Estudos
Publicação Digital Quadrimestral Gratuita
Uma realização do Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste
Nesta edição...
Homeopatia e dengue: é possível prevenir e tratar!
As calamidades: um campo fértil para a atuação homeopática
Ano 8
N° 22
Agosto/2024
E nasce a FENAPICS – Federação Nacional de Terapeutas Integrativos e Cuidados Tradicionais!
Editorial
Nosso oitavo ano se inicia com duas modificações: a seção biografia passará a ser publicada apenas em agosto, data de aniversário editorial de nossa Revista; e nasce uma nova seção: Páginas da FENAPICS, destinada a narrar e registrar as atividades da recém-criada Federação Nacional de Terapias Integrativas e Cuidados Tradicionais, da qual o Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste é membro signatário e fundador.
Nesse espaço, registraremos, quadrimestralmente, os passos dados, os ganhos, embargos, projetos e conquistas desse grande grupo, constituído para atuar durante as enchentes deste ano, no Rio Grande do Sul.
Acompanhe essa linda história! Ao mesmo tempo, continuaremos com as demais editorias, trazendo sempre assuntos atuais e de interesse geral para todos!
Que mais um ano seja coroado de êxito e com a adesão de novos leitores, esse é o nosso maior desejo.
A equipe editorial
Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste revistadeestudoshomeopaticos@gmail.com
Mantenedores da Revista de Estudos Homeopáticos
1. Alessandra Lourenço dos Santos
2. Ana Doris da Silva
3. Artemiza S. Coelho
4. Agda Maria de Freitas
5. Barbara K.R.S. Prandini
6. Bruna Salvate de Assis
7. Cassia Regina da Silva
8. Caroline Cabral Macedo
9. Cristina Ribeiro Rodrigues
10. Edite Lopes de Souza
11. Fernanda Katsuragi
12. Francisca das Chagas Silva
13. George Vithoulkas
14. Jacira Ferreira Curvelo
15.José de Assis Marques
16. Karla Rubia dos S. Silva
17. Lourdes C. Prado
18. Ludmilla Lemos
19. Maria Tereza Menezes
20. Maria Helena A.C. Nunes
21. Maria Mendes da Costa Oliveira
22. Moacir W.S. Ferreira
23. Osmar José Ferreira
24. Osvaldo A. T. P. Dantas
25. Perônica Pires
26. Priscila Gomes S. Silva
27. Rita Oliva S. Abreu
28. Ramon Lobo Gomes
29. Ronaldo Licínio de Miranda
30. Regina Beatriz Bernd
31. Regina Medeiros
32. Sebastião Marcos Spolidoro
33. Sebastião Alves de S. Sobrinho
34. Suécia Maria M. Damasceno
35. Sheila da Costa Oliveira
36. Sheila Gutierrez Borges Damazo
37. Vanessa Cristina Rescia
38. Virgínia Goulart B. Stefanichen
39. Wilson Pires
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Obs: os valores são definidos em assembleia, durante os encontros presenciais mensais. Este formulário de adesão auxiliará na justificativa de recebimento dos valores junto ao banco e à Receita Federal.
O Grupo “Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste” é uma organização informal, sem fins lucrativos, autogestionada e responsável pela publicação da Revista de Estudos Homeopáticos, periódico quadrimestral, totalmente digital e gratuito para os leitores, disponível no ISSUU (repositório internacional de revistas digitais).
O objetivo dessa Revista é divulgar ao máximo a ciência/arte da Homeopatia, para democratizar o acesso às terapias integrativas e fortalecer a rede de terapeutas homeopatas do Centro-Oeste, bem como os prestadores de serviço correlatos a esta importante área de atuação.
Para mantê-la, os membros do grupo e/ou simpatizantes da causa de divulgação da Homeopatia se cotizam mensalmente, quadrimestralmente ou anualmente, de modo a remunerar as duas jornalistas que trabalham nesse projeto. A pessoa responsável pela arrecadação é voluntária e realiza os pagamentos das profissionais no dia 10 de cada mês.
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Fraternalmente, nossa gratidão. Brasília, ..................... de....................................................... de 20____.
Carta do Leitor
Maria Aparecida Torndake, Campina Grande, São Paulo
Entrei em contato com a Revista depois de assistir a uma live do grupo, sobre o alcoolismo. Estou adorando o conteúdo, porque passei a entender o que é Homeopatia! Sempre que posso, assisto às lives também, mesmo que seja fora do horário de transmissão ao vivo. Parabéns!
Luiz Cordão Gimenez, João Félix, Tocantins
Uma de minhas filhas me mostrou um caso de sucesso com tratamento homeopático publicado na Revista, para um problema que eu também estava tendo. Na minha cidade não tem homeopata ainda, pelo menos não conheço, mas fiz uma consulta online com alguém que ela achou pra mim no Instagram e foi muito bom! Estou acompanhando desde então. Gosto muito da leitura!
Jornalista Responsável
Angélica Calheiros
Editora-Executiva
Sheila da Costa Oliveira
Conselho Editorial Ramon Lobo
Sheila da Costa Oliveira
Angélica Calheiros
Projeto Gráfico e Diagramação
Karine Santos
Redatores Angélica Calheiros
Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste
Revisão
Sheila da Costa Oliveira
Contato
Email: revistadeestudoshomeopaticos@gmail.com
ÍNDICE
EDITORIAL 2
TERMO DE ADESÃO AO QUADRO DE MANTENEDORES 3
CARTA DO LEITOR 4
Maria Aparecida Torndake, Campina Grande, São Paulo 5
Luiz Cordão Gimenez, João Félix, Tocantins 5
EXPEDIENTE 6
SUMÁRIO 7
PRIMEIRA PARTE: HOMEOPATIA E NÓS 6
DIÁRIO DE BORDO 10
BIOGRAFIA 12
G. H. G. Jahr: o leal discípulo de Hanhemann 12
VALE A PENA LER 14
A prática Homeopática: Princípios e Regras 14
NOTÍCIAS 16
BRASIL 16
Mundo 19
COM A FALA, OS ATENDIDOS 22
HOMEOPATIA A NOSSO FAVOR 24
Dengue e Homeopatia: é possível aliviar sintomas e evitar contaminações? 24
ENTREVISTA 28
Homeopatia em situações de calamidade pública e de emergência 28
SEGUNDA PARTE: HOMEOPATIA TAMBÉM É CIÊNCIA 42
APRENDENDO COM VITHOULKAS 44
CURANDO COM... Wyethia Helenoides 60
PÁGINAS DA FEDERAÇÃO NACIONAL DE TERAPIAS INTEGRATIVAS E CUIDADOS TRADICIONAIS 64
Como tudo começou... E como pode ser o futuro?
Primeira Parte HOMEOPATIA E NÓS
Revista de Estudos HOMEOPÁTICOS
DIÁRIO DE BORDO
RETROSPECTIVA DO TRABALHO DO GRUPO LIVRE DE HOMEOPATAS DO CENTRO-OESTE
De abril a agosto, o Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste continuou firme em todas as suas frentes de trabalho: estudos mensais, lives temáticas mensais, atendimentos em projetos sociais em Goiás, Bahia, Rio de Janeiro, Tocantins e Brasília, e compôs a nova comissão gestora do 6º Saberth, cujos trabalhos se iniciaram em julho/2024 e que terá como tema “Homeopatia, cuidado e paz”.
Além disso, quando começaram as grandes enchentes no Rio Grande do Sul, no início do ano, o grupo se juntou a uma força-tarefa de terapeutas integrativos e ambientalistas, na criação de uma estrutura de apoio imediato à população e ao meio ambiente como um todo, o Grupo Cuidar Vida, que, à semelhança do nosso próprio grupo, apostou na autogestão desburocratizada e arregaçou as mangas na produção de intervenções terapêuticas de múltiplas formas.
Desse grande movimento, nasceu a Federação Nacional de Terapias Integrativas e Cuidados Tradicionais – FENAPICS – que passa, a partir desta edição, a ter um espaço de comunicação em nossa Revista, para que o máximo de público possa entrar em contato com essa nova história e com todas as possibilidades que as terapias integrativas e os cuidados tradicionais podem oferecer, em qualquer situação.
Todo esse registro está detalhado na nova seção, ao final da Revista, para a qual pedimos sua atenção e cuidado. Qualquer sugestão que tiver a respeito, basta enviar e-mail para revistadeestudoshomeopaticos@gmail. com.br . Teremos prazer imenso em responder e implementar as sugestões possíveis.
A cada ano, uma ampliação de trabalho e qualidade. Que continuem as bençãos!
Acompanhe todo o conteúdo disponibilizado em nossas redes sociais e comente, auxiliando a dar mais visibilidade aos nossos perfis!
E em nosso blogue oficial: https://www.saberth.com.br/
Biografia
G. H. G. Jahr: o leal discípulo de Hanhemann
Gottlieb Heinrich Georg Jahr (30 de janeiro de 1800 - 11 de julho de 1875) foi um homeopata alemão nascido em Neudietendorf, uma pequena cidade localizada na Saxônia. A região sediava a Igreja Morávia, uma comunhão cristã do século XVIII, e onde Jahr recebeu sua educação em uma escola morávia. Lá, ele se destacou tanto que, em 1825, lhe ofereceram um cargo de professor universitário, o qual Jahr aceitou prontamente.
De acordo com seu obituário no jornal “Leipziger Populäre Zeitschrift für Homöopathie”, publicado em 1875, Jahr foi introduzido à Homeopatia por um
farmacêutico homeopata chamado Heinrich Gottlieb Thrän (1788 – 1827), que lhe apresentou ao homeopata Karl Julius Aegidi, então paciente e estudante de Christian Friedrich Samuel Hahnemann - médico alemão criador da Homeopatia. Aegidi conseguiu curar Jahr de uma doença grave que lhe acometeu na época em que trabalhou como professor universitário, o que despertou seu entusiasmo pelos estudos homeopáticos.
Não há registro histórico que confirme como Jahr e Hahnemann se conheceram pela primeira vez, contudo, estudiosos apontam que o encontro pode ter ocorrido com mediação do próprio Dr. Aegidi ou, ainda, quando Jahr contribuiu com a pesquisa patogênica em remédios homeopáticos liderada por Hanhemann.
Foi o próprio fundador da Homeopatia que encorajou Jahr a se formar em medicina, e, então, o enviou para a Universidade de Bonn, onde completou seus estudos médicos e adquiriu seu diploma. Durante seu período de estudos, ele manteve contato com Hanhemann através de correspondências, colaborando com pesquisas homeopáticas e com a publicação da segunda edição da obra Doenças Crônicas, lançada por Hanhemann, pela primeira vez, em 1828, e considerado seu segundo tratado teórico mais importante para homeopatas.
Depois de se formar, Jahr viajou como médico pessoal de vários aristocratas europeus e chegou a trabalhar como médico homeopata, por um curto período, em Lieja, na Bélgica.
Quando Samuel Hanhemann se mudou para Paris, Jahr decidiu segui-lo, e lá atuou como homeopata, além de assistente e discípulo do fundador da Homeopatia.
Em 2 de julho de 1843, Jahr foi convocado por Melanie Hanhemann, esposa de Hanhemann, para acompanhar os últimos momentos de seu mestre. Mesmo após a morte dele, Jahr continuou trabalhando como homeopata em Paris até 1870, quando a Guerra Franco-Germânica o obrigou a se mudar e abandonar seus trinta anos de residência na cidade.
Depois disso, ele retornou para a Bélgica, passando novamente por Lieja, mas também por Gante e Bruxelas, onde abriu uma clínica e fez uma série de palestras no dispensário homeopático. Jahr foi recebido de braços abertos pela comunidade homeopática da região, onde treinou mais de 50 médicos homeopatas, incluindo Leonard Lambreght, Jules Gaudy, Gailliard, Van den Neucker, Gustave Adolphe Van den Berghe, De Keghel, Prosper Schepens, Van Ooteghem. Contudo, por não ter o diploma de medicina do país, Jahr foi proibido de continuar trabalhando, o que, por consequência, também o privou de manter o próprio sustento.
Seus colegas de trabalho chegaram a se unir para colaborar financeiramente com Jahr e, assim, compensar sua falta de salário. Porém, embora o esforço tenha atendido a algumas das necessidades urgentes do homeopata, sua saúde entrou em declínio e ele enfrentou grandes dificuldades financeiras durante os últimos anos de vida. De acordo com o historiador homeopata Thomas Lindsley Bradford
(1847-1918), a proibição que impediu Jahr de continuar atuando como médico pesou tanto em seu ânimo que isso acelerou sua morte.
Além de médico e instrutor homeopata, G.H.G. Jahr fundou um jornal em Paris, no ano de 1861, nomeado “L’Art de Guérir” (“A Arte de Curar) e também foi um grande escritor na área de Homeopatia, ganhando destaque com obras como: “Repertório Homeopático”, lançada em alemão no ano de 1835; sua versão em inglês, que chegou às prateleiras no ano seguinte, intitulada “O Manual de Medicina Homeopática de G.H.G. Jahr” - editada pelo homeopata Constantine J. Hering, conhecido como o “pai da Homeopatia nos Estados Unidos” - se tornou tão popular entre homeopatas alemães da década de 1880 que foi republicada em quatro edições; seus tratados sobre cólera, doenças cutâneas, afecções venéreas e doenças digestivas; e o livro “A Prática da Homeopatia: Princípios e Regras”, que está presente na nossa sugestão de leitura desta edição da Revista de Estudos Homeopáticos.
Em 1875, uma nota na edição de setembro da publicação “New England Medical Gazette” anunciou o falecimento de Gottlieb Heinrich Georg Jahr, que gerou comoção em Paris e ao redor do mundo “pois não há país onde as doutrinas de Samuel Hanhemann não contem com numerosos seguidores, e onde os escritos do nosso amigo não tenham penetrado e serviço prestado”. A nota ainda afirmou que, após o nome de Hanhemann, o de G.H.G. Jahr era considerado “o mais popular e intimamente associado ao desenvolvimento e difusão da Homeopatia a nível global”.
Fontes: Hahnemann House Homeoint
Sueyoung Histories
Vale a pena ler...
A prática Homeopática: Princípios e Regras
A obra “A prática homeopática: princípios e regras” foi escrita por Gottlieb Heinrich Georg Jahr (1800–1875), um médico alemão-francês considerado pioneiro da Homeopatia clássica.
Lançado em 1987 pela editora James Tyler Kent, o principal objetivo do livro, segundo o próprio autor, é repassar os ensinamentos de Hanhemann de forma detalhada para as próximas gerações de estudiosos homeopatas, uma vez que Jahr o teve como mestre e o acompanhou até os últimos momentos de vida.
A obra dá destaque para a forma como Hanhemann costumava trabalhar, mostrando a lógica que ele seguia em cada etapa de seus processos como homeopata. Dividida em 16 capítulos, trata, consecutivamente: do significado da doutrina de Hanhemann; dos teoremas patológicos do Organon; do diagnóstico das doenças segundo a doutrina de Hanhemann; do exame do paciente sob o ponto de vista do diagnóstico de Hanhemann; da ação patogenésica dos medicamentos; da ação dinâmica dos medicamentos; do estudo científico das
Onde encontrar:
Virtual
Books
Traça
patogenesias; da Lei dos Semelhantes; das regras que direcionam a escolha de preparados homeopáticos; da administração das doses homeopáticas; dos procedimentos corretos no tratamento de enfermidades diversas; da distribuição de preparados homeopáticos; dos casos excepcionais nos quais o praticante deverá abandonar o tratamento homeopático; e das mudanças necessárias que precisam acontecer na Homeopatia. Ao fim, também há um questionário que deve ser usado para compor a anamnese, que inclui os parâmetros que devem ser seguidos no momento de investigação de quadros de saúde e das partes afetadas por ele.
O livro “A prática homeopática: princípios e regras” é uma leitura fundamental tanto para quem gostaria de compreender a essência dos ensinamentos do fundador da Homeopatia em sua integralidade e se manter próximo dela, quanto para quem tem o interesse de dominar conhecimentos homeopáticos para aplicá-los com maestria.
NOTÍCIAS
BRASIL
Câmara dos Deputados comemora Dia
Internacional da Homeopatia
Foto: Câmara dos Deputados/Divulgação.
Em abril deste ano, a Câmara dos Deputados foi iluminada com luzes verdes para homenagear o Dia Internacional da Homeopatia, celebrado anualmente no dia 10 para comemorar o aniversário de Samuel Hanhemann, que fundou o sistema terapêutico em 1976.
No Brasil, a Homeopatia é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) desde 1980 e faz parte do Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2006. Embora seja ofertada ao público através da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do Ministério da Saúde, o acesso a tratamentos homeopáticos na atenção primária à saúde do SUS ainda é escasso.
O Brasil é o segundo país do mundo em número de médicos homeopatas e também comemora o Dia Nacional da Homeopatia em 21 de novembro, data marcada pela chegada do homeopata francês Benoit Jules Mure (18091858) ao país.
Fonte: Dourados News
12 dicas para usar e armazenar preparados homeopáticos
Em matéria publicada no site de notícias “O Tempo”, a jornalista Mayra Barreto Cinel entrevistou o farmacêutico homeopata Jamar Tejada sobre Homeopatia medicamentos homeopáticos, reunindo informações importantes sobre como ingeri-los e armazená-los com segurança.
Como tomar preparados homeopáticos:
* Fórmulas comercializadas em gotas, pó ou glóbulos devem ser tomadas oralmente, fora do horário das refeições, e serem dissolvidas na boca;
* Não se deve encostar o conta-gotas na boca ou na língua para não contaminar a medicação;
* Não se deve comer nada em até 15 minutos antes ou após ingerir o preparado homeopático, e nem escovar os dentes;
* No caso de fórmulas homeopáticas líquidas, é necessário agitar o vidro antes de ingerir o conteúdo;
* Ao ingerir medicamentos homeopáticos em gotas, deve-se manter o líquido na boca por cerca de um minuto e só depois disso engolir;
* No caso de glóbulos, cápsulas e comprimidos, deve-se evitar o contato direto do remédio com as mãos. Sugere-se usar a tampinha do próprio frasco para virar o conteúdo diretamente na boca;
* Não usar colheres de metal, como alumínio, para administrar preparados homeopáticos, pois esse tipo de material interfere na “energia” do medicamento.
Como armazenar preparados homeopáticos:
* É necessário manter as medicações longe de locais com poeira, umidade, calor, excesso de luz e cheiros fortes;
* Não se deve reutilizar frascos, mesmo que o outro medicamento também seja homeopático;
* Jamais guardar medicamentos homeopáticos na geladeira;
* Não guardar embalagens de produtos homeopáticos na bolsa se o celular também estiver lá, pois eletrônicos emitem ondas eletromagnéticas que alteram o efeito desejado. Também não manter remédios homeopáticos perto de aparelhos eletrônicos, como: computador, televisão, micro-ondas e rádio.
* Ao fazer viagens longas, guardar medicamentos homeopáticos em sacolas térmicas, caixas de madeira ou isopor, para proteger o conteúdo do sol e do calor do porta-luvas.
Fonte: O Tempo
Minas Gerais oferece atendimento homeopático para pacientes com TEA e TDAH
Desde 9 de abril, pacientes do Centro de Referência em Saúde Mental Infanto-juvenil (Cersami) da rede SUS de Betim, Minas Gerais (MG), contam com atendimento homeopático para tratar Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e outras demandas de pessoas que não estão respondendo de forma positiva a tratamentos convencionais com remédios psiquiátricos.
Segundo matéria publicada pelo Jornal Panorama de MG, a unidade oferece seis consultas homeopáticas por semana, que são agendadas após acolhimento prévio dos pacientes.
