ANO I - Nº 0 - Novembro/Dezembro 2012
Alô, Dolly! CLÁSSICO DA BROADWAY REÚNE MIGUEL FALABELLA E MARÍLIA PÊRA NO PALCO
ENTREVISTA
PERFIL
HOMENAGEM
Jefferson Ferreira troca festivais por musical consagrado
Conheça a trajetória de Maria Clara Coelho, a bailarina que mais se destacou em 2012
Darcy Dutra Porto: 40 anos dedicados à dança
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Se é inesquecível para os bailarinos que sobem ao palco para mostrar sua arte para plateias no Brasil todo – às vezes, até fora do país –, não é diferente para nós que os assistimos. Muitas vezes ficamos com vontade de guardar para sempre um instante de uma determinada apresentação, aquele passo perfeito, aquele suor (de trabalho, de emoção, de nervosismo) que escorre no rosto do bailarino... E foi pensando nisso que surgiu a ideia da revista DANCE IN FESTIVAL, um espaço aberto para jovens que estão começando na dança, para os veteranos da área e para todos os amantes dessa arte. Aqui, serão registrados os melhores momentos dos festivais de dança do Rio de Janeiro. Para quem viu, não esquecer jamais. Para quem não viu, ter uma ideia do que perdeu. Espero que gostem desta primeira edição. Beijos e até a próxima! DANCE IN FESTIVAL, uma revista em movimento! Sheila Guimarães Diretora de Redação In Memorian Maria Judith Rodrigues Baptista
editorial
uem já foi a um festival de dança sabe o quanto é emocionante. Não tem preço assistir a jovens, ainda amadores, mas que não deixam nada a dever a profissionais quanto ao talento, à dedicação e ao amor pela dança. É impossível não se emocionar ao ver o sorriso da vitória nos rostos de quem ganha um prêmio no final das apresentações. Até mesmo a decepção daqueles que, por um deslize ou outro (mas nunca por falta de talento), não conseguiram chegar ao “pódio” é tocante. Sim, pois sabemos que daquele momento retirarão força redobrada para a próxima apresentação. Na verdade, não é uma perda; apenas um recomeço, mais um aprendizado.
índice Dance in Rio................................................................. página 4 Festival Darcy Dutra Porto..................................... página 10 Alô, Dolly!.................................................................. página 16 Entrevista Jefferson Ferreira..................................... página 20 Olhando a dança Fábio Matheus............................. página 23 Coluna Dance in Festival......................................... página 24 Perfil Maria Clara Coelho.......................................... página 26 Homenagem Darcy Dutra Porto................................ página 28 Saúde & Bem-estar .................................................. página 30 Agenda dos festivais................................................ página 33 Ensaio.......................................................................... página 34
ANO I - Nº 0 - EDIÇÃO: NOVEMBRO/DEZEMBRO/2012 TIRAGEM 5.000 EXEMPLARES A Revista DANCE IN FESTIVAL é uma publicação bimestral editada pela EDITORA MANUAL LTDA A EDITORA MANUAL não se responsabiliza pela opinião dos entrevistados, ou pelo conteúdo dos artigos assinados e anúncios publicitários, que não expressam necessariamente a opinião da editora. A reprodução total ou parcial das matérias só será permitida após prévia autorização da editora.
Diretora de Redação: SHEILA GUIMARÃES Editora: HELOIZA GOMES Colaborador: FABIO MATHEUS Diagramador: LIONEL MOTTA Fotografia: SHEILA GUIMARÃES SGPHOTO Diretora Comercial: LENNY GUIMARÃES Publicidade Horácio P. Soares
Correspondência: AV: Rainha Elizabeth da Bélgica,540 – 202 Ipanema- Rio de janeiro –RJ CEP 22081-032 Tels: 21 2247-9368 / 21 9612-5869 / 21 9646-0720 Email: revistadanceinfestival@gmail.com Email: redacaodanceinfestival@gmail.com revistadanceinfestival
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ideia da nossa rede de festivais ‘Competição de Dança’ é fazer com que os jovens tenham mais oportunidades de se mostrarem capazes de fazer aquilo que realmente gostam, “DANÇAR “. Pois, dentro deste novo festival, todos terão sua oportunidade de fazer seu melhor, até mesmo o seu impossível, já que temos o intuito de encontrar grandes talentos, como melhor bailarina, melhor bailarino e melhor grupo. Através do festival, os grupos poderão trocar técnicas, experiências e histórias do cotidiano. Queremos criar uma rede de amigos acima de tudo, pois este festival não está sendo criado para haver rivalidade, mas, sim, uma união entre os brasileiros que lutam por essa arte que é a Dança, que vem acabando com o passar dos anos no país. Além de tudo, queremos entreter o público de todas as idades e mostrar como esta arte é bonita. RICHARD GONÇALVES, DIRETOR DO FESTIVAL
