Revista da Madeira - Edição nº 145

Page 1



O

Expediente

Sumário / Summary

setor de base florestal passa por um momento de transição. Por um lado o mercado interno, diante de uma crise econômica e política, sofre com o aumento de custos na energia, no transporte (combustíveis) e queda no consumo, o que acaba geran-

do uma grande oferta interna. Por outro lado, as exportações começam a ganhar volume, impulsionadas pelo câmbio favorável. Entretanto o setor deve observar que existe um excesso de produção mundial, queda do preço em dólar, redução do PIB chinês e diminuição do consumo por alguns produtos. Assim a indústria da madeira deve se preparar para bons resultados com a oferta ao mercado externo. Levando em conta, entretanto, a necessidade de procurar novos nichos de mercado internacional,

adequando sua produção; buscar preços mais atrativos; investir em qualidade, tornando-se mais competitivo, e pesquisar mercados alternativos para negócios. Diante deste quadro, o ano de 2016 poderá mostrar uma compensação entre mercado interno e externo. A indústria, contudo, deve se preparar para a nova retomada às exportações. Ações de marketing internacional e melhoria na qualidade são fundamentais para conquistar novos clientes. A transição é rápida e exige agilidade das empresas. Agora é apostar para continuar crescendo. Clóvis Rech Editor Responsável

04

EXPORTAÇÕES

36

COLAGEM

10

PAINEL CLT

38

PRODUÇÃO Uso de resíduos de eucalipto

20

ECONOMIA FLORESTAL

44

MADEIRA TROPICAL

26

PAINEL LVL

48

EUCALIPTUS

31

51

BAMBU

USINAGEM

EXPEDIENTE Editor: Clóvis Rech Capa: Conceyção Rodriguez Edição de Arte e Produção www.crdesign.com.br crdesign@crdesign.com.br

A Revista da Madeira é uma publicação da Lettech Editora e Gráfica Ltda, que também publica outras publicações. A reprodução total ou parcial de artigos ou matérias citados nesta edição é proibida, exceto em caso de autorização do editor.

Novo conceito com muita informação para você Para assinar a Revista da MADEIRA ou Obter maiores informações consulte-nos: To subscribe to Wood Magazine or obtain more information, please contact us by e-mail at: remade@remade.com.br Telefax 55-54 3226-4113 ou/or 55-41 3040-6540 Lettech Editora e Gráfica Ltda. Escritório: Curitiba PR - Fone/fax (41) 3040-6540 Escritório RS - Fone/fax (54) 3226 4113 remade@remade.com.br - www.remade.com.br

3

Visite nosso site

www.remade.com.br Edição 145

Editorial

Revista da Madeira


Revista da Madeira

to de combustíveis, energia e outros ítens acabou gerando uma grande oferta interna, com queda no consumo, Isso gerou uma maior oferta de produtos ao exterior. Lá fora a concorrência é maior e as indústrias precisam estar preparadas. A alternativa é encontrar novos nichos de mercado que ofereçam preços atrativos e investir em qualidade, o que nos torna mais competitivos. Esta situação de perspectivas favoráveis ás exportações de produtos de base florestal terá um impacto positivo no conjunto da economia setorial Com a desaceleração da economia brasileira, muitas empresas que estavam operando exclusivamente no mercado doméstico com um nível de ociosidade bastante elevado estão agora redirecionando sua produção para atender o mercado externo. O setor de base florestal é responsável no Brasil por cer-

O

ano de 2015, embora tenha terminado com indicadores favoráveis no câmbio, teve inúmeras variáveis que se refletiram no desempenho das indústrias como um todo. Mesmo assim o Brasil bateu recorde nas exportações de produtos de base florestal - madeira, móveis, papel e celulose -, chegando ao final do ano com um total exportado em conjunto US$ 10,35 bilhões, o que representou um aumento em relação as exportações do ano anterior ( US$ 9,98 bilhões) Cada segmento tem suas peculiaridades de mercado. No caso de produtos de madeira o ano de 2015 teve alguns desajustes como o aumento de custos internos, excesso de produção mundial, queda do preço em dólar, redução do PIB chinês e diminuição do consumo por alguns produtos, conforme argumenta o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), José Carlos Januário. A crise econômica e política interna, aliada ao aumen-

ca de 4,5 milhões de empregos de forma direta e indireta. As florestas plantadas ocupam 7,6 milhões de hectares, menos de 1% da área produtiva do país, mas fica em terceiro lugar no saldo da balança comercial, atrás dos complexos soja e carne. Da área de florestas plantadas 72% são plantios de eucalipto e 20,7 de plantios de pinus. O produto

4


interno bruto setorial é da ordem de US$ 56 bilhões, o que representa 1,2% de toda a riqueza gerada pelo país e cerca de 24% do valor adicionado ao

PIB pelo setor agropecuário. No caso das exportações de madeira, chegaram a US$ 2,27 bilhões em 2015, volume muito próximo ao mes-

mo período de 2014, quando atingiu US$ 2,24 bilhões. Mesmo ainda distante dos níveis anteriores a crise , como em 2007, quando atingiu US$ 3,3 bilhões, já mostra uma reação, que deve continuar ao longo de 2016. Os itens de móveis entretanto sofreram uma queda . Em 2015 totalizaram US$ 462 milhões, diferente do volume de 2014, quando chegou a US$ 524 milhões Já o setor de papel e celulose manteve-se em alta . As exportações totalizam US$ 5,60 bilhões em celulose e US$ 2,02 bilhões em papel, o que totalizou US$ 7,62, , o que representou um aumento de 6% em relação ao volume exportado no ano anterior, de US$ 7,22 . A variação negativa veio do itens móveis. Somente no item móveis madeira o volume exportado em 2015 chegou a US$ 462 milhões, bem abaixo dos US$ 524 exportados no ano anterior. Nas exportações de madeira boa parte dos itens de maior valor agregado aumentaram , incluindo painéis, artefatos de madeira, portas e janelas. As vendas externas de madeira compensada chegaram a US$ 482 milhões, re-

Exportação

Revista da Madeira


Exportação

Revista da Madeira

presentando um aumento de 3% em relação ao ano anterior; a madeira serrada atingiu US$ 455 milhões em vendas externas, com um aumento 7% em relação ano anterior, e a madeira perfilada totalizou US$ 482 milhões, uma queda de 7%. Somente em compensado de pinus, em 2015, foram embarcados pouco mais 1,4 milhão de m³ , um aumento de 13,9% em relação ao ano anterior. Conquistando inclusive mercados como a China. A madeira serrada de pinus, registrou um aumento de 31,4 % em relação ao volume físico embarcado em 2014, alcançando, em 2015, 1.304.305 m³. O crescimento se deve, entre outros fatores, a uma significativa melhora do processo produtivo nacional com investimentos que permitiram aumentar a capacidade de escala da produção. Outro segmento que aumentou o volume exportado foi o de portas, com 8% a mais, comparado a 2014, mantendo a média de embarques registrados nos últimos anos. Os Estados Unidos respondem por 65 % das exportações nacionais. Também pisos maciços obteve bons resultados em 2015 graças à exportação e ao câmbio, com um aumento de 18% do volume exportado, quando comparado a 2014. Em volume itens como painéis de madeira, teve aumento de 24% ( US$ 43 milhões ); portas e janelas com crescimento de 4,5% ( US$ 274 milhões); e artefatos de madeira com incremento de 37% (US$ 3,4 milhões ). Aumento de 26,9% nas vendas de painéis de fibra (US$ 172 milhões ). O maior estado exportador dos itens de madeira continua sendo o Paraná, com US$ 901 milhões , vindo a seguir Santa Catarina, com US$ 595 milhões , e o Pará, com US$ 243 milhões. Dos paises importadores os Estados Unidos continuam sendo o principal comprador, com US$ 851 milhões , um aumento de 4% em relação ao ano anterior (US$ 819 milhões ) .O México assumiu o segundo lugar em compras , com um total de US$ 142 milhões,. O Reino Unido se manteve como terceiro mais importante mercado, com US% 102 milhões. Na sequência vem Bélgica ( US$ 97 milhões), Japão ( US$ 94 milhões) e Alemanha ( US$ 85 milhões) No segmento de móveis as ex-

6



Exportação

Revista da Madeira

em US$ 162 milhões e Paraná, com US$ 58 milhões. O maior mercado comprador continua sendo os Estados Unidos, chegando a US$ 104 milhões em 2015, aumentando em 11% em relação ao ano anterior. O Reino Unido é o segundo maior importador, com US$ 82 milhões. A grande quada veio dos países da América Latina, onde quase

portações não reagiram. Pelo contrário apresentaram queda. Em 2015 as vendas externas do setor no item móveis de madeira atingiram US$ 462 milhões, valor 11,6% menor que os US$ 524 milhões conquistados no ano anterior. O estado de Santa Catarina é o maior exportador, totalizando US$ 193 milhões vendidos ao exterior. Rio Grande do Sul , fechou negócios

todos tiveram redução. Peru importou US$ 36 milhões ( -1,6%), Uruguai, US$ 26 milhões ( -14%) O segmento de papel de celulose é o mais expressivo em valor, com exportações de US$ 7,62 bilhões em 2015, o que representou um acréscimo de 5,9% sobre o ano anterior. O item pasta e celulose atingiu US$ 5,60 bilhões, e papel e papelão somaram US$2,02 bilhão. Nas exportações de celulose a Bahia é a maior exportadora, com US$ 1,3 bilhão, e o Mato Groso do Sul exportou US$ 1,02 milhão e o Espírito Santo chegou a US$ 1,08 bilhão. Já em papel e papelão São Paulo exportou US$ 957 milhões, e o Paraná US$ 583 milhões. Como países importadores de celulose a China continua sendo a maior importadora, com US$ 1,86 bilhão comprados em 2015 .Os Estados Unidos importaram US$ 983 milhões Já nos países importadores de papel e celulose a Argentina continua sendo a mais importante com US$ 400 milhões em 2015 ( aumento de 4%) , vindo a seguir os Estados Unidos, com US$ 279 milhões. RM

The sector’s exports hit records in 2015

I

n 2015, Brazil hit all records in export of forest products - wood, furniture, paper and cellulose - totaling $ 10.35 billion. Some internal problems have limited a best result. The economic crisis and domestic policy, coupled with rising fuel, energy and other items has led to a large domestic supply, a decline in consumption, creating a greater supply of products abroad. The brazilian competition is greater and industries need to be prepared. The alternative is to find new niche markets that offer attractive prices and invest in quality, which makes us more competitive. The brazilian forest sector are responsible for about 4.5

million directily and indirectily jobs. The occupancy of Planted forests are 7.6 million hectares, less than 1% of the productive area of the country, but is the third in the trade balance, behind the soy and meat complex. The planted forests area are 72% eucalyptus plantations and 20.7 of pine plantations. The sectoral gross domestic product, is around US $ 56 billion, that represents 1.2% of all the wealth generated by the country and about 24% of the value added to agriculture GDP. In woods exports, reached $ 2.27

8

billion in 2015, the volume was very close to the same period in 2014, when it reached US $ 2.24 billion .. The furniture items suffered a fall. In 2015 it totaled $ 462 million, different from the 2014 volume, when it reached US $ 524 million. But the paper and pulp sector remained high. Exports totaled US $ 5.60 billion in cellulose and $ 2.02 billion on paper, which totaled US $ 7.62, representing an increase of 6% compared to the volume exported in the previous year, totaling US $ 7.22 billion. RM



Revista da Madeira

painéis CLT estabelece essa capacidade através de elementos contínuos planos (paredes) garantindo assim uma grande rigidez e robustez. Estes painéis de grande dimensão executam paredes, pisos e coberturas acumulando funções estruturais, sendo entregues em obra nas dimensões finais de projeto e prontos para a respectiva montagem, num processo de total pré-fabricação. Todas as aberturas para portas, janelas e outros vãos são executadas em fábrica com tecnologia de corte CNC, deixando para a obra somente as pequenas furações e roços para redes de infraestruturas técnicas. A dimensão máxima dos painéis está geralmente limitada aos meios de transporte, com um comprimento máximo de 13,5m e uma largura máxima de 2,95m. A espessura depende da

A

construção com painéis maciços de madeira laminadacolada cruzada, CLT (cross laminated timber) representa hoje em dia um dos mais recentes e modernos sistemas construtivos em Engenharia e Arquitetura. Os painéis CLT são fabricados com laminas de 20 a 40 mm de espessura, justapostas em camadas com orientação perpendicular, formando painéis de grandes dimensões capazes de executar paredes, pavimentos ou coberturas, acumulando funções estruturais, de compartimentação e de revestimento. Este tipo de painéis possui características mecânicas (resistência e rigidez no seu plano e no plano perpendicular), físicas (condutibilidade térmica e massa volumétrica) e ambientais (material natural) que potenciam uma utilização alternativa aos tradicionais sistemas construtivos, sem qualquer limitação de desempenho aos níveis estrutural, termo-higronométrico e de sustentabilidade ambiental. Do ponto de vista estrutural, ao contrário dos sistemas porticados, baseados na transferência de cargas até à fundação por elementos lineares (vigas e pilares), o sistema construtivo com

especificação de projeto (estabilidade, resistência ao fogo, isolamento térmico e acústico), iniciando-se nos 57mm (3 estratos) e alcançando geralmente os 250mm (8 estratos). O início de produção industrializada destes painéis remonta ao final da década de 90, na Áustria, Alemanha e Suíça, havendo desde então inúmeros projetos de edifícios (habitação, industrial, desportivo, comércio ou hoteleiro), executados neste sistema construtivo. Os mais significativos, dizem respeito a edifícios de vários pisos, tendo sido um dos mais relevantes executado em Londres com 8 pisos, totalmente em estrutura de madeira com painéis X-Lam . Após alguns anos de desenvolvimento na Europa, esta tecnologia começou há pouco tempo a ser igualmente utilizada na América do Norte, Japão e Austrália. Em Portugal, a maior obra construída até ao momento foi executada em Almada,

10


com um edifício para piscina e uma sala polivalente. O edifício compreende uma nave com um tanque de 25 m e uma sala polivalente contígua com 213 m². A característica principal do edifício foi a utilização massiva de madeira na estrutura, através de painéis X-Lam, tirando partido da sua tripla função: estrutura, compartimentação e revestimento. As condições do edifício com forte higrometria interior foram adequadamente estudadas, limitando a existência de madeira à vista aos locais com condições compatíveis para a Classe de Serviço 2. Nos banheiros, as paredes de madeira foram impermeabilizadas e revestidas nas zonas dos chuveiros, devido ao contato direto com água, conservando-se os tetos com madeira à vista. Nas zonas de vestiário mantêm-se as faces à vista nas paredes. No piso da sala polivalente os painéis X-Lam executam uma laje fungiforme, apoiando-se pontualmente em pilares metálicos dispostos segundo uma métrica regular quadrada de 6 m de lado. O mesmo

painel, fica visível pelo exterior no teto e pelo interior no piso. Na nave da piscina ,

os painéis X-Lam realizam a cobertura, suportando num vão de 6,35m uma sobre-

carga de 0,8 kN/m2 (valor característico) e painéis solares térmicos. A Figura 3 apresenta uma moradia unifamiliar, sendo o primeiro edifício em painéis X-Lam em Portugal. O edifício possui 260 m2 de construção, tendo consumido 89 m3 em painéis de madeira X-Lam. A estrutura de madeira, constituída por todas as paredes interiores e exteriores, laje de cobertura e pavimento intermédio, foi executada em 5 dias por uma equipa de 4 carpinteiros. As paredes exteriores possuem um sistema de isolamento térmico em ETICS (External Thermal Insulation Composite System), colado aos painéis. Pelo interior, na generalidade das situações, as paredes foram revestidas com placas de gesso cartonado. Sobre os painéis de cobertura foram aplicados painéis de isolamento térmico em PIR, sendo a impermeabilização em tela de PVC. O esquema da Figura 4 ilustra as opções tomadas no projeto quer para a ligação entre painéis de piso, quer para a união entre painéis de parede e piso. As fixações foram baseadas em liga-

Painéis

Revista da Madeira


Revista da Madeira

Painéis

ções diretas aparafusadas recorrendo-se nas paredes do piso superior a placas angulares, posteriormente ocultáveis com os revestimentos de piso. Este sistema de ligação confere à estrutura a capacidade de carga e deformação plástica compatíveis com os pressupostos da análise estrutural. A colocação das fitas betuminosas nas juntas entre painéis visou garantir um melhor comportamento térmico, o corte acústico e a estanquidade ao ar. Na generalidade dos casos, sempre que as paredes ou pisos são revestidos, as instalações técnicas são realizadas de forma usual sem necessidade de especiais requisitos técnicos. Sempre que haja necessidade de abertura de rasgos, o seu traçado deverá ser cuidado e analisado considerando questões de natureza estrutural e acondicionamento acústico (Figuras 5 e

6). Nas paredes estruturais, os rasgos devem ser abertos na direção vertical (direção estrutural principal), deixando uma distância mínima de segurança de 10cm ao topo lateral. Sempre que possível, estes rasgos não deverão ser abertos em faces opostas da mesma secção transversal da parede, recomendando-se aqui uma distância mínima de 1m também por razões de conformidade do isolamento acústico. Sempre que seja necessário um acesso na perpendicular aos estratos principais, dever-se-á procurar perfurar salvaguardando os estratos principais. Nos rasgos em pisos (situação menos vulgar), aplicam-se con-

fornecidos a partir da Europa, através de contentorização e transporte marítimo. Ao centro, encontra-se também um edifício de habitação com 8 pisos, concluído em 2009 em Londres. À direita, estão um conjunto de edifícios de habitação com 5 pisos, construídos em Berlim. Na Figura 8 ilustra-se a aplicação dos painéis X-Lam na área da reabilitação de edifícios, na qual o sistema construtivo pode apresentar as seguintes vantagens: • Reversibilidade da intervenção; • Peso próprio da estrutura reduzido; • Compatibilidade com outros materiais e sistemas construtivos; • Estrutura esbelta, proporcionando

ceptualmente os mesmos cuidados que nas paredes. foto A Figura 7 ilustra alguns exemplos de construção em altura, possível através de um sistema estrutural com painéis X-Lam. No lado esquerdo encontra-se um edifício completado no final de 2012 em Melburne, na Austrália. Possui 23 apartamentos, distribuídos por 10 pisos, sendo neste momento o edifício mais alto do mundo construído em madeira elevando-se a uma altura de 32,17m. Os painéis foram

ganhos na área e altura disponíveis; • Obra seca e pré-fabricada; • Capacidade de contraventamento do edifício para efeito de reforço sísmico; • Rapidez de intervenção. Outra tipologia de intervenção no domínio da reabilitação é o acréscimo de pisos num edifício existente. Neste tipo de intervenção, o maior desafio é a interação da proposta com o existente. O repto passa normalmente pela redução das cargas na estrutura e pela utilização de processos construtivos pouco invasivos, que minimizem a produção de ruído, reduzam a produção de resíduos de construção e demolição e que permitam a manutenção do edifício em serviço durante a intervenção. Do ponto de vista sísmico, caso não exista um aumento significativo da massa do edifício (normalmente não ultrapassa os 10%), a intervenção oferece a oportunidade de dotar os edifícios antigos de um diafragma rígido no topo, melhorando assim o seu comportamento global. Na Figura 9 ilustra-se o modelo de intervenção seguido num edifício antigo com 4 pisos na baixa de Lisboa.

12


13


Painéis

Revista da Madeira

Análise Estrutural Do ponto de vista estrutural identificam-se os seguintes aspectos relevantes para o entendimento do funcionamento estrutural dos painéis X-Lam: I.A seção transversal deverá ser avaliada considerando a deformação por esforço transverso rasante (rolling shear) que ocorre nas lamelas transversais ao plano de flexão (Figura 10); II.Possibilidade de distribuição de cargas em duas direções ortogonais, considerando a configuração dos estratos e as dimensões do painel; III. Grande estabilidade dimensional, devido à restrição provocada pela colagem e disposição ortogonal dos estratos; IV. Utilização nas Classes de Serviço 1 e 2 (teor de água de equilíbrio abaixo dos 20%) e desaconselhamento na Classe de Serviço 3 (teor de água de equilíbrio superior a 20%). A Figura 10 apresenta esquematicamente os diagramas de tensões esperados na secção transversal de um painel X-Lam.

Ao centro está representada a evolução das tensões normais, sendo notória a ausência de rigidez de flexão nos estratos transversais. À direita, na representação das tensões de corte, distinguem-se as tensões de corte somente com componentes perpendiculares ao fio (corte rasante) e as tensões de corte ‘normais’ que possuem componentes perpendiculares e paralelas ao fio da madeira. A deformação provocada pelo esforço transverso rasante nos estratos ortogonais à direção principal de flexão (distorção das lamelas) corresponde a um escorregamento relativo entre os estratos longitudinais, com a consequente perda de rigidez de flexão. O comportamento dos edifícios de madeira com painéis X-Lam face à ação sísmica é amplamente reconhecido, tendo sido, por exemplo, o sistema escolhido para a reconstrução da cidade de L’Aquila, em Itália, após o sismo de 2009. Os princípios orientadores que regem o bom comportamento sísmico deste sistema construtivo assentam nos seguintes valores: simplicidade estrutural, redundân-

14

cia estrutural, ação de diafragma ao nível dos pisos e das paredes, massa reduzida (menor força de inércia), rigidez elevada e capacidade de dissipação de energia nas ligações metálicas. As paredes de madeira constituem-se assim como elementos sísmicos primários de contraventamento e resistência às forças laterais, ligados por diafragmas rígidos ao nível dos pisos. Ensaios sísmicos realizados em edifícios à escala real comprovam o excepcional desempenho deste sistema construtivo sob uma ação sísmica intensa e repetida. Diversos trabalhos publicados reportam a integridade da estrutura face a várias réplicas de sismos de grande intensidade. Figura 11 ilustra a dissipação histerética de energia que ocorre principalmente em zonas especificamente projetadas para o efeito, designadas por zonas dissipativas ou zonas críticas. Nos sistemas com painéis de madeira este comportamento é conseguido exclusivamente nas ligações entre painéis, mas especialmente na ligação à base de fundação. Conforme exigência os elementos de madeira devem permanecer em regime elástico. A baixa condutibilidade térmica da madeira, λ=0,13 W/(m2.°C) (valor típico da madeira de pinho), proporciona geralmente paredes mais esbeltas que a construção tradicional em alvenaria. A Figura 12 ilustra uma solução simples de parede exterior, caracterizada por um coeficiente de transmissão térmica, U=0,38 W/(m2.°C), atingido com uma espessura total da parede na ordem dos 17cm. Em termos comparativos, a solução em madeira com painéis maciços apresenta um desempenho muito superior a


Painéis

Revista da Madeira

outras soluções convencionais. Por um lado não existem pontes térmicas planas associadas ao sistema construtivo (inexistência de pilares e/ ou vigas). Por outro lado as pontes térmicas lineares apresentam valores significativamente menores do que as dos sistemas construtivos tradicionais. As pontes térmicas lineares são responsáveis por um aumento significativo do fluxo de calor De acordo com um relatório das Nações Unidas, os edifícios são o maior contribuinte de emissões de gases com efeito de estufa , estimando-se que a construção, operação, manutenção e demolição totalizem 40% das emissões totais. Os edifícios de madeira possuem um enorme potencial para mitigar o aumento destas emissões, contabilizadas em todo o ciclo de vida, desde o corte na floresta, transformação, uso na construção, manutenção e destino de fim de vida. Tal fato deve-se a: • Aumentarem o sequestro de carbono de longa duração; • Substituírem outros materiais mais emissores de carbono e consumidores de

energia (ex.: aço, alumínio, betão e alvenaria); • A madeira possui um coeficiente de condutibilidade térmica reduzido, com potencial para edifícios energeticamente eficientes; • Estimularem o plantio de mais árvores e aumento da área florestal. A construção com painéis X-Lam apresenta-se como um avanço tecnológico recente para a engenharia e arquitetura, mas a experiência obtida nos inúmeros projetos já realizados, conjuntamente com o conhecimento secular do material, permitem afirmar da sua fiabilidade e robustez. As características que perspectiva ao nível da liberdade arquitetónica, capacidade estrutural e desempenho ambiental, revelam uma alternativa bastante positiva às soluções tradicionais de construção em betão, alvenaria ou aço. Esta mudança de paradigma, se aproveitada por técnicos, promotores e construtores, poderá permitir a longo prazo um parque edificado mais sustentável nas vertentes ambiental, econômica e social.

Somente a valorização da madeira, como produto de elevado valor acrescentado, poderá aliciar produtores florestais a investir na manutenção ou até aumento das áreas povoadas. Para as indústrias de base florestal este deverá ser o único caminho para projetos industriais sustentáveis. Em média, por cada tonelada de carbono sequestrada em produtos de madeira, usados em substituição de outros produtos de construção, atinge-se uma redução dos gases de efeito de estufa de 2 toneladas de carbono. Como exemplo, a declaração ambiental de produto dos painéis X-Lam produzidos pela KLH, numa análise ‘cradle to gate’, contabiliza um saldo negativo de 820 kgCO2eq/m3 . Este resultado é único nos materiais de construção. RM

New building generation – construction with cross laminated timber panels (clt) Cross laminated timber (CLT) panels are nowadays one of the most modern and advanced construction systems for engineers and architects use. CLT panels are produced with 20 to 40mm thick boards, with crosswise arrangement, enabling to produce big dimension panels for the construction of walls, floors or ceilings. CLT panels merge several interesting properties for construction application and can be used as replacement of

traditional concrete, masonry or steel systems, taking advantage of good structural properties (high strength and in-plane stiffness), physical properties (low weight and thermal conductibility) and environmental performance (natural material). The paper will develop the main characteristics of the material and the construction system as well, going through energy performance, environmental and structural behavior.

15

Luís Jorge

Prof. adjunto, Instituto Politécnico de Castelo Branco

Emanuel Lopes

coordenador do projeto - TISEM Tecnologia, Inovação e Sustentabilidade




The biggest part of Brazilian people choices, goes to saving accounts, and other similar options that have very low levels of risk, and the income seems good. But just seems… The saving accounts profits hasn’t showed good results in last few years, matter fact in 2013 was not able even to follow the inflation, that was 5,91% and the result of the financial investments in this saving accounts was 5,67%. The happens in 2015 where the result of the investment was 5,80% and the inflation was almost 12%. But, how can I invest my money in a safe way and with a great result? African mahogany forest is the answer to this question. The wood of African mahogany is very used in Europe and United States. Has a great value in the market and reply very well when planted in Brazil that have great soil and weather conditions. In fact, we are in the presence of a great opportunity that allow investors from every part of the world to have extra high profits with extra low risk. But I don’t have land and don’t live in Brazil, can I invest on this? Nowadays there are projects with complete solutions where the investor buys a farm in condominium, the advice of implementation , the implementation of forest , maintenance, timber certification , advising on the timber’s sale to foreign markets and can still use the the whole structure of leisure to take the family to meet the forest. But I don’t know nothing about forest, how can I get into this segment without mistakes? Seeking partnerships with solid companies that are really focused on the segment and seeking to catch up with each passing day. In this field I have to highlight the work of the Brazilian Institute of Forest which is the most

T

his are frequent questions when we think in invest our capital, independent of the dimension of it. The modern world offer you unlimited options to capital investments. Some have a short return of the capital, but with high risks, other with a long deadline but with lower risk levels. No, I said lower, not nonexistent, because every investment, even in the saving accounts, has risks and you should be aware for that, but we will talk about this further. Many times we hear that some person invested in trade market and won a lot of money. In fact this can happen, mas there is a very high risk level related to this kind of investment. Furthermore, is a very complex system and the investor must be deeply submerged in this word in order to understand the market movements and be aware to the market tendencies. Many times, this goes very wrong.

18


active company in the segment, seeking news and making sure to pass these innovations to their customers and partners. But let’s go to the accounts. An investor who had deposited in savings R$ 300,000.00 in 2003, today would be R$ 618,954.89. It seems reasonable does not? No, because the accumulated inflation in the period was 79.31 %, in fact you would have the equivalent of R$

367,601.70. No longer reasonable, right? In contrast, an investor who in 2003 had used the same R$ 300,000.00 to implement about 10 hectares of African mahogany , would have already harvested wood referring the two first early thinning and would be producing its first commercial cut, getting with this wood now, at least R$ 430,000.00. In addition still have the last commercial cut that would happen in 3-4 years and that would bring you an income of about R$ 4,000,000.00. But there is a market for this wood? Definitely yes.

The Mahogany is a brand that is sold to the centuries since the colonization when it was extracted from the forest, and is highly appreciated in European and North American market. Its ease of finish, allied to durability and natural beauty make this wood applied to first-line furniture, floors, vessels, finishing at various levels, musical instruments, etc. The use of timber from sustainable sources is a requirement of large wood processing companies in Europe and the United States, so there is a great demand for this type of product, instead of the woods from the operation instead native forests. In short, capital investment in forests is good, and investment in African mahogany forest is even better. A noble wood, with very fast production cycle, fantastic adaptation to Brazilian weather and soils and no incidence of diseases and pests, making this species the best rural investment option. RM Vitor Pinheiro

Chief Commercial Officer (CCO) Diretor Comercial Instituto Brasileiro de Florestas

19


Revista da Madeira

milhões de hectares, sendo que deste total, 98% são constituídos por floresta natural, localizada predominantemente na região Norte do país. O restante ( quase 2%) corresponde às florestas plantadas, com predominancia do eucalipto e do pinus. O bioma amazônico com 355,6 milhões de hectares constitui-se na maior cobertura arbórea tropical da Terra. Seguida, o bioma do Cerrado com 67,3 milhões de hectares, Caatinga com 48,7 milhões de hectares, a Mata Atlântica com 30,9 milhões de hectares, o Pantanal (maior planície inundável do mundo) com 10,8 milhões de hectares, e o Pampa Gaúcho com 3,2 milhões/ha. Cada um desses biomas representa respectivamente 49,29%, 23,92%, 13,04%, 9,92%, 2,07% e 1,76% do território nacional. As florestas naturais de produção privada totalizam 242 milhões de hectares (mais de 50% das florestas naturais do país), e concentram quase que a totalidade da produção de madeira tropical consumida pela indústria de processamento mecânico, abastecendo diversos mercados específicos, com distintas funções, preços e dinâmicas de comercialização. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o Brasil é o segundo maior produtor de madeira tropical em toras oriundas de florestas naturais, atrás apenas da Indonésia, além de ser o terceiro exportador e o principal produtor de madeira tropical serrada. Historicamente o processo de evolução da silvicultura nacional pode ser dividido em três etapas, sendo que a primeira correspondeu ao período que vai do descobrimento do Brasil até o início dos incentivos fiscais ao reflorestamento, em 1965. A segunda fase considera o período de vigência dos incentivos fiscais de 1966 a 1988. E a terceira fase corresponde do período pós-incentivos fiscais a reflorestamentos que vai de 1988 até hoje. O período que compreende o fim da primeira fase e o início da segunda fase (meados da década de 1980) desta-

A

Bioenergia apresenta-se como um ator importante para o desenvolvimento do País, por contribuir com a segurança energética emitindo baixos índices de poluição com sua obtenção. Dentre as fontes de matéria prima para a produção de bioenergia estão as florestas plantadas, que nos últimos anos vem ganhando reconhecimento devido a sua importância positiva no setor social, ambiental e econômico. Os Estados com maior concentração de plantios florestais no Brasil são Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Bahia e Mato Grosso do Sul. A função principal destes plantios tem sido a produção de madeira para várias atividades. No campo energético, esta matéria prima é tradicionalmente chamada de lenha e nessa forma, sempre ofereceu histórica contribuição no desenvolvimento da humanidade. Visando destacar a importância da utilização da silvicultura para produção de energia foi elaborado um trabalho de análise do mercado das “florestas plantadas”, o desenvolvimento das tecnologias que proporcionam seu uso de forma sustentável e as possibilidades do seu crescimento. Atualmente, a cobertura florestal brasileira chega a 463

20


cou-se pelo surgimento dos primeiros centros de pesquisa florestais e as inovações tecnológicas nas áreas de melhoramento genético, introdução de novas espécies e processamento industrial da madeira, considerados pontos chave para se alcançar ganhos de produtividade. Dentre as espécies florestais cultivadas com a finalidade industrial no Brasil, o eucalipto é a que mais se destaca com 70,8% da área plantada, sendo a produtividade brasileira considerada a maior do mundo. Em segundo lugar aparece o gênero pinus com 22% da área plantada. Os outros 7,2% das áreas plantadas são ocupados por outras espécies (Acácia, Seringueira, Paricá, Araucária, Téca, Pópulus, etc.). A cadeia produtiva do setor brasileiro de florestas se destaca por possuir grande diversidade de produtos, abrangendo um conjunto de atividades que incluem desde a produção até a transformação da madeira em produtos finais. Levantamento no último ano confirma que 81% do total da

madeira extraída foi proveniente de florestas plantadas. Florestas plantadas As florestas plantadas para fins energéticos participam com menos intensidade da matriz energética mundial. O uso da mesma como fonte de energia é afetado por diversos fatores, sendo eles: nível de desenvolvimento de um país, disponibilidade de florestas, questões ambientais e sua competição econômica com outras fontes energéticas, como petróleo, gás natural, hidroeletricidade, energia nuclear etc. No Brasil essa situação não é diferente, o uso da lenha e do carvão como fonte de energia, está vinculado às camadas sociais mais carentes, tendo como fonte de recursos as florestas nativas. A lenha proveniente de florestas plantadas de Pinus é consumida, em sua quase totalidade, pelos estados das Regiões Sul e Sudeste do país. Nos estados do Pará, Mato Grosso e Bahia, localizados em regiões mais quentes do país, a lenha consumida é oriunda principalmente de florestas

21


Revista da Madeira

Economia Florestal plantadas de Eucalipto. A lenha in natura e o carvão vegetal são os principais produtos da cadeia produtiva agroindustrial da madeira para energia. Segundo o Balanço Energético Nacional, em aspectos

melhoramento genético tem como objetivo selecionar as árvores com as melhores características florestais e industriais, buscando vigor, forma, resistência a doenças e pragas, qualidade da madeira e rendimento industrial.

empregos Como avaliação geral observa-se que a silvicultura brasileira pode ser uma alternativa na geração de energia renovável, socialmente e ambientalmente sustentável e economicamente

quantitativos, as fontes de energia para produção de energia elétrica que mais se destacaram são a hidráulica e o gás natural, como 71% e 11% respectivamente, seguidos da biomassa 8%. Estudo da ANEEL confirma participação das diversas fontes provenientes da Biomassa na matriz energética brasileira, com 7% proveniente da agroindustria, e 1,59% para Floresta Plantada Verifica-se que existem 507 usinas utilizando os derivados da biomassa em funcionamento. Sendo que deste total somente 79 utiliza-se dos derivados das florestas plantadas como fonte de energia.. De acordo com o Instituto Brasileiro de Árvores, a pesquisa nacional transformou o Brasil no mais produtivo polo de produção florestal do Planeta em poucas décadas. Além de possuir condições edafoclimáticas (características de solo e clima) favoráveis o

A biotecnologia é a tecnologia mais amplamente adotada nos últimos dez anos. No período de 10 anos, a área cultivada com uso de tecnologia passou de 68 milhões para 175 milhões de hectares atuais, um crescimento mé-

viável. Em relação ao cultivo de florestas plantadas, o Brasil possui capacidade técnica, condições edafoclimáticas e à disponibilidade de terras para produzir e disponibilizar biomassa florestal suficiente para produção de energia, tanto elétrica, quanto térmica. O eucalipto é a espécie florestal que mais se sobressai, sendo que as Regiões Sul e Sudeste do país possuem a maior concentração de plantios florestais. Segundo dados sociais e econômicos nos municípios em que houve investimentos em florestas plantadas foi observado melhora nas condições de vida da comunidade envolvida, como maior disponibilidade de emprego, tanto diretos quanto indiretos, e ainda em outras áreas como educação e saúde. Estima-se que no último ano foram gerados 4,4 milhões de postos de empregos diretos, indiretos e do efeito renda mantidos pelos segmentos asso-

dio de 10% ao ano. Os grandes projetos florestais promovem o aumento na receita de estados e municípios, através da arrecadação de impostos; a melhoria na infraestrutura rural, por meio da construção e manutenção de estradas de rodagem; a melhoria do sistema de comunicação e o favorecimento da dinâmica da economia regional.Além de impostos a atividade florestal gera

22


Revista da Madeira

Economia Florestal

ciados às florestas plantadas no Brasil. Entre os benefícios ao meio ambiente destacam-se a proteção da biodiversidade, proteção dos recursos hídricos, restauração de terras degradada, não disputa com a agricultura tradicional e ainda pode-se obter ganhos com o sequestro de carbono (CO²) e o aumento da arrecadação de tributos.Conclui-se

que devido às extensas áreas cultiváveis, clima favorável, e as escolas de formação de profissionais de nível internacional houve uma melhora na tecnologia para implantação, condução e manejo de florestas plantadas, especialmente de eucalipto. Quando planejada, a floresta plantada se torna um investimento sustentável e benéfico para a sociedade.

Growth and development of the activities of planted forests in Brazil

T

his study aimed to describe and analyze the market of planted forests for energy production, the development of technologies that enable the use of sustainably and the possibilities of its growth. The methodology used was descriptive and explanatory. He realized that Brazil has excellent conditions to use planted forests to produce as much electricity, and thermal sustainably and continuously. Another highlight is that Brazil is a country that is developing specific technologies for the use of this renewable energy source and thus the use of efficient and sustainable manner..

23

23

Márcio Eckardt

Mestre em Agroenergia, Prof. MSc. IFTO

Heloísa Rodrigues Nascimento

Mestre em Agroenergia, Prof.ª. MSc. IFTO

Aline Nazário de Almeida

Economista, UFT;

Yolanda Vieira de Abreu

Planejamento de Sistemas Energéticos, Prof.ª Dr.ª UFT


Revista da Madeira

T

he Most of the wood pellet manufacturer from Southeast and North America are impressed by the reduction of the wood pellet price in the first season comes to pass. The price of the wood pellet has been reducing in the pat few months from USD 175, FOB Korea to USD 135, FOB Korea, the brokers will offer less 10-15 dollars. The price of the wood pellets in bulk in the North America has also decreased by 9%-10% from the last heating season till now. It was amazing, because the demand for wood pellet from S.Korean power plant has been increasing by 10% every year. The volatility of the price

should have been influenced by some unpredictable factors. The north America witnessed a very cold heating season in the last winter, affected by the polar vortex. Most of the dealers started to store the wood pellet at the begging of the heating season, as a result the final users could not purchase enough wood pellet for their own home heating use. So under this condition, the final price of the wood pellets in north America has risen a lot than the price in 2013 heating season. Was the Asian wood pellet price also affected by the polar vortex last season? Of course, it is not. The main

target market of the Asian wood pellets is the South Korean for industrial fuel to the power plants. The demand for the wood pellets in S.Korea has been increasing every year. Many Korean large industrial groups has been established their own wood pellet plant in Vietnam, Thailand, Indonesia and other Southeast Asian countries. The wood pellet trading companies are much more active on purchasing wood pellets in low prices and selling them in the higher price. In the Biomass Pellets Trade & Power summit held in Soul, the spokesman expected the Korea, China

There is a high correlation between crude oil prices and heating oil prices. Many final users turned to choose the easily accessible heating oil, instead of wood pellets. Accordingly, the price of diesel oil, almost the same thing as heating oil made from the crude oil, has also deceased. The cheaper diesel oil means lower transportation cost of the raw material and wood pellets. But this factor plays a minor role in the reduction of wood pellet price, and even we have not heard from our clients the decreasing diesel oil price get passed along through the raw

and Japan would have larger pellet consumption market. After the summit, with the good expectation of the market and the coming winter in the Korea, the pellets trading companies, power plants, industrial boiler owners imported plenty of wood pellets just for storage. According to some statistics, Korea imported totally 1, 900, 000 tons of wood pellets last year, comparing 484, 668MT in 2013. We can see the Korean wood pellet imports grew by almost 300% year by year in the past years. However the actual pellet consumption in the last year was around 1, 072, 000 MT. So the price of the Southeast Asian wood pellets are affected obviously, and that will be the main reason of the price decreasing.

material supply chain. It all depends on who you’re doing business with.

In the last year, the world saw the continues falling in crude oil price.

24

The prices of all commodities are always subject to the conditions of supply and demand. Apparently, to the Asian pellet market, the import volume to Korea has fallen down than the expect in this season. Does the decrease of the demand will continue to the following three seasons? Before answer this question, we can see the following data firstly. From the above two charts, even by the most conservative estimates, Korea will consume around 800,000 tons of pellets, monthly 66, 666 tons in this year. Based on consumption prospect in the following years, the demand for wood pellets in South Korea will keep for rapid increase. So we have reason to believe that the price of the wood pellet imported to Korean will return to the normal level soon. At the same time, the huge market demand will provide more opportunities to the wood pellet project investor in Southeast Asian countries.



Painel LVL

Revista da Madeira

O

material denominado laminated veneer lumber, ou LVL, é um produto de madeira engenheirada (engineered wood) utilizado como componente estrutural de edificações, sobretudo em países onde há tradição no uso de madeira em sistemas construtivos. Manufaturado com lâminas de pequena espessura obtidas por corte em tornos desenroladores, sobrepostas em camadas e coladas com adesivo para uso estrutural, de modo que todas as faces sejam orientadas com a direção da grã paralela ao comprimento da peça, o LVL é concebido para oferecer resistência à flexão longitudinal, como em vigas, por exemplo. O LVL começou a ser produzido por prensagem contínua no final dos anos 60, na América do Norte. As vigas-I constituídas com alma de compensado estrutural e flanges de LVL tornaram-se, em âmbito mundial, o primeiro produto de madeira enge-

nheirada comercialmente bem-sucedido e produzido em larga escala por uma empresa norte-americana. O LVL é material que afere maior custo de produção quando comparado à madeira serrada, no entanto, devido à crescente dificuldade para a obtenção de peças naturais próprias para uso estrutural, sobretudo aquelas provenientes de árvores de rápido crescimento, mostra-se cada vez mais utilizado em sistemas construtivos em madeira. Quanto às dimensões, em processos industriais contínuos o LVL pode ser produzido com espessuras variando de 21 mm a 150 mm, larguras de 100 mm a 1800 mm e comprimentos de 2500 mm a 25000 mm, de modo a atender a uma ampla gama de neces-

26

sidades estruturais. Para eucalipto e pinus, o rendimento de madeira na laminação é superior ao obtido no desdobro em peças serradas, sobretudo em processamentos de toras de pequenos diâmetros. De modo particular, para o gênero eucalipto, outras vantagens podem advir da transformação das toras em finas lâminas, ao invés de serrados, devido à minimização dos efeitos das tensões de crescimento. Defeitos que se manifestam no desdobro e na secagem, decorrentes de elevados tensionamentos, podem inviabilizar o uso da madeira serrada. Entretanto, na forma de lâminas que se moldam, apropriadas para prensagem e colagem, muitas das deformidades decorrentes das tensões de cresci-mento não se tornam fatores que impossibilitam o aproveitamento do material. Com pouca espessura, igualmente, viabilizam-se menores tempos para a secagem da madeira ao teor requerido. A produção industrial de LVL otimiza o aproveitamento de lâminas conforme suas características: uso de material mais resistente em camadas que serão mais exigidas mecanicamente e, por outro lado, utilização de madeira de menor qualidade em posições de menor solicitação; deste modo, propicia a manufatura de produtos de alta confiabilidade, condição que agrega valor à madeira de espécies de rápido crescimento. Ainda, o LVL apresenta a vantagem de ser mais uniforme que a madeira serrada, devido à maior dis-


persão dos defeitos naturais, como nós e rachaduras, nas finas lâminas que compõem o produto. Esses defeitos são distribuídos aleatoriamente em várias camadas, de modo que a influência destes nas propriedades físicas e mecânicas da peça estrutural se torna menor. Como resultado, o LVL apresenta maior confiabilidade quanto à resistência, quando comparado à madeira serrada e à madeira laminada colada (glulam). No uso do LVL como viga de seção retangular, a posição geométrica das camadas em relação à direção da carga solicitante pode configurar, segundo as normativas, duas situações principais para as análises da rigidez e da resistência. Considerando-se uma viga LVL sob flexão estática, a peça estará em posição flatwise se a carga

aplicada for ortogonal às faces das lâminas e, em posição edgewise, se a força atuante apresentar direção paralela às camadas, ou seja, se essa força for ortogonal ao canto da peça. De acordo com a teoria clássica dos sistemas em camadas quando sob flexão em flatwise, a posição de determinada lâmina no arranjo do

multilaminado é fator importante quanto a sua contribuição individual para a rigidez e resistência da viga. Nesta situação, quanto mais afastadas do plano neutro, mais exigidas mecanicamente se encontram as lâminas, devido aos maiores momentos de inércia relativos às posições espaciais

que estas camadas apresentam em relação à linha neutra do conjunto multilaminado. Neste contexto, de uma viga LVL flexionada na posição flatwise, as lâminas de capa e contracapa são as mais exigidas quanto à resistência requerida, sendo que uma face da viga se torna maximamente tensionada à compressão e, a face oposta, maximamente tensionada à tração. De outra forma, se a viga LVL é flexionada na posição edgewise, todas as camadas do multilaminado apresentam-se espacialmente a uma mesma distância para o cálculo dos momentos de inércia relativos, por estarem todas posicionadas de modo equivalente em relação à linha neutra do conjunto; assim, em teoria, todas as lâminas (de mesma espessura) que compõem a viga são igualmente

Painél LVL

Revista da Madeira


Revista da Madeira

Painel LVL exigidas à compressão, no bordo superior, e à tração, no bordo inferior da seção transversal da viga. O Brasil ainda não produz o LVL industrialmente, razão pela qual este produto vem sendo foco de pesquisas acadêmicas em alguns laboratórios e centros de pesquisas no país. Diante destas considerações, investigar diferentes combinações de lâminas de Eucalyptus saligna e Pinus taeda em painéis LVL de cinco camadas, e avaliar, em ensaios de flexão estática (flatwise e edgewise), a influência do posicionamento das lâminas nas propriedades de rigidez (MOE) e resistência (MOR) dos materiais manufaturados, são objetivos prioritários.

camadas intermediárias. Para as camadas de miolo foram empregadas

aquelas remanescentes da distribuição anterior, segundo um critério que deu prioridade, em relação à MEe individual, para a proximidade ao valor da média. A distribuição foi realizada a cada

ESTUDO Com base neste produto foi realizado um estudo com diferentes composições de lâminas de eucalipto e pinus, caracterizando seis tratamentos. Cada composição foi formada por cinco lâminas, da mesma espécie ou com mistura das espécies, e a cada uma delas foi atribuído um símbolo identificador (LVL1, LVL2, LVL3, LVL4, LVL5 ou LVL6). Foram manufaturados seis painéis LVL por tratamento (seis repetições), perfazendo um total de trinta e seis painéis. As dimensões finais pretendidas para os painéis LVL foram 37 cm de largura x 47 cm de comprimento (direção do alinhamento das fibras) x 16 mm de espessura (aproximadamente). Os tratamentos avaliados estão apresentados na Figura 1. Na Figura 2 podem ser visualizadas amostras dos diferentes painéis LVL deste estudo. LVL treatments. Primeiramente, as lâminas foram classificadas com base em seus valores de MEe. Para a distribuição nos arranjos dos painéis foram escolhidas lâminas com valores de massa específica, a partir da média, crescentes nas camadas externas e decrescentes nas

conjunto de seis tratamentos, de LVL1 a LVL6, que compunham uma repetição, em sequência ordenada. Iniciou-

28

se nas camadas superiores de LVL1, continuando com a distribuição das lâminas nas partes superiores até LVL6. Seguiu-se a distribuição nas camadas inferiores, de LVL6 até retornar a LVL1. A isto se chamou de distribuição giratória entre os 6 tratamentos. Após concluído um nível, iniciou-se o seguinte, perfazendo ordenadamente os 6 níveis de repetição. Utilizou-se resina fenólica tipo resol, alcalina, em solução aquosa, à base de fenolformaldeído. Essa resina apresenta teor de sólidos entre 49 e 51%, viscosidade Brookfield (25°C) entre 400 e 800 centipoises, pH (25°C) entre 11,5 e 13 e gel time (121°C) entre 6 e 9 minutos. O material de enchimento empregado, denominado Albex-9, é uma farinha de casca de coco micropulverizada. O preparo da mistura adesiva seguiu as proporções apresentadas na Tabela A umidade das lâminas de eucalipto e pinus foi baixada, por meio de secagem em estufa laboratorial, aos teores recomendados para a colagem. A gramatura de adesivo utilizada foi de 200 g/m², aplicada em linha simples, com o uso de espátula. Após a aplicação do adesivo e a montagem das camadas, foi realizada a prensagem a frio. Em seguida, procedeu-se a prensagem a quente em prensa hidráulica, com pratos de dimensões 60 x 60 cm, aquecidos por resistências elétricas. Os painéis foram prensados individualmente, em ciclo único. Os parâmetros dos processos de colagem e prensagem encontramse descritos na Tabela 2. Por fim, após um período de esfriamento, os painéis manufaturados foram armazenados na câmara climatizada, colocados horizontalmente em prateleiras e afastados entre si pelo uso de espaçadores. A posição flatwise é aquela em que as lâminas que compõem os corpos de prova se encontram dispostas em planos horizontais, perpendicula-


TECHNOLOGY AND SOLUTIONS The International Fair for Woodworking Machinery and Tools, Carpentry and Decoration sector International Fair of Suppliers to the Wood, Furniture and Decoration In conjuction with Cevisama, Feria Hรกbitat Valencia and Espacio Cocina


Painél LVL res à direção da força aplicada (Figura 3).

Revista da Madeira

Flexão estática A posição edgewise é aquela em que as lâminas que compõem os corpos de prova se encontram dispostas em planos verticais, paralelos à direção da força aplicada (Figura 4). Após vários testes e ensaios constatou-se que a posição flatwise, todas as composições LVL testadas apresentaram valores de MOE e MOR que se enquadram na 1ª classe do documento técnico APA/EWS PRL–501 . Para MOE e MOR, de modo geral, demonstraram maiores valores os painéis com lâminas de maior mas-

sa específica (eucalipto) nas camadas externas; o posicionamento dessas lâminas nas camadas intermediárias e de miolo não mostrou influência relevante nas composições mistas. Na posição edgewise, apenas as composições LVL4 e LVL6 apresentaram valores de MOE que não se incluem na 1ª classe do APA/ EWS

Marcos Theodoro Müller

Eng. Civil, MSc. Prof. Assistente do Centro de Engenharias, Univ. Federal de Pelotas

Clovis Roberto Haselein

Eng. Florestal, PhD., Prof. Titular do Dpto. de Ciências Florestais, Univ. Fed. de Santa Maria

Rafael Rodolfo de Melo

PRL–501 . Com respeito ao MOR, todas as composições se enquadram na 1ª classe do referido documento. Para MOE e MOR, quando comparadas composições com mesma quantida-

The influence of different combinations of eucalyptus and pinus veneers in LVL panels

T

his research aimed to investigate the influence of the positioning of Eucalyptus saligna and Pinus taedawood veneers on layers of laminated veneer lumber (LVL) panels. The compositions were manufactured in six different combinations of five veneers of 3.2 mm thickness, glued with phenolformaldehyde, resulting in treatments composed of wood of the same species or with a combination of two wood types.

de de lâminas de eucalipto, demonstraram maiores valores aquelas que continham essas lâminas nas camadas intermediárias. Os arranjos com os dois tipos de madeira entremeados mostraram-se promissores e confiáveis. As composições LVL2 e LVL5, com lâminas intercaladas de eucalipto e pinus, demonstraram altos desempenhos (de 1ª classe) e baixos coeficientes de variação. RM

The evaluation of the proposed arrangements was performed under the characterization of physical properties (moisture content and density) and mechanical properties (modulus of elasticity – MOE and modulus of rupture – MOR) verified in flatwise and edgewise static bending tests. The results obtained indicated that, in most situations, the different positions of the veneers with higher density (in the outer, intermediate

30

Eng. Florestal, Dr., Prof. Adjunto do Inst. de Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Federal de Mato Grosso

Diego Martins Stangerlin

Eng. Florestal, Dr., Prof. Adjunto do Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais, Universidade Federal de Mato Grosso.

and inner layers) influenced the mechanical properties of the panels. The influence detected was varied for MOE and MOR, especially when comparing the flatwise and edgewise test values. In certain positions, on the layers of the LVL compositions, the presence of eucalypt veneers resulted in stiffness and strength increases. However, the treatments formed by interposed veneers of eucalypt and pine demonstrated interesting performances for structural use, in either flatwise or edgewise position, once they present values of MOE and MOR that allow to distinguish them as 1st class. RM


de novas tecnologias para produzir produtos com mais eficiência a importação de equipamentos se faz necessária, pois a indústria nacional ainda não consegue acompanhar a tecnologia empregada nos equipamentos importados. Alemanha e Itália juntas produzem 69,5% dos equipamentos importados para o setor moveleiro nacional. A pesquisa envolvendo inovação e mudanças no sistema produtivo moveleiro criam novos conceitos e assim trazendo desenvolvimento sustentável. A abordagem deste tema, no setor moveleiro e uma abordagem nova. A inovação traz desenvolvimento não só sustentável, mas também social econômico e ambiental. As indústrias do setor tem demonstrado uma grande preocupação voltada à melhoria de processos. Abrangendo todos os níveis de empresas, encontrou-se uma grande necessidade de melhoria nas plantas industriais (layout) e em obter um melhor sequenciamento de produção e um melhor aproveitamento de matériaprima, evitando assim desperdícios dentro do sistema. O sistema produtivo é um ponto muito importante dentro de uma empresa, pois é no mesmo, onde as mudanças ocorrem muito rapidamente. Administrar é um grande desafio para todos os envolvidos no processo, onde a criatividade e a busca por novas tecnologias serviram para tornar o sistema cada vez mais eficiente. A gestão de matérias dentro de uma empresa influência diretamente no desempenho dos demais processos gerando o aumento dos custos, o custo de transporte interno esta relacionada entre 12% a 40% do custo total do produto.

É

evidente a expansão do uso de tecnologias, e o quanto a sociedade se tornou dependente das soluções e praticidades que ela proporciona. A cada dia surgem novas opções para facilitar atividades de rotina pessoal e profissional. As indústrias foram as pioneiras na utilização e desenvolvimento de tecnologias, visando o aumento de produtividade, qualidade e consequentemente competitividade. Este artigo visa comparar métodos de produção manual com processos automatizados, com comparações qualitativas e quantitativas entre os dois processos, buscando avaliar as diferenças entre qualidade do produto, redução de custos e produtividade. O trabalho foi desenvolvido comparando-se processos de usinagem da madeira em uma empresa de móveis. Os resultados foram analisados e por fim foram verificadas vantagens e desvantagens dos processos. Investimentos na busca

31

Usinagem

Revista da Madeira


Revista da Madeira

Para Gaither e Frazier visto como pai da engenharia de produção, sua abordagem sistêmica de melhorias visando maior eficiência no trabalho, dentre elas aprendizado constante, cronometragem dos processos, fixa técnicas com roteiros e supervisão do trabalho. A ferramenta foi a forma de o homem ampliar a força, a criação das máquinas foi a multiplicação. Com a chegada da informática foram criadas máquinas que possibilitam configurar decisões pré-programadas para processos. Uma máquina convencional é ajustada por seu operador a cada peça ou lote de peças, com a união de máquina e o controle numérico, os procedimentos são feitos diretamente pela máquina, basta que o programador dê o comando e medidas das peças. A automação no setor por meios de máquinas CNC (equipamentos com controle numérico computadorizado) se deu no Brasil a partir do ano de 1995 com a chegada das primeiras máquinas, desde então o uso deste recurso vem sendo usado para o desenvolvimento de novos produtos e

novos processos. A automação é usada como ferramenta para redução de custos, tempos de produção e setup na busca de maior competitividade. Neste contexto buscamos analisar o impacto de equipamentos CNC durante o processo produtivo, analisan-

do tempos e custos de peças produzidas por este. A pesquisa foi desenvolvida dentro de uma empresa do ramo moveleiro, na linha de produção de móveis padronizados, especificamente no

32

item: pé de cama. O comparativo será realizado com medições quantitativas e qualitativas, tempos de setup e tempos de processos. A coleta de dados foi realizada por meio de cronoanálise, sendo tempo em segundos e lote de 50 peças, sendo que a análise na tabela é feito por unidade. O objetivo principal do trabalho é compreender e identificar as principais diferenças existentes entre os dois processos de produção. No processo o trabalho era totalmente manual, a regulagem de equipamentos sem precisão contando com a experiência do operador tornando o tempo de setup alto, gerando retrabalho e peça defeituosa, não se conseguia total padronização de peças. Problemas ergonômicos eram constantes pelo trabalho repetitivo e esforço físico, a segurança do operador era muito pequena, pois a cada processo havia risco de acidente. No processo utilizando o CNC, é necessário que seja feito um programa, em um software de CAM (Alphacam) neste caso, onde é desenvolvido o projeto e realizada a simulação de execução, para evitar erros ou possíveis acidentes com as ferramentas e motores. De-



Revista da Madeira

Usinagem pois de concluído o projeto, o mesmo é enviado automaticamente para a operadora que converte o projeto em coordenadas para execução da peça . Após este processo é acrescentado as ferramentas a serem usadas na usinagem com seus devidos percursos , com esta etapa concluída é gerado o programa e enviado para o e q u i p a m e n t o, sendo operação 1 modelar , operação 2 fresar, operação 3 corte e operação 4 furar. Concluído o operador seleciona o programa a ser e xe c u t a d o, f a z alguns pequenos ajustes para começar a usinagem. Processos Processo antigo, quando as peças chegam para serem usinadas passam pelos seguintes processos: Modelagem, esta operação é feita um equipamento chamado tupia onde todas as regulagens são feitas manualmente pelo operador,este equipamento é muito perigoso pois os acidentes quando acontecem são graves. As operações de fresar, são feitas no mesmo equipamento com a ajuda de um gabarito. As operações de furação são feitas em equipamento chamado furadeira oscilante, todas as regulagens são feitas manualmente pelo operador com o uso de um modelo. Cortar, esta operação é feita em um equipamento chamado serra circular, onde também as regulagens são feitas por meio de gabarito. Processo novo, neste processo todas as operações são feitas em um

único equipamento CNC as regulagens são feitas uma só vez por meio de um programa, e o operador faz alguns ajustes finais para acerto, sendo assim a cada lote novo o operador deve colocar o molde sobre a mesa, onde todos os moldes tem o mesmo lugar pré determinado, trocar alguma ferramenta, se necessário e escolher o

programa a ser executado. Os aspectos positivos constatados a partir da implantação deste novo processo estão relacionados com o fato de que a empresa obteve um aumento significativo de produtividade, além de eliminar os diversos tipos de perdas que ocorriam no processo de produção anterior. Outros fatores importantes também merecem destaque. Redução de acidentes a quase zero, pois o contato do operador com o equipamento é mínimo; Ergonomicamente viável, pois não há trabalho repetitivo; Ecologicamente correto, pois este tipo de equipamento tem

34

um menor consumo de energia; Melhorias de layout, o espaço físico passou de 90m² para 46,2m². Alguns aspectos contraproducentes foram que por tratar de um equipamento com alta tecnologia exige uma assistência técnica especializada e peças de reposição com alto custo de implantação e manutenção. Não se pode esquecer que quando implantamos métodos de usinagem automatizados, neste caso CNC, o treinamento do operador e do programador é indispensável para o uso correto e maior rendimento do equipamento. A realização deste estudo veio comprovar as vantagens adquiridas ao substituir os processos manuais pelos processos automatizados, neste caso específico ocorreu uma redução de 78,8% no tempo de fabricação por peça, padronização das peças produzidas, eliminação do retrabalho, aumento de qualidade no produto acabado, e melhor qualidade de vida do operador, resultando também na redução de custos. RM

Jean Pierre Ludwig RafaelBazzeiPaloschi, Acadêmicos do Curso de Engenharia de Produção na Fundação Educacional Encosta Inferior do Nordeste (FACCAT)

José de Souza

Doutorando em Eng. Minas, Metalurgia e Materiais - Laboratório de Transformação Mecânica– LdTM Centro de Tecnologia, Universidade Federal do RS – Docente na FACCAT (Faculdades Integradas de Taquara)


P I N U S E E U C A LY P T U S MUEBLES PANELES MADERAS S4S , DECKS DURMIENTES ACCESORIOS MUEBLES VIGAS , PELLETS Nichelmade Serraria y Nichelmoveis Paneles y muebles de Pino. www.nichelmoveis.com.br export@nichelmoveis.com.br Telefono: + 55 54 3472 1230 Cel. Phone/ whats : + 55 54 9670 9854


Colagem

T

emos como fatores que influenciam na colagem da madeira as características físico-químicas do adesivo, a composição e características da madeira, os procedimentos empregados na colagem e as condições de uso do produto colado. Como características físico-químicas do adesivo podemos destacar a viscosidade, o tempo de gelatinização, o teor de sólidos e o PH. A viscosidade é a grandeza que caracteriza a existência de atrito entre as moléculas de um fluido e que se manifesta através do escoamento. O Viscosímetro “Brookfield” mede a força necessária para girar um disco submerso no líquido, à velocidade constante. Diferença na viscosidade apresenta diferentes interações com a madeira como: • Espalhamento adesivo

Revista da Madeira

• Condições de umectação • Penetração do adesivo na estrutura capilar da madeira, linha cola espessa / faminta • Tempo armazenamento do adesivo – “idade da cola” • Efeito da temperatura ambiente. O tempo de gelatinização é o tempo transcorrido do início do processo de cura até atingir a fase de “gel” – máxima elasticidade. O teor de sólidos é a quantidade de sólidos contidos no adesivo líquido. PH é a concentração de íons dissociados de H+ e OH- numa solução aquosa. Principais propriedades da madeira que influenciam no processo de formação e performance da ligação adesiva são as propriedades anatômicas; Propriedades químicas; Propriedades físicas e Propriedades mecânicas

36


Propriedades Anatômicas • Dimensões dos elementos celulares – fibras / parênquimas • Dimensões, disposições e frequência - cavidades celulares • Interações – densidade / porosidade / permeabilidade da madeira • Anéis de crescimento – lenho inicial e tardio • Diferenças na densidade / porosidade / permeabilidade • Cerne e alburno • Diferenças na densidade / porosidade / permeabilidade

• Cerne – maior teor extrativos • Idade da árvore – lenho juvenil e adulto • Lenho juvenil: anéis de crescimento largos, menor densidade, baixa resistência mecânica, alta instabilidade dimensional • Lenho adulto: características opostas, lenho juvenil • Lenhos de reação • Lenho de compressão (coníferas), Lenho de tração (folhosas) • Alta instabilidade dimensional – gera tensões difusas na linha de cola • Grã • Porosidade da madeira > diferentes planos de corte / superfície de colagem • Grã revessa: alterações dimensionais difusas, tensões LC. As propriedades físicas afetam as funções de mobilidade do adesivo e tensões na linha de cola. Como detalhes temos que observar a Densidade da madeira, através da relação inversa com a porosidade, da penetração do adesivo na estrutura lenhosa e das alterações dimensionais da madeira / mudanças no conteúdo de umidade, maior densidade, maiores tensões linha cola. Com relação ao conteúdo de umidade menos espaços vazios, impede penetração adesivo líquido e no processo prensagem a quente há maior pressão interna vapor, bolhas / delaminações. Nas propriedades químicas da madeira observar os Componentes majoritários: celulose (40-47%), hemicelulose (20-30%), lignina (16-30%); os Componentes minoritários: extrativos (1-10%), substâncias inorgânicas (0,1-0,5%). Como propriedades mais importantes observar os extrativos e pH:

37

• Nos extrativos observar condições secagem, migração / concentração extrativos, superfície madeira, superfície inativa / contaminada prejudica cura resina; e o Bloqueio / barreira física > movimento água / adesivo • O pH da madeira varia de 3 – 6%. O pH dos extrativos podem inibir as reações de cura do adesivo; Madeira com baixo pH > pré-cura resina UF / prejudica cura FF Propriedades Mecânicas • Importante: balanço das tensões na interface madeira – linha de cola; • Tensões na linha de cola – cisalhamento, tração perpendicular; • Maior resistência da linha de cola – maior percentagem de rupturas ou falhas na madeira; • Tensões internas:geradas em função dos efeitos da temperatura e umidade do ambiente; e Magnitude, depende: densidade, grã, coeficiente retratibilidade; • Tensões externas: Geradas em função da aplicação de cargas em uso. Para a preparação da madeira para colagem deve-se observar a topografia da superfície, aspereza, imperfeições superficiais maior para o grau de aproximação de duas peças a serem coladas. Também deve observar os processos de obtenção do material, serras, torno, faqueadeira, plainas, e a sub-superfície da madeira, danificada, corte / pressão excessiva. Já no processo de colagem observar a formulação: quantidade de adesivo, função, espécie, espessura lâmina, área superficial partículas e os parâmetros do ciclo de prensagem – temperatura, pressão específica, tempo de prensagem. E para as condições ambientais do local de utilização observar temperatura / umidade relativa do ambiente, e as condições ambientais: escolha resina adequada: Uso interno – resina UF; Uso intermediário – resina MUF, PMUF; e Uso externo – FF, RF RM Setsuo Iwakiri professor da UFPR - DETF

Colagem

Revista da Madeira


blica o Anuário Estatístico de Produtos Florestais em base anual. Destina-se a fornecer aos países informações e ferramentas para avaliar a contribuição da indústria de produtos florestais para as economias globais e nacionais e desenvolvimento sustentável, e melhorar suas políticas de gestão e florestais florestais. Produção de pellets de madeira, utilizados como combustível, estabeleceu um novo recorde, com crescimento de 16% sobre o ano anterior, atingindo 26 milhões de toneladas, impulsionada principalmente pelo aumento do consumo na Europa. Europa e América do Norte foram responsável por quase toda a produção global (60 % e 33 %, respectivamente). A Europa registra de longe o maior consumo (78 %), seguido por os EUA (12 %). O comércio de pellets do Norte da América para a Europa (principalmente o Reino Unido) aumentou 25 % em 2014 a partir do ano anterior. A produção e consumo de pellets de madeira na Ásia mais do que duplicou face ao ano anterior. A Coreia do Sul surgiu como o quarto maior importador de madeira de pellets, após o Reino Unido, a Dinamarca e a Itália, contribuindo para impulsionar a produção de pellets de madeira em muitos países da região, especialmente o Vietnã, China e Tailândia. Os pellets de madeira foram usados por europeus e outros países, incluindo a Coréia do Sul e Japão, para atender às suas metas de energia renovável. A demanda por pellets de madeira como fonte de energia verde tem aumentado significativamente desde 2008 e deve crescer à medida que mais e mais países se comprometem com ações de mitigação sobre a mudança climática. A produção e consumo de painéis derivados de madeira e madeira serrada continuam a crescer fortemente em todas as regiões também. A produção global de painéis e madeira serrada aumentou 5 % e 4 %, respectivamente. Painéis derivados de madeira foi a categoria de produto que viu o crescimento mais rápido na produção, devido ao crescimento rápido e consistente na região da Ásia-Pacífico (principalmente China, que responde por 49 % da produção global). No geral, a produção aumentou em 62 % na região Ásia-Pacífico durante 2010-2014 enquanto cresceu modestamente em 9 % em outras regiões ao longo do mesmo período. A produção de

Revista da Madeira

A

produção global de todos os principais produtos de madeira está mostrando seu maior crescimento desde a crise econômica global de 2008-2009, de acordo com novos dados publicados pela FAO. O lançamento de um estudo recente da FAO mostra crescimento em produtos de madeira no último ano, incluindo madeira em tora industrial, madeira serrada, painéis derivados de madeira e de papel e celulose, que varia de 1 a 5 %, superando os níveis pré-recessão de 2007. O mais rápido crescimento foi registrado na América Latina e ÁsiaPacífico e do Caribe. “As indústrias de madeira estavam entre os mais atingidos pela recente crise econômica mundial em 2008-2009. Nós estamos vendo agora o maior crescimento das indústrias de madeira dos últimos cinco anos, o que é importante para a economia e o bem-estar e o sustento de milhões de pessoas que dependem da floresta em todo o mundo “, disse Thais Linhares Juvenal-, chefe da FAO’s Forest Economics and Statistics Team. A FAO pu-

38


papel na Europa estagnou e declinou na América do Norte , mas cresceu modestamente na África, América Latina e Ásia-Pacífico. Depois de um ligeiro declínio na produção de papel na China em 2013, a produção e o consumo de papel voltou a crescer lá no ano passado, levando a tendência geral de crescimento na região ÁsiaPacífico. A América do Sul emergiu gradualmente como o maior exportador mundial de celulose de madeira com novas fábricas de celulose em construção no Brasil, Chile e Uruguai. No ano passado, a região foi responsável por 30% das exportações globais de polpa de madeira. No último ano, o Brasil ultrapassou o Canadá pela primeira vez como o quarto maior país do mundo em produção de fibras Fur-

nish - wastepaper, outra celulose de fibra e pasta de madeira usada para a fabricação de papel - depois dos Estados Unidos, China e Japão. Hoje o mundo compra e vende algo em torno de US$ 250 bilhões de produtos de madeira por ano. O Brasil participa com apenas 3% desse montante, apesar de todas as suas vantagens competitivas no setor. Entretanto isso pode mudar. De acordo com os dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), a projeção para até 2020, no Brasil, é de termos a duplicação dos atuais 7 milhões de hectares de florestas plantadas, com projetos de investimentos de R$ 53 bilhões. Esta projeção leva em conta a alta produtividade da madeira plantada por hectare no país, que se dá pelas excelentes condições edafo-climáticas e pela alta tecnologia empregada e aperfeiçoada pelas empresas do setor, com base em experiências internacionais e parcerias com a Embrapa e pesquisadores nacionais. Esse expressivo volume de

39

negócios no mundo e no Brasil tem taxa de crescimento de 6% ao ano nos últimos três anos - e projeção de igual ordem para os próximos anos, devido ao crescimento da população e à melhoria de renda dessa população que gera maior demanda e consumo de madeira. Na área de celulose e papel, pode-se considerar a possibilidade de instalação de uma fábrica de celulose por ano no Brasil – cada uma com investimento de R$ 8 bilhões, plantio de 100 mil hectares de madeira e uma produção de aproximadamente 1,5 milhão de tonelada/ano. Toda essa expressiva oportunidade de investimento - captação de divisas, empregos, desenvolvimento social e ambiental – está hoje configurada pela celulose e no papel são apenas 1/3 do potencial existente. Os outros 2/3 das florestas plantadas no Brasil se destinam: metade para geração de energia e processamento de minérios, e a outra metade para produtos para uso múltiplo, principalmente peças e partes de madeira para construção civil em geral, como tábuas, portas, móveis, pisos e MDF, e outros. RM

Produção de Madeira

Revista da Madeira


Revista da Madeira

A

recuperação de 12 milhões de hectares de florestas para diversos usos até 2030 está embutida no compromisso brasileiro de reduzir as emissões de carbono em 37% em 2025, com base nos índices de 2005. Isso representa um investimento aproximado de R$ 120 bilhões. A redução do impacto ao clima devido ao uso da terra, principalmente pela agropecuária e produção florestal, depende de um fator econômico básico: a valorização monetária das árvores mantidas em pé ou plantadas para recompor o que foi destruído. Além do equilíbrio climático, está em jogo o fornecimento de alimento, madeira, fibra, biomassa para energia, químicos naturais e outros insumos na escala necessária à população global projetada para as próximas décadas. No rastro das oportunidades de mercado que surgem a partir da urgência na mitigação de gases do efeito estufa, começa uma corrida - no mundo e no Brasil - para se definir a conta da restauração florestal, quem a pagará, como e com qual retorno financeiro. Um estudo, conduzido pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade, da Fundação Getúlio Vargas, e Instituto Escolhas, visa saber em que condições o recobrimento do país com árvores pode se tornar um investimento atrativo, contabilizando as oportunidades com o manejo florestal. Para o suprimento da demanda brasileira, estima-se a necessidade de se multiplicar por dez a atual área de produção de madeira rastreada, até 2030. Hoje, apenas 10% a 20% das toras extraídas

na Amazônia têm origem legal e sustentável. Essa pequena parcela compete em desigualdade com a produção ilegal, que tem custos 40% inferiores porque não adota práticas para redução de impactos e não paga impostos. Os pesquisadores pretendem medir quanto a legalização de 100% da madeira refletirá no desenvolvimento econômico e na quantidade de emissões de carbono evitadas devido à menor degradação florestal. O caminho é criar um programa nacional de fomento à pesquisa e desenvolvimento de silvicultura de espécies nativas para o Brasil repetir nesse campo o sucesso mundial obtido com a produtividade do eucalipto. O objetivo é tornar o modelo rentável e autofinanciável, a partir de uma escala de restauração variando entre 10 milhões e 20 milhões de hectares, ao custo atual de R$ 50 bi-

40

lhões a R$ 100 bilhões, que precisaria ser reduzido ou compensado pela geração de receita. O montante máximo necessário para o conserto dos estragos no Brasil equivale a 20% da produção florestal mundial, de US$ 150 bilhões ao ano, considerando o valor das árvores e não dos seus subprodutos industrializados, conforme dados de 2014 da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). “O custo da degradação pode ser muito maior que o da restauração e é preciso mudar a crença de que criar reservas florestais significa perder área de produção”, alerta Miguel Calmon, especialista da área na International Union for Conservation of Nature (IUCN). Para ele, é necessário analisar modelos e criar planos de negócio para testar o apetite dos investidores. Uma saída é compensar passivos no formato de condomínios florestais, associados a diferentes setores produtivos e a fundos de investimento: Na busca por viabilidade, projetos acadêmicos chegam a novos resultados: “Na Mata Atlântica e Amazônia, a redução de custo atingiu 50%, em média, com uma combinação de espécies nativas e adubação verde”, revela Ricardo Rodrigues, pesquisador da Universidade de São Paulo, em Piracicaba (SP). O estudo internacional “New Climate Economy”, liderado pela organização, contabilizou a existência de investimentos de US$ 50 bilhões por ano em restauração florestal, metade nos países em desenvolvimento - bem abaixo da necessidade global, estimada em US$ 200 bilhões a US$ 300 bilhões por ano. Segundo dados do WRI, o planeta já perdeu um terço da cobertura florestal e mais de 20% foi degradada. Na iniciativa The Bonn Challenge, lideranças globais estabeleceram o objetivo de recuperar 150 milhões de hectares até 2020. Os projetos apresentados até o momento cobrem 39% da meta, com geração de US$ 16 bilhões em benefícios econômicos por ano. RM



como ipê, maçaranduba e cumaru, entre cerca de 30 espécies com potencial comercial — tem algum grau ou componente de ilegalidade. “Além de ser altamente predatória em termos ambientais, a ilegalidade fomenta um cenário de comercialização injusto, pois quem busca a atividade econômica responsável tem dificuldade de ganhar espaço no mercado”, afirma Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva da Ibá (Indústria Brasileira de Árvores). Para mudar esse quadro, a Coalizão Brasil propõe uma sequência de ações, que começa com mais transparência na aprovação dos planos de manejo. “As licenças de exploração de árvores nativas têm de ser transparentes à sociedade, com seu georeferenciamento e informações sobre espécies e volumes divulgados amplamente. Assim será possível acompanhar a legalidade das áreas de manejo florestal e monitorar a qualidade da exploração para a retirada de madeira”, pondera Marco Lentini, coordenador do programa Amazônia do WWF Brasil. Rastrear a madeira será, portanto, crucial. “ Trata-se de um complemento para as medidas de controle e monitoramento do desmatamento já existentes”, explica Maurício Voivodic, secretário executivo do Imaflora. O transporte também necessita de rastreamento para se checar pontos de partida e de chegada. Na outra ponta, o consumidor deve exigir que se comprove a origem dos produtos. Além de rastreabilidade, será preciso investir em tecnologia, pesquisa e desenvolvimento de espécies nativas, bem como em qualificação de mão de obra, como observa Paulo Barreto, pesquisador sênior do Imazon. O manejo florestal adequado, portanto, contribui para uma das metas a que o Brasil se propôs no acordo mundial para o clima: eliminar o desmatamento ilegal até 2030. “Ao olhar a floresta com uma visão econômica e social, além da ambiental, cria-se o entendimento de que ela tem valor e de que não é necessário substituí-la por outras atividades”, afirma José Luciano Penido, presidente do conselho da Fibria Celulose. E há outros ganhos: os chamados serviços ecossistêmicos que as florestas oferecem, como a conservação do solo e a segurança hídrica. Visto que boa parte da madeira nativa comercializada no Brasil tem algum componente de ilegalidade, a Coalizão entende que é necessário incentivar a transição gradual dos envolvidos no setor — madeireiros, transportadoras e serrarias — para uma situação de legalidade total. RM

O

manejo adequado da floresta tropical pode estimular uma atividade com benefícios sociais e econômicos e promover a mitigação das mudanças climáticas. A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura propõe a ampliação da área de manejo do Brasil para 30 milhões de hectares até 2030 e aponta que a viabilização desse caminho passa pela supressão da ilegalidade na cadeia produtiva da madeira nativa. Em grande escala, o manejo adequado de baixo impacto das florestas nativas brasileiras pode fortalecer um mercado de madeira tropical totalmente legal, abrindo alternativas e oportunidades para proprietários de terras e comunidades que vivem próximas (ou dentro) de áreas de floresta. Acrescente-se a esse cenário a manutenção de estoques de carbono e conclui-se que essa conduta se alinha plenamente às contribuições brasileiras para o enfrentamento das mudanças do clima e à ampliação de uma atividade econômica que tem o meio ambiente e o homem como prioridades. Por isso, a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura propõe que a área de manejo florestal sustentável no Brasil seja ampliada em dez vezes em relação à situação atual, chegando a 30 milhões de hectares até 2030. Tal volume supriria toda a demanda nacional por madeira tropical. “Para se ter uma ideia, essa área equivale a cerca de 7% do maciço florestal amazônico. Ou seja, promover o manejo de uma pequena fração da floresta causaria baixo impacto e ainda contribuiria com a preservação dos demais 93%”, afirma Roberto Waack, presidente do conselho da empresa Amata. O principal desafio para converter essa proposta em realidade é suprimir a ilegalidade da cadeia produtiva. Estima-se que 80% do volume comercializado no país —

P&B COMUNICAÇÃO

42



Revista da Madeira

E

stima-se que 24 milhões de m³ de madeira em toras sejam extraídas da Floresta Amazônica por ano, dos quais, 15% são absorvidos já desdobrados pelo mercado do Estado de São Paulo. A estatística indica que o estado de São Paulo é o maior consumidor mundial de madeira nativa da Amazônia, totalizando 3,6 milhões de m³ armazenados e consumidos por diversos setores mercado paulista. Um estudo realizado na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), buscou identificar e descrever a estrutura anatômica das principais madeiras comercializadas em São Paulo, contribuindo para o diagnóstico das espécies arbóreas submetidas à maior pressão de exploração nas florestas naturais de sua região ecológica de origem. Este estudo identificou 90 espécies de madeiras comercializadas em 68 madeireiras no estado de São Paulo a partir da análise de sua estrutura anatômica. O trabalho do biólogo Luiz Santini Junior, em parceria com o Instituto Florestal de São Paulo, elaborou uma chave para identificação a partir de características macroscópicas e microscópicas do lenho de cada espécie. Durante três anos, o biólogo atuou como técnico especializado na identificação de madeiras do projeto. A pesquisa aconteceu entre 2008 a 2011,

abrangendo 68 empresas que atuam no setor madeireiro, distribuídas em 37 municípios. Foram identificadas e descritas anatomicamente 90 espécies de madeiras comercializadas. “A partir das análises macroscópicas e microscópi-

44

cas do lenho das espécies, foi elaborada uma chave de identificação, descrevendo as características que permitem a correta identificação de cada madeira” explica Santini Junior. O biólogo aponta que o comércio de madeira utiliza o nome popular das árvores. “Espécies florestais diferentes são agrupadas e comercializadas como sendo a mesma espécie, podendo camuflar espécies proibidas de comercialização ou mesmo prejudicar o consumidor, uma vez que este não obterá a madeira pretendida para os fins necessários”, afirma. “A anatomia da madeira foi fundamental para auxi-


12 a 14 Abril | 2016

2016

Uberlândia | MG | Brasil

O melhor evento sobre Eucalipto em 2016 Palestrantes renomados Mostra de produtos e serviços Público qualificado Oportunidade de novos negócios

Patrocínio

Promoção e Organização

Fone:

sifeventos@gmail.com


Revista da Madeira

Madeiras Tropicais

liar na separação destas espécies, pois nos fornece inúmeras características peculiares de cada uma delas, permitindo a identificação correta. No caso do abiú, por exemplo, encontramos espécies dos gêneros Chrysophyllum sp., Micropholis sp. e Pouteria sp. no mesmo lote”. Embora algumas espécies de madeiras da mata atlântica, como o pau marfim (Balfourodendron riedelianum), tenham sido encontradas no estudo, a maioria das madeiras identificadas era proveniente de árvores nativas da região amazônica. A espécie de maior ocorrência foi a cupiúba (Goupia glabra), encontrada em 26 dos 37 municípios visitados. Em seguida vem o cedrinho (Erisma uncinatum) e a garapeira (Apuleia leiocarpa), ambas espécies que ocorrem na

região amazônica. Já a família botânica Fabaceae foi a mais representativa com 32 espécies encontradas. Também foi possível identificar oito principais agrupamentos errôneos pelo nome popular das madeiras sendo eles: Abiú (Chrysophyllum sp.; Micropholis sp. e Pouteria sp.), Amescla (Protium sp. e Trattinnickia sp.), Bacuri (Moronobea pulchra e Platonia insignis), Caixeta Amarela (Parkia sp. e Simarouba amara), Cambará (Qualea sp. e Vochysia sp.), Louro Pardo (Cordia trichotoma e Nectandra sp.), Sucupira (Bowdichia virgilioides e Diplotropis sp.), Tauari (Cariniana micrantha e Couratari guianensis). De acordo com Santini Junior, a madeira é um material heterogêneo e possui três planos básicos de observação (transversal, tangencial e

46

radial) utilizados na identificação das espécies. “Uma das características principais utilizadas na identificação das madeiras é o tipo de parênquima axial, que são tecidos responsáveis pelo armazenamento de substâncias, incluindo amido e cristais” aponta o biólogo. “O parênquima axial é composto de células com diferentes tipos de distribuição, variando em diversas espécies de madeiras e que podem ser observados por meio de uma lupa conta fios de 10 aumentos”. Outros aspectos analisados para identificação de madeiras estão relacionados aos vasos (tecidos condutores) e aos raios (parênquima radial). “Nesse caso, são levados basicamente em conta informações como a distribuição, frequência e arranjo dos vasos, além da altura, largura e estratificação dos raios”, complementa o biólogo. O governo do Estado de São Paulo iniciou, ainda em 2007, o programa “São Paulo Amigo da Amazônia”, com intuito de fiscalizar e coibir a entrada ilegal de madeira amazônica no estado, inclusive com ações da Polícia Militar Ambiental. No ano seguinte foi lançado o decreto 53.047 estabelecendo a criação do “CadMadeira” que prevê vistorias em madeireiras para fins de certificação florestal emitida pela Secretaria do Meio Ambiente (“Selo Madeira Legal”). Embora a madeira comercializada acompanhe um Documento de Origem Florestal (DOF), o estudo da anatomia permite comprovar se as espécies descritas no documento são condizentes com aquelas transportadas nos caminhões ou presentes nos pátios das empresas. A análise contribui também na identificação de madeiras proibidas de comercialização, como é o caso da castanheira (Bertholletia excelsa) e do mogno (Swietenia macrophylla). RM



Os principais aspectos que permitem a utilização da biomassa como matéria-prima para geração de energia estão relacionados ao avanço do melhoramento florestal e a clonagem de espécies importantes, que resultam em ganhos a silvicultura brasileira. Entretanto, por apresentar um ciclo longo de produção, o processo de tomada de decisão é mais complexo, pois as incertezas e o risco são maiores em investimentos de longa duração. Existem métodos para auxiliar nas tomadas de decisão sob condições de risco, como por exemplo, os métodos de simulação, que são de baixo custo e que oferecem diversos cenários possíveis. Ainda sobre o risco, que é a possibilidade financeira de se ter um prejuízo financeiro, classificam-se os agentes financeiros em três categorias: os que são indiferentes ao risco, os que possuem a tendência ao risco e aqueles que tem aversão ao risco. Deste ponto de vista é importante fornecer aos investidores um mapeamento dos riscos inerentes aos projetos para que a tomada de decisão se dê não apenas levando em conta o risco do projeto, mas também o perfil do investidor. Para isso foi realizada uma analise de viabilidade econômica da implantação de florestas de Eucalyptus spp. na região de Botucatu – SP, considerando um incremento médio anual de 50 m³.ha-1ano-1 e um ciclo de produção único com corte raso ao sexto ano de plantio.

Revista da Madeira

A

s florestas plantadas o c u p a m uma área de aproximadamente 264 milhões de hectares, sendo 22% desta área destinada à exploração comercial, e os principais países consumidores de madeira são a China, Estados Unidos e a Índia. No ano passado, o Brasil possuía cerca de 7,6 milhões de hectares de florestas plantadas, correspondendo a um crescimento de 3% quando comparado ao ano anterior. A espécie mais plantada é o Eucalyptus spp., com um total de 72% de florestas plantadas, seguido do Pinus spp. (20,7% de florestas plantadas) e de espécies como Seringueira, Teca, entre outras, as quais totalizam 7,3% de florestas plantadas. O Brasil contribui atualmente com 17% de toda a madeira colhida anualmente no mundo e isso ocorre devido à elevada produtividade que as florestas atingem no País. Cerca de 14% da madeira colhida no Brasil tem a finalidade de compor a queima em caldeiras, principalmente para a produção de ferro gusa.

48


O levantamento dos custos de produção foi realizado em empresas da região de Botucatu-SP, responsáveis informação dos preços da madeira na região. A partir deste orçamento foi estimado o fluxo de caixa da atividade para um total de 6 anos. Utilizou-se o Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR) do projeto para a análise da viabilidade econômica deste empreendimento. Para a análise de risco utilizou-se o método de Monte Carlo, técnica válida para avaliação de risco, a qual apresenta uma série de vantagens como redução de tempo, de custos e possibilidade de repetição sob diferentes condições de produção adequadamente modeladas. As etapas realizadas neste método são: 1) Seleção e identificação das distribuições de probabilidades das variáveis em estudo, 2) Seleção aleatória de um valor de cada variável em estudo, associada à probabilidade de sua ocorrência, 3) Determinação do valor do indicador de desempenho do sistema utilizando o valor da variável associada à probabilidade de ocorrência, 4) Repetição das etapas 2 e 3 até que a distribuição de probabilidade do indicador de rentabilidade satisfaça as exigências dos tomado-

res de decisão. As variáveis críticas para análise de risco foram: o preço dos adubos,

49

tanto de base (NPK 04-30-06) como o de cobertura (NPK 20-00-20), o preço da muda, o preço do formicida, o preço recebido por unidade de madeira e taxa de juros. De modo geral a cultura do Eucalyptus spp é conduzida em um ciclo de 6 anos. Em alguns casos pode ser realizada a 2ª colheita, mas é necessário que o material genético utilizado, apresente taxa adequada de sobrevivência pós colheita e se adeque à idade do plantio. Deste modo foi considerado apenas um ciclo de exploração da cultura. O ano do plantio ou implantação apresenta o mais elevado custo dentro do ciclo da cultura do Eucalyptus spp, sendo os custos dos insumos, os valores que mais oneram a exploração da espécie. O primeiro ano do cultivo respon-

Eucalipto

Revista da Madeira


Revista da Madeira

de por 78% do custo da exploração. Os custos dos insumos são os mais elevados e respondem por 51% do ano de implantação, o restante é dividido entre as operações manuais 21%, operações mecanizadas 18% e pelo transporte dos insumos que representam cerca de 9% dos custos de plantio. Os itens que mais oneraram o custo dos insumos no primeiro ano foram as adubações (47%), sendo essas realizadas em duas adubações com dois formulados de NPK, 04-30-10 e NPK 20-05-20 e a compra das mudas de Eucalyptus spp (29%). Considerando o preço da madeira de R$56,00 por metro cúbico, obtem-se uma receita bruta de R$17.400 por hectare, e uma receita líquida de R$11.654,38 por hectare, no ciclo de 6 anos. Foram considerados os seguintes parâmetros para a estimativa das funções de distribuição de probabilidade: para as taxas de juros a distribuição triangular sendo o valor mínimo de 7,25%, modal 10% e o máximo é o de 13%. Para o preço recebido pela madeira utilizou-se a distribuição triangular com o mínimo de R$30,00, e o máximo de R$36,00 por metro estéreo. O valor mínimo obtido no VPL foi de R$ 2.645,20 o que torna o projeto viável economicamente. A mínima de 21%, maior que a taxa de desconto de 12,25%, que é a taxa mínima de atratividade indica

também que o projeto é viável. O VPL modal foi de R$ 4.219,09 por hectare também aponta para a viabilidade do projeto. O mapeamento de risco represen-

ta a probabilidade de obtenções do Valor Presente Líquido e a Taxa Interna de Retorno em diferentes níveis de risco . Produtores pouco propensos ao risco a um nível de, por exemplo, 25%, podem obter um VPL de no máximo R$ 3.914,35 por hectare. Produtores mais propensos a riscos, por exemplo a um nível de risco de 90% os valores de obtenção do VPL e da TIR são R$

5.248,84 e 26% respectivamente. Ou seja, existe a chance de 90% dos valores a serem obtidos ser menor que R$ 5.248,84 e 26% do VPL e da TIR. Verifica-se que em todos os níveis de probabilidade ocorreram valores positivos o que indica que a produção de Eucalyptus spp na região é economicamente viável. Sobre a relação das variaveis estimadas e o resultado obtido, pode-se dizer que a taxa de juros é a variavel que mais influencia no VPL. O preço da madeira é a variavel que mais influencia o TIR, positivamente e no VPL ela influencia positivamente em 58%. A adubação influencia negativamente em ambas análises Como conclusão observa-se que o cultivo de eucalipto em um ciclo de seis anos é economicamente viável de acordo com o VPL e a TIR para todos os níveis de risco no investimento. As variáveis que mais interferem nos valores do VPL são a taxa de juros e o preço recebido pela madeira no final do ciclo da floresta. Para a TIR, os valores que mais influenciam são o preço recebido pela madeira e os custos dos insumos, mais especificamente a adubação de cobertura com o NPK 20-05-20. RM Raoni Xavier de Melo

Eng. Florestal - Mestrando em Energia na Agricultura

Marcelo Scantamburlo Denadai Engenheiro Agrônomo - Doutorando em Energia na Agricultura

Carla Martins Brito

Graduanda em Engenharia Florestal

Guilherme Oguri Engenheiro Florestal

Maura Seiko

Engenheira Agrônoma, Prof. Dra.

Tsutsui Esperancini

Engenheira Agrônoma, Prof. Dra.

Saulo Phillipe Sebastião Guerra

Engenheiro Florestal, Prof. Dr, Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho

50


B

ambus são plantas herbáceas e lenhosas, pertencentes à família das gramíneas, com mais de setecentas espécies classificadas e distribuídas em cerca de cinquenta gêneros distintos. Trata-se de uma planta perene, cuja cultura não necessita de maiores cuidados, apresenta longa vida útil e grande capacidade de regeneração do solo, tendo acompanhado o ser humano desde o princípio dos tempos, fornecendo abrigo, alimento, utensílios domésticos, carvão, papel, tecido, irrigação, instrumentos musicais e outros artefatos (www.apuama.org). As dificuldades de utilização do bambu são muitas vezes relacionadas com suas propriedades inadequadas para determinados fins. Assim, uma compreensão profunda das relações entre estrutura, propriedades, comportamento e qualidades no processamento do produto tornam-se necessárias para a difusão da utilização de bambu. Dentre os inconvenientes da utilização do bambu, destaca-se a limitada vida útil da maioria das espécies, motivo pelo qual se deve protegê-lo do ataque de organismos xilófagos. Normalmente os tratamentos mais adotados são aqueles à base de produtos químicos. Dentre as possibilidades de tratamento de materiais lignocelulósicos, vislumbra-se aquele do qual se lança mão do uso do calor, denominado de tratamento térmico. A ação do calor pode dar-se de forma relativamente intensa, devido às transformações estruturais que ocorrem durante a combustão, conforme se observa para a madeira. Uma das etapas mais importantes do tratamento térmico é a seleção da faixa de temperatura. Para madeira de Eucalyptus grandis, temperaturas de 30 ºC (temperatura ambiente na estufa), 120 ºC, 140 ºC, 160 ºC, 180 ºC e 200 °C foram testadas . Após os tratamentos térmicos, as amostras foram submetidas à deterioração. Observouse um efeito favorável da temperatura mais elevada sobre a mortalidade de cupins de madeira seca. Devido ao seu elevado teor de açúcares, hidratos de carbono, resinas e amido, o bambu é deteriorado por insetos, bactérias e fungos. Entre esses organismos, a broca do bambu (Dinoderus minutus Fabricius) provoca perda de massa considerável, principalmente em bambus tropicais. A intensidade do ataque da broca depende do teor de amido da espécie de bambu, da idade dos colmos, da época da colheita e tipo de tratamen-

Revista da Madeira

to aplicado aos colmos. As curvas das análises termogravimé tricas TGA e DTG obtidas para a espécie Bambusa vulgaris Schrad, nas faixas de temperatura de 25 ºC a 120 ºC, mostraram a perda de massa de 7,2% em atmosfera controlada com N2, e 9,6% em atmosfera normal. O efeito de determinados tratamentos aplicados aos materiais e que promovam mudanças em suas estruturas normalmente é avaliado por meio de ensaios de caracterização

física¬mecânica. No entanto, o ultrasom é um método de ensaio nãodestrutivo que pode ser utilizado de forma relativamente rápida para verificar descontinuidades internas nos materiais e para verificar modificações ocasionadas em suas características. As ondas se propagam com velocidades que dependem da direção de propagação e das constantes elásticas de um material que nem sempre é isotrópico, como é o caso da madeira. O Ensaio não-destrutivo (END), principalmente através de um ultrassom, é uma alternativa aos testes de mecânicos clássicos, porque a velocidade de pulso ultrassônico (VPU) ao longo do corpo-de-prova, provavelmente possa ser capaz de detectar alterações estruturais causadas, por exemplo, pelo efeito de temperatura elevada.

51

Através de um estudo para avaliar os tratamentos térmicos selecionou-se dois colmos de bambu com idade aproximadamente de 5 anos da espécie Dendrocalamus giganteus Munro. Foram coletados e deles foram obtidas taliscas. Delas foram obtidos corpos-de-prova uniformes de 30 cm x 2 cm x 1 cm. As taliscas foram secas em recinto fechado, até alcançarem o teor de umidade de 10 a 15%. Para eliminar o efeito da umidade sobre o tratamento térmico, as taliscas foram inicialmente secas a 100 °C e então colocadas em sacos plásticos. Os tratamentos térmicos foram realizados em uma estufa com calor gerado pelo sistema elétrico de circulação forçada da temperatura ambiente até 350 ºC. As taliscas foram submetidas as temperaturas de 140 ºC, 180 ºC, 220 ºC, 260 ºC e 300 °C. Para evitar a combustão, N2 foi utilizado para as três últimas temperaturas. Após diversos estudos e testes observou-se que as propriedades físico-mecânicas do Bambu Termorretificado (BTR) mostram-se dependentes da faixa de temperatura utilizada no tratamento térmico. As modificações estruturais, detectadas por ultra-som, se mostraram mais evidentes nos ensaios de impacto e de flexão estática. Observou-se a existência de uma faixa ideal de temperatura que corresponde ao intervalo de 140 ºC a 220 ºC, a qual, no entanto, ainda deve ser refinada, visando otimizar o processo. De uma forma geral, observou-se que o BTR apresentou maior estabilidade dimensional do que o bambu-referência. RM Wandivaldi Antonio Colla Fac. de Engenharia Agrícola -Unicamp;

Antonio Ludovico Beraldo

Fac. de Engenharia Agrícola -Unicamp

José Otávio Brito

Escola Sup. de Agronomia Luiz de Queiroz


Artigo

Madeira, a melhor opção em decks

Revista da Madeira

O

s decks de madeira oferecem superfícies confortáveis para pés descalços. Sua resistência às intempéries faz com que seja boa alternativa para contornos de piscina ou banheira. Também deve haver um planejamento para os sistemas elétrico, hidráulico e de equipamentos como aquecedores de água e filtros. Quando colocados sob o deck, devem ter acesso facilitado por meio de painéis removíveis. Além de serem ideais para circundar piscinas, decks são facilmente conversíveis em áreas de “solarium”, para repouso em esteiras, cadeiras ou, ainda, simplesmente como área de saída da piscina. Há outras opções como decks privativos, estruturas para sombreamento e áreas para guardar brinquedos, como boias e flutuadores. Por estarem constantemente expostos à umidade, mesmo os decks construídos com madeiras resistentes à intempérie requerem alguns cuidados. As duas faces e as extremidades do deck deverão ser revestidas com acabamento de proteção antes da instalação. Deve-se fazer uma verificação anual das tábuas sob o deck. A madeira para fixação das réguas e que servirá de apoio do deck sobre o piso, deverá ser da mesma espécie utilizada nas réguas. O piso onde será apoiado o deck deverá ter uma boa drenagem, não permitindo acúmulo de água. Deve-se verificar a regulamentação das medidas de segurança existentes para esse tipo de equipamento. Para proteger a madeira e a aparência do seu deck, recomenda-se o uso de Osmocolor Stain UV Deck, que prolonga a beleza da superfície. Trata-se de um acabamento transparente, com filtro UV, proteção fungicida e resinas hidrorrepelentes. Para assegurar vida longa com a aparência saudável às peças de madeira, todas as superfícies das tábuas que irão compor o deck devem ser tratadas antes de sua instalação. Em casos de uso de madeira tratada sob pressão nos componentes estruturais, deve-se levar em consideração que este tipo de material já apresenta uma excelente resistência ao envelhecimento, ao apodrecimento e ao ataque de insetos.

Com relação as tintas comuns, em geral, não são formuladas para resistir à ação extrema da intempérie como nas aplicações em decks. Com a exposição ao tempo, nestes casos, a madeira poderá fendilhar e a tinta apresentar descascamentos e formação de escamas. Para manter a aparência da superfície pintada torna-se necessária a remoção da película, lixamento e nova aplicação de tinta. Como acabamento mais estável para aplicação em madeira, recomenda-se Osmocolor Stain Cores Sólidas apresentado em diversas tonalidades. Recomenda-se também a sua aplicação em parapeitos, madeiras de fechamento, coberturas e tábuas dos decks das partes internas. As madeiras de um deck deverão estar secas, mas não em demasia, antes da aplicação do acabamento. Sob o sol, sem proteção, a umidade da madeira evapora rapidamente. O resultando frequente é madeira rachada ou empenada. Por outro lado, essas madeiras podem ser recém-serradas, possuindo alto teor de umidade e dificultando a penetração dos acabamentos e stains nas suas fibras. A madeira estará pronta para receber acabamento quando for capaz de absorver rapidamente algumas gotas de água espalhadas na sua superfície. Antes de efetuar um acabamento, as plantas, estruturas, e equipamentos de paisagismo ao redor devem ser pro-

tegidos com lona plástica ou de tecido. Stains semitransparentes devem ser aplicados com trincha e os transparentes, com rolo. Para os stains de cores sólidas, além da trincha, também podem ser utilizados rolo de lã de textura baixa. O tempo é um dos segredos para o sucesso do acabamento. Deve-se evitar a aplicação com o tempo muito quente ou úmido, o que poderá dificultar a adesão do acabamento, ou criar problemas de alastramento. Deve-se evitar aplicação em dias muito frios, ou frios e úmidos, quando poderão ocorrer problemas de manchamento e demora na secagem. Sob temperaturas abaixo de 5°C e umidade acima de 90%, não vale a pena aplicar o acabamento. Para madeiras resinosas, recomenda-se a aplicação prévia do verniz Isolare, para evitar manchas e possível retardamento na secagem dos acabamentos. A migração das resinas naturais em algumas madeiras, por exemplo, o Ipê, pode comprometer até a durabilidade do acabamento. Com manutenção regular o deck será uma grande atração no espaço de lazer durante muitos anos. Folhas caídas sobre o deck devem ser varridas com regularidade. Da mesma forma, é recomendável a limpeza de eventuais fendas existentes nas tábuas, com atenção especial aos cantos para remoção de limo e fuligem. A cada primavera e outono deve-se fazer uma limpeza geral. RM

Dulcídio Ramirez Macedo diretor Industrial da Montana Química

52


750 MARCAS

30 PAÍSES

7ª Feira Internacional de Fornecedores da Indústria Madeira e Móveis

DE 26 A 29

DE JULHO

2016

Pavilhão Anhembi - São Paulo das 13h às 20h

A FEIRA MAIS COMPLETA DO SETOR! EXPOSITORES DO SETOR: Matérias-primas | Máquinas | Equipamentos | Ferragens | Acessórios Fornecedores de serviços | Soluções em madeiras | Ferramentas Faça seu credenciamento em nosso site: CÓDIGO DO CONVITE RM0016

WWW.FEIRAFORMOBILE.COM.BR FACEBOOK/ FEIRAFORMOBILE Promoção e realização:

Filiados a:

Mídia oficial:

Agência de viagens oficial:


África perdeu 2,8 milhões de hectares de florestas A África é o continente que registou a perda líquida anual mais elevada em termos de desmatamento durante o período 2010-2015, com 2,8 milhões, seguida de perto pela América do Sul , com 2 milhões de hectares, de acordo um relatório da FAO. O desmatamento e degradação florestal é devido ao aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, mas a floresta e as árvores em crescimento absorvem o dióxido de carbono. A gestão florestal sustentável irá resultar em uma redução das emissões de carbono florestal e terá um papel vital a desempenhar na luta contra os efeitos negativos da mudança climática. ‘ As florestas plantadas são muitas vezes utilizados para a produção de madeira e onde elas são bem geridos. Podem também fornecer uma variedade de produtos e serviços, contribuindo assim para reduzir a pressão sobre as florestas naturais da floresta. ‘A FAO adverte que, apesar dos esforços de conservação, a ameaça de perda de biodiversidade persiste e é susceptível de se agravar com o desmatamento, degradação da floresta, a poluição e as alterações climáticas, que são todos fatores de impacto negativo. ‘’ Atualmente, a área de floresta dedicada, principalmente, à conservação da biodiversidade representa 13% das florestas do mundo, grande parte localizadas no Brasil e nos Estados Unidos.

Revista da Madeira

PERU FAO: déficit Peru tem um déficit de 15 milhões de metros cúbicos de madeira para o seu mercado Um total de 20 países da América Latina e Caribe se encontram em Lima para discutir o futuro das florestas na região, onde se perde anualmente dois milhões de hectares de floresta O Peru precisa cobrir um déficit de 15 milhões de metros cúbicos de madeira para abastecer o seu consumo do mercado interno, de modo que as plantações florestais são uma ferramenta essencial nas políticas de proteção florestal, O Peru tem 73 milhões de hectares de florestas, e ainda é um grande importador de madeira. Embora a região tem muitos países com o crescimento da floresta significativa, ainda tem a segunda maior taxa de desmatamento do mundo, observou o representante da FAO, que recordou que a América Latina e o Caribe perdeu dois anual milhões de hectares de florestas.

NORUEGA Como a Noruega conseguiu salvar suas florestas Faz um século que a Noruega teve a visão de intervir para salvar suas florestas. A história de Knut Ole Viken está ligada à floresta. Quando criança, ele passava os verões com seu pai em florestas remotas perto do Círculo Polar Ártico. Lá, eles mediram o crescimento das árvores. Há 27 anos, Viken trabalha avaliando as mudanças na floresta. Depois de séculos de exploração madeireira, o país tinha consumido grande parte de seus recursos naturais. Mas tudo isso mudou. Hoje, a Noruega tem o triplo da madeira nas florestas do que tinha há 100 anos. A colheita anual é de apenas metade da madeira que cresce a cada ano, de modo que as florestas estão crescendo. Este crescimento é suficiente para fixar 60% das emissões anuais de gases de efeito estufa. No século XIX, houve muita exploração madeireira. Se exportava grande quantidade de madeira para a Europa. Localmente, os agricultores usaram a madeira para aquecer casas e animais, impedindo que as florestas se recuperassem. Isto significa que quando as árvores eram cortadas, não havia um plano para plantar ou regenerar. No final do século XIX, o governo percebeu que estavam perdendo sua florestas. E decidiu fazer algo radical: começar a medição da floresta. Em 1919, o governo norueguês lançou um plano ambicioso. A Noruega tornou-se assim o primeiro país a avaliar o estado das suas florestas.

LÍBANO Novas orientações para a gestão florestal O Ministério da Agricultura em cooperação com a Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO) lançou diretrizes para a gestão das florestas de pinheiros no Líbano. As diretrizes de manejo florestal integram medidas para aumentar a resiliência da floresta de pinheiros contra eventos meteorológicos graves e pragas, bem como as ações necessárias para resolver o problema atual de perdas de pinheiros. Estas orientações compreendem métodos de poda, desbaste regulamentos de tratamento, métodos de regeneração, novas plantações e técnicas de enxertia, bem como manejo integrado de pragas. Um grave problema da perda de pinho e sementes de pinheiro foi relatado em muitas áreas desde 2009. Isso impacta a produção de pinhão e, consequentemente, os meios de subsistência das comunidades rurais em causa. Segundo a FAO, as florestas de pinheiros no Líbano se estender por uma área de 12.000 hectares. ÁFRICA

54


Revista da Madeira Madeira pelo Mundo

A avaliação consistia em pesquisas áreas que estavam crescendo mais rápido, que podiam ser exploradas de forma sustentável, e que aspectos da floresta deviam ser preservados como habitat para espécies ameaçadas de extinção. Hoje apenas 4% da floresta está protegida como reservas naturais e parques nacionais. O resto é tratado como colheita sustentável de madeira, com objetivos econômicos.Quando a floresta é cortada, ela é substituída frequentemente por meio de programas de reflorestamento. Quando há o replantio, geralmente cresce um grupo de árvores menos diversificadas do que era antes. Assim, embora haja mais madeira nas florestas geridas, muitas vezes há menos biodiversidade, e essas novas áreas não parecem espaços selvagens.

principal motor econômico. Todos os anos vão a este país cerca de 2,5 milhões de visitantes, dos quais 70% dizem ter visitado pelo menos três áreas protegidas durante a sua estadia. Isto significa que a maioria dos turistas querem ser cercados por cachoeiras, praias, rios, florestas e espécies nativas que fazem deste lugar um paraíso natural. A transição de uma economia extrativista para a conservação é possível, desde que existam esforços para incentivar a educação ambiental e melhorar as condições de vida da população local. É um êxito o turismo sustentável ao passar do nível racional ao nível emocional. Isso não é alcançado pelo turismo de massa desde que a idéia seja construir experiências ambientais responsáveis e inesquecível para todos. Mas também é um trabalho educativo essencial. Desta forma, os nativos têm desempenhado um papel fundamental neste processo. Eles tem participado como guias turísticos, guardas florestais, jornalistas, pesquisadores, cozinheiros, artesãos e outras trabalho que têm contribuído para o fortalecimento do modelo econômico que elevou Costa Rica no continente e é agora um modelo. A Rede Costarriquenha de Reservas Naturais atua há duas décadas na promocão e incentivo a conservação voluntária no país. O resultado está em 220 parceiros, que em conjunto detêm 82.205 hectares de floresta protegida , onde 60% são dedicados exclusivamente à conservação, enquanto os restantes 40% são destinados ao ecoturismo e pesquisas.

Indonésia Elefantes ‘bombeiros’ combatem os incêndios florestais na Indonésia Elefantes antes eram utilizados para o trabalho de patrulha e na busca por pessoas em áreas proibidas . Agora autoridades da Indonésia vem empregando elefantes, equipados com bombas e mangueiras de água, para ajudar a patrulhar e monitorar incêndios florestais. Por quase três meses, a província de Riau, em Sumatra Leste tem sido coberta por fumaça de incêndios florestais, principalmente em áreas ricas em turfa, onde é difícil o processo para conter as chamas. No centro de conservação de elefantes, no distrito Siak, 23 elefantes são treinados como vigilantes florestais. Os elefantes transportam bombas de água e outros materiais, patrulhando com seus companheiros humanos áreas da floresta nacional queimadas para garantir que os incêndios não reaparecem após a queima de turfa no subsolo. Antes os elefantes eram treinados para ajudar nas patrulhas florestais. .Por enquanto, a Indonésia não conseguiu acabar com grandes incêndios devido à falta de chuva e a queima intencional. O Ministro das Florestas e Meio Ambiente, Nurbaya Siti disse que cerca de 1,7 milhões de hectares (4,2 milhões de acres) de floresta e plantação terra foram destruídos por incêndios em Sumatra e Bornéu.

MALASIA As florestas são a nossa salvação

COSTA RICA Costa Rica, líder em turismo sustentável na América Latina

A exploração madeireira ilegal na Malásia não é um fenômeno novo. A Malásia tem uma taxa de corte ilegal de 35%.. Um estudo do Banco Mundial revelou que dois terços dos principais países produtores de madeira tropical do mundo estão prestes a perder metade de sua madeira para madeireiros ilegais. A exploração madeireira ilegal é um crime ambiental que coloca uma série de desafios. Em muitos países em desenvolvimento, incluindo a Malásia, o crime ambiental não tem sido objeto de grande atenção do público. O desmatamento traduz-se numa

O país da América Central concentrou todos os seus esforços na construção de um modelo econômico que é consistente com o desenvolvimento da comunidade local, amigável ao meio ambiente e interessante para os turistas. O objetivo é oferecer experiências únicas, inesquecíveis e de alta qualidade. Usando seus atributos naturais, como o de deter 5% da biodiversidade mundial, a Costa Rica fez do turismo o seu

55


Madeira no Mundo Esta superfície é de 4,3% das florestas da provincia. Os incêndios afetaram 56% dos setores considerados de alto valor de conservação; Uma das recomendações mais importantes e de maior custo é plantar espécies nativas, que foram perdidos . O estudo recomenda a formação de um banco de sementes. Serão plantados um total de 1.500.000 mudas em dez anos.

Revista da Madeira

Espanha Florestas espanholas captam 37% do CO² As florestas espanholas capturam anualmente 37% de todas as emissões nacionais de dióxido de carbono (CO²), e acumulou 4,3 milhões de toneladas de gases do efeito estufa.. As entidades locais apostando no consumo de produtos renováveis, como madeira (armazenamento de CO²) e energias renováveis, como a biomassa florestal. Com base nestas iniciativas a fixação de dióxido de carbono pelas florestas chega a mais de 4.374 milhões de toneladas de CO², acrescentando árvores e arbustos. Após os oceanos, as florestas são os melhores sumidouros de carbono terrestres naturais, assim “aliados na luta contra a mudança climática por sua capacidade de se ligar CO². Florestas e manejo florestal são essenciais na mitigação e adaptação às mudanças climáticas, proteção e preservação dos recursos hídricos, a produção sustentável de biomassa como fonte de energia e como material de construção na preservação e aumento da biodiversidade . No entanto, as florestas também são uma fonte de emissões de CO² com o desmatamento, incêndios, pragas e doenças que causam a morte da árvore.

perda de muitos serviços ambientais proporcionados pela floresta, tais como, a regulação da água, a formação do solo e qualidade do ar. A exploração madeireira ilegal também resultou na perda de animais selvagens e ameaçou espécies ameaçadas de extinção. Outro ponto negativo são as perdas econômicas devido a sonegação de impostos, taxas e outras receitas associadas a floresta legal. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Ambiente e da Interpol, o valor econômico da exploração madeireira ilegal global, incluindo o processamento, é estimado entre US $ 30 e US $ 100 bilhões, ou 10 a 30% do comércio mundial de madeira . Outro fator é o impacto social. As comunidades locais e grupos indígenas que são diretamente dependentes de recursos florestais para as necessidades de subsistência são muitas vezes aqueles severamente afetados. A princípal motivação da extração ilegal de madeira são os lucros elevados para os autores e o baixo risco de detecção. Na verdade, ele é muitas vezes erroneamente visto como um crime “sem vítima”.

México Mitigar o desmatamento, o desafio para 2030 O governo estabeleceu uma meta de reduzir a zero o desmatamento no país até 2030, como parte de sua contribuição para as ações de mudança climática global. No entanto, o esquema de inventários florestais usadas até agora não permitem avaliar com precisão mudanças na área florestal. Se o México realmente quer alcançar um desmatamento zero deve primeiro verificar o comportamento da biodiversidade em suas florestas. Com isso o governo está atualmente trabalhando no projeto de um novo Inventário Florestal Nacional, que não só medir a quantidade de madeira que você tem nas florestas, mas incorporar uma classificação por espécie. O desmatamento no mundo contribui com 15 a 18% das emissões de gases do efeito estufa. Uma das formas de combater a mudança climática é chegando a zero o desmatamento. De acordo com estimativas da FAO, o México perdeu 3,7 milhões de hectares de floresta entre 1990 e 2015, e apesar da taxa de desmatamento diminuir, ainda está com perdas em 92.000 hectares por ano.

ARGENTINA Alto custo para recuperar florestas queimadas O plano oficial para reflorestar a área devastada por queimadas vai levar 30 anos, mas a primeira década é fundamental. Em um terço da área afetada, vegetação e solo foram reduzidos a cinzas. Mais de metade da área afetada foi considerada “valor muito elevado de conservação.” Implementar um plano para restaurar florestas queimadas em Chubut, na Argentina, custará 67 milhões de pesos, para os primeiros 10 anos. O sucesso depende de muitas variáveis ambientais e técnicas, aceitação social e de apoio. Mas o primeiro obstáculo a ser resolvido é o financiamento a curto e médio prazo. O dinheiro iria restaurar 3.000 hectares que são considerados prioritários e viáveis para revitalizar. O objetivo é restaurar áreas queimadas e aplicar técnicas de gestão associadas ao uso futuro. O plano inclui a participação de agências estatais e as populações locais. Na temporada de 2014/15 houveram grandes incêndios em Chubut com mais de 42.000 hectares afetados.

56




Revista da Madeira

Mercado crescente para papel e celulose Notas

A

s indústrias de celulose e papel, em especial do Mato Grosso do Sul, fecham 2015 com crescimento de 2,72% em relação a 2014, aumentando sua receita de R$ 2,20 bilhões para R$ 2,26 bilhões. O presidente do Sinpacems (Sindicato das Indústrias de Celulose e Papel de Mato Grosso do Sul), Francisco Valério, observa que a produção de papel e de celulose no Estado em 2016 poderá chegar de 2,9 milhões de toneladas. Já em 2017 deverá haver um salto em função da produção das novas plantas, cuja a construção teve início em 2015. O Brasil é o 4º produtor mundial de celulose e o 9º produtor de papel, sendo que a produção de celulose em Mato Grosso do Sul corresponde a aproximadamente 17% da produção nacional. Com 24 indústrias de celulose e papel instaladas e que juntas empregam 3.675 industriários, o segmento tem investimentos de quase R$ 16 bilhões previstos para o Estado de Mato Grosso do Sul. Entre esses empreendimentos estão a instalação da segunda linha de produção da Fibria, com investimento de R$ 7,7 bilhões, e a ampliação da fábrica de celulose da Eldo-

rado Brasil, com aplicação de R$ 8 bilhões, ambos em Três Lagoas (MS). Com a ampliação das fábricas, Mato Grosso do Sul vai destacar-se ainda mais no cenário industrial como centro mundial de produção de celulose e Três Lagoas se tornará a capital mundial da celulose. A planta

atual da Fibria que tem capacidade para produzir 1,75 milhão de toneladas por ano deve atingir as 3,05 milhões de toneladas por ano, se tornando uma das maiores unidades de produção de celulose do mundo.Já a produção da Eldorado chegará a 4 milhões de toneladas/ano, o dobro da capacidade atual.

cessária - Texto não determina quando emissões precisam parar de subir - Acordo deve ser revisto a cada 5 anos É a primeira vez que se atinge um consenso global em um acordo em que todos os países reconhecem que as emissões de gases do efeito estufa precisam ser desaceleradas e, em algum momento, comecem a cair. Cientistas criticaram a ausência de metas específicas de cortes de emissão para períodos de longo prazo – de 2050 - mas o acordo deixa em aberto a possibilidade de que essas sejam estabelecidas posteriormente, com “a melhor ciência possível”. O tratado não determina com pre-

cisão até quando as emissões precisam parar de subir e começar a cair, mas reconhece o pico tem de ocorrer logo. Também está incluído o compromisso de países ricos de garantirem um financiamento de ao menos US$ 100 bilhões por ano para combater a mudança climática em nações desenvolvidas a partir de 2020, até ao menos 2025, quando o valor deve ser rediscutido. Outro ponto crucial do acordo foi o estabelecimento de um mecanismo de compensação por perdas e danos causados por consequências da mudança climática que já são evitáveis. Muitos países pobres e nações-ilhas cobravam um artigo especial no tratado para isso, e foram atendidos.

Representantes de 195 países aprovam acordo do clima

N

o final de 2015, a cúpula do clima de Paris, aprovou o primeiro acordo de extensão global para frear as emissões de gases do efeito estufa e para lidar com os impactos da mudança climática. O acordo determina que seus 195 países signatários ajam para que temperatura média do planeta sofra uma elevação “muito abaixo de 2°C”. Entre os principais pontos de acordo do clima aprovado estão: - Países devem trabalhar para que o aquecimento fique muito abaixo de 2ºC, buscando limitá-lo a 1,5ºC - Países ricos devem garantir financiamento de US$ 100 bilhões por ano - Não há menção à porcentagem de corte de emissão de gases-estufa ne-

RM

Produção e extração geram R$ 20,8 bilhões Pesquisa denominada Produção da Extração Vegetal e Silvicultura (Pevs), revela que este segmento registrou, no último ano, movimento de R$ 20,8 bilhões . A produção da madeira cultivada chegou a R$ 15,9 bilhões e o da madeira proveniente do extrativismo atingiu R$ 3,2 bilhões. O levantamento do IBGE informa que, de um total de 146,5 milhões de metros cúbicos (m³) de madeira em tora, 90,6% originaram-se da silvicultura (florestas plantadas) e apenas

9,4% do extrativismo vegetal. No entanto, a quantidade de madeira em tora proveniente do extrativismo aumentou 1,8%, entre 2013 e 2014. Segundo a pesquisa, os 20 maiores municípios produtores responderam por 49,6% da produção nacional, com destaque para Porto Velho, em Rondônia, com 1,5 milhão de m³; Portel, no Pará, com 1,1 milhão de m³; e Itagimirim, a Bahia, com 467,6 mil m³. O carvão proveniente de reflorestamento – que faz parte da silvicultura - respondeu por

59

85,9% da produção desse produto, o equivalente a 7,2 milhões de toneladas; já o carvão resultante do extrativismo vegetal, ou seja, que envolveu a derrubada de floresta, envolveu 14,1% do total da produção. A produção de lenha atingiu no ano passado 85 milhões de m³. Desse total, a produção de lenha proveniente da silvicultura respondeu por 66% da produção. O extrativismo vegetal colaborou com 34% do total produzido.

RM


Notas

Revista da Madeira

Americano cria carro esportivo com 90% de madeira

P

rojeto nasceu na faculdade e levou 5 anos para ser finalizado; o motor não é de madeira, mas um V8 de mais de 600 cavalos Um carro é uma grande estrutura de metal sobre rodas, certo? Não para o engenheiro norte-americano Joe Harmon, que acaba de finalizar a construção de um superesportivo composto por 90% de madeira. Batizado de Splinter, o carroconceito apareceu no salão de Essen, na Alemanha, . O carro é equipado com um motor V8 de 7.0 litros, que desenvolve pelo menos

600 cavalos de potência, acompanhado de transmissão manual de 6 velocidades. A ideia nasceu quando Harmon ainda estava na faculdade, como um projeto para mostrar novos usos para a madeira. O objetivo era usar o material renovável em todas as peças em que fosse possível. Desde o chassis até a carroceria, tudo é feito de compostos de carvalho, nogueira, cerejeira, e outras árvores. Cada roda, por exemplo, possui um total de 275 partes. O trabalho de design e fabricação das peças levou 5 anos. O esportivo tem 4,4 metros de comprimento e 2,66 metros de distância entreeixos. A inspiração para o desenho veio de um avião da 2ª Guerra Mundial, que também era feito de madeira. É o único material de construção naturalmente renovável. Uma ínfima quantidade de energia é necessária para produzir, e é totalmente biodegradável. RM

RM

Até 2030, agrossilvicultura pode atingir 20 milhões de ha

E

mbora seja uma prática antiga, a adoção no Brasil dos sitemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) ainda é limitada. No entanto, há uma tendência de crescimento a partir do aperfeiçoamento dessa tecnologia, sobretudo na recuperação de áreas de pastagens degradadas. “Hoje, cerca de dois milhões de hectares utilizam diferentes formatos. A previsão é de que, até 2030, a integração seja praticada em pelo menos 20 milhões de hectares”, afirma o presidente da Sociedade Nacional de Agricultura, Antonio Alvarenga. A ILPF, dentro do contexto de agricultura sustentável, é uma tecnologia que combina produção agrícola, florestas plantadas e criação animal, realizadas numa mesma área, e que pode ser

implantada em cultivo consorciado, rotação ou sucessão. O sistema tem sido adotado com maior frequência nas regiões Centro-Oeste e Sul. Além da recuperação de áreas degradadas (que hoje somam 50 milhões de hectares, segundo especialistas), a Integração, de acordo com o presidente da SNA, apresenta diversas vantagens, dentre elas, o aumento da matéria orgânica no solo, a redução no uso de agroquímicos, a conservação dos recursos hídricos, a promoção da biodiversidade, a melhoria do bem-estar animal, a fixação de carbono e a redução da emissão de gases do efeito estufa. Nos últimos anos, o agronegócio tem conquistado sucessivos ganhos de produtividade com os avanços tecnológicos. “De 1990 a 2015, enquanto a

60

produção de grãos aumentou 245 %, a área plantada teve crescimento inferior a 50%”, observa o presidente da SNA. Para ele, esses números tem sido obtidos graças ao desenvolvimento e à aplicação de tecnologias apropriadas, “sobretudo com a incorporação ao processo produtivo de regiões do Cerrado, que se transformará em um dos mais promissores celeiros de produção de grãos”. Atualmente, a Embrapa desenvolve tecnologias com diversas possibilidades de combinação entre os componentes agrícola, pecuário e florestal. Já o programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), do Ministério da Agricultura, incentiva a implantação dos sistemas de integração ILPF, com linhas de financiamento em condições favoráveis.


Revista da Madeira

Notas

Auxilio à construção civil

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) tem uma ferramenta eletrônica para orientar a construção de prédios sustentáveis, principalmente residenciais, com informações bioclimáticas de aproximadamente 400 cidades brasileiras. Chama-se Projeteee – Projetando Edifícios Energicamente Eficientes, que tem 20 mil consultas por mês, pela internet. O setor de edificações representa 40% do consumo total de eletricidade. O Projeteee oferece dados específicos como chuvas, ventos e umidade da cidade em que se planeja a obra, assim como informações sobre materiais e desenhos próprios para uma projeção sustentável. Com a direção natural dos ventos pode-se aproveitar melhor a informação, levando-o a arejar a casa por meio de basculantes ou janelas estrategicamente planejadas, compondo trajetórias de ventilação. Também são oferecidas informações sobre a capacidade térmica de cada material. Esse tipo de preocupação evita o uso de ar-condicionado.

BNDES financia R$ 97 bi em renováveis

Nos últimos 12 anos, o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) investiu mais de R$ 97 bilhões em forma de financiamento a projetos de geração de energia elétrica de fontes renováveis, entre hidrelétricas, eólica e biomassa. Entre 2003 e 2015, 285 projetos receberam financiamento com condições diferenciadas de mercado. Além deste valor, mais R$ 46,8 bilhões em financiamento foram destinados a transmissão, distribuição e racionalização de energia elétrica como um todo. No final de 2015, as energias renováveis representaram 84,4% da matriz de energia elétrica no País. Juntas, a produção de energia eólica e de biomassa recebeu R$ 22,7 bilhões em financiamento durante o período, com capacidade instalada de 9.658 Mega Watts. O valor equivale a 61% do investimento total dos negócios. Ou seja, o financiamento público é responsável por mais da metade do valor necessário para o crescimento do setor dessas energias renováveis alternativas. RM

Cavacos de Acácia vira energia

D

estino de quase 20% da produção de madeira no Rio Grande do Sul, a indústria de cavacos destinada à exportação deverá reaquecer o mercado de acácia negra no Estado. Utilizado em grande parte para produção de celulose e papel, o insumo vem ganhando espaço na fabricação de pellets para biocombustível usado na Europa e Estados Unidos. Um dos maiores investimentos no setor na América Latina, de R$ 150 milhões, deve entrar em operação em Rio Grande no começo de 2016. Com sede em Montenegro, o Grupo Tanac deve iniciar atividades nos próximos meses, com geração de 30 a 44 empregos diretos, além de 300 indiretos. Produtora de cavacos de madeira, que dão origem à celulose, e

de tanino, extraído da casca da acácia e usado em curtumes de couro, a empresa entrará no segmento de pellets para atender a demanda da Europa — um dos principais mercados do produto. A nova fábrica em Rio Grande terá capacidade para produzir 400 mil toneladas de pellets por ano, que serão destinados à Inglaterra. Por meio de contrato firmado com uma empresa inglesa, a Tanac irá fornecer o insumo para geração de energia elétrica pelo período de 12 anos. Com 50% de áreas próprias de cultivo de acácia, a empresa comprará o restante necessário. A demanda recente por acácia de empresas especializadas, puxada pela procura externa e pela valorização em dólar, resultou em ganhos maiores para os produtores, que estão mais animados com a atividade. RM

Bambu é nova alternativa de biomassa

N

o Brasil existe grande disponibilidade de biomassa, apesar de seu uso indiscriminado ter causado prejuízos ambientais. Na próxima década a área de florestas plantadas deve dobrar de tamanho, passando de 7 para 14 milhões de hectares. Porém, apenas uma parte destas áreas são usadas para fins energéticos, sendo o restante encaminhado para fábricas de celulose e papel, móveis, chapas aglomeradas, bem como para a construção civil. Uma alternativa de biomassa, ainda pouco explorada, é o bambu. O seu uso no Brasil é anterior à vinda dos portugueses em 1500, ficando muito tempo restrito aos povos indígenas, que com ele faziam suas casas, arcos e flechas, cestas, etc. Existem mais de 200 espécies nativas de bambu em nosso país, distribuídas em todos os estados, e em torno de 1.500 no mundo. Uma reserva natural existente na Amazônia é a maior do mundo e abrange em torno de 9 milhões de hectares, no Acre, na Bolívia e no Peru. A introdução de

61

espécies exóticas no Brasil se deu somente a partir de 1814, com a imigração de uma colônia de chineses no Rio de Janeiro, que trouxe duas espécies de bambus tropicais da Ásia. Hoje as espécies mais plantadas no país, com foco na produção de papel. O uso do bambu como biomassa para energia é relativamente recente, ocorrendo principalmente no setor cerâmico, devido à já mencionada redução no uso de lenha de matas nativas. O bambu é uma gramínea, de crescimento mais rápido do que o eucalipto e pode substituir a madeira em praticamente todos os usos, incluindo a geração de energia, pois o seu poder calorífico e a sua produtividade por hectare são competitivos. Uma outra característica atraente do bambu é a sua capacidade de recuperar áreas degradadas, podendo ser usado com vantagem na revegetação de áreas da mineração, em função de suas raízes superficiais, que ocupam apenas uma fina camada de solo, de até 50 cm de profundidade. RM

Notas

Técnica de aceleração

Uma das principais fontes de inovação no setor florestal é o melhoramento genético, um elemento-chave para a manutenção da competitividade do setor. Por isso, o investimento em pesquisas neste campo é condição básica para sua evolução e, atualmente, a seleção genômica ampla (SGA) pode ser considerada um novo paradigma para este setor. A capacidade de alterar ou predizer fenótipos complexos com base em genes individuais é uma ideia atraente, mas infelizmente improvável pela própria natureza evolutiva destas características. Com a abordagem da SGA, é possível desenvolver modelos estatísticos preditivos que levam em consideração todos os milhares de efeitos do genoma e assim quantificar não só a acurácia preditiva, mas também a incerteza associada com a predição. Os impactos da SGA são, portanto, o ganho de tempo e precisão da seleção de características difíceis ou caras de serem mensuradas, e uma redução no número de árvores que são levadas para os testes de campo resultando no desenvolvimento mais rápido de novas variedades.


Queimadas O Brasil teve em 2015 um aumento de 27,5% no número de queimadas, segundo dados do Inpe. Foram detectados por satélites 235 mil pontos de calor, ante 184 mil de 2014. Trata-se do segundo pior ano de toda a série histórica, iniciada em 1999. O número de focos de incêndio em 2015 só é menor que o registrado em 2010, quando houve 249 mil pontos detectados. Alguns fatores como o tempo seco, a falta de fiscalização e o aumento do desmatamento ajudam a explicar os dados. Papel de cartão A Suzano anunciou a conclusão da operação em que vendeu a fábrica de papel de cartão em Embu das Artes (SP) para a Ibema. Pela operação, a Suzano passará a ter uma participação de 38% na Ibema. Um novo conselho de administração foi instituído e Giuseppe Musella foi eleito presidente da Ibema. A fábrica de Embu das Artes pode produzir até 50.000 toneladas de papel cartão por ano. A Ibema é dona ainda de outra planta em Turvo (PR). Sua capacidade produtiva total chega agora a 140.000 toneladas anuais de papel cartão. Madeira nobre Depois do sucesso dos três primeiros projetos de madeira nobre em Mato Grosso do Sul, o Grupo Fértille acaba de lançar o Mogno Forest DOIS. Com 150 hectares de mogno africano, o Mogno Forest DOIS é voltado para clientes que não possuem área para plantar mas desejam ter uma floresta de madeira nobre sendo acompanhada de perto por profissionais especializados. Segundo Everton Regatieri, sócio do Grupo Fértille., são aproximadamente 1.200 hectares de florestas de madeira nobre já administradas pelo Grupo Fértille sendo mais de 600 hectares em áreas do próprio grupo. Paranaguá A TCP – empresa que administra o Terminal de Contêineres de Paranaguá, bateu um recorde inédito em exportação de madeira. Em dezembro de 2015, a empresa contabilizou 2.311 contêineres embarcados com destino a países da Europa, Ásia e América do Norte, totalizando de 115 mil metros cúbicos de madeira no mês. O volume atingiu 35 mil metros cúbicos a mais que o registrado no mesmo período de 2014. Se comparado o período que compreende os meses de janeiro a dezembro dos dois anos, o crescimento foi de 13%. Isso foi conseqüência da valorização do dólar frente ao real, e também, em virtude dos novos serviços logísticos oferecidos pela TCP Log para o setor madeireiro e dos investimentos em equipamentos e modernização do Terminal. Setor florestal O setor florestal brasileiro, que engloba principalmente a silvicultura, a produção de papel e celulose e a fabricação de painéis, deve continuar a toada de crescimento durante 2016, mas abaixo de seu po-

tencial, prevê a Pöyry. Gargalos em infraestrutura, o aproveitamento industrial abaixo do possível nas áreas plantadas e entraves para o capital estrangeiro são apontados como os principais motivos. Projeta-se que além de o PIB do setor avançar no ano, haja forte movimento de fusões e aquisições envolvendo as produtoras. Mesmo assim, com a alta competitividade dessa indústria no país e as chances de crescimento que se apresentam, não haverá problema em um possível incremento da concorrência. Exportações O Brasil experimentou uma forte retomada das exportações de madeira em 2015, tanto que alcançou os mesmos níveis verificados em 2007, ano em que culminou a crise do subprime nos. Em 2015, as exportações de madeira serrada de pinus atingiram 1,3 milhões de m³, volume 31% maior que o verificado no ano anterior. Já no caso do compensado de pinus, o volume exportado quase superou 1,5 milhões de m3, ou seja, 14% a mais que em 2014. Mesmo produtos de madeira como aglomerado, MDF e OSB, tradicionalmente pouco competitivo em nível internacional, os volumes exportados também aumentaram. Segundo Marco Tuoto, CEO da Tree Trading, um conjunto de fatores contribuíram para esta performance, como o desaquecimento da economia brasileira, a desvalorização do Real frente ao Dólar e a retomada no crescimento da indústria de construção civil nos Estados Unidos. Tecnologia A tecnologia, aliada ao trabalho e conhecimento técnico dos estudantes e mestres da Universidade de São Carlos, resultaram no desenvolvimento de um aplicativo que permite reduzir, drasticamente, a quantidade de água usada para irrigar o solo. Além de evitar o desperdício do recurso natural, o aplicativo também colabora para a diminuição de gastos com a energia e fertilizantes. A pesquisa realizada pela equipe multidisciplinar da empresa apontou que a maioria dos produtores irriga, em média, 30% a mais que o necessário. A aplicação excessiva de água é destrutiva, porque ocorre saturação do solo, o que impede a aeração e lixivia de nutrientes, além de induzir a evaporação e salinização e, posteriormente, eleva o lençol freático para um nível que somente pode ser drenado a um alto custo. Silvicultura As florestas plantadas têm contribuído de forma expressiva no desenvolvimento e crescimento econômico do país. O setor apresentou em 2015 o saldo acumulado na balança comercial de US$ 5,3 bilhões. No Brasil, as culturas que mais se destacam em termos de área plantada são eucalipto e pinus, responsáveis por mais de sete milhões de hectares plantados. Os estados de Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Bahia aparecem com as maiores áreas plantadas. Mundialmente, as florestas plantadas representam 290 milhões de hectares, sendo 5% na América do

62

Sul, e destes, metade estão no Brasil. Desmatamento A Amazônia poderá perder entre 36% e 57% das árvores até 2050, segundo estudo publicado em artigo no dia 20 de novembro. O trabalho foi realizado por 158 pesquisadores de várias partes do mundo, e mostra a fragilidade no sistema de proteção da maior floresta tropical. O estudo indica que a Amazônia pode abrigar mais de 15.000 espécies arbóreas, dentre as quais de 36% a 57% estão ameaçadas, em decorrência do desmatamento e uso indevido das terras. Até 2050 vamos perder mais de 30% de espécies de árvores da Amazônia, o que significa 8.600 espécies de árvores. Um dos principais fatores para essa situação é o desmatamento e uso indevido da terra. Bambu Brasileiros criam poste solar de bambu que recarrega celular. Acoplado ao poste, um painel fotovoltáico de 150W gera a energia necessária para recargas. Especialistas criaram um equipamento solar que pode ser instalado em qualquer via pública. O produto desenvolvido em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, permite que até nove telefones possam ser recarregados simultaneamente. Na parte superior do poste há um painel fotovoltáico de 150W que gera a energia necessária para recargas e ainda conta com um banco acoplado para que as pessoas possam se sentar enquanto esperam. Reino Unido A Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) e a Timber Trade Federation (TTF) firmaram um acordo de cooperação com o objetivo de promover os produtos de madeira brasileiros certificados no Reino Unido, importante mercado comprador, em especial do compensado. A parceria faz parte de uma série de ações institucionais que estão sendo desenhadas em conjunto pelas duas organizações. Na avaliação do presidente da divisão de compensados e painéis da Federação Inglesa, Mark Sheriton, a padronização dos produtos madeireiros, especialmente do compensado, dentro dos requisitos e padrões exigidos pelas normas europeias, é fundamental para a consolidação do produto brasileiro no Reino Unido e nos demais países da Europa. Painéis Com baixa absorção de umidade, PH Ultra permite, entre outras aplicações, uso estrutural. Uma parceria com a indústria argentina de painéis de madeira Karical resultou na criação de um novo produto pela catarinense Bonet Madeiras e Papéis. O PH Ultra pode ser usado também na construção steel frame e wood frame, construções secas que têm ganhado força no país vizinho e também no Brasil. O painel permite aplicação de revestimento com papel melamínico, aceita pintura e reboco.


EUBCE 2016

24th European Biomass Conference & Exhibition

Europe’s largest

BIOMASS

science and industry

GATHERING

Institutional Support

Technical Programme Coordination European Commission DG Joint Research Centre

www.eubce.com

6 - 9 JUNE AMSTERDAM - THE NETHERLANDS

Rai Amsterdam Exhibition and Convention Centre



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.