha neutra da peça de MLC e as de EM inferior deverão ser utilizadas na composição da metade central da seção transversal dessa
peça. Para as espécies de crescimento rápido, deverá ser observado ainda que, no caso do sub-lote de EM superior, as tábu-
as com maior número de anéis de crescimento em 2,5 cm, deverão ser utilizadas
na composição das lâminas que ficarão mais afastadas da linha neutra. A continuidade de cada lâmina deverá
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ser assegurada pela união longitudinal entre as tábuas que as compõem. Essa união deverá ser realizada por colagem de entalhes múltiplos usinados nas extremidades de tábuas consecutivas. As emendas dentadas poderão ser usinadas verticalmente ou horizontalmente. No caso dessa união ser realizada por emendas biseladas ou similar, a sua eficiência deverá ser atestada por ensaio mecânico em laboratório idôneo. As emendas de topo não deverão ser empregadas no processo de fabricação de peças estruturais de MLC. A geometria dos entalhes múltiplos deverá ser compatível com esforços solicitantes estruturais e o passo do dente definido em função do seu comprimento, inclinação de seus flancos e espessura de sua extremidade. As distâncias mínimas recomendadas são válidas para o caso das faces maiores da seção transversal das lâminas estarem posicionadas paralelas ao plano da linha neutra. No caso das faces maiores da seção transversal das lâminas estarem ortogonais ao plano da linha neutra, ou a combinação das duas disposições, a eficiência deverá ser atestada por laboratório idôneo. Na confecção de uma lâmina que irá compor as quartas partes mais afastadas do eixo baricêntrico horizontal (x), a distância mínima entre as emendas é 80 cm. Para uma lâmina que irá compor a metade central da seção transversal, a distância mínima entre emendas é 50 cm. Na composição final da peça de MLC, na região das quartas partes mais afastadas do eixo baricêntrico horizontal (x), a distância mínima entre lâminas adjacentes é de 20 cm. Em nenhuma hipótese, a espessura final de cada lâmina deverá exceder 5 cm. No caso de peças curvas, a espessura final de cada lâmina deverá atender também ao limite máximo de (1/150) do raio de curvatura da face interna da lâmina para o caso de madeiras com densidade aparente até 0,50 g/cm3 e (1/200) para o caso de madeiras com densidade aparente superior a 0,50 g/cm3. Os adesivos empregados nas emen-
F.V. de Araujo is in the timber business for over 100 years, leading in reforestation and industrial wood products. We are able to supply customer requirements in timber or panel products in various different qualities, sizes and specifications, adopting ecological and sustainable practices.
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das de continuidade e na fabricação das peças estruturais de MLC deverão ser estruturais e apresentar propriedades compatíveis às condições ambientais a que os elementos estruturais estarão submetidos durante toda a sua vida útil. A quantidade de adesivo e os demais parâmetros de colagem deverão seguir as recomendações dos fabricantes do adesivo, recomendando-se a comprovação experimental tanto para as emendas dentadas como para os elementos estruturais fabricados. Na ausência de recomendação do fabricante da cola, deve-se observar que na colagem das peças de MLC a junta de cola entre lâminas deverá receber uma pressão mínima de 0,7 MPa para madeiras de densidade inferior ou igual a 0,5 g/cm3 e de 1,2 MPa para madeiras de densidade superior a 0,5 g/cm3 O sistema de controle de qualidade da madeira e de produtos engenheirados de madeira precisa ser imediatamente implementado para o sucesso da utilização do material. Considerando a experiência no uso das normas internacionais no assunto e a globalização, as normas brasileiras devem ser baseadas nas normas internacionais e adaptadas para as condições e materiais nacionais. No Brasil, o único programa de qualidade da madeira realizado até o momento foi o PNQM (Programa Nacional de Qualidade da Madeira) realizado pela ABIMCI (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente). Este programa teve como alvo principal o controle de qualidade na produção e certificação de compensados de madeira tropical e combinados de madeira tropical e pinus. Este programa teve início em fevereiro de 2002 e, contou com a participação de vários produtores localizados nos estados de Maranhão, Para, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Santa Catarina. Espera-se que com a industrialização
das estruturas de madeira no país, outros programas de controle de qualidade como os para treliças industrializadas e MLC sejam elaborados MLC NO BRASIL Pelo que se tem conhecimento a fabricação da Madeira Laminada Colada
teve início no século XIX. O exemplo mais marcante que pode ser citado é o de arcos compostos por lâminas (tábuas) encurvadas e sobrepostas, mantidas unidas
por ligações mecânicas. Essa técnica foi introduzida pelo coronel Emy no final do século passado. No entanto, a junção das duas técnicas, para dar origem à Madeira LaminadaColada (MLC) empregada na fabricação de elementos estruturais a serem utiliza-
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dos na construção civil, só foi possível, com o surgimento de colas de alta resistência. Foi, portanto, em 1906, com o aparecimento da cola de caseína (derivada do leite) que o mestre carpinteiro suíço Otto Hetzer teve a idéia de substituir pela cola, as ligações metálicas de braçadeiras e parafusos, utilizadas pelo coronel Emy. Com isso, obteve-se uma seção mais homogênea e sem a ocorrência de deslizamentos entre as lâminas. Daí para frente, a MLC evoluiu em paralelo com o progresso ocorrido com os adesivos, que foram se tornando cada vez mais eficientes. Essa técnica, que de alguma maneira surgiu também da necessidade de utilização da madeira de reflorestamento, basicamente formada por Pinus encontrado em abundância em países do hemisfério norte, teve nessa madeira de fácil trabalhabilidade, a sua grande aliada. O emprego da madeira sob a técnica do laminado-colado ainda é muito pouco utilizado no Brazil, porem tem crescido muito ao longo dos anos. Em 2009 o Brazil possuía apenas uma indústria de Glulam com a produção de 240 metros cúbicos por ano; hoje o Brazil possui seis industrias de Glulam, Enquanto na Áustria com apenas uma indústria é produzido 170.000 metros cubico de madeira laminada colada ao ano, o Brasil juntando todas as fabricas noa produzimos 10 mil metros cúbicos ano. Dentre as espécies utilizadas no Brasil para a fabricação de Madeira Laminada Colada são mais utilizadas as espécies de Eucalipto e Pinus Tratado com CCA ou CCB, o seu maior uso está sendo em casas residências de alto padrão e locais públicos. A foto abaixo demostra claramente o uso em casas residenciais de alto padrão com a utilização da MLC de Eucalipto. Em 2014 a praça de alimentação do
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shopping Iguatemi Fortaleza, projetada pelo escritório La Guarda Low Architects e realizada pelos grupos Carpinteria Estruturas de Madeira e Moretti Interholz, foi uma das maiores obras em Madeira Laminada Colada no Brasil, com uma cobertura de 4.500 m² e 1.200 m³; mostrando assim o seu grande potencial pela primeira vez. Um projeto piloto é a Catuçaba Ecovila, localizada próxima de São Luiz do Paraitinga - SP. O terreno, que abriga uma antiga fazenda colonial de café onde atualmente funciona um hotel. A casa possui 250m² de área total e diversas outras estratégias desta residência tiveram que ser radicalmente pensadas e desenvolvidas para proteger a sensível ambiente em que se localiza e não interferir de forma irreversível no local. Toda a casa é feita com estrutura de madeira laminada colada de Angelim 100% cer-
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tificada e pré-fabricada, promovendo a extração de madeira legal e um canteiro de obra mais limpo e mais eficiente. O projeto foi desenvolvido pelo Studio MK27, com assinatura do arquiteto Marcio Kogan e coautoria do arquiteto Lair Reis. Outro projeto recém entregue pela Rewood foi o Portal do Ingá em Maringá – Paraná, desenhada pelos arquitetos Amanda Cibinelo, Esdras Miranda e Rodrigo Pupim da prefeitura de Maringá e projetado pelo escritório Tecnomadeiras de São Carlos. Neste portal foi utilizado a espécie de Pinus Autoclavado com CCA e acabamento stain , possui 12 metros de vao livre e 6 metros de altura. Foram utilizadas vigas curvas e também vigas torneadas de MLC. Nosso maior desafio agora é aumentar a produção e difundir o uso de madeira, que ainda é muito pequena no Brasil.
A madeira será o símbolo da modernidade e o futuro está no caminho dos materiais renováveis, que não exigem energia artificial para sua produção: o sol faz todo o trabalho. Competem aos arquitetos, engenheiros, madeireiros e outros que trabalham com a madeira estabelecer o elo que falta entre as tecnologias avançadas no campo da construção e as madeiras cultivadas no Brasil. Essa corrente é que vai determinar realmente a tecnologia e o uso da madeira em todo seu potencial. RM
Carlito Calil Neto
(calil@brarewood.com.br),
Rogerio Fujii
(rogerio@brarewood.com.br),
Alexander Takata
(alex@brarewood.com.br)
Rewood Soluções Estruturais em Madeira
Glulam in Brazil: Current situation and perspectives
ood resistance, low weight and low energy consumption are essential properties. Wood withstands overloads for a short period with no damages. Large wood pieces are highly fire-resistant and are better than any other material exposed to fire. In economic terms, wood competes with other materials at initial costs and is advantageous when compared to long-term cost. The use of technology to make wood products is possible only through industrialized wood structures, an activity that has grown in Brazil thanks to investment from industries linked to wood sector of civil construction. This is because wood resistance and elasticity are naturally variable properties. And to optimize use, we need to divide woods into groups with same property ranges. Classification, visual or mechanical, is important to improve wood safety, quality and durability. If we use a natural material, we have to accept its variability and design structures as based on safety coefficients that include this variability. If we perform quality control using, for example, a classification, we can work with smaller sections and more security. Nowadays, the world’s most manufactured wood products are: industrialized gang-nail trusses, I-shaped joists of solid wood or LVL boards, and web plates made of plywood, OSB or CLT (Cross Laminated Timber) sheets. These woods are transversely glued in order to manufacture a panel
and glued laminated timber (glulam) joists. All these products are industrially made using quality control and taken to an installation site. These processes are widely used in Europe, United States and Australia. The industrialized trusses are versatile, practical, cheap, made under quality control, and are redundant in their construction system , thus delivering safer structures. I-shaped joists are being used in floors and house coatings, and as support joists for concrete structures (H20). CLT panels are produced from several overlapping hardwood layers which are alternately glued. This ensures a very hard material with dimensional stability, which is used for walls of wooden houses. Glulam joists are made of boards glued longitudinally with fibers arranged parallel to the axis of the structural piece, until it reaches the length required for the final piece. In that connection, plates are overlapped to form the transversal section required for designing the structural piece. Glulam pieces can be straight or curved. Today in the United States and Europe, joists of up to 40 meters long by 2 meters high are built. In Brazil, the glulam technique is still under development, and at high costs because of the small number of manufacturers in the market. But competitiveness is expected to emerge in the near future including improved quality, low costs and competitive productivity from solid wood. It is well known that glulam dates back to the 19th century. The most remarkable
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example is that of arches made of curved or overlapping plates (boards), mechanically connected. This technique was introduced by colonel Emy late in the past century. The combination of two techniques to produce glulam for making structural elements for use in civil construction was only possible when highly resistant glues appeared. So in 1906, with the arrival of casein glue (derived from milk), Swiss master carpenter Otto Hetzer came up with the idea of replacing with glue the metallic connections with clamps and screws as used by colonel Emy. Hetzer would later observe a more homogeneous section without slipping layers. From then on, glulam evolved parallel to the progress made with adhesives, which became more and more efficient. This technique, which somehow responds to the need for use of reforested wood (basically Pinus from northern countries), found its greatest partner in that workable wood. While in Austria a single industry produces 170,000 cubic meters of glulam per year, factories in Brazil do not even produce together 10,000 cubic meters per year. Eucalyptus and Pinus treated with CCA or CCB are among the most used wood species in Brazil to make glulam. They are widely used to build high-quality dwellings and public venues. Our biggest challenge is to promote the use of wood and increase wood production, which remains very low in Brazil.
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didas e várias delas superam as 5.000 unidades por ano. A tendência de comercialização que oscilou para o canal “grandes armazéns de bricolage” continua aumentando com equipamentos cada vez de menor potência mas mais tecnificados: a potência média das lareiras comercializadas em 2016 foi de 11,3kW de potência. A instalação de caldeiras de menos de 50kW diminuiu 16% em relação aos dados de 2015. Conforme os dados recopilados, as vendas de topo de gama e de importação foram menores e a potência média instalada foi de 34,4kW. Em relação à instalação de caldeiras de biomassa de 50 kW ou mais, ou seja as instalações industriais e coletivas, a mesma diminui 15% em número e é o grupo de instalações de biomassa que mais reduziu a potência instalada. As principais causas desta redução foram devidas a uma consecução de acontecimentos que não favoreceram a mudança de caldeiras eficientes: meses de instabilidade política, baixos preços do combustível de aquecimento no princípio do ano e um inverno relativamente ameno, com menos necessidades térmicas. Neste momento, com a metade do ano 2017 avançado, se observa que esta tendência está mudando, sobretudo devido ao preço do combustível de aquecimento no inverno passado chegou a aumentar mais de 50% em relação ao ano anterior. Para reforçar esta tendência de mercado acontece neste ano a EXPOBIOMASA 2017, a feira do setor mais importante no Sul da Europa. Acontece na cidade de Valladolid de 26 a 29 de setembro, e vai voltar a ser o reflexo da situação do setor da biomassa. Mais de 600 expositores, procedentes de 30 países, vão apresentar últimas tecnologias, design, performances, etc., a 18.000 profissionais, ávidos em ver e adquirir equipamentos que oferecem soluções a um consumidor cada vez mais exigente e melhor informado.
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nquanto no Brasil o uso de equipamentos para aquecimento com o uso da biomassa sofre restrições por parte do mercado, na Europa o seu uso para utilização térmica, lareiras e caldeiras de biomassa tem batido recordes. Somente na Espanha cresceu acima de 1.000MW, no último ano. Em termos gerais, segundo o Observatório da Biomassa, a potência anual instalada com equipamentos tecnificados de biomassa vem aumentando, sendo instalados em 2016, na Espanha, um total de 38.851, 18% mais dos instalados em 2015. São dados que mostram que a sociedade espanhola ainda precisa de muito mais informação. O setor da biomassa está pouco-a -pouco a ampliando seu uso no setor do aquecimento na Espanha, mas a um ritmo menor do previsto há uns anos No total, o Observatório da Biomassa indica que, na Espanha, no princípio deste ano haviam 198.887 equipamentos de biomassa de alto rendimento funcionando que somam 8.297,6Mw térmicos de potência instalada. Esta tendência crescente não só se impoê na Espanha mas em toda a Europa, em que 16% do aquecimento já utiliza biomassa. Trata-se de um fato demonstrado: a utilização energética de biomassa impulsiona a economia interna e local, revitaliza as zonas rurais e permite uma melhor gestão das florestas, além de criar emprego estável e local nas próprias regiões. Consegue-se ainda reduzir a dependência dos combustíveis fósseis importados, proporciona liderança tecnológica, reduz-se o custo para os consumidores finais e oferece uma alternativa eficiente e mais econômica que qualquer outro combustível. Sem ir mais longe, é importante se conscientizar da importância que tem ultimamente a utilização da biomassa, pois já pressupõe 0,34% do PIB de Espanha, o que corresponde a 3.700 milhões de euros. A energia produzida por biomassa na Espanha permite evitar importações com o equivalente a mais de 10 milhões de barris de petróleo, e reduzir portanto as emissões de Gases de Efeito Estufa provocadas pelo utilização de combustíveis fósseis como a gasolina ou o gás natural.
