obra, consumos de insumos, impostos e serviços. O Brasil tem potencial e capacidade para se impor no mercado externo com produtos de maior valor agregado. Vale agora a ousadia do empresário em pesquisar novos nichos de mercado e atender as demandas. Acreditamos que esta seja a forma mais sustentável e contínua de continuar mantendo níveis de crescimento positivos pelos próximos anos. Focus on value added Year 2018 envisages an optimistic scenario for the Brazilian forest-based industry. Despite the country’s economic and political uncertainty, an upcoming presidential vote, and stagnation in some economic sectors, the good performance of exports helped investments be resumed in the timber industry Export of timber products showed again a positive trend in 2017. In other words, a 12.5% increase in the timber, furniture, cellulose and paper sectors, for a total of US$ 11.56 billion, as compared to last year’s US$ 10.26 billion. Timber exports hit US$ 2.78 billion in 2017, a 17.7% surge from 2016, when they stood at US$ 2.36 billion. Most of Brazilian exports still include basic, low-value products. The country must now focus on adding value to timber products by increasing the end value in sales and workforce, consumption of consumables, taxes and services. Brazil has the potential and capacity to lead the foreign market with products of higher value added. Now it is the turn for Brazilian bold entrepreneurs to find new niche markets and meet the demand. Brazil believes that this is the most sustainable and continued way to maintain positive growth rates for the upcoming years.
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ano de 2018 promete um horizonte positivo . Ou pelo menos o inicio. Especialmente par ao setor de base florestal. Embora ainda persistam situações nebulosas de política e economia interna, ano de eleições e estagnação em alguns setores, já começamos a presenciar retomada de investimentos na indústria da madeira, favorecidos sobretudo pelo bom desempenho das exportações. Em 2017 o setor repetiu o movimento positivo das exportações de produtos de madeira. As vendas externas cresceram 12,5% para os setores de madeira, móveis, papel e celulose, totalizando em conjunto US$ 11,56 bilhões. No ano anterior fecharam em US$ 10,26 bilhões. Somente as exportações de produtos de madeira chegaram a US$ 2,78 bilhões em 2017, volume 17,7% superior ao mesmo período de 2016, quando atingiu US$ 2,36 bilhões. Grande parte de nossa retomada em exportações ainda é produtos mais básico e com pouco valor. O foco agora deve ser agregar valor a madeira, aumentando o valor final em vendas e contribuindo para geração de mais mão de
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Clóvis Rech Editor Responsável/ Publisher
Sumário / Summary 26 Preservantes / Preservatives Mercado Externo/ International Market 28 Bambu / Bamboo Floresta Amazônica / Amazonian Forest Madeira na construção / Wood Construction 36 Secagem / Drying Madeira Laminada Colada / Glulan Structures 46 Madeira Combustão / Wood-Combustion
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EXPEDIENTE Editor: Clóvis Rech Foto capa: Maraí Senkevics Capa: Conceyção Rodriguez Edição de Arte e Produção www.crdesign.com.br crdesign@crdesign.com.br
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Edição 153
Editorial
Revista da Madeira
Revista da Madeira
Para o setor o foco principal continua sendo em produtos de maior valor agregado, que se tornam mais atrativo para as indústrias exportadoras, e que encontram mercados favoráveis em países. As exportações de madeira chegaram a US$ 2,78 bilhões em 2017, volume 17,7% superior ao mesmo período de 2016, quando atingiu US$ 2,36 bilhões. As indústrias do setor, confiam na tendência positiva que deva se repetir em 2018. Os itens de móveis também mostraram resultado positivo, com crescimento de 10,6%. Em 2017 totalizaram US$ 511 milhões, e em 2016, foram
O
ano de 2017 repetiu o movimento positivo das exportações de produtos de madeira. Em meio a instabilidade política e econômica do mercado interno, as vendas externas cresceram 12,5% para os setores de madeira, móveis, papel e celulose, totalizando em conjunto US$ 11,56 bilhões. No ano anterior fecharam em US$ 10,26 bilhões. Mais uma vez a preocupação dos empresários está no fato que o volume exportado teve um aumento significativo, mas o faturamento ainda continua abaixo da expectativa. No Brasil o setor de base florestal é responsável por cerca de 3,5 milhões de empregos de forma direta e indireta. As florestas plantadas ocupam 7,8 milhões de hectares, menos de 1% da área produtiva do país, mas fica em terceiro lugar no saldo da balança comercial, atrás dos complexos soja e carne.
de US$ 461 milhões. O setor de papel e celulose teve um incremento de 11%, favorecido sobretudo pelos bons preços praticados para o produto final no mercado externo As exportações totalizam US$ 8,26 bilhões em 2017, enquanto que o valor exportado no ano anterior chegou a US$ 7,44 bilhões. No setor de madeira alguns itens se destacaram. O principal item na pauta de exportação brasileira de produtos de madeira
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Revista da Madeira continua sendo a madeira serrada, que totalizou US$ 665,2 milhões, representando um incremento de 23,8% em relação aos US$537 milhões do ano anterior. A madeira compensada é o segundo
mente 27 mil m³ por mês exportado pelo Brasil, quando comparado ao ano anterior. Vale destacar que uma parte significativa desse volume migrou do mercado interno, que ainda permanece desaquecido
reflete o trabalho realizado pelas empresas. Os principais destinos foram os Estados Unidos com 34%, seguido de México, 21% e China, 14%. A madeira perfilada é outro item im-
mais importante item, no total chegou a US$ 620 milhões, um crescimento de 29,8% em relação ao ano anterior, com
em meio a incertezas políticas e econômicas. Entre os principais destinos desse produto em 2017 aparecem Estados Unidos,
portante. No último ano chegou a US$ 482 milhões, o que representou um crescimento de 7% sobre os US$ 450 milhões
US$ 478 milhões. O compensado de pinus, aumentou 19% em relação ao volume embarcado em 2016. A média mensal dos embarques foi de 171.681 m³, o que significa um volume extra de aproximada-
com mais de 30%, Reino Unido, com 13% e Alemanha 8%. No caso da madeira serrada, o pinus é o destaque. Com aproximadamente 60 países de destino do produto, o aumento
do ano anterior. Já o item de postas, janelas e guarnições chegou a US$ 320 milhões, o que significou um incremento de 11% sobre o valor de US$ 288 milhões do ano anterior. Sendo o principal destino os
Revista da Madeira
exportado desse produto pelo Brasil. Ainda entre os produtos de madeira tropical, a madeira serrada embarcou 473mil m³ em 2017, mantendo crescimento ocorrido nos últimos anos, mas ainda distante do mais de 1 milhão de m³ exportados pelo país na década passada. As lâminas de madeira tropical também permanecem abaixo das expectativas de vendas. O volume exportado foi de 12 mil m³, com foco nos mercados norte -americano (37%) e da Malásia (22%). Outros itens de destaque são painéis de fibra, que totalizou US$ 212 milhões e os painéis de madeira que chegaram a US$ 114 milhões, representando um incremento de 40% sobre o valor ano anterior. Na base das exportações do setor o cavaco continua crescendo e em 2017 atingiu valor de US$ 161 milhões, ou seja, 9% a mais que no ano anterior. No conjunto, o principal mercado comprador continua sendo os Estados Unidos, que importa 40% de valor total de nossas vendas externas de produtos do item madeira. No ano passado chegou a US$ 1,12 bilhão, representando um crescimento de 18% em relação ao ano anterior. O México passou a ser o nosso segundo maior importador, com US$ 211 milhões, e um incremento de 32% em relação a 2016. E a China se mantém como importante comprador internacional, com US$ 163 milhões em 2017, e um aumento de 25% em relação ao ano anterior. Na sequencia vem o Reino Unido ( US$ 109 milhões ), o Japão ( US$ 96 milhões) e a Bélgica ( US$ 84 milhões)
Estados Unidos, com 71%. Outros produtos de valor agregado como pisos se mantiveram estáveis. O principal destino foi Estados Unidos (66%), com uma alteração no segundo lugar. O produto conquistou maior participação na França, passando de 6% para 10%, e a Espanha apareceu entre os cinco principais compradores com 3%. Alguns segmentos de produtos registraram em 2017 um aumento significativo nas exportações, mas em cima de uma base baixa, longe dos patamares de anos
atrás. É o caso das lâminas de pinus, que viu crescer em mais de 40% os embarques. Os principais destinos foram Malásia, 45%, Coréia do Sul, 25% e China 11%. Entre os produtos com grande potencial, mas ainda sem resultados expressivos no comércio internacional aparecem o compensado tropical, que totalizou 61.875 m³ exportados em 2017, praticamente repetindo o cenário do ano anterior. O principal destino continua sendo a Argentina, que aumentou a participação, passando de 25% para quase 45% do total
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Crescimento No segmento de móveis as exportações também reagiram. Em 2017 as vendas externas do setor atingiram US$ US$ 511 milhões, valor 10% mais elevado que os US$ 461 milhões conquistados no ano anterior. O estado de Santa Catarina continua sendo o maior exportador, totalizando US$ 219 milhões vendidos ao exterior. Rio Grande do Sul, fechou negócios em US$ 159 milhões e Paraná, com US$ 73 milhões. Móveis de madeira para quarto é o maior item exportado e o maior mercado comprador ainda é os Estados Unidos, chegando a US$ 150 milhões em 2017, aumentando em 21% em relação ao ano anterior. O Reino Unido é o segundo maior importador, com US$ 70 milhões, o
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Peru, importou US$ 39 milhões no último ano. Outros países como Uruguai, Chile também se destacaram nas importações. O setor de papel e celulose é o mais expressivo e registrou crescimento no valor de exportações em 2017. As vendas externas do setor registraram um valor total de US$ 8,26 bilhões, ou seja um incremento de 11% sobre o valor no ano anterior. O item pasta e celulose alcançou US$ 6,3 bilhões representando um crescimento de 13,9% em relação ao ano anterior, enquanto que o item o papel e papelão totalizou US$ 1,9 bilhão, incremento de 2,2%. O mercado chinês se consolidou no ano como o principal destino das exportações de celulose, atingindo US$ 2,5 bilhões, em um incremento de 18% sobre o ano anterior, seguido pelos Estados Unidos com US$ 979 milhões e a Holanda com US$ 720 milhões. A América Latina foi o principal mercado consumidor dos segmentos de papel e papelão , com vendas para Argentina (US$ 383 milhões), Chile (US$ 123 milhões) e Peru (US$ 114 milhões). Nas exportações de celulose a Bahia ainda é a maior exportadora, com US$ 1,22 bilhão, vindo a seguir o Mato Grosso do Sul que exportou US$ 1,05 bilhão e o Espírito Santo que chegou a US$ 1,03 bilhão. RM
Timber exports up 12.5% in 2017
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xport of timber products showed again a positive trend in 2017. Amidst political and economic instability in Brazil’s domestic market, exports in the timber, furniture, cellulose and paper sectors hit US$ 11.56 billion, up 12.5% from 2016, when they ended at US$ 10.26 billion. In Brazil, the forest-based industry provides some 3.5 million direct and indirect jobs. Planted forests take up 7.8 million hectares (less than 1% of the country’s productive area), ranking third in the trade balance, after the soy and meat sectors. Timber export hit US$ 2.78 billion in 2017, a 17.7% surge from 2016, when it stood at US$ 2.36 billion. Industries expect this positive trend to continue in 2018. Furniture export grew by 10.6%, totaling US$ 511 million and US$ 461 million in 2017 and 2016, respectively. The cellulose and paper sector grew by 11% as encouraged particularly by endproduct prices in the foreign market. This sector’s exports totaled US$ 8.26 billion and US$ 7.44 billion in 2017 and 2016, respectively. Some products ranked high, with sawn timber remaining as Brazil’s most exported product in this sector, for a total of US$
665.2 million (up 23.8% from 2016, when exports hit US$ 537 million). Plywood ranks second among timber products. Exports hit US$ 620 million, a 29.8% increase from US$ 478 million in 2016. Exports of pine plywood climbed by 19%, as compared to the volume sold in 2016. The monthly exports average amounted to 171,681 m3, up 27,000 m3 per month from 2016. Pine wood stands out among sawn timber products. Brazil’s major pine wood importers include the United States (34%), Mexico (21%), and China (14%), out of about 60 countries. Profiled timber also plays a leading role, with exports totaling US$ 482 million in 2016. Export of timber doors, windows and trims hit US$ 320 million, with the United States as the major importer (71%). Among other tropical products, a total of 473,000 m³ were shipped in 2017, a growth trend of the past years. However, this volume has not exceeded the more than 1,000,000 m³ exported by Brazil over the last decade. Export of chips continues rising, for a total of US$ 161 million in 2017 (up 9% from 2016). On the whole, the United States remains
Brazil’s major buying market, which imports 40% of the total amount of exported timber product (US$ 1.12 billion in 2016, an 18% surge from 2015)- Mexico became Brazil’s second major importer (US$ 211 million, up 32% from 2016), and China remains an important international buyer (US$ 163 million in 2017). Furniture exports ended at US$ 511 million, a 10% surge from 2016, when they hit US$ 461 million. Timber bedroom furniture is the most exported product, with the United States as the major buyer (US$ 150 million in 2017, up 21% from 2016). In this connection, the United Kingdom and Peru rank second and third, with imports totaling US$ 70 million and US$ 39 million in 2017. Exports from the cellulose and paper sector ended at US$ 8.26 billion in 2017, up 11% from 2016. Sales of paste and cellulose hit US$ 6.3 billion, a 13.9% increase from 2016, whereas sales of paper and cardboard totaled US$ 1.9 billion, up 2.2%. In 2017, China turned into Brazil’s major cellulose importer, hitting US$ 2.5 billion (up 18% from 2016), trailed by the United States (US$ 979 million) and the Netherlands (US$ 720 million). RM
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(a cobertura formada pelas copas das árvores que se tocam) cobrindo 75% do terreno, então essas florestas estendem-se hoje por bem menos de 10% da superfície terrestre. Há algumas décadas, se considerava que as florestas tropicais recobriam cerca de 7% da superfície terrestre,. Hoje, menos da metade dessa área permanece como floresta intocada e cerca de outro um quarto sobrevive como floresta fragmentada e degradada. Um estudo baseado em 20 anos de dados de satélites, coletados em 34 países, mostra forte aceleração do desmatamento líquido (desmatamento bruto menos reflorestamento): a taxa de perda de floresta nos trópicos aumentou em 62% na primeira década do milênio em relação aos anos 1990. A tendência trienal sintetizada na linha laranja mostra que enquanto em 2001, perderam-se pouco mais de 60 mil km² de florestas tropicais, em 2014, a perda foi de 99 mil km². Entre 2001 e 2004, o Brasil perdeu mais florestas que todos os países tropicais juntos, mas a partir de 2011, embora o desmatamento no Brasil venha recrudescendo desde 2012, outros países tropicais tomam a dianteira, tornando-se os maiores responsáveis por essa aceleração. A perda anual de florestas nos países tropicais (menos Brasil e Indonésia) praticamente dobrou nesses 14 anos, passando de pouco mais de 31 mil km² em 2001 para pouco mais de 61 mil km² em 2014. Na Indonésia, o desmatamento, embora evolua em zigue-zague desde 2009, mantém-se entre 11 mil e 21 mil km² por ano desde 2004, com remoção nesse período de 10% de sua cobertura florestal. Em Sumatra, as bacias hidrográficas perderam 22% de sua cobertura florestal (80 mil km²) nos últimos 14 anos. A aceleração mais recente verificou-se particularmente na África Ocidental, na bacia do Mekong e nas florestas de Pápua Nova Guiné, onde houve um salto de 70% entre 2014 e 2015, com um desmatamento apenas neste último ano de 18
Revista da Madeira
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maior parte da biodiversidade mundial concentra-se nas florestas tropicais. As florestas são o lar de mais de 80% de todas as espécies terrestres. Há estimativas de que as florestas tropicais podem abrigar mais da metade das espécies terrestres do planeta, grande parte delas vivendo na canópia das árvores. E. O. Wilson, por exemplo, contou 43 diferentes espécies de formigas em uma única árvore na Amazônia peruana, algo equivalente à diversidade de espécies de formigas em todo o Reino Unido. Segundo estimativas, haveria entre 40 mil e 50 mil diferentes espécies de árvores nas florestas tropicais da América do Sul, da África e da Ásia. Um único hectare dessas florestas pode abrigar mais de 480 espécies diferentes de árvores. Mais de 1.300 espécies de borboletas foram documentadas num parque florestal do Peru, ao passo que a Europa toda possui menos de 400 espécies de borboletas. Se definirmos florestas tropicais como formações florestais entre os trópicos (ou próximas deles), com dossel ou canópia
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mil km². Tendência Estima-se que em 2010 já havíamos destruído mais da metade da extensão original (~16 milhões de km²) das florestas tropicais e degradado um quarto dela. Em 2001, o Earth Observatory da NASA lançou a seguinte advertência: “Se a taxa atual de desmatamento continuar, as florestas tropicais desaparecerão dentro de 100 anos, provocando efeitos desconhecidos sobre o clima global e eliminando a maioria das espécies vegetais e animais no planeta”. Em 2003, Peter J. Bryant confirmava esse prognóstico. A prosseguir essa taxa, escrevia
então, “a Tailândia não terá mais florestas em 25 anos”. Infelizmente, como se vê, essa taxa de desmatamento não apenas continuou, mas se acelerou nos últimos 16 anos e, de fato, as florestas primárias da Tailândia – que ainda em 1950 reco-
briam 70% de seu território – já desapareceram praticamente por completo,
o que levou as grandes madeireiras a se voltarem para as florestas de Mianmar. A causa primeira do declínio atual das florestas tropicais é obviamente o avanço da fronteira agropecuária, impulsionado pela globalização do capitalismo e por uma rede muito interconectada de megacorporações que controlam toda a cadeia alimentar, dos insumos ao consumo final. Mas outra causa desse declínio começa a surgir no horizonte. Ela é sistêmica, isto é, decorre do sistema climático e da maior vulnerabilidade das florestas degradadas: aquecimento, secas, aumento das bordas, ressecamento por exposição aos ventos, maior insolação e maior combustibilidade das florestas fragmen-
Florestas Tropicais
Revista da Madeira
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tadas, perda de espécies funcionais à sua conservação etc. Não por acaso, um inventário em 21 países publicado em 2015 mostra que “a maior parte das 40 mil espécies de árvores tropicais podem ser agora consideradas como globalmente ameaçadas de extinção”.
leste e sul da floresta amazônica. Num estudo de 2012, muito citado, Anthony D. Barnosky e 21 colegas
do para outro, quando levados a cruzar limiares críticos”, para avançar a ideia de que “o ecossistema global como um todo pode reagir da mesma maneira e está se aproximando de uma transição crítica em escala planetária como resultado da influência humana”. Thomas Lovejoy observa que não sabemos precisamente onde se situa o ponto, mas cre que ele está em algum lugar próximo do atual nível de desmatamento. A ciência a esse respeito é imprecisa; entretanto, a situação está provavelmente próxima de um ponto crítico, além do qual a floresta se transformará numa forma diferente de vegetação, do tipo savana, na parte sul e leste da Amazônia. Ja Antônio Donato Nobre, do INPE, descreveu a aceleração em direção a esse ponto crítico na região brasileira da Amazônia. Segundo ele, nos últimos 40 anos, 763.000 km² da floresta foram destruídos.
