De Letra em Letra / Departamento de Letras, Universidade Federal de São Paulo UNIFESP (2016). - Guarulhos: Departamento de Letras da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP, 2019 - v.6, n.2: il.
Semestral, julho 2012 — v. 6, n. 2 (2019) Inclui bibliografia ISSN: 2317-3610
1. Linguística; 2. Linguística Aplicada; 3. Literatura I. Universidade Federal de São Paulo - Departamento de Letras.
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Departamento de Letras da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Paulo - EFLCH-UNIFESP
Chefe de Departamento Lucia Sano
Editora-chefe Karina Menegaldo
Conselho Editorial Ana Luiza Ramazzina Ghirardi Ana Rosa Ferreira Dias Alexandra Geraldini Karina Menegaldo Maria Lúcia Dias Mendes Viviane Veras
Coordenador das revisões em língua portuguesa Fabrício Cordeiro Dantas
Coordenador das revisões em língua inglesa Emanuel Angelo Nascimento
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Dra. Alexandra Geraldini (PUC-SP) Dra. Ana Luiza Ramazzina Ghirardi (UNIFESP) Dra. Ana Rosa Ferreira Dias (USP/PUC-SP) Dra. Bianca Fanelli Morganti (UNIFESP) Dr. Carlos Renato Lopes (UNIFESP) Dr. Edson Correia (FMU) Dra. Graciela Alicia Foglia (UNIFESP) Dr. Janderson Luiz Lemos de Souza (UNIFESP) Dra. Leila de Aguiar Costa (UNIFESP) Dra. Leonor Lopes Fávero (PUC–SP) Dra. Ligia Fonseca Ferreira (UNIFESP) Dra. Márcia Rodrigues de Souza Mendonça (UNICAMP) Dr. Márcio Rogério de Oliveira Cano (UFLA) Dra. Maria Lúcia Dias Mendes (UNIFESP) Dra. Mirhiane Mendes de Abreu (UNIFESP) Dra. Paloma Vidal (UNIFESP) Dr. Paulo Eduardo Ramos (UNIFESP) Dr. Rafael Dias Minussi (UNIFESP) Dra. Raquel dos Santos Madanelo Souza (UNIFESP) Dr. Rodrigo Esteves de Lima Lopes (UNICAMP) Dr. Sandro Luis da Silva (UNIFESP) Dra. Sofia Maria de Sousa Silva (UFRJ) Dra. Sueli Cristina Marquesi (PUC-SP/UNICSUL) Dra. Sueli Salles Fidalgo (UNIFESP) Dra. Vanda Maria Elias (UNIFESP) Dra. Viviane Veras (UNICAMP) Capa Karina Menegaldo
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Expediente da edição Comitê científico Apresentação
LA NOTION D'ÉNONCIATION DANS LA PERSPECTIVE THÉORIQUE D’ÉMILE BENVENISTE ET OSWALD DUCROT EN FRANCE ET D’EDUARDO GUIMARÃES AU BRÉSIL Emanuel Angelo Nascimento A PRESTIDIGITAÇÃO DA CRÍTICA DE CULTURA: O CASO DA RECEPÇÃO DO LIVRO “ESSA GENTE”, DE CHICO BUARQUE Fabio Silvestre Cardoso IDENTIDAD E IDENTIFICACIONES EN LIBRO DIDÁCTICO DE PLE Fabricio Cordeiro Dantas
STEREOTYPES AND NARRATIVES IN IMAGE READING Laerte Luis Orpinelli Neto
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APRESENTAÇÃO É com grande prazer que apresentamos o sexto volume da Revista de Letra em Letra. Esta é uma edição especialmente diversificada, com assuntos relacionados à Linguística, à Linguística Aplicada, à Literatura e à Semiótica. A pluralidade de tópicos, além de ser uma característica da revista, e que mostra como a interdisciplinaridade permeia essa área do conhecimento, vai de encontro ao momento atual de nossa sociedade: cada vez mais voltam a surgir episódios de intolerância à diversidade. Assim, manter uma revista mais ampla em sua gama de assuntos é, também, uma forma de posicionamento a favor da pluralidade de ideias e que defende o direito de todas elas serem expressas. O primeiro artigo começa com uma discussão sobre o conceito de enunciação, presente inicialmente nas obras de Émile Benveniste. Os estudos de Oswald Ducrot são evocados como forma de comparação e compreensão da formação de sentidos na enunciação, e ainda os estudos de Eduardo Guimarães vêm dar respaldo à discussão, acrescentando a dimensão histórica ao tema. O segundo artigo nos apresenta uma reflexão sobre o lançamento da obra “Essa Gente”, de Chico Buarque, e sua recepção pelas críticas literárias especializadas de três grandes jornais brasileiros, de modo a avaliar se a unânime boa recepção da obra é de fato produto de um jornalismo cultural competente ou se o nome do autor, que é uma celebridade, colaborou para isso, havendo então um jornalismo de fait divers. Uma análise aprofundada da obra “Brasil intercultural – língua e cultura brasileira para estrangeiros” é feita no terceiro artigo, com o objetivo de verificar os aspectos positivos e negativos da obra no ensino de português como língua estrangeira para falantes de espanhol, bem como discutir questões específicas do aprendizado do português por este público. Por fim, no quarto artigo temos um estudo sobre a produção de sentidos para imagens, no caso fotografias, por estudantes privados de qualquer outro tipo de informação sobre tais imagens, mostrandose que, para preencher as lacunas decorrentes da falta de informações, os estudantes recorrem às suas tradições de leitura e a estereótipos. Esperamos que a leitura dos artigos seja proveitosa e que ajude a ampliar e consolidar os conhecimentos dessa nossa área, felizmente, tão diversificada e interdisciplinar.
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LA NOTION D'ÉNONCIATION DANS LA PERSPECTIVE THEORIQUE D’ÉMILE BENVENISTE ET OSWALD DUCROT EN FRANCE ET D’EDUARDO GUIMARÃES AU BRÉSIL THE CONCEPT OF "ENONCIATION" IN THE THEORETICAL PERSPECTIVE OF ÉMILE BENVENISTE AND OSWALD DUCROT IN FRANCE AND EDUARDO GUIMARÃES IN BRAZIL Emanuel Angelo Nascimento Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) RESUME: Cet article a pour but de résumer et de discuter la notion d'énonciation, en considérant les différences de biais de l'approche sémantique et les corrélations entre les études développées par Émile Benveniste et Oswald Ducrot, en France, ainsi que la perspective énonciative développée par Eduardo Guimarães, au Brésil. Considérant le travail L'appareil formel de l'énonciation, de 1970, dans lequel Benveniste reprend des notions importantes telles que la forme et le sens, nous traçons quelques approximations et différences avec les études de Ducrot, du point de vue sémantique, pour comprendre la production du sens des énonciations, en tenant compte des études d'Eduardo Guimarães, au Brésil, qui mobilisent la notion de l'événement qui, liée à celle de la prononciation, voit la dimension historique de la formation des sens. Mots-clés: énonciation; études énonciatives; théories de l'énonciation.
ABSTRACT: The purpose of this article is to summarize and discuss the notion of enunciation, by considering the differences in bias of the semantic approach and the correlations between the studies developed by Émile Benveniste and Oswald Ducrot in France, as well as the enunciative perspective developed by Eduardo Guimarães in Brazil. Considering the text L'appareil formel de l'énonciation (1970), in which Benveniste uses important notions such as form and meaning, we draw some approximations and differences with Ducrot's studies, from a semantic point of view, to understand the production of the meaning of enunciations, taking into account the studies of Eduardo Guimarães, in Brazil, which mobilize the notion of the event which, linked to that of pronunciation, sees the historical dimension of the formation of senses. Keywords: enunciation; enunciation studies; enunciation theories.
Pour commencer... Considérant les études déjà produites dans le domaine de la sémantique de l'énonciation, cet article se propose de discuter quelques notions d'énonciation mobilisées par Émile Benveniste et Oswald Ducrot, ainsi que quelques concepts développés par Eduardo Guimarães, à partir des études sur l'énonciation, en considérant les différences de ces deux approches. Revista De Letra em Letra—Vol. 6 n. 1, 2019
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Notre intention est de faire une lecture, soutenue par des auteurs consacrés, dans la perspective énonciative de l'étude des langues, à partir de certains textes qui nous semblent élucidants, d'abord à partir du concept d'énonciation. Ainsi, nous partons des travaux de Benveniste et Ducrot, produits en France, pour aborder ensuite des notions importantes développées par Eduardo Guimarães au Brésil. En faisant la bonne distinction entre les deux auteurs français, nous soutenons l'approximation et la distinction entre les théories créées par ÉmileBenveniste et Oswald Ducrot, concernant le concept d'énonciation, du fait que tous deux partent de concepts saussuriens qui, modifiés, élargis, resignifié, aboutit à l'affirmation de différentes approches de l'utilisation du langage, se concentrant ainsi sur différents objets d'analyse, atteignant ainsi. On sait que Benveniste fonde sa théorie sur des concepts structuralistes. Ducrot corrobore cette affirmation – facilement vérifiable dans différents textes des Problèmes Linguistiques Généraux – quand il dit que Benveniste accepte les exigences méthodologiques de Saussure et décrit la langue comme le fondement relations intersubjectives. Reprenant, aussi fidèlement que possible, les quatre textes de Benveniste, il est possible de trouver à la fois le point de départ sa proposition sémantique, la linguistique saussurienne qui a dans sa langue son objet de étudier, par opposition à la parole, son point d'arrivée, sa conception de l'énonciation, qui voit la langue utilisée associée à la langue. Eduardo Guimarães au Brésil, différemment, partie de la question de l'unicité de l'énonciation proposée en le lecture Foucault, qui traite de l'énonciation comme événement qui ne se répète pas et commence à traiter cette notion basée sur les conditions socio-historiques. Se référant à la notion d'histoire tirée de études ducrotéennes, où le caractère dominant de l'énonciation peut être définie par l'irréparabilité l'acte d'énoncer comme un acte temporel, l'auteur se réfère à la caractérisation de l'irrépétabilité à la façon de voir l'histoire comme temps. Il ne s'agit donc plus d'associer les conditions d'apparition de l'énoncé à un le temps. Il s'agit de repenser la condition elle-même du temps et de la déclaration comme objets de énonciation. Compte tenu de la zone ainsi délimitée, nous comptons rassembler ces pages quelques éléments qui indiquent deux façons différentes de comprendre la énonciation. Cependant, ne vous attendez pas à trouver, sur les pages présentées ici, un travail original qui apporte une contribution à la compréhension du fonctionnement de la langue. Au contraire, ce qui va être dit n’est rien de plus qu’un lecture, soutenue par des noms consacrés, de certains textes qui nous semblent élucider le concept d'énonciation dans ces deux linguistes. L’objectif est de d'apporter seulement quelques indications et peut-être une clarification possible sur le sujet, à travers la distinction que, parmi eux, on cherche à établir. Revista De Letra em Letra—Vol. 6 n. 1, 2019
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Des études énonciatives à la notion d'énonciation
Leci Borges Barbisan, master en langue portugaise de l'Université Fédérale du Rio Grande do Sul (UFRGS) et docteur en didactique des langues de l'Université de Grenoble III, en France, affirme dans son article O conceito de enunciação em Benveniste e em Ducrot, de 2006, que les aspects linguistiques de l'énonciation « sont déjà présents dans les grammaires grecque et latine, dans la sémiotique de Peirce, dans la notion linguistique parfois ambiguë de deuixis » 1 (BARBISAN, 2006 : 24). L'auteur souligne également que ces aspects sont présents « plus récemment dans les œuvres de Jespersen, Jakobson, sans oublier cependant Bakhtin, Bally qui dans ses écrits était spécifiquement consacré à l'étude de l'énonciation » 2 (op. cit.: 24). Compte tenu de ce bref panorama tracé par l'auteur, c'est en France, à partir d'Émile Benveniste et de ses principaux textes (rassemblés dans les deux volumes de l’ouvrage Problèmes de Linguistique Générale), que l'approche énonciative des études linguistiques a eu une grande impulsion, avec un grand profit d'autres réflexions également remarquables sur l'usage du langage verbal. En ce sens, nous n'entendons ici qu'élucider l'approximation et la distinction entre les théories créées par Émile Benveniste et Oswald Ducrot, en ce qui concerne le concept d'énonciation, pour le fait que les deux partent de concepts saussuriens qui, modifiés, élargis et re-signifiés, aboutissent à la production d'approches distinctes de l'utilisation de la langue, ayant, en conséquence, pour objet principal différent des analyses, menant au concept d'énonciation.
La perspective énonciative de Benveniste La théorie développée par Émile Benveniste, en France, selon l'auteure brésilienne Barbisan (2006 : 25), est basée sur des concepts structuralistes. L'auteure décrit que « Benveniste accepte les exigences méthodologiques de Saussure et décrit la langue comme le fondement des relations intersubjectives » 3 (op. cit.: 25). Ainsi, il est possible, pour l'auteure, de trouver à la fois le point de départ de la proposition sémantique de Benveniste (le linguiste saoudien qui a dans la langue son objet d'étude, opposé à la parole)
Traduction de notre part vers le français à partir de l’original en portugais: « (...) estão presentes já nas gramáticas gregas e latinas, na semiótica de Peirce, na noção lingüística por vezes ambígua de dêixis ». 1
Traduction notre à partir de l’original en portugais: « (...) mais recentemente, nos trabalhos de Jespersen, Jakobson, sem esquecer todavia Bakhtin, Bally que em seus escritos se dedicaram especificamente ao estudo da enunciação ». 2
Traduction de notre part vers le français à partir de l’original en portugais: « (...) Benveniste aceita as exigências metodológicas de Saussure e descreve a língua como o fundamento das relações intersubjetivas ». 3
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et son point d'arrivée de l'auteure, ainsi que sa conception de l'énonciation, qui « voit la langue en usage associée à la langue » 4 (op. cit.: 25). C'est-à-dire : dans les procédés d'analyse travaillés Benveniste, en 1970, à partir de son texte L'appareil formel de l'énonciation, l'auteure reprend des notions importantes telles que celles de forme et de sens, cherchant, dans cette voie, à faire avancer leurs réflexions. Benveniste, de ce point de vue, traite de l'utilisation des formes et de l'utilisation de la langue, observant dans l'utilisation des formes une partie nécessaire de toute description linguistique qui, méthodologiquement, a donné lieu à de nombreux modèles. L'usage de la langue est pour Benveniste (1970 apud BARBISAN, 2006 : 28) un mécanisme total et constant qui, d'une manière ou d'une autre, affecte la langue entière. De cette relation s'inscrit donc la définition de l'énonciation développée par l'auteure français comme « étant la nécessité de se référer par la parole, ce qui conduit à considérer la référence comme une partie constitutive de l'énonciation. L'énonciation est considérée comme un processus, un acte par lequel l'orateur mobilise la langue pour son propre compte » 5 (BARBISAN, 2006 : 28). En ce sens, comme bien le souligne le chercheur brésilien Valdir Flores, il convient de noter que « lorsqu'on travaille dans le domaine de l'énonciation, il est inévitable que la dimension linguistique ne se referme pas sur elle-même, car l'énonciation convoque les conditions de sa propre réalisation : le sujet, le temps et l'espace » 6 (FLORES, 2006 : 107). De plus, c'est « l'appropriation de la langue qui introduit celui qui parle dans sa parole. Le produit de cet acte est l'énonciation, dont les caractéristiques linguistiques sont déterminées par les relations établies entre l'interlocuteur et la langue » (BARBISAN, 2006 : 28). Ainsi, selon l'auteure : [...] l'énonciation est le fait du locuteur, qui s'approprie de la langue, et les caractéristiques linguistiques de cette relation. L'énonciation convertit la langue en parole à travers l'usage que l'orateur en fait. De cette façon, la langue est sémantisé. En s'appropriant individuellement l'appareil formel de la langue, l'orateur exprime sa position avec des marques linguistiques spécifiques. À ce titre, il implante l'autre, l'allocataire, devant lui. Chaque production discursive constitue un centre de référence interne. En elle émergent des marques de personne (relation je-vous), d'ostension, d'espace et de temps, dans lesquelles je suis le centre de l'énonciation. Ce n'est que par l'énonciation que certains signes apparaissent. C'est aussi dû au fait que le locuteur ou l'énonciateur, lorsqu'il s'énonce lui-même, influence le comportement de l'allocataire qui donne sens aux fonctions syntaxiques : l'affirmation, l'interrogation, l'assignation et aussi certaines modalités formelles (modes verbaux, désir, etc). Dans l'énonciation apparaît aussi l'éléphant, le non-personne, tout ou partie de ce dont on parle dans le discours 7 (op. cit.: 28). 4
Traduction de notre part vers le français à partir de l’original en portugais: «(...) vê a linguagem em uso associada à língua».
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Traduction de notre part vers le français à partir de l’original en portugais: « (...) sendo a necessidade de referir pelo discurso, o que leva a que se veja a referência como parte constitutiva da enunciação. A enunciação é vista como um processo, um ato pelo qual o locutor mobiliza a língua por sua própria conta». 6
Traduction de notre part vers le français à partir de l’original en portugais: « (...) quando se trabalha no campo da enunciação é inevitável o não-fechamento do lingüístico sobre si mesmo, pois a enunciação convoca as condições de sua própria realização: o sujeito, o tempo e o espaço ». 7
Traduction de notre part vers le français.
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Benveniste (1966) met en évidence la relation homme-langue qui se produit avec et par la langue, et qui, selon l'auteur, est ce qui permet de constituer l'homme comme sujet, caractérisant dans ce jeu la subjectivité du langage. Dans cette perspective, l'énonciation a lieu à partir du moment où le sujet, par un acte individuel, met la langue en action (ayant dans le « je », « celui qui parle ») et installe, par conséquent, la figure de l'interlocuteur (BENVENISTE, 1974). Cette subjectivité peut être perçue, selon Benveniste (1996), soit par l'utilisation de pronoms personnels, soit par les marqueurs alimentaires, par exemple. Déjà en relation aux personnes du discours (le « moi », le «toi » et le « lui »), Benveniste attire l'attention sur le fait que la relation interlocutoire de/dans le dialogue produit un fonctionnement inégal. En effet, pour l'auteur, le pronom « il », dans ce cas, ne doit pas être qualifié de personnel, car il ne fait pas partie de l'interlocution. Ainsi, cette relation interlocutoire se produit toujours entre un « moi » et un « toi », le « lui » étant un élément « absent » et, par conséquent, se configurant comme celui ou celle dont on parle. La troisième personne, de ce fait, assume le caractère « impersonnel », d'un regard qui marque, par exemple, les récits historiques, journalistiques et scientifiques, entre autres.