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Festival Prêmio Dance in RIO - Balletarrj Escola de Dança Melhor Grupo Lyceu Escola de Dança - Cyclo XXI Ballet Contemporâneo Melhor Coreógrafo Fran Mello Melhor Bailarino Davi Chagas - Balletarrj Escola de Dança Melhor Bailarina Maria Clara Coelho - Balletarrj Escola de Dança Revelação Dance in RIO Danielle Marinho - Conservatorio Brasileiro de Dança Variação de Repertório Pré Feminino 3° Balletarrj Escola de Dança - Cupido Camila Lino 2° Balletarrj Escola de Dança – Fada Mariana Machado Variação de Repertório Júnior Feminino 3° Balletarrj Escola de Dança – Medora Letícia Rodrigues 3° Balletarrj Escola de Dança – Coppélia 3° Ato Manuela Roçado 2° Balletarrj Escola de Dança Noite de Walpurgis Daniela Amaral 1° Conservatório Brasileiro de Dança – Harlequinade Danielle Marinho Variação de Repertório Sênior
Feminino 3° Spinelli Escola de Dança – Coppélia 1° Ato Julia Acioli 2° Conservatório Brasileiro de Dança – Don Quixote Gabriela Bessa 2° Lyceu Escola de Dança – Diana Maria Fabrícia 1° Balletarrj Escola de Dança – Harlequinade Maria Clara Coelho Variação de Repertório Sênior Masculino 3° Ballet Stúdio 23 - O Corsário Felipe da Silva 2° Spinelli Escola de Dança - La Fille Mal Gardée Yuri Marques 1° Balletarrj Escola de Dança - O Corsário Davi Chagas Variação de Repertório Adulto Feminino 3° Conservatório Brasileiro de Dança – Medora Isadora Amorim 2° Escola Estadual de Danças Maria Olenewa – Fada Lilás Anna Gouveia 1° Escola Estadual de Danças Maria Olenewa – Pas Classique Lívia Gil Variação de Repertório Adulto Masculino 3° Spinelli Escola de Dança – La Fille Mal Gardée
Phelipe Alves 2° Conservatório Brasileiro de Dança – Don Quixote Ivan Sehnem 1° Balletarrj Escola de dança – Corsário Leandro de Almeida Pas de Deux de Repertório Júnior 2° Balletarrj Escola de Dança – Águas Primaverís Daniela Amaral e Davi Chagas 1° Balletarrj Escola de Dança – Harlequinade Manuela Roçado e Davi Chagas Pas de Deux de Repertório Sênior 3° Balletarrj Escola de Dança – Paysant Lorenna Calheiros e Davi Chagas 2° Balletarrj Escola de Dança – Don Quixote Mariana Gonçalves e Leandro de Almeida 1° Lugar Spinelli Escola de Dança – La Fille Mal Gardée Julia Acioli e Pehlipe Alves Pas de Deux de Repertório Adulto 1° Balletarrj Escola de Dança – O Corsário Paloma Lago e Leandro de Almeida Grand Pas de Deux de Repertório Sênior 1° Balletarrj Escola de Dança – Diana et Acteon Maria Clara Coelho e Davi Chagas Grand Pas de Deux de Repertório Adulto
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1° Balletarrj Escola de Dança – Paysant Alana Alves e Leandro de Almeida Pas de Troix de Repertório Júnior 2° Balletarrj Escola de Dança – Troix de Odaliscas Daniela Amaral, Letícia Rodrigues e Maria Clara Coelho Pas de Quatre de Repertório Sênior 2° Spinelli Escola de Dança – O Despertar de Flora Conjunto de Repertório Júnior 2° Spinelli Escola de Dança – La Fille Mal Gardée 1° Lyceu Escola de Dança – Amigas de Clara Conjunto de Repertório Sênior 3° Lyceu Escola de Dança – Valsa das Horas 2° Balletarrj Escola de Dança – Paquita Solo Clássico Livre Pré Feminino 2° Conservatório Brasileiro de Dança- Florista Rachel França 1° Conservatório Brasileiro de Dança – Tarantella Internazionale Lara souza 1° Conservatório Brasileiro de Dança – Pequena Bailarina Maria Clara Bessa Solo Clássico Livre Júnior Feminino 3° Balletarrj Escola de Dança – Ritual e Magia Daneila Amaral
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2° Studio de Dança Varejão – Tin Soldier Marcelli Tatagiba 1° Balletarrj Escola de Dança – Eu e meu Passarinho Manuela Roçado Solo Clássico Livre Sênior Feminino 3° Ballet Acadêmico da Bahia – Filha de São Salvador Julia Mendonça 1° Balletarrj Escola de Dança – Magalenha Maria Clara Coelho Solo Clássico Livre Adulto Feminino 3° Studio de Dança Varejão – Ne Me Quitte Pas Camila Mattos Duo Clássico Livre Pré 2° Balletarrj Escola de Dança – Polka Antiga Mariana Machado e João Pedro Palmieri Duo Clássico Livre Júnior 2° Ballet Acadêmico da Bahia – Máscaras Gabriela Pinheiro e Esleiane Menezes 1° Balletarrj Escola de Dança – É Carmen ... Daniela Amaral e Letícia Rodrigues Duo Clássico Livre Sênior 3° Studio de Dança Varejão – Nymphes Camila Mattos e Marcelli Tatagiba
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39ยบ Fest Dance de Inverno Darcy Dutra Porto
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O festival foi realizado no Clube Monte Sinai, na Tijuca, nos dias 16 e 17 de junho de 2012, com a presenรงa de cerca de 2 mil bailarinos, de academias do Grande Rio e de outros estados.
