REH_v.22, nº23, 2024

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Estudos Revista de HOMEOPÁTICOS

Publicação Digital Quadrimestral Gratuita

Uma realização do Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste

Nesta edição...

Médico homeopata brasileiro

é um dos maiores cientistas do mundo!

Problemas com sono e osteomusculatura? A homeopatia ajuda!!!

Ano 8

N° 23

Dezembro/2024

Os miasmas: um grande e inovador conceito homeopático

Editorial

Mais uma vez, um novembro verde passou, e os dias destinados a explicar e divulgar a Homeopatia foram usados pelo Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste com muito proveito, rendendo homenagem ao Mestre Hanhemann e a Benoit Mure, o médico francês incumbido de trazê-la ao Brasil.

Em nossa segunda edição, temos registrada a biografia desse grande cientista e ativista social, a qual vale ser integralmente lida, relida e apreciada.

Recentes pesquisas sobre a vida e a obra de Mure o consideraram um brilhante discípulo do mestre Samuel Hanhemann, sempre disposto a levar a homeopatia a inúmeros locais, desenvolvendo, propagando, ensinando, editando e construindo uma cátedra homeopática.

Bento Mure (como era chamado aqui no Brasil), desenvolveu e fundou três institutos e cinquenta dispensários; converteu mais de cem médicos alopatas à prática homeopática; formou quinhentos alunos não médicos; reduziu a mortalidade de negros e pobres; realizou numerosas publicações impressas, em várias línguas, como italiano, português, latim, francês e árabe; publicou mais de dois mil artigos em jornais; realizou viagens em vários continentes; enfrentou epidemias e contágios com a medicina homeopática.

Como todo homeopata sincero em sua prática e difusão desta medicina, descasos e paixões odiosas, perseguições e calúnias apareceram, dispostas a impedir seu curso, mas ele continuou o trabalho sem tréguas nem descansos, até seu último suspiro.

Como ativista social, desenvolveu-se com as ideias de François Marie Charles Fourier, cujas concepções idealistas o levaram a criar o sistema arquitetônico e social chamado de FALANSTÉRIO: tipo de edifício projetado para abrigar uma comunidade utópica, autossuficiente, idealmente consistindo de 500 a 2.000 pessoas que trabalhariam juntas para benefício mútuo.

Mure chegou no Rio de Janeiro, no Largo do Paço – atual Praça XV, no dia 21 de novembro de 1840, e, por isso, a homenagem ao NOVEMBRO VERDE, com destino à Cidade de Saí, onde implantaria seu projeto do falanstério, com cem (100), famílias francesas que foram ao local, em busca de um novo mundo.

Como toda utopia, os desafios eram muito grandes para a mentalidade da época, e o projeto do falanstério teve início, mas não se completou. Bento Mure deixa então o projeto e, em 26 de agosto de 1843, chega ao Rio de Janeiro, onde criou e coordenou o Instituto Homeopático do Brasil, a Escola Suplementar de formação de farmacêuticos e homeopatas, e o primeiro dispensário –local de atendimento médico e dispensação de medicamentos aos necessitados de atenção médica.

Que nossa vida como homeopatas contemporâneos resgate sempre essas raízes e nos faça estudar, aprender e atender com cada vez mais sabedoria e amor!

A equipe editorial

Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste

revistadeestudoshomeopaticos@gmail.com

Mantenedores da Revista de Estudos Homeopáticos

1. Alessandra Lourenço dos Santos

2. Ana Doris da Silva

3. Andréa Machado

4. Artemiza S. Coelho

5. Agda Maria de Freitas

6. Barbara K.R.S. Prandini

7. Bruna Salvate de Assis

8. Cassia Regina da Silva

9. Caroline Cabral Macedo

10. Cristina Ribeiro Rodrigues

11. Edite Lopes de Souza

12. Fernanda Katsuragi

13. Francisca das Chagas Silva

14. George Vithoulkas

15. Jacira Ferreira Curvelo

16.José de Assis Marques

17. Karla Rubia dos S. Silva

18. Lourdes C. Prado

19. Ludmilla Lemos

20. Maria Tereza Menezes

21. Maria Helena A.C. Nunes

22. Maria Mendes da Costa Oliveira

23. Moacir W.S. Ferreira

24. Osmar José Ferreira

25. Osvaldo A. T. P. Dantas

26. Perônica Pires

27. Priscila Gomes S. Silva

28. Rita Oliva S. Abreu

29. Ramon Lobo Gomes

30. Ronaldo Licínio de Miranda

31. Regina Beatriz Bernd

32. Regina Medeiros

33. Sebastião Marcos Spolidoro

34. Sebastião Alves de S. Sobrinho

35. Suécia Maria M. Damasceno

36. Sheila da Costa Oliveira

37. Sheila Gutierrez Borges Damazo

38. Vanessa Cristina Rescia

39. Virgínia Goulart B. Stefanichen

40. Wilson Pires

Nossa Revista é mantida com contribuições voluntárias. Quer se tornar também um mantenedor e auxiliar a divulgar a Homeopatia? Envie uma mensagem para revistadeestudoshomeopaticos@gmail.com ou WhatsApp para (61) 99934-5001 e lhe enviaremos o termo de adesão. Sua colaboração garante o sucesso desta publicação!

Termo de Adesão ao Grupo de Mantenedores da Revista de Estudos Homeopáticos

Obs: os valores são definidos em assembleia, durante os encontros presenciais mensais. Este formulário de adesão auxiliará na justificativa de recebimento dos valores junto ao banco e à Receita Federal.

O Grupo “Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste” é uma organização informal, sem fins lucrativos, autogestionada e responsável pela publicação da Revista de Estudos Homeopáticos, periódico quadrimestral, totalmente digital e gratuito para os leitores, disponível no ISSUU (repositório internacional de revistas digitais).

O objetivo dessa Revista é divulgar ao máximo a ciência/arte da Homeopatia, para democratizar o acesso às terapias integrativas e fortalecer a rede de terapeutas homeopatas do Centro-Oeste, bem como os prestadores de serviço correlatos a esta importante área de atuação.

Para mantê-la, os membros do grupo e/ou simpatizantes da causa de divulgação da Homeopatia se cotizam mensalmente, quadrimestralmente ou anualmente, de modo a remunerar as duas jornalistas que trabalham nesse projeto. A pessoa responsável pela arrecadação é voluntária e realiza os pagamentos das profissionais no dia 10 de cada mês.

Agradecemos muito por sua colaboração e solicitamos que (i) preencha os campos a seguir, para formalizarmos nossa parceria, a qual ajuda significativamente a viabilizar a continuidade da publicação, e (ii) escolha a cota de sua preferência, a qual deve ser depositada/transferida até o dia 8 de cada mês. Após o preenchimento, por favor, salve e envie o formulário para o e-mail revistadeestudoshomeopaticos@gmail.com, em cujo drive ele será devidamente armazenado.

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Fraternalmente, nossa gratidão. Brasília, ..................... de....................................................... de 20____.

Carta do Leitor

Nara Araújo Magalhães Pereira – Brasília – DF

Trabalho impecável!! Parabéns a todos os envolvidos pelo trabalho e tão grandiosa missão!

Milton Bezerra – Brasília - DF

Um especial veículo de divulgação da Homeopatia. Ainda há de ser reconhecido como um dos mais importantes meios de divulgação de nossa amada arte de Curar, a Homeopatia. Parabéns a todos os envolvidos.

Alessandra Lourenço – Goiânia - GO

Trabalho exemplar desta equipe incansável de Terapeutas Homeopatas. Parabéns!

Jornalista Responsável

Angélica Calheiros

Editora-Executiva

Sheila da Costa Oliveira

Conselho Editorial Ramon Lobo

Sheila da Costa Oliveira

Angélica Calheiros

Projeto Gráfico e Diagramação

Karine Santos

Redatores Angélica Calheiros

Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste

Revisão

Sheila da Costa Oliveira

Contato

Email: revistadeestudoshomeopaticos@gmail.com

ÍNDICE

EDITORIAL 2

TERMO DE ADESÃO AO QUADRO DE MANTENEDORES 4

CARTA DO LEITOR 5

Nara Araújo Magalhães Pereira, Brasília, DF

Milton Bezerra , Brasília , DF

Alessandra Lourenço , Goiânia, GO EXPEDIENTE 6

SUMÁRIO 7

PRIMEIRA PARTE: HOMEOPATIA E NÓS 8

DIÁRIO DE BORDO 10

VALE A PENA LER 12

NOTÍCIAS 14

Brasil 14

Médico homeopata brasileiro é considerado um dos cientistas mais relevantes do mundo 14

Mundo 15

Governo da Índia decide que é ilegal anunciar Ayurveda e Homeopatia como tratamentos milagrosos 15

Quando a medicina ocidental falhou, Mara recorreu à Homeopatia 16

Homeopatia para queda de cabelo 17

COM A FALA, OS ATENDIDOS 18

Perônica Maria R. S. Pires 18

Lucivânia Keule Castelo Bezerra 19

HOMEOPATIA A NOSSO FAVOR 20

Distúrbio do sono: o que é e como tratá-lo na Homeopatia 20

ENTREVISTA 24

Homeopatia no tratamento de doenças osteomusculares 24

SEGUNDA PARTE: HOMEOPATIA TAMBÉM É CIÊNCIA 28

APRENDENDO COM VITHOULKAS: 30

A evolução da teoria dos miasmas e sua relevância para a prescrição homeopática 30

CURANDO COM... Zingiber officinalis 42

PÁGINA DA FENAPICS – FEDERAÇÃO NACIONAL DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE 46

Primeira Parte HOMEOPATIA E NÓS

Revista de Estudos HOMEOPÁTICOS

DIÁRIO DE BORDO

RETROSPECTIVA DO TRABALHO DO GRUPO

LIVRE DE HOMEOPATAS DO CENTRO-OESTE

De setembro a dezembro de 2024, mais uma vez o foco do Grupo voltou-se para a produção do Saberth, agora em sua sexta edição, realizada em Brasília, com o tema “Homeopatia, Cuidado e Paz”.

Foram cinco meses de planejamento, montagem de campanha de divulgação, gravação de cards, confecção de documentos diversos, contatos com patrocinadores e doadores, entre tantas outras providências a cargo da Comissão Gestora.

Tudo foi executado com muito amor e competência, somando-se as diferentes habilidades de voluntários do Grupo.

Muitos participantes começaram novos estudos, e os encontros mensais sofreram impacto de frequência que estamos tentando contornar.

Em contrapartida, outros tantos se envolveram nos atendimentos sociais, e o público socialmente vulnerável vem recebendo os benefícios desta ação.

Mais três integrantes se juntaram aos demais membros do Grupo e já fazem parte dos estudos mensais.

Acompanhe todo o conteúdo disponibilizado em nossas redes sociais e comente, auxiliando a dar mais visibilidade aos nossos perfis!

E em nosso blogue oficial: https://www.saberth.com.br/

Vale a pena ler...

Homeopatia para sua família, de Paul Callinan

Imagem: Estante Virtual.

Publicada no Brasil em 1999, a obra “Homeopatia para sua família” foi escrita pelo cientista australiano Paul Callinan, radicado na Southern Cross University, no campus de Lismore New South, em colaboração com o médico e teólogo Carlos Henrique de Araújo Cosendey e o tradutor Roberto Argus.

Foi lançada pela editora Nova Era, criada em 1991, pelo Grupo Editorial Record, que conta com títulos diversifi-

Onde encontrar:

cados nas áreas de qualidade de vida e terapia holística, entre outros.