L'énonciation, selon Ducrot Dans la théorie de Ducrot, le signe est la phrase, c'est-à-dire la structure abstraite, créée par le linguiste, et sa signification est constituée par les possibilités de relation sémantique qu'elle présente avec d'autres phrases. La relation entre les phrases est produite dans l'énonciation, comprise comme un segment du discours. L'énonciation et le discours ont donc un lieu et une date, un producteur et un ou plusieurs auditeurs. C'est un fait empirique, observable et unique. Comme on peut le voir, les notions de signe, de relation, de langue et de phrase sont sous-jacentes à ces concepts, mais modifiées. Du point de vue sémantique, le sens est la valeur sémantique de la phrase et le sens, celui de l'énonciation. Le sens de la phrase est d'une nature différente de celui de l'énonciation. La signification n'est pas préexistante à l'utilisation. Au contraire, elle est ouverte. Chaque phrase d'une langue reçoit un sens, c'est-à-dire des indications qui mettent en évidence le sens de ses énonciations dans le discours. Ducrot (1980) appelle ainsi l'énonciation l'événement, le fait qui constitue l'apparition d'une énonciation à un moment donné du temps et de l'espace. C'est un concept qui a une fonction purement sémantique, sans aucune implication physiologique ou psychologique. Le sens de l'énonciation est, pour moi, une description, une représentation qu'elle apporte de son énonciation, une image de l'événement historique que constitue l'apparition de l'énonciation (op. citd. 1980 : 34). Dire qu'une énonciation décrit son énonciation, c'est dire qu'elle se présente telle qu'elle est produite par un locuteur, désigné par des marques Revista De Letra em Letra—Vol. 6 n. 1, 2019
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différentes de la première personne, pour une attribution, désignée par la seconde personne. L'énonciation est caractérisée comme ayant certains pouvoirs. C'est ce qui conduit à voir une allusion à l'énonciation en énonciations impératives, interrogatives, affirmatives, etc., qui induisent l'attribution à certaines obligations, et qui ont leur origine dans l'apparition de l'énonciation. A un certain moment où Oswald Ducrot est encore parti de la pragmatique pour construire sa théorie (qui a été abandonnée à un autre moment), l'idée qu'il faut distinguer l'auteur des mots, le locuteur, et les agents des actes illocutoires, les énonciateurs, a été mise dans l'énonciation. S'exprimer, c'est être responsable d'un acte de parole, explique-t-il (DUCROT, 1980 : 44) puis, en interprétant une énonciation, on entend une pluralité de voix autres que celle de l'orateur. On retrouve ici le principe qui se développe, sans pragmatisme, le concept de polyphonie. Par conséquent, de la théorie polyphonique de l'énonciation, dans le contexte de la théorie de l'argumentation dans la langue, deux faits sont liés. L'une est la critique de Ducrot sur la conception linguistique de l'unicité du sujet parlant, selon laquelle il n'y aurait qu'un seul orateur dans l'énonciation. L'autre est basée sur l'affirmation que le sens d'une énonciation est la description de son énonciation et dans cette description est inscrite la pluralité des voix que l'orateur présente. Plusieurs fonctions différentes se retrouvent dans l'énonciation : celle du sujet empirique, celle de l'orateur et celle de l'énonciateur. Le sujet empirique est l'auteur effectif de ce qui est produit. Cette fonction n'intéresse pas le linguiste qui étudie le sens, et le « sujet empirique » reste un objet d'intérêt, par exemple, plus des sociolinguistes ou des psycholinguistes. D'autre part, la figure de l'orateur apparaît comme celui qui est responsable de l'énonciation, dans laquelle il se marque avec la première personne. Alors que l'énonciateur est configuré comme l'origine des points de vue que l'orateur présente. En ce sens, l'analyse de la théorie de Ducrot est donc centrée sur l'argumentation, c'est-à-dire les marques que l'orateur (producteur de l'énonciation) place dans son discours. Ces marques sont présentées à la fois explicitement, du point de vue de la relation entre le locuteur et l'interlocuteur (donc, entre les sujets de l'énonciation) et entre le locuteur et d'autres sujets - par exemple, entre les énonciateurs, qui, à différents niveaux d'implication, dialoguent avec l'orateur, postulant la non-unicité des sujets de l'énoncé. Ensuite, les relations dans le discours, telles que proposées par cette théorie, sont établies non seulement entre les mots ou les phrases, mais aussi entre les discours. L'énonciation est ainsi définie par Ducrot comme l'émergence de l'énonciation, qui fait l'objet de ses analyses.
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Il y a donc, dans le développement d'études dans cette perspective, la prise de conscience qu'il y a des postulats qui leur sont propres. C'est ce que dira Ducrot, lorsqu'il affirmera que le sens de l'argumentation est de mettre la manière dont elle est dite et comprise. Des limites épistémologiques y sont placées par la structure de la langue par rapport à l'extériorité (entendue comme une instance sociale, culturelle ou même référentielle qui implique la langue dans son utilisation concrète). Quand Benveniste affirme que l'énonciation produit la subjectivité, c'est placer une autre coupure épistémologique en considérant d'autres principes également spécifiques. Il s'agit donc de définir ce qui est compris par le sens et ce qui est compris par l'énonciation, et à partir de là, il produira un autre type d'analyse.
Les contributions de Guimarães au-delà de l'énonciation... Parmi les concepts qui font partie du travail développé par Eduardo Guimarães, au Brésil, figure celui d'un événement qui, lié à celui de l'énonciation, donne la dimension historique de la constitution des sens. A travers le concept de mémorable, Guimarães considère aussi le présent et l'avenir de l'interprétation. La notion de scène énonciative, telle qu'établie par lui, nous permet d'observer le sujet, sous les formes de locuteur et d'énonciateur, dans la relation avec les autres sujets et avec les langues qui les parlent et les constituent, ce qui nous amène à observer la langue par un biais politique. Du point de vue analytique, de nombreux concepts constituent la théorie développée par Eduardo Guimarães, parmi lesquels nous soulignons la réécriture et l'articulation, en plus du concept de domaine sémantique de détermination (DSD). Les premiers nous permettent de prendre l'énonciation, non pas isolément ou comme un processus de sommation, mais comme un lieu d'observation de la parole par rapport au texte. Cette dernière nous permet d'entrevoir la désignation d'un mot dans un texte et d'en comprendre le sens et la manière dont il signifie quelque chose du réel. Cela contribue, dans une certaine mesure, à la lecture d'une histoire à partir de ce que les mots signifient dans un texte. C'est une petite partie de ses contributions au développement des études sémantico-unicatrices et argumentatives qui ont ouvert la voie à une sémantique qui observe les sens dans différentes pratiques du langage. Guimarães (1995, 2002, 2018) s'inscrit ainsi dans une perspective sémantique de l'événement qu'il a développé, qui prend en compte une approche matérialiste du langage. Une approche qui prend la langue dans sa non-transparence et qui considère que les relations de sens se produisent dans/par l'histoire. Comme dans Benveniste (1966, 1974), la notion d'énonciation prônée le brésilien concerne avant tout la manière dont la subjectivité est produite dans le langage, puisqu'elle « [...] c'est ce qui arrive quand quelqu'un dit quelque chose, quand un locuteur d'une langue dit une séquence qui est en quelque sorte reconnue par les Revista De Letra em Letra—Vol. 6 n. 1, 2019
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locuteurs de cette langue »
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(GUIMARÃES, 2018: 14) et quand cela « n'arrive pas par l'acte du sujet qui
s'approprie la langue, mais par le fonctionnement de la langue et sa propre systématisation » 9 (op. cit.: 14). En ce sens, l'auteur ne comprend pas l'énonciation d'un acte individuel d'un locuteur, dans lequel il établit, dans son énonciation et à travers elle, un avant et un après, fait établir la figure d'un interlocuteur (comme origine du temps et de la parole en langage), mais comme un événement de la parole même qui se produit dans un certain espace de prononciation (GUIMARÃES, 2018). Et c'est par rapport à ces éléments que s'articulent les notions d'événement et d'espace d'énonciation qui, selon Guimarães (2002, 2018), ne doivent pas être prises par une approche empiriste. d'espace d'énonciation est configurée tandis que « [...] l'espace de relations des langues dans lesquelles ils travaillent dans leur relation avec les locuteurs »
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(GUIMARÃES,
2018 : 23). De cette façon, les espaces d'énonciation sont fondamentaux pour comprendre les divisions de la langue. C'est-à-dire, même si dans cet espace « [...] il n'y a qu'une seule langue, il n'y en a pas qu'une, il y a division, exactement parce que son fonctionnement est nécessairement exposé à quelque chose d'extérieur, parce que les locuteurs sont déterminés par les conditions historiques d'existence » 11 (GUIMARÃES, 2018 : 34) dont les manières de dire sont non homogènes, car elles sont réparties (ou niées) de manière inégalitaire, du fait du fonctionnement politique des langues. Ce fonctionnement politique, en même temps qu'il produit un imaginaire d'unité linguistique, le divise, plaçant en constant « litige énonciatif » les locuteurs dans certains espaces. Une autre notion très importante du travail de Guimarães (au-delà, par exemple, de la notion d'agence énonciative) est celle de mémorable. En ce sens, le concept de mémorable est lié au temps dans son historicité, établissant quelque chose dans l'énonciation qui a déjà été dit et qui constitue le dicton, étant, par conséquent, répété même si re-signifié par le présent de l'énonciation. Le passé n'est pas compris comme un point dans le temps, mais comme un souvenir, appelé mémorable. Il n'est pas seulement intéressant de savoir « quand » un fait s'est produit, mais aussi ce qu'il signifie par rapport à l'histoire, au politique et au social pour comprendre le présent de l'énonciation et pour projeter une interprétation. Le
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Traduction de notre part vers le français à partir de l’original en portugais: « (...) é o que o ocorre quando alguém diz algo, quando um falante de uma língua diz uma sequência que é, de alguma maneira, reconhecida pelos falantes desta língua ». 9
Traduction de notre part vers le français à partir de l’original en portugais: « (...) não se dá pelo ato do sujeito que se apropria da língua, mas devido ao funcionamento da língua e de sua própria sistematicidade ». 10
Traduction de notre part vers le français à partir de l’original en portugais: « (...) espaço de relações de línguas no qual elas funcionam na sua relação com falantes ». 11
Traduction de notre part vers le français à partir de l’original en portugais: « (...) haja ‘só uma língua’, ela não é uma só, ela se divide, exatamente porque seu funcionamento está necessariamente exposto a algo externo, pois os falantes são determinados pelas condições históricas de existência ».
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mémorable est choisi, ou plutôt, découpé par l'événement de l'énonciation, et il y a un souvenir de l'énonciation. En tenant compte de cela, les indices énonciatifs, par exemple, émergent du mémorable (GUIMARÃES, 2002) et entretiennent une relation avec un lieu social. Ainsi, les études, dans la perspective énonciative, se posent, en général, par les significations des désignations, par les significations des énonciations, par les significations dans les relations inégales entre les langues, elle mobilise des questions d'énonciation et aussi d'ordre sémantique qui passent inévitablement par la scène énonciative. L'analyste s'arrête à la matérialité à partir des énonciations et de l'énonciation, à travers une analyse énonciative. En ce sens, une sémantique d'énonciation exige des questions sur les éléments qui sont dans l'énonciation. De même, une théorie énonciative qui fonctionne avec une notion d'historicité peut fonctionner, par exemple, une division inégale des droits de parole et travaillera sur des éléments fondamentaux pour que cela fonctionne dans l'événement énonciatif.
Effets de la non-fermeture des réflexions... Loin de chercher à clore des points importants de discussion dans la perspective présentée ici, nous pouvons réaffirmer le rôle fondamental de la Théorie Enunciative d'Émile Benveniste, à travers Ducrot, parmi d'autres auteurs, comme Eduardo Guimarães. Cette théorie part des concepts saussuriens, en plaçant le sujet comme centre de référence, mais à certains moments – comme dans Benveniste – elle cherche à expliquer comment l'appareil formel d'énonciation marque la subjectivité dans la structure du langage. La notion d'énonciation est donc, pour Benveniste, centrée sur le sujet, qui, en s'appropriant l'appareil formel du langage, énonce sa position de sujet, se marquant comme Moi, établissant le toi et le lui dans sa parole. La théorie Benveniste se concentre donc sur le sujet, ses marques dans le discours. Alors que chez Ducrot cette notion est fortement associée à l'apparition d'une énonciation (dans son événement) à un certain moment du temps et de l'espace. Guimarães, dans ce sens, s'éloigne de Ducrot et développe d'importantes questions sémantiques laissées ouvertes par cet auteur pour travailler sur d'autres aspects tout aussi importants de l'énonciation dans son fonctionnement. Pour clore les discussions par et pour quoi, s'il existe encore de nombreuses façons de le dire ?
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Références Bibliographiques BARBISAN, L. O conceito de enunciação em Benveniste e em Ducrot. Letras, n. 33, p. 23-35, dez/2006. BENVENISTE, É. (1966) Problemas de Lingüística Geral. Trad. M.G.Novak & M.L. Neri. Campinas: Pontes, 1988. BENVENISTE, É. L'appareil formel de l'énonciation. Langages. Paris, Didier-Larousse, 17/1970. ______. É. Problèmes de linguistique générale. T. 2. Paris, Gallimard, 1974. DUCROT, O. Les mots du discours. Paris: Minuit, 1980. FLORES, V. Benveniste e o sintoma de linguagem: a enunciação do homen na língua. Letras, n. 33, p. 99118, dez/2006. GUIMARÃES, E. Os limites do sentido. Campinas: Pontes, 1995. ______. Semântica do acontecimento. Campinas: Pontes, 2002. ______. Semântica – enunciação e sentido. Campinas: Pontes, 2018.
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A PRESTIDIGITAÇÃO DA CRÍTICA DE CULTURA: O CASO DA RECEPÇÃO DO LIVRO “ESSA GENTE”, DE CHICO BUARQUE THE PRESTIDIGITATION OF CULTURAL CRITICISM: THE CASE OF THE RECEPTION OF THE BOOK “ESSA GENTE”, BY CHICO BUARQUE Fabio Silvestre Cardoso Universidade Anhembi Morumbi
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo avaliar a recepção crítica do livro “Essa Gente”, do escritor Chico Buarque de Holanda. Uma das principais referências culturais do Brasil nos últimos 50 anos, Chico Buarque é, além de músico consagrado, escritor, com sete romances publicados. A recepção do seu último romance encontrou não somente elogios da parte da crítica especializada, mas, também, certa harmonização nos argumentos, que, como se verá no artigo, incorporaram, nos textos jornalísticos, a mesma mensagem e a mesma retórica da mensagem da equipe de divulgação da Companhia das Letras, editora do referido autor. Nesse sentido, este texto pretende responder à seguinte pergunta: será que essa harmonização, veiculada pelos cadernos de cultura de “Folha de S.Paulo”, “O Estado de S.Paulo” e “O Globo”, está à altura da análise que se espera do jornalismo cultural ou, na verdade, se aproxima de certo jornalismo de faits divers, marcado pela forte presença das celebridades no universo da cultura? Para responder a essa questão, o artigo se vale do conceito de jornalismo cultural, apresentado por Nestrovski, Fischer e Coelho, bem como do conceito de faits divers, conforme analisado por Roland Barthes. Palavras-chave: jornalismo cultural, crítica de cultura, recepção, comunicação de massa, faits divers, literatura brasileira contemporânea, Chico Buarque
ABSTRACT: This article aims to evaluate the critical reception of the novel “Essa Gente”, written by Chico Buarque de Holanda. One of the main cultural references in Brazil in the last 50 years, Chico Buarque is, besides being a renowned musician, a writer, with seven published novels. The reception of his latest novel found not only praise on the part of the specialized critic, but also a certain harmonization in the arguments, which, as will be seen in the article, incorporated in the journalistic texts the same message and the same rhetoric of Companhia das Letras, publisher of the referred author. In this sense, this text intends to answer the following question: does this harmonization, conveyed by the cultural sections of “Folha de S.Paulo”, “O Estado de S.Paulo” and “O Globo”, are up to the analysis that is it expected from cultural journalism or, in fact, is it closer to a certain journalism of faits divers, marked by the strong presence of celebrities in the universe of culture? To answer this question, the article uses the concepts of cultural journalism, presented by Nestrovski, Fischer and Coelho, as well as the concept of faits divers, as analyzed by Roland Barthes. Keywords: cultural journalism, cultural criticism, reception, mass communication, faits divers, contemporary Brazilian literature, Chico Buarque
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Introdução Um dos objetivos do jornalismo em geral, e do jornalismo cultural em específico, é dar conta dos fenômenos da atualidade. Essa característica, aliás, está nas premissas dessa atividade, conforme apresenta Otto Groth (2011), ao postular os conceitos de jornalismo. Dito de outro modo, um acontecimento (fato) é passível de ser abordado pelos veículos de imprensa na exata medida em que se refere à realidade, não podendo ser, apenas, um acontecimento histórico. De igual modo, ainda de acordo com Otto Groth (op.cit), é preciso levar em consideração os seguintes fatores: universalidade, periodicidade e publicidade 1. Ou seja, na medida em que se trata de um fato cujo alcance é de larga escala, é correto abordá-lo sob a perspectiva jornalística – isto é, pode ser publicado nos veículos de comunicação. Toda essa peroração do parágrafo anterior é importante para a discussão que será apresentada nos parágrafos, a seguir. Isso porque o objetivo deste artigo é repercutir a cobertura de três grandes veículos da imprensa brasileira (“Folha de S.Paulo”, “Estado de S.Paulo” e “O Globo”) à luz do lançamento do mais recente romance do escritor Chico Buarque de Holanda. “Essa gente” foi publicado pela editora Companhia das Letras em novembro de 2019. E, mesmo antes da sua chegada às livrarias, já vinha sendo tratado como obra singular para compreendermos o Brasil contemporâneo, como se fosse uma criação artística com status de revelar as angústias que estavam engasgadas pela sociedade brasileira. Grosso modo, esse era o argumento da própria editora, a partir de suas postagens nas mídias sociais, sobretudo na mídia social Instagram. Como dito, o propósito aqui é abordar a imprensa cultural, mas é fundamental observar como esse gancho encampou a percepção das resenhas e comentários da imprensa sobre o livro. Não resta dúvida de que a produção intelectual literária de Chico Buarque tem merecido destaque – e, por isso mesmo, repercute junto à opinião pública. Só para abordar sua trajetória como escritor, “Essa gente” é seu sétimo romance, e o autor já foi celebrado outras vezes desde o lançamento de “Fazenda Modelo”, sua primeira obra de ficção no campo da literatura. Como expoente da MPB, seu nome está inscrito como um dos grandes autores do cancioneiro nacional, sobretudo depois da segunda metade do século XX, tendo sido autor de clássicos que se confundem com a história da cultura e com a história do Brasil 2. Uma prova de sua estima pode ser vista com a conquista do prêmio Camões, láurea máxima concedida aos artistas da palavra.