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FEST DANCE DE INVERNO DARCY DUTRA PORTO 2012 MELHOR FIGURINO- ARANHAS COM-PASSOS- BONEQUINHAS DO SERTÃO 2º. LUGAR- MEU PÉ DE JABUTICABA – 2º. LUGAR- DIANA – 1º. LUGAR (SOLO: JÉSSICA AMÊNDOLA)- ARANHAS – 2º. LUGAR- LAVADEIRAS – 3º. LUGAR - AMIGAS – 3º. LUGAR - JAZZ A CORES – 2º. LUGAR- DANÇANDO PELO MUNDO – 3º. LUGAR BALLET COMUNITÁRIO BEIJO-FLOR NILÓPOLIS – RJ - BONEQUINHAS DE CORDA – 2º. LUGARSTUDIO DE DANÇA VAREJÃO – RJ MELHOR FIGURINO- CHAPEUZINHO VERMELHOMELHOR BAILARINA- MARCELLI TATAGIBA MELHOR BAILARINO- RAFAEL SALLES- COELHINHAS BAILARINAS – 2º. LUGAR- LA FILLE MAL GARDÉE – 2º. LUGAR (SOLO: MARIANA RAMALHO)- ESCOCESA DE COPÉLIA – 1º. LUGAR (SOLO: HELEN VICTORIA)- FEELING MY HEART – 2º. LUGAR (SOLO: ANA LUIZA NASCIMENTO)- CHAPEUZINHO VERMELHO – 2º. LUGAR - INSÔNIA – 2º .LUGAR (SOLO: MARCELLI TATAGIBA)- CARMEN – 1º. LUGAR (SOLO: MARCELLI TATAGIBA)- HARLEQUINADE – 1º. LUGAR (SOLO: MARCELLI TATAGIBA)- TALKING TO THE MOON – 2º. LUGAR (SOLO: MARCELLI TATAGIBA)NYMPHES – 1º. LUGAR - JAY – HO – 3º. LUGAR - PAS DE DEUX DE HARLEQUINADE – 1º. LUGAR - CAÇADORES – 2º. LUGAR- CAN CAN – 1º. LUGAR- FADAS DO BOSQUE – 1º. LUGAR- KITRI 1º ATO – 1º. LUGAR (SOLO: CAMILA MATTOS)-GRUPO CORPUS RJ – RJ MELHOR FIGURINO- FESTA DAS GULOSEIMASMELHOR COREOGRAFIA DO 39º. FEST DANSE DE INVERNO DARCY DUTRA PORTO – RJ- MELHOR BAILARINOANDERSON SOBRAL - TURISTAS – 2º. LUGAR (SOLO: ISACQUE ALEXANDRE)- MOVINS – 2º. LUGAR- DAN-
ÇANDO NA CHUVA – 2.º LUGAR - PIMP STYLE – 2.º LUGAR- PAS DE PAYSANY – 1 º LUGAR (SOLO: CAMILA FONTES)- CASAMENTO – 1º. LUGAR - AMIGAS – 1º. LUGAR - SAPINHAS – 2º. LUGAR - SUNDAE TWIST – 1º. LUGAR - NOIVINHAS – 1º. LUGAR - DINOSSAURO – 1º. LUGAR - RIO – 1º. LUGAR - BAILE DA PRIMAVERA – 1º. LUGAR- FESTA DAS GULOSEIMAS – 1º. LUGAR- SUPER HEROIS – 1º. LUGAR- FESTA – 1º. LUGAR- PAS DE PAYSANT – 2º. LUGAR (SOLO: MARINA GREG)- PRINCESA FLORINE – 1º. LUGAR (SOLO: LUIZA EDUARDA) - CHAMA DE PARIS – 1º. LUGAR (SOLO: LOHANNY MONTEIRO)- COPPLEIA 1º. ATO – 1º. LUGAR (SOLO: MARIANA BORGES)- LIBERDADE – 1º. LUGAR (SOLO: CAMILA MARCEDO)- A B C DANÇA – 1º. LUGAR- DIVAS – 1º. LUGAR- ENCANDTADORA DE CAVALO– 2º. LUGAR- VOVÔ E VOVÓ – 1º. LUGAR - TORMENTO – 1º. LUGAR - VALSA DE DEBUTANTES – 2º. LUGAR - ALL STAR GAME – 1º. LUGAR (SOLO: CAMILA MACEDO)- LAMENTAÇÃO – 1º. LUGAR (SOLO: MARIANA BORGES) RJ MELHOR FIGURINO- EMÍLIA – 1º. LUGAR CIA DE DANÇA CLAUDIA SETA E LUCIANA GUEDES – RJ- EMILIA – 2º. LUGAR- ANGELINA BAILARINA – 2º. LUGAR- OS FLINKDTONS – 2º. LUGAR- CHARME DA ESPANHA – 3º. LUGAR- NO RITMO DO TAP – 2º. LUGAR CENTRO DE DANÇA LILIA ALMEIDA 3º. LUGAR (SOLO: EVINY XAVIER) OFICINA DA DANÇA ANGELICA MARIA C. E. MAUA – RJ MELHOR COREOGRAFIA DO 39º. FEST DANSE DE INVERNO DARCY DUTRA PORTO – LUGAR- SEGUINDO A SETA – 3º. LUGAR (SOLO: VITORIA GUIMARÃES)– 3º. LUGAR GRUPO DE DANÇA COM-PASSOS – RJMELHOR COREOGRAFIA DO 39º.
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FEST DANSE DE INVERNO DARCY DUTRA PORTO – RJ- BONEQUINHAS DO SERTÃO MELHOR COREOGRAFIA DO 39º. FEST DANSE DE INVERNO DARCY DUTRA PORTO – RJ – 2º. LUGAR- DOCES OU TRAVESSURAS– RJ - LES ANNÉES VINGTS – 1º. LUGAR (SOLO: ROBERTA BELIZÁRIO) GRUPO CORPUS RJ – RJ MELHOR FIGURINOFESTA DAS GULOSEIMASMELHOR COREOGRAFIA DO 39º. FEST DANSE DE INVERNO DARCY DUTRA PORTO – RJ- DINOSSAURO MELHOR BAILARINACAMILA FONTES -MELHOR BAILARINO- ANDERSON SOBRAL - TURISTAS – 2º. LUGAR (SOLO: ISACQUE ALEXANDRE)- MOVINS – 2º. LUGAR- DANÇANDO NA CHUVA – 2.º LUGAR - PIMP STYLE -CASAMENTO – 1º. LUGAR - AMIGAS – 1º. LUGAR - SAPINHAS – 2º. LUGAR - SUNDAE TWIST – 1º. LUGAR - NOIVINHAS – 1º. LUGAR - DINOSSAURO – 1º. LUGAR - RIO – 1º. LUGAR - BAILE DA PRIMAVERA – 1º. LUGAR- FESTA DAS GULOSEIMAS – 1º. LUGAR- SUPER HEROIS – 1º. LUGAR- FESTA – 1º. LUGAR- PAS DE PAYSANT – 2º. LUGAR (SOLO: MARINA GREG)- PRINCESA FLORINE – 1º. LUGAR (SOLO: LUIZA EDUARDA) - CHAMA DE PARIS – 1º. LUGAR (SOLO: LOHANNY MONTEIRO)- COPPLEIA 1º. ATO – 1º. LUGAR (SOLO: MARIANA BORGES)- LIBERDADE – 1º. LUGAR (SOLO: CAMILA MARCEDO)- A B C DANÇA – 1º. LUGAR- DIVAS – 1º. LUGAR- ENCANDTADORA DE CAVALO– 2º. LUGAR- VOVÔ E VOVÓ – 1º. LUGAR - TORMENTO – 1º. LUGAR - VALSA DE DEBUTANTES – 2º. LUGAR - ALL STAR GAME – 1º. LUGAR (SOLO: CAMILA MACEDO)- LAMENTAÇÃO – 1º. LUGAR (SOLO: MARIANA BORGES)
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Capa
A Broadway é aqui!