Amazônia No que se refere especificamente à Amazônia, esse inventário, coordenado por Hans ter Steege, afirma: “Ao menos 36% e até 57% de todas as espécies de árvores da Amazônia devem provavelmente ser consideradas como globalmente ameaçadas segundo os critérios da IUCN [União Internacional para a Conservação da Natureza]. Se confirmados, esses resultados aumentarão em 22% o número de espécies vegetais ameaçadas no planeta”. Esse é mais um indicador, entre tantos, a aumentar a probabilidade de estarmos muito perto de um ponto crítico , um ponto de não retorno, vale dizer, de declínio irreversível de ao menos toda a parte
partiam do fato bem conhecido de que “sistemas ecológicos transitam abruptamente e irreversivelmente de um esta-
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Isso significa duas vezes a área da Alemanha. É preciso imaginar um trator com uma lâmina de 3 metros de comprimento, evoluindo a 756 km/h durante quarenta anos sem interrupção: uma espécie de máquina de fim do mundo. Segundo o conjunto das estimativas, isso representa 42 bilhões de árvores destruídas, isto é, duas mil árvores derrubadas por minuto ou 3 milhões por dia. É uma cifra difícil de imaginar por sua monstruosidade. E aqui falamos apenas de corte raso. Raramente se evocam as florestas degradadas pelo homem, essas zonas que as fotos dos satélites não distinguem e onde não restam senão algumas árvores que mascaram um desmatamento mais gradual. Trata-se neste caso de regiões inteiras nas quais a floresta não é mais funcional e não age mais como um ecos-
sistema. Segundo os índices de degradação colhidos entre 2007 e 2010, essa zona cobre 1,3 milhão de km², de modo que a área de corte raso e a de degradação representam juntas cerca de dois milhões de km², ou seja 40% da floresta amazônica brasileira”.
porativos, sendo 49 apenas em 2016. A pecuária é maior devastador da Amazônia, mais de 80% do desmatamento é causado pela pecuária. Um estudo recente do Imazon mos-
Revista da Madeira
Código Florestal Desde a implantação do Código Florestal em 2012, houve um aumento de 75% do desmatamento na Amazônia e tão somente de agosto de 2014 a julho de 2016, removeram-se mais 14.196 km² da floresta amazônica, vale dizer, metade do que perdemos em 2004, o ano em que mais se desmatou a Amazônia, ou uma área equivalente a dois terços da superfície de Sergipe. De 2012 a 2016, a aliança de Dilma Rousseff com os desmatadores representou uma verdadeira traição aos interesses populares, traição cujas consequências não se fizeram esperar. Como mostrou o último relatório da ONG inglesa, Global Witness, entre 2010 e 2016 houve no Brasil 200 assassinatos documentados e tipificados de camponeses, índios e ativistas, perpetrados a mando do agronegócio, de madeireiras e de outros interesses cor-
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tra a extrema concentração econômica da indústria da carne na Amazônia: apenas 128 frigoríficos, pertencentes a 99 empresas são responsáveis por 93% do abate anual do gado amazônico. E o conjunto das regiões de influência desses 128 frigoríficos (isto é, as fazendas fornecedoras de animais para esses frigoríficos) abrange a quase totalidade das áreas embargadas pelo Ibama e 88% do desmatamento ocorrido na Amazônia
entre 2010 e 2015. O estudo afirma ainda que se entre 2016 e 2018 a taxa de desmatamento recente se repetir, 90% das novas perdas de floresta estarão dentro da área de influência de compra de 128 frigoríficos. João Meirelles, diretor do Instituto Peabirú, vem de há muito demonstrando que nosso carnivorismo é a principal causa do desmatamento amazônico. De fato, dado que consumimos no país cerca de 80% da carne bovina amazônica e dado que, para satisfazer a uma demanda interna anual de 30 kg per capita (2015), o rebanho bovino da Amazônia saltou de 1,5 para 64 milhões de cabeças, de 1964 a 2004, atingindo 85 milhões em 2016, segue-se que somos nós, consumidores brasileiros, a principal “causa final” do desmatamento da Amazônia. O carnivorismo atual causa malefícios demonstráveis à saúde humana, sofrimentos indizíveis a esses animais musicais, delicados e muito inteligentes, e, enfim, é a principal razão de ser da destruição da floresta amazônica e do Cerrado. RM
Luiz Marques prof. livre-docente do Departamento de História do IFCH /Unicamp.
Livestock: The worst enemy of Amazonia forests
ropical forests are home to most of the world biodiversity (80% of land species). Some research has found that tropical forests might harbor more than half of the planet’s land species, with the majority living in trees. E. O. Wilson counted 43 different ant species in a single tree in the Amazonia, a number representing the diversity of ant species across the United Kingdom. Experts estimate that there are between 40,000 and 50,000 different tree species in the tropical forests of South America, Africa and Asia. One hectare of these forests can harbor over 480 different tree species. More than 1,300 butterfly species were documented in a forest park, while Europe only has less than 400 butterfly species. Some decades ago, forests were believed to cover nearly 7% of the Earth’s surface. Today, less than half of such area remains unspoilt, while about a quarter of it has been destroyed. A research based on 20 years of satellite data collected in 34 countries found a rapid net deforestation (gross deforestation minus reforestation): the forest loss rate in tropical regions increased by 62% over the first decade of 2000 with respect to the 1990. The yearly forest loss in tropical countries (except Brazil and Indonesia) virtually doubled during those 14 years: from 31,000 km² to 61,000 km² back in 2014. If the current deforestation rate continues, the tropical forests will disappear in 100 years, thus
bringing about unknown global climate effects and extinguishing most of vegetable and animal species of the planet. Forests in Thailand might also disappear in 25 years. Advanced agriculture is blatantly the first cause of the current destruction of tropical forests. It has been boosted by globalization of capitalism and an interlinked network of mega corporations controlling the whole food chain, from consumables to final consumption. Another cause of forest decrease, a systemic one, is taking shape. It derives from the climate system and from vulnerable damaged forests: warming, drought, increased edge, dryness caused by nwind exposure, higher insolation and higher combustibility of fragmented forests, decrease of species necessary to preserve them. It is no coincidence that a report published in 2015 involving 21 countries found that “most of 40,000 tropical tree species might now be regarded as globally threatened.” At least 36%-57% of all tree species of the Amazonia should probably be considered as globally threatened. Should this outcome be confirmed, the number of threatened vegetable species in the planet will climb by 22%. This indicates that humankind might be increasingly closer to a critical point. We are not familiar with the accurate position of such point, but it is close to the current deforestation rate. Over the past 40 years, 763,000 km² of forests have been destroyed (twice Germany’s area).
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Let’s think of a tractor with a 3-meter long blade working at 756 km/h for 40 years non-stop: a type of machine out of this world. According to estimates, this amounts to 42 billion of destroyed trees, that is, 2,000 trees cut down every minute or 3 million per day. This is a figure hard to think about. Historically, over 80% of deforestation in Amazonia has been caused by livestock activity. A recent study from the Brazil-based Institute of Man and Environment of Amazonia (Imazon) found high economic concentration of the meat industry in Amazonia: only 128 meat processing plants from 99 companies are responsible for the yearly slaughter of Amazon cattle. For their part, the regions where those 128 meat processing plants are working (cattle suppliers) covers nearly most of areas seized by the Brazilian Institute of Environment and Renewable Natural Resources (Ibama) and 88% of deforestation occurred in Amazonia in 2010-2015. According to the study, if the recent deforestation rate repeats in 2016-2018, 90% of decreased forests will be within the area of purchase influence of 128 meat processing plants. Brazil consumes nearly 80% of the Amazon bovine meat to meet a yearly domestic demand of 30kg per capita (2015). Cattle herd from the Amazonia rose from 1.5 million to 64 million heads in 1964-2004, hitting 85 million heads in 2016. In other words, we, Brazilian consumers, are the major “final cause” of deforestation in Amazonia. RM
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de madeira para um retorno. Estes incluem novos produtos de madeira engenheirada, incluindo produtos de painéis sólidos, como madeira laminada cruzada (CLT), fabricação de controle numérico (CNC), conectores de madeira versáteis de alta eficiência e progresso na engenharia de proteção contra incêndio. Com o progresso técnico e o aumento da demanda por produtos de madeira, vêm maiores oportunidades econômicas. Hoje, o material de construção mais antigo, e o único cultivado naturalmente pelo sol, está se tornando cada vez mais de alta tecnologia e ainda possui um potencial de desenvolvimento considerável. Este progresso técnico parece ter combinado com outras influências positivas para reposicionar a madeira no cenário mundial. Um interesse renovado na madeira como meio arquitetônico, combinado com fortes tendências em sustentabilidade, está promovendo o uso expandido da madeira em vários países, incluindo Canadá, EUA, Japão, Austrália e vários países da Europa. Encorajado por essas tendências, a madeira vêm lentamente, mas com segurança recuperando seu lugar como uma opção viável para a construção comercial em uma grande variedade de tipos de construção, incluindo aeroportos, museus, instalações universitárias e até mesmo arranha-céus. • Opções de conexão A chave para a execução bem-sucedida de grandes estruturas de madeira é a disponibilidade de conectores econômicos, versáteis e confiáveis. Os diferentes sistemas de conexão de madeira disponíveis são comparáveis às ferramentas individuais em uma caixa de ferramentas. Como um engenheiro que procura soluções inovadoras e elegantes, é preciso uma caixa de ferramentas com uma variedade de ferramentas confiáveis e de alta qualidade. Várias opções novas foram adicionadas. A caixa de ferramentas norte-americana para conexões de madeira é o primeiro de quatro compartimentos principais: padrão através de parafusos, parafusos e pregos, rebites de madeira, chapas treliçadas e conectores metálicos de liga leve pré-projetados.
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té o meio do século XIX, a madeira era comumente usada como um material de construção estrutural primário em muitos tipos de edifícios não residenciais ao redor do mundo. Muitas dessas estruturas construídas em madeira permanecem em pé e ainda estão em uso hoje, incluindo fábricas, armazéns, escolas, templos e igrejas – algumas datando até o século VII. Exemplos famosos incluem o Templo Horyu-ji de 32,5 metros de altura em Nara, Japão, o que demonstra a durabilidade e a força da construção com madeira. Com a revolução industrial veio uma evolução significativa na tecnologia de aço e concreto, e esses materiais, popularizados pela construção de projetos revolucionários como a Torre Eiffel e novos “arranha-céus” na América, assumiram como materiais de escolha para grandes e importantes projetos. Como resultado, a madeira foi mais ou menos designada para uso como material para estruturas menores. E com o desenvolvimento de uma construção de “light wood-frame” muito eficiente e versátil que monopolizaram o mercado residencial de baixa elevação na América do Norte, a madeira inicialmente quase perdeu grandes porções do mercado de construção não-residencial para o aço e o concreto. Ao longo das últimas duas ou três décadas, no entanto, a engenharia e a construção em madeira experimentaram avanços significativos e transformadores, estabelecendo produtos
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Revista da Madeira Estes são todos os indutores prolongados de códigos locais e são bem conhecidos pela maioria. Isso não inclui anéis metálicos de estilo norte-americano e placas de cisalhamento, que são especificados com menos freqüência hoje. No compartimento número dois, encontramos sistemas de conexão que não são explicitamente cobertos por códigos de construção, mas podem ser projetados dentro do escopo dos códigos usando os primeiros princípios. Estes incluem peças fundidas, chaves de corte, entalhes de madeira com madeira e entalhes de aço com madeira. O terceiro compartimento inclui sistemas de conexão genéricos, que não são cobertos por códigos norte-americanos, mas são reconhecidos oficialmente em códigos estrangeiros respeitáveis, como o suíço, o alemão ou o Eurocode. Estes incluem parafusos de ajuste apertado e
pinos e pregos de anel. O compartimento final possui siste-
mas proprietários de última geração que são suportados por dados empíricos e geralmente por códigos e aprovações estrangeiros (europeus). Estes exigem revisão cuidadosa e, ocasionalmente, testes locais. Os sistemas patenteados que os engenheiros criaram, como o sistema BVD ou
Bertsche desenvolvido pelo engenheiro alemão Peter Bertsche, o sistema SFS WS pelo SFS Intech, o sistema baseado em adesivo HBV e HSK pela TiComTec e desenvolvido pelo Leander Bathon, o sistema Sherpa ou Pitzl de encaixe com conexões de alumínio e, finalmente, mas não menos importante, os parafusos auto-roscantes, muito versáteis. • Conexões de Pinos Toda a família de conexões de pinos de madeira com madeira representa a maneira antiga de transferir cargas de cisalhamento e compressão em madeira. Eles costumavam ser feitos à mão e exigiam habilidade e tempo para fabricar. Eles caíram fora de uso ao longo do século passado, mas estão retornando com o uso de equipamentos CNC. O pino direto é muitas vezes a maneira mais eficiente de transferir cargas pesadas e de compressão em madeira e entalhes adequadamente projetados, usados em combinação com parafusos auto-roscantes, e podem ser
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no aço deve ser inferior a 1,0 mm maior do que o diâmetro do parafuso. Os pinos de ajuste apertado, frequentemente utilizados para conexões expostas de alta qualidade, devem satisfazer os mesmos requisitos e, geralmente, consistem em um eixo de aço inoxidável com bordas ligeiramente chanfradas. A vantagem de cavilhas ajustadas é que os conectores podem ser confiados para levar a carga essencialmente ao mesmo tempo, eliminando principalmente
16 mm de diâmetro (0,63 polegada). A cavidade é soldada sólida com uma argamassa cimentícia de alto desempenho para assegurar uma transferência de carga completamente ajustada entre as cavilhas e a peça fundida. A inserção é roscada na extremidade e pode receber um parafuso fornecido com a inserção. As tolerâncias de alinhamento são tratadas usando uma lavadora esférica. Os BVDs vêm em seis tamanhos, normalmente instalados na fábrica com
os efeitos de grupo. É necessário um alto grau de precisão, e a fabricação do CNC é quase sempre necessária para alcançar uma conexão de encaixe múltiplo de fixação múltipla, particularmente com placas de faca múltiplas. Os pinos ajustados são a base de muitas conexões, algumas das quais são discutidas abaixo. • Anilhas As anilhas são a versão europeia dos rebites de madeira. Brilhante e com uma cabeça redonda, eles parecem um pouco mais arrumados que os rebites de madeira. O código suíço fornece orientações específicas com base em dados empíricos para alcançar conexões dúcteis. Um sistema exclusivo de conexão de anilhas é chamado de prego Gunnebo da Suécia. • Sistema BVD O sistema BVD é um conector patenteado, desenvolvido e vendido pelo engenheiro Peter Bertsche, da Alemanha. O sistema consiste em uma inserção ranhurada, suspensa em forquilha, trancada no lugar, puxando os pinos apertados de
4 (BVD 1) a 24 pinos (BVD 6) e podem transportar uma carga de arrancamento especificada de 13 a 80 kips (60 a 360 kN) por âncora. A força e a confiabilidade do sistema são reforçadas pelas cavilhas que se cruzam, que ajudam a conter a fibra de madeira e resistem à força de separação. Cargas finais de 2,5 a 3 vezes as cargas especificadas são consistentemente alcan-
Cavilhas inoxidáveis apertadas e peças fundidas de aço no aeroporto Prince-George. uma solução de conexão muito econômica. Onde os entalhes são necessários, eles devem ser projetados a partir dos primeiros princípios usando as fórmulas de pinos e cisalhamento da norma. Como uma questão de prática padrão, assegure-se de que a porção de cisalhamento longitudinal de uma conexão, particularmente no final de um membro, seja proporcionada para não ser o modo de falha primária, pois é quebradiço. • Engastes Os moldes, geralmente feitos de aço de Ductaline, também são projetados a partir dos primeiros princípios. Eles oferecem uma maneira elegante e versátil de alcançar conexões de importância arquitetônica e podem ser relativamente econômicas em grande número. Sua desvantagem é que eles são suscetíveis ao fogo e não podem ser usados em condições expostas em uma montagem avaliada. • Parafusos e Cavilhas Os parafusos de ajuste apertado são parafusos essencialmente regulares instalados em furos de parafusos, tanto em madeira como em placas de aço de conexão, que são perfurados para tolerâncias muito mais apertadas. O requisito do Eurocode para parafusos de ajuste apertado é ter um orifício de parafuso que corresponda ao diâmetro do parafuso ou seja até 0,5 mm menor. O orifício do parafuso
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Modelo 3D de uma conexão de momento BVD no aeroporto de Raleigh Durham. Cortesia da Equilibrium Consulting
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O conector HSK está testado para a escada do átrio totalmente em balanço no UBC Earth & Sciences Building. çadas. O sistema é muito eficiente para conexões de alta tensão, para carregar cargas axiais diretas. O sistema é completamente apertado e, portanto, pode ser usado em grupos sem preocupações com efeitos grupais. Também é escondido pela madeira e, portanto, resistente ao fogo. • Sistema WS O WS System proprietário da companhia de fixação suíça SGB Intec, de bilhões de dólares, é composto por cavilhas autoperfurantes de pequeno diâmetro equipadas com uma ponta de broca projetada para o núcleo através de madeira e placas internas de aço de liga-leve de 3 a 5 mm. O pino é conduzido usando uma prensa hidráulica vendida pela empresa. As vantagens do sistema são que não exige pré-perfuração, evita tolerâncias de fabricação e é completamente apertado. É dúctil, mas muito compacto devido ao pequeno diâmetro dos pinos (5 a 8 mm) e está escondido – tornando o sistema resistente ao fogo. O sistema é bastante eficiente e versátil, e pode ser usado em conexões de cisalhamento, axial ou momento. • Parafusos auto-roscantes Os parafusos auto-roscantes são a versão da “era espacial” do parafuso norte-americano. Eles agora são vendidos na América do Norte por quatro grandes fornecedores: SFS, GRK, Wurth e Heco. Eles são o tipo de conector principal agora usado na construção de painéis de ma-
deira maciça. Os parafusos auto-roscantes são parafusos patenteados, de perfuração automática, feitos de aço de alta resistência (cerca de 115kg ou 800 MPa), e vêm em
uma grande variedade de tamanhos de 5 a 12 mm de diâmetro e 3/16 a 5 mm. Comprimento de 3 a 23 polegadas (8 cm a 60 cm). O diâmetro refere-se ao diâmetro da rosca, e não ao eixo. Existem três tipos principais de parafusos auto-roscantes. Os parafusos totalmente roscados são usados para transferir grandes cargas de tensão nas conexões de
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madeira para madeira sem a necessidade de uma arruela. Os parafusos parcialmente roscados são utilizados para ancorar as placas de suporte de aço e também podem transferir o cisalhamento. Eles têm uma grande capacidade de aperto. Os parafusos de passo variável são usados para puxar dois pedaços de madeira juntos e são freqüentemente usados em conexões de borda a borda do painel de madeira sólida para alinhar os painéis e transferir o cisalhamento longitudinal. Os parafusos auto-roscantes são extremamente versáteis, eficientes e confiáveis, uma vez que não requerem pré-perfuração. Eles eliminam o risco de que um carpinteiro inexperiente não possa perfurar e contornar um orifício de parafuso de atraso corretamente. • Conexões de alumínio Os conectores de encaixes de alumínio são de alumínio pré-engenheirados, normalmente instalados na fábrica usando parafusos auto-roscantes, permitindo que os elementos de madeira sejam erguidos de forma muito rápida e precisa no local. Existem dois fornecedores principais para este tipo de conectores, ambos representados na América do Norte: Pitzl e Sherpa. Os conectores vêm em uma variedade de tamanhos e capacidades. Eles são recuados e completamente escondidos pelo material de madeira, tornando a conexão completamente invisível e também resistente ao fogo. • Conector HBV e HSK Os conectores HBV e HSK foram desenvolvidos pelo engenheiro alemão Leander Bathon. O HBV é um conector usado para conectar sistemas de piso composto de madeira e concreto. Consiste em uma malha de aço expandida colada em uma fenda cortada na parte superior da madeira ou painel de madeira maciça usando um adesivo patenteado e lançado no concreto acima, conectando os dois com rigidez. O sistema HSK é semelhante, mas é usado para conectar elementos de aço à madeira ou, ocasionalmente, conectar dois elementos de madeira juntos. Consiste em uma chapa de aço perfurada de 2,8 mm (aproximadamente 3/32 polegadas), soldada a uma peça de aço no caso de uma conexão de aço a madeira e colada em um rasgo no elemento de
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madeira, conectando rigidamente os dois membros. O sistema HSK é dúctil, pois as peças de aço geralmente são projetadas para deformar antes que o adesivo ou a madeira falhem. Também pode ser completamente escondido e, portanto, resistente ao fogo. A indústria norte-americana de construção da madeira se transformou significativamente ao longo da história – e ainda mais rapidamente na última década. Na virada do século 20, o aço e o concreto substituíam amplamente a madeira na construção de edifícios comerciais. Um século depois, os avanços técnicos em técnicas de fabricação e engenharia de conexão, juntamente com um renovado interesse na madeira como material de construção ecológico, impulsaram um renovado interesse no material de construção. Os produtos de madeira estão sendo reexaminados para novas oportunidades, em uma gama mais ampla de tipos de construção e atingindo maiores alturas do que nunca. RM Eric Karsh Engenheiro e um dos fundadores da Equilibrium Consulting Inc., ( Vancouver).