Ainda de acordo com o texto, estudos como os de Bell et al. (2018) e Rossi et al. (2020) apontam os benefícios da Homeopatia no tratamento de distúrbios de saúde mental em crianças, como ansiedade, TDAH e distúrbios do sono. Essas pesquisas também destacam a eficácia do tratamento homeopático para aliviar sintomas e melhorar o bem-estar de
pacientes, sendo exemplo de uma abordagem terapêutica integrativa em cuidado infantil.
O Cersami oferece suporte a crianças e jovens, de até 18 anos, diagnosticadas com distúrbios mentais. Os planos de tratamento são desenvolvidos de forma individualizada, atendendo às necessidades específicas de cada paciente, e também incluem oficinas e atividades culturais.
Com a inclusão do tratamento homeopático, a variedade de abordagens terapêuticas focadas no bem-estar integral aos pacientes está sendo ampliada.
Fonte: Jornal Panorama
Na Índia, O Tribunal Superior de Justiça mantém a prática de Eletromeopatia
Em maio deste ano, o Tribunal Superior de Lucknow, capital e maior cidade do estado indiano de Uttar Pradesh, decidiu que não há proibição da prática da eletromeopatia como terapia alternativa. Também não há qualquer restrição à emissão de certificado de estudo relacionada à abordagem, contudo, nenhum diploma pode ser concedido por qualquer instituição para validar a prática, uma vez que ainda não há regras legislando a este respeito. O Tribunal, contudo, alertou que praticantes de eletromeopatia não podem usar “médico” como prefixo para seu nome.
De acordo com o site Drismail, especializado em eletromeopatia, a abordagem foi criada no século 19 pelo nobre italiano Conde Cesar Mattei, e se trata de um sistema fitoterápico que utiliza remédios extraídos exclusivamente de plantas. Os remédios são administrados em doses mínimas com o objetivo de estimular o sistema de cura natural do corpo e são todos “naturais, inofensivos, simples, atóxicos, não alcoólicos, e não têm nenhum efeito colateral”.
A eletromeopatia não utiliza eletricidade no sentido literal da palavra, mas emprega o elemento energético em concentrações botânicas não diluídas.
O Tribunal ainda orientou o governo estadual a não interferir na prática dessa terapia alternativa, a não ser que estabeleça regras para sua regulamentação.
O caso resultou de uma circular datada de 25 de novembro 2004, emitida pela União da Índia, e de um despacho do governo realizado em 1º de junho do mesmo ano pelo estado de Uttar Pradesh, que os peticionários procuraram anular. Os peticionários argumentaram que praticantes de eletromeopatia estavam enfrentando restrições injustas em Uttar Pradesh, apesar de possuírem certificados profissionalizantes da Associação Conde Mattei.
Fonte: Law Trend e Times of India
Homeopatia para cuidado capilar: Tratamento natural para cabelos saudáveis
Foto: Fabiana Fernandes/Pixabay.
Altas temperaturas podem causar diversos problemas capilares, como: ressecamento, frizz, queda de cabelo e falta de brilho. Segundo o artigo “Remédios homeopáticos para a saúde dos cabelos”, publicada pelo site indiano News18, garantir um suprimento suficiente de nutrientes vitais tais quais proteína, biotina, folato, zinco, vitamina A, vitamina D e vitamina B12 é essencial para manter a saúde do cabelo.
Segundo o Dr. Akshay Batra, tricologista e diretor administrativo do Grupo de Empresas do Dr. Batra, uma cadeia de clínicas de homeopatia com sede em seis países, é importante identificar a causa raiz específica dos problemas capilares, para adequar um regime de tratamento homeopático eficiente:
“O sol escaldante traz vários problemas capilares, como cabelos ressecados, queda de cabelo ou falta de brilho”, afirma.
Ainda de acordo com o artigo, os remédios homeopáticos são formulados para tratar essas causas básicas. Por exemplo, o preparado homeopático Wiesbaden 30 é eficaz na redução da queda de cabelo e promove o crescimento de fios em casos de calvície masculina. Para alopecia areata, o Fluoricum Acidum pode ser recomendado. Já mulheres sofrendo de anemia podem ingerir o Ferrum phosphoricum, que colabora para a absorção de ferro. À medida que os níveis de ferro e ferritina melhoram, a perda de cabelo normalmente cessa e, em muitos casos, os fios voltam a crescer.
O Dr. Sumit Sawhney, diretor médico geral do Hospital Shivam, localizado em Delhi, na Índia, destaca a sinergia entre a natureza e a ciência homeopática:
“Descobrindo os mistérios da natureza, a Homeopatia usa a força dos tratamentos naturais para fornecer uma abordagem suave de cuidados com
a pele. No campo do bem-estar holístico, a ciência e a natureza colaboram harmoniosamente para fornecer respostas específicas às necessidades de cada pessoa”, explica o especialista. “A homeopatia restaura o equilíbrio da pele, tratando com cuidado e precisão as causas subjacentes da doença com medicamentos que são tão suaves quanto um sussurro, mas tão fortes quanto o próprio solo. Apresenta um caminho para uma pele brilhante e saudável, onde cada gota guarda a possibilidade de reparação e restauração, abraçando o conhecimento das idades”, acrescenta.
Na busca por cabelos saudáveis, a Homeopatia oferece uma abordagem holística e natural. Ao tratar as causas dos problemas capilares com o uso de remédios derivados de fontes naturais, os indivíduos podem alcançar cabelos mais saudáveis e resistentes. A incorporação de nutrientes essenciais e alimentação saudável, combinadas com o uso direcionado de tratamentos homeopáticos, fornece uma estratégia abrangente para manter a saúde capilar.
À medida que a conscientização do consumidor sobre tratamentos de saúde naturais e holísticos cresce, a Homeopatia ganha destaque como uma opção promissora para aqueles que procuram remédios suaves e eficazes, abrindo caminho para o bem-estar geral em diferentes áreas da saúde humana.
Fonte: News18
Em maio, clínica indiana celebra conscientização sobre autismo e Dia Mundial da Homeopatia
Fundada em 2011 sob liderança do Dr. Raghu Prasad More, a clínica indiana Namma Homoeopathy, com filiais nos estados de Karnataka, Maharashtra e Gujarat, é uma referência no setor de saúde da Índia e vem desenvolvendo diferentes fórmulas homeopáticas adequadas para todos os tipos de doenças crônicas, doenças autoimunes e distúrbios genéticos.
Em 2 de maio, a clínica realizou dois eventos significativos em suas diferentes filiais para comemorar o Dia do Autismo e o Dia Mundial da Homeopatia, fortalecendo a confiança e as relações entre pacientes, famílias e profissionais de saúde sob a bandeira
“Eu confio na Namma, eu confio na Homeopatia”. A programação incluiu um concurso de desenho para celebrar a criatividade e o potencial de pacientes infantis, incluindo crianças diagnosticadas com autismo, que tiveram seus trabalhos exibidos para os convidados. Demais pacientes também puderam compartilhar seus sofrimentos antes de recorrer à Homeopatia, falar sobre suas interações com seus médicos e dividir suas impressões acerca de suas doenças crônicas e incuráveis através de depoimentos, relatórios, fotos e sessões interativas.
A Namma Homeopatia acredita no tratamento holístico e apresenta resultados promissores com-
provados no tratamento de autismo, além de outros distúrbios genéticos em crianças, alcançado com fórmulas próprias. O lema da clínica é o de que, com o tratamento homeopático formulado corretamente, apoiar e incentivar as habilidades artísticas de uma criança não só irá motivá-la, mas também contribuir com seu desenvolvimento mental, social e emocional.
Com iniciativas como essas, a clínica Namma Homeopatia está dando um exemplo louvável no setor de saúde, demonstrando que o cuidado ao paciente vai além do tratamento para capacitar e educar as comunidades. Para mais informações sobre a clínica, entre em contato pelo e-mail: Info@ nammahomeopathy.com.
Fonte: Times of India
Ensaio clínico indiano analisa uso de Homeopatia para tratar sintomas da menopausa
Profissionais do Conselho Central de Pesquisa em Homeopatia de Nova Delhi, Índia, realizaram um estudo para avaliar a eficácia da “Homeopatia Sépia” no controle de sintomas da menopausa. O artigo “Homoeopathic medicine – Sepia for the management of menopausal symptoms: A multicentric, randomised, double-blind placebo-controlled clinical trial”, publicado em 2019, apresenta detalhes importantes sobre o ensaio clínico.
Sépia é um nome alternativo para um molusco conhecido como “choco”, cuja tinta produz cerca de 20 preparados homeopáticos considerados os mais importantes da farmacologia homeopática. De praxe, a “Homeopatia Sépia” é indicada para tratar sintomas de menopausa. Por isso, a necessidade de comprovar sua eficácia cientificamente.
Os estudos dos pesquisadores indianos seguiram a metodologia duplo-cego, ou seja, que distribui seus participantes em dois ou mais grupos para receberem diferentes intervenções. A pesquisa aconteceu entre abril de 2012 e setembro de 2014, em quatro unidades do Centro. 471 casos de perimenopausa foram avaliados e, a partir daí, 88 indivíduos, de 40 a 50 anos, que atenderam aos critérios de elegibilidade, foram divididos em dois grupos: 44 deles foram selecionados para receber a fórmula homeopática Sépia 200C, e, os demais, um placebo.
Os grupos foram acompanhados por seis meses e os resultados do estudo apontaram reações positivas de pacientes que tomaram o medicamento Sépia, com melhora significativa a partir do segundo mês de medicação, e demonstraram redução de sintomas da menopausa no grupo que recebeu medicamento homeopático em comparação com os participantes do placebo.
De acordo com o artigo, houve limitações para adequar as características específicas da Homeopatia às
regras padronizadas de um estudo científico tradicional. A Homeopatia é um sistema terapêutico único, e o manejo de casos pode envolver dois tipos diferentes de diagnóstico: o diagnóstico clínico, baseado na condição, e o diagnóstico individual, baseado nos sintomas de cada paciente. Após selecionar o preparado homeopático Sépia como objeto de estudo, os pesquisadores tiveram que repeti-lo na mesma fórmula durante o período do estudo, sem alterações, o que contradiz a prática homeopática rotineira. Também foi observado que, frequentemente, na Homeopatia, não é possível encontrar o remédio correto de imediato e/ou alterar o remédio conforme a evolução do quadro clínico.
Em um caso de ensaio duplo-cego, um homeopata frequentemente enfrenta desafios devido a três possibilidades: não encontrar o simillimum correto, mudança de sintomas nos pacientes, e o fato de a totalidade de pacientes, ou apenas um deles, estar em um grupo que recebe placebo.
Ainda segundo o artigo, o estudo de “Homeopatia Sépia” encontrou dificuldades para seguir a metodologia duplo-cego, que é padrão na medicina convencional para ensaios clínicos com intervenção de um único medicamento. Tal metodologia impôs restrições para alcançar o tamanho da amostra, já que é necessário um grande número de pacientes para triagem, a fim de recrutar participantes que necessitam de um remédio específico.
Apesar dos entraves observados, o estudo concluiu que o medicamento Sépia é capaz de aliviar sintomas de menopausa quando prescrito com base em indicações sintomáticas, de acordo com os princípios homeopáticos.
Fonte: Homeopathy Research Institute
COM A FALA, OS ATENDIDOS
Anna
Silva, 44 anos, Terapeuta Integrativa
São Paulo SP
Com o acúmulo de atividades diárias (casa, trabalho, maternidade) comecei a perceber um cansaço mental, falta de foco e desânimo com as tarefas, e isso tudo me deixava irritada muitas vezes, com uma sensação de incompetência e, consequentemente, uma frustração profunda comigo mesma. Não conseguia terminar tarefas e nem me organizar para ser mais produtiva.
Conheci meu atual homeopata através de outros terapeutas e de pessoas que também se consultavam com ele. Pude acompanhar suas
evoluções, o que me passou confiabilidade no processo terapêutico da homeopatia.
Na primeira sessão, já senti diferença, inclusive pela condução do atendimento. Foram-me indicados Arnica montana, Apis mellifica e Aurum Metallicum por um período de seis meses, mais ou menos.
Inicialmente, várias emoções afloraram, guardadas há muito tempo, como se estivessem sendo expurgadas. Isso me causou uma certa agitação nas duas primeiras semanas, mas pude contar o suporte do meu homeopata, que regulou dosagem e a quantidade de vezes que eu deveria tomar o medicamento por dia. Depois, pude perceber foco, estado de presença e, então, mais tranquilidade.
Conforme aconteciam as sessões, fui tendo clareza sobre o que eu poderia fazer no meu dia a dia para me organizar melhor, e a homeopatia, sem dúvidas, trouxe a serenidade para que eu pudesse colocar tudo em prática.
Com o tratamento homeopático, eu pude retomar o foco e a tranquilidade, e isso se refletiu, inclusive, na minha autoestima.
Hoje, consigo ter clareza e organização nas minhas tarefas, consegui instituir metodologias de trabalho que me ajudam na otimização de tempo e, de fato, posso ser mais produtiva. Super indico o tratamento homeopático e, sem dúvidas, recorrerei a esse método sempre que sentir necessidade.
Elias Francisco de Souza, 77 anos, Pecuarista
Tabocas do Brejo Velho /BA
Comecei a ter epilepsia aos dois ou três anos de idade. Caía no chão, babava, dava gritos e permanecia desacordado de 30 minutos a uma hora. Meus pais ficavam preocupados com as chances de eu cair em lugares impróprios, como água, fogo, grutas já que vivíamos em um lugar íngreme. Os tratamentos existentes não resolviam o problema e havia poucas farmácias na Região Oeste da Bahia nessa época. O território do município de Tabocas pertencia à Angical, que ficava a 170 km de distância da nossa residência, e não havia médicos.
Em 1952, aos 5 anos, meu pai, Francisco Pereira de Souza, encontrou um senhor de nome José Teodoro dos Santos que já habitava no povoado de Tabocas do Brejo Velho, vindo do Rio de Janeiro, e que entendia de homeopatia.
Iniciei um tratamento com os medicamentos Belladona e Valeriana, que durou mais ou menos dois anos.
Em poucos dias de uso dos remédios, meu corpo empolou como se fosse catapora e meu pai avisou o senhor José Teodoro, que veio a cavalo, a uma distância de 13km para me ver. Ele me animou, dizendo que o processo do tratamento estava funcionando.
Depois que os empoles terminaram, surgiram três feridas: duas no rosto, em ambos os lados, e
uma na batata da perna esquerda. Essas feridas duraram mais ou menos três anos, e saía sangue delas de vez em quando.
Para curar as feridas, o tratamento foi com Salparrilha de Bristo. Ele foi iniciado após o tratamento para epilepsia, que foi concluído mais ou menos dois anos depois. Assim que comecei a tomar a Salsaparrilha, as feridas cicatrizaram, porém, somente aos meus oito anos é que elas foram curadas.
O importante foi que não teve mais queda e nem grito, coisas que assustavam minha mãe, Isabel Francisca de Souza. Me curei e era uma criança muito inteligente, que repetia as histórias contadas pelos adultos.
Eventualmente, tomo homeopatia para alguns probleminhas pontuais, como gripe e febre. Indico porque o tratamento é efetivo e não deixa sequelas. Eu ando de moto, de carro e nunca mais tive problemas na direção. Sou uma pessoa saudável.
Depois do meu tratamento de epilepsia, surgiram, na minha família, pessoas acometidas pela mesma doença: minhas irmãs Maria e Joana, meus sobrinhos Elias e Marineide, e meu filho, Denivaldo Lopes de Souza. Elas também foram curadas com homeopatia pela família de José Teodoro, que faleceu, mas sua filha, Dona Maria, continuou com o ofício do pai e, posteriormente, dona Ana, conhecida como Aninha.
Meu pai, Francisco Pereira de Souza, teve epilepsia durante toda sua vida, e viveu por 80 anos. Por isso, acredito que nós, seus descendentes, herdamos essa doença
EVITE MESMO A AUTOMEDICAÇÃO! PARA SABER COMO E QUANDO USAR CADA SUBSTÂNCIA CITADA NAS MATÉRIAS DESTA REVISTA, OU EM QUALQUER OUTRO LUGAR, PROCURE SEMPRE UM HOMEOPATA. HÁ RISCO DE EFEITOS INDESEJADOS, SE A PRESCRIÇÃO NÃO FOR FEITA ADEQUADAMENTE.
HOMEOPATIA A NOSSO FAVOR
Dengue e Homeopatia: é possível aliviar sintomas e evitar contaminações?
Foto: Mosquito Aedes Aegypti/ Nuriyah Nuyu no Pixabay.
Assim como outros países da América Latina, o Brasil tem sofrido a pior epidemia de dengue de sua história. Segundo dados do Ministério da saúde, até 10 de junho deste ano, o país tinha 5,8 milhões de casos prováveis, o que já representa mais do que o total dos anos de 20222 e 2023 somados. Desde janeiro de 2024, 4.019 mortes por dengue foram registradas enquanto, no mesmo período do ano passado, o número foi de 867 óbitos.
De acordo com especialistas, as maiores causas da escalada de casos se devem às perturbações climáticas provocadas pelo fenómeno El Niño, que subiu temperaturas e aumentou chuvas em território nacional, e à ausência de saneamento básico, que favorece a proliferação do mosquito. Informações do Painel de Saneamento Brasil (SNIS, 2022) indicam que 15,8% da
população brasileira não possui acesso à água, e 44,5%, não é atendida pela coleta de esgoto.
Tatiana Silva Rocha, 46 anos, de Brasília-DF, é terapeuta e recebeu o diagnóstico de dengue no dia 30 de abril, enquanto sofria de sintomas como febre, enjoo, vômitos, dor no corpo, dor de cabeça, manchas vermelhas pela pele, coceira, baixa de plaquetas, fraqueza e falta de ar: “Me incomodou mais as coceiras, pois não existia remédio para aliviar”, explica.
Rocha procurou um homeopata com o objetivo de aliviar os sintomas, e começou a tomar o preparado homeopático China officinallis CH30 para tratar o quadro.
“No dia seguinte, já senti melhora das dores no corpo e da dor de cabeça”, aponta. “Com base nessa experiência, eu faria tratamento homeopático de novo, pois tem um efeito rápido e muito eficiente. Ainda estou tomando homeopatia para me recuperar da dengue”.
A fisioterapeuta e acupunturista Shirley Costa de Oliveira, 60 anos e moradora de Sobradinho-DF, também realizou tratamento homeopático para dengue e teve suas expectativas atendidas:
“Na medicina tradicional, eles apenas fazem hidratação, anti-heméticos e analgésicos. Usei, no momento agudo da dengue, os medicamentos alopáticos que não responderam muito bem. Na Homeopatia a resposta do meu organismo foi muito mais rápida e mais eficiente”, relata.
Há quatro tipos de dengue em circulação no Brasil, denominadas: DENV-1, DENV2, DENV-3 e DENV-4, que podem causar a forma clássica da doença ou evoluir para quadros graves, tais quais: choque por dengue, dengue hemorrágica ou o acometimento direto de órgãos como fígado, cérebro e coração.
Segundo o terapeuta homeopata Clayton Carlos Lima de Oliveira, 47 anos, formado pelo Instituto Hanhemann, (antigamente ligado à Faculdade de Viçosa), a Home -
opatia é eficaz para todas as variações da dengue, a depender da evolução dos casos:
“Existem homeopatias que podem ser usadas na dengue mais leve, chamada de dengue clássica, indo até a dengue hemorrágica, mas tudo irá depender do momento da confirmação da doença mediante o exame”, ressalta. “Quanto mais cedo detectada e mais cedo o tratamento for iniciado, melhor para o paciente. Agora, em casos de dengue hemorrágica, o melhor é ir direto ao hospital e fazer o tratamento médico convencional. Pensando nas pessoas que já atendi, o tratamento pode ser feito em conjunto com a Homeopatia, sem nenhum problema”.
