HOMEOPÁTICOS
Publicação Digital Quadrimestral Gratuita
Uma realização do Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro -Oeste
Existe um “gênio epidêmico” para a COVID 19?
Ano 4
N° 10
Agosto/2020
Mantenedores da Revista
“Por incrível que pareça, tenho uma filha autista, mas ninguém havia conseguido me dar esse diagnóstico e encaminhar tratamentos adequados, mesmo ela já tendo mais de 18 anos. A primeira edição desta Revista, por obra do destino, chegou às minhas mãos num grupo de WhatsApp, e um artigo sobre o tema do autismo me abriu os olhos para a possibilidade de minha filha não ser neurotípica. Inclusive, aprendi esse termo no texto do artigo. Desde então, iniciei abordagem homeopática e minha filha evoluiu muito! Agora até já tem um trabalho e se tornou excelente atleta na equipe parolímpica de Brasília. Acompanho as edições da Revista e vejo como é importante saber de tudo o que ela publica. Vamos contribuir e divulgar sempre!”
(Analúcia M. B. Magalhães Rincon, Brasília-DF)
“Agradeço por receber e acompanhar essa maravilhosa revista homeopática, com informações atualizadas e construtivas a respeito da aplicação da homeopatia na vida e nos consultórios, com a finalidade de restabelecer a saúde das pessoas. Parabéns aos editores...” ( Wil Braga - Terapeuta – DF)
Jornalista Responsável
Angélica Calheiros
Editora-Executiva
Sheila da Costa Oliveira
Conselho Editorial
Sheila da Costa Oliveira
Angélica Calheiros
Projeto Grá co e Diagramação
Redatores
Angélica Calheiros
Revisão
Sheila da Costa Oliveira
Contato
Se você também quiser publicar aqui a divulgação do seu trabalho terapêutico, por favor faça contato com revistadeestudoshomeopaticos@gmail.com e receba os detalhes! Teremos prazer em torná-lx mais conhecidx!
HOMEOPATIA E NÓS
Durante o período de pandemia, que já se arrasta por todo o mundo desde janeiro, o Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste instituiu a videoconferência como ferramenta para manter a regularidade dos estudos mensais. Iniciamos com o Skype e depois evoluímos para o Google Meet, obtendo a participação de 15 a 25 pessoas, mais ou menos como nos encontros presenciais. A diferença foi que pessoas impedidas de comparecerem presencialmente começaram a participar online. Dessa forma, foi decidido que, quando retornarem as atividades presenciais, em data ainda incerta, encontraremos um modo de fazer a transmissão remota, de maneira a que mais pessoas possam acompanhar os estudos, mesmo a distância. Houve 3 sessões para estudo do tema Gênio Epidêmico, com materiais elaborados por Fabiana Mundim e Sheila da Costa Oliveira, os quais serão reproduzidos aqui em forma de slides e, na seção Artigos, colocaremos o documento Word, com uma revisão sobre o tema.
Os participantes do Grupo envolveram-se em ações sociais de enfrentamento à pandemia, colaborando com consultas e medicamentos gratuitos para a população carente em diversos pontos do Centro-Oeste, do Sudeste e na Bahia, locais onde reside a maioria dos membros.
Além disso, foram encaminhados pedidos ao Governo do Distrito Federal, para que sua equipe de médicos homeopatas passasse
a atender massivamente nessa modalidade, como forma de melhorar o enfrentamento da situação coletiva. Foi também enviada uma entrevista ao Ministério da Saúde, para tratar da adoção da homeopatia em tempos de epidemia, como parte oficial das abordagens terapêuticas adotadas pelo Sistema Único de Saúde: SUS.
O grupo tomou conhecimento de vários protocolos homeopáticos sugeridos por diferentes profissionais, e também desenvolveu suas próprias estratégias. Cada um adotou a que lhe pareceu mais adequada e, até agora, os resultados indicam pouquíssimos terapeutas infectados, mas já curados, e muuuiiitttooos pacientes em profilaxia, tratamento e acompanhamento homeopático de sequelas.
Foi elaborado um termo de adesão como mantenedor da Revista de Estudos Homeopáticos, para formalizar as contribuições e facilitar a prestação de contas. Esse documento também está reproduzido aqui, para possibilitar que novos mantenedores componham conosco o grupo, o qual, com tão boa vontade, vem permitindo que nossa publicação quadrimestral, digital e gratuita siga seu curso de esclarecimento e divulgação.
Enfim, nosso grupo continua atuante, ativo e enfrentando a situação atual com entusiasmo e profissionalismo. A seguir, os materiais de estudo sobre o tema do Gênio Epidêmico.
O médico, homeopata e precursor da Homeopatia moderna James Tyler Kent nasceu em 31 de março de 1849, na cidade de Woodhull, Nova Iorque, e foi lho de Steven Kent e Caroline Tyler, que o criaram como batista.
Kent cursou o ensino médio na Franklin “Academy de Prattsburgh”, Nova Iorque, e a faculdade na “Madison University”, vindo a se formar em 1868, aos 19 anos. Ele também completou um curso de pós-graduação na mesma instituição e ganhou o título de mestre em 1870. Foi também na vida adulta que Kent passou a seguir uma seita religiosa cristã mística liderada por Emanuel Swedenborg, cujos preceitos eram alicerçados na crença da harmonia entre mun-
do espiritual e mundo físico, em tratamentos magnéticos e na responsabilidade social, entre outros.
Embora tenha iniciado sua trajetória na medicina como seguidor da Escola Eclética - uma antiga escola de medicina da Grécia Antiga e também de Roma –, Kent também frequentou o Instituto de Medicina Eclética em Cincinnati, Ohio, onde se dedicou aos estudos da naturopatia, da quiropraxia e da Homeopatia, tornando-se um apoiador ardente dos métodos de Samuel Hahnemann – médico alemão que fundou a Homeopatia em 1779.
Em 1874, Kent se casou com Ellen (não há registros de sobrenome) e mudou-se para St. Louis,
Foto: Reprodução/IHM do Brasil James Tyler Kent: O pai da Homeopatia ModernaMissouri. Contudo, sua esposa faleceu pouco tempo após o casamento, aos 19 anos de idade. Então viúvo, Kent se dedicou ao trabalho como médico eclético na cidade e logo passou a ser reconhecido como membro distinto da “Eclectic National Medical Association”.
No ano de 1878, a segunda esposa de Kent, Lucy (não há registros de sobrenome), adoeceu. Seus principais sintomas eram fraqueza nervosa, insônia e anemia, e apesar de estar sendo tratada por médicos ortodoxos e ecléticos, seu quadro clínico apenas piorava. A pedido da esposa, Kent procurou o médico homeopata Richard Phelan e foi ele o grande responsável por sua recuperação dramática. Impressionado com os resultados positivos do tratamento de Lucy,
Kent optou por deixar o ecletismo e se dedicar exclusivamente à Homeopatia.
Cerca de três anos depois, Kent aceitou o cargo de professor de anatomia no Colégio Homeopático de Missouri, onde permaneceu até 1888. Durante esse período, ele também perdeu sua segunda esposa. Mas foi com a médica homeopata Clara Louis Tobey que Kent não só consolidou um novo matrimônio como também formou a parceria necessária para concluir seus mais famosos trabalhos, publicados em várias línguas. Através deles, o homeopata ganhou um número signi cativo de adeptos na Índia, país que atualmente lidera o ranking de infraestrutura de ensino e formação de homeopatas.
Algum tempo depois, Kent publicou a obra “Repertório da Matéria Médica Homeopática”, um guia que associava doenças a seus respectivos preparados homeopáticos e que até hoje é usado como base para a prática homeopática moderna. Apesar de existirem outros repertórios produzidos por outros homeopatas, este ainda é o mais popular por contar com descrições de sintomas mais completas e precisas.
Kent também trabalhou como professor nas principais faculdades homeopáticas dos Estados Unidos, incluindo a Hering Medical College, em Chicago, e a Hahnemann Medical College, na Pensilvânia; e deixou grandes contribuições para a Homeopatia enquanto pesquisador e escritor, chegando a editar jornais especializados em Homeopatia e a publicar livros que até hoje servem como norte para homeopatas de todo o mundo. Além disso, ele também foi membro de instituições como a Sociedade Médica Homeopática do Estado de Illinois, o Instituto Americano de Homeopatia, a Associação Internacional Hahnemanniana e a Sociedade Médica Britânica Homeopática.
Algumas das principais características de Kent como homeopata foram seu método inovador
de prescrever remédios homeopáticos usando doses únicas em altas potências; além de suas crenças de que pacientes deveriam ser tratados através da observação de suas totalidades, incluindo corpo físico e elementos mentais, emocionais e espirituais, uma vez que ele acreditava que doenças físicas estavam relacionadas a causas espirituais.
O homeopata norte-americano também é reconhecido pela conclusão inovadora de que o processo de cura de uma doença acontece do centro do organismo para pontos periféricos, e que caso os sintomas recuem destes pontos para o centro, a prescrição está errada e deve ser contrabalançada. Assim, ainda segundo Kent, para obter sucesso no tratamento de seus pacientes, o homeopata deve conhecer a correspondência dos órgãos e a direção da cura.
No ano de 1910, Kent foi fundamental para o estabelecimento do grupo Sociedade de Homeopatas, que tinha como objetivo principal disseminar os princípios da homeopatia promulgados por Hahnemann. Pensando nisso, o grupo fundou seu próprio jornal, intitulado “ e Homeopathician”, que foi publicado por dois anos a partir de 1914.
James Tyler Kent faleceu no dia 5 de junho de 1916, em Stevensville, Montana, aos 67 anos, acometido pela “doença de Bright” - uma inflamação crônica nos vasos sanguíneos dos rins. Contudo, seu legado é atemporal e está presente em três de suas obras de destaque: “Repertório da Matéria Médica Homeopática”, “Filosofia Homeopática” e “Matéria Médica Homeopática”, que continuam relevantes e seguem aumentando em popularidade.
Fontes: Hahnemann.Net
HPathy.Com
People Pill
Whole Health Now Sue Young Histories
As Diáteses Homeopáticas
Título: Filosofia Homeopática
Autor: James Tyler KENT
Lançada pela editora Organon, a obra “Lições de Filoso a Homeopática” é considerada um clássico da literatura homeopática. Nela, o falecido autor norte-americano James Tyler Kent - médico e grande contribuidor para o avanço dos estudos em Homeopatia - interpreta e sintetiza o Organon de Hanneman, livro básico e fundamental para nortear estudos sérios na área da Homeopatia, facilitando a compreensão de suas bases losó cas e reexplicando alguns conceitos à luz de conhecimentos cientí cos atuais.
Onde encontrar:
•Amazon
•Estante Virtual
•Mercado Livre
•Organon Books
Conselho de saúde recomenda a divulgação de práticas integrativas e complementares durante a pandemia
Imagem ilustrativa/Pixabay
O Conselho Nacional de Saúde (CNS) aprovou a recomendação n° 41/2020, publicada em 21 de maio, para que o Ministério da Saúde (MS), bem como conselhos estaduais e municipais de Saúde e do Distrito Federal incluam e divulguem Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics) na assistência ao tratamento da Covid-19. Nessa lista estão a Homeopatia, a terapia de florais, a acupuntura e o reiki, entre outras práticas.
De acordo com uma nota oficial do órgão, tal decisão se baseou em evidências cientificas produzidas pela Rede de Medicinas Tradicionais, Complementares e Integrativas (MTCI) Américas, pelo Consórcio Acadêmico Bra -
sileiro de Saúde Integrativa (Cabsin) e pelo Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme/ Opas/OMS).
Além da ampla divulgação de evidências científicas relacionadas às Pics, o CNS também recomendou a disponibilização e a produção de materiais de comunicação para gestores, trabalhadores e usuários do SUS com informações atualizadas sobre o uso adequado de práticas integrativas e complementares.
Ainda segundo a nota do CNS, as Pics são aplicadas para melhorar a qualidade de vida de pacientes, familiares e profissionais, com resultados positivos referentes ao autocuidado e ao equilíbrio mental e emocional em tempos de isolamento.
Recentemente, o Conselho Nacional de Saúde também recomendou ao MS a suspensão do uso de hidroxicloroquina em casos leves da Covid-19 por falta de evidência científica.
Fonte: CNS
Uma parceria entre a Associação Médica Homeopática de Santa Catarina (AMH-SC), a Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas (ABFH) e o estado de Santa Catarina desenvolveu um documento de diretrizes clínicas para orientar o uso da Homeopatia na prevenção e no tratamento da Covid-19 em caráter complementar.
O grupo contou com a participação das doutoras Hayde Haviaras, Marisa Fantin, Luisa Mara Elias, Paloma Escouto, da AMH-SC, e Karen Denez, especialista em homeopatia pela ABFH e principal incentivadora da ação.
De acordo com Denez, as maiores motivações para criar um protocolo que incluísse o tratamento homeopático nas estratégias de combate à pandemia foram os resultados clínicos positivos que ela presenciou durante seus 20 anos de carreira como homeopata, além do apoio de um grupo de docentes da Fundação Homeopatica Benoit Mure de Santa Catarina.
“Quando estudamos e ensinamos Homeopatia, sempre nos reportamos aos grandes trabalhos realizados por Hahnemann e seus seguidores nas epidemias”, aponta a homeopata. “No Brasil, o grande exemplo são as intervenções da Homeopatia na prevenção da Dengue. Numa reunião com quatro médicas do nosso grupo de estudos em Homeopatia, eu trouxe a proposta de tentarmos fazer alguma ação na pro laxia de Covid-19. Já que na prática clínica delas isso já estava acon-
tecendo, por que não a estender a toda população?”, questiona.
No nal de março, Denez e seu grupo tiveram uma primeira reunião para apresentar a ideia do projeto, com o prefeito de Itajaí (SC), Volnei Morastoni, que aceitou a proposta prontamente. Enquanto isso, também foi iniciada uma conversa paralela com o governo do estado de Santa Catarina.
“Isso permitiu iniciar ações em vários municípios do estado”, assinala Denez. “Hoje temos cinco municípios promovendo esse projeto em Santa Catarina”, complementa.
De acordo com o presidente da ABFH, Javier Salvador Gamarra Jr., as diretrizes clínicas homeopáticas já estão sendo colocadas em prática no estado.
“O cidadão pode buscar (os preparados homeopáticos) nas unidades de saúde da rede, mas os agentes comunitários de saúde também contribuem levando-os das unidades para os domicílios da população.”, assinala Gamarra.
Santa Catarina é o primeiro estado brasileiro a incluir a Homeopatia como tratamento complementar de maneira o cial. Para Denez, isso se justi ca pelo fato de que o governador de SC, Carlos Moisés, e sua área técnica conhecerem a Homeopatia, além de serem usuários desta.
“A estrutura política atual foi favorável a essa articulação pelo fato do governador e sua área técnica conhecerem a Homeopatia e serem usuários da mesma”, destaca a homeopata. “Como pro ssionais, somos muito respeitados e reconhecidos no estado”.
