Revista ecoaventura edição 10

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Julho de 2010

o l h o - d e - b o i - di f e r e n ç a s , s e m e l h a n ç a s e t é c n i c a s d e p e s c a l C a v e r n a d o D i a b o - o f a s c i n a n t e m u n d o s u b t e r r â n e o

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Olho-de-boi

diferenças, semelhanças e técnicas de pesca

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ecoaventura - E d i ç ã o 1 0 - j u l h o d e 2 0 1 0

Ano I - Edição 10

bilíngue

ecoturismo

Caverna do

Diabo

o fascinante mundo subterrâneo bilíngue

remos e rumos

Caiaque

para remar, contemplar e pescar

I l h a S o lt e i r a v o c a ç ã o p a r a o e c o t u r i s m o e p a r a a p e s c a e s p o r t i v a l D i á r i o d e b o r d o p l a n e j a r é t u d o


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editorial Editora ECOAVENTURA PABX: (11) 3334-4361 - Rua Anhaia, 1180 Bom Retiro - SP - CEP 01130-000 www.ecoaventuraweb.com.br Diretoria Farid Curi, Roberto Véras, Rubinho de Almeida Prado e Wilson Feitosa

O regresso do

progresso

Diretor executivo Roberto Véras Diretor de redação Wilson Feitosa wfeitosa@editorapescabrasil.com.br DEPARTAMENTO DE JORNALISMO redacaoea@editorapescabrasil.com.br Jornalista responsável Janaína Quitério (revisão) (MTb nº 45041/SP) jquiterio@editorapescabrasil.com.br Redatores Paulo Martinho e Nathalia Viana (estagiária) Tradutores Mairon Batista Arte Marcelo Kilhian e Paula Bizacho Fotografia Alexandre Tokitaka, Henrique Feitosa e Inácio Teixeira Correspondente internacional Fábio Barbosa Colaboraram nesta edição: Adriano Prilip, Antonio Carlos Cravo, Líbia Marquez, Roberto Véras, Rubinho de Almeida Prado, Eribert Marquez e Wilson Feitosa Consultores Denis Garbo, Eribert Marquez e Mauro Yoshiaki Novalo DEPARTAMENTO COMERCIAL Publicidade Roberto Shirata e Tânia Salim comercial@editorapescabrasil.com.br Edições avulsas Alexssandra Alves Assinaturas Andreia Noboru assine@editorapescabrasil.com.br Atendimento ao leitor sac@editorapescabrasil.com.br A Revista ECOAVENTURA é uma publicação mensal da Editora Pesca Brasil Ltda.. Distribuição com exclusividade para todo o Brasil: Fernando Chinaglia Comercial e Distribuidora S/A, Rua Teodoro da Silva, 907, tel. (21) 2195-3200. Os anúncios e artigos assinados são de inteira responsabilidade dos anunciantes e de seus autores, respectivamente. A Revista ECOAVENTURA está autorizada a fazer alterações nos textos recebidos, conforme julgar necessário. Nenhum colaborador ou funcionário tem o direito de negociar permutas em nome da editora sem prévia autorização da diretoria.

Assinaturas: (11) 3334-4361

Em fins de maio, recebemos uma denúncia por e-mail cujo conteúdo nos despertou o interesse em investigar o que anda acontecendo nos bastidores de nossa pátria amada. Trata-se do resultado da primeira reunião para ordenamento da pesca nas bacias dos rios Araguaia e Tocantins, realizada em Goiânia-GO entre os dias 18 e 20 de maio, sob coordenação do secretário de Planejamento e Ordenamento da Pesca do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), Karim Bacha. O segmento da pesca turística colocou em pauta: 1) Aprovar a proposição do Ibama em recomendar — em caráter experimental — a adoção de tamanho máximo para a preservação do Tucunaré (amarelo e azul) na bacia do Araguaia e Tocantins, em Goiás, com base em estudo realizado por quase dois anos com mais de dez mil peixes. 2) Não proibir a pesca amadora nos reservatórios da bacia durante a Piracema. Isso, se aprovado, valeria apenas em Goiás, já que Mato Grosso, Tocantins e Pará proíbem a atividade em suas normas estaduais mais restritivas. O resultado? Pasme! Ainda que não tenham sido refutadas em definitivo, as duas reivindicações não foram contempladas sob diferentes justificativas dadas pelo MPA. A decisão será tomada em uma instância superior — a Comissão Técnica da Gestão Compartilhada dos Recursos Pesqueiros —, em reunião ainda sem data marcada. Entretanto, os representantes da pesca comercial em águas interiores conseguiram algumas façanhas, como a permissão para usar redes com malhas de 70 milímetros no rio Araguaia e de 80 milímetros no Tocantins durante o ano todo e nos três meses que antecedem a Piracema, e malha de 50 milímetros para pegar a espécie “avoador”. Tudo isso não levou em conta que esses ecossistemas já há muito não suportam a prática do extrativismo e, segundo o autor do e-mail, tampouco se considerou a iminente captura acidental dos jovens de outras espécies. Quando governos e entidades de todo mundo se unem para defender o meio ambiente e sua fauna, por aqui vivemos em pleno período de retrocesso, afinal, qual justificativa é capaz de explicar que Goiás e Tocantins, os estados que mais se destacavam por suas regras inteligentes ao longo das últimas décadas, sejam exatamente os que sofrerão os maiores efeitos desse insano processo? Diante de tantos absurdos, resta-nos apenas o consolo de que instituições atuantes como a Apego (Associação dos Pescadores Esportivos de Goiás), liderada pelo idealismo de João Carlos Kruel, além de outras pessoas e entidades, se alinhem em prol do meio ambiente com o objetivo de tomar as medidas necessárias e cabíveis para neutralizar — ou pelo menos frear — tão equivocada iniciativa da Secretaria de Planejamento e Ordenamento do Ministério da Pesca e Aquicultura. De parte da equipe ECOAVENTURA, faremos questão de manifestar nosso repúdio e protesto. Acompanharemos com atenção redobrada o desenrolar desses acontecimentos! Boas pescarias! Roberto Véras

Edição 10 — julho, 2010



[ índice ]

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Técnica

olho-de-boi e pitangola

Quem é

quem?

Caiaque a embarcação que vai a lugares incríveis

Remos e rumos

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ecoturismo Ilha Solteira

Aprazível, hospitaleira e piscosa

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o mundo fantástico dos espeleotemas

ecoturismo Caverna do Diabo

12 Entrevista João Carlos Kruel 50 Técnica Apaiari – esse prova que tamanho não é documento

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54 Embarque bem Viagens – não compre gato por lebre

70 Evento ECOAVENTURA de portas abertas 74 Diário de bordo Como planejar a pesca embarcada

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80 Denúncia Serra da Mesa-GO – exemplo de descaso e falta de fiscalização

Seções 08 Correio técnico 10 Correspondência 37 Folhas, flores e frutos

Elódea

84 Saúde

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Picada de cobra Verbo (novidade) Antônio Cravo

90

É o bicho Louva-a-deus

92 96

Radar - Notícias Índice telefônico


correio técnico Massas para Traíra Tralha certa

Qual a melhor massa para pescar Traíras em pesqueiros e qual a receita para fazê-la?

Que equipamento devo usar para pesca em Costão? Aproveito para parabenizar toda a equipe por esta nova Revista, que está realmente fabulosa.

Ignácio Brandão — São Roque-SP

Não é eficaz usar massas para pescar Traíras. O mais indicado — e que dá melhores resultados — são as iscas feitas de pedaços de peixes, pequenos peixes vivos e iscas artificiais de meia-água ou superfície.

Renato Martins — São Paulo-SP

Iscas perdidas Como faço para evitar que meus jumping jigs enrosquem no fundo com tanta frequência? Tenho perdido muitos deles e o prejuízo tem sido grande! Ricardo Peccioli — São Paulo-SP

Prezado Ricardo, mesmo você não tendo informado em qual ambiente usa esse tipo de isca, há alguns cuidados que podem diminuir as perdas. Nos cursos de água doce, o procedimento mais indicado é, logo após o arremesso, intercalar movimentos curtos e suaves para cima, com recolhimento. Com isso, é possível distinguir a batida do peixe de ocasiões nas quais a isca resvala em alguma estrutura e, assim, evitar fisgar o enrosco. Outro procedimento que poupa a maioria dos enroscos é começar a trabalhar o jumping jig assim que ele toca o fundo, pois, como na maioria das vezes o barco se encontra em movimento, bastam poucos segundos para que cravem em alguma estrutura.

Obrigado pelas palavras e esperamos cada vez mais satisfazer a todos os pescadores. É preciso considerar alguns fatores como o tipo de arrebentação, fundo, entre outros, para indicar um conjunto mais específico. Mas, de modo geral, o ideal é usar varas com comprimento entre 2 e 3,5 metros, molinetes ou carretilhas de porte médio e um arranque com no mínimo cinco metros de comprimento feito com linha 0,50 milímetro. O empate deve ser preparado da seguinte maneira: na extremidade do arranque, prenda um girador triplo do qual devem partir duas pernadas: uma para a chumbada com linha 0,35 milímetro e comprimento de 60 centímetros, e outra com linha de 0,50 milímetro e 30 centímetros de comprimento para o anzol. A pernada é fundamental para preservar o peixe caso a chumbada se enrosque. O chumbo deve ter bordas arredondadas para evitar que se prenda nas pedras. Tome muito cuidado com as ondas, use um sapato que não escorregue e preste atenção nos horários da maré, pois você pode ficar ilhado.

Sabiqui O que é SABIQUI e qual sua utilidade? Sergio Salinas — São Paulo-SP

Sabiqui é um chicote que foi desenvolvido no Japão para a pesca de pequenos peixes. Consiste em uma pernada com vários anzóis atados com uma película de plástico ou similar em cada um com pequeno chumbo no final. No Brasil, é muito usado na pesca do Lambari, e o método de uso consiste em deixar o conjunto descer e fazer movimentos suaves para cima e para baixo de forma a atrair os peixes. Depois que prende o primeiro peixe, o próprio movimento do conjunto leva a mais fisgadas.

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ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Jig e grub Existe alguma diferença entre esses dois tipos de isca? Caso afirmativo, onde e em que circunstâncias cada uma se sai melhor? Ricardo Nogueira — São Paulo-SP

Será que pode? Posso usar iscas artificiais amarradas direto na linha? André Musso Pena — São Caetano do Sul-SP

Os jigs são anzóis que têm pesos fundidos ou presos ao seu redor (normalmente de chumbo), e próximo às curvas de anzóis saem penachos e cerdas de plástico que o fazem aparentar corpos de peixes. Os grubs possuem anzóis com cabeça de chumbo e peso pré-determinado, e no lugar dos penachos são colocadas minhocas plásticas para imitar o corpo do peixe.

Pode sim, mas o ideal é colocar um snap para ter mais agilidade na troca das iscas, principalmente quando o peixe está manhoso e se torna necessário testar cores e modelos. Quando se trata de peixes com dentição, também é prudente colocar um empate para evitar perder a isca numa eventual cortada de linha.

Robalos Quais as melhores iscas para pescar o Robalo? Alfredo Dantas — Osasco-SP

Entre as muitas iscas utilizadas com sucesso na pesca dessa espécie, estão: naturais — camarão vivo e peixes de pequeno porte como o Xingó, Corte-de-faca e outros. Artificiais — plugs tanto de meia-água e de superfície, jumping jigs, camarões artificiais, entre outros. É bom lembrar que o Robalo muda seus hábitos e preferências alimentares em função do lugar onde vive. Por isso, para não errar a isca, seja artificial ou natural, o ideal é se aconselhar com as pessoas que vivem ou frequentam habitualmente o lugar onde pretende pescar.

E no rio, também funciona? Posso usar a técnica da pesca vertical em rios? Cláudio Feitosa — Guarulhos-SP

Sim, em lugares com boa profundidade e, principalmente, no meio de rios, essa técnica é eficiente para a captura de Corvinas e de peixes de couro.

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correspondência

Ilhas Fiji Impressionante as imagens do último DVD encartado na Revista. O arquipélago de Fiji é indiscutivelmente um dos lugares mais bonitos do planeta e, como vocês mostraram, também tem peixes de grande interesse para a pesca esportiva, além de alguns de rara beleza, como o Napoleão. No entanto, achei exagero o comentário de que o quilo dessa espécie beira os US$200. Se não houve algum tipo de engano ou confusão nessa informação, é mais uma prova de que os prazeres da gula não têm limites. Celso Villa — Jataí-GO

Edição 09 - junho 2010

Sou leitor da Revista ECOAVENTURA desde a edição número um, mas é a primeira vez que escrevo para esta seção. E o motivo é simples. Quero registrar meus parabéns pelo excelente trabalho que a equipe vem realizando. Mostrar lugares maravilhosos como as Ilhas Fiji é reascender em muitas pessoas, como eu, um desejo que vai se esvaindo com a idade. Após ver essa matéria, na qual a beleza local, a hospitalidade do povo e os seus peixes foram os principais ingredientes, mesmo com meus 64 anos fiquei sedento como um jovem para conhecer esse lugar. Marcos Salvador — Araras-SP

Dogtooth tuna Quero parabenizar o pescador Fábio Barbosa pela excelente matéria sobre o Atum-dente-de-cachorro — espécie sobre a qual, no Brasil, certamente poucos haviam ouvido falar até essa reportagem. No DVD que acompanha a Revista, fica evidente a força impressionante que esse peixe tem, já que, em determinada cena, apesar do bom preparo físico do pescador, fiquei com a impressão de que o peixe iria levá-lo para dentro d’água. Gilmar Pietrecovisk — Rio de Janeiro-RJ

Iscas naturais Muito verdadeira a matéria sobre iscas naturais escrita por Roberto Véras. Concordo com ele em número, gênero e grau quanto à eficiência e esportividade desse estilo de pesca. Pesco no mar frequentemente, e não foram raras às vezes em que, por motivos alheios à minha vontade, esse tipo de isca foi o responsável por — literalmente — salvar a pescaria. Paulo R. Tanaka — Joinville-SC

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Fotografia Assim como a maioria dos pescadores, também me envaideço quando mostro as fotos de minhas aventuras e proezas pelos rios e represas do nosso belo País. E, justamente por isso, acho fundamental matérias como a “Dicas para ficar bem na foto”, publicada na edição 9. Espero que continuem a nos passar esses truques para que possamos, cada vez mais, ficar bem nas fotos de momentos que marcam nossas aventuras. Eduardo Resende — Belém-PA

Mudou para melhor

Confesso que fiquei apreensivo quando soube que a Revista passaria a se chamar ECOAVENTURA. No entanto, nem foi preciso ler o conteúdo da última edição. Bastou folheá-la para perceber que essa mudança, de fato, deu-se apenas para adequar o nome da publicação ao seu ótimo e diversificado conteúdo. Parabéns a toda equipe. Concordo plenamente com o que está escrito no editorial, pois, realmente, pescar esportivamente e com consciência é mesmo uma ecoaventura. Aquiles Cabral — Porto Alegre-RS

Erratas - edição 09 •A matéria “Amazônia sem-fim” fala sobre o risco de contração da malária no rio Negro (página 33). O mosquito transmissor da doença não se reproduz em águas escuras como as desse rio, no entanto, o texto se refere a seus afluentes de águas claras que permitem a reprodução do vetor e que, portanto, tornam possível adquirir a malária na região.

cartas Envie sua carta para: redacaoea@editorapescabrasil.com.br


entrevista l João Carlos Kruel

Não há mais espaço para romantismo ambiental” Por: Janaína Quitério l Fotos: ARQUIVO ECOAVENTURA l arte: paula bizacho

Um ano depois de sancionada a lei que criou o Ministério da Pesca e Aquicultura (Lei 11.958, de 26/6/2009) e a nova Lei de Pesca (11.959, de 30/6/2009), a Revista ECOAVENTURA dá voz a um dos principais atores no palco de discussão para o crescimento da pesca esportiva no País. O engenheiro agrônomo João Carlos Kruel, que está à frente da Apego (Associação de Pescadores Esportivos de Goiás) e da FBPE (Federação Brasileira de Pesca Esportiva), fala sobre os principais desafios a serem superados para a consolidação do tripé pesca esportiva, conservação ambiental e ecoturismo

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ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo


Ecoaventura: Como resolução do Decreto Presidencial 6.981, de 13/10/2009, o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) coordena uma comissão, junto com o Ministério do Meio Ambiente, para promover um novo “ordenamento do uso sustentável dos recursos pesqueiros”. Qual tem sido a proposta apresentada por eles? João Carlos Kruel: A proposta do Governo é priorizar o aspecto social das comunidades ribeirinhas — uma população de aproximadamente 600 mil pessoas, das quais 80% são analfabetas, e que realmente necessitava de um resgate social. Assim, quando o Presidente Lula equiparou o pescador profissional ao produtor rural, que a partir de agora tem acesso ao crédito rural, mais barato, entre outras facilidades proporcionadas pela nova Lei de Pesca, ele propiciou a legítima dignidade — até então inexistente — a essa categoria. Entretanto, esse não é o fórum adequado para solucionar problemas dessa magnitude, pois não se trata de discutir um ordenamento social e, sim, de um recurso natural que, embora renovável, é finito — o peixe.

EA: Isso significa que as autoridades públicas não estão priorizando a conservação ambiental? E como se enquadra a pesca esportiva nessa discussão? Kruel: Embora a lei preconize preocupações em resolver o processo de pressão sofrido pelo estoque pesqueiro, não está privilegiando esses temas, muito menos tem dado atenção ao debate sobre o enquadramento da pesca esportiva como alternativa de gestão e, sobretudo, de solução ambiental. Quando a nova lei foi editada, o poder público teve a oportunidade de incluir a pesca esportiva como categoria — em vez de ser tratada como subcategoria da pesca amadora.

EA: Qual a diferença entre pesca amadora e pesca esportiva?

Kruel: Esse é o grande dilema pelo qual o Governo está passando, pois ainda não conseguiu visualizar a abrangência desse segmento ao apenas considerar o ato de pescar e soltar. A diferença entre pesca esportiva e outras categorias é o seu compromisso com a conservação da natureza, com a qualidade da água, com a preservação das matas ciliares, com a geração de emprego e renda por meio do turismo de pesca — que é uma indústria limpa capaz de agregar muito mais para quem vive da pesca do que a venda de peixe a R$2 ou R$5. A pesca esportiva é o único segmento de pesca organizado no País, por meio do associativismo, formado por pessoas comprometidas com a causa do meio ambiente. É ela que representa a amadora, e não o contrário, como entendem as autoridades públicas.

É preciso mudar a concepção de pesca no País, ou seja, pensar a atividade como turística, esportiva, de conservação ambiental, além de fonte de trabalho”

EA: E o que a FBPE e a Apego têm levado como proposição nas reuniões para o ordenamento pesqueiro? Kruel: Na última reunião, que aconteceu em Goiânia no fim de maio, pedimos para que fosse incluído na instrução normativa o reconhecimento da pesca esportiva como categoria, de forma que pudéssemos participar de um processo de ordenamento mais amplo e justo para todos. Isso porque é preciso mudar a concepção de pesca no País, ou seja, é preciso pensar a atividade como turística, esportiva, de conservação ambiental, além de fonte de trabalho. Tentamos demonstrar que não há interesses antagônicos, que não se deve dividir os segmentos entre os “preferidos” (pescadores profissionais com o tema de resgate social) e os “preteridos” (pescadores amadores e esportivos). Queremos rediscutir as normas que estabelecem as cotas de pescado. Como distribuir algo do qual sequer sabemos o tamanho? Assim, como não há dados, por precaução, reduz-se a cota para a pesca amadora de dez para cinco quilos, por exemplo.