1
Para apresentação das ideias de Otto Groth, vale a pena consultar a obra do autor “O poder cultural desconhecido: fundamentos para a ciência dos jornais”. Petrópolis: Ed. Vozes, 2011. 2
No livro “Quem foi que inventou o Brasil?”, o autor Franklin Martins, ao mencionar uma das canções de Chico Buarque, afirma que o cantor e compositor “poderia estar se referindo tanto a um policial do Estado Novo getulista, época em que se ambientava a obra [Ópera do Malandro], quanto a um agente do DOI-Codi da ditadura militar de 1964”.
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É nesse contexto que se observa a repercussão do lançamento de seu mais recente romance, o já citado “Essa gente”. Para os propósitos deste artigo, trabalha-se com a hipótese de que a repercussão do livro na imprensa obedeceu aos critérios de divulgação da editora, Companhia das Letras, e a um agendamento fundamentado nas premissas do jornalismo de celebridades em vez de atender aos elementos do jornalismo. Nesse sentido, organizaremos o texto levando em consideração os seguintes pontos: (i) conceitos de jornalismo; (ii) conceitos de jornalismo cultural; (iii) jornalismo e
infotenimento; e (iv) o caso de “Essa Gente” e a submissão dos cadernos de cultura. Mais do que refletir sobre o episódio do livro em questão, esta análise se justifica na medida em que o jornalismo de cultura tem se confundido com as marcas e as empresas que compõem o edifício da indústria cultural, de modo a oferecer, portanto, uma leitura menos crítica e mais co-participativa das obras que estão sendo divulgadas.
I.
Conceitos de Jornalismo Retomar os conceitos de jornalismo tem a ver com reforçar os postulados que norteiam o trabalho
da imprensa. Com suas raízes calcadas na ordem de mundo burguesa, o jornalismo contemporâneo, sobretudo o que é praticado pelos principais veículos de comunicação, não esconde a sua dupla natureza: ao mesmo tempo que é serviço público – posto que trata das informações e conteúdos de interesse da sociedade – também é negócio sustentado pela iniciativa privada. A própria ideia de liberdade de imprensa, nesse sentido, se organiza obedecendo a esses valores. Ao respeitar essa dupla natureza, os veículos de mídia em geral que têm mais relevância são aqueles que têm grande audiência, isto é, o fato de ter alcance junto ao público de massa faz com que esses veículos também possam ter prestígio e sucesso de estima, conquistando, assim, o status de veículo que forma opinião do público. Para além disso, os veículos de mídia têm grande responsabilidade uma vez que podem conferir o estatuto de relevância aos acontecimentos, uma vez que a eles concedem mais ou menos destaque aos fatos que são apresentados nas páginas dos jornais, nos programas jornalísticos de rádio e TV, bem como nos portais da internet. A teoria do gatekeeper3, por exemplo, explica que os editores têm a função de guardiães
3
Jorge Pedro Sousa escreve sobre David Manning White, que primeiro apresentou a metáfora do gatekeeper. “O jornalismo corresponde ao gatekeeper. Para White, as decisões do gatekeeper seriam, essencialmente, subjetivas, embora igualmente condicionadas por fatores como deadlines”. SOUSA, Jorge Pedro. Elementos de Teoria e Pesquisa da Comunicação e dos Media. Porto, 2006. Disponível em: http://cdn.jornalgrandebahia.com.br/2014/02/Jorge-Pedro-Sousa-Elementos-de-Teoria-e-Pesquisada-Comunica%C3%A7%C3%A3o-e-dos-Media.pdf (Acesso: 07/01/20)
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do que é ou não notícia. São os jornalistas, portanto, que têm a responsabilidade de afirmar o que entra ou não no portão a ponto de ser qualificado de notícia. Esse princípio é determinante para que os veículos de imprensa não apenas possam fazer seu trabalho de acordo com critérios que se tornam claros – e, portanto, “objetivos”, de acordo com alguns de seus teóricos – como também oferece a possibilidade de o público compreender que nem toda a informação é digna de ser transformada em notícia. Apenas o fato que tem interesse público pode (e deve) ser noticiado. Como é que os jornalistas, editores e publishers decidem isso? Ora, é aqui que a abordagem se torna mais subjetiva, uma vez que nem sempre os jornais se pautam, sim, pelos grandes temas – aqueles que o público precisa saber, mas nem sempre se interessa a priori –, muito embora, por uma questão de sobrevivência, os veículos atendem, também, o chamado interesse do público. A partícula “do” ali não é mero detalhe de estilo, pois tem a ver com o fato de que determinados conteúdos, a despeito de mobilizarem a atenção do grande público, não são de interesse público. Nesse sentido, notícias sobre celebridades, por exemplo, escapam (ou deveriam escapar, em tese) da publicação dos veículos sérios, uma vez que estes sempre se pautam, objetivamente, pelo interesse em assuntos que são relevantes, a despeito do fato de a grande audiência não se importar com isso. De modo a tornar essa conceituação ainda mais complexa, vale a pena resgatar, aqui, o que escreveu o autor francês Roland Barthes no livro “Essais critiques”, publicado no início dos anos 1964. Ao comentar a natureza das notícias, estabelecendo uma espécie de categorização a propósito de sua relevância, Barthes assim formulou: “Houve um assassinato. Se foi com um político, é uma informação. Se não é assim, é faits divers”. Ao esboçar sua justificativa de por que essa classificação taxonômica é insuficiente, Barthes observa que, no caso dos faits divers, não é preciso conhecer toda o contexto para que se aproveite a informação. Nas palavras do autor francês Os faits divers dão conta de uma informação total, ou mais exatamente, imanente; contêm em si todo o seu conhecimento: você não precisa saber nada sobre o mundo para consumir uma notícia; não se refere formalmente a nada diferente de si mesmo; é claro, seu conteúdo não é estranho ao mundo: desastres, assassinatos, sequestros, agressões, acidentes, roubos, esquisitices, tudo isso se refere ao homem, sua história, sua alienação, às suas fantasias, aos seus sonhos, aos seus medos: uma ideologia e uma psicanálise das notícias são possível; mas este é um mundo cujo conhecimento nunca é nada além de intelectual, analítico, desenvolvido no segundo grau por quem fala sobre os faits divers, não por quem os consome; ao nível de lendo, tudo é dado em faits divers; suas circunstâncias, suas causas, seu passado, seu resultado; sem duração e sem contexto, constitui um ser imediato e total, que não se refere, pelo menos formalmente, a nada implícita; é nisso que está relacionado ao conto e à história, e não mais ao romance. É dele imanência que define o tópico faits divers.4
4
BARTHES, Roland. Essais critiques. Paris: Editions du Seuil, 2002. p.7
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Nota-se, portanto, que, a despeito do fato de o jornalismo norte-americano ter estabelecido um modelo de cobertura pautado pela objetividade e por uma espécie de modelo de serviço público no que se refere àqueles que cuidam das notícias, é correto afirmar que o tratamento, a curadoria e mesmo a seleção do que é notícia do que não é notícia não fica isento à densa camada de subjetividade que permeia os acontecimentos que, sim, são publicados nos jornais. Nesse sentido, mesmo os veículos mais sérios não escapam desse “vazamento”. Além disso, nota-se, também, que o debate sobre o fazer jornalístico segue atento a essa disputa pela cobertura que deve sempre ser legítima. Ou, em outras palavras, precisa ser pautada por critérios de noticiabilidade que obedeçam ao interesse público, e não somente ao interesse do público, malgrado o fato de que a audiência, sobretudo num momento de ascensão do conteúdo digital e de queda do conteúdo impresso, parece cada vez mais preferir os faits divers em detrimento das notícias relevantes. Uma parte significativa do debate acerca da cobertura jornalística toma como referência o impasse, se assim é possível apontar, exposto acima. Essas questões não estão totalmente resolvidas, em que pesem os muitos estudos que são levados adiante nos centros de pesquisa e também na experiência de repórteres, editores e ombudsmen. De algum modo, esse impasse também se relaciona com o caso que se pretende analisar neste artigo. Antes de chegar lá, porém, cumpre observar outros conceitos – ainda mais fluídos – relacionados ao jornalismo cultural. II.
Conceitos de Jornalismo Cultural No início do século passado, não se falava em jornalismo cultural como área de especialidade. Uma
das razões para tanto está relacionada ao fato de que, enquanto campo de estudo, a área de comunicação social, com ênfase no jornalismo, não contava com os mesmos recursos de análise, assim como as teorias, que hoje ajudam a forjar a reflexão quanto à atividade jornalística, ainda não tinham conquistado o mesmo status que têm hoje em dia. A despeito desses elementos supracitados, o trabalho do jornalismo cultural era, sim, relevante e atraía a atenção dos leitores. O que os estudos voltados para essa especialidade mostraram, ao longo dos últimos anos, foi que a função do jornalismo cultural está ligada à necessidade de julgamento, análise, avaliação e crítica das manifestações artísticas. É certo que a ideia de crítica não depende, de forma exclusiva, das publicações jornalísticas, podendo ser feita pela academia, por exemplo. Mas é no jornalismo cultural que a crítica encontra uma espécie de porto seguro, um espaço onde pode fazer valer a possibilidade de oferecer novas leituras das obras de artes que são avaliadas, para além da divulgação de novas tendências artísticas, de novas obras de arte e até mesmo de novos criadores. Revista De Letra em Letra—Vol. 6 n. 1, 2019
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É nessa perspectiva, aliás, que é possível observar a maneira como o autor Arthur Nestrovski define jornalismo cultural. No prefácio5 do livro “Notas musicais”, publicado em 2001, o autor escreve que o jornalismo cultural vive numa linha tênue entre o contingente e o permanente. Do contingente, origina-se a necessidade de repercutir as novas produções da indústria cultural6. Parece inevitável, uma vez que essa especialidade do jornalismo acaba, com isso, divulgando os lançamentos de livros, os novos álbuns, as novas exposições e as novas montagens teatrais. É o gancho da novidade, conforme pensado pelo teórico Otto Groth. Ocorre que, ainda no que tange o jornalismo cultural, vale a pena mencionar que existe, também, a agenda do permanente. Esse elemento contempla o fato de que as manifestações artísticas dialogam entre si, promovendo uma ampla e complexa relação de intertextual entre si. Dessa forma, quando o livro “O diário de Bridget Jones” é lançado, o texto sobre o livro deverá fazer menção à obra “Orgulho e preconceito”, de Jane Austen (uma vez que, no livro de Helen Fielding, o nome do personagem de Mark Darcy pode ser lido como alusão a “Orgulho e Preconceito”, de Austen). Ou, ainda, na paródia “Orgulho, preconceito e zumbis”, que leva para o universo distópico da ficção científica a obra de Austen, é importante contextualizar o leitor que se trata de uma adaptação, municiando o público de informações, para além de fundamentar com argumentos o julgamento que é dado acerca da apreciação de uma obra de arte. No limite, ainda que seja bastante possível aproveitar uma obra de arte sem estar ciente de todas essas referências, é função do jornalismo cultural oferecer esse contexto a fim de que a experiência seja mais completa, fazendo, aqui, alusão ao argumento de Marcelo Coelho a respeito do papel da crítica de cultura7. Nestroviski e Coelho observam a prática do jornalismo cultural tomando como eixo a referência de quem atuou nesse segmento de forma cotidiana. Num primeiro momento, esse parece ser, também, o caso do crítico Luís Augusto Fischer, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Acontece que, à medida que se lê sua coletânea de ensaios, “Filosofia Mínima”, o que se lê é análise de um autor que teve mais tempo para refletir acerca do papel da crítica de cultura em geral, e do jornalismo cultural em particular. Ao apresentar os princípios que deveriam nortear a atividade de um crítico, Fischer destaca que o jornalismo cultural ocupa um papel decisivo para o debate de ideias numa sociedade democrática, haja vista que as tensões da discussão podem ser vistas nas revistas e jornais. Aqui, vale a pena citar dois episódios, distantes
5
O texto foi publicado no caderno Mais, da “Folha de S.Paulo”, sob o título Um ideal de crítica. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs1009200018.htm. (Acesso: 07/01/20) 6
Ao falar sobre a crítica, Nestrovski ressalta que o papel da crítica é colocar a obra de arte em crise, fazendo aqui um jogo de palavras com a raiz dessas duas palavras: crítica e crise. 7
Num artigo publicado no livro “Rumos da crítica”, editado pela Senac (2007), organizado por Maria Helena Martins, Marcelo Coelho observa que a crítica estimula o enriquecimento da experiência do gostar (p.88).
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e não relacionados entre si. Em 2007, os principais veículos de imprensa do país se posicionaram de forma consistente a propósito do filme “Tropa de Elite”, de José Padilha. Enquanto, para alguns veículos, tratavase da manifestação que fazia elogios à tortura, outras análises, como a da revista “Veja”, elogiavam o filme pela coragem de ter abordado as questões do modo como foram enfrentadas. Pela posição editorial e pelo público alvo da revista “Veja”, pode-se notar que a publicação dialogava com o seu público. Da mesma forma assim fazia quando, em 2012, tratou do personagem Tufão, da novela “Avenida Brasil”, da TV Globo, como esteio moral da nação. Corroborando, assim, as ideias de Fischer, pode-se notar que as publicações cumprem, sim, um papel de referência numa arena em que forças contrárias se opõem. Em que pese a sua importância para a conversação pública e para os artistas, cada vez mais o jornalismo cultural tem sido marcado pela presença, considerada intrusa pelos seus críticos, do jornalismo de infotenimento.
III.
Jornalismo e infotenimento O termo infotenimento8 está longe de ser novo. Já apareceu, mesmo no cinema. No filme
“Conspiração e poder”, um dos personagens critica o diretor de programação exatamente porque a emissora estadunidense CBS teria sucumbido ao infotenimento em vez de perseguir o jornalismo investigativo. Para o desfecho do filme, essa crítica não adiantou em nada para o personagem que reclamou. No século XXI, uma das menções mais contundentes a esse termo foi feita pela dupla Bill Kovach e Tom Rosenstiel no livro “Os Elementos do Jornalismo9”, publicado, pela primeira vez, em 2001. Naquele momento, ainda sem a presença do 11 do Setembro e da Guerra ao Terror, parecia claro aos jornalistas uma tendência corrente na imprensa estadunidense a presença de notícias que se justificavam não pelo apelo junto ao interesse público, mas exatamente porque seu conteúdo era atraente o bastante para fisgar a atenção da audiência, sobretudo na TV. No livro, os autores se referem ao processo de impeachment do então presidente Bill Clinton, criticando a cobertura que havia se desviado para uma abordagem que buscava interesse público e seguia uma abordagem folhetinesca, pautada pela mistura de informação e entretenimento.
No Brasil, o conceito de infotenimento foi estudado pela pesquisadora Fabia Angélica Dejavite, conforme artigo apresentado no Intercom no ano de 2007, sob o título A notícia light e o jornalismo de infotenimento, disponível a partir do link a seguir: http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2007/resumos/R1472-1.pdf (Acesso: 07/01/20) 8
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KOVACH, Bill & ROSENSTIEL, Tom. “Os Elementos do Jornalismo”. São Paulo: Geração Editorial, 2003.
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É importante frisar, aqui, que a conexão entre informação e entretenimento não é necessariamente nova. Talvez seja honesto apontar que essa relação, e a sua denúncia, é tão antiga quanto o trabalho que pode ser chamado de crítica de mídia. De acordo com Carlos Eduardo Lins e Silva, no livro “O adiantado da hora – a influência do jornalismo norte-americano no jornalismo brasileiro”, enquanto ficção, já criticava o jornalismo. Anos mais tarde, outro autor francês, Marcel Proust, no primeiro volume de “Em busca do tempo perdido”, também já oferecia um julgamento agudo para o papel da imprensa. No século XX, outros escritores, como Evelyn Waugh, em “Furo”, que também critica a atuação dos jornais (e do seu público); e não poderia deixar de ser citado, aqui, a prosa ferina de Lima Barreto, que, em “Recordações do Escrivão Isaías Caminha”, mostrou quão venal, ressentida e nociva poderia ser a imprensa brasileira no início do século XX. De uma forma ou de outra, todos esses autores, e tantos outros, criticaram o jornalismo por sua negação para com a profundidade, preferindo, em vez disso, a frivolidade – ou o entretenimento. Ora, se essa relação não é nova, por que é que a imprensa não consertou isso? Ou, por outra, por que é que a essa conexão parece ter se aprofundado, tornando-se ainda mais prejudicial ao público ansioso por informação? As respostas a essas perguntas estariam incompletas se se ignorasse o fenômeno, cada vez mais decisivo, das mídias sociais e de sua influência junto aos meios de comunicação de massa. Com a ascensão dessas plataformas que disseminam conteúdo online, o trabalho da imprensa encontra-se numa espécie de impasse. De repente, o público também passou a divulgar informação, ou, para utilizar uma expressão corrente, tornou-se, agora no século XXI, produtor de conteúdo. O termo “conteúdo”, genérico e utilizado de forma sequencial, é pedra de toque dos evangelistas digitais, que viram na internet 2.0 a ascensão do comum, o que o jornalista e pesquisador Andrew Keen chamou de “culto do amador10”, em livro publicado na segunda metade da década passada. Ainda que, de lá para cá, com a força do Twitter, do Instagram, do já citado Facebook e de aplicativos de compartilhamento e conversa como o Whatsapp, fez com que o jornalismo passasse a ser questionado. E não só questionado. Agora, os veículos tradicionais também começaram a competir, de forma desigual, com os influenciadores digitais, que, por sua vez, se valem da matéria-prima da indústria de notícias para também fazer catapultar seu fluxo de acessos. Direta ou indiretamente associado a esse fenômeno, os veículos tradicionais de mídia, no Brasil e no exterior, têm perdido fôlego em termos de circulação, com quedas significativas a cada ano, de acordo com os levantamentos que vêm sendo divulgados.