Com 373 páginas, o livro é um guia abrangente para autotratamento de emergência, com indicações e sugestões de preparados homeopáticos e dosagens para doenças comuns, casos crônicos, e situações especiais relacionadas a enfermidades que afetam crianças, adolescentes e adultos.

Livre

NOTÍCIAS

BRASIL

Médico homeopata brasileiro é considerado um dos cientistas mais relevantes do mundo

A Universidade de Stanford, localizada nos Estados Unidos, em parceria com a Editora Elsevier BV, divulga, anualmente, o ranking de cientistas mais citados (Top 2%) em diversas áreas de pesquisa científica. Pelo quarto ano, o professor Dr. Marcus Zulian Teixeira, médico homeopata e pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), figura na lista, entre os cientistas mais relevantes do mundo, segundo seu campo e subcampo de atuação, respectivamente, medicina geral e interna, e medicina complementar e alternativa. Teixeira já ganhou destaque no mesmo ranking em 2020, 2021 e 2023.

A seleção é feita a partir de um banco de dados com mais de 100.000 cientistas, classificados em 22 campos científicos e 174 subcampos, de acordo com a classificação padrão Science-Metrix, que considera o número de citações que um pesquisador recebeu tanto ao longo da carreira quando durante um único ano cível. Essa pesquisa usa o banco de dados Scopus fornecidos pela Elsevier através do International Center for the Study of Research (ICSR Lab).

A seleção é baseada nos 100.000 melhores cientistas por c-score (com e sem autocitações) ou uma classificação de percentil 2% ou superior no subcampo. A versão atual (7)(1) retrata o instantâneo de 1º de agosto de 2024 do banco de dados Scopus, atualizado até o final do ano de citação de 2023.

Na lista de 2024, de 1340 pesquisadores, 1077 são brasileiros, a maioria de universidades públicas, e 232, especificamente, são da Universidade de São Paulo (USP).

No subcampo de atuação “Complementary & Alternative Medicine”, que engloba Homeopatia e outras práticas integrativas, há 291 de 294 pesquisadores ao redor do mundo, e o Dr. Marcus Zulian Teixeira é o único pesquisador brasileiro incluído nas classificações. Clique aqui para conferir o relatório completo.

Fonte: BVS Homeopatia

MUNDO

Governo da Índia decide que é ilegal anunciar Ayurveda e Homeopatia como tratamentos milagrosos

Na Índia, o Ministério da União Ayush, responsável pelo desenvolvimento da educação, pesquisa e propagação da medicina tradicional e dos sistemas de medicina alternativa, decidiu que não é permitido anunciar medicamentos Ayurveda, Siddha, Unani e Homeopatia com a promessa de resultados milagrosos para tratamento de doenças, afirmando que tais anúncios podem “enganar e colocar em perigo” a saúde pública.

A posição do governo foi divulgada através de um edital publicado no dia 8 de outubro. Segundo o texto: “É ilegal anunciar medicamentos da ASU&H alegando efeitos milagrosos ou sobrenaturais para o tratamento de doenças. Tais anúncios podem enganar e pôr

em perigo a saúde pública ao promover alegações não verificadas ou falsas”.

O Ministério declarou, ainda, que a Lei de Drogas e Remédios Mágicos (Anúncios Questionáveis), de 1954, proíbe estritamente a publicidade de drogas e “remédios mágicos” para o tratamento de certas doenças e condições.

Qualquer pessoa considerada culpada de infringir a lei será responsabilizada de acordo com as penalidades previstas.

Fonte: The Hindu

Quando a medicina ocidental falhou, Mara recorreu à Homeopatia

Anos atrás, Mara Zanfagna teve comprovação dos benefícios da Homeopatia em primeira mão, quando observou seus impactos positivos na saúde de seu pet. Mais recentemente, viu a medicina tradicional falhar em tratar a saúde de sua família e se impressionou com a eficácia do tratamento homeopático. Essa é a história que ela compartilha com o mundo no filme Introducing Homeopathy, exibido no Specialty Cinema, localizado na cidade de Hamilton, capital das ilhas Bermudas, em 3 de junho deste ano.

O filme foi produzido por Mel Dupres, conhecida como “a única homeopata qualificada das Bermudas”, como parte de seus esforços para ajudar mais pessoas a alcançarem uma qualidade de vida melhor, e aborda a história da Homeopatia e suas bases científicas, além de contar com depoimentos de seis pessoas que a utilizaram para tratar sintomas de saúde mental, HIV/Aids e autismo.

Zanfagna conheceu Dupres ao procurar ajuda para tratar um sério problema de pele que vinha afetando sua filha.

Após testar diferentes medicamentos, eventualmente, o quadro começou a melhorar e, cinco meses depois, a doença desapareceu por completo e não retornou.

“Tivemos essa experiência incrível e, em seguida, a Homeopatia, para mim, tornou-se a primeira coisa que eu tento, em vez de o último recurso, para quando as coisas não estão funcionando”, disse Zanfagna, em entrevista à publicação The Royal Gazette.

Durante a sessão de perguntas e respostas realizada após a exibição do filme, a falta de cobertura de tratamento homeopático por parte de planos de saúde foi um tema muito discutido.

“A CG Insurance costumava cobrir, não tenho certeza se ainda cobrem, mas, hoje em dia, as seguradoras não estão abertas a pagar por tratamento homeopático”, expôs Dupres. [...] Se seus clientes começarem a pedir que isso aconteça, pode haver uma mudança nessa postura “.

Ainda segundo Dupres, a maioria das pessoas ainda não entende que a Homeopatia é um sis-

tema de medicina, pois a veem como um termo genérico usado para medicina natural ou remédios naturais:

“[...] o que o filme fez foi ajudá-los a entender que, na verdade, [a Homeopatia] é um sistema legítimo de medicina que se sustenta por conta própria e que pode ter um impacto profundo na saúde, no bem-estar e a vida das pessoas”, apontou.

Três anos atrás, Zanfagna tornou a buscar ajuda de Dupres quando seu filho, Harrison Selkirk, de seis anos, precisou remover um dente supranumerário. Como a pandemia ainda estava em alta nas Bermudas, a mãe achou mais seguro que Harrison removesse o dente no consultório do dentista em vez de ir a um hospital.

De acordo com o dentista, o procedimento cirúrgico seria complexo por conta da injeção de Novocaína, usada para anestesiar o palato no céu da boca, que tem uma pele muito fina, o que exigiria que Harrison ficasse completamente imóvel, tarefa altamente improvável para uma criança tão nova.

Preocupados, Zanfagna e o marido passaram a conversar com o filho sobre as etapas da operação, tentando prepará-lo psicologicamente para a experiência e ajudando-o a se concentrar no alívio que ele sentiria quando o dente fosse retirado. Enquanto isso, a homeopata Mel Dupres indicou dez medicamentos diferentes para as fases de pré e pós remoção.

“Eu já sabia que [a Homeopatia] ajudava” contou Harrison. “Então, pela minha experiência, eu aceitei o tratamento. Mas eu estava definitivamente nervoso porque não sabia que iam colocar uma agulha tão grande na minha boca. [Os remédios] me ajudaram muito a ficar calmo e relaxado.”

Com uma série de experiências bem-sucedidas, a Sra. Zanfagna passou a encarar a Homeopatia como uma vitória para a saúde de forma geral:

“Só há benefícios e nenhum dano”, opinou. “Se o remédio é certo para o seu corpo e a situação em que você está, você observará efeitos que vão te ajudar a passar por ela, e se não for,

você não observa efeito nenhum, não há efeitos prejudiciais. [...] Algo como o Tylenol, [...], que conta com xarope de milho e corante, que não são saudáveis para ninguém ingerir, o efeito disso pode ser um alívio imediato, mas, na verdade, está suprimindo o que o corpo está tentando expressar”.

Alguns cientistas, médicos e instituições, como o Serviço Nacional de Saúde da Inglaterra, insistem que não há evidências da eficácia da Homeopatia. Contudo, assim como sua mãe, Harrison não acredita em tal hipótese:

“A medicina moderna quer a gente num ciclo”, ponderou. “A gente toma o remédio deles, sente efeitos colaterais, eles dão mais medicamentos para o resto da vida e, basicamente,a gente fica preso nesse ciclo até morrer. Com Homeopatia, [...] não há efeito colateral. A gente não tem que tomar remédios pelo resto da vida e eles não tem a gente no ciclo que os médicos modernos têm”, concluiu.

Fonte: The Royal Gazette

Homeopatia para queda de cabelo

A perda de cabelo é um problema generalizado que afeta quase 60% da população da Índia, tanto homens quanto mulheres.Também conhecida como “alopecia androgenética”, é a causa mais comum de queda de cabelo em homens, afetando 58% dos indianos com idade entre 30 e 50 anos.

Tal condição é amplamente influenciada pelo dihidrotestosterona, um hormônio que enfraquece folículos capilares, impedindo-os de produzir cabelos saudáveis. A genética também desempenha um papel significativo, fazendo com que homens com histórico familiar de calvície sejam mais propensos a desenvolver a doença.

Nas mulheres, a queda de cabelo é frequentemente desencadeada por desequilíbrios hormonais ou fases da vida, como gravidez, menopausa e síndrome dos ovários policísticos. Cerca de 20 a 30% das mulheres indianas enfrentam queda significativa de cabelo, e muitas apresentam queda de cabelo perceptível antes mesmo de completar 30 anos. A queda de cabelo pós-menopausa também é uma preocupação crescente entre as mulheres, muitas vezes causada por uma mudança nos níveis hormonais.

A Homeopatia oferece uma abordagem natural sem efeitos colaterais para o tratamento da queda de cabelo, combatendo as causas subjacentes do quatro em vez de se concentrar nos sintomas, o que é característica de tratamentos convencionais.

Com mais de 40 condições médicas diferentes associadas à queda de cabelo, um diagnóstico preciso é fundamental. Ao tratar a causa principal da alopecia androgenética, a Homeopatia pode reduzir a queda do cabelo, estimular o crescimento dos fios e melhorar a saúde capilar geral.

Uma das principais vantagens da Homeopatia é sua capacidade de fortalecer o sistema imunológico, que desempenha um papel crucial na promoção do crescimento de cabelo, especialmente em áreas calvas irregulares. Os tratamentos homeopáticos utilizam ingredientes naturais, como plantas, minerais e outras substâncias adaptadas às necessidades individuais de cada paciente, tornando-os uma opção segura para a restauração capilar a longo prazo.

Para os homens, preparados homeopáticos como Phosphorus e Ácido Fluorídrico 30 são recomendados para tratar queda de cabelo irregular ou em mechas. Já a Thuya Occidentalis atua como um inibidor natural de dihidrotestosterona, retardando a calvície masculina.

Para as mulheres, remédios como Ferrum Phosphoricum ajudam na absorção de ferro, especialmente em casos de anemia, quadro que costuma estar ligado à queda de cabelo.

Fonte: The Health Site

COM A FALA, OS ATENDIDOS

Perônica Maria R. S. Pires

61 anos, terapeuta homeopata

Goiânia/GO

Fui procurada pelo senhor JDLP, 50 anos, morador no Município de Aparecida de Goiânia – GO, Optometrista e empresário atuante no Setor Campinas, Município de Goiânia - GO. Ele reportava dores dilacerantes com diagnóstico de nefrolitíase provocada por acúmulo de oxalato de cálcio e fosfato de cálcio; obstrução parcial uretral superior e hematúria. Desesperou-se com as conclusões médicas, com a possibilidade de ser necessária a intervenção cirúrgica devido às dimensões consideráveis dos cristais.