Muito mais do que apenas pescar e soltar, a pesca esportiva é a realização plena da conservação ambiental e deveria receber políticas públicas como categoria, não subcategoria da pesca amadora

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entrevista entrevista l João Carlos Kruel De acordo com a Lei 11.959, rede é material predatório para a pesca amadora. E para a profissional, não? O risco de liberar para um é autorizar para todos, e aí o estoque terá inevitavelmente um fim”

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EA: Esse diálogo com o MPA tem sido produtivo? Kruel: Pouco. Embora o ministro, Altemir Gregolin, tenha criado áreas necessárias de interlocução com a sociedade, os representantes da pesca esportiva só têm voz e não voto. Assim, oferecem-nos um “prato feito” com as normas a serem discutidas, como se houvesse um consenso, e ignoram a divergência sobre os rumos da pesca esportiva.

EA: Então já existe um desenho de como será apresentada a proposta de ordenamento pesqueiro? Kruel: Sim, há, digamos, um pré-ordenamento. E alguns pontos formulados são bastante preocupantes. Por exemplo, o Defeso foi incluído no ordenamento geral da pesca, de tal forma que o Governo nos diz que só poderemos pescar em lugares onde não há peixe, ou seja, será proibido pescar durante o ano todo em embocadura de rios, corredeiras, confluência de lagos etc., como também no período de férias, quando saímos para pescar com a família. Entretanto, essa medida não alivia em nada para o estoque pesqueiro. A rediscussão da cota, sim. Além disso, a Lei 11.959 prevê a definição de material predatório. Para a pesca amadora, rede é predatória, e para a profissional, não? E o princípio da isonomia? O risco de liberar para um é autorizar para todos, e aí o estoque terá inevitavelmente um fim.

EA: Tendo em vista essas adversidades, você se considera otimista ou pessimista para a resolução desses conflitos? Kruel: Estou extremamente otimista, pois vejo o crescimento do segmento a partir do empenho das pessoas e pela maturidade do processo, com maior profissionalização, maior responsabilidade, compromisso ambiental, turismo responsável, prestação de serviço com maior qualidade aos pescadores esportivos, maior empenho da própria indústria na fabricação de materiais melhores e mais baratos. Tudo isso é um avanço enorme, inclusive no que diz respeito à predisposição do Governo em escutar. Agora cabe a nós uma competência técnica, científica e ter experiência — o que temos — para demonstrarmos que o ordenamento pesqueiro abrange todas as categorias e que só políticas públicas capazes de contemplar o conjunto da obra são a solução para cumprir, por lei, o aspecto de conservação ambiental previsto no novo ordenamento.

funcionar vai comprometer a outra. Não há mais espaço para incompetência e tentativas. O espaço é agora para profissionalismo de todos os envolvidos, porque não só a sociedade está exigindo isso, como o momento histórico também. A abertura de um espaço para discussão sobre o turismo de pesca, baseado na sustentabilidade ambiental e no uso racional desse recurso, é um aspecto essencial. É preciso socializar as informações, o que poderá até direcionar novos rumos, novas contribuições e descobertas de novos talentos e de pessoas capazes de contribuir com essas perspectivas.

EA: Como a Revista ECOAVENTURA pode ajudar? Kruel: Isso é algo novo. O que estou vendo da ECOAVENTURA e do futuro programa ECOAVENTURA NA TV é um comprometimento das pessoas envolvidas com o tripé meio ambiente, turismo e pesca esportiva. Qualquer uma das pernas desse tripé que não

O ordenamento de pesca brasileiro existe desde a criação do Ibama, em 1989. De lá pra cá, o estoque pesqueiro reduziu drasticamente, o que exige novas orientações para o setor

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[ técnica l olho-de-boi ]

Os segredos do requisitado

Olho-de-boi Devido a seu porte, astúcia, combatividade e, sobretudo, à sua esportividade, esse peso pesado da família dos carangídeos — a mesma dos Xaréus e Pampos — é um dos troféus mais procurados pelos pescadores esportivos de água salgada em todo o mundo Por: Roberto Véras l Fotos: arquivo ecoaventura Arte: Marcelo Kilhian

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[ técnica l olho-de-boi ]

Quando a passada sobre o pesqueiro é bem feita, as fisgadas múltiplas ocorrem com razoável frequência

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om distribuição circunglobal, o Olho-de-boi (Seriola dumerilis) está presente em todos os mares e oceanos. Ao longo da costa africana, onde é confundido com o Remeiro ou Olho-de-boi-fumeiro (Seriola rivoliana), é erroneamente chamado de Pitangola, já que se trata, na verdade, do Olho-de-boi verdadeiro, porém de menor tamanho. Aliás, essa confusão não se dá apenas na costa africana, mas em todo o mundo, uma vez que ambas as espécies, além de semelhantes, habitam praticamente os mesmos ambientes marinhos, têm os mesmos hábitos

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ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Indo-pacífico ocidental: África do Sul, Golfo Pérsico e Arábico, Japão e Havaí Pacífico sul: Nova Caledônia; Ilhas Mariana e Carolina, na Micronésia Atlântico ocidental: Bermudas, Nova Escócia, Canadá, Estados Unidos e Brasil, presente também no Golfo do México e no mar do Caribe Atlântico oriental: Da costa da Inglaterra ao Marrocos e no mar Mediterrâneo

e alcançam tamanhos máximos parecidos. Só quem está muito familiarizado com esses peixes é capaz de distinguir um do outro. No oceano Atlântico, por exemplo, é mais fácil fazer essa distinção porque o Olho-de-boi-fumeiro tem coloração mais escura e barbatana dorsal mais desenvolvida, além de raramente ultrapassar os 30 quilos de peso, enquanto o Olho-de-boi verdadeiro alcança pesos acima dos 60 quilos com relativa frequência, sobretudo na pesca profissional. Já nos oceanos Índico e Pacífico, essa diferença é mais complicada por conta de as peculiaridades serem menos acentuadas, uma vez que ambos têm uma colora-


O litoral baiano está entre os maiores pesqueiros de Olho-de-boi do mundo Marcelo exibe um Olhode-boi (Seriola dumerilis) capturado em Canavieiras-BA com Peixe-rato vivo

ção escura e parecida e, para aumentar a dificuldade, o Olho-de-boi verdadeiro desenvolve mais a sua barbatana dorsal. Ambos habitam a coluna d’água tanto em águas costeiras como abertas e podem ser pescados de profundidades superiores a 150 metros até a superfície — talvez esse seja um dos motivos para que essas espécies sejam tão procuradas. Além disso, têm rotas migratórias bem definidas, sobretudo nas épocas da reprodução. Seus ovos são postos normalmente em águas abertas e, assim que eclodem, formam pequenos cardumes, que passam a

acompanhar sargaços e outros objetos boiados, onde não apenas se abrigam como se alimentam de pequenos crustáceos e peixes menores. Quando adultos, formam cardumes de poucos indivíduos e caçam em grupo, com predação sobre os bandos de peixes menores, conduzidos para águas abertas e dizimados por conta de seu insaciável apetite. Moluscos e crustáceos também ocupam posição de destaque em sua dieta alimentar. O Olho-de-boi pode alcançar a marca impressionante de 1,90 metro e cerca de 80 quilos. O recorde mundial registrado

Thiago e outro belo exemplar, também capturado em Canavieiras com metal jig

na IGFA (International Game Fish Association) marca 155 libras e 10 oz (aproximadamente 71 quilos), capturado no arquipélago das Bermudas. Entretanto, o recorde mundial na caça submarina é de um animal ainda maior, com impressionantes 73,09 quilos (161 libras) nas Ilhas Canárias, na Espanha. Já no caso do Olho-de-boi-fumeiro, a situação se inverte: o recorde da IGFA é de um peixe de 132 libras (60 quilos) capturado em Baja Califórnia, no México, enquanto que o recorde para o mergulho é menor, ou seja, 117 libras (53 quilos), também da Baja Califórnia.

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[ técnica l olho-de-boi ] Pesqueiros Os melhores pontos para a pesca dos grandes Olhos-de-boi são as quedas acentuadas do talude continental e os parcéis ou lajes submersas com profundidades entre 80 e 120 metros. Exatamente por essa razão é que o Nordeste brasileiro, sobretudo o litoral baiano — ao lado da costa da Carolina do Norte, nos Estados Unidos —, é considerado um dos principais pesqueiros para essas espécies. Como já mencionamos, os Olhos-de-boi são bastante ecléticos e podem ser capturados de várias formas. Por isso, vamos às principais delas:

No Pacífico Central, os peixes têm coloração mais escura

Técnica, força e paciência são ingredientes básicos para a captura dos grandes Olhos-de-boi

Corrico Dá bom resultado próximo a costões com águas batidas, ilhas, lajes e parcéis e iscas do tipo plugs de meia-água com barbelas longas entre 13 e 15 centímetros de comprimento. O material deve ser médio-pesado, ou seja, molinetes ou carretilhas carregados com linhas de mono ou multifilamento

de 50 libras (23 quilos) de resistência. Não há a necessidade de usar empates de aço, entretanto, um shock leader com pouco mais de dois metros de fluorcarbono de 80 libras (36 quilos) se faz necessário, uma vez que o Olho-de-boi é um peixe que joga sujo — assim que ferrado, procura grotas e pedras para cortar a linha. Arremesso Devem ser efetuados nas mesmas estruturas onde se corrica e em costões de águas batidas, nas espumas. Sobre parcéis e lajes submersas, arremessos feitos próximos a objetos boiados, ou mesmo de forma aleatória, mostram-se mais produtivos. O material também deverá ser da categoria média-pesada. Sugiro varas entre 40 e 50 libras (18 e 23 quilos) montadas com molinetes ou carretilhas e linhas de 50 libras (23 quilos). Nesse caso, as varas devem ser robustas o suficiente para tracionar grandes poppers — as iscas mais efetivas para essa técnica. Vale salientar que plugs de meia-água, assim como iscas do tipo slider, também são efetivos em situações especiais.

Gustavo e Roberto seguram o maior Olho-de-boi capturado em águas panamenhas por brasileiros até hoje

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Dica: intercalar uma parada no recolhimento do popper costuma provocar ainda mais esse predadores, além do mais, diminui a possibilidade de o peixe errar o ataque à isca.


Peixe de mais de 35 kg, fisgado a poucas milhas da costa

Vertical É a técnica mais indicada para profundidades entre 80 e 120 metros em fundos rochosos, de cascalho ou nas caídas abruptas da plataforma continental. Nesse caso, o material deve ser pesado, no mínimo na classe de 60 libras (27 quilos), e os jigs devem pesar no mínimo 250 gramas. Em geral, os modelos longos são mais produtivos e, a depender da força da correnteza, pode haver a necessidade de aumentar seu peso para até 500 gramas. Os conjuntos devem ser montados com varas específicas para essa modalidade, e molinetes ou carretilhas robustos. Entretanto, as carretilhas elétricas

são as mais utilizadas pelos pescadores brasileiros para esse tipo de pesca. As linhas devem ser de multifilamento com 60 ou 80 libras (27 ou 36 quilos), sempre atadas em um shock leader de fluorcarbono com 100 libras (45 quilos). O Olho-de-boi não possui dentes, apenas uma espécie de lixa, que, no caso de engolir o jig, é capaz de cortar o leader. Quando a profundidade for maior do que 100 ou 120 metros, não há a necessidade de trazer o jig até a superfície, basta recolhê-lo até 50 ou 60 metros e deixá-lo descer novamente, uma vez que esses predadores dificilmente atacam em profundidades inferiores.

Dica: intercalar paradas durante o recolhimento, principalmente uma entre 10 ou 12 metros do fundo.

O Olho-de-boi exerce um fascínio tão grande nos pescadores que empresta sua robusta silhueta à filatelia. Um exemplo claro é esse selo das Bermudas

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[ técnica l olho-de-boi ]

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1. O autor com um peixe das Maldivas; 2. Capt. Marcel com Remeiro da praia do Forte-BA; 3. Fábio nos mostra outro de Fiji; 4. Glenn com um gigante da Carolina do Norte. Nas fotos acima, peixes do Atlântico, Índico, Pacífico Sul e Atlântico Norte

De fundo Para essa técnica, o material deve ser tão robusto ou até mais do que o recomendado para a pesca vertical, mas, a linha, a critério do pescador, pode ser substituída por um monofilamento de 80 libras (36 quilos). Nesse estilo, é preciso fazer uma montagem da seguinte forma: amarre um girador resistente na ponta da linha principal e coloque dois chicotes — um onde será atado anzol do tipo circular com tamanho entre 10 e 14/0, e outro

feito com linha de monofilamento bem fina, como, por exemplo, 0,20 milímetro, para prender a chumbada e funcionar como uma espécie de fusível, caso ela se prenda no fundo. Já o peso da chumbada deverá ser definido de acordo com a profundidade e a força da correnteza. Iscas feitas com lulas ou peixes, de preferência vivos, são eficientes, no entanto, os especialistas apontam que Bonitos e Atuns aumentam as possibilidades de fisgar peixes maiores.

Dica: para aumentar a produtividade, após a isca tocar o fundo, recolha o equivalente a 10% do total de linha que foi solta.

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Acima, o recorde estadual da Carolina do Norte-USA, capturado por Glenn Kross, que usava um metal jig


Outros nomes são: Amberjack e Almaco Jack em inglês, Bujala na América Central e no Pacífico e Medregal em Espanhol. No resto do mundo, é mais conhecido mesmo como Amberjack.

Acima, Betão com um Pitangola (Olho-de-boi juvenil) capturado na Venezuela. Quando jovem, apresenta listas escuras no lombo para confundir ainda mais os especialistas. Abaixo, outro capturado no Pacífico Central


[ técnica l olho-de-boi ] Bruno Campos exibe o maior Olho-de-boi (Seriola Dumerilis) capturado até hoje em águas brasileiras. Trata-se de um peixe de 60,50kg capturado com Capt. Marcel Brito na praia do Forte-BA em 5 de abril de 2007. Como isca, foi usado um Atum vivo com mais de 5Kg de peso atado a 2 anzóis nº 12/0. Há rumores ainda não confirmados de que um exemplar até maior do que esse foi capturado este ano também na praia do Forte, entretanto, há divergências quanto ao real peso do peixe

Conclusão Na verdade, essas tênues diferenças entre as espécies interessam mais aos biólogos e estudiosos, já que, para nós, pescadores esportivos, o que importa é que são peixes realmente especiais. 24

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Surpreendente foi o fato de que, mesmo diante de algumas vagas com mais de dois metros - que faziam a embarcação literalmente voar - , ela pousava novamente sem bater o casco de modo violento algo incomum nesses casos... Provou ser um modelo bastante estável ... sua praça de pesca mostrou-se extremamente confortável e com espaço de sobra para os pescadores. Roberto Véras


[ roteiro l Ilha Solteira ]

nature Namoro eterno

com a

Ilha Solteira, cidade do interior paulista que faz divisa com o Mato Grosso do Sul pelo rio Paraná, mostra potencial para turismo ecológico, esportes náuticos e pesca esportiva e tem expansiva fauna e flora em amplos cenários com dimensões gigantescas

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za Por: Paulo Martinho Fotos: Henrique Feitosa arte: marcelo kilhian

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uem se dirige de carro ao Pantanal e cruza a divisa entre os estados de São Paulo e do Mato Grosso do Sul praticamente esbarra num lugar que é tão rico em atrativos turísticos quanto ainda pouco conhecido. O sentimento é o de um verdadeiro achado, um universo que espera ser desvendado. Chegar a Ilha Solteira é se surpreender com a imponência da natureza — expressa essencialmente na profusão de águas dos rios Paraná, Tietê e São José dos Dourados, com extensões que fazem por vezes o olhar se perder no horizonte em busca da outra margem — e com a ousadia do gênio humano.

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[ roteiro l Ilha Solteira ]

Pode-se dizer que era um enorme alojamento de trabalhadores que virou cidade, quando em 1968 recebeu seus primeiros moradores por conta da construção da Usina Hidrelétrica da Cesp, uma obra de grande porte e longo prazo de execução. Já em 1970 mais de 20 mil operários na barragem da usina — conhecidos como barrageiros — viviam nesse local, que começou a ter “cara de cidade”, com escolas, hospitais, asfalto e iluminação. A nomenclatura dos logradouros públicos segue o mapa do Brasil, com alamedas que levam nomes dos estados e suas quadras, dos municípios correspondentes a eles. A exemplo de Brasília, é uma das poucas cidades planejadas do País. Até 1991 fazia parte do município de Pereira Barreto, quando conquistou, enfim, a sua emancipação. Atualmente, Ilha Solteira é também uma cidade de universitários de-

A área verde urbana equivale a 31,5% do município, o que em breve garantirá o certificado Verde e Azul do Governo Estadual 28

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vido aos quase três mil alunos da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e figura entre os 29 municípios paulistas reconhecidos como Estância Turística — título concedido pelo Governo para localidades que possuem recursos naturais e culturais bem alinhados com atividades recreativas e de lazer.


Campeonato de pesca:

disputa e diversão Um evento já tradicional na cidade é o Torneio de Pesca de Tucunaré e Pacu, realizado nos dias 22 e 23 de maio, dentro da Festa do Pescador, que reuniu também as famílias com shows musicais e campeonato de churrasco. Em sua 18ª edição, contou com exatas 217 embarcações, com mais de 600 pescadores que desceram seus barcos motorizados de seis metros pela rampa que dá acesso ao rio, na alameda dos Pescadores. As chegadas de Tucunarés para medição e pesagem foram constantes nos dois dias de prova, com sorrisos estampados nos pescadores e uma enorme satisfação ao soltar os peixes novamente no Paraná. Cansados da briga, os peixes recuperaram as forças nas margens repletas de Picuíras, pequenos peixinhos dos quais eles também se alimentam. Os adeptos da pesca de Pacu pelejaram bastante com os redondos, mas poucos foram tirados da água. No último dia do torneio, os vencedores foram premiados com dois barcos de seis metros, dois motores de 15 Hp e equipamentos de pesca em geral. ecoaventura

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[ roteiro l Ilha Solteira ] Vastidão aquática A grande vocação de Ilha Solteira está nas atividades ligadas às águas. Quer explorar as paisagens que compõem as margens dos rios? Pode escolher entre um tranquilo passeio de barco a motor, aventurar-se com a velocidade de um jet ski ou mesmo aproveitar para se exercitar e experimentar a proximidade com o espelho de águas que o caiaque proporciona. Com um clima quente médio de 30 graus Celsius praticamente o ano inteiro, que tal um banho nas águas límpidas do rio Paraná? Nesse caso, o melhor é desfrutar as praias Marina e Catarina, que ficam uma ao lado da outra. Esses espaços de lazer contam com boa infraestrutura: acesso pavimentado, estacionamento, área gramada para camping, duchas, banhos privativos, restaurantes, quadras de esportes, quiosques com churrasqueiras e área para embarcações. Na margem paulista do rio Paraná, especificamente a montante da Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira, está a alameda dos Pescadores. Nesse ponto, o viajante experimenta as delícias da culinária típica ilhense, baseada principalmente nos peixes da região, que estão sempre frescos. Uma série de restaurantes perfilados oferece tirinhas de

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As águas do rio Paraná também serão movimentadas por caiaques no Encontro Regional de Remo, em novembro


Tilápia, filés de Corvina e de Tucunaré, torresminho de Traíra, pirão, risoto de camarão, Pintado ensopado ou tudo isso ao mesmo tempo, com a chamada peixada completa. Esses paraísos gastronômicos também funcionam como porto para as embarcações que se lançam ao Paranazão, trecho que reserva ilhas fluviais que encantam pela beleza e pela capacidade de refugiar fauna e flora em harmonia com o ser humano. Bem em frente aos portos está a ilha fluvial que empresta seu nome à cidade — um trecho de terra com cerca de dois quilômetros de comprimento por 200 metros de largura, elevada ao status de Área de Proteção Ambiental em 2004. A cerca de 12 quilômetros dela está o arquipélago fluvial das Cinco Ilhas, das quais se destacam como referência a Lagoa do Pernilongo — berçário natural para as espécies de peixes do rio Paraná — e a Ilha da Ferradura, uma antiga fazenda com mais de 100 hectares que desapareceu abaixo d’água por causa das atividades da usina, mas que permaneceu com uma parte sempre seca. O local é repleto de ranchos, organizados na ARCI (Associação dos Rancheiros das Cinco Ilhas) e que podem ser alugados aos fins de semana para churrascos e pescarias.