Ainda segundo Denez, há possibilidade de a ação ser ampliada para outras regiões do Brasil.
“Já estamos sendo procurados por outros estados. O município de Moema seguiu este protocolo e estamos conversando com municípios do Rio Grande do Sul, do Espírito Santo e de São Paulo, conclui.
Homeopatas de Santa Catarina criam protocolo para uso da terapia no tratamento de Covid-19Imagem ilustrativa/Pixabay
Homeopatas lançam plataforma de consultas gratuitas para pacientes de Covid-19
Desde 15 de junho, qualquer pessoa que estiver com sintomas da Covid-19 ou que tiver dúvidas sobre a doença pode acessar o portal homeopatianacovid.com.br, preencher o formulário de cadastro e contar com um médico homeopata que entrará em contato através do sistema de telemedicina.
A iniciativa é da Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB), que lançou a campanha “Homeopatia na Covid-19” e conta com a participação de 600 homeopatas voluntários para atender pessoas de todo o país.
Segundo o presidente da Associação Médica Homeopática Brasileira, Dr. Luiz Darcy Gonçalves Siqueira, em entrevista para o site Projeto Colabora, a Homeopatia não é uma cura para a Covid-19, mas funciona como estímulo para a recuperação da saúde dos pacientes.
“O trabalho do homeopata é colaborativo e integrativo aos demais tratamentos. Historicamente,
quando o atendimento é feito por pro ssionais competentes, consegue-se alcançar resultados importantes na média dos pacientes tratados, especialmente na redução do número de óbitos”, assinalou Siqueira.
De acordo com o site “Homeopatia na Covid”, a campanha tem caráter complementar às demais iniciativas de prevenção e tratamento instituídas pelas autoridades sanitárias até então para frear a pandemia no Brasil.
Após o envio do formulário de cadastro, um médico homeopata encaminhará uma receita com as devidas orientações ao paciente, que poderá adquirir o preparado homeopático a preço reduzido nas farmácias cadastradas no site da campanha. Durante o tratamento, o paciente será monitorado de forma evolutiva por um prazo de 25 a 30 dias.
Fonte: Projeto Colabora
Foto: PixaBayAssociação Médica Homeopática Brasileira cria comitê de estudo do novo coronavirus
A Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB) criou um comitê de pesquisadores para estudar casos confirmados da Covid-19 e trabalhar num projeto de desenvolvimento de protocolo de investigação, validado cientificamente.
O principal objetivo é subsidiar homeopatas e novos trabalhos no país.
Segundo uma carta dirigida a médicos homeopatas publicada no site da associação e assinada pelo presidente da AMHB, Luiz Darcy Siqueira, é preciso “embasar em premissas epistemológicas e evidências cientí cas que respaldem a prática homeopática na busca do medicamento homeopático do ‘gênio epidêmico’, sendo necessário, como já dito, um intenso trabalho de
pesquisa e validação experimental, o que nos exime de práticas que possam lesar a população e o bom nome da nossa arte de curar”.
Ainda de acordo com a AMHB num outro comunicado, também há a intenção de criar um banco de dados com os sintomas mais comuns da Covid-19. Para isso, as estratégias de trabalho contarão com: levantamento de prontuários dos serviços ambulatórias e hospitalares onde os casos estão sendo diagnosticados, coleta de dados através de contato direto com os pacientes, intercâmbio de informações com colegas homeopatas de países onde a epidemia está circulando há mais tempo e descrição pormenorizada dos casos con rmados atendidos por homeopatas.
Fonte: ObservaPics
Ministério Público barra Homeopatia em Itajaí (SC)
O prefeito do município catarinense de Itajaí, Volnei Morastoni (MDB), que também é médico pediatra e homeopata, decidiu recorrer à Homeopatia para conter a contaminação por Covid-19. Contudo, foi barrado pelo Ministério Público de Santa Catarina.
Morastoni anunciou um plano para evitar que Itajaí fosse duramente afetada pela pandemia: a distribuição do preparado homeopático Cânfora, diluído em água, através de equipes de saúde que fariam atendimento a domicílio em todas as casas do município. Segundo o prefeito, esse trabalho contaria com o investimento de R$ 50 mil.
A ação causou reações diversas, incluindo críticas por parte de médicos e pesquisadores que afirmam que a Homeopatia não tem plausibilidade científica.
Depois de sofrer pressão do Ministério Público de Santa Catarina, a prefeitura cancelou a distribuição, mas o prefeito ressaltou que a medida não era obrigatória, muito menos a única que seria tomada para frear a disseminação da Covid-19.
“Não é vacina”, disse Morastoni num comunicado oficial segundo o site ICTQ. “Não estamos dizendo que a pessoa está curada ou que está imunizada. É apenas um coadjuvante que pode ajudar na imunidade. O isolamento social é o primeiro remédio que tem que ser aplicado”, acrescentou o prefeito, que ainda garantiu que a proposta estaria aliada a outras medidas adotadas na cidade, incluindo a organização de barreiras sanitárias e investimento nas unidades de saúde.
Ainda de acordo com o comunicado, Morastoni espera que Itajaí possa oferecer tratamento homeopático para sua população em breve, seguindo todas as normas de segurança e higiene necessárias. Além disso, ele afirmou que aguarda a elaboração de um protocolo estadual, que já se encontra em andamento, para orientar o uso da Homeopatia e possivelmente estendê-lo a outras cidades do estado.
Fonte: ICTQ
Foto: PixaBayO Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte se reuniu com profissionais de saúde no dia 1º de junho (segunda-feira) para discutir o uso da Homeopatia na estratégia de enfrentamento à Covid-19, ressaltando sua eficiência em outras epidemias.
Para o presidente da Associação Médica de Minas Gerais, João Márcio Berto, ainda existe preconceito em relação ao tratamento homeopático.
“Por desconhecimento”, explicou durante uma “live” numa rede social. “A partir do momento que se esclarece como foi desenvolvida a homeopatia, ela passa a ser aceita. “Os remédios são de fácil aquisição e de baixo custo. (...) Não tem por que não usar. E temos pessoas dentro do serviço público de saúde aptas para coordenar uma ação. Só falta a política dar um ‘start’ nos trabalhos”, afirmou.
Durante a reunião, a homeopata Cláudia Prass, que trabalha na rede pública de BH, apresentou dados comprovando a eficiência
da homeopatia, como exemplos de sua aplicação em 1813, durante a epidemia de Tifo fulmina: de 180 pacientes tratados por Hahnemann, apenas dois morreram. Já na epidemia de cólera, em 1981, 1.501 pacientes tratados pela medicina convencional e 821 vieram a óbito enquanto 154 receberam tratamento homeopático e apenas seis morreram.
“Não estamos discutindo a cura da COVID-19”, acrescentou Prass. “A ideia não é substituir, é complementar. Teremos que continuar com todas as ações: a busca por um medicamento, o isolamento social, higienização e o uso de máscaras”, concluiu.
De acordo com a OMS, a Homeopatia é oficialmente utilizada em 100 países do mundo. No Brasil, ela é reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) desde 1980, através do decreto nº 1.000/ 80.
Fonte: Estado de Minas Gerais (EM)
Pro ssionais de saúde de BH discutem Homeopatia no enfrentamento ao novo coronavirus
Anna Kossak, personalidade da área homeopática, relembra sua trajetória na área
A professora e doutora Anna Kossak Romanach, também escritora, pesquisadora e médica homeopata, completou 91 anos no dia 30 de abril e cedeu uma entrevista exclusiva para a Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB), relembrando sua trajetória junto à Homeopatia no Brasil.
Durante a conversa, Romanach fez comentários sobre os livros que publicou, todos relacionados à Homeopatia, e falou sobre diferenças entre os tratamentos alopático e homeopático e a relação entre Homeopatia e imunologia, entre outros temas.
“Na Homeopatia acontece uma coisa singular”, disse Romanach durante a entrevista. (...) No segmento alopático, é pela força do medicamento que o indivíduo reage para a melhora (...). No caso da Homeopatia existe uma mobilização do organismo, às vezes dentro de poucas horas”, complementou.
É possível checar a entrevista completa no canal “AMHB - Associação Médica Homeopática Brasileira” disponível no Youtube.
Anna Kossak Romanach/Homeopatia ExplicadaMinistro indiano a rma que príncipe Charles foi curado com Ayurveda e Homeopatia
O Ministro de Estado Shripad Naik, que chea o Ministério da Ayurveda, Yoga e Naturopatia, Unani, Siddha e Homeopatia (AYUSH) na Índia, anunciou recentemente que o príncipe Charles foi curado da Covid-19 usando Ayurveda – um dos sistemas medicinais mais antigos da humanidade - e Homeopatia.
No dia 2 de abril, Naik disse numa entrevista coletiva em Goa que o príncipe Charles havia sido curado da COVID-19 depois de procurar tratamento em um resort de tratamento alternativo com sede em Bengaluru, o International Holistic Health Center (SOUKYA), administrado pelo médico Isaac Mathai.
Um dia após a declaração, a Clarence House, residência o cial do príncipe Charles, rebateu a alegação e a rmou que “a realeza seguiu o conselho médico do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido e nada mais”.
“Eu me sinto orgulhoso pelo fato de que o ministério que che o tenha conseguido curar um homem tão grandioso. Não há crédito maior do que isso”, falou Naik em entrevista a um canal local de notícias. “Ele pode ter algum problema em admitir isso porque a Ayurveda não é reconhecida como medicina
em seu país. Ele pode ter achado que violaria as regras, razão pela qual sua recusa em admitir é óbvia “, concluiu.
Durante a entrevista, Naik também a rmou que a cura do príncipe signi ca uma vitória para os sistemas de medicina tradicional indiana e que não há necessidade de descredibilizar o médico Isaac Mathai, referência na área de medicina holística e responsável pelo tratamento do príncipe Charles.
De acordo com Mathai, o príncipe Charles foi medicado com o Arsenicum Album-30 e o Rhus Toxicodendron 200, preparados homeopáticos que aumentam a imunidade e que podem ser encontrados facilmente na maior parte do mundo.
Apesar das informações con itantes, não é segredo que o príncipe Charles e sua esposa Camilla, duquesa de Cornwall, são visitantes assíduos de SOUKYA ou que o Dr. Mathai os visita de três a quatro vezes por ano em Londres. Inclusive, a última visita do médico à realeza aconteceu em março deste ano.
Fontes: Bangalore Mirror Tribune India
Príncipe Charles/ Tribune IndiaCuba investe na Homeopatia para enfrentar a pandemia
Em maio deste ano, o diretor de epidemiologia do Ministério da Saúde Pública de Cuba (MINSAP), Francisco Durán García, anunciou que as autoridades de saúde de Cuba começariam a distribuir o preparado homeopático “Prevengho-Vir” com o objetivo de evitar a contaminação pelo novo coronavírus.
Ainda de acordo com García, o Prevengho-Vir é sublingual e atua aumentando a defesa do organismo contra influenza, infecções virais e virais emergentes, e os moradores de Cuba não precisariam apresentar sintomas da Covid-19 para receber as doses planejadas.
Em março, o Dr. Leonardo Hinojosa, chefe do Programa de Medicina Natural e Tradicional da Saúde Provincial de Guantánamo,
explicou ao canal Solvisión que o Prevengo-Vir reune “compostos de diferentes reinos (animais, minerais e vegetais)”, protegendo o corpo humano de diferentes tipos de vírus diferentes, incluindo a Covid-19.
“Toda a população o receberá, mas em várias etapas”, assinalou Hinojosa, acrescentando que a população em maior risco seria prioridade, o que inclui pacientes de asilos; famílias com avós; centros médicos psicopedagógicos, onde se encontram os pro ssionais da saúde; e farmacêuticos.
O medicamento Prevengho-Vi, produzido em Cuba, causa ações de homeopro laxia, ou seja, serve para prevenção e não tratamento direto da Covid-19.
Fonte: ADNCUBA
Médico indiano tem resultados positivos após tratar pacientes da Covid-19 com Homeopatia
O médico homeopata Jaswant Patil, reconhecido como uma das referências da área na Índia, anunciou resultados positivos depois de tratar pacientes de Covid-19. Depois de formar uma força-tarefa com 11 homeopatas, Patil recebeu permissão para tratar seis pacientes sintomáticos no primeiro estágio da doença.
“Todos eles testaram negativo quatro dias depois de terem iniciado o tratamento homeopático”, contou o médico num post em suas redes sociais. “Agora nós precisamos de mais pacientes para autenticar a eficiência da Homeopatia”, acrescentou.
Ainda segundo Patil, a eficácia dos preparados homeopáticos não pode ser compro -
vada através de testes em tubos de ensaio, mas ela possui um histórico de sucesso baseado em evidências científicas.
“Pelo menos permitam que nós possamos tratar todos os casos de Corona junto com a alopatia. O poder imunológico da Homeopatia vai erradicar o Corona no menor tempo possível. Juntos nós podemos e iremos fazer com que as pessoas vivam mais, com alegria e saúde”, concluiu Patil.
Fontes: CovidHomeo
DrJaswantPatil.Com
Dr. Jaswant Patil/Site oficialHistórico da Homeopatia no combate a epidemias
Desde sua criação, há mais de 220 anos, a Homeopatia é utilizada como ferramenta no controle de epidemias, alcançando resultados positivos em vários pontos do mundo apesar da contínua resistência por parte da comunidade cientí ca.
O principal fator por trás de tantos casos bem sucedidos está no conceito de “gênio epidêmico”, criado por Samuel Hahnemann, fundador da Homeopatia, e que compreende as seguintes etapas: anotar os sintomas apresentados por vários doentes; procurar o medicamento homeopático que trate a maior parte desses sintomas; e usar tal medicamento tanto para ajudar na recuperação dos pacientes quanto para evitar o surgimento dos sintomas novamente.
“O tratamento homeopático foi empregado em epidemias de febres intermitentes diversas, que assolavam a Europa no sec. XVIII, como as epidemias de in uenza e de escarlatina”, conta Sílvia Ribeiro, pesquisadora e professora de Homeopatia na Universidade de Brasília (UnB).
Ainda de acordo com Ribeiro, nessa época a população tinha uma expectativa de vida curta e hábitos de higiene mínimos. Além disso, alguns
médicos acreditavam que a maioria das doenças poderia ser tratada do mesmo modo, o que levava a um número grande de óbitos.
“Os grandes médicos seguiam apenas um dos conceitos de Hipócrates, em geral a cura pela aplicação de algo com efeito contrário à doença, tratando os sintomas, sem investigar a causa”, retoma Ribeiro “Hahnemann clinicou durante algum tempo com esta prática, mas insatisfeito, buscou pesquisar e experimentar outras formas de tratar seus pacientes. Apoiado em suas evidências experimentais e na loso a hipocrática da cura pelo semelhante (Similia similibus curentur), ele idealizou uma nova forma de tratamento centrada no doente e não na doença”.