M Fotos:
Divulgação Caio Galucci
arília Pêra e Miguel Falabella juntos no mesmo palco, num encontro inédito. Para muitos, só isso já seria motivo para ir ao teatro. Mas tem mais. Alô, Dolly!, além de reunir os dois pesos pesados, é um dos musicais de maior êxito da história. Estreou em 1964 na Broadway, onde teve mais três montagens, abocanhou dez prêmios Tony, ganhou versões no mundo inteiro – no Brasil, foi encenado por Bibi Ferreira e Paulo Fortes –, e virou filme estrelado por Barbra Streissand e Walter Matthau (Hello, Dolly!, de 1969).
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A história é simples. Dolly Levi (Marília) é uma esperta casamenteira, na Nova York de 1890. Contratada para arranjar uma esposa para o rude e rico comerciante Horário (Miguel), ela muda o jogo nos 44 minutos do segundo tempo. E, ao invés de ajudá-lo a conquistar Irene (Alessandra Verney), decide ser ela mesma a noiva, cansada que está da própria viuvez. Só tem um probleminha: o ricaço não demonstra o menor interesse por ela. Em compensação, sem querer, ganha
uma ajudinha, quando Cornélio (Frederico Reuter), empregado de Horácio, cai de amores por Irene. E esta não lhe é indiferente. Não bastasse atrapalhar a união do cliente com Irene, Dolly ainda se mete na vida da sobrinha de Horácio, Ermengarda (Brenda Nadler). A mocinha tem um romance com Ambrósio (Thiago Machado), mas seu tio é contra a relação porque o rapaz é pobre. Dolly, como boa casamenteira, é claro, dá uma mão para os pombinhos.
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As trapalhadas de Dolly e Cia ganham um toque especial graças as músicas de Jerry Herman – com versão para o português de Miguel Falabella, que também assina a direção geral do espetáculo –, o belíssimo trabalho dos cinco bailarinos (escolhidos por testes) e da orquestra com 16 integrantes, que toca ao vivo. E a boa interpretação de Marília Pêra, o grande destaque da atual montagem. A veterana canta, dança e atua com o vigor de uma jovem iniciante. Um espetáculo!
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Miguel e Marília: uma parceria perfeita
Alô, Dolly! l Teatro Oi Casa Grande. Rua Afrânio de Melo Franco, 290, Leblon. Tel.: (21) 2511-0800 l Quintas, às 17h e 21h; sextas, às 21h; sábados, às 18h e 21h30; domingos, às 19h. l Até 23/12, quando o espetáculo será interrompido por causa das festa de fim de ano. Retorno previsto para início de janeiro.
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Entrevista
Um salto e tanto na carreira Depois de participar de diversos festivais, Jefferson Ferreira divide o palco com MarĂlia PĂŞra e Miguel Falabella no musical AlĂ´, Dolly! Dance
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Jefferson Ferreira Por
Heloiza Gomes
A Fotos
Sheila Guimarães
trajetória até chegar ao palco do Teatro Oi Casa Grande, no Rio, não foi fácil. Mas valeu a pena. Hoje, Jefferson Ferreira divide a cena com Marília Pêra e Miguel Falabella no musical Alô, Dolly! Aos 23 anos, ele é o mais novo entre os cinco bailarinos que participam do espetáculo. Todos escolhidos através de teste. A seleção, da qual participaram 60 profissionais, ocorreu em três fases – as duas primeiras no Rio e a terceira em São Paulo. Antes da última, no entanto, ele teve de tomar uma decisão arriscada: pedir demissão do emprego seguro de analista financeiro. Do contrário, não teria como viajar para São Paulo, já que é morador de Campo Grande, no Rio. Participar da última etapa da seleção, claro, não era garantia de ser aprovado. Portanto, Jefferson corria o risco de volta à cidade natal, com uma mão na frente e outra atrás. Mas deu tudo certo. Em julho deste ano, ele foi o primeiro nome a ser aprovado e já saiu de São Paulo com um contrato válido até setembro de 2013. “Foi a realização de um sonho”, diz o bailarino, que começou a dançar aos 18 anos – tarde para os padrões, já que a maioria começa aos 5. O início tardio tem uma explicação. Jefferson gostava mesmo era de teatro e fazia peças na escola desde pequeno. “Mas quando encontrei a dança larguei o teatro mesmo”, conta. A troca aconteceu em 2007, quando ele começou a estudar jazz e hip-hop, na Escola Santa Bárbara (Campo Grande, Rio). No ano seguinte, a diretora lhe ofereceu uma bolsa para fazer todas as modalidades. Aí, começou o corre-corre. Jefferson passou a conciliar as aulas de balé e jazz, com a faculdade de Estatística na UERJ, o estágio numa empresa de telefonia e os festivais. “Só dormia quatro horas por dia, pois moro em Campo Grande (zona oeste do Rio) e trabalhava em Botafogo (zona sul da 21
cidade)”, relembra. O esforço foi sendo recompensado aos poucos. Jefferson participou de diversos festivais – “Perdi até a conta”, fala – e, dentre os prêmios que conquistou, três o tocaram de forma especial. “Fui o melhor bailarino duas vezes no Vidança e um, no Primeiros Passos. Não tem emoção igual”, garante. Qual foi a maior dificuldade que você enfrentou ao se iniciar no balé?