Ainda de acordo com Oliveira, há preparados homeopáticos específicos que costumam ser indicados para prevenir a contaminação de dengue:
“A prevenção é sempre o melhor caminho, e nas áreas onde a incidência é alta, essa prevenção pode ser feita com Ledum Palustre, que é muito bom contra picadas, e com a China Officinalis, que ajuda a pre -
venir os casos de dengue mais simples e amenizar os efeitos da dengue hemorrágica”, sugere o terapeuta homeopata. “Nos casos de dengue hemorrágica pode-se fazer um complexo homeopático com Eupatorium Perfoliatum, Phosphurus e Crotalus Horridus. Já vi essa combinação sendo usada para prevenção da dengue normal e não é aconselhável, principalmente com o Crotalus Horridus, que advém do veneno da cascavel, ou seja, é uma homeopatia que pode gerar fortes agravações físicas e mentais”.
Sheila Gutierrez Damazo, 71 anos, do Rio de Janeiro, é terapeuta homeopata e iniciou o uso de Homeopatia em 1982, através de médicos homeopatas que, inclusive, lhe curaram de ume úlcera no duodeno, e, também, por autodidatismo, para tratar suas filhas e outros familiares. Ela e a filha, Kalinca Gutierrez Copello, hoje com 46 anos, receberam o diagnóstico de dengue em 2002, quando o Brasil registrou 672.371 notificações e 2.090 óbitos por Febre Hemorrágica de Dengue (FHD): “Sentimos dores no corpo, moleza e um pouco elevada a febre. Eu considero que éramos bastante saudáveis porque somen -
te usávamos Homeopatia. Diria que foi leve a dengue em nós”, lembra. “Utilizamos os medicamentos [homeopáticos] mais recomendados, quais foram: Eupathorium perfoliatum, Phosphorus e Gelsemium e Própolis em extrato”. Vinte e quatro horas depois, fiquei bem, e Kalinca também. No trabalho, ela até brincou com o chefe e disse que a maioria das pessoas ficava em casa quinze dias com dengue, e ela, somente um dia. Na época, somente usamos medicamentos homeopáticos. Já sabíamos de sua eficácia pela nossa prática”.
Novamente segundo Oliveira, há complicações emocionais ligadas à infecção por dengue:
“Os sintomas mentais mais aparentes são angústia, depressão, ansiedade e mau humor, principalmente nas pessoas onde as plaquetas chegaram a níveis muito baixos e ocorreu o quadro de dengue hemorrágica, mas pessoas que tiveram dengue clássica também possuem alguns desse sintomas mentais, só que não tão fortes”, analisa o homeopata. “A Homeopatia é eficaz para todos os tipos de dengue presentes no Bra -
sil nesse momento e, se usada de maneira correta, irá prevenir e amenizar os sintomas, diminuindo a necessidade da pessoa utilizar alopatia. Observando as pessoas que tenho tratado, percebo que o quadro mental é extremamente importante no processo da doença. Pessoas que estão depressivas, com ansiedade, angústia, e não buscam ajuda para tratar essas questões, têm seu sistema imunológico comprometido, e é justamente nessas pessoas que tenho observado o quadro da dengue hemorrágica. Por isso, após a cura da doença, é de extrema importância fazer um tratamento homeopático mais completo, e buscar as causas desses sintomas mentais que comprometem o funcionamento do sistema imunológico da maneira correta”, opina.
ENTREVISTA
Homeopatia em situações de calamidade pública e de emergência
É comum vermos os termos “estado de calamidade pública” e “estado de emergência” sendo anunciados na mídia. Ambos só podem ser decretados pelas esferas estadual e municipal, ou seja, por governadores e prefeitos, mas se diferenciam em um aspecto fundamental. Segundo o Decreto Nº 7.257 de 4 de agosto de 2010, a calamidade pública é decretada em casos graves, quando o estado ou município não conseguem controlar a situação por contra própria e precisa de auxílio do Governo Federal. Já a situação de emergência está ligada a danos menores, e, se o Governo Federal precisa realizar alguma interferência, é em grau menor. Os estados de calamidade pública e de emergência precisam ser reconhecidos pela União para que recursos federais sejam enviados ao governo afetado. Além de contribuição financeira, o Governo Federal também fica responsável por colaborar com ajuda humanitária, envio da Defesa Civil e das Forças Armadas.
No dia 1º de maio deste ano, o governo do Rio Grande do Sul decretou estado de calamidade pública por conta dos eventos climáticos que atingem a região. Até o fechamento desta edição da “Revista de Estudos Homeopáticos”, dados da Defesa Civil do estado apontam que 447 dos 497 municípios gaúchos foram afetados por enchentes, mais de 580 mil estão desalojadas e cerca de 37 mil permanecem em abrigos temporários. A tragédia já é considerada a maior da história do Rio Grande do Sul, e levanta debates essenciais para impedir que situações similares voltem a ocorrer tanto na região quanto em outras localidades do Brasil.
Para esclarecer como a Homeopatia pode contribuir em estados de calamidade pública e situações de emergência, convidamos a terapeuta homeopata e engenheira agrônoma pela Universidade Nacional de Rosario (UNR), Edite Lopes, 52 anos; e a doutora em Biotecnologia e Inovação da Saúde pela Universidade Anhanguera de São Paulo (Unian-SP) e especialista em Ciência da Homeopatia pela Faculdade do Bico (Fabic) e a Logos University Int. (Unilogos), Vanessa Rescia, 46 anos, para responderem a algumas perguntas sobre o tema.
REH: De quais formas o tratamento homeopático pode ser usado como auxílio durante situações de calamidade pública?
Edite Lopes: O tratamento homeopático pode desempenhar um papel auxiliar importante durante situações de calamidade pública de várias maneiras. Situações de calamidade pública podem causar estresse emocional significativo. Remédios homeopáticos são frequentemente prescritos com base nos sintomas emocionais das pessoas agitadas, como ansiedade, medo, choque ou tristeza, para ajudá-las a enfrentar essas emoções de maneira mais equilibrada. Também podem ser usados para tratar lesões físicas, como cortes, queimaduras, contusões e entorses. Arnica é um exemplo comum de remédio homeopático usado para contusões e traumas físicos e emocionais. Durante situações de calamidade pública, há um risco aumentado de doenças infecciosas devido a condições de vida precárias e falta de acesso a cuidados médicos adequados. Alguns remédios homeopáticos, como Oscillococcinum, são usados para ajudar na prevenção e tratamento de doenças virais, como a gripe. A Homeopatia também pode fortalecer o sistema imunológico das pessoas afetadas, ajudando seus corpos a lidar melhor com o estresse físico e emocional e a resistir a doenças. Além disso, pessoas que sofrem de condições crônicas de saúde podem encontrar alívio dos sintomas através do tratamento homeopático, mesmo durante situações de calamidade pública. Remédios homeopáticos são prescritos com base nos sintomas físicos, mas também nos aspectos emocionais e mentais associados à doença.
Muitas doenças de ordem ambiental surgiram por conta da contaminação ambiental e é necessário cuidar das pessoas de forma rápida, mesmo que, às vezes, seja difícil fazer a repertorização de forma rápida. Porém, é sempre importante observar a similitude com a pessoa a ser tratada homeopaticamente.
É importante notar que o tratamento homeopático não deve substituir os cuidados médi-
cos convencionais durante situações de calamidade pública. Em vez disso, pode ser usado como um complemento aos cuidados médicos tradicionais, oferecendo suporte adicional ao bem estar físico e emocional das pessoas afetadas.
Vanessa Rescia: Ambientes que chegam ao ponto de passar por situações de calamidade pública, em geral, estão em desequilíbrio e desnaturalizados, assim como todos os seres vivos que fazem parte dele. Esses ambientes e seres vivos sofreram com supressões intensas e longas, o que gerou o adoecimento geral. As alterações da natureza, como a poluição do ar, a contaminação das águas, o empobrecimento do solo com o uso de fertilizantes, as plantas adoecidas como uso de agrotóxicos, os desmatamentos; por sua vez os animais adoecidos por viverem confinados e fora do seu habitat natural, respirarem ar poluído, ingerirem plantas e águas contaminadas e medicamentos químicos, produzem carne, leite e derivados contaminados; e o homem, que também vive nos confinamentos dos grandes centros urbanos, distante da natureza, respira ar poluído, ingere águas poluídas e contaminadas, alimenta-se de plantas suprimidas e regadas com essas mesmas águas, bem como de animais adoecidos e suprimidos, utiliza-se de grandes quantidades de drogas supressoras, com isso tem, a sua energia vital reduzida, o sistema imunológico, o emocional e o mental adoecidos, contribuindo para a degradação ambiental e da humanidade.
O tratamento homeopático, dentre as terapias naturais, pode auxiliar no sentido de harmonizar o ambiente, do ponto de vista energético e físico, e todos os seres vivos que fazem parte dele. O ser humano, como parte desse sistema, pode também se beneficiar do tratamento homeopático em seus planos energético, mental, emocional e físico. A proposta de homeopatizar águas, solos, plantas, camadas atmosféricas e todos os seres vivos é revolucionária e já é uma realidade. São limpezas energéticas e físicas desses sistemas, com a sua sutilização,
gerando harmonização e equilíbrio, e favorecendo os processos de autocura.
Cada padrão vibratório poderá entrar em ressonância e em uníssono com o padrão vibratório interno e externo, de forma sistêmica e harmônica, e em curto espaço de tempo. Por isso, o tratamento homeopático, utilizado no ambiente e em todos os seres pode contribuir com o equilíbrio e a saúde ambiental. Isso é necessário para que haja a cooperação mútua de todos os seres do ecossistema, de forma saudável e plena, favorecendo a recuperação breve, em situações extremas, como as que têm ocorrido no Rio Grande do Sul, por exemplo. Neste momento, há o suporte do grupo CuidarVida, uma força-tarefa multidisciplinar e multiprofissional, que segue no auxílio à regeneração das áreas afetadas pelas enchentes, com o uso da Homeopatia para descontaminação ambiental, prevenção de riscos à saúde, bem como para auxiliar na harmonização e reequilíbrio da população, com o uso da homeopatia e outras terapias integrativas, como Reiki, Florais e Radiestesia.
REH: Durante situações de calamidade pública, os esforços devem ser concentrados no resgate e respostas imediatas para salvar vidas, porém, a intensidade e extensão do desastre expõe o desafio de melhor organizar os sistemas de preparação e respostas, que estão conectados aos processos de recuperação e reabilitação das condições de vida e saúde. Como a Homeopatia poderia ser inserida nas estratégias que fazem parte desse contexto?
Edite Lopes: A Homeopatia pode desempenhar um papel valioso em várias etapas dos esforços de preparação, resposta, recuperação e reabilitação durante situações de calamidade pública. Antes mesmo de ocorrer um desastre, os sistemas de saúde podem integrar a Homeopatia em seus planos de preparação. Isso pode incluir a formação de equipes de saúde que tenham conhecimen-
to em homeopatia para ajudar na resposta a desastres, a criação de estoques de remédios homeopáticos adequados para emergências e a sensibilização da comunidade sobre os benefícios da homeopatia no dia-a-dia e durante situações de crise.
Durante a fase de resposta imediata, os profissionais de saúde podem usar homeopatias para tratar lesões físicas, choque emocional, ansiedade e outros sintomas comuns após um desastre. Além disso, remédios homeopáticos podem ser distribuídos para ajudar na prevenção de doenças infecciosas, já que as condições precárias de higiene e a superlotação de abrigos temporários aumentam o risco de propagação de doenças.
Na fase de recuperação e reabilitação, a homeopatia pode ser usada para tratar problemas de saúde física e mental a longo prazo causados pelo desastre. Isso inclui o tratamento de condições crônicas de saúde que podem ter sido exacerbadas pela crise, como problemas respiratórios, distúrbios do sono, ansiedade pós-traumática, entre outros.
É importante que a homeopatia seja integrada aos sistemas de saúde convencionais durante todas as fases do desastre. Isso pode envolver a coordenação entre terapeutas e médicos homeopatas e profissionais de saúde convencionais, compartilhando informações sobre os pacientes e garantindo que os tratamentos homeopáticos sejam usados de maneira complementar aos cuidados médicos tradicionais.
A Homeopatia também pode desempenhar um papel importante no suporte à saúde mental durante a recuperação e reabilitação, oferecendo tratamentos personalizados para ajudar as pessoas a lidar com o trauma emocional e os sintomas de estresse pós-traumático.
Em resumo, a Homeopatia pode ser integrada de várias maneiras aos sistemas de
preparação e resposta a desastres, oferecendo suporte adicional aos esforços de saúde pública para salvar vidas, minimizar o sofrimento e promover a recuperação e reabilitação das comunidades afetadas.
Vanessa Rescia: Atualmente, nos encontramos em meio a desordem e doenças. Em uma era de avanços tecnológicos, vemos prejuízos na atmosfera, nas águas, nos solos, nos animais, nas plantas e o comprometimento da biodiversidade. Socialmente, observamos uma epidemia de competição, violência e guerras que podem levar à destruição da raça humana. E individualmente, de geração em geração, em vez de ver a saúde melhorar, testemunhamos um declínio da saúde. A maioria dos seres vivos, principalmente os seres humanos, têm graus de desequilíbrios que podem variar de leves a intensos. O que observamos é que tanto coletivamente como individualmente, os seres humanos estão afetando e sendo afetados pelo meio ambiente. À medida que nos desviamos das leis da natureza, um ciclo vicioso é estabelecido, o qual requer muita percepção e energia para ser corrigido.
Neste contexto, a Homeopatia pode ser uma escolha ambientalmente sustentável, considerada uma “ecomedicina”, pois estimula práticas salutares de bem viver, boa alimentação, utiliza-se de medicamentos altamente diluídos e potencializados (dinamizados), resultando em impacto ambiental mínimo, com o uso de substâncias naturais de origem mineral, vegetal ou animal e de custo acessível, podendo ser uma boa estratégia para o enfrentamento das situações de calamidade pública. Com a Homeopatia, se trabalha a harmonização e o equilíbrio do ambiente como um todo, incluindo todos os seres que fazem parte dele. Isso, por si só, já é uma estratégia importante, no sentido de trazer equilíbrio emocional e, por consequência, maior clareza mental para se pensar a forma de interação do homem com o meio ambiente e o que gerou a degradação que culminou com tal processo de calamidade pública.
Uma das questões importantes nesse tipo de situação é a concentração de um grande número de pessoas em um local. Essa é uma questão a ser repensada na forma de organização das sociedades humanas. Outro ponto é o que se considera progresso, pois crescimento econômico com um custo ambiental alto não faz sentido e nos leva a esse tipo de situação calamitosa. Pensando nas causas e consequências, é possível chegar em soluções como forma de reverter esses processos, a fim de conciliar qualidade de vida e sua harmonia com a natureza.
A degradação ambiental causada pelos seres humanos, apesar de ser um problema amplo, pode ter solução com o uso da Homeopatia que, além de promover a preservação dos recursos naturais, tem potencial de uso para desintoxicar o meio ambiente, harmonizar o ecossistema e para auxiliar na produção de alimentos orgânicos saudáveis. Podemos ter o uso da Homeopatia tanto na prevenção quanto na remediação, com o potencial de auxiliar no processo de recuperação e regeneração, em qualquer contexto de evento extremo.
A Homeopatia se alinha com os princípios da consciência ambiental, ao considerar a interligação do indivíduo e do ambiente, promove uma compreensão mais profunda do impacto que as nossas escolhas têm na saúde pessoal e planetária. Esta consciência promove uma mentalidade mais sustentável e incentiva os indivíduos a tomarem decisões ambientalmente conscientes, para além das suas escolhas de cuidados de saúde.
REH: Recentemente, a ONU apontou que a humanidade tem dois anos para “salvar o planeta”. De quais formas a Homeopatia pode atuar na recuperação do meio ambiente? De quais formas a Homeopatia pode atuar na prevenção de problemas ambientais?
Edite Lopes: A homeopatia pode desempenhar um papel na recuperação e prevenção de problemas ambientais de várias maneiras. Falando sobre recuperação do meio ambiente,
é possível usá-la para remediação de solos contaminados com substâncias tóxicas. Por exemplo, alguns remédios homeopáticos têm sido estudados por sua capacidade de ajudar na descontaminação de solos contaminados por metais pesados, pesticidas e outros poluentes. A Homeopatia pode ser usada para promover crescimento de plantas e árvores em áreas degradadas, contribuindo para a restauração de ecossistemas danificados. Preparados homeopáticos como Silicia, Calcarea carbonica e Phosphorus são usados para melhorar a saúde das plantas e aumentar sua resistência a estresses ambientais. O tratamento homeopático também pode auxiliar animais selvagens e organismos aquáticos afetados pela poluição e outros danos ambientais, ajudando a fortalecer seus sistemas imunológicos e a acelerar o processo de cura de lesões e doenças.
Também é possível recorrer à Homeopatia para prevenir problemas ambientais, usando-a na agricultura como parte de práticas agrícolas sustentáveis. Remédios homeopáticos podem ser aplicados para promover o crescimento saudável das plantas, aumentar a resistência a pragas e doenças, e reduzir a dependência de produtos químicos sintéticos nocivos ao meio ambiente. A Homeopatia também pode tratar água e resíduos, removendo contaminantes e melhorando sua qualidade. Além disso, pode ser aplicada no tratamento de resíduos orgânicos e industriais para acelerar a decomposição e reduzir os impactos negativos no meio ambiente.
O tratamento homeopático também pode desempenhar um papel na educação e sensibilização ambiental, promovendo práticas de vida sustentável e incentivando o respeito pela natureza e pelos recursos naturais. Embora a Homeopatia possa oferecer benefícios na recuperação e prevenção de problemas ambientais, é importante reconhecer que não é uma solução única para os desafios ambientais enfrentados pela humanidade. A abordagem mais eficaz para a pro-
teção do meio ambiente geralmente envolve uma combinação de diferentes estratégias, incluindo políticas públicas, tecnologias sustentáveis e mudanças de comportamento individual e coletivo.
Vanessa Rescia: Muitos estudos científicos apontam que estamos num caminho equivocado em relação ao progresso e desenvolvimento econômico, pautados em políticas econômicas capitalistas e neoliberalistas que fomentam o consumismo, sem a devida reflexão sobre questões ambientais. Há um só planeta sendo consumido e poluído a uma velocidade não passível de regeneração. Estamos entrando na era do “ecocapitalismo”, que se mostra ainda mais danoso, considerando as necessidades de aumento do consumo de recursos naturais, como minérios e com impactos ainda maiores dos que já presenciamos, como no caso de Brumadinho e Mariana, em Minas Gerais.
As mudanças climáticas já são uma realidade, em decorrência da ação antrópica e toda a população mundial já tem sentido seus impactos. A desregulação do clima planetário tem relação com o ocorrido no Rio Grande do Sul, em relação ao excesso de chuvas e com secas e ondas de calor em outras partes do Brasil e do mundo. A conscientização é o primeiro passo para haver uma mudança global, pois depende das ações individuais e coletivas para alterar a forma de relação do ser humano com a natureza, compreendendo que somos parte integrada de um organismo complexo que é o planeta.