Tradutor: Alan Dias Engenheiro Civil e Estrutural de Madeira, e um dos fundadores da Carpinteria Estruturas de Madeira.
Escada do átrio em balanço no UBC Earth & Sciences Building.
Innovative solutions boost wood structures
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ver the past two or three decades, timber engineering and construction has experienced significant and transformative advances, setting wood products up for a comeback. These include new engineered wood products, including solid panel products such as cross-laminated timber (CLT), computer numerically controlled (CNC) fabrication, versatile high-efficiency timber connectors, and progress in fire protection engineering. With technical progress and increased demand for wood products comes greater economic opportunities. Today, the most ancient construction material, and the only one that is naturally grown by the sun, is becoming more high-tech and still has considerable development potential in store. This technical progress seems to have combined with other positive influences to reposition wood on the world stage. A renewed interest in timber as an architectural medium, combined with strong trends in sustainability, is promoting the expanded use of wood in several countries including Canada, the U.S., Japan, Australia, and several countries in Europe.
Emboldened by these trends, timber is slowly but surely reclaiming its place as a viable option for commercial construction in a wide variety of building types including airports, museums, university facilities and even skyscrapers. Key to the successful execution of large timber structures is the availability of economical, versatile and reliable connectors. The different timber connection systems available are comparable to individual tools in a toolbox. As an engineer looking for innovative, elegant solutions, one needs a toolbox with a variety of reliable and high-quality tools. Several new options have been added in the time since then. The North American toolbox for wood connections is the first of four main compartments: standard through bolts, screws and nails, timber rivets, truss plates and preengineered light gauge metal connectors. These are all longstanding inductees of local codes and are well known to most. This does not include North American style split rings and shear plates, which are specified less frequently today. In compartment number two, we find
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connection systems that are not explicitly covered by building codes but can be designed within the scope of the codes using first principles. These include castings, shear keys, wood-to-wood notches and steel-to-wood notches. The third compartment includes generic connection systems, which are not covered in North American codes but are officially recognized in reputable foreign codes such as the Swiss, German or Eurocode. These include tight-fit bolts and pins and ring nails. The final compartment houses state-of-theart proprietary systems that are supported by empirical data and usually by foreign (European) codes and approvals. These require careful review and, occasionally, local testing. The proprietary systems the author’s firm engineers have used include the BVD or Bertsche system developed by German engineer Peter Bertsche, the SFS WS system by SFS Intech, the HBV and HSK adhesive-based system by TiComTec and developed by Dr. Leander Bathon, the Sherpa or Pitzl aluminum dovetail systems and finally, but not least, the very versatile self-tapping screws. RM
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• Resistência ao fogo É como usar toras de 12” de diâmetro para iniciar uma fogueira de um acampamento, “madeira com massa” não pega fogo facilmente. Na verdade, CLT age mais como concreto. Madeira com massa não é convencional, por isso é muito difícil de dar a ignição inicial, e uma vez que está queimando, seu processo é lento. Uma pesquisa recentemente da FPInnovations mostrou que os painéis CLT têm o potencial de fornecer excelente resistência ao fogo, muitas vezes comparável aos conjuntos de construção pesada típica de construção não-combustível. Os painéis CLT podem manter significativa capacidade estrutural por um longo período de tempo quando expostos ao fogo. • Manuseio e uso
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Madeira Laminada Cruzada (CLT, em inglês) foi inicialmente desenvolvida na Europa como uma alternativa à construção de pedra, alvenaria e concreto. É essencialmente “compensados” de madeira feitas a partir de lâminas de madeiras menores coladas transversalmente. A CLT norte-americana é tipicamente instalada como painéis de três, cinco, sete e nove camadas de lâminas de madeira com medidas de 2”x6” (5x15cm) coladas entre elas. Nos Estados Unidos, quando se vê essas placas de madeira pela primeira vez, questionam em torno do uso da madeira como um material de construção, especialmente os painéis CLT. Inicialmente alguma dúvidas e entre elas destacam-se : “Não vai cumprir as normas técnicas” O Laboratório de Produtos Florestais dos Estados Unidos , a APA e US WoodWorks - publicou um guia abrangente para fornecer informações técnicas para profissionais de construção, ilustrando aplicativos CLT adaptados aos códigos e padrões atuais . O manual aborda um número destes equívocos comuns sobre madeira e CLT.
A CLT é apenas outra forma de madeira laminada colada (MLC/GLULAM). É madeira, e se projeta e constrói numa tecnologia que já existe há algum tempo. Os painéis CLT, como outros painéis da indústria (concreto pré-moldado ou painéis SIP), proporcionam fácil manuseio durante a construção e um alto nível de facilidade de pré-fabricação e rápida conclusão do projeto. Uma equipe de instalação de madeira convencional com experiência de painel pode levantar, ajustar e aparafusar painéis CLT, e com um plano de instalação fornecido pelo fabricante, ele vai ainda mais rápido . • Manejo sustentável A CLT é fabricada com madeira de 2”x6” (5x15cm) de árvores colhidas de florestas plantadas ou geridas de forma sustentável e, ainda podem ser usadas até árvores atacadas por insetos. Se não usá-las, elas caem, apodrecem e emitem carbono de volta para a atmosfera. A madeira é também o único material estrutural primário que cresce naturalmente e é renovável. Somente nos Estados Unidos, de acordo com “Silvicultura Sustentável na América do Norte”, durante os últimos 50 anos, menos de 2% do estoque de árvores em pé daquele país foi colhido a cada ano, enquanto o crescimento de árvores foi de três por cento. • Custo e benefícios Ao considerar o valor total de um sistema CLT, ele é competitivo em termos de custo com outros materiais de construção de placas. Mas você também precisa considerar todos os benefícios de valor agregado:
Os painéis CLT têm um grande potencial para fornecer soluções de construção econômicas para edifícios residenciais, comerciais e institucionais, bem como grandes instalações industriais de acordo com o Código Internacional de Construção. Em 2015, a CLT foi incorporada no International Building Code (IBC). O IBC adotou recentemente a norma ANSI CLT Standard PRG 320 no IBC de 2015, para que possa solicitar uma revisão de projeto com base nela agora e enviá-la como material alternativo, design e métodos (AMM ).
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Revista da Madeira • Mais economia pode ter custo de instalação reduzido, geralmente 50% mais barato do que instalar outros materiais de placa. • Com um planejamento anterior de conclusão do projeto, você pode agilizar o processo de instalação. • A estrutura do imóvel pesará menos da metade do peso de outros tipos de construção, de modo que a fundação custa menos dinheiro. • A segurança do local de trabalho é dramaticamente aumentada devido aos
painéis CLT pré -fabricados e normalmente as únicas ferramentas são brocas pneumáticas. A intenção da CLT não é substituir a construção de wood-frame, mas sim oferecer uma solução de madeira versátil,
de baixa emissão de carbono e competitiva em termos de custo que complementa as opções existentes de estrutura leve e de madeira pesada, oferecendo um produto adequado para algumas aplicações que atualmente utilizam concreto, alvenaria e aço. Embora seja um sistema de construção relativamente novo de interesse na construção os benefícios falam por si. RM Kris Spickler
Engenheiro civil e especialista em madeira pesada da Structurlam Products Ltd. em Penticton, B.C., Canadá.
Uses of cross laminated timber
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he cross laminated timber (CLT) was developed in Europe as an alternative to stone, brickwork and concrete constructions. CLT is primarily made of plywood from smaller wood sheets glued transversally. The North American CLT is usually installed as panels of three, five, seven and nine 2”x6” (5x15cm) wood layers glued with each other. The US Forest Products Laboratory, APA and US WoodWorks published a comprehensive guide containing technical information for construction experts, including illustrated CLT uses adapted to current codes and patterns. The guide includes a number of these common mistakes about wood and CLT. CLT panels might provide economical construction solutions involving houses, stores and institutions, as well as large industry facilities, according to the
International Building Code (IBC) In 2015, CLT was included in the IBC, which recently adopted the ANSI CLT Standard PRG 320 in the 2015 IBC dated 2015 in order to request a project review and send it as an alternative material, design and methods (AMM). CLT is just another form of glued laminated timber (glulam). It is wood designed and built using technology existing for some time now. The CLT panels, as well as some other industrial panels (pre-shaped concrete or structural insulated panels, also known as SIP), are easy to handle during construction and pre-manufacturing. A quick project completion is also possible. A team expert in conventional timber panels is able to install, adjust and screw CLT panels. This step might be speeded up by using the installation guide provided by the manufacturer.
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CLT is made of 2”x6” (5x15cm) wood from trees harvested from forests planted in a sustainable manner. The wood is also the only primary structural material that grows naturally and is renewable. According to the Sustainable Forestry of North America, only in the United States, less than 2% of trees were harvested every year over the past fifty years, while tree growth hit 3%. CLT will not replace wood frame construction, but provide solutions based on versatile wood of reduced carbon emissions and competitive cost. This complements the existing options of lightweight structures and heavy wood, thus providing an ideal product for some current uses involving concrete, brickwork and steel. Although this is a relatively new building system, benefits speak for themselves. RM
convenientemente tratado, cujo resultado confira a este uma extensão de vários anos em uso. • Tratamento por pincelamento O tratamento preservativo da madeira por pincelamento referese a um procedimento simples, aparentemente sem necessidade de maiores preocupações, senão a de aplicar um produto preservativo líquido ou dissolvido em algum tipo de solvente, na superfície da peça que se pretende tratar. No entanto, para se alcançar a qualidade de tratamento desejada, há que se considerar alguns detalhes do tratamento tidos como de alta importância, no sentido de se conseguir adequada penetração e retenção, e distribuição homogênea do produto na madeira. Tratamento por pulverização Tecnicamente, o tratamento da madeira efetuado com a pulverização de soluções preservativas é praticamente igual ao efetuado por pincelamento (aplicação de solução preservativa na superfície da madeira seca), exceto que para aplicá-las utiliza-se um pulverizador, e que os riscos de contaminação são muito maiores. Por tal razão, este método só é recomendável quando há necessidade de se tratar a madeira onde o método por pincelamento seja considerado inviável. • Encharcamento da madeira A madeira no estado seco pode ser tratada adequadamente pelo método de encharcamento, contanto que ela seja permeável o suficiente para garantir boa penetração da solução preservativa utilizada. Madeiras permeáveis no estado seco são normalmente submersas em soluções por tempo previamente determinado por experimentação, até que se alcance a profundidade de penetração da solução desejada. Assim, o tempo de tratamento pode variar de poucos segundos a várias horas, ou dias, em função do tipo de solução empregado e da espécie de madeira, entre outras variáveis relacionadas à profundidade do tratamento pretendido. • Tratamento com aplicação de graxas A utilização de graxas contendo algum tipo de produto tóxico a agentes xilófagos é uma das alternativas para tratar a madeira, especialmente quando esta já está instalada e há dificuldades em se alcançar a superfície da peça a ser tratada. • Métodos substituição de seiva Os diferentes tratamentos da madeira denominados como de substituição de seiva, objetivam, de fato, a substituição parcial da ¨água¨ ou seiva originalmente existente na madeira de árvores recém abatidas por solução preservativa hidrossolúvel. • Tratamento por difusão O princípio do tratamento da madeira pelo processo de difusão baseia-se no fato que, produtos hidrossolúveis concentrados, quando colocados em contato com a superfície da madeira no estado verde, diluem-se na água existente na madeira e migram gradualmente para o seu interior. Em outras palavras, ocorre a migração de moléculas para haver equilíbrio entre as zonas de potencial químico diferentes. • Tratamento temporário O tratamento temporário da madeira visa, exclusivamente, a proteção da madeira na forma detoras ou recém serrada e úmida à deterioração, até que a mesma seque a níveis de teor de umidade inferiores, fora da situação de suscetibilidade ao ataque por vários fungos e insetos. Estes agentes se referem principalmente aos fungos manchadores e emboloradores, mas também o ataque por alguns coleópteros adaptados à madeira verde, como os das famílias Cerambycidae,Platypodidae e Scolytidae. • Banho quente-banho frio Este método de tratamento, também conhecido por banho quente-frio, normalmente é utilizado para preservar madeira de pequenas dimensões no estado seco, com produtos preservativos de natureza oleosa. Todavia, tratamentos de peças de madeira de maiores dimensões, bem como ouso de produtos óleos solúveis, ou hidrossolúveis que permaneçam estáveis em soluções aquecidas, também podem ser praticados.