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Também em 2007, o autor Andrew Keen publicou o livro “O Culto do Amador”, editado no Brasil pela Zahar.
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Como alternativa para a crise, os veículos de mídia tradicionais têm investido numa cobertura que toma como baliza a agenda do infotenimento, realçando, nesse caso, a atuação de influenciadores digitais, seja mimetizando seu estilo, seja incorporando seus temas na cobertura jornalística. E o resultado é que os veículos têm apostado alto no infotenimento. Para o jornalismo cultural, as consequências dessas escolhas envolvem um novo tratamento aos produtos da indústria cultural, fraudando com as premissas da crítica. É um tanto disso que pode ser visto no caso a ser analisado no segmento a seguir: a repercussão do lançamento do mais recente livro de Chico Buarque, “Essa gente”.
IV.
O caso de “Essa Gente” e a submissão dos cadernos de cultura Num primeiro momento, falar em submissão reforça a impressão, subjetiva, de que os veículos de
impressa foram dominados por uma força avassaladora, como se uma opressão fora do comum tivesse se ocupado da cobertura jornalística. Mais, até: poder-se-ia afirmar que os veículos se curvaram a essa força por acreditar nos seus valores e mentalidade, abrindo mão de sua responsabilidade jornalística, ou, pior, de sua linha editorial. Ocorre que, no caso que pretendemos analisar nas linhas a seguir, o termo submissão não somente parece mais adequado como também está em linha com a força hegemônica capaz de dobrar os três veículos de imprensa mais importantes do país no mesmo dia, fazendo parecer que nada mais importante havia no dia – ao menos não no aspecto da produção cultural. Senão, vejamos. Em 10 de outubro de 2019, o perfil no Instagram da editora Companhia das Letras, casa publicadora do escritor Chico Buarque, fez saber aos seus seguidores que o livro “Essa gente” seria lançado em novembro. O timing não poderia ser mais adequado. Dias antes, o presidente da República, Jair Bolsonaro, havia dito que, “até 31 de dezembro de 2026”, assinaria o diploma referente ao Prêmio Camões, que havia sido concedido a Chico Buarque em maio de 2019. Pode-se dizer, portanto, que a editora se valeu dessa declaração para fazer circular a publicidade do livro, muito embora não existam evidências para confirmar essa ilação. De qualquer modo, a expectativa referente ao livro só fez crescer porque, junto à publicidade acerca do novo lançamento, as informações do livro também começaram a circular. A obra tratava de um escritor decante, Duarte, em meio a uma cidade (e a um país) decadente. Para resumir, a sinopse do livro colocava a obra que ainda não fora lançada como peça crítica ao momento político, cultural e social vivido no país. Revista De Letra em Letra—Vol. 6 n. 1, 2019
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Um mês depois, em 8 de novembro de 2019, a “Folha de S.Paulo”, no caderno Ilustrada, dava grande destaque ao livro. Primeiro, com uma matéria assinada por Walter Porto, com o título: “Tensões do Brasil sob Bolsonaro temperam novo livro de Chico Buarque11”. Em 20 parágrafos (na versão online, ao menos), o texto descreve o livro e aponta para curiosidades que reforçam o que está apresentado na linha fina (o texto de destaque) da matéria: “’Essa Gente’ é o primeiro livro que o autor de 75 anos escreve depois de receber o Prêmio Camões”. No texto, aliás, há espaço para menção do imbróglio envolvendo a não-assinatura do diploma pelo presidente Jair Bolsonaro. A matéria dá aspas a uma declaração do escritor, que disse: “a não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo prêmio Camões”. Para além da matéria, a Ilustrada também apresenta um texto opinativo sobre o livro, desta feita assinado pelo já citado Arthur Nestroviski. O título da crítica é o seguinte: “Pequeno grande romance escrito por Chico Buarque resume o estado do país12”. A resenha tece elogios absolutos ao livro, como o que já aparece na linha-fina: “Quando o Brasil já tiver acabado, só vão precisar de ‘Essa Gente’ para entender o que aconteceu”. Ou, ainda, no parágrafo que assim diz: “o livro chega a ser muito engraçado, uma alegria de se ler. Talvez seja o melhor romance de Chico”. Para além da intimidade que faz parecer da crítica para com o criticado, nota-se o reforço da mensagem que já havia sido disseminada no mês anterior, via Instagram: o livro é um inventário das crises vividas pelo Brasil de Bolsonaro. No mesmo dia 8 de novembro, o jornal “O Estado de S.Paulo” também apresentou ao seus leitores o mais novo lançamento da editora Companhia das Letras – “Essa Gente”, de Chico Buarque. No texto, assinado por Ubiratan Brasil, o leitor, ainda nas primeiras linhas, tem uma informação que é importante para esta análise: o livro seria lançado em 14 de novembro, véspera da Proclamação da República. Ora, por que esse dado, aparentemente lateral, é relevante para o presente artigo? Simples: sugere que existia uma espécie de ação coordenada para promover o livro. Em linhas gerais, isso nada tem a ver com a programação dos veículos de imprensa, que, ao menos em princípio, buscam se destacar, uns dos outros, com coberturas originais. Só que, no caso do lançamento do livro de Chico Buarque, esse princípio já não parecia tão necessário assim.
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PORTO, Walter. Tensões do Brasil sob Bolsonaro temperam novo livro de Chico Buarque. “Folha de S.Paulo” 8 nov. 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/11/tensoes-do-brasil-sob-bolsonaro-temperam-novo-livro-dechico-buarque.shtml (Acesso: 07/11/20) 12
NESTROVSKI, Arthur. Pequeno grande romance escrito por Chico Buarque resume o estado do país. “Folha de S.Paulo” 8 nov. 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/11/pequeno-grande-romance-escrito-por-chico-buarqueresume-o-estado-do-pais.shtml (Acesso: 07/01/20)
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Em relação ao texto em si, Ubiratan Brasil, já na primeira linha, reforça a mensagem que havia sido destacada pela equipe de divulgação da editora: “a trajetória do escritor Manuel Duarte se confunde com a do País”. Afora isso, o texto repercute trechos da orelha assinada pelo escritor Sérgio Rodrigues, além de utilizar as próprias declarações de Chico Buarque para ressaltar o talento do escritor. É o caso de uma entrevista concedida em 1999 – 20 anos antes, portanto – na qual Chico Buarque “confessou que se via como um artista muito mais inovador na literatura do que nas canções”. O texto, assim, mais do que avaliar “Essa Gente”, repassa outros títulos assinados por Chico Buarque, como “Estorvo”, “Benjamin” e “Budapeste”. Ao arrematar o texto, Ubiratan não poderia deixar mais claro o significado do novo livro do escritor brasileiro: Com “Essa Gente”, Chico atinge um momento de excelência ao dar pistas ao leitor de que a história que é lida é, na verdade, o livro que Duarte tenta escrever para, quem sabe, resolver seus problemas. Não se deve esperar, contudo, por uma solução fechada – como último toque de sofisticação estilística, Chico surpreende o mesmo leitor com um final sem solução aparente. E, ao revelar que o computador de Duarte não tem nenhum arquivo guardado, o autor, diante do leitor boquiaberto, conclui que o resto é silêncio13.
Ubiratan Brasil não apenas elogia o livro – detalhe que, neste artigo, não quer dizer muito, haja vista que o propósito não é chancelar ou rechaçar opinião dos resenhistas –, mas, também, reforça as virtudes do seu autor, resgatando outras obras, para além, claro, de reforçar a mensagem de que a obra é uma chave para compreender o presente. O último artigo a ser comentado neste segmento é do jornal “O Globo”, que, também no dia 8 de novembro, publicou uma resenha sobre o livro “Essa Gente”. A certa altura do texto, ao esboçar as características da obra em questão, o resenhista, Miguel Conde, assim escreve:
Essa Gente é um livro ácido, que aposta no desafogo do riso e do sexo para não cair no azedume, mas assume o tom agressivo de caricatura, com sentido implícito de ajuste de contas. Nas ironias ficcionais de Duarte, é difícil não ver a resposta satírica de Buarque às ofensas gritadas por alguns de seus vizinhos de bairro e, mais do que isso, ao projeto de Brasil que esses mesmos gritadores ajudaram a levar ao poder.
Novamente, a relação entre autor e obra literária ganha destaque. E, como é possível observar no fragmento acima, o texto ressalta a conexão entre o tempo presente e a história narrada na obra, sublinhando o caráter da ficção que critica a realidade para, enfim, traduzi-la, criando um efeito de catarse.
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BRASIL, Ubiratan. Em “Essa Gente”, Chico Buarque oferece retrato tragicômico do Brasil atual. “O Estado de S.Paulo”. 8 nov. 2019. Disponível em: https://cultura.estadao.com.br/noticias/literatura,em-essa-gente-chico-buarque-oferece-retratotragicomico-do-brasil-atual,70003080468 (Acesso: 07/01/20).
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Assim, como na resenha de “O Estado de S.Paulo”, o texto de “O Globo14” é mais exploratório e descritivo em relação ao livro, deixando de lado elementos de análise mais conceitual, conforme havia sido feito pela “Folha de S.Paulo”. De qualquer modo, a conexão da obra com o tempo presente é um elemento que, neste texto de “O Globo”, merece atenção, justamente porque a crítica política proposta pelo autor (e pela editora) é comprada pela cobertura especializada, de modo a reproduzir a sua mensagem, sem necessariamente questionar o estilo ou mesmo a estrutura a partir da qual o autor se vale para colocar em prática esse propósito. Dessa maneira, ao longo de seis parágrafos, Miguel Conde, quando menciona o estilo do romance “Essa Gente”, faz isso precisamente para reforçar o argumento de que, na ficção do escritor brasileiro, o tempo presente, marcado pelas desventuras do presidente da República, suas declarações nocivas contra os direitos humanos, contra a educação e na contramão da harmonia e do diálogo, reiterando o clima de polarização. Nesse sentido, mais do que obra literária, o livro de Chico Buarque se apresenta como peça de resistência contra o poder constituído. No lugar de problematizar a obra, as resenhas literárias de “Folha de S.Paulo”, “O Estado de S.Paulo” e “O Globo” tão somente reforçam a mensagem proposta pelo livro. O jornalismo cultural, aqui, não promove a experiência do gostar. Antes, a discussão tão somente é pautada pela editora e seu departamento de divulgação. Enquanto isso, os jornais não somente veicularam textos sobre o livro no mesmo dia, 8 de novembro de 2019, como, também, asseguraram o conteúdo do livro – uma crítica ao governo Bolsonaro escrita por um dos autores brasileiros ais talentosos, Chico Buarque de Holanda. Diferentemente de outros escritores, Chico Buarque está para a imprensa cultural assim como os faits divers estão para o jornalismo político. Dito de outra maneira, trata-se de uma personalidade que é notícia graças ao seu status midiático, consolidado há tempos graças à sua longa trajetória como músico popular, um dos ícones do cancioneiro nacional. Assim, quando lança um livro, ele é notícia independentemente do valor/qualidade da obra – ainda que essa qualidade seja chancelada. Os veículos da imprensa tradicional, por sua vez, não podem ignorar o lançamento de um autor como Chico Buarque – e, do ponto de vista dos critérios de noticiabilidade, nem poderiam, graças à importância supracitada. Ocorre que é interessante observar que os textos dos três principais jornais do país foram publicados no mesmo dia, reforçando a mesma mensagem, sem que houvesse espaço para qualquer CONDE, Miguel. “Essa Gente”, de Chico Buarque, é sátira para segurar o rojão. “O Globo” 8 nov. 2019. Disponível em: https://oglobo.globo.com/cultura/essa-gente-de-chico-buarque-satira-devaneio-para-segurar-rojao24068949 (Acesso: 07/01/20) 14
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discordância na abordagem. Certamente, Chico Buarque não é o único autor/personalidade a ser tratado dessa forma pela mídia; só que, no âmbito da imprensa de cultura, é forçoso observar que o tom, os adjetivos e até o conteúdo dos textos obedecem a um padrão laudatório, que havia sido concebido pela própria assessoria da editora um mês antes do lançamento, como se tivessem preparando terreno para o livro. Ao passo que um dos objetivos da imprensa de cultura é colocar em crise uma obra de arte, conforme afirma Nestrovski no texto que define o modus operandi dessa modalidade de jornalismo, talvez seja forçoso observar que a abordagem devesse ser mais crítica e menos laudatória. Os leitores talvez pudessem aproveitar a experiência por si próprios.
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IDENTIDAD E IDENTIFICACIONES EN LIBRO DIDÁCTICO DE PLE D’IDENTITÉ ET DES IDENTIFICATIONS DANS LE LIVRE DIDACTIQUE DU PLE Fabricio Cordeiro Dantas Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
RESUMEN: Este artículo se sitúa en el rol de estudios sobre enseñanza de PLE (Portugués como Lengua Extranjera), abordaje aún no debidamente conocido y difundido en Brasil. En este sentido, buscamos analizar el manual “Brasil intercultural – língua e cultura brasileira para estrangeiros” (2011) visando averiguar aspectos meritorios y problemáticos en su propuesta así como relacionar a teorías de esta área, las cuáles incluyen la necesidad de distinguir Portugués como Lengua Materna de Portugués como lengua extranjera y proponer metodologías específicas dirigidas hacia hablantes de español. En este sentido, destacaremos tanto cuestiones de orden discursivo-cultural, señalando el concepto de identidad(s), como de orden lingüístico respecto a cuestiones específicos del español. Palabras-clave: PLE; manual didáctico; análisis crítico; identidad; hablantes de español.
RÉSUMÉ: Cet article s'inscrit dans le cadre d'études sur l'enseignement du PLE (Portugais comme Langue Étrangère), une approche encore mal connue et diffusée au Brésil. En ce sens, nous cherchons à analyser le manuel “Brasil intercultural – língua e cultura brasileira para estrangeiros” (2011) afin de vérifier les aspects méritoires et problématiques dans sa proposition, ainsi que de relier les théories de ce domaine, qui incluent la nécessité de distinguer le Portugais comme Langue Maternelle du Portugais comme Langue Étrangère et de proposer des méthodologies spécifiques destinées aux hispanophones. En ce sens, nous mettrons en évidence à la fois les enjeux d'un ordre discursif-culturel, rappelant le concept d'identité (s), et d'un ordre linguistique concernant des questions spécifiques à l'espagnol. Mots-clé: PLE; manuel didactique; analyse critique; identité; hispanophones.
1. Introducción
Pensando en políticas lingüísticas actuales en las que existe un escenario de necesidad de acogimiento a las varias comunidades de inmigrantes y las dificultades asociadas, es que se deben proponer acciones de políticas de formación de lengua extranjera como en el caso de enseñanza de Portugués como Lengua Extranjera (adelante, PLE), por ejemplo, tema de nuestro debate, aquí, el cual se viene instituyendo, Aunque con desafíos y bieses varios, una política de valientes agentes en universidades, sobre todo, visando proponer Revista De Letra em Letra—Vol. 6 n. 1, 2019
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debates para insertar comunidades, carentes o no, temporal o permanentemente, en Brasil, y, por consiguiente, crear una política de lengua. Esto dirigiéndose, principalmente, a países de lengua española como Venezuela, Bolivia o Argentina, o de otras naciones más distantes a ejemplo de unos de origen africano o árabe que, por razones económicas o académicas, siguen buscando o viniendo hacia Brasil visando oportunidades de mejor calidad de vida o de inserción social, por ejemplo. Considerando tal necesidad, el presente trabajo objetiva contextualizar históricamente la implantación de la política de enseñanza de PLE en Brasil, con foco em comunidades hablantes de español, observando algunos caracteres metodológicos y académicos, por un lado, y, por otro lado, analizar, bajo la perspectiva de abordaje sociocultural, como se proyectan imágenes e identidades/identificaciones sobre Brasil presentes en uno de los principales instrumentos para la labor docente, es decir, manual didáctico dirigido hacia la enseñaanza de Portugués como Lengua Extranjera (PLE) que presenta una preocupação específica em parte, al menos, por el público-blanco que costumbra ser uno de los más numerosos con interés en aprender el portugués por razones varias, es decir, hispanohablantes. Cabe agregar que la perspectiva de trabajo adoptada aquí viene desde la necesidad no de hacer juicio de valor o menopreciar el manual analizado por eventual contradición o límite en su propuesta, sino apuntar caminos y direcciones a partir de lo que ya ha conseguido hacer en su gran esfuerzo de proponer algo necesario, así como reconocer sus méritos, considerando nuestra visión acerca del tema. Así siendo, como ente de análisis hemos elegido la obra “Brasil intercultural – lengua y cultura brasileña para extranjeros” de las autoras Aline Moreira, Cibele Nascente Barbosa y Gisele Nunes de Castro, publicado, en 2011, por “Casa do Brasil – Escola de Línguas”, que funciona(ba) en Argentina.