Foi a idade. Comecei com 18 anos, então, não podia fazer aulas com as crianças, tive de pular etapas e, quando isso acontece, pula-se o beabá. E, em festivais, os jurados não querem saber quanto tempo você tem, com que idade começou. Normalmente, as pessoas começam a estudar balé com 5, 6 anos. O que você diria que foi o seu aliado nessa fase? Ganhei no carisma, mais do que na técnica. Até hoje, não vejo tantos bailarinos que interpretam. Isso que me ajudou, fez com que me destacasse. Comecei a fazer festivais, como os de Paraty e São Paulo. Aí, que fui perceber que eu era totalmente leigo (risos). Você é formado em Estatística.
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Como se deu a troca pelos palcos?
Trabalhava em uma empresa de telefonia como analista financeiro, fui estagiário e, quando me formei, fui contratado. Fiquei um ano e meio lá, mais ou menos. A resposta do teste para o Alô, Dolly! saiu em meados de julho, para começar a ensaiar no começo de agosto. Foi o momento em que tive de escolher. Quem trabalha com arte, e tem uma chance de ser um pouco bem sucedido, não pode desperdiçar a oportunidade. Fazer um musical já era um desejo?
Olha, mais do que uma companhia de dança, musical era o que me encantava. Dançar, interpretar e cantar. Agora, inclusive, o próximo passo é fazer aulas de canto. Sei que, para participar de musicais, não precisa ser um grande cantor, mas, dos três, é no que sou mais fraco. E como você chegou à seleção de Alô Dolly!?
Eu tinha resistência às redes sociais. Aí, ganhei medalha de bronze no Festival Passo de Arte, em São Paulo, e o Caio Nunes, que é coreógrafo e dá aulas de musicais, pediu o meu Facebook. Não tinha e abri uma conta. E vi o bunner da seleção para o espetáculo.
Entrevista E como foi a seleção?
Sou o mais novo dos meninos, o único que não conhecia ninguém e nem era conhecido por ninguém (risos). Eram 60 para cinco vagas. Foram três fases e a terceira foi em São Paulo. Aí, tive de sair do emprego largar tudo. E, graças a Deus, voltei de lá já contratado. Dos bailarinos, fui o primeiro nome escolhido. É o seu primeiro espetáculo profissional?
Até aqui, eu só tinha participado dos espetáculos de fim de ano da escola. Como está a sua rotina?
Virei professor da escola e, pela primeira vez, estou dirigin-
Jefferson Ferreira do uma montagem, o de fim de ano. Trabalho lá de segunda a quarta e, de quinta a domingo, faço o espetáculo, seis sessões por semana. E tenho feito aulas uma vez na semana. Todo bailarino tem sempre que fazer aula, faz falta, trabalha o corpo. E, para o Alô, Dolly!, tem alguma preparação especial para entrar em cena?
A gente chega duas horas antes, faz aquecimento corporal por 15 minutos, lancha e, durante uma hora e meia, se prepara para entrar em cena, se maquinado, colocando o figurino... E que tal estar num musical desse quilate? Não consigo não ficar emocionado com a Marília Pêra e o
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Miguel me faz rir o tempo todo. É um sonho realizado. Sempre leio em entrevistas todo artista dizendo que tem de ter frio na barriga, antes de entrar em cena, se não tiver... Pois é o que sinto, um aperto no coração. E o que você já ganhou nesse primeiro mês em cartaz, dividindo o palco com artistas experientes como Marília Pêra e Miguel Falabella?
Aqui, não se pode dormir no ponto. Fiquei mais alerta com as coisas e isso me fez amadurecer no lado pessoal e como bailarino. Todo mundo se ajuda, independentemente do nível da pirâmide em que está. Marília e Miguel são pessoas maravilhosas!
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Jefferson posa na porta do teatro, horas antes de entrar em cena
Na arte de dançar por Fábio Matheus Apresentação
Durante os últimos dias, fiquei “ensaiando“ a melhor forma de iniciar essa coluna. Pensei muitas coisas, rascunhei várias ideias e acabei decidindo por seguir o exemplo dos meus colegas colunistas. Vou começar os trabalhos escrevendo breves linhas sobre este humilde escriba. Meu nome é Fabio Matheus. Desde criança já me identificava com a dança e, aos 9 anos, fui apresentado ao Ballet Clássico. Posteriormente, aos 11, comecei a aprender os primeiros passos dessa maravilhosa arte. Aos poucos, fui abandonando as chuteiras e assumindo as sapatilhas na minha vida.
Antes de completar 14 anos, conheci a escola de dona Eugenia Feodorova, onde aprendi a essência da metodologia sistematizada por Vaganova com a grande mestra que dava nome à escola, e me tornei profissional da dança. Tive a oportunidade de trabalhar com Tatiana Leskova (dona Tânia), Ibis Montoto, Rosalia Verlangieri, Isolina Rabello, Helgi Tómasson, Yuri Grigorovich e Elizabeth Platel, entre outros. Cursei os dois últimos anos da Escola de Ballet em São Francisco (California – EUA), em 1995 e 1996, vindo a dançar no Ballet Jovem de São Francisco. Em 1999/2000, fiz parte da Cisne Negro Cia. de Dança
(SP), participando da montagen de O Quebra Nozes. A dança me abriu portas para o mundo. Uma dessas portas foi a oportunidade, em 2006, de ser membro do júri do International Ballet Competition of Varna, na Bulgaria (IBC-Varna), a mais importante competição de Ballet Clássico do planeta, sendo hoje membro da Varna Foundation (empresa que promove o IBC Varna). Desenvolvo, atualmente, minhas atividades como pedagogo de Ballet Clássico no Rio de Janeiro e tenho o prazer de ser colunista dessa inovadora e elegante revista!