Revista da Madeira
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tratamento preservativo da madeira visa obter extensão da vida útil da madeira em serviço, ou de produtos confeccionados de madeira, por meio de aplicação de produtos que previnam o ataque de agentes deterioradores, principalmente os de origem biológica. Para a aplicação de preservativos podem ser utilizados desde métodos simples a bem sofisticados, mas independente do método de tratamento, os resultados a serem alcançados têm que atender plenamente os objetivos do tratamento efetuado, para assegurar a proteção da madeira. Além de uma variedade de métodos simples existem os métodos de tratamento preservativo para madeira realizados em autoclave, para tratá-la com maior rapidez e eficiência e alcançar o que se denominam ¨resultados do tratamento¨, que conferem a qualidade de um tratamento no que se refere às variáveis alcançadas no material tratado. São três requisitos indispensáveis sobre o material tratado, que deverão ser satisfeitos de forma conjunta para garantir a sua qualidade, em relação àqueles necessários para um bom desempenho da madeira tratada em serviço, quais sejam: - Penetração do produto preservativo, a partir da superfície da madeira, em centímetros: variável de uma camada extremamente delgada a bastante profunda, a partir da superfície da madeira, predefinida em função do tipo de madeira e da utilização a ser dada à madeira tratada, bem como ao tipo de agente a que ela estará suscetível durante a sua utilização; • Retenção do produto preservativo na porção de madeira que recebeu o tratamento, em quilogramas por metro cúbico: variável predefinida em função da espécie de madeira, tipo de utilização a ser dada à madeira tratada e de agente xilófago a que a madeira ficará exposta durante a sua utilização e; • Distribuição homogenia do produto na madeira tratada: uma necessidade para termos material tratado uniformemente, sem regiões pobremente tratada ou com tratamento excessivo que, em ambas a situações, redundam em tratamento inadequado. Existem inúmeras situações de emprego da madeira que exigem adequado tratamento para prevenira deterioração por agentes biológicos deste material. Contudo, nem sempre é possível trata-lo com métodos sofisticados, principalmente devido ao custo de transporte do local de corte às usinas de preservação mais próximas, e destas ao local onde a madeira será utilizada. Considerando-se o exposto, na maior parte das vezes se faz opção pela utilização de métodos de tratamento simples, onde o produto preservativo normalmente é aplicado à madeira no próprio local de emprego do material tratado. Todavia, embora o método a ser adotado possa ser considerado simples, a sua utilização só se justificaria se o material for
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• Tratamento da madeira em autoclave Para se tratar madeira em autoclave há necessidade uma autoclave, que consiste basicamente deum vaso que possa ser hermeticamente fechado, robusto o suficiente para resistir esforços do vácuo e/ou pressão exigidos, com equipamentos auxiliares para efetuar o tratamento a contento, como serpentinas de aquecimento, bombas de vácuo e de pressão, entre outros, dependendo do método de tratamento utilizado, que em conjunto forma uma usina de preservação. • Processo Gewecke Cerca de 50 anos atrás, com o desenvolvimento de produtos preservativos hidrossolúveis de boa fixação na madeira, houve a necessidade de adaptações no método Boucherie para acelerar o processo de tratamento, de forma que a utilização dos novos
produtos preservativos à época fosse possível. Dos estudos desenvolvidos surgiu o Processo Gewecke como um dos mais eficientes. • Processo duplovácuo No processo denominado Duplo-vácuo utilizam-se duas fases de vácuo, uma denominada vácuo inicial (VI) e outra de vácuo final (VF), separadas por uma fase à pressão atmosférica. Trata-se de um processo de célula cheia pelo fato do vácuo inicial drenar grande volume de ar existente na madeira seca, previamente ao tratamento da madeira, que posteriormente é substituído por solução preservativa. • Processo Bethell O processo de tratamento da madeira Bethell, também conhecido como Processo de Célula Cheia, foi inventado pelo engenheiro John Bethell em 1838, há mais de 170 anos, mas até hoje os seus princípios básicos de operação permanecem os mesmos, independente dos avanços tecnológicos que melhoraram os equipamentos e suas formas de controle, por meios mecânicos e eletrônicos. • Processo Lowry O processo de tratamento da madeira desenvolvido por Lowry é conhecido como Processo de Célula Vazia, por não existir a fase
de vácuo inicial (VI), o que mantém o volume de ar originalmente existente no interior da madeira. Durante a impregnação da solução este ar é empurrado a maiores profundidades da superfície da madeira, pela aplicação de solução preservativa sob efeito de pressão hidráulica, mantendo-o no seu interior na forma de ar comprimido. • Processo Rüeping O Processo Rüeping foi desenvolvido com o objetivo de obter melhor controle sobre o retorno do produto preservativo impregnado na madeira, com prévia injeção de ar comprimido na madeira antes da admissão de solução no interior da autoclave. Conseqüentemente, melhor se torna o controle do retorno da solução impregnada, da absorção da solução e da retenção de produto preservativo pela madeira tratada. • Processo MSU Madeira seca a 20 - 25% UO processo MSU foi desenvolvido pelo Dr. William C. Kelso, do Laboratório de Produtos Florestais de Mississipi, em conjunto com Escambia Treating Company, Florida, e anunciado nos Estados Unidos da América em 1977 como um novo método de interesse econômico. • Processo Cellon® ou Drilon Este processo faz parte do rol dos “processos de recuperação de solventes”, nos quais se utilizam solventes orgânicos cuidadosamente escolhidos, para que possam ser recuperados depois da solução preservativa ser impregnada na madeira. RM Prof. Dr. João Carlos Moreschi BIODEGRADAÇÃO E PRESERVAÇÃO DA MADEIRA Depto de Engenharia e Tecnologia Florestal da UFPR
plantadas na segunda metade do século dezenove nas Regiões Sudeste e Sul. No início do século vinte o país começou a deslanchar a sua indústria de base florestal, a partir das florestas nativas de araucária existentes na Região Sul. A madeira foi largamente usada na construção de casas e na fabricação de móveis e papel, porém a maior parte foi exportada. O crescimento lento da araucária desestimulou o seu plantio em maior escala e foi necessário introduzir o cultivo do eucalipto da Austrália para fornecer madeira para as estradas de ferro, na forma de postes telegráficos, dormentes e carvão vegetal. Nascia assim a silvicultura brasileira. Logo em seguida o eucalipto foi testado também, de forma pioneira no mundo, para a fabricação de celulose e papel, devido à dificuldade de importação destes produtos durante a Primeira Guerra Mundial. Para espanto geral o resultado foi um enorme sucesso, que perdura até hoje, transformando o Brasil no maior produtor e exportador de celulose de eucalipto do mundo. A espécie também é hoje muito usada em fábricas de madeira aglomerada para móveis, destinados aos mercados interno e externo, além de ser a madeira mais usada para produzir carvão vegetal. Durante a Segunda Guerra Mundial foi implantada no Paraná a primeira grande fábrica de papel de araucária, que serviu de exemplo para diversas fábricas menores na Região Sul, as quais ajudaram a dizimar as florestas da espécie. Tanto, que elas tiveram de ser substituídas, a partir da década de 1960, por plantios de pínus, um tipo de pinheiro originário dos Estados Unidos, que por sinal aqui cresce melhor do que na origem. Ainda assim o seu crescimento é bem mais lento do que o eucalipto e por isso a área total plantada de pínus vem até diminuindo recentemente. Nesta mesma época o IAC - Instituto Agronômico de Campinas pesquisou dezenas de espécies de bambu, comprovando a sua ótima qualidade para celulose e papel. A tecnologia foi aplicada com sucesso em fábricas de papel da Região Nordeste, onde o eucalipto e o pínus não encontraram clima adequado. Também foi desenvolvido o papel de bagaço-de-cana, resíduo agrícola muito disponível no país, mas a sua pro-
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Brasil é o país com a segunda maior cobertura florestal do mundo, que abrange hoje em torno de 60% da área do país e só perde em extensão para a da Rússia. Devido ao clima tropical, as nossas matas nativas são megadiversas, o que dificulta a sua industrialização, ao contrário das matas homogêneas das regiões mais frias do planeta, nas quais predominam poucas espécies. Mas, temos também algumas poucas exceções, como a araucária, os bambus e as palmeiras, que podem formar extensas áreas relativamente homogêneas. Durante 450 anos nossa Mata Atlântica foi explorada, primeiro por Portugal e depois pelo Império e os governos republicanos, tanto para exportar enormes quantidades de madeiras nobres, quanto para abrir espaço para a agricultura e a pecuária. Não havia consciência sobre o dano ambiental causado, nem sobre a necessidade de plantar florestas para atender a demanda de madeira. O plantio de árvores, quando ocorria, ficou restrito apenas a árvores frutíferas, com destaque para cafezais e coqueirais, trazidos do exterior e que aqui se adaptaram muito bem. Os primeiros imigrantes chineses, que chegaram ao Rio de Janeiro a partir de 1814, trouxeram também mudas de chá, manga, carambola, laranja e bambu. As espécies de bambu asiáticas eram domesticadas, ao contrário da maioria das nativas, que só se desenvolvem dentro da mata. Ao final do século dezenove elas já estavam espalhadas em todo território nacional, sendo usadas para construções leves no meio rural. O bambu também serviu de matéria-prima para as primeiras fábricas de celulose e papel de pequeno porte, im-
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F.V. de Araujo is in the timber business for over 100 years, leading in reforestation and industrial wood products. We are able to supply customer requirements in timber or panel products in various different qualities, sizes and specifications, adopting ecological and sustainable practices.
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Revista da Madeira dução teve pouca duração, devido à baixa qualidade deste tipo de papel. Apesar dos avanços da nossa silvicultura, o total de florestas plantadas hoje ainda é relativamente pequeno e representa em torno de 8 milhões de hectares, ou menos de 1% da área do país. Atualmente a sua distribuição por espécies é muito desequilibrada, sendo 75% de eucalipto, 20% de pínus e apenas 5% de outras espécies, como acácia negra, usada para extrair o tanino, a seringueira e diversas espécies de madeiras nobres, usadas para construção e móveis. No entanto, o dado animador é que dispomos de condições para ampliar em muito as áreas de plantio, que são: clima favorável, 200 milhões de hectares de terras cultiváveis, a melhor tecnologia genética, os mais baixos custos de produção florestal do mundo e uma crescente demanda do mercado mundial para produtos florestais.
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Podemos, portanto, plantar e exportar muito mais, desenvolver novas espécies e equalizar melhor a participação de cada uma, diminuindo os riscos da monocultura. Também
dispomos de uma área de 9 milhões de hectares de matas nativas com bambu ainda inexploradas na Região Norte (Acre), além de áreas menores e ainda não bem dimensionadas nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste. Vale lembrar que o bambu é uma gramínea, que substitui a madeira em quase todas as aplicações e de modo
mais sustentável, porque ele recupera áreas degradadas, permite colheitas sucessivas sem necessidade de replantio e cresce mais rápido até do que o eucalipto. É a madeira do futuro, mas até agora ainda pouco aproveitada. Também convém mencionar outro fator que deve impulsionar nossa silvicultura. São as mudanças climáticas do planeta, que tendem a favorecer formas alternativas de energia, como os biocombustíveis e a substituição de produtos fósseis, como petróleo e carvão mineral, por produtos de base florestal. Os compromissos assumidos recentemente pelo Brasil no Acordo de Paris sobre o controle das emissões de gases do efeito estufa igualmente permitem antever a necessidade de maciços investimentos em novas áreas de florestas plantadas. RM Hans J. Kleine hjkleine@floripa.com.br
Bamboo: a new alternative for planted forests
hen designing a project that involves the use of wood, architects and engineers should take into consideration not only the properties of the most appropriate species, but also the location of the project and the biological agents to which it will be exposed. All of that is imperative to prevent future deterioration by wind and water, fungi or insects. Thus, establishing the type of construction and the details of both the protection and construction systems will guarantee the useful life of the structure. Wood is one of the most used materials in the construction sector. It is obtained from either planted or native forests. On the one hand, planted forests are established for the production of wood for the lumber industry. They can only be exploited under previous approval by the Ibama Institute (Brazilian Institute for the Environment and Natural Resources). On the other hand, native forests are exploited to supply market through forest management or extractivism. In the civil construction industry, wood is temporarily used to put up concrete formwork, scaffolds and for shoring, whereas it is also used for permanent roof structures, door and window frames, linings, and floors.
The different types of wood used in civil construction include, among other, lumber beams, rafters, planks, and boards for roof structures, where peroba-rosa (aspidosperma polyneuron) is mainly used. Light partition walls are made of timber boards and pillars, along with slats and rafter that are used in secondary components of roof structures, with the Parana pine (araucaria angustifólia) being a main resource thorough decades. Moreover, another type of wood is processed lumber, which is used for lining and panels. Light lumber is also used for doors and windows (Parana pine, cedar tree, ipe). Dense wood is used for hardwood flooring and floors (ipe, angelim, peanut tree). Beams, rear-closing boards, and decks are made with itauba wood, whereas floors are made with cumaru wood. The frames are made of pink cedar, and the lining and front-closing boards are made of angelim-stone. An increasing concern for sustainable development has made logging companies look for more viable resources such as certified wood from reforestation areas, which are as efficient as native wood. Wood extraction from reforestation areas is controlled and does not harm the environment.
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As per preservation, it should be started during the wood treatment process and continue during maintenance, following the appropriate techniques required by the wood’s unique properties. Whether it is a residence, a bigger building structure or a work of art, no matter how much care is taken, it would be insufficient since deterioration is not only generated by wind and water, but also by microorganism and insects that eat the macromolecules found in the wood, as it’s the case of fungi, which take advantage of such organic substances. The wood is often infected when the tree is cut down, and infection may remain during the different stages up until the final use, when it could worsen as it is exposed to moisture. There are severe types of xylophagous fungi; some are notable due to the harm they cause on wood, as it’s the case of mould fungi and blue-stain fungi. Other common biodeterioration species are termites (drywood, underground, and arboreal) and woodboring beetles. All in all, when designing a project, an adequate description of the wood properties is fundamental in order to avoid biodeterioration risk.
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dade, mesmo depois de trabalhadas. No entanto, existem maneiras de proteger a madeira e minimizar os efeitos causados por agente naturais. A aplicação de substâncias químicas é a melhor forma de protege-la e aumentar sua vida útil, sendo que existem uma vasta linha de produtos disponíveis no mercado com diferentes características. Porém é importante que a aplicação destes produtos seja rotineira, o que também acaba se tornando uma desvantagem. Os fabricantes de esquadrias de madeira buscam por espécies que apresentem boa maleabilidade, boa resistência à umidade e que se adaptem as diversas particularidades de projetos com custos viáveis. O processo de fabricação de portas e janelas de madeira segue as etapas descritas na sequencia: • Preparação Antes do início do processo de fabricação de esquadrias, a madeira deve se apresentar seca, a fim de se evitar possíveis deformações durante a produção. O processo de secagem natural é o mais recomendado, porém uma secagem completa ao natural pode levar até 2 anos. • Corte Nessa primeira etapa do procedimento industrial propriamente dito, deve-se cortar a madeira que dará forma à estrutura futura. Ocorre o corte e também se tem o fresamento dos perfis de madeiras que formarão os caixilhos, por exemplo. • Proteção Após a transformação da madeira bruta em peça, deve-se tratar o produto contra agentes biológicos, com passagem de resinas e antissépticos. O processo de proteção é dado colocando a estrutura dentro de um recipiente com substâncias químicas que irão neutralizar a ação de insetos e microrganismos que possam prejudicar a longevidade do material ou a perda de resistência. • Acabamento Depois da proteção concedida pela ação de substâncias químicas, as peças são levadas para retirar possíveis deformações, como curvaturas indesejadas e realizam lixamento superficial, proporcionando forma final à estrutura. Após esse acabamento, as partes da estrutura final são montadas (geralmente possuem encaixe do tipo espiga, porém ocorre variação de acordo com o fabricante, podendo ocorrer encaixe tipo cavilha) e coladas, finalizando o processo de montagem. A fabricação da esquadria é finalizada com a colocação das ferragens, como: dobradiças, fechaduras, rodízios, borboletas, trincos, visores, entre outras. A esquadria finalizada é protegida no seu esquadro, embalada e estocada até ser solicitada em obra. É recomendada a estocagem na posição vertical em piso nivelado e livre de possíveis agentes externos que possam prejudicar a estrutura. • Montagem de portas As portas são as esquadrias com função de privacidade e transição de ambientes, sendo constituídas além da peça de madeira de ferragens. A execução de portas de madeira é um processo considerado simples, geralmente
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madeira é um dos materiais de construção mais utilizados pelo homem, possuindo características técnicas que favorecem sua utilização nas mais diversas etapas e elementos construtivos de uma obra. Boa resistência mecânica, bom nível de isolamento termo acústico e facilidade de afeiçoamento (podem ser trabalhadas com ferramentas simples) aliado com o valor estético que proporciona, faz da madeira uma excelente matéria-prima para execução de esquadrias, as quais se destacam pela nobreza e sofisticação nos acabamentos. Há uma grande gama de espécies de madeiras que podem ser utilizadas como matérias-primas para a fabricação de esquadrias, devendo ser analisado basicamente dois critérios: maleabilidade e resistência a umidade. Vale destacar que para que se possa executar uma esquadria
com qualidade é necessário que a madeira esteja completamente seca, caso contrario, a madeira continuará com o processo de secagem mesmo depois da esquadria instalada, podendo ocorrer deformações irreversíveis. Dentre as espécies mais utilizadas, destacam-se: Cumaru, Ipê, freijó, cedro-mara, itaúba e mais recentemente eucalipto. A madeira é utilizada tanto em obras com características rusticas quanto obras sofisticadas, destacando-se pelo valor estético que proporcionam em seus acabamentos. A principal desvantagem que este material apresenta é a vulnerabilidade de grande parte das espécies, quando expostas a condições climáticas adversas. A umidade, radiação solar e agente biológico, interfere na estrutura da madeira acarretando primeiro a perda de seu valor estético e posteriormente sua degradação. Outra desvantagem é que este material pode apresentar variações de volume (retração ou inchamento), em função da variação da umi-
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Revista da Madeira é utilizada uma espuma de poliuretano expansiva, que auxilia na correta adequação da esquadria junto ao vão. A instalação de uma porta de madeira ocorre da seguinte forma, considerando o método mais atual de execução, com utilização de espuma de poliuretano. • Preparação do vão O cuidado na preparação dos vãos na alvenaria é fundamental para a fim de se evitar problemas posteriores à aplicação da peça de esquadria. É necessário prover uma folga entre a alvenaria e a esquadrias para que a mesma possa ser posicionada, aprumada e nivelada. • Colocação do marco Deve-se colocar o batente, fixando e travando com cunhas, posicionando-as preferencialmente nos cantos dos caixilhos e sem excesso de força, pois este movimento exagerado pode ocasionar empenamento;
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também se deve averiguar o prumo, nível e cotas. Após a aplicação da espuma é recomendada uma pausa a fim de que ocorra a correta ação desta. O tempo de pausa varia de fabricante, podendo ser de 2hs até um dia. Após o intervalo de colocação da espuma deve ser cortado o excesso desta, por meio de estilete, por exemplo. Também deve ser retiradas cunhas, ripas e travamentos. Por fim, deve-se colar os encaixes finais como guarnições, em meia esquadria para encaixe perfeito com a parte superior, fixando-as nos marcos reguláveis. A execução de uma janela de madeira segue basicamente os mesmos passos usados na instalação de uma porta, devendo atentar-se ao nivelamento da cabeceira e peitoril. Jonas Vieira Rodrigues
Manufacture processes of wood frames
ood is one of the most w i d e l y u s e d co n st r u c t i o n m a te r i a l s by m e n , w i t h te c h n i ca l c h a ra c te r i s t i c s f a vo r i n g t h e i r u s e i n d i f f e re n t co n s t r u c t i o n s t a g e s. G o o d m e c h a n i ca l re s i s t a n ce, g o o d t h e r m a l - a co u s t i c i n s u l a t i o n , wo r ka b i l i t y ( s i m p l e to o l s i n vo l ve d ) , a n d a n a e s t h e t i c va l u e m a ke wo o d a n e xce l l e n t ra w m a te r i a l f o r co n s t r u c t i o n o f f ra m e s, w h i c h stand out for their noble and s o p h i s t i ca te d f i n i s h . Th e re i s a w i d e ra n g e o f wo o d s p e c i e s t h a t ca n b e u s e d a s ra w m a te r i a l s to b u i l d f ra m e s. I n t h i s co n n e c t i o n , t wo c r i te r i a mu s t b e b a s i ca l l y a s s e s s e d : m a l l e a b i l i t y a n d m o i s t u re re s i s t a n ce. I t i s wo r t h m e n t i o n i n g t h a t t h e wo o d p i e ce mu s t b e co m p l e te l y d r y to b u i l d a q u a l i t y f ra m e. O t h e r w i s e, t h e wo o d
p i e ce Wi l l co n t i nu e d r y i n g e ve n a f te r t h e f ra m e i n s t a l l a t i o n , re s u l t i n g i n i r re ve r s i b l e deformation. Th e m o s t w i d e l y u s e d wo o d s p e c i e s i n c l u d e c u m a r u, i p e, B ra z i l i a n wa l nu t ( f re i j ó i n Po r t u g u e s e ) , M a ra ce d a r, i t a u b a a n d, m o re re ce n t l y, e u ca l y p t u s. Th e wo o d i s u s e d b o t h i n r u s t i c a n d s o p h i s t i ca te d co n s t r u c t i o n s, w h i c h s t a n d o u t f o r t h e i r a e s t h e t i c va l u e seen in their finish. Vu l n e ra b i l i t y i s t h e m a j o r d i s a d va n t a g e i n m o s t o f wo o d s p e c i e s w h e n e x p o s e d to s e ve re we a t h e r co n d i t i o n s. H u m i d i t y, s o l a r ra d i a t i o n a n d b i o l o g i ca l a g e n t s d a m a g e t h e wo o d s t r u c t u re, i n c l u d i n g l o s s o f a e s t h e t i c va l u e a n d d e a t h . A l s o, wo o d vo l u m e ( s h r i n ka g e o r e x p a n s i o n ) va r i e s d e p e n d i n g o n m o i s t u re,
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e ve n a f te r t h e s p e c i e s h a ve b e e n wo r ke d. H owe ve r, t h e re a re m a n y wa y s to p ro te c t wo o d a n d re d u ce d a m a g e s ca u s e d by n a t u ra l a g e n t s. Th e u s e o f c h e m i ca l s u b s t a n ce s i s t h e b e s t a l te r n a t i ve to i n c re a s e l i f e s p a n , a n d t h e re i s a w i d e l i n e o f p ro d u c t s a va i l a b l e i n t h e m a r ke t . S t i l l, s u c h p ro d u c t s mu s t b e ro u t i n e l y a p p l i e d, w h i c h e n d s u p b e i n g a d i s a d va n t a g e to o. Wo o d f ra m e m a nu f a c t u re r s p re f e r wo o d s p e c i e s w i t h g o o d m a l l e a b i l i t y, g o o d m o i s t u re re s i s t a n ce, a n d we l l a d a p te d to p a r t i c u l a r i t i e s o f p ro j e c t s v i a b l e i n te r m s o f co s t . Th e m a nu f a c t u r i n g p ro ce s s o f wo o d e n d o o r s a n d w i n d ow s f o l l ow s e ve ra l s t a g e s w h i c h mu s t b e e x p l a i n e d to e n s u re f i n a l q u a l i t y o f t h e p ro d u c t .