• Pellets no Japão O governador do Japão, Masao Uchibori, inaugurou a primeira usina E3 de energia limpa no país. Instalada em um pequeno resort de saúde em Nishigo, o novo empreendimento utiliza a biomassa como matéria-prima primária, incluindo os pellets de derivados de resíduos de madeira e serradura, amplamente disponíveis na região. Fabricada pela empresa japonesa ENTRADE, a nova usina será usada para abastecer um hotel e também um resort de spa com eletricidade e calor da região, segundo Mitsuo Fujita, diretor da empresa de construção Fujita Construction e operador do hotel e spa resort Abukuma , ressalta que o uso da biomassa para gerar eletricidade tem como objetivo proteger o meio ambiente e gerar mais empregos.“No futuro planejamos derivar um terço da energia que é necessária aqui em torno do relógio de E3 usinas de energia (25 elétrica, 55 kW térmica)” explicou ele Fujita. RM
• Lareiras de pellets O expressivo volume de 35.851 lareiras de pellets instaladas em toda a Espanha, no último ano, impulsiona toda uma indústria ligada ao setor. São muitas as marcas que superam as 1.000 unidades ven-
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Temos um conceito que a floresta é intocável, mas ela não é. A degradação da Amazônia não está vinculada à atividade florestal, está vinculada à pecuária e agricultura, principalmente. Ou seja, quanto mais madeira a gente usar na construção civil mais a gente vai ter floresta”, disse o arquiteto Roberto Lecomte, parceiro da organização ambientalista WWF-Brasil. Ele explicou que, para os madeireiros responsáveis conseguirem desenvolver uma atividade econômica rentável, eles precisam ter mercado. “A gente acha que usar madeira acaba com a floresta e, na verdade, usar a madeira preserva floresta, porque ele [madeireiro] sabe que a madeira traz um retorno financeiro”, disse, observando que a Finlândia, por exemplo, possui 8% do mercado mundial de madeira e tem 80% de florestas originais. A WWF-Brasil inaugurou recentemente um espaço no shopping CasaPark, em Brasília, para promover o uso sustentável e responsável da madeira na construção civil. A meta é recolocar a madeira no mercado, mostrando que existem tecnologias e soluções estéticas que permitem o uso desse material. O especialista de conservação do WWF -Brasil, Ricardo Russo, explicou que a Amazô-
nia tem um potencial muito grande de produção de madeira e que há técnicas de manejo da floresta sem danos permanentes. Ele ressalta, entretanto, que é preciso estar atento à origem da madeira, que deve ser rastreada ou certificada. “Tiramos do nosso discurso o termo madeira legal, porque uma madeira que vem de um desmatamento autorizado é legal, mas não é sustentável”, disse. “Queremos também tirar da cabeça das pessoas duas imagens: da casa de madeira de tábua e mata-junta e da casa préfabricada que empena e entorta”, afirmou, contando que hoje existem tecnologias específicas para madeira, como a madeira laminada colada e o wood frame (painéis de madeira). Segundo Russo, é errado pensar que substituir madeira por alumínio, por exemplo, é mais sustentável. Ele explica que os processos construtivos tradicionais são responsáveis por 47% das emissões de carbono e 60% dos resíduos sólidos das cidades. A energia incorporada para produzir em madeira também é muito mais baixa, segundo o especialista, de 1.750 quilowatts/hora por metro cúbico de cimento para 350 quilowatts/hora por metro cúbico de madeira serrada e laminada. Ele conta que uma empresa paranaense já está trabalhando em conjuntos habitacionais em wood frame. “Eles já fizeram um prédio de quatro andares em 180 horas, inteiramente de madeira e que aceita outros revestimentos. Então, se a pessoa não gosta da aparência da casa de madeira, ela pode ter uma que não parece madeira”, disse, ressaltando a resistência, segurança e durabilidade da madeira, que ainda é mais leve e de fácil manuseio. Diferente do que muitos pensam, construir em madeira não é mais caro que em alvenaria, segundo Russo, já que o tempo
Revista da Madeira de construção e a geração de resíduos são menores, o que falta é conhecimento. Ele conta que a perda de material em um prédio de alvenaria é estimada em 30% e o tempo é 40% maior que de uma casa de wood frame. “Além da conta da sustentabilidade”, ressaltou. O Espaço WWF tem 20 metros quadrados, mas possui um teto que avança sobre as áreas comuns do shopping e soma uma área total de 115 metros quadrados. A intervenção no telhado do centro de compras tem a primeira viga estrutural em madeira com dupla curvatura do Brasil. Para montar o estande, foram usados 10 metros cúbicos de madeira, divididos em mais de 500 peças, tanto estruturais quanto decorativas. Aproximadamente 6 toneladas de carbono estão estocadas no estande. O uso
da madeira na construção também é uma ferramenta no combate aos prejuízos causados pelas mudanças climáticas, já que a madeira estoca carbono que seria lançado
na atmosfera e agravaria os problemas climáticos existentes hoje. Em sua montagem, o estande junta duas tecnologias: a madeira laminada colada, que permite desenhos em curvas nas peças de madeira e foi usada no teto; e o
aproveitamento de madeira tropical, que constitui o piso e os elementos decorativos. A madeira laminada colada é de eucalipto e a madeira tropical é o cambará, também conhecido como mandioqueira. O arquiteto Roberto Lecomte é um dos responsáveis pela obra. A WWF-Brasil coordena o programa Madeira é Legal, um protocolo de intenções – assinado por 26 instituições – que busca incentivar o uso da madeira certificada na construção civil brasileira. É possível saber mais sobre o projeto e as vantagens de se construir com madeira na página www.wwf.org.br/ madeiraelegal. RM
Wood for use in civil construction helps preserve forests
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e believe that forests are invulnerable, which is false. The destruction of the Amazonia is not caused by forestry, but mainly by livestock activity and agriculture. In other words, the more wood we use in civil constructions, the more forests we will preserve. Lumberjacks need a market to successfully develop a profitable business. “We think that the use of wood kills forests. In reality, the use of wood helps preserve forests because he [lumberjack] knows wood yields profits,” said architect Roberto Lecomte, adding that Finland, for instance, has 8% of the world’s wood market and 80% of original forests. WWF-Brazil conservation expert Ricardo Russo stressed that the Amazonia has a large potential for wood production and that there are
forestry management techniques that do not cause damages permanently. He deemed it necessary to take into account the source of wood, which must be tracked or certified. “We also
want people to blot out two images: houses built with wooden planks and construction joints, and warped and twisted pre-fabricated houses. Today, there are specific technologies used in woodworking, including glued
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laminated timber (glulam) and wood frame. It is wrong to think that replacing wood with aluminum, for example, is more sustainable. Traditional construction processes produce 47% of carbon emissions and 60% of solid waste of cities. According to the expert, the energy to produce wood is also much lower: from 1,750 kw/hour per cubic meter of cement to 350 kw/ hour per cubic meter of sawn and laminated wood. Unlike what many believe, constructing wooden buildings is cheaper than constructing brick buildings because the construction period and waste generation are reduced; know-how is what is needed. Material loss in a brick building is estimated at 30%, and the construction period is 40% longer than in wood frame houses. RM
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não da natureza, mas de nós mesmos.” Estima-se que mais de 50% dos resíduos sólidos gerados pelo ser humano e suas atividades, sejam provenientes da construção civil, segundo o Ministério do Meio Ambiente. Número este que pode modificar a forma de pensar de muitas empresas do ramo madeireiro. A unidade industrial da Ekomposit do Brasil, inaugurada em 2016, na cidade de Lages (SC), traz a oportunidade de acesso a materiais avançados de alta resistência, duráveis, porém bem mais leves do que alguns concorrentes já consagrados – como aço e concreto. Ao dar a espécie de madeira pinus (Pinus elliottii ou Pinus taeda) todas essas características pedidas, além de manter preços muito competitivos, a Ekomposit entrou com o que há de melhor para quem procura usufruir da construção sustentável. A sustentabilidade está em pauta. Ao usar somente espécies oriundas de reflorestamento, a Ekomposit dá mais força à cadeia dos produtores. Hoje este segmento está mais focado na celulose e no dito “madeirame”. Madeiras para uso simples e não atrelado à construção como uso estutural, ou mesmo uso e descarte. Essa força à cadeia
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odemos definir construção sustentável como aquela que se preocupa em reduzir ao máximo os impactos à natureza, seja reduzindo os detritos/resíduos em obra, ou usando com eficiência e sem desperdício os materiais e bens naturais. As madeiras de reflorestamento, já amplamente utilizadas em muitos segmentos, foram introduzida no mercado já com esse pensamento, anos atrás. Um dos primeiros registros da preocupação com a problemática ambiental surgiu na década de 60, quando a escritora, cientista e ecologista norte-americana, Rachel Louise Carson, alertou sobre os efeitos nocivos de inúmeras ações humanas sobre o ambiente em seu livro Primavera Silenciosa*. “O homem é parte da natureza e sua guerra contra a natureza é inevitável uma guerra contra si mesmo... Temos pela frente um desafio como nunca a humanidade teve, de provar nossa maturidade e nosso domínio,
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Revista da Madeira de produção reflete em mais investimentos dos produtores, buscando aprimorar suas técnicas de manejo, melhorando seu produto final, e se tornando um produto desejável, e uma excelente alternativa à madeira tropical. Por tabela, acaba-se influindo na redução do uso de madeiras tropicais, legais e ilegais. As espécies de reflorestamento são normalmente madeiras menos densas, ou seja, mais leves. Isso se replica as estruturas, os quais terão menor peso, reduzindo os custos nas obras. O que deve-se atentar é que as resistências destes produtos devem ser aumentadas para atender as necessidades de seu uso em obra. Isso que a Ekomposit fez: usou a leveza e maleabilidade do Pinus, e a “engenheirou” a ponto de ser tão resistente como outras espécies tropicais, ou mesmo outros materiais como concreto, aço, etc. Ao se “engenheirar” as madeiras oriundas de reflorestamento, dando à elas tanta resistência quanto uma
madeira tropical, você mostra ao mercado que a extração – legal e ilegal – destas, pode ser reduzido. Você mostra que estas espécies são sim uma alternativa viável. Você tem tanta resistência quanto é necessário, “monta” comprimentos e bitolas conforme a necessidade, o que normalmente é difícil encontrar nas espécies tropicais, e consegue ainda aliar beleza dando acabamento com pinturas nas diversas tonalidades existentes. Por que dar continuidade à essa cadeia de extração e uso de madeiras tropicais, muitas vezes de forma ilegal e predatória, quando as alternativas já estão no mercado, prontas para uso? Esse é o papel da Ekomposit. RM
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sequentemente, os custos envolvidos nesse processo, colapso, fendas superficiais, alta contração, alto gradiente de umidade e tensões de secagem. A secagem da madeira de eucalipto em estufa convencional é o método de secagem em estufa mais utilizado no mundo inteiro, porém, como a madeira é de difícil secagem e predisposta a defeitos, a secagem desta em condições suaves, é alcançada principalmente em estufas de desumidificação, pode ser uma alternativa adequada. Os secadores a baixas temperaturas, desumidificadores ou secadores de condensação, são similares aos secadores convencionais, porém o seu principio básico está na redução da quantidade de vapor d’água do ar, forçando-o a passar por um desumidificador, aparelho usado para remover calor de um ambiente com temperaturas mais baixas para um ambiente de temperaturas mais altas, com realização de trabalho mecânico. É basicamente composto por um evaporador, um condensador, um compressor e uma válvula de controle. O evaporador e o condensador são trocadores de calor que utilizam um fluido circulante para a refrigeração, movimentado pelo compressor. A válvula de termo-expansão regula a pressão e o fluxo do fluido. As vantagens dos desumidificadores em relação aos secadores convencionais são: operam sem a necessi-
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necessidade de secagem da madeira em tábuas ou em toras, antes que essa possa ser transformada em produtos úteis, se deve a existência de água contida na mesma, que se não retirada da madeira de forma adequada, poderá ocasionar uma série de problemas ao produto final. As vantagens concernidas a pratica de secagem da madeira são, principalmente, a redução da massa e consequentemente a redução do custo de transporte, o aumento da resistência da madeira à biodeterioração, a promoção da estabilidade dimensional, a melhoria das propriedades mecânicas (resistência à compressão e flexão, dureza etc.) e físicas (aumento do isolamento térmico, elétrico e acústico). A madeira pode ser seca de forma natural ou artificial. O método de secagem artificial vem sendo bastante utilizado, por diminuir o tempo de secagem da madeira e podendo controlar variáveis como temperatura, umidade relativa e velocidade do ar, operando com temperaturas de 40 ºC a 90 ºC, com circulação forçada de ar e sistema de troca de ar saturado. Também existem métodos de secagem artificial, que utilizam baixas temperaturas como a secagem por desumidificação que surgiu na década de 1960, operando com temperaturas abaixo de 50 ºC, porem ainda pouco utilizada no Brasil. Dentre as espécies utilizadas para fins moveleiros e de construção civil, a madeira de eucalipto figura como uma das madeiras mais propensas ao aparecimento de defeitos durante a secagem. Deste modo, a secagem da madeira de eucalipto em estufa se torna um procedimento vantajoso frente à secagem da madeira ao ar livre, pois a primeira permite o controle dos parâmetros de secagem. Devido às tensões desenvolvidas nas árvores de eucalipto, por seu rápido crescimento e sua retratibilidade, principalmente nos estágios iniciais, recomendasse a utilização de programas de baixas temperaturas, principalmente quando está acima do ponto de saturação das fibras (PSF), onde está sujeita a colapso e rachaduras. As pesquisas feitas sobre secagem de eucaliptos tem o objetivo de reduzir os longos tempos de secagem e, con-
dade de uma caldeira ou fornalha para aquecer o fluido térmico; são mais eficientes do ponto de vista energético; oferecem boas condições de controle do processo para as madeiras consideradas de difícil secagem (como é o caso da madeira de diferentes espécies de Eucalipto), principalmente as que requerem baixas temperaturas e altas umidades relativas; na maioria das aplicações a câmara de secagem pode ser de simples construção e, consequentemente, requerem menor investimento. Por outro lado, apresentam como desvantagens, pois operam exclusivamente com energia elétrica, o que pode implicar em elevados custos de secagem; a temperatura máxima do processo está limitada a, no máximo, 80°C, sendo que para muitos equipamentos o limite é de 50°C; em alguns casos podem ocorrer problemas com a presença de substâncias químicas no condensador. Diante disso, avaliou-se os defeitos da madeira de eucalipto decorrentes do processo de secagem em estufa de desumidificação visando analisar a sua viabilidade técnica. Para a realização deste trabalho foram utilizadas tábuas de dez espécies de eucalipto.