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é animal! Entre uma pescaria e outra, um bom passeio na cidade com a família pode ser feito no Centro de Conservação da Fauna Silvestre — mais conhecido como zoológico. Mantido pela Cesp desde 1979 para dar abrigo aos animais que vieram das áreas alagadas pelos reservatórios de Jupiá e Ilha Solteira, o espaço de 18 hectares mantém 48 espécies de animais em cativeiro, algumas ameaçadas de extinção, como cervo-do-pantanal, tamanduá-bandeira, onça-pintada, suçuarana, jaguatirica e lobo-guará. Ao todo, são 89 aves, 85 mamíferos e 65 répteis que podem ser visitados aos sábados e aos domingos, das 9 às 16 horas. ecoaventura

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[ roteiro l Ilha Solteira ] A sedução das artificiais Os amantes da pesca esportiva encontram nos rios da região um convite permanente para lançar iscas e desafiar as espécies de peixes mais procuradas, como Pacus, Corvinas, Piaparas, Acarás-porquinho, Traíras, Pintados, Dourados e Tucunarés, estes as grandes estrelas da pesca local. Desafiar a ira dos Tucunarés-azuis e amarelos é o objetivo da maioria dos pescadores. Uma característica notável para a pesca desse peixe na região é a presença constante de vegetação aquática nas margens, principalmente da elódea (popularmente conhecida como rabo-de-gato).

A ousadia do pescador que arremessa próximo da vegetação e das estruturas é recompensada com o ataque dos Tucunarés, onde também se observa a chamada “fiotêra” — grupos de filhotes na superfície —, sempre acompanhada pelos pais

Ao redor dessas plantas, tocos e galhadas garantem a estrutura típica favorita da espécie, onde famílias inteiras desse peixe vivem camufladas, entocadas, à espreita dos camarões de água doce, de pequenos peixes ou da isca artificial de pescadores astutos o suficiente para despertar o apetite ou a fúria territorialista desses brigadores. A ação das artificiais na água também rende a captura de Traíras, liberadas logo em seguida graças à ampliação de consciência do pesque e solte. 32

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· · Os mais · ·

procurados Tucunaré

O amarelo e o azul são os mais encontrados nessas águas. Os pesqueiros mais produtivos ficam nas estruturas de tocos submersos nas margens e nas proximidades das vegetações aquáticas, assim como próximos às grotas nos braços dos rios e às cercas submersas das fazendas no lado do Mato Grosso do Sul. A espécie pode ser fisgada durante todo o ano, mas os maiores exemplares aparecem mais entre setembro e novembro.

tucunaré azul

Equipamento sugerido Vara 5’5’’ de ação média; Carretilha ou molinete de perfil baixo para 100 metros de linha; Linha monofilamento de 0,33 a 0,38 milímetro; Iscas artificiais de superfície (sticks e poppers); Iscas artificiais de meia-água de 10 a 15 gramas (com barbela curta, para não afundar mais que um palmo).

Pacu

Com corpo ovalado, de coloração cinzenta com o ventre amarelado, chegam a atingir 20 quilos e 80 centímetros de comprimento. A melhor época para a pesca acontece durante os meses mais quentes do ano. tucunaré amarelo

Equipamento sugerido Vara de carbono de 2,5 ou 3 metros; Carretilha ou molinete de perfil alto para 200 metros de linha; Linha monofilamento de 0,40 milímetro; Linha multifilamento de 0,19 milímetro; Chumbada de 70 a 80 gramas; Iscas naturais (milho verde cozido, minhocas, filé de peixe, bolinho de queijo, goiaba, acerola e gordura bovina).

Corvina

Pescaria simples com iscas vivas (minhocas, Lambaris, Guarus ou camarões). Os pontos mais produtivos são as galhadas isoladas no meio dos braços ou do canal principal. Equipamento sugerido Vara 5’’5’’ de ação média; Carretilha ou molinete de perfil baixo para 100 metros de linha; Linha monofilamento de 0,33 a 0,38 milímetro; Anzol 2/0 ou 3/0; Iscas vivas (Lambaris e camarões).

piauçu

Acará-porquinho

Muito apreciado também na culinária local, sua pesca é feita no fundo dos rios, principalmente quando a temperatura da água está mais elevada. Equipamento sugerido Vara de bambu de 2,5 metros ou vara telescópica de mesmo comprimento; Linha monofilamento de 0,30 milímetro; Anzol 10/0; Iscas vivas (minhocas ou camarões); Chumbada de dez gramas. nho

acará-porqui

piapara

corvina

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[ roteiro l Ilha Solteira ] Pesca sustentável Pensamento quase unânime é o de que, para a pesca esportiva ganhar força na região, é necessário diminuir a pesca profissional. Uma das soluções encontradas é a criação de peixes em cativeiro, iniciativa que a APROAQUA (Associação dos Produtores de Organismos Aquáticos) encampa com pioneirismo na região desde 2001. São 100 tanques-rede instalados às margens do rio São José dos Dourados, onde alevinos de Tilápias são tratados com ração quatro vezes ao dia, durante oito meses, que crescem de 1,5 até a média de 750 gramas. Nesse período, os peixes passam por triagens e são transferidos três vezes de tanque, conforme o tamanho que alcançam. Após alguns percalços durante esse tempo — concorrência desleal com o preço do peixe produzido na China, época de chuvas que arrastou muita matéria orgânica para a água (o que dificultou a engorda da Tilápia) e produção desacelerada por causa da manutenção dos tanques-rede —, a expectativa é de que a produção suba de 20 para 30 toneladas de peixes ao mês.

Começamos em 2001 e somos pioneiros na criação comercial da espécie em tanques-rede na região” Manoel Porfírio dos Santos

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A meta da administração municipal é transformar lazer e esportes aquáticos em agentes geradores de renda e de preservação ambiental na cidade, o que a tornará mais conhecida pelos turistas A imensidão das águas reserva pescarias produtivas também a jusante da UHE de Ilha Solteira. Onde o rio Paraná antes da construção da usina era estreito e com corredeiras, hoje se apresenta largo e profundo. Nessa região, o Paraná recebe as águas do rio São José dos Dourados e do rio Tietê, e seus braços são os rios Grandinho, Quitéria, Pântano, Badin (Mato Grosso do Sul) e São Félix (São Paulo). Esse complexo aquático é

formado por labirintos de árvores como angicos, jatobás e aroeiras, que mostram apenas uma ínfima parte de seu tamanho na superfície — excelente local de abrigo para o Tucunaré-azul, de maior incidência nesses rios. Na margem sul-mato-grossense, a curiosidade dos bois acompanha os arremessos das iscas artificiais na água. O mimetismo provocado integra o pescador com o habitat dos peixes.

Espaços são divididos com respeito e reverência às muitas outras espécies de animais que vivem por ali, como tamanduás-bandeira, cervos, onças, suçuarana, siriemas, jacarés, capivaras e sucuris. Os muitos aguapés ocupam as grotas rasas nos afunilamentos de braços dos rios, também com cercas das fazendas, que avançam em direção à profundeza das águas — potencial imenso para o encontro com os Tucunarés.

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[ roteiro l Ilha Solteira ]

Serviços

Cena típica: paisagens deslumbrantes capazes de deixar qualquer solteiro apaixonado Hotéis

Hotel Urubupungá Av. Brasil Sul, 181 Tel.: (18) 3742-2100

Bares e Restaurantes Rancho Boa Vida Rua Projetada 8, nº 385 Recanto das Águas Tel.: (18) 3743-5772

Ilha Palace Hotel Av.Brasil Sul, 895 Tel.: (18) 3742-2800

Rancho do Pescador Av. Dr. Itamar Gouveia, 3215 Recanto das Águas Tel.: (18) 3742-4877

Ype Park Hotel Rua Rio Itatiba, 580 - Zona Sul Tel.: (18) 3742-2105

Rancho Vira Sol Alameda dos Pescadores, s/n Tel.: (18) 3742-3495

Recanto do Pescador Av. Dr Itamar Gouveia, 3215 Tel.: (18) 3742-4877

Rancho Bianchini Rua Dr. Itamar Gouveia, 2721 Recanto das Águas Tel.: (18) 3742-4048

Pousadas

Pousada Beira Rio Alameda dos Pescadores, s/n Tel.: (18) 3743-4568 / 9782-4133 Pousada da Ilha Al. Rio de Janeiro, 570 Tel.: (18) 3743-2457

Rod. Gérson dourado de oliveira

Rod. da integração

Ilha Solteira

Castilho

Camping Municipal Praia Catarina Tel.: (18) 3743-6088

Posto de Informação Turística Departamento de Turismo Av. Brasil Sul, 642 Tel.: (18) 3743-6089

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Rod. Marechal rondon

rod. Professor joão hipólito martins

Área de camping

turismo@ilhasolteira.sp.gov.br www.ilhasolteira.sp.gov.br

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Rod. Feliciano Salles da Cunha

km

210

Rod. Castelo Branco

Como chegar

São Paulo

A partir de São Paulo, o caminho é pela rodovia Castelo Branco (SP-280) até o km 210, em seguida pela rodovia J. Hipólito Martins (SP-209) até a Marechal Rondon (SP-300). No município de Castilho, o motorista segue pela SP-595 sentido Itapura / Ilha Solteira.


folhas, flores e frutos

Invasão

silenciosa por: paulo martinho l Foto: Arquivo ecoaventura l arte: marcelo kilhian

A

planta aquática submersa queridinha dos aquaristas — e um banquete para os peixes herbívoros — facilmente se difundiu pelo mundo com a sua introdução em lagos e rios. Apesar de ser natural da América do Sul, com grande incidência nos rios Paraná e Paraguai, ocorre com frequência também na América Central, América do Norte, Europa e Austrália. Apresenta densas folhas lineares de coloração verde intensa, com margens finamente serrilhadas, dispostas regularmente ao redor do caule, o que a deixa com aparência cilíndrica. Vegeta de forma submersa, mas as flores ficam fora d’água. Com a fragmentação do seu frágil caule, multiplica-se facilmente, e a reprodução acontece até em pequenos

pedaços soltos. Além disso, pode tanto viver de forma livre sem raízes quanto arraigada em águas pouco profundas. Sobreviver é um instinto aprimorado na espécie, que se desenvolve bem em água doce com temperatura entre 15 e 25 graus Celsius, assim como tolera uma ampla faixa de PH. No entanto, apesar de grandes concentrações de plantas submersas aumentarem a oxigenação da água durante o dia — em períodos de intensa luminosidade é possível observar pequenas bolhas presas às folhas —, à noite o efeito é inverso: a liberação de gás carbônico reduz drasticamente os níveis de oxigênio, o que pode até causar a morte de peixes. De acordo com o prof. dr. Fernando Tadeu de Carvalho, do Departamento de

Apreciada por sua beleza e pela grande capacidade para liberar oxigênio na água com a fotossíntese, a proliferação da popular elódea também pode causar muita dor de cabeça em reservatórios Biologia e Zootecnia da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Ilha Solteira-SP, a ocorrência excessiva dessa vegetação subaquática pode trazer mais complicações do que se imagina. “São dificuldades relacionadas à navegação, produção de energia elétrica, recreação, pesca e utilização da água para uso humano, além de também reter lixo e facilitar a proliferação de insetos vetores de doenças”, explica. Nome científico: Egeria densa. Família: hidrocaritáceas. Nome popular: elódea ou rabo-de-gato. Origem do nome: ninfa de uma fonte de Roma.

A elódea é favorecida por alagamentos e pelo material orgânico lançado nos rios, fatores que contribuem para o seu desenvolvimento desordenado

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[ ecoturismo/ecotourism ]

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Viagem ao centro

da Terra Journey to the Center of the Earth Desde a sua descoberta há mais de cem anos, a história da Caverna do Diabo, no vale do Ribeira-SP, é envolvida por uma aura mística que fascina e desperta a imaginação de seus visitantes. São 3.200 metros de extensão, dos quais apenas 500 estão livres para visitação. Mesmo assim, é preciso ter fôlego pra explorar esse intrigante e surpreendente ambiente Since its discovery over a hundred years ago, the Devil’s Cave history, at the Ribeira Valley – SP, is surrounded by a mystical aura that fascinates and arouses its visitor’s imagination. It is 3200 meters long, where just 500 meters are free to visit. Even so, one needs breath to explore this involving and amazing environment Por / by: Wilson Feitosa Tradução / translation: Mairon batista Fotos / photos: arquivo ecoaventura Arte / design: marcelo kilhian

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[ ecoturismo/ecotourism ]

A

pós passar pela pequena e aprazível cidade de Eldorado-SP e seguir pela sinuosa estradinha que margeia o rio Ribeira de Iguape, encontrar a placa que indica a direção para a Caverna do Diabo causa um grande frisson — sensação que se intensifica ao subir a pequena serra que lhe dá acesso. No topo, a cerca de 500 metros de altitude, o grande e majestoso restaurante construído sobre um platô causa a impressão de que o caminho está errado, afinal, sua arquitetura moderna em nada faz lembrar a rusticidade a qual se espera encontrar. Além de boa comida, o local também tem banheiros extremamente limpos, painéis temáticos, artesanato e pequenas lembranças para serem levadas por seus visitantes.

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After going through the little and pleasant Eldorado city –SP and continue on the sinuous little road that borders the Ribeira de Iguape river, finding the place indicating the direction to the Devil’s Cave causes a big frisson – sensation that grows while going up on the small mountain ridge right before it. At the top, around 500 meters high, the great and majestic restaurant build over a plateau gives the impression that the path is somewhat wrong, after all, its modern architecture does not give us a clue of the rusticity that we wait for. Besides the good food, the place also has very clean bathrooms, handcrafts and small souvenir that can be taken by its visitors.


Mas a placa “Núcleo Caverna do Diabo”, entalhada em mata para um pequeno orifício no sopé, que, de tão pequeno, por deira, está em lugar de destaque, portanto, não há qualquer instantes chega a causar certa frustração. Porém, assim que engano. O próximo passo é seguir por uma fascinante — e, quannos aproximamos e descemos os primeiros degraus da escadado está molhada, escorregadia — alameda ladeada pela Mata ria estacionada adiante, tudo se transforma: as maiores expecAtlântica, com suas árvores que misturam diversos tons de vertativas são superadas, e entramos em um mundo tão fantástico de, e por um pequeno rio, que, aqui e acolá, ao descer pequequanto estarrecedor. nas corredeiras, entoa parte da trilha sonora do lugar. Em poucos metros adiante encontramos o portal da caverna, onde é preciso pagar R$5 para ter acesso e o mesmo valor para se fazer acompanhado de um monitor, o que é obrigatório. Feito esse procedimento, a estreita trilha a seguir serve para aumentar as expectativas, afinal, o guia imediatamente começa a narrar histórias do lugar. Rapidamente, um imponente paredão rochoso se projeAs estalactites ta à nossa frente, mas, antes que fiquese formam com a mos intrigados com o que parece ser o penetração da água no solo e, posteriormente, na camada de fim da linha, nosso acompanhante aponcalcário, até atingir o teto da caverna

However, the “NÚCLEO CAVERNA DO DIABO” (DEVIL’S CAVE CENTER) plate, carved in wood, is easy spotted, therefore, there is no mistake. The next step is to follow next to a fascinating

The stalactites form themselves with the water penetration in the soil and, afterwards, in the calcareous layer, until it reaches the caves roofs

- and whenever it’s wet, slippery promenade surrounded by the Atlantic Forest, with its trees that mix different green tones, and by a small river, which, here and there, going down small rapids, delights part of the place soundtrack. In a few meters ahead we find the cave portal, where an R$5 fee is charged to grant access and the same amount to do it followed by a guide, which is mandatory. When ready with all the procedures, the narrow track ahead just grows our expectations; after all, the guide immediately starts to narrate stories of the place. Quickly, a majestic high rock bank is faced ahead, but, before we get curious on what seems to be the end of the line, our guide points to a small hole on the foothill, which is so tiny that sometimes causes frustration. However, as soon as we get closer and go down on the stairs right in front of us, everything changes: the biggest expectations are overcome, and we go into a world as fantastic as frightening.

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[ ecoturismo/ecotourism ]

Lendas do diabo

Diz a história que antigos moradores dos quilombos da região usavam a área fresca na entrada da Caverna do Diabo para guardar e preservar a colheita. Entretanto, quando retornavam para recuperá-la, frequentemente encontravam seus “estoques” remexidos ou espalhados pelo lado de fora — algo provavelmente feito pelos animais da floresta, mas que eles acreditavam ter sido “obra” do diabo. A lenda ganhou força porque os moradores ouviam os sons da água vindos do interior da caverna e confundiam com gemidos de almas penadas castigadas pelo diabo. Os índios, por sua vez, respeitavam a caverna como um lugar sagrado. Acreditavam que quem ousasse colocar os pés lá dentro seria, imediatamente, atingido por uma gota d’água e transformado em pedra. Para eles, as estranhas formações rochosas do interior da caverna eram homens e animais petrificados. Os caboclos foram mais longe. Eles diziam que a caverna era a morada do próprio satã — a porta de entrada para o inferno. O medo era tanto que sequer ousavam chegar lá perto. Crianças desobedientes eram advertidas com a possibilidade de serem deixadas nas redondezas da caverna, como castigo. Os moradores da região também alimentavam a crença de que, de tempos em tempos, quando o relógio marcava exatamente meia-noite, o diabo saía de sua caverna para atacar suas plantações e levar comida para o inferno.