2. La enseñanza de PLE y de PFE (Portugués para hispanohablantes) A pesar de la situación actual en la que se encuentra Brasil, debido a cuestiones político-lingüísticas e ideológicas, en el sentido de que se varios principios democráticos han sido irrespetados, ya sea en el campo de la educación o en el campo de los derechos humanos, el país todavía disfruta de reconocimiento relativo por su visión estratégica y acogedora en el mundo, especialmente en tiempos de crisis humanitarias que involucran a Latinoamérica. El lenguaje es uno de los instrumentos utilizados en este sentido de acogimiento, tanto para refugiados o desasistidos o para aquellos que simplemente ansían ganarse la vida en un territorio diferente que les pueda ofrecer oportunidades. Si bien Brasil no es uno de los países más seleccionados del mundo para intentarse la vida, se presenta como una posibilidad histórica concreta para los países vecinos o incluso más distantes, como Venezuela, Bolivia, Paraguay o Haití, por varias razones. Revista De Letra em Letra—Vol. 6 n. 1, 2019
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Dada esta realidad contemporánea de desaliento de poblaciones enteras de algunos países o de una historial más antiguo, que implica la creación del Mercosur y el "salto" económico que experimentó Brasil en la primera década del siglo XX, ha surgido un contexto de mayor necesidad de aprenderse el Portugués como Lengua Extranjera. Más específicamente, ha habido un aumento en el flujo migratorio transfronterizo, así como un cierto protagonismo de las compañías multinacionales y la creación de varios acuerdos políticos interestatales que han contribuido a la visión del portugués como idioma relevante en el escenario mundial. Sin embargo, fue, sin lugar a dudas, desde la creación del Mercosur, a principios de la década de 1990, que, según Corrêa (2013), Brasil como el único país de habla portuguesa, obtiene un espacio favorable para delinear una política lingüística que valorizase su lengua como lengua extranjera, sino para el mundo, al menos como potencial regional. En este sentido, el PLE ha pasado por varias fases en términos del enfoque utilizado para el estudio y las dimensiones de la política lingüística. Según Carvalho (2013), hubo una fase inicial, que aún permanece, en la que el portugués se enseñaba simplemente para fines específicos, en este caso, desde la década de 1980, incluso antes del Mercosur; es decir, el enfoque era principalmente académico porque los estudiantes de pregrado o posgrado buscaban este idioma para su formación. Además, una fase más reciente, a partir del Mercosur, en la que se amplió el perfil de las partes interesadas en algunos países como Argentina, por ejemplo, cuando se comenzó a ofrecer el idioma en la educación pública y, por extensión, la creación de carreras universitarias de formación en lengua portuguesa. Por supuesto, esto condujo inevitablemente a una mayor demanda de materiales didácticos específicos y producción científica, así como a la necesidad de mejorar el profesorado a este respecto. Sin embargo, la fase más reciente ha sido ver el portugués como un idioma con una perspectiva de acogimiento y que incluye, además de los niños que necesitan alfabetizarse en portugués, adolescentes o adultos que tienen la intención de estudiar postgrado, así como aquellos adultos con poca o ninguna capacitación académica en sus países de origen y quienes, en el contexto de refugio o emigración forzada, necesitan aprender portugués con relativa rapidez para obtener empleo o insertarse en la sociedad brasileña, quizás obtener la nacionalidad. Considerando, por lo tanto, la importancia estratégica que PLE ha ido adquiriendo, es necesario señalar cómo académicamente es necesario buscar las condiciones para expandir sus horizontes académicos, o la constitución de un área académica, cuyas iniciativas han estado teniendo lugar desde los años 1990, pensando sobre todo en este público-blanco que, en su mayoría, es hispanohablante. Según Scaramucci (2013), investigadora en el área, el público objetivo de los estudiantes de PLE en Brasil inicialmente solía ser estudiantes de pregrado y posgrado, a través de los convenios PEC-G y PEC-PG, además de, eventualmente, diplomáticos y personas que querían establecerse en el país, como médicos y otros trabajadores Revista De Letra em Letra—Vol. 6 n. 1, 2019
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independientes. Como tal, el público solía ser y es a menudo heterogéneo, ya sea en variedades de idiomas, formación cultural, grados de alfabetización, etc. Además de este público, hubo casos de candidatos a CelpeBras, prueba exhaustiva de dominio del portugués que tiene varias funciones, incluida averiguar el conocimiento lingüístico-cultural del portugués brasileño. En términos de constitución de un área centrada específicamente en Portugués para hispanohablantes (adelante PFE), según Scaramucci (op.cit), Unicamp (Universidad Estatal de Campinas, São Paulo, Brasil), ha sido pionera una vez que, desde la década de 1960, investigadores como Ângela Kleiman y Linda El-Dash propusieron salas separadas con maestros extranjeros de Unicamp dirigidos a estudiantes que hablan idiomas cercanos como el español. Posteriormente, desde los años setenta y ochenta, de hecho, se constituyó como una subárea del área del Portugués como Lengua Extranjera, especialmente en algunas universidades públicas, tanto en enseñanza como en investigación, y en el caso de algunas universidades del Sur de Brasil, debido a problemas fronterizos, como la UFRGS (Universidad Federal de Río Grande de Sur). Además de este ámbito de trabajo, se han realizado investigaciones sobre la intercomprensión en universidades como UFRN (Universidad Federal de Río Grande del Norte), la UFPR (Universidad Federal de Paraná) y la propia Unicamp, así como la producción de libros de texto, experimentalmente o más consolidados desde principios de la década de 1980, como fue el caso del manual "Português para falantes de Espanhol (Edición experimental)" producido por Leonor C. Lombello y Marisa Baleeiro, en 1983. La investigadora y maestra Scaramucci todavía expone sobre la falta, al menos en el año en que discutió esto, en 2013, de programas y materiales dirigidos a este público-blanco, así como la alta tasa de abandono de estudiantes de habla hispana dada la dificultad de superar fosilizaciones o la creencia de un conocimiento suficiente que perjudica la escritura académica o la producción oral formal, por ejemplo. Finalmente, Scaramucci (2013) también entiende que es necesario aumentar los estudios que evalúan la efectividad del Análisis Contrastivo y su uso para el desarrollo no solo de aspectos no sólo formales, sino también discursivos y culturales, así como la enseñanza del Portugués para hispanohablantes (PFE) para fines específicos, como los orientados a los negocios, los niños de primaria, la escritura académica o los profesionales de la salud, por ejemplo. Por supuesto, toda esta discusión realizada por la investigadora, como sobredicho, se realizó en 2013 y algunas iniciativas y mejoras ya están sucediendo, pero todavía hay mucho por hacer, desde cuestiones gubernamentales, desde capacitación académica y jurídica hasta ideológicas y éticas. Con respecto a estas últimas preguntas, utilizamos una discusión hecha por Fernández y Vieira (2013) en el texto " Construindo o caminho ao caminhar: o ensino de português língua adicional (PLA) a crianças imigrantes bolivianas" que expone las dificultades de trabajar con extranjeros en la enseñanza de PFE, a través del enfoque de puntos Revista De Letra em Letra—Vol. 6 n. 1, 2019
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de vista erróneos del profesor pasante (ignorancia / rechazo de la cultura del otro). Veamos la siguiente declaración como prueba de esto: “Professora, a senhora acha justo que eu trabalhe, pague impostos e minha filha tenha que disputar uma vaga com os filhos de imigrantes que não trabalham, não fazem nada? (...) Veja bem professora, não quero ser preconceituoso, mas até mesmo os animais defendem sua espécie, se reúnem em grupos para defender a própria espécie. (Docente Investigador 1)1
Frente a discursos como el de arriba y, lo que más nos preocupa, de futuros o ya maestros, Fernández y Vieira (op.cit) refuerzan la necesidad de debatir sobre principios constitucionales, en el sentido de respeto por la diversidad cultural y la inclusión. Es decir, es necesario, además de la formación didáctica y el conocimiento de los documentos jurídicos, preguntas subjetivas como el interés, el afecto, la búsqueda del conocimiento de la realidad cultural y el lenguaje del otro. Más específicamente, al pensar en la enseñanza de PFE, según Grannier (2002), hay, por un lado, ventajas en la enseñanza debido a la similitud entre el español y el portugués, pero por otro lado, es necesario centrarse en puntos divergentes entre los dos idiomas, así como características problemáticas y facilitadoras particulares: al mismo tiempo, existe una tendencia hacia una mayor fosilización inicial en portugués influido por el español y la consiguiente necesidad de conocer las diferencias peculiares en relación al portugués, y un alto rendimiento/velocidad en la comunicación. Por lo tanto, el papel de la lengua materna (español) en la adquisición / aprendizaje de PLE considera las especificidades debido a la proximidad lingüística, es decir, la necesidad de que los estudiantes sean conscientes de las diferencias más sutiles entre los idiomas y entre las modalidades del portugués (habla coloquial x discurso escolar), desde una perspectiva metodológica en un continuum de variables metodológicas debido a las distancias entre idiomas. Aún en relación en la enseñanza específica para hablantes español, hay un contraste entre la velocidad de aprendizaje y la fosilización temprana, de modo que la autora hace una propuesta heterodoxa o inusual, es decir, en lugar de la primacía de la oralidad, propone un mayor enfoque en la escritura, a diferencia de la metodología tradicional (L1, materna x L2, extranjera), y opuesta a la estandarización de metodologías para LE. En términos teóricos, la autora señala las contribuciones de investigaciones teóricas sobre las especificidades del PLE (universidades como la Autónoma de México, UNB, Unicamp, etc.), así como la necesidad de trabajo o algunos ya realizados bajo el Análisis Contrastivo y de Errores así como en relación a 1
“Maestra, ¿usted cree que es justo que yo trabaje, pague impuestos y mi hija tenga que competir por un lugar con los hijos de inmigrantes que no trabajan, no hacen nada? (...) Véalo bien, maestra, no quiero ser prejuicioso, pero incluso los animales defienden a su especie, se unen en grupos para defender su propia especie”. (Traducción mía)
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materiales didácticos y la formación del profesorado (conocimiento empírico y fundamento teórico-práctico en los cursos). En cuanto a los materiales didácticos, los que se centran en PFE más cercanos a la enseñanza L1 de acuerdo con los temas, el tamaño del texto sin restricciones, la complejidad léxico-estructural y en las actividades.
3. En defensa de la enseñanza del PLE y del plurilingüismo Toda enseñanza de lenguas extranjeras, como sabemos, debe incluir aspectos gramaticales, así como también puede/debe agregar reflexiones sobre ciudadanía, autovaloración, así como la valorización del otro, ya que las características compartidas entre las diferentes culturas nos permiten reconocer nuestras posturas, perspectivas y entender las diferencias y posiciones de cada uno. Tales actitudes nos permiten alcanzar nuevas visiones del mundo y de cultura. Agréguese a esto el hecho de que conocer otro idioma significa tener acceso a una cultura diferente con sus respectivas tradiciones y formas de pensar, a menudo muy diferentes. En cambio, aprender nuevos idiomas amplía los horizontes y ayuda a tener más respeto y tolerancia frente a los diferentes. Además, la enseñanza de Lengua Extranjera debe, por lo tanto, partir de una reflexión sobre la realidad social, política y económica. El segundo idioma representa la posibilidad de actuar en un mundo diferente del que ofrece la lengua materna. Complementando esta discusión, cuando pensamos en la enseñanza de idiomas, también es urgente abordar la noción de plurilingüismo que está bien marcada por las diferentes teorías y documentos curriculares que se han propuesto en los últimos años, especialmente en Europa, y que han estado remodelando los principios básicos que rigen la enseñanza de idiomas Este es el caso del llamado "Marco Común Europeo de Referencia para las Lenguas" (MCERL) para el cual la idea de la coexistencia y las contribuciones mutuas entre las diferentes lenguas debe promoverse mediante la enseñanza. Según el MCERL (2002), el alumno multilingüe podrá desarrollar una interculturalidad que agudizará el desarrollo de su personalidad, haciéndola más rica y compleja y, por otro lado, la interculturalidad puede darle una mayor capacidad para el aprendizaje de idiomas y mayor apertura a nuevas experiencias culturales. En resumen, el plurilingüismo es urgente para promover la integración entre los pueblos a través de la convivencia y el conocimiento mutuo, tanto en relación con la forma de pensar / ser / actuar de los individuos, es decir, por su cultura o virtud de la forma en que se expresan y se comunican a través de sus idiomas nativos. Revista De Letra em Letra—Vol. 6 n. 1, 2019
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Otro concepto básico, por lo tanto, inherente a esta integración y nuestro análisis es el de representación cultural e identidad. Es necesario ver la representación de ambos lados y dar voz o dar a conocer si las voces y los discursos permearon entre ambas partes de la relación evitando, por lo tanto, el individualismo, el aislacionismo, los estereotipos frente a dos minorías en términos de decisiones e influencia sobre padres: por un lado, los extranjeros que buscan desde mejores condiciones de vida hasta el progreso académico, que abandonan o son expulsados de sus países por razones económicas o políticas, por lo tanto, eventualmente necesitando ser recibidos y, por el otro, diversas entidades sociales, en el contexto académico o no, que ve a los extranjeros ocupando espacios y necesitando recepción, integración social y capacitación, que necesitan aprender, incluso en el entorno universitario, así como aprender a tratar con los diferentes e intentar, al mismo tiempo, comprender las diferencias mencionadas, acoger y adaptarse a las especificidades y necesidades lingüísticas-culturales y económicas de los demás.
4. Identidad(es) cultural, discursiva y linguísticas: algunos apuntes Stuart Hall, un exponente de los estudios culturales, contribuye en gran medida al concepto de identidad cultural y no puede dejar de mencionarse en este trabajo, aunque su visión no se refiere específicamente al lenguaje. Según él, en un libro de 1997, inevitablemente hay una "fragmentación" del tema y la identidad cultural contemporánea, dadas las diversas demandas que surgen de la globalización y la sociedad postmoderna en la que muchos personajes han sido resignificados como doctrinas, religiones, ideas de belleza, masculinidad, etc. y, por supuesto, inevitablemente esto ha afectado directamente la idea de identidad nacional construida sobre la modernidad. Si antes, como en la primera mitad del siglo XX, era necesario que los países mantuvieran un discurso homogéneo y universal de la cultura nacional, posteriormente, ha habido nuevos matices, con ambigüedades y contradicciones, desde que termina una cultura nacional, claro, viviendo entre el pasado y el futuro, a veces abordando el pasado y sus glorias, a veces tratando de avanzar hacia la modernidad. En este sentido, Hall revisa esta concepción de la cultura nacional unificada argumentando que la mayoría de las naciones se unificaron siguiendo un proceso de conquista violenta que ejerció una hegemonía cultural sobre los colonizados, y que una nación está compuesta de diferentes clases sociales, grupos étnicos y de género. Con respecto al concepto de identidad en sí, Stuart Hall considera que la llamada identidad unificada, completa, segura y coherente sería una fantasía, porque “à medida em que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam, somos confrontados por uma multiplicidade desconcertante e Revista De Letra em Letra—Vol. 6 n. 1, 2019
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cambiante de identidades possíveis, com cada uma das quais poderíamos nos identificar – ao menos temporariamente”. (op.cit, p.13)2 Al pensar en la cuestión de la identidad nacional, Ortiz (1994) entiende que no habría una identidad auténtica, sino una pluralidad de identidades construidas por diferentes grupos sociales en diferentes momentos históricos (ídem), lo que hace que la cultura, en el contexto de su discusión, brasileña, se singularice en su pluralidad. (p.64) El hecho es que tal concepto de identidad presenta varias visiones que buscan definirla a partir de los diversos espectros teóricos, pero hay algunas similitudes como considerar que la identidad no puede verse como algo integral, uno y primordial y es un proceso relacional y en movimiento, lo que lo hace algo inestable, por lo tanto. En este razonamiento, según Orlandi (1998), el sujeto es polifónico, construido en el y por el lenguaje y, por lo tanto, de un proceso de identidad que constituye un juego polifónico, en el que múltiples voces y dichos desafían, sostienen y/o rompen identidades. En otras palabras, “não há identidade sem sujeito e também não existe sujeito sem discurso” e “as identidades não são homogêneas, fixas, estáveis, mas se transformam no movimento da história”.3 (op.cit) Al ampliar dicha discusión, Pietroluongo (2009) reconoce que la identidad del sujeto que se comunica es "compuesta" porque incluye datos biológicos ("somos o que é nosso corpo”)4 datos psicosociales atribuidos al sujeto ("somos o que dizemos que somos"),5 y datos construidos por nuestro propio comportamiento ("somos o que pretendemos ser")6. Sin embargo, dado que, desde el punto de vista del significado, los datos biológicos adquieren los significados que los grupos sociales les atribuyen, estos componentes pueden reducirse a dos, es decir, identidad social e identidad discursiva. La identidad social tiene la necesidad de ser reconocida por otros, o es lo que le da al sujeto su "derecho a hablar", lo que funda su legitimidad. En otras palabras, la identidad social (estrictamente hablando, psicosocial, porque está impregnada de rasgos psicológicos) es algo "atribuido-reconocido", un "pre-construido", determinado, en parte, por la situación de comunicación (estar en la situación para decir algo teniendo en cuenta su estado y función). La identidad discursiva, a su vez, tiene la particularidad de ser construida por el sujeto que habla
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“A medida que los sistemas de significado y representación cultural se multiplican, nos enfrentamos a una multiplicidad desconcertante y cambiando las identidades posibles, con las que podríamos identificarnos, al menos temporalmente ". (Traducción mía) 3 "No hay identidad sin sujeto y no hay sujeto sin discurso" y "las identidades no son homogéneas, fijas, estables, sino que se convierten en el movimiento de la historia". (Traducción mía) 4 “Somos lo que es nuestro cuerpo” (Traducción mía) 5 “Somos lo que decimos que somos” (Traducción mía) 6 “Somos lo que pretendemos ser” (Traducción mía)
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para responder la pregunta "Estou aqui para falar como?"7, de modo a depender de un doble espacio de estrategias, la de la "credibilidad" y la de “captación”, siendo la primera relacionada a la necesidad de que el sujeto que habla cree en él, tanto en el valor de verdad de sus afirmaciones como en lo que realmente piensa, es decir, en su sinceridad. Así, la identidad discursiva se construye en base a los modos de habla en la organización enunciativa del discurso y en la manipulación de los imaginarios sociodiscursivos. A diferencia de la identidad social, la identidad discursiva es siempre algo "para ser construido en construcción". Resulta de las elecciones del sujeto, pero obviamente tiene en cuenta los factores constitutivos de la identidad social. En conclusión, nos dirigimos a Orlandi (1998), para quien sería común "aliarse el lenguaje y la identidad para hablar de" ‘identidad lingüística’, entendiendo por esta expresión una relación con la nacionalidad, con la cultura o pertenencia a un Estado". Así siendo, la autora busca extender el sentido de identidad lingüística a algo menos marcado desde el punto de vista histórico-social y, por lo tanto, menos visible, aunque tan productivo como cualquier otro proceso de identificación en el dominio del lenguaje. Para ella, la identidad es un movimento na história, identidade não se aprende, ou seja, não resulta de processos de aprendizagem, mas resulta de posições que se constituem em processos de memória afetados pelo inconsciente e pela ideologia.8 (p.204)
5. Manual estudiado: características y tendencias Nuestro enfoque considerará, por un lado, la estructuración de los volúmenes analizados, enfocándose en la articulación entre lo que proponen los autores y lo que es realmente se efectiva en el material, en cuestiones culturales y de identidad, y, por otro, en cuestiones relacionadas con el enfoque de contraste entre portugués y español. Además, comenzaremos con extractos de la presentación del libro del maestro, en relación con el producido en el libro del alumno y correlacionado con eventuales discusiones sobre cultura e identidad, siempre tratando de criticar posibles incongruencias e inconsistencias, sugiriendo cambios y destacando, por supuesto, elementos en los que el libro realmente se destaca en términos de enfoque intercultural, de identidad y discursivo.