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Revista da Madeira Método de desdobro tangencial de cortes sucessivos. A partir das tábuas produzidas, com exceção do pranchão central, foram retiradas as costaneiras em serra do tipo circular. Ao final, a espessura e o comprimento nominal das peças apresentavam 30 mm e 1,5 m, respectivamente. As tábuas foram, posteriormente, empilhadas e entabicadas em estufa de desumidificação com capacidade de 2 m³ de madeira para a secagem das mesmas. A pilha de secagem ficou disposta no sentido transversal ao fluxo de ar O monitoramento da umidade das peças de madeira durante a secagem em estufa foi realizado por dois métodos: a partir de amostras controladoras de umidade e por meio de sensores de umidade. Para a avaliação dos defeitos de secagem das tábuas foram analisados quatro tipos de defeitos: encurvamento, arqueamento, encanoamento e rachaduras, baseados na Norma NBR 14806
O tempo de secagem para madeira de Eucalyptus e Corymbia na estufa de desumidificação, a partir de uma umidade inicial de 30% até 15% foi de 50 dias, o que correspondeu a uma taxa de seca-
gem de 0,3%/dia, a curva foi ajustada por uma equação linear com coeficiente de determinação de 0,98, devido ao menor gradiente de umidade. A velocidade de secagem, portanto,
foi menor que a utilizada na estufa convencional. Curva de secagem da madeira serrada de várias espécies de Eucalyptus e Corymbia, aos 37 anos de idade, em estufa de desumidificação. Defeitos de secagem De maneira geral a madeira de Eucalyptus considera-se de difícil secagem, assim o nível de aparecimento de defeitos depende do método e programa de secagem. Na secagem em estufa por desumidificação foram avaliados os defeitos de empenamentos (encurvamento, arqueamento e encanoamento) e rachaduras. A intensidade do encurvamento para as espécies analisadas foi baixa, variando de 0,18% para Eucalyptus deglupta a 0,35% para E. dunnii . A variação do encurvamento entre tábuas de uma mesma espécie foi alta, como demonstram os coeficientes de variação e dispersão dos dados observados. Empenamentos são comuns devido às diferenças de contração da madeira
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ao secar, tanto por anisotropia como por gradientes de umidade, causando significativas perdas de madeira, no caso do
encurvamento ele pode ser contornado, diminuindo a espessura nominal da peça por meio de aplainamento, porém afeta
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consideravelmente o rendimento. O defeito de arqueamento variou de 0,13% em Eucalyptus cloeziana para 0,33% em Eucalyptus grandis, de maneira geral foi acentuado em quase todas as tábuas avaliadas. Uma causa pode ser atribuída à localização dos ventiladores dentro da estufa cujo movimento de ar no sentido transversal à pilha de madeira pode favorecer que a madeira da parte mais central da tora se contraia mais, longitudinalmente, que a da parte externa. Pode se atribuir o maior valor de arqueamento da espécie Eucalyptus grandis ao efeito das tensões de crescimento, que de acordo com vários estudos afetam consideravelmente esta espécie devido principalmente à liberação de esforços de compressão na região central da tora e rompimento consequentemente por tração nas fibras mais externas. A magnitude do encanoamento na secagem por desumidificação variou de 1,12% em Eucalyptus pilularis até 2,33% para Eucalyptus dunnii. O encanoamento pode ser atribuído a diferentes intensidades de contração no sentido tangencial e radial da madeira (anisotropia), também observado em tábuas obtidas de desdobro pelo método seções tangenciais sucessivas, no qual foi este caso. Ainda que os valores observados foram baixos com relação à largura da peça, esse defeito pode ocasionar um menor rendimento na usinagem já que essa peça deve ser reduzida com aplainamento para obter uma superfície mais uniforme e plana. Para os defeitos de rachadura houve uma variação média de 12,67 em Eucalyptus deglupta para 51,43 cm em Eucalyptus pilularis, considerando o comprimento médio das tábuas de 1,33 m. O defeito foi apresentado em 65% das tábuas avaliadas. Em algumas tábuas as rachaduras corresponderam até 100% do comprimento total da peça e na maioria das tábuas foi caracterizada como rachaduras de topo. A rachadura foi uns dos defeitos avaliados para E. dunnii, encontrando até 58% de perdas em um total de 50 tábuas, devido a rachaduras fortes (>10% comprimento da peça). As rachaduras ocorrem no eucalipto devido à retração diferenciada entre a superfície mais seca e a parte central da madeira ainda saturada. A secagem por desumidificação constitui-se em um método mais adequado para diminuir defeitos que podem incidir diretamente na utilização comercial da madeira serrada de Eucalyptus.
Revista da Madeira Com relação ao programa de secagem, o ideal para uma secagem adequada da madeira seria a utilização de um programa específico para cada espécie ou grupo de espécies com características e comportamento similares, já que neste caso foi utilizado um programa de secagem padrão para ambos os métodos. Em Eucalyptus grandis se registrou maior magnitude de arqueamento, uma causa pode ser atribuída à localização dos ventiladores dentro da estufa cujo movimento de ar no sentido transversal à pilha de madeira pôde favorecer que a madeira da parte mais central da tora se contraia mais longitudinalmente, que a da parte externa. Pode ser observado que na secagem por desumidificação aconteceu uma taxa de secagem mais constante o que refletiu em uma mínima variação das condições dentro da estufa. É de se esperar que o aparecimento de defeitos em madeira de Eucalyptus possa ser reduzido por meio de desdobro adequado, empilhamento, colocação de pesos, e procedimentos de
secagem que visem controlar de maneira adequada as variáveis do processo. As espécies C. maculata e E. deglupta apresentaram-se como as espécies que com menor incidência de defeitos, sendo potenciais para o aprimoramento de pro-
gramas de secagem específicos para diminuir ainda mais o aparecimento de defeitos decorrentes de secagem. As espécies Eucalyptus dunnii e E. pilularis apresentaram maior incidência de defeitos nos dois métodos de secagem constituindo-se em espécies problemáticas e facilmente suscetíveis a desenvolver defeitos. Como conclusão observa-se que o método de secagem por desumidificação constitui-se em um método mais adequado para diminuir defeitos decorrentes de secagem na madeira de Eucalyptus. Na secagem por desumidificação as rachaduras se apresentaram em 65% das peças.
De maneira geral foi observado que o método de desdobro em cortes tangenciais sucessivos não é o mais recomendado quando se deseja restringir a intensidade de defeitos causados pela liberação de tensões de crescimento residuais. É necessário considerar a realização de tratamentos de pré-secagem com o intuito de diminuir o gradiente de umidade, aumentar a permeabilidade e desta forma diminuir o aparecimento de defeitos na madeira de Eucalyptus e Corymbia. RM
Jeimy Blanco Flórez (jeicoblanco@hotmail.com),
Selma Lopes Goulart
(lopesgoulart@yahoo.com.br ),
Ana Elisa Rodarte Baliza
(anaelisard71@yahoo.com.br),
Francisco Altobelly Viana da Silva (altobellyviana@hotmail.com)
Ney Robson Taironi do Prado José Tarcisio Lima (jtlima@dcf.ufla.br)
Dehumidification drying-related defects in Eucalyptus wood The necessity of drying wood boards or logs before they are processed into usable products is due to water content. If water is not properly removed, the finished product might be adversely affected. Wood drying advantages primarily include reduced mass and, therefore, reduced transport costs; increased resistance to biodeterioration, dimensional stability, improved mechanical properties (compression and flexural strength, hardness, etc.) and physical properties (increased thermal, electric and acoustic insulation). Wood can be dried naturally or artificially. Artificial drying is widely used because it reduces wood drying time thus controlling variables like temperature, relative moisture and airflow speed. It operates at temperatures ranging from 40°C (104ºF) to 90°C (194ºF), with forced airflow and saturated air exchange system. There are also other artificial drying methods that operate at low temperatures like dehumidification drying (-50°C), adopted in the 1960s. This method is hardly used in Brazil.
Among the wood species used in furniture industry and civil construction, eucalyptus wood is very likely to have defects during the drying process. Eucalyptus wood dried in kilns means an advantageous process compared with open-air drying because the former helps control drying parameters. Due to tensions in eucalyptus trees, a process related to their rapid growth and retractability mainly during initial stages, low-temperature drying methods are recommended, especially when above fiber saturation point, which is when wood might collapse or crack. Research into eucalypt wood drying aims to reduce long drying times and, consequently, related costs, collapse, surface cracking, high shrinkage, high moisture gradient, and drying tensions. Eucalyptus wood drying in conventional kilns is the most used method of this kind in the world. However, because this wood is defect-prone and not drying-friendly, the drying process under mild conditions is possible mainly in dehumidifier kilns. It may be an adequate alternative.
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Low-temperature dryers, dehumidifiers or condensing dryers are similar to conventional dryers. However, their basic principle is to reduce air steam, forcing it into a dehumidifier, a machine for mechanically removing heat from a cold environment to a warmer environment. Dehumidifiers are basically composed of evaporator, condenser, compressor, and control valve. In light of this, defects in eucalyptus wood were assessed after being dried in dehumidifier kilns in order to analyze technical viability. In summary, the dehumidification drying method is the most adequate to reduce dryingrelated defects in Eucalyptus wood. In dehumidification drying, cracks appear in 65% of pieces. It was observed that tangential sawing is highly recommended to curb the severity of defects caused by residual growth tensions. It is necessary to consider pre-drying treatments to reduce moisture gradient, increase permeability and thus reduce defects in Eucalyptus and Corymbia woods.
Revista da Madeira
mantê-la na madeira em um nível abaixo do ponto de saturação das fibras, evitando que a peça fique úmida por um longo período de tempo, o que facilitaria ataque de xilófagos. O desempenho de vários produtos de proteção superficial é avaliado por estudos realizados por pesquisadores, em diferentes espécies de madeira. Dentre os produtos de revestimentos mais comumente utilizados na madeira, encontram-se as tintas, os vernizes e os stains. Outros produtos que também cumprem tal função são o óleo de peroba, produto químico feito com base em extratos vegetais, e o selador, produto químico sintético. A ação conjunta e combinada de fatores encontrados na natureza, como umidade, insolação, aeração, amplitude térmica, abrasão e características biológicas, especialmente a exposição à radiação ultravioleta (UV), são considerados agentes deterioradores da madeira, ocasionando mudanças estéticas, físicas e mecânicas. Os agentes atmosféricos provocam alterações de cor e textura na superfície da madeira. Nas fases iniciais do processo de exposição às intempéries, as madeiras escuras têm uma tendência a se tornarem mais claras, e as madeiras claras a ficarem mais escuras, sendo que, no final, todas tendem a tornarem-se acinzentadas. Além disso, a superfície torna-se áspera em função da erosão causada pela água da chuva, que remove os polímeros decompostos e deteriora a microestrutura do material. Tabuado de madeira exposto aos agentes atmosféricos. O efeito do intemperismo é considerado um problema quando da utilização externa da madeira, pois além das modificações estéticas, como textura, cor e brilho, afeta também o desempenho dos produtos protetivos aplicados sobre ela. Inicialmente, observam-se danos a partir da variação da cor natural, podendo chegar a comprometer as propriedades químicas, físicas e mecânicas. O comportamento de uma mesma espécie de madeira pode ser diferente quando usada em ambientes distintos, visto que cada qual apresentará condições climáticas diferentes, como insolação, aeração, temperatura, umidade, presença de organismos xilófagos etc.
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ntre os agentes que conduzem à deterioração superficial da madeira ou de materiais a base florestal quando expostos a intempéries, a radiação ultravioleta (UV) presente na luz solar é o mais prejudicial, visto que se iniciam modificações químicas nos polímeros que constituem a madeira. Os agentes atmosféricos, sobretudo a combinação entre chuva e luz solar, provocam alterações de cor e textura, além de tornar a superfície da madeira áspera, visto que remove os polímeros decompostos e deteriora a microestrutura. Em ambientes externos, a madeira fica suscetível a uma série de condições que possibilitam a sua deterioração natural, fazendo com que a cor se altere e as fibras se soltem, resultando em distorções que podem empenar a madeira, reduzir a qualidade da peça e torná-la mais suscetível ao ataque de microrganismos. A Ação do intemperismo é considerada um problema para a utilização externa da madeira, pois, além das modificações estéticas, afeta também o desempenho dos produtos protetivos aplicados sobre ela. O termo intemperismo refere-se à exposição do material aos agentes atmosféricos, degradando-se ao longo do tempo. É considerado como sendo uma ação completa e combinada do sol, da chuva ou umidade e dos ventos, tendo como principal agente deteriorador a radiação ultravioleta (UV), proveniente da luz solar, ocasionando mudanças estéticas e das características físicas e mecânicas do material. O uso final da madeira deve ser considerado um fator relevante na escolha do produto preservativo. Além de proteger da absorção de UV, outra função importante do revestimento da superfície é limitar a penetração da umidade e
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Revista da Madeira Radiação ultravioleta Quando relacionada à mudança de cor da madeira esta propriedade sofre com a ação do intemperismo pela lixiviação ocasionada pela chuva e pela incidência da luz. A cor da madeira deriva da composição química das substancias presentes no xilema, tais como taninos, fenóis, flavonoides, estilbenos e quinonas. Estas substâncias conferem cores diferenciadas ao lenho, sendo consideradas instáveis, uma vez que tendem a alterar-se com o passar do tempo, escurecendo devido à oxidação causada principalmente pela luz, que reage com os componentes químicos. O processo de deterioração da madeira, devido à radiação ultravioleta presente na luz solar, é o mais prejudicial, visto que com ele se iniciam as modificações químicas dos polímeros que constituem a madeira. De acordo com a formação natural, a madeira é um material de constituição não
fixa e definida. De uma forma geral, é composta por 30% de lignina, 45% de celulose, 15% de hemicelulose, 5% de produtos solúveis e 5% de minerais. A ação da água causa a lixiviação tanto de extrativos quanto dos produtos fotodeteriorados, expondo uma nova superfície à ação do tempo.
A radiação ultravioleta consegue penetrar até uma profundidade de 0,75 mm e a visível cerca de 2,0 mm, dependendo da cor original da madeira. Apesar de a radiação visível penetrar mais profundamente, sua energia é insuficiente para romper as ligações químicas dos constituintes da madeira. Com o objetivo de avaliar o comportamento em relação ao intempe-
rismo e comparar a durabilidade de variadas espécies de madeira, desenvolveram testes laboratoriais para avaliar o efeito do intemperismo nas propriedades colorimétricas de Angelim pedra (Hymenolobium petraeum) sem o uso de produtos de acabamento. Para isso, utilizaram trinta amostras do material seco em estufa, com umidade de 12%, testados em uma câmara climática. O estudo concluiu que houve uma alteração significativa em relação à cor original da madeira de Angelim pedra. Notou-se que as primeiras 24 horas de exposição foram as que mais ocasionaram mudança de cor, ocorrendo o escurecimento da madeira, e que com a passagem do tempo houve uma diminuição na velocidade de alteração colorimétrica. Isso pode ser devido à lixiviação a partir da camada superficial da peça, renovando parcialmente o perfil colorimétrico. Embora a ação do intemperismo seja limitada à superfície, esta afeta
Revista da Madeira
principalmente a ação dos produtos aplicados sobre ela. Por exemplo, as resinas que contém compostos absorventes de UV possuem tempo de vida limitado, exigindo manutenção frequente. Além disso, os produtos semitransparentes permitem que a radiação atinja a superfície da madeira, deteriorando e reduzindo o grau de adesão entre o produto e o substrato. Complementar ao efeito da radiação solar, outros agentes de alteração na cor natural da madeira podem ser pelo contato com metais ou pela ação de microrganismos, como fungos e bactérias. O processo de secagem em estufa também é um indicador de alteração de cor das peças. A secagem pode mudar a cor original, seja pela temperatura dentro da estufa, ou pela impregnação de compostos químicos. PRODUTOS PRESERVANTES O uso final da madeira, ou o produto oriundo de madeira tratada, deve ser considerado um fator relevante na escolha do produto preservativo. Dentre as características principais destes produtos, quando utilizado em peças expostas às intempéries, é que devem ser resistentes à exaustão da madeira por lixiviação, evaporação, volatilização e microrganismos. Com relação aos diferentes métodos protetivos em forma de pintura, inicialmente usados para fins estéticos, atualmente ajudam a prevenir o desgaste dos materiais. As peças pintadas costumam possuir um aspecto de maior conservação e higienização. Um dos motivos para isso ocorrer é que a pintura confere a propriedade de a lavabilidade ao material pintado.
