REH_v.1, nº 1, 2017

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Estudos HOMEOPÁTICOS

Revista de Uma realização do Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro -Oeste Ano 1 N° 1 Julho/2017 Publicação Digital Quadrimestral Gratuita ISSN 2965-3045

Editorial

Projeto Grá co e Diagramação Redatores Revisão

Conselho Editorial
Jornalista Responsável Editora-Executiva
Contato
PRIMEIRA PARTE: HOMEOPATIA E NÓS 5 NOTÍCIAS HOMEOPÁTICAS 11 SEGUNDA PARTE: HOMEOPATIA TAMBÉM É CIÊNCIA 21 27 41

HOMEOPATIA E NÓS

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“A mais alta e única missão do médico é restabelecer a saúde nos doentes, que é o que se chama curar”.

Assim escreveu o médico alemão que desa ou todos os métodos tradicionais de medicina de sua época, Christian Friedrich Samuel Hahnemann, na obra “Organon da arte de curar”, cuja resenha está presente nesta primeira edição da Revista de Estudos Homeopáticos (página 9). Pai da Homeopatia, Hahnemann nasceu no dia 10 de abril de 1755, na cidade de Meissen, localizada no estado da Saxônia, um lugar privilegiado por belas paisagens naturais.

]Ele cresceu em um ambiente modesto. Seu pai, Christian Gottfried Hahnemann, foi pintor de uma fábrica de porcelanas e também de aquarelas, e, ao lado da esposa, Johana Christiana Spiess, ensinou o lho a viver sem presunção e exibicionismo. Nas palavras de Hahnemann, o pai “descobriu por si mesmo as mais sólidas concepções do que é ser bom e o que pode ser considerado digno de ser humano. Ele implantou essas idéias em mim (...). Impressionou-me mais por seus exemplos que por suas palavras”.

Com uma inteligência fora do comum, aos 14 anos Hahnemann já substituía seu professor de grego em sala de aula e, aos 20, conhecia profundamente, além do alemão, línguas como latim, hebraico, sírio, árabe, espanhol, italiano e francês. Nessa mesma época, começou a estudar Medicina na Universidade de Leipzig, local que contemplava puramente o ensino teórico em vez de relacioná-lo ao prático, uma tendência que dominava todas as faculdades de medicina da Europa. Insatisfeito com tal enfoque, o estudioso alemão foi para Viena, onde começou a praticar medicina no povoado de Hettstedt. Em 1799, ele defende sua tese de doutoramento em Medicina.

Já casado com Joanna Leopoldina Henriqueta Kuchler, com quem teve 11 lhos, o cientista se dedicou a trabalhos de traduções de textos cientí cos e experimentos na área de química, bem como à sua atividade médica, e passou a estudar e desenvolver uma teoria que, mais tarde, serviria de base para a Homeopatia: a arte de curar por meio de substâncias naturais. Dois casos o ajudaram a con rmar tal pensamento. O primeiro envolveu uma família com quatro crianças. Três delas tiveram escarlatina e apenas uma, medicada com Belladonna, uma planta encontrada facilmente na Europa, na Ásia, na África e em algumas partes da América do Norte, escapou da infecção. O segundo, em uma família com oito crianças, das quais três tinham escarlatina, e as outras cinco, que também estavam recebendo dosagens de Belladonna, não caram doentes.

A partir do ano de 1796, ele intensi cava seus estudos a respeito de medicamentos naturais e seus efeitos nos pacientes que tratava. Essas experiências motivaram a produção de diversos artigos que criticavam profundamente a medicina da época, que ele chamava de “Alopatia”, além de expor seus erros e absurdos, e, sobretudo, seus métodos de “cura”, que, em lugar de curar, causavam mais sofrimento ao organismo dos seres humanos adoecidos. A publicação do artigo “Ensaio sobre um novo princípio para descobrir as virtudes curativas das substâncias medicinais seguidos de alguns comentários sobre os princípios admitidos até nossos dias” marcou o início da doutrina homeopática.

Na busca de desenvolver um tratamento de cura e caz, Hahnemann experimentava as substâncias naturais que estudava em si mesmo, analisava e

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anotava os efeitos que sentia e passava a aplicá-las, por meio de grandes doses, em enfermos com sintomas e características similares. Atento aos efeitos colaterais e às suas intenções de evitar intoxicações para não prejudicar seus pacientes, o médico passou a diluir as substâncias utilizadas e a ministrá-las em pequenas quantidades.

O “processo de dinamização”, criado por ele, também é fruto da atenção que o cientista dedicava às pessoas que tratava. Ele notou que os medicamentos que demoravam mais para chegar às casas dos pacientes se mostravam mais rápidos e e cazes. A única diferença entre estes remédios e os que eram recebidos pelas pessoas que moravam mais perto eram os sacolejos que os recipientes sofriam durante o transporte a cavalo. A partir dessa observação, Hahnemann concluiu que as substâncias homeopáticas deveriam passar por batidas fortes e ritmadas para despertar a energia contida nelas, a nal, se os processos de saúde, doença e cura são dinâmicos, o medicamento também o deveria ser.

Em 1810, a primeira edição do livro “Organon da Arte de Curar” veio a público e foi conside-rado como referência para os estudos homeopáticos, ganhando mais cinco edições até 1923. Já em 1811, Hahnemann iniciou a publicação da obra “Matéria Médica Pura” que, até 1821, completou seis volu-

mes. No ano de 1828, mais uma obra de importantíssima para a doutrina homeopática foi lan-çada pelo médico alemão: “Doencas crônicas, sua natureza e seu tratamento homeopático”.

Por dedicar sua vida à cura a partir de métodos que contradiziam fortemente a ciência pre-dominante na época, Hahnemann sofreu perseguições por parte de farmacêuticos e médicos duran-te boa parte de sua vida. O reconhecimento da Homeopatia como tratamento terapêutico começou em 1831, um ano após a morte de sua esposa, quando o estudioso alemão ajudou a conter uma epidemia de cólera na Europa utilizando medicamentos homeopáticos. Na Áustria, um decreto que proibia a prática da Homeopatia foi abolido e, na França e nos Estados Unidos, a prática passou a conquistar um número cada vez maior de adeptos.

Hahnemann e seus discípulos desenvolveram 100 substâncias curativas que, até hoje, nor-teiam os princípios básicos da Homeopatia. Ele faleceu aos 88 anos, em Paris, no dia 2 de julho de 1843. Suas ideias e estudos, no entanto, continuam sendo difundidos para diferentes gerações de pro ssionais e simpatizantes que acreditam no tratamento médico global, tratando os seres humanos por completo e não somente seus sintomas.

“O Organon de Hahnemann é a mais elevada concepção daloso a médica, cuja interpretação prática fará brotar uma fonte imensa de luz que guiará o médico por meio da Lei da Cura a um novo mundo em terapêutica”

William Boericke (médico, escritor e estudioso da Homeopatia).

Organon da Arte de Curar Versão Português Versão Alemão

Escrita em 1810 pelo Dr. Samuel Hahnemann, fundador da Homeopatia, a obra Organon da Arte de Curar aborda os fundamentos da homeopatia e faz uma dura, porém verdadeira, análise acerca da medicina de sua época, que se resumia a tratamentos alopáticos que uma ciência bem intencionada não poderia aceitar. Estes, por exemplo, partiam do pressuposto de que doenças eram causadas por substâncias ácidas e mórbidas que se alojavam no organismo, o que justi cava tratamentos traumáticos, como a aplicação de sanguessugas na pele e uso de substâncias que expulsavam os líquidos corporais.

É válido apontar que a palavra “Organon”, cujo signi cado é “instrumento” ou “ferramenta”, faz uma referência a um conjunto de obras do lósofo Aristóteles, que relaciona a loso a com a lógica. Logo, uma das mais belas intenções do livro produzido por Hahnemann é apresentar a lógica que por trás da medicina: esta se origina de um ramo da biologia, uma ciência natural baseada

em leis naturais e que, por coerência, deve tratar doenças através de métodos naturais.

Ao longo do texto, organizado em 291 parágrafos, percebe-se a falta de conhecimento que embasava a prática médica do século XIX, que mal sabia sobre anatomia, função do sangue e humores corporais, e conexão entre estados mentais, emocionais e físicos na produção dos adoecimentos. Com coragem e assertividade, Hahnemann expõe, de maneira clara, conceitos cientícos inovadores para um período tão conturbado para a medicina, capazes de mover montanhas de preconceitos e crendices acumuladas e que continuam válidos até hoje.

Para os estudiosos e interessados pela Homeopatia, essa é uma obra de cabeceira que serve como diretriz tanto para diferenciar os estudos homeopáticos verdadeiros de outras terapias quanto para conhecê-los em sua essência.

Trechos da obra que, além de tantos outros, merecem destaque:

“&1 - A única e elevada missão do médico é a de restabelecer a saúde dos pacientes, ou seja, curá-los das suas enfermidades.”

“&13 - A doença nunca deve ser encarada como entidade apartada do ser vivo, globalmente considerado. O organicismo, olvidando a força vital, é pernicioso a qualquer cura que se pretenda como de nitiva.”

“&19 - As enfermidades não são mais que alterações no estado de saúde do indivíduo, manifestadas por sinais patológicos.”

- Livraria Cultura

- Livraria Saraiva

- Estante Virtual

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Onde
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NOTÍCIAS

Brasil

Homeopatia e Legislação Brasileira

A Homeopatia chegou ao Brasil através do médico francês Benoît Jules Mure, em 1840, quando ele se dedicou a tratar escravos e outros grupos socialmente excluídos do Brasil Império. Durante a República, a Homeopatia ganhou força e conquistou guras importantes, como Monteiro Lobato e Rui Barbosa. De terapia “alternativa”, esta se desenvolveu cientí ca e politicamente até alcançar a posição de Prática Complementar, no início do século XXI, ao ser avalizada pelas políticas de saúde do governo brasileiro. Con ra algumas informações importantes acerca da Homeopatia e a legislação do país:

• A lei federal 5.991, de 17 de dezembro de 1973, estabelece que dependerá de receita médica os medicamentos homeopáticos cuja concentração de substância ativa corresponda às doses máximas farmacologicamente estabelecidas.

• As homeopatias tóxicas (restritas a médicos) e as não tóxicas (homeopatias livres) estão listadas pela ANVISA e publicadas no Diário O cial da União (RDC 139/2003 de 29/05/2003). Assim, quem tem o conhecimento da homeopatia e sabendo quais são as homeopatias livres, poderá usá-las, assumindo a responsabilidade por seus atos praticados, pois a venda e compra das homeopatias não tóxicas é livre no Brasil.

• O Ministério do Trabalho reconhece a ocupação do homeopata não médico na Classi cação Brasileira de Ocupações - CBO, instituída por portaria ministerial nº. 397, de 9 de outubro de 2002.

• O Ministério da Agricultura libera o uso da homeopatia para agricultura e pecuária, na portaria 007 de 17/01/1999.

• A Justiça Federal, em decisão válida em todo o território nacional, decidiu que a homeopatia não é uma prática exclusiva e restrita aos médicos. (PAC1.22.000.00422212002-59).

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Criadores apostam na Homeopatia para tratar doenças de animais

Em São Paulo, o sítio de Vilson Bartuira, em Limeira, abriga rebanhos de ovelhas e cabras que recebem medicamentos homeopáticos para tratar verminoses e casos de mastite ou mamite, in amações nas glândulas mamárias, causadas por microrganismos, como bactérias, que colocam em risco a saúde dos animais e a qualidade do leite.

No caso das ovelhas, que vivem soltas, a Homeopatia é administrada em um pó, misturado ao sal mineral, e aplicada quando os animais são levados para as baias, na hora da medicação.

Os cabritos, que não conseguem mamar nas mães e não se alimentam de ração, recebem as doses na mamadeira. Para eles, a medicação serve como prevenção ao stress, principalmente por viverem em con namento.

IV Congresso Nacional de Terapeutas

Com o objetivo de discutir temas importantes para a categoria de terapeutas, como a regulamentação da ocupação e a criação do Conselho Federal e Regional de Terapeutas, a Federação Nacional de Terapeutas – Fenate realizou o IV Congresso Nacional de Terapeutas, em Brasília, no Centro de Convenções da Legião da Boa Vontade - LBV. O evento aconteceu entre 8 e 10 de junho, e contou com a participação de terapeutas, autoridades e parlamentares convidados. Simultaneamente, também ocorreu o I Congresso Internacional de Terapeutas, que recebeu pro ssionais de outros países para possibilitar a troca de experiências relacionadas às atividades dos terapeutas e da legislação acerca das terapias, observando aspectos éticos, legais, administrativos, jurídicos, sociais e políticos.

Homeopatia na Agricultura é tema de curso de extensão no Paraná

A Universidade Estadual de Maringá está promovendo um curso de extensão sobre Homeopatia na Agricultura, organizado em 12 módulos. O curso é coordenado pelo professor Carlos Moacir Bonato, do Departamento de Biologia da UEM, que atua na área há pelo menos 16 anos e já possui muitos trabalhos publicados na área, além de experiência em orientação de pesquisa.

O curso ainda conta com a participação de professores convidados da Universidade de São Paulo, da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural e da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, todos com experiência comprovada na área de Homeopatia vegetal e animal. As aulas começaram em janeiro e continuarão até dezembro deste ano.

Para mais informações: cursohomeopatiauem@hotmail.com/(44)3011-5290.

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Homeopatia na ONU

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o cialmente a Homeopatia como medicina complementar desde 1978, e recomenda sua aplicação em todos os sistemas de saúde no mundo. De acordo com a Organização, cerca de 500 milhões de pessoas recebem tratamento homeopático em todo o mundo e a Homeopatia faz parte dos sistemas nacionais de saúde de vários países além do Brasil, como Chile, México, Suíça, Reino Unido, Paquistão e Índia.

A Homeopatia nos EUA

De acordo com o Instituto Nacional de Saúde, mais de 6 milhões de pessoas nos Estados Unidos usam tratamento homeopático, sobretudo, para auto atendimento de condições especí cas de saúde. Daqueles que usam homeopatia, 1 milhão são crianças e mais de 5 milhões são adultos.