do sistema viário no rendimento energético do transporte de madeira é requisito básico à adequação de qualquer empresa do setor florestal para a maximização da produtividade e sobrevivência no mercado florestal mundial nos dias atuais. A relação rendimento versus tipo veicular, bem como, sua adequação às diferentes realidades de cada empresa de base florestal, são itens que necessitam respostas. Com a crescente demanda de madeira para os mais diversos fins e as restrições ao uso de florestas nativas e do solo, as indústrias consumidoras de madeira tiveram que melhorar a produtividade de suas florestas plantadas para suprir a demanda. Devido aos altos custos de aquisição da terra, as plantações florestais estão localizadas a distâncias cada vez maiores dos centros consumidores, elevando o custo do transporte até a planta fabril. Sabendo-se que o transporte florestal rodoviário pode representar até 50% do custo total da madeira posta na unidade consumidora, entende-se por quê este torna-se um problema complexo para as empresas do setor. Segundo dados de um fabricante de veículos para transporte florestal, grande parte do transporte de cargas no país está sendo feito acima dos custos desejáveis. Os motivos são os mais variados, predominando as condições de carga e descarga e a estrutura viária nacional. Considerando o transporte como um fator estratégico para o desenvolvimento econômico e social de qualquer país, e a inexistência de uma política que vise adequar o sistema de transporte entre e dentre as regiões produtoras e consumidores de produtos florestais, constitui-se em uma limitação para desenvolvimento. O transporte madeireiro sempre foi deixado em segundo plano na cadeia produtiva florestal, não só pelo alto custo do investimento em veículos próprios e na construção e conservação de sistemas viários, mas também pela facilidade de contratação de prestadores de serviço nesta área. Sabendo-se que as atividades de colheita e transporte florestal são atividades complementares e dentre as que mais oneram a produção florestal, a escolha do veículo, bem como o tratamento dado às estradas florestais devem ser muito bem planejados, visando sua otimização e a consequente redução dos custos de produção madeireira. RM
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transporte sempre foi uma atividade diária na vida do ser humano, seja de pessoas ou de cargas e, para o setor florestal brasileiro, não poderia ser diferente. Esta atividade é muito antiga, pois desde os primórdios, o homem, após a derrubada de uma árvore e seu processamento em forma de pequenas toras, realizava a simples tarefa de transportá-la. No Brasil, a atividade florestal teve início após seu descobrimento, porém com o ciclo econômico do pau -brasil a economia da então colônia portuguesa teve seu crescimento. Com o passar dos anos, aumentou a utilização de madeira, principalmente com a descoberta de outras espécies de valor econômico, além da necessidade de abrirem-se fronteiras para a agricultura e a pecuária, contribuindo decisivamente para a devastação das florestas naturais brasileiras. Tempos mais tarde, o país voltou a ter um ciclo florestal caracterizado pelos incentivos fiscais, estabelecidos com a entrada em vigor da Lei nº 5.106, no ano de 1966, a qual foi criada em função da escassez de recursos energéticos e da exploração descontrolada dos recursos florestais naturais existentes, além dos planos de desenvolvimento da indústria brasileira com a instalação de plantas industriais de celulose e papel. Para isso, foram implantados florestamentos de espécies exóticas, principalmente Pinus sp. e Eucalyptus sp. Todavia, a má utilização dos recursos financeiros não resultou no desenvolvimento desejado para o setor. Em vista disso, em 29 de dezembro de 1988, é extinta a Lei nº 5.106 dos incentivos fiscais aos reflorestamentos. Como qualquer atividade, o transporte de madeira possui uma dinâmica em seu processo que gera além de soluções, novas questões a serem corrigidas e solucionadas de forma a otimizar a produtividade. O estudo da influência
Eng. Florestal Erwin Hugo Ressel Filho erwin@furb.br
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cias da secagem quando o teor de umidade da madeira está acima do ponto de saturação das fibras. Diversos tratamentos anteriores a secagem tem sido estudados nos últimos anos, mas o método mais eficiente até o momento tem sido o condicionamento com altas temperatura e umidade relativa ao final da secagem. Recomenda-se o condicionamento com alta umidade relativa quando a madeira atinge um teor de umidade de 20%, visando recuperar a madeira colapsada. Também o condicionamento com temperatura e umidade relativa elevadas ao final da secagem, como forma de recuperar o colapso e também aliviar as tensões de secagem. Os processos mais utilizados para a secagem de madeira serrada, tem como base o deslocamento de uma corrente de ar pela superfície da madeira, caracterizando uma secagem por convexão. Enfocando o fenômeno pela ótica da mecânica de fluidos, a energia (calor sensível) da corrente de ar é transferida para a superfície da madeira, promovendo a vaporização da água ali existente e, que no estado de vapor, é transferida para a corrente de ar. Simultaneamente, parte da energia recebida pela superfície provocará o aumento da temperatura nessa região, dando início ao transporte de calor da superfície para o centro da peça. A vaporização da água presente na superfície irá gerar um gradiente de umidade, principalmente no sentido da espessura, dando início a movimentação da água do interior até a superfície da peça.
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estoque disponível de madeira de Eucalipto vem aumentando em diversos países, principalmente no hemisfério Sul. Por se tratar, na grande maioria das situações. de matéria-prima proveniente de plantações de ciclo curto, tem-se como principal obstáculo a necessidade de secar material jovem e propenso a apresentar sérios defeitos durante a secagem. O processo de secagem típico para a madeira de Eucalipto emprega baixas temperaturas, o que implica em longos tempos de secagem. Praticamente todos os defeitos passíveis de se manifestarem durante a secagem. tais como rachaduras, empenamentos de diferentes formas, gradientes de umidade, colapso, tensões de secagem e endurecimento superficial, são citados como de ocorrência na madeira de Eucalipto. As rachaduras associadas com as tensões de crescimento e os defeitos de secagem trazem como resultado uma perda significativa de madeira. Experiências a nível industrial mostraram que a secagem de madeira com 28mm de espessura, da condição verde até um teor final de 15% de umidade, pode demorar de 4 a 6 semanas. As perdas causadas por empenamentos e por colapso foram da ordem de 30 a 40%. A principal causa do colapso é a tensão capilar, que se manifesta nas fases ini-
• Equipamentos A movimentação interna da água ocorre nas fases de líquido, de vapor e como água higroscópica (quimicamente ligada aos componentes da parede celular). A movimentação na fase líquido é fundamentalmente um fenômeno de capilaridade, sendo afetado pela estrutura anatômica da madeira. A movimentação nas outras fases é basicamente um fenômeno difusivo, afetado não só pelas condições termodinâmicas da
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corrente de ar como também por características da própria madeira, principalmente a massa específica. O desenvolvimento dos computadores tem facilitado o estudo dos princípios físicos envolvidos na secagem de madeiras, sendo que diversos modelos matemáticos foram propostos visando estabelecer os efeitos das diversas variáveis envolvidas no processo. Contudo, a retirada da água do interior da madeira provoca o aparecimento de esforços internos, causados pela tensão capilar e pela retração volumétrica, os quais irão provocar deformações classificadas como defeitos de secagem. Características da madeira, como a retratibilidade e a massa específica, e o seu relacionamento com as variáveis do processo tem sido estudadas como uma forma de prever o comportamento da madeira durante a secagem. O objetivo principal da secagem artificial é promover o equilíbrio entre a velocidade de evaporação da água na superfície da madeira, a taxa de movimentação interna (tanto de calor como de umidade) e as reações da madeira durante o processo; de forma a promover a secagem o mais rapidamente possível e com um nível de perdas ou um padrão de qualidade aceitável para o produto que se pretende. Para se atingir esse objetivo é necessário não só o conhecimento sobre a termodinâmica da secagem como também sobre as características da madeira e sobre o funcionamento do secador. A medida em que aumenta o conhecimento sobre os princípios físicos envolvidos na secagem de madeiras, torna-se mais fácil propor soluções ou encontrar formas de aprimorar o processo. Porém, não se pode esquecer que a madeira é um material oriundo de um ser vivo, sujeito as leis genéticas e as influências do meio em que vegeta. A grande variabilidade existente nas propriedades físicas da madeira de Eucalipto, tanto entre espécies como en-
tre árvores de uma mesma espécie, nem sempre pode ser prevista por modelos matemáticos de aplicação generalizada. Da mesma forma, secadores mal dimensionados, ou com funcionamento inadequado, podem provocar diferentes condições de temperatura e umidade relativa dentro da câmara de secagem. Essa situação irá resultar em perdas que não podem ser atribuídas ao processo ou as características da matéria-prima. • Secadores convencionais São definidos como secadores con-
vencionais as câmaras de secagem que operam a temperaturas entre 40 e 90°C. Esse tipo de equipamento dispõe de um sistema de aquecimento, um sistema de umidificação do ar, um conjunto de dampers ou janelas que permitem a troca de ar entre o interior do secador e o meio externo, e um sistema de ventilação que promove a circulação do ar entre as peças da madeira em secagem.
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O sistema de aquecimento mais comum é uma bateria de trocadores de calor que pode utilizar como fluido térmico o ar quente, água quente, vapor d’água ou óleo térmico. O fluido mais comum é o vapor a pressões entre 3,0 e 8,0 kgf/cm2 (300 a 800 kPa), tanto que os secadores convencionais são também conhecidos como secadores a vapor. A umidificação do ar é obtida pela liberação de vapor de baixa pressão ou com a aspersão de água fria dentro do secador. A circulação do ar é promovida por um conjunto de ventiladores, posicionados lateralmente em relação a madeira, ou sobre o falso teto acima das pilhas. Os dampers são posicionados de tal forma que a própria ação dos ventiladores faz com que o ar quente e úmido do interior do secador seja expelido, admitindo ar do meio externo. O carregamento da madeira pode ser feito através de empilhadeiras frontais ou com o auxílio de vagonetes. Normalmente os secadores para carga com empilhadeiras são recomendados para madeiras de secagem mais lenta, em que o aumento na profundidade do secador permite aumentar a sua capacidade sem alterar significativamente o tempo total de secagem. Já o sistema de vagonetes é mais indicado para madeira de rápida secagem, em que o tempo de carga e descarga é consideravelmente reduzido e permite aumentar o rendimento do secador. Os secadores convencionais são os mais utilizados em praticamente todo o mundo, principalmente para a secagem da madeira de folhosas. Através de estudo , efetuado nos Estados Unidos, notase que 82% dos secadores em operação em alguns estados norte americanos, que produzem perto de 4,0 milhões de m3 de madeira seca anualmente, é do tipo convencional.
Revista da Madeira Um detalhe importante a ser destacado é o intensivo uso da pré-secagem. A capacidade instalada em pré-secadores nesses estados é de 70% da capacidade total dos secadores convencionais. Cerca de 60% da madeira de carvalho (espécies de secagem difícil) é previamente seca em pré-secadores ou ao ar antes de ser submetida a secagem convencional. Quando se discute a eficiência e a produtividade dos secadores convencionais é simples entender a importância da pré-secagem, principalmente para madeiras de secagem lenta e propensa a defeitos. Para que um secador convencional possa ser considerado eficiente é necessário que as condições do meio de secagem (corrente de ar) sejam o mais uniformes possíveis em todo o volume do secador. Isso significa que devem ser atendidas as seguintes condições básicas: • a distribuição de calor através dos trocadores deve ser similar em toda a extensão do secador. Pressão inadequado do vapor, rede hidráulica para a distribuição do vapor nos trocadores mal dimensionada ou inadequadamente posicionada, ou falhas no funcionamento dos purgadores podem criar regiões em que a troca térmica é mais acentuada, gerando diferentes temperaturas dentro do secador; • a velocidade de circulação do ar deve ser uniforme em toda a área transversal da pilha de madeira. Os fenômenos de transferência de calor e massa são afetados pela velocidade de deslocamento da corrente de ar, e diferenças no fluxo de ar dentro do secador irá provocar taxas diferenciadas de secagem para o mesmo tipo de madeira; • a velocidade do ar deve estar dentro de uma faixa adequada para a madeira em secagem. Altas velocidades de secagem no início do processo favorecem a vaporização da umidade superficial, o que nem sempre é desejável na secagem da madeira de Eucalipto. Para a secagem de folhosas em geral, velocidades de circulação do ar em torno de 2,0 m/s são consideradas como as mais econômicas; • o volume de ar admitido ou expelido através dos dampers deve ser igual em toda a extensão do secador. Se o damper
de um extremo do secador abre ou fecha mais do que o damper localizado no outro extremo, surgirão zonas dentro do secador em que a temperatura e a umidade relativa do ar serão diferentes. Esse problema pode ser agravado por uma inadequada circulação do ar. Quando extremamente úmida, a madeira de Eucalipto requer, de uma forma geral, condições suaves de secagem; ou
seja, baixas temperaturas (inferiores a 45°C) e alta umidade relativa. Condições mais agressivas de secagem irão certamente causar defeitos e perda de madeira. O aumento da temperatura provocará um aumento na incidência do colapso e das rachaduras em favo. A redução na umidade relativa do ar ou uma velocidade de secagem acima da recomendada cau-
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sará uma rápida secagem na superfície que, devido a reduzida permeabilidade da madeira, resultará em rachaduras superficiais, endurecimento superficial, aumento na incidência do colapso e um acentuado gradiente de umidade entre a superfície e o interior da peça. Qualquer falha no funcionamento do secador que venha a criar regiões com diferentes condições de secagem irá, com certeza. acarretar o aumento na incidência de defeitos. Após a madeira ter perdido a totalidade da água capilar; ou seja, quando o teor de umidade está próximo ao ponto de saturação das fibras (28% em média), as condições de secagem podem ser mais drásticas. Incrementos na temperatura e decréscimos na umidade relativa permitirão aumentar a taxa de secagem sem ocasionar maior incidência de defeitos. O condicionamento ao final do processo (ou alternativamente quando o teor de umidade estiver entre 15 e 20%) permitirá a recuperação de parte da madeira colapsada e o relaxamento das tensões residuais da secagem. Uma vez que a pré-secagem é conduzida em condições bastante suaves, o risco da ocorrência de defeitos é bem menor. A madeira passa a ser submetida a secagem convencional quando o seu teor de umidade permita suportar condições de processo mais agressivas. Outros dois aspectos bastante importantes na secagem convencional são o tipo de programa de secagem a ser utilizado e a forma de controle do secador para executar o programa selecionado. Os programas de secagem podem ser classificados em dois tipos: • programas baseados na umidade da madeira. em que os valores de temperatura e umidade relativa no interior da câmara de secagem são regulados em função do teor de umidade da madeira. Nessa categoria estão incluídos os tradicionais programas umidade-temperatura desenvolvidos pelo Laboratório de Produtos Florestais em Madison, aqueles baseados no potencial de secagem, e os programas de mudanças contínuas (CCS); • programas baseados no tempo de secagem, em que as condições do seca-
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dor são ajustadas em função do tempo de processo. Os programas baseados no tempo de secagem geralmente são desenvolvidos a partir da experiência acumulada com o uso dos programas baseados na umidade da madeira. Na secagem de folhosas predomina o uso dos programas baseados na umidade, fato confirmado no levantamento efetuado por Rice, conforme dados da Tabela 2. Contudo, a condução de uma secagem com base no teor de umidade da madeira implica em se ter um acompanhamento contínuo dessa variável. O tradicional método de preparação e pesagens periódicas das amostras de controle, usualmente conjugado ao controle manual das válvulas de aquecimento e umidificação, ainda é válido e razoavelmente preciso; mas inviável quando se pretende a otimização do processo, tanto em termos de produtividade como em qualidade. Os controles computadorizados atualmente disponíveis no mercado permitem o controle totalmente automático de todo o processo de secagem, resultando em produtividade máxima. A maior limitação dos controles automáticos é a determinação do teor de umidade da madeira. Dos métodos atualmente disponíveis para aplicação na secagem de folhosas, podem ser citados a determinação da reatividade (resistência e condutância) e da resistência elétrica da madeira. A medição da reatividade elétrica tem mostrado resultados satisfatórios, mas necessita ainda de calibrações empíricas e está sujeita a limitações de ordem prática. O método de medição da resistência elétrica através de sensores cravados na madeira vem sendo empregado a mais de 40 anos, e a sua fundamentação teórica já é bem conhecida. O desenvolvimento da tecnologia de microprocessadores permitiu incorporar aos equipamentos de medição formas de efetuar correções para minimizar o efeito da temperatura e
da diferença na composição química de diferentes madeiras. Da mesma forma, tornou-se mais simples incorporar aos medidores novas curvas de correção ou de calibração.
• Desumidificadores Sob muitos aspectos os desumidificadores, também chamados de secadores a baixas temperaturas ou secadores de condensação, são similares aos secadores convencionais, mas as diferenças existentes são suficientes para uma abordagem em separado.