Dentre as características dos preservantes, destacam-se: o desempenho do preservativo com base em dados obtidos com madeira em serviço; o produto deve possuir propriedades físicas e químicas satisfatórias, tendo
sua permanência assegurada sob as condições para as quais ele é recomendado; ainda, deve ser livre de qualidades indesejáveis, como a toxidade, em seu uso e manuseio; deve passar por controle em laboratório e estar em uso comercial atual. A maior parte dos produtos existentes no mercado possui sua formulação alterada em um breve espaço de tempo, em decorrência da grande con-
corrência entre as empresas que os manipulam. Muitas vezes, estas alterações são feitas apenas no sentido de reduzir os custos de manipulação, buscando manter a mesma eficácia do produto. A preparação de uma superfície
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para receber o produto de acabamento compreende um conjunto de operações que tem por finalidade obter uma superfície de rugosidade homogênea e apta a receber o produto de acabamento. A superfície deve encontrar-se limpa, seca, isenta de poeira, gordura ou outro contaminante. No caso das superfícies de madeira, certas características do material devem ser levadas em consideração, como o teor de umidade. A madeira não deve estar verde e sim estar com a umidade em equilíbrio com o ambiente, evitando eventuais contrações que podem originar a abertura de fendas no material após a aplicação do produto preservante. Quando se tratar de madeiras com baixa durabilidade natural ao ataque de agentes biológicos, como fungos e insetos, deve-se utilizar um produto com proteção adicional. Em superfícies de madeira que apresentam um número considerável de nós, de pequenas dimensões e não rachados, podem ser isolados com um isolador de nós antes da aplicação da pintura. O isolador de nós é um produto que isola a resina natural da madeira, melhorando o rendimento e a uniformidade do acabamento final. Porém, na presença de nós soltos de grandes dimensões, estes devem ser removidos e substituídos por porções de madeira sã, evitando a exudação da resina presente nos nós,
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danificando a superfície da peça tratada. Caso aconteça a exudação de resina, a superfície deve ser raspada, lixada ou lavada com aguarrás. A madeira, quando exposta ao ambiente externo, necessita de proteção contra os efeitos de deterioração pelo intemperismo e pelos agentes biológicos. Uma função importante do revestimento da superfície é limitar a penetração da umidade e auxiliar que se mantenha em um nível abaixo do ponto de saturação das fibras. A água, uma vez absorvida pela madeira, demora a evaporar, deixando assim a peça úmida por um longo período de tempo, facilitando o ataque de xilófagos. Dentre os produtos de revestimentos mais comumente utilizados na madeira, encontram-se as tintas, os vernizes e os stains. Outros produtos que também cumprem tal função são o óleo de peroba, produto químico feito com base em extratos vegetais, e o selador, produto químico sintético. As tintas abrangem uma variada gama de produtos utilizados para os mais diversos fins, abrangendo a decoração e proteção das superfícies. As tintas são misturas constituídas essencialmente por pigmentos, cargas e aditivos que, ao serem aplicados sob a forma de uma fina camada, formam películas sólidas quando secas. A proporção dos constituintes dependem principalmente da natureza da tinta, da qualidade pretendida pela película, decorativa ou protetiva, e da finalidade a qual se destina, como isolante e antiderrapante, por exemplo. Com relação às tintas, quando comparadas aos vernizes e stains, fornecem a melhor proteção à superfície de madeira contra o intemperismo e molhamento pela água. As tintas caracterizam-se por esconderem defeitos nas peças e darem cor. Os pigmentos aumentam a opacidade das tintas, eliminando a deterioração da superfície da madeira pelos raios UV e também são responsáveis, com menor importância, por propriedades anticorrosivas, brilho, resistência à luz, resistência às intempéries, resistência aos produtos
químicos, envelhecimento, etc . Apesar de a tinta óleo conferir maior proteção à água, com o passar do tempo torna-se quebradiça e perde esta característica. Já a tinta látex é mais permeável à água e ao vapor d’água, sendo assim mais adaptável às variações dimensionais da madeira, enrijecendo-se menos com o tempo quando comparada à tinta óleo. É de extrema importância avaliar que as tintas são formuladas especialmente considerando-se o local de aplicação, interno ou externo. No caso das tintas para uso externo, estas são formuladas de forma a serem resistentes à radiação ultravioleta, acompanhar as contrações e dilatações dos materiais e ainda resistir ao aparecimento de fungos e algas. Os produtos de acabamentos divi-
ros da madeira. Stains opacos podem ser encontrados tanto com base oleosa como com base latex. O de base latex, por sua vez, confere maior resistência à radiação UV se comparado ao de base oleosa. Os vernizes caracterizam-se por serem composições não pigmentadas, líquidas, pastosas ou sólidas que, quando aplicadas em camada fina sobre uma superfície apropriada, no estado em que são fornecidas ou após diluição, transformam-se em uma película sólida, continua, transparente ou translúcida e mais ou menos dura. Os acabamentos que formam filmes transparentes, como os vernizes, não são recomendados para uso externo, pois os raios UV penetram e degradam a superfície da madeira independente da quantidade de demãos, tornando -a quebradiça e descascando em um período inferior a 2 anos. O revestimento do tipo verniz dificulta a absorção de vapor de água e, em contrapartida, também impede a sua saída quando a madeira encontra-se em ambiente com baixa umidade. Com o passar do tempo, a tendência é a madeira acumular umidade.
dem-se em dois grupos: os formadores de filme e os que penetram. Dentre os formadores de filme, citam-se os vernizes e tintas. Já no grupo dos que penetram, cita-se o stain, que é uma resina impregnante de proteção superficial. Os stains podem apresentar uma variada gama de cores, podendo ser opacos ou semitransparentes. Assim como as tintas, o stain opaco protege mais a madeira contra a deterioração por raios UV, por possuírem uma concentração maior de pigmentos, do que o semitransparente, porém menos do que as tintas. O stain opaco forma um filme sobre a superfície da madeira, podendo sofrer os mesmos tipos de deterioração das tintas, como por exemplo, o craquelamento e o descascamento. Diferente do stain semitransparente, que possui como base solvente orgânico, o stain opaco não penetra nos po-
Óleo de peroba e seladores
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O óleo de peroba, produto químico feito com base em extratos vegetais, é composto de óleo mineral, óleo vegetal, solvente mineral, solvente vegetal e aromatizante. Já o selador é um produto químico sintético composto de resina maleica, hidrocarbonetos aromáticos (exceto benzeno), cetonas, minerais inertes, álcoois, ésteres e algodão colódio. Foram realizados estudos para verificar o comportamento da cor de lâminas de pau-marfim (B. Riedelianum), após tratada com óleo de peroba e selador, quando submetidas ao intemperismo artificial. O estudo foi feito com lâminas de madeira em seu estado natural, com lâminas tratadas com óleo de peroba, com lâminas tratadas com selador e lâminas tratadas com uma
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combinação entre selador, utilizado como fundo, e óleo de peroba, utilizado para finalização e acabamento. O estudo concluiu que a madeira de pau-marfim apresentou melhor resistência à radiação UV quando tratada com óleo de peroba ou quando mantida em seu estado natural. O tratamento com óleo de peroba preservou com melhor eficiência a cor original da madeira. Porém, todos os tratamentos provocaram alterações nas cores com o passar do tempo. O selador acentuou a mudança de cor, sendo o escurecimento mais evidente nas primeiras 80h de exposição à radiação UV. Relativo à alteração de cor, observou-se a tendência de acentuação da coloração vermelha em todos os tratamentos. A aplicação de qualquer um dos produtos altera a cor original da madeira, mesmo que seja de acabamento transparente. Essa alteração inicial é no sentido de escurecer a madeira, independente da substância presente no produto preservador. Como conclusão, a análise colorimétrica das madeiras expostas à radiação solar é de extrema importância para o monitoramento do processo de
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fotodeterioração. Com relação aos estudos acelerados realizados artificialmente, esses permitem uma melhor compreensão do comportamento da cor de uma madeira com o passar do tempo, tanto em estado natural quando com a aplicação de um produto preservante. Independente do produto escolhido para aplicação na madeira de uso exterior, é de extrema importância que, além da proteção aos raios ultravioletas, possua também proteção contra os organismos xilófagos e resista ao envelhecimento da peça, sendo reaplicado conforme a indicação do fabricante. Há diversas formas de prevenir a deterioração da madeira decorrente da exposição à UV. Dentre os processos mais comuns, as tintas, os vernizes e os stain, e os menos comuns como o óleo de peroba e os seladores, os produtos com melhor desempenho foram a tinta óleo, o Stain transparente, o Stain opaco branco e o Impregnante GT. Tal desempenho, apesar de satisfatório na proteção das peças de madeira à exposição a UV, não evitou o escurecimento do material.
Dentre os produtos analisados, o verniz é o único que não se recomenda para uso externo, visto que os raios UV degradam a superfície e a tornam quebradiça, além de dificultar a saída da umidade da madeira, tornando-a mais suscetível ao ataque de xilófagos. As pesquisas continuadas de revestimentos preservantes nas madeiras expostas a radiação solar é de extrema importância visto que os produtos existentes no mercado estão em constante adaptação e renovação. A cada ano, novos produtos surgem com a intenção de proteger a madeira superficialmente contra o escurecimento e deterioração, porém, somente as pesquisas são capazes de comprovar tal eficácia. Além disso, os raios ultravioleta, têm aumentado progressivamente sua incidência sobre a terra, exigindo das empresas maiores comprovações de eficácia e tecnologia em seus produtos preservantes. RM Candida Pasini Pizzoni candida.pizzoni@posgrad.ufsc.br
Angela do Valle angela.valle@ufsc.br
Preservatives for woods exposed to solar radiation
mong the agents that damage the surface of wooden or forest-based materials when exposed to weather conditions, UV radiation from sunlight is the most harmful because it alters the chemical composition of wood polymers. Atmospheric agents, especially rain and sunlight, change color and texture, and make the wood surface rough, removing decomposed polymers and damaging its microstructure. In outdoor environments, wood becomes sensitive to a series of conditions that favor natural deterioration, making color change and fibers let loose. This process might warp wood, reduce the piece quality and make it more sensitive to microorganisms’ attack. Weathering is regarded as an issue for outdoor use of wood because it adversely affects both the material’s aesthetic characteristics and performance of protective products applied on the piece. Weathering is the action of atmospheric agents on the material, which deteriorates over time. It is considered a full and combined action of sun, rain, humidity and wind. In this connection, the most harmful agent is UV radiation from sunlight, which modifies aesthetic, physical and mechanical characteristics of the material. The end use of wood must be taken into consideration before selecting preservatives. Besides protecting from UV absorption, another major function of surface coating is to reduce penetration of moisture, keeping its level below
the fiber saturation point. This prevents the wood piece from becoming moist for a long time, otherwise attack of wood-boring insects may be favored. The performance of several surface protection products is measured by research into different wood species. Among the most commonly used wood coating products are inks, varnishes and stains. Other products include Peroba oil —a chemical product made from plant extracts— and sealers —synthetic chemical products. The combined action of natural factors like moisture, insulation, aeration, thermal amplitude, abrasion, as well as biological characteristics, especially UV radiation exposure, are considered wood-boring agents that bring about aesthetic, physical and mechanical changes. Atmospheric agents modify color and texture of wood surface. In initial stages of weathering exposure, dark woods tend to get lighter and light woods usually get darker. In the end, all these woods tend to become grey. Besides, the surface becomes rough due to erosion caused by rain, which removes decomposed polymers and damages the microstructure of the material. In sum, the colorimetric analysis of woods exposed to solar radiation is extremely important for monitoring the photodegradation process. Accelerated research allows better understanding of color behavior of wood over time, both in its natural state and when treated with preservatives. Regardless of the product chosen to protect
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wood for outdoor applications, it is important that it provides protection from UV rays and wood-boring organisms, and resists to wood aging. The product should be reapplied following manufacturing specifications. There are many ways to prevent wood deterioration caused by UV radiation exposure. Among the most commonly used products (inks, varnishes and stains) and the less commonly used products (Peroba oil and sealers), those with better performance include oil paint, transparent stain, opaque white stain and impregnating GT agent. Even though such performance succeeded in protecting wood pieces exposed to UV rays, it failed to prevent the material from getting dark. Among products evaluated, varnishes are not recommended for outdoor applications because UV rays damage the wood surface making it crumbly. In addition, UV rays make moisture removal from wood difficult, thus making pieces more sensitive to impact of wood-boring insects. Continued research into preservative coatings applied to woods exposed to solar radiation plays a leading role for updating and upgrading products available in the market. Every year, new products are developed in order to protect surface wood against darkening or deterioration, but only research is able to prove their efficacy. Besides, UV rays have increased incidence on Earth, thus compelling companies to carry out more research into efficacy and use technology for developing preservatives. RM
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uma força de retenção de fixador de bom desempenho de conexão e mecânica. LSL (Lamined Strand Lumber) e OSL (Oriented Strand Lumber) são frequentemente usados em uma variedade de aplicações, tais como vigas, cabeçalhos, rebite, placas de aro, e componentes de marcenaria.
O
Brasil é um dos países que possui um grande número de plantações de cana-de-açúcar. São Paulo é responsável por 62% da cana-de-açúcar, 64% do álcool e 56% do açúcar produzido no Brasil. A partir desse pensamento, o projeto visa a criação de um novo material na construção civil e também, principalmente, almeja uma maneira efetiva de preservar o meio-ambiente. Com a evolução tecnológica e a preocupação contínua pela preservação do meio ambiente, cientistas, engenheiros como Rafael Mendes e José Benedito Guimarães Júnior, tentam desenvolveram técnicas para a construção civil usando materiais como o bagaço da cana. Esta estratégia, além de gerar menos lixo como o acumulo do bagaço resulta em uma boa economia no final da obra. O oriented strand lumber (OSL) foi desenvolvido por MacMillan Bloedel Ltd., recentemente denominado como TimberStrand™ LSL, ou laminated strand lumber (LSL). Este produto é confeccionado de filetes de maior comprimento, submetidos a uma prensagem por injeção de vapor, proporcionando um produto de densidade uniforme.
