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8. CURANDO COM
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rhus
CURANDO COM …Rhus toxicodendron
Rhus Tox: Eficácia no alívio da dor e da agitação
O complexo homeopático Rhus Toxicodendron, ou simplesmente Rhus tox, é feito a partir de um arbusto da família das Anacardiáceas, também chamado “hera do Canadá”, ou Sumagre venenoso. É originário da América Setentrional e também encontrado nos bosques úmidos do sul da França e da Europa. Tem ramos grandes e flexíveis, finos, chegando a atingir muitos metros de altura, podendo se ligar às árvores vizinhas e, por meio de suas radículas, chega a se implantar em suas cascas. Seus frutos são pequenos, carnudos e brancos, e a planta possui um suco marrom amarelado que é encontrado em maior concentração em suas folhas. Colhidas sempre ao mês de maio, é através delas que se prepara a tintura-mãe, a forma farmacêutica básica que serve de ponto de partida para a criação do complexo Rhus Tox. Na farmácia homeopática, é possível encontrá-lo no formato líquido ou em glóbulos.
De acordo com Virginia Goulart Stefanichen, terapeuta homeopata e médica veterinária, o Rhus tox é um medicamento homeopático que consta 38
na obra “Matéria Médica Pura”, do próprio Samuel Hahnemann:
“Foi publicada entre 1811 e 1826, com um total de 64 medicamentos experimentados por ele, portanto, foi o próprio Hahnemann quem o usou pela primeira vez”, ressalta.
“Esse medicamento foi experimentado por Hanhemann, o criador da Homeopatia, e mais 5 auxiliares experimentadores – pessoas saudáveis que ingeriram a substância para observar que sintomas e sinais surgiriam no corpo, na mente e na emoção a partir dessa ingestão”, complementa Sheila da Costa Oliveira, terapeuta homeopata e coordenadora do Grupo Livre de Terapeutas Homeopatas do Centro-Oeste. “Consta do segundo volume de Matéria Médica Pura, escrito por Hanhemann. Trata-se, portanto, de um preparado da primeira geração de medicamentos homeopáticos e, como tem um amplo espectro de atuação, é também um dos integrantes da lista de policrestos homeopáticos, ou seja, medica-
mentos que servem para tratar sinais e sintomas os mais diversos.”
Ainda segundo Oliveira, o Rhus tox pode ser indicado para tratar tanto sintomas físicos quanto emocionais:
“A amplitude desse policresto [medicamento homeopático de amplo espectro] é bem grande”, aponta. “Abrange sintomas mentais-emocionais como a agitação, a ansiedade e a depressão, até os problemas osteomusculares e de pele, como o reumatismo, os traumas por torsão, luxação, rompimentos ligamentares, as dores crônicas e a herpes. É excelente na recuperação da catapora, das brotoejas e eczemas, da insônia, entre muitos outros sintomas desagradáveis que acometem tantas pessoas. A escolha de sua aplicação depende fundamentalmente de a pessoa a ser tratada se encaixar no perfil medicamentoso [similimum], pelo menos naquele momento adoecedor [similimum momentum].”
Para Stefanichen, deve-se ter cuidado no momento de analisar sintomas:
“Devemos pensar em sintomas de alta hierarquia, ou seja, levar mais em consideração sintomas energéticos, mentais e emocionais”, assinala. “Mesmo assim, qualquer Homeopatia apresenta alguns sintomas físicos. No caso do Rhus Toxicodendron sua grande particularidade são as características de suas dores, que pioram ao começar o movimento, mas principalmente com o repouso. Essa piora com o repouso é tão forte, que muitas vezes dificulta o descanso e o sono, fugindo da regra geral que seria: descansar e melhorar. É um grande remédio para dores reumáticas e articulares, artrite, luxações, tendinites, entorses, problemas de coluna, e também para dores por abuso de trabalho ou exercícios, que podem chegar a ser insuportáveis, como no caso das lesões por esforço repetitivo (LER). Além disso, é excelente para o tratamento de erupções de pele, incluindo urticária, erisipela e varíola. Suas lesões geralmente apresentam vesículas e/ ou bolhas. Muito usado também para conjuntivite, resfriados, gripe e infecções febris, principalmente se ocorrer após uma exposição ao frio úmido. Como principais sintomas emocionais de Rhus toxicodendron podemos citar: ansiedade, agitação e inquietude. Levando em conta essas características, é uma das Homeopatias que pode ser usada no Mal de Parkinson.”
Lucivânia Keule Bezerra, 43 anos, mãe de Rafael Augusto, de seis anos de idade, conta que chegou a usar o Rhus tox para tratar o filho quando ele tinha três anos:
“Ele estava tendo crises respiratórias recorrentes, pneumonia, bronquite e tosse, além de falta de ar, cansaço, irritabilidade, inapetência e sono quebrado, acordando muito à noite, e ainda teve catapora”, explica. “Busquei [a Homeopatia] devido ao excesso de químicos que a alopatia traz, aumentando os efeitos colaterais. Ele estava muito agitado, mas com apenas 2 erupções. Começamos com o Rhus Tox e, no prazo de 4 horas, ele se acalmou e as demais erupções vieram à tona, cicatrizando em alguns dias, sem maiores problemas. Na Homeopatia, o tratamento é para a cura e não para o sintoma. Tratar para curar é melhor do que mascarar o problema”.
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Novamente de acordo com Oliveira, o perfil do paciente que geralmente precisa do preparado homeopático “Rhus Toxicodendron” é fundamentalmente um ansioso agitado, tanto física quanto mentalmente:
“[O paciente] carrega um cansaço da vida que é o companheiro de suas ansiedades e medos”, analisa a terapeuta homeopata. “Teme, principalmente, perder sua posição social, pois quer ter tudo sob seu controle, já que se considera muito eficaz, modelo o mais aproximado possível da perfeição. Faz tudo com rapidez, mesmo que esteja cansado, e quer tudo e todos no seu ritmo rápido, que os demais precisam acompanhar, para se tornarem tão bons quanto ele. No entanto, como não pode perder sua posição de poder, engaja-se continuamente na crítica e na desconsideração dos esforços dos outros, assegurando que ninguém se sinta bom o bastante para dividir com ele o trono. A luta por ter seguidores que não o questionem e se esforcem continuamente para acompanhá-lo como modelo de eficiência o mantém preso no ciclo da agitação, da ansiedade e do medo, fazendo-o presa fácil dos adoecimentos crônicos, especialmente das dores de longa duração e da insônia. A mente Rhus Tox não descansa, e, por isso, esse perfil é também um sério candidato a crises hipertensivas, cefaleias intensas e/ou duradouras. Essa mente agitada força o corpo à atividade contínua, sem respeitar os limites do repouso. Ao começar algo, não importa a magnitude da tarefa, só sossega depois de terminar tudo, mesmo à custa da exaustão, que pode acamá-lo por longos períodos, aumentando ainda mais sua agitação, seu medo e sua ansiedade.”
O tratamento do pequeno Rafael Augusto continua, mas segundo a mãe, muitas mudanças positivas foram observadas:
“Os problemas respiratórios melhoraram e o sono ficou melhor”, conta. “Ele dorme cedo, não acorda à noite, e as crises respiratórias ficaram mais espaçadas. Depois que ele pegou Covid 19, ele ficou mais suscetível aos sintomas nasofaríngeos e pulmonares, mas continua se tratando com Homeopatia.”
Para Stefanichen, nunca se deve falar em cura completa na Homeopatia:
“Dependemos de diversos fatores, como modo de vida, traumas, fatores genéticos, etc.”, destaca. “Mas o que observo em meus atendimentos é que sempre conseguimos trazer uma melhoria na qualidade de vida das pessoas que se tratam com a Homeopatia em geral. Já tive um caso específico de Rhus toxicodendron, de uma dentista que não conseguia dormir à noite, pois sempre tinha que se levantar da cama e caminhar, para aliviar suas dores. Em apenas um mês de tratamento esse incômodo desapareceu completamente, mas nem sempre é tão fácil e rápido assim.”
Oliveira acrescenta:
“Os medicamentos homeopáticos sempre são utilizados visando à cura, e não apenas ao alívio dos sintomas. Mas, somente a ingestão do medicamento pode não ser suficiente para produzir esse efeito profundo, caso a pessoa tratada não se proponha a realizar as mudanças necessárias em seu regime de vida, de modo a estancar as causas do adoecimento em sua raiz.
Ainda segundo Oliveira, não existe um limite de tempo para o tratamento:
“Todo medicamento homeopático deve ser tomado até que toda a sua mensagem terapêutica seja absorvida pelo organismo adoecido, provocando todas as mudanças que consiga realizar”, garante. “Esse tempo varia de pessoa para pessoa, de acordo com a gravidade do adoecimento e a intensidade dos danos provocados. Pode ser, também, que a ação de Rhus Tox seja complementada por outros medicamentos afins com a natureza dessa substância e com a personalidade que esteja sendo tratada. Essa sequência terapêutica precisa ser acompanhada por um bom homeopata, que saberá traçar a trajetória harmonizadora que conduzirá a pessoa em tratamento de volta ao caminho da saúde. Por isso, é fundamental fazer o acompanhamento longitudinal com alguém capacitado, para que o percurso seja exitoso, ao final”, conclui.