Legends of the Devil Tells the story that ancient residents of the region Quilombos (hiding-places of fugitive Negro slaves) used the fresh area in the Devil’s Cave entrance to keep and preserve the harvest. However, when they’ve returned to recover it, they frequently found their stocks stirred up or spread on the outside - something probably done by animals of the woods, but they believed to be the work of the Devil. The myth got stronger because the residents used to hear the water sounds coming from the interior of the cave and confused themselves with the groaning of the wandering souls punished by the Devil. The natives, in their turn, respected the cave as a sacred place. They believed that anyone who dared to put the feet inside would, immediately, be hit by a water drop and transformed into a rock. For them, the weird rock formations of the interior of the cave were men and animals petrified. The natives have gone even further. They’ve said the cave was the Satan house - the front door to the hell. The fear was so huge that they did not even dare to get close. Disobedient children were warned with the possibility of being left at the cave surroundings, as a punishment. The region residents also believed that, time after time, when the clock point to exactly to midnight, the Devil would leave its cave to attack their plantations and take food to hell. 42

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As estalagmites se elevam do solo, numa proporção estimada em três centímetros por século, o que justifica a preocupação dos guias e guardas da caverna com a degradação de seu interior The stalagmites raises from the ground, in a proportion estimated in three centimeters per century, fact that justifies the cave guides and guards concerns with its interior degradation

É hora de soltar a imaginação Acessar o primeiro salão é como entrar num mundo à parte e, em meio à penumbra, a fertilidade da imaginação tudo é capaz de conceber. O visual, de tão surreal, causa um impacto paralisante, a tal ponto que apenas os olhos conseguem se mover para cima, para os lados e para baixo. Nesse universo único, formações exóticas de cores variadas criam espeleotemas diversos. São perpétuas estalactites penduradas, e não somente no teto mas também em outras formações de intrigante beleza. No chão, estalagmites de diversos tamanhos crescem vagarosamente, algumas das quais, após séculos alimentadas pelo gotejamento do teto, atingem 18 metros de altura. Desafiando as leis da gravidade, minúsculos heligtites também se materializam em diversos pontos, enquanto cortinas transluzentes brilham em tons de laranja quando iluminados por trás pela luz de uma lanterna. Durante a exploração dessa parte da caverna, cada elemento toma a forma que a própria imaginação de quem a observa consegue idealizar.

Time to free our minds To access the first cave room is the same as going into an aside world and, among the penumbra, the imagination fertility is capable of conceive anything. The visual, being so unreal, causes a paralyzing impact, to the point that just the eyes can move upwards, to the sides and down. In this unique universe, exotics formations of different colors create varieties of speleothemes. There are stalactites hung forever, and not only on the roof, but also on others formations of fascinating beauty. On the floor, stalagmites of different sizes grow slowly, and some of them, after centuries fed by the roof dripping, reach 18 meters high. Challenging the law of gravity, small helictites also materialize themselves in many spots, as a translucent curtain in orange tones bright when a flashlight is pointed to it. During this cave area exploration, each element gets the shape of each person’s imagination.

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[ ecoturismo/ecotourism ]

Curiosidades

A Caverna do Diabo, anteriormente conhecida como Gruta da Tapagem, teve sua origem ainda no período pré-cambriano superior, há cerca de 500 milhões de anos. Segundo consta dos anais, seu primeiro explorador foi o paleontólogo alemão Richard Krone, no final do século 19. Em 1910, ela passou a ser propriedade do Estado, mas só em 1961, após a expedição do capitão Pettena, organizada pelo Centro Excursionista Itatins, despertou o interesse público. Três anos depois, um grupo conseguiu alcançar uma região de sifões e desabamentos. Em 1965, esse mesmo grupo tentou a travessia pelo lado oposto, o de saída do rio, no Vale das Ostras. Eles chegaram até a entrada da gruta das Ostras, que dava passagem para o curso subterrâneo. Em 1964, a travessia da gruta foi realizada num percurso subterrâneo de 3.200 metros e, em 1976, uma equipe chefiada pelo francês Christian Collet tentou desvendar novos ambientes.

Curiosities The Devil’s Cave, previously known as Tapagem Cave, had its origins on the late Precambrian period, 500 million years ago. According to the historical records, its first explorer was the German paleontologist Richard Krone, on the late 19th century. In 1910, it became estate property, but only in 1961, after the Captain Pettena expedition, organized by the CENTRO EXCURSIONISTA ITATINS (ITATINS EXCURSIONIST CENTER), the public interest aroused. Three years after, a group was able to reach siphons and collapsing regions. In 1965, this same group tried the crossing on the opposite side, at the river channel, on the Oyster Valley. They got to the Oyster Cave entrance, which gave access to the underground course. In 1964, the cave crossing has been done in a 3200 meters underground passage and, in 1976, a big team supervised by the French Christian Collet tried to unveil new environments.

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O cenário é surpreendente. Curiosas estalactites, estalagmites, cortinas de pedras e cascatas de calcita intrigam especialistas e turistas, que tentam desvendar os mistérios do lugar The scenario is superb. Curious stalactites, stalagmites, rock curtains and calcite falls captivate specialists and tourists, who try to unveil the place mysteries

E quando o olhar se acostuma com a escuridão do primeiro salão, além das formas, surgem trilhas que dão acesso a outros ambientes. Toda a caverna possui iluminação suave, passarelas e escadas íngremes com corrimãos que conduzem o turismo. O sobe e desce em seu interior fascina, mas constitui uma aventura que pode se tornar desconfortável para quem não tem fôlego. A todo instante, o guia chama a atenção do visitante para as formas estranhas esculpidas em pedra: “Olhe naquela formação um rinoceronte e um elefante”. Atravessada a primeira galeria, chegamos ao pequeno lago formado pelas águas represadas do ribeirão das Ostras. À direita está o setor superior, aberto aos

turistas. E abaixo, à esquerda, um incrível e sinistro labirinto com cerca de cinco mil metros de corredores e galerias subterrâneas na mais profunda escuridão. Nesse trecho, que parece conduzir ao centro da Terra, é proibida a entrada, pois o terreno é extremamente acidentado e perigoso. Após passar sobre uma rocha enorme e subir um grande lance de escadas, chegamos a outro salão da caverna. Atento e habituado com o ambiente, o solícito guia de pronto induz o visitante a ver novas formas. “Observe à sua frente o bolo da noiva e, mais adiante, a fonte batismal”, referindo-se a novas formações. No chão, aponta para diversas estalagmites que começam a se formar e salpicam o piso em todas as direções.

When the sight gets used to the darkness

left, an amazing and sinister maze with around

of the first room, besides the shapes, paths

5 thousands meters of corridors and under-

appears providing access to other environ-

ground galleries in the deepest darkness. On

ments. The whole cave has pleasant illumina-

this path, which seems to take us to the center

tion, footbridge and steep stairs with stair rails

of the Earth, the entrance is prohibited, because

that leads the tourism. The up and down inside

the terrain is extremely uneven and dangerous.

the cave is fascinating, but constitutes in an

After going over an enormous rock and go

adventure that can become uncomfortable for

up a big stairway, we reach the other cave

the ones with no breath. All the times, the gui-

room. Mindful and used to the surroundings,

de call for the visitor attention to the weird sha-

the careful guide instigates the visitors right

pes sculptured on the rocks: “Look at a rhino

away to look at new shapes. “Look ahead of

and an elephant formation”.

you to the bride’s cake and, a little further, the

Gonne through the first gallery, we reach the

baptismal font”, when referring itself to the

small lake formed by the Oyster stream dam-

new formations. On the floor, points to the di-

med up waters. To the right is located the top

fferent stalagmites that start to form themsel-

sector, open to the tourists. And below, to the

ves and dash the floor in all directions.

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[ ecoturismo/ecotourism ]

No entanto, as formações mais interessantes e que mais dão asas à imaginação se encontram no salão conhecido como Catedral. Talvez, por isso, algumas dessas formas ficaram eternizadas com nomes um tanto quanto curiosos: Cabeça de Ema, Guardião, Galeria dos Órgãos, Pia Batismal, Branca de Neve, Cemitério, Perfil de Buda, Reis Magos, Templo Perdido, Caldeirão do Diabo e Torre de Pisa. No interior da caverna, o silêncio só é quebrado pelas águas que deslizam pelas rochas, mas é um som diferente. Por vezes ficamos com a impressão de estar no maior lugar do mundo, mas, ao mesmo tempo, num cantinho prestes a desabar. No ar sente-se o cheiro do perigo. É pura adrenalina!

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However, the most interesting formations and that most give wings to the imagination are found at the room known as Cathedral. Perhaps, by this reason, some of those shapes became immortalized with such curious names: ostrich head, guardian, limbs gallery, baptismal font, white snow, cemetery, Buddha’s profile, three wise men, lost temple, devil’s boiler and Pisa tower. In its interior, the silence is just broken by the water that glides by the rocks, but it’s a different sound. We often feel like being in the most enormous place on earth but, at the same time, in a dim about to collapse. We can breathe and smell danger. It is pure adrenaline!


Fique por dentro

A Caverna do Diabo é a maior caverna do Estado de São Paulo e uma das mais belas do mundo abertas à visitação. Possui cerca de 10 mil metros de galerias já mapeadas, no entanto, sua visitação se restringe a uma área de 500 metros, onde há infraestrutura para o turismo com escadas, iluminação e passarelas. Isso proporciona maior segurança e comodidade aos visitantes, que ficam à vontade para identificar e observar todos os diferentes tipos de espeleotemas encontrados em uma caverna de calcário. Sua geografia é composta por um grande número de formações rochosas — estalagmites, estalactites e helictites — em amplas câmaras.

Stay tuned The Devil’s Cave is the biggest cave in the state of Sao Paulo and one of the most beautiful ones in the world open to visitors. It has around 10 thousand meters of galleries already mapped; however, its visitation is restricted to a 500 hundred meters area, where there is infrastructure for the tourism with stairs, illumination and footbridges. This provides better safeness and comfortableness to its visitors, which feel free to identify and observe all the different types of speleothemes found in a calcareous cave. Its geography is composed by a big number of rock formations - stalagmites, stalactites and helictites - in wide chambers.

Em outro lado da caverna registra-se um desnível de 150 metros, que impossibilita o acesso de pessoas inexperientes. Por isso, somente espeleólogos têm permissão para ultrapassar os limites pré-determinados. Outras coisas fascinantes podem ser vistas lá embaixo, num percurso ora dentro das águas do ribeirão, ora nas rochas. São cachoeiras, lençóis de água e o lago do Silêncio, com 200 metros de extensão. Em alguns momentos, para se ultrapassar os obstáculos, é necessário o uso de cordas até ter a certeza de estar pisando em solo seguro. Mas não fique preocupado com as restrições, pois, segundo o guia, a partir do final de 2010 será aberta uma nova área para visitação; apenas não contará com iluminação, passarelas e escadas. Ou seja: mais adrenalina ainda para os amantes da espeleologia.

In another side of the cave there is a 150 meters unevenness, which makes the access impossible by inexperienced people. Therefore, only speologists have permission to trespass the pre-defined limits. Other fascinating things can be seen down there, in a trail inside the water and on the rocks. There are waterfalls, groundwater and the Silence Lake, with 200 meters length. Sometimes, to undergo the obstacles, it is necessary to use ropes until one is sure to be stepping on safe soil. But don’t get worried with the restrictions, because, as the guide told, until late 2010 a new visitors area will be opened; No illumination, footbridges or stairs will be available though. So: even more adrenaline to the speleology enthusiastic.

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[ ecoturismo/ecotourism ] Quem cuida?

Who takes care?

A Caverna do Diabo, após anos de exploração desordenada promovida por uma empresa particular que degradou as formações e interferiu de forma irreversível em seu estado natural, recebeu novo projeto de iluminação e de paisagismo. Desde então só é possível visitar seu interior acompanhado por monitores. As medidas foram tomadas após o Ibama ter interditado, em abril de 2008, todas as cavernas do Petar (Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira) pela falta do plano de manejo espeleológico — documento técnico que orienta o uso do patrimônio natural para a sua conservação. A Fundação Floresta, responsável pelos parques, e o Ministério Público Federal fizeram um Termo de Ajustamento de Conduta para garantir que algumas cavernas fossem reabertas desde que os planos de manejos fossem entregues em um prazo de dois anos. A meta foi atingida, e o plano de manejo espeleológico da Caverna do Diabo, o primeiro dos 31 que serão implantados, servirá de exemplo para todas as unidades de conservação do País.

The Devil’s Cave, after years of disordered exploration promoted by a private company which degraded the formations and interfered in a irreversible way to its natural estate, received a new illumination and landscape gardening project. Ever since, the only way to visit its interior is followed by guides. The measures were taken after the IBAMA interdict, on April 2008, all the PETAR (ALTO RIBEIRA TOURISTIC STATE PARK) caves by the lack of planning of speleology management technical document which guides the natural patrimony usage to its conservation. The FUNDAÇÃO FLORESTA (FOREST FOUNDATION), responsible for the parks, and the Ministério Público Federal (PUBLIC FEDERAL MINISTRY) made a conduct adjustment term to guarantee that some caves become reopened as soon as the management plans were delivered in a period of two years. The goal was reached, and the Devil’s Cave speleology management plan, the first among the 31 which will be implemented, will be an example for all the country conservation units.

Serviços/Services

Como chegar Siga pela BR-116, rodovia Régis Bittencourt (sentido Curitiba) e entre no Km 215 para Jacupiranga. De lá, siga por 26 quilômetros até Eldorado Paulista e mais 45 quilômetros até o portal da caverna.

How to get there

Continue through BR-116, Régis Bittencourt highway and branch at Km 215 to Jacupiranga. From there on, continue 26 kilometers until Eldorado Paulista and 45 kilometers more to the cave portal.

Horário de visitação Das 8h às 17h. Em dias de semana, fecha das 11h às 12h.

Visiting hours

From 8:00 AM to 05:00 PM. It closes from 11:00 AM to noon during weekdays.

Quando ir O turista poderá visitar a região em qualquer época do ano. Entre dezembro e março o acesso é dificultado pelas chuvas, que geralmente provocam deslizamentos e queda de barreiras nas estradas.

When to go

The tourist can visit the region in any time during the year. Between December and March the access is difficult because of the rain, which usually causes sliding and barrier falls on the roads.

O que levar Repelente, lanterna (de preferência à prova d’água), sapatos antiderrapantes e confortáveis, cantil e utensílios para longas caminhadas.

What to carry

Repellent, flashlight (preferable waterproof), nonslippery and comfortable shoes, water-bottle and long hikes tools.

Onde ficar / Where to stay Hotel Eldorado Praça Nossa Senhora da Guia, 129 Eldorado Paulista-SP Tel/Call.: (13) 3871-1123

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Lito Palace Hotel Av. Prefeito Jonas Banks Leite, 615 Registro-SP (53 Km pela BR-116) Tel/Call.: (13) 3821-1055/1395

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Regis Hotel Rua São Francisco Xavier, 70 Registro-SP Tel/Call: (13) 3821-1988

Estoril Palace Hotel Rod. Régis Bittencourt, Km 442 Registro-SP Tel/Call: (13) 3821-1744/4369



[ tĂŠcnica ]

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bom de briga aixinho

Dono de um ataque rápido e fulminante, o territorialista Apaiari prova aos seus desafiadores que tamanho não é documento

U

Por: Líbia Marquez l Fotos: eribert marquez l arte: Paula Bizacho

Um rebojo ou vergão na superfície denuncia a movimentação de um adversário em potencial. O pescador, atento, lança linha, isca e desafio em direção ao cenário, composto por várzeas e lagoas circundantes. Mal começa a sedução provocativa do trabalho da isca na água e um ataque fulminante estica a linha, enverga a vara e faz a fricção da carretilha cantar. A reação imediata, que demonstra vontade agressiva de defender o território ou simples apetite voraz, leva a crer que se trata de um Tucunaré típico. A briga, no entanto, é diferente, mas também exige frieza e habilidade para manobrar o equipamento, já que o instinto de refúgio nas muitas galhadas

e estruturas é um mecanismo natural da espécie hipotética para escapar da captura iminente. Quando, então, se cansa e começa a ceder, ou quando salta para tentar se livrar da isca, a apreensão dá lugar à surpresa: quem aparece na outra ponta da linha não é um invocado bocudo, e sim o Apaiari — peixe cuja capacidade de combate e esportividade estão muito além dos dois quilos e dos 35 centímetros que costuma alcançar.

Biologia

Nome científico: Astronotus ocellatus. Nome popular: Oscar, Acará-açu, Rara-açu, Carapirosca e Caracu. Características: é ovíparo, tem reprodução monogâmica até três vezes ao ano. Atinge a maturidade sexual com aproximadamente um ano de idade e continua a se reproduzir de nove a dez anos. A frequência e o tempo de sua reprodução estão relacionados com a ocorrência das chuvas. Como todos os ciclídeos, são grandes protetores da prole e colocam os filhotes na boca quando pressentem algum perigo. Em cativeiro, os pares são conhecidos por selecionar e limpar superfícies lisas horizontais ou verticais onde depositam de mil a três mil ovas. A espécie também é bastante apreciada pelos aficionados do aquarismo, mas com o nome de Oscar.

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[ técnica ] Mapa da mina

• Ser manhoso é um defeito que ele não tem, por isso podemos encostar o barco próximo ao cardume sem afugentá-lo. • Quando fisgá-lo no meio das estruturas, é aconselhável trabalhar com a fricção mais apertada. Ao usar linhas de monofilamento, opte pelas menos elásticas. • Trabalhar o peixe com a ponta da vara no alto ajuda a evitar que ele corra para estruturas e se enrosque. • Ao manuseá-lo para fazer a foto, tome cuidado com um ferrão parecido com uma espora localizado próximo à nadadeira caudal. Também não coloque o dedo em sua boca, pois ele tem uma serrilha fina, que pode provocar ferimentos. • Para pescar o Apaiari é importante, como em toda pescaria com iscas artificiais em meio a vegetações e estruturas, o uso dos óculos polarizados. Além de segurança contra um possível choque da isca nos olhos, eles protegem contra os raios ultravioletas e ainda ajudam na localização dos cardumes.

O Acará-açu, nome pelo qual também é conhecido, é um ciclídeo de formato arredondado que, assim como o Tucunaré, tem um ocelo na nadadeira caudal. A espécie é originária da bacia amazônica, mas pode ser encontrada nos rios da bacia do Prata e em diversas represas do Sudeste e do Nordeste, onde também foi introduzida. Só é verificada sua presença em ambientes com águas limpas, preferencialmente na época da seca, pois com as águas baixas abandona as estruturas nas margens, que lhe servem de abrigo. E ficar exposto o deixa ainda mais agressivo. Pela característica dos ataques velozes, o Apaiari se vale de um mecanismo de sucção gerado por extensões mandibulares para capturar suas presas. Por conta da sua boca pequena, iscas artificiais e moscas pouco volumosas com tamanho entre quatro e oito centímetros são infalíveis, já que têm formato parecido com sua base alimentar — pequenos peixes e crustáceos, assim como insetos terrestres e aquáticos. Com tantos predicados fica fácil entender por que muitos pescadores, ao viajar para lugares distantes, como Amazônia e Pan-

O voracidade do Apaiari é um exemplo típico de que a emoção que uma espécie pode proporcionar não está relacionada com seu tamanho 52

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tanal, dediquem parte do tempo para viver emoções intensas ao desafiar o Apaiari. Engano de quem comete o erro de subestimar o adversário pelo tamanho inferior. Por isso, os mais experientes, ou aqueles que gostam de curtir tudo a que tem direito, entendem a qualidade dessa pescaria e se deliciam com a beleza, a resistência e o espírito de luta desse pequeno notável.


Equipamento

• Varas 5’3’’ ou 5’6’’ de ação rápida para linhas entre 12 e 17 libras (5 e 8 quilos);

• Carretilhas ou molinetes que comportem cerca de 100 metros de linha monofilamento entre 12 e 17 libras (5 e 8 quilos). Se preferir, use multifilamento de bitola semelhante;

• Iscas artificiais: spinners, jigs e plugs de meia-água com tamanho entre 4 e 8 centímetros;

Pesca com moscas •Varas 4 ou 6 com linhas WFF e moscas com tamanho entre 4 e 7 centímetros. É aconselhável usar um pequeno empate de fluorcarbono ou de aço flexível.


[ embarque bem ]

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Dez dicas

para a viagem de pesca ser como um filme de aventura, não de terror O turismo de pesca esportiva está em franco crescimento. São novos destinos, barcos-hotéis, pousadas, acampamentos, marinas, guias independentes e operadores que oferecem diferentes tipos de pacotes e serviços no segmento. Embora a maioria das empresas seja honesta, alguns oportunistas tiram proveito da situação e do próprio pescador. Saiba como negociar esse serviço para não sair em desvantagem ou mesmo comprar um engodo

D

POR: Rubinho de Almeida Prado l FOTOS: Arquivo ECOAVENTURA l Arte: Marcelo Kilhian

epois de pagar pelo sonho em 12 prestações mensais, havia chegado o dia do embarque para uma aventura inesquecível. O grupo paulistano com dez integrantes voou com as melhores expectativas para Manaus e, de lá, fez conexão para Barcelos-AM — distante 500 quilômetros da cidade mais próxima. Traslado realizado e... onde estava o barco-hotel quando ao porto chegaram? Nem sinal. Quem esperava pelos desiludidos pescadores esportivos era um sujeito transtornado, que ameaçou aprisioná-los caso não recebesse o que lhe era devido. Foi quando o grupo percebeu que todos haviam sido enganados, ou seja, compraram um pacote de pesca e pagaram por ele a uma pessoa que se apresentara como agente de turismo, mas que não repassara o dinheiro para o dono do barco. Resultado: para não

perderem a viagem, alugaram outra embarcação, que estava em reforma e abrigava tudo, inclusive ratos, menos uma higiene adequada. Situação parecida viveram outros pescadores que, para economizar uns trocados, preferiram marcar a pescaria diretamente com o responsável pelo barco-hotel, sem assessoria de uma agência devidamente regularizada. Assim como a cena anterior, descobriram na beira d’água que não havia embarcação e que eram o quarto grupo ludibriado pelo mesmo operador. Parece episódio de terror com trilha sonora de filme de suspense? Infelizmente, trata-se de uma realidade vivida por muitos pescadores. Informações exageradas são também bastante comuns entre os operadores menos responsáveis: vender certo número de dias de pesca e entregar um

número menor; vender um rio e levar a outro; prometer guias experientes e colocar a vida do pescador nas mãos de meninos inexperientes; indicar pontos onde a fartura de peixes é realidade somente em décadas anteriores; comida de baixa qualidade; serviços prestados por pessoas desqualificadas; voadeiras que fazem água. São inúmeras as situações que colocam em risco a qualidade da viagem paga por um pescador esportivo. Por isso, elaboramos dez pontos fundamentais a serem negociados na hora de adquirir algum bem ou serviço no segmento. Mas, não se assuste: o futuro melhorará essa equação, já que a tendência é o malandro desaparecer e ficar no mercado pessoas e empresas que têm vocação e sintonia com a pesca esportiva. Enquanto isso, prevenir é a melhor solução.

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[ embarque bem ]

1

Prefira adquirir pacotes de hotéis e operadores estabelecidos juridicamente e, de preferência, que tenham escritório físico e registro na Embratur, pois é mais difícil de se perder o contato. Entregar o destino dos sonhos a uma pessoa física ou a empresas que não têm qualquer vínculo com o segmento turístico pode ter desfecho frustrante. Além de servirem como consultores, as agências credenciadas podem oferecer mais informações comparativas e colocarão à disposição o produto mais adequado ao perfil de quem compra. A velha ideia de que a agência ou o operador cobram mais caro que o hotel é falsa, pois chega a ser até mais barato devido à economia de escala, por exemplo.

2

Solicite que a estrutura receptiva ou a agência forneçam alguns nomes, telefones ou e-mails de alguns pescadores que conhecem aquele destino. Pesquise não só sobre as qualidades do local, mas também sobre os equipamentos mais adequados para garantir uma boa pescaria.

Só empresas sérias entregam exatamente o que vendem, seja em termos de meios de transporte, acomodações, refeições ou qualidade da pescaria

3 4 5

Discuta com o seu operador todos os detalhes e deixe os acordos escritos. É mais fácil de conferir o que foi estipulado. Exija recibos e um documento com a descrição das obrigações de ambos os lados. Qualquer mercado sério deveria trabalhar dessa forma.

Exija qualidade do operador e do hotel. Não são mais aceitáveis falhas em pontos que podem ser administrados. Já bastam os fatores que não dependem da atividade humana, como os climáticos, por exemplo.

Não compre somente pelo menor preço, pois não há mágica nesse aspecto. Essa visão somente de valor leva muitas vezes o pescador a ser iludido na hora da compra. Nem sempre uma aparente vantagem se converterá em prazer. O “barato” pode sair “bem mais caro”.

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6

Reserve o pacote de pesca e solicite um documento como garantia, inclusive com informações sobre o prazo para pagamento do sinal. Nesse meio tempo, faça a cotação e a reserva da passagem, seja individual ou do grupo. É importante verificar as condições para cancelamento e reembolso da passagem aérea e do pacote de pesca, para evitar eventuais mal entendidos. Viagens que requeiram transporte aéreo regular e que ocorram em período de alta temporada (julho, dezembro e janeiro) devem ser planejadas com grande antecedência. Isso porque não é incomum acontecer de grupos pagarem o pacote e só tardiamente se preocuparem com as reservas aéreas, o que poderá ocasionar problemas de indisponibilidade de lugares, ou, no mínimo, de ter que enfrentar tarifas indigestas com variações de mais de 100%.

7

Em caso de viagens em ônibus, vans e similares, certifique-se de que o veículo é de empresa credenciada pela Embratur e de que o motorista a ser escalado conheça o trajeto. Dê uma gorjeta inicial ao motorista e cuide para que não o irritem, pois a integridade física de todos depende de sua boa condução, tranquilidade e atenção.

Nada como ter que se preocupar apenas com os peixes ou os cenários deslumbrantes onde eles são encontrados

8 9 10

Se não se sentir bem com um guia de pesca, solicite ao hotel a sua substituição. Você tem esse direito, e a estrutura, essa obrigação. Atitudes como essa é que levarão à melhoria na qualidade de mão de obra.

Exija que o guia de pesca exerça seu trabalho com profissionalismo. Se assim o desejar, não deixe que ele pesque e não se intimide com essa situação. Você está pagando para ele trabalhar, cuidar do barco, da segurança, prestar as orientações necessárias, mas jamais para ele se divertir às suas custas.

Aquela velha história de que “a semana passada estava excelente” já não dá para enganar mais nenhum pescador. Fique esperto, pois esses comentários ainda são comuns. Se a pousada, hotel, barco-hotel etc. tiverem a sistemática de produzir um relatório público sobre a pescaria da semana anterior, peça para ser incluído nessa lista, pois é mais difícil de haver informações que não sejam reais.

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[ remos rumos/paddles paths ]

Silenciosamente, uma nova tribo ganha espaço e, a cada dia, amplia substancialmente seu número de praticantes. Seu objetivo é conhecer e explorar os recônditos do Brasil e do mundo Silently, a new tribe gains ground and, every day, substantially increases the number of its members. Its goal is to get to know and explore the most remotes places in Brazil and in the World 58

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A arte de

remare

pescar The art of paddling and fishing

A pesca embarcada em caiaques tem como maior diferencial o fato de permitir que seus praticantes cheguem a lugares remotos, sem, no entanto, provocar qualquer agressão à natureza. Além disso, o ritmo moroso com que se deslocam lhes permite uma maior interação com o meio ambiente, o que expande as formas de interpretar a natureza. E não é só. Enganam-se os que pensam que esse tipo de embarcação é perigoso, afinal, os modelos desenvolvidos especificamente para a pesca — ao contrário dos que são projetados para proporcionar velocidade — são extremamente seguros. A tal ponto que os mais experientes conseguem pescar de pé sobre eles. Seja no mar, em estuários, rios ou represas, também não há limitações quanto aos tipos de ambiente em que podem ser utilizados. Em resumo, são tantas as razões e motivos que, a partir desta edição, publicaremos uma sequência de matérias, nas quais alguns caiaqueiros convertidos em pescadores, e vice-versa, vão mostrar essa pequena e leve embarcação em ação. E para provar que não há limites para ela, estreamos essa série nas águas estuarinas e litorâneas da capital do frevo e do maracatu. Acompanhe! Fishing using kayaks has as its biggest differential the fact that it allows reaching remote places without depredating nature. Moreover, the slow pace which it moves allows a more intense interaction with the environment and a deeper comprehension of it. And this is not everything. Those who think this kind of boat is dangerous are mistaken, after all, the models that are specifically designed for fishing — differently from those designed for reaching high speed — are extremely safe, making it possible for the more experienced ones to stand while fishing. Either on sea, estuaries, rivers or damns, kayaks have no environment limitations. In brief, there are so many reasons and benefits that, from this edition on, we have decided to publish a series of reports, in which some kayaker converted into fishermen, and viceversa, will show this little and light boat in action. To prove that there are no limitations for it, the first edition takes place on estuary and coastal waters of Recife, the capital of maracatu and frevo! Check it out! Por / by: Adriano Prilip l tradução / translation: mairon batista Fotos / photos: Acervo Barracuda Team l Arte / design: Marcelo Kilhian

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[ remos rumos/paddles paths ]

A

lgumas espécies fascinam pelo porte, pela coloração ou pelos ataques espetaculares que promovem sobre as iscas. Outras, simplesmente, ganham status de sonho inacessível que só se desvanecerá quando conseguirmos realizá-lo. Esse é o caso do Tarpon — um peixe cujos predicados se convertem em obsessão, algo tão fascinante que a maioria dos pescadores não mede esforços para encontrá-lo. E isso se intensifica se estivermos a bordo de um caiaque, pois, além de ter que dominar o peixe, será preciso controlar a embarcação. Esse sonho começou a se materializar no momento em

que nosso amigo Sergio Marchioni (100), há anos radicado em Recife-PE, passou a nos provocar com notícias de algumas pescarias que realizara nas praias e canais da capital pernambucana. E, nas fotos que ilustravam seus relatos, o Camurupim — nome pelo qual o Tarpon é conhecido por lá — aparecia como astro principal. Durante o tempo em que aguentamos silenciosamente suas provocações, inconscientemente começamos a vislumbrar como seria um encontro com o “rei prateado” a bordo de um caiaque. E, do sonho à realidade, foi uma questão de “pouco” tempo para juntarmos a tralha e rumar para aquele Estado.

Some species fascinate us for their size, colors or spectacular at-

Marchioni (100), who had lived in Recife (PE) for several years, sent

tacks over the baits. Others simply gain status of impossible dream

us news on some of the fishing trips he performed on beaches and

that only fades out when accomplished. This is the case of Tarpon – a

canals of Recife. The pictures that illustrated his report had the

fish whose qualities are converted into obsession, something so fasci-

Camurupin – tarpon’s name in that region - as its prime star. While si-

nating that the majority of fishermen will spare no efforts to be able to

lently waiting for more of his teasing news, we started to dream about

find it. This is even more intense in a kayak, because besides fighting

the encounter with the “Silver King” boarding a kayak. From dream to

the fish, you have to handle the boat.

reality, it didn’t take long for us to put together our fishing tackle and

This dream has begun to come true when our friend Sergio

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ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

head towards that State.


A capital de Pernambuco mistura, com delicadeza, seus monumentos históricos com contruções modernas. No alto da página, a Torre de Cristal, obra de Francisco Brennand, um artista plástico que se apaixonou por Recife

Antes, porém, alguns problemas teriam de ser resolvidos. O envio dos caiaques para tão longe foi o mais simples deles, já que logo conseguimos uma transportadora que, em cinco dias, colocou os três modelos a serem usados na capital pernambucana. Porém, lá, o que parecia mais simples, começou a complicar: encontrar um veículo adequado para transportá-los até os pontos de pesca. Pesquisamos em diversas locadoras, questionamos os amigos, mas as únicas opções encontradas — furgões ou picapes — não atendiam às nossas necessidades. A solução só veio quando nos ofereceram um carro de passeio com engate, e nos beneficiamos da grande quantidade de empresas que locam carretas. Solucionado o impasse, fomos recepcionados por nosso anfitrião em uma madrugada chuvosa no aeroporto de Recife. Cumprimentos de amigos que não se veem há anos, malas e equipamentos na mão, e fomos direto ao assunto: “Queremos pescar!” No entanto, para a contrariedade do grupo — na ocasião formado por mim (Adriano), Elias e Padovan —, ficamos sabendo que, em função da maré, só pescaríamos após as 16 horas, e que, portanto, haveria tempo suficiente para um “indesejável” banho e um “torturante” descanso. Conformados, no trajeto entre o aeroporto e o flat tentamos nos desfocar dos peixes e admirar a grandeza da megalópole — uma cidade litorânea que mistura arquitetura moderna com monumentos antigos e que também chama a atenção pela grande quantidade de igrejas, um atestado inequívoco da fé de seus habitantes. Enquanto matávamos o tempo, nossas expectativas cresciam com as histórias contadas por nosso anfitrião, sempre devidamente comprovadas por fotos com enormes Tarpons, Bonefishes, Trombetas, entre outras espécies. However, some problems had to be solved. Sending the kayaks so far away was the simplest of them, since we found a transport company that, within five days, sent three models to the capital of Pernambuco. Some other simple problems started to get tough as well. One of them was the search for an adequate vehicle to use as a mean of transportation for the kayaks to the fishing spots. We have researched several rental places and asked our friends, but the only choices (vans and pickups) didn’t meet our needs. The solution we found was to use a passenger car with a coupling bar and take advantage on the great number of companies that offered trailers for rent. Problem solved, we met our host in a rainy night at the Recife airport. After the warm welcome, with luggage and fishing tackle at hand, we went straight to the point: “We want to go fishing!” However, against what the group expected – at that time composed by me (Adriano) Elias and Padovan - we have learned that it would only be possible to make it after 4 PM because of the tide and, as such, there would be enough time for an “unwanted” bath and a “racking” rest. Resigned to the conditions, we tried to stop thinking about the fishes to admire the greatness of the megalopolis. — a coastal city which mixes modern architecture and ancient monuments, where the large number of churches draws attention and attests its inhabitants’ faith. While killing time, our expectations grew high with our host’s tales, always proven by pictures, of enormous Tarpons, Bonefishes, Trombetas, among other species.

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[ remos rumos/paddles paths ] Para acessar lugares onde outras embarcações não chegam, às vezes não basta remar. Também é preciso carregar o caiaque por trilhas

O momento tão esperado Já não conseguíamos disfarçar a ansiedade quando ouvimos a frase tão esperada: “Pessoal, chegou a hora, vamos pescar!” Em segundos, colocamos os caiaques na carreta e seguimos para o primeiro ponto — um braço de mangue abrigado que corta a cidade com aproximadamente 15 alqueires, trechos estreitos e muitas estruturas, como ilhas e corredores de manguezais. Um deles foi batizado pelos frequentadores de rio dos Patos, em alusão à grande presença dessas aves. Após breve explicação sobre como localizar o peixe, onde arremessar, como trabalhar as iscas e fisgar, finalmente caímos na água. A grande variação da maré chama a atenção, porém, o que de fato nos deixou perplexos foi a quantidade de lixos à deriva — sacos plásticos, fraldas, garrafas PET, sofás, entre outros objetos bizarros —, que não só impactam o meio ambiente como quebram o encanto de um cenário que poderia ser perfeito. Mas, curiosamente, os Tarpons também estão lá, algo que só se justifica pelo fato de que essa espécie possui duplo sistema respiratório. 62

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The awaited moment We couldn’t conceal our anxiety when we heard the words “Guys, it’s time. Let’s go fishing!” Within seconds we loaded the kayaks on the trailer and headed towards the first spot — a fifteen acres mangrove arm which bisects the city, with narrow passages and lots of structures such as islands and mangroves corridors. One of them was baptized by the goers as the Ducks’ River because of the great number of those birds that inhabits the region. After a brief explanation on how to find the fishes, where to cast, how to work the lures and how to hook we finally entered the water. The variation of the tide impresses, however what really left us astonished was the amount of garbage at the place — plastic bags and bottles, dippers, sofas and other bizarre objects — that not only depredates the environment, but breaks the spell of a view that could be perfect. Curiously, however, the Tarpons are still there, which can be explained by the double respiratory system this species has.


Más impressões à parte, começamos a procurar os peixes no visual. Como seu nado se assemelha ao dos golfinhos, na maioria de vezes é possível ver seu dorso, bem como para onde se dirigem. Com isso, basta arremessar a isca para, em minutos, começarem os ataques e as “lapadas” (fisgadas como dizem por lá). Com elas, infelizmente, as frustrações: ferradas que arrancariam mandíbulas se dadas em outras espécies com o mesmo porte foram simplesmente ignoradas. Eles escaparam no primeiro ou segundo salto. Outros bateram nas iscas e saltaram sem dar a mínima chance ao pescador. Com o passar do tempo, a maré, que parecia ser empurrada por um rodo gigantesco, começou a baixar. Em minutos, restava apenas um filete de água, sinal de que precisávamos retornar rapidamente para não encalhar os caiaques. Já em terra, a contabilidade apontava mais de 20 ataques e apenas dois peixes embarcados — algo que seria frustrante não fosse o fato de que o pescador caiaqueiro curte com a mesma intensidade remar e contemplar a natureza. À noite, já no flat, entendemos que seria necessário mudar algumas coisas se quiséssemos melhorar o desempenho. Entre elas, trocar as garateias das iscas por modelos mais finos e resistentes, atar as moscas com anzóis de hastes longas e substituir as varas por modelos mais rápidos. Como iríamos para o mesmo local, também discutimos novas estratégias, entre elas, usar o reponto da maré para facilitar o deslocamento.

Bad impressions aside, we started to visually look for the fish. Their swimming resembles dolphins and at most times you can see its back and where it’s going. As such, casting the lure is enough for, within minutes, the attacks started and the “lapadas” (the term for setting the hook at that region). At the same time, unfortunately, the frustrations: hooks that would have ripped jaws if given in other species with similar size were simply ignored. Some escaped in the first or second jump; others hit the bait and jumped without giving us any chance. Over time, the tide, which seemed to be pushed by a giant squeegee, began to get lower. Within minutes, there was only a water thread, a sign that we needed to return quickly so the kayaks didn’t strike on a sandbank. On land, the records indicated more than twenty attacks and only two fishes on board - something that would be frustrating but for the fact that the kayak fishermen enjoy paddling and contemplating nature with the same intensity as fishing. At night, in the flat, we agreed it would be necessary to change a few things if we wanted to improve performance. Among them were: replacing the baits treble hooks for thinner and resistant models, tying flies with long stems hooks and replacing the rods with faster models. Since we were going back to the same location, we also discussed new strategies such as using the tide flow to ease displacement.

Os caiaques projetados para a pesca possuem bagageiro e são extremamente leves, estáveis e seguros

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[ remos rumos/paddles paths ] Novo dia e esperanças renovadas Na manhã seguinte, antes mesmo de colocar os caiaques na água, já avistávamos da margem os peixes boiando. Nem foi preciso dar muitas remadas para que um popper, em trabalho lento, provocasse um grito de euforia que precedeu uma sequência de saltos. E, novamente, o peixe escapou. Instantes depois a cena se repetiu. Seria replay do dia anterior? A pescaria prosseguiu, ora com os peixes no visual, ora arremessando nas estruturas marginais. O silêncio só era quebrado pelo barulho provocado por novos saltos, mas a frustração das cenas anteriores reprimia comemorações antecipadas. Só quando Padovan colocou o peixe ao lado do caiaque é que se pôde ouvir o primeiro grito de euforia. Era nosso primeiro exemplar embarcado, fotografado e solto. Em meio ao forte calor e ao clima abafado e extenuante, ocorreram outras ações. Mas, para comprovar as estatísticas, os peixes escaparam com facilidade.

O Tarpon (ao lado), a Ubarana (no meio) e o Agulhão (abaixo) fazem a alegria dos que pescam desembarcado

New day, new hopes The next morning, even before we put the kayaks in the water, we could see the fish from the banks. It didn’t take long for a slow pace worked popper to provoke a cry of euphoria that preceded a sequence of jumps but, again, the fish escaped. Moments later the scene repeated itself. Would it be the previous day replay? The fishing went on, sometimes with the fish at sight, sometimes casting close to marginal structures. The silence was only broken by the noise caused by new jumps, but the frustration of the previous scenes discouraged early celebrations. Only when Padovan was able to bring the fish close to the kayak the first whoop of joy could be heard. It was our first sample caught, photographed and released. In the middle of the intense heat and sultry climate there were other attacks, but to prove the statistics, the fishes escaped easily.

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Em volta dos arrecifes das praias pernambucanas a pesca é farta e diversificada


Dicas de pesca/Fishing hints - A pesca do Tarpon em caíques exige uma dose maior de equilíbrio, afinal, a fisgada tem de ser rápida e vigorosa e, além disso, quando o peixe for fisgado, é preciso ser rápido para quebrar seu salto e para evitar que caia por cima da linha.

- The Tarpon fishing using kayaks demands a higher balance, after all, the hooking has to be fast and strong and, moreover, when hook is set, you need to be fast to break its jumps and to avoid it fall s over the line.

- A variação na altura das marés é impressionante, por isso, quando se pesca no mangue, é preciso ter conhecimento de seus horários para ter tempo de sair antes que a água suba.

- The variation in tidal height is impressive so, when fishing in the swamp, you must be aware of their schedules so you have enough time to leave before the water rises.

- O Tarpon possui a boca extremamente dura, de modo que, para cravar anzóis e garateias, é necessário promover várias fisgadas. - The Tarpon have very hard mouth so it is necessary to set the hook variously a few times to successfully hook it.

- Embarcar os peixes com o auxílio de um passaguá é sempre mais cômodo e seguro. - Boarding the fish with the aid of a landing net is always more comfortable and secure.

Com o dia já pela metade, chegou a hora de seguir em direção ao porto com o auxílio da vazante, como havia sido planejado. Durante o percurso, notamos a origem do lixo que descrevemos anteriormente. Os moradores das palafitas, carentes de maior informação e educação, atiram seus lixos pela janela diretamente no rio. Também observamos uma provável causa da constatada falta de ação dos Tarpons no mangue: uma draga que executa serviços de desassoreamento do canal. Já nas imediações do porto, a impressão foi muito positiva, pois, apesar do tráfego pesado de embarcações, não vimos vestígios de óleo e outros produtos químicos, infelizmente, comuns em lugares como esse. With the day already halfway, it was time to move towards the port with the help of the tide, as planned. Along the way, we found the source of the garbage that we have described previously. Residents of stilt houses, deprived of education and information, throw their waste directly into the river through the window. We also observed a probable cause of the lack of action in the mangrove tarpons: a dredger that runs the canal dredging services. Near the port however, the impression was very positive because, despite the heavy traffic of boats, we saw no traces of oil and other chemicals that are, unfortunately, common in places like this.

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[ remos rumos/paddles paths ] A aventura continua A alvorada na capital pernambucana ocorre antes das 5 horas da manhã e, como os peixes sempre se mostram mais ativos uma hora após clarear, o dia mal começava e já estávamos remando. Mas isso não é sinônimo de sacrilégio, pelo menos para caiaqueiros, afinal, cada horário e cada novo ponto a ser prospectado era encarado como oportunidade singular de conhecer novas realidades e lugares. Entretanto, como também somos pescadores, quando cardumes de Manjubas e Paratis começavam a saltar em frenesi, a atenção aos remos era dividida com os equipamentos de pesca, pois era claro que os Tarpons estavam na área. Como já citado, a facilidade em localizá-los não significa a mesma coisa quando o assunto é sua captura. No bait, a troca de iscas de meia-água por modelos de superfície provocou uma melhora significativa na quantidade de ações. Entretanto, apesar da fisgada rápida e firme, seus saltos maravilhosos, sua força e brutalidade sempre permitiam que se safasse das iscas com extrema facilidade. A prospecção de novos pontos durante incursões em outros braços de rio ainda dentro de Recife foi constante nessa aventura. E, nas estruturas das margens, éramos correspondidos com o ataque de alguns Camurins (Robalo). Quando testamos os jumping jigs e shads, quem apareceu na outra ponta da linha foi o estranho Peixe-sapo, espécie de aspecto asqueroso, que — segundo os pescadores locais — é muito comum nessas águas.

The adventure continues The daybreak in Recife occurs before five am and, since the fishes are most active one hour after dawn, the day had barely started when the paddling begun. For us this was not a sacrifice, at least for the kayakers, after all every moment and every new explored spot was faced as unique opportunities to meet new realities and places. However, as we are also fishermen, when shoals of Manjuba (anchovies) and Parati (white mullets) began to jump in frenzy, attention was divided between the oars and fishing equipment, because it is clear that the tarpons were in the area. As previously mentioned, the easiness in locating them does not apply when it comes to its capture. Regarding the baits, the change of half-water lures for top-water models resulted in a significant improvement in the number of attacks. However, despite the quick and firm hook, their wonderful leaps, strength and brutality always allowed them to escape easily. The search for new spots through the exploration of other arms of the river in Recife was constant in this adventure. In the structures of margins we were rewarded with the attack of some camurins (snooks). When we tested the jumping jigs and shads, who showed up at the other end of the line was the strange frog catfish, a nasty looking species that, according to local fishermen, is very common in these waters.

Equipamentos de pesca Pesca de arremesso

- Varas de ação média-rápida, comprimento de 5’6” para linhas de até 14 libras (6 quilos). - Carretilhas ou molinetes que comportem entre 100 e 150 metros da linha escolhida. - Linhas multifilamento com resistência em torno de 40 libras (18 quilos) e líder de monofilamento de 70 libras (32 quilos). - Iscas de superfície e meia-água com tamanho entre 6 e 10 centímetros (quando necessário, substituir as garateias originais por outras mais reforçadas e afiadas).

Pesca com moscas

- Varas #9 e linha WF compatível com líder curto (butt .60 e tippet de fluorcarbono 5). - Iscas: streamers, deceivers, poppers e tube poppers.

Fishing Equipaments Cast fishing - 5’6” lengh medium-fast action rods, for line up to 14 pounds (6 kilos). - Reels fitting between 100 to 150 meters of the choosen line. - 40 pounds (18 kilos) test braided lines and 70 pounds (32 kilos) monofilament leader. - Top-water and half-water lures with 6 to 10 centimeters size (whenever necessary, replace the original hooks by most strong and sharp ones). Fly Fishing - Rods #9 e WF line with short leader (butt .60 e fluorocarbon 5 tippet). - Baits: streamers, deceivers, poppers e tube poppers. 66

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Quando a distância a ser percorrida é grande, também vale rebocar os caiaques para aproveitar os melhores horários da maré


Em um dos dias, a ânsia de ir mais longe e aproveitar o reponto da maré nos colocou em uma situação inusitada: para não perder tempo, contratamos um barqueiro para que ele nos rebocasse até as imediações do porto. Entretanto, a forma como ele amarrou os caiaques provocou, literalmente, uma enorme cabeleira. E a coisa foi tão feia que o tempo que pretendíamos ganhar pegando carona em uma embarcação mais rápida praticamente foi gasto para desembaraçá-los, e pior: por consequência dessa trapalhada, os caiaques quase foram empurrados de encontro às rochas e cracas do arrecife, fato que, se tivesse se consumado, iria causar-lhes sérios danos. Se em Recife clareia cedo, em contrapartida, o final do dia vem mais cedo também, por volta das 17h30. Assim, às 16 horas do terceiro dia, encerramos nossa aventura em águas pernambucanas. Uma pena o período ter sido tão curto, já que ainda havia muitas belezas a serem vistas e dezenas de outros rios com grande potencial de pesca que não foram explorados. Mas não tem problema, afinal, caiaqueiros nunca têm pressa, de modo que pode até demorar um pouquinho, mas temos certeza de que, em breve, nossos caiaques singrarão águas pernambucanas novamente.

In one day, the urge to go further and take advantage of high tide put us in an unusual situation. In order not to lose time, we hired a boatman to tow us close to the port. However, the way he tied the kayaks caused a huge knot and the thing was so ugly that the time we intended to gain by hitchhiking on a faster boat was practically spent to untangle them. Worse than that, as consequence of this muddle, the kayaks were almost pushed against the rocks and barnacles of the reef, which would cause them serious damage. If in one hand, the sunrise in Recife comes early, in the other the daylight ends around 5:30 pm. So, at 4 pm of the third day, we ended our adventure in the waters of Pernambuco. It’s a pity the time was so short, since there were still many beauties to be seen and dozens of other rivers with great fishing potential that have not been explored. But it is okay, after all, kayakers are never in a hurry and we know that, even if it takes a little while, soon our boats will be over the Pernambuco waters once more.

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Curiosida [ remos rumos/paddles paths ]

Curiosities and general tips Alguns pontos turísticos possuem um aspecto especial quando admirados da água, outros requerem o uso de um automóvel. Some tourist spots have a special appearance when admired from the water. Some other requires the use of a vehicle.

O Parque das Esculturas é um espaço comemorativo aos 500 anos de Descobrimento, inaugurado em 29 de dezembro de 2000. A escultura principal e mais imponente teve como fonte de inspiração uma flor descoberta pelo paisagista Burle Marx. A Coluna de Cristal, como foi batizada, mede 32 metros de altura e foi confeccionada em argila e bronze. Mas ela não está sozinha, pois inúmeras esculturas de cerâmica de grande formato também compõem o cenário.

“O Parque das Esculturas” (The Sculpture Park) opened on 12/29/2000 in commemoration of the 500 years of brazilian discovery. The main and most impressive sculpture had as a source of inspiration a flower discovered by the landscaper Burle Marx. The “Coluna de Cristal” (Crystal Column), as it was called, is thirty-two meters tall and was made of clay and bronze. But it is not alone, because the park holds several other large ceramic sculptures.

Olinda — cidade distante apenas seis quilômetros de Recife — é a capital dos bonecos, os grandes ícones turísticos da cultura pernambucana. Por isso, quem quiser levar um lembrancinha, seja qual for o tamanho, tem que obrigatoriamente conhecer suas lojas e feirinhas. Olinda is the capital of the dolls, the major touristic icons of the culture of Pernambuco. Therefore, those who want to take a souvenir, of whatever size, must get to know their shops and open markets. 68

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des

e dicas gerais

A culinária pernambucana é outro destaque, e o enorme Guaiamum, seu prato mais procurado. Há restaurantes onde essa iguaria é armazenada viva em grandes caixas de vidro para que seus apreciadores possam escolher aquele que irão comer. The culinary of Pernambuco is another highlight and has the huge Guaiamum (blue land crab) as its most wanted dish. There are restaurants where this delicacy is kept alive in large glass boxes so their lovers can choose the one they will eat.

• Fique atento com a impressionante variação na altura da maré e observe seus horários para evitar ficar atolado. • Tenha sempre uma boa reserva de líquidos no bagageiro para hidratar-se e use periodicamente protetores solares com fator de proteção elevado. • Mantenha sua bagagem devidamente presa e não se esqueça de levar salva-remos e salva-varas. • Procure dar ciência de seu horário e roteiro às pessoas que ficarão em terra (pessoal da marina, parentes amigos etc.). • Jamais reme sozinho e nem se afaste por grandes distâncias dos demais companheiros. • Por mais quente que esteja o dia, o colete salva-vidas é um item de segurança que jamais deve ser esquecido e deixar de ser usado.

• Watch out for the striking variation in the tide height and observe their schedules to avoid getting stuck. • Always have a good supply of liquid to hydrate yourself and regularly use sunscreen with high Sun protection factor. • Keep your luggage properly tied and do not forget to take paddle and rod savers. • Inform your schedules and itineraries for people who will be on land (the marina staff, relatives, friends, etc.). • Never paddle alone and don’t get too far from your companions. • It doesn’t matter how hot the day is, the life vest is a safety item that must never be forgotten nor left aside.

Para registrar as emoções e momentos marcantes, o pescador/remador protege seu equipamento fotográfico contra a umidade e salinidade do meu onde pratica seu esporte.

No Nordeste, assim como em outras regiões do País, muitos peixes só são conhecidos por seus nomes regionais. É o caso do Tarpon e do Robalo, que lá são chamados de Camurupim e Camurim, respectivamente. In the Northeast, as in other regions of the country, many fishes are only known by their regional names. This is the case of Tarpon and Snook which are called Camurupim and Camurim respectively.

Durante os deslocamentos, utilize a força e o movimento da maré ou correnteza para poupar energias.

During the travels, use the force and movement of the tide, or stream, to save energy.


[ evento ]

Agora somos No final de maio, representantes dos mais diversos setores da pesca esportiva participaram da festa de lançamento do Grupo ECOAVENTURA. Saiba mais sobre nossos ideais e conheça que “ecocaminhos” nossa equipe o levará a seguir para a descoberta de novas aventuras

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Da redação l Fotos: Eribert Marquez l arte: Paula Bizacho

o dia em que saiu da gráfica a nona edição desta Revista, foi oficialmente lançado o Grupo ECOAVENTURA. Constituído por um programa de TV semanal, uma publicação impressa que mensalmente abordará o tripé temático pesca esportiva, meio ambiente e turismo, e por uma agência de turismo, os empresários que compõem o grupo visam agregar uma nova visão sobre o esporte à experiência compartilhada há um ano. “Por entendermos que a prática da pesca esportiva também é aventurar-se na natureza, expandimos o nome de nosso grupo para ECOAVENTURA. Se a Revista trará mais detalhes sobre o entorno do segmento, a agência levará entusiastas a explorar os melhores pontos de pesca e ecoturismo do Brasil e do mundo, já com o pioneirismo em conduzir pescadores esportivos a destinos internacionais como Fiji, Madagascar, Maldivas e Panamá”, orgulha-se Roberto Véras, diretor-executivo, que traz consigo mais de 15 anos de experiência como guia profissional e o conhecimento de quem já pescou nos três oceanos. Junto com ele, integram o comitê diretivo o empresário Farid Curi, fundador da Editora Pesca Brasil em 2007, Rubens de Almeida Prado, apresentador do programa, e Wilson Feitosa, diretor de redação da Revista, para a qual contribuirá com mais de 20 anos de trabalho — seja como colaborador, consultor, editor ou roteirista — nas principais revistas especializadas já publicadas no setor e em alguns programas de televisão voltados à pesca esportiva. A equipe de consultores não só se mantém como ganhará, em breve, mais nomes compromissados com o futuro da pesca esportiva. Todas essas novidades foram apresentadas a mais de 100

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convidados — o dobro do que era esperado — ao coquetel de lançamento do Grupo ECOAVENTURA, realizado no prédio da redação e da nova agência. Entre os convidados, figuraram empresários de turismo ecológico, de vestuário e de lojas de pesca, importadores, representantes de mídia eletrônica, fabricantes de barco Sedna e de acessórios de pesca, representantes de mídias eletrônicas e de associações do segmento, colaboradores e demais pessoas envolvidas na construção da pesca esportiva. As propostas apresentadas receberam o apoio de todo o setor. Isso se deve ao seu engajamento em temas de extrema relevância e que necessitam de ações urgentes e à iniciativa de promover o uso conjunto de todos os meios disponíveis por uma causa comum, como deixa claro Farid Curi: “O projeto nasceu com uma proposta mantida até hoje, que é diversificar. Temos um propósito maior do que ser apenas uma Revista, queremos estar presentes nas discussões dos temas que abordamos em âmbito nacional”. Entre uma história de pescador e outra, fisgamos as expectativas dos participantes. Para o agente de viagens Ari Batista Neto, a atuação integrada nas áreas de pesca, meio ambiente e turismo trará benefícios: “Estou convicto de que isso só pode gerar uma nova movimentação de viajantes, mais mão de obra, trabalho, uma maior conscientização, e, com certeza, mais preservação e um número maior de defensores da natureza”, diz ele. Novos rumos estão abertos. Agora é aventurar-se!


ECO João Carlos Kruel (à esq.) e Eribert Marquez

O projeto nasceu com uma proposta mantida até hoje, que é diversifcar. Temos um propósito maior do que ser apenas uma Revista, queremos estar presentes nas discussões dos temas que abordamos em âmbito nacional”

Da esq. p/ a dir.: Farid Curi, Roberto Véras e Wilson Feitosa

Farid Curi, diretor do Grupo Ecoaventura

Tai (Intergreen), Silvana e Weyder (Zagaia Hi-Lures) Da esq. p/ a dir.: Laércio (Agromix TV) Mauro Novalo e Xandros (ECOAVENTURA na TV) e Fábio Barbosa, correspondente internacional (ecoaventura)

Rubens, Marcelo Savioli (Royal São Paulo) e Álvaro Novaes (Sea Dog) Bigode, Marcos Réia e Rubinho de Almeida Prado

Roberto Véras fala à repórter Nathalia Viana sobre os objetivos do Grupo ECOAVENTURA

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[ evento ] Kruel (Apego) e Vilmar Garcia, colaborador da Revista

As novidades foram apresentadas a mais de 100 convidados — o dobro do que era esperado — ao coquetel de lançamento do Grupo Ecoaventura Valdir e sua esposa (Bahia Pesca) vieram de Canavieiras-BA especialmente para o evento

Silmara, Andréia, Ana e Dag compõem parte do time que atesta a presença feminina na pesca esportiva

Da esq. p/ dir.: Kruel, Salgado Filho e Adriano

Ana Gama Novaes (esq.) ao lado de Bia (Royal São Paulo)

A familia Véras: Giuliana, Roberto Jr. e Renato

Neivas Ortega (diretor de TV), Ari Batista (agência ECOAVENTURA) e Marcão Réia Marcos e César (Pesca Guarulhos), Antonio Carlos Cravo (ECOAVENTURA), Betinho (Fly e Co.) e Marcos Reche

A postura adotada pela Revista é fundamental! É do que mais precisamos agora. A qualidade do produto já é maravilhosa, e a preocupação com o meio ambiente é fundamental. É muito importante que o veículo não seja direcionado somente à pesca, deve ser abrangente” Ana Gama Novaes, empresária do ramo de confecção

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[ diário de bordo ]

Diário de bordo: o bom planejamento para a pesca embarcada ão de água e Sol, vento suave, uma imensid ima opção para muitos peixes. Embarcar é ót nalina, contato o pescador que busca adre repletas de com a natureza e experiências cuidados que emoções. Todavia, como há r frustrações, devem ser tomados para evita garantir que preparamos uma matéria para re agradáveis as suas surpresas sejam semp ventura l arte: Paula Bizacho Da redação l Fotos: arquivo ecoa

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de ser o dono do próprio enhuma sensação se compara a barco e a água repleta destino. E um lugar, uma vara, um sensação. Nos rios, a de peixes passam exatamente essa da mata e o vento branproximidade com a natureza, o som res, apesar de serem do que movimenta as folhas das árvo ivos que encantam os afiingredientes tão simples, são mot

cionados desse esporte. contam os dias que Não são poucos os pescadores que te por gerar tamanha exfaltam para embarcar. E justamen s os detalhes sejam defipectativa, é fundamental que todo de haver minúcias que nidos com antecedência, afinal, além é possível conseguir não devem ser desprezadas, também agens aéreas, desde que bons descontos em pacotes e pass agendados antecipadamente.

A pesca embarcada é uma modalidade extremamente popular que permite a prática de inúmeras técnicas e garante fisgadas espetaculares

O mar mexido pode dificultar a navegação e prejudicar a qualidade dos arremessos, mas, desde que não ofereça perigo, também pode oferecer melhores condições de captura

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[ diário de bordo ]

> Espécie-alvo, período ou região

?

O bom planejamento começa na esco lha do destino, que pode acontecer de duas formas. Para o pescador que dispõe de tempo e sabe exatamente o peix e que deseja fisgar, a espécie-alvo determinará o destino a ser tomado, no entanto, também é vital analisar o melh or período do ano no local escolhido. Mas, se a única opor tunidade disponível para praticar o esporte for durante as féria s, o melhor critério de escolha é procurar uma região que apresente as condições mais favoráveis na época em ques tão.

A pescaria de Black bass, por exemplo, é mais produtiva de setembro a dezembro. Nesse período, a temperatura da água é mais propícia, e, por se tratar da época de desova, o peixe ataca iscas de superfície para defender os alevinos

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> A escolha da data

Outro ponto a ser considerado é a data. A estação do ano é de extrema relevância, visto que influ encia o nível das águas, o regime de chuvas e as cheias, a força dos ventos, a temperatura, e, no caso de pesca em alto-mar, a Lua, que também afeta o comportamento das marés. Todas essas condiçõe s podem prejudicar ou colaborar para a qualidade da pescaria, e tam bém determinam a espécie que se encontra mais ativa — a vantagem é que em todos os meses há peixes em atividade, à espera de sere m fisgados.


> Pesquisa de locais e leis de pes

ca

Com tantos aspectos relevantes, o segredo é pesquisar. Conhecer bem a localidade, mesmo que apenas na teoria, pode ser muito útil, e estar familiari zado com as leis regionais é essencial. O Ministério da Pesca e Aquicultura é responsável pela regulamentação e fiscalização em âmbito nacional, mas cada estado ou mun icípio pode ter sua própria legislação, desde que seja mais restritiva que a federal. Isso vale para o período de Defe so, que, assim como o tamanho mínimo e quantidade de peixes que pode ser levada, varia de uma localidade para outra.

Ao planejar a pescaria, verifique se as embarcações possuem coletes salva-vidas para todos os tripulantes, especialmente se houver crianças a bordo

> O peso da experiência

Mesmo durante a Piracema, é possível pescar em determinadas localidades, desde que seja praticado o pesque e solte. Essa e outras condições devem ser consideradas na escolha do local

Vale a pena também se informar com pescadores que já realizaram o mesmo roteiro. Eles podem fornecer dicas de pontos específicos de pesca, técnicas e bons profissionais. Selecionar com cautela o guia ou piloteiro é primordial, e o ideal é encontrar alguém com boas referências e muita expe riência, afinal, ele será o responsável pela indicação do equipamento mais adequado a cada situação, pontos de pesca e tudo que o pescador pode necessita r para fisgar seu troféu. Também se informe sobre o material que deve ser levado para evitar que algum tipo de apetrecho seja deixado para trás.

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[ diário de bordo ]

> Check-in

representantes Antes de embarcar, negocie com os gerar desconforto das pousadas questões que podem acomodações e quando mal definidas. É o caso das de itens inclusos do cardápio, da quantidade e tipos s, combustível e no pacote, tais como bebidas, isca s a bordo dos barmantimentos que serão colocado rio de início e de cos de pesca. Também defina o horá em e das jornadas término das diárias de hospedag serviços extras. de pesca, assim como os valores para a um documenExija que o prestador de serviços emit pois só assim terá to com tudo o que foi combinado, stornos na hora de a garantia de que não haverá tran fechar a conta.

> A seleção O ideal é viajar com quem já se conhece, mas, se não for possível, tente descobrir antes da partida se você e seus companheiros possuem gostos afins. Ao escolher os profissionais, dê preferência a guias e piloteiros experientes e que conheçam bem o local

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cia Outro detalhe de suma importân es rant integ dos l está relacionado ao perfi em pod do grupo. Os companheiros não Deve-se ser selecionados aleatoriamente. s, mas todo de considerar a experiência as com o mais importante é viajar apen dade quem já se tem certo grau de afini ,a mar altopara evitar aborrecimentos. No idado, preocupação é com o próprio conv reerá pod não e que pode se sentir mal são s aria ceber atendimento, pois as pesc costa. realizadas a grandes distâncias da odo perí o long o Já em rios, o problema é l qua code convivência que é imposto, no excennhecidos podem revelar manias e m, Assi s. ávei tricidades nem sempre toler evita viajar com quem já se tem vínculos res. surpresas e despraze


dicas

> Viagem em família

preSe o programa for mais familiar é e Entr res. ciso atentar para outros fato orto e os mais importantes estão o conf espeas alternativas de entretenimento, eira prim cialmente quando se trata da sso de viagem. Adversidades como exce desaem pod insetos e pouca piscosidade stir pontar o acompanhante e fazê-lo desi deve do esporte. Com crianças o cuidado deve r maio ser mais intenso e a atenção is de ser dada para a segurança. Os loca eé s anco barr uir pesca não devem poss os ar deix preciso ficar atento para não imos pequenos pescadores sozinhos próx asalv te cole de à água. Além disso, o uso se e, -vidas jamais pode ser desprezado meno destino for o alto-mar, não é reco dado levá-los.

• Para pescar embarcado em qualquer lugar .A do País é preciso tirar a licença de pesca que vale em todo o território nacional é expem dida pelo Ibama, mas o documento també pode ser emitido por órgãos estaduais — , nesse caso, pode até custar menos, porém ira Adqu m. orige de o estad no válida só será a sua pelo site http://servicos.ibama.gov.br/ cogeq/index.php?id_menu=42. • Quem for pilotar barco precisa ter a carteira de Arrais-amador, emitida pela Marinha brasileira. Caso contrário, se for o flagrado pela fiscalização, a embarcaçã tar será multada e apreendida. Para se habili da é necessário passar por uma prova aplica o com e-se Inform s. Porto dos ania Capit pela orgão do seu Estado. , • Quanto maior for o grupo de pescadores mais difícil será conciliar a disponibilidade de todos e entrar em consenso quantos aos retermos da pescaria. Por isso, estabeleça ite gras rígidas entre os companheiros e delim cada detalhe da empreitada. Isso também evita que algum membro seja prejudicado. • Ao contratar os profissionais que irão acom panhar a excursão, busque indicações com amigos e aposte em sugestões de veículos especializados no segmento. • Durante o período de planejamento é importante estar atento às notícias relacionadas ao local escolhido, pois podem haver imprevistos factíveis de adiar a pescaria, especialmente em alto-mar, onde as condi hora ções atmosféricas podem mudar de uma para outra e inviabilizar a navegação. • Conhecer bem a cidade onde estará hospedado também é importante. Em casos de emergência, por exemplo, saber onde está localizado o hospital mais próximo pode ser de relevante importância.

A pescaria deve ser agradável para todos, então, lembre-se de levar em consideração as necessidades de todos os membros do grupo

• O equipamento pode ser fornecido pelo o guia, no entanto, o ideal é verificar com ele io, material mais adequado e levar o seu própr e, além disso, testá-lo antes de viajar. • Por meio do site de órgãos oficiais, como o Ibama, é possível verificar o período de / Defeso em cada região. Confira no link http:/ www.ibama.gov.br/pesca-amadora

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[ denúncia ]

Para “chover peixe”, é preciso pôr

a ç n a t a m fim à

A natureza está fazendo brilhantemente a sua parte, como descrevemos com otimismo na reportagem especial “Este ano vai chover peixe” (REVISTA PESCAVENTURA, edição 7, pág. 52. Entretanto, para que a pesca esportiva tenha longevidade, é preciso que também façamos a nossa. Nesta matéria, acompanhe o drama que vem acometendo a represa Serra da Mesa-GO — infelizmente, ainda uma realidade em todo o País — e ajude a tecer uma nova perspectiva por: Eribert marquez l FOTOS: Eribert Marquez l ARTE: Paula bizacho 80

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E

m perfeita sincronia, pescadores a bordo de um barco na represa Serra da Mesa-GO exibiam um espetáculo digno de ser esquecido. Seriam talentosos bailarinos se os movimentos ensaiados não conduzissem ao assassinato de cardumes inteiros em dois atos: enquanto uns usavam iscas artificiais de superfície para levantar os Tucunarés, outros golpeavam-nos com pauladas certeiras a fim de evitar o ruído da contorção cruel que dissiparia o restante das vítimas. Tudo sem produzir qualquer barulho que abafasse o som natural dos pássaros. Cada movimento executado sem transparecer um centímetro de emoção. Parecia não haver raiva, nem afobação, tampouco adrenalina em suas ações. “Psicopatas naturais”? A cena de terror, que manchava a exuberância da paisa-

gem, era protagonizada por bárbaros em um quadro pré-histórico — atos que pareceriam inverossímeis mesmo se ainda vivêssemos numa época na qual a informação sobre a importância do cuidado ambiental para a sobrevivência geral não se propagasse com tamanha agilidade. Entretanto, o drama foi presenciado por um leitor, que, indignado, enviou a esta redação uma carta depois de ter lido a matéria “Este ano vai chover peixe”, publicada na edição de abril da Revista PESCAVENTURA sobre a notável metamorfose pela qual a represa passa. “Trata-se de um caso de polícia, pois, apesar de a Lei só permitir o abate de cinco quilos mais um exemplar por pessoa, eles matavam todos os Tucunarés que saíssem da água”, relata assombrado.

Trata-se de um caso de polícia, pois, apesar de a Lei só permitir o abate de cinco quilos mais um exemplar por pessoa, eles matavam todos os Tucunarés que saíssem da água”

Onde tudo aconteceu A represa Serra da Mesa é um cenário de condições favoráveis tanto pelo aumento em seu espelho de água quanto pela explosão de vida que se verifica em suas águas. E não é só: novos cartões postais, compostos por lindas cachoeiras, ganharam acesso e podem ser vistos por todos. Recentes rotas de navegação formadas com a cheia tornam o acesso a pesqueiros — antes distantes — bem mais rápido, e o que é melhor: literalmente “está chovendo” peixe. Cardumes de Lambaris, Matrinxãs e Tucunarés são vistos constantemente em frenética roda de reprodução. Tudo que depende da natureza conspira a favor. A mata alagada disponibiliza a matéria orgânica, que, somada à qualidade da água e à temperatura sempre quente do lago, faz o processo de repovoamento natural acontecer bem mais rápido do que imaginávamos. Tanto que, em pleno final de abril, já era possível ver fêmeas de Tucunarés bem gordas e ovadas, prontas para cumprir mais um ciclo de reprodução.

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[ denúncia ] Segunda chance só existe uma vez Em termos de pesca esportiva, pode-se dizer que a represa Serra da Mesa está tendo uma segunda e última chance. E essa nova oportunidade quem está dando é a natureza, pois poucas vezes esse lago ultrapassou os 50% de capacidade de armazenamento de água. No panorama atual, está beirando os 80%, e esse aumento expressivo no nível de água em muito faz lembrar o passado, por conta do início da inundação, ou seja: mata fechada e alagada, com peixes explodindo para todos os lados. Entretanto, essas mesmas lembranças também trazem o lado ruim da história, já que, junto com a prosperidade, veio a depredação. Antes, o lago — além de não ser tão famoso — não contava com a facilidade de acesso que tem hoje, tampouco existiam pousadas, campings, condomínios e ranchos na quantidade atualmente verificada. É indiscutível que a boa infraestrutura voltada ao turismo expõe o peixe de forma mais contundente e com maior impetuosidade. Nos dias atuais, apesar da facilidade de propagação de ideias, conceitos e princípios, ou mesmo do avanço tecnológico que trouxe equipamentos que nos permitem desenvolver técni-

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cas cada vez mais apuradas para pescar, certas posturas continuam arcaicas. E pior: assim como os veículos de comunicação tornaram a informação mais acessível para pessoas esclarecidas criarem consciência ambiental, permitiram que os mal-intencionados ficassem cada vez mais preparados para dizimar.

Nos dias atuais, apesar da facilidade de propagação de ideias, conceitos e princípios, ou mesmo do avanço tecnológico que trouxe equipamentos que nos permitem desenvolver técnicas cada vez mais apuradas para pescar, certas posturas continuam arcaicas


Quem segura essa bandeira? Ano passado o Ibama fez operações fantásticas dentro desse lago, mas, como a fiscalização municipal foi suprimida tão logo começou a dar resultados, Serra da Mesa virou o paraíso dos matadores. Para piorar a situação, os operadores conscientes estão se afundando em meio a esse descaso. Isso porque o sem-número de pescadores predadores ocupa vagas em pousadas e faz pouco caso do pedido desses empresários para que respeite a lei. Como se não bastasse, eles ainda lançam aos quatro ventos chantagens: “Ou armazenarei peixes além da cota permitida, ou abandonarei a pousada”. Diante do quadro atual, são poucos os que põem os seus negócios em risco. Felizmente, iniciativas a serem seguidas advêm de empreendimentos como o da Pousada do Gil, que se recusa a hospedar pescadores predadores, ou a Pousada

do Germano, que oferece um inédito desconto de 20% na hospedagem e na locação de equipamentos náuticos com guias para quem soltar os peixes. Trata-se de dois exemplos heroicos capazes de despertar a consciência do pescador para o pesque e solte e motivar outros empresários — o que é garantia de futuro às suas operações. Serra da Mesa não precisa ter o mesmo destino de outras represas do Sudeste, que sucumbiram assim que os predadores mal-intencionados as descobriram. Mas, para tanto, é preciso que haja a união de pescadores esportivos para a reivindicação e a exigência de atitudes coerentes por parte de autoridades, de seus colegas pescadores e de donos das pousadas que frequentam. É hora de tomar atitude e de separar os pescadores que estão a favor do meio ambiente dos que são depredadores.

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Foto: wikimedia - Fauna pro

saúde

As serpentes do grupo das jararacas são responsáveis pela maior parte dos acidentes, no entanto, são casos fáceis de identificar e também de medicar

Para picada de cobra, vale o ditado:

“é melhor prevenir do que remediar”

São inúmeras as crendices e simpatias ensinadas para evitá-la ou curá-la, no entanto, muitas delas podem agravar o quadro da vítima. Saiba como agir contra uma das maiores ameaças existentes no contato com a natureza Da redação l Fotos: arquivo ecoaventura l arte: paula bizacho

P

ara afastá-la, carregar um dente de alho no bolso ou queimar sua palha. Como forma de remediá-la, sugar o veneno, fazer um corte sobre o local ou colocar terra em cima da lesão. Todas essas medidas são difundidas pela cultura popular como meio de combater acidentes com cobras, mas a medicina é irredutível: o único tratamento é o soro antiofídico. Na verdade, todos esses métodos podem até mesmo tornar mais grave a situação para o paciente. Dessa forma, o mais indicado é lavar a ferida com água e sabão e procurar o serviço médico mais próximo.

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Outro mito afirma que também é necessário levar a cobra ao hospital para facilitar a identificação da espécie causadora e, assim, gerar um diagnóstico com mais rapidez. De fato, agilidade no atendimento é imprescindível nesses casos, mas a simples análise dos sinais apresentados pode definir a que grupo a serpente pertence e que soro deve ser utilizado, como afirma José Jarbas Bittencourt Ferreira, médico do Hospital Vital Brazil. “Os sintomas causados são bastante distintos para cada grupo de serpentes e é possível identificá-lo por meio deles”, explica.


As muitas serpentes

As cobras são divididas em quatro grupos com características bem distintas. Conheça cada uma delas e os sintomas que causam

*distribuição da espécie Bothrops jararaca

Cascavel Apenas uma espécie peçonhenta do grupo pode ser encontrada no Brasil, a Crotalus durissus. Típica de campos abertos e climas secos, pode ser identificada pelo ‘chocalho’ que possui na ponta de sua cauda — formado por trocas de pele: a ponta não é renovada e resseca, pequenas partículas soltas em seu interior causam o barulho característico. Do total de casos registrados em 1993, 1,87% levou à morte do paciente. Sintomas: causa uma ferida leve, mas, além de ação coagulante, também atua de forma neurotóxica, o que pode levar à paralisia de músculos e acarretar paradas cardíacas.

Jararaca A mais abundante no Brasil e, consequentemente, a maior causadora de acidentes no País. O último levantamento realizado pela Funasa (Fundação Nacional de Saúde), em 1993, mostra que 0,31% desses casos resultaram em óbito. Existem 25 espécies peçonhentas entre elas. Habitam matas próximas a rios e podem atingir até dois metros de comprimento. Sintomas: lesão com inchaço significativo no membro atingido e possível sangramento local. A picada é extremamente dolorosa, e o veneno possui efeito coagulativo, que pode levar à insuficiência renal e à necrose, se não tratada a tempo. Crotalus durissus

Foto: wikimedia commons

Bothrops jararacussu

*distribuição da espécie Crotalus durissus

Foto: wikimedia - Christopher murray

Lachesis muta muta

Surucucu A única capaz de inocular veneno é a Lachesis muta muta, também conhecida como ‘pico-de-jaca’. É uma serpente extremamente exigente com a preservação de seu ambiente e habita matas conservadas. O levantamento realizado pela Funasa registrou 0,95% de mortes nos atendimentos. Sintomas: apresenta os mesmo que as cascavéis, e, além disso, a vítima também demonstra reações semelhantes à de alguém alcoolizado, como dificuldade de fala, sono, tontura e desorientação.

*distribuição da espécie Lachesis muta muta

Cobra-coral Das diversas espécies, 25 são peçonhentas. Têm tamanho reduzido, de no máximo um metro, e podem ser diferenciadas pela coloração singular. No entanto, as corais-falsas, que não são capazes de introduzir veneno, possuem as mesmas características. Sintomas: é menos agressiva, mas possui o veneno mais perigoso, com efeito coagulante e neurotóxico, evolui com rapidez e pode levar a paradas respiratórias e causar amputação. A ação veloz é responsável pela mortalidade de 0,36% dos casos atendidos. *distribuição da espécie Micrurus lemniscatus

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O maior perigo para o pescador esportivo é que, em diversas vezes, os pontos de pesca escolhidos localizam-se a horas de distância do hospital mais próximo, e o ideal é que o soro seja administrado até três horas após a picada. Assim, é melhor evitar essa situação. Para isso, são necessárias medidas simples. Dados da Funasa revelam que, em 54,4% dos casos, as vítimas são atingidas nos pés, em 24,6%, nas pernas, e em 18,4%, nas mãos e braços. Dessa maneira, utilizar botas — de preferência de cano alto — ao andar por matas e manusear gravetos ou objetos semelhantes ao mexer em arbustos e buracos podem evitar a maioria desses acidentes. Além disso, as cobras só atacam

ao se sentirem ameaçadas, portanto, é importante respeitar seu habitat. No ano passado, foram registrados pela Secretaria de Vigilância em Saúde 22.763 acidentes com serpentes em todo o Brasil, dos quais apenas 106 levaram a vítima à morte. Então, se a picada não puder ser evitada, recomenda-se limpar o ferimento, fazer a vítima repousar e encaminhá-la ao atendimento médico. Também retire qualquer objeto que possa causar interrupção da pressão local, como anéis, relógios, entre outros, e jamais aplique torniquetes nos membros afetados. O veneno de algumas espécies possui ação coagulante, e sua concentração aumenta o risco de necrose e amputação. A vítima também não deve

ingerir álcool. Os demais cuidados devem ser tomados por médicos.

Insuficiência renal é uma complicação comum, por isso, após o atendimento mantemos o paciente bebendo muita água”

É peçonhenta ou não?

Entre as inúmeras espécies de cobras já descritas por biólogos, muitas não são capazes de introduzir seu veneno no ato da picada. A seguir, algumas características que permitem identificá-las, especialmente entre o grupo das jararacas, cascavéis e surucucus: • As jararacas, cascavéis e sururucus peçonhentas brasileiras apresentam uma estrutura localizada entre o olho e o nariz, chamada fosseta loreal;

Narina

• As presas dessas cobras são bem desenvolvidas e posicionadas frontalmente;

Fosseta Loreal

Cauda lisa

Bothrops

Guizo ou chocalho

Crotalus

Presas

Escamas eriçadas

• A cauda de animais peçonhentos é bem distinta em cada grupo. Das jararacas, possui escamas e é bem fina, das surucucus, as escamas têm aspecto eriçado, e as cascavéis apresentam guizos;

Lachesis

• No caso das cobras-corais é possível distingui-las por sua coloração, que apresenta anéis coloridos de tom vermelho, preto e branco, mas, se considerarmos a periculosidade de seu veneno e a necessidade de análise de seu aspecto, o ideal é sempre procurar por socorro. Narina

presas

*Fonte: manual de diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos. 2º ed. brasília: Fundação nacional de saúde, 2001.

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O número de anéis no guizo das cascavéis não representa sua idade, como se acredita, mas a quantidade de trocas de pele, realizadas diversas vezes por ano. E o som que produz serve para espantar seus predadores e evitar que animais maiores as pisoteiem

Produção do soro

Fotos: Instituto Butantan (divulgação)

Para fabricar a substância capaz de anular o efeito do veneno liberado pela cobra, utiliza-se um procedimento bastante específico. É retirada uma pequena dose da peçonha do animal e injetada em cavalos — a quantidade não é suficiente para afetá-lo. As células introduzidas induzirão à produção de imunoglobulinas, que são as partículas responsáveis por tornar o corpo humano imune. Elas são separadas, tratadas em laboratório e distribuídas para postos autorizados. Cada soro produzido é capaz de combater a ação das picadas de um grupo de cobras, portanto, existem quatro tipos diferentes.

Há postos credenciados — que possuem o soro antiofídico — em todas as capitais brasileiras, além de outros grandes centros urbanos, que totalizam 2.888 cidades abastecidas

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Verbo

Por: Antonio Carlos Cravo

A partir desta edição,

Brincadeiras

o antigo colaborador da Editora Pesca Brasil está de volta com uma coluna mensal capaz de mostrar o quanto algo tão simples — como o convite para uma pescaria com indicação de equipamentos de pesca — pode percorrer caminhos sinuosos na expressão de linguagem

verborrágicas

Olá amigos, costumo dizer que há muito mais nas pescarias que somente pescar. Veja, por exemplo — e se divirtam com —, o texto destes e-mails trocados com um companheiro por ocasião de um convite para uma pescaria num pesque-pague.

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Preclaro, probo e grande guru, Seria muita impertinência de minha parte argui-lo a respeito da tralha a ser utilizada por ocasião dessa fantástica diligência a ser empreendida ao pesqueiro Olhos d’água, sábado próximo, quando estarei aceitando tão honroso convite, e, portanto, dando minha adesão como certa junto a essa choldra ignóbil. Rogo-lhe que mate minha curiosidade, deixando-me beber dessa fonte inesgotável de sabedoria, sendo, no entanto, claro e objetivo, poupando-me de explicações enfadonhas e patranhosas.

Para o sr. Roberto Véras, alcunhado Betão por àqueles da sua intimidade,

Para acompanhar-nos nessa jornada haliêutica, faz-se mister conhecimentos básicos que acredito não lhe faltem, embora sua modéstia o impeça de declarar, não obstante e, no entanto, alguns apregoem serem as incursões às propriedades destinadas ao comércio de pescado, seja em espécie ou apenas o uso de suas faculdades esportivas, remunerando-a para isso ou por isso, como um mero paliativo aos sôfregos desejos de praticar nosso esporte, quero aqui e de público fazer este libelo em prol de tão nobre causa, enquanto nessa mesma oportunidade externo minha opinião contrária a essa vã afirmação daqueles que até mesmo sem nunca terem adentrado em tais locais proclamem aos quatro ventos: “Não fui e não gostei!”

Um forte, apertado e respeitoso amplexo Betão

A esses pobres de espírito só resta encafifar-se no desgastado sofá de suas salas enquanto esperam programas de pesca que, por melhores que sejam, nunca serão do seu agrado, quando o defeito maior certamente estará na esposa mal-amada e mal-dormida em virtude dos roncos e que tem como objetivo maior na vida e por falta de coisa melhor, atormentar-lhe. Enquanto isso, nós, cavalheiros e defensores dessa nobre causa, estaremos em comunhão com amigos e peixes cumprindo nossa missão e desfrutando de inesquecível dia. Isto posto, e como o amigo aquiesceu em acompanhar esta súcia de bardos trovejantes, aconselho incluir em vossa tralha pescativa acessórios artificiais como molinetes ou carretilhas (à sua escolha), ligados a varas de ação-média e média-rápida capazes de contribuir para o arremesso de engodos de plástico, madeira ou metal à razoável distância. Equipamentos ditos de flutuação também serão passíveis de utilização caso o companheiro deseje praticar a pesca de superfície com iscas naturais, como salsichas, rações para alimentação de animais domésticos sejam caninos ou felinos e até mesmo peixes ou ainda vísceras de aves. Fosse o inolvidável amigo praticante da nobre arte da pesca com fly, mister seria apenas a condução (não gosto do termo “levar”) de uma vara dita nº 8 e alguns hair balls ou corck balls, cuidando apenas que inditosos frequentadores do local, aproveitando-se de sua parvoíce, adentrem e considerem seu estojo de iscas como se deles fosse. Já que esta prosopopeia não servirá para nada mais que obstruir os espaços vazios de sua bolsa escrotal, aconselho ao amigo, como adrede indiquei, que execute a aquisição de um artefato de madeira, dito arremessador de engodos para Lambaris e espécies afins, o qual, depois de dotado de rabicho de comprimento não inferior a 43 centímetros e nem superior a 51centímetros, contendo em sua extremidade anzol leve capaz de perfurar e conter esfera farinácea destinada à alimentação e engorda dos habitantes daquele espelho d’água. A referida esfera poderá ser substituída por outra artificial tipo miçanga ou ainda um hairball ou um corkball fabricado por qualquer amigo flaiseiro, que não obstará em prover sua necessidade. Estou certo de que, diante destes esclarecimentos, não restarão dúvidas ao distinguido amigo, castigado pelo louco desejo de mandar-me aos píncaros do inferno! Cr@vo

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é o bicho

O faminto

louva-a-deus Além de sua anatomia bastante característica, esse animal é repleto de curiosas singularidades. Carnívoro, é um exímio predador, pratica canibalismo, é territorialista, tem camuflagem perfeita e possui visão fora do normal. Saiba mais Da redação l foto: aleksandra p l arte: Marcelo Kilhian

Biologia Nome científico: o gênero é designado Mantis, palavra provinda do latim, que significa profeta. Existem mais de duas mil espécies descritas. Habitat: vive em matas e áreas de vegetação abundante. Sua preferência por esse ambiente está relacionada à sua necessidade de camuflagem para sobrevivência. Distribuição: é encontrado facilmente em locais quentes, de clima tropical ou subtropical.

Após a reprodução, a fêmea — alimentada do corpo do parceiro — esconde-se entre a vegetação para evitar ser devorada por pássaros e outros predadores

A

s patas dianteiras, alongadas e repletas de espinhos, estão unidas abaixo da cabeça, e o corpo, de coloração verde ou castanha, imóvel em meio à folhagem. A posição que lhe permite se camuflar em seu ambiente é a mesma que lhe rendeu seu nome popular, mas o aspecto dócil se trata, na verdade, de uma estratégia para capturar suas presas: outros insetos. A caçada dura pouco. Enquanto repousa, o lova-a-deus aguarda pacientemente a aproximação de sua vítima. Com golpe certeiro de suas patas, utilizadas como pinça precisa, o alvo é levado rapidamente até a boca, sem que haja chances de escapatória. Sua alimentação tem função ecológica e até mesmo útil para o homem. Por se alimentar de abelhas, grilos, gafanhotos, entre outros, controla a população de outros insetos, muitos dos quais passíveis de disseminar infestações. Dócil? Definitivamente não: defende seu território ferozmente. Se um macho invade a área de outro, é travada uma batalha mortal. No fim, o sobrevivente devora a cabeça do animal derrotado. Até mesmo o acasalamento ocorre com violência. Durante o ato, a fêmea come a cabeça do parceiro, e — o que é ainda mais peculiar — o corpo dele permanece em atividade até o fim da cópula. Terminada a fecundação, os ovos são depositados em local seguro, por meio de uma massa branca espumosa. Outro traço singular desse inseto é a visão. Ele possui cinco olhos, dois mais desenvolvidos e localizados em posição convencional. Entre eles, existem outros três, de tamanho reduzido e função bastante específica: perceber alterações de luminosidade.

Referência bibliográfica Os seguintes sites foram consultados: <http://www.agrov.com/animais/peq_ani/louva_deus.htm>. Acesso em: 14/05/2010. <http://www.curiosidadeanimal.com/louva_a_deus.shtml>. Acesso em: 14/05/2010. 90

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Foto: arquivo ecoaventura

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Restrição à pesca predatória de Dourado em Cáceres-MT uma iniciativa para implantar o pesque e solte na região. O pescador que abater qualquer exemplar será penalizado com multas e apreensão dos peixes. E essa não foi a única alteração na legislação de pesca: também foi reduzida na cidade a cota de pescado de dez para cinco quilos por pescador.

Foto: chriki7274 / SXC

Foi proibida a pesca predatória do Dourado nos rios da cidade de CáceresMT até o ano de 2013. A medida visa à preservação da espécie e à recuperação de suas populações, além da conservação do meio ambiente. A lei municipal, aprovada na Assembleia Legislativa, já está em vigor. Trata-se de

As usinas do complexo Tapajós deverão entrar em operação até 2019

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Sede da preservação A próxima reunião sobre clima entre Brasil, África do Sul, Índia e China acontecerá no Rio de Janeiro, no final de julho. Na última vez em que o encontro ocorreu — o próximo será o quarto —, os ministros de Meio Ambiente dos países reafirmaram o compromisso em se manter na liderança as deliberações sobre mudanças climáticas. A principal meta no momento é conseguir estabelecer um acordo que regulamente as emissões de gases de efeito estufa e vigore como uma segunda fase do Protocolo de Kioto — visto que a COP-15 (Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) foi considerada um fracasso por ambientalistas de todo o mundo. A intenção é definir planos para a próxima edição do evento. O objetivo será debater os critérios que estabeleceram o limite de emissões para países desenvolvidos e em desenvolvimento, de forma que não haja prejudicados.

Inundação amazônica Dados do projeto de hidrelétricas do complexo Tapajós, no Pará, apontam para o alagamento de 1.980 quilômetros quadrados — área 30% maior que a cidade de São Paulo. O reservatório corresponde ao volume mínimo de desmatamento que a obra deve causar, e os locais onde serão instaladas as usinas se tratam de unidades de conservação, que foram criadas para barrar justamente esse fenômeno nas proximidades da BR-163 e da Transamazônica. A potência das usinas, consideradas juntamente, alcança 10,5 mil megawatts, quase tanto quanto produzirá Belo Monte, que será a maior do País.


Kilian / SXC

Pesquisadores da Universidade Federal do Pará descobriram que está situado na região amazônica o maior aquífero do mundo. Localizado sob as terras do Amazonas, Pará e Amapá, a reserva do Alter Chão já era conhecida por estudiosos, mas ainda não se sabia que seu volume de água fosse tão grande. A extensão da reserva do Amazonas é menor que a do Guarani, principal fonte de recursos hídricos explorada pelo Brasil, mas se estima que ela possua cerca de 86 mil quilômetros cúbicos de água — quase o dobro da segunda maior. Estudos atestam que a qualidade da água do novo reservatório é boa, mas os pesquisadores estão preocupados com o potencial de contaminação da área e com o grau de exploração comercial que poderá ocorrer nessa fonte.

foto: Zsuzsanna

foto: luz maria espinoza e luiz silveira / SXC

Os donos da água

Antes da descoberta, estimava-se que cerca de 11% da água potável mundial estivesse em território brasileiro

Lixo não tem para onde ir

Queda recorde no desmatamento, mas ainda é pouco A taxa de desflorestamento brasileira teve o menor nível registrado desde que se iniciaram as medições com imagens de satélite. Entre agosto de 2008 e julho de 2009 a Amazônia perdeu 7.464 quilômetros quadradros de sua floresta. O número é 42% inferior ao resultado do monitoramento do mesmo período no ano anterior, mas ainda é muito elevado — equivale a cinco vezes o tamanho da cidade de São Paulo. A queda mais expressiva do País foi no Estado do Mato Grosso, de 68%. No Pará, a redução foi de apenas 24% — o Estado teve o maior índice de desmate da região amazônica, com a contração de 60% das derrubadas do bioma.

O diretor executivo da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) revelou que as 67 mil toneladas de lixo coletadas diariamente no Brasil não possuem destino adequado. Além disso, cerca de outras 20 mil toneladas produzidas por domicílios deixam de ser recolhidas todos os dias. Segundo o órgão, o mercado de limpeza urbana brasileiro movimentou R$16,5 bilhões em 2008. Cada habitante teria gasto mais de R$8 por mês para receber a coleta diária, transporte e descarte do lixo, além da limpeza das ruas e córregos, no entanto, não é providenciado um local adaptado para seu depósito.

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radar Nova corrente

Foto: Jefferson Dutra Outi / SXC

Foi descoberta uma nova corrente marítima que irá colaborar para a monitoração dos impactos causados por mudanças climáticas sobre os oceanos. O estudo foi publicado pela revista Nature Geoscience e revela uma movimentação rápida de águas oceânicas, localizada próxima à Antártida, cujo volume corresponde a 40 rios Amazonas. De extrema importância para a manutenção do clima, ela está ligada à uma rede maior, e age destribuindo o calor para outras correntes. Está localizada a três quilômetros abaixo da superfície e é a mais veloz da Terra: desloca doze milhões de metros cúbicos de água enquanto percorre 20 centímetros a cada segundo.

Mais oceano A costa brasileira possui 8.688 quilômetros de costa e abrange 200 milhas do oceano Atlântico, no entanto, menos de 1% dessa área é protegida. Em 2007, a ONG Greenpeace realizou uma pesquisa sobre o ambiente marinho do País, com o auxílio de mais de 40 especialistas, que apontam a gestão inadequada; a porção reduzida de unidades de proteção, que se mostram insuficientes para repor o estoque pesqueiro nacional; e a vulnerabilidade dessas águas às mudanças climáticas, como problemas centrais e urgentes de nossos mares. A partir dos resultados do estudo criou-se a Campanha de Oceanos do Greenpeace com o objetivo de criar novas áreas marítimas de proteção que totalizem 30% do total de nosso território marinho, além de conscientizar o público da necessidade de conservação da biodiversidade marinha. O projeto também busca uma regulamentação definitiva da atividade pesqueira e a criação de uma política nacional de oceanos mais organizada. Para ajudar o Greenpeace nessa causa, faça suas doações pelo site: https://junte-se-ao-greenpeace.org.br/?ref=planet3_menu_header 94

ecoaventura l Pesca esportiva, meio ambiente e turismo

Para recuperar a Caatinga O Ministério do Meio Ambiente, em parceria com o Ministério da Defesa, deu início ao desenvolvimento do plano de recuperação do único bioma exclusivamente brasileiro. Pesquisas já apontavam para uma perda de 46,38% de sua vegetação original e forte tendência à desertificação. Para reverter o quadro foi criado o Plano de Ação Interministerial para Prevenção e Controle do Desmatamento na Caatinga. Esse projeto consistirá em um conjunto de ações — como recuperação do solo, combate ao carvão ilegal e criação de unidades de conservação — de diversos órgãos governamentais para combater o desmatamento e implantar atividades sustentáveis na região. Plano semelhante foi aplicado na Amazônia e resultou na diminuição de 40% de sua média de desflorestamento. A ação que deverá ocorrer na Caatinga ainda está em fase de elaboração, e especialistas afirmam que o ideal seria produzir uma operação adaptada às especificidades desse bioma.


Foto: Kym Parry / SXC

Legalizar para controlar:

qual o preço? Após 25 anos de suspensão à caça comercial das baleias, a CIB (Comissão Internacional da Baleia) estuda proposta para regularizar essa atividade. O objetivo do acordo seria impor ao Japão — país que mais mata as baleiasminkes (Balaenoptera acutorostrata) — um limite ao número de cetáceos abatidos e possibilitar sua fiscalização. A proposta causa polêmica. Ambientalistas acreditam que a medida legitimaria a matança desses cetáceos, que, no caso do Japão, é justificada por estudos científicos. Com a mudança, todos os países receberiam cotas máximas e seriam fiscalizados por meio de amostras de DNA para determinar o destino da carne do animal. No entanto, o país declara que não pretende encerrar seu programa de caça às baleias para fins científicos, mas considera a hipótese de que observadores acompanhem os trabalhos e que sejam realizados testes para colaborar com a fiscalização.

Biodiversidade em perigo

Foto: B S K / SXC

Fracassa a tentativa de reduzir, em 2010, a perda de biodiversidade no planeta. O relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) publicado pela revista Science alega que os governos não cumpriram com seus compromissos, assumidos em 2002 na Convenção das Nações Unidas sobre a Biodiversidade, para combater o problema, que não apenas se manteve como adquiriu ritmo ainda mais acelerado. Desde 1970, a população animal do mundo sofreu redução de 30%, além disso, perdeu-se 20% da margem de mangues e 40% dos recifes de corais. Outro dado revela que a destruição do ecossistema da Terra deverá afetar diversas economias nos próximos anos. O Terceiro Panorama Global de Biodiversidade afirma que vários sistemas naturais devem sofrer alterações irreversíveis, o que os tornará pouco úteis à vida humana, entre elas, a proliferação de algas, a perda de florestas e a morte de corais. A ONU calcula que a perda anual de florestas cause um prejuízo entre dois e cinco trilhões de dólares

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