A metodologia do projeto é baseada na produção de painéis OSL produzidos a partir do bagaço da cana. A pesquisa bibliográfica realizada teve como base o estudo dos artigos: Aplicação de partículas longas e orientadas de bagaço de cana-de-açúcar na produção de painel particulado similar ao OSB e Utilização do bagaço de cana de alambique na produção de painéis aglomerados. A placa viabilizada precisa dos seguintes materiais: ➢ Placa orientada composta de bagaço de cana; ➢ Resina de Mamona; ➢ Lâminas de madeira; Para a execução deste projeto foi necessário a tomada de algumas medidas. E a primeira delas foi a preparação do material que será utilizado. Para o OSB do bagaço ser preparado, precisouse primeiramente passar pelo processo de tratamento.
Materiais do grupo do Strand Lumber são praticamente resistentes a rachaduras, deformação e encolhimento. Pois, são fabricados com o grão de cada camada das folhas orientadas paralelamente. Combinado com uma resina, os fios são orientados e formados em um tapete grande e comprimido. Esse produto oferece
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Revista da Madeira Após, foi recolhido bagaços de canade-açúcar em lugares onde é extraído o caldo da cana. O bagaço selecionado foi devidamente tratado, exposto a secagem, como ilustrado na figura 8, e cortado em tiras de 10 a 13 centímetros (figura 9)
Logo após a confecção das lâminas de OSB de bagaço de cana foi produzido o OSL, colocando a madeira laminada entre duas placas de OSB de cana. Utilizou-se a resina poliuretana para unir as lâminas e imediatamente prensou-se durante 24 horas. Dessa forma, feito os retoques no material, portanto temos o painel de Strand Lumber utilizando OSB de bagaço de cana e lâmina de madeiras. E em breve realizado os ensaios físicos e mecânicos do material para demostrar sua eficácia e resistência.
Para a confecção da lâmina orientada do bagaço de cana (OSB) foi separado uma quantidade de bagaço e resina poliuretana. Após a separação do material, misturou-se de forma homogênea e colocou-se de forma ordenada as fibras de bagaço de cana com a resina impregnada para ser prensada. Utilizou-se a prensa hidráulica modelo SL 10/5 para compactar o material aplicando força durante 24 horas. Verificou-se a densidade do material antes de dar continuidade ao processo. TECNOLOGIA A transferência de tecnologia do novo painel proporcionará uma visão predominantemente científica e adequação tecnológica de inovação voltada também para o aproveitamento de resíduo inutilizado para serem empregados de maneira correspondente aos resultados dos ensaios físicos e mecânicos e assim ser designado como um material na Construção Civil. Os indicadores de projetos, além de monitorar o desempenho do projeto, indicam tendências posteriores, caso a situação conserve-se inalterada no projeto. Embora os indicadores não mostrem
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quais são os problemas existentes, a sinalização evidenciada pelos indicadores aliada à análise de causa-raiz na dimensão analisada (custo, prazos, qualidade, satisfação do usuário, dentre outras) permitirá a identificação dos problemas para posterior tomada de decisão e implantação do projeto. A estrutura desenvolvida neste projeto é inovadora e tem como alvo obter propriedades semelhantes ou próximas às do painel já existente. Entretanto, o maior benefício do novo painel será no âmbito ambiental e na maior facilidade de se utilizar estruturas desse porte por um custo mais baixo, obtendo-se as mesmas características técnicas e, principalmente, levando em consideração a segurança da estrutura e a satisfação da população e na sua utilização como painel. Mediante a realização da produção do Strand Lumber podemos observar que este novo material que utiliza o bagaço de cana como matéria-prima principal possui maior benefício no âmbito ambiental e maior facilidade em utilizar estruturas desse porte por um custo mais baixo gerando assim, a satisfação da população quando utilizarem como painel. Deve-se ressaltar que, há também uma consequência que abrange a vertente social. Torna-se viável projetar uma casa ecologicamente correta barateando o custo por se utilizar material sustentável. Auxiliando assim, o Brasil, maior produtor de cana-de-açúcar, o emprego do que está em excesso sem utilização se tornando um grande benefício para a sociedade. Dessa forma, estamos trabalhando para realizar os ensaios mecânicos e físicos para que através destes resultados possamos designar a categoria e utilização deste material, além de suas especificações e resistência. E sempre destacando a preocupação com o meio ambiente, pois estará sendo utilizado um material que possui em grande escala no Brasil e reutilizando-o na construção civil. E, mediante aos resultados, este painel de vertente tecnológica inovadora trará um grande impacto nas construções sustentáveis. RM Juliana de L. S. D. Azevedo
(juliana.dias.azevedo@gmail.com),
Antonio J. P. da Silva
(parga@ifma.edu.br),
Nailton S. C. Mafra
(nailton.mafra@hotmail.com),
Gabriel P. Loiola
(gabrielpintoloiola@gmail.com),
Francisco A. Rocco Lahr (frocco@sc.usp.br).
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ção dos gases de combustão que fornecem calor à água. Os tubos servem para a circulação de vapor e água dentro da caldeira, a fim de permitir a troca de calor entre os gases quentes de combustão e a água ou vapor. Os coletores são peças cilíndricas, às quais chegam e saem conjuntos de tubos, cuja finalidade, como o próprio nome indica, é coletar água ou vapor. O tubulão é um tambor horizontal, situado no ponto mais alto do corpo principal da caldeira, ao qual acham-se conectados, através de tubos, os coletores, que se encontram em níveis diferentes dentro da caldeira. A água circula várias vezes através do conjunto tubulãocoletores descendo pelos tubos externos e retornando pelos internos. Essa circulação natural é provocada pela diferença de pressão exercida pelas colunas líquidas e pelas correntes de convecção formadas. A coluna externa contendo somente água é mais pesada do que a coluna interna contendo água+ vapor, promovendo então a circulação. A parte vaporizada vai se armazenando no tubulão, enquanto o líquido volta a circular. Além de acumular o vapor, o tubulão recebe também a água de alimentação, que vem do economizador. O espaço acima do nível d’água no tubulão, chama-se espaço de vapor. Para evitar o arraste de gotículas de líquido junto ao vapor no espaço de vapor existem chicanas com a finalidade de separar o líquido arrastado. O vapor saturado separado no tubulão passa a outro conjunto de serpentinas, o superaquecedor, onde é obtido o seu superaquecimento. As serpentinas do superaquecedor têm suas extremidades ligadas a dois coletores de vapor. O superaquecedor pode situar-se na zona de radiação ou convecção, conforme o grau de superaquecimento para o qual as caldeiras são projetadas. O pré-aquecedor de ar é utilizado para, aproveitando parte do calor dos gases residuais de combustão, aquecer o arde alimentação das chamas. No economizador, a água de a1imentação passa por uma serpentina ou feixe tubular, a fim de aproveitar também o calor
A
s caldeiras ou geradores de vapor, são equipamentos destinados a transformar água em vapor.A energia necessária à operação, isto é, o fornecimento de calor sensível à água até alcançar a temperatura de ebulição, mais o calor latente a fim de vaporizar a água e mais o calor de superaquecimento para transformá-la em vapor superaquecido, é dada pela queima de um combustível. Conforme o tipo, as caldeiras podem ser classificadas em: Flamotubulares e Aquotubulares. No primeiro caso, os gases quentes passam por dentro de tubos, ao redor dos quais está a água a ser aquecida e evaporada. Os tubos são montados à maneira dos feixes de permutadores de calor, com um ou mais passos dos gases quentes através do mesmo. Na figura 01, podemos ver em corte uma caldeira deste tipo. As caldeiras flamotubulares são empregadas apenas para pequenas capacidades e quando se quer apenas vapor saturado de baixa pressão. O outro tipo, que é o mais empregado, como o próprio nome indica, tem circulação de água por dentro dos tubos e os gases quentes envolvendo-os. São usados para insta1ações de maior porte e na obtenção de vapor super aquecido. Encontramos nestas caldeiras, geralmente, os seguintes componentes: • Câmara de combustão; Tubos; Coletore; Tubulão; Superaquecedor; Sopradores de fuligem; Pré-aquecedor de ar; Economizado; Alvenaria (refratários); Queimadoras; Ventiladores; Chaminé; Válvulas de segurança A câmara de combustão é a região onde se dá a queima do combustível, com produ-
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dos gases residuais da combustão, para depois ir, então, ao tubulão já pré-aquecido, o que representa um a economia de energia. As paredes da caldeira são revestidas internamente de tijolos refratários, resistentes a altas temperaturas, que protegem as partes metálicas estruturais da caldeira contra deterioração por alta temperatura e produzem homogeneização da temperatura por reflexão do calor das chamas. Os maçaricos das caldeiras são semelhantes aos dos fornos. Os sopradores de fuligem são tubos providos de orifícios, inseridos transversalmente aos tubos das serpentinas, em diversos locais da caldeira. São ligados, externamente à caldeira, ao sistema de vapor. Durante a operação da caldeira, há deposição de fuligem nos tubos, o que dificulta a transferência de calor. De tempos em tempos, então, é injetado vapor através deste sistema com a finalidade de remover a fuligem. Para melhorar a atuação dos mesmos, os sopradores geralmente têm movimento de rotação, atuando assim em maior área. Os ventiladores têm a finalidade de movimentar o ar de combustão até os queimadores na câmara de combustão
e os gases da câmara de combustão até a chaminé. Existem dois tipos funcionais de ventiladores: de tiragem forçada, que apanha o ar atmosférico e o envia através
dos dutos da caldeira para os queimadores e o de tiragem induzida, instalado na saída da caldeira, que succiona os gases de combustão de dentro da câmara e os conduz à chaminé. A chaminé é a parte que conduz os gases de combustão à atmosfera (em altura suficientemente grande para que
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não venham a ser danosos ao meio ambiente). As válvulas de segurança são válvulas especiais, instaladas no tubulão, cuja finalidade é dar saída ao vapor no caso deste atingir uma pressão superior a um máximo admitido pelas condições de segurança operacional. Deterioração de caldeiras Três tipos de males, que ocorrem em caldeiras, podem deteriorar uma caldeira: 1) O Superaquecimento consiste na elevação da temperatura de componentes ou de partes de componentes, acima da temperatura máxima a que o material pode resistir sem sofrer danos. Esta elevação de temperatura localizada pode ser devida: _ Deposições nas paredes dos tubos: • externas —> devido ao óleo combustível; • internas —> devido à incrustação de material existente na água. _ Incidência de chama, provocada por: • funcionamento anormal• deficiência de montagem • defeito do queimador. _ Circulação deficiente de água devido a: • Obstruções internas; • Falha de alimentação. _ Deterioração do refratário 2 ) Corrosão Pode ser internamente aos tubos, tubulão, coletores devido a deficiência de tratamento da água e, no caso da presença de oxigênio( O2 ) e dióxido de carbono (CO2) dissolvidos, devido a má desaeração. E externamente aos tubos, devido à formação de sais de vanádio, no caso de o mesmo estar presente no óleo combustível, que agem como catalisadores na formação de ácido sulfúrico a partir de S02 (formado pela combustão de produtos de enxofre, que se encontram no óleo combustível). E na parte externa da caldeira, devido às condições atmosféricas. 3 ) Deterioração mecânica
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Aparecimento de trincas e ruptura de materiais devido a: • Fadiga térmica • Fluência ou “creep” • Choques térmicos • Explosão na câmara de combustão • Uso impróprio das ferramentas de limpeza • Recalque das fundações. Entre os tipos de caldeiras estão as flamotubulares, de tubos de fogo ou tubos de fumaça, fogotubulares, ou ainda gás-tubulares são aquelas em que os gases provenientes da combustão (gases quentes) circulam no interior dos tubos e a água a ser aquecida ou vaporizada circula pelo lado de fora. Este tipo de caldeira é o de constru-
ção mais simples, e pode ser classificado quanto à distribuição dos tubos, que podem ser tubos verticais ou horizontais. Já nas caldeiras de tubos verticais, os tubos são colocados verticalmente num corpo cilíndrico fechado nas extremidades por placas, chamadas espelhos. A fornalha interna fica no corpo cilíndrico logo abaixo do espelho inferior. Os gases de combustão sobem através dos tubos, aquecendo e vaporizando a água que está em volta deles. As fornalhas externas são utilizadas principalmente no aproveitamento da queima de combustíveis de baixo poder calorífico, tais como: serragem, palha, casca de café e de amendoim e óleo combustível (1A, 2A ... etc.) As caldeiras de tubos horizontais abrangem vários modelos, desde as cal-
deiras Cornuália e Lancaster, de grande volume de água, até as modernas unidades compactas. As principais caldeiras horizontais apresentam tubulões internos nos quais ocorre a combustão e através dos quais passam os gases quentes. Podem ter de 1 a 4 tubulões por fornalha. Aa caldeiraa Cornuália, um dos primeiros modelos desenvolvidos, é constituída de um tubulão horizontal ligando a fornalha ao local de saída de gases. É de funcionamento simples, porém de rendimento muito baixo. Suas principais características são: pressão máxima de operação de 10 kgf/ cm², vaporização específica 12 a 14 kg de vapor/m² e máximo de 100m² de superfície. A caldeira Lancaster são de construção idêntica à anterior, porém tecnicamente mais evoluída. Pode ser constituída de dois a quatro tubulões internos e suas características são: área de troca térmica de 120 a140m² e vaporização de 15 a 18 kg de vapor/m². Algumas delas apresentam tubos de fogo e de retorno, o que apresenta uma melhoria de rendimento térmico em relação às anteriores. As caldeiras multitubulares de fornalha interna, como o próprio nome indica possui vários tubos de fumaça. Podem ser de três tipos: Tubos de fogo diretos: Os gases percorrem o corpo da caldeira uma única vez. Tubos de fogo de retorno: Os gases provenientes da combustão no tubulação da fornalha circulam tubos de retorno. Tubos de fogo diretos e de retorno: Os gases quentes circulam pelos tubos diretos e voltam pelos de retorno. Em algumas caldeiras multitubulares deste tipo a fornalha é constituída pela
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própria alvenaria, situada abaixo do corpo cilíndrico. Os gases quentes provindos da combustão entram inicialmente em contato com a base inferior do cilindro, retornando pelos tubos de fogo. Na caldeira multitubular, a queima de combustível é efetuada em uma fornalha externa, geralmente construída em alvenaria instalada abaixo do corpo cilíndrico. Os gases quentes passam pelos tubos de fogo, e podem ser de um ou dois passes. A maior vantagem é poder queimar qual-
quer tipo de combustível. Caldeiras locomóvel As caldeiras locomóveis, também do tipo multitubular, têm como principal característica apresentar uma dupla parede em chapa na fornalha, pela qual a água circula.