Durante anamnese, observei que ele era uma pessoa extremamente detalhista (cancerinismo), controladora (sicose), medo de falhar (psora) que se observava na religiosidade fer-

vorosa (tuberculínico), nas condutas terapêuticas aplicadas aos seus pacientes e na educação dos filhos.

Indivíduo extrovertido e sempre brincalhão (psora) em relações sociais. Adora perfumes (tuberculínico), preocupa-se de forma exagerada em sempre estar alinhado (vestimentas) (cancerinismo) e sempre cobrando dos outros que sigam esses princípios (sicose).

A agudez do problema trazido fez com que o foco fosse, inicialmente, para essa emergência. Ministrei o preparado homeopático Berberis vulgaris CH5 SH 20% 20ml, dissolvendo 8 gotas em 1,5L água da seguinte forma:

1ª. Hora – beber 50ml a cada 15 min. 2ª. Hora – a mesma medida a cada 30 min. 3ª. Hora em diante – consumir a mesma dose a cada hora até terminar.

A partir dos dias seguintes até o 15º dia, foi indicado dissolver 4 gotas em 50ml de água, três vezes ao dia.

Também ministrei Sarsaparrila CH5 SH 20% 20 ml, dissolvendo 5 gotas em 50ml de água, três vezes ao dia, durante 28 dias; e sugeri um copo de suco de melão a cada 6 horas.

Ao final do terceiro dia, as dores e a hematúria do paciente desapareceram completamente. Ele não foi capaz de identificar se os cristais foram expelidos, mas, em novo exame clínico, eles não estavam presentes em qualquer estrutura que compõe o sistema urinário. O tratamento continuará.

Lucivânia Keule Castelo Bezerra 45 anos, funcionária pública Asa Norte/DF

Em abril de 2024, passei por uma cirurgia de retirada de prótese de silicone das mamas, já que ela apresentava nodulações e meu quadro clínico era sugestivo de ASIA (doença do silicone), segundo avaliação do mastologista.

Após a cirurgia, passei por um processo bem chato: sintomas gastrointestinais e uma terrível insônia me atacou, tendo, como consequência, muita ansiedade. Procurei o pronto-socorro algumas vezes, mas os médicos só receitaram Rivotril, e eu recusava. Conversei com o médico que fez minha cirurgia, que tem formação em medicina integrativa. Ele fez diagnóstico de disbiose e relacionou a insônia com quedas hormonais. Cheguei até a consultar com o psiquiatra, que prescreveu Escitalopram e Donaren.

Conversei, então, com uma terapeuta homeopata, e ela receitou medicação para intestino, para insônia e ansiedade. Ela sugeriu que eu usasse o “Escitalopram homeopático”. Após

dois meses de uso das medicações homeopáticas, juntamente com acupuntura e medicina integrativa, pude voltar a ter noites de sono satisfatórias, a ansiedade reduziu e meu intestino voltou a funcionar de forma saudável.

No momento, estou finalizando remédios da homeopatia para desintoxicar meu organismo do silicone, tomando suplementos e hormônios da medicina integrativa.

O olhar das práticas integrativas recuperou meu sistema fisiológico e emocional. O tripé da homeopatia, acupuntura e medicina integrativa foi essencial para a recuperação da minha saúde.

EVITE MESMO A AUTOMEDICAÇÃO! PARA SABER COMO E QUANDO USAR CADA SUBSTÂNCIA CITADA NAS MATÉRIAS DESTA REVISTA, OU EM QUALQUER OUTRO LUGAR, PROCURE SEMPRE UM HOMEOPATA. HÁ RISCO DE EFEITOS INDESEJADOS, SE A PRESCRIÇÃO NÃO FOR FEITA ADEQUADAMENTE.

HOMEOPATIA A NOSSO FAVOR

Distúrbio do sono: o que é e como tratá-lo na Homeopatia

Ilustração: Mohamed Hassan/Pixabay.

Mais frequente em crianças e adultos, o distúrbio do sono é um termo genérico que engloba diferentes doenças e condições que afetam o sono, impedindo pessoas de adormecer ou obrigando-as a ter noites de sono de má qualidade, sem que se sintam descansadas. Caso o distúrbio persista, pode alterar a ordem física, emocional ou mental, acarretando problemas de saúde e de qualidade de vida.

De acordo com estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 72% dos brasi -

leiros sofrem de doenças relacionadas ao sono, entre elas, a insônia, que é considerada o tipo mais comum de distúrbio do sono. Caracterizada pela dificuldade de iniciar o sono e mantê-lo de forma contínua ou pelo despertar antes do horário desejado, essa condição pode estar relacionada a diversos fatores, de problemas clínicos a transtornos emocionais, além de se manifestar de forma isolada ou subjacente a alguma doença.

Na Homeopatia, quadros de distúrbios do sono, assim como quaisquer outras enfermidades, são vistos como o resultado de uma desarmonia na “energia vital” - um princípio imaterial presente em todos os seres vivos, responsável pela capacidade de organismos se manterem em equilíbrio. Mais especificamente no livro “Vade-Mécum de Prescrição em Homeopatia”, a insônia é explicada como a dificuldade de adormecer ou a perturbação do ritmo de sono com despertares noturnos frequentes, pesadelos, despertar matinal precoce e diminuição do tempo do sono.

Para o terapeuta homeopata Moacir de Sá Ferreira, 64 anos, de Arraial do Cabo (RJ), a grande vantagem de recorrer ao tratamento homeopático em casos como esse

é contar com uma abordagem terapêutica que atua nas causas sutis de quadros de adoecimento:

“Sua atuação vai além das dimensões física-emocional-mental do indivíduo, qual seja, a dimensão energética ou espiritual; pouco ou quase não considerada na busca da cura”, opina o profissional. “Para a Homeopatia, não existe ‘doença’, e sim, ‘doente’. Sob esta perspectiva, a grande vantagem da Homeopatia é tratar, de forma natural e na dimensão energética, o doente como indivíduo.”

A também terapeuta homeopata Bruna Salvate, 43 anos, de Brasília (DF) complementa:

“A Homeopatia consegue, muitas vezes, a diminuição ou o desaparecimento das insônias com a vantagem principal de não causar dependência química ou trazer efeitos colaterais danosos, como os remédios alopáticos”, assinala. “E também trata a causa do distúrbio de sono, não sendo apenas um paliativo.”

Foto: Bruna Salvate/Crédito: Genesio Soares

Foto: Moacir de Sá Ferreira/Crédito: Semíramis Brito de Sá Ferreira.

Segundo ambos os profissionais, as principais causas de insônia são problemas emocionais relacionados à ansiedade, à depressão, a medos, preocupações e ressentimentos, além de estilo de vida. Maus hábitos, como o sedentarismo, o uso excessivo de eletrônicos e a má alimentação também estão no topo da lista de adversários do sono.

De forma geral, existem vários preparados homeopáticos indicados para tratamento de insônia, como Chamomilla, Coffea cruda, Gelsemium sempervirens, Ignatia amara, Kalium phosphoricum, Passiflora e Valeriana officinalis. Contudo, é importante ter um conhecimento aprofundado da história de vida do paciente para indicar o medicamento correto e evitar consequências negativas, como o “efeito rebote”.

“Devemos considerar sempre a totalidade sintomática e os sinais que o doente apresenta no tratamento homeopático”, ressalta Ferreira. “Neste sentido, deve-se buscar o medicamento que apresente, com base no princípio de que o semelhante cura o semelhante [similia similibus curantur], um conjunto de sintomas semelhantes em indivíduos sadios que os experimentassem. [...] Cada indivíduo, criança, adolescente ou adulto, é único, portanto, a abordagem terapêutica deve ser individu -

alizada. A mesma ‘doença’ tem abordagem distinta para cada ‘doente’, de forma a reequilibrar a ‘força vital’.”

Novamente de acordo com Salvate, é importante destacar que a Homeopatia pode curar ou apenas aliviar sintomas de distúrbio do sono, uma vez que o sucesso do tratamento homeopático depende de diferentes aspectos:

“Sendo bem indicada, [a Homeopatia] pode, sim [curar quadros de insônia por completo], mas desde que os fatores externos sejam tratados. Ter um acompanhamento psicológico pode auxiliar muito. [...] Tratei uma menina de um ano, com distúrbio de sono após Covid. Como estava bem claro o ponto chave, utilizei Arsenicum album com o desbloqueador Cabo vegetabilis porque, durante o nascimento, a criança teve um episódio de asfixia neonatal. O caso foi resolvido em dois dias depois do início do tratamento.”

Se o paciente não alcançar o alívio dos sintomas ou a cura completa do quadro, ainda segundo a homeopata, o tratamento deve ser reavaliado:

“Muitas vezes, pode faltar um desbloqueador, como um nosódio, por exemplo, ou ser necessário um ajuste na potência,

“pondera Salvate. “Mas a psicoterapia deveria ser a primeira opção, sobretudo nos casos crônicos, para investigar as possíveis causas e ajudar no tratamento.”

Ferreira, por sua vez, acrescenta:

“Clarke, eminente homeopata, se referia, com constância, sobre à importância do conhecimento da sintomatologia dos diversos medicamentos. Esse conhecimento, que denominamos “Matéria Médica” dos medicamentos, habilitaria o médico ou terapeuta homeopata a tratar, com sucesso, os casos de doenças com os quais se deparasse. As dificuldades na obtenção dos resultados esperados no tratamento homeopático podem estar relacionadas ao terapeuta, ao paciente ou a ambos. A Homeopatia, como terapia integrativa, não pode prescindir de outras possibilidades a se somarem no esforço da obtenção da cura, como a psicoterapia, atividades físicas e nutrição, dentre outras.”

ENTREVISTA

Homeopatia no tratamento de doenças osteomusculares

Os distúrbios osteomusculares são condições que afetam diretamente o sistema musculoesquelético, que inclui: tendões, ligamentos, ossos e músculos, causando desgaste, dor ou limitação de movimentos. Seus tipos mais comuns são osteoporose, artrite, tendinite, bursite e os distúrbios de coluna.

Segundo dados do Ministério da Saúde, os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) são algumas das doenças que mais afetam os trabalhadores brasileiros. Entre 2018 e 2023, o país registrou 46.307 casos, e a faixa etária mais atingida foi de 40 a 59 anos, entre homens e mulheres.

Para falar sobre o tratamento homeopático como opção para aliviar sintomas e curar quadros de distúrbios osteomusculares, falamos com a terapeuta homeopata Sheila da Costa Oliveira, 64 anos, formada pela Universidade Federal de Viçosa e pela Homeobrás.

Foto: Sheila da Costa Oliveira/ Arquivo pessoal.

REH: Como a homeopatia define doenças osteomusculares?

Sheila da Costa Oliveira: Quando falta uma estrutura segura para o ser, - e é isso que a osteomusculatura significa: estrutura - a Homeopatia compreende que há grandes chances de estarem ocorrendo processos internos complexos de insegurança mental, emocional e energética que atrapalham a manifestação plena desse ser no mundo, sendo ou não acompanhados de fatores mais físicos e óbvios, como genética, deficiências nutricionais agudas ou crônicas e/ou traumas diversos. Há casos em que, mesmo com as entradas nutricionais adequadas e com a ausência de traumas, os problemas osteomusculares acontecem, indicando causas não materiais para o fenômeno.