Se não aprendermos a conviver em harmonia com a natureza, como assim faziam os povos originários, que entendiam seus ciclos e aproveitavam seus fluxos energéticos sem gerar danos, estaremos condenados a viver tempos de caos e em um curto espaço de tempo. Recentemente, houve uma publicação na revista científica Nature (Mauro Bologna e Gerardo Aquino. Deflorestation and world population sustainability: a quantitative analysis, Nature, 10:7631,
2020) que faz projeções de um colapso catastrófico na população humana, devido ao consumo de recursos naturais, em particular o desmatamento das florestas, em um tempo de 2 a 4 décadas. Sugerem uma mudança de paradigma de uma civilização movida pelas questões econômicas para uma civilização cultural e consciente, como as únicas capazes de sobreviver ao que está por vir. Uma questão vital a se discutir, segundo George Vithoulkas, é: “Qual o objetivo da vida humana? Não é possível falar de saúde e de doença, sem conhecer o propósito fundamental da vida. Para essa questão temos respostas superficiais, tais como dinheiro, poder, fama, terras, sexo, ausência de sofrimento, alívio da ansiedade e da tensão. Se meditarmos, um pouco mais a fundo, chegamos a resposta de que todos nós, por meio destes desejos, buscamos um estado interior de felicidade incondicional e contínua, que independe das questões externas e que persiste, apesar das mudanças efêmeras da vida.
Qualquer pessoa com limitação no bem-estar, seja no nível físico, emocional ou mental, nesta existência, tem impedida a possibilidade deste tipo de felicidade se manifestar. Assim, podemos compreender que a saúde é um pré-requisito essencial para os seres humanos alcançarem o objetivo fundamental da vida: a felicidade incondicional, que pode auxiliar cada indivíduo a atingir estados evolutivos elevados”. Sendo assim, o ser humano é uma totalidade única e integrada, agindo o tempo todo nos níveis mental, emocional e físico, sendo o mental o mais importante e o físico o menos importante. Neste contexto, a Homeopatia pode ser uma grande aliada para a harmonização e equilíbrio dos seres humanos. Seres humanos equilibrados se sentirão parte da natureza e não dissociados dela, e terão discernimento para avaliar os impactos de seus desejos e suas ações sobre o meio ambiente, bem como de trabalhar no sentido da recuperação e preservação ambiental.
REH: Quais são os maiores desafios que a Homeopatia enfrenta para ser implementada como ferramenta de proteção e recuperação do meio ambiente?
Edite Lopes: Um dos maiores desafios é a falta de aceitação e reconhecimento da Homeopatia como uma abordagem válida para questões ambientais. Muitas vezes, ela é vista com ceticismo por parte da comunidade científica e de autoridades regulatórias, o que dificulta sua adoção em políticas e práticas ambientais. Embora haja evidência anedóticas e alguns estudos científicos que apoiem o uso da Homeopatia para questões ambientais, há uma falta de pesquisas robustas e de longo prazo que demonstrem sua eficácia de forma convincente. A falta de evidências científicas pode limitar a confiança no tratamento homeopático como uma ferramenta eficaz para proteger e recuperar o meio ambiente. Também há o fato de que muitas pessoas, incluindo profissionais ambientais e agricultores, podem ter um conhecimento limitado sobre a Homeopatia e como ela pode ser aplicada para questões ambientais. A falta de educação e conscientização pode dificultar sua adoção e implementação.
Além disso, em muitas regiões, pode haver uma falta de acesso a profissionais qualificados em Homeopatia e a remédios homeopáticos de qualidade. Isso pode limitar a capacidade das comunidades de aproveitar os benefícios da Homeopatia para proteger o meio ambiente.
O custo dos tratamentos homeopáticos e a falta de financiamento para pesquisas e programas de educação em Homeopatia também podem ser obstáculos significativos para sua implementação em larga escala para questões ambientais. Superar esses desafios exigirá um esforço conjunto de profissionais da área da saúde, ambientalistas, autoridades governamentais, pesquisadores e comunidades locais. Será necessário investimento em pesquisa científica, educa-
ção pública, capacitação de profissionais e desenvolvimento de políticas públicas que promovam a integração da homeopatia em estratégias de proteção e recuperação do meio ambiente. Porém, já existem, no Brasil, vários pesquisadores, agricultores, associações, universidades, e empresas de assistência técnica e extensão rural trabalhando a Homeopatia no meio ambiente de forma eficiente. Temos que tentar expandir estes estudos e pesquisas para todo o território nacional.
Vanessa Rescia: A difusão e popularização da Ciência da Homeopatia, tanto na Academia quanto na educação popular, são desafios a serem vencidos para que haja a sua implementação com a finalidade de proteção e recuperação do meio ambiente. Atualmente, a Homeopatia está restrita aos cursos da área da saúde e agronomia, porém, suas aplicações são amplas e poderiam ser ensinadas em cursos de diversas áreas, como os de Engenharia Sanitária e Ambiental, de Ciências Biológicas, de Engenharia Florestal, dentre outros, que têm como foco o trabalho de preservação e recuperação ambiental.
A Homeopatia, como ciência livre, deve ser ensinada à população em cursos focados na saúde ambiental e resiliências climáticas, tão em voga, nestes tempos em que os reflexos das mudanças climáticas são evidentes. Também o acesso aos medicamentos homeopáticos é outro desafio a ser vencido, com o fortalecimento da formação em farmacotécnica homeopática dos farmacêuticos, bem como na ampliação do acesso a essa terapia e aos medicamentos no SUS (Sistema Único de Saúde), ligados às ações das secretarias de saúde, porém ampliado o acesso para ações das secretarias da agricultura e pecuária e do meio ambiente. Outro desafio é a maior inserção dos Terapeutas Homeopatas Não Médicos, no âmbito do SUS, havendo o reconhecimento em todo o território nacional dessa atividade, regulamentada pelo Código Brasileiro de Ocupações. Isso
garantiria maior acesso da população à Homeopatia como parte da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), desde 2006. O acesso seria importante na harmonização e equilíbrio das pessoas e, por consequência, impactaria na regeneração e preservação ambientais.
O fortalecimento e difusão das aplicações benéficas da Agrohomeopatia em substituição aos agrotóxicos, herbicidas e fertilizantes, bem como o seu uso para descontaminação ambiental, das águas, do solo e do ar seriam importantes, também, em processos de regeneração e preservação ambientais. Vale ressaltar que a homeopatia utiliza substâncias altamente diluídas, resultando em impacto ambiental mínimo em comparação com a medicina convencional. Ao utilizar pequenas quantidades de ingredientes naturais, a Homeopatia reduz a extração e produção de substâncias potencialmente nocivas, contribuindo assim para uma abordagem mais sustentável da cura; outra perspectiva a considerar é como a homeopatia enfatiza o uso dos recursos naturais. Ao contrário dos medicamentos farmacêuticos que, muitas vezes, requerem extensos processos de fabricação e compostos sintéticos, os medicamentos homeopáticos dependem, principalmente, de substâncias naturais, como plantas, minerais e produtos de origem animal. Esta abordagem promove a preservação dos recursos naturais e reduz a pressão sobre os ecossistemas. O foco da homeopatia no tratamento individualizado e em dosagens mínimas também contribui para a redução de desperdícios. Ao contrário da medicina convencional, onde podem ser prescritas grandes quantidades de medicamentos, a Homeopatia visa fornecer medicamentos dinamizados precisos e adaptados às necessidades do indivíduo. Esta abordagem minimiza a geração de medicamentos não utilizados ou vencidos, reduzindo a carga ambiental associada aos resíduos farmacêuticos.
REH: Desastres naturais, epidemias, pandemias e outras situações de calamidade pública podem ocorrer a qualquer momento. Eventos como esses desencadeiam uma série de reações emocionais, psíquicas e psicológicas nas pessoas afetadas, de estresse pós-traumático a transtornos de ansiedade, incerteza em relação ao futuro e sensação de falta de esperança. Além disso, sobreviventes de desastres podem apresentar sintomas emocionais e cognitivos. A Homeopatia pode tratar esses quadros tão complexos? Como? Quais preparados homeopáticos são mais indicados para os quadros de saúde mencionados?
Edite Lopes: A Homeopatia pode ser uma abordagem eficaz para tratar uma variedade de reações emocionais, psíquicas e psicológicas desencadeadas por desastres naturais, epidemias, pandemias e outras situações de calamidade pública. A homeopatia trata a pessoa de maneira holística, considerando não apenas os sintomas físicos, mas também os aspectos emocionais, mentais, energéticos, comportamentais e sociais do indivíduo. O tratamento é individualizado com base nos sintomas únicos de cada pessoa. Um homeopata considerará não apenas os sintomas emocionais apresentados, como ansiedade, medo, tristeza ou desespero, mas também a personalidade, a história de vida e os fatores desencadeantes específicos da situação de calamidade.
Existem vários remédios homeopáticos que são frequentemente usados para tratar o trauma emocional e o estresse pós-traumático, como Arnica montana – a arnica da alma- para traumas emocionais e físicos. Aconitum napellus, Ignatia amara, Natrum muriaticum e Arsenicum album. Esses remédios são prescritos com base nos sintomas emocionais predominantes e nas circunstâncias do trauma.
Outros preparados homeopáticos, como: Arsenicum album, Gelsemium sempervi-
rens e Lycopodium clavatum são comumente usados para tratar sintomas de ansiedade, medo e preocupação excessiva associados a situações de calamidade pública. É importante observar os sintomas raros, estranhos e peculiares que a pessoa apresenta.
Alguns remédios homeopáticos são usados para ajudar na estabilização emocional geral e no fortalecimento da resiliência mental, como Phosphoricum acidum, Staphysagria e Calcaria carbônica. Nesse contexto, a Homeopatia também não substitui os cuidados médicos convencionais em situações de emergência ou calamidade pública. Ela pode ser usada como parte integrante de um plano de tratamento abrangente, complementando outras intervenções médicas e terapêuticas. É sempre recomendável buscar orientação de um profissional qualificado e experiente em Homeopatia para um tratamento adequado e individualizado.
Vanessa Rescia: A Homeopatia pode contribuir nestes quadros complexos e minimizar os impactos dessas situações traumáticas, no sentido do reequilíbrio ambiental, como também das pessoas afetadas, nos níveis mental, emocional e físico. Cada caso deve ser avaliado e administrado o medicamento que for mais adequado, respeitando-se a individualidade de cada ser. Na impossibilidade de se fazer o atendimento individual, pode-se recorrer ao “gênio epidêmico”, em determinados casos como epidemias e pandemias. No caso da COVID-19, foi utilizado a Camphora 1M, em alguns países, como “gênio epidêmico” e a China officinalis e o Arsenicum Album, no Brasil por exemplo. No caso da situação emergencial no Rio Grande do Sul, o Grupo de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste sugeriu ao Grupo CuidarVida a Arnica como a Homeopatia das calamidades, tanto para tratar as vítimas, em relação aos traumas, choque emocional e físico, como também um preventivo de evolução para enfermidades posteriores (diabetes, vitiligo, lúpus, etc) e que
pode ser utilizado para a limpeza das águas poluídas das enchentes. Também foi sugerida a utilização do nosódio Leptospira, devido às enchentes (nosódio preventivo para leptospirose). Outros exemplos: Arsenicum album pode ser uma opção para angústia, Aconitum napellus para ansiedade e medo de morrer, Ignatia amara estresse, irritabilidade e insônia, entre outros.
REH: É igualmente importante pensar na saúde mental dos trabalhadores envolvidos na resposta a emergências, como profissionais de saúde, socorristas, bombeiros, forças militares, voluntários e a própria imprensa, e oferecer apoio psicológico a todos. Como a Homeopatia pode tratar o impacto psíquico e psicológico desses eventos a curto, médio e longo prazo?
Edite Lopes: Remédios homeopáticos como Aconitum napellus e Arsenicum album podem ser prescritos para ajudar a aliviar o estresse agudo e a ansiedade associados à resposta a emergências. Esses remédios ajudam a acalmar a mente e reduzir os sintomas físicos e emocionais do estresse.
Durante e imediatamente após eventos traumáticos, remédios homeopáticos podem ser usados para tratar sintomas emocionais agudos, como choque, medo intenso, pânico, raiva e tristeza. Remédios como Ignatia amara, Opium e Stramonium são frequentemente prescritos nessas situações. A Homeopatia pode ajudar a prevenir o desenvolvimento de estresse pós-traumático em trabalhadores expostos a eventos traumáticos, e preparados homeopáticos podem ser prescritos para fortalecer a resiliência mental e emocional, reduzir a vulnerabilidade ao trauma e promover uma recuperação mais rápida. Para trabalhadores que continuam a enfrentar sintomas emocionais e psicológicos após o término do evento traumático, a Homeopatia oferece tratamento a médio e longo prazo. Remédios homeopáticos são prescritos com base nos sintomas individu-
ais do paciente, visando tratar não apenas os sintomas emocionais, mas também os aspectos físicos e mentais do trauma.
A abordagem holística da Homeopatia permite que os profissionais de saúde ofereçam um suporte contínuo e cuidados abrangentes aos trabalhadores afetados. Além dos remédios homeopáticos, os homeopatas podem oferecer aconselhamento emocional e apoio psicológico para ajudar os pacientes a lidar com o impacto do trauma em suas vidas.Faz-se essencial ressaltar que a Homeopatia também não substitui os cuidados médicos convencionais para problemas de saúde mental graves. Trabalhadores que estão enfrentando sintomas graves de estresse pós-traumático ou outras condições psiquiátricas devem procurar ajuda profissional adequada. No entanto, a Homeopatia pode ser usada como parte integrante de um plano de tratamento abrangente para promover a saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores envolvidos na resposta a emergências.
Vanessa Rescia: A Homeopatia reconhece a relação intrínseca entre a mente e o corpo. Reconhece que fatores emocionais e psicológicos podem afetar a saúde física. Ao abordar os aspectos físicos e emocionais do bem-estar dos trabalhadores envolvidos nas diversas frentes em situações de emergências, a homeopatia visa promover a cura holística. Também dá grande ênfase à prevenção e à saúde a longo prazo. Ao abordar a interligação entre a saúde e o ambiente, a homeopatia procura não só aliviar os sintomas, mas também promover o bem-estar geral e a resiliência. Esta abordagem visa reduzir a dependência de tratamentos convencionais e minimizar o impacto ambiental das práticas de saúde. A Homeopatia é uma ferramenta importante para auxiliar na saúde mental, gerando harmonia e equilíbrio. É importante iniciar o acompanhamento individual desses profissionais e voluntários o quanto antes e seguir até que eles se sintam bem, após o passar o período crítico.
REH: Levando em consideração a necessidade de uma abordagem integrada e coordenada para lidar com as necessidades complexas da população afetada por calamidades públicas e situações de emergência, com quais setores a Homeopatia pode atuar em conjunto para lidar com as situações de emergência particulares de catástrofes ambientais e suas consequências, e de quais formas pode contribuir para o alcance de bons resultados nesse cenário?
Edite Lopes: A Homeopatia pode integrar-se ao setor de saúde pública, fornecendo tratamento complementar para uma variedade de problemas de saúde física e mental associados a desastres naturais e ambientais. Os profissionais de saúde pública podem colaborar com homeopatas para garantir que os serviços de saúde sejam abrangentes e atendam às necessidades da população afetada.
Em colaboração com profissionais de saúde mental, a homeopatia pode fornecer suporte adicional para o tratamento de depressão, que frequentemente surgem após desastres ambientais. O tratamento homeopático pode ser integrado a abordagens terapêuticas tradicionais para promover a recuperação holística dos indivíduos afetados.
Durante situações de emergência, os profissionais de resposta a emergências podem trabalhar em conjunto com homeopatas para garantir que os cuidados de saúde sejam fornecidos de maneira eficaz e coordenada. Os homeopatas podem apoiar os esforços de resposta ao fornecer tratamento homeopático complementar em abrigos temporários, centros de triagem e outras instalações de atendimento.
Organizações não governamentais e grupos voluntários desempenham um papel crucial na resposta a desastres ambientais, oferecendo assistência humanitária, suprimentos médicos e apoio emocional à população
afetada. A Homeopatia pode ser integrada às operações dessas organizações, permitindo que os voluntários ofereçam tratamento homeopático às comunidades afetadas.
A Homeopatia também pode desempenhar um papel na educação e sensibilização pública sobre questões de saúde ambiental e na promoção de práticas de vida sustentável. Os homeopatas podem trabalhar em conjunto com educadores e ativistas ambientais para aumentar a compreensão sobre os benefícios da homeopatia e seu potencial papel na proteção e recuperação do meio ambiente.
Em conjunto, esses setores podem colaborar para fornecer uma abordagem integrada e coordenada para lidar com as necessidades complexas da população afetadas por calamidades públicas. A Homeopatia pode contribuir para alcançar bons resultados nesse cenário, fornecendo tratamento complementar, promovendo saúde mental e emocional e apoiando os esforços de recuperação e reconstrução das comunidades afetadas.
Vanessa Rescia: Nestes casos, se faz necessário a articulação dos grupos que têm condições de oferecer auxílio e, destes, com o poder público local, nos setores de contribuição potencial (saúde, meio ambiente, entre outros), bem como com as formas organizações civis (ONGs, Associações, Defesa Civil dentre outros grupos), empresas e instituições públicas e privadas, para avaliar as necessidades e viabilidades, planejar ações conjuntas e articular a sua execução. Trata-se de um trabalho árduo e de grupos de pessoas com propósitos altruístas.
É sempre importante monitorar as intervenções para registrar dados, para posterior avaliação dos impactos, como forma de fortalecer a Homeopatia, com uma abordagem em situações de calamidade pública.
REH: Traumas físicos são quadros de saúde comuns durante catástrofes ambientais. Há uma crença comum de que a Homeopatia é ineficaz para esse tipo de situação emergencial porque demora a fazer efeito. As senhoras concordam? Por quê?
Edite Lopes: Não. É compreensível que haja preocupações sobre a eficácia da Homeopatia em casos de traumas físicos durante situações emergenciais devido a percepção de que ela pode demorar a fazer efeito. No entanto, é importante entender que a Homeopatia pode oferecer benefícios significativos no tratamento de traumas físicos, mesmo em situações de emergência, quando administrada adequadamente.
Embora alguns remédios homeopáticos possam ser prescritos individualmente com base nos sintomas específicos do paciente, também existem preparados homeopáticos prontos para uso que podem ser aplicados rapidamente em situações de emergência. Estes preparados são formulados para tratar uma variedade de sintomas comuns de trauma físico, como Arnica montana, para contusões e lesões, e Ledum palustre, para picadas de insetos e ferimentos punctiformes. Para tétano, pode-se usar o composto de Apis mellifera + Ledum palustre + Hypericum perforatum – CH30.
A Homeopatia pode ajudar a acelerar o processo de cicatrização e recuperação de lesões físicas. Remédios homeopáticos são prescritos com base nos sintomas individuais do paciente e podem ajudar a reduzir a dor, o inchaço e a inflamação associados a traumas físicos, promovendo uma recuperação mais rápida e eficaz. Também tratam o paciente de maneira holística, considerando não apenas os sintomas físicos, mas também os aspectos emocionais e mentais do trauma. Isso significa que os remédios homeopáticos podem ajudar não apenas a tratar os sintomas físicos imediatos, mas também a lidar com o estresse emocional e
o choque associados ao trauma. Os remédios homeopáticos são altamente diluídos e, geralmente, considerados seguros, mesmo para uso em situações de emergência. Eles não têm efeitos colaterais adversos significativos e podem ser usados em conjunto com outros tratamentos médicos convencionais sem interações negativas.
Embora a Homeopatia possa não ser a única opção de tratamento para traumas físicos durante situações de emergência, ela pode oferecer benefícios significativos como parte de uma abordagem integrada e complementar. É sempre recomendável procurar orientação de um profissional qualificado e experiente em homeopatia para um tratamento adequado e individualizado em situações de emergência.