À Mestra, com carinho
“U
m estilo único, uma única dança técnica gestual, que se manifesta mais claramente na harmoniosa plasticidade dos movimentos e da expressividade dos braços nos Port de Bras. Ao mesmo tempo, a pose imponente e leve torna nobre e natural o posicionamento da cabeça. Esses são os traços distintivos da ‘Escola de Vaganova’.” (Natalia Dudinskaya)
Após ler estas brilhantes palavras da sábia Dudinskaya, decidi falar sobre algumas das metodologias de ensino de ballet clássico existentes no mundo. Dando início a esta coluna, na qual, junto com você, falarei de arte, a metodologia sistematizada por Agripina Yakovlevna Vaganova. Abordar a sua esplêndida contribuição para a dança, que revolucionou a forma de ensinar ballet clássico e, no entanto, não falar um pouco do gênio que dá nome à escola seria um crime imperdoável! Agrippina Yakovlevna Vaganova foi uma notável bailarina, coreógrafa e pedagoga russa. Criou seu próprio método
de ensino do ballet, o chamado Método de Vaganova. Seu livro Princípios básicos do Balé Clássico (1934) é respeitado como um dos padrões na instrução do balé. Nele, Vaganova delineou suas ideias sobre a técnica e pedagogia do balé. Nascida no dia 26 de junho de 1879, em São Petersburgo, a filha de um lanterninha do Teatro Mariinsky, ainda muito cedo, teve contato com o balé. Estudou na Escola Imperial de Balé, onde graduou-se em 1897. E, no mesmo ano de sua formatura, passou a integrar o Corpo de Baile do Ballet Mariinsky. O talento de Vaganova foi logo reconhecido pelos coreógrafos, professores e remontadores da companhia, logo se tornando conhecida pelos críticos como a “Rainha das variações”. Seus solos em Coppelia, Don Quixote, O Cavalinho Corcunda e nos papéis de Odette-Odile (Lago dos Cisnes) deixavam o público assombrado com tamanha facilidade para saltar e girar. Vaganova recebeu o titulo de Primeira Bailarina em 1915, um ano antes de sua performance de despedida. 23
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Pouco antes da revolução russa de 1917, Vaganova deixou o palco e passou a lecionar. Por um tempo, ela deu aulas na escola particular de Balé Russo de Andru H. Volinsky, mas, depois, se transferiu para a escola coreográfica de Leningrado. A partir de 1921, ela começou a lecionar para os três últimos níveis da Academia Coreográfica de Leningrado. Entre 1931 e 1937, madame Agripina assumiu a posição de diretora artística do Balé Mariinsky. Neste período, montou suas versões de O Lago dos Cisnes (1933) e La Esmeralda (1935), inovavando particularmente no virtuoso pás-de-deux do segundo ato de “Diana e Acteon”. E essas peças do período Vaganova ainda são considerados clássicos vivos. Em 1936, ela recebeu o título de Artista da Federação Socialista da República da Rússia. Aluna, bailarina, pedagoga de balé e diretora da companhia de balé foi a combinação que fez com que esse gênio desenvolvesse seu próprio método de ensino de dança que falaremos nos nossos próximos encontros. Até lá!
Notícias
Dance in Festival A Cia Jovem de Ballet Rio de Janeiro fez uma belíssima apresentação, a preço polular, no Imperator – Centro Cultural João Nogueira, no Méier, Rio. Estiveram presentes Dalal Achacar, fundadora do grupo, a presidente do Theato Municipal do Rio de Janeiro, Carla Camuratti, e Mariza Estrella, entre outros.O evento aconteceu no dia 28 de outubro, às 11h.
Dalal, Mariza e Carla aplaudiram os jovens bailarinos
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Eufany parabenizou seu ex-aluno Fábio Mariano, que faz parte da companhia
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Notícias
Noite dedicada à Turquia Na onda da trama das 9 da Rede Globo, foram lançados os livros Turquia de Salve Jorge, de Dalal Achacar, Kátia Mindlin Leite Barbosa e Núbia Melhem Santos, e Os Temperos da Cozinha Turca, de Beril Eraydin Athayde. A autora da novela global, Glória Perez, as atrizes Zezé Polessa e Carla Camuratti, a escritora Nélida Piñon, Marisa Estrella e o bailarino Marcelo Misailidis foram alguns dos famosos que compareceram à badalação. O evento aconteceu na livraria da Travessa, do Leblon, no dia 6 de novembro. A atriz Carla Camuratti, acompanhada do filho, Antônio, prestigiou o lançamento do livro da amiga Dalal Achacar
Zezé Polessa, que faz parte do elenco de Salve Jorge, também garantiu seu exemplar e parabenizou uma as autoras da obra Mariza Estrella, o bailarino Macelo Misailidis e sua filha Mirta
Dalal recebeu o abraço e o aval da escritora e acadêmica Nélida Piñon
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Perfil
Maria Clara Coelho supera as dificuldades financeiras e se destaca nos principais festivais de dança do Rio de Janeiro
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Maria Clara Coelho Por Heloiza Gomes Fotos Sheila Guimarães Agradecimento: Paço Imperial
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balé entrou na vida dela por um motivo, digamos assim, pouco nobre. Aos 4 anos, Cristiane Marinho, mãe de Maria Clara Coelho, a levou ao pediatra por causa dos pés “chatos” da menina. O médico garantiu que, para consertar o defeito, só existiam três opções: bota ortopédica, andar na areia fofa ou fazer balé. “Ela começou a fazer aulas na escolinha-creche mesmo, nada demais. Corrigiu os pés e se apaixonou pela dança”, relembra Cristiane. A aposta não poderia ser mais certeira. Hoje, Maria Clara, aos 14 anos, coleciona prêmios como bailarina clássica e sonha (além de trabalhar duro) em fazer parte do corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. O caminho para chegar ao posto cobiçado por dez entre dez dançarinos começou a ser traçado há seis anos, quando Maria Clara conheceu Ana Palmieri e Rômulo Ramos, ex-bailarinos do Theatro Municipal e proprietários do BALLETARRJ Escola de Dança. “Estávamos no clube Monte Sinal, na Tijuca, acompanhando o jogo de futebol do meu irmão ( João Pedro, 11 anos) e a Ana e o Rômulo estavam montando uma escola de balé lá e distribuíam folhetos”, relembra a menina, que pediu à mãe para ser matriculada. Desde então, ela faz parte do grupo. Com ele, já se apresentou em todos os festivais no estado do Rio, e com bons resultados (veja box). “Agora ela tem de ir a festivais internacionais”, pontua Cristiane, sem esconder o orgulho da filha.