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Sua maior vantagem está no fato de ser fácil a sua transferência de local e de poder produzir energia elétrica. É usada
mente para uso marítimo, é o modelo de caldeira industrial mais difundido no mundo. É destinada à queima de óleo ou
em serrarias junto à matéria-prima e em campos de petróleo.
gás, tendo ainda pressão máxima de 18 kgf/cm², rendimento térmico em torno de 83% e taxa de vaporização de 30 a 35 kg de vapor/m². As principais vantagens das caldeiras
Caldeiras escocesas A caldeira escocesa, criada basica-
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deste tipo são: • custo de aquisição mais baixo; • exigem pouca alvenaria; • atendem bem a aumentos instantâneos de demanda de vapor. Como desvantagens, apresentam: • baixo rendimento térmico; • partida lenta devido ao grande volume interno de água; • limitação de pressão de operação (máx. 15 kgf/cm²); • baixa taxa de vaporização (kg de vapor / m² . hora); • capacidade de produção limitada; • dificuldades para instalação de economizador, superaquecedor e pré-aquecedor Caldeiras Flamotubulares As caldeiras flamotubulares apresentam as seguintes partes principais: corpo, espelhos, feixe tubular ou tubos de fogo e caixa de fumaça. O corpo da caldeira, também chamado de casco ou carcaça, é construído a partir de chapas de aço carbono calandradas e soldadas. Seu diâmetro e comprimento estão relacionados à capacidade de produção de vapor. As pressões de trabalho são limitadas (normalmente máximo de 20 kgf/cm²) pelo diâmetro do corpo destas caldeiras. Os espelhos são chapas planas cortadas em forma circular, de modo que encaixem nas duas extremidades do corpo da caldeira e são fixadas através de soldagem. Sofrem um processo de furação, por onde os tubos de fumaça deverão passar. Os tubos são fixados por meio de mandrilamento ou soldagem. O feixe tubular, ou tubos de fogo, é composto de tubos que são responsáveis pela absorção do calor contido nos gases de exaustão usados para o aquecimento da água. Ligam o espelho frontal com o posterior, podendo ser de um, dois ou três passes. A caixa de fumaça é o local por onde os gases da combustão fazem a reversão do seu trajeto, passando novamente pelo interior da caldeira (pelos tubos de fogo).O desenho a seguir mostra os componentes de uma caldeira flamotubular típica. A eficiência de uma caldeira fogotubular não é um cálculo misterioso. A quantidade de combustível não queimado e o ar em excesso são usados para definir a eficiência de combustão de um
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queimador. A maior parcela das perdas apresentadas por uma caldeira se dá pelos gases da combustão que são lançados pela chaminé. Se um queimador não consegue obter uma queima limpa com baixo excesso de ar, é então regulado para trabalhar com excesso de ar, sendo que este excesso de ar só abaixa a temperatura da chama e reduz a capacidade de geração da caldeira, rebaixando também drasticamente a eficiência. Queimadores trabalhando com níveis baixos de combustíveis não queimados e operando a um nível de excesso de ar baixo (em torno de 15%) são considerados eficientes. Eficiência térmica é a medida da eficácia da troca de calor da caldeira. Ela mede a habilidade em transferir calor do processo de combustão para a água ou vapor na caldeira. Por ser unicamente uma medida da eficácia da troca de calor da caldeira, ela não leva em conta a radiação e perdas de convecção do casco da caldeira, coluna d´água, ou outros componentes. Desta forma não é verdadeira sua indicação do uso do combustível na caldeira; Contudo, aliada à verificação da combustão, pode nos fornecer uma boa indicação de como está a eficiência da caldeira. De fato, se você verifica que não há pontos com temperaturas muito altas, no casco ou outras partes da caldeira, não há vazamentos de vapor ou gases de combustão. Uma simples análise da temperatura e composição dos gases da chaminé pode nos oferecer dados confiáveis para o cálculo da eficiência. Eficiência da caldeira é a eficiência pura da transferência de calor do combustível para o vapor, a qual leva em conta a radiação e perdas de convecções. É uma indicação verdadeira da eficiência total da
caldeira. A eficiência combustível-vapor de uma caldeira pode ser determinada por
mos os cálculos de eficiência da caldeira: Temperatura dos gases (Temperatura da chaminé); Especificações do combustível; Ar excesso; Temperatura do ar ambiente; Perdas por radiação e convecção. Custos de Manutenção Verifique seus custos de manutenção cuidadosamente. A caldeira velha está lhe custando dinheiro de várias formas, seja por manutenções emergenciais; tempo parado; maior tempo em manutenção (passado e pendentes); dificuldade em encontrar peças e às vezes caras; tempo do operador em manter a unidade em linha; além de problemas no vaso, queimador e refratários. Muitos destes custos podem estar escondidos em seu orçamento de manutenção geral.
02 métodos; o método entrada-saída e o método perdas de calor. Tem também as perdas na chaminé, e as perdas de convecção e radiação.
Mudança de combustível. Se sua caldeira antiga utiliza um combustível e você deseja trocar ou precisa avaliar diferentes combustíveis, reveja os custos de conversão e manutenção, avalie a performance e vazão realmente garantida, talvez seje a hora certa para se considerar a compra de uma caldeira nova. Muitas vezes um investimento é feito em uma caldeira velha, onde os custos associados com a próxima maior exigência de manutenção irá justificar a compra da nova unidade. O resultado é perder dinheiro na atualização da unidade antiga. As seguintes questões deverão ser consideradas durante sua avaliação da caldeira: O número de passes da caldeira representa o número de vezes que a combustão dos gases quentes passam através da caldeira (existem trocadores de calor com 10 passes dos fluidos ou mais). Uma caldeira com 03 passes fornece 03 oportunidades para os gases quentes transferirem calor para a água na caldeira. Uma unidade de 04 passes, fornece
A eficiência da caldeira, quando calculada pelo método de equilíbrio de calor ASME, inclui perdas na chaminé e radiação e convecções. Mas que fatores têm efeito maior na eficiência de uma caldeira? Em uma primeira discussão, o projeto da caldeira é o maior fator. São fatores-chaves para entender-
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Revista da Madeira 04 oportunidades. Além disto, a velocidade dos gases permanece alta e uniforme durante todo o trajeto pela caldeira. Os fatos são claros e incontestáveis. A temperatura da chaminé de uma caldeira 04 passes é mais baixa do que a temperatura da chaminé de uma caldeira similar de 02 ou 03 passes, operando sob as condições similares. A caldeira 04passes terá sempre eficiência maior e custo menor de combustível. Em termos gerais a superfície de aquecimento em metros quadrado é exatamente a porta por onde o calor gerado na combustão pode ser transmitido para a água, gerando o vapor, de nada adianta um bom queimador e qualquer outro artifício sem área de aquecimento, não se reduz a área de aquecimento sem graves prejuízos para a eficiência da caldeira e até para a produção de vapor. Uma caldeira com pequena área de aquecimento pode produzir o vapor prometido, porém a durabilidade do equipamento será se-
B
oilers or steam generators are machines for turning water into steam. The energy needed for boilers to operate comes from burnt fuel. Boiling is to supply sensible heat to water until it boils, plus latent heat to vaporize water, and superheating to turn it into overheated steam. According to type, boilers can be classified into fire-tube and water-tube boilers. In fire-tube boilers, hot gases pass through tubes surrounded by the water that will be heated or vaporized. The tubes are installed in the direction of tube bundles of heat exchangers, letting gases flow once o more times through them. Figure 01 shows a sectioned fire-tube boiler. The fire-tube boilers are used for small capacities and for obtaining low-pressure saturated steam. As the name suggests, in water-tube boilers, which are the most widely used ones, water flows through tubes surrounded by hot gases. They are used in larger systems and for obtaining superheated steam. These boilers generally consist of the following components: • Combustion chamber; Tubes; Collectors; Drum; Superheater; Soot blowers; Air pre-heater; Fans; Chimney; Safe valves The combustion chamber is the area where fuel is burnt, producing combustion gases that heat the water.
riamente afetada, e a eficiênciaa lançada pode durar por apenas algumas semanas. Uma caldeira compacta, inclui uma
caldeira e um queimador desenvolvidos como uma única unidade, considerando a geometria da fornalha, a radiação e a transferência de calor por convecção, e devem ser testados em conjunto exaustivamente.Somente com estes requisitos podemos assegurar a performance realmente boa. Quando se trata em escolher a caldeira, insista numa montagem simples e
num projeto de queimador acessível para uma verdadeira eficiência e economia real. O projeto do vaso de pressão também tem importância na condução de uma caldeira, uma circulação da água adequada proporciona maior durabilidade e eficiência a caldeira, um bom acesso as partes internas tanto do gás quanto da água, pode facilitar as limpezas e manutenções e inspeções, o projeto e construção do vaso de pressão também e importante com vista a segurança. A seleção de uma caldeira com projeto de baixo-custo de manutenção e alta eficiência, pode realmente retornar através de economias, seu investimento feito na hora da compra. RM
Nilson Ribeiro Leite,
Escola Politécnica- Depto. de Engenharia Mecânica da EPUSP-PROMINP;
Renato de Abreu Militão
Escola Politécnica- Depto. de Engenharia Mecânica da EPUSP-PROMINP
Boilers: types and uses The tubes are for steam and water to pass through the boiler to allow heat exchange between hot combustion gases and water or steam. The collectors are cylindrical pieces penetrated by a series of tubes for, as the name suggests, collecting water or steam. The drum is a horizontal structure at the highest part of the boiler, to which the collectors are connected through tubes. The collectors are arranged in different levels of the boiler. Water flows several times through the drumcollector system, down through the external tubes and reenters through the internal tubes. This natural flow is caused by the pressure difference by liquid columns and convection currents. The external column contains only water and is heavier than the internal column, which contains water and steam, thus facilitating flow. The vaporized part is stored in the drum, and the liquid resumes flow. Besides accumulating steam, the drum receives feed water from the economizer. The space above the water level in the drum is called steam space. To prevent droplets from dragging along with steam in the steam space, there are baffles for separating the dragged liquid. The saturated steam separated in the drum passes to another set of coils (superheater) where superheating occurs. These coils have their ends
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connected to two steam collectors. The superheater may be placed in the radiation or convection zone, according to the superheating degree the boilers can withstand. The air pre-heater is used for heating the air that burns flames, making the best of a part of the heat from residual combustion gases. In the economizer, the feedwater passes through a coil or tube bundle, using residual combustion gases to later flow into the pre-heated drum. This economizes energy. The boilers’ walls are internally covered with refractory bricks, resistant to high temperatures. They protect the boilers’ metallic parts from deterioration caused by heat and homogenize temperature through reflection of heat of flames. When it comes to choosing a boiler, insist on an easy-to-install and affordable machine to ensure real efficiency and save money. A pressure vessel is also important to manage a boiler. Adequate water flow provides more durability and efficiency to the boiler. Access of gas and water to internal parts may facilitate cleaning, maintenance and inspections. Building a pressure vessel is also important from a safety-related perspective. Choosing an efficient boiler with affordable maintenance might really help you recover the money invested in the purchase. . RM
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consumida nas serrarias, o sistema concedia 0,45 m³ de madeira serrada na forma de crédito. Porém, segundo estudos científicos revisados pelo Ibama que analisaram a produção de cerca de 2,5 mil serrarias, o rendimento do processo de transformação da tora não passa de 35% na maioria das indústrias. Como resultado, havia sobra de crédito nos sistemas de controle que movimentava um mercado ilegal estimado em R$ 500 milhões ao ano. A redução do coeficiente tem reflexo direto na redução do desmatamento ilegal na Amazônia e representa um avanço para o setor empresarial de base florestal ao impedir fraudes que tornavam a competição insustentável para indústrias que operam em conformidade com a lei. As indústrias capazes de obter rendimento superior a 35% em razão de técnicas específicas não serão prejudicadas. A norma permite a apresentação de estudo que comprove a obtenção de índices superiores de aproveitamento. Se aprovado pelo órgão ambiental, a empresa passa a dispor de coeficiente personalizado no sistema DOF. O roteiro para elaboração do estudo está no Anexo III na Resolução Conama 411/2009 e deve ser apresentado ao órgão ambiental competente. Apenas nos casos em que a concessão florestal ou o licenciamento ambiental forem de competência federal o empreendedor deverá submeter seu pedido ao Ibama.
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novo limite máximo de aproveitamento para conversões de tora em madeira serrada informadas pelo sistema do Documento de Origem Florestal (DOF) entrou em vigor. O Coeficiente de Rendimento Volumétrico (CRV) foi reduzido de 45% para 35%. O objetivo da mudança é impedir a geração de créditos excedentes (fictícios) de madeira no sistema DOF. A redução foi proposta pelo Ibama e pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB) ao Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) com a finalidade de aperfeiçoar regras para o transporte e a industrialização de madeira extraída legalmente. Aprovada por unanimidade, resultou na publicação da Resolução Conama n° 474/2016. Na vigência do CRV anterior (45%), para cada metro cúbico de tora
Controle de origem O Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (Sinaflor), lançado em março último, será um aliado no combate ao desmatamento ilegal no Brasil. A plataforma, totalmente eletrônica, controlará o processo de origem da madeira, do carvão e de outros produtos e subprodutos florestais, além de rastrear desde a autorização de exploração até o transporte, armazenamento, industrialização e exportação dos produtos. “O sistema representa um avanço fundamental para a gestão dos recursos florestais no país”, defendeu o Ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho. Todos os estados da Federação devem estar utilizando o Sinaflor até o dia 1º de janeiro de 2018. Previsto no Artigo 35 da Lei 12.651/2012 (Código Florestal Brasileiro), o sistema contribuirá para conter o desmate nos biomas brasileiros e, ao mesmo tempo, desenvolver a economia relacionada aos produtos florestais no país. A plataforma agiliza a certificação dos Planos de Manejo Florestal Sustentável e dá mais segurança à transferência de créditos de madeira ao sistema do Documento de Origem Florestal
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Revista da Madeira (DOF). Todas as informações serão integradas à base do Cadastro Ambiental Rural (CAR), para um acompanhamento real da dinâmica de desmate nos estados. Segundo o coordenador geral de Flora e Floresta do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), André Sócrates, o Sinaflor dará transparência ao processo para que os órgãos ambientais e de controle possam executar as políticas públicas com segurança. Para o ministro do Meio Ambiente, a participação dos estados e dos demais setores, como o empresarial, é fundamental no processo. “O modo como o sistema foi elaborado e está sendo implementado vai ao encontro dos eixos da nossa gestão: parceria, qualidade técnica e transparência”, declarou. Os dados referentes à documentação de origem florestal estarão disponíveis publicamente, dentro dos limites previstos pela legislação. A orientação é que tudo aquilo que não for proibido seja disponibilizado para o controle social por parte da população. O estado de Roraima foi o primeiro a emitir licenças pelo Sinaflor. Para o presidente da Fundação do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh) de Roraima, Rogério Martins, o sistema reduzirá a quantidade de
processos físicos, tornando mais ágil a emissão de autorizações. A Femarh/RR começou a operar o sistema em janeiro, cadastrando empreendimentos, consultores técnicos, projetos e análises conduzidas pelo órgão ambiental.