REH: Quais são os tipos mais comuns de doenças osteomusculares?

Sheila da Costa Oliveira: Podemos ter todo o tipo de evento, desde os mais simples e diretos, como uma fratura, uma torção, uma luxação, uma contusão, uma ruptura de tendão, até os mais complexos e, muitas vezes, silenciosos, como a osteopenia, a osteoporose, o desgaste de cartilagens, as hérnias, as inflamações diversas, com tudo disparando dores agudas e crônicas, desconfortos e disfuncionalidades diversas.

REH: Quais são os sintomas mais comuns?

Sheila da Costa Oliveira: A dor costuma ser o sintoma mais presente, e varia de acordo com o grau de sensibilidade do ser adoecido e conforme a gravidade da disfunção estabelecida. A falta de resistência muscular e óssea também é bastante comum, com perda de equilíbrio, força e agilidade. Isso afeta diretamente a autoconfiança e a autoestima, contribuindo para o aparecimento de estados de espírito ligados ao medo e à depressão. Se os problemas osteomusculares não são resolvidos, isso agrava o medo,

levando a ansiedade, pânico e depressão agravada. O contrário também é bastante observado: pessoas com medo, insegurança e depressão cronificados podem desenvolver/complicar estados diversos de desequilíbrio osteomuscular.

REH: De quais formas a homeopatia contribui para o tratamento de problemas nos ossos e nos músculos?

Sheila da Costa Oliveira: A Homeopatia atua quebrando esses círculos viciosos e criando novas oportunidades de recuperação mental, emocional, energética e física. Recuperando a saúde em todos os níveis, o ser em tratamento responde melhor aos desafios que encontra em sua vida, e pode se tornar mais resistente, mais resiliente, capaz de suportar e vencer as adversidades.

REH: Como são realizados os diagnósticos de problemas osteomusculares?

Sheila da Costa Oliveira: A própria pessoa vai percebendo sinais e sintomas diferentes do habitual, tais quais redução de força e flexibilidade, com queda de objetos e perda de capacidade de movimento; dores esporádicas ou contínuas; torções, contusões espontâneas em pequenas tarefas; fraturas que demoram a consolidar; articulações que rangem e estalam, entre outras. No entanto, os exames laboratoriais e de imagem mostram com muita clareza a dimensão e os locais dos danos, ajudando nas decisões quanto às abordagens terapêuticas.

REH: Quais são as principais causas de doenças osteomusculares?

Sheila da Costa Oliveira: Começando pelo aspecto físico, a má nutrição é um grande fator de risco. Para manter ossos e músculos, nervos, tendões e cartilagens saudáveis, é preciso uma quantidade equilibrada de nutrientes, como proteínas, carboidratos de cadeia longa, gorduras boas, vitaminas e sais minerais.

No Brasil, a maioria da população não tem acesso suficiente a um cardápio equilibrado, gerando problemas desde a gestação. Junte-se a isso a pouca exposição ao sol, a baixa quantidade de movimentação, os déficits de sono e hidratação, e o conjunto do adoecimento osteomuscular está estabelecido.

REH: Qual é o impacto emocional de doenças osteomusculares na qualidade de vida e como a homeopatia pode colaborar?

Sheila da Costa Oliveira: O impacto adoecedor é muito forte no físico e na emocionalidade, pois os problemas osteomusculares afetam a funcionalidade do indivíduo e sua capacidade de ação e interação. Então, podem ocorrer, ao mesmo tempo, afastamentos do trabalho, impossibilidade de realizar tarefas cotidianas, perda de sono e apetite e de disposição, episódios de pânico e ansiedade, choro, estados depressivos agudos, ou crônicos, quando os problemas não são adequadamente tratados. A Homeopatia pode colaborar, e muito, na restauração do equilíbrio osteomuscular, bem como na estabilização do humor e da disposição, pois atua desde o nível celular até o energético, mental e emocional, promovendo o reequilíbrio global do ser. E digo ‘ser’ porque problemas osteomusculares podem afetar também os animais e as plantas, que a Homeopatia também trata, e com muito sucesso.

REH: A Homeopatia também pode atuar na prevenção de problemas osteomusculares? De quais formas? Sheila da Costa Oliveira: Com certeza. A melhor prevenção é sempre manter a pessoa em equilíbrio global satisfatório, o que qualquer medicação homeopática ajuda a produzir, pois nenhuma atua

localizadamente, sempre ecoando no sistema corporal e energético como um todo. Evidentemente, não será somente a medicação homeopática que promoverá isso, mas ela, em conjunto com a boa nutrição, os exercícios adequados, a boa hidratação e o bom repouso, pode promover maravilhas em termos de extensão da saúde osteomuscular, da funcionalidade do indivíduo e na sua harmonia de pensamento e emoção. Quando se começa o tratamento homeopático ainda em criança, os ganhos são muito maiores e mais positivos, pois o organismo recebe exatamente aquilo de que precisa para crescer tranquilo, amadurecendo sem grandes eventos de choque adoecedor, por estar tudo mais bem protegido e estimulado. Iniciando durante a gravidez, então, fica melhor ainda, pois o próprio desenvolvimento fetal correrá melhor, e a mãe se recuperará melhor da gravidez, do parto e do pós-parto, impactando isso em todo o ambiente familiar.

REH: Quais preparados homeopáticos costumam ser usados para tratar doenças osteomusculares? Por quê?

Sheila da Costa Oliveira: Na Homeopatia, temos medicamentos oriundos de todos os reinos – mineral, vegetal, animal. Para problemas osteomusculares, podemos usar qualquer um deles, desde que haja a similitude, isto é, a semelhança entre o remédio e o doente. É muito comum utilizarmos remédios minerais, porque se trata de problema na estrutura, o que os minerais cobrem muito bem: Mercurius, Aurum, Platina, Arsenicum, Ferrum, Magnesium, Phosphorus, Silicea, Natrum, Kalium, Calcarea estão presentes nos tecidos celulares, e, em consequência, nos ossos, e ajudam a compor músculos, cartilagens, tendões e nervos. Outros remédios, como os vege -

tais, podem ser bem positivos quanto às dores, como Hiperycum, Belladona, Coffea cruda, Chamomilla, Bryonia, Rhus toxicodendron, Carbo vegetabilis, entre muitos possíveis. Existem também os organoterápicos, como Osso, Cartilago, Tendão, Músculo, Medula, Cérebro, Mielina, Joelho, Articulação, Ombro, entre outros, capazes de atuar diretamente na área adoecida e equilibrar toda a região. Ao fazer a tomada de caso, o terapeuta precisa avaliar tudo holisticamente, para encontrar as melhores soluções e fazer as indicações adequadas. E é sempre bom frisar que, encontrando o similimum do adoecido, com um único medicamento se consegue o efeito equilibrador global.

REH: É possível alcançar a cura de doenças osteomusculares através da homeopatia ou apenas o alívio de sintomas? Por quê? Do que depende o resultado deste tratamento?

Sheila da Costa Oliveira: É possível curar, sim, a depender da boa escolha medicamentosa, do avanço da doença e da disposição da pessoa adoecida em adotar novos hábitos e procedimentos. Como a ação da homeopatia vai até o mental, emocional e energético, o equilíbrio nesses níveis mais imponderáveis se projeta no nível físico, curando, também, o corpo. Se a pessoa em tratamento modifica seu regime de vida, mesmo que aos poucos, a fonte das doenças vai sendo drenada e termina por secar, por assim dizer. Não é um trabalho para um dia, um mês ou um ano, mas, com persistência e clareza para realizar as mudanças necessárias, o sucesso pode vir sim, e garantir muitos anos de qualidade de vida e existência, para muitos.

Segunda Parte

HOMEOPATIA TAMBÉM É

CIÊNCIA

Estudos

Revista de HOMEOPÁTICOS

APRENDENDO COM VITHOULKAS

A evolução da teoria dos miasmas e sua relevância para a prescrição homeopática

George Vithoulkas1, Dmitry Chabanov2

1Academia Internacional de Homeopatia Clássica, Universidade do Egeu, Grécia

2Departamento de Pesquisa, Novosibirsk Center of Homeopathy, Novosibirsk, Rússia

Endereço para correspondência: George Vithoulkas, Alonissos, 37005, Espórades do Norte, Grécia (e-mail: george@vithoulkas.com).

RESUMO

Para a maioria dos profissionais de saúde que escolheram o desafiador caminho de compreender a homeopatia clássica, a teoria dos miasmas é a parte mais intrigante da nossa ciência e é uma área em que prevalecem muitos equívocos, críticas e controvérsias. Existem, hoje, muitas ideias e opiniões contrárias em se falando dos miasmas, com diversas classificações, muitas das quais acreditamos serem errôneas, confundindo muitos homeopatas e resultando em prescrições incorretas.

Aqui, esclarecemos os principais postulados da teoria dos miasmas, de Hahnemann, e analisamos como seus seguidores transformaram suas ideias no século seguinte, à luz das descobertas médicas. Isso nos possibilita compreender a relevância limitada da teoria dos miasmas para as prescrições atuais, e oferecer uma definição nova e precisa do termo miasma em relação às doenças modernas como o câncer e as doenças autoimunes. A forma como nós aplicamos essa teoria aos desafios de saúde do século XXI, dentre eles a crescente poluição ambiental e de outras toxinas, pode ter um papel importante no bem-estar futuro das populações humanas.

Palavras-chave: miasma, Hanhemann, doenças crônicas, hereditário, herdado, predisposição.

Introdução

A teoria dos miasmas foi primeiramente apresentada pelo Dr. Hanhemann em seu trabalho Doenças crônicas, sua natureza peculiar e sua cura homeopática1, publicado em 1828, quando contava seus 70 anos. Baseado em suas observações de uma vida inteira na medicina, como médico, e depois, homeopata, o livro traz questionamentos profundos sobre a natureza da saúde e da doença. Nosso propósito neste artigo é o de revisitar a teoria dos miasmas, de Hanhemann, e lançar luz ao seu desenvolvimento histórico nos cem anos seguintes, através dos escritos dos “antigos mestres”, para reavaliar sua relevância para a teoria, ensino e prática homeopática dos dias atuais.

Hanhemann revelou como a sífilis e a gonorreia, assim como erupções cutâneas infecciosas, como sarna, micose, hanseníase, e todas as infecções de pele não- autolimitadas, permaneciam no organismo e se aprofundavam até causarem a morbidade final do paciente.

Já se sabia que essas doenças eram transmitidas de pessoa para pessoa, com o auxílio de um determinado princípio ou agente infeccioso que, na época, era chamado de “miasma”. Contudo, Hanhemann foi o primeiro a identificar que, em nenhuma situação, a doença deve ser deixada sem tratamento, ou o contrário, que o médico simplesmente suprimisse os sintomas iniciais; essas duas estratégias aceleram a penetração da doença para mais fundo no organismo.

Hanhemann também procurou saber qual era a origem de outras doenças crônicas não-venéreas, como a asma, a epilepsia, a nefrite, a artrite e o câncer. Como já havia compreendido as leis básicas da patogênese das doenças crônicas, começou a buscar outros agentes infecciosos, tendo absoluta certeza de que, como na sífilis e na gonorreia, ou “sicose”, como a chamava - do grego “verruga de figo” - deveria haver outros miasmas capazes de penetrar o corpo pelo lado de fora. À medida que Hanhemann foi desenvolvendo seu entendimento, ele acreditava ser este o miasma da Psora (sarna), uma infecção extremamente contagiosa que a pessoa pode contrair em qualquer momento da vida.