Vanessa Rescia: Discordo dessa afirmação, pois a Homeopatia pode tratar qualquer tipo de desequilíbrio, inclusive os de ordem física, mas trata o indivíduo como um todo. Ela considera não apenas os sintomas físicos, mas também os aspectos mentais e emocionais do indivíduo, bem como as condições ambientais.
O homeopata leva em consideração o bem-estar geral da pessoa e procura abordar as causas subjacentes dos sintomas, em vez de simplesmente suprimi-los. Desde que escolhido o medicamento correto e a potência adequada ao caso, o efeito pode ser rápido e a cura duradoura, a depender da vitalidade do paciente.
REH: Durante uma crise aguda, problemas estruturais, como diminuição do número de funcionários e aumento do número de pacientes podem ocorrer, comprometendo a capacidade de atendimento e gerando um risco de sobrecarga do sistema de saúde. Como terapeutas homeopatas podem ser inseridos nesse cenário e como podem ajudar a evitar o colapso do atendimento de saúde durante calamidades públicas?
Edite Lopes: Terapeutas podem oferecer tratamento para aliviar o estresse e a ansiedade entre os profissionais de saúde que estão lidando com uma carga de trabalho aumentada e situações emocionalmente desafiadoras, prescrevendo medicamentos homeopáticos que podem ajudar a promover a calma, a resiliência e a capacidade de lidar com o estresse. Também podem oferecer suporte adicional para o tratamento de problemas de saúde mental entre os profissionais de saúde, como estresse pós-traumático, ansiedade e esgotamento emocional. Eles podem fornecer tratamento homeopático individualizado para ajudar os profissionais de saúde a lidar com os desafios emocionais e psicológicos associados à crise. Além disso, terapeutas homeopatas podem colaborar com profissionais de saúde convencionais no fornecimento de tratamento complementar para pacientes durante uma crise aguda, utilizando remédios homeopáticos que tratam uma variedade de sintomas físicos e emocionais associados a condições médicas agudas, ajudando a aliviar o sofrimento dos pacientes e melhorar sua qualidade de vida.
Terapeutas homeopatas também podem fornecer educação e treinamento para profissionais de saúde sobre os princípios básicos da homeopatia e como ela pode ser integrada aos cuidados de saúde convencionais durante uma crise. Isso pode ajudar a aumentar a conscientização sobre os benefícios da homeopatia e promover uma abordagem mais integrada e holística para o tratamento de pacientes.
Em situações onde o acesso aos serviços de saúde convencionais é limitado devido a infraestrutura danificada ou à sobrecarga do sistema de saúde, terapeutas homeopatas podem oferecer atendimento em locais remotos ou inacessíveis. Eles podem fornecer cuidados de saúde básicos e tratamento homeopático para pessoas que não têm acesso
a outros serviços de saúde. De forma geral, terapeutas homeopatas podem desempenhar um papel importante no apoio ao sistema de saúde durante calamidades públicas, oferecendo tratamento para profissionais de saúde e pacientes, colaborando com profissionais de saúde convencionais, fornecendo educação e treinamento e oferecendo atendimento em locais remotos ou inacessíveis.
Vanessa Rescia: A Homeopatia pode ser útil em qualquer contexto de crise e sobrecarga do sistema de saúde, tanto como uma opção a mais para tratar as pessoas atingidas pela situação calamitosa, como também no cuidado preventivo dos profissionais de saúde, para que esses se mantenham em equilíbrio, não sucumbindo por conta situação estressante.
REH: Segundo especialistas, a saúde de todo o país é afetada quando há situações de calamidade pública em uma região de seu território e não apenas as regiões sofrendo diretamente com a crise. De quais maneiras toda a população acaba sendo atingida? Quais demandas a Homeopatia pode suprir nesse contexto?
Edite Lopes: A calamidade pública pode gerar medo, ansiedade e estresse em toda a população. As pessoas podem sentir-se inseguras em relação à sua própria segurança e bem-estar, o que pode levar a problemas de saúde mental. Em situações de crise, os recursos de saúde, como hospitais, médicos e medicamentos, podem ficar escassos. Isso não afeta apenas as regiões diretamente afetadas, mas também outras áreas que podem precisar desses recursos para lidar com outras condições de saúde.
Calamidades públicas podem levar a condições insalubres, falta de saneamento básico, falta de água potável e deslocamento populacional. Esses fatores aumentam o risco de doenças infecciosas, como diarreia,
infecções respiratórias e doenças transmitidas por vetores. Acidentes e lesões também podem ocorrer devido às circunstâncias adversas. Além disso, pode haver problemas de escassez ou falta de alimentos, contaminação de alimentos; escassez de água potável; e falta de roupas de frio e cobertores. Quando se trata do papel da Homeopatia nesse contexto, ela pode ajudar a fortalecer o sistema imunológico das pessoas, tornando-as menos suscetíveis a doenças infecciosas. Tratamentos homeopáticos podem estimular as defesas naturais do organismo para combater infecções e promover a saúde.
A Homeopatia também pode ajudar a lidar com os efeitos psicológicos da calamidade pública, como medo, ansiedade e estresse através de tratamentos homeopáticos personalizados que podem ser utilizados para ajudar a acalmar a mente, reduzir a ansiedade e promover o equilíbrio emocional. Ela também pode ajudar pessoas a ressignificar suas vidas de maneira a ver o mundo de uma forma diferente, mais humana e solidária; a conviver com o ambiente de forma equilibrada; e a buscar soluções práticas para conviver com este ambiente que poderá continuar a ser hostil por um longo período, como resposta do tratamento que demos a ele durante séculos. Portanto, a Homeopatia é uma aliada importante em situações de calamidade pública.
Vanessa Rescia: A população tem acesso às informações passadas pela mídia e é afetada por elas, tanto pelas pessoas que têm parentes ou amigos afetados, quanto por outras pessoas que são empáticas à situação. Há uma comoção geral da população em relação a esse tipo de situação, principalmente quando há vítimas e situações de grande sofrimento, isso pode afetar o plano emocional e mental das pessoas. Algumas conseguem vivenciar o choque por um breve período, outras evoluem para uma condição crônica, a depender da sua suscetibilidade, evoluindo para quadros psicossomáticos,
que podem também reverberar no corpo físico e gerar sintomas diversificados, devido ao desequilíbrio. A Homeopatia pode ser útil também para reequilibrar as pessoas, por meio do tratamento individualizado de cada caso.
REH: Comunidades atingidas diretamente por catástrofes e comunidades em risco acabam sendo esquecidas a médio e longo prazo. É necessário pensar em estratégias abrangentes para fornecer cuidados gerais de saúde às comunidades em situações de risco e garantir que a população afetada tenha acesso a serviços para cuidar da saúde mental e física, tanto durante quanto após a crise. Quais estratégias devem ser implementadas para impedir que populações sejam abandonadas nesse cenário? Como o tratamento homeopático pode ser utilizado para evitar a repetição dessas tragédias?
Edite Lopes: Faz-se necessário: fortalecer as organizações que atuaram durante a catástrofe, a exemplos de grupos voluntários de homeopatas que atuam no período da catástrofe e que consigam se fortalecer para seguir atuando posteriormente não só no cuidado com os atingidos, mas também no cuidado com a recuperação homeopática do ambiente e na tentativa de equilibrar o ambiente buscando evitar ou amenizar a violência de novas catástrofes; fortalecer grupos ou iniciativas comunitários voluntárias que surgiram espontaneamente na região afetada; a criação de Associações ou Ongs para continuar os trabalhos de apoio aos atingidos das mudanças climáticas; fortalecimento das Pastorais da Criança, Saúde e Pessoa Idosa que já faz um trabalho voluntário possivelmente em todas as Paróquias e que detém o conhecimento histórico das famílias e do ambiente; e incentivar e oferecer capacitação homeopática para as pessoas se cuidar, cuidar da sua família e do ambiente.
Unir todas as iniciativas holísticas existentes e que venham a existir no cuidado das pessoas atingidas e do ambiente de forma harmônica para que tenha êxito em suas iniciativas e ações.
Vanessa Rescia: Acredito que a continuidade da assistência às comunidades afetadas é primordial! Esse tipo de assistência deve ser garantida pelo poder público local, por meio da Atenção Primária, que abarca e financia as Práticas Integrativas e Complementares, como a Homeopatia, no SUS. A saúde é direito constitucional. Infelizmente, essa não é uma realidade para toda a população brasileira e há muitos municípios desassistidos. Existem iniciativas sociais, neste contexto, que garantem o atendimento homeopático e de outras terapias integrativas, em instituições filantrópicas, religiosas, de ensino ou sem fins lucrativos. Há os atendimentos particulares por profissionais liberais, como o caso dos Terapeutas Homeopatas Não Médicos e Médicos Homeopatas. Acredito que a demonstração, por meio de relatos de casos, para o poder público local sobre os benefícios da Homeopatia possa ser um caminho na sensibilização sobre a importância deste tipo de atendimento na Atenção Primária. O uso da Thuya e do Phosphorus, pelos gestores públicos nas esferas municipal, estadual e federal, poderiam ser úteis no sentido de diminuir a sicose e aumentar o ideal. Haverá um grande recurso financeiro disponibilizado para o Rio Grande do Sul, nesse processo de reconstrução das cidades atingidas pelas enchentes e será necessário um grande ideal para fazer bom uso desse dinheiro.
Segunda Parte
HOMEOPATIA TAMBÉM É
CIÊNCIA
Estudos
APRENDENDO COM
VITHOULKAS
Casos de COVID-19 tratados com homeopatia clássica: uma análise retrospectiva da base de dados da Academia Internacional de Homeopatia Clássica (International Academy of Classical Homeopathy)
Seema Mahesh (1,2), Petr Hoffmann (3), Cristiane Kajimura (4), George Vithoulkas (5), International Academy of Classical Homeopathy (IACH) COVID Collaborators
1 Pesquisa, Centre for Classical Homeopathy, Bangalore, Índia, 2 Pesquisa, International Academy of Classical Homeopathy, Alonissos, Grécia, 3 Clínica, HPPH Homeopatie Zlin, Zlin, República Tcheca, 4 Pesquisadores independentes, Londres, Reino Unido, 5 International Academy of Classical Homeopathy, Alonnisos, Grécia.
Tradução para o português por: Nathalia Henrique Ursino Lopes
Palavras-chave: COVID-19, SARS-CoV-2, Homeopatia, Base de dados https://doi.org/10.29392/001c.77376
Journal of Global Health Reports, Vol. 7, 2023
Submetido em 10 de abril de 2023, aceito em 16 de maio de 2023.
Histórico
A pandemia de COVID-19 representou um desafio sem precedentes à saúde global. A homeopatia clássica pode ter um papel a desempenhar no alívio desse fardo. O objetivo deste estudo foi organizar dados sobre o efeito do tratamento da homeopatia clássica para COVID-19, em um cenário real, de forma a orientar futuras investigações científicas.
Métodos
Solicitamos aos homeopatas clássicos da Academia Internacional de Homeopatia Clássica (IACH) o fornecimento de detalhes sobre os casos por eles tratados, através do preenchimento de um questionário padronizado. Os casos de COVID-19 foram definidos segundo os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS) como casos suspeitos/prováveis/confirmados, sendo a intervenção fornecida a homeopatia clássica, isolada ou combinada com o tratamento convencional para COVID-19. Os casos foram acompanhados, sendo os principais resultados: ‘melhorou’, não melhorou’ ou ‘evoluiu após o tratamento. Foram recolhidos detalhes sobre os remédios homeopáticos utilizados e os principais sintomas no momento da apresentação. Fatores associados aos principais resultados foram investigados com análise correlacional e regressiva.
Resultados
367 pacientes (166 homens e 201 mulheres) cumpriam com os critérios de elegibilidade (média de idade de 42,75 anos). O principal período de acompanhamento foi de 6,5 dias (desvio padrão, DP=5,3). Foram 255 casos confirmados de COVID-19, com 61 casos prováveis e 51 suspeitos, respectivamente. O remédio mais utilizado foi Arsenicum álbum. Mais de 73% dos pacientes com COVID-19 (e cerca de 79% dos casos graves) melhoraram com o tratamento homeopático clássico. O número de remédios requerido para cada indivíduo foi negativamente correlacionado à melhora (P<0,01). A febre, sintoma mais comum na apresentação (74,4%), foi associada a uma maior probabilidade de melhora (P<0,01). A melhora foi negativamente associada à idade avançada, mas não ao sexo (P<0,01).
Conclusões
Este estudo sugere que a homeopatia clássica está associada à melhora da COVID-19, inclusive de casos graves. Apesar das limitações quanto ao design do estudo e às fontes de dados, nossos achados devem estimular novos estudos sobre o papel da homeopatia clássica no tratamento da COVID-19.
Introdução
A partir de maio de 2023, a pandemia de COVID-19 afetou mais de 766 milhões de pessoas, e cerca de 7 milhões de mortes foram registradas (0,9%). Embora a taxa e recuperação, estimada em 94,6%, seja encorajadora1, um nível sem precedentes de sobrecarga foi imposto aos recursos de saúde pública durante essa pandemia.2,3 O maior desafio foi não apenas o de encontrar uma cura/prevenção para essa doença viral, mas de lidar com a resposta agressiva do hospedeiro e com as sequelas a longo prazo.4-8 A medicina complementar, especialmente a medicina individualizada (como a homeopatia) foca- se na otimização da resposta do hospedeiro durante a infecção e, portanto, pode ser necessária na luta contra a pandemia do COVID-19.9,10 A homeopatia é um sistema de terapia que aborda o conceito de tratamento com um remédio individualizado para cada paciente. Ela reconhece a existência de um mecanismo de defesa que a tudo rege, em cada indivíduo, cuja função é manter o organismo vivo. (9) Os homeopatas consideram a doença como sendo uma expressão da incapacidade do mecanismo de defesa em manter a saúde, análoga a um estado de existência comprometido, a fim de continuar vivendo. (9) Esse esforço (doença e sintomas) é altamente individualizado e, portanto, o tratamento é personalizado.(9) Existem regras e princípios definidos que regem a vida, a doença e a saúde, aos quais a homeopatia se associa. O princípio da homeopatia trata-se de aplicar remédios altamente potencializados, onde as drogas brutas, provenientes de todas as fontes naturais disponíveis, são submetidas a um processo de diluições e sucussões séricas, para se alcançar uma resolução gentil, profunda e duradoura da doença. (11)
Essa terapia já ajudou em muitas doenças crônicas e agudas, incluindo epidemias. (10) O mesmo também era esperado na pandemia de COVID-19. Embora muitos países não tenham regulamentações e diretrizes específicas sobre o uso da homeopatia para tratar a COVID-19, alguns deles as têm. A Índia, por exemplo, um país que adotou a homeopatia em seu Sistema de Saúde Nacional, emitiu uma diretriz em que os homeopatas podem fornecer ao público remédios para melhorar o sistema imunológico e podem administrar homeopatia adjuvante com drogas convencionais em casos prováveis, suspeitos e/ou confirmados.12 Neste momento, a prontidão para a pandemia tem sido questionada em muitas situações, e é necessária uma introspecção mais profunda sobre nossas políticas de saúde. Durante o confinamento, com o grande congestionamento nos hospitais, na maioria dos países, a orientação dos homeopatas foi solicitada por telefone/videochamadas, e os remédios foram prescritos de forma remota.
A homeopatia não pode ser avaliada como um sistema de tratamento único, pois a abordagem para a aplicação dos princípios da prática varia muito. Muitas ‘escolas de homeopatia’ propuseram sua própria abordagem para o tratamento da COVID-19, que pode ou não estar em conformidade com os princípios centrais. (13) A homeopatia clássica é a prática da homeopatia como originalmente estabelecida por seu fundador, o médico C.F.S. Hanhemann, onde o princípio efetivamente comprovado da individualização e do remédio único reinam em todos os cenários, incluindo as epidemias. (11)
Com o histórico da diversidade na compreensão e aplicação dos princípios homeopáticos, buscamos organizar dados de casos tratados com homeopatia clássica. Nosso objetivo foi esclarecer quanto à abordagem e ter dados sólidos para planejar estudos futuros, e informar aos formuladores de políticas sobre o uso da homeopatia clássica no tratamento da COVID-19. Os objetivos secundários foram identificar os remédios que auxiliaram, os principais sintomas apresentados e os fatores associados à gravidade da doença.
MÉTODOS
DELINEAMENTO DO ESTUDO
Figura 1. Fluxograma de recrutamento dos pacientes demonstrando o processo de identificação, triagem de elegibilidade e inclusão para análise.
Este foi um estudo observacional retrospectivo. Investigamos, de forma retrospectiva, casos já tratados por homeopatas, em que os pacientes se voluntariaram a tomar homeopatia clássica para os sintomas da COVID-19. Não foi incluída observação de grupo controle. O processo de identificação, recrutamento e inclusão dos casos está representado na Figura 1.
FONTE DE DADOS
O projeto foi executado por uma equipe internacional de médicos homeopatas especializados na abordagem clássica e pertencentes ao comitê científico da Academia Internacional de Homeopatia Clássica (International Academy of Classical Homeopathy), na Grécia. Os dados foram selecionados de forma cuidadosa e transparente para assegurar a reprodutibilidade. Solicitamos aos homeopatas clássicos, formados pela Academia de Homeopatia Clássica (IACH), para fornecerem detalhes de casos por eles tratados, através do preenchimento de um questionário padronizado (Documento complementar online).
PARTICIPANTES
Incluímos pacientes com diagnóstico de COVID-19, de qualquer idade, sexo e localização geográfica, diagnosticados como casos suspeitos/prováveis/confirmados, como determinado pelos testes de reação em cadeia da polimerase de transcrição reversa (RT-PCR), pelos testes de anticorpos para os antígenos S ou nucleocapsídeo, ou com diagnóstico clínico, segundo os parâmetros da OMS (Documento complementar online). Os detalhes dos casos foram coletados consecutivamente, na medida em que eram enviados pelos homeopatas que os tratavam, independente do resultado. Os casos foram enviados de forma anônima, aos pesquisadores, pelos diplomados da IACH provenientes de 9 países (Figura 2). Relatos de casos que não forneciam detalhes completos dos participantes e do tratamento, ou que não continham um diagnóstico preciso, foram excluídos.
INTERVENÇÃO
Levamos em conta pacientes tratados com homeopatia clássica isoladamente (i) ou combinada com terapia convencional para COVID-19 (ii), de acordo com as disposições de cada país. Não fizemos distinção entre os dois tipos naquele momento. Os pacientes foram acompanhados até que estivessem livres dos sintomas ou um teste de PCR negativo estivesse disponível.
RESULTADOS
PRIMÁRIOS
O resultado primário do estudo foi a melhora no estado da doença COVID-19 com a homeopatia clássica – classificada como ‘melhorou’, não melhorou’ ou ‘progrediu’ após o tratamento. ‘Melhorou’ significa melhora sintomática, geral e/ou nos exames laboratoriais, com detalhamento sobre a resposta e o tempo demandado para tal melhora. ‘Não melhorou’ refere-se à ausência de melhora nos parâmetros acima. ‘Progrediu’ faz referência à progressão da doença para patologia grave ou desenvolvimento de complicações da doença. Para doença leve a moderadamente grave, a melhora em 7 dias foi considerada como ‘melhorou’. A recuperação após 7 dias foi considerada como ‘não melhorou’. Para patologia grave, até 15 dias para recuperação foi considerado como ‘melhorou’, e mais de 15 dias foi considerado como ‘não melhorou’. Esse limite de tempo foi baseado nas observações publicadas por pesquisadores, até o momento, sobre o tempo para recuperação sob tratamento convencional. (14–16)
SECUNDÁRIOS
Os resultados secundários foram (i) o número de remédios homeopáticos requeridos para melhora em cada caso; (ii) os principais sintomas apresentados e outros sintomas; (iii) fatores associados com a severidade e as complicações – febre (sim/não) e temperatura da febre, se disponível, idade e sexo, localização geográfica, período da infecção (onda), comorbidades.