As vantagens dos desumidificadores em relação aos secadores convencionais são: • operam sem a necessidade de uma caldeira ou fornalha para aquecer o fluido térmico; • são mais eficientes do ponto de vista energético; • oferecem boas condições de controle do processo para as madeiras consideradas de difícil secagem (como é o caso da madeira de diferentes espécies de
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Eucalipto), principalmente as que requerem baixas temperaturas e altas umidades relativas; • na maioria das aplicações a câmara de secagem pode ser de simples construção e, conseqüentemente, requerem menor investimento. Por outro lado, apresentam como desvantagens: • operam exclusivamente com energia elétrica, o que pode implicar em elevados custos de secagem; • a temperatura máxima do processo está limitada a, no máximo, 80°C; sendo que para muitos equipamentos o limite é de 50°C; • em alguns casos podem ocorrer problemas com a presença de substâncias químicas no condensado. O desumidificador consiste de um compressor, da válvula de descompressão, e de dois trocadores de calor (o vaporizador e o condensador). Possui ainda dutos e ventiladores para retirada do ar frio e úmido da câmara de secagem e insuflamento do ar quente e seco. Para auxiliar no aquecimento do ar desumidificado que retoma para a câmara de secagem é empregada uma resistência elétrica. A circulação do ar dentro da câmara de secagem é forçada por um conjunto de ventiladores, normalmente posicionados acima das pilhas de madeira. Como a umidade do ar é retirada pelo desumidificador, não existe a troca de ar entre a câmara e o ambiente exterior. A corrente de ar circula através das pilhas de madeira no interior da câmara de secagem, da mesma forma que nos secadores convencionais. A medida em que o ar retira a umidade da superfície da madeira, torna-se úmido e frio, sendo então succionado pelo desumidificador. A massa de ar frio passa inicialmente pelo vaporizador (que é um trocador de calor com gás resfriado), onde sofre resfriamento e ocorre a condensação da sua umidade. A seguir, a massa de ar passa
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através do condensador (um trocador de calor com gás comprimido e, portanto, quente), quando irá sofrer aquecimento, suplementado por uma resistência elétrica. Dessa forma, ao ser novamente insuflada para o interior da câmara de secagem, a massa de ar está quente e seca, reiniciando a secagem da madeira. O acompanhamento do processo é efetuado pelo controle da temperatura e da umidade relativa do ar. A temperatura é controlada por um termostato que regula as resistências auxiliares de aquecimento, e a temperatura máxima do processo é função da capacidade do compressor e do fluido térmico usado no desumidificador. O controle da umidade do ar pode ser realizado de duas maneiras distintas: • através de umidostatos, ou seja, de sensores para medir a umidade do ar, e que são regulados para acionar o compressor quando a umidade relativa atinge um valor pré-determinado; • através de temporizadores, que permitem regular o intervalo de tempo para acionamento e desligamento do compressor. Embora nenhum dos dois sistemas de controle seja baseado no teor de umidade da madeira. a utilização de umidostatos permite um melhor controle do processo e a aplicação de um programa simplificado de secagem. Os sistemas computadorizados para o controle dos secadores convencionais também podem ser empregados no controle dos desumidificadores, operando programas de secagem com base no teor de umidade da madeira. • Secagem a vácuo A característica principal da secagem a vácuo é a redução da temperatura de ebulição da água quando submetida a pressões abaixo da pressão ambiente. A redução da pressão no interior do secador permite taxas de secagem razoáveis a baixas temperaturas, o que pode ser vantajoso na secagem de madeiras espessas ou susceptíveis a defeitos como rachaduras superficiais, colapso e rachaduras inter-
nas. Embora conhecido desde a década de 20. esse processo foi por muito tempo considerado como antieconômico. A partir da década de 60 o método começou a ser reavaliado e melhor estudado, resultando em aprimoramentos e melhores possibilidades de aplicação a nível industrial. A câmara de secagem é usualmente cilíndrica para capacidades inferiores a
15 m3, e de formato retangular para capacidades maiores. O isolamento térmico é um aspecto importante, uma vez que a transmissão de calor é difícil sob pressão reduzida; da mesma forma que um fechamento perfeito é condição indispensável para manter a pressão interna. Como equipamentos complementares são necessários a bomba de vácuo para reduzir a pressão dentro da câmara de secagem. e o condensador para retirar do sistema a água que é evaporada da madeira. A diferença entre os diversos secadores a vácuo é a fonte de aquecimento. As fontes de calor para a secagem da madeira podem ser agrupadas em quatro tipos: • aquecimento descontínuo com vapor, obtido através de ciclos de vaporização a pressão ambiente e secagem sob pressão reduzida. Tem como inconveniente a falta de controle sobre a temperatura da madeira, que pode atingir valores demasiadamente altos para o processo; • aquecimento por radiação através de trocadores de calor, com o ar aquecido circulando pela madeira por convexão forçada (uso de ventiladores). O aquecimento
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é obtido sob pressão reduzida, de forma contínua e controlada, mas a eficiência térmica é baixa; • aquecimento por contato com pratos aquecidos (similares a uma prensa de pratos múltiplos), colocados entre as camadas de madeira a serem secas. O aquecimento é obtido sob pressão reduzida, uniforme de forma contínua e controlada, porém a capacidade da câmara é prejudicada pelos pratos de aquecimento e existe o inconveniente do empilhamento da madeira entre as placas; • aquecimento por radiofreqüência. A geração de um campo eletromagnético ao redor da madeira gera calor pela movimentação das moléculas de água. O aquecimento é contínuo e controlado, mas pode concentrar-se nas partes mais úmidas da madeira. O aquecimento é mais pronunciado no centro do que na superfície das peças, favorecendo a movimentação interna da água. Embora apresente vantagens como a possibilidade de empilhar a madeira sem separadores e redução significativa no tempo de secagem, o consumo de energia elétrica ainda limita a sua aplicação em larga escala. A secagem a vácuo com aquecimento por radiofrequência aparenta ser a técnica mais promissora para aplicação industrial em larga escala. Resultados demostraram ser possível secar madeira de coníferas, principalmente peças espessas (5,0 a 15,2 cm de espessura), em períodos inferiores a 40 horas, mantendo um nível de qualidade igualou superior ao da secagem convencional. Smith relata a secagem da madeira de carvalho com 5,2 cm de espessura em períodos de tempo inferiores a 60 horas, mantendo qualidade similar a obtida na secagem convencional. Embora a evolução nos equipamentos tenha reduzido o consumo de energia sem alterar a eficiência do secador, o investimento inicial elevado e o custo da energia elétrica gasta durante o processo ainda são fatores limitantes para a popularização do método. RM IVALDO P. JANKOWSKY professor, pesquisador
menta mostra a evolução da área com o uso da agricultura e posteriormente retornando à pecuária. É possível também incluir árvores no sistema, e acompanhar o crescimento delas, bem como os primeiros desbastes. Em outro menu, o usuário pode ver as transformações que ocorrem no perfil do solo, o comportamento das raízes de cada componente, a ciclagem de nutrientes e a dinâmica de água e de gases causadores do efeito estufa. Além dos gráficos, o aplicativo traz áudio explicativo em português e em inglês. Inicialmente o aplicativo está disponível apenas para dispositivos que utilizam o sistema Android. Porém, a versão para IOS deverá estar na AppStore nos próximos dias.
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Realidade aumentada A realidade aumentada é uma tecnologia que permite a união do mundo virtual com o real. Por meio de um marcador, ou target, e um dispositivo móvel com um aplicativo específico, é possível gerar uma imagem virtual e interagir com ela no ambiente real. Para utilizar é preciso baixar gratuitamente o aplicativo nas lojas virtuais e também baixar no site uma imagem, que funciona como target, ou marcador, e imprimi-la. É sobre ela que, ao apontar a câmera do celular ou tablet, o usuário vê a projeção em realidade aumentada da maquete. A iniciativa da produção da maquete virtual de ILPF foi da equipe de comunicação da Embrapa, responsável pela divulgação da tecnologia ILPF. Após primeira experiência com a realidade aumentada abordando cenas isoladas de um sistema produtivo, pensou-se em utilizar a tecnologia para fazer algo mais completo e que representasse todo o sistema ILPF. A ideia é que a nova ferramenta possa ser usada em diferentes contextos e por públicos diversos. O aplicativo permite visualizar os impactos do sistema ILPF, tanto por cima quanto por baixo da terra. Isso facilitou em muito o entendimento de todo o processo e também dos seus benefícios. Antes, se usava três maquetes físicas para mostrar a evolução de uma propriedade que adotava o ILPF. Além de frágeis, essas maquetes eram limitadas e de transporte caro e difícil. Com o aplicativo, tem maquetes virtuais, interativas e prontas para utilização simultânea em qualquer lugar do País. A vantagem desse aplicativo é o uso de uma tecnologia moderna e inovadora para mostrar a ILPF de um modo mais didático e até um pouco lúdico. A ferramenta será importante também na captação de recursos internacionais e na divulgação da ILPF junto a públicos que ainda não a conhecem a integração ou que têm pouco contato com o setor agropecuário. RM
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sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) já atinge 11,5 milhões de hectares no Brasil, ultrapassando de maneira antecipada a meta voluntária estipulada pelo governo federal em 2009 para aumentar em 4 milhões a área com integração lavoura-pecuária-floresta até 2020. O Brasil tem tudo para ser reconhecido mundialmente pela capacidade de conciliar a produção agropecuária com a preservação do meio ambiente, contribuindo não apenas para baixa emissão de carbono, mas também para uma agricultura carbono negativo. Renato Rodrigues, pesquisador da Embrapa e presidente do Conselho Gestor da Rede Integração Lavoura-pecuária- floresta (ILPF), destaca a vanguarda do Brasil na produção sustentável. “Buscamos cada vez mais melhorar esse sistema de produção, oferecer mais benefícios ao produtor e também levar junto essa agenda ambiental”, afirmou. Aplicativo A evolução nesta área não para. A Rede ILPF lançou o aplicativo “Maquete virtual de ILPF em realidade aumentada”. A ferramenta mostra todas as etapas de um sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), as possíveis configurações que podem ser adotadas, as interações entre os componentes e os benefícios dessa estratégia produtiva. Ao abrir o aplicativo, o usuário pode interagir escolhendo em um menu as diferentes fases de um sistema de integração. Iniciando em uma pastagem com baixa capacidade de lotação, a ferra-
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fundamentais para explicar todas as suas propriedades. A celulose é a matéria orgânica mais abundante sobre a Terra. O processo da fotossíntese realizado pelas plantas clorofiladas é a responsável pela produção de 50 a 200 Gt/ano. A molécula de celulose é um polímero “monótono”, ou seja, unicamente constituído de celobiose (= 2 unidades de anidroglucose ligadas por ligações β1-4. Ressalta-se que a celobiose é considerada a menor molécula de celulose e a maioria dos estudos concernente à esse polímero é baseado no seu comportamento. Já foram isoladas moléculas de celulose com grau de polimerização (nº de unidades anidroglucose) superior à 20 mil. Em unidades Daltons (Da) a massa da unidade de anidroglucose é da ordem de 27 x 105. As Figuras 2 e 3 ilustram respectivamente a formação da celobiose e a representação química de uma parte de uma molécula de celulose. Em razão da disposição das ligações β1-4 as funções homólogas desses monômeros se encontram alternativamente acima e abaixo do plano da molécula. Por essa razão que ela é exclusivamente linear. Esse fenômeno pode ser explicado por meio do grau de liberdade ao nível de cada ligação. A Figura ilustra igualmente inúmeras ligações via pontes de hidrogênio, que conectam entre si, várias moléculas de celulose e permitem assim, a formação de um conjunto rígido e sobreposto tal que lamelas, rígidas e resistentes entre elas. A coesão dessas estruturas depende de ligações químicas hidrófobas. A associação entre essas estruturas permite a formação de microfibrilas com propriedades de resistência remarcáveis. Essas são as responsáveis pela formação da fibrila elementar e daí, culminando com a formação da fibra celulósica e em consequência, a molécula respectiva desse polissacarídeo. A celulose não é digerida pelo organismo humano, embora ela seja recomendada sob a forma de fibras vegetais para assegurar uma boa digestão para os seres humanos. Os animais herbívoros ao contrário, realizam a sua digestão graças aos enzimas fornecidos pelas bactérias de sua flora intestinal. Os térmitas por sua vez, são por excelência grandes consumidores de madeiras e outros vegetais e são capazes de transformar a celulose em açúcares e em seguida em metano (CH4), como se fossem eficientes usinas de biocarburantes ou de biogás. Quanto às hemiceluloses ou polioses elas constituem uma
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combustão é um fenômeno complexo que implica na transformação de diferentes compostos, em elementos simples. É uma reação química realizada em temperatura elevada que se dá entre um combustível que contém essencialmente carbono e hidrogênio, na presença do oxigênio integrante do ar atmosférico, ainda que ele possa ser introduzido também na sua forma industrial (puro). O oxigênio é referido como o comburente. A degradação da madeira pela combustão é um fenômeno inverso do processo fisiológico da formação da biomassa lenhosa elaborada pela fotossíntese. A árvore, enquanto viva, absorve água e sais minerais do solo, capta e fixa o dióxido de carbono (CO²) do ar atmosférico e na presença da luz solar, sintetiza a biomassa vegetal. Simultaneamente nesse processo ocorre a formação de água e a liberação do oxigênio (O²) na atmosfera. A combustão da madeira na presença do oxigênio produz o dióxido de carbono e o vapor d´água, assim como também matérias minerais (cinzas e poeiras), pequenas quantidades de hidrocarbonetos (CxHy) e monóxido de carbono, mas produzindo também nesse processo, a energia calorífica. Os constituintes fundamentais da célula são a celulose, as hemiceluloses ou polioses e a lignina que correspondem por cerca de 90% da substância madeira. A celulose é o composto mais importante das paredes celulares vegetais e ela é derivada da glucose cuja massa molecular (MM) é 180 g, a qual, ao perder uma molécula de água, origina a unidade monomérica anidroglucose (C6H10O5) com massa molecular 162. Essas unidades constituem a base química da molécula da celulose. A química e a estrutura da celulose são
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Revista da Madeira classe de polímeros muito variáveis e por essa razão, ainda pouco definidas. A classe melhor estudada de hemiceluloses corresponde às xiloglucanas. Elas são constituídas de uma cadeia de glucose com ligações β1-4 dotadas de curtas cadeia laterais de xilose, galactose e fucose. Ressalta-se que não importa a espécie lenhosa, todas elas têm a mesma estrutura para a celulose enquanto que para as hemiceluloses, os vegetais lenhosos apresentam composição e estruturas, as quais variam consideravelmente segundo elas são oriundas de folhosas ou de coníferas. Ressalta-se que as hemiceluloses de folhosas são mais ricas em pentoses, enquanto que aquelas de coníferas as hexoses, são as predominantes. Concernente à lignina, ela é um polímero complexo, não linear, constituído de monômeros compostos de um esqueleto de fenilpropano (ciclo ou anel de 6 carbonos e cadeia com 3 carbonos). O estudo de sua estrutura química mostrou que três são os monômeros precursores de sua molécula: coumaril -álcool, coniferil-álcool e sinapil álcool . A diferença entre esses monômero se dá ao nível de seus respectivos ciclos, o qual poderá ser ou não metilado (ciclo H referido como hidroxi-benzil), metilado (ciclo G referido como guaiacil) ou, duas vezes metilado (ciclo S referido como siringil), conforme apresentados na Figura 4. O ácido coniferílico é muito abundante (80%) nas espécies coníferas (Gymnospermas) enquanto que o ácido sinapilico (50%), o é para as espécies Angiospermas. A polimerização da molécula
da lignina, não é linear e os motivos de base associados entre eles formam um retículo (rede) que se interpenetra na molécula da celulose. Contrariamente ao que se poderia pensar, não é a parede secundária da célula lenhosa que é a mais lignificada, mas sim, a lamela média, presente entre
duas células lenhosas adjacentes, o que a propósito, reforça ainda mais a coesão entre essas células. Com isso, estudos já confirmaram o quanto esse fenômeno
colabora para aumentar a resistência mecânica da madeira. A lignificação confere ainda à madeira, novas propriedades e em particular, um comportamento hidrófobo, ainda que a madeira seja uma substância conhecida por suas propriedades higroscópicas e anisotrópicas remarcáveis. Esse comportamento hidrófobo da molécula da lignina, é referido como sendo facilitador para o processo de circulação da seiva (transporte) no interior da árvore. Mesmo
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que a madeira tenha sido cortada e submetida à secagem e em seguida, imersa em água, flutuará por um longo período em razão de uma resistência residual à adsorção de umidade. Entre os três componentes químicos fundamentais da madeira, a lignina é a mais rica em Carbono e Hidrogênio. Por essa razão, é a maior fonte de calor quando a madeira é submetida á combustão. Muitos pesquisadores possuem argumentos para afirmarem que a lignina na madeira é uma molécula única. Todavia, a sua fórmula teórica pode ser representada por C9H10O2A C10H12O4C11H14O4. A propósito, o Poder Calorífico Superior do carbono é da ordem de 7819 kcal/kg enquanto que o do Hidrogênio é cerca de 33900 kcal/kg. Tanto a madeira quanto a casca contém extrativos como, por exemplo, os terpenos, gorduras, compostos fenólicos, óleos, resinas etc. e podem contribuir para aumentar os seus valores caloríficos. Comparada aos combustíveis fósseis o elemento químico com maior poder calorífico é o hidrogênio, seguido pelo metano, propano, carbono, etanol e metanol. Por essa razão é que os combustíveis derivados do petróleo substituíram o carvão mineral e o carvão vegetal, desde a Revolução Industrial. A quantidade de extrativos presentes na madeira e nas folhagens é relativamente pequena se comparada aos da casca. Quanto ao teor de nitrogênio (N) na madeira ele é baixo e varia segundo
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a espécie e condições edáficas, mas em geral é da ordem 0.75%. Quanto ao enxofre e o cloro, a madeira praticamente não os apresenta, mas quando presentes, os seus teores são respectivamente inferiores à 0,05% e 0,003%. Ressalta-se que as normas europeias concernentes à utilização dos pellets para fins de geração de calor e energia é muito severa em relação ao seu respectivo teor de cloro. Isso em virtude de problemas de corrosão no sistema de combustão e pelo seu elevado potencial em provocar a precipitação de chuvas ácidas. A tolerância em cloro nos pellets deverá ser inferior à 0,002%. A biomassa lenhosa quando aquecida até 400°C ou mais, dá origem, pela pirólise à três produtos distintos: (1) uma fase sólida: carvão vegetal, (2) uma fase líquida: pirolenhoso e (3) uma fase gasosa: gases combustíveis. O carvão vegetal é constituído de carbono e diversas matérias orgânicas voláteis, em diferentes percentuais, que são produzidas até que a fase sólida (carvão vegetal) atinja temperaturas entre 800 e 900ªC. Assim, o a fração condensável que poderá ser obtida dará origem ao líquido pirolenhososo o qual em sua fase aquosa contém pequenas quantidades produtos orgânicos, como, o metanol, o ácido acético, acetatos, acetona, cresol, guaiacol etc. Outro componente que se faz presente no líquido pirolenhoso constituindo uma fração mais ou menos dispersa é a dos de alcatrões leves e pesados. Quanto aos gases, ou fração não condensável, compõe-se de uma mistura de dióxido (CO2) e monóxido de carbono (CO), além do hidrogênio e hidrocarbonetos saturados de cadeias curtas. Existe um artifício na prática para transformar toda essa mistura gasosa em um só produto final gasoso. Ele consiste em reciclar à quente, sobre a massa de carvão vegetal formado, os vapores do pirolenhoso e os gases gerados no processo, após tê-los misturados com um pouco de ar. Esse procedimento
tem sido utilizado para algumas unidades produtoras de carvão vegetal (UPC`S) e assim, aproveitar esses gases (queimador de fumaça) para acelerar a produção do
bioredutor, canalizando-os para outras UPC`S contíguas. Como objetivos, esse procedimento busca minimizar impactos ambientais, pela redução do volume de fumaças e acelerar o processo de carbo-
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nização além aumentar a produção em carvão vegetal. Ressalta-se que a combustão do pirolenhoso nesse artifício, conduz à formação de moléculas do tipo CO2, H2O e CO, as quais ao reagirem com a massa de carvão no interior da UPC, geram em contrapartida um volume adicional de CO e H2, mistura essa altamente energética que recebe o nome de gás de síntese (sin. de gasogênio). Todavia, uma temperatura elevada no sistema de combustão, poderá limitar por craqueamento (quebra de moléculas), a quantidade de alcatrão que poderia ser produzida e que por isso, não sofreram combustão. Por isso que nos processos industriais de produção de carvão vegetal, o controle da temperatura no interior do sistema de carbonização requer um controle rigoroso. A reação de combustão da madeira se divide em várias etapas, envolvendo diferentes processos químicos e físicos. A alta temperatura no interior do sistema de combustão (fornalha) provoca o aquecimento da madeira. Em consequência, a água contida em seu interior vai sendo eliminada pela secagem à uma temperatura da ordem de 100°C à 250ºC. Sob o efeito da radiação do calor pelas paredes superaquecidas da fornalha associado à convecção decorrente do ar primário, a matéria orgânica se decompõem por volta de 200°C, temperatura na qual se inicia a pirólise da madeira a qual se estende até por volta de 600°C. Se no interior do sistema de combustão o aquecimento progressivo da madeira continuar, mas dessa vez na ausência do ar atmosférico tem-se então a pirólise e ela dará origem à um resíduo carbonoso contendo cerca de 10-30% da matéria seca original, além de produtos voláteis que corresponde à uma parte da madeira que foi transformada em gases quando à medida que a temperatura se eleva no processo. Segundo a espécie lenhosa esses gases poderão representar 80 à 90%
Reunir as condições necessárias para que uma combustão completa seja alcançada, é que a esses objetivos sejam alcançados, é a gaseificação dos elementos sólidos (ex. madeira) e a combustão dos gases, sejam realizadas em locais separados. O ar de combustão é então repartido em ar primário (aquele que atravessa o leito em brasa) e que será necessário para a secagem, gaseificação e combustão do carbono. Quanto o ar secundário, ele servirá para promover a combustão dos gases. Para que os gases combustíveis se queimem no interior do recinto de combustão, é preciso que eles entrem em
mas não pelo aporte de oxigênio, mas sim por introdução de terra ou areia, no sistema de combustão, e esses materiais deverão ser introduzidos em completa incandescência, em uma fornalha contígua. Esse processo recebe o nome de geração de gasogênio em leito móvel. Porém é necessário nesse caso, introduzir um pouco de vapor d´ água para assegurar uma boa gaseificação da madeira. Embora isso possa ser utilizado, ressalta-se que nesse estágio do processo, existem ainda problemas adicionais que deverão ser contornados, para proporcionar um gás quali e quantitativamente sa-
minerais (cerca de 1% da madeira absolutamente). É o controle das condições operacionais da combustão é que irá assegurar a eficiência processo de combustão bem como, o rendimento. Esse controle implica em assegurar a queima completa dos gases em alta temperatura e essa, da ordem de 800°C. É indispensável ainda assegurar maior permanência dos gases nessas zonas de altas temperaturas acima referida. Isso significa que as chamas não deverão se resfriarem, por exemplo, em contato com paredes da fornalhas ostentando temperaturas mais baixas.