Para recapitular, os principais postulados da teoria dos miasmas, de Hanhemann, eram:

1.Todas as doenças crônicas são resultado de uma contaminação externa: isto é, uma infecção aguda deixada sem tratamento ou suprimida.

2.Havia apenas três miasmas contagiosos: Psora, Sicose e Sífilis.

3.A Psora havia infectado quase todo mundo no planeta até aquele momento. A contaminação ocorria mais frequentemente no parto ou durante a amamentação. Todas as doenças crônicas pertenciam à Psora, exceto a lista muito limitada dos sintomas da sífilis e da gonorreia.

4.Os primeiros sintomas de infecção sempre eram produzidos pela “força vital” afetada na superfície do corpo. Na Psora, há erupções de pele pruriginosas, na Sífilis, a úlcera do cancro e, na Sicose, secreções, uretrite e condilomas.

5.Essas erupções cutâneas e secreções eram sintomas compensatórios, a “válvula de escape” de uma doença geral que afetava todo o organismo2, e não deveriam ser suprimidas, caso contrário, lesões internas se desenvolveriam.

6.Embora os sintomas de um paciente possam variar em diferentes momentos de sua vida, todos fazem parte de uma doença crônica mais profunda. Não é só insensato, mas pode ser também prejudicial tratar essas manifestações locais como sendo separadas e desconectadas.

7.Para se curar inteiramente uma doença, incluindo suas raízes, é necessário considerar sua profundidade e alcance e, para isto, o homeopata precisa coletar cuidadosamente a história completa do caso e selecionar o remédio que cobre o maior número de seus sinais e sintomas atuais.

8.Durante o processo dinâmico de cura com o remédio correto, há um padrão observável de expressão dos sintomas: eles recuam de expressão interna para expressão externa, enquanto aqueles que apareceram por último começam a ser curados antes daqueles que apareceram primeiro (ou seja, recorre uma erupção cutânea/secreção gonorreica, ou a mudança de cor em uma cicatriz sifilítica).3-5

Hanhemann e a herança dos miasmas

Hanhemann nunca escreveu explicitamente sobre a possibilidade de passar um miasma para as novas gerações como “herança” no sentido moderno. Ele faleceu apenas oito anos após a publicação da segunda edição de Doenças crônicas1 e, infelizmente, não viveu o suficiente para observar as sucessivas gerações de famílias exibindo sintomas da gonorreia, sífilis ou Psora herdadas. Sem dúvidas, se ele tivesse vivido mais, teria conseguido confirmar o que agora sabemos ser verdade sobre a natureza hereditária dos miasmas.

No entanto, ele suspeitou que este era o caso, evidenciando isto em duas importantes notas de rodapé, na 6ª edição de O Organon, onde ele usa a palavra “Erbschaft” (alemão para “herdado”, “passado a diante” ou “contemplado”) neste contexto. Em Doenças crônicas1, ele afirma que a transferência de um miasma não era devido à transmissão de uma infecção primária em termos físicos. Ele acreditava que a transmissão da infecção de mãe para filho não era puramente uma infecção física,

com os sintomas primários, mas descreve como sendo um “vírus venéreo” transmitido através de “absorção”, que sutilmente penetrava nos órgãos e sistemas profundos do corpo. Esta é uma percepção notável, visto que o conceito de infecção viral ainda seria descoberto e confirmado por Dmitry Ivanovsky mais de 60 anos depois.

Hanhemann sugeriu, com detalhes, várias formas possíveis de transmissão de uma infecção.1,7 Falando da sífilis e da gonorreia, que ele conhecia muito bem - a julgar por seu artigo Instruções para cirurgiões a respeito das doenças venéreas7 - ele falou sobre os miasmas congênitos, ou seja, sintomas presentes desde o nascimento, que pareciam ter sido “herdados” da mãe durante o parto, via “infecções locais” no trato genital da mãe.8 As conclusões dele foram similares em relação à Psora. Essa afirmação de Hanhemann mostra claramente que, nesse grupo dos infectados pelo miasma Psórico, ele incluía quase toda a humanidade. Ele não quis dizer que todas as pessoas nascem com uma infecção primária de sarna ou micose, mas que a maioria delas herdaram a Psora já de seus antecedentes, ao nascer, ou após o nascimento, mostrando sua compreensão sobre o conceito de hereditariedade. Naturalmente, no início do século XIX, com os limitados conhecimentos médicos, teria sido difícil para Hanhemann assumir a possibilidade da transmissão genética de miasmas ou predisposições para diversas outras doenças.

Além de Hanhemann – A evolução da teoria dos miasmas

Hering: Elaboração da teoria das doenças crônicas – a Lei da Cura

O Dr. Constantino Hering (1800-1880) nasceu na Alemanha e mudou-se para os Estados Unidos na segunda metade de sua vida. Em 1824, tornou-se aluno de Hanhemann e, mais tarde, seu amigo e colaborador, até a morte de Hanhemann, em 1843; é o pai da homeopatia clássica americana. Sua grande contribuição para os achados de Hanhemann em Doenças crônicas1, a respeito da Lei da Cura, foi sua observação de que os sintomas se movem das regiões mais altas do corpo para as mais baixas durante o processo de cura.4

Os meados do século XIX foram tempos de rápidos avanços para a teoria celular (M. Shleyden, T. Shvann, em 1839; Rudolph Virchow, em 1855) e para a microbiologia experimental. Pode ser que Hering tenha sentido que a afirmação de Hanhemann de que a maioria das doenças crônicas surgia de uma infecção através da pele, por um agente infeccioso, poderia se mostrar controversa naquele momento e, portanto, prejudicial à reputação da homeopatia.

Muito provavelmente, por este motivo, Hering falou muito pouco sobre os miasmas ou minimizou a importância deles. Dito isto, em sua introdução à 3ª edição americana do Organon, Hering deixa claro que a teoria miasmática nunca foi central em sua prática: “Qual importante influência pode exercer, quer a homeopatia adote as opiniões teóricas de Hanhemann ou não, desde que mantenha as regras práticas do mestre e a Matéria Médica de nossa escola? Que influência pode ter se um médico adota ou rejeita a teoria da Psora, desde que ele sempre selecione o remédio mais similar possível?”9

O Conceito de Kent: Miasmas não por infecções, mas como predisposições oriundas de transgressões morais

James Tyler Kent (1849–1916), o grande homeopata americano, foi autor do repertório homeopático mais popular até os dias de hoje, de sua própria Matéria Médica e da obra Lições de filosofia homeopática10, publicado em 1900. Foi também um reconhecido idealista, convencido da primazia da energia sobre a matéria e altamente influenciado pelo trabalho de Emanuel Swedenborg, um teólogo cristão, cientista, filósofo e místico sueco. Isto levou Kent a buscar pelas causas de todos os fenômenos no universo, incluindo o que acontece no “âmago” do ser humano.

Kent defendia que a mente humana determina completamente o estado da “substância simples” (como ele chamava a “força vital”), assim como de todo o organismo, que ele chamava de “a casa em que o homem vive”. Isso impulsionou Kent a buscar as causas espirituais das doenças, ao invés das puramente físicas. Ele não considerava as infecções como sendo as verdadeiras causas das doenças crônicas, a partir de um miasma apenas, como Hanhemann descreveu, mas sim, uma predisposição criada no organismo devido a uma “transgressão da consciência”.

Esta crença central sustentou fundamentalmente a abordagem de Kent aos miasmas, e alguns o acusaram de se desviar demais do conceito original de Hanhemann. Tais predisposições, declarava ele, eram formadas quando o homem transgredia sua ética moral.11 Devido à sua firme convicção de que uma predisposição deveria estar presente para que uma pessoa fosse infectada, Kent simplesmente não conseguia cogitar que as causas das doenças fossem independentes da suscetibilidade herdada, nem que um agente infeccioso fosse exclusivamente responsável pela infecção.11-

A conclusão dele foi que a consciência de uma pessoa, distorcida por pensamentos negativos, leva à uma distorção no fluxo de sua “substância simples” ou “força vital”, e é isso que predispõe o organismo a todas as doenças possíveis.11 Ele via a infecção microbiana como secundária, e percebida somente em pessoas com uma “força vital” já comprometida. Como exemplo, podemos citar casos em que o paciente tem diversos rinovírus presentes na mucosa nasal sem que isso o incomode; mas, assim que é exposto ao clima frio, a quantidade de vírus aumenta exponencialmente, com sintomas de um resfriado comum se desenvolvendo imediatamente. Isto indica que não é a presença do vírus que provoca o surgimento de uma doença, mas sim a predisposição geral do organismo, que é determinada pela qualidade do sistema imune do paciente quando sob determinado estresse, seja ambiental ou interno.

Tendo observado este fenômeno, a convicção de Kent era a de que se não houvesse a predisposição, não haveria a possibilidade da infecção. Isso, acreditava ele, era o motivo pelo qual em uma única família vivendo junta, você pode observar um membro da família ser infectado por um vírus e outros não serem afetados.14 Nas crianças infectadas com sarna, ele postulava que não era a ética moral das crianças que os tornava propensos à infecção, mas a predisposição herdada dos pais.

Embora as crenças de Kent possam parecer extremas para nós, hoje, ele estava, naturalmente, correto, de certa forma, quando supunha que a mente distorcida poderia, de fato, precipitar uma doença. Atualmente, estamos bem cientes da psiconeuroimunologia e de como o estado mental doentio de uma pessoa, como um ego super inflado, ambição excessiva, ressentimento, fanatismo ou raiva crônica, pode predispor ao desenvolvimento de doenças físicas. Essa foi uma evolução importante das ideias originais de Hanhemann.

É impressionante, também, que Kent, assim como Hanhemann, abraçaram a ideia de que os blocos de construção da vida são uma manifestação da energia sutil, um chamando-a de “substância imaterial” e o outro de “força vital”. Agora, cerca de duzentos anos depois, pesquisas na física quântica indicam que esses blocos de construção da vida podem, de fato, consistir em campos de forças.15,16

John Henry Allen: O surgimento da Sicose e o conceito da diátese miasmática

J.H. Allen (1854–1925) foi professor na Faculdade de Medicina de Chicago, onde Kent lecionou desde 1909, após seu longo mandato como professor na Faculdade de Medicina da Filadélfia.

Allen, como Kent, expressou sua crença de que os microrganismos só começavam a se desenvolver após o momento da infecção quando uma predisposição do paciente estava conectada à uma infecção.17 Allen associou a etiologia da Psora, assim como a etiologia dos demais miasmas, com os pensamentos negativos e a violação da consciência da pessoa.18,19 Qualquer conexão da Psora com uma determinada “infecção pruriginosa”, como Hanhemann na verdade escreveu, foi categoricamente rejeitada por Allen.

Na verdade, Allen depreciou publicamente o valor da Psora, sem dúvidas influenciado pelo aumento epidêmico da gonorreia em sua época. De fato, provavelmente agravado pelos tratamentos alopáticos supressivos da gonorreia, o miasma Sicose estava ativo em cerca de 80% da população naquela época.19,20 Compreensivelmente, Allen acreditou, então, que a Sicose, e não a Psora, era o principal miasma da humanidade. A maioria dos sintomas e das patologias anteriormente atribuídas por Hanhemann à Psora, agora eram atribuídas, por Allen, à Sicose.21 Essa teoria se provou plausível, já que o gonococo, agente causador da gonorreia, tinha sido descoberto nessa época, o que amenizou um pouco o fervor dos críticos da homeopatia. A Psora, com sua origem controversa descrita por Hanhemann (um agente abstrato, pruriginoso e contagioso), foi retrocedendo gradualmente.