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“¿Estoy aquí para hablar como?” (Traducción mía) “Movimiento en la historia, la identidad no se aprende, es decir, no es el resultado de procesos de aprendizaje, sino que resulta de posiciones que constituyen procesos de memoria afectados por el inconsciente y la ideología.” (Traducción mía) 8
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5.1 Enfoques propostos no livro e síntese descritiva La colección elegida, titulada Coleção Brasil Intercultural – Língua e Cultura Brasileira para Estrangeiros, presenta cuatro volúmenes, que cubren cuatro ciclos de aprendizaje, centrándose más en los hispanohablantes. Según la presentación de los libros, cada uno de los ciclos que estructuran el curso en portugués está organizado en dos niveles: Ciclo 1 (Básico 1 y Básico); 2); Ciclo 2 (Intermedio 1 e Intermedio 2); Ciclo 3 (Avanzado 1 y Avanzado 2); Ciclo 4 (Avanzado Superior 1 y Avanzado Superior 2). De esta forma, cada uno de los volúmenes de la Colección está destinado a dos niveles de curso. De manera complementaria, además de los cuatro volúmenes (libros de estudiantes), hay cuatro libros de trabajo diseñados para ampliar las experiencias de aprendizaje a partir del libro de estudiantes, incluidas actividades y ejercicios complementarios. El material expone como público-blanco aquél(lla) estudiante que "quiere aprender portugués de Brasil tal como es, rico y diverso, dentro de la cultura que lo marca y que, al mismo tiempo, está marcado por él" (negritas nuestras). Es por eso que, según las autoras, estudiar con tales libros significaría conocer y vivir la lengua-cultura brasileña, considerando sus características y en su relación con las otras culturas que, juntas, conforman la(s) identidad(es) latinoamericanas(s). El enfoque pedagógico defendido es intercultural en el sentido de centrarse “em uma visão de língua como lugar de interação, como dimensão mediadora das relações que se estabelecem entre sujeitos e mundos culturais diferentes”9. A ideia de língua é a de que não implicaria apenas forma ou sistema, mas “conjunto de possibilidades de interação e vivência, que inclui estruturas formais e regras, bem como os significados sociais, culturais, históricos e políticos que a constituem”.10 Además, sostienen que su propuesta con un bies intercultural aboga por hacer del aula un espacio sensible a la cultura de los sujetos que interactúan, en el que el contacto entre diferentes idiomas y culturas se construye a través del diálogo y la reflexión crítica constante sobre las semejanzas y diferencias que las caracterizan. Assim, “aprender português significa viver experiências culturais e linguísticas em uma nova língua, pensando sobre ela e sobre a própria língua materna do (a) aprendiz”11 en que el estudiante es
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"Una visión del lenguaje como un lugar de interacción, como una dimensión mediadora de las relaciones establecidas entre sujetos y mundos culturales diferentes". (Traducción mía) 10 "Un conjunto de posibilidades de interacción y experiencia, que incluye estructuras y reglas formales, así como los significados sociales, culturales, históricos y políticos que lo constituyen". (Traducción mía) 11 "Aprender portugués significa vivir experiencias culturales y lingüísticas en un nuevo idioma, pensando en él y en la lengua materna del aprendiente" (Traducción mía)
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“sujeito ativo, que constrói a sua competência interacional juntamente com o professor, que exerce o papel de orientador e mediador no processo geral de ensino e aprendizagem”.12 Finalmente, se expone que, al final de cada volumen del Libro del Alumno, hay un apéndice gramatical, con el fin de permitir a los alumnos consultar y resolver dudas, así como complementar el trabajo del profesor para sistematizar y explicar sus orientaciones en clase Además, hay otros materiales adicionales, que contienen actividades y ejercicios complementarios presentes en los Cuadernos de ejercicios, que contribuyen a ampliar los contenidos y las experiencias de interacción desarrolladas en el aula. En cuanto a la estructura del volumen elegido, de manera similar a los demás, hay ocho unidades, incluido la del número 0 con tres secciones básicas, a saber, "Ponto de partida” (Punto de partida), "Interacción" (Interação) y "Análisis lingüístico" (Análise lingüística). En el primero, generalmente hay un acercamiento al tema de la unidad con preguntas sobre algunos contenidos relevantes para la unidad y algunos textos de diferentes géneros para presentar la discusión. En la parte de interacción, a su vez, existe la preocupación de exponer mayores detalles de la discusión, destacando la lectura de varios textos y la discusión que contiene comprensión e interpretación, a través de algunos ejercicios e instrucciones para futuras investigaciones. Finalmente, la sección sobre análisis lingüístico, como su nombre lo indica, está dedicada a sintetizar algunos aspectos gramaticales que incluyen desde problemas fonéticos, léxicos hasta morfosintácticos y semánticos, a través de una perspectiva, en general, que destaca el enfoque contextualizado de elementos formales, eventualmente fusionando una perspectiva contrastante con el español, a través de la orientación previa dada al maestro en el Libro del Profesor.
5.2 Elementos iniciales de análisis: cuestiones de identidad/identificación e imaginario Curiosamente, el libro "Nivel 1" comienza con la Unidad 0, ya que sugiere una especie de prefacio al libro y, lo que es más interesante, parece ser la parte del libro que refuerza el propósito de los principios propugnados y que abordan cuestiones de identidad. /identificación. La Unidad llamada "Conhecendo o Brasil” (Conociendo Brasil) en la sección "Pontos de partida" del libro del estudiante presenta algunas preguntas muy interesantes en forma de preguntas, tales como: “Qual é a imagem que você tem do Brasil?”, “Imagens do Brasil”, e “Personalidades ilustres brasileiros”13.
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"Sujeto activo, que desarrolla su competencia interactiva junto con el profesor, que desempeña el papel de asesor y mediador en el proceso general de enseñanza y aprendizaje ". (Traducción mía) 13 “¿Cuál es su imagen de Brasil?", "Imágenes de la Brasil "y "Personalidades brasileñas distinguidas ". (Traducción mía)
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Con respecto a las actividades sugeridas, en este caso, señaladas en el manual del profesor, hay una discusión sobre el "Hino nacional do Brasil” (Himno Nacional de Brasil)", "Sérios sotaques do Brasil” (Serie acentos de Brasil), así como la discusión del “Vídeo sobre os elementos representativos do Brasil” (Video sobre los elementos representativos de Brasil). Finalmente, en la sección “Análise lingüística” (Análisis lingüístico), buscamos discutir, entre otras cosas, ciudades y estados brasileños, terminando con lecturas recomendadas con los siguientes títulos “O jeitinho brasileiro de falar” (La forma de hablar brasileña) y “Sotaques do Brasil desvenda as diferentes formas de falar do brasileiro” (Acentos brasileños revelan las diferentes formas de hablar del brasileño). Más específicamente, en el libro del alumno, vemos, en esta Unidad 0, un enfoque más panorámico de los conceptos de identidad y sondeo, junto a los alumnos, sobre imágenes de Brasil, el idioma portugués y las expresiones culturales como diferentes lugares de interés en Brasil, distinguidos brasileños en diversas áreas, sondeo de motivaciones para aprender portugués, concepto de felicidad según político brasileño, en una propuesta de enmienda constitucional (PEC), además del trabajo de sondeo y comprensión a partir del género musical, la canción “O que é, o que é”? (¿Qué es, qué es?), por Gonzaguinha. Lo que llama nuestra atención en esta unidad es, por un lado, realmente un enfoque intercultural, o al menos intentar tener un diálogo intercultural y una perspectiva de aproximación a través de los rasgos culturales de Brasil y qué podrían pensar los estudiantes al respeto. Sin embargo, dos elementos para la reflexión llaman nuestra atención. Aquí, en el Libro del Profesor, se señala que el propósito de las primeras partes de la Unidad 0 incluye reflexionar sobre la imagen de Brasil, comenzando con la visualización de un mapa que contiene las diferentes regiones del país. El elemento principal es comentar las diferencias en acentos y costumbres de cada región y el intento de estimularle al estudiante a expresar la imagen sobre Brasil e introducir expresiones que permitan la emisión de opiniones y posiciones a través de estructuras como “Eu acho que” (Pienso que), “Em minha opiniao” (En mi opinión), etc., o, “concordancia/discordância” (acuerdo / desacuerdo), con estructuras como “Você tem razão” (Tienes razón), “É menos, né?” (Es menos, ¿no?), entre otras. Además, se defiende, en el libro del profesor, trabajar con pequeños diálogos entre los estudiantes que señalan marcas de oralidad en las respuestas y la consecuente familiaridad con el lenguaje hablado. Finalmente, se proponen como textos de discusión “Hino nacional brasileiro com legenda segundo ritmos de diferentes regiões do país”14 y, además, en términos de acento a través de un video que muestra las diferencias de pronunciación de "R", en Brasil, con el objetivo de servir como un puente al diálogo con la
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"Himno nacional brasileño con subtítulos de acuerdo con los ritmos de diferentes regiones del país". (Traducción mía)
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cultura del país de los estudiantes y la consiguiente solicitud de producción de textos escritos de los estudiantes sobre algo representativo en su país. A pesar de la interesante propuesta de discusión y enfoque intercultural en esta unidad, uno debería considerar la razón de las elecciones y preguntar por qué algunas figuras son más ilustres que otras, o si tal sentido de representatividad cambia a lo largo del tiempo o no y por qué. Además, se propone que el maestro tome varias imágenes de Brasil para ser observadas por los estudiantes y que discuta la idea de identificarse o no con el material expuesto utilizando estructuras como “Me identifico com” (Me identifico con), “Não me identifico com” (No me identifico con ...). Es interesante notar aquí la preocupación con la idea de verificar la mirada del estudiante y por qué la identificación o no, un momento, por lo tanto, importante para problematizar el tema, lo que expandiría la mirada del estudiante sobre cualquier convergencia con prejuicios o no. Las autoras entienden que la relevancia de esta unidad sería presentar a Brasil como país, cultura e idioma, de manera integrada y en diálogo con el país, la cultura y el idioma de los estudiantes, así como como una oportunidad para trabajar con nociones fonéticas, y listar acercamientos y diferencias sonoras entre los idiomas. En este sentido, se dialoga el idioma aprendido (portugués) con la lengua materna de los estudiantes, además de tratar de reconocer, de manera panorámica, las diferencias en los acentos de cada región, y observar elementos y personalidades de la cultura brasileña y trabajar con el tema de los estereotipos conectados. a los brasileños y hablar un poco sobre algunos ritmos típicos de la música brasileña. Luego, en la actividad 05, una instrucción interesante se refiere a la discusión sobre la felicidad al discutir los estereotipos sobre el brasileño con preguntas como “Todo brasileiro é feliz?”, “Todo brasileiro sabe sambar?” o “Você conhece outros estereótipos sobre os brasileiros?”15 Finalmente, la actividad 06 discute las peculiaridades de los ritmos brasileños, así como la consiguiente diversidad cultural en las diferentes regiones de Brasil y la propuesta de lectura de varios géneros pertinentes a esta discusión de la Unidad sobre la forma en que los brasileños hablan, sus acentos, tal como señalado, anteriormente. A pesar de nuestra visión favorable de esta unidad, aquí hay dos imágenes de partes del libro que pueden ofrecer situaciones posiblemente problemáticas sobre la visión de Brasil. A verlos:
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“¿Está contento todo brasileño?”, “¿Sabe cada brasileño cómo bailar la samba?”, “¿Conoce otros estereotipos sobre los brasileños?”. (Traducción mía)
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Aquí, en esta imagen, como ya lo describieron las autoras, sería una oportunidad para trabajar con estereotipos como el de saber bailar, por ejemplo, pero existe una visión posiblemente estereotipada en los siguientes términos: características generalmente europeas en las imágenes y la única persona negra expuesta como articulada la idea de la samba, algo aunque común, puede verse como impositivo al decir “Eu gosto de sambar” u otras frases como “Eu acho que é o melhor lugar para passar as férias” o “Em minha opinião, o Brasil apresenta boas oportunidades de trabalho”.16
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"Me gusta sambar" u otras frases como "Creo que es el mejor lugar para pasar las vacaciones" o "En mi opinión, Brasil presenta buenas oportunidades de trabajo ”. (Traducción mía)
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Aquí, de lo que nos damos cuenta es que, a pesar de la vista panorámica de los ilustres brasileños, al articular imágenes y descripciones de personas, no hay imágenes de ilustres negros e indígenas, lo que podría ser revisto. Es el caso de personas como el futbolista Pelé, que es negro, o indígena, como militante Raoni, por ejemplo. La conclusión a la que llegamos, finalmente, es que, por supuesto, uno no puede resumir todos los biotipos brasileños o tornar exótico o exponiendo figuras estereotipadas de rasgos brasileños, pero se debe Revista De Letra em Letra—Vol. 6 n. 1, 2019 45
buscar un compromiso para dar mayor claridad al enfoque cultural incluyendo facetas étnicas como mestizos, indios, negros, así como blancos e incluso orientales, descendientes de inmigrantes. En la unidad “Interagindo em portugués” (Interactuando en portugués), el enfoque parece estar en profundizar la producción escrita en portugués, así como en una mayor diversidad en el enfoque de los géneros textuales oponiendo los grados de formalidad, así como considerando otras cuestiones culturales como la comida, por ejemplo. En términos de textos y géneros utilizados y cuestiones de identidad y de discurso, utilizamos los siguientes materiales. En la sección "Interactuando en portugués", se parte de una viñeta discutiendo las funciones del teléfono celular. Del mismo modo, se ven posibles estereotipos, como si hubiera pocas personas negras en el país, por aparecer poco en fotos y, en su lugar, una viñeta cómica, así como en situaciones relativamente desfavorables, porque son personas con trabajos más simples y personajes exagerados: mujeres con características sexuales sobresalientes y rasgos negros también reforzados "cabello, color exagerado, labios bastante gruesos", etc.
Sin embargo, las siguientes preguntas de enfoque parecen ser interesantes para discutir el tema representado en la imagen. Veamos: 1) A charge representa uma crítica a que tipo de tendência do mundo contemporâneo?; 2) Quais são os elementos responsáveis pelo efeito de humor causado no leitor?, 3) Você consegue imaginar sua vida sem celular? Por quê?, e 4) Para você, o que é importante na hora de escolher um celular? Explique.17 A continuación, destacamos un ejercicio en la página 6 de la Unidad 1. En él, se discuten elementos relacionados con nombres o apodos como adjetivos. Echemos un vistazo a los que están en un círculo.