Rondônia e Acre também já adotam o sistema. No Amapá, o sistema está implantado. Os próximos estados a utilizar o Sinaflor serão Amazonas, Tocantins e Maranhão. Pará e Mato Grosso têm sistemas próprios que serão integrados ao Sinaflor. Aqueles que não integram a Amazônia Legal terão um processo de implementação mais ágil, que será realizado a partir do segundo semestre deste ano. Desenvolvido pelo Ibama, o Sinaflor garante a informatização em toda a gestão florestal. Desde o plano de
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manejo até o produto final, haverá uma marcação eletrônica de tudo o que aconteceu. Isso vai trazer segurança e reduzir o número de fraudes. A sociedade civil considerou o lançamento do Sinaflor uma medida positiva para a agenda ambiental no país. “A habilidade de integrar ferramentas é fundamental, e o Sinaflor é mais do que isso, é uma ruptura e uma sinalização extremamente importante”, analisou Marcelo Furtado, da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, um movimento formado por 150 entidades do setor privado, da sociedade civil e da academia. O Sinaflor integra o controle da origem da madeira, do carvão e de outros produtos ou subprodutos florestais, sob coordenação, fiscalização e regulamentação do Ibama. Esse controle incluirá um sistema nacional que integrará os dados dos diferentes entes federativos, coordenado, fiscalizado e regulamentado pelo órgão federal competente, o Ibama. A análise das solicitações feitas pelos usuários ganha agilidade na medida em que os dados ficam disponíveis para o Ibama e as secretaria de estado de Meio Ambiente em tempo real. O sistema também oferece mais segurança à transferência de crédito de produtos florestais para o sistema do Documento de Origem Florestal (DOF). RM
Com recursos capazes de gerar imagens com nível de detalhes maior que os satélites tradicionais, os VANTs representam ferramentas auxiliares de grande potencial para geração de mapas de produtividade em diferentes tipos de cultura. Através de trabalho de pesquisa conseguiuse demonstrar potenciais utilizações do VANT como recurso de monitoramento de falhas, espaçamento, homogeneidade de plantio e potencial de uso do solo em áreas destinadas ao cultivo de eucalipto. A primeira etapa para obtenção dos resultados da pesquisa é a obtenção de imagens aéreas. Para isto, foram utilizados aviões com 3 m de envergadura de asa e peso de aproximadamente 4 kg que são controlados remotamente. Antes de o voo ser iniciado, é feita uma programação no avião para determinar a velocidade do avião, a área a ser fotografada, o intervalo de tempo entre cada fotografia e o percurso que o avião deve seguir para capturar as imagens. A autonomia de vôo é de aproximadamente 30 minutos e a câmera utilizada possui resolução de 12 mega pixel RGB Após o voo, é necessário realizar o mosaico das imagens obtidas. Esta etapa do processo é realizada através do software Agisoft PhotoScan 1.0.1 e consiste da união das diversas fotografias obtidas pela câmera do avião para formar uma única imagem de alta resolução. Além da unificação das imagens, o software supracitado também permite o georreferenciamento da mesma, ou seja, é possível inserir no cabeçalho do arquivo que compõe a imagem final, diversas informações referentes às coordenadas geográficas e projeções espaciais que devem ser utilizadas como referência, permitindo
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O
mercado brasileiro de papel e celulose representa significativa importância para a economia nacional, contribuindo com mais de 750 mil empregos diretos e indiretos em 18 estados brasileiros e exportações que ultrapassam a marca de US$ 8 bilhões. A principal cultura utilizada pelas indústrias do setor é o eucalipto, que ocupa 5,5 milhões de ha no território brasileiro. O Brasil possui a maior produtividade nas plantações desse gênero, atribuída à adaptação do gênero às condições edafoclimáticas do país, aos ganhos genéticos e às melhorias no manejo silvicultural. Para que se possa gerenciar aspectos operacionais, como a uniformidade do plantio, taxa de sobrevivência, alinhamento, entre outros, é necessário que um constante monitoramento de produção seja feito a fim de auxiliar na tomada de decisões em operações silviculturais. O monitoramento de produção é feito com o intuito de identificar situações que possam causar produtividade abaixo do esperado, e a utilização de recursos tecnológicos tem aumentado gradativamente para realização desta atividade. O uso de veículos aéreos não tripulados (VANT) para finalidades agrícolas teve seu início no Brasil na década de 80.
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Revista da Madeira que a mesma seja adequadamente posicionada quando utilizada em softwares específicos para análises de informações espaciais. A imagem gerada pelo mosaico é composta por células cuja resolução varia entre 5 cm e 15 cm. Cada uma destas células contém um determinado valor para as bandas espectrais de cores vermelha, verde e azul utilizadas pela câmera RGB acoplada ao avião. A partir desta imagem, é possível realizar as análises a serem utilizadas para fins de monitoramento dos plantios de eucaliptos realizados pela empresa. As análises de monitoramento são feitas através do software ArcGIS 10.1, desenvolvido pela empresa ESRI. Todo o processamento é realizado através de rotinas desenvolvidas que identificam padrões das células que compõem o mosaico, permitindo classificar o que é quais destas células representam mudas de eucaliptos, solo, corpos d‘água, estradas e vegetação de áreas de preservação ambiental. A classificação é feita em parcelas circulares de 400 m² que são alocadas de forma aleatória a cada 5 hectares de plantio. Falhas: As falhas de plantio são estimadas a partir da identificação de ausência de copa de árvores nas linhas de plantio contidas no interior de cada parcela. A relação entre a quantidade de árvores faltantes e a densidade de indivíduos que deveria existir na área em estudo compõe o índice de falhas de cada parcela.
O índice de falha do talhão de produção é realizado através de aná-
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lises estatísticas obtidos entre os índices de todas as parcelas alocadas. Espaçamento: A primeira etapa da verificação do espaçamento entre linhas de plantio consiste da identificação de cada fileira formada pelas copas das árvores, que são posteriormente representadas por figuras lineares. Em seguida, são realizadas diversas medições entre cada linha representativa para que uma nova análise estatística seja feita para se determinar se o espaçamento foi feito de maneira uniforme e dentro do plano de atividades estipulado pela equipe de silvicultura. Homogeneidade de plantio: Outro resultado obtido através das imagens de VANT compõe estimativas referentes à homogeneidade do plantio. As florestas plantadas que contém maior uniformidade entre seus indivíduos componentes normalmente apresentam maior produtividade de madeira. Portanto, a possibilidade de mensurar a área ocupada pelas copas de cada árvore contida na parcela permite a geração de um importante indicador de desenvolvimento florestal. Porcentagem de uso do solo: A porcentagem de uso do solo é obtida através de um censo realizado no talhão em estudo. Neste caso, especificamente, o resultado é obtido através da análise de todo o talhão, diferentemente dos outros resultados que são obtidos através da parcela circular. Para se obter este resultado é necessário identificar as copas de cada árvore e realizar uma contagem
Revista da Madeira
das mesmas. Em seguida, é possível estimar a área ocupada pelas árvores identificadas através do espaçamento utilizado durante o plantio. A relação entre a área ocupada por árvores vivas identificadas no mosaico e a área total do talhão representa a porcentagem de utilização do solo disponível para plantio no talhão de produção em estudo. A imagem obtida através do mosaico de fotografias obtidas por VANT apresenta nível de detalhes que permitem a utilização de técnicas para análises rápidas e precisas de indicadores de qualidade utilizados para monitoramento de plantio. Com isto, é possível obter resultados importantes para determinação de planos de ação em casos em que a produti-
vidade possa ser comprometida, reduzindo eventuais problemas de produção de madeira e abastecimento das fábricas consumidoras.
Além disso, a possibilidade de acoplar câmeras adicionais no avião permite que outras informações sejam obtidas além das bandas RGB utilizadas , tais como: imagens tér-
micas e reflexão de infra-vermelho, fazendo com que a viabilidade de utilização do VANT tenha uma tendência de utilização crescente em empresas do setor florestal. Para os objetivos adotados, a utilização de modelos automáticos de processamento de imagens obtidas pelo VANT proporcionou resultados satisfatórios para utilização em tomadas de decisão da equipe responsável por atividades silviculturais, confirmando o potencial desta ferramenta como recurso para monitoramento do cultivo de eucalipto. RM Guilherme Rodrigues de Pontes guilherme.pontes@ipaper.com
Thiago Ubiratan de Freitas thiago.freitas@ipaper.com
Monitoring of eucalyptus plantations through remote sensing
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razilian paper and cellulose market is largely important for domestic economy: over 750,000 direct and indirect jobs in 18 Brazilian states and exports exceeding US$ 8 billion. The main crop used by the sector’s industries is eucalyptus, which occupies 5.5 million hectares nationwide. Brazil has the largest output in this kind of plantations, as attributed to eucalyptus adaptation to the country’s edaphoclimatic conditions, genetic gains, and forestry management improvements. In order to manage operational aspects, including uniformity of plantations, survival rate, alignment, among others. Constant production monitoring is necessary to ultimately help make decisions on forestry operations. Such monitoring is carried out to
identify situations that may lead to underproductivity. In that connection, the use of technological resources has gradually increased. The use of drones
for agricultural purposes began in the 1980s in Brazil. With resources that display HD images excelling images from traditional satellites, drones are potential auxiliary tools to create productivity maps in different types of
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plantations. A research proved potential use of drones to monitor failures, spacing, plantation homogeneity, and potential use of soil in areas designated for eucalyptus plantations. The image obtained from drone photos shows details helpful to use techniques to conduct rapid and accurate analyses of quality indicators used for plantation monitoring. Now it is possible to obtain results that are important to map out action plans when productivity is at stake, thus reducing potential issued of wood production and supply for consuming factories. Add to this, the possibility to attach additional cameras to drones help us obtain data beyond RGB bands like, thermal and infrared images, which makes the use of drones be increasingly used in forestry companies. RM
Notas
LPF estimula crescimento sustentável da atividade florestal
Revista da Madeira
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pode ser utilizada para fazer seu tampo, assim como a Andiroba pode servir para construir o braço do instrumento. Mas não é só nesse campo que o Laboratório atua. Ele conta com sete áreas de pesquisa, que vão desde a anatomia da madeira até a biodegradação e preservação, passando pela secagem, engenharia e energia. O trabalho do LPF alia o mercado madeireiro e seus interesses econômicos com a proteção ambiental, promovendo o uso da madeira de origem legal, desenvolvendo mecanismos de controle e monitoramento da madeira, além da elaboração de protótipo de unidade habitacional para beneficiar populações na região da Amazônia. Tudo realizado com embasamento científico e utilização de alta tecnologia Executor de um dos componentes do Projeto de Gestão Florestal para a Produção Sustentável na Amazônia, o LPF tem realizado desde 2014 estudos a fim de identificar formas de aproveitamento dos resíduos gerados a partir da atividade de manejo florestal sustentável. A intenção é evitar o desperdício, uma vez que 60% da madeira extraída na região amazônica são galhadas e resíduos que não são aproveitados durante o processamento, além de dar viabilidade econômica e fins comerciais, de forma a gerar benefícios sociais e o desenvolvimento de populações rurais do interior da Amazônia. RM
busca por novas espécies de madeiras para substituir aquelas ameaçadas de extinção é um dos trabalhos realizados pelo Laboratório de Produtos Florestais (LPF) que, por meio de pesquisas e experimentos, apresenta soluções tecnológicas para o aproveitamento de produtos madeireiros e seus resíduos de modo sustentável. Criado em 1973, o LPF faz parte do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e é um dos principais centros de estudo de madeiras tropicais do país. “É um laboratório importante por produzir conhecimento científico sobre as espécies florestais nativas do Brasil, não só para sua proteção como também para o uso comercial”, diz Celso Saletino Schenkel, chefe do Laboratório. Com base nos resultados das análises geradas podem ser identificadas espécies madeireiras alternativas que podem ser usadas, por exemplo, na indústria moveleira e na fabricação de instrumentos musicais, permitindo que se reduza a pressão sobre espécies nativas tradicionais, como o ipê, o pau -brasil e o mogno. Para se ter uma ideia as características e propriedades de mais de 300 tipos diferentes de madeiras já foram avaliadas, sendo comprovada a possibilidade de substituir as tradicionalmente utilizadas para a construção de violão, mantendo a mesma qualidade física e sonora. Nesse caso, a árvore Morototó
Cresce uso de resíduos de madeira para geração de energia
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produção de eletricidade a partir de resíduos de madeira tem se tornado uma das alternativas em Mato Grosso em detrimento de outras fontes mais poluentes. A fonte - que entra no aspecto biomassa - é completamente limpa e são cerca de 17,2 mil MWh produzidos no Estado que servem para abastecer pequenos empreendimentos. São utilizados no processo madeira em tora, serragem, briquetes de madeira e cavacos que são queimados para serem transformados em energia elétrica. O potencial de utilização é reflexo dos mais de 6 milhões toneladas de madeira produzida em Mato Grosso. De acordo com o Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica e Gás de Mato Grosso (Sindenergia), atualmente quatro usinas que utilizam a matéria prima para a produção de energia estão em funcionamento. São elas as usinas UTE (Usina Termelétricas de Energia) de Araguassu, localizada em Porto Alegre do Norte, que produz 1,2 mil MWh; a usina Egídio, em Juruena, que produz 2 mil MWh; a usina Primavera do Leste, situada no município homônimo, que produz 8 mil MWh e usina Sinop, também na cidade de mesmo
nome, que produz 6 mil MWh. O Balanço Energético de Mato Grosso aponta que entre os derivados da biomassa, a lenha e o carvão vegetal representaram, em 2014, 17% dos energéticos consumidos. Indice que esta subindo até este ano O pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Planejamento Energético (Niepe) Ivo Leandro Dorileo, coordenador do Balanço Energético, explica que essa é uma fonte considerada inovadora em Mato Grosso. “É uma matéria prima que no passado era descartada quase que integralmente. Sem contar nos casos em que ela era armazenada em grandes galpões e o risco de um incêndio de grandes proporções eram muito altos, como já aconteceu no Estado”, argumentou. Ivo lembra que a produção ainda é considerada pequena, mas que a tendência é que o trabalho no setor aumente nos próximos anos. O Balanço Energético pontua que o consumo de resíduos de madeira e outros para produção de energia, como casca de arroz e carvão vegetal, vem aumentando a sua participação à taxa média de 4,1% ao ano. RM
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Notas
A árvore que sempre se inclina em direção ao equador
Revista da Madeira
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Guia gratuito ensina a germinar 100 espécies nativas
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om linguagem acessível e repleto de informações, o Instituto Refloresta publicou um material que pode ajudar quem quer se aventurar no mundo das sementes florestais. O guia é especialmente recomendado para viveiristas, produtores de sementes, técnicos e estudantes. O manual apresenta técnicas para tratamentos pré-germinativos de sementes florestais que ocorrem em formações vegetais: Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila
Mista, Floresta Estacional Decidual, Floresta Estacional Semidecidual e Cerrado. A ideia é contribuir para a qualidade e a diversidade de espécies em ações de restauração florestal. Além disso, quando se fala em espécies nativas, as chances de obter sucesso com a muda são muitos maiores. Isso porque essas plantas vão crescer naturalmente pelas condições de clima, hidrologia, topografia e solo, uma vez que já estão adaptadas com a fauna local. RM
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Araucaria columnaris, conhecida como pinheiro-decook, é natural do arquipélago de Nova Caledônia, no Pacífico - e parece sempre se voltar às suas origens. A espécie, da família das coníferas, é conhecida por seu formato estreito e alongado - ela chega a alcançar 60 metros de altura. Mas não é sua aparência delgada que tem chamado a atenção de cientistas, e sim a curiosa inclinação de seu tronco. Pesquisadores já haviam notado que essa árvore se inclina a um peculiar ângulo de 8,55°. Agora, porém, descobriram algo ainda mais interessante: a direção depende do hemisfério em que o exemplar se encontra. Os pinheiros-de-cook do hemisfério Norte, por exemplo, pendem para o sul, enquanto os do hemisfério Sul fazem exatamente o contrário. A descoberta se deu por acaso, quando o biólogo Matt Ritter, professor da Universidade Politécnica do Estado da Califórnia, nos EUA, estava redigindo uma breve descrição da espécie para um livro. Quanto mais longe do equador, maior é a inclinação. Os cientistas e estudaram o comportamento de mais de 250 pinheiros-de-cook em 18 lugares espalhados pelos cinco continentes, e em diferentes latitudes. Uma das conclusões foi de que, em média, o ângulo de fato é de 8,55°. Mas eles também notaram que, quanto mais afastadas as árvores estavam da linha do equador, maior era a inclinação. Em um dos espécimes estudados na Austrália, por exemplo, chegava-se a um ângulo de 40°. De acordo com os cientistas responsáveis pelo estudo, é possível que o comportamento peculiar dessa espécie seja explicado por sua genética ou se trate de uma adaptação para que a planta possa aproveitar ao máximo a luz do sol em regiões com latitudes mais elevadas. RM
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Taninos florestais auxiliam no tratamento de água
Revista da Madeira
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integração de alternativas renováveis em processos, está se tornando cada vez mais comum nas cadeias de produção. Uma das fontes de poluição da água está justamente no tratamento. As etapas que visam à clarificação da água - coagulação e floculação, são realizadas mediante o uso de produtos químicos como o sulfato de alumínio e o cloreto férrico, que quando utilizados em excesso, permanecem na água em grande concentração, o que pode causar problemas à saúde. O principal malefício em usá-los é a formação do lodo após a decantação. Esse lodo formado por flocos de coloides, é composto por diversos microorganismos além resíduos químicos, que são descartados em rios e lagos sem passar por qualquer tratamento. O uso de produtos biodegradáveis com características de coagulante tornase então uma estratégia extremamente desejável no tratamento da água e uma dessas alternativas são os taninos vegetais. Os taninos são compostos químicos de natureza fenólica, representando o segundo maior grupo de compostos fenólicos presentes nos vegetais, ficando atrás apenas da lignina. O tanino é um extrativo muito utilizado na indústria farmacêutica e alimentícia e com grande potencial de
uso na produção de adesivos pelas indústrias de painéis de madeira. Atualmente, o que tem se destacado é a sua utilização como coagulante natural no tratamento de água, assunto abordado pela Eng. Florestal Thaís Brito Sousa na sua dissertação, desenvolvida na Universidade Federal de Lavras -MG. No trabalho foram utilizados os taninos de espécies florestais nativas do cerrado - Tachigali aurea, Anadenanthera peregrina e Stryphnodendron adstringens, extraídos a partir da casca, sendo estas em muitos casos consideradas como resíduos. Segundo a Engenheira “Poucos são os estudos direcionados ao potencial do uso de taninos de espécies brasileiras para o tratamento da água, principalmente espécies do cerrado que têm como característica a grande produção de cascas. O que também é uma forma de agregar valor, além de tornar uma fonte de renda muito interessante. Os taninos praticamente não alteraram o pH da água bruta, o que é uma característica desejada no tratamento da água para abastecimento”. Apesar de ser um produto biodegradável e ser obtido a partir de resíduos da indústria a baixo custo, um grande desafio ainda é detalhar sua estrutura e conseguir obter um sistema totalmente adequado para a extração desse produto.