Com a Sicose agora considerada tão importante, a maioria dos remédios que Hanhemann descreveu como antipsóricos foram posteriormente declarados por Allen como antissicóticos.21 No entanto, para o bem dos profissionais homeopatas, ele não ofereceu instruções (além do princípio do simillimum) para dar remédios antissicóticos específicos em um caso de Sicose, ou, na verdade, em qualquer outro miasma. Portanto, com efeito, a maioria dos remédios homeopáticos eram vistos por Allen como “polimiasmáticos”.

Allen talvez seja mais lembrado por sua valiosa introdução à ideia de “diátese miasmática” - ou seja, a tendência de um determinado miasma de causar certas lesões no organismo - assim como por seu trabalho de classificar os sintomas com base nisso. Por exemplo, ele via as lesões e úlceras ósseas como sifilíticas, as inflamações das membranas mucosas e crescimento excessivo como sicóticos, etc.22,23 Baseado na ideia de sua “diátese miasmática”, a tuberculose foi declarada como sendo uma combinação de Psora e Sífilis (inflamação junto com danos aos nodos linfáticos e destruição tecidual), e classificou-a como “pseudo-Psora” em contraste com Hanhemann, que atribuiu a tuberculose à Psora, como a maioria das doenças.24

Allen também sugeriu que a vacinação estava contaminando toda a população com a Sicose e declarava essa prática como “perniciosa”25 Essa crença provavelmente veio de sua observação de que, nessa época, apenas a vacinação contra a varíola era generalizada, cujas complicações frequentes exigiam principalmente Thuja.

O que é de grande importância para essa discussão é que Allen foi o primeiro a afirmar, explicitamente, que os miasmas eram herdados, e que as crianças nasciam doentes.19,26 Deve-se entender que essa ideia já era amplamente aceita no início do século XX, em que as descobertas na biologia já revelavam e provavam, de forma convincente, os mecanismos da transmissão hereditária das doenças ou predisposições no organismo humano.

Antes de deixarmos Allen, há um último aspecto chave de sua teria dos miasmas que não podemos ignorar. Assim como o conceito de miasmas de Kent, a obra de Allen difere radicalmente da ideia original de Hanhemann. Contudo, Allen escreveu, de forma insistente e convincente, que não havia diferença fundamental entre suas ideias e a visão de Hanhemann, incluindo a compreensão da causa dos miasmas. Esta declaração nós sentimos ser, em grande parte, responsável pela confusão na mente das gerações subsequentes de homeopatas.

Stuart M. Close: Foco na Tuberculose

Stuart M. Close (1860–1929) estudou na Califórnia, onde graduou-se médico homeopata em 1885. Em 1905, foi eleito presidente da Associação Hahnemanniana Internacional, e de 1909 a 1913, foi professor no Instituto de Homeopatia de Nova Iorque. Suas aulas foram publicadas no Homeopathic Recorder e, mais tarde, tornaram-se os moldes de seu excelente livro The Genius of Homeopathy.27

A compreensão de Close sobre os miasmas era fundamentada pela microbiologia e medicina modernas que, na época, tinham comprovado a possibilidade de as infecções serem transmitidas atra -

vés de vários vetores de doença (piolhos, carrapatos, mosquitos, pulgas, etc.). Ele também levou em consideração a ampla disseminação epidêmica da tuberculose, no início do século XX, na Europa e nos Estados Unidos.

Refutando diretamente a convicção de ambos, Kent e Allen, de que as doenças eram produto de uma consciência humana maculada, Close declarou que, indubitavelmente, um miasma é uma infecção e implica a contaminação externa de uma pessoa, exatamente como o entendimento do próprio Hanhemann. Os miasmas, de forma alguma, eram diáteses ou discrasias.28 No caso da sífilis, a origem infecciosa (miasma) era claramente o treponema pallidum, no caso da gonorreia, o gonococo, e no caso da Psora, o mycobacterium tuberculosis. Close considerava que o ácaro da sarna era provavelmente o único vetor dessa bactéria.28 Outras bactérias cooperando dentro do organismo com a infecção tubercular produziriam várias manifestações da Psora.

Ele claramente afirma que Hanhemann referia a tuberculose à Psora não por acidente28, e que todos os sintomas e doenças relacionados à Psora, segundo Hanhemann, eram resultado da contaminação do organismo com o mycobacterium tuberculosis. Portanto, Close explicava que Psora e tuberculose eram exatamente a mesma coisa.28 Ele tinha certeza de que a ciência, depois de 100 anos, finalmente havia descoberto a real causa da Psora, como descrito por Hanhemann. Em The Genius of Homeopathy27, ele acertadamente chama nossa atenção para a tuberculose, falando sobre a importância dessa infecção como fator desencadeante de uma série de doenças humanas subsequentes. Esta é uma contribuição notável para a teoria de Hanhemann sobre os miasmas, embora agora saibamos que ele estava errado em sua afirmação de que a infecção pela tuberculose era a principal causa de quase todas as doenças crônicas.

Margaret Lucy Tyler: A sarna como um vetor, miasmas agudos Tyler (1859-1943) foi uma renomada homeopata britânica e uma seguidora fiel de Kent. Trabalhou como médica no Royal London Homoeopathic Hospital por mais de quarenta anos e foi autora de muitos livros e publicações. A teoria miasmática foi desenvolvida por Tyler em seu livro Hahnemann’s Conception of Chronic Disease (Caused by Parasitic Microorganism)29, em que, concordando com Hahnemann, supôs que um ácaro da sarna poderia ser um portador de infecção (ela supunha que poderia ser um determinado vírus).

Uma das contribuições de Tyler para a teoria dos miasmas foi a de que ela descreveu e demonstrou claramente o potencial dos remédios miasmáticos agudos, prescrevendo-os frequentemente com bons resultados para os efeitos a longo prazo da doença aguda, nos casos em que um paciente “nunca mais esteve bem desde” uma infecção aguda grave. É conhecida por ter prescrito Variolinum para pacientes que tinha tido varicela até mesmo cinquenta anos antes e tinham desenvolvido alguma sequela; Pneumococcinum para enfermidades após uma pneumonia (por exemplo para crises de coreia); Influenzinum para epilepsia e outras doenças pós-gripais; Diphtherinum, etc.

A compreensão e aplicação da teoria dos miasmas pelos antigos mestres

Está claro que a evolução da teoria dos miasmas desde os tempos de Hanhemann reflete as descobertas da ciência médica nos últimos duzentos anos. Contudo, é de crucial importância que, embora Hanhemann e os que vieram depois dele, possam ter divergido em suas opiniões sobre a forma de transmissão ou sobre os fatores precipitantes da ativação de um miasma em um paciente, eles convergiam em sua abordagem ao tratamento.

Kent, assim como Hering, não dividiram nossos remédios em antipsóricos, antissicóticos ou antissifilíticos, e sempre enfatizaram a importância de tomar a totalidade dos sintomas e prescrever com base no simillimum, encorajando seus alunos a focar no Organon e no conhecimento da Matéria Médica. De modo similar, Close e Tyler aderiram à uma abordagem estritamente individualizada, com a escolha dos remédios baseada no princípio da similitude ou simillimum.

É certo que Allen postulou a importância vital de encontrar o remédio para o denominado “miasma ativo”30,31, mas isso, na verdade, era essencialmente uma prescrição do simillimum, com base nos sintomas mais recentes, proeminentes e peculiares32, levando em conta o estado psicológico do pacietne33, como o próprio Hanhemann havia recomendado. Allen não fez uma conexão direta entre o miasma ativo e a escolha de um remédio. Ele afirmava que, no caso de uma Sicose, o remédio necessário poderia ser Sulphur, Calcarea carbonica, Lycopodium ou Psorinum, etc. Sua abordagem era a mesma para um caso de tuberculose ou sífilis.

De fato, um miasma ativo em um paciente não tinha real importância em se tratando da prescrição no consultório. Essa orientação clara e consistente dos mestres prescritores do passado não pode ser ignorada e deve ser um consolo para os alunos que lutam para aprender a avaliar e prescrever para um paciente sob uma perspectiva miasmática. Repetidamente, esses louvados homeopatas demonstraram que, como sempre, somente os sintomas apresentados pelo paciente devem ser nosso guia para a escolha do remédio, isentos de conceitos direcionados sobre medicamentos antipsóricos, antissicóticos ou antissifilíticos.

Os perigos do prisma miasmático

Podemos aceitar que a teoria miasmática ativou a imaginação de muitos homeopatas bem-intencionados nos tempos modernos. No entanto, temos demonstrado que isso não pode justificar suas orientações para ver cada caso exclusivamente sobre o prisma miasmático, particularmente aqueles que defendem a prescrição de vários remédios denominados “miasmáticos”, ou nosódios, no início do tratamento para “desintoxicar” o suposto miasma do paciente. Nós acreditamos que essa prática não seja apenas desnecessária, mas também prejudicial para a recuperação do paciente.

Prescrever remédios miasmáticos na primeira consulta para “limpar o terreno”, como dizem, acreditando que isso revelará o remédio crônico correto logo abaixo, quase sempre resulta na confusão de um caso. Isso é especialmente verdadeiro em casos de patologias profundas, onde é imperativo que uma série de remédios cuidadosamente escolhidos seja dada, em ordem específica, com tempo substancial entre as doses, para permitir que cada remédio complete sua ação e a “força vital” responda plenamente.

Acreditamos que prescrever os remédios miasmáticos Psor., Med., Syph. ou Tub., como parte de um protocolo de rotina para o início do tratamento, como muitos homeopatas fazem, quando os sintomas que pedem estes remédios ainda não estão claramente indicados (apenas suspeita-se que estão na base), é uma prática incorreta que pode ter efeitos colaterais negativos e muitas vezes duradouros. Os remédios agem em uma frequência vibracional semelhante à patologia que está sendo tratada; se o remédio não for o simillimum, ele pode causar um “barulho” injustificado e, assim, confundir a sintomatologia (produzindo sintomas de experimentação). Se for necessário comprovação, podemos recorrer à experiência dos homeopatas mais antigos, que foram chamados para tratar muitos casos em que as doenças venéreas tinham sido tratadas incorretamente e que posteriormente tornaram-se confusas com o uso desses protocolos. É totalmente errado crer que com tal prática o remédio irá “desintoxicar” o organismo do suposto miasma.

Isso é especialmente relevante em pacientes com um baixo nível de saúde.34,35 Temos observado que quanto mais baixo esse nível, mais complexa e profunda é a patologia do paciente, e maior a predisposição para diferentes doenças crônicas. Desta forma, o padrão do remédio em organismos enfraquecidos torna-se cada vez menos coerente; em outras palavras, o caso torna-se mais confuso devido à presença de mais de um miasma ativo.35,36 Nestes casos de patologia profunda, onde o remédio mais importante não pode ser discernido de forma fácil e clara, devemos ter muita cautela ao escolher tanto o remédio quanto a potência, apelando para uma tomada de caso mais completa, para nosso mais profundo conhecimento da matéria médica e para uma compreensão clara do histórico de saúde do paciente.

Prescrever remédios “miasmáticos” neste momento, muitas vezes em potências altas, como parte de um protocolo de “limpeza”, pode ser altamente prejudicial para o caso. Se a prescrição for incorreta, tanto na escolha do remédio quanto na potência, e for repetida com frequência, é quase certo que ficará gravada no organismo e irá alterar, distorcer ou mesmo suprimir a expressão autêntica dos sintomas. Isso torna impossível, mesmo para os melhores profissionais, discernirem qual é, ou qual deveria ter sido, o primeiro remédio para começar o tratamento.

Uma pessoa com tuberculose, por exemplo, nem sempre será curada com Tuberculinum como primeiro remédio; poderá ser curada por Phosphorus ou Calcarea carbonica, ou qualquer remédio que apareça na camada mais alta da sintomatologia, no início do tratamento. Mais tarde, a imagem de Tuberculinum poderá surgir, à medida que o organismo ganha coesão, e este será, então, o momento de prescrever o remédio miasmático. Da mesma forma, o que parece ser um paciente com sintomas sicóticos poderá começar seu tratamento com Mercurius solubilis ou Sulphur. Para eliminar determinada predisposição, poderá ser preciso dar três ou mais remédios no período de muitos anos, dando-os em estrita concordância com o princípio da similitude.35,37 É imperativo dizer aos nossos alunos que Medorrhinum, Syphilinum, Psorinum ou Tuberculinum não devem ser dados às cegas, mas apenas quando podemos ver, claramente, pelo menos três ou mais de seus sintomas-chave.

Não há necessidade de discutir um caso em termos de sintomas latentes de Psora, Sífilis ou Sicose, que são incompreensíveis para a maioria dos homeopatas, mas sim, falar sobre “sintomas da patologia latente” (ainda não desenvolvida). Nossa comunidade homeopática deve resistir em taxar nossos pacientes como do tipo sicóticos, sifilíticos ou tuberculares, ou em dividir nossos remédios em psóricos, sicóticos, tuberculares ou sifilíticos. Apenas expliquemos aos nossos alunos e colegas com base em quê - a saber, os sintomas apresentados - escolhemos nossos remédios. Isso é tudo que precisamos para curar.

Uma compreensão contemporânea dos Miasmas de Hanhemann Devido ao grande respeito à genialidade do fundador da Homeopatia, continuamos a utilizar o termo “miasma” ainda hoje, dois séculos depois, mas está claro que existe uma confusão, mesmo entre os homeopatas mais habilidosos, a respeito do seu significado essencial e, por conseguinte, de sua relevância para a prática. O termo “miasma” aterroriza a qualquer principiante da homeopatia, e ainda mais aos médicos da medicina convencional. Para seguir adiante e atuar de forma efetiva, precisamos definir novamente nossa compreensão coletiva do termo, reconhecendo tudo o que foi escrito a partir de Hanhemann e à luz de duzentos anos de descobertas médicas.

A teoria dos miasmas, segundo nossa compreensão contemporânea, dentre diversos outros fatores, fornece conceitos valiosos que explicam como a saúde da humanidade tem se encontrado nesse terrível estado atual de morbidade. Foram principalmente as doenças infecciosas agudas, como a sífilis, a gonorreia, a Psora e a tuberculose, e a supressão delas pelos meios terapêuticos disponíveis na época, que estigmatizaram a humanidade com suas sequelas sinistras. Acreditamos que esta é a razão pela qual, em nossos tempos modernos, nós desenvolvemos a predisposição para adoecer com tamanha variedade de doença crônicas. É a genialidade de Hanhemann que hoje nos permite lutar contra os efeitos dessas doenças com o uso da homeopatia.

Aqui está nossa recomendação para uma nova definição contemporânea, baseada na sabedoria dos mestres prescritores e em nossa própria experiência clínica:

Um miasma deve preencher cada uma das cinco condições :

I.Deve ter sua origem em uma fonte específica de natureza infecciosa (bactéria, vírus, etc.). Se tal condição aguda for tratada de forma inadequada ou se for permitido seu desenvolvimento, ela amiúde se precipitará em sequelas de sintomas e patologias crônicas.

II.Tal infecção deve ter a tendência de produzir sequelas de uma patologia mais profunda, se deixada sem tratamento ou se for suprimida.

III.Seu efeito crônico pode ser transmitido para a geração seguinte, não como uma infecção primária, mas como uma predisposição via genoma (do recém-nascido, através do DNA ou de uma infecção no momento do nascimento, etc.) criada a partir das diferentes infecções dos ancestrais de uma pessoa, mediante diversas formas de transmissão da sífilis, da gonorreia, da sarna ou da tuberculose.34

IV.Quando necessário, o nosódio do agente infeccioso (Med., Syph., Psor., Tub.) deve conseguir curar um número suficiente de casos que apresentem a sintomatologia relevante (isto é, sintomas claros de Medorrhinum, Syphilinum, Psorinum ou Tuberculinum).

V.A condição miasmática (patologia subjacente) de um dos pais não necessariamente é transmitida com uma manifestação idêntica na patologia da criança, pois é sempre modificada pela condição de saúde do outro progenitor.

O que um miasma não é

Toxicidade ambiental e outros agentes nocivos

A partir da discussão acima e da nova definição de miasma, pode-se justificar o questionamento sobre como devemos categorizar as condições patológicas decorrentes do que são claramente, e cada vez mais, a maior ameaça atual para saúde humana em todo o mundo. Referimo-nos aos fatores ambientais como a poluição, o uso disseminado de pesticidas, e os efeitos colaterais das drogas prescritas e das de venda livre, tais quais a quinina, cortisona, antibióticos como a Canamicina, como também as vacinas, as drogas narcóticas, além dos traumas por estresse psicológico severo, etc. Estes são muito prevalentes no século XXI e estão claramente afetando a integridade de toda nossa saúde coletiva, tendo um papel equivalente, juntamente aos miasmas ativos, no estado de comprometimento da saúde humana atualmente. Com o tempo, talvez vejamos que esses fatores deixam suas impressões não apenas em nós, mas também em nossos filhos e netos, criando nova predisposição talvez até para novas doenças. Dito isto, eles não são miasmas no verdadeiro sentido. Pode-se perguntar como nós devemos definir e tratar essas predisposições formadas sob tais influências. Embora essas predisposições não possam ser chamadas de miasmas, se encontrarmos casos em que os efeitos colaterais tenham sido estimulados por uma determinada droga ou poluente, justifica-se, às vezes, prescrever a substância específica em uma potência alta, de 200c para cima, se outros remédios indicados não se mostrarem curativos para o caso. Mesmo assim, precisamos ter certeza de que avaliamos detalhadamente o histórico do paciente e fazer essas prescrições somente quando estiver claro que uma determinada substância é o agente causador que afetou a saúde do paciente. Não recomendamos a atual prática popular e possivelmente prejudicial, em que tais remédios são dados como parte de um protocolo ou sequência de prescrições de “desintoxicação” baseadas meramente em uma lista de todas as toxinas potencialmente nocivas ingeridas ao longo da vida do paciente.

Casos em que as crianças herdam a predisposição dos pais afetados por essas substâncias tóxicas não devem ser confundidos com a predisposição genética, que é passada para o recém-nascido e é determinada pela condição de saúde dos pais no momento da concepção, juntamente com a suscetibilidade de seus próprios antepassados.38

Câncer e imunodeficiências

Muitas vezes vemos que os pais portadores de doenças como psoríase claramente passam suas patologias intactas para seus filhos. A transmissão dessas patologias ou predisposições, incluindo a predisposição ao câncer ou a qualquer outra imunodeficiência, não pode ser categorizada como um miasma da forma como os eles foram concebidos por Hanhemann ou como foram descritos por nossa nova definição. Diversos autores na homeopatia as apresentaram como miasmas, mas, a verdade é que essas doenças não preenchem um ou mais critérios que as caracterize como miasmas, já que lhes falta a qualidade infecciosa, que era primordial no pensamento de Hanhemann.

Como, de fato, foram criadas múltiplas patologias como essas, ao longo das diferentes gerações da história humana, é uma questão fascinante, que ressoa com a teoria miasmática de Hanhemann e a criação de uma predisposição a certas doenças. No entanto, este é um assunto complexo que se estende além desta discussão e poderá ser discutido em um futuro artigo.

Conclusão e panorama

Para concluir, é importante que tanto os alunos quanto os profissionais da homeopatia percebam que não devem ser intimidados ou paralisados pela teoria dos miasmas. Na verdade, pelo menos na prática diária, temos demonstrado que ela não tem valor ou aplicação clínica confiável.

A questão premente de nosso tempo é como tratar e curar o ataque à constituição humana pela poluição, o uso excessivo e, muitas vezes, desnecessário de drogas alopáticas, e as muitas tensões da vida moderna. Dito isto, conforme demonstraram nossos grandes prescritores - Kent, Allen, Tyler, Lippe e outros - para curar um caso, os principais sintomas de uma prescrição devem invariavelmente basear-se não no miasma ativo identificado ou em um programa de “desintoxicação”, mas, como sempre, nos sintomas-chave, nos sintomas estranhos, raros e peculiares apresentados - como Hanhemann os descreveu no parágrafo 153 do Organon, mais de duzentos anos atrás - bem como nos sintomas mais recentes do caso.

Hoje, no século XXI, é evidente para nós que a causa fundamental muito profunda das doenças crônicas, que Hanhemann tentou revelar em sua pesquisa, é a predisposição para diferentes doenças, como resultado do dano ao código genético e epigenético no organismo humano. Nesta perspectiva, para explicar a teoria dos miasmas aos médicos da atualidade, talvez devêssemos nos referir a ela como “A Teoria das Doenças Crônicas”, como o próprio Hanhemann escreveu originalmente. Parafraseando Teixeira,39 ao invés das palavras “carga miasmática” podemos falar de “carga hereditária” ou “carga da patologia subjacente”. Muito provavelmente, isso possa se tornar a base para todos nós encontrarmos um consenso no nosso entendimento sobre a teoria dos miasmas daqui em diante.

Destaques

-É abordada a confusão em torno das interpretações da teoria miasmática de Hanhemann.

-São oferecidas sugestões para esclarecimento sobre a definição correta do termo miasma, segundo Hanhemann.

-ão destacados os perigos de uma prescrição rotineira dos remédios miasmáticos.

-São analisados os potenciais fatores precipitantes da criação de predisposições para patologias profundas.

-São explorados os fatores na transferência dos efeitos miasmáticos para as novas gerações.

Conflito de interesses

Nenhum conflito declarado.

Reconhecimentos

Os autores agradecem à Paula Webb, RSHom, Dip IACH, por seu trabalho de edição e pesquisa neste artigo.

Referências

1Hahnemann S. The Chronic Diseases. New Delhi: B. Jain Publishers; 2001.

2Hahnemann S. The Chronic Diseases. New Delhi: B. Jain Publishers; 2001:35-43.

3Hahnemann S. The Chronic Diseases. New Delhi: B. Jain Publishers; 2001:7, 92, 94, 135.

4Hering C. Hahnemann’s three rules concerning the rank of symptoms. Hahnemannian Monthly

1865;1:5–12.

5Hahnemann S. Organon of Medicine. 6th ed. New Delhi: B. Jain Publishers; 2017: §190, §191, §280.

6Hahnemann S. Organon of Medicine. 6th ed. New Delhi: B. Jain Publishers; 2017: §78, §284.

7Hahnemann S. Instruction for surgeons respecting venereal disease (1789). In: Sturgeon RE, ed. The Lesser Writings of Samuel Hahnemann. London: W. Headland; 1851:1–187.