ANÁLISE
CAMPOS DE CONJUNTO DE DADOS
Os dados foram reunidos sob os títulos dos campos, conforme a Tabela 1. Considerando-se a potencial variabilidade no estilo individual da tomada de caso de cada médico, e o viés em relação à resposta ao tratamento, nós fornecemos um formulário padronizado para a coleta de dados (Documento complementar online) e pedimos que os médicos fornecessem os dados independentemente do resultado.
VALIDAÇÃO DOS RELATOS DE CASO
Tabela 1. Dados solicitados aos médicos homeopatas.
Todos os casos foram auditados de forma interna e independente, por um comitê com três membros da equipe científica, para maximizar a validade dos efeitos do tratamento e assegurar a reprodutibilidade e integralidade dos dados. Os dados reunidos foram compilados em uma planilha de Excel, e análises estatísticas básicas foram realizadas nos casos que forneceram dados completos, para se obter uma impressão inicial. Para variáveis nominais realizamos o V de Cramer e a análise correlacional de Pearson.
Analisamos a atribuição de melhora para parâmetros relevantes por meio de um modelo de regressão logística multinomial. Esta análise, no entanto, não é projetada para ter qualquer importância científica ainda, pois os dados, nesta fase, podem ser confusos e tendenciosos de várias formas.
AUTORIZAÇÃO ÉTICA
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética Institucional do Centro de Homeopatia Clássica (PP/ AS/01/19-20). O consentimento informado foi dispensado, uma vez que os dados foram recolhidos após anonimização da informação na fonte. Os homeopatas enviaram os dados sem nenhum recurso de identificação do paciente. Os pacientes haviam se voluntariado para receber homeopatia clássica durante os episódios, na maioria das vezes online ou por telefone, devido às restrições de movimentação impostas naquele momento. O tratamento foi principalmente adjuvante, e não foi feita nenhuma declaração de alternativa à medicina convencional, por nenhum dos homeopatas. Os investigadores não tiveram contato direto com os pacientes.
RESULTADOS
Nos casos considerados para análise estatística (N=367), 166 eram homens e 201 e mulheres. A média de idade dos participantes foi de 42.75 (± 17.03) anos. O tempo médio de acompanhamento foi de 6,5 (desvio padrão, DP = 5,3) dias, com média de 1 remédio utilizado.
Um total de 192 pacientes foram diagnosticados através do RT-PCR, 111 pelos critérios clínicos da OMS, e 64 via anticorpos retroativos. Segundo os critérios da OMS, 255 foram casos confirmados, 61 casos prováveis, e 51 casos suspeitos. (Figura 3).
Figura 3. De acordo com os critérios clínicos da OMS, os casos foram classificados como confirmados/prováveis/suspeitos.
RESULTADOS PRIMÁRIOS
MELHORA COM HOMEOPATIA CLÁSSICA
No geral, 271 (73,8%) casos relatados melhoraram com o tratamento homeopático, 91 (24%) não melhoraram, e 5 (1,4%) evoluíram para complicações. Não foi reportada, pelos homeopatas, nenhuma morte durante seus cuidados. No entanto, isso provavelmente ocorreu porque a maioria dos casos graves estava na UTI e não era acessível para tratamento homeopático. Patologia grave foi observada em 61 dos 367 (16,6%) casos. Destes, 48 pessoas melhoraram com o tratamento homeopático, 9 não melhoraram e 4 evoluíram para complicações (Figura 4).
Avaliamos a correlação entre melhora com homeopatia e gravidade da doença utilizando a correlação V de Cramer entre duas variáveis nominais. O status de melhora com 3 níveis (progressão da doença, sem melhora e melhora) e a gravidade da doença com 2 níveis (leve/moderado e grave) foram considerados para a análise correlacional. O valor V de Cramer foi de 0,220 (P<0,01), indicando que existe uma significativa relação positiva moderada entre o status de melhora e a gravidade da doença. Isso indica que a melhora foi mais comum entre os pacientes com sintomas graves do que entre aqueles com sintomas leves (Tabela 2).
RESULTADOS SECUNDÁRIOS
OS REMÉDIOS MAIS COMUMENTE UTILIZADOS E A ASSOCIAÇÃO COM A MELHORA DA COVID-19
Traçamos a tabela de frequência para os remédios mais usados (≥10 cases) (Tabela 3). Foi observado que o medicamento mais comumente utilizado foi Arsenicum album, com um total de 103 casos tratados com ele. O segundo mais utilizado foi Bryonia, com um total de 100 casos, e o terceiro remédio mais comumente usado foi Pulsatilla, com um total de 48 casos. 200C foi a potência mais usada para todos esses remédios (Tabela 3). A correlação ponto-bisserial calculada entre o status de melhora e o número de remédios mostrou que o coeficiente de correlação de Pearson foi - 0,387 (p < 0,01). Isso indica que, à medida que aumentava o número de remédios prescritos, o nível de melhora diminuía ligeiramente entre os pacientes (Tabela 2).
PRINCIPAIS SINTOMAS NO MOMENTO DA APRESENTAÇÃO
A febre foi o sintoma mais comum no momento da apresentação, presente em 273 (74,4%) pacientes. 49 pacientes se apresentaram diretamente com pneumonia, detectada em imagens radiológicas. Na ausência de febre, os principais sintomas à apresentação foram tosse (26 casos), fraqueza (7 casos), anosmia/ageusia (6 casos) e dor de cabeça (6 casos) (Fig.5).
FATORES ASSOCIADOS À GRAVIDADE DA COVID-19
Febre: A presença de febre foi o principal foco da nossa análise. Para casos com temperatura corporal conhecida à apresentação (N=339), calculamos a correlação V de Cramer entre duas variáveis nominais, a saber, status de melhora com 3 níveis (progressão da doença, sem melhora e melhora) e presença de febre com 2 níveis (ausente e presente). O valor do V de Cramer foi de 0,167 (P <0,01), indicando que existe uma significativa relação positiva fraca e entre o status de melhora e a presença de febre. Isso indica que a melhora foi levemente mais comum entre os pacientes com febre do que naqueles sem febre (Tabela2). Além disso, analisamos a febre de acordo com 4 categorias de temperatura, para avaliar a correlação entre a melhora e a faixa de temperatura. As categorias de temperatura da febre e o número de casos em cada faixa são fornecidos na Tabela 4. A correlação de melhora com a faixa de temperatura da febre foi avaliada com a correlação V de Cramer entre duas variáveis nominais, isto é, status de melhora com 3
níveis (progressão da doença, sem melhora e melhora) e intensidade da febre com 4 faixas de temperatura. O valor V de Cramer foi de 0,100 (P>0,05), indicando que o estado de melhora não é influenciado significativamente pelos níveis de intensidade da febre (Tabela 4).
Idade e sexo: O sexo não foi associado com nenhuma diferença significativa na resposta ao tratamento. Contudo, foi observado que o coeficiente de correlação de Pearson para a idade foi -0,146 (P <0,01), indicando uma significativa relação negativa irrisória entre o estado de melhora e a idade (Tabela 2). Isso significa que, à medida que aumentava a idade dos pacientes, diminuía a possibilidade de melhora.
FATORES ASSOCIADOS À MELHORA COM A HOMEOPATIA
Figura 4. Resposta ao tratamento homeopático, tanto casos leves/ moderados, quanto graves.
Utilizando as percepções das análises correlacionais, um modelo de regressão logística multinominal foi construído para os dados nominais com status de melhora como variável dependente, e as variáveis significativamente correlacionadas, como o número de remédios, a presença de febre e a gravidade da doença como variáveis independentes para prever o status de melhora. O valor do critério de ajuste do modelo foi 57,664. O valor de significância foi menor que 0,01, indicando que o modelo final se adequou bem. A qualidade do ajustedo modelo foi calculada e o valor de Pearson foi de 20,679 (p>0,05). O valor de significância foi de 0,541 (>0,05), indicando que o modelo teve um ajuste adequado. Os valores quadrados do pseudo-R foram calculados para o modelo de regressão. O valor de Nagelkerke foi de 0,311, o que significa que uma mudança de apenas 31,1% no status de melhora poderia ser atribuído ao número de remédios, presença de febre e gravidade da doença. Portanto, as variáveis independentes estudadas (número de remédios, presença de febre e gravidade da doença) não são suficientes para predizer o status de melhora.
Ao calcular a razão de verossimilhança para o modelo de regressão, observou-se que o número de remédios (P <0,01), a gravidade da doença (P <0,05) e a presença de febre (P <0,05) contribuíram significativamente para o status de melhora. As estimativas de parâmetros para o modelo de regressão não foram levadas em consideração, uma vez que as representações dos dados nas três categorias de status de melhora não eram comparáveis. As comorbidades, período de infecção (onda de pandemia) e localização geográfica não estavam disponíveis de maneira uniforme e, portanto, não puderam ser usados para análise.
DISCUSSÃO
Muitas bases de dados foram criadas e estão ativamente coletando informações sobre a nova pandemia.17 Há também muitos relatos sobre o uso da medicina tradicional e complementar para a COVID-
19, incluindo a homeopatia.18,19 A Índia foi pioneira em muitos projetos de pesquisa, tanto na profilaxia quanto no tratamento da COVID-19 com homeopatia.20 No entanto, uma base de dados dedicada à essa terapia é novidade, e contribuirá muito para fornecer material para investigação no futuro.
Os dados preliminares, coletados em nove países, mostraram resultados interessantes. A média de idade dos participantes e a influência da idade na severidade da infecção são ligeiramente diferentes (mais jovens) daqueles observados em outros estudos até o momento.21-23 Isso se dá provavelmente devido à tendência de os pacientes que optam pela homeopatia estarem nessa faixa etária, quando comparado à população geral.
O resultado de interesse primário foi a melhora com o tratamento homeopático. Isso se mostrou significativo, principalmente nos casos graves (Figura 4, Tabela 2). O tempo médio necessário para melhora foi de 6,5 dias. Embora nenhuma morte tenha sido relatada, isso pode ser devido à hospitalização dos casos mais graves e à interrupção do tratamento homeopático nessas condições, embora uma orientação favorável tenha sido observada nos poucos casos graves que continuaram com a homeopatia. Os remédios mais comumente usados foram Arsenicum album, Bryonia e Pulsatilla (Tabela 3), que também foram recomendados em outros estudos.21 Todavia, deve-se notar que, ao contrário da crença popular entre os homeopatas, nenhum remédio único (útil na profilaxia e/ou tratamento) surgiu como sendo o “gênio epidêmico”. Investigamos outros parâmetros associados à melhora sob tratamento homeopático como resultados de interesse secundários. A febre foi o principal sintoma/condição apresentada na maioria dos casos (Figura 5), como corroborado por vários outros estudos. (21)
Tabela 2. Análise correlacional de melhora sob homeopatia clássica com outras variáveis.
5. Principais sintomas apresentados
Correlação entre duas variáveis nominais, isto é, status de melhora com 3 níveis (progressão da doença, sem melhora e melhora) e intensidade da febre com 4 níveis de faixas de temperatura conhecidas. O valor do V de Cramer encontrado foi de 0,100 (P > 0,05). A análise indica que não existe relação significativa entre o status de melhora e os níveis de intensidade da febre.
O modelo estocástico de progressão dos sintomas também corrobora a febre como o primeiro sintoma que pode surgir na COVID- 19,24 que parece ter sido a fase em que os homeopatas foram abordados pelos pacientes. Na ausência de febre, tosse e imagem clínica/laboratorial de pneumonia (sem febre) eram predominantes. A febre era de interesse especial, já que ela é convencionalmente suprimida durante as ifecções,25 ao passo que a homeopatia defende a febre alta nas infecções como sendo parte de uma resposta inflamatória aguda eficiente.26,27 Estudos, até o momento, mostraram que a presença de febre pode estar associada à melhores resultados durante infecções, embora as evidências ainda careçam de certeza.25,28,29 Em nossa base de dados, a presença de febre foi, de fato, associada a melhores prognósticos (Tabela 2). No entanto, a faixa de temperatura não influenciou os resultados clínicos nos casos aqui apresentados (Tabela 4). Em estudos anteriores, sepse e COVID-19 foram influenciadas pelo trajeto da temperatura durante a sepse,30,31 e seria interessante investigar se a curva de temperatura pode influenciar o resultado clínico da COVID-19 de maneira semelhante.
A quantidade de remédios homeopáticos requeridos foi fortemente correlacionada com a melhora (Tabela 2). Isso está de acordo com os princípios homeopáticos dos níveis de saúde.27 Pacientes mais saudáveis apresentam sintomas mais fortes e claros para prescrição homeopática, e sua resposta é rápida e na direção certa. Pacientes menos saudáveis requerem mais alguns remédios, na sequência correta, para trazê-los para o mesmo nível de eficiência na resposta. Se o homeopata comete um erro na identificação do remédio, a resposta é atrasada, e o número de remédios necessários também aumentará. Em ambos os casos, a melhora é inversamente relacionada ao número de remédios necessários. (27)
Neste projeto, a maior vantagem foi a uniformidade da prática entre os homeopatas, apesar de atuarem em regiões geográficas diferentes. Isso é importante porque não há regras estritas que regem a adesão dos profissionais aos princípios científicos estabelecidos na homeopatia. Diferenças na abordagem prática, distintas da abordagem prática na medicina convencional, podem alterar o resultado do tratamento na homeopatia. Há uma definição do que é considerado melhora verdadeira quando as regras são seguidas. Se essas regras não são seguidas, não há orientação para o profissional, e a interpretação dos resultados pode estar repleta de fatores de confusão e vieses. Neste estudo, todos os profissionais eram formados em um programa específico, e seguem as regras como descrito acima. Se os dados fossem coletados de métodos de prática díspares, as informações poderiam não ser uniformes ou reproduzíveis.
Nessa base de dados, não havia informações suficientes disponíveis a respeito das comorbidades dos pacientes. Portanto, não conseguimos analisar a influência delas no resultado clínico. Essa falta de informações completas é atribuída às consultas por telefone, que representaram a maioria das consultas durante o confinamento da COVID. Será essencial coletar essa informação para casos futuros, já que estudos mostraram que as comorbidades têm um efeito adverso na melhora dos pacientes com COVID,5 e será necessário avaliá-las em quaisquer cenários futuros de tratamento homeopático.
Nessa conjuntura, somente a presença de febre, o número de remédios necessários, a idade e a gravidade da doença puderam ser identificados como contribuintes significativos para o status de melhora com o tratamento homeopático. O impacto de outros parâmetros (faixa de temperatura, comorbidades, localização geográfica, período de infecção - onda) na melhora com o tratamento homeopático ainda não foi determinado.
O objetivo desse banco de dados era fornecer um pool de dados confiável para os interessados em pesquisas futuras. Existem simplesmente muitos fatores de confusão para contabilizar em tal cenário, e os autores sugerem um estudo completo desse banco de dados para explicar esses fatores de confusão em
seus planos de pesquisa. Alguns fatores de confusão que ficaram aparentes para os autores neste banco de dados, que precisam ser considerados em planos futuros de coleta de dados, são discutidos abaixo. Modo de coleta de dados: Os homeopatas colheram os dados via consultas pelo telefone e pessoalmente, em momentos variados, o que pode levar à uma maior ênfase ou negligência de determinadas informações. Portanto, é necessário fazer-se distinção com relação à forma de tomada do caso, e uma comparação sobre a integralidade obtida com essas formas.
Localização geográfica: Embora a COVOD-19 pareça afetar pacientes de maneira parecida em todo o globo, ainda pode haver diferenças na forma como ela afeta diferentes localizações geográficas. Período da coleta de dados: Cada variante genética do vírus afeta a população de forma diferente e, dependendo do momento em que os dados foram coletados, a variante infectante em predomínio pode ser diferente. Os sintomas e a resposta ao tratamento irão variar da mesma maneira. Assim, será útil fazer distinção em relação a isso. Houve um grande obstáculo, em alguns casos, neste projeto, em que as datas da primeira consulta não foram fornecidas. A coleta desses dados será importante para estudos de pesquisa.
Dados sobre a trajetória da temperatura: Muito tem se falado sobre a importância da febre nas infecções. Os autores reconhecem que a temperatura apresentada, por si só, não é suficiente, mas que o curso da doença retrata melhor a resposta imune. Essas informações precisam ser coletadas para casos futuros. Parâmetros laboratoriais: Embora os parâmetros laboratoriais sugeridos para casos de COVID-19 sejam semelhantes globalmente, a disponibilidade de tais registros para pacientes e homeopatas varia de país para país. Isso pode ser superado solicitando as medições de parâmetros e registrando-as meticulosamente.
Comorbidades: Conforme descrito anteriormente, o método de tomada de caso influencia na completude dos dados, e a maioria dos casos não detalhou as comorbidades. Isso deve ser superado, já que se trata de uma simples questão de averiguação.
LIMITAÇÕES
Este conjunto de dados depende muito dos relatos de médicos homeopatas, o que introduz um viés de relato, pois é possível que os médicos não relatem casos que não melhoraram ou que evoluíram para complicações tão prontamente quanto relatam os casos bem-sucedidos. Esforços foram feitos para informar todos os médicos participantes, antecipadamente, sobre a importância de relatórios imparciais para minimizar esse viés. Além disso, a diferença nas políticas nacionais de saúde dos países participantes dificulta o alcance de uma uniformidade real e é uma limitação que não pode ser superada. Isso introduz um viés de seleção, pois aqueles com sintomas leves ou moderados, de alguns países, podem procurar tratamento homeopático, enquanto em outros, há tratamento homeopático para pacientes em qualquer condição. Alguns países não proibiram os pacientes de procurar tratamento homeopático como tratamento independente, enquanto em países como a Índia, era regulamentado que ela fosse aplicada como terapia adjuvante. Houve também algum viés introduzido devido à incompletude dos dados em mais da metade dos relatos de casos enviados. Isso foi atribuído principalmente à natureza telefônica/online da consulta homeopática na maioria dos casos. Estes foram identificados como potenciais vieses e desafios para estudos futuros destinados a investigar o efeito da homeopatia na COVID- 19. O maior efeito de confusão é o dos medicamentos convencionais tomados junto com a homeopatia e, neste ponto, isso continua sendo um desafio intransponível. O objetivo deste estudo foi fornecer dados para estudos futuros, e um desenho prospectivo pode ajudar a superar essas limitações.
DIREÇÃO FUTURA
Apesar dos efeitos de confusão e do viés, os dados que compilamos são impressionantes. Estimulamos fortemente os governos a considerarem o fornecimento de campo livre a homeopatas com treinamento
médico para lidarem com casos de COVID. Apelações semelhantes foram feitas por investigadores anteriormente.(19) Os casos graves serão, por padrão, hospitalizados e não estarão sob tratamento homeopático, mas a carga de casos leves e moderadamente graves pode ser significativamente aliviada com a inclusão de homeopatas na prestação de cuidados.(32) Muitas outras epidemias, incluindo as virais, responderam bem à homeopatia desde os tempos de Hanhemann (10,19,32–39); portanto, há motivos para reconsiderar a homeopatia nos Sistemas Nacionais de Saúde no momento. Muitos investigadores fizeram observações e já registraram protocolos que precisam do apoio dos governos para serem bem-sucedidos.40 No futuro, como os homeopatas estão sendo autorizados a tratar populações durante pandemias, um desenho de estudo intensivo e refinado deve ser aplicado para superar os fatores de confusão e viés existentes neste banco de dados. Ensaios clínicos randomizados (RCTs) são difíceis, pois os pacientes podem não querer serem privados da terapia convencional em uma patologia tão arriscada. Portanto, um estudo observacional prospectivo é a melhor opção para a homeopatia, e um estudo de comparação também pode ser estabelecido com o tratamento convencional adjunto.