Mundo

Medicamento homeopático bate recorde de vendas na França

O Oscillococcinum é um remédio produzido a partir de extratos de pato e é indicado para aliviar os sintomas da gripe, como febre, dores de cabeça, calafrios e dores no corpo. Na frança, esse medicamento homeopático foi um dos mais vendidos no ano passado. “Quando o paciente está com gripe, os médicos se vêem limitados para recomendar qualquercialista, que costuma indicar Oscillococcinum para seus pacientes por ser um remédio de baixo custo, que pode ser usado por toda a família e porque, quando ingerido nas primeiras 24 horas após o surgimento dos sintomas, oferece uma melhora considerável, e até completa, do quadro de gripe em até 48 horas.

“Se você pegar gripe na França, a primeira coisa que os médicos recomendam é Oscillococcinum",

Índia é o país que mais usa Homeopatia

Com 100 milhões de pessoas dependendo unicamente de medicamentos homeopáticos para tratamentos médicos, a Índia lidera o ranking de número de pessoas que utilizam a Homeopatia no mundo. Para o médico Kasim Chimthanawala, presidente da Academia Nacional de Homeopatia da Índia, a principal vantagem do tratamento homeopático é que “ele trabalha para fortalecer o organismo do paciente, motivando-o a tratar de si mesmo para se defender da doença”. “Não são os vírus que estão cando mais fortes, são as pessoas que estão cando mais fracas por causa das falhas no sistema imunológico. Por isso, a prioridade da Homeopatia é fortalecê-lo.”, a rmou durante um workshop na cidade de Nagpur, no dia 12 de junho deste ano. Atualmente, a Índia conta com 200 mil médicos homeopatas registrados e forma cerca de 12 mil novos pro ssionais por ano.

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A Homeopatia muda a vida de diversas pessoas, todos os dias, em cada cantinho do Brasil e do mundo. Nesta seção é possível conhecer de perto algumas histórias de quem buscou tratamento através de medicamentos homeopáticos e observou mudanças signi cativas na própria saúde, e, também, na de familiares e outras pessoas próximas.

José Marcos Soares, 37 anos, residente em Águas Claras (Distrito Federal

Apesar de ser lho de médico (anestesista, especialista em drogas), ouvi desde criança que deveria evitar remédios e resistir um pouco para que o organismo conseguisse reagir. Sofria desde criança com enxaquecas e crises de cálculos renais, a ponto de fazer duas cirurgias para a extração das “pedras”. Há pouco mais de sete meses, eu fui levado, por minha esposa (que já era paciente) à Homeopatia, que começou

tratando meu problema renal para, depois, tratar enxaqueca, ansiedade, sistema imunológico e até pré e pós-cirúrgico. O tratamento homeopático perpassa um autoconhecimento físico e psicológico muito importante, o que tem me dado um resultado super positivo, chegando ao ponto de passar a incluir o investimento no tratamento homeopático no orçamento familiar mensal.

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“Sempre que posso, faço opção pelo tratamento homeopático ou, em casos mais especí cos, uso a Homeopatia junto com a Alopatia. Eu conheci a Homeopatia por indicação da pediatra de uma de minhas lhas, que era também homeopata. Eu não conhecia bem o tratamento, só ouvia falar, sabia que alguns colegas e alunos meus usavam esse tipo de medicamento e comprava de vez em quando algumas fórmulas prontas. Observando que a Homeopatia era melhor para a minha lha, comecei a me aprofundar mais para entender o que era e como funcionava. Desde então, recorro ao tratamento para prevenir doenças, além de ver vantagens em questões de custo-benefício, de poder contar com tratamentos que não são agressivos ao organismo e com o fato de os medicamentos homeopáticos serem mais personalizados. As possibilidades de tratamento

Federal)

são ainda maiores do que eu achava antes. Na Homeopatia é possível fazer ajustes de medicamentos observando o temperamento das pessoas, o meio onde elas vivem, a in uência da família e questões mentais também. O que mais me encanta é a possibilidade de o organismo se fortalecer e ter condições de cura porque, às vezes, quando se usa medicações tradicionais, você se vicia ou sente que elas param de fazer efeito a partir de um certo ponto. A abordagem do pro ssional que te atende como homeopata também é diferente porque ele indica um medicamento depois que conhece a pessoa. Isso é importante. Às vezes eu me pergunto por que não existem mais informações disponíveis de forma mais ampla sobre a Homeopatia. Eu acho que o acesso a ela deveria ser mais democrático e facilitado para toda a população.”

Con ra a próxima edição para apreciar mais depoimentos. Caso deseje enviar o seu, entre em contato através do e-mail: homeopatascentrooeste@gmail.com.

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Luciana Guimarães, 45 anos, residente em Vicente Pires (Distrito

Usos e aplicações da Homeopatia na vida cotidiana

Ao iniciar a busca por tatamento homeopático, é muito comum os interessados perguntarem: Mas homeopatia trata dor de cabeça? Problemas psiquiátricos? Serve para dor de dente, senilidade, traumas graves como uma fratura exposta? Em uma cirurgia, é possível utilizá-la? Já ouvi falar que posso dar homeopatia para meu aninal de estimação... Isso é verdade?

A nal, como essas gotinhas e “bolinhas” (os glóbulos) podem nos ajudar?

Para responder a essas perguntas, necessariamente precisamos dizer sim e não. Sim, porque todos os males humanos podem ser tratados pela abordagem homeopática, tanto como opção única quanto como apoio, complemento à medicina tradicional. E não porque, em homeopatia, não se tratam doenças, mas os doentes.

No entanto, é preciso considerar que a maioria das pessoas procura terapias

não como algo preventivo, mas sim após a instalação física de um mal estar, e as queixas costumam se iniciar por algum sintoma bem incômodo, que afeta alguma área vital para o indivíduo, tal como a locomoção, o sono, a digestão, problemas na pele, na visão, e assim por diante. Dessa forma, também é comum iniciar o tratamento com foco nesse mal estar e evoluir o tratamento para outras áreas, pois, como nenhum medicamento homeopático age apenas em um ponto exclusivo do corpo, a saúde como um todo começa a melhorar, às vezes imperceptivelmente, em curto prazo, mas com ganhos signi cativos, ao longo do tempo de tratamento.

Da mesma forma que ajuda seres humanos, a abordagem homeopática também pode ser aplicada no solo e na água, para puri car e nutrir, em plantas e animais, para melhorar sua saúde, seu desenvolvimento e sua beleza, seja para prevenir ou para curar

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um determinado mal: fungos, pragas, fraqueza, estados agudos e crônicos das mais diversas naturezas.

Crianças (mesmo antes de nascerem) podem ser auxiliadas e ter saúde equilibrada durante a primeira e a segunda infância, época em que se formam as defesas imunológicas, e receber auxílio para vencerem os desa os da idade escolar; adolescentes podem se bene ciar dos remédios homeopáticos para harmonizarem as mudanças hormonais e o comportamento, que pode se tornar bastante instável nesse período, além de contribuir para a melhoria de problemas como a acne. Adultos podem e devem ser tratados em seus problemas especícos, tais como a enxaqueca, a hipertensão, o diabetes, a TPM, dores diversas e insônia. Já os idosos podem ter sua saúde física, mental e emocional amparada pelos medicamentos homeopáticos, estacionando e/ou revertendo processos de perda celular

e melhorando sua própria qualidade de vida, além das de seus familiares e cuidadores.

A homeopatia também pode ser utilizada com sucesso para tratar males pro ssionais dos mais variados: pode auxiliar a desintoxicar pintores, técnicos de conserto de eletrodomésticos, trabalhadores do ramo de mineração e combustíveis; contribui para a melhoria da circulação de quem permanece longo tempo sentado ou de pé; oferece apoio à proteção da voz de quem precisa falar muito; colabora para aumentar a imunidade de quem opera em condições insalubres, entre outros.

Graças a essa imensa gama de aplicações homeopáticas, nesta seção, a cada número, vamos detalhar um desses aspectos, esperando contribuir, dessa forma, para uma melhor compreensão da Ciência da Homeopatia como um todo.

Homeopatia: O que é e como funciona?

No mundo, a Homeopatia tem mais de 200 anos de história. Já no Brasil, o método terapêutico é reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina desde 1980 e, desde então, vem conquistando seu espaço tanto entre quem busca tratamentos naturais para curar doenças, quanto entre pro ssionais que encontram nele uma forma humanizada de interferir, de maneira positiva, na saúde dos seres humanos. Para entender melhor o que é e como funciona a Homeopatia, con ra a entrevista que realizamos com a médica especialista em Homeopatia, Acupuntura e Patologia Clínica, Aldenice Cousseiro de Carvalho Filha (66 anos).

REH: O que é Homeopatia?

ACCF: A Homeopatia atua através de estímulos energéticos que são desencadeados pelos medicamentos homeopáticos para restabelecer a energia vital dos pacientes. Ela é orientada por quatro princípios: a lei dos semelhantes, experimentação na pessoa sadia (patogenesia), doses in nitesimais (muito diluídas) e medicamento único. A lei dos semelhantes estabelece que uma doença especí ca pode ser curada com uma substância que é capaz de reproduzir os mesmos sintomas dessa doença em um paciente saudável. Ou seja, se ela causar mal a alguém que esteja sadio, ela vai poder curar alguém doente. Por exemplo, se um veneno vai produzir vômitos em uma pessoa sadia, a versão homeopática diluída desse mesmo veneno pode tratar pacientes que sofrem de vômitos recorrentes.

Já as doses in nitesimais consistem na diluição de um medicamento, e na agitação dele, chamada de dinamização, para despertar as propriedades latentes nele.

REH: Quais são as principais diferenças entre a Homeopatia e a Alopatia?

ACCF: A Homeopatia vê o paciente em sua totalidade, em vez de dividi-lo em sistemas, e o trata estudando e analisando seus sintomas. A alopatia, por sua vez, suprime sintomas e trata órgãos especí cos.

REH: Como são estudados e desenvolvidos os medicamentos homeopáticos?

ACCF: Os medicamentos homeopáticos são estudados e aplicados buscando dar uma melhor qualidade de vida aos pacientes. Vamos exempli car: Se existe uma febre, eu devo indicar um medicamento que causou febre em um paciente sadio. Essa é a aplicação da expressão “Similia similibus curentur” (“Os semelhantes curam os semelhantes”), uma das bases da Homeopatia que, na prática, signi ca que as doenças são curadas por remédios que produzem efeitos semelhantes aos das próprias doenças. Hipócrates, pai da Medicina, já a rmava isso. Para tratar uma febre na Alopatia se usa um medicamento que suprime esse sintoma, como um antitérmico, por exemplo. Os medicamentos homeopáticos são desenvolvidos a partir de vegetais, sais e venenos de animais, em diversas potências.

REH: Qual é a importância da Homeopatia em tratamentos de saúde?

ACCF: A Homeopatia pode ser usada, de maneira geral, para qualquer problema de saúde, sejam emocionais, digestivos, ginecológicos, dermatológicos, respiratórios e, também, em casos de alergias, infecções gerais e até bacterianas. Ela é muito importante porque não suprime os sintomas apresentados pelos pacientes e também aumenta a imunidade celular. Além disso, ela é e caz e mais acessível do ponto de vista nanceiro. No entanto, doenças mais características como diabetes e câncer não devem ser tratadas apenas com Homeopatia, embora seja possível usar os medicamentos homeopáticos para aumentar a resistência dos pacientes e abreviar o tempo de recuperação.

REH: O tratamento homeopático ainda sofre preconceitos no Brasil?

ACCF: A prática foi reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina do país há um pouco mais de 30 anos, então, sim, principalmente entre alguns colegas médicos que desconhecem seus princípios e defendem que “Homeopatia é placebo”. Contudo, já avançamos muito. Hoje em dia, hospitais da rede pública, como o Hospital Regional da Asa Norte - HRAN, no Distrito Federal, já oferecem atendimento homeopático em suas unidades, assim como em vários postos de saúde.

REH: Em quais casos a senhora indicaria o tratamento homeopático?

ACCF: Em diversos casos, se não todos. Até mesmo às vésperas de uma cirurgia e durante o processo pós-cirúrgico a Homeopatia faz diferença. Nesses casos, por exemplo, o medicamento Arnica Montana evita in amação e aumenta a imunidade celular, questões essenciais para restabelecer a saúde do paciente.

REH: Alguns cientistas dizem que a homeopatia não possui embasamento cientí co ou explicação cientí ca. Qual é a sua opinião sobre isso?

ACCF: Quem assim se posiciona não conhece os fundamentos da Homeopatia. Não devemos esquecer de que o médico alemão Samuel Hahnemann, seu fundador, provou, através de seus estudos e experimentos, que a Patogenesia (experimentação nos pacientes sãos) e todas as outras bases da Homeopatia, como os processos de diluição e dinamização, são uma realidade e não uma questão de opinião ou de “achismo”. Só se deve criticar aquilo que se conhece.

REH: Quais dicas você daria para pessoas que procuram tanto homeopatas quanto farmácias homeopáticas conáveis?

ACCF:Uma boa dica para evitar fraudes é não acreditar em propagandas enganosas, que prometem resultados muito bons e muito rápidos, e veri car se o homeopata que orienta o tratamento realmente tem conhecimento e pratica adequadamente a homeopatia.

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HOMEOPATIA TAMBÉM É CIÊNCIA

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Arnica: Um santo remédio

Usada desde a Idade Média para curar feridas, inclusive em animais, a Arnica, ou Arnica Montana, é uma planta comum nas altas montanhas da Europa, na Sibéria e na América do Norte, crescendo às bordas de pradarias e em terrenos silicosos e úmidos. Como está sempre exposta a muito sol, frio, vento e agitações contínuas, a Arnica apresenta várias cicatrizes e desenvolve grande resistência a choques sucessivos. Não é à toa que suas propriedades curativas combatem situações dolorosas, seja do ponto de vista físico ou do emocional, sendo muito apropriada às pessoas que têm as chamadas “vidas difíceis”, com choques e traumas sucessivos, por vezes em curto espaço de tempo.