A inclusão do tratamento homeopático nas estratégias de combate a epidemias está presente em grandes crises sanitárias mundiais, como a de AIDS/SIDA, conjuntivite hemorrágica, febre tifoide, hantavirose, dengue, ebola, da gripe espanhola e a de cólera.
“Em 1831, a cólera invadiu a Alemanha e Hahnemann utilizou como simillimum desse mal o gênio epidêmico cuprum metallicum”, relata a Dra.
Imagem ilustrativa/ Wolfgang Claussen para PixabayAldenice Cousseiro, especialista em Homeopatia pela Universidade de Brasília (Unb) e médica homeopata há mais de 30 anos. “Dos 1270 pacientes tratados por ele, 1162 foram curados, ou seja, 98,5%, e 108 vieram a óbito, o que corresponde a 8,5%. Já os óbitos dos pacientes tratados [exclusivamente] por alopatia foram de 50 a 60%”, assinala.
Anos antes, por volta de 1794, Hahnemann também tratou pacientes vitimados por uma epidemia de sarna, como conta o terapeuta homeopata José de Assis Marques, formado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV):
“Ele [Hahnemann] notou que os sintomas [dos pacientes] oscilavam entre os medicamentos Calcarea Carbonica e Sulphur”, explica. “Houve grande êxito surgindo então um novo medicamento, chamado Hepar Sulphuris Calcareum”.
Ainda de acordo com Marques, na obra “Escritos Menores” de Samuel Hahnemann, publicado em 1797 no Diário de Medicina Prática de Hufeland, ele também mencionou uma variedade de febres esporádicas e epidêmicas que foram tratadas através da Homeopatia.
“A primeira descrição foi a de uma febre contínua em janeiro de 1797, que acometia a população infantil. Após repertorização, Ignatia amara (fava de santo Ignácio) foi o medicamento com que Hahnemann obteve bons resultados”, destaca Marques. “O segundo relato foi de março de 1797, de uma febre que afetou crianças em maior número, mas também adultos num número menor. [Nesse caso], Opium foi a medicação que atuou bem nos pacientes”, acrescenta.
Um terceiro relato foi sobre uma gripe ocorrida em abril de 1797 onde o quadro clínico era totalmente diferente da epidemia ocorrida cinco anos antes:
“Na epidemia de 1782, a quarta parte dos habitantes apresentaram uma febre reumático-catarral por sete dias”, conta Marques. “Hahnemann classi cou os casos pela gravidade, mas experimentou Camphora em todos os casos, sendo este o gênio medicamentoso desta epidemia de gripe. Além disso, ele testemunhou uma severa epidemia de escarlatina e, conhecendo o poder da Belladona de produzir um estado similar ao pri-
meiro estágio da doença, ele a utilizou, com grande sucesso, e viu que não era apenas um curativo, mas um remédio preventivo para a doença”.
Para Sílvia Ribeiro, outra importante contribuição homeopática descrita por Hahnemann em relação a epidemias foi o uso de canfora para prevenir e tratar a cólera asiática durante a epidemia de 1831 na Europa. E, em 1854 durante a epidemia de cólera em Londres, diminuindo de forma signi cativa a taxa de mortalidade.
“A homeopatia também tem sido utilizada em epidemias de dengue em diversas cidades brasileiras, com ótimos resultados”, observa a pesquisadora. “Em São José do Rio Preto/SP (2001), em campanha preventiva liderados pelo Dr. Marino, houve queda na incidência na doença de 81,5%. Em Penápolis/SP a Secretaria Municipal de Saúde, orientada pelo Dr. Vagner Doja Barnabé, também obteve redução na incidência de dengue de 66% comparados ao controle”.
Os relatos históricos e as comprovações cientícas são inúmeras, contudo, o espaço que a Homeopatia tem ocupado para auxiliar no tratamento e na recuperação de pacientes acometidos pela Covid-19 no Brasil ainda é pequeno. Para os nossos entrevistados, os motivos por trás desse impasse podem ser diferentes.
Segundo Cousseiro, o maior complicador está no fato de que a Covid-19 ainda é uma doença muito nova e que está sendo pesquisada.
“Os medicamentos do gênio epidêmico [da Covid-19] não podem ser considerados de nitivos porque a manifestação da pandemia ainda pode se modi car de acordo com condições ambientais, nutricionais, genéticas e a faixa etária de cada paciente. Além disso, também não se pode esquecer da mutação do vírus e da carga genética, que podem interferir”, aponta a médica homeopata.
“Alguns colegas nem aceitam que se introduza a Homeopatia junto com os medicamentos que são utilizados”, lamenta Cousseiro. “Enquanto não existe um medicamento especí co ou um tratamento especí co, ainda haverá muito preconceito com a Homeopatia. Serão necessários vários protocolos cientí cos e estudos clínicos. A Ho-
meopatia é uma terapia alternativa complementar. Nós não podemos esquecer os outros medicamentos e procedimentos”, completa.
Para Ribeiro, a comunidade médica deve estar seguindo as orientações do Ministério da Saúde (MC) e da Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Os atuais protocolos que estão sendo avaliados como práticas terapêuticas para tratar a doença se baseiam nas pesquisas cienti cas publicadas especi camente para a COVID-19 e envolvem medicações alopáticas, não abordando o uso das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICs), como forma de tratamento”, lembra a pesquisadora. “Há, contudo, divulgação pelo Conselho Nacional de Sáude (CNS) de uma recomendação ao Ministério da Saúde, Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde e do Distrito Federal pela inclusão e divulgação das PICs na assistência ao tratamento para combater a Covid-19”, acrescenta.
Esse documento, ainda de acordo com Ribeiro, considera as evidências cienti cas produzidas pela Rede de Medicinas Tradicionais, Complementares e Integrativas (MTCI) Américas, pelo Consórcio Acadêmico Brasileiro de Saúde Integrativa (Cabsin) e pelo Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme/Opas/OMS) sobre o uso das práticas neste momento de pandemia.
Já Marques acredita que a principal barreira impedindo que a Homeopatia seja amplamente utilizada para auxílio no tratamento e recuperação dos pacientes diagnosticados com o novo coronavirus está em interesses econômicos.
“A homeopatia é uma alternativa de cura em que os remédios são baratos, naturais e não tem a mesma reversão de lucros que a alopatia oferece”, opina o terapeuta homeopata. “Não existe interesse por parte da classe médica, do Conselho Federal de Medicina (CFM) e nem dos laboratórios, que são os grandes patrocinadores nanceiros do Sistema de Saúde no mundo. Qual seria o interesse de um laboratório investir num remédio cuja matéria-prima ou princípio ativo pode ser
encontrado na natureza, de graça e em toda parte, onde ele não consegue exercer controle na distribuição?”, questiona, levantando um novo debate:
Por que é tão raro a Homeopatia ganhar protagonismo no tratamento de doenças graves? Por que ela é sugerida apenas como suporte a tratamentos alopáticos, como se não fosse con ável?
“É importante compreender que as doenças graves muitas vezes requerem respostas rápidas e que qualquer prática terapêutica, inclusive a alopática, apresenta limitações”, esclarece a professora Sílvia Ribeiro. “O tratamento homeopático requer a correta individualização do medicamento, e este processo nem sempre é imediato, exigindo, portanto, avaliações constantes e periódicas para se identi car os sintomas e assim de nir corretamente o simillimum e suas potencias adequadas. Casos graves ou crônico graves por vezes necessitam do uso de medicamentos alopáticos para a manutenção das funções vitais do paciente. Esta conduta demonstra equilíbrio e responsabilidade ética do pro ssional homeopata”, complementa.
Ainda de acordo com Ribeiro, outro ponto a ser considerado diz respeito ao orçamento destinado pelo Ministério da Saúde a todas as 29 práticas ofertadas no SUS, o que corresponde a apenas 0,008% do total investido.
“Estudos do ObservaPICs (FIOCRUZ) demonstram que há uma relação positiva entre o investimento e a efetividade dos atendimentos que empregam PICs, há diminuição da necessidade de encaminhamento dos pacientes para outros especialistas, e, portanto, um menor número de novos exames ou indicação de medicamentos caros” assinala a pesquisadora homeopata. “Há ainda as grandes pressões que o sistema de saúde recebe para o uso das tecnologias de alta densidade, de procedimentos e medicações de alto custo, e que veiculam a ctícia ideia de que quanto maior o custo, melhor será a saúde”.
Por sua vez, o terapeuta homeopata José de Assis Marques acredita que a falta de protagonismo da Homeopatia se deve a um círculo vicioso:
O aluno de medicina estuda uma matéria disposta em sua grade curricular que se chama ‘farmacologia’ e, durante dois anos, direciona seu pensamento para a cura somente pelos ‘princípios ativos’ farmacológicos e químicos laboratoriais, que devem servir para cura de todas a doenças possíveis e imagináveis”, analisa. “Quando ele se forma, recebe incentivos dos laboratórios através dos promotores de venda e propagandas em mídias para divulgação de novos medicamentos. Daí a di culdade de a Homeopatia ser amplamente divulgada e aceita pela classe médica”, opina.
Já a médica homeopata Aldenice Cousseiro adverte:
“Ainda há muito preconceito. Alguns colegas acham que [a Homeopatia] é, inclusive, placebo. Então só mesmo os protocolos cientí cos e diversos estudos clínicos é que vão poder ir derrubando esse preconceito contra a Homeopatia”.
Essa é uma realidade incontestável e experienciada por homeopatas brasileiros com frequência, o que nos leva a novas interrogações: por que tanto preconceito? E até que ponto ele in uencia no acesso ao tratamento homeopático por parte da população?
De acordo com Sílvia Ribeiro, o preconceito vem do desconhecimento, da associação da prática homeopática a crenças pessoais, da grande difusão, por parte da mídia, da ideia falaciosa de que a mesma não tem e cácia e dos con itos de interesses econômicos da indústria farmacêutica:
“Muitos pro ssionais e parte da população em geral criticam o modelo cientí co homeopático por desconhecerem suas evidências cientí cas de forma sistemática”, destaca a pesquisadora. “Este desconhecimento, preconceito ou negação dos fatos publicados sobre as evidências exitosas dos tratamentos homeopáticos por parte de alguns pro ssionais da saúde, prejudicam e até impedem em diferentes proporções, o acesso da população a uma forma de tratamento segura e reconhecida como especialidade médica no Brasil desde 1980”. A respeito dos aparentes motivos para que ainda exista tanto preconceito em relação ao tratamen-
to homeopático no Brasil, Marques recorda que a Homeopatia sequer faz parte do conteúdo básico aprendido por alunos dos cursos de medicina:
“Quando algum médico acha importante [estudar] a Homeopatia, ele faz um curso de aprendizado pós-curricular e, muitas vezes, infelizmente, de maneira rápida, insípida e com voo raso”, lamenta o terapeuta homeopata. “A visão muito fragmentada da formação médica atual di culta a visão global do conjunto do paciente em sua totalidade. É como querer descobrir uma paisagem linda em um quebra-cabeça espalhado. Então, quando o médico acha difícil a visão do todo, por não entender e não conseguir vislumbrar o que precisa ser observado, critica e norteia a credibilidade de uma opção de cura pela Homeopatia”.
A pesquisadora Sílvia Ribeiro faz questão de lembrar que muito já se conquistou através da implementação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPICs), mas que ainda há muito trabalho a ser feito para democratizar o acesso à Homeopatia:
“No caso especí co da Homeopatia, além do prossional devidamente habilitado de acordo com a legislação brasileira para os atendimentos, faz-se necessário o incentivo a criação de farmácias públicas de manipulação homeopática para permitir que o paciente possa receber os medicamentos homeopáticos prescritos pelo médico e fazer o acompanhamento farmacêutico, que é tão importante para a sua recuperação” destaca.
Ainda de acordo com Ribeiro, nenhuma pratica terapêutica segura e comprovada deveria ser excluída como possibilidade de promoção, prevenção ou tratamento de saúde, quer na atenção primária, secundária ou terciária:
“O indivíduo é um ser integral e a visão holística para seu tratamento a curto, médio ou longo prazo, traz bené cos comprovados pelas inúmeras evidências cienti cas que temos hoje publicadas e que demonstram a con abilidade da prática homeopática”, conclui.
Amanda Lourenço de Mendonça, 32 anos, militar Brasília-DF
Conheci a homeopatia no início de 2019, apresentando sintomas de ansiedade, fobia de viajar de avião, desânimo e tristeza. Tinha muito sono, mas ao dormir, acordava com pesadelos no meio da noite. Sempre achei a Homeopatia interessante, mas carregava comigo alguns estereótipos dessa questão. A famosa frase “Isso será feito em doses homeopáticas” me remetia a lentidão de um tratamento e ao fato de ouvir que muitas pessoas não tinham paciência para um acompanhamento tão lento, e que talvez não chegaria sequer a um resultado satisfatório. Abandonei esses preconceitos e aceitei a prescrição da Homeopata. O remédio principal para o tratamento foi o Argentum Nitricum, utilizado
duas vezes ao dia. O que percebi inicialmente foi o m dos pesadelos após a segunda semana de uso. E como relatei em umas das sessões que ao dirigir vinha em minha mente cenas de acidentes de trânsito o tempo todo, o remédio fez com que eu não pensasse mais nisso e a fobia foi se dissipando no decorrer do tratamento. Realizei uma viagem para o exterior em que a duração do voo era de dez horas e me mantive muito bem sem ter nenhuma crise de pânico. Devido a ansiedade, meu ciclo menstrual estava desregulado, então me prescreveram outro medicamento. Esse me surpreendeu porque a menstruação no mês seguinte veio regular e com o uxo normal. E os sintomas da TPM se amenizaram. Assim pude seguir com a vida de uma maneira mais confortável. Quando mencionei para família que seguiria o tratamento com Homeopatia, eles não acharam que eu teria grandes resultados, mas em torno de dois meses puderam constatar a grande diferença no meu comportamento, principalmente, no que se tratava da ansiedade. Confesso que me abri mais à Homeopatia porque, devido às crises de pânico, z tratamento com psiquiatra e os remédios tinham efeitos colaterais muito fortes. Eu melhorava por um curto período de tempo e em seguida as crises voltavam com muita intensidade. Fiquei impressionada por não ter nenhum efeito colateral com a Homeopatia e quebrar esse paradigma que o tratamento seria lento. Gosto de falar que meu tratamento teve bom êxito com a presença de três pilares: Homeopatia, meditação e exercícios físicos.
Brasília/DF
Recebemos o diagnóstico de autismo do meu filho, Gabriel dos Santos Evaristo, quando ele tinha dois anos e cinco meses. Como todos podem imaginar não é um diagnóstico fácil de ser recebido. Estávamos diante de uma deficiência que traz alterações globais no desenvolvimento da criança. O médico que o assistia no período não optou por fazer uso de medicação alopática e nem nós! Entretanto, tinham sintomas característicos que traziam prejuízos ao desenvolvimento da criança. Então, fui em busca de outras alternativas que pudessem auxiliar o desenvolvimento integral do meu filho e obtive como sugestão da psicóloga dele o uso da Homeopatia.