Uma maior cooperação entre organizações homeopáticas pode ser elaborada para se obter evidências suficientes. As evidências podem ser ainda mais fortalecidas através do exercício da uniformidade da prática, por meio de conformidade com as estabelecidas regras de prática científica da homeopatia clássica. Um estudo mais sofisticado pode ser idealizado para obtenção de evidências do “gênio epidêmico” para os homeopatas. Usando o modelo dos Níveis de Saúde do Prof. Vithoulkas, (27) uma análise retrospectiva dos remédios indicados aos pacientes mais saudáveis, com COVID, pode ser feita, e evidências sobre a possibilidade de um ou alguns desses remédios podem ser obtidas. No entanto, obter o volume de informação adequado será novamente um desafio para tal estudo, e a cooperação entre os homeopatas será de extrema importância. A COVID-19 parece atacar o sistema imunológico mais do que qualquer outra doença viral encontrada até agora, (41) e a homeopatia, sendo um sistema capaz de aumentar a eficiência imunológica, (10) deve ter a chance de mostrar sua eficácia com uma adequada infraestrutura instalada.
CONCLUSÕES
Este estudo indica que a homeopatia clássica foi associada à melhora na infecção pelo SARS-CoV2. A melhora foi ainda mais significativa para a doença grave. A presença de febre, conforme esperado segundo os princípios homeopáticos, foi associada a melhores chances de melhora. Um aumento no número de remédios necessários e um aumento na idade foram associados à não melhora. Embora este banco de dados esteja repleto de muitos fatores de confusão, que devem ser levados em conta em estudos futuros, ele fornece uma base para a investigação científica do papel da homeopatia clássica na infecção pelo SARS CoV2.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a ajuda da Dra. Harshitha Narayanaswamy, Dra. Vishrutha M, Dra. Pooja Dhamodar e Dra. Amritha Belagaje pela ajuda técnica. Agradecem também à Akshaya Periasamy pela ajuda estatística prestada e à Ann Sorrell pela correção do artigo em inglês. A lista de colaboradores da IACH para a COVID está incluída no Documento Complementar Online.
DECLARAÇÃO DE ÉTICA
O Comitê de Ética Institucional do Centro de Homeopatia Clássica aprovou este estudo (PP/AS/01/1920) sem consentimento informado, pois os dados dos pacientes não foram coletados. Apenas detalhes não identificados da infecção por COVID e da resposta ao tratamento foram enviados, retrospectivamente, pelos principais médicos que os trataram. Os investigadores não receberam nenhum detalhe de identificação dos pacientes, nem tiveram qualquer contato direto com eles.
DISPONIBILIDADE DE DADOS
Todos os dados e materiais complementares estão disponíveis como Documento Complementar Online.
FINANCIAMENTO
Este estudo não recebeu nenhum financiamento.
CONTRIBUIÇÕES DE AUTORIA
PH concebeu a ideia e fez a curadoria dos dados junto com SM, que também redigiu o artigo e realizou a análise estatística. Os ICC são todos os médicos que se voluntariaram para enviar os dados para o banco de dados, e GV é o orientador, auditor e avalista do trabalho.
DIVULGAÇÃO DE INTERESSE
Os autores preencheram o Formulário de Divulgação de Interesse do ICMJE (disponível mediante solicitação ao autor correspondente) e não revelaram interesses relevantes.
PARA CORRESPONDÊNCIA:
Centre for Classical Homeopathy, 10, 6th cross, Chandra Layout Vijayanagar, Bangalore, India – 560040 Email: research@vithoulkas.com
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37. Dilip C, Saraswathi R, Krishnan PN, et al. Comparitive evaluation of different systems of medicines and the present scenario of chikungunya in Kerala. Asian Pac J Trop Med. 2010;3(6):443-447. doi:10.1016/ s1995- 7645(10)60106-x.
38. Shastri V, Patel G, Shah P. A study of efficacy of homeopathic management of chikungunya. Natl J Integr Res Med. 2021;12(2):57-60.
39. Chaudhary A, Khurana A. A review on the role of Homoeopathy in epidemics with some reflections on COVID-19 (SARS-CoV- 2). Indian J Res Homoeopathy. 2020;14(2):100-109. doi: 10.4103/ijrh.ijrh_34_20.
40. Adler UC, Adler MS, Hotta LM, et al. Homeopathy for Covid-19 in Primary Care: A structured summary of a study protocol for a randomized controlled trial. Trials. 2021;22(1):109. doi:10.1186/s13063021- 05071-5.
41. Shanmugam C, Mohammed AR, Ravuri S, Luthra V, Rajagopal N, Karre S. COVID- 2019 – a comprehensive pathology insight. Pathol Res Pract. 2020;216(10):153222. doi:10.1016/j.prp.2020.153222.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Documentos Complementares Online
Download: https://www.joghr.org/article/77376-covid-19-cases-treated-with-classical-homeopathy-a-retrospective-analysis-of-international-academy-of-classical-homeopathy-database/attachment/162105.pdf
CURANDO COM …Wyethia Helenoides
Flor silvestre encontrada no oeste da América do Norte, da Califórnia a Montana, a Wyethia Helenoides também é conhecida como “capim-mula”, “capim-boi” ou “capim-vaca”, graças à sua capacidade de curar doenças de animais. É curta, de baixo crescimento e possui pétalas douradas que se assemelham às de girassóis. Séculos atrás, já era usada pelos povos indígenas da América do Norte como planta medicinal. Além deles, os primeiros colonizadores europeus a circularem na região também perceberam as propriedades curativas da planta e passaram a incluí-la em suas próprias práticas médicas.
Segundo a terapeuta homeopata e médica veterinária Virgina Goulart,
63 anos, de Indaiatuba (SP), o remédio homeopático Wyethia Helenioides é produzido a partir da raiz da planta, que é transformada em tintura.
“[A Wyethia Helenioides] é uma erva daninha venenosa e pertence à família Asteraceae, que inclui muitas espécies de plantas com flores. Nos livros mais antigos de Homeopatia achamos como sendo da família Compositae, que era o antigo nome da família Asteraceae” , contextualiza. “Mais precisamente, Wyethia Helenoides é mais indicada para tratar problemas de garganta e respiratórios, como faringite ou rinofaringite, crônica ou subaguda, com sinais de irritação e de secura na garganta, ou na parte superior da faringe, que pode causar
Foto: Wyethia Helenoides/Wikipedia.
tosse seca e irregular com necessidades frequentes de raspar a garganta, podendo ser com poucas, ou até mesmo sem mucosidades. Importante na faringite granulosa ou folicular dos oradores, dos fumantes, dos reumáticos ou dos hemorroidários com prisão de ventre”.
Ainda de acordo com Goulart, outros casos que podem ser tratados com Wyethia envolvem: condições alérgicas, incluindo sintomas de febre, coceira na garganta e no palato e, às vezes, nos ouvidos e no canto interno dos olhos; rouquidão e problemas de voz, principalmente para pessoas que usam de sua voz regularmente, como cantores e oradores; e casos de secura e irritação, quando há ressecamento das mucosas acompanhado de neces -
sidade constante de beber água para aliviar o ressecamento.
“Vale sempre lembrar que, em Homeopatia, sempre escolhemos o medicamento que tenha a condição de cobrir a maior parte dos sintomas e, também, que os remédios são escolhidos com base no princípio de ‘cura pelo semelhante’, o que significa que uma substância que causa sintomas em uma pessoa saudável pode ser usada em quantidades muito pequenas para tratar sintomas semelhantes em uma pessoa doente”, ressalta. “Geralmente a pessoa que precisa de Wyethia tem um perfil alérgico, com necessidade de pigarrear ou com coceiras no céu da boca, canto dos olhos ou ouvidos. Pode apresentar tosse seca, pela se -
cura da garganta. No livro ‘Manual de Homeopatia para Crianças’, de Didier Grandgeorge, no capítulo de Doenças Respiratórias, no ítem ‘Os melhores remédios homeopáticos para rinite alérgica’ há um tópico com o nome ‘Remédios pequenos úteis dignos de nota’, onde o autor cita Wyethia Helenoides 6C para tratar o “desejo constante de deglutir a saliva” e “tosse seca, irritativa, causada por coceira na úvula, que parece longa demais”, completa.
Segundo informações encontradas no site Homeopatia General, o uso do remédio homeopático Wyethia Helenoides está ligado a diferentes benefícios para a saúde, como: alívio de dores musculares e articulares; redução de processos de inflamação no
corpo; ajuda para combater infecções bacterianas e fúngicas; e proteção do organismo contra danos causados por radicais livres. É considerado seguro se consumido nas doses recomendadas, entretanto, pode causar efeitos colaterais em algumas pessoas, incluindo náuseas, vômitos e diarreia. Outro ponto que deve ser destacado é que o medicamento pode interagir com outros, por isso é importante conversar com um profissional de saúde antes de começar a tomá-lo. Também é recomendado que mulheres grávidas ou lactantes evitem Wyethia, e que crianças não ingiram o medicamento sem acompanhamento médico devido à falta de pesquisas sobre seus efeitos nesses grupos.
Para Goulart, Wyethia Helenoides é uma homeopatia pouco usada pela maioria dos profissionais homeopatas:
“Por essa razão, acabei utilizando-o em alguns casos de dores de garganta pontuais, com necessidade de pigarrear, onde outras homeopatias não funcionaram, e obtive bons resultados”, observa a terapeuta homeopata. “O caso mais recente foi de uma pessoa que sempre reclamava da necessidade de coçar o céu da boca com a língua em crises de alergia. Recomendei Wyethia Helenoides 6CH e o incômodo cessou rapidamente, mesmo sendo mais indicada para casos subagudos ou crônicos. Fiquei muito satisfeita com a experiência que tive, porque esse tipo de alergia, confor -
me a época do ano, pode ocorrer com muita frequência. Isso serviu para intensificar, ainda mais, a minha necessidade de conhecer profundamente as homeopatias, principalmente as menos populares para a maioria dos homeopatas, para que sempre possamos alcançar os resultados surpreendentes e duradouros da Homeopatia”.
O preparado homeopático Wyethia Helenoides pode ser consumido em diferentes formatos, como, tintura, cápsula, creme e pomada, que podem ser encontrados em farmácias homeopáticas e farmácias de manipulação de todo o país.
Como tudo começou... E como pode ser o futuro?
FEDERAÇÃO NACIONAL DE TERAPIAS INTEGRATIVAS E CUIDADOS TRADICIONAIS – FENAPICS/GRUPO “CUIDAR VIDA” – CONSTITUIDOS A PARTIR DA CRISE CLIMÁTICA DE 2024 NO RIO GRANDE DO SUL
No início do mês de maio de 2024, foi constituído um grupo on-line de terapeutas integrativos voluntários, com participantes de vários estados brasileiros - o Grupo Cuidar Vida -, para proporcionar cuidados emergenciais de práticas integrativas e cuidados tradicionais à população e ao meio ambiente do estado do Rio Grande do Sul, em razão das enchentes que levaram à situação generalizada de calamidade pública atualmente enfrentada.
Rapidamente, por adesão a convites em rede, o grupo passou a contar com 99 terapeutas cadastrados, para ofertar, de forma gratuita: Auriculoterapia, Aromaterapia, Biomagnetismo, Constelação Familiar, Fitoterapia, Homeopatia, Ozonioterapia, Psicologia, Radiestesia, Reiki, Terapia Comunitária e Terapia Floral, todas elas PICS autorizadas para aplicação no SUS Brasil.
Também constituem o grupo profissionais de Ciências da Terra e do Clima, tais como ambientalistas, bioconstrutores, climatologistas, educadores ambientais, geógrafos, geólogos, permacultores, entre outras especialidades de grande significação para o contexto atual.
Ao longo desse voluntariado, o grupo foi evoluindo, por meio de intenso trabalho coletivo, envolvendo pessoas e organizações de diversas naturezas, em articulações, proposições e práticas, iniciando então o desenho de uma Federação Nacional de Terapias Integrativas e Cuidados Tradicionais – FENAPICSenvolvendo, até agora, as seguintes entidades, com possibilidade de novas adesões:
ABET- Associação Brasileira de Etnomusicologia- POA/RS
AME - Ação de Mulheres pela Equidade Santa Maria/RS
Associação Amigos e Moradores da Cidade Baixa e Arredores - MOCAMBO- POA/RS
Associação Brasileira de Homeopatia Popular Comunitária - ABHP
Associação de Apoio às Pessoas Carentes e Necessitadas Santa Cruz do Sul, de Santa Cruz do Sul/RS.
Associação Quilombola Vó Minda e Tio Adão (Grupo Afro Revelação) de Novo Cabrais/RS.
Centro Africano Xangô e Iansã- Porto Alegre/RS
Conselho Nacional Autorregulamentado da Homeopatia/Brasília
Federação Nacional de Terapias Integrativas e Cuidado Tradicional
Grupo Cuidar Vida (coletivo on-line de terapeutas integrativos voluntários de todo o Brasil)
Grupo FitoMulher de Esteio/RS (sob responsabilidade da nutricionista e fitoterapeuta Julh’ana - Julhana Bianchini Pohlmann, e que realiza trabalho de educação em saúde e meio ambiente com mulheres)
Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste, responsável pela Revista de Estudos Homeopáticos e pelo Seminário Aberto de Terapeutas Homeopatas – Saberth
Instituto APAKANI- POA/RS (possui um espaço de atendimento presencial e on-line, onde realiza gratuitamente cursos de Reiki, oficinas de PANCs e outras terapias sob a responsabilidade de Mãe Negritta, para os afetados diretamente e indiretamente pelas enchentes, em parceria imediata com a FENAPICs)
Instituto Cultural São Jorge de Novo Cabrais/RS.
Movimento Integrado de Saúde Comunitária do Maranhão – MISC/MA
NEABI/UFSM – Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas da Universidade Federal de Santa Maria
Prefeitura Municipal de Novo Cabrais e Secretaria Municipal da Saúde de Novo Cabrais/RS.
Secretaria de Políticas Para Mulheres de São Leopoldo/SEPOM
UFOB - Universidade Federal do Oeste da Bahia e o Grupo de pesquisa de Estudo Interdisciplinar em Plantas Medicinais, do Programa de Extensão Laboratório de Vivência e Experiência Pedagógica em Sistemas Agroflorestais Sintrópicos e Pesquisa Participante (LVESAF) e da Rede NEPerma Brasil (Rede Brasileira de Núcleos e Estudos em Permacultura)
UFRGS- Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Fórum Paulo Freire e Grupo de Pesquisa Universidade e Bem Viver
UFSM - Universidade Federal de Santa Maria através do Observatório de Direitos Humanos (ODH); Pró-Reitoria de Extensão (PRE); NEABI - Núcleo de Estudos e Afro-Brasileiro e Indígena; Departamento de Educação Agrícola e Extensão Agrícola
Os integrantes atuais da FENAPICS e os demais que estão se conectando a ela são aqueles que possuem representatividade, desde suas práxis no campo da saúde, até experiências educativas e culturais, entre os quais destacamos:
(i)O homeopata pioneiro que atua no SUS há mais de quatro anos, comprovando a cientificidade e a legitimidade das PICS como direito cidadão de acesso à saúde, Marcos André Zerbielli, do município de Novo Cabrais, RS;
(ii)Associação Brasileira de Homeopatia Popular Comunitária - ABHP, que, durante a pandemia, distri-
buiu mais de 800 mil frascos de composto homeopático fortalecedor do sistema imunológico nas regiões Norte, Centro-Oeste, Nordeste e Sul do Brasil, beneficiando um milhão e oitocentas mil pessoas tratadas pela Homeopatia popular;
(iii)Revista de Estudos Homeopáticos, veículo de publicação digital e gratuita, devidamente registrado no ISSN, existente há 7 anos e com a missão de divulgar Homeopatia em linguagem acessível ao grande público;
(iv)Universidades públicas federais que atuam no ensino, em pesquisas científicas e atividades extensionistas no campo das PICS, como no caso da UFRGS, da UFOB, e da UFSM, através do Projeto de Extensão de reconhecimento e valorização dos Mestres(as) de saberes populares, tradicionais e culturais através do reconhecimento dos Notórios Saberes integrados à Pró-Reitoria de Extensão/UFSM; ODH/ UFSM; NEABI/UFSM e PPGEXR/UFSM, entre outras.
A urgência em se constituir o cuidado frente às tragédias no Sul potencializou rapidamente o trabalho do grupo voluntário em cinco frentes envolvendo as PICS, a saber:
(i)envio de reiki a distância, iniciado antes mesmo da constituição oficial do Grupo Cuidar Vida e depois ampliado com a adesão de membros do grupo também reikianos;
(ii)atendimento à população e ao ambiente, iniciando com a radiestesia para aplicação de florais e homeopatias, a partir dos mapas e endereços. Também já está em curso o atendimento gratuito a pessoas, via on-line, por terapeutas homeopatas e de florais, com doação dos medicamentos indicados por farmácias homeopáticas de diferentes municípios;
(iii)estudo das possibilidades de regeneração socioambiental e criação/implementação de soluções baseadas na Natureza, buscando evitar a repetição de erros que levaram a todo o caos que hoje vivemos no estado;
(iv)aplicação da homeopatia nos rios, como tecnologia ambiental de baixo custo e capaz de causar grande impacto positivo em curto, médio e longo prazo, contribuindo para a regeneração da água, do solo e de todos os seres que entrarem em contato com a água homeopatizadas, conforme se pode ver nas imagens a seguir, somente algumas das muitas que foram registradas pelos dispensadores voluntários:
(v)e uma frente de comunicação, informação e articulação interinstitucional, para viabilizar, fortalecer e manter redes de ação articulada. Cada uma dessas frentes já tem suas coordenações atribuídas e já estão executando algumas ações, enquanto pensam e organizam os próximos passos, tudo de forma voluntária.
Essa divisão em frentes de trabalho se coaduna com uma gestão democrática e participativa, em dialogicidade com as três esferas de poder em nosso país, buscando construir apoios institucionais nos diferentes órgãos públicos e nas esferas governamentais municipais, estaduais e federal, e compreendendo que medidas e ações conjuntas são urgentes, pertinentes e necessárias, sendo preciso, para isso, a construção de acordos de cooperação e ação articulada entre diferentes instâncias público-privadas.
Entretanto, essas frentes declaram encontrar limitações estruturais para sua atuação, devido a notas técnicas de orientação/normatização, que excluem terapeutas integrativos e cuidados tradicionais das forças de trabalho em emergências e calamidades, como, por exemplo, as “Orientações para utilização das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde em situações de desastres no SUS/RS/2024”.
Documentos desse teor, ou a ele semelhantes, apresentam contradições frente às concepções legais que embasam as PICS, e embargam o trabalho dos terapeutas integrativos nesse contexto emergencial, tal como ocorreu anteriormente, durante a pandemia de Covid 19, embora se deseje, firmemente, atuar de forma assertiva e positiva no trabalho da recuperação e regeneração do Estado do Rio Grande do Sul, com fortalecimento e limpeza das águas e do solo, bem como das plantas, dos animais e dos seres humanos, por meio de tecnologias de baixo custo com um grande potencial de impacto positivo, em curto, médio e longo prazo, tecnologias essas representadas pelas PICS e pelos cuidados tradicionais.
Nesse sentido, já estamos trabalhando indiretamente na recuperação de elementais de água e solo, por meio de diversos voluntários ligados a movimentos sociais, mas ainda sem todo o impacto positivo acionado, pois a Norma Técnica do Estado não nos insere, muito menos nos legitima para atuarmos em abrigos, casas de acolhimentos, resgate de animais, águas. Por isso, referendamos a importância do aval do Ministério da Saúde para que os terapeutas integrativos ligados à FENAPICS possam atuar na integralidade dos ambientes, sejam eles urbanos ou rurais, oferecendo suas ferramentas e tecnologias a toda a população necessitada, as quais já têm muito boa aceitação junto ao grande público, quando ofertadas adequadamente.
No cotidiano, a FENAPICS identificou igualmente que o organograma das PICS ainda não abarca a contribuição histórica dos povos tradicionais e suas ramificações, conforme o proposto pela OMS, sendo estas outridades grupos que primam por um lugar de visibilidade e cientificidade a partir de suas experiências ancestrálicas e empíricas. Por isso, essa Federação nascente também tem por objetivo colocar em relevo a práxis do RECONHECIMENTO DOS SABERES TRADICIONAIS, aproximando-os das esferas das PICS, pois estes saberes e práticas, apesar da existência de políticas públicas para a saúde da população negra, das medicinas tradicionais e indígena, não constituem as UBS, ainda não integram os espaços de atuação do SUS e nem mesmo fazem parte das PICS que já estão regulamentadas.
Por isso, será primado na FENAPICS que os territórios com características próprias exerçam, com legitimidade, seus saberes e fazeres, em situações de emergência, calamidade e também no dia a dia da Saúde; e que os movimentos de periferias, as representatividades dos povos tradicionais e da florestas, bem
como as comunidades de matrizes africanas, indígenas, ciganas, ribeirinhas, áreas de reforma agrária do MST e todos que trabalham com a saúde integrativa do ser, dos animais e do ambiente, e que são fazedores de ciência, embora não acadêmica, legitimem suas especificidades, sem o equívoco de se falar de saúde integral com exclusão das abordagens terapêuticas tradicionais. Essa legitimação dos saberes dos Mestres(as) nas artes e nos ofícios dos cuidados para com as pessoas e seus ecossistemas, e tudo o que eles abarcam, retroalimenta, inclusive, as diretrizes do Conselho Nacional de Saúde em reconhecer e valorizar os(as) Mestres(as) de Saberes. Esses reconhecimentos entrelaçam-se com as políticas de cultura, extensão e educação.
Devido a tudo que estamos vivendo diante da catástrofe que assola nosso estado, o RS, propusemos ao Ministério da Saúde uma parceria num Projeto Piloto de caráter emergencial, aqui delineado apenas em suas diretrizes principais, e que prevê ações de curto, médio e longo prazo, em dialogicidade com as etapas a seguir, ocorrendo algumas concomitantemente. Assim que haja o aval do MS para o delineamento desse projeto, será feita toda a redação final, com todos os detalhamentos necessários e pertinentes, num processo dialógico que possa contar também com interlocutores deste Ministério, conforme o esperamos e desejamos.
DELINEAMENTO DO PROJETO
Primeira Etapa:
1.Estabelecer o diálogo sobre a proposta com os movimentos sociais, instituições ligadas ao Grupo da Terra como CONTAG, Marcha das Margaridas, Grito da Terra, MST, no qual, a partir dessa construção, busca-se a sensibilização do Ministério da Saúde e os setores ligados à política de PICS.
2.Criar uma instância de diálogo com o MS, as PICs e demais secretarias e departamentos sugeridos para a integração desta pauta, além da própria revisão e qualificação da política de PICS com base na escuta dos movimentos sociais. Reforça-se a chamada, neste período, para a revisão da medicina indígena, através da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI).
3.Firmar um Termo de Execução Descentralizado (TED) entre Ministério da Saúde (MS) e FENAPICS, em conjunto com o NEABI/UFSM e a Pró-Reitoria de Extensão da UFSM, que já têm na sua pauta os estudos sobre as matrizes africanas e indígenas, o reconhecimento dos saberes populares, tradicionais e culturais. Dessa forma, seria possível toda a execução e todo o acompanhamento deste Projeto Piloto, de acordo com o que regem as diretrizes do ensino-pesquisa-extensão.
4.Mapear, por meio do projeto piloto, durante três meses, nas cidades de Porto Alegre, Novo Cabrais, São Leopoldo e Santa Maria, as principais doenças decorrentes do estado de calamidade pública, a partir do Marco Situacional e Epidemiológico desta crise climática. Para isso, considerar-se-ia como referência uma UBS e uma comunidade em cada uma dessas localidades, nas quais, após o estudo do mapeamento, sugere-se o acréscimo (se já houve alguma PIC implantada) ou inclusão (caso não haja nenhuma PIC implantada) de pelo menos uma a três PICS emergenciais que possam ser acompanhadas em sua efetividade durante a execução do Projeto.
Segunda Etapa:
1. Após comprovação de êxito das ações desenvolvidas nas UBS’s e comunidades de referência, viabilizar e acrescentar a oferta de uma a três PICs nas demais UBS, podendo, expandir para as demais regiões também afetadas pelas enchentes, a cada período de 6 meses, com avaliações sistemáticas.
2. Os critérios de comprovação de êxito devem ser estabelecidos através de acordo entre terapeutas credenciados de cada PICS e gestores das UBS’s e município, considerando as especificidades de cada PICS selecionada, e priorizando critérios de avaliação qualitativa. Após isso, todos os atendimentos e intervenções deverão ser devidamente registrados em espaços institucionais, determinados pelos gestores do Projeto, para que se possa acompanhar a efetividade e a eficácia de cada ação.
3. Caso alguma ação seja considerada inefetiva, ineficaz, após aferição dos parâmetros estabelecidos, pode-se avaliar se ela deve continuar, sendo ajustada em aspectos que possam ter contribuído para o insucesso, ou se será substituída por outra. Isso é especialmente importante ao considerar que cada localidade/território pode ter mais ligação com uma ou outra PICS, considerando a interculturalidade do mesmo.
4. Priorizar e fortalecer as PICS que atuam diretamente com insumos provenientes da natureza, a exemplo de plantas medicinais, fitoterapia, homeopatia, florais, aromaterapia e ayurveda, para oferecer à população alternativas seguras e acessíveis aos medicamentos sintéticos, especialmente os voltados à saúde mental da população gaúcha, que, neste momento, encontra-se ainda muito abalada, do ponto de vista mental e emocional. Essa é uma medida de cuidado da saúde e proteção ambiental ao mesmo tempo, tendo em vista a contínua carga de resíduos de medicamentos que são metabolizados e eliminados diretamente nas águas e que, na atualidade, constituem um problema de saúde pública em nosso país.
5. Assegurar ao profissional credenciado a atuar em PICS, e que já tenha formação na área de saúde, o direito de integrar no atendimento os conhecimentos pertinentes da sua área de formação, utilizando todos os recursos dos quais dispõe o SUS, incluindo solicitação e análise de exames e prescrição de medidas ligadas às suas respectivas áreas, desde que respeitem a regulamentação de seus conselhos profissionais.
6. Assegurar aos profissionais credenciados em PICS e Cuidados Tradicionais como um todo, a consulta, a evolução e o registro de procedimentos em prontuários, entendendo que este é um documento do paciente e o mesmo tem direito à integralidade da informação, para segurança na assistência e atuação em cooperação com os demais profissionais do SUS, sendo um dever das instituições e dos municípios que guardam os arquivos físicos e as plataformas digitais, a proteção deste direito.
7. Qualificar a política de PICS quanto à inserção e ao reconhecimento dos cuidados e medicinas oriundas dos povos tradicionais, a partir do mapeamento desses e da sua relação com o território.
8. Obter permissão do Ministério da Saúde para que a FENAPICS, com profissionais habilitados e registrados nos órgãos de regulamentação profissional ou que façam parte da FENAPICS, quando couber, possam instruir e habilitar os cuidadores tradicionais que lidem com plantas e insumos naturais, a respeito de riscos e incompatibilidades entre plantas, medicamentos e alimentos, para garantir a segurança no oferecimento desse serviço, sem excluir os povos que trabalham com cuidados tradicionais, e sim
aproximando-os, através das próprias políticas de saúde que valorizam e referenciam o uso das medicinas de povos originários e tradicionais, as quais reforçam a importância do reconhecimento desses saberes, que são locais e territoriais e estão nas comunidades, o que fortalece uma promoção da saúde, através de processos preventivos e complementares, adequados a cada realidade e com maior autonomia no enfrentamento de crises e desafios mais amplos.
9. Também propomos atuação monitorada das PICS nos seguintes territórios experimentais: uma comunidade indígena, uma quilombola, um assentamento e uma comunidade de matriz africana, além dos territórios urbanos cobertos pelas UBS’s envolvidas no Projeto Piloto.
Terceira Etapa:
1. Inserir a FENAPICS na Plataforma/ no site do Ministério da Saúde, como uma das experiências exitosas produzidas no RS a partir da crise emergencial das enchentes, pois este grupo abarca vários terapeutas, profissionais de saúde, movimentos sociais, instituições de ensino, pesquisa e extensão, as quais têm unido esforços na construção de propostas em várias frentes de cuidado, desde os processos individuais do ser humano, até aqueles que também englobam a visão sistêmica de ambiente e dos seres que ali vivem e se reproduzem.
2. A partir da inserção da FENAPICS na Plataforma/no site, disponibilizar os materiais produzidos e vinculados a essa Federação, a exemplo dos produzidos pelo Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste e pela Revista de Estudos Homeopáticos, entre tantos outros independentes que já existem em nosso estado; além dos estudos e artigos científicos referentes às PICS, bem como de materiais técnicos, científicos, acadêmicos e de saberes ancestrais, referentes às Soluções Baseadas na Natureza já existentes e/ou desenvolvidas/ implementadas nesse período crítico de regeneração do RS.
3. Registrar na Plataforma/no site do MS as ferramentas de mapeamentos dos territórios vinculadas aos saberes e práticas populares, tradicionais e culturais sobre os cuidados, a partir das diferentes regiões onde estarão inseridas as propostas das experiências pilotos que abrangem o Projeto, mas que ainda não integram as PICS na sua totalidade, embora dialoguem e se aproximem de suas diretrizes. Entendemos que estão inseridas no campo das medicinas tradicionais e já validadas por esta política, contudo, não são inseridas nas UBS na maioria das gestões e organogramas de saúde pública, e tão pouco compõem a intersetorialidade e a dimensionalidade que aproximam estas políticas de PICS e medicinas tradicionais, dado que os saberes dos povos originários e das diferentes matrizes culturais que compõem os saberes locais e territórios não refletem a integralidade e o objetivo da política de PICS de que é justo promover uma saúde de qualidade, com base na prevenção e complementariedade dos tratamentos, fortalecendo as bases naturais, locais e territoriais.
4. Que o MS, através de sua Plataforma/Site, possa acolher e incluir as ações propostas a partir do Projeto com a FENAPICS e parceiros, como oficinas e processos de formação, através de temáticas identificadas pelo território e região, bem como programas de Soluções Baseadas na Natureza, que têm como recorte os princípios da agroecologia e do Bem-Viver, pautadas em diretrizes afins como a Política Nacional de Extensão Rural - PNATER e as PICS, aproximando outras intersetorialidades políticas, a exemplo do que prima a comemoração dos 18 anos de PICS, para que MDA, MDS e quiçá MMA possam revitalizar diretrizes que fortaleçam a recuperação de práticas sistêmicas importantes e necessárias, neste momento sensível que vive o RS.
5. As SOLUÇÕES BASEADAS NA NATUREZA somam práticas de bioconstrução, adoção de sistemas agroflorestais agroecológicos, permacultura, entre outras práticas para o Bem-Viver. Nesta perspectiva, queremos incentivar e fortalecer novas formas de construção de habitações humanas, de interrelação ser humano e natureza, da produção de alimentos e plantas medicinais, acompanhadas de revitalização dos solos, das águas, das plantas e seus processos bioativos, unindo e fortalecendo os vários grupos já existentes para esse fim e intencionando somar nessas ações para contribuir com a saúde da população e do seu ecossistema, com vistas a segurança, soberania alimentar e nutricional, e contribuindo para as resiliências climáticas. Nesse item, é importante também ressaltar o conceito de Saúde Única, que está em pauta atualmente, como proposto pela OMS, e tem a visão integrada da saúde, incluindo a natureza e o bem-estar ambiental no conceito de saúde integral.
6. Que a Plataforma/Site do MS abarque cursos on-line e presenciais sobre as PICS, realizados em parceria com a FENAPICS e as Universidades e os Institutos Federais e demais organizações afins, com capilaridade no território nacional e ambientes internacionais.
7. Que a retomada da produtividade e a lógica com as águas tenha outro percurso, acompanhado das instituições de ensino públicas e privadas, nos campos de ensino, pesquisa e extensão, e levando em conta as experiências dos povos tradicionais e de educação popular, bem como as experiências dos MST, FETAG, CONTAG, ABHP, FAE (feira de agricultores ecológicos) de POA, que existe há mais de 30 anos, e outras.
8. Garantir a elaboração de pelo menos uma sistematização audiovisual das experiências, envolvendo também o reconhecimento dos saberes tradicionais e de sua integração com as PICS nas UBS’s e comunidades escolhidas como referência. Essa sistematização deveria apresentar depoimentos dos usuários do SUS que tiveram acesso ao Plano Terapêutico Singular, e também de lideranças, profissionais da saúde e dos gestores públicos, para que a multiplicidade dos olhares possa ser captada adequadamente.
9. Que a FENAPICS possa oferecer ao MS um protocolo de acionamento rápido das PICS, em situações de emergência e/ou calamidade pública, para que o socorro básico tenha mais chances de chegar agilmente a todo o público e ao meio ambiente. Com pelos menos 3 PICS instaladas nas UBS, a rede de profissionais poderia ser facilmente articulada, a partir desse protocolo padrão, já testado nas ações emergenciais voluntárias no Rio Grande Sul, neste primeiro semestre de 2024.
10. Assegurar, nesta etapa, que a sistematização dos resultados destes estudos e experiências do Projeto Piloto sejam inseridos e também divulgados na Plataforma/site do MS, para que possam servir de referência a outros estudos e pesquisas.
Quarta Etapa:
1. Pedido de reconhecimento da FENAPICS pelo Ministério da Saúde, para a implementação do SELO DE RECONHECIMENTO DE SABERES POPULARES E TRADICIONAIS, validando o mapeamento dos terapeutas atuantes nos espaços territoriais e em instituições que seguem as Diretrizes das Políticas de Cultura, Educação, ATER, e da Educação Popular em Saúde. Os critérios para atribuição do selo devem ser estabelecidos colaborativamente, contando com a contribuição dos diversos agentes de saúde envolvidos com a Saúde Única, com as PICS e os cuidados tradicionais.
2. Para que algumas das ações propostas neste documento possam ser executadas na prática, solicitamos a este Ministério que viabilize o retorno da Dra. Lindia do Maranhão, voluntária inscrita no Programa das Ações no Rio Grande do Sul e que possui larga experiência com as PICS e no resgate emergencial de traumas, em áreas de tragédias, sendo esta, também, pediatra e obstetra, para atuar, a partir do mês de agosto, junto à FENAPICS.
Cientes do êxito desta primeira reunião, destacamos que há movimentos iniciais para integrar ações de formação de terapeutas e agentes sociais diversos com os NEABI’S e com os LAPICS; e que nossa FENAPICS, ora nascente, já tem, a partir de agosto de 2024, um veículo de comunicação oficial com os terapeutas integrativos, cuidadores tradicionais e o grande público, através da Revista de Estudos Homeopáticos, quadrimestral, digital e gratuita, e também por meio da Rádio Comunitária Negritude e o Programa da Mãe Negrita, bem como outros jornais comunitários, para que todo o seu acervo seja de domínio público e cercado de transparência.
O coletivo voluntário Cuidar Vida, berço da FENAPICS aqui anunciada, continua à disposição para novos entendimentos, aprofundamentos e encaminhamentos, para que as terapias integrativas e os cuidados tradicionais, bem como as práticas de bem viver sejam cada vez mais universalizados e acessíveis à população em geral, especialmente em situações de crise. Em anexo, as listas de instituições signatárias deste documento, bem como das farmácias parceiras nas ações executadas até agora, e também nosso orçamento prévio de suporte ao Projeto Piloto, para que sigamos no estreitamento de laços de muita saúde e prosperidade para todos os envolvidos na FENAPICS e no Ministério da Saúde, e, em consequência, a toda a população e à Natureza, tão afetada pelos abalos contínuos sofridos nos últimos meses.
ANEXO 1
INSTITUIÇÕES SIGNATÁRIAS
ABET- Associação Brasileira de Etnomusicologia- POA/RS
AME - Ação de Mulheres pela Equidade Santa Maria/RS
Associação Amigos e Moradores da Cidade Baixa e Arredores - MOCAMBO- POA/RS
Associação Brasileira de Homeopatia Popular Comunitária - ABHP
Associação de Apoio às Pessoas Carentes e Necessitadas Santa Cruz do Sul, de Santa Cruz do Sul/RS.
Associação Quilombola Vó Minda e Tio Adão (Grupo Afro Revelação) de Novo Cabrais/RS.
Centro Africano Xangô e Iansã- Porto Alegre/RS
Congresso Internacional da REDE UNIDA
Conselho Nacional Autorregulamentado da Homeopatia/Brasília
Federação Nacional de Terapias Integrativas e Cuidado Tradicional
Grupo Cuidar Vida
Grupo FitoMulher, de Esteio/RS
Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste, responsável pela Revista de Estudos Homeopáticos e pelo Seminário Aberto de Terapeutas Homeopatas – Saberth
Instituto APAKANI- POA/RS
Instituto Brasileiro de Homeopatia
Instituto Cultural São Jorge de Novo Cabrais/RS
LAPICS – Laboratórios de PICS vinculados a Programas e Projetos de Extensão
Movimento Integrado de Saúde Comunitária do Maranhão – MISC/MA
NEABI/UFSM – Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas da Universidade Federal de Santa Maria
Prefeitura Municipal de Novo Cabrais e Secretaria Municipal da Saúde de Novo Cabrais/RS
Rede NEPerma Brasil (Rede Brasileira de Núcleos e Estudos em Permacultura)
Secretaria de Políticas Para Mulheres de São Leopoldo/SEPOM
UFOB - Universidade Federal do Oeste
UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Fórum Paulo Freire e Grupo de Pesquisa Universidade e Bem Viver
UFSM - Universidade Federal de Santa Maria
ANEXO 2
LISTA DE FARMÁCIAS PARCEIRAS NA DOAÇÃO DE HOMEOPATIAS E FLORAISdos medicamentos indicados por farmácias homeopáticas de diferentes municípios;
(iii)estudo das possibilidades de regeneração socioambiental e criação/implementação de soluções baseadas na Natureza, buscando evitar a repetição de erros que levaram a todo o caos que hoje vivemos
(iv)aplicação da homeopatia nos rios, como tecnologia ambiental de baixo custo e capaz de causar grande impacto positivo em curto, médio e longo prazo, contribuindo para a regeneração da água, do solo e de todos os seres que entrarem em contato com a água homeopatizadas, conforme se pode ver nas imagens a seguir, somente algumas das muitas que foram registradas pelos dispensadores voluntários: