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7. ENTREVISTA
ENTREVISTA
O tratamento homeopático de fobia social
A fobia social, ou transtorno da ansiedade social, é um transtorno psicológico que tem como característica a ansiedade ou medo excessivo que acomete um indivíduo diante de situações de exposição em que ele pode ser avaliado de forma negativa, seja por seu desempenho ou pelo que outras pessoas dirão e pensarão sobre ele.
Para saber como a Homeopatia pode colaborar para tratar ou aliviar o sofrimento das pessoas que sofrem com este quadro, nós entrevistamos o terapeuta homeopata Ramon Lobo Gomes (40), especialista em Homeopatia pela Faculdade Inspirar.
REH: Falando de maneira geral, quais preparados homeopáticos podem ser indicados para fobia social e quais sintomas cada um deles trata?
Ramon Gomes: Muitos são os medicamentos homeopáticos que podem ser utilizados, seja de forma conjunta ou mesmo na forma de um único medicamento que cobrirá todos os sintomas, trazendo a estabilidade e condições ao adoecido para a reação em busca da cura. Dentre as homeopatias de maior uso ao tratamento das fobias, podemos selecionar “Ambra Grisea”, que apesar de seus efeitos toxicológicos não causarem lesões orgânicas, afeta o sistema nervoso, determinando um estado neuropático do tipo depressivo, e, em alguns casos entorpecimento de partes do corpo em seu estado não homeopatizado, pois tal produto é utilizado como fixador para perfumes e outros produtos. Tal medicação pode ser muito útil para pessoas com misantropia social, que abandonam tudo, encontrando-se desiludidas, melancólicas e sem planos para o futuro, sem vontade de recomeçar a vida. O “Argentum Nítricum”, por sua vez, pode ser utilizado para pessoas que apresentam agorafobia, principalmente se há aglomerações de pessoas. Este medicamento na sua forma não homeopatizada possui efeitos neurotóxicos com sintomas de falta de coordenação, com perda do equilíbrio mental e físico, tremores e irritação das mucosas. Assim sendo, segundo o princípio da semelhança, trata os mesmos sintomas em sua forma homeopática. A compulsão por doces é efeito da necessidade da liberação de dopamina no cérebro, necessária para o organismo liberar substâncias que geram satisfação e combatem o estresse. Este medicamento trata casos de pessoas que têm medos de espaços fechados e abertos que tenham aglomeração de pessoas, bem como as que possuem medos de altura, pânico em pontes e passarelas, e prédios altos, sendo que as mesmas são cheias de manias e comportamentos ritualísticos. Dando continuidade aos medicamentos homeopáticos, temos “Aurum Metalicum” que, segundo a química bioinorgânica medicinal, relaciona diferentes compostos inorgânicos a processos biológicos de diferentes sítios dentro do corpo humano. Diz-se que nele são encontrados em média 0,2mg de ouro. Esta concentração se dá pela absorção da pele ao contato diário e pelo consumo de alguns alimentos que podem ter porções ínfimas deste material, que fica depositado em nossos organismos, principalmente, segundo pesquisas, nos ossos, sangue, e fígado, sendo que na literatura há diversos relatos do uso do ouro no tratamento pelos povos antigos para a diminuição das dores ósseas, combate à artrite reumatoide e tuberculose. No ano de 1935, na revista “Clinical Medicine e Surgery”, o artigo escrito por Edward H. Ochsner et all., “Colloidal Gold in Inoperable Cancer” afirma que quando a condição é desesperadora o ouro coloidal ajuda a prolongar a vida, tornando-
-a mais suportável, por exsudar o período terminal de caquexia [um estado de abatimento profundo devido à desnutrição frequentemente associada a uma doença crônica], reduzindo a dor o desconforto e necessidade de narcóticos na maioria dos casos. Logo em 1965, os doutores Nilo Cairo e A. Brinckman listaram este remédio como sendo o número um contra a obesidade. Assim, o “Aurum Metalllicum” é uma das medicações de ação mais profunda da matéria médica, a doença ligada à psique humana relacionada a antropofobia, que é a fobia de pessoas e da sociedade uma das características da fobia social. Desta forma, a medicação tem por efeito o tratamento da psicastenia, que é a Psicose com fases de medo, ansiedade, sensação de incapacidade e perda de personalidade, fraqueza intelectual e tendência mórbida para dúvida e hesitação, sintomas da depressão física e moral com tendência as obsessões, a as manias e aos fenômenos de ansiedade. Um dos “keynotes” desta medicação é o cansaço da vida, com grande propensão ao suicídio devido às condições de apatias e de memória enfraquecida. Existem diversas outras matérias médicas que podem tratar os distúrbios da fobia social, lembrando que cada ser é único para a Homeopatia, e que a mesma só surtirá efeito no tratamento se houver similitude, e entre o medicamento selecionado e os sintomas observados em cada pessoa de forma única e exclusiva para cada caso. REH: Existe alguma particularidade do tratamento homeopático de doenças mentais em comparação a tratamentos de problemas físicos e emocionais?
Ramon Gomes: Pode haver no processo de exoneração dos sintomas. Entretanto, não é via de regra que ao tratar problemas mentais o mesmo exonere apenas nos sistemas ou órgãos específicos acometidos, uma vez que o ser humano está interconectado sistemicamente. Deve-se ter o cuidado por parte do homeopata para não trazer todos os sintomas do adoecimento de uma única vez à tona, o que pode causar o ressurgimento de informações emocionais e de dores adormecidas, gerando grande desconforto e levando o paciente a parar o tratamento. Deve-se ainda manter um contato direto entre o homeopata e o paciente para manter a integridade da pessoa em tratamento, uma vez que estamos falando de transtornos mentais que podem levar ao suicídio. O envolvimento da família e amigos é um importante auxiliador para restabelecer a reconexão com a sociedade e a cura.
REH: Qual é o perfil do paciente diagnosticado com fobia social ou outras doenças mentais que procuram a Homeopatia?
Ramon Gomes: Tais pacientes são apáticos e têm grande dificuldade de se expressar, necessitando de acolhimento por parte do homeopata. Em muitos casos, os mesmos vêm trazidos e ou acompanhados
por familiares, que também devem ser ouvidos para a construção da personalidade homeopática. Estas pessoas vêm com muitos receios e medos, alguns com transtornos e outros desordens nutricionais, dores e alucinações. REH: No início do tratamento, o homeopata costuma indicar preparados homeopáticos com potências mais altas ou mais leves? Por quê? É comum haver mudanças periódicas de preparados homeopáticos e de suas potências? Ramon Gomes: Cada caso é tratado de forma distinta. O uso das homeopatias em potências altas ou baixas são analisadas segundo o grau de adoecimento e levando em conta se o paciente já fez uso de tais medicações, e se o mesmo possui respostas a baixas ou altas dinamizações. Em casos de primeira consulta, preconiza-se o uso de baixas potências para determinar e apagar a resposta aos estímulos homeopáticos da medicação. A mudança de medicação pode ocorrer caso não haja uma boa repertorização, podendo o homeopata fazer uso de medicamentos que cubram os sintomas “momentum”, e assim desvelar a real causa do adoecimento em uma consulta posterior. REH: Quais são os benefícios que a Homeopatia pode trazer para pacientes que possuem fobia social?
Ramon Gomes: O principal benefício é a não dependência química dos medicamentos e a não perturbação ou desordem dos outros sistemas e órgãos que podem vir a ser acometidos por outros tratamentos. REH: Pacientes que estejam fazendo uso de remédios psiquiátricos podem fazer uso de preparados homeopáticos sem riscos? Por quê? Quais cuidados devem ser tomados e de quais formas?
Ramon Gomes: Os pacientes já em tratamento psiquiátrico são beneficiados ao iniciar o tratamento homeopático, possibilitando a diminuição do uso de medicamentos alopáticos e a retomada do nível de saúde de forma rápida e duradoura, sendo que o tratamento conjunto entre os profissionais torna-se fator determinante para a recuperação, devendo os mesmos, segundo a melhora do caso, fazer, na medida do possível, a retirada das medicações por cada profissional segundo a recuperação alcançada pelo paciente.