8Hahnemann S. Instruction for surgeons respecting venereal disease (1789). In: Sturgeon RE, ed. The Lesser Writings of Samuel Hahnemann. London: W. Headland; 1851:108–109.

9Hering C. In: Hahnemann S. Organon of Homoeopathic Medicine. 3rd American ed. New York1869:4 Accessed December 12, 2021 at: https://collections.nlm.nih.gov/catal og/nlm:nlmuid- 101305248-bk

10Kent JT. Lectures on Homeopathic Philosophy. United Kingdom: Southampton Book Company; 1990.

11Kent JT, ed. Lecture XIX. Chronic Diseases–Psora (continued). In: Lectures on Homeopathic Philosophy. United Kingdom: Southampton Book Company; 1990:157–158.

12Kent JT, ed. Lecture V. Discrimination as to maintaining external causes and surgical cases. In: Lectures on Homeopathic Philosophy. United Kingdom: Southampton Book Company; 1990:55.

13Kent JT, ed. Lecture XVIII. Chronic Diseases–Psora. In: Lectures on Homeopathic Philosophy. United Kingdom: Southampton Book Company; 1990:146–147.

14Kent JT, ed. Lecture XXI. Chronic Diseases-Sycosis. In: Lectures on Homeopathic Philosophy. United Kingdom: Southampton Book Company; 1990:175.

15Vithoulkas G. The spin of electrons and the proof for the action of homeopathic medicines. J Med Life 2020; 13:278–282.

16 Manzalini A, Galeazzi B. Explaining homeopathy with quantum electrodynamics. Homeopathy 2019; 108:169–176.

17Allen JH. The Chronic Miasms, vol 1, Psora and Pseudo-psora. New Delhi: reprint edition; 2004;81:162–165.

18Allen JH. The Chronic Miasms, vol I Psora and Pseudo-Psora. New Delhi: reprint edition B. Jain Publishers (P) Ltd; 2004:26, 38, 42, 75, 80, 87, 114.

19Allen JH. The Chronic Miasms, vol II, Sycosis. New Delhi: reprint edition B. Jain Publishers (P) Ltd; 2004:17.

20Allen JH. The Chronic Miasms, vol 1, Psora and Pseudo-psora. New Delhi: reprint edition B. Jain Publishers (P) Ltd; 2004:146.

21Allen JH. The Chronic Miasms, vol II, Sycosis. New Delhi: reprint edition B. Jain Publishers (P) Ltd; 2004.

22Allen JH. The Chronic Miasms, vol I, Psora and Pseudo-psora. New Delhi: reprint edition B. Jain Publishers (P) Ltd; 2004:150–263.

23Allen JH. The Chronic Miasms, vol II, Sycosis. New Delhi: reprint edition B. Jain Publishers (P) Ltd; 2004:104–105.

24Allen JH. The ChronicMiasms, vol I, Psora and Pseudo-psora. New Delhi: reprint edition B. Jain Publishers (P) Ltd; 2004:80,134.

25Allen JH. The Chronic Miasms, vol II, Sycosis. New Delhi: reprint edition B. Jain Publishers (P) Ltd; 2004:118–119.

26Allen JH. The Chronic Miasms, vol I, Psora and Pseudo-psora. New Delhi: reprint edition B. Jain Publishers (P) Ltd; 2004:17, 80.

27Close SM. Genius of Homeopathy. 2nd ed. New Delhi: B. Jain Publishers (P) Ltd; 2018.

28Close SM, ed. Chapter VIII. General Pathology of Homeopathy. In: Genius of Homeopathy. 2nd ed. New Delhi: B. Jain Publishers (P) Ltd; 2018:109–150.

29Tyler ML. Hahnemann’s Conceptionof Chronic Disease as Caused by Parasitic Microorganism. New Delhi:.B. Jain Publishers (P) Ltd; 2003.

30Allen JH. The ChronicMiasms, vol.I, Psora and Pseudo-psora. New Delhi: reprint edition B. Jain Publishers (P) Ltd; 2004:73.

31Allen JH. The Chronic Miasms, vol II, Sycosis. New Delhi: reprint edition B. Jain Publishers (P) Ltd; 2004:84, 93, 85, 108, 115.

32Hahnemann S. Organon of Medicine. 6th ed. New Delhi: B. Jain Publishers; 2017: §153.

33Hahnemann S. Organon of Medicine. 6th ed. New Delhi: B. Jain Publishers; 2017: §211.

34Vithoulkas G. Levels of Health. 3rd ed. Greece: International Academy of Classical Homeopathy; 2019.

35Vithoulkas G. Miasms. How to handle the patient. E-learning program on Classical Homeopathy (IACH), Lecture (video) No.Theory 66. Accessed December 12, 2021 at: www.vithoulkas.edu. gr

36Vithoulkas G. Levels of Health. 3rd ed. Greece: International Academy of Classical Homeopathy; 2019:43.

37Vithoulkas G. Levels of Health. 3rd ed. Greece: International Academy of Classical Homeopathy; 2019:44.

38Vithoulkas G, Mahesh S. How can healthier children be born? A hypothesis on how to create a better human race.Med Sci Hypoth 2017;4:38–46.

39Teixeira MZ. Isopathic use of auto- sarcode of DNA as anti-miasmatic homeopathic medicine and modulator of gene expression. Homeopathy 2019;108:139–148.

CURANDO COM … Zingiber officinalis

Segundo a terapeuta homeopata Cássia da Silva Luz, 53 anos, de Goiânia-GO, na Homeopatia, a parte utilizada da planta é o rizoma (raiz), tanto seca quanto fresca:

“A raiz seca é mais usada para o trato digestivo, e a fresca mais voltada para sintomas pulmonares”, explica. “Para termos ideia, essa planta é utilizada para Homeopatia, mas também na forma de Fitoterapia em chás, cápsulas ou na aromaterapia.”

Foto: Cássia da Silva Luz/ Empresa MM Digital.

Foto: Denilson Gomes/Pixabay.

Ainda de acordo com a homeopata, os benefícios do gengibre são diversos, desde sua atuação como desintoxicante quanto sua ação bactericida. A presença de cobre em sua estrutura é mais um fator positivo, estimulando a produção de colágeno e de glóbulos vermelhos, e melhorando a absorção de vitamina C, além de atuar como um protetor neural.

“O gengibre também contém gingerol, que tem ação analgésica, anti-inflamatória, antioxidante, digestiva e termogênica”, ressalta Luz. “Também conta com substâncias vasodilatadoras, antieméticas, antipiréticas, anticoagulantes, analgésicas, e antiespasmódicas, por isso, ficou tão popular na indústria farmacêutica. Também é uma fonte rica de vitamina B6, que promove energia ao organismo, alivia sintomas da TPM, fortalece o sistema imunológico e alivia sintomas de artrite”, destaca. “Também é uma boa fonte de potássio, mineral que colabora com o sistema cardiovascular, alivia dores de cabeça e desconfor -

tos musculares, e é rico em magnésio, equilibrando a quantidade de glicose no sangue, e auxiliando na prevenção e no tratamento da depressão, entre outros pontos positivos.

Os sintomas que o preparado homeopático Zingiber officinalis pode tratar são tão variados quanto seus benefícios, incluindo:

-Sensação de confusão mental e vazio na cabeça, pois melhora as funções cerebrais;

-Dor na cabeça sobre as sobrancelhas; -Narinas obstruídas e secas, com coceira intolerável;

-Tosse com expectoração clara, tanto em situações agudas quanto crônicas, por acúmulo de muco/secreção no pulmão;

-Rouquidão;

-Asma;

-Casos de anorexia;

-Digestão lenta;

-Níveis altos de “colesterol ruim”;

-Confusão mental;

-Deficiências no sangue (anemia, desnutrição).

Novamente segundo a terapeuta homeopata Cássia da Silva Luz, o perfil geral de um indivíduo que precisa do medicamento Zingiber officinalis possui características específicas:

“É mais friorento, tem aversão a vento frio e costuma sentir as extremidades geladas”, aponta. “Tem necessidades de bebidas e alimentos quentes e de estar coberto. Pode estar mais depressivo, apresentar falta de mobilidade nas articulações e nos pensamentos, muitas vezes com confusão mental devido ao frio, que paralisa os movimentos. Dependendo do nível de adoecimento, se já é crônico ou está no início [do quadro], a ação do gengibre pode alcançar a cura completa do problema ou apenas dar alívio aos sintomas”, completa Luz, com a observação de que Zingiber officinalis costuma ser mais eficaz quando associado a outras matérias médicas, como: Taraxacum officinalis, que possui substâncias frias e, assim, equilibra a ação do gengibre, tornando-a mais eficiente.

Uma vez que o gengibre é uma planta com características picante e quente,

ingeri-la por muito tempo pode gerar desconfortos digestivos e até diarreia, portanto, sua fórmula homeopática deve ser administrada com cautela: “De conformidade com cada caso, sempre com prescrição de um profissional da saúde, o preparado homeopático deve ser tomado até passar o momento de crise e, depois disso, a pessoa pode ser retirada do tratamento”, assinala a homeopata. “Há tratamentos de 15 dias que já apresentam resultados positivos, outros, de 30 dias, e outros mais, de 60. A duração tem que ser muito bem pensada, para cada indivíduo, com uma finalidade especifica.”

Na Homeopatia, por estar ultradiluído, o Zingiber officinalis pode ser utilizado sem medo, e é encontrado em gotas ou glóbulos, indicado para o tratamento de dores, inflamações e desconfortos, especialmente os gástricos, reumáticos e respiratórios; estimula o equilíbrio mental e previne depressão; tonifica o coração e trata obesidade, por estimular a queima de gorduras. Também pode atuar com sucesso junto a pessoas com câncer, distúrbios menstruais, infecções do

trato urinário, gota e elefantíase. Na fitoterapia, por ser usado ‘in natura’, é contraindicado para crianças de zero a seis anos de idade e pessoas com excesso de calor corporal; com pedra na vesícula; alterações na circulação sanguínea e que usam medicamentos anticoagulantes, como aspirina, heparina, enoxaparina, dalteparina, varfarina ou clopidogrel; que usam medicamentos anti-inflamatórios, como diclofenaco ou ibuprofeno; que usam medicamentos antidiabéticos, como insulina, glimepirida, rosiglitazona, clorpropamida, glipizida ou tolbutamida; e com problemas de coagulação.

Como tudo começou... E como pode ser o futuro?

PÁGINA DA FENAPICS – FEDERAÇÃO NACIONAL DE PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES EM SAÚDE

Neste último quadrimestre de 2024, as atividades da Fenapics foram descontinuadas, devido às eleições municipais e estaduais, nas quais o líder do grupo Cuidar Vida, Marcos Zerbielli, estava concorrendo.

Permaneceram apenas as dispensações de homeopatia nos rios, bem como os atendimentos individuais e sociais já em curso pelos terapeutas disponíveis na recomposição do contexto socioambiental do Rio Grande do Sul, no período pós-enchente. A equipe do Ministério da Saúde que recebeu a proposta do Cuidar Vida não se manifestou em resposta, e esta deve ser uma das ações de retomada, agora que já foi terminado o processo eleitoral.

Enquanto isso, realiza-se o 3º Congresso Nacional de Homeopatia Popular e Comunitária, para o qual se esperam muito terapeutas homeopatas, tanto no modo presencial como no online. No próximo número desta Revista, faremos a atualização dos resultados desse evento, juntamente com a publicação dos Anais do 6º Saberth.

Revista de Estudos HOMEOPÁTICOS

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