contato entre si e que sejam bem misturados com o ar comburente (ar atmosférico contendo o oxigênio). Ressalta-se que se a injeção de ar no sistema de combustão está correta, a sua composição em proporções volumétricas aproximadas da ordem de: CO (15%); H2 (15 à 20%); CO2 (15%), N2 (50 à 55%) e traços de carboneto. No caso que apenas o oxigênio puro seja introduzido no sistema, o nitrogênio será eliminado. Obtém-se então um gás contendo essencialmente CO; H2 e CO2. Pode-se igualmente obter uma gaseificação sem nitrogênio elevando a temperatura do gasogênio,
tisfatório como gás de síntese e esses são os seguintes: para a síntese os problemas que precisam ser ainda resolvidos para proporcionar um gás qualitativamente e quantitativamente satisfatório para a síntese e esses procedimentos, são os seguintes: • Depuração do gás: Os alcatrões residuais são eliminados pela adsorção em solventes oleosos. Uma lavagem apenas com água leva igualmente uma parte das impurezas. Uma passagem dos gases em um filtro ou em ciclone separa as partículas sólidas. Certos constituintes específicos podem necessitar um tratamento
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da massa absolutamente seca inicial da madeira. Pelo que foi exposto, constata-se então que a combustão envolve dois domínios: os gases (CO, CO2, H2, CH4, H2O) e o carbono. Assim que o processo de pirólise termina e que não existe mais chamas pela falta de matérias voláteis para queimar, não resta mais do que um resíduo carbonoso brilhante, com aparência incandescente, que irradia calor fortemente, visto que a sua superfície poderá atingir temperatura da ordem de 800°C. Ao final da combustão, não resta mais, teoricamente, a não ser cinzas ou matérias
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ceder muito rapidamente à um primeiro estágio de compressão, às vezes mesmo desde o início do processo, ou seja, ao nível do gaseificador. A propósito, existem numerosas variantes que modificam sensivelmente a tecnologia de uma central de produção de gases (gaseificador) visando a produção de gás de síntese. Para que se possa obter uma temperatura de combustão elevada, é preciso que o teor de umidade da madeira seja adaptado à tecnologia do sistema de combustão, e o mais importante é que a
incompleta. Para garantir um rendimento elevado do sistema de combustão, as fumaças (efluentes gasosos) deverão transferir a maior parte do calor gerado para a caldeira, antes que sejam evacuadas pela chaminé; Assim a temperatura dos gases na tiragem da chaminé deverá a mais baixa possível, sem no entanto, riscar sua respectiva condensação no interior dos condutos para se evitar o risco posterior de corrosão, principalmente devido à presença de cloro e do hidrogênio entre
gênio necessário transformando uma parte do monóxidos de carbono, pela reação com o vapor d´água segundo a reação a seguir a qual é denominada de conversão do gás: • Eliminação de CO2: teoricamente, a presença do dióxido de carbono no gás de síntese poderia ser admitido, uma vez que ele reage segundo a Equação 7 tal que: Praticamente, este procedimento é pouco apreciado uma vez que ele consome muito hidrogênio e ainda por cima, produz água. É por isso, que na maioria dos casos, procura-se se não for possível eliminar totalmente, pelo menos reduzir sensivelmente sua proporção na mistura. Para isso, utiliza o processo de sua eliminação por meio de sua adsorção em uma torre, em contracorrente, com uma solução de potassa e, • Finalmente pela compressão dos gases: esse procedimento poderá ser vantajoso para melhorar certas reações, de pro-
relação combustível/ar seja ótima. A combustão da madeira sendo um processo flutuante, ou seja, quando as características do combustível jamais serão idênticas, como por exemplo, granulometria, teor de umidade, densidade, teor de matérias minerais, teor de extrativo, alimentação do combustível manual ou mecânica, etc.). É importante também lembrar que em uma combustão não se pode fazer o aporte de oxigênio o suficiente apenas para assegurar neutra. Um excesso de ar é então recomendado e esse, depende do tipo de combustível utilizado (madeira, resíduos vegetais, derivados fósseis etc.) e também do sistema de combustão adotado, tornando então essa combustão altamente oxidante. Daí o cuidado para se estabelecer uma relação combustível/ar adequada. Entretanto, esse excesso de ar não deverá ser aleatório visto que se ele for em excesso, ele poderá contribuir para resfriar a fornalha o que causará de imediato uma combustão
outros compostos que poderão se formarem e que causam problemas de acidez e a consequente corrosão. Para as caldeiras coletivas e industriais, a temperatura das fumaças deverá ser da ordem de 150 à 180°C. Concluindo, não se pode ter uma combustão ótima, sem que tenha havido uma escolha do processo tecnológico, dimensionamento, instalação e combustível, além de uma operação irrepreensível do equipamento. RM
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particular; • Ajuste molecular: Contrariamente ao que se observa no caso do gás natural, o gás obtido à partir da biomassa lenhosa é geralmente pobre em hidrogênio e torna-se então necessário reequilibrá-lo (mistura). A adição de hidrogênio exterior, do tipo eletrolítico ou outro, seria custoso para muitos países ainda em desenvolvimento, ainda que alguns como o Canadá, a Noruega e os Estados Unidos da América) possam pensar nessa possibilidade. Mas é em geral opta-se por obter o hidro-
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Luiz Carlos Couto coutoluizc@gmail.com – Ph.D. UFVJM
Luís Cláudio Couto lcouto@terra.com.br Eng. Civil e Mecânico Terrares Engenharia e Consultoria
Tiago Freitas Couto Tf.couto@terra.com.br Acadêmico de Eng. Mecânica - UFV
Fernando Paiva Scárdua fscardua@unb.br Dr. Universidade de Brasília - UnB
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qualidade, precisa ser modulado através do monitoramento do Incremento Corrente Anual (ICA) e do Incremento Médio Anual (IMA). A modulação do crescimento ocorre desde que a árvore esteja com plena vitalidade, ou seja, livre de competição pelos fatores de produção ou com essa competição sob controle. O controle sobre os fatores de produção é o único fator de crescimento de uma árvore que pode ser manipulado pelo homem. É possível dimensionar a velocidade de crescimento das árvores, controlando seu espaço vital, através de desbastes, pelo ICA, que permite a aferição do crescimento diamétrico do período anterior.
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m coníferas as estruturas que definem uniformidade e homogeneidade na madeira são os anéis anuais; compostos por lenho outonal e lenho primaveral, têm características celulares bastante distintas. Uma vez mal distribuídos ou distribuídos de forma heterogênea, criam zonas de crescimento quando fatores externos variam de forma não periódica ao longo do lenho. O que define a distribuição e os incrementos anuais em anéis de crescimento é o espaço vital que a árvore dispõe.
A modulação do crescimento pode ser realizada pelo controle constante sobre os incrementos e intervenções adequadas – desbastes - propiciando sempre a utilização da máxima capacidade produtiva do sítio. Do ponto de vista econômico significa que sempre vai ocorrer a alocação dos fatores de produção nas árvores mais eficientes, ou seja, vai ocorrer sempre a produção econômica. A cada intervenção devem ser programados: o diâmetro meta, o número de árvores que serão abatidas no próximo desbaste, numa situação onde o sítio terá todo o seu potencial produtivo utilizado. O que se deseja é o controle periódico dos incrementos e as intervenções feitas no momento propício a resultar em um lenho uniforme. Esta desejada homogeneização dos anéis anuais acontece a partir das informações pós 1º desbaste do IP, que é a partir de onde os dados foram coletados e a simulação acontece. Os IP’s são em média 2,7cm. Os IPA’s entre 1,8cm e 0,8cm, em média são de 1,0cm criando a homogeneidade e uniformidade preconizada. Portanto o regime de manejo proposto promove a uniformização e homogeneização dos anéis anuais. A partir do segundo desbaste os incrementos periódicos tenderam a se estabilizar (linha azul) e em média ficaram na casa de 2,7cm/ano (linha vermelha). O controle sobre a velocidade do crescimento se traduz em ganhos bastante expressivos nas características de resistência e rigidez das peças de madeira em relação aos valores médio citados na literatura. A homogeneização dos anéis, resultado do dimensionamento adequado da velocidade
À medida que os indivíduos crescem, o espaço vital de cada um vai diminuindo, e as suas necessidades nutricionais e de absorção de água aumentando, numa proporção direta com o seu porte. É necessário que haja espaço para crescimento da copa, sob pena da redução progressiva do incremento em diâmetro. O espaço vital define o crescimento diamétrico que tem influência na formação da células de uma árvore. O conjunto de células forma as estruturas morfológicas meristemáticas da madeira, o que determina as suas propriedades físicomecânicas. Em coníferas o crescimento não é contínuo porque são criadas zonas de crescimento que no caso da produção de madeira de
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de crescimento das árvores, se expressa em propriedades mecânicas melhores. Uma vez que se tornou factível o manejo proposto, para a complementação
dez. A partir do banco de dados composto pelas variáveis: número de anéis anuais por distância linear, resistência e rigidez testadas e ajustadas equações de regres-
do estudo, a partir do controle sobre a velocidade do crescimento diamétrico, foi coletado material (madeira serrada) na re-
são linear, pôde-se prever as propriedades mecânicas de peças de madeira. Foram estimados então o Módulo de
gião do estudo para confecção de corpos de prova com diferentes configurações de número de anéis de crescimento por distância linear. Os corpos de prova foram testados em equipamento de laboratório para verificação de sua resistência e rigi-
Elasticidade e Módulo de Ruptura para Compressão Paralela às Fibras e Flexão para diferentes peças de madeira serrada . Comparando-se os valores estimados para rigidez e resistência tanto para compressão paralela às fibras como para
flexão, com os dados paramétricos da NBR7190/97 e os resultados levantados , percebe-se o ganho expressivo nas propriedades mecânicas da madeira somente a partir da indução do manejo florestal considerando o controle da velocidade do crescimento diamétrico. A melhoria das propriedades mecânicas na madeira serrada de Pinus taeda é uma perspectiva bem mais real do que se imagina. O manejo adequado à qualidade da madeira pode proporcionar madeira com propriedades mecânicas muito superiores às propriedades que comumente se encontra no mercado. Estas propriedades mecânicas superiores se traduzem numa maior qualidade da madeira, melhor estabilidade dimensional das peças, menores perdas no processo de secagem por empenamento, rachaduras e gretas superficiais, melhor trabalhabilidade ampliando o seu uso para fins mais nobres, maior resistência e rigidez possibilitando o uso na construção civil como elemento estrutural, ainda na construção civil como material de fino acabamento, redução das dimensões das peças para móveis por sua melhor qualidade e resistência, e por fim, melhor aspecto visual pela uniformidade dos anéis de crescimento e ausência de nós.. As alternativas à madeira de Pinus taeda hoje são todas voltadas à processos industrias, que de fato a tornam com maior resistência e rigidez, no entanto agregam custos à transformação da madeira encarecendo o produto final. Num momento em que termos como a sustentabilidade, conservação da natureza e produtos ecologicamente corretos estão em voga, o manejo florestal por si só pode trazer respostas consistentes para a produção de madeira com as características que o consumidor deseja, sem agregar custos maiores na sua industrialização. Produtos à base de um manejo florestal voltado à qualidade da madeira é um nicho de mercado a ser ocupado com celeridade, uma vez que a demanda por produtos de qualidade tende a aumentar, em especial, de madeiras produzidas sob regimes sustentáveis como é o caso dos povoamentos de Pinus taeda. RM Vitor Cezar Miessa Coelho Engenheiro Florestal, Dr.
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NOTAS
FuturaGene obtém patente exclusiva em tecnologia para eucalipto
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FuturaGene, uma empresa da Suzano Papel e Celulose, obteve o direito exclusivo para uso e comercialização da tecnologia de RNA interferente - RNAi para eucaliptos por meio da emissão de uma patente no Brasil para a Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization – CSIRO (Organização de Pesquisa da Comunidade Científica e Industrial), da Austrália, com quem possui parceria. Esta patente abrange a regulação da expressão dos genes-alvo, tanto da planta como de outros organismos, incluindo pragas e doenças. O acordo de licenciamento entre a empresa e a organização, estabelecido em 2014, atribui à FuturaGene exclusividade para sublicenciar a tecnologia RNAi para eucalipto no Brasil, com direitos não exclusivos para atuar em outros países. A FuturaGene vem utilizando esse recurso no desenvolvimento de variedades de eucalipto resistentes a pragas e doenças ou para melhorar as propriedades da madeira. A tecnologia de RNAi desenvolvida pela CSIRO, conhecida como tipo hairpin, é uma poderosa ferramenta para selecionar, identificar e modular genes de interesse para terapias específicas, intervenções baseadas em genes e no melhoramento seletivo. É utilizada primordialmente em genética de plantas e animais, com genes selecionados para melhorar características dos cultivos e da pecuária, como resistência a doenças e melhoria de teor nutricional.
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Coberturas em madeira devem atender norma específica
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om a publicação da norma ABNT NBR 15575 – Edificações Habitacionais – Desempenho, em 2013, as exigências na elaboração de projetos aumentaram. No caso de estruturas de cobertura – item que aparece na parte 5 da norma -, tornou-se obrigatório o dimensionamento da estrutura segundo a norma pertinente ao material utilizado, indicação da vida útil de projeto, detalhes de montagem, informações sobre manutenção e uso, especificações de materiais para atendimento aos critérios de desempenho referente ao impacto de chuva de granizo, conforto térmico e acústico, ação de fogo, entre outros. Segundo o engenheiro civil, especialista em estruturas de madeira, Guilherme Stamato, a madeira é a primeira opção para
os projetos de coberturas de edificações residenciais no país. A escolha é feita, em partes, devido ao custo competitivo, disponibilidade de material e mão de obra. Além disso, são muitas as soluções estruturais e os sistemas construtivos que podem ser aplicados em estruturas de madeira para cobertura. Pode-se escolher, entre espécies nativas ou de floresta plantada; sistemas construtivos mais industrializados ou menos, em função das características da obra, tais como quantidade de repetição, facilidade de içar as peças maiores (industrializadas) ou menores (montadas no local), cronograma de montagem etc. No entanto, para que as construtoras tenham as garantias e a segurança de usar a madeira em seus projetos, é essencial, exigir dos responsáveis técnicos pelo desenvolvimento das estruturas de coberturas a apresentação de todos os projetos contemplados na NBR 15575:2013. Outro ponto que merece atenção é que desde o janeiro de 2017, o Ministério das Cidades incorporou diversas exigências da norma de desempenho ao Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras da Construção Civil (SiAC), que é parte do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H). Com o Regulamento do SiAC, entre os Requisitos do Sistema de Gestão da Qualidade para a obtenção do Nível A do PBQP-H, passa a ser necessário a apresentação de todos os projetos exigidos pela norma. Construtoras que obtêm o nível máximo no Programa podem aprovar projetos e financiamentos junto à Caixa Econômica Federal e outras instituições de crédito privadas, participar do programa “Minha Casa, Minha Vida”, habilitar a empresa para participação de licitações municipais e estaduais; obter benefícios junto ao BNDES e estabelecer padrões de qualidade dos empreendimentos realizados.
Eldorado bate recorde com venda de energia de biomassa
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Eldorado Brasil completou cinco anos de operação alcançando a marca de 7,6 milhões de toneladas de celulose de fibra curta produzidas. Hoje a indústria mantém a maior produção em linha única do mundo com a capacidade nominal de 1,5 milhão de celulose por ano, com média de 1,536 milhão de toneladas no acumulado de doze meses, incluindo os períodos de curva de aprendizagem e de parada geral. Em 2015, a companhia teve aprovação para aumentar em
10% sua capacidade produtiva, chegando ao ritmo de 1,7 milhão de toneladas de celulose ao ano. O avanço na produção foi resultado de melhorias no desempenho e na eficiência do processo industrial. Outro recorde recente alcançado pela companhia foi o de venda de energia elétrica ao sistema nacional, que gerou uma receita líquida de R$ 28 milhões no terceiro trimestre, um aumento de 28% em relação ao trimestre anterior e de 186% se comparada aos mesmos três meses de 2016.
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Revista da Madeira
esde 2016, o Brasil possui mais de 71% das áreas de florestas plantadas certificadas. O número representa áreas pertencentes às empresas associadas à Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) e significa um aumento de 8% em relação a 2015. Os detentores de certificados de manejo florestal aumentaram 14%. Dos 7,74 milhões de hectares plantados no Brasil, 5,5 milhões 5,5 milhões foram certificados por organizações independentes como o FSC e o PEFC, representado por Cerflor no Brasil. O desempenho de sustentabilidade global da indústria de produtos florestais está melhorando, com todos os indicadores agregados para as associações de relatórios que mostram o progresso de seus respectivos anos de linha de base: – Desde 2004/2005, os membros da ICFPA reduziram a intensidade de emissões de gases de efeito estufa em 16%; e aumentaram a participação de bioenergia no mix de combustível da indústria em 10,3 pontos percentuais; – O número de hectares certificados
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produtos sustentáveis, incluindo combustível, fibra e produtos florestais, sendo referência para a consolidação de uma economia mais verde”, acrescentou. O ICFPA representa 19 associações de celulose, papel, madeira e fibra que abrangem 36 países, incluindo os principais produtores desses segmentos do mundo.