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1) ¿Es la viñeta cómica una crítica a qué tipo de tendencia en el mundo contemporáneo?; 2) ¿Cuáles son los elementos responsables del efecto del estado de ánimo en el lector?; 3) ¿Se imagina su vida sin un teléfono celular? ¿Por qué?; Y 4) Para usted, ¿qué es importante al elegir un teléfono móvil? Explique. (Traducción mía)
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Como se puede ver de antemano, hay una serie de adjetivos, generalmente femeninos, con una connotación claramente despectiva en la que la mujer (Maria Chuteira, Patricinha, Maria-vai-com-as-outras, Maria Gasolina)18 se coloca como una mujer interesada, infiel, carente de personalidad, por ejemplo, lo que nos hace pensar en un bies complejo que debe discutirse para no inculcar o reforzar puntos de vista estereotipados, machistas o misóginos. En el análisis lingüístico, trabajamos con vocabulario relacionado con expresiones cotidianas, días de la semana, meses del año, fechas conmemorativas, estaciones del año, horas, países y nacionalidades, comidas, alimentos, medios de transporte, entre otros, además del estudio de los verbos en tiempo presente relacionados con la rutina. Como textos llamativos y aspectos identitario-discursivos, destacamos los siguientes. Primero, se discute la idea de los festivales de junio en el país, describiéndolas históricamente, así como destacando sus características y dónde figuran más en Brasil. Después de leer el texto que no exponemos aquí por razones de espacio, nos gustaría llamar su atención sobre las siguientes preguntas: 1) 2) 3) 4)
Segundo o texto, que elementos culturais são representativos de uma festa junina? Há alguma festa típica da qual você goste de participar? Qual? Por quê? Quais são os costumes das festas típicas do seu país? Nas festas típicas do seu país, há pratos especiais? Você costuma consumi-los com que frequência?19
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Expresiones que sugieren mujeres banales o interesadas en acercarse al hombre por interés económico (futbolistas ricos, hombres detentores de coches caros, etc.) 19 1) Según el texto, ¿qué elementos culturales son representativos de un festival de junio?; 2) ¿Hay alguna fiesta típica a la que le gustaría asistir? ¿Cuál? ¿Por qué?; 3) ¿Cuáles son las costumbres de los festivales típicos de su país?; 4) En las fiestas típicas de su país, ¿hay platos especiales? ¿Con qué frecuencia los consume?. (Traducción mía)
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Estas preguntas, en nuestra opinión, son bastante interesantes precisamente porque salvaguardan, de hecho, una mirada de acercamiento intercultural y con imágenes e identificaciones en una propuesta cordial y adecuada a lo que se predica en la visión docente de PLE. Además de esta actividad anterior, hay otras relacionadas con las diferencias culturales entre los distintos países, así como la necesidad de discutir lo que se considera interesante tanto en el país cuya cultura e idioma se conoce como Brasil, como también aspectos que podrían llamar la atención en el propio país a los turistas que quieran visitarlo. Aquí, sin embargo, lo que podría llamar la atención sería la necesidad de identificar por qué algo podría ser visto como más representativo o por qué podría llamar la atención de los turistas para ver los criterios elegidos en esas opciones y qué podría estar detrás de esto. Finalmente, hay otras dos cosas sobre las que nos gustaría llamar la atención en esta 2ª Unidad, son el aparte “Você sabia?” (¿Sabía usted?) con el título “Vamos tomar um café” (Vamos a tomar un café) proveniente de un texto informativo, discutiendo la supuesta necesidad típica brasileña de esta pregunta para asociarla a la necesidad de hacer contacto social o tomar un descanso de las tareas, así como la diferencia en la opinión del café en otros países conocidos como Inglaterra y Japón, por ejemplo, cuyo ritual generalmente está relacionado al consumo de té, por ejemplo. En resumen, si bien reconocemos el aspecto verdaderamente intercultural en esta unidad, observamos la necesidad de una discusión más amplia sobre la diversidad étnico-cultural en Brasil, así como la visión de los brasileños sobre sí mismos. Tal limitación aparente puede deberse a que son los primeros libros de la colección, o tal vez haya unidades más detalladas en otros libros de la colección a las que no teníamos acceso. En la unidad 3, titulada 'Descubriendo Brasil', existe la preocupación de profundizar más problemas culturales centrados en las regiones del país, la alimentación y la diversidad discursiva (formal x informal). En el tema "Puntos de partida", destacamos la ciudad de São Paulo, un lugar importante en el país, pero resaltada en esta unidad de una manera peculiar, como veremos a continuación. En el tema "Interacción", hay una variedad de géneros textuales entre los que destacamos el texto informativo (periodístico) sobre los elementos que queremos señalar aquí. Finalmente, en el tema de "Análisis lingüístico", entre otras exposiciones, hay comparativas de igualdad, superioridad e inferioridad. Uno de los textos que se destacan en esta unidad es un diálogo, dicho auténtico, entre dos amigas en el que Elaine le cuenta a su amiga Marli sobre un viaje a Florianópolis y algunas experiencias que habrían llamado la atención de Elaine al respecto. Como son amigas cercanas, el idioma es informal, marcado por expresiones como “E aí, beleza?” (Entonces, ¿qué tal?), "Floripa" (abreviación para el nombre de la ciudad Florianópolis, capital de la provincia Santa Catarina, en sur de Brasil), “curtir as férias” (disfrutar de las Revista De Letra em Letra—Vol. 6 n. 1, 2019
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vacaciones), “gatinho” (“gatinho” apodo íntimo para referirse a hombres bonitos), "gracinha" (término para decir, de manera informal, que algo o alguien es bonito), etc., y las expresiones culturales de la localidad, geográficas, relacionadas con la comida o a las personas a ejemplo de varias playas como "Cana", "Ingleses", etc., o alimentos como “tainha” (un tipo de pescado), “casquinha de siri” (protección/cáscara de cangrejo cocida), “capeta" (bebida alcohólica), “acai” (fruta típica de Brasil, etc. Las preguntas al respecto se hacen a partir de la correlación entre columnas para articular palabras formales o informales a los sentidos apropiados (bacana [elogio genial, en español] x legal [cool, en español), (gatinho [bello] x menino [niño]/ garoto [ muchacho]), etc. Es decir, existe una preocupación pertinente para trabajar con la diversidad léxica y la informalidad, además del bies intercultural. Un último texto que queríamos mencionar, como anticipamos, es uno que trata sobre la ciudad de São Paulo, producido por Gilberto Dimenstein. El autor, en el texto “São Paulo: a cidade mais interessante do Brasil” (São Paulo: la ciudad más interesante de Brasil) hace una discusión interesante que se opone puntos de vista estereotipados, reforzados o no, sobre la ciudad de São Paulo, como que estaría marcada por la gente xenófoba, así como la visión que sería una de las ciudades más interesantes y al mismo tiempo estresantes del país, sino del mundo. Al principio, parece un bies prepotente, pero luego se percibe el bies identitario y cultural defendido, lo que llama nuestra atención. Para Dimenstein, ser una ciudad interesante no es una de las más bellas o agradables, sino con la efervescencia de su "capital humano", con personas creando y renovando ampliamente, pensando en los desafíos diarios y con una visión vanguardista, con la intención de perfeccionar su lugar y cuya realidad abraza a quienes vienen a hacer algo nuevo. Esto no significa que la ciudad se vuelva más civilizada para esto, e incluso lo contrario, porque vive en una barbarie diaria, pero destaca la frecuencia de personas con varios proyectos en mente. La conclusión que consideramos positiva en este enfoque son las preguntas de interpretación que, entre otras cosas, resaltan la necesidad de percepción y mirada crítica de los estudiantes al cuestionarse si ya han estado en São Paulo y si están o no de acuerdo con el título del texto, así como cuáles serían las características de São Paulo, según el texto, bien como si les gustaría conocer la ciudad o cuál fue el lugar más interesante que se haya conocido y el menos agradable y por qué. Sin embargo, algo válido en lo que se podría trabajar es el concepto de "interesante", que podría tener varios matices, de acuerdo con la cultura general y un aspecto individual marcado por su cultura e historia. Finalmente, aunque creemos que el enfoque en esta unidad parece ser bastante positivo discursivamente de las elecciones realizadas y los ejercicios realizados, podría haber un trabajo con mayor Revista De Letra em Letra—Vol. 6 n. 1, 2019
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diversidad cultural y discusiones más profundas sobre cuestiones de imaginarios y de identidad tanto como sea posible para el tiempo de clase. La Unidad 6, titulada “Notoriedade”, se discuten temas culturales brasileños como la referencia al museo de lengua portuguesa y algunos de los brasileños más conocidos del mundo se observan cuestiones, nuevamente, de contraste entre portugués y español, mediante lo que los textos utilizados exponen para la discusión. Finalmente, en la Unidad 7, titulada “Túnel do tempo” (Túnel del tiempo), algunos textos se centran en la dimensión de cambiar los valores y las costumbres a lo largo del tiempo, así como algunos hechos históricos importantes en Brasil, como el “Movimento de caras pintadas” (Movimiento de caras pintadas, manifestación política de los 80 en que sobre todo los jóvenes pintaban sus rostros en colores amarillo y verde para exigir elecciones directas) y resaltar el momento en que sucedió, es decir, en la llamada “década de transformação” (década de transformación), después de la dictadura, y cuyo enfoque cultural y lingüístico parece bastante pertinente no solo por la relevancia histórica, sino por las palabras, identidades e ideologías revisadas a partir de los vocablos 'movimiento', 'caras', 'pintadas', palabras todas potencialmente ambiguas y discursivamente relevantes.
5.3. Apuntes sobre el abordaje del contraste entre portugués y español En cuanto a la evocación de un abordaje comparativo o contrastante entre portugués y español, ya que es un manual dirigido especialmente a hispanohablantes, vemos referencia al respecto en cuatro de las siete unidades en el ciclo analizado. Lo que podemos observar es una preocupación por fomentar la discusión de aspectos gramaticales a partir de lo que fomentan los géneros textuales, lo que es bastante pertinente justamente una de las preocupaciones defendidas en la colección, que es tanto comenzar con textos reales como pensar gramatical. en uso. En la Unidad 1, por ejemplo, a partir de ejercicios derivados de los textos, se sugiere trabajar la diferencia en los dos idiomas a través del estudio de clase de los artículos, destacando el hecho de que, en portugués, pueden usarse antes de los nombres de lugares (O Brasil, A Argentina, O Río de Janeiro, etc.) o nombres propios (O João, A Maria) y también antes de pronombres posesivos (O meu chefe se chama ... A minha amiga se llama ...). Tal enfoque, de hecho, solo se indica en las pautas del libro del maestro como relevante para considerar y mostrarles a los estudiantes. En la Unidad 4, a su vez, similar al enfoque de la Unidad 1, buscamos comenzar a partir de lo que sería relevante en los textos trabajados y exponiéndose como una guía solo en el libro del profesor. Más específicamente, discutimos el contraste entre los dos Revista De Letra em Letra—Vol. 6 n. 1, 2019
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idiomas con respecto al verbo “asistir” (ver/mirar), diferenciando los verbos "ver", "olhar" (mirar) y “asistir" (acudir/estar presente en), usando ejemplos reales de uso como en las siguientes oraciones con los sobredichos verbos: “Ontem eu vi um ator novela na rua”, “Vou olhar o seu texto e corrigir”, “Ontem assisti a uma peça de teatro incrível!” e “Paulo não compareceu à reunião da semana passada”.20 Luego, en la Unidad 5, desde el contexto relacionado con el consumo, en el cual el uso de porcentajes es recurrente, el trabajo del artículo opera, esta vez, a diferencia de la Unidad 1. La orientación del libro del maestro es la de que, en Brasil, el acuerdo del verbo con el número al que se refiere debe entenderse, como se muestra en los siguientes ejemplos: “1% da população brasileira gosta de tomar tereré” e em “2 % gostam de tomar tereré21”22, por ejemplo, además de no usar el porcentaje que siempre se lleva a cabo sin el uso de artículos, a diferencia del español. Finalmente, en la Unidad 7, el libro termina con una discusión del análisis lingüístico en términos más prosódico-fonéticos, con el enfoque de otro elemento muy pertinente en el estudio introductorio del español que se puede diferenciar en portugués, en lo que respecta a la prosodia, es decir, los llamados heterotónicos.
6. Consideraciones finales Sin desear agotar la discusión, nos gustaría atestiguar la intención pertinente del libro analizado de proponer, aunque estrictamente en el libro del profesor, un bies comparativo entre el portugués y el español, especialmente considerando que el uso inicial del material fue en un curso de idiomas en Argentina. Sin duda, sin embargo, puede adaptarse o abordarse en el propio Brasil, donde ya han ingresado, mucho después del 2011, la fecha de su publicación, grandes oleadas de inmigrantes, además de bolivianos, haitianos, otras posibilidades de contingentes de países con contextos. ejemplos problemáticos a ejemplo de venezolanos, refugiados más recientes. En términos de abordaje de cuestiones de identidad, los temas abordados y los géneros textuales elegidos, generalmente creemos que han habido buenas elecciones, pero debiendo haber una posible revisión para evitar reforzar los estereotipos con respecto a las minorías como los negros y las personas en situaciones vulnerables como indios, personas pobres, etc., así como cuestiones de género (mujeres vistas en una situación desfavorable), o el refuerzo de las culturas locales y la falta de observaciones sobre la pluralidad de festividades, personas ilustres, entre otros elementos. Los comentarios y enfoques más
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"Ayer vi a un actor de telenovela en la calle", "Veré su texto y lo corregiré", "¡Ayer vi una obra increíble!" y "Paul no asistió a la reunión de la semana pasada". (Traducción mía) 21 Tereré: Bebiba fría hecha con hierbas generalmente consumida en centro y sur de Brasil. 22 "Al 1% de la población brasileña le gusta beber tereré"; "al 2% le gusta tomar tereré”. (Traducción mía).
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interesantes, además, se encuentran mucho más en el Libro del Profesor y han quedado muchos elementos complementarios o con perspectivas interesantes restrictas a lo que el maestro, tal vez, puede guiar, o como elementos de investigación, lo que no pone fin a la legitimidad de la propuesta para, sin duda, podría utilizarse mejor si ya estuviera más a menudo en el Libro del Estudiante. Finalmente, creemos que, en términos más didácticos, también diríamos que hay elementos buenos y limitados, al mismo tiempo, en los libros que observamos. Averigüemos. Lo bueno es que el libro generalmente aborda el tema de la identidad principalmente en la Unidad 0, pero no hay estabilidad en el enfoque más profundo en este sentido, restringiéndose, sin embargo, a una comparación entre culturas con una mirada, eventualmente, arriesgadamente prejuiciosa y repleta de estereotipos, aunque también exista la preocupación de discutir la misma tendencia a estereotipar algunos perfiles en Brasil. Además, existe una preocupación legítima por trabajar con diferentes niveles de idioma, es decir, formalidad x informalidad, pero dejando de lado las diversidades e identidades regionales, por ejemplo. En otras palabras, esperamos, con este trabajo, aunque con sus límites, haber propiciado una discusión pertinente en relación a la formación de PLE, y haber mostrado la necesidad de invertirse más en esta área, especialmente respecto al público hispanohablante y que promueva discusiones socioculturales y de respeto a las identidades de los involucrados y, por extensión, fomentar una formación ciudadana multicultural y plurilingüe.
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STEREOTYPES AND NARRATIVES IN IMAGE READING ESTEREOTIPOS Y NARRATIVAS EN LECTURA DE IMÁGENES Laerte Luis Orpinelli Neto Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
ABSTRACT: This paper discusses how students of two graduate courses (Language and Visual Arts) in a Brazilian public university use narratological elements to read unconventional images. In order to do that, the study interviewed 40 students from different reading traditions (verbal and visual) and showed them non-conventional images that can emphasize how reading traditions impact in reading practices and production of meaning. To track this, we offered six representative photographs of Luiz Braga’s experimental process (Herkenhof, 2005) to students (deprived of contextualized information) and asked them about what they saw and how did read. The results show that students elaborate narratological elements or project values as stereotypes and prejudices when they have faceddinformation gaps led by the absence of contextual information about time, space and technique employed by Braga. Key words: Image Reading, Luiz Braga, Photography
RESUMEN: Este artículo analiza cómo los estudiantes de 2 cursos de posgrado (Lenguaje y Artes Visuales) en una universidad pública brasileña utilizan narrativas y estereotipos para leer imágenes no convencionales. Para hacer eso, el estudio entrevistó a 40 estudiantes de diferentes tradiciones de lectura (verbales y visuales) y les mostró imágenes no convencionales que pueden enfatizar cómo estas tradiciones de lectura impactan en las prácticas de lectura y en la creación de significado. Seis imágenes representativas del proceso experimental de Luiz Braga (HERKENHOF, 2005) fueran expuestas a los estudiantes sin ningún tipo de información contextualizada y se les preguntó sobre qué y cómo leían esas imágenes. Los resultados muestran que los estudiantes usan narrativas y estereotipos para llenar el vacío liderado por la ausencia de información contextual sobre el tiempo, el espacio y la técnica empleada por Braga. Palabras clave: Lectura de imágenes, Luiz Braga, Fotografía.
Introduction This paper was born after a research carried out as a graduation final project about how students with different traditions (visual and verbal) read non-conventional images. In this first research, I tried to understand how different traditions imply different reading strategies, specially grouping and elements selections. In this paper, I will discuss another result: the process of assignation of stereotypes to the Northeast region of Brazil. The main goal is to analyze the uses of narrative elements during image reading and the consequences for meaning production. From this objective, I will describe element selection, analyze the relations between them and the image content and try to establish reasons why and how students brought stereotypes to build meanings. Revista De Letra em Letra—Vol. 6 n. 1, 2019
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The start point in this study is to know the images taken here and comprehend how them would be understood, which sensations and feelings might bring up. The image selection followed my personal interest in photography and my curiosity and astonishment when saw Luiz Braga’s photos for the first time at MASP (Museu de Arte de Sao Paulo). Luiz Braga was born, lives and produces his photos in Belém – PA, at the Brazilian North. His work proposes a new identity for the Northeast because it depicts the riverside population and urban areas instead of forest images or anthropological portraits offered by propaganda and ethnocentric studies. Besides the themes chosen by him, he subverts photography techniques by shooting during the night and using artificial urban lights (specially mercury light bulbs) with analogical film calibrated to solar exposition (daylight film) or using night vision war equipment to shoot vegetation landscapes during the day or dawn. Because of these innovative techniques of shooting and identity themes, some art critics called it an “experimental method”, marked by the presence of green (symbol of the forest and the North) artificially produced in images that built a poetry about the relation between reality/fiction and artificiality/nature. The images below are representative of Braga’s works and techniques. The colorful ones belong to the 70’s and 80’s production, when Braga used analogical cameras and chose then to portray riverside inhabitants and urban areas, and the monochromatic ones were produced in the 00’s when Braga started shooting in the forest with a night-vision equipment. In addition, below are the names used in the reading activity:
IMAGE 1 - LUIZ BRAGA. Menina em verde, 2003.
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IMAGE 2 - LUIZ BRAGA, Árvore em Mosqueiro, 19911.
IMAGE 3 - LUIZ BRAGA. Babá Patchouli, 1989 2.
LUIZ BRAGA, Árvore em Mosqueiro, 1991. Cromo 35 mm, digitalized and pressed in Fuxiflex paper. Artist’s collection. 2 LUIZ BRAGA. Babá Patchouli, 1989. Cibachrome print. 40 x 60 cm. Artist’s collection. 1
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IMAGE 4 - LUIZ BRAGA. Fé em Deus 3.
IMAGE 5 - LUIZ BRAGA. Banho de rio 4.
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LUIZ BRAGA. Fé em Deus, da Série Night Visions – 2006. Jetprint over cotton paper. Artist’s collection
LUIZ BRAGA. Banho de mar, 2003. Available at: https://vejario.abril.com.br/atracao/horizonte-generoso-uma-experiencia-nopara/, em 24/01/2018. 4
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IMAGE 6 - LUIZ BRAGA. Árvore e pássaros, 2006 5.
Reality and Fiction in Luiz Braga’s Photography For some time, art historians discussed analogy in art6, i.e., the resemblance between image and reality. The semiotic conclusion was that the representation intent could be eliminated in artistic images once there is no essential link between external representation and image, but it was attached to the history and development of art in the western world. While the history of painting and semiotic discusses this relation, new art forms (as photography and later cinema) arose to provide new kinds of representation that based their reality ideal upon an obliteration of human intervention during creation, associating reality and image as a mirror play. Nowadays, we usually deal with starkly analogical images in our everyday life, which has changed since the digital era, which derived from this view of representation as reality perfect and automatic mirror (Aumont, 1993) and carried this ideal through photography and cinema aesthetics discussions, believing that they could be part of reality itself.
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LUIZ BRAGA. Árvore e pássaros. Jetprint over cotton paper. Artist’s collection.