Nem tudo são flores Apesar da trajetória, até aqui, bem-sucedida, a luta de 27
Dance
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Maria Clara vai além de encarar concorrentes tão bons quanto ela nos festivais dos quais participa. Ou das 6, 7 horas de ensaios diários, com apenas três semanas de férias por ano. Ela tem de enfrentar também as dificuldades financeiras. E estas não são poucas. A mãe é funcionária pública de nível médio (com salário de R$ 1.800,00) e o pai, Jorge Luís, trabalha no departamento comercial de uma empresa de segurança (e ganha por comissão). “Com a minha renda e a do meu marido, não está dando nem para pagar as contas da casa. Imagina as do balé! Tenho outro filho, não posso deixar de lado”, lamenta Cristiane, que, para ajudar no orçamento, faz bolos, cupcakes e brigadeiros para fora. Maria Clara e sua família dão “nó em pingo d’água”, como se diz popularmente, para que a carreira dela não seja interrompida. “Só de sapatilha são quatro a cinco por mês, ao custo de cerca de R$ 100,00, cada”, conta a bailarina. E a mãe complementa: “Fora os pagamentos das inscrições para ela participar dos festivais, os figurinos, os custos com transportes, alimentação...” Como não bastasse, no meio do caminho, a vida ainda lhe passou uma rasteira. “Meu pai perdeu emprego em 2007 e só arrumou outro em fevereiro desde ano”, revela Maria Clara, moradora da Tijuca, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Mas nada disso a impede de ir adiante. Além do talento, ela conta com o apoio incondicional da família, dos amigos, dos professores de balé e até da escola onde estuda. É praticamente uma força-tarefa. No colégio Pinheiro Guimarães, Maria Clara tem bolsa de estudo e a compreensão quando precisa faltar aula por causa das apresentações e ensaios. No BALLETARRJ Escola de Dança, a menina também é bolsista. A família se vira nos 30. Os pais costumam promover almoços beneficentes para arrecadar fundos. A mãe costura os figurinos, com a ajuda das amigas, mães de outros bailarinos. “Eu não costurava, tive de aprender na marra. Fico com os dedos furados, passo noites, madrugadas costurando. Se comprar pronto, cada figurino sai a R$ 1.200,00. Com o meu salário, não dá”, diz Cristiane.
Luz no fim do túnel Por causa da dificuldade financeira, Maria Clara perdeu a chance de desfrutar da bolsa, de 100%, que ganhou de um curso no exterior. Mas a sorte voltou a sorrir. A bailarina ganhou – por ser eleita a melhor bailarina do 1º Entreatos Internacional de Dança – uma outra para a escola American Theater Ballet, nos Estados Unidos. “É para estudar um mês, em junho de 2013. Eles dão a bolsa, mas a gente tem de custear a estada lá”, esclarece a jovem. A mãe já começou a tomar as providências para que, dessa vez, a filha possa embarcar. “Estou correndo atrás de empresas para ajudá-la, com patrocínio”, conta Cristiane. O sacrifício está valendo a pena. Maria Clara já começa a chamar a atenção de profissionais como Cláudia Mota, primeira-bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. “Ela me chamou para passar uma tarde lá, com ela, para ver como é uma companhia profissional. Foi mágico!”, garante a jovem, com os olhos brilhando. A mãe, ao lado, não segura e chora de emoção. 28
PARTICIPAÇÕES EM FESTIVAIS E PRINCIPAIS PRÊMIO DE 2012 l XXVIII FESTIVAL NACIONAL E INTERNACIONAL DE DANÇA DO CBDD 1º lugar no clássico repertório (Carnaval de Veneza) l PASSO DE ARTE REGIONAL – RIO DE JANEIRO 2012 1º lugar solo clássico repertório (Carnaval de Veneza) l FESTIVAL DE DANÇA YOUTH AMERICAN GRAND PRIX 2012 – NEW YORK Medalha de bronze Solo Clássico Repertório e Livre Junior Eleita segunda melhor bailarina do mundo na classificação dos jurados do YAGO TOP 12 – Women Junior Age Division l FESTIVAL DE DANÇA FITNESS 2012 1º lugar solo clássico repertório (Carnaval de Veneza) Prêmio melhor bailarina do festival l IV FESTIVAL NACIONAL VIDANÇA 1º lugar solo clássico repertório (Carnaval de Veneza) l FESTIVAL DANCE IN RIO COMPETIÇÃO DE DANÇA 1º lugar solo clássico repertório (Herlequinade)
Prêmio melhor bailarina do festival l BIBC – BOSTON INTERNATIONAL BALLET COMPETITION 2012 Medalha de bronze com as coreografias (Harlequinade, Carnaval em Veneza e Magalenha) l FESTIVAL COM-PASSOS DE DANÇA 2012 1º lugar solo de repertório (Harlequinade) Prêmio melhor bailarina do festival l FESTIVAL DE DANÇA INTERNACIONAL DE NOVA IGUAÇU 2012 1º lugar solo de repertório (Harlequinade) l 1º ENTREATOS INTERNACIONAL DE DANÇA – PORTO REAL/RJ 1º lugar solo de repertório (Harlequinade) Prêmio melhor bailarina do festival l 2º FESTIVAL DE DANÇA TRÊS RIOS 2012 1º lugar solo de repertório (Harlequinade) Prêmio bailarina revelação do festival
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Homenagem
40 anos de festival
Por Heloiza Gomes Fotos Sheila Guimarães
