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2. BIOGRAFIA

Biografia:

Eurípedes Barsanulfo: religiosidade e engajamento no trabalho voluntário

Foto: Reprodução/Gaeb.

Eurípedes Barsanulfo nasceu em Sacramento, no Estado de Minas Gerais, em 1º de maio de 1880. Filho de Hermógenes Ernesto de Araújo e Jerônima Pereira de Almeida, manifestou cedo profunda inteligência e senso de responsabilidade, recebendo de seu professor de instrução primária a responsabilidade de ensinar os próprios colegas de sala.

Em 1902 fundou, com dois de seus antigos professores, o Liceu Sacramentano, onde passou a lecionar. Alguns alunos do Liceu, estimulados por Eurípedes, mais tarde fundaram um serviço de assistência aos necessitados, denominado Sociedade dos Amiguinhos dos Pobres. Na mesma época, Eurípedes participou da fundação do jornal semanal Gazeta de Sacramento, em que publicava artigos sobre economia, literatura, filosofia, etc., estreando, assim, como jornalista.

Autodidata, adquiriu conhecimentos de Medicina e Direito, além de Astronomia, Filosofia, Matemática, Ciências Físicas e Naturais e Literatura, mesmo sem ter cursado o ensino superior.

Antes dos 30 anos, tornou-se ativo nas atividades políticas de sua comunidade, assumindo a posição de secretário da Irmandade de São Vicente de Paulo e participando ativamente da fundação do jornal Gazeta de Sacramento e do Liceu Sacramentano.

Sempre foi um católico fervoroso que via na prática da caridade um compromisso pessoal. Alguns membros de sua família eram espíritas e, certa vez, um tio lhe emprestou a obra “Depois da Morte”, de Léon Denis. Eurípedes Barsanulfo se encantou com o livro, e sentiu interesse em se aprofundar na doutrina. Ao visitar o centro que seu tio frequentava, recebeu uma mensagem psicografada do Dr. Bezerra de Menezes, dando-lhe as boas-vindas, e também foi instruído de que sua missão era praticar a caridade por meio da cura, contando com o auxílio de seu espírito protetor e amigo de outras encarnações, São Vicente de Paulo, que o acompanhava desde seu nascimento.

Barsanulfo deixou o catolicismo e dedicou-se integralmente ao Espiritismo, disseminando a doutrina em suas palestras sobre o Evangelho Segundo o Espiritismo. No ano de 1905, fundou o “Grupo Espírita Esperança e Caridade”, com apoio de familiares e amigos, passando a desenvolver trabalhos interessantes, tanto no campo doutrinário, como nas atividades de assistência social, em especial pela homeopatia, o que resultou na inauguração da Farmácia Espírita Esperança e Caridade, que distribuía preparados homeopáticos gratuitamente, graças ao salário de Barsanulfo e de doações. A farmácia contava com laboratório próprio, e recebia suprimentos das melhores firmas especializadas do ramo.

Em 1º de abril de 1907, Eurípedes fundou o Colégio Allan Kardec, cujo currículo escolar incluía aulas de astronomia e fundamentos do Espiritismo. A instituição atendeu cerca de 200 alunos até o dia 18 de outubro, quando foi obrigada a fechar as portas temporariamente, devido à epidemia de gripe espanhola que assolou o Brasil.

Entre 1907 e 1912, Eurípedes Barsanulfo também foi vereador de Sacramento, e continuou trabalhando incessantemente em benefício da comunidade. Apesar de sua trajetória de dedicação aos pobres, acabou sendo perseguido pela Igreja Católica. De início, o preconceito foi velado, mas logo se tornou uma campanha difamatória contra Barsanulfo e o Espiritismo. Ele, por sua vez, defendeu suas ideias por meio das colunas do jornal Alavanca.

Com isso, a Igreja enviou um representante a Sacramento, o reverendo Feliciano Yague, para confrontar Barsanulfo e o Espiritismo. O debate aconteceu em praça pública, e foi aceito e combinado por ambas as partes.

No dia marcado, Yague iniciou suas observações insultando o Espiritismo e os espíritas, usando termos como “doutrina do demônio” e chamando os espíritas de loucos “passíveis de penas eternas” numa demonstração pública de ódio. Já Barsanulfo respondeu com uma prece serena e humilde, implorando por paz e luz antes de defender os princípios da doutrina espírita, e foi aplaudido pela multidão que observava a conversa.

Algum tempo depois, Barsanulfo foi processado por exercício ilegal da Medicina, já que não era formado em Medicina, mas atendia com medicação homeopática, inclusive manipulando ele mesmo os remédios, dada a falta de farmacêuticos especializados. Contudo, não encontrando juiz que o quisesse julgar, o tal processo foi arquivado e o réu “impronunciado”.

A epidemia de gripe espanhola chegou a Sacramento, conforme previsão feita pelo próprio Eurípedes Barsanulfo, e ele se desdobrou dia e noite à cabeceira dos enfermos, ajudando centenas de famílias pobres. Contaminado pela doença, ele sentiu que o fim de sua missão na Terra havia chegado.

Ele faleceu às 18 horas do dia 1º de novembro de 1918, aos 38 anos de idade, rodeado de parentes, amigos e discípulos. Deixou, como publicações, Novos rumos da Medicina e A Psiquiatria em função da Reencarnação.

Fontes: UEM TV Mundo Maior GAEEB

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