Com mais de 30 espécies, que apresentam cores e estruturas diferentes, entre elas a Arnica-Brasileira, encontrada em Minas Gerais e no interior de São Paulo e do Goiás; a Arnica Fulgens e o Tabaco-das-Montanhas, essa erva é um importante policresto homeopático, ou seja, um remédio apropriado para muitas situações. Seus efeitos analgésicos, anti-in amatórios, cicatrizantes e antissépticos servem tanto para aliviar e reduzir inchaços, feridas e picadas de inseto quanto para traumas físicos, mentais e emocionais. Por isso, a Arnica é a primeira ho-

meopatia receitada no caso de catástrofes com pessoas, animais ou plantas, e, também, quando acontecem torções, escoriações, cirurgias e ebite super cial. Junto com Hypericum (que trata mais os lamentos nervosos) e Symphitum (mais ligado aos problemas ósseos), compõe o chamado “Trio do Trauma”, contribuindo para o restabelecimento mais rápido do corpo e para a rearmonização mental e emocional.

No Brasil, a planta ganhou diversos nomes, entre eles Arnica-da-Orta, Arnica-do-Brasil, Erva-Federal, Espiga-de-Ouro, Flecha, Lenceta, Macela-Miúda e Sapé-Macho. É possível encontrá-la como pomada, gel, tintura-mãe, medicamento homeopático e chá, mas não se deve começar a usá-la para resolver qualquer dor de cabeça, pois, apesar de ser um medicamento natural, a planta é hepatotóxica. Por isso, se usada de forma excessiva, ou na diluição inadequada, pode causar danos sérios ao fígado. Além disso, não se deve aplicá-la em feridas abertas ou regiões mucosas, como boca, olhos e nariz.

Para realmente usá-la a favor da sua saúde, procure o acompanhamento de um pro ssional de toterapia e/ou homeopatia con ável e não caia nas armadilhas da automedicação.

Terapeuta: Abrão Matias, Goiânia

Paciente: mulher, negra, 73 anos, solteira, nunca casou

Primeira consulta: maio de 2016

Motivo da consulta: Foi vista pelo terapeuta em uma rua da cidade de Goiânia, com uma grande lesão na perna.

Foi levada à consulta formal e identi cado o seguinte histórico:

• Tirou mioma, sofre de: hérnia de disco, erisipela, pressão alta, está perdendo a visão; insônia por sentir muitas dores na perna por causa de uma grande ferida que tem há mais 3 anos, e por car remoendo pensamentos ruins. Tem varizes e erisipela; caminha com muita di culdade.

• Há vários casos de câncer na família; morreram a mãe e uma irmã com essa doença.

• (Chorou quando falou dos membros da família que morreram de câncer.)

• Noite atribulada; não consegue descanso para o cérebro; abafamento na garganta; não consegue engolir.

• Problemas circulatórios, fez cirurgia nas pernas.

• Dores de cabeça pulsantes.

• Se car nervosa, coloca sangue pelo nariz.

• Remói tristeza, tem medo do abandono.

• Sente muita falta da mãe e dos irmãos.

• Está criando duas crianças, mesmo com todas as suas di culdades.

• Chora por qualquer motivo, sente muita tristeza.

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PRIMEIRA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA:

• Tintura de calêndula (para banho diário da ferida)

• Mercurius 6ch

• Echinacea 6ch

SEGUNDA CONSULTA: 20 de junho de 2016

• Sente muita saudade dos irmãos, esta só por causa da retirada de 2 crianças que ela estava criando.

• Solidão muito forte; está vivendo com ajuda dos vizinhos.

• As dores das pernas melhoraram muito, mas as feridas ainda não tinham sido curadas.

SEGUNDA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA:

• Tintura de calêndula (para banho da ferida)

• Mercurius 7ch

• Echinacea 7ch

TERCEIRA CONSULTA: 22 de julho 2016

• Teve muita melhora, ainda sente muita tristeza e falta dos parentes que faleceram de câncer.

• Vive sob pressão da única irmã que está viva e quer colocá-la no asilo para vender seu imóvel.

• Apesar dessa pressão, o sono melhorou, há muito tempo não dormia tão bem.

• A ferida já estava quase fechada.

TERCEIRA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA

• Tintura de calêndula (para banho da ferida)

• Natrum muriaticum 9ch

• Echinacea 8ch

QUARTA CONSULTA: 18 DE agosto 2016

• O sono está bom, as dores nas pernas foram bem aliviadas, pois era o que mais a deixava incomodada. Tomava remédios alopáticos, mas não estava tendo resultado.

• As feridas estavam totalmente curadas, até a cor das pernas melhorou. Em vez de vermelho escuro, arroxeadas, estavam vermelho mais claro, indicando mais oxigenação.

• Ela está mais feliz, mas ainda muito saudosa com a falta dos parentes, embora já consiga falar deles sem chorar.

QUARTA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA

• uya 9ch

• Matrum muriaticum 12ch

• Passi ora 30ch

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ANTES DO TRATAMENTO DEPOIS DO TRATAMENTO

Artigo: Florais de Bach e Homeopatias no Tratamento do Autismo Infantil: Parceria de Harmonização

Sheila da Costa Oliveira

RESUMO

O presente trabalho objetiva apresentar os resultados terapêuticos positivos obtidos com a associação de orais de Bach e medicamentos homeopáticos no tratamento do autismo infantil. Foi acompanhada apenas com orais e homeopatia, em encontros mensais, de dezembro de 2014 a junho de 2017, uma criança sexo masculino (de 8 a 10 anos), durante 30 meses, com melhora signi cativa da interação familiar e social, da clareza mental e da expressão oral e escrita, quando, alopaticamente, já não havia mais intervenções possíveis. O acompanhamento continua e a criança está agora sendo preparada para entrar em classe de educação inclusiva.

PALAVRAS CHAVES

Combinação de terapias complementares, Autismo infantil, Educação inclusiva.

ABSTRACT

is paper presents the positive therapeutic results obtained with the combination of Bach ower remedies and homeopathic medicines in the treatment of infantile autism. It was accompanied only with oral and homeopathy, in monthly meetings from December 2014 to June 2017, a child male aged 8-10 years/30 months with signi cant improvement of familiar and social interactions, mental clarity and oral and written expression, when, allopathically, there was no longer possible interventions. e monitoring continues and the child is now being prepared to enter into inclusive educational class.

KEY-WORDS

Complementary therapies combination. Infantile autism. Inclusive education.

1Artigo apresentado na IV Jornada Cientí ca do Hospital de Medicina Alternativa de Goiânia, em 2015, e atualizado com os dados de 2016/17.

2Terapeuta oral há 13 anos e estudante/praticante da homeopatia há 4 anos. Egressa certi cada do curso de Homeopatia para não médicos da Universidade Federal de Viçosa. Professora doutora e pesquisadora da Universidade Católica de Brasília.

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INTRODUÇÃO

O autismo, objeto de estudos médicos relativamente recentes – os primeiros registrados indicam a década de 1960 como origem - pode ser genericamente de nido como uma “disfunção de desenvolvimento”, a qual pode alterar o modo de comunicação da pessoa, o seu modo de estabelecer contatos e relações afetivas de amizade e o próprio comportamento, causando problemas vários, ou síndromes, conhecidas por TGD: transtorno global do desenvolvimento. É estudado pela medicina (neurologia, psiquiatria) pela nutrição e pela psicologia, bem como psicopedagogia, pedagogia e também pelas terapias complementares, com diferentes abordagens.

Segundo vários autores da área médica e psicológica responsáveis pelos estudos da ASA - AUTISM SOCIETY OF AMERICA (2008), existem classi cados três grandes tipos de Transtorno do Espectro de Autismo (TEA):

1. Transtorno Autista ou autismo "clássico", que leva a atrasos de linguagem signicativos, aumentando os desaos sociais e de comunicação e conduz a comportamentos incomuns e, com frequência, a de ciências intelectuais.

Conjunto de sintomas mais leves do transtorno autista. Nesse grupo, os autistas podem apresentar desa os de socialização, comportamentos e interesses incomuns, sem, no entanto, mostrarem problemas com a linguagem ou de ciência intelectual.

3. Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, ou "autismo atípico", que caracteriza pessoas que parecem se desenvolver normalmente até cerca de 18 a 24 meses de idade e depois param de ganhar novas habilidades, ou perdem as que já haviam desenvolvido. Ainda segundo a ASA, indivíduos diagnosticados como autistas usualmente apresentam pelo menos metade das características mostradas na Figura 1 a seguir, e os sintomas se manifestam desde suas formas mais brandas até as mais severas. A observação cuidadosa ainda é o mais importante meio de diagnóstico, pois, embora o transtorno autista possa vir associado a diversos problemas neurológicos e/ou neuroquímicos, não existe ainda nenhum exame especí co para detectá-lo, e qualquer resultado laboratorial e/ou de imagem precisa ser complementado pela observação.

Características do autismo

Fonte: http://www.culturamix.com/saude/doencas/o-que-e-autismo. Acesso em 02/11/2015

Figura I: 2. Síndrome de Asperger

Trabalhando um pouco mais com dados o ciais, percebe-se que o autismo representa hoje uma das grandes inquietações da saúde, em especial da neuropediatria, da psicologia e da pedagogia infantis, pois estão registrados até 2014 no mundo, pela OMS (Organização Mundial da Saúde), 70 milhões de casos da síndrome. No Brasil, segundo o Projeto Autismo, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (2012), Universidade de São Paulo, esses números chegam a ser estimados em 2 milhões, ou seja, aproximadamente 1,0% da população brasileira. Além desses expressivos números, também é preciso ressaltar que, também de acordo com informações da OMS, o autismo chega a ser mais comum em crianças que o câncer, o diabetes e a AIDS, em conjunto.

O CDC – Centro de Controle e Prevenção de Doenças – dos Estados Unidos da América divulgou o alarmante número de uma criança com autismo para cada 50 em fase escolar, nas idades entre 6 e 17 anos, o que totaliza uma incidência de 2,0%. Tendo em vista essas estatísticas, a ONU criou em 2007 uma data mundial para discussão do tema e conscientização da sociedade, colocando no ar a primeira campanha em 2/abril/2008. Desde então, anualmente, nesse mesmo dia do lançamento da primeira campanha, os governos envolvidos no programa fazem com que pontos estratégicos dos países signatários se iluminem de azul, em sinal da luta pelo m do autismo e pelo amparo a portadores da síndrome e seus familiares.

Em tempos como o que vivemos agora, em que as terapias complementares ganham, mesmo que pouco a pouco, mais terreno no imaginário, na legislação e na prática terapêutica em todo o mundo , divulgar estudos a respeito desse tema representa possibilidades de avanço no diagnóstico e na intervenção precoce dos casos identi cados, de modo a minimizar desconfortos e trabalhar pela harmonização individual, familiar e social do autista, ajudando igualmente a combater os estigmas da incurabilidade, do preconceito e da segregação.

Nas abordagens tradicionais, não se dispõe ainda de cura medicamentosa para o autismo, mas indica-se um conjunto de intervenções terapêuticas em busca do alívio de sintomas e de melhorias no desenvolvimento, tais como a estimulação precoce adequada para cada caso e feita de forma continuada, contemplando as 3 áreas principais de caracterização da síndrome: a interação social, a comunicação e os interesses e atividades; a terapia familiar; a terapia ocupacional; a psicoterapia e a intervenção medicamentosa.

A intervenção deve ser organizada e estruturada de forma progressiva, orientada por médicos/terapeutas especializados e incluir os pais e, de preferência, toda a rede de apoio (avós, irmãos, babás, professores etc.). Normalmente, essas intervenções englobam atividades que realizam treino de integração sensorial, terapia da fala e treino de competências sociais, buscando

evitar ou minimizar o isolamento e deterioração social. Também se recomenda a terapia familiar para ajudar a família a desenvolver estratégias de enfrentamento dos desa os de conviver com uma criança autista, instrumentalizando-a para as ações adequadas.

Farmacologicamente, nenhum medicamento até agora demonstrou alterar a história natural da doença, embora muitas substâncias utilizadas mostrem-se úteis no controle de sintomas especícos, como a ansiedade, a hiperatividade, as estereotipias, a agressividade, os transtornos obsessivos, a depressão ou as perturbações do sono, sendo a antidepressiva a mais frequentemente utilizada, correspondendo a 32,1% das medicações utilizadas (OMS, 2012).

Dentre essas drogas alopáticas, destacam-se os inibidores seletivos da recaptação da serotonina, tais como a uoxetina e os antipsicóticos. Ambos os grupos medicamentosos têm contribuído para a obtenção de melhorias em termos de linguagem, socialização e estereotipias, assim como no controle de perturbações comportamentais graves. São usados também medicamentos estimulantes para tratar a perturbação de hiperatividade com dé cit de atenção, sendo, por vezes, e cazes na diminuição dos sintomas característicos desses aspectos.

Apesar de todos os problemas de desenvolvimento, pessoas com perturbações do espectro autista têm uma expectativa média de vida muito semelhante à da po-

pulação geral, e seguem vivendo, quase sempre, com dé cits de autonomia, funcionalidade e integração social na vida adulta, muitas vezes por serem considerados incuráveis, principalmente pela própria família. Essa di culdade para viver a vida cotidiana pode agravar os sintomas do TEA, levando à diminuição da quantidade de anos de vida de cada autista. Alguns especialistas acreditam inclusive que o prognóstico sofre variações principalmente (i) pela quantidade de linguagem que a criança adquiriu até aos 7 anos de idade; (ii) pela capacidade cognitiva da criança e (iii) pela presença/ausência de co-morbilidades (OMS, 2012).

Observando as possibilidades de compreensão e intervenção das terapias complementares em casos de TEA, constata-se que há muitas diferenças. Primeiramente, como se trata de intervenções que visam potencializar o sujeito em tratamento, não se declara desde o início a incurabilidade, mesmo considerando sua possível causa genética, aparentemente irremovível. Logo em seguida, sai-se de protocolos automáticos e padronizados para buscar entender o sujeito adoecido e procurando oferecer a ele tudo o que seja possível para restaurar o equilíbrio de sua energia vital. Entende-se, no contexto dessas abordagens mais holísticas, que, tanto biológica quanto culturalmente, constituições genéticas equivalentes dão resultados bem diferentes, de acordo com as condições psicossociais a que são submetidas. Compreende-se

também que o mesmo efeito –autismo – pode ser resultado de causas múltiplas, o que contribui também para desculpabilizar os pais, os quais se sentem responsáveis pelo “distúrbio genético” manifestado no lho. Esse, inclusive, é um dos grandes motivos de desarmonia e separação familiar dos casais que identi cam umlho autista.

No contexto das terapias complementares, já foi até mesmo dito que 70% dos casos ocorrem por intoxicação vacinal, 25% por medicação indevida e somente 5% por causas genéticas (estouautista, 2014). A partir daí, desenvolveu-se uma terapia chamada CEASE, (sigla inglesa de Complete Elimination of Autistic Spectrum Expression – Eliminação Completa dos Sintomas do Espectro do Autismo) que busca desintoxicar a criança dos remédios e químicas que os pais utilizaram, pelo menos 5 anos antes de as crianças nascerem.

A terapia CEASE é ainda pouco conhecida no Brasil, mas está bastante conhecida na Europa, nos EUA e no restante do mundo, e é um tratamento homeopático criado pelo homeopata holandês Tinus Smits, que observou vários casos de progresso com tratamento unicista, mas que depois acabavam estacionando e até mesmo voltando a regredir. Smits formulou então a hipótese de o acúmulo de vacinas e antibióticos estar bloqueando a ação dos remédios homeopáticos, ou de ser o verdadeiro causador dos problemas apresentados, quer seja pela

nocividade de seus ingredientes ou pela injeção dos diversos vírus na corrente sanguínea, muitas vezes ao mesmo tempo. Para testar a hipótese, fez o experimento de dar às crianças do grupo de controle todas as vacinas e os antibióticos ingeridos ao longo da vida, em formato homeopático. Os resultados surpreenderam muito, sendo a cura obtida em 80% das crianças incluídas no corpus de teste. No entanto, existe o inconveniente de precisar se lembrar de todas as substâncias ingeridas, o que não se mostrou possível em praticamente todos os casos: ou as pessoas não se lembravam ou tinham memórias adulteradas dessas informações, o que levava a equívocos diversos, inclusive à piora de um ou outro sintoma.

Outro fator interessante de observação no contexto do tratamento do autismo por meio de terapias complementares é o fato de que o problema é considerado sério demais para que uma abordagem ainda não consolidada no imaginário popular seja buscada com frequência. Por isso, ao receber o diagnóstico de autismo e o prognóstico de incurabilidade, a quase totalidade das famílias se resigna, buscando conviver paci camente com o problema que se instala, muitas vezes sem o conseguir. Considerando todo esse contexto, o presente trabalho objetiva apresentar os resultados terapêuticos positivos obtidos com a associação de orais de Bach e medicamentos homeopáticos no tratamento de um caso de autismo infantil.

METODOLOGIA

Rea rmando o fato de que o autismo se manifesta diferentemente em cada indivíduo, embora os traços em comum que permitem identi ca-lo como portador de uma síndrome, a metodologia aqui adotada foi por excelência qualitativa e progressiva, buscando atender ao indivíduo e suas necessidades, passo a passo.

Ao receber o convite para acompanhar homeopaticamente essa criança, um menino de 8 anos na época, e agora com 10, iniciei estudos mais aprofundados sobre o tema do autismo, incluindo leituras, vídeos e entrevistas presenciais com especialistas da área – médicos, psicólogos e terapeutas diversos – e também conversas com familiares e educadores de outros autistas.

Foram 10 dias de leituras intensas e variadas, até que, pela imensa controvérsia que envolve a identi cação sintomatológica e as possibilidades de terapia, resolvi pensar loso camente a questão: trata-se de indivíduos presos a um contexto de isolamento, escondidos em si mesmos, sem conseguir encontrar uma saída dessa “caverna”, onde foram buscar segurança e proteção (se movidos pelo medo e pela insegurança) ou, então, exclusividade (se movidos pela arrogância). Há diversos relatos de casos onde as duas emocionalidades aparecem como traço comportamental bastante comum em autistas.

Reestudei então a matéria médica de vários policrestos homeopáticos relacionados a esses núcleos, e também os ligados ao desenvolvimento físico-emocional, como as calcáreas, bem como os orais ligados ao medo, à arrogância, ao desânimo e ao desespero, e aguardei o primeiro atendimento para saber que decisões tomar, mas partindo do seguinte pressuposto: desintoxicar, harmonizar, estimular, potencializar, sendo este o eixo terapêutico eleito para este caso.

Identi cação clínica:

Uma criança do sexo masculino, oito anos, terceiro lho da mãe, único do segundo casamento, aqui referenciado como AA, portador da síndrome de Asperger. Diagnosticado aos 18 meses. Em acompanhamento com o neuropediatra desde então, o qual, após sete anos de tratamento, declarou não ter mais alternativas e solicitou a busca de terapias alternativas. Devido a essa indicação, a mãe procurou o atendimento homeopático.

Matriculado e frequentando a escola especial desde 3 anos.

Não fala, apenas emite sons vocálicos ou consonantais, mas em tons diferenciados para medo, raiva, tristeza e alegria.

Não para de se movimentar, como no transtorno de hiperatividade; mesmo ao dormir, mexe-se na cama o tempo todo.

Executa pequenas tarefas – guardar o calçado, comer e beber com a própria mão, banhar-se e vestir-se, apenas com supervisão.

Os pais e demais familiares precisam acompanhá-lo o tempo todo pela casa, para evitar acidentes e crises.

Não obedece a comandos verbais, precisando ser tocado para mudar de direção e/ ou comportamento. Mas, logo após o toque, manifesta desagrado e refugia-se no próprio quarto.

Não aceita mudanças no cardápio: cospe alimentos e bebidas que não lhe agradam e larga toda a refeição, caso encontre algo que não seja de sua preferência.

O intestino não funciona bem, apresentando evacuações apenas a cada 3 ou quatro dias.

Está com 8 quilos acima do peso apropriado para a idade e apresenta o abdômen proeminente.

Na escola, tem professora exclusiva. Agita-se se colocam outra criança junto com ele.

Escolhas medicamentosas

Precisa de formas de madeira para traçar desenhos e letras.

Não busca atividade de leitura e escrita por iniciativa própria.

Assiste ao mesmo programa várias vezes, e por isso prefere o DVD, pois chora e se desestabiliza quando não consegue repetir o programa quando esse acaba na TV.

Não aceita cuidados além dos da mãe, e esta precisa se submeter a uma cirurgia de recuperação longa, sendo este também um dos motivos pela busca da abordagem homeopática: ajudar na aceitação de novos cuidadores, tanto para facilitar o repouso da mãe nas atividades cotidianas, bem como sua preparação adequada para a intervenção cirúrgica.

Todo processo de decisão é, primordialmente, um processo interpretativo que envole alto grau de subjetividade. Tomamos decisões com base no que compreendemos e deixamos de compreender, como base no que conhecemos e desconhecemos, nas conexões que fazemos ou não entre fatos, cenários e personagens.

Na decisão terapêutica ocorre o mesmo. Com base no que foi dado a conhecer ao terapeuta, e levando em conta sua experiência e capacidade de conectar informações, as decisões são tomadas, e não há como avaliar sua e cácia se não pela observação dos resultados, a qual dá suporte a novas decisões. Por isso, é muito comum que o mesmo caso terapêutico receba encaminhamentos diferentes, quando analisado por diferentes sujeitos. Também por isso, é aceitável e mesmo esperado que outros raciocínios possam ser aplicados a este estudo, pois partirão de pontos de vista únicos e insubstituíveis. Há, no entanto, no caminho escolhido, elementos genéricos o su ciente para serem aplicados a casos diferentes, bem como especi cidades que atendem às idiossincrasias individuais, sistemática que apresento a partir de agora:

1. uya occidentalis, CH 5: A escolha desse medicamento se deu especialmente por três motivos:

a. A criança autista é muito medicada quimicamente, e por isso pode apresentar tendência forte para a retenção de fezes, o que, inclusive, é considerado um dos fatores agravantes do seu estado mental, conforme visto na introdução. Essa retenção ocorre, além de pelos fatores medicamentosos, por vícios e de ciências alimentares, pois o autista tem di culdade para modi car rotinas e experimentar algo novo, o que se retrata também nos seus hábitos alimentares, que tendem à repetição, sem contemplar toda a gama nutricional necessária. uya faz essa desintoxicação, liberando o intestino e outros órgãos da sobrecarga de anos de medicamento, limpando as paredes e vilosidades intestinais e fazendo com que a criança comece suas interações mais regulares com o meio por meio da defecação. Ao mesmo tempo, limpa também dos excessos vacinais, contribuindo para a desobstrução das vias eliminatórias e limpando o miasma da sicose. Paralelemente a esse efeito, aumenta também a clareza mental e reduz a tendência controladora que muitas vezes o comportamento autista revela.

b. Como o autista não tem livre o canal da expressão oral, corporal e escrita, seu processo de retenção psíquica e emocional é muito grande. É como se ele fosse um grande depósito abarrotado, muitas vezes prestes a explodir, e essas explosões podem mostrar-se nos gritos, nas crises de pânico e na repetição prolongada dos movimentos repetitivos, quando ocorrem movimentos externos considerados por ele como “invasões”. Essa sicose psíquica e emocional também é atenuada

pela uya, como o grande antisicótico homeopático.

c. A uya possibilita a revelação do que estava escondido, sendo um grande remédio quando se procura a verdade. A retenção é revelada à revelia da consciência, pois aparece nas “anormalidades tissulares”: verrugas, pólipos, cistos, quistos, tumores, endurações no geral, que a consciência lamenta, mas que só apareceram porque o enfrentamento não se deu de outra forma. Olhando o fenômeno autismo por esse ângulo, pode-se a rmar que a criança autista está, por assim dizer, escondida, fechada em um mundo protegido, do qual teme ou não quer afastar-se. Sua verdade está circunscrita à sua percepção, já que não consegue comunicá-la aos circunstantes. Paralelamente a isso, muito frequentemente a verdade familiar também permanece incomunicada, pois pais e irmãos tendem a ngir aceitação do fato de que um autista compõe o grupo, o que pode levar a um acúmulo indeclarado de frustrações, raivas e tristezas, contaminando o contexto e as relações. Por conta disso, foi feita a escolha da uya como medicamento primeiro, e não apenas para a criança: também para os pais. A mãe, inclusive, mostrava vários sinais de intoxicação mental, emocional e medicamentosa, con rmando-as durante o primeiro atendimento, e complementou relatando as do marido, que cou cuidando do lho enquanto a mãe participava da entrevista terapêutica. (LATHOUD, 2009; BRUNINI, 2008; MORENO, 2009)

2. Calcarea carbonica CH 5: sendo um medicamento constitucional, a calcarea

foi introduzida para equilibrar o metabolismo como um todo. AA, inclusive, apresentava os sinais físicos clássicos que remetem a esse medicamento: silhueta, mãos, rosto e dedos quadrados, estando mais de 8 quilos acima do peso previsto para a idade. Além disso, como o autismo também está atrelado a falhas no desenvolvimento infantil, a calcarea contribuiria igualmente para preencher essas lacunas, harmonizando-o como um todo. Como ingrediente de fundo, essa calcarea trabalha também a questão do medo, considerado também um dos fatores de instauração e consolidação do autismo.

(LATHOUD, 2009; BRUNINI, 2008; MORENO, 2009)

Foi parte do processo decisório iniciar com baixas diluições em CH: 5, 6, 7, 8, 10,12, como num “convite à saída”, simulando um passo a passo que, pouco a pouco trouxesse AA “para fora da caverna”.

3. Buquê oral: Nessa composição, igualmente, algumas essências foram introduzidas por respeito ao padrão da síndrome, e outros por características pessoais de AA.

a. Impatiens: devido ao movimento contínuo, às crises de impaciência e aos processos in amatórios de repetição, pois Impatiens é um poderoso calmante da mente, da emoção e do corpo;

b. Holly: por não conseguir fazer-se compreendido, o autista muitas vezes é injustiçado: fazem o que não se deve com ele, ou então não se faz o que é necessário, o que reforça o medo e o afastamento, ge-

rando muitas vezes o comportamento agressivo. Holly eleva a vibração da alma, trazendo a mensagem do perdão ao outro: “eles não sabem o que fazem”;

c. Pine: esse oral trabalha o auto-perdão, necessário devido à sensação de culpa interior que pode acometer muitos autistas, que, sem o querer, provocam muitos efeitos negativos no ambiente e nas pessoas, efeitos dos quais, na maioria das vezes, não conseguem entender as causas;

d. Star of Bethelem: grande oral da limpeza dos choques físicos e emocionais, ajudando a descobrir uma boa trajetória e iluminando decisões durante a caminhada;

e. Aspen: o mais indicado nos processos de ansiedade, e a sicose é cheia dessa desarmonia.

f. Cherry Plum: AA foi descrito como um “grande comilão”, sem saber a hora de parar. Cherry Plum é o oral do autocontrole e complementa bem a ação de Aspen, que combate a ansiedade. Foi indicada uma dose única de 20ml, sem álcool, para tomar toda no primeiro dia de tratamento, na hora de dormir. Por várias vezes já utilizei essa sistemática, com o m de preparar o corpo e a mente para a recepção da medicação homeopática e dos próprios orais, sempre com excelentes resultados. Há, inclusive, vários relatos de que, ao acordar, o paciente já se sentia em outro estado vibratório. No dia seguinte, 12 gotas do mesmo buquê, 4 vezes ao dia, até acabar o frasco de 60 ml, a 15% de brandy. (BACH, 2000; KWITKO, 2007)

RESULTADOS MÊS A MÊS

PRIMEIRO MÊS

a) Parou o movimento contínuo e AA já conseguia repousar por vários períodos, dando também descanso a seus cuidadores. A mãe chegou a dizer que não sabia o que fazer com o tempo livre, criado a partir da hora em que não precisou mais correr atrás dele o tempo todo.

b) Evacuação regular, não sendo mais necessário o uso de laxantes e supositórios, sempre traumatizantes e intoxicantes.

c) Redução da compulsão alimentar e eliminação de dois quilos de peso.

d) Aumento da concentração nas tarefas escolares, dispensando ajuda em algumas delas;

e) Início de contato visual e físico com animais: cachorro, gato e cavalo da casa da avó.

f) Parada para ouvir os familiares e pessoas da escola, embora ainda só obedecesse à mãe, ao pai e à professora.

SEGUNDO MÊS

Começou a jogar um jogo simples, no computador.

Escreveu pela primeira vez o próprio nome sem o apoio da máscara de madeira e pediu, por gestos, que o papel fosse colado na porta do próprio quarto;

Aceitou provar novos alimentos e mudou o cardápio habitual com uma inclusão: a couve;

Eliminação de mais 2 quilos.

Iniciou contato visual e físico com os familiares e colegas da escola; Manifestou ciúme da irmã mais velha, empurrando o namorado.

Começou a obedecer também aos irmãos e à auxiliar de limpeza que cuidava da sala dele na escola.

NOVA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA

Repetição do buquê oral. uya CH 6, Calcarea Carbonica CH 6.

TERCEIRO MÊS

a) Começou a arrumar objetos dentro do próprio quarto, obedecendo a comandos verbais presenciais da mãe e da irmã mais velha;

b) Já reconhecia todas as vogais e ditongos, lendo-os, identicando-os no meio de outros e repetindo alguns verbalmente.

NOVA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA

No buquê oral, retirou-se Star of Bethelem, substituído por Clematis, que auxilia na concentração e conexão com o momento presente, o aqui e o agora. uya CH 7, Calcarea Carbonica CH 7.

NOVA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA

Repeti o segundo buquê oral e subi mais um ponto na dinamização de uya e Calcarea Carbonica.

QUARTO MÊS

a) Obedecia a comandos verbais dados a distância, sem que ele estivesse no mesmo ambiente que o interlocutor – ele no quarto, um familiar na sala, por exemplo, pedindo para abaixar a televisão;

b) Começou a repetir palavras ditas por outras pessoas, mas sem padrão de comunicação: uma hora faziam sentido, em outras não.

c) Iniciou jogos didáticos avançados de identi cação de objetos, palavras e ações, com sucesso e melhorando a velocidade a cada sessão.

NOVA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA

Suspendi Impatiens e introduzi Water Violet, oral que trabalha o isolamento, para potencializar os contatos iniciados, e substituí a Calcarea Carbonica pela Avena Sativa CH 5, estimulando o cérebro, já bem desintoxicado, para um novo modo de funcionamento. uya CH 9.

QUINTO MÊS

AA já reconhecia 10 consoantes e as combinava com as vogais, por escrito e oralmente, formando sílabas e palavras com até 3 letras. Identi cava objetos e as palavras usadas para nomeá-los.

Em casa, começou a tomar a iniciativa da fala, sem repetir palavras já ouvidas no momento, e usando o toque no braço e no rosto para pedir contato visual.

NOVA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA

Com base nesses progressos, repeti o terceiro buquê oral e subi a uya e a Avena Sativa em mais uma dinamização.

SEXTO MÊS

AA me procurou assim que chegou ao consultório, para fazer um “toque especial”, com soquinhos, aperto de mão e movimentos com os dedos.

Riu ao conseguir fazer tudo comigo e disse claramente a palavra “legal”, totalmente contextualizada, embora um pouco gutural. A mãe relata que episódios como esse já aconteceram 4 vezes, mas sem regularidade.

NOVA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA

Holly, Pine, Aspen, Cherry Plum, Clematis, Water Violet, Walnut (ajuda nos processos de mudança, e algumas transformações signicativas estavam começando a acontecer.)

uya CH 12, Avena Sativa CH 7.

SÉTIMO MÊS

Mantiveram-se os ganhos anteriores, em casa e na escola. A professora levantou a hipótese de preparar AA para uma classe inclusiva, no ano seguinte.

NOVA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA

Repetição do último buquê oral. uya CH 13, Avena Sativa CH 8.

OITAVO MÊS

AA aceitou o abraço na chegada e repetiu o “soquinho” do sexto atendimento.

Parecia agitado, e sem querer deixar a companhia da mãe. Esta relatou ter sido diagnosticada com câncer na tireoide, declarando-se muito temerosa com a necessidade de cirurgia, que precisava ser feita rapidamente. Com certeza, a agitação da cuidadora principal já havia afetado a energia e o comportamento de AA.

NOVA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA

Como AA estava vivendo uma situação de stress que tendia se prolongar por algum tempo, substituí o buquê anterior por Rescue Remedy + Chicory + Beech, conside-rando que AA precisariacar sob cuidados de terceiros, e quase durante toda a vida fora cuidado quae que exclusivamente pela mãe.

uya CH 14, Avena Sativa CH 9.

NONO MÊS

A mãe havia iniciado a preparação para a cirurgia, saía várias vezes para exames e consultas, mas AA passou a car bem com outros cuidadores, apenas perguntando a toda hora pela mãe, usando essa palavra em tom interrogativo para saber noticias de sua chegada.

Na escola, a concentração para a leitura caiu um pouco. Não aprendeu a falar e ler palavras novas, mas não esqueceu as já aprendidas.

DÉCIMO MÊS

A mãe fez a cirurgia e houve complicações que a prenderam ao hospital por 20 dias. Durante todo esse tempo, AA cou bem com os outros cuidadores e conseguiu visitar a mãe por duas vezes, mas sem stress na hora da despedida. Na escola, aprendeu mais 12 palavras novas, e usou 4 delas com a mãe, durante as visitas.

Aumentou em 3 os jogos de computador que já conseguia dominar, em níveis progressivos de di culdade.

Melhorou a interação com o pai e aprendeu a falar o nome dele, chamando-o assim.

Passou a permitir o tratamento dentário e a aparação das unhas, o que só era obtido por contenção ou sedação. Durante a aparação das unhas, estendeu o braço espontaneamente e permitiu que tudo fosse feito, mas, a cada unha cortada, gritava “socorro”, mostrando o domínio contextual do uso da palavra.

NOVA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA

Repetiçao do buquê com Rescue.Avena Sativa CH 10, uya CH 16.

NOVA INDICAÇÃO TERAPÊUTICA

Novo buquê oral: Wal-nut, Larch, Clematis, Star of Bethelem, Water Violet.

Cérebro total CH 7, para potencializar novas conexões neuronais.

No segundo ano, a sistemática de atendimento continuou semelhantemente a esses procedimentos do primeiro, mas alternando o tratamento do autismo com outras patologias:

a) Desequilíbrio no funcionamento pancreático, que levou à elevação dos níveis de glicose. Com a ajuda da nutricionista funcional, foi elaborada uma dieta e, por meio da abordagem homeopática, foi feito o tratamento do pâncreas, com o organoterápico Pancreas CH 7, em conjunto com o oral Walnut + Vine, para melhorar a exibilidade e aceitação de novos alimentos, ajudando-o a sair do império dos carboidratos, cujo excesso acaba por “pesar” sobre este órgão. Essa etapa do tratamento, que durou aproximadamente 3 meses, levou à inclusão de 12 novos alimentos na dieta diária, com boa aceitação, o que melhorou substancialmente o estado nutricional de AA. Um comportamento interessante relatado pelos familiares é o de que, ao experimentar um novo alimento e não gostar dele, AA não somente o recusa para si mesmo: também o retira do prato ou das mãos dos familiares que o estejam consumindo. Esse comportamento, embora ainda demonstre traços de controle, é também um sinal positivo de interação e contato: “se não é bom, não quero que você passe por isso”. É interessante também registrar que, após conversas reiteradas repetindo “Você não gosta, mas eu gosto”, AA se resignou e deixou o alimento recusado com o familiar, embora casse “resmungando em tom lamentoso” em seu quarto.

b) Tratamento de rinite alérgica agravada por frio, por meio do oral Larch + Olive e da fórmula Eucaliptos glóbulos CH 5 + Kali bichromicum CH 5. Essa etapa, além de melhorar a irritação nasofaríngea de AA, também permitiu sua frequência, regular e sem adoecimentos, às aulas de natação, agora desenvolvidas num centro olímpico de Brasília e durante as quais AA já aceita comandos de 2 instrutores diferentes, progredindo muito na performance do esporte. Inclusive, já consegue associar o dia da semana com a presença desta atividade, buscando o roupão, a touca, a sunga e os óculos, o que comprova a melhoria na percepção do tempo e de seus signi cados.

c) Distúrbio de sono: AA tem o sono muito leve, e não aceita dormir sozinho no quarto, que divide com a irmã de 24 anos. Foi introduzida a fórmula Passiora CH 5 + Aconitum CH 6, com bons resultados, e, pelo menos por dois terços da noite, AA não acorda, usufruindo dos benefícios do sono profundo. No entanto, durante esse uso, não foi possível continuar com Avena Sativa, pois ele cava agitado, ao contrário do esperado. Avena Sativa foi descontinuada e reintroduzida 4 vezes, mas o resultado para a agitação foi sempre o mesmo, se associada ao uso de passi ora e aconitum, e, se sozinha, não ajudou a entrar no sono profundo. Estou estudando os motivos desse efeito e buscando maneiras de, ao mesmo tempo, melhorar o desempenho cerebral e a qualidade de sono de AA.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

É nítida a evolução do paciente durante os passos da sequência terapêutica proposta e apresentada na Tabela 1 e nos itens descritos na seção anterior. Como AA não estava recebendo nenhum outro tipo de medicação, e nenhuma abordagem terapêutica complementar além do oral e da homeopatia, tudo leva a crer que os resultados positivos se devem a essa intervenção, além do acompanhamento nutricional e psicoterápico regular e em conjunto comigo.

As características 1, 3, 4, 6, 7, 8, 9, 13, 15 e 16, apresentadas na Figura 1 foram bastante atenuadas, passando a ser exceções no comportamento de AA.

As características 5, 10, 11 e 12 ainda são frequentes, embora também atenuadas, tanto na quantidade (ocorrem menos vezes ao mês, e antes eram diárias), quanto no intervalo (ocorrem com uma distância maior uma da outra) quanto na intensidade (ocorrem de maneira menos intensa e se diluem mais rapidamente).

CONCLUSÕES

A combinação de orais e homeopatia não se apresentou uma prática corrente na literatura acessada. Alguns autores e terapeutas, inclusive, recomendam que não se faça uso dos orais junto com a homeopatia, pois alertam para o risco de estes alterarem os efeitos do medicamento homeopático sobre o paciente.

A característica 2 desapareceu do comportamento de AA, assim como outros comportamentos relacionados ao olhar emergiram: (i) aceita olhar-se ao espelho, buscando essa atividade várias vezes ao dia. A fam´lia, inclusive, instalou um espelho de corpo inteiro no nal do corredor, para facilitar o acesso dele a essa atividade; (ii) faz pose diante da câmera para fotos e sel es; (iii) quer fotografar outras pessoas e situações.

A característica 14 não fazia parte do comportamento de AA e continuou assim. O emprego da linguagem articulada contextualizada, a melhoria da aprendizagem escolar e a evolução das interações constituem os grandes ganhos da evolução de AA até agora.

Não se trata ainda de um caso de cura, mas a hipótese do “convite à saída da caverna” mostrou-se válida, pelos resultados positivos apresentados.

A dinâmica familiar também foi positivamente afetada, pois as interações mais tranquilas e regulares

com AA zeram com que um clima de relaxamento e alegria fosse experimentado no cotidiano, em substituição ao stress contínuo e à irritabilidade que imperavam no lar.

Na escola, AA passou a ter um círculo de dois colegas para brincar, ainda que por breves momentos. Ele mesmo passou a procurar os meninos escolhidos, mostrando iniciativa interacional, o que é considerado um grande ganho em qualquer tratamento em autista. Além disso, trouxe esperanças para a equipe educacional, que, trabalhando sem resultados, termina por se desestimular, em muitos casos, e, mesmo sem intenção, tende a deixar cair a qualidade das intervenções escolares.

É de se esperar que, com o acompanhamento adequado daqui para frente, o comportamento de AA seja cada vez melhor, mas sem limites de nidos, pois essa resposta é única, pessoal e intransferível, e perfeitamente compreensível no contexto da medicina do sujeito, como o são a homeopatia e o sistema oral.

No entanto, essa associação se mostrou bené ca neste caso em especí co, e também ao longo de minha prática terapêutica, já com 4 anos de experiência com esse design. Como o Dr. Edward Bach foi primeiramente homeopata e depois criador do sistema oral, simplesmente por essa trajetória vê-se muito mais uma evolu-

ção complementar entre as duas abordagens do que uma oposição ou uma incompatibilidade.

Os buquês orais ajudaram a harmonizar a energia profunda de AA, preparando o terreno para a entrada da vibração homeopática e, em consequência, acelerando e potencializando seus efeitos terapêuticos.

Conforme observado ao longo desses dois anos de tratamento, a melhoria de AA, dessa forma, está sendo “suave, permanente e duradoura”, como preconiza Hahnemann no seu Organon (2006), pois não há retrocessos nos passos caminhados, mesmo com a interrupção periódica da medicação, seja por minha própria opção, para avaliar ganhos profundos, seja por viagens e outras rotinas familiares.

Além disso, o tratamento com orais e homeopatia foi estendido aos outros membros da família, faltando agora somente o irmão mais velho para integrar o grupo, e os sinais de harmonização estão cada vez mais evidentes.

Espera-se que, pelo acompanhamento longitudinal de AA e sua família, seja possível relatar outros ganhos, em especial os de sua inclusão em classes educacionais

não especiais e o progresso de sua aprendizagem intelectual e emocional a partir dessa mudança de contexto.

É igualmente esperado que a aplicação desta rotina em outras crianças, com as devidas adaptações, possa validar quantitativamente esses passos, cooperando para o bom tratamento de novos portadores de TEA e, em consequência, de suas famílias e grupos sociais dos quais sejam membros.

REFERÊNCIAS IMPRESSAS

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DEMARQUE, D. Homeopatia: medicina de base experimental. 2.ed. Ribeirão Preto: Museu de Homeopatia Abrahão Brickmann, 2002.

FARMACOPÉIA HOMEOPÁTICA BRASILEIRA. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 2003.

HAHNEMANN, Samuel. Exposição da doutrina homeopática, ou, Organon da Arte de Curar. Tradução: David Castro, Rezende Filho, Kamil Curi. São Paulo: GEHSP “Benoit Mure”, 2013.

KOSSAK-ROMANACH, A. Homeopatia em 1000 conceitos. São Paulo: Elcid, 2003.

LATHOUD, J.A. Estudos de matéria médica homeopática. São Paulo: Organon, 2004.

MORENO, José Alberto. Matéria médica homeopática repertorizada. Vol. 1, 2, 8. Ed. Hipocrática Hannemanniana. Belo Horizonte, 2013.

OMS. Relatório Internacional de Saúde 2012. Editora Ministério da Saúde. Brasil, 2012.

ORRU WAK, Silvia Esther. Autismo - Linguagem e educação. Coleção “Clínica psicanalítica”. Casa do Psicólogo: São Paulo, 2008.

SOARES, A.A.D. Dicionário de medicamentos homeopáticos. São Paulo: Santos, 2000.

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REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS

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http://www.revistaautismo.com.br/edic-o-0/numero-impressionante-uma-em-cada-110-criancas-tem-autismo. Acessado em 15/01/2015

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Monogra a: Amor e não amor pela Homeopatia: Um estudo de opinião e percepção

Psicóloga Clínica e estudante de homeopatia

INTRODUÇÃO

Escrever sobre Homeopatia é para mim muito difícil, pois me remete à materialização daquilo que acredito ser energético. E como pensar no energético, se somos corpo-matéria, desejo e pensamento abstrato? Se, dentro do contexto terapêutico, sempre vou trabalhar matéria, sentimento e sensações? Desta percepção nasceu, principalmente, o grande desa o deste trabalho.

Quando, no Organon, entrei em contato com a frase de Hahnemann que introduz as bases dessa nova ciência dizendo: “Desde que o Homem existe, esteve exposto, isolada e coletivamente, a doenças decorrentes de causas físicas ou morais”.

(HAHNEMANN, 2013, p.23), começou a abrir-se em minha mente meu propósito durante o curso de formação em homeopatia. Vi nessa declaração uma grande conexão dos princípios homeopáticos com os autores canônicos de minha área pro ssional – a psicologia – pois ambos os contextos tratam dos complexos processos de somatização de pensamentos e emoções que frequentemente nos conduzem ao adoecimento físico. Jung, em seus escritos, nos apresenta o conhecimento que trazemos dos arquétipos e das nossas couraças. Freud toca nos traumas, nos recalques e na força desconhecida do que armazenamos no inconsciente. Por sua vez, Hahnemann nos “encebola”, nos diz que viemos como encapsulados, como se

fôssemos criando, desde os primórdios de nossa existência, camadas de doenças, que vêm até nós dado às di culdades que temos de viver e conviver com as toxinas ssensoriais e relacionais que adquirimos mediante nossas características pessoais e intrínsecas. Dessa forma, desenvolvemos amor, ódio, raiva, tristeza, alegria, inveja, ciúme, ambição, desejo e todas as sensações/emoções que vivenciamos e alimentamos, que nos mantêm saudávies ou nos intoxicam, contaminando um ou mais de nossos órgãos e se estendendo por nossa vida de relação. Em vão tentamos curar o corpo, quando o adoecer é de outra natureza que não a matéria. Daí, especialmente, a dualidade e, muitas vezes, a confusão de nosso sentir/agir.

Tanto as lacunas quanto os excessos podem nos tornar propensos ao adoecer. Entender isso nos reporta a uma verdade complexa: toda a energia que nos circunda liga seres em um mundo onde muito do que vivemos é doença-remédio-corpo-órgãos, fazendo-nos esquecer da saúde e da transcendência, ambiente somente no qual nossa essência pode se desenvolver. A Homeopatia, contrariando esse círculo vicioso, nos convida a entrar em contato com toda nossa potência, ou seja, com nosso “Eu Maior” e nos “descascarmos”, livrando-nos das máscaras, para chegar à nossa Plenitude, que se expressa em Saúde e Harmonia corporal, emocional e mental.

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TEMA

Em meio a tantas abordagens possíveis com relação ao conteúdo estudado no curso e que compõe o corpus homeopático, resolvi escolher como tema O AMOR E O NÃO AMOR À HOMEOPATIA, especialmente por minha motivação pessoal, pois também me aproximei desses estudos por curiosidade, mas ainda sem saber se amava ou não essa possibilidade terapêutica, especialmente por não conhecê-la. Ao longo do curso, percebi movimentos de defesa e ataque, indiferença e envolvimento de todo o tipo de pessoas, e resolvi então investigar esse contexto, buscando, ao mesmo tempo, minhas próprias respostas e a compreensão das motivações dos que me rodeavam. Para explicitar melhor o signi cado do tema, exploro rapidamente a seguir os conceitos de AMOR e NÃO AMOR.

O QUE É O AMOR?

Se existe um conceito que quanto mais se explora mais incompreensível se torna, o de amor é, muito provavelmente, um grande candidato à lista. Todos nós temos alguma ideia a respeito do que signi ca amar e ser amado, e desenvolvemos julgamentos a partir dessas ideias, dizendo: “amo ou não amo, amo ou não sou amado”, considerando pessoas, atitudes, situações e circunstâncias.

Para muitos, amar é abrir mão de si em prol do outro, é ser totalmente disponível para servir, cuidar e respeitar, sem olhar a quem. É deixar de estar em si para estar disponível ao outro, sendo e dando o necessário para ampliar o todo do outro em função de um mundo melhor.

Um dos autores tomados como referência neste trabalho – Erich From – enriquece essa vertente de alteridade e conceitua o amor não somente como sentimento, mas

como algo tão elaborado e intencional que se avizinha da arte (FROM, 2006). A esse respeito, Vinicius Bezerra declara que “A proposição de Erich Fromm, tomando o amor como uma arte, não é mero jogo retórico. Consiste na compreensão de que o amor não é uma situação acidental em que nele se “tropeça” quem for afortunado, é sim algo que, na qualidade de arte, exige conhecimento e esforço”. (BEZERRA, 2010)

Essa arte do amor funcionaria também como uma “força deintegração dos homens” consigo mesmos e com o mundo humano, forma de enfrentamento do desamparo causado pela separação da união primordial com a Natureza, a qual, psicanaliticamente, revivemos no momento do parto, durante o nascimento. Quando, por meio do amor, nos unimos profundamente a uma pessoa, nos reconectamos à mãe e ao mundo natural que ela representa, e experimentamos o que Fromm denomina “amor produtivo”, dizendo:

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Há apenas uma paixão que satisfaz à necessidade humana de unir-se com o mundo, adquirindo, ao mesmo tempo, sensação de integridade e individualidade, e esta paixão é o amor. Amor é união com alguém, ou algo, fora da criatura, sob a condição de manter a separação e integridade própria. [...] Na realidade, o amor nasce e renasce da própria polaridade entre a separação e a união. [...] O amor é um aspecto do que chamei de orientação produtiva: a relação ativa e criadora do homem com seus semelhantes, e dele com a Natureza (FROMM, 1965, p. 44).

As emoções e sentimentos são, ao mesmo tempo, alimentos para a concretude e a transcendência humanas, e a nutrição ou recompensa por amar é grandiosa, pois a gratuidade de quem se dispõe a amar é sentida e percebida naturalmente, gerando autenticidade para o ser emissor e grandes repercussões para aos outros e o ambiente. Amar despretensiosamente, amar sem medo de se doar é o que faz grande o doador. Acreditar ser o amor a mais plena disposição, ser e estar a serviço do outro, é concordar com dizia o grande Rey Mermmet: “Amar é se doar inteiramente sem nada exigir em troca e sua nutrição por tanto amor será naturalmente recompensada pelo grande prazer em se dar.” (MERMMET, 1979, p. 67)

Quanto mais se mergulha na ação de amar, o amar deixa de ser uma prática obrigatória e passa a ser um ato natural; o amor deixa de ser imposto e torna-se algo fácil e simples de ser operacionalizado. Quando nos voltamos para a prática consciente e intencional do amor, temos o privilégio de ver atos e fatos antes ocultos, alguns dos quais, no contexto religioso, podem nos mostrar o quanto o amor de Deus por nós é grande. Basta sair um pouco de nós mesmos e observarmos to-

dos os presentes da natureza, o ar, a água, a produção da terra, o brilho da lua, o caminho das estrelas e todas as demais manifestações que temos nesse imenso universo, que muitas vezes não nos permitimos ver nem observar, absorvidos pela múltiplas demandas do cotidiano. Por isso, gosto de pensar que amar é piscar e, ao abrir os olhos, ver.

Dentro da loso a cristã, propala-se teologicamente que Deus nos dá seu único lho por puro e pleno amor a nós. E, no m, quando nos encontrarmos com Deus face a face, a fé e a esperança terão cumprido sua tarefa e só o Amor permanecerá para sempre. (1 Cor. Cap.13).

Como só é possível amar verdadeiramente em harmonia, a conexão entre o amor e a doutrina homeopática é completa, pois ela é um dos caminhos amorosos para nossa harmonização profunda, nossa reconexão com o natural, com os outros, conosco mesmos e com a ideia espiritualizante, que é um dos eixos de nossa saúde, reconhecido até mesmo pela Organização Mundial de Saúde (OMS), desde 1988, e tambem responsável por grande parte de nossos estímulos à prática do amor.

E O QUE É O NÃO AMOR?

De maneira mais simples, podemos inicialmente dizer que o não amor é toda manifestação contrária ao amor, ou seja, ressentimentos, raivas, não aceitação, agressões mentais, emocionais, verbais, corporais, autocentramento excessivo que conduz ao egoísmo e à arrogância. Segundo Edgar Morin, “A falta do amor impede o reconhecimento das qualidades do outro. O excesso do amor impede, pelo ciúme, o reconhecimento da autonomia do outro. Há passagens de compreensão para a incompreensão e vice-versa; tanto se compreende um ao outro com meia palavra, tanto se é como dois estrangeiros.” (MORIN, 2006, p. 75)

Esse pensamento de Morin me traz à consciência a resistência que percebo em muitas pessoas quanto às práticas integrativas de saúde, incluindo o tratamento homeopático, o que leva até mesmo a disputas pro ssionais e judiciais para impedir o seu processo evolutivo. Muitas vezes, nesse contexto turbulento, é a energia do ciúme que se torna presente. Daí, Morin enfatiza que “a incompreensão produz a vontade de prejudicar, que gera a incompreensão. (...) Nosso cosmos humano é salpicado de enormes buracos de incompreensão de onde nascem indiferença, indignação, desgosto, ódio e desprezo.” (MORIN, 2006, p. 77)

Porém, pensar em não amor está ainda muito distante do ódio, ao contrário do que comumente se pensa, tendo muito mais conexão com a ideia de desconhecido, pois não posso amar aquilo que não me dispus a conhecer, já que só consigo expressar sentimento verdadeiro com relação àquilo com o que tenho contato.

e que, se queremos compreender e amar, nada pode fugir da reação ou da relação com o contato, por mais desa ador que possa parecer.

Cito aqui novamente esse notável pensador: “O medo é fonte do ódio, que é fonte da incompreensão, que é fonte do medo, em círculos viciosos que se auto-ampli cam. Um verdadeiro delírio de cegueira culpando e diabolizando o inimigo toma conta de populações inteiras.”

(MORIN, 2006, p. 98) Ou seja, caso não se amplie a consciência do valor da homeopatia como opção saudável na vida dos pacientes, para ajudar no processo de cura integral, pode-se continuar nesse “jogo de incompreensão e inconsciência”, e, enquanto isso, a humanidade perde, pois frequentemente se intoxica com medicamentos químicos que apresentam as reações adversas, foge do tratamento por medo do enfrentamento da chamada “doença”, e, quando resiste a isso, depois chega aos espaços terapêuticos buscando o tratamentos ditos “alternativos”, entre os quais se encontra o homeopático, e nós, terapeutas homeopatas, temos como compromisso ético cuidar, auxiliar e tratar o cliente, independentemente de onde ele provém e de como vê seu processo de adoecimento.

Em se tratando de Homeopatia, assim como de tantos outros temas importantes para a humanidade, percebo que o desconhecimento é maior que qualquer conhecimento expresso,

Torna- se interessante também ressaltar a consciência de que a homeopatia surgiu de estudos do MÉDICO HAHNEMANN, que, insatisfeito (não amando) com os resultados de uma medicina tradicional, desa ou as verdades de sua época, buscando um modo de car em paz (amar) de novo com sua missão de curar, e foi ele o próprio experimentador dos remédios homeopáticos que trouxe e deixou a todos nós como legado. Mas, como muitos ainda desconhecem esse legado, têm a tendência de não amá-lo, e, por consequência, de não se bene ciarem dele.

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PROBLEMA

Considerando o acima exposto, a pergunta que será investigada nesse trabalho é a seguinte: Por que tantas pessoas têm di culdade em aceitar/reconhecer a legitimidade do tratamento homeopático, demonstrando por ela um sentimento de não amor?

HIPÓTESES

Para tentar responder a essa pergunta, foram levantadas as seguintes hipóteses:

a) Não há conhecimento su ciente a respeito da ciência homeopática, e isso di culta o contato do público em geral com essa modalidade terapêutica;

b) Muitas pessoas têm medo do processo de exoneração (expulsão das toxinas existentes no organismo) que pode ocorrer durante o tratamento com a Homeopatia;

c) Por falta de conhecimento dos próprios miasmas (predisposição genética) de possíveis doenças que se pode ter, dado o efeito das diversas supressões sintomáticas experientadas ao longo da vida.

JUSTIFICATIVA

A re exão sobre o amor ou não amor à Homeopatia despertou em mim depois de minha mudança de vida após o contato real com essa arte-ciência, por meio da experimentação de diferentes medicamentos homeopáticos. Em 2012, quanto tive o primeiro contato com a Homeopatia – Allium Sativum foi a primeira gota homeopática que ingeri, grande cólica intestinal se manifestou e senti que, a partir daí, estavam abertas aí minhas “histórias miasmáticas”, lembrando sempre que miasma é nada mais que nossa disposição, orgânica e psíquica de desenvolvermos doenças. Vencido esse primeiro momento de di culdade, não parei as experimentações, e a cada essência experimentada vinham novas descobertas, e um grande processo de transformação se iniciou em mim como ser.

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Durante essa trajetória, despertou a hipertensão, de que minha família já é “vítima” e a qual já se encontra hoje sob controle. O grande “boom” veio em 2014, quando, passando por situações delicadas na família, utilizei o medicamento Phosphorus, em curto espaço de tempo, na 30, na 200 e depois 1000 CH . Negligência, irresponsabilidade, imaturidade, inexperiência? Sim. Tudo isso e mais um pouco, mas, en m, o resultado é que o miasma da perturbção energética mental foi aberto e pude ver, viver e sentir coisas que a razão não explica, e que provocaram abalos profundos. Daí o título amor e não amor, pois durante o meu episódio “Phosphorus 1000 CH”, eu, além de viajar por planos até então não conhecidos, odiei o momento em que conheci a Homeopatia, e precisei me “desintoxicar”, pois havia visitado o que julgo ser um miasma que podemos, enquanto família humana, acessar de quando em quando: o da loucura. Após a rearmonização, houve um grande aprendizado que restou dessa experiência:

a)É preciso prudência com diluições muito altas, pois o efeito energético pode ser além do adequado para o momento:

b)É preciso cuidado com a mente de seu paciente, buscando indicar aquilo que mais o auxilie no reequilíbrio mental e emocional, enquanto busca a saúde corporal;

c)É preciso respeito pela disposição e disponibilidade do paciente, procurando fazer uma intervenção amorosa em seu contexto, tendo-o sempre como foco das decisões, e não ao nosso desejo de sucesso.

Hoje, bem mais consciente, sei que, realmente, o estudo e a prática da Homeopatia não são para qualquer pessoa, mas para aqueles que não têm medo de se conhecer e de se olhar de frente, dentro da dimensão: Corpo, Mente, Alma, Espírito, ampliando a consciência do que somos ou do que

fomos, pedra, planta, animal e homem, dentro de um processo de contínua evolução.

No mundo atual, conforme as pessoas vão tomando consciência das di culdades que lhes são impetradas a cada dia, não raro torna-se também difícil entrar em contato constante e diariamente com as situações problema que enfrentam, e por isso buscam diversos caminhos terapêuticos, quando a eles têm acesso e a respeito deles recebem as informações adequadas e necessárias.

Em meio a esse cenário de turbulência, os psicólogos, assim como tantas outras modalidades de terapia, buscam a integração: mente – corpo, corpo - família, família-sociedade, sociedade - universo. Nessa atuação, agem segundo seus profundos conhecimentos do grande complexo que é a mente humana, conseguindo bons resultados quando há também a disponibilidade e a vontade do cliente de se integrar e tomar consciência real do seu papel no mundo.

Por sua vez, os terapeutas integrativos, entre eles os homeopatas, por ampliarem o conhecimento da ação energética nos reinos mineral, vegetal, animal e hominal, contribuem profundamente para fortalecer a essência do ser no mundo, tornando então mais fácil conviver com as intempéries existenciais e com as di culdades que a cada dia assolam a humanidade.

Por isso, pensar e escrever sobre amor e não amor à homeopatia me reporta igualmente a Carl Gustav Jung, quando diz que todo adoecimento emocional está diretamente relacionado ao afastamento do amor (JUNG, 2011) . Logo, trabalhar esse tema ampliou em mim o grande amor por minha pro ssão e a disponibilidade em continuar minha jornada humana, ora como psicóloga, ora como homeopata, não deixando, ao mesmo tempo, de exacerbar em mim meu profundo amor por Nosso Criador.

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OBJETIVOS

Geral

Saber se as pessoas conhecem ou não a Homeopatia, identi cando possíveis per s de quem ama e de que não ama a Homeopatia.

Especí cos

Conhecer que tipo de homeopatia é mais usado;

Veri car o que impede o uso da homeopatia pela grande população;

Averiguar em qual classe social a homeopatia é mais presente; Identi car o que leva a pessoas a não dar continuidade ao tratamento homeopático.

Referencial Teórico

A ideia inicial é trabalhar o amor e não amor à Homeopatia, tendo como base as ideias de amor de Erick Fromm, no livro “A Arte de Amar”, e buscando os conhecimentos hahnemanianos da homeopatia, onde se nos dá claramente a ideia de como a essa abordagem age em nosso corpo, em nossa mente, envolvendo todos os reinos, animal, vegetal, mineral e hominal, de acordo com o que se preconiza no Organon (HAHNEMANN, 2006).

Além de Fromm, busco também Jung, no livro “Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo”, obra que me reporta a ampliar o conhecimento de muitos dos efeitos que sinto quando entro em contato com a homeopatia, pois as reações que se manifestam fogem comumente do controle do indivíduo tratado, acessando conteúdos até então não sentidos e nem conhecidos, provavelmente por estarem adormecidos no inconsciente.

Apoio-me também em Edgar Morin, no livro “O Método 6 – a ética”, onde expõe o quanto o amor, com sua potência ainda desconhecida, pode auxiliar no crescimento e evolução de todos os seres, e que o não amor pode trazer malefícios a nós, seres dotados dessa capacidade, fazendo-nos muitas vezes mergulhar na indiferença. Dando também noção clara da grandiosidade do amor pleno e dos prejuízos quando não há plenitude desse sentimento, reporta-se à necessidade de fazer presentes nossos sentimentos, nos dando a ciência de que tudo deve ser vivido e sentido no aqui e agora, ou seja, todas as reações, sentimentos e ressentimentos devem ser presenti cados, legitimados e compreendidos em nossa consciência, pois suas consequências são re etidas no nosso modo de pensar, sentir, agir e estar no mundo, incluindo aí nossos estados de saúde e adoecimento.

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METODOLOGIA

Foi utilizada neste trabalho a metodologia de pesquisa de campo, por meio de um questionário com dezesseis questões objetivas, e também com espaço para explicitação de aspectos que não caibam em respostas padronizadas. A primeira parte é sobre percepções do respondente, onde o mesmo responde a questões sobre sua experiência e conhecimento sobre homeopatia. A segunda parte refere-se ao per l do respondente e serve para quali car os sujeitos participantes da pesquisa, permitindo criação de categorias e a re exão a respeito delas. O instrumento foi aplicado de modo aleatório e intuitivo, tendo como característica determinante para a escolha dos respondentes o uso de algum detalhe nas vestimentas ou no corpo que possuísse a cor laranja, uma cor que amo. Ao andar pelas ruas e frequentar diversos ambientes, se observasse aguém com

esse “sinal laranja”, aproximava-me e solicitava a resposta à pesquisa. Este é um procedimento não convencional, mas, a meu ver, se justi ca plenamente, haja visto que a Homeopatia não tem nada de convencional, pois suas características são próprias e seus resultados são ímpares.

A partir do critério “uma cor que amo”, esperei atrair a participação de pessoas que tivessem energeticamente alguma ligação com o contexto das terapias integrativas e, mais especi camente, com a homeopatia.

A pesquisa foi aplicada durante três semanas do mês de outubro do ano de 2016 (dois mil e dezesseis), e reproduzo a seguir o questionário que foi aplicado.

Os resultados foram tabulados e consolidados em tabela Excel e apresentados em grá cos da ferramenta Power Point. Os aspectos não objetivos, registrados no espaço “Comentários livres”, de natureza qualitativa, foram organizados em uma lista e serviram para auxiliar a veri cação das hipóteses levantadas, em cotejamento com os resultados quantitativos.

FORMULÁRIO DE PESQUISA

Amor e não amor na e pela homeopatia Pesquisa em andamento como parte do processo de conclusão do Curso de Extensão em Homeopatia da Universidade Federal de Viçosa

Olá! Solicito a gentileza de voluntariamente colaborar com minha pesquisa, respondendo este questionário que tem como objetivo identi car o amor e não amor à homeopatia, bem como as possíveis causas dessas percepções. As informações fornecidas por você terão sigilo garantido e serão fundamentais para o andamento da pesquisa. Grata pela disponibilidade e me coloco à disposição para qualquer esclarecimento.

Suécia Maria Moreira Damasceno

Email: sm2damasceno@hotmail.com

Telefone: (62) 98432-6060

Goiânia, 13 de setembro de 2016.

PARTE 1 – PERCEPÇÕES DO RESPONDENTE

1. Você conhece Homeopatia?

( ) Sim ( ) Não

2. Já usou Homeopatia?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não me lembro ( ) Não sei

3. Sua experiência foi:

( ) Positiva ( ) Negativa ( ) Não houve resultado ( ) Não me lembro

4. Se usou, foi:

( ) Líquida ( ) Glóbulos ( ) Pomadas, cremes ( ) Comprimidos

5. Sua noção quanto ao preço dos medicamentos:

( ) Acessível ( ) Caro ( ) Não sei

6. O que motiva você a usar Homeopatia

( ) E ciência ( ) Preço ( ) Resultado ( ) Alternativa saudável ( ) Outros:......................................................................................................

7. O que desmotiva você quanto ao uso da Homeopatia?

( ) Demora do tratamento ( ) Preço da consulta

( ) Valor do medicamento ( ) Número de vezes a tomar diariamente

( ) Difícil encontrar farmácia homeopática ( ) Falta de comprovação ( ) Outros: ..........................................................................

8. Existe, para você, diferença entre Homeopatia e Fitoterapia?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei

9. Se sim, qual/quais?

10. Comentários livres

PARTE II – PERFIL DO RESPONDENTE

1) Idade:

( ) 18----25 ( ) 26----35 ( ) 36----45 ( ) 46----55 ( ) 56 acima

2) Sexo:

( ) Masculino ( ) Feminino ( ) Outro

3) Escolaridade:

( ) Sem escolaridade ( ) Fundamental ( ) Médio ( ) Curso técnico ( ) Superior ( ) Pós graduação ( ) Mestrado ( ) Doutorado

4) Renda Familiar (Salário Mínimo: SM)

( ) Menos que SM ( ) 1 SM------2 SM ( ) 2,1 SM----3,SM

( ) 3,1 SM----4 SM ( ) Acima de 4,1 SM

5) Estado Civil:

( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Viúvo ( ) divorciado ( ) União Estável ( ) Outro:..............................................................................

6) Sua pro ssão? ........................................................................

Capítulo 1: Amor e não amor, conhecimento, desconhecimento e medo

Segundo Freud, o inconsciente é um organizador interno e imaterial de natureza exclusivamente pessoal, muito embora ele tenha chegado a discernir as formas do pensamento arcaico-mitológico do inconsciente: “Uma camada mais ou menos super cial do inconsciente é indubitavelmente pessoal, e nós a denominamos inconsciente pessoal”.

(FREUD, 2014). Já o inconsciente coletivo, trabalhado mais por Jung, está na camada mais profunda, pois não tem origem em experiências ou aquisições pessoais, e é de natureza universal, permitindo a conexão entre os seres humanos de todas as partes do planeta.

Ambas as abordagens, na minha interpretação, se combinam com a de Hahnemann, no parágrafo 9 do Organon, quando nos diz que

No estado de saúde do individuo reina, de modo absoluto, a força vital de tipo não material (Autocratie) que anima o corpo material (organismo) como “Dynamis” , mantendo todas as suas partes em processo vital admiravelmente harmônico nas suas sensações e funções, de maneira que nosso espírito racional que nele habita, possa servir-se livremente desse instrumento vivo e sadio para o mais elevado objetivo de nossa existência.(HAHNEMANN, 2006)

interesse, pois senti que poderia me auxiliar mais concretamente nesse processo de autoconhecimento e facilitar o mesmo processo àqueles que me procuram para acompanhamento psicoterapêutico. A ideia da Homeopatia casa-se com a de amplitude de consciência e ajuda na evolução dessa consciência até então adormecida (o que pode trazer o adoecimento), além de contribuir para a plena cura.

Hahnemann, dentro de seus conhecimentos e experiências homeopáticas, nos traz a consciência de que o mal pensar e o mal sentir (não amor) são os grandes geradores do adoecimento, nada mais do que a perturbação energética da força anímica que nos faz viver; enquanto a cura é o restabelecimento desse equilíbrio pela eliminação dos traços de somatização (por meio dos medicamentos homeopáticos), e pela mudança de regime (eliminação da fonte do mal pela transformação do indivíduo e das condições de seu ambiente).

É fácil pensar e sentir equivocadamente, especialmente quando sabemos que nossas percepções e visões a respeito de nós mesmos, do outro e do ambiente são parciais e podem nos conduzir ao erro com frequência. Podemos amar e sofrer a decepção, por idealizarmos sem ver; e podemos não amar e perder oportunidades, seja por desconhecimento ou medo, ou ambos.

Quando do meu contato inicial com a Homeopatia, me chamou muita atenção o quanto ela se assemelhou a conteúdo antes visto e conhecido por mim: a teoria dos arquétipos e dos nossos conscientes individuais e coletivos. Pareceu-me familiar e agradável ver essa conexão, e daí se ampliou meu

Por meio da medicação homeopática, de natureza energético-vibracional, acessam-se conteúdos do inconsciente individual e coletivo que a oram, trazendo ao somático estados mórbidos ocultos e conectando o indivíduo a uma chance de cura real. Dessa forma, o não amor pode ser substituído pela compreensão, que leva ao amor. Na homeopatia, por meio desse processo de revela-

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ção, o que se oculta se mostra e vai-se à base da dor, do adoecimento, potencializando a energia vital do organismo e exonerando a toxina que o levou a sofrer.

Segundo Jung, por esse processo de auto-ocultamento, tornamo-nos desconhecidos de nós mesmos, e passamos a temer nossa “carga”, pois nosso consciente ignora os depósitos velados de nosso mundo interior:

Nas câmaras do coração moram os terríveis espíritos sanguinários, a ira súbita e a fraqueza dos sentidos. Este é o modo como o inconsciente é visto pelo lado consciente. A consciência, porém, parece ser essencialmente uma questão de cérebro, o qual vê tudo, separa e vê isoladamente, inclusive o inconsciente, encarado sempre como meu inconsciente. Pensa-se por isso de um modo geral que quem desce ao inconsciente chega a uma atmosfera sufocante de subjetividade egocêntrica, cando neste beco sem saída à mercê do ataque de todos os animais ferozes abrigados na caverna do submundo anímico. (JUNG, 2011)

Dessa teoria junguiana de consciente e inconsciente, ca clara a teoria homeopática da cura sempre de dentro para fora e de cima para baixo, pois, à medida que vamos ampliando nossa consciência sobre nossa di culdades físicas, psíquicas, relacionais, de nossas toxinas humanas, as quais transferimos inconscientemente ao nosso corpo, vamos abrindo espaço para os nossos adoecimentos. Muitas vezes não sabemos de onde vêm as doenças adquiridas, pois não paramos para avaliar o nosso modo de vida,

e o quanto não amamos e não somos amados enquanto vivemos.

Durante o tratamento homeopático, adquirimos força para nos apropriarmos desse patrimônio interno, especialmente se combinamos a medicação homeopática com o apoio psicoterapêutico, e o autodesconhecimento e o autotemor podem, nalmente, ter uma chance de serem substituídos pelo auto-amor.

No entanto, como essa apropriação custa esforço e demanda compromisso com o processo de autodescoberta, é muito comum os caminhos que levam a ele – e a Homeopatia é um deles - serem obstruídos pelo não amor, para evitar o possível sofrimento dessa transformação, e gerando a autossabotagem que retarda a tomada de posição do consciente com relação aos conteúdos inconscientes, atrasando, por consequência, a autocura.

Capítulo 2

Apresentação, descrição e discussão do estudo realizado

Durante as 3 semanas de aplicação dos questionários, foram entrevistadas 44 pessoas que tinham algum “sinal laranja” no corpo ou nas vestimentas e nos acessórios, em diferentes pontos das cidades de Goiânia, Jaraguá e Professor Jamil, no estado de Goiás. Esses 44 respondentes pertenciam majoritariamente ao sexo feminino, número bastante semelhantes de solteiros (23) e casais (21), com idades variando de 18 a 60 anos, predominância da formação superior, embora a grande diversidade de pro ssões, e renda familiar média de 4 salários mínimos.

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A seguir, a apresentação dos grá cos com os resultados das respostas e a discussão de seus possíveis signi cados.

Grá co 1: Conhecimento da Homeopatia

Fonte: elaboração da autora

Você conhece a homeopatia?

Os grá cos 1 e 2 apresentam a consolidação de dados referentes à identidade da homeopatia em si mesma e com relação à toterapia, com a qual é comumente confundida. É muito fácil ouvir de usuários de medicamentos toterápicos e/ou de medicamentos homeopáticos que demonstram a confusão existente entre os dois conceitos, que têm cada um, sua especic cidade. Entre os respondentes, mesmo os que disseram conhecer homeopatia e saber que existe diferença entre ela e a toterapia não sabiam precisar os aspectos que diferenciavam uma de outra, demonstrando o não conhecimento e, portanto, o não-amor.

Grá co 2: Diferença entre homeopatia e toterapia

Fonte: elaboração da autora

Existe diferença entre fitoterapia e homeopatia?

Pelo per l pro ssional dos respondentes, é possível perceber a diversidade das formações (de professores a trabalhadores domesticos, artistas a comerciantes), o que torna os resultados representativos do contexto social em que foram coletados e possíveis de serem generalizados para contextos semelhantes. Cotejando essa informação com os resultados dos Grá cos 1, 2 e 3, a predominância da formação superior parece ser decisiva para declarar o conhecimento da homeopatia, mas, ao mesmo tempo, não é su ciente para resolver a confusão entre homeopatia e toterapia, sugerindo que, mesmo no ensino superior, durante o qual se tem acesso a informações universalizantes, o desconhecimento desse gênero de terapia é considerável e pode reforçar o não-amor.

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Sim Não
Sim Não Não sei

Grá co 3: Uso da homeopatia

Fonte: elaboração da autora

Você já usou homeopatia?

Os dados do grá co 3, em comparação com os dos Grá cos 1 e 2, sugerem que mesmo os que declararam ter usado homeopatia podem tê-la confundido com a toterapia, já que não sabiam se havia diferença entre elas, ou quando sabiam, não conseguiram precisar exatamente qual. Dessa forma, reforça-se o núcleo “desconhecimento” e a possibilidade de o não-amor ser adotado/reforçado como consequência desse afastamento entre a prática homeopática e o público. Pelos depoimentos livres, também foi possível identi car que algumas mães trataram homeopaticamente seus lhos enquanto bem novos, descontinuando o tratamento quando mais velhos, e eles não se lembravam de terem passado por esse tipo de abordagem.

Grá co 4: Tipologia medicamentosa

Fonte: elaboração da autora

Se usou, foi em qual formato?

Líquido Glóbulos Pomadas/cremes Comprimidos

Os resultados do Grá co 4 apontam como mais utilizados os líquidos e glóbulos, apresentações mais populares entre os usuários e médicos/terapeutas, talvez também por serem preferidas pelas farmácias de manipulação, dada a facilidade e o custo de produção mais baixo. Como o preço da consulta homeopática ainda é proibitivo para grande parte da população, e o serviço ainda não está integrado às ofertas dos postos de atendimento do Sistema Único de Saúde, o preço do medicamento parece entrar como “elemento compensatório”: “a consulta é cara, mas o remédio não.”

Sim Não Não me lembro

Grá co 5: Percepção a respeito da experiência com homeopatia

Fonte: elaboração da autora

Sua experiência foi... Não

Positiva

Negativa

O Grá co 5 sugere a presença do amor pela homeopatia, pois quase o total dos que tiveram acesso a essa modalidade de tratamento declarou que a experiência foi positiva. Esse resultado se completa com o exposto nos Grá cos 6 e 7, que tratam dos motivos indicados para o uso da homeopatia: e ciência/ resultado positivo/alternativa saudável e preço acessível.

Grá co 6: Percepção a respeito da experiência com homeopatia

Fonte: elaboração da autora

Sua noção quanto ao preço dos remédios é

Grá co 7: Percepção a respeito dos motivos para uso da homeopatia

Fonte: elaboração da autora

O que o motiva a usar a homeopatia?

Eficiência Preço Resultado positivo Alternativa saudável

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sei Não houve
Não sei Acessível Caro

Grá co 8: Motivos para não usar a homeopatia

Fonte: elaboração da autora

O que o desmsotiva a usar a homeopatia?

Demora no tratamento

Valor do medicamento

Difícil encontrar farmácia homeopática

Preço da consulta

Número de vezes a tomar diariamente

Falta de comprovação

Os motivos para não aderir/não amar a homeopatia dizem respeito a fatores internos e externos a esta modalidade terapêutica. Os internos - demora no tratamento e número de vezes a tomar -, revelam o hábito da supressão de sintomas por meio de medicação química, indicando, talvez, a predominância de uma “mentalidade alopática dos pacientes”. Por outro lado, seria possível também que esses aspectos revelem falhas na prescrição homeopática, que não estaria atingindo os objetivos de obter efeitos rápidos, suaves e duradouros, conforme preconiza Hahnemann no Organon.

Já os externos: di culdade em encontrar farmácias homeopáticas; preço

da consulta; valor do medicamento e falta de comprovação, revelam, ao mesmo tempo, a marginalidade e o elitismo desta modalidade terapêutica na cultura brasileira, com poucos prossionais disponíveis, pouca divulgação, falta de relevância no mercado de produção de medicamentos e pouca visibilidade cientí ca.

Pelos comentários livres registrados pelos respondentes, também foi possível captar o desejo de que essa modalidade de tratamento seja mais visível e acessível à população de modo geral, contribuindo para a melhoria da oferta de serviços e oportunidades aos pacientes, por intermédio do Sistema Único de Saúde.

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CONCLUSÕES

Com base nos estudos realizados para vericar a validade das hipóteses levantadas, é possível a rmar que:

Quanto à hipótese 1 - Não há conhecimento su ciente a respeito das ciências homeopáticas, e isso di culta o contato do público em geral com essa modalidade terapêutica – essa a rmação é válida, pois mesmo quem a rmou conhecer homeopatia a confundiu com outras abordagens, comumente com a toterapia, e não conseguiu citar suas características, insistindo muito na percepção de que é um “tratamento mais natural”. Nem mesmo as pessoas com formação superior, que constituiam a maioria dos 44 entrevistados, foram capazes de ultrapassar essa limitação.

Quanto à hipótese 2 - Muitas pessoas têm medo do processo de exoneração (expulsão das toxinas existentes no organismo) que pode ocorrer durante o tratamento com a Homeopatia – essa a rmativa revelou-se inválida, pois, no universo dos entrevistados, ninguém se referiu a isso, nem oralmente nem nos comentários livres, o que reforça ainda mais a hipótese 1, pois somente saberia da exoneração quem tivesse um conhecimento mais especí co da doutrina e da prática homeopáticas;

Quanto à hipótese 3 - Por falta de conhecimento dos próprios miasmas (predisposição genética a determinados adoecimentos) dado ao efeito do modo de vida equivocado

e das diversas supressões (encapsulamento dos germes com medicamentos químicos) experimentadas ao longo da vida – a a rmativa é válida. A observação dos comentários livres mostrou que a maioria da população não tem consciência desses riscos nem da presença deles como fatores que predipõem ao adoecimento, e, igualmente, não associa a ideia de Homeopatia a algo que consiga interferir positivamente nesse contexto.

Dessa forma, é possível concluir, neste trabalho, que:

A Homeopatia como terapia integrativa ainda não está su cientemente disponível à população das 3 cidades de Goiás que participaram do estudo, e, provavelmente, também no Brasil, necessitando ser mais bem divulgada por todas as formas possíveis, cabíveis e adequadas, para que para que possa ser conhecida e “amada” pelos que a experimentarem. Pode-se inferir que, à medida que essa divulgação ocorrer de forma mais e caz, aumentando o conhecimento a respeito da Homeopatia, aumentarão também os pontos de (i) formação de pro ssionais homeopatas, (ii) de consulta e atendimento ao público nesta modalidade terapêutica, (iii) de manipulação e venda de medicamentos homeopáticos, universalizando a oferta desse serviço à população brasileira;

As tipologias de medicamentos homeopáticos mais conhecidas (amados) são os líquidos e os glóbulos, enquanto que comprimidos, sprays, pomadas e cremes cam quase na invisibilidade (não amados), quando po-

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deriam ser também mais utilizados em diferentes casos de tratamento. Para ampliar o leque da tipologia em oferta, seria interessante estudar mais casos em que a ingestão convencional não se aplica, veri cando a possibilidade de melhoria das indicações e barateamento dos custos de produção dos demais tipos;

A Homeopatia pode ser positivamente por camadas socioeconômicas bem distintas da população brasileira, embora a formação escolar mais elevada constitua um importante patamar de acesso a ela, especialmente por permitir o pagamento de consultas especializadas, devido às maiores rendas por parte de quem estuda mais. Durante as entrevistas para preenchimento dos questionários, bastava uma pequena explicação para que os respondentes menos instruídos compreendessem os princípios do tratamento e la-

REFERÊNCIAS

mentassem não terem compreendido antes, pois essa não compreensão, inclusive, os havia feito perder oportunidades de acesso a essa modalidade terapêutica.

O estudo acurado das matérias médicas e da doutrina homeopática no geral pode auxiliar os homeopatas a minimizarem os descompassos do tratamento, permitindo uma abordagem mais segura e e caz junto aos adoecidos que ajude a eliminar as percepções negativas – demora nos resultados e quantidade de vezes a tomar -, e auxiliando-os a encontrar os caminhos do auto-amor e do amor à homeopatia.

Para percepções e observações mais amplas e acuradas, seria preciso a aplicação do instrumento a outros públicos, e/ou sua reformulação, incluindo novos itens e organizando novos estudos.

BEZERRA, Vinicius. Eric Fromm e a arte de amar. Revista Espaço Acadêmico, nº 110, 2010. Disponível em http:// www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/viewFile/10487/5778 Acesso em 23 de out. 2016.

FREUD, Sigmund. A psicologia das massas e a análise do eu. 9ª ed. São Paulo: L&PM Pocket. 2014.

FROM, Eric. A arte de amar. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

HANNEMANN, Samuel. Organon da arte de curar. 6ª ed., Tradução: David Castro, Rezende Filho, Kamil Curi . São Paulo: GEHSP “Benoit Mure”, 2013.

JUNG, Carl Gustav. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. 7ª ed., Trad. Maria Luiza Appy. São Paulo: Vozes, 2011.

MERMET, Rey. A fé explicada aos jovens e adultos. São Paulo:Paulinas, 1979.

MORIN, Edgar. La méthode 6 Éthique. Tradução: SILVA, Juremir Machado. O método 6: ética. Porto Alegre: Editora Meridional/Sulina, 2005.

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HOMEOPATIA

Os links a seguir contém notícias e informações importantes para os estudos homeopáticos. Vamos apreciar?

https://jornal.usp.br/artigos/o-papel-da-agua-na-homeopatia/

http://www.eventos.usp.br/?events=ho -

meopatia-e-acupuntura-sao-algumas-das-praticas-apresentadas-em-seminario-na-usp

http://blogs.correiobraziliense.com.br/ maisbichos/homeopatia-para-pets/

http://homeopatia.bvs.br/vhl/confira-mais-sobre-a-homeopatia/so wares/

http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/ homeopaticos/index.htm

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