Marceneiro constrói Réplica de um Citroën em madeira
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m Citroën 2CV feito totalmente de madeira está nos processos finais de ser aprovado para finalmente poder trafegar na rua. Ele foi feito por Michel Robillard, um marceneiro apostado que passou seis anos montando o carro em seu ateliê em Loches, na França. Mais do que só uma réplica de um dos carros mais populares do século passado na França, o carro realmente funciona. De acordo com Robillard, ele pretende colocar o carro em exposição em alguma galeria de arte após algum tempo. Ele diz que já até recebeu ofertas de pessoas que gostariam de comprar o carro. Todo o veículo é feito de madeira, inclusive o painel,
volante e assentos. Isso não foi tão difícil de fazer, já que o interior é bem simples, assim como o do modelo original. Robillard estima que sua réplica receberá autorização para trafegar nas ruas até o meio do ano. RM
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Universidade Federal de Viรงosa
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Aumento na produtividade é uma tendência irreversível no setor
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dores de Florestas de Mato Grosso do Sul. O motivo dessa retração seria a paralisação da indústria e do mercado siderúrgico no país devido a grave crise econômica que alterou a rotina e o consumo do brasileiro. Essa retração derrubou o preço do metro cúbico da madeira em pé. De acordo com a Reflore, os produtores poderiam estar comercializando o produto à até R$ 60 reais o metro cúbico, mas atualmente esse valor é baixo. Em alguns casos, essa realidade não é suficiente para cobrir os custos de produção da área plantada. Para se ter uma ideia da dimensão e da importância desse cenário, só para o abastecimento do Projeto Horizonte 2 da Fíbria, serão necessários 187 mil hectares de florestas plantadas em áreas próprias, arrendamento e parcerias. A empresa já conta, hoje, com excedente de 132 mil hectares plantados ou sob contratos de plantio, e estuda todas as possibilidades e avaliar as questões de distância, produtividade da área, entre outros quesitos. A base florestal da Fibria é formada por raio médio de 100 quilômetros da floresta à fábrica, o que confere diferencial competitivo, e ganho ambiental no transporte de madeira. A empresa que tem sede em Três Lagoas, tem como meta de longo prazo reduzir em um terço a área necessária para a produção de celulose aumentando a produtividade de 10 toneladas de celulose/hectare/ano, em 2011, para 15 toneladas/hectare/ano, em 2025, por meio de técnicas convencionais de melhoramento genético, melhoria da gestão florestal e aumento da produtividade industrial. A proposta é produzir mais em menos espaço. Nesse contexto, a Fibria orienta e incentiva o múltiplo uso das florestas plantadas de eucalipto, a diversificação das atividades agrícolas, a geração de renda em regiões onde a Fibria atua e, principalmente, a qualidade de vida das pessoas inseridas nesse contexto. Dentre as principais iniciativas da empresa, está o Programa Colmeias e o Programa de Desenvolvimento Rural e Territorial (PDRT). Programas que são fortalecidas por meio de outras empresas parcerias que apoiam o desenvolvimento social e econômico das comunidades. No Mato Grosso do Sul, atualmente o programa beneficia mais 900 famílias. Com a segunda linha de produção da Fibria em Três Lagoas, o programa irá ampliar sua atuação. RM
ssim como acontece na lavoura e na pecuária onde para aumentar a produtividade e o ganho por hectare é preciso investir em novas tecnologias, os produtores que decidiram investir no plantio de floresta de eucalipto terão de se adequar à realidade do setor que até bem pouco tempo se mostrava como a grande alternativa econômica à quem dispunha de terra para plantio. Os estudos e as tendências do mercado começam a indicar que será preciso produzir mais em menos espaço para manter as perspectivas de ganho com a exploração da madeira. Com quase um milhão de hectares plantados, o Mato Grosso do Sul pode estar chegando no limite de área plantada não por falta de espaço, mas sim pelo excesso de oferta do produto. Tem muito eucalipto sendo oferecido no mercado e isso deve se tornar um limitador à essa alternativa que já mudou o comportamento e a realidade econômica de cidades inteiras. O consumo por papel no mundo é crescente e neste cenário, o Brasil tem registrado um crescimento constante e a consolidação de sua importância no contexto mundial, em termos de produção de celulose e papel. Dados recentes mostram que o Brasil é hoje o 4º maior produtor mundial de celulose e o 11º maior produtor de papel e papelão. Mato Grosso do Sul conta atualmente com 920 mil hectares de plantação de eucalipto. A projeção da Reflore-MS e Famasul é de que o Estado chegue a 1 milhão de hectares até o fim do ano – nos últimos 10 anos o crescimento médio da área plantada de florestas em Mato Grosso do Sul foi de 22%, segundo o Ibá, (Indústria Brasileira de Árvores). Em 2012, os investimentos do segmento florestal no Estado totalizaram R$ 830 milhões, incluindo investimentos industriais, implantação de plantios florestais e melhoria de infraestrutura de apoio. Os investimentos previstos para o período de 2014-2025 estão estimados em R$ 20 bilhões, contemplando instalação e expansão de unidades industriais e estabelecimento de plantios florestais no estado. Apesar das boas perspectivas, o mercado vem reagindo de forma lenta e o cenário chega a ser desanimador. Pelo menos essa é a percepção da Reflore, A Associação dos Produtores e Consumi-
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Mata Atlântica O desmatamento na Mata Atlântica cresceu 57,7% em um ano, entre 2015 e 2016, quando o bioma perdeu 29.075 hectares, o equivalente a mais de 29 mil campos de futebol. O número foi apresentado pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). No período anterior (2014-2015), o desmate no bioma havia sido de 18.433 hectares. Segundo a diretora executiva da SOS Mata Atlântica, Marcia Hirota, há 10 anos a área, que se espalha por 17 estados, não registrava um desmatamento dessas proporções. No período de 2005 a 2008, a Mata Atlântica perdeu 102.938 hectares de floresta, ou seja, média anual de 34.313 hectares a menos. Em 2015-2016, a Bahia foi o estado onde houve mais desmatamento, com 12.288 hectares desmatados, 207% a mais que no período anterior, quando foram destruídos 3.997 hectares de vegetação nativa. Bom negócio Desde o Acordo de Paris, a urgência em combater as mudanças climáticas desencadeou uma corrida global para reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE). Setores intensivamente emissores - como industrial, energético, agrícola e de transportes - têm o desafio de descarbonizar sua produção. Entre 2006 e 2014, a redução localizada na Amazônia evitou que mais de 5 bilhões de toneladas de CO2 chegassem à atmosfera - iniciativa que criou, talvez, a maior contribuição mundial na emissão de GEE até hoje. Para manter essa liderança, o país precisa aplicar no uso planejado e sustentável dos recursos florestais. Estima-se que o valor para se atingir as metas nacionais no Acordo de Paris gire em torno de US$ 26 bilhões até 2030. Florestas Um grupo de cientistas descobriu uma área de floresta estimada em 9 % a mais do que se pensava. A descoberta deste patrimônio natural se deu através de imagens de satélite. A pesquisa foi publicada na revista Science, o que revela que existem florestas em terras secas, locais onde a precipitação é compensada pela evaporação das superfícies e pela transpiração nas plantas. O estudo oferece uma reavaliação das florestas existentes em áreas secas do planeta, incluindo 467 milhões de hectares (1.100 milhões de acres) de florestas “que nunca foram relatados antes.” É cerca de dois terços do tamanho da Amazônia. Essas novas florestas estão espalhadas por todo o mundo, mas juntas, é como descobrir uma “segunda Amazonas. ILPF O agronegócio brasileiro possuía, em
2015 uma área de 11,5 milhões de hectares onde a produção agropecuária se deu por meio de sistemas integrados, envolvendo pecuária, agricultura e também o plantio de floresta. A constatação foi feita em recente pesquisa realizada pelo Kleffmann Group. A Rede de Fomento faz parte de um esforço conjunto para intensificar a adoção dos sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta por produtores rurais. O levantamento mostrou que, em dez anos, a área ocupada pela ILPF aumentou em quase dez milhões de hectares. Índia No último século, a Índia sofreu um desmatamento desenfreado que destruiu habitats selvagens, tornou a terra menos fértil e reduziu um importante sumidouro de carbono – mas o governo tem um plano para mudar esta situação. A meta é cobrir 33% do país com árvores ( hoje 21%), que captariam 2,5 bilhões de toneladas de carbono. Ao contrário do reflorestamento, onde as árvores são cultivadas em terras que recentemente foram desmatadas, o plano da Índia pede um plano de manejo que cuide primeiramente do solo, pois as áreas passaram um longo período sem árvores, ficando sem nutrientes para que as árvores cresçam saudáveis. O governo indiano disse que eles pretendem gastar USD $ 6,2 bilhões em florestação através de um Fundo Compensatório de Arborização. Açaí O processamento do fruto do açaí pode se tornar fonte alternativa de energia, combustível, fertilizantes. Estima-se que somente na Região Metropolitana de Belém existam cerca de dez mil pontos de venda de açaí, que produzem uma média diária de 200 quilos de resíduos (caroços) cada, com um volume total diário em torno de 1,6 a 2 toneladas, podendo chegar a 550 mil toneladas ao ano. De acordo com a Lei Federal dos Resíduos Sólidos, os caroços de açaí são excedentes de atividade comercial e sua coleta e destinação são de responsabilidade de seu gerador – no caso os batedores. Queimadas De janeiro a maio deste ano todos os Estados que compõem a Amazônia tiveram 5.743 focos de incêndios. Segundo relatório publicado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), só em maio foram ao todo 1.787 focos capturados pelas lentes de satélites geoestacionários. No mesmo período de 2016, foram ao todo 15.045 focos de incêndios. Os 5.743 pontos este ano representam uma redução de aproximadamente 38% no número de queimadas na região. Mato Grosso, Tocantins e Maranhão foram os que mais contribuí-
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ram para as queimadas, com respectivamente, 845, 576 e 142 focos de incêndio. Acre, Amapá e Roraima juntas tem menos que 50 queimadas registradas ao longo do ano de 2017. Bambu Um Projeto de Lei (PL 303/2012) na Câmara Municipal de São Paulo vai instituir uma política municipal para fomentar o cultivo e a produção de subprodutos do bambu, tradicional espécie da flora brasileira. O bambu é a planta de mais rápido crescimento em todo o reino vegetal. O primeiro corte pode ser feito aos três anos. É também a planta com maior capacidade de sequestrar carbono na natureza, é nativa de vários biomas brasileiros e capaz de crescer em diferentes tipos de solo. Pode ser usada ainda na recuperação de solos degradados e para elevar a permeabilidade à água. Inventário Florestal Segundo maior bioma da América do Sul, os números do Cerrado são grandiosos. Ele ocupa uma área de mais de 200 milhões de hectares no Brasil, cerca de 24% do território nacional. O bioma abriga as nascentes das três maiores bacias hidrográficas sul-americanas – Amazônica/Tocantins, do São Francisco e do Prata. Além disso, sua vegetação é considerada a savana mais rica do mundo, abrigando mais de 11 mil espécies de plantas nativas já catalogadas. Conhecer as condições das florestas existentes é fundamental para adotar políticas efetivas de recuperação e conservação dos seus recursos. A partir junho, o Inventário Florestal Nacional (IFN) está começando a coleta de dados em campo em quatro dos 11 estados com ocorrência do bioma: Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, abrangendo uma área de 70,3 milhões de hectares (34%) de Cerrado. WhatsApp e Facebook Cerca de 77% dos produtores rurais que têm acesso à internet costumam utilizar redes sociais, aponta a 7ª edição da Pesquisa Hábitos do Produtor Rural da ABMRA. Entre estes, quase a totalidade (96%) utiliza o aplicativo de mensagens instantâneas Whatsapp e 67% acessam o Facebook. A terceira rede social mais acessada é o Youtube, com 24% dos entrevistados, seguida pelo Messenger (20%), Instagram (8%), Skype (5%), LinkedIn (3%), Snapchat (2%) e Twitter (1,3%). Houve um crescimento de 30 pontos percentuais no uso dessas tecnologias nos últimos quatro anos – em 2013, apenas 47% declaravam acessar uma mídia social. O levantamento da ABMRA entrevistou, ‘in loco’, nada menos que 2.835 agricultores de 15 estados de todas as regiões do Brasil.