Conhecimento que garante o menor custo por m3
undada em 2001, a AMTrans Logistics é um agente de carga nacional com destaque no mercado logístico internacional. Consolidado entre os maiores agentes em movimentação de containers do mercado brasileiro, destaca-se entre os três maiores embarcadores do setor madeireiro. Com pleno conhecimento do mercado e das necessidades do setor, oferece o serviço de transporte para produtos florestais, desde toras até os mais nobres painéis de madeira. Com média anual su-
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por sistemas de certificação de manejo florestal atingiu 54% em 2015; – A taxa global de reciclagem de papel atingiu 58,9% em 2015 – um aumento de 12,4 pontos percentuais a partir de 2000. – Os membros reduziram o uso de água no processo produtivo em 7,2% desde 2004/2005 até 2015. Contribuíram para o Relatório de Sustentabilidade 2017 as indústrias florestais da África do Sul, Austrália, Brasil, Canadá, Chile, Estados Unidos, Europa, Japão, Nova Zelândia. “Estamos orgulhosos de anunciar o progresso contínuo do nosso setor global, nos aspectos sociais e ambientais associados à gestão florestal e à fabricação de produtos florestais”, disse Jane Molony, presidente do ICFPA. “Vamos continuar a atender a crescente demanda global de
Notas
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Brasil aumentou em 8% plantios florestais certificados
perior a 18 mil TEUS (twenty equivalent unit) de madeira transportados, garante a segurança e o know how logístico que o mercado exige. A empresa possui grande conhecimento de produtos e produção, garantindo o menor custo por m3 ou tonelada movimentada e a gestão completa de embarque. Com o aproveitamento máximo do espaço-peso transportado, visando diminuir a quantidade de containers e embarques, reduzindo custos. Possui escritórios em Itajaí/SC, Limei-
ra/SP, São Paulo/SC e Canoas/RS, contando com uma equipe de 81 colaboradores comprometidos com o serviço e atendimento personalizado ao cliente. Entre serviços oferecidos estão: Transporte Aéreo, Marítimo e Rodoviário; Assessoria e Gestão Aduaneira; Logística Integrada; Gestão de PO; Armazenagem e Estufagem; Fumigação; Certificados Fitossanitário; Seguro de Carga; Carga Projeto; Follow up completo e personalizado. www.amtrans.com.br
Plataforma faz identificação digital de árvores
uando uma empresa, como uma construtora, faz uma obra que causa impacto ambiental, para compensar o dano à natureza, ela tem que plantar novas árvores. Quando é feita uma compensação ambiental, é preciso fazer um relatório. O usual é que um técnico vá até a área para fazer o registro das árvores manualmente. O empresário Rodolfo Ramos percebeu esse problema. Ele é programador de computador e desenvolve software. Em 2014, ele
investiu R$ 250 mil para criar uma plataforma que faz a identificação digital de árvores. Cada árvore plantada recebe uma placa de identificação, uma tag. A partir dele, técnicos cadastrados e a população em geral têm acesso online a todo histórico da árvore. A única diferença é que os técnicos cadastrados podem alterar informações. A população pode consultar esse conjunto de dados publicamente sem efetuar interação.
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NOTAS
Fontes de biomassa para geração de energia
Revista da Madeira
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energia. Além disso, o pó da casca de coco pode se tornar substrato agrícola e a fibra pode virar vasos e estofados para carros. Eucalipto O eucalipto oferece inúmeras vantagens, entre elas a cogeração de energia elétrica, uma vez que é um produto energético renovável. Além disso, em termos de açúcar fermentáveis, sua composição é mais favorável para a produção de energia do que a do bagaço de cana de açúcar. Outro benefício é que essa espécie de planta brota outras duas vezes depois de cortado, em um ciclo que dura 15 anos. Pellets de madeira Os pellets correspondem a um combustível sólido granulado de resíduos de madeira prensada, proveniente de desperdício do material. Esse tipo de combustível é bastante utilizado em fornos de padaria, caldeiras de cerâmica, industria alimentícia, aquecimento de estufas, , entre outros. Não é necessário cortar árvores para produzir os pellets, pois esses são considerados desperdícios da própria natureza. Esses restos de madeira são transformados em pequenos cilindros que medem de 6 a 8mm de diâmetro e 10 a 40mm de comprimento. Durante a transformação, a umidade é toda retirada, o que favorece a queima do material. Sua energia calorífica é de quase 5 MWh por tonelada e é considerado um combustível eficiente e bastante limpo. Ouriço da Castanha O ouriço da castanha pode ser utilizado na geração de energia, tanto na forma de in natura quanto na de subproduto. A biomassa de ouriço tem potencial para ser aproveitado como lenha nas usinas térmicas, caldeiras, olarias e nas indústrias siderúrgicas na fabricação de aço verde. A grande vantagem para utilização deste produto é a sua elevada densidade energética, pois quanto maior sua densidade, maior será a energia armazenada. Outro benefício é o fato de o produto ser ecologicamente correto, uma vez que não há necessidade de plantar e depois cortar, como acontece com outras espécies.
biomassa tem surgido como uma grande alternativa para geração de energia sem prejudicar o planeta. Considerada um recurso natural renovável, a biomassa é uma matéria biológica que serve como base para a produção de energia a partir da decomposição de resíduos orgânicos. Como exemplo temos madeira, cana de açúcar, restos de alimentos, casca de arroz, casca de coco e eucalipto. Os benefícios de se usar a biomassa são diversos. Além de ser renovável, gera baixas quantidades de poluentes, favorece o reaproveitamento de recursos, seu transporte é fácil e possui baixo custo de operação. Essa alternativa também é muito importante para o clico natural, pois faz uso de recursos muitas vezes inesgotáveis e que quase não alteram a temperatura do planeta. No uso da biomassa para geração de energia existem vários de matérias primas que podem ser usadas e algumas se destacam: Casca de Arroz Durante muitos anos os produtores de arroz não sabiam o que fazer com as palhas e cascas de arroz, e acabam queimando o material, causando fortes impactos no meio ambiente. Nos últimos anos, essa palha tem sido usada para gerar energia em usinas no sul do país. O resíduo é transformado em partículas de 1mm e adicionado ao carvão. Devido à sua rápida combustão e ao grande poder calorífico, a casca de arroz também se tornou uma ótima opção de combustível para as cerâmicas. Pelo fato de arroz ser produzido em várias partes do Brasil, a disponibilidade desse material para geração de biomassa é bastante alta. Entretanto, esse tipo de biomassa gera muitas cinzas e, por apresentar baixa densidade, seu transporte pode ser caro. Casca de Coco Pesquisa indica que o Brasil possui mais de 273 mil hectares cultivados com coqueiros. As cascas, comumente jogadas no lixo, podem passar por trituradores e se transformar em bríquetes para substituir a lenha no processo de combustão. No Nordeste são encontrados os maiores produtores da fruta e a casca do coco possuem muitas vantagens, entre elas o alto poder calorífico na geração de
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NOTAS
Soluções Viáveis para Mecanização de Colheitas Florestais
Revista da Madeira
bada; a garra traçadora , que precisa ser acoplada a uma escavadeira ou à uma grua florestal e a mesa slasher, que é feito sobre uma “mesa de apoio”, A mesa slasher é o sistema mais indicado para o corte de madeiras mais curtas. 4º CARREGAMENTO A mecanização da operação de carregamento de pequenos e médios volumes normalmente é feita com garras florestais adaptadas em escavadeiras hidráulicas ou gruas. O rendimento, nesse caso, depende muito das especifidade da operação e da distância de carregamento e descarga. 5º DESCARGA Aqui, novamente, a grua florestal é o aliado do pequeno e médio produtor. Em algumas situações, um carregador frontal acoplado em um pá carregadeira pode ser bastante versátil. ( fonte : Roder)
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e em países como Finlândia e Suécia, a mecanização de operações de colheita florestal de pequenos volumes é algo extremamente comum, no Brasil o assunto ainda pode ser considerado “tabu”. O motivo é simples: no passado, a mecanização era algo acessível somente às grandes empresas em que a conta, custo vs volume colhido, fechava. Esse cenário mudou. Hoje, mesmo para quem colhe volumes relativamente baixos (por exemplo, de 4.000 a 5.000 metros cúbicos por mês) faz todo sentido mecanizar sua operação. Outro fator que contribui com a mecanização é a dificuldade, cada vez maior, com mão de obra qualificada. A viabilidade de se mecanizar 100% de uma operação de colheita, no entanto, precisa ser concluída através de um estudo detalhado 1º DERRUBADA No sistema semi-mecanizado ainda é muito comum o uso da motoserra. Contudo, o cabeçote multifuncional tem conquistado cada vez mais espaço. Esse equipamento, que pode ser acoplado em escavadeiras de pequeno e médio porte, colhe e também faz o traçamento. Em média, o cabeçote multifuncional apresenta produção de até 200 árvores por hora, deixando-as prontas para arraste ou traçamento. Outra opção que também pode ser utilizada nessa etapa é o cabeçote Feller Tesoura. Esse equipamento é bastante versátil, tem alto rendimento e pode ser acoplado em tratores com grua, retroescavadeira, escavadeiras e pá carregadeiras 2º ARRASTE Para o arraste, a melhor opção é a utilização do mini skidder, principalmente pelo fato do equipamento ser facilmente acoplado em um trator comum que também pode ser utilizado para outras atividades na propriedade rural. Outros equipamentos de pequeno porte para mecanização do arraste são o autocarregável e a carreta de arraste (clambunk). 3º TRAÇAMENTO Para o traçamento, as três opções mais viáveis para operações de pequeno porte são o cabeçote multifuncional que, neste caso, faria a operação em turnos alternados com a derru-
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Tecnologia agrega valor à madeira
empresa catarinense Ekomposit decidiu colocar no mercado peças com tecnologia, que conferem aos produtos uma boa relação custo-benefício, grandes comprimentos, retilíneas e calibradas, menor peso, resistências definidas e informadas e durabilidade assegurada. O objetivo é garantir aos clientes um produto que possibilite rapidez nas montagens e menor desperdício, com um sistema de embalagem que protege os produtos até a instalação. A empresa buscou entender o mercado e a possibilidade de chegar até o setor de construção civil, agregando tecnologia à madeira, para evitar que o consumidor final saísse da madeira e fosse para outros materiais. A madeira escolhida foi o pinus, por ser uma madeira de floresta plantada, de ciclo rápido de crescimento, permeável a tratamentos preservativos, com facilidade nos processos mecânicos e químicos e de secagem, com odor agradável e engenheirável. Apesar das vantagens, a empresa encontrou algumas limitações, como a grande incidência de nós e de tensões internas, medula acentuada, variabilidade de resistências, comprimentos limitados e baixa resistência a ataque de fungos e insetos. Para anular as limitações, a Ekomposit criou lâminas torneadas e faqueadas e utilizou colas estruturais e à prova d’água, além de técnicas aperfeiçoadas de colagem. Para garantir o aumento do comprimento das peças, foram utilizados emendas e sistemas exclusivos de encaixes e fixação. Resolvendo o problema dessas limitações, chegou-se a uma evolução da Madeira Laminada Colada (MLC) percebendo que é possível atender diversos mercados. Hoje, são diversos tipos de modelos. Está se oferecendo ao mercado uma alternativa à madeira tropical e tão resistente quanto o concreto e o aço, mas com preço mais competitivo. A ideia é pulverizar, deixar isso com acesso mais popular.
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Vegetais brilhantes Em um futuro será possível ler um livro sem luz, a partir de uma planta brilhante colocada em uma mesa. Também um caminho noturno poderá ser iluminado por árvores brilhantes e não pela iluminação pública. Engenheiros do Instituto Tecnológico de Massachussetts (MIT), nos Estados Unidos, deram o primeiro passo para fazer disso uma realidade. Uma equipe incorporou uma série de nanopartículas a folhas de uma plantas de agrião, induzindo-as a emitir uma luz tênue durante quase quatro horas. Os investigadores creem que, quando consigam optimizar essa técnica de nanotecnologia, estas plantas chegarão a ser suficientemente brilhantes para iluminar um espaço de trabalho. Essa tecnologia também se poderá usar para proporcionar iluminação interior de baixa intensidade ou para transformar as árvores em lâmpadas autônomas. Oásis verde Um oásis verde que facilita a ventilação natural e gera um microclima agradável. Inspirado nos campos de arroz asiáticos, o escritório alemão Ingenhoven Architects criou um projeto fantástico para o edifício Marina One, localizado na região central de Cingapura. Chamado de “Coração Verde”, o espaço recria uma floresta tropical ao centro de quatro prédios. A ideia foi realizada em conjunto com o estúdio de Londres Gustafson Porter + Bowman. Em seus mais de 400 mil metros quadrados, Marina One foi projetado para ser de uso misto com espaço para morar, trabalhar e de lazer. O estúdio defende que hoje mais da metade da população vive em cidades e que esse número aumentará para 70% nas próximas três décadas. O espaço verde central compartilhado facilita a ventilação natural e gera um microclima agradável. Celulose Os preços internacionais da celulose de fibra de curta (produzida a partir do eucalipto) surpreenderam até mesmo os mais otimistas em 2017. De fato, a aceleração das compras na China e a ruptura de oferta muito acima da média histórica garantiram aos produtores margem para aplicação mensal de reajustes, com exceção de agosto. No total, foram 11 aumentos em 12 meses, que levaram as cotações de referência a valores há algum tempo não vistos pela indústria. O ambiente positivo também permitiu que o setor reduzisse os descontos concedidos sobre preços de referência, que em determinados contratos chegaram perto de 30%. Ipê Atrás de ipês, a árvore mais cobiçada da Amazônia, madeireiros abriram, apenas no mês de setembro, 104 km de estradas ilegais na Reserva Extrativista (Resex) Riozinho Anfrísio (PA), de acordo com levantamento do Instituto Socioambiental (ISA) realizado a partir de imagens de satélite. Ao todo, os madeireiros rasgaram ali 200 km de estradas de junho a outubro, o período mais seco na
região. O custo estimado é de R$ 1,4 milhão –cada quilômetro de terra construído na região sai em torno de R$ 7 mil. Além dos satélites, o ISA usou um radar de alta resolução (Radarsat-2) e, nos locais onde há atividade comprovada, o Worldview-3, que permite até mesmo enxergar caminhões madeireiros dentro da área protegida. A avaliação do instituto é que os madeireiros vêm mudando de tática para driblar os satélites de resolução menor. As estradas ficaram mais estreitas, e, na construção, os madeireiros evitam derrubar árvores com copas maiores, dificultando a detecção do alto. Florestas O Brasil perdeu aproximadamente 9,5% de suas florestas entre 2000 e 2014, de acordo com mapeamento divulgado pelo IBGE. No mesmo período, as áreas agrícolas avançaram, bem como as pastagens. As informações estão disponíveis na nova plataforma digital lançada pelo instituto, que permite o acompanhamento das mudanças na cobertura vegetal, na ocupação e nas atividades agropecuárias em todo o território nacional. O Monitoramento de Cobertura e Uso da Terra apresenta informações cartográficas de 8,5 milhões de km² do território nacional. A pressão sobre o arco do desmatamento está muito bem mapeada . Mas a maior pressão hoje está ocorrendo no Cerrado, com a expansão da agricultura e da pastagem. Transparência Uma plataforma online promete tornar mais transparente o comércio de madeira tropical no Brasil. A ferramenta chamada de Timberflow lançada pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) apresenta por meio de mapas e gráficos, o fluxo de produção e comercialização de madeira da Amazônia. A plataforma irá mostrar, pela primeira vez, as conexões existentes no setor madeireiro, desde sua origem na floresta até a comercialização. A Timberflow estreia com os dados do estado do Pará, mas será alimentada progressivamente, na medida em que as informações forem abertas. Formigas Dentre os artrópodes que habitam o chão ou o dossel das florestas tropicais, as formigas são entre os organismos mais abundantes, representando, às vezes, 90% dos indivíduos. Estão presentes em todos ambientes terrestres do Planeta, salvo os situados perto dos polos, e já foram descritas cerca de 12.500 espécies com uma diversidade esperada de cerca de 22.000 espécies para toda a família Formicidae. Em função dessa diversidade, da sua grande plasticidade comportamental e da densidade populacional elevada desses organismos nas comunidades locais, em particular nas regiões tropicais,as formigas exercem um importante papel na dinâmica dos ambientes. São importantes contribuintes no fluxo de energia e biomassa dos ecossistemas terrestres e na estrutura de comunidades desses ecossistemas como um todo.
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Exportações A partir do dia 2 de julho de 2018, exportadores de todo o Brasil deverão migrar completamente suas operações para o Novo Processo de Exportações do Portal Único de Comércio Exterior. A decisão foi tomada pela Siscomex. A partir dessa data, serão interrompidos os novos registros nos módulos Novoex, DE-Hod e DE Web, sistemas atualmente utilizados para a realização de exportações. Entretanto, esses módulos permanecerão disponíveis para consultas e retificações dos registros previamente efetuados. Logística Fibria inaugura novo Terminal Intermodal de Aparecida do Taboado (MS). O Terminal funciona como polo concentrador de carga, aumentando a agilidade com a utilização de ferrovias do tipo bitola larga. Entrando em operação, o terminal irá fortalecerá o corredor logístico do Centro-Oeste A partir de um planejamento estratégico, foi inserido nas operações florestais o transporte via pentatrem, uma composição com cinco carretas interligadas que permite ganho de 70% no volume de madeira transportada em relação aos caminhões tradicionais e redução de 20% no gasto de combustível por m3 transportado, permitindo diminuir também o custo total de transporte de madeira em 20%. Pau-brasil Imagina abraçar uma árvore com mais de mil anos de idade e que ainda tem muita vida pela frente. Isso é possível no Parque Nacional do Pau Brasil, localizado a 35 quilômetros do centro de Porto Seguro, no extremo sul da Bahia. A árvore é um dos símbolos nacionais e é homenageada no calendário de datas festivas, o 3 de maio, Dia Nacional do Pau-Brasil. Na época do Descobrimento, a espécie (Paubrasilia echinata) despertou muita cobiça por parte da colônia portuguesa tanto que ao longo de 150 anos foi o principal produto de exportação do País. A exploração pelos europeus quase levou à sua extinção. A árvore, que alcança mais de 30 metros de altura, possui pigmento vermelho (brasilina) no tronco que, quando extraído, gera uma forte e única tinta vermelha. CO² As 250 maiores empresas do mundo com ações em bolsa são responsáveis por um terço das emissões de gases de efeito estufa produzidos pelo homem, mas poucas têm metas para limitar a elevação das temperaturas. Coal India, Gazprom e Exxon Mobil lideram a lista. O estudo mediu o dióxido de carbono (CO²) emitido por companhias e consumidores que usam seus produtos. O relatório foi divulgado em meio ao anúncio de que as emissões de dióxido de carbono bateram todos os recordes em 2016, com o maior nível de concentração na atmosfesta nos últimos 800 mil anos. Nos últimos três anos, esforços na diminuição das emissões do grupo das 250 empresas foram nulos, quando deveriam estar diminuindo em cerca de 3% ao ano suas emissões.
Materiales y Tecnología
6-9
2018
coincidiendo con Cevisama
FIMMA
maderalia
38ª Feria Internacional de maquinaria y herramientas para el mueble carpintería y decoración
38ª Feria Internacional de Materialesy Componentes para el mueble carpintería y decoración
fimma-maderalia.com