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m dezembro, os profissionais do setor já sabem: é hora do Festival Nacional de Dança Darcy Dutra Porto. Não é para menos. O evento está completando 38 anos, sempre sob a batuta da organizadora que dá nome ao festival. E ela ainda é a responsável pelo Festdança de Inverno Darcy Dutra Porto, que, há quatro décadas, acontece sempre no mês de junho. “Ininterruptamente. Nunca deixei de fazer um só ano”, conta, sem esconder o orgulho. Mas isso todo mundo (da área) sabe. O que, talvez, nem todos saibam é que os tradicionais eventos começaram sem nenhuma pretensão. A história de tia Darcy, como é conhecida no mundo da dança, iniciou-se por acaso. Depois de se mudar da Zona Sul para o Grajaú (bairro da zona norte carioca), ela, que sentia falta da praia, decidiu entrar de sócia no Grajaú Country Club. Assim, poderia, pelo menos, desfrutar da piscina do local, junto com os filhos Mário Armando e Gisela, ainda pequenos. A menina, com cinco anos na época, se encantou com as aulas de balé e sempre dava uma espiadinha. A professora perguntou se ela não queria se matricular. Darcy disse que a filha não podia, pois era deficiente auditiva. A moça insistiu, pediu para deixar a garota com ela um tempo. A mãe concordou. “Gisela, que hoje tem 45 anos, virou bailarina e deu aulas de dança afro durante muitos anos”, relembra Darcy. Voltando àquela época... Darcy sugeriu à professora de balé que fosse feita uma festinha de fim de ano. E tomou para si a organização. Soube que os clubes Ginástico, Sírio e Libanês, Olaria e AABB-Tijuca também ofereciam aulas de balé. Teve a ideia de reunir todos na festa do Grajaú Country Club. “A princípio, não havia
Darcy Dutra Porto começou a organizar apresentações quase que de brincadeira, mas... O evento cresceu tanto que, hoje, seu nome é uma grife no mundo da dança
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Darcy Dutra Porto
Darcy e os premiados do festival de 2010
competição; era só apresentação mesmo. Um amigo sugeriu que eu chamasse as escolas de outros estados e começou a bombar”, relembra Darcy. Com o festival tendo alcance nacional, nada mais justo que a organizadora oferecesse troféus para os melhores. A competição estava instaurada. “Até hoje é assim. É só troféu. Não suporto
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prêmio em dinheiro; não dá certo. Dei uma vez e os ganhadores não sabiam o que fazer com o montante. Me arrependi (risos)”, diz a veterana. E nem precisa. O prestígio de seus eventos é tanto que companhias do país inteiro brigam por um lugar no seu festival. “Este ano foram cerca de 90. E tem aqueles que chegam com a ficha de inscri-
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ção na hora”, conta. “Estes participam?”, pergunta a repórter. “Não consigo barrar ninguém (risos)”, responde, divertida. Quer dizer... “Mas, se reclamar ou falar mal do festival, não volta. Tem de participar de coração aberto”, frisa. No Grajaú Country Club, Darcy montou seus festivais durante 35 anos. Depois, mudou-os para o Colégio Pedro II unidade Tijuca, em seguida para a unidade São Cristóvão, o clube Monte Sinai e retornou às origens. No Grajaú, fez mais dois anos e voltou ao Monte Sinai – onde nos dias 1º e 2 de dezembro aconteceu o último. Sempre contando com a ajuda dos filhos, Gisela e Mário Armando, 48 , que atuam como coordenadores dos festivais. E, aos 77 anos, tia Darcy garante que não pretende parar. “Vou morrer disso”, avisa. Que tenha muitos anos de vida!
Saúde & Bem-estar
O poder das vitaminas
Treinar de 8 a 10 horas por dia, como os bailarinos fazem, não é brincadeira. Por isso, deve-se dar atenção especial à alimentação. E vitaminas não podem faltar na dieta. Elas ajudam na recuperação depois do treino. A vitamina A, por exemplo, mantém os tecidos de todo o corpo, em particular dos olhos, da pele, dos aparelhos digestivos e respiratórios e dos ossos. A vitamina D ajuda o corpo a absorver o cálcio dos alimentos, o que fortalece os ossos. Já a C auxilia na absorção de ferro. Mas onde encontrá-las? É muito fácil, de uma olhada na tabelinha e conheça alguns alimentos que as contêm.
Vitamina A
Vitamina C
Vitamina D
Vegetação e frutas de coloração amarelada
Vegetais verdes folhosos, como couve e espinafre
Peixes oleosos, como sardinha, truta e salmão
Fígado bovino
Frutas como goiaba, kiwi, acerola, laranja e caju
Ovos
Manteiga
Tomate, pimentão
Leite, iogurte e queijo
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Agenda AGENDA DOS FESTIVAIS 2013 Data
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CIDADE – UF
CONTATO
MAIO 18 e 19
PERFORMANCE
Rio de Janeiro- RJ
(21) 2443-9645
10,11 e 12
DANCE IN RIO
Rio de Janeiro-RJ
(21) 7535-0794
23,24,25,26
VIDANÇA
Rio de Janeiro-RJ
(21) 2401-8087
Rio de Janeiro – RJ
(21) 7635-0535
Belo Horizonte MG
(21) 7535-0794
Recife (PE)
21) 7535-0535
São Gonçalo -RJ
(21) 9519-0259
JUNHO 8e9
FEST DANCE DE INVERNO JULHO
27 e 28
DANCE IN MINAS AGOSTO
03 e 04
DANCE IN RECIFE OUTUBRO
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FEST DANCE
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Uma homenagem a todos que passaram pelas lentes da fot贸grafa Sheila Guimar茫es. SGPHOTO
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