Após a primeira consulta, depois de uma longa anamnese saímos com algumas medicações. Começamos o uso e já tivemos respostas positivas na organização do sono. O cérebro autista é um cérebro hiperexcitado. No caso de crianças dentro do espectro, estudos apontam
que entre 44% e 86% delas têm dificuldades graves em dormir. A dificuldade de ele relaxar para conseguir descansar era evidente, e quando ele entrava em sono profundo tinha bruxismo. O uso do preparado homeopático Valeriana Officinalis foi fundamental para auxiliar no sono, e em associação com a Cina, o bruxismo foi superado. O Stramonium nos auxiliou tratando quadros relacionados ao autismo, como medo, fobia social e dificuldades de interação que podem ocasionar agressividade ou fuga. Essa medicação teve uma ação extremamente positiva no quadro de hiperatividade também e com isso começaram a aparecer os ganhos pedagógicos na escola.
Pesquisas relacionadas aos genes do autismo demonstraram melhora no quadro de pessoas com TEA através do uso do Hypericum Perforatum, chegando a reverter a condição de neurônios afetados pelo TEA em autistas clássicos. O quadro de similitude do meu filho se encaixava nas conclusões dessas pesquisas, então começamos a usar o Hypericum. As respostas foram excelentes, incluindo a melhora no uso da linguagem, que foi muito expressiva, além da melhora em respostas cognitivas, no comportamento social e na hiperatividade. A Homeopatia entrou para a nossa família e permanecerá fazendo parte dela. Usamos o preparado homeopático Thuya para preparação antes de vacinas por conta da imunidade, o Allium Cepa para gripes e, conforme aparecem novas necessidades, nós recorremos à Homeopatia, que sempre nos acolheu.
Homeopatia no Sistema Único de Saúde
Foi através da Portaria Nº 971 de 03 de maio de 2006 que o Ministério da Saúde aprovou a inclusão de práticas integrativas e complementares no Sistema Único de Saúde brasileiro, garantindo acesso gratuito a tratamentos alternativos como toterapia, acupuntura e homeopatia. Para compreender como o tratamento homeopático tem sido utilizado no SUS, entramos em contato com a assessoria do Ministério da Saúde, que respondeu algumas perguntas exclusivamente para os leitores da Revista de Estudos Homeopáticos. Acompanhe abaixo.
REH: A Homeopatia foi incluída como opção de terapia no SUS após uma recomendação da OMS, que incentivou o uso concomitante de terapias complementares e técnicas da medicina moderna e ocidental. Atualmente, quantos profissionais homeopáticos estão atuando no SUS?
MS: A Homeopatia foi institucionalizada no Sistema Único de Saúde (SUS), em maio de 2006, por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC). Atualmente no SUS existem 318 médicos homeopatas cadastrados no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (SCNES).
Dados: Ministério da Saúde - Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde do Brasil -CNES
REH: Esse número é suficiente para atender a demanda da população nacionalmente? Existe a intenção de aumentar esse número a curto/longo prazo? Por quê?
MS: A estruturação e fortalecimento das ações e serviços de PICS no SUS obedece às diretrizes estabelecidas pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC), que define as responsabilidades institucionais para as três esferas de gestão: Federal, Estadual e Municipal.
Ao gestor municipal ou estadual cabe a responsabilidade, dentre outras, de definir recursos orçamentários e financeiros para implementação desta política, o que contempla tanto as questões relacionadas definição de quais práticas serão implantadas em seu território, quanto aos recursos humanos a serem alocados para sua aplicação. E as formas de inserção de práticas e profissionais ocorrem de acordo com as redes regionais e locais existentes, consolidadas de acordo com as necessidades, unidades existentes, processos e fluxos de trabalho de cada local. O Ministério da Saúde incentiva a adoção dessas práticas, preservando, porém, a autonomia dos entes federativos para incrementar as PICS oferecidas.
REH: Como é o processo de agendamento de consultas homeopáticas no SUS?
MS: Cabe ao gestor municipal ou estadual, a responsabilidade de definir rotinas em suas unidades e formas de atendimento de acordo com as necessidades locais e fluxos de trabalho. Assim, variando de acordo com cada município, as consultas podem ser realizadas na Atenção Primária à Saúde
(APS) ou na Atenção Especializada. Quando são realizadas na APS, seguem o fluxo de atendimento da Unidade Básica de Saúde. Já quando a oferta de homeopatia é na rede secundária, os profissionais da APS, encaminham a solicitação para sua marcação e/ou conforme regulação local.
No ano de 2018, na APS, houve um total de 28.707 atendimentos individuais em homeopatia, já dados parciais para o ano de 2019, demonstram até o momento um total de 22.091 atendimentos realizados na prática. Ressalta-se, que os dados referentes ao ano de 2019 são ainda parciais, pois os estados tem um prazo de 12 meses após o encerramento do ciclo para registrarem sua produtividade no sistema de informação em saúde.
REH: O que um cidadão precisa fazer e quais pré-requisitos ele precisa atender para ser encaminhado a um homeopata?
MS: Conforme mencionado anteriormente, no que diz respeito a rotinas e outros requisitos, cabe a gestão local definir tais direcionamentos, dependendo assim da organização e fluxo local.
REH: Quais estados brasileiros apresentam o maior número de agendamentos/consultas homeopáticas e quais apresentam o menor número? Por que isso acontece?
MS: Segue abaixo o número de consultas realizadas na Atenção Primária à Saúde. Quanto ao número de agendamentos para a rede secundária, não existe no momento um sistema consolidado de regulação de consulta para avaliar o número de consultas agendadas.
Tabela 2- Atendimentos individuais em homeopatia na APS por UF, para o ano de 2018 e parciais para o ano de 2019
Dados: SISAB/ATASUS para o ano de 2018 e parciais para o ano de 2019
Lembrando, que os dados referentes ao ano de 2019 são parciais, pois os estados tem um prazo de 12 meses, após o encerramento do ciclo para registrarem a produtividade no sistema de informação em saúde.
Em relação à razão do número de consultas apresentarem diferenças entre alguns estados, é fundamental compreender as particularidades e necessidades regionais, que comumente são distintas entre as localidades.
REH: Como jornalista de uma revista especializada em homeopatia, já escutei muitos homeopatas dizerem que boa parte da população não está ciente de que há tratamentos homeopáticos no SUS. Como esse atendimento é divulgado atualmente?
MS: Cada município desenvolve seu plano de comunicação, assim como suas formas e estratégias de divulgação. Em relação ao Ministério da Saúde, diversas estratégias são adotadas, como por exemplo formas de divulgação nacional por meio de seus canais o ciais de comunicação, elaboração de folders, vídeos informativos, atualizações do site do MS, informes, mailings, oferta de cursos as temáticas das PICS institucionalizadas na PNPIC, informes, e outras ações.
REH: Há projetos de amplos de conscientização que podem ser lançados pelo Ministério da Saúde no futuro? Por quê?
MS: O Ministério da Saúde vem produzindo junto com grupos de pesquisadores alguns documentos técnicos sobre evidências cientí cas em PICS, com divulgação quando estiverem nalizados.
REH: A principal diferença entre médicos homeopatas e terapeutas homeopatas é que os primeiros se formam em medicina e os últimos em cursos livres. O SUS conta com homeopatas de ambos os grupos ou apenas médicos homeopatas? Por quê?
MS: A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC) defende que o desenvolvimento das PICS ocorra em caráter multipro ssional, para as categorias pro ssionais presentes no SUS, e em consonância com o nível de atenção em que são ofertadas. Apesar da integração existente entre os órgãos, a responsabilidade institucional para as exigências de formação cabem ao Ministério da Educação e, no que complementa para o efetivo exercício pro ssional, a Secretaria do Trabalho do Ministério da Economia quanto às exigências contidas na Classi cação Brasileira de Ocupações (CBO) e aos seus respectivos Conselhos de Classe, para o exercício pro ssional.
Para estruturação e fortalecimento das práticas integrativas e complementares em saúde (PICS) no SUS, a Política Nacional (PNPIC) de ne as responsabilidades das três esferas de gestão – Ministério da Saúde, Secretarias de Saúde Estaduais e Municipais – sendo responsabilidade dos municípios elaborar normas técnicas para inserção da PNPIC na rede municipal e de nir recursos orçamentários e nanceiros para implementação desta política, bem como realizar a contratação dos pro ssionais que atuarão nas PICS.
REH: Analisando o espaço e o papel que a homeopatia possui atualmente no SUS, pode-se dizer que existe um acesso universalizado a essa terapia, e que ela é usada em prol da saúde integral de cada indivíduo? Por quê?
MS: Não existem estudos até o momento que avaliem a oferta da homeopatia em nível nacional quanto à demanda do território. No entanto, conforme mencionado anteriormente, cabe ao gestor municipal e ou estadual mapear e organizar a oferta de acordo com as suas necessidades especí cas, de acordo com as demandas e possibilidades locais.
REH: Estamos vivendo uma crise sanitária grave por conta da pandemia e já se sabe que a homeopatia foi utilizada, por exemplo, como parte do tratamento do Príncipe Charles, que foi diagnosticado com a Covid-19 meses atrás, mas que já foi curado. No Brasil, existe a possibilidade de o Ministério da Saúde recorrer aos homeopatas do SUS e usá-los no tratamento complementar de pacientes com suspeitas da doença e também que já foram diagnosticados, uma vez que o custo é baixo e os efeitos adversos praticamente não existem?
MS: O Ministério da Saúde vem acompanhando os estudos cientí cos em andamento, porém, somente adotará as práticas que demonstrem resultados mais e cazes e seguros para o cuidado da população, seja para condições de saúde relacionadas à Covid-19, assim como para manejo das demais condições.
HOMEOPATIA TAMBÉM É CIÊNCIA
A planta medicinal Justicia Adhatoda, também conhecida pelos nomes “Vasaka”, “Noix de abolar” e “Malabar Nu”, é nativa do continente asiático e comumente encontrada tanto nas faixas mais baixas do Himalaia quanto nas planícies da Índia. Lá, a Justicia Adhatoda inclusive é usada como forma de tratamento nos sistemas tradicionais de saúde, a Homeopatia sendo um deles.
De acordo com a farmacêutica e mestre em saúde pública da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, Sarah Pitta, a planta pode auxiliar no processo de cura de diferentes problemas de saúde:
“[A Justicia Adhatoda] é usada em tratamentos respiratórios relacionados aos brônquios,
mas também em quadros de tosse convulsa, diarreia, disenteria e tumor glandular, além de atuar como anti-helmíntico”, aponta.
Já a diretora da Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas (ABFH) e doutora em saúde pública pela Universidade de São Paulo (USP), Amarilys Cesar, completa:
“[A planta também trata] condições catarrais agudas do trato respiratório, perda dos sentidos de olfato e sabor, sensação de secura na garganta ou de aperto no tórax e tosse paroxítica com obstrução sufocativa da respiração”, destaca.
Tais sintomas são os mais comuns entre pacientes diagnosticados com COVID-19 no
Brasil, logo, não é por acaso que a Associação Brasileira de Reciclagem e Assistência em Homeopatia (ABRAH) tem sugerido o preparado homeopático Justicia Adhatoda como um dos medicamentos que podem auxiliar na recuperação de infectados que estão no estágio mais leve da doença. Mas como esse remédio atua em organismos vitimados por problemas gripais e respiratórios?
“A planta Justicia Adhatoda possui propriedades broncodilatadoras, expectorantes, antiespasmódicas e antissépticas potentes”, explica Pittar. “Ela é recomendada por médicos ayurvédicos para o tratamento de vários tipos de distúrbios respiratórios. [Em pacientes com] COVID-19, ela trata sintomas de febre, taquicardia, coriza copiosa com secreção fluida e irritante, anosmia e ruídos brônquicos sem expectoração”, complementa.
Cesar, por sua vez, faz questão de frisar: “A Justicia, preparada de acordo com a farmacotécnica homeopática, (...) pode ajudar pessoas com quadros gripais e respiratórios, associados ou não à COVID-19, que tenham os sintomas já mencionados. Se o paciente de
COVID-19 não tiver esses sintomas, a Justicia não poderá ajudar”, assinala a doutora. “Hipócrates, o pai da Medicina, já havia escrito sobre as diferentes maneiras de curar e sobre a lei dos contrários e a lei dos semelhantes. Mas não havia ‘passado a receita’ de como fazer isto. Foi o médico alemão Samuel Hahnemann que, há pouco mais de 200 anos, sistematizou como usar a lei dos semelhantes. Assim, um medicamento homeopático bem escolhido pode tanto curar como curar com antecedência, ou seja, prevenir”.
Outra questão que gera dúvida entre a população é como se pode diferenciar os sintomas do novo coronavirus da pneumonia e de quadros alérgicos. Segundo Raphael Barreto; também mestre em Saúde Pública pela Fiocruz e membro do Programa Estratégico Emergencial de Prevenção e Combate a Surtos, Endemias, Epidemias e Pandemias; essa é uma tarefa para os especialistas.
“A COVID-19 apresenta sinais e sintomas bastante semelhantes aos da gripe, como febre, tosse, falta de ar, dores musculares e fadiga, o que dificulta sua diferenciação”, lembra
Barreto. “Sintomas como a anosmia (perda do olfato) e a disgeusia (perda do paladar) têm sido comumente observados nesses pacientes, no entanto, ainda assim não há consenso entre a comunidade acadêmica sobre os sinais e sintomas da COVID-19. Por isso, o diagnóstico da COVID-19 é baseado na investigação clínica, epidemiológica e laboratorial”.
Ainda de acordo com Raphael Barreto, o diagnóstico laboratorial pode ser realizado através de duas técnicas: RT-PCR ou Teste Rápido Sorológico, sendo o primeiro o padrão-ouro, realizado a partir de amostras coletadas por swab da nasorofaringe; enquanto o segundo é feito a partir de uma gota de sangue, assim como nos testes de glicemia capilar.
Há registros que comprovam o uso da Homeopatia para conter o avanço de epidemias e doenças, como a escarlatina na Alemanha, de 1799 a 1820; a Gripe Espanhola em 1918 e a dengue no Brasil, de 2008 a 2012. Além disso, a Homeopatia é recomendada como terapia complementar pela própria
Organização Mundial de Saúde (OMG) e, inclusive, é um dos tratamentos de saúde oferecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Contudo, a inclusão de tratamentos homeopáticos nas estratégias de tratamento de pacientes diagnosticados com o novo coronavirus no Brasil ainda segue tímida.
Para a doutora Amarilys Cesar, duas das possíveis justificativas para isso são o fato de que a COVID-19 é uma doença nova e que a Homeopatia tem um grande fundamento de “individualização de sintomas”.
“Assim, o que salva um paciente, pode não ajudar outro, pois, embora ambos tenham a COVID-19, os sintomas que eles apresentam são diferentes”, relata. “É uma doença nova, da qual nem conhecemos totalmente os sintomas de evolução, que podem ser rápidos e graves. Portanto, há a vontade de tratar, curar, prevenir, mas há também os cuidados para conhecer, experimentar e não prometer milagres”, continua Cesar. “Há diversos protocolos sendo aplicados, não só no Brasil como em outros países, que incluem medicamentos
variados em posologia diversa, doses únicas ou repetidas, misturas de medicamentos ou um isolado. Há protocolos para tratamento e para prevenção, com metodologia construída para que sejam validados cientificamente, caso seus resultados sejam positivos”.
Já de acordo com o mestre Raphael Barreto, outro grande impedimento vem de parte da comunidade científica:
“O paradigma hegemônico biomédico presente nos cursos da saúde, em especial nas escolas de medicina, reflete diretamente na assistência à saúde, priorizando um olhar focado na doença, com vasta utilização tecnológica e alopática. A homeopatia carrega consigo um pensamento contra-hegemônico, à medida que propõe um olhar holístico, que visa integrar e/ou complementar a abordagem biomédica”, esclarece Barreto.
Ainda para ele, o fato de estarmos vivendo num período onde o saber científico é amplamente questionado também é um grande complicador:
“Quer seja pelo ainda insipiente conhecimento sobre a COVID-19, o que faz com que as orientações sobre a doença sejam modificadas com alguma frequência; quer seja por interesses escusos, em que se propõem tratamentos sem eficácia comprovada e, sobretudo, sem clareza sobre os seus efeitos colaterais; se em tempos normais o pensamento biomédico que formou a maioria dos nossos prescritores prioriza o olhar anatomoclínico, isso não seria diferente durante a maior crise sanitária mundial deste século”, argumenta o pesquisador.
A doutora Amarilys Cesar, por sua vez, ainda se mostra otimista:
“Assim como há grande apreciação pelas possibilidades terapêuticas que a homeopatia oferece, há também pessoas que não compreendem seu mecanismo de ação, nem aceitam seus princípios. Por isso, os homeopatas aprenderam a ser muito cuidadosos ao se exporem”, opina. “Porém, eu acredito que os estudos [científicos] mostrarão as possibilidades concretas da homeopatia na prevenção e no tratamento da COVID”, conclui.
Como chegar a um gênio epidêmico?
Adaptado por Sheila da Costa Oliveira a partir do texto disponível em: http://www.bvshomeopatia.org.br/texto/aplicachoEpidemias_MargarethFRMendes.htm
Resumo
Trata-se de review a respeito do tema “gênio epidêmico”, realizado a partir do texto básico publicado pela BVS Homeopatia e dos estudos feitos pelo Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste. Apresentam-se os conceitos de gênio do remédio, gênio da doença, gênio epidêmico. Relembra-se a atuação homeopática em diversas situações de epidemia, bem como os remédios mais utilizados e seus resultados. Discute-se os conceitos de suscetibilidade e imunidade. Comenta-se o uso de homeopatia em caso epidêmico específico do Distrito Federal. Usa-se como referências básicas o Organon de Hahnemann e as obras de James Tyler Kent, Anna Kossak e Elyziade.
Palavras-chave
Doenças agudas. Doenças crônicas. Gênio epidêmico. Epidemia. Homeopatia.
Introdução
As doenças epidêmicas têm sido cada vez mais abrangentes na história humana, principalmente devido ao processo cada vez mais acelerado de globalização. Com a rapidez da velocidade do deslocamento de pessoas e cargas, atualmente, em 24 horas os portadores de agentes patogênicos pode chegar a todos os continentes, provocando contágio em massa de maneira muito rápida e praticamente incontrolável. Durante esses episódios, que sempre provocam grande comoção social, a abordagem homeopática vem sendo utilizada, sempre com mais sucesso que a alopatia, embora nem sempre tão vem divulgada. Neste trabalho, busca-se apresentar os tratamentos homeopáticos realizados em diferentes epidemias, inclusive com o comparativo de sucesso com relação aos tratamentos convencionais, contribuindo, dessa forma, para a divulgação e consolidação da homeopatia como parte das possibilidades homeopáticas em situações de epidemia, inclusive guiando o estudo para descoberta do gênio epidêmico, medicamento homeopático capaz de, ao mesmo tempo, prevenir e tratar.
Doenças agudas
A classificação das doenças segundo a medicina clássica tem como parâmetro o critério cronológico, e conceitua enfermidade aguda aquela doença com início recente, que dura menos de três semanas. A doença subaguda é aquela que dura mais de três ou quatro semanas. Já a doença crônica tem duração maior que seis semanas.
Hahnemann, no parágrafo 72 do Organon, dá a definição de doença aguda e crônica para a homeopatia. As doenças agudas são aquelas que “tendem a completar seu curso de um modo mais ou menos moderado, num curto período de tempo” e evoluem espontaneamente para a cura ou para morte. Doença crônica tem evolução contínua, às vezes com períodos de latência dos seus sintomas, outras vezes com exacerbação destes sintomas. Mantém-se continuamente, não ocorrendo cura espontânea, exceto quando por meio de tratamento que estimule a força vital.
As doenças agudas podem ser assim agrupadas, segundo Ana Kossak:
1. Doenças agudas de natureza não dinâmica;
a. Indisposições simples;
b. Doenças cirúrgicas;
c. Doenças traumáticas e locais provocadas por causas externas;
2. Doenças agudas dinâmicas;
a. Individuais (episódios miasmáticos);
b. Coletivas esporádicas;
c. Coletivas específicas;
d. Epidêmicas.
A doença individual aguda depende de fatores orgânicos, hereditários e do miasma. A sensibilidade a uma determinada exposição, por exemplo, ao clima úmido, é agressiva para alguns indivíduos. As doenças agudas individuais também podem ser decorrentes da exacerbação da psora latente.
Já as enfermidades coletivas são doenças agudas que podem ser esporádicas, específicas ou epidêmicas. Segundo Ana Kossak, as enfermidades agudas coletivas esporádicas ocorrem por influências climáticas, meteorológicas, alimentares, ecológicas, e atingem grande número de pessoas predispostas, eventualmente traduzindo-se por uma explosão da psora.
A doença aguda coletiva específica é do tipo epidêmico, que geralmente se apresenta da mesma maneira, acomete as pessoas uma vez na vida, raramente mais de uma vez, com sinais e sintomas patognomônicos bem definidos, permite um diagnóstico exato e geralmente possui um nome tradicional. Como exemplos, temos rubéola, parotidite, coqueluche, sarampo etc.
As doenças agudas coletivas e epidêmicas propriamente ditas, apesar de terem manifestações clínicas características que permitem o diagnóstico, apresentam diferenças
entre um surto e outro. São geralmente contagiosas, evoluem para cura espontânea ou óbito. Podem deixar sequelas, não beneficiam o organismo e não dependem da psora.
Gênio medicamentoso, Gênio da doença e Gênio epidêmico
No parágrafo 34 do Organon, Hahnemann, descreve que a doença artificial produzida pelo medicamento deve ser o mais semelhante possível à doença a ser curada.
Na experimentação dos medicamentos, os experimentadores apresentam sintomas que individualizam a medicação experimentada, de uma forma peculiar e proeminente àquele medicamento. Essas características recorrentes dos sintomas é o que se chama Gênio do remédio.
“... de nir o signi cado do termo genius. Gênio (gigno, geno) de acordo com as melhores citações, signi ca a natureza inata; o que é peculiar para qualquer coisa, e constitui sua identidade, sua natureza, disposição, caráter peculiar etc. “Consequentemente, você perceberá que o termo genius, quando aplicado a um remédio, signi ca aquilo que é peculiar para o remédio, e que constitui sua identidade ou sua individualidade, e o distingue de todos outros”. (GUERNSEY, 1870-1871,p.181-185)
No entanto, embora essa base em comum, qualquer que seja a doença, cada indivíduo apresentará seus sintomas de uma maneira individualizante. Mesmo que estas patologias apresentem sinais e sintomas patognomônicos, estes serão sentidos de uma forma peculiar para cada caso da doença. O Gênio da Doença então é a combinação destes sintomas e condições peculiares e características que vão compor o gênio daqueles casos da doença. O termo Gênio, então, significa aquilo que dá identidade, que individualiza.
Os sintomas patognomônicos são sintomas ou condições que ocorrem em quase todos os casos de uma certa doença, ou comuns a todos os casos de uma determinada doença.
Vemos, por exemplo, a dengue clássica, definida como uma doença febril aguda, seguida de cefaleia, mialgia, prostração, artralgia, anorexia, dor retroorbital, náuseas, vômitos, exantema, prurido cutâneo. Estes sintomas são considerados patognomônicos de dengue clássica, mas existem diferenças na apresentação do conjunto dos sintomas de uma epidemia ou surto para outro, além dos sintomas individuais apresentados por cada paciente ou por grupos deles, acometidos no mesmo período
Na nota do parágrafo 81 do Organon, Hanhemann coloca que epidemias de uma
mesma patologia jamais retornam do mesmo modo, diferindo, em seu curso, em vários de seus sintomas mais marcantes. Na prática clínica, observamos que de um surto de dengue, por exemplo, para outro, os sintomas patognomônicos diferem em intensidade e até mesmo no modo de sua apresentação nas pessoas atingidas pela doença.
“... cada epidemia isolada é de caráter peculiar, uniforme e particular comum a todos os indivíduos afetados e, quando esse caráter se encontra no conjunto característico dos sintomas comuns a todos, aponta-nos o caminho para a descoberta do medicamento homeopático (especí co) adequado para todos os casos, o qual, então, é praticamente e caz em todos os doentes que gozavam de saúde razoável antes da epidemia, isto é, que não sofriam cronicamente de psora desenvolvida”. (HAHNEMANN, 2001, p.132)
“Segundo o Dicionário Aurélio, a palavra gênio signi ca “espírito bené co ou malé co, que, segundo os antigos, presidia ao destino de cada um, ao das cidades, de certos lugares, e era responsável pelo desencadear de determinados fatos etc.” Já o termo epidêmico é de nido como “relativo a, ou que tem caráter de epidemia, uma doença que surge rapidamente num lugar e acomete simultaneamente grande número de pessoas. Surto de agravação duma endemia.” (Novo Dicionário Aurélio, Editora Nova Fronteira).
Em Filoso a Homeopática, 2002, página 44, James Tyler Kent, orienta sobre qual a metodologia para se identi car o Gênio epidêmico. Diz que um médico, ao fazer um diagnóstico clínico de uma doença contagiosa, nos primeiros casos poderá até confundi-la com epidemias anteriores. E Hahnemann, no Organon, parágrafo 100, elucida que as doenças com caráter contagioso são sempre as mesmas.
“Na investigação da essência sintomática das doenças epidêmicas ou esporádicas, é indiferente que tenha ocorrido algo semelhante no mundo, sob este ou aquele nome. A novidade ou a peculiaridades de uma tal epidemia não faz diferença, quer no exame, quer no tratamento, visto que o médico, mesmo assim, deve pressupor o quadro puro de cada doença atual dominante como algo novo e desconhecido e investigá-lo pela base, se pretender ser um genuíno e criterioso artista da cura, não podendo numa colocar a suposição no lugar da observação, nem supor, total ou parcialmente, conhecido um caso de doença que estiver encarregado de tratar, sem explorar cuidadosamente todas as suas manifestações, tanto mais que, em muitos aspectos, cada doença dominante é um fenômeno com suas próprias características e, num exame meticuloso, é identi cado como completamente diferente de todas as epidemias anteriores, erroneamente documentadas sob certos nomes; excetuando-se as epidemias resultantes do princípio contagioso, que sempre é o mesmo, como a varíola, o sarampo, etc. (HAHNEMANN,2001, p.141).
Deverá então anotar de forma esquemática todos os sintomas presentes nos casos, inclusive os sintomas mentais de cada um. Assim, estes sintomas, coletivamente considerados, apresentarão uma imagem daquela doença em particular. Orienta a fazer uma tabela de frequência de cada sintoma e o número de casos que o apresenta, e assim descobriremos o que chama de traços essenciais da epidemia. Segundo ele, ao fazer isso, o médico então será capaz de ver como a doença afeta cada indivíduo e a coletividade, como se um único paciente estivesse vivenciando todos os sintomas, tornando-se capaz de ver o que é geral e particular naquela epidemia. A natureza da doença será vista pelos sintomas patognomônicos e pelos sintomas raros ou peculiares. Daí passa-se para o passo de descobrir qual o medicamento que mais se assemelha àquela epidemia de um modo geral. Pode-se chegar a um medicamento ou a um grupo deles e, com eles, se conseguirá curar todos os casos daquela doença naquela epidemia. O remédio do grupo epidêmico funcionará na grande maioria dos casos, e esporadicamente surgirá um caso que deverá ser tratado individualmente.
“Para percebermos o que deve ser curado nas doenças devemos caminhar dos gerais para os particulares, estudando a doença em seus traços mais gerais, não como são vistos sobre um indivíduo em particular, mas sobre toda a raça humana” (KENT, 2002, p. 43).
O individual e o coletivo, a suscetibilidade, a predisposição e noxa
A homeopatia trata cada indivíduo como um ser único. Mas, o que individualiza cada ser? No parágrafo 9 do Organon, Hanhemann diz que a força vital mantém todas as partes e o todo do indivíduo em processo harmônico, e que o espírito se utiliza deste instrumento para os mais altos fins de sua existência. Então, se pode entender que a força vital é a energia que mantém as funções do organismo em funcionamento, mas estes comandados pelo espírito racional. Este espírito racional se individualizaria em cada ser.
James Tyler Kent, em Filosofia Homeopática, 2002, no capítulo 30, página 244, sobre a individualização, escreve: “Sem os sintomas gerais de um caso não é possível praticar a Homeopatia, pois sem eles não se pode individualizar nem ver as diferenças”. E quanto às doenças epidêmicas? como encontrar o que individualiza, ou o que torna suscetíveis as pessoas afetadas?
Voltando a Filosofia Homeopática, página 59, James Tyler Kent escreve que as doenças agudas são de dois tipos: as miasmáticas, doenças verdadeiras; e as doenças mimetizantes, provocadas por causas externas como viver em ambientes insalubres, roupas inadequadas ao clima, o desgosto. Em epidemiologia, durante todas as epidemias ou surtos, busca-se não só os fatores ambientais ou hábitos como fatores que predispõem um indivíduo a ter um maior risco de adquirir um determinado agravo, mas também um agente etiológico que seria o produtor da doença em cada indivíduo. Para J.T. Kent, além dos fatores externos físicos. há um fator emocional desencadeante que predispõe e torna suscetível uma determinada parcela da população a ser afetada por uma doença.
Em contradição a isto, coloca-se na classificação das doenças agudas epidêmicas que estas não dependem da psora. Como, então, uma parcela da população torna-se suscetível a determinado agente etiológico, produzindo quadros clínicos exuberantes e que colocam em risco a vida de determinadas pessoas acometidas? Em muitas destas doenças de caráter epidêmico, vemos pacientes que, apesar de serem infectados pelo agente etiológico, não apresentam nenhuma manifestação da doença, embora sendo confirmado laboratorialmente o
contágio. O que torna este tipo de indivíduo menos vulnerável?
Em Organon, Hahnemann alerta sobre a importância da suscetibilidade no caminho de adquirir uma determinada patologia, mostrando a suscetibilidade como uma força que favorece o adoecimento, proporcionando o terreno para a invasão ou proliferação de agentes patológicos externos. De fato, as forç as hostis da vida na Terra, em parte psíquicas, em parte físicas, e que são chamadas agentes nocivos mórbidos, não possuem o poder absoluto de alterar a saúde humana, pois somente adoecemos por seu intermédio quando nosso organismo esta precisamente predisposto a isso e su cientemente suscetível aos ataques da causa mórbida em curso e às alterações e perturbações em seu estado de saúde, passando a ter sensações e funções anormais. Eis porque nem sempre e nem todas as pessoas se tornam doentes em virtude de tais forças.(HAHNEMANN, 2001, p.87)
Então, pode-se afirmar que suscetibilidade é a capacidade do organismo de receber as impressões e o poder de reagir aos estímulos. Todos os processos vitais, siológicos e patológicos dependem da suscetibilidade. A suscetibilidade é um processo individual que temos para aceitar ou reagir aos estímulos.
Em Filosofia Homeopática, Kent coloca que a psora é a causa de todas as doenças e que a suscetibilidade à psora remonta à doença espiritual. Masi Elizalde defendia que a psora é a própria suscetibilidade, e que todas as doenças têm origem endógena, até mesmo aquelas que a medicina tradicional demonstra como agente etiológico um agente externo.
A cura ou o alívio das doenças depende do poder do organismo para reagir à impressão do remédio curativo. Quando um remédio homeopaticamente selecionado é administrado para uma pessoa doente, o desaparecimento dos sintomas e a restauração da saúde do paciente representam a reação do organismo suscetível à impressão do remédio curativo.
Se após a administração de um medicamento curativo homeopaticamente selecionado ocorrer agravação ou leve intensificação dos sintomas, isto significa que houve reação do organismo, talvez previamente inativo ou agindo impropriamente por causa da suscetibilidade. Então, a suscetibilidade é um estado que envolve a atitude de organização das causas internas e das influências externas. É todo um recurso de reação ou falta dela.
Zanatta (1999 apud, Freud, 1976, p.119) descreve a resposta coletiva-individual:
“A resposta imediata e mais certa é que ela consiste em certas disposições [inatas], características de todos os organismos vivos: isto é, na capacidade e tendência de ingressar em linhas específicas de desenvolvimento e de reagir, de maneira específica, a certas excitações, impressões e estímulos... elas representam o que identificamos como sendo o fator constitucional dos indivíduos”.
Hahnemann descreve ainda, no parágrafo 73 do Organon, os tipos de doenças que atacam os homens: as individuais, as esporádicas e as epidêmicas.
“...próximos a estas, estão aquelas que atacam epidemicamente muitas pessoas por semelhantes causas e com padecimentos muito semelhantes, habitualmente se tornando contagiosas quando envolvem massas humanas compactas... As calamidades da guerra, as inundações e a fome, não raro as provocam e são sua origem”. (Hahnemann, 2001, p.124).
As modi cações climáticas e ambientais, as emoções, os agentes bacterianos, fúngicos e virais são forças dinâmicas que atuam como noxas capazes de adoecer o indivíduo somente quando este for sensível ou predisposto. Então, noxa signi ca um estímulo desencadeante, o agente que atinge o indivíduo suscetível. Noxa vem do latim e signi ca dano, algo injurioso ou danoso à saúde ou à moral. Quando uma população é atingida por uma ou mais noxas coletivas, cada indivíduo irá reagir de acordo com seu potencial genético e sua suscetibilidade.
Discutimos em outro trabalho a questão de reaparecimento de doenças controladas ou mesmo que não tinham mais casos registrados há muitos anos e que retornam de forma epidêmica. A população de nosso país atualmente enfrenta noxa coletiva da violência urbana, a descrença nos representantes políticos e, consequentemente, nas instituições políticas diante de escândalos constantes e diários, além da descon ança social e da manutenção das grandes diferenças sociais e distribuição discrepante de renda. Esses são apenas alguns que podemos citar, entre os inúmeros os fatores que podem atingir um grupo de pessoas e atuar como noxa coletiva.
A predisposição é a tendência de estar disposto com antecedência e envolve fatores hereditários que fazem parte do genótipo de cada indivíduo. E o termo idiossincrasia é a predisposição mórbida exagerada, uma sen-
sibilidade exagerada do organismo ou do ser a determinados estímulos.
Revisão bibliográ ca da homeopatia em epidemias
Hahnemann
Em torno de 1794 , na Vila Karstadt, durante uma epidemia de sarna, Hanhemann estudou os casos que atendia, e encontrou que os sintomas oscilavam entre os medicamentos calcarea carbonica e sulphur, e então teve a ideia de fazer uma combinação entre os dois remédios, com grande êxito na cura dos casos. Deu também instruções sobre os cuidados de higiene e da pro laxia dos habitantes daquele lugar, a m de evitarem a enfermidade. Mais tarde, experimentou nele próprio e em alguns médicos seus colaboradores esta combinação entre os dois medicamentos, surgindo então o novo medicamento chamado Hepar sulphuris calcareum.
Em Escritos Menores, Alguns Tipos de Febres Continuas e Remitentes, publicado em 1797 no Diário de Medicina Prática de Hufeland, Hahnemann discute a grande variedade de febres esporádicas e epidêmicas. A primeira descrição de uma febre contínua em janeiro de 1797, que acometia a população infantil, aponta os seguintes sintomas: pele quente, calafrios contínuos, grande lassidão e memória debilitada. Além de respiração
curta (difícil) e espasmódica, tosse opressiva, urina escura com sedimento roxo, vômitos, suor frio. Experimentou China o cinalis e arnica montana, sem bons resultados. Após nova repertorização, Ignatia amara (fava de santo Ignácio) foi o medicamento com que Hahnemann obteve bons resultados.
O segundo relato foi de março de 1797, de febre que afetou em maior número crianças, mas um menor número de casos em adultos. Opium foi a medicação que atuou bem nos pacientes.
Um terceiro relato foi sobre uma gripe ocorrida em abril de 1797. Segundo ele, o quadro clínico era totalmente diferente da epidemia ocorrida cinco anos antes. Na epidemia de 1782, a quarta parte dos habitantes apresentaram uma febre reumático-catarral por sete dias. Todos os casos tinham o mesmo grau de intensidade dos sintomas, apenas correndo maior risco as pessoas debilitadas. Na epidemia de 1797, noventa por cento da população teve uma gripe leve sem maiores riscos, e dez por cento dos casos apresentaram febre e risco real.
Hahnemann classi cou os casos pela gravidade, mas experimentou Camphora em todos os casos, sendo este o gênio medicamentoso desta epidemia de gripe. Descreve com detalhes os sintomas apresentados e observa que, no caso da gripe, mesmo as pessoas que apresentam doenças crônicas são acometidas por ela, mascarando os sintomas das doenças crônicas.
Hahnemann testemunhou uma severa epidemia de escarlatina e, conhecendo o poder de Belladona de produzir um estado similar ao primeiro estágio da escarlatina, utilizou-a, com grande sucesso, nesse período da doença, e viu que não era apenas um curativo, mas um remédio preventivo para aquela doença. Numa família de quatro crianças, três foram acometidas pela doença, somente uma que já tomava Belladona por causa de uma afecção em articulação dos dedos, não foi atingida pela doença. Depois testou a medicação em outra família com oito crianças, onde três foram acometidas pela epidemia, e de imediato, prescreveu às demais crianças também Belladona em pequenas doses e , como esperava, todas as cinco crianças não foram atingidas pela doença, apesar do contínuo contato com os doentes.
Somente Belladona podia satisfazer a maior parte das indicações desta enfermidade ao determinar ela mesma, entre seus efeitos primitivos, um abatimento taciturno, um olhar apagado e xo, uma grande abertura palpebral, obscurecimento da visão, frio e palidez facial, ausência de sede, pulso pequeno e duro, taquicardia, impossibilidade de mover as extremidades quase paralisadas, di culdade de engolir com batidas a nível da parótida e cefaléias compressivas, dores constritivas em baixo ventre que se tornam intoleráveis quando abandona a postura de dobrar-se em dois, frio e calor por partes excluindo outra, por exemplo a cabeça e os braços.(Hahnemann, Escritos Menores – Enciclopédia Radar)
No ano de 1831, o cólera invadiu a Alemanha, e Hahnemann descobriu de imediato os medicamentos mais semelhantes àquela epidemia, redigindo orientações a serem impressas à população, de modo que, por ocasião da invasão da epidemia, os médicos homeopatas já estavam preparados para o tratamento e a pro laxia da doença, indicando como simillimum do mal o Cuprum metalicum. Graças a isso, muitas vidas foram salvas. O resultados publicados:
Total de doentes tratados com o método homeopático: 1270
Curados: 1162 (91,5%)
Óbitos: 108 (8,5%)
Diferentemente, a taxa de mortalidade, entre os doentes tratados pelos métodos alopáticos foi de 50% a 60% dos casos.
AIDS/SIDA
Em 1981 os primeiros casos da doença foram relatados, e quase todos eram de homens jovens e homossexuais. Mais tarde, surgiram casos em heterossexuais e por transfusão sanguínea de indivíduos infectados para não infectados. A Síndrome da Imunode ciência adquirida, que ocorre pela infecção do vírus HIV, alterou profundamente a sociedade e a prática médica atual. Este vírus tem a função de desarmar o sistema imune do hospedei-
ro, atingindo o subgrupo auxiliar-indutor de linfócitos (CD4), que age como coordenando central das funções imunes. A doença então é considerada uma doença do sistema imune, caracterizada pela redução progressiva dos linfócitos CD4.
O trabalho que analisaremos sobre esta doença ou sobre o grupo de doentes estudados é de 1985, cujo autor é Vijnosvsky, Bernardo, sob o título, A SIDA e a Homeopatia.
O autor inicia o trabalho descrevendo a aparição desta nova enfermidade que atingia o sistema imunológico e separando as pessoas em três: os de doentes, os de infectados e os de não portadores, mas com grande possibilidade de infecção. Relata que os grupos humanos que tinham maior risco eram homossexuais, os drogaditos e hemofílicos, e que somente há seis anos haviam sido descritos os primeiros casos.
Discute como a homeopatia poderia colaborar para o tratamento desses doentes, qual seria o gênio epidêmico desta enfermidade infecciosa, já que esta diferia das doenças epidêmicas agudas que eram doenças geralmente febris que atingiam uma grande parcela da população de uma só vez. Foi feita a análise dos seguintes sintomas: cansaço contínuo, febrículas prolongadas, suores noturnos, emagrecimento, diarreias, adenopatias, a as na boca e leucopenia. As feridas demoravam a se curar, como a rubrica repertorial para expressar a imunode ciência da doença.
Os resultados foram Arsenicum album, Sulphur, Nitric acidum, Phosphorus, Carbo vegetabilis, Lycopodium, Calcarea carbonica e Muriaticum acidum. Todos cobriam os oito sintomas selecionados. Todos eram policrestos, exceto Muriaticum acidum, fato que chamou a atenção do autor. E tira a conclusão de que os homeopatas não são desprovidos de armas e cazes para enfrentar enfermidades novas ou já conhecidas que acometem grupos populacionais, existindo número su ciente de matérias médicas adequadas, seja para uso único ou combinado e/ou em sequência.
Cólera
O cólera é uma enfermidade infecciosa, em forma de diarreia aguda, causada pela enterotoxina do Vibrio Cholerae, instalada no intestino delgado.
O cólera asiático foi descrito, na realidade, desde o tempo de Hipócrates. Em 1629 já era relatado pelos viajantes, em 1817 começou na Índia a primeira grande epidemia que se espalhou para China e em 1827 chegou à Europa.
Em 1831, Hanhemann escreve vários trabalhos sobre o tratamento do cólera, utilizando no início do tratamento e também como preventivo a Camphora porque, nesta epidemia, os sintomas mais frequentes eram cãibras, prostração, di culdade de se manter em pé, face e mãos cianóticos e frios, sensação de queimação no esôfago e estomago, ausência de sede, vômitos e diarreia. Após esta fase
inicial, utilizava, dependendo dos sintomas, Cuprum, Veratrum album, Bryonia ou Rhus toxicodendrom, Phosphorus /ou Phosphoricum acidum.
Durante as diversas epidemias, os resultados entre o tratamento homeopático e alopático foram evidentes a favor da homeopatia. Em 1836, a homeopatia estava proibida em Viena. Durante esta epidemia de cólera, puderam fazer o uso de medicamentos homeopáticos em ambiente hospitalar. Os resultados foram favoráveis para o tratamento homeopático e, em consequência disto, a proibição da homeopatia foi derrubada. Dois terços dos pacientes tratados com homeopatia se curaram e, com tratamento alopático, dois terços morreram.
Na epidemia em toda Europa, em 1854, 51,4% dos enfermos evoluíram para óbito (462.481 óbitos no total de 901.413 casos da doença), enquanto, dos 16.884 enfermos tratados com a homeopatia, morreram apenas 1.896 doentes. Nesta época, no Hospital Homeopático de Londres, a mortalidade dos casos tratados com homeopatia foi de 11,2% e entre os pacientes tratados com alopatia foi de 54%.
Em 1936, o Dr. Joaquim Duarte Murtinho, edita um trabalho que fala sobre o gênio medicamentoso da epidemia de cólera em Corumbá, Mato Grosso, indicando Camphora, Ricinus communis, Ipecacuanha, Tartarus emeticus, Phosphoricum acidum, Íris versicolor, Veratrum album, Arsenicum, Cuprum metallicum, entre outros medicamentos.
Em 1991, em Quito, Equador, foi realizado um estudo com o título “O cólera epidêmico e a homeopatia”, onde os sintomas mais frequentes foram cãibras intensas nos braços e pernas, diarreia aquosa como água de arroz e vômito bilioso no início e depois vômitos fecalóides. Grande debilidade, cefaleia, pele seca, e enrugada, sede intensa e vômitos após beber água, olhos fundos, edema e colapso, extremidades frias. Os sintomas que individualizavam esta epidemia eram diarreia muito quente com pele fria, calafrios e calor interno, voz baixa, afonia, sensação de ouvidos tampados, inquietude interna e sensação de morte iminente.
Os medicamentos que cobriam a totalidade dos sintomas eram Arsenicum album, Phosphorus, Pulsatilla, Mercurius solubilis, Nux vomica, Sulphur, Veratrum album, Secale cornutum, Carbo vegetalis, Camphora.
Conjuntivites
A in amação da conjuntiva é chamada de conjuntivite, e é uma das doenças oculares mais comuns. As conjuntivites podem ocorrer quando alguns dos mecanismos de proteção falham, permitindo que ocorra a proliferação na conjuntiva de bactérias, vírus ou fungos, por exemplo. Além disso, vários outros fatores podem desencadear uma conjuntivite, como: infecções parasitárias, alergias, produtos químicos, drogas, medicamentos, doenças sistêmicas, além das conjuntivites de etiologia desconhecida.
O primeiro trabalho sobre conjuntivites que iremos analisar é um estudo duplo cego avaliando o uso de Euphrasia 30c ou placebo na prevenção das ceratoconjuntivites durante uma epidemia ocorrida em Pittsburg, USA. A escolha de Euphrasia nesta epidemia não foi baseada na totalidade sintomática, mas sim através do gênio epidêmico de epidemias anteriores de conjuntivite e de sarampo.
Este estudo foi do tipo duplo cego randomizado, composto de dois grupos de escolares de 4 a 15 anos. O primeiro grupo tinha 658 pacientes que usaram Euphrasia 30c prolaticamente por 3 dias sucessivos. O grupo controle era composto de 648 participantes que usaram placebo.
Os sintomas foram avaliados segundo uma pontuação, entre os quais: Sensação de queimação nos olhos, pontuação = 1;
Olhos vermelhos, pontuação = 1;
Edema palpebral, pontuação = 1;
Hemorragia subconjuntival, pontuação = 3;
Fotofobia acompanhada de olhos vermelhos ou hemorragia subconjuntival = 3.
Os resultados não tiveram signi cância estatística, pois não houve diferença na incidência e na gravidade da doença entre o grupo experimental e o grupo controle. Dos 658
pacientes do grupo experimental 48 (7,3%) pacientes desenvolveram de conjuntivite e dos 648 pacientes do grupo controle 43 (6,6%) desenvolveram a doença.
A base principal para se atingir o gênio epidêmico de uma epidemia é a valorização dos sintomas que individualizam aquela epidemia, e, neste estudo, essa avaliação não foi feita. Apesar de ter sido um estudo duplo cego, não houve a busca do gênio epidêmico e sim foi testada a eficácia de um medicamento para conjuntivite, nos moldes alopáticos.
Embora esses senões, o trabalho tem valor como protocolo para outros estudos do gênio epidêmico, e apenas deverão ser investigados os sintomas patognomônicos e aqueles que individualizam aquela epidemia.
O segundo trabalho vem de Cuba, em 1995, com uma epidemia de ceratoconjuntivite epidêmica (conjuntivite hemorrágica). A amostra foi de 108 pacientes, distribuídos aleatoriamente para tratamento homeopático e o grupo controle fez tratamento alopático. Os sintomas foram anotados em ficha epidemiológica, assim como os sinais do exame físico, anotando as modalidades
características da dor ocular, das secreções, lágrima, edema palpebral e sintomas extra oculares com suas agravações e melhoras.
Pela repertorização, o medicamento mais importante era Pulsatilla. Outros medicamentos com resposta parciais foram Mercurius solubilis e Euphrasia. Foi utilizado Pulsatilla 6 CH, pelo método plus a cada duas ou três horas, com maior espaçamento entre as doses segundo o grau de melhoria de cada paciente. O critério de melhora foi o desaparecimento dos sintomas como dor, lacrimejamento, edema palpebral e secreção ocular, mesmo que persistisse a hemorragia. Os casos em que houve persistência dos sintomas, sem melhora por 72 horas ou aparecimento de novos sintomas, foram tratados individualmente após nova repertorização.
Dos 138 casos, 30 foram excluídos por falta de seguimento ou por uso de medicação alopática. O total de pacientes acompanhados caiu para 58 casos com tratamento homeopático e 50 com tratamento alopático. A distribuição por faixa etária foi 51,9% entre 15 e 44 anos, 22,2% menor de 15 anos, 8,3% entre 45 e 60 anos e com mais de 60 anos 17,6%. A distribuição por sexo foi 41,7% do sexo masculino e 58,3% do
sexo feminino. Entre os casos 77,8 % não tinham antecedentes de enfermidade ocular. Os sintomas foram modalizados e distribuídos percentualmente. Os resultados estão apresentados na tabela abaixo:
Fonte: Revista Homeopatia do México – Terapêutica Homeopática na queratoconjuntivite epidêmica
Houve uma diferença signi cativa p=0,999, demonstrando que o tratamento homeopático foi estatisticamente mais e caz que o alopático na melhora dos sintomas em menos de 72 horas, nesta epidemia de queratoconjuntivite. Este trabalho é o mais indicado para servir de modelo para futuros estudos sobre o gênio epidêmico.
Dengue
É uma doença causada por um avivírus, de RNA, com quatro subtipos: 1,2, 3 e 4, e tem distribuição mundial. O primeiro trabalho que analisaremos é um trabalho de meta-análise foi publicado no ano 2000 na revista Homeopatia, volume 65, em que foi realizado um estudo do quadro clínico da dengue de três publicações e as repertorizações foram feitas em busca dos medicamentos que surgem com maior frequência nestes trabalhos.
Na primeira repertorização, feita a partir da classi cação da Organização Mundial de Saúde, foram escolhidos os seguintes sintomas:
1. Febre - intenso calor febril,
2. Generalidades – debilidade, febre durante,
3. Generalidades – dor, quebrado, como se os ossos estivessem,
4. Cabeça – dor, calor febril durante,
5. Cabeça – dor, estendendo-se aos olhos,
6. Extremidades – dor, febre durante,
7. Estômago – náuseas, febre durante,
8. Estômago – vômitos, calor febril durante,
9. Costas – dor, febre durante.
As medicações que cobriram a maior parte dos sintomas e mais pontuadas foram: Natrium muriaticum (9/20), Arsenicum album (8/15), Pulsatilla (8/15), Eupatorium perfoliatum (7/18), Bryonia (7/14), Nux vomica (7/14), Rhus toxicodendron (7/13), Lycopodium (7/11), Belladona ( 6/13), Ignatia (6/10).
Em outra análise de três trabalhos que descreviam os sintomas da dengue, os que coincidiam foram:
1. Febre - intenso calor febril,
2. Generalidades – debilidade, febre durante,
3. Cabeça – dor, calor febril durante,
4. Estômago – vômitos, calor febril durante,
5. Costas – dor, febre durante.
As medicações repertorizadas foram: Natrium muriaticum (5/13), Arsenicum álbum (5/11), Pulsatilla (5/10), Lycopodium (5/8), Eupatorium perfoliatum (4/10), Rhus toxicodendron (4/9), Belladona ( 4/9), Nux vomica (4/8), Bryonia (4/7), Ignatia (4/6).
As conclusões a que o autor chega é de que tantos nos trabalhos sobre a dengue, feitos por homeopatas e não homeopatas, tem
Flavivírus é uma família de vírus transmitidos por mosquitos e carrapatos que causam algumas doenças importantes, incluindo dengue, febre amarela, encefalites e febre do Nilo Ocidental. Os avivírus têm RNA de ta simples como seu material genético.
se buscado os sintomas da doença e não os sintomas dos doentes. Também que a coincidência dos sintomas em todos os trabalhos faz com que as medicações homeopáticas sejam as mesmas, e recomenda Natrium rmuriaticum como medicação preventiva em epidemias ou surtos de dengue.
O segundo trabalho trata de uma repertorização dos possíveis sintomas pelo quadro clínico da dengue e não de um estudo de casos da dengue. O autor seleciona 20 medicamentos e faz uma discussão sobre os mesmos. As medicações descritas foram; Bry, Rhus-t, Nat-m, Sulph, Merc, Ars, Bell, uya, Phosp, Puls, Calc, Caust, Nux-v, Lyc, Aço, Com, Fer, Nit-ac, Chin, Lach. É um trabalho que não traz muitas novidades, pois não apresenta nenhuma caracterização de uma epidemia para se buscar o gênio epidêmico.
Ebola
Segundo a de nição do CDC (Centers for Disease Control and Prevention U.S. Department of Health and Human Services), a febre hemorrágica Ebola é uma doença severa com frequentes casos fatais em humanos e primatas, que surge esporadicamente desde seu conhecimento em 1976. Seu agente etiológico é um lovírus. Os sintomas se caracterizam por febre, dor de cabeça intensa, astenia, mialgias, seguidos de vômitos, dor abdominal, diarreia, faringite, conjuntivite, hemorragias. A transmissão se faz de pessoa a pes-
soa e os sintomas aparecem entre dois dias há duas semanas após o contato com um doente. O vírus é detectado em todas as secreções do doente, pode ser transmitido também pelo contato sexual ou por meio de seringas não esterilizadas. A taxa de mortalidade está em torno de 60 a 88% dos casos. O diagnóstico é feito pelo método ELISA, detectando antígenos e anticorpos especí cos.
Em 2001, na revista Gazeta Homeopática de Caracas foi publicado um trabalho intitulado “A Homeopatia tem como enfrentar a infecção pelo vírus Ebola” cujo autor, Leonid Lucenko, descreve as fases da doença e seu gênio epidêmico. Aponta que a primeira fase da doença é muito semelhante ao quadro clínico da dengue e da gripe, com os seguintes sintomas: febre, debilidade, cefaleia intensa e mialgias. Foram repertorizados os seguintes sintomas, debilidade com febre, febre com calafrios, cefaleia durante calafrios, cefaleia durante o calor febril, dores nas extremidades durante calafrios, e dores nos membros durante a febre. O resultado da repertorização foi Arsenicum, Bryonia, Natrium muriaticum, Pulsatilla, Rhus toxicodendrom e Sulphur. Indica que, na fase inicial da infecção pelo vírus ebola, o médico deverá pensar em qualquer um destes remédios, mas principalmente em Ars. e Rhus-tox.
Na segunda fase da doença, o quadro se parece com o cólera, e foram repertorizados os seguintes sintomas: vômitos e diarreia simul-
Os filovírus, membros da família Filoviridae, fazem parte de um grupo de vírus particularmente mortal para o organismo humano. O primeiro filovírus de que se tem história é o Marburg, descoberto na cidade de mesmo nome, na Alemanha, em macacos que vieram da África para estudos, em 1967. O segundo vírus descoberto dessa família, e também o mais famoso, foi o Ebola, isolado pela primeira vez em 1976, a partir de uma epidemia de febre hemorrágica que ocorreu próximo ao rio Ebola.
As duas piores epidemias descrevem um verdadeiro terror na cidade de Kikwit, em 1995, e nos países Guiné, Libéria, Serra Leoa e Congo em 2014.
Houve ainda algumas pequenas epidemias em alguns países da África, com registros do vírus Ebola e Marburg, e suas mortalidades sempre estiveram na faixa de 50% a 90%.
Hoje, fala-se que existem 4 Filovírus: o Marburg e três Ebolas (Zaire, Sudão e Reston).
As pesquisas apontam que o fiel hospedeiro do vírus é o Morcego-da-fruta. Sabe-se que os vírus são transmitidos por fluidos orgânicos infectados, como o sangue, a saliva, a urina, o esperma, as secreções nasais. A incubação tem período entre 3 a 9 dias e seu óbito vem na maioria das vezes por febre hemorrágica, com destruição dos tecidos e falência dos órgãos.
tâneos, colapso depois da diarreia, colapso depois de vômitos e febre durante os vômitos. Aparecem como favoritos Arsenicum e Veratrum album.
Na terceira fase da doença, foram escolhidos os sintomas hemorragia por orifícios do corpo, sangue não coagula, septicemia. O resultado da repertorização foi Lachesis, Crotalus horridus, Bothrops lanceolatus e Phosphorus.
Na fase da convalescença, devido ao emagrecimento, a falta de calor vital, dor e ardores, transpiração fácil, apetite aumentado estariam indicados Psorinum, Sulphur, Kali carbonicum, Natrium muriaticum e Tuberculinum, e chega-se à conclusão de que o gênio epidêmico da infecção pelo vírus Ebola é Arsenicum album.
Meningites
Constam da história das epidemias de meningite no Brasil, no ano de 1974, um relatório dos médicos homeopatas da época, elucidando as autoridades sanitárias do país, sobre a utilização de nosódio meningococcinum em Guaratinguetá, São Paulo. Apesar de não termos tido acesso ao trabalho completo, ca registrada a experiência que, pelo relatório, obteve bons resultados e tem até orientações técnicas, tendo havido distribuição do nosódio para os médicos homeopatas daquela reunião.
Febre Tifóide
É uma doença bacteriana causada pela Salmonella typhi , caracterizada por febre prolongada, dor abdominal, diarreia, delírio, roséola e esplenomegalia, algumas vezes com complicações como sangramento e perfuração intestinal. Atualmente, a febre tifóide foi quase eliminada dos países desenvolvidos, por rede de esgoto apropriada e tratamento de água, sendo ainda comum em países em desenvolvimento, girando em torno de 11 milhões de casos diagnósticas anualmente. A transmissão ocorre por via fecal-oral e por alimentos contaminados.
O site da Homeoint.org. apresenta um trabalho do Dr. John Henry Clarke intitulado
“A homeopatia explica, algumas estatísticas comparativas”, no qual se registram as estatísticas do tratamento da febre tifóide no Hospital Homeopático e de dois hospitais alopáticos de Melbourne, Austrália, de janeiro a março de 1889. É feita uma comparação entre o número de óbitos nos tratamentos homeopáticos e alopáticos. A taxa de ocupação por leito no mesmo período entre os hospitais de 2 a 4 maior no hospital homeopático e risco de óbito foi 2,5 a 2, 2 vezes menor com o tratamento homeopático.
Hospital de Homoeopathic, Estrada de St Kilda (1885-1934), que mais tarde se tornou Hospital do Príncipe Henry.
Hantavirose
Foram registrados pelo Núcleo de Endemias da Diretoria de Vigilância Epidemiológica – SVS – Secretaria de Saúde do Distrito Federal, em 2004, no Distrito Federal, trinta e oito casos de hantavirose e cidades do entorno. Destes 38, 20 casos evoluíram para o óbito, uma letalidade de 52,6%. Os doentes evoluíram rapidamente para insuficiência respiratório e descompensação cardiovascular. A forma cardiopulmonar foi à forma prevalente. Encontram-se em autopsias derrame pleural e edema pulmonar.Com o objetivo de tentar aplicar a parte da metodologia do gênio epidêmico, buscou-se levantar os sintomas destes casos de hantavirose através de fichas de
investigação epidemiológica, e da cópia dos prontuários.
Os instrumentos de coleta dos dados não foram adequados para este tipo de investigação em busca do gênio epidêmico, já que os sintomas registrados em prontuários e as fichas de investigação epidemiológica têm como objetivo identificar sintomas patognomônicos e de risco sem se preocuparem com aspectos necessários para uma investigação através do método homeopático. O método ideal de coleta seria o método homeopático, em que os sintomas são modalizados procurando-se o que há de peculiar e característico nos casos referentes a aquele surto.
A infecção humana causada pelo hantavírus apresenta diferentes formas clínicas, que vão desde uma doença febril aguda até quadros pulmonares e cardiovasculares, às vezes como uma febre hemorrágica com comprometimento renal.
Nas Américas a forma clínica mais prevalente é a Síndrome Cardiopulmonar. Os roedores silvestres são reservatório natural do hantavírus. O modo de infecção é através de inalação de aerossóis,
formados a partir da urina, fezes e saliva de roedores reservatórios de hantavírus.
A doença manifesta-se por uma fase febril, prodrômica, onde se observa febre, tosse seca, mialgia descrita na região dorso-lombar, dor abdominal, náuseas, vômitos, astenia e cefaléia intensa, com duração de 3 a 4 dias, podendo ou não evoluir para fase cardiopulmonar. A fase cardiopulmonar caracteriza-se por insuficiência respiratória aguda com choque circulatório, há presença de infiltrado intersticial nos campos pulmonares com ou sem presença de derrame pleural. A fase diurética apresenta poliúria que se caracteriza por eliminação rápida de líquido acumulado no espaço extra-vascular, resolução da febre e do choque. A fase de convalescença dura até duas semanas, com recuperação lenta das alterações hemodinâmicas e da função respiratória. A febre hemorrágica com síndrome renal pode evoluir por quatro semanas e apresentar, além dos sintomas já descritos, petéquias, rubor facial, hemorragia conjuntival, hipotensão, taquicardia, oligúria, hemorragias severas.
A frequência dos sintomas entre os 38 casos foi assim distribuída:
Observamos de interessante, em uma parte dos casos, a presença de in ltrado pulmonar intersticial difusa com tosse seca, dispneia e sede intensa. Os sintomas escolhidos foram os seguintes:
Classi car os sintomas:
GENERALIDADES - PULSO - imperceptível
TÓRAX - EDEMA pulmonar
GENERALIDADES - CIANOSE
GENERALIDADES - DOR - músculos, nos
GENERALIDADES - FRAQUEZA
FEBRE - CONTÍNUA, febre
TOSSE - SECA
ESTÔMAGO - NÁUSEA
ESTÔMAGO - VÔMITO
TÓRAX - INFLAMAÇÃO - Pulmões
ESTÔMAGO - SÊDE - insaciável
Na repertorização, pela cobertura dos sintomas temos, os seguintes medicamentos: ars, verat, am-c, crot-h, hyos, lach, merc,op, phosp, puls.
Arsenicum album: é indispensável à agitação física e mental, com ansiedade intensa, fraqueza, frieza no corpo e sede de pequenas quantidades de água e medo da morte. Em casos de gastroenterite aguda apresentam dores gástricas e abdominais ardentes, vômitos violentos. Tosse seca, dilacerante, com escarros pouco abundantes e espumosos, fôlego curto, di culdade respiratória, engasgos, dispneia e ataques de sufocação, algumas vezes com suor frio, constrição espasmódica do tórax ou da laringe, angústia, grande fraqueza, frio no corpo, dor na boca do estômago e tosse paroxística.
Os sofrimentos ocorrem principalmente ao anoitecer, na cama, à noite quando deitado; no tempo ventoso, frio e fresco, ou no calor de um aposento; ou estando agasalhado, fatigado ou irado, ao caminhar, ao mover-se, e mesmo ao rir. Respiração ansiosa, estertorosa e ruidosa.
Veratrum album: É um dos medicamentos que se assemelham muito ao quadro clínico da hantavirose que evolui rapidamente para um estado de colapso com resfriamento extremo, cianose de extremidades, prostração rápida, acompanhando-se de vômitos violentos e abundantes. Tosse cavernosa, em longos acessos, com eructações dor no abdome. A tosse piora em um quarto quente, após ter bebido água fria. Sensação de contrição no peito, palpitações e ansiedades. Pulso rápido, fraco e irregular. Prostração completa e rápida diminuição da vitalidade, principalmente depois de vomitar ou da diarreia e na cólera. Vômitos copiosos e náusea; agravada por beber e pelo menor movimento. Sede de água fria ,mas é vomitada logo que é engolida.
Ammonium carbonicum apresenta grande prostração, estados de colapso. Intensa fraqueza e falta de reação ou reação lenta. Tendência a hemorragias de sangue escuro, dispnéia e opressão com palpitações, piora ao menor esforço. Tosse irritante, seca, incessante, edema agudo de pulmão. Afeta muito frequentemente as mucosas dos órgãos respiratórios. Margaret Tyler, em Retratos dos Medicamentos Homeopáticos descreve que “Ammonium carbonicum é um medicamento de condições severas, até mesmo desesperadoras”. É descrito nas Matérias Médicas Clínicas como um medicamento que tem um grande estado exaustão, afeta o coração e pulmões. Usado pelos médicos antigos em pneumonias. Segundo Kent, Ammonium carbonicum apresenta um estado análogo ao envenenamento sanguíneo.
Crotalus horridus: apresenta prostração profunda, hemorragia por todos os orifícios. Kent diz: “Crotalus está indicado nas doenças mais graves, do tipo pútrido, que surgem numa rapidez incomum, chegando ao estado infeccioso em muito pouco tempo”. Insaciável sede queimante. Eructações cáusticas, ácidas, rançosas. Náusea ao movimento, vômitos biliosos. Vômito verde-escuro, imediatamente após deitar do lado direito ou de costas. Vômito preto. Frequente queda e desfalecimento, sensação de fome no epigástrio com tremores e sensação de uma vibração que desce. Necessidade de estimulantes. Dor angustiante, inquietude, sensação de frio, pulso fraco. Não pode tolerar roupas em torno do estômago e hipocôndrio. Hematêmese, sangue não coagula.
Hyoscyamus niger: Vômitos com convulsões; hematêmese; câimbras violentas, aliviadas vomitando; ardência no estômago; epigástrio sensível. Períodos de sufocação. Espasmo, forçando a inclinar-se para a frente. Tosse seca ,espasmódica de noite (piora deitando, melhora sentando na cama), devido a coceira na garganta, como se a úvula fosse comprida demais. Hemoptise. Fala de uma maneira incoerente, sem sentido, balbuciando, trocando de um tema para outro, dizendo coisas ridículas apressadamente e com voz, às vezes, tipo ébria. Medo de ser envenenado.
Lachesis: Prostração mental e física, irritabilidade, deseja falar o tempo todo, grande sensibilidade do estomago que ca dolorido ao toque, sensação de sufocação pior estando deitado, procura sair do leito e ir para uma janela. Tosse seca e dilacerante, durante o sono, com perturbações cardíacas.
Mercurius: sede intensa, piora noturna, suores profusos. Tosse com ânsias, vômitos e as xias. Dor no tórax ao tossir, como se fosse estourar, pontadas no tórax ao tossir, espirrar e respirar. Dispneia ao menor esforço.
Opium: todos os transtornos acompanhados de grande estupor, não sente dor, não sofre nada, não se queixa de nada e não pede nada. Respiração estertorosa. Dor precordial com
grande ansiedade, tosse seca violenta, pior a noite, depois de descansar, ao engolir, ao suspirar. Tremores nas extremidades. Medicação importante para transtornos após susto.
Phosphorus: Ação profunda sobre o sangue e sistema nervoso. Prostração profunda com irritabilidade. Agitação continua, nunca está tranquilo, sede inextinguível por água fria que é imediatamente rejeitada quando aquecida no estomago. Náuseas que pioram ao beber água gelada, vômitos a todo instante. Sensação de vazio no estomago. Tosse com sensação de opressão considerável, sensação de aperto no peito e dores ardentes. Deve sentar-se em seu leito para expectorar. Palpitações com grande ansiedade. Tendência a hemorragias.
Pulsatilla: as dores são erráticas, passando rapidamente de um lugar para o outro. Aversão ao calor e desejo de ar frio. A tosse seca à noite ou à tarde, após estar deitado, obrigando o doente a sentar-se para obter alívio, reaparecendo quando o doente torna a deitar-se. Palpitações estando deitado do lado esquerdo. Estases venosas, retardamento da circulação de retorno.
Não foi possível através desta breve análise individualizar, encontrar o que havia de característico neste surto de hantavirose, pela di culdade de encontrar o que há de pecu-
liar e característico nestes trinta e oito casos registrados. Mas podemos concluir que, para a busca do gênio epidêmico, será necessário desenvolver formulários de coleta de dados adequados e consulta homeopática com os enfermos para encontrarmos o que há de característico e peculiar em cada caso e assim individualizarmos aquele surto ou epidemia. Na lição XXXII em Filoso a Homeopática, Kent descreve:
“Uma verdadeira prescrição homeopática não pode basear-se na patologia ou na anatomia patológica; pois as experimentações nunca foram levadas a tais extremos. O que a patologia nos dá são os resultados da doença e na linguagem da natureza, que faz apelo ao médico inteligente. O verdadeiro tema que se deve conhecer é a sintomatologia. Ninguém, que só conhece a anatomia patológica e os sintomas patognomônicos, será capaz de prescrever homeopaticamente. Além de habilidade diagnóstica, o médico tem que possuir um conhecimento especí co, isto é, ele tem de conhecer a forma de expressão de cada uma e de todas as doenças. Deverá saber exatamente como cada doença se expressa em linguagem, no aspecto e nas sensações. Como exatamente cada remédio afeta a espécie humana na memória, na inteligência e na vontade, pois em nenhuma outra área ele atua tão poderosamente como sobre a mente...” (KENT,2002, p.255-256).
Discussão
Nosso primeiro questionamento para a realização deste estudo histórico da aplicação da homeopatia em surtos e epidemias foi sobre um dos pilares da homeopatia, a individualização. Na homeopatia, os sintomas gerais, onde estão incluídos os sintomas mentais, são considerados os de mais alta hierarquia para a seleção do medicamento homeopático. Porém, apresenta valor incontestável um sintoma local bem modalizado. Na maioria dos estudos de doenças epidêmicas que conseguimos levantar, vimos que os sintomas em sua grande maioria eram gerais propriamente ditos e locais modalizados, que não deixaram de representar o que individualiza aquela doença epidêmica.
Os critérios para a busca do gênio epidêmico consiste, em primeiro lugar, na observação dos sinais e sintomas da doença, anotando-os e identificando, através da repertorização, o medicamento ou grupo de medicamentos que mais se assemelham ao quadro, ou que cobre a maioria dos sintomas, ou seja, a totalidade sintomática.
Nos trabalhos analisados, no aspecto que
se refere à prescrição do medicamento homeopático, quanto às potências e a repetição das doses, somente o protocolo sobre a epidemia de cólera no Peru de 1991 fala da repetição da dose a cada 5 a 10 minutos, em potencias baixas, em torno da 7CH, esclarecendo que o curto espaçamento das tomadas aumenta o risco de recaídas.
Em nenhum destes trabalhos analisados foram descritos os sintomas mentais. Estes trabalhos foram realizados na vigência do surto. Acreditamos que, diante de situações como as epidemias, o objetivo principal foi o de salvar vidas e trabalhar com os sinais e sintomas presentes nos casos de doença, sendo este tipo de análise muito mais profunda e difícil de ser feita durante a ocorrência de um surto ou epidemia.
O levantamento bibliográfico realizado demonstra a inquestionável efetividade da homeopatia nas doenças epidêmicas, nos estudos ou levantamentos da mortalidade em pacientes tratados pela homeopatia e alopatia.
Durante o estudo da hantavirose, observamos a dificuldade de encontrar sintomas modalizados em formulários e prontuários, sendo necessário ao médico homeo -
pata estar junto a este paciente nos serviços de pronto-atendimento ou vigilância epidemiológica, a fim de qualificar estes sintomas e desta forma encontrar o gênio epidêmico da doença epidêmica, já que em cada epidemia de uma mesma doença apresenta-se de forma diferente da anterior.
Conclusões
A escolha do tema veio do interesse de a plicar a homeopatia em situações inusitadas como a que vivenciamos no Distrito Federal, em 2004, com um surto de hantavirose, em que em torno de 52,6% dos casos evoluíram para o óbito.
Nesta pequena excursão em busca de trabalhos científicos que comprovam a aplicação da homeopatia em epidemias, observamos a baixa produção de estudos sobre a utilização de medicações homeopáticas em surtos e epidemias. A homeopatia junto ao serviço público ainda é muito restrita a atendimentos ambulatoriais, e o homeopata em sua grande maioria não trabalha em atendimento hospitalar e nem mesmo junto aos serviços de Vigilância Epidemiológica e, portanto, não atuam em situações de epidemias, endemias ou surtos de determinados agravos à saúde.
Vimos em diversos trabalhos a efetividade da homeopatia, e principalmente a chance de tratamento para doenças emergentes que não possuem tratamento, como a hantavirose que vivenciamos ainda no Distrito Federal.
A homeopatia ainda está distante desta área de atuação do setor saúde, e não podemos ficar como simples observadores, já que a terapêutica homeopática muito pode acrescentar e contribuir para melhoria da qualidade do atendimento e prognóstico dos casos em doenças epidêmicas e não epidêmicas.
Novos estudos deveriam ser realizados na vigência de surtos ou epidemias, colaborando não só na busca dos medicamentos homeopáticos que correspondam ao gênio epidêmico, mas também com o objetivo de desenvolver a metodologia para busca do gênio epidêmico, dos instrumentos de coleta de dados, favorecendo a abordagem homeopática em casos de surtos e epidemias. Este aprofundamento do estudo do gênio epidêmico buscou também estudar as posologias, repetição de doses e os intervalos mais adequados entre as doses.
Após esse estudo realizado pelo grupo de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste, a partir da publicação da BVS, podem ser apontados como gênios epidêmicos recorrentes em epidemias diversas os seguintes remédios homeopáticos:
Arsenicum album e Pulsatilla: 8 vezes
Sulphur e Rhus Tox: 6 vezes
Phosphorus, Veratrum, Bryonia, Mercurius sol, Natrum muriaticum: 5 vezes
Camphora, Belladona, Nux vomica, Lycopodium : 4 vezes.
Ignatia amara, Cuprum metalicum, Lachesis: 3 vezes
China off., Opium, Nitric acidum, Carbo vegetabilis, Calcarea carbonica, Secale cornutum, Euphrasia, Eupatorum, Crotalus horridus, Phosphoricum acidum: 2 vezes
Dessa forma, cremos ser interessante consultar esta lista previamente, verificando a compatibilidade dos sintomas do remédio com os sintomas da epidemia corrente, de modo a avançar mais rapidamente no tratamento homeopático e auxiliar no resguardo de saúde e vida.
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