The option by the word “analogic” follows the decision made by Jacques Aumont when he designed this process to the mimetic relation as an analogy relation. This word carries a likeness strength meaning almost absolute [an almost absolute meaning of strength???] and presupposes a diegetic belief effect. 6
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André Bazin (1991), in his essay Ontology of photographic image, explains how the need of illusion (duplicating the world because of the magical mentality) and the need of expression were linked until the Renaissance’s invention of perspective technique. Since then, art has experienced some kind of return to the first one. When the photographic process was invented, the desire for illusions was completely suppressed and set art (especially painting) free to propose new representational paradigms. Therefore, if we believe that photography is part of reality or if we can rely our judgment on its truthfulness that is because we have a shared need that photography fully accomplished. In the 20th century, photography techniques also overcame the resemblance ideal and began to produce their proper objects and realities. The best example of this is digital art manipulation, photographical illusions, collages and abstractions. After this new advent, art critics looked up for essential aspects of photography that reflected reality, without what they called interventions and manipulations that approximate photography and other art forms. They named it Straight Photography (Strand, 1997) and it was marked by a repetition of choices and techniques made by the Renaissance, offering theoretical and practical referential for most photographers. In opposition, Straight Photography proposed another kind of photography based on cuttings that produce new realities which exist only in that image. It is necessary to observe that, even when the Straight Photography movement saw its photographers creating new images that step off from reality, it believed that another reality was created, since they could not set photography away from reality. This division between proper or alternative reality resulted in a false impression that one could only think and comprehend photography if one found out what reality it was related to. Another consequence was the obliteration of human processes in photography production, such as framing, lighting or paper, film or even equipment choices during, after or before the shot. The Straight Photography made another division which was accepted by many scholars and photographers who fit their production in documental images (closer to object in reality) and artistic images (worried about expression regardless the reality). Against both possibilities, photographers like Luiz Braga produce images that challenge these categories and make a simultaneous approach and departure in relation to the object in reality. On one hand, Braga avoid using his photographs as a document of reality and consequently question reality effect in images. On the other hand, he uses techniques that bring the object to be showed in another way, playing with non-recognition and producing new meanings. Thus, when one looks at the image, the element’s recognition occurs at the same point that techniques confuse, providing, this way, a challenge to readers which used to image closer to reality. Revista De Letra em Letra—Vol. 6 n. 1, 2019
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Braga’s experimentalism consists, technically, in two subversions. In the first one, explored during the 70’s and 80’s, he has taken analogic film made to be used during the day and with sunlight to shot during the evening in urban areas lighted with mercury bulb. As the film calibrated to sunlight, he has changed the orange color from the bulb to a green light, producing green light in photos that are not there in reality. This chemical process is accompanied by other choices, as blurred objects and the refusal of stereotypes offered by propaganda about the Northeast and follows a visual language discussion about representation as saw above. During the 00’s, Braga experimentalism has met the digital cameras and he has begun to shoot inside the forest, near rivers and trees, with night vision equipment. As seen in war media coverages, night vision equipment uses ultraviolet light filter that brings to vision patterns invisible with naked eye and uses monochromatic green scale to represent it. Regarding to the atmosphere where Braga’s experimentalism had constructed within the context scenes from trivial and common spaces and people to guarantee enough familiarity with the subject and visual objects in frame and, at the same time, he depicts the themes exploring the technique in unusual ways, employing green color and blurred focus that cause strangeness. This experimentalism in content expands to the refusal to stereotypes that fix identities and based in narratives built upon stable signs thought as of European ethnocentrism. In opposition, Braga portrays local subjects, not by their ability of represent the region, but to offer plastic possibilities to his poetry when they don’t match with the expected ideal and build identities unfixed, based on heterogeneity and doubt. Braga celebrates an abandon of the task to mirror the world (the main objective of documental and traditional photography) and presents difficulties to the reader that, in turn, question what he or she sees, appealing to another information excluded in image itself, as subtitle or contextual information about photographer or exhibition that he can access. Thus, difficulties in reading these images explicit categories mobilized by the reader when he faces processes that involves other traditions and patterns he has not familiarized and permit us to see the reading in action.
Photographic reading and narratives When we adopt a perspective believing photography represents reality, image reading becomes a neutral action between reality itself and the reader. Against this view, any reading comparison between two people can guarantee that there are others factors, as socio-historical contexts, highlighting infinites and contradictory possibilities which means producing a single image.
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Many scholars and artists have tried to understand and fix this phenomenon from different perspectives. The perspectives usually shifts from different readers model based on variations of focus on reading or image production7. At one point, this kind of production approaches search for global models to analyze images based on anthropological worldviews or psychological processes inputed by images. On the other boundary, reader based on approaches that emerge relations between image and reader and reader at contexts fixing production of meaning as mediation between subject and reality, subordinating them to the symbolic field. In this relation between reality and symbolic fields, accord to Gombrich (1959), reading images conducts a function of reality discovery by recognition and recall activity. The first consists in a symbolic function associated to capture the visible and others sensorial elements that have referred to some knowledge about reality, as recognize codified information. Jacques Aumont (1993) calls it schematic function, tied to patterns already exploited in art as Christian iconography or Egyptian art that employs few variations of the same figure to represent pharaohs or goddess. The second function consists (of major interest in our discussion), according to Gombrich, in a representative function linked to memory, intellect and thoughts. The author says that recalling involves bringing from memory objects forms and special clusters, comparing what we see with what we already seen making judgments, mental adaptations and fixing patterns. The reading process thus leads to the conclusion that reading something is not only to perceive elementary properties in a visual system, as complete likeness, but also to mobilize codifying capacities from invariances in memory. Gombrich (1965, p. 90â&#x20AC;&#x201C;91) tells us the example of meeting someone on the street: when a person come closer, their image size doubles or triples and we do not regard this as a transformation, but we focus on shapes aspects that permits us to establish a pattern and recognize who is this person. Therefore, we are capable to activate not only elementary characteristics as sensorial aspects, but abstractions based on memories which help us to fill in voids and variations or on behalf of sign economy principle. Since no image is capable to represent everything in the world, Gombrich (1959) believes that the reader has an extremely active role in a construction of what is brought to vision, in recognizing systems, in recalling processes and the conjugation of all these to make a meaning. Therefore, the reader role, according to Gombrich, is constituted of perceptive and psychological acts, i.e., experimental activities where one verifies or denies hypothesis one creates at first sight. This is not necessarily excluding or contradictory, but only different when these perspectives highlight different factors (such as context, reader, object, medium) involved in reading activity. 7
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Following the author, readers also anticipate ideas and fill in gaps led by unrepresented in image using two strategies: a creative and a projective strategy8. The first one is linked to the sign system where the image is located and relies on reader capacity of filling in blanks with information that came from the same sign system, as seeing multiple colors in a realistic but monochromatic image or imagine the arms in Venus di Milo. The projective strategy uses the reader’s socio-historical repertoire and brings memory information that creates an emotional relation with the image, as an image reading during a Rorschach test or looking at the photography of a dead relative. The main idea proposed in the Gombrich’s discussion is that readers seek regularities even when there is none and usually fill the image with knowledge, affection and beliefs in a way they try to see some coherence in on the image through creating coherence in their reading. Both strategies discussed by Gombrich are part of the elaboration process of narratives and fiction9. The link between image reading and narrative creation is narrowed when we realize that representation of time and space (narrative’s elementary aspects) are relatively determinant to the reading, i.e., of the elements presented in image, usually the time and space are those who readers uses as the most reliable to the reading (Aumont, 1993, p. 34). Thus, readers can decompose and analyze images as narratives even when there is no explicit representation of time and space, when the event represented is not enough developed to constitute a narrative reading or when a group of images do not constitute a sequence (as in the Passion of the Christ, where the sequence and contrasts of images produce meanings).
Data analysis Expecting to observe the production of meanings process during the reading, we selected 6 images from Braga’s works that could represent his experimentalism and showed them to 20 participants in the last semester of the Language Studies and 20 participants of Visual Arts courses, totalizing 40 students. We selected these courses because they have, supposedly, reading activities in verbal and visual world, while the choice of the last semester guarantees that they are enough familiarized with these traditions. To prevent other variables which could influence the activity, we selected only participants with 18 to 25 years, born and raised in southeast region also, the sample was balanced by gender. The group represents a parcel of students which allows a deep analysis in reading, fitting this research in a qualitative perspective. The reading activities follow an initial survey conducted orally during the first minutes of interview and recorded in video individually. The survey consists in participants’ personal, professional and academic The term “projective” here is used as the same meaning and follow the same dynamic that psychoanalysis employs Aumont (1993, p. 244) defines narrative as a set of signs whose meanings constitutes some kind of development in time and space. 8 9
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information that could help us to identify patterns and groups between students. Following that, the images were shown without any contextual information about the photographer, local, period or support. After 3 or 5 minutes, the interview began with semi-structured questions about the images that have been fitting accordingly to the answers. The initial questions were: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
What do you think about these images? Could you explain them? Have you ever seen these images or something like that? What? What have attracted your attention in them? Why? Do you think there is a relation between them? Could explain? Do you have difficulty to talk about them? Why? What effects the person who produces these images tried to make? Can you remember where and how did you have access to the information you associated to them? 8. Do you think there is something missing in these pictures? What? After recorded the answers, we organized and systematized the information using Atlas.ti, a software designed to conduct qualitative analyses qualitative analysis, using elaborated tags indicating common elements for answers. We grouped the tags to recuperate information easily, to visualize cooccurences and to cross information between tags groups and participants. Initially, we identified 4 main actions during the reading (description, grouping, theme attribution and metalinguistic comments about the reading). We designed a chart that simplified actions and groups elaboration:
Figure 1 - Actions, groups and codes fluxogram
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Participants mentioned elements like “sky” or “vegetation” that, besides not being an actual object or character on the photos, were grouped with the others explicit scenario objects or elements at the image. They were separated from others elements that indicates places or spaces like “Northeast region” or “Southeast region” , because these last ones indicates non-explicit elements that later constitutes the narratives that this study investigates. In addition, the “Theme attribution” group indicates the moments when students attribute some theme for any group of photos (one, more than one or all) and could be subject, feeling, relation or event mentioned.
Results Participants described elements in different ways: by direct mention or indirect mention when they attributed themes to a group of images with one common element. In 39 different elements directly mentioned, objects and characters’ descriptions predominate totalizing 28 different elements (coded in Atlas.ti in Objects and Characters group) mentioned 191 times. The most frequently mentioned were “trees” (31), “feminine figure” (13), “nature” (12), “people presence” (9), “vegetation” (9), “boat” (8) and “water” (8). At image group reading, participant mentioned “trees” (8), “horizon” (6) and “group of people” (5). In space group, participants preferred to mention “coast/beach” (26), “Northeast region” (22), “sea” (20), “river” (16), “Brazil” (12), “nature” (12) and “North region” (12). When we focus on interpretations of the images, participants preferred the special descriptions (164) and associated it to the reading difficulties (34 co-occurs with spatial elements and difficulties mentioned together). Participant IA-4, for example, reports that space is a common theme in the images but he could not say where they were made. These difficulties prove the success of Braga’s experimental method, as discussed above, in that it imposes challenges and doubts to those used to see documental or stereotyped Northern images, like anthropological portraits or panoramic photos that shows trees. The fact that participants confirmed spatial elements were central to the reading also allow us to say that Gombrich was right about the importance of space in readings. When the participants reported difficulties, they focused on other spatial elements to describe the images and propose themes or take a chance in guessing where the images were shot. The majority of the participants who report difficulties to talk about the images and to understand them had created storylines connecting with their personal past experiences and feelings to explain the elements seen from them on the images, including action, scenario or even a characters, like their mothers. Besides participants describe it by narratives, like a full event with interaction between characters and even possible dialogs, the majority answered using narratologic elements, especially scenario, creating Revista De Letra em Letra—Vol. 6 n. 1, 2019
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or projecting information in images. A perfect example that illustrates this method of reading was participant IEL-3 that said that reports IMAGE-5 is a photography shot during the transfer of the Sâo Francisco River. For him, the image shows interaction between workers, Northeast region elements and he also said that he had already seen it, but not this particular image. This creative process associated with the projective one also appears during mention of elements like the horizon, which was explicit in most photos, but used to identify the scenario the image was shot as a coast area. Actually, Braga shot it in a big riverside and the horizon was not enough to state that the area was a coast. Thus, the coast was a narratological element used by participants to fill the gap led by Braga’s experimentalism in form and content and participants recurs to something they already know: large amounts of water and horizon presences indicates coasts areas. When asked about why the coast, participant IA-4 reported “oh, the coast, something like, the horizon, the sky and the sea. Is this really water?”. The same happened in participant IA-3’s answer, who related it to the sea by the “water movements, maybe it is a wave, but definitely the horizon touching it”. Participants IA-9 and IA-1 did the same association in another way: they mentioned the horizon and told about the last time they were at the coast, but they did not used the horizon to state that the place was a coast. It is important to point out that selected participants were born and raised in the Southeast, where the rivers are narrow and the only huge portions of water touching the horizon are the coast. In North, it is different: the Amazon Rivers are so large that it is impossible to see the other side. Therefore, the spatial elements and this association between large amounts of water and the horizon indicates how participants produce narratives about what they did not know trough associations with what they really did know, as Gombrich (1959) predicted. The geographic choices confirm that participants associated the images with the Northeast region (22), preferring a grouping strategy of reading (12). The main strategy used to do that was the projective one, when participants used explicit elements and created links with their values through stereotypes. For example, participant IEL-8 reported that IMAGE-3 confused him because he had no idea of what was portrayed, but he bets the image was about maternity once there was a girl and his mother. When asked why he thought they were related, he revealed that his mother used to hold his hand that way when he was a child. Thus, his maternal memories triggered a maternal narrative through the two characters in image that helped him to fill the void created by the blur and the common scene that Braga employed. Other example was participant IA-6’s answer. For him, his guess about Northeast region was due to the fact of the city being close to the beach in this region and it was similar to what he saw when he travelled to Alagoas in the Northeast. In both cases, the memories were used to confirm that narrative elements he created were right Revista De Letra em Letra—Vol. 6 n. 1, 2019
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in an initial reading hypothesis, as Gombrich said. Participants also used pure projective strategy without emotional memories. In most cases, they associated the space within the Northeast region and stated that was due to “poverty” (22), “drought” (13), “precarious work” (3) that are values stereotypically associated with the Northeast region and sociohistorical problems it faced. In these cases, it was clear that spatial narratives elaborated by stereotypes emerge due to the fact that they faced difficulties to read and due to the lack of contextual information that could help them (as Braga’s discussion that follows exhibition in museum and exhibitions), they projected their values and prejudices by creating narratives about the Northeast Region. It was evident in participant IA-7’s answer, when he said “there is a strongly poverty issuein these images” and when asked why he saw it, he said “the landscape, this tree’s aspect (dry that way) recalls caatinga (a typical vegetation in a dry part of Northeast)”. Following that, he was asked about the poverty in that and he stated: “it looks like a poor thing, poor area, you know? […] at least poorer, the question looks like:” uh”; as I said, people work with fish, her clothes there, girl’s clothes here. Here everybody is swimming because they are happy to see water”. Other participant, IEL-9, directly associated images to Northeast in his first reading and when questioned why, he said that was because of the drought. He also stated that images could have been shot in an “underdeveloped country, because people sound like they are having fun in water … and… it does not look like rich people’s leisure”. Noteworthy in this section is the fact that the trees were the most mentioned element in the scenarios with vegetation and nature and they, together, had key elements to build interpretations and make meanings in participant’s readings. Even if they recognized/identified greenery in photos, few participants associated it with the North region, despite it being a strong symbol of the region in popular imagination. One hypothesis is that these Northeast stereotypes listed by participants were stronger in their imaginary than the Northern and the trees were not enough to recalls the region. Final Considerations Interview analysis showed evidences that participants found a huge difficulty in reading and describing Braga’s photographs due to his experimental process. The participants were capable of perceive that scenario was the key theme in photographs but they were not sure about the place where it was shot. It was evident in dominant answers related to spatial features and reports about the difficulty to recognize elements and themes related to the scenario. In spite of this difficulty, participants made guesses and searched for elements that could prove their Revista De Letra em Letra—Vol. 6 n. 1, 2019
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hypothesis. After selecting elements, they thought were central or could constitute a common theme, they used these recognized elements in narratological process when they created random fictional scens or on projetctive while they brought their feelings with the images that does not relate to them. These strategies try to solve information gaps producedby Braga’s experimentalism and the absence of contextual information about the images. As a result of several readings (based upon fictional elements, from interpretations about isolated elements in scenario to values previously built), the water and horizon recognition and memories, prejudices and stereotypes created from themselves in order to bring issues faced around their region to the narrative such as coast, poverty and drought. This recalling took them, in turn, to interpretations linked to Northeast Region’s, since these narrative elements were symbols of socialhistorical problems faced by Northeast for some time. When participants were born and raised in the Southeast, they associated information gaps led by experimentalism as strangeness linked to the second region they know the most and the narratives were based in their prejudices and stereotypes they carry. Thus, along with larger and deeper research, this process observed in unconventional image reading could help us to understand how people arrange and in common situations and lead us to reflect about how they were based in fiction and caused by gaps of information’s. References Aumont, J. A imagem. Campinas: Papirus, 1993. Bazin, A. Ontologia da imagem fotográfica. In: O cinema. Ensaios. São Paulo: Editora Brasiliense, 1991. Braga, Luiz. Luiz Braga – Fotoportátil. São Paulo: Cosac Naify, 2005. Chiarelli, Tadeu. Emmanuel Nassar: uma conduta consumidora crítica. In: Nassar, Emmanuel. E Emmanuel Nassar N. Rio de Janeiro, Barléu Edições, 2011. p. 17-29. ______. Luiz Braga e a fotografia opaca. In: Luiz Braga - Retratos amazônicos. São Paulo: MAM, 2005. [136] p., il. p&b e color. Flusser, Vilém. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. São Paulo: Relume Dumará, 2002. Herkenhof, P. O Imaginário de Luiz Braga – a contra-Amazônia. 2005. Gombrich, E. H. L’art et l’illusion. In: L’art et l’illusion. Paris: Gallimard, 1959. ________, E. H. La découverte du visuel par le moyen de l’art. In: L’ecologie des images. Paris: Flammarion, 1965. Trand, P. Photography. In: Steglitz, Alfred. Camera work: The complete Illustracions – 1903-1917. Köln: Taschen, 1997. p. 780. Revista De Letra em Letra—Vol. 6 